evolucao dos direitos das mulheres em portugal

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Evolução dos direitos das mulheres em Portugal 1 – Uma sociedade desigual A sociedade é composta por homens e mulheres, mas ao longo dos séculos não se observou um sistema de igualdade para ambos os sexos. O que se pretende não é a supremacia de um face ao outro, mas um sistema de equidade que nos permita viver numa sociedade democrática e justa para todos os cidadãos, sejam eles homens ou mulheres. Sabemos bem que a mulher foi negligenciada e esquecida ao longo da história, principalmente no que se refere a usufruir dos mesmos direitos que os homens na sociedade, sendo relegada para um papel secundário e pouco interventivo nas questões civis, sociais ou políticas. À mulher a esfera pública estava-lhe vedada, sendo apenas permitida a sua participação na esfera privada e com bastantes limitações, uma vez que era o homem o chefe de família. À mulher, durante séculos, coube apenas o papel de administrar o lar e a família. Progressivamente a mulher entrou no mercado de trabalho, principalmente na época da Revolução Industrial e posteriormente, durante as Guerras Mundiais, mas continuava a não estar em situação de igualdade com os homens, pois a lei continuava a não favorecer a mulher no estabelecimento de remunerações para um mesmo cargo ou no acesso de oportunidades a um emprego. Ao longo do último século a legislação portuguesa sofreu profundas alterações face a matéria de igualdade entre sexos, com alguns avanços e recuos, porém, apesar das mudanças na legislação nacional, as mentalidades não mudaram à mesma velocidade que as leis. Muitos dos direitos adquiridos pelas mulheres eram travados por uma sociedade tipicamente masculina, que condenava a mulher por querer fugir ao seu tradicional papel de mãe, dona de casa e dependente do marido ou do pai. Apesar da legislação consagrar a igualdade para todos, a realidade é que continuamos a ter uma sociedade muito

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Evolucao Dos Direitos Das Mulheres Em Portugal

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Evolução dos direitos das mulheres em Portugal

1 – Uma sociedade desigual

A sociedade é composta por homens e mulheres, mas ao longo dos séculos não se observou um sistema de igualdade para ambos os sexos. O que se pretende não é a supremacia de um face ao outro, mas um sistema de equidade que nos permita viver numa sociedade democrática e justa para todos os cidadãos, sejam eles homens ou mulheres.

Sabemos bem que a mulher foi negligenciada e esquecida ao longo da história, principalmente no que se refere a usufruir dos mesmos direitos que os homens na sociedade, sendo relegada para um papel secundário e pouco interventivo nas questões civis, sociais ou políticas. À mulher a esfera pública estava-lhe vedada, sendo apenas permitida a sua participação na esfera privada e com bastantes limitações, uma vez que era o homem o chefe de família.

À mulher, durante séculos, coube apenas o papel de administrar o lar e a família. Progressivamente a mulher entrou no mercado de trabalho, principalmente na época da Revolução Industrial e posteriormente, durante as Guerras Mundiais, mas continuava a não estar em situação de igualdade com os homens, pois a lei continuava a não favorecer a mulher no estabelecimento de remunerações para um mesmo cargo ou no acesso de oportunidades a um emprego.

Ao longo do último século a legislação portuguesa sofreu profundas alterações face a matéria de igualdade entre sexos, com alguns avanços e recuos, porém, apesar das mudanças na legislação nacional, as mentalidades não mudaram à mesma velocidade que as leis. Muitos dos direitos adquiridos pelas mulheres eram travados por uma sociedade tipicamente masculina, que condenava a mulher por querer fugir ao seu tradicional papel de mãe, dona de casa e dependente do marido ou do pai.

Apesar da legislação consagrar a igualdade para todos, a realidade é que continuamos a ter uma sociedade muito desigual no que diz respeito à mulher. As mulheres continuam a não ter a mesma paridade de direitos que os homens, embora se tenham verificado significativas melhorias nesta área, cabe ás gerações futuras continuar esta longa luta.

2- Os últimos cem anos de luta pela igualdade entre homens e mulheres

A história dos últimos 100 anos testemunha como foram necessárias várias décadas para que a mulher adquirisse, em Portugal, um estatuto jurídico de plena igualdade em relação ao homem. Se, na sequência da instauração da República, em 1910, foram dados alguns passos em matéria de casamento e filiação e do direito de acesso à função pública, o regime político do Estado Novo (1926-1974), sem prejuízo de um ou outro progresso em comparação com a legislação precedente, foi, de um modo geral, caracterizado por uma regressão nos direitos da mulher.

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Só com a transição para um regime democrático, desencadeada pela revolução de Abril de 1974 e sequente entrada em vigor da Constituição de 1976 é que as mulheres readquiriram os direitos de igualdade perante os homens e ainda assim, foi de forma lenta e gradual.

Actualmente, o princípio da igualdade, instituído na Constituição (art.º 13) com a proibição expressa da discriminação em razão do sexo, constitui o princípio base de toda a ordem jurídica portuguesa. A proibição de discriminação em razão do sexo vale também explicitamente quanto ao conjunto básico de direitos fundamentais dos trabalhadores reconhecidos no art.º 59.º/1 da Constituição da República Portuguesa, para além de recair sobre o Estado, no âmbito da garantia do direito ao trabalho, a promoção da igualdade de oportunidades na escolha da profissão ou género de trabalho e das condições para que o acesso a quaisquer cargos, trabalho ou categorias profissionais não seja negado ou limitado em função do sexo (art.º 58.º/2 b) CRP).

A actual lei fundamental portuguesa consagra também a igualdade nos direitos de constituir família e de contrair casamento (art.º 36.º/1), bem como a igualdade dos cônjuges quanto à capacidade civil e política e à manutenção e educação dos filhos (art.º 36.º/3).A promoção da igualdade entre homens e mulheres passou a constar entre as “tarefas fundamentais do Estado”.

A Constituição protege ainda a maternidade e a paternidade como “garantias institucionais”, ou seja, como valores constitucionais objectivos, a par da consagração como direito fundamental das mães e dos pais, nas suas relações com os filhos, a protecção da sociedade e do Estado, visando salvaguardar também a possibilidade da sua realização profissional e participação cívica.

Em suma, muitas foram as mudanças legais observadas neste último século, com a criação de leis de igualdade entre homens e mulheres, mas também com o surgimento de medidas legais de protecção à mulher enquanto mãe, trabalhadora, interveniente social e cívica e a sua protecção em caso de abusos ou maus tratos.

Neste último século a mulher adquiriu o direito ao voto, à participação activa na vida cívica e politica, ao divórcio, a tratar dos filhos em situação de divórcio, à independência face ao cônjuge ou pai, a trabalhar em igualdade de oportunidades e salário e a exercer cargos políticos, bem como profissões exclusivamente masculinas. Adquiriu também o direito a estudar e frequentar o ensino superior e a ter a sua independência económica e poder financeiro, outrora exclusivo do chefe de família, estatuto só abolido em 1977 com a revisão do Código Civil.

A mulher percorreu um longo caminho para alcançar um estatuto de igualdade face ao homem e saiu da sombra a que a história a tinha condenado. Actualmente a nossa Constituição consagra a igualdade de direitos para todos, mas este estatuto é bastante recente e sofreu bastantes evoluções e retrocessos ao longo deste último século, consoante mudaram os regimes políticos no país. Contudo, este caminho não está ainda terminado. Existem ainda muitas situações de injustiça e desigualdade face ao

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sexo feminino que têm de ser combatidas, muitas delas devido a uma cultura enraizada de poder masculino.

Assim, apesar do nível académico médio das mulheres ser hoje bem superior ao dos homens, elas continuam a ser discriminadas no mercado de trabalho: mais dificuldade de acesso, mais precariedade, mais assédio, menor salário, mais desemprego; Continuam a ser discriminadas no acesso à riqueza – constituem a franja mais pobre e vulnerável; Continuam a ser discriminadas no acesso aos lugares de decisão – nos empregos, nos organismos de representação social, na política.

Continuam a ser as vítimas, de longe mais expressivas, de violência doméstica; A sua saúde continua a ser tratada em função de paradigmas masculinos; Ninguém as dispensa da dupla jornada de trabalho – fora de casa e dentro de casa, não se lhes reconhecendo o direito ao lazer ou à partilha de tarefas; Continuam a ser as principais vítimas de tráfico de seres humanos; Conjuntamente com as crianças, são as principais vítimas dos conflitos armados.

Trata-se, portanto, de um problema estrutural. Faz parte do inconsciente colectivo a subalternização da mulher e a nossa sociedade continua a exercer bastantes injustiças para com o sexo feminino. Não basta que a lei consagre a igualdade, é necessário educar a sociedade para essa igualdade. Este será, certamente, outro longo caminho a percorrer pelas mulheres.

3- Mudanças na legislação que favoreceram a igualdade

Em 1867 surgiram as primeiras leis no Código Civil que declaravam e melhoravam a situação da mulher face ao cônjuge, aos filhos e à administração dos seus bens. No entanto, só em 1910, com a implantação da República é que foi admitido o divórcio com igual acesso para ambos os cônjuges. Nesse mesmo ano são decretadas novas leis de casamento e filiação assentes na igualdade entre homens e mulheres. Legalmente a mulher deixa de dever obediência ao marido. O crime de adultério passa a ter o mesmo tratamento jurídico quer seja cometido por homens ou por mulheres.

Em 1911 é permitido às mulheres trabalharem na Função Pública e em 1918 o decreto de lei nº 4876 autoriza-lhes o exercício da advocacia. Apenas em 1931 é reconhecido o direito de voto às mulheres diplomadas com o ensino superior ou secundário.

Em 1933, com a constituição do chamado Estado Novo, estabelece-se a igualdade dos cidadãos,” salvo à mulher devido às diferenças resultantes da sua natureza e do bem da família”. Portanto, houve um retrocesso no caminho da igualdade entre homens e mulheres.

Em 1966 ratificou-se a Convenção nº 100 da OIT, relativa à igualdade de remuneração entre mão-de-obra feminina e masculina para trabalho de igual valor. Em 1967 entrou em vigor o novo Código Civil e no ano seguinte a lei nº 2137 de 26 de Dezembro proclamou a igualdade de direitos na política entre homens e mulheres. Em 1969 introduziu-se na legislação o princípio do salário igual para trabalho igual.

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Em 1974 saíram os diplomas que permitiam às mulheres o acesso à magistratura e à carreira diplomática e o decreto de lei que definia a capacidade eleitoral activa para a Assembleia Constituinte, sem distinguir quanto ao sexo. No ano seguinte comemorou-se o Ano Internacional da Mulher, tendo-se elaborado o levantamento das denúncias das discriminações face ao sexo feminino e consequentes propostas de legislação.

Em 1976 entrou em vigor a nova Constituição que proclamava a igualdade entre homens e mulheres em todos os domínios. Dois anos depois entrou em vigor a revisão da Constituição e a mulher perde o estatuto de dependência para ter o estatuto de igualdade perante o homem.

Em 1979 entrou em vigor a lei que promulgava garantir às mulheres a igualdade de oportunidades e tratamento no trabalho face aos homens e em 1980 Portugal ratificou a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres da II Conferência da ONU para a Década da mulher.

Em 1983 surgem novas mudanças na legislação, principalmente no que dizia respeito a maus-tratos entre cônjuges e subtracção de menores. No ano seguinte surge a lei de Protecção à Maternidade e Paternidade e a exclusão de ilicitude em alguns casos de interrupção voluntária da gravidez.

Em 1990 é aprovado o novo Código de Publicidade: passa a ser proibida publicidade que contenha qualquer discriminação em virtude do sexo e em 1994 surge uma nova Resolução do Conselho de Ministros sobre a promoção da igualdade de oportunidades para as mulheres.

Em 1995 dá-se uma nova revisão do Código Penal e agravam-se as penas dos crimes de maus-tratos a cônjuges ou em casos de violação. Em 1996 é criado o Alto Comissário para as Questões da Promoção da Igualdade e da Família (1996 – 2000) e no mesmo ano Portugal aprova o IV Programa Comunitário sobre a Igualdade de Oportunidades entre homens e mulheres.

Em 1997 surge uma nova lei constitucional que considera como tarefa fundamental do Estado a promoção da igualdade entre homens e mulheres e estabelece o principio da não descriminação em função do sexo para cargos políticos.

4 – Factos e mulheres que contribuíram para alcançar a igualdade de sexos

A história nunca favoreceu as mulheres, no entanto, algumas conseguiram, em épocas onde o seu papel era totalmente anulado, contribuir para alcançar a igualdade e destacarem-se numa sociedade masculina. É o caso da Rainha D. Leonor, que em 1487 criou as Misericórdias, a primeira instituição pública de beneficência. Deve-se a esta Rainha a primeira forma de acção social pública da história portuguesa.Em 1518, por ordem da Rainha D. Leonor é editado em Portugal o livro "O espelho de Cristina", uma tradução adaptada do livro francês de Christine de Pisan "Le livre des trois vertus" (O livros das três virtudes).

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No ano de 1889, Elisa Augusta da Conceição de Andrade torna-se a primeira mulher licenciada em medicina através da Faculdade de Medicina de Lisboa e no ano seguinte é autorizado o acesso das raparigas aos liceus públicos.

É em 1910, aquando da implantação da República que a primeira mulher vota em Portugal. Aproveitando-se da omissão legal sobre o sexo do chefe de família, Carolina Beatriz Ângelo – médica, viúva e mãe de duas crianças – faz prevalecer a sua condição de chefe de família para depositar o seu voto nas eleições para a Assembleia Constitucional. Em consequência, a lei foi modificada de forma a estabelecer claramente que só os homens podiam exercer o direito de voto.

É também neste ano que aparece a primeira mulher nomeada para um cargo na Universidade, Carolina Michaelis de Vasconcelos. Dá-se também a fundação da Associação de Propaganda Feminina e a escola torna-se obrigatória para crianças (meninas e meninos) de 7 a 11 anos. Em 1912 Carolina Michaelis de Vasconcelos e Maria Amália Vaz de Carvalho são eleitas por mérito para a Academia de Ciências de Lisboa No ano de 1913 Regina Quintanilha foi a primeira mulher a possuir uma licença em direito, porém, só em 1918 é que foi elaborado um Decreto-Lei que autorizava as mulheres a exercerem a profissão de advogadas. 1917 é o ano que marcou a criação da chamada "Cruzada de Mulheres Portuguesas" , uma associação que visava apoiar a participação de Portugal na Primeira Guerra Mundial Em 1920 foi autorizado o acesso das raparigas aos liceus dos rapazes e seis anos depois, no início do Estado Novo, as mulheres foram autorizadas a ensinar em liceus masculinos. Em 1931 O direito de voto foi concedido às mulheres com um grau universitário ou com o secundário concluído. Os homens podiam votar desde que soubessem ler e escrever. A lei só sofreu algumas alterações em 1946, as restrições ao direito de voto das mulheres foram diminuídas, mas mantinham na mesma algumas restrições.

Em 1933 a nova Constituição da República consagra a igualdade dos cidadãos perante a lei, excepção feita às mulheres tendo em vista "as diferenças inerentes à natureza e também os interesses da família". No encadeamento desta nova Constituição, em 1935, pela primeira vez três mulheres têm assento na Assembleia Nacional.

A Assinatura da Concordata entre Portugal e a Santa - Sé deu-se em 1940 e segundo as suas disposições, os cônjuges casados pela igreja católica jamais se poderão divorciar, contrariando as mudanças alcançadas anteriormente, uma vez que a grande maioria dos casais portugueses eram casados pela igreja católica.

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Em 1967 foi elaborado um novo Código Civil. Continuava a estabelecer que o marido era o chefe da família e que era ele o detentor do poder de tomar as decisões relativas à vida marital e às crianças.

No ano seguinte, foram acordados direitos políticos iguais para mulheres e homens independentemente dos laços matrimoniais, salvo para as mulheres o direito de votar nas eleições autárquicas. As desigualdades persistiam na legislação, desfavorecendo sempre o sexo feminino.

Sob a presidência de Maria de Lourdes Pintassilgo é criado o "Grupo de Trabalho sobre a Participação das Mulheres na Vida Económica e Social" no ano de 1970 e em 1971 Maria Teresa Lobo foi a primeira mulher no governo com o cargo de sub-secretária de Estado da Segurança Social. Em 1974 o regime autocrático é derrubado e substituído por um regime democrático. As mulheres podem aceder pela primeira vez à magistratura, ao serviço diplomático e a certas posições na administração local, que lhes estavam interditas. São abolidas odas as restrições ao direito ao voto e o país assiste à primeira mulher ministra: Maria da Lourdes Pintasilgo, como Ministra dos Assuntos Sociais.

No ano seguinte, 1975 realizaram-se em Portugal as primeiras eleições livres. O artigo 24 da Concordata é emendado: os casamentos católicos podem pedir o divórcio civil. Em 1976 foi aprovada uma licença de maternidade de 90 dias. Os serviços públicos de saúde passaram a colocar à disposição consultas de planeamento familiar. Deu-se também a adopção de nova Constituição, que consagrava a igualdade de mulheres e homens em todos os domínios.

Em 1979, o país assiste à nomeação de Maria de Lourdes Pintasilgo para Primeira – Ministra do V Governo Constitucional. Imediatamente no ano a seguir, é nomeada a primeira mulher para Governadora Civil: Mariana Calhau Perdigão (Évora) e Portugal ratifica a "Convenção das Nações Unidas sobre a Eliminação da Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres.

Em 1997 a Constituição da República é novamente revista. As alterações mais importantes sobre os Direitos das Mulheres são o conceber a promoção da Igualdade de Oportunidades entre Mulheres e Homens como uma das tarefas fundamentais do Estado e a afirmação de que a igual participação política das mulheres e dos homens deve ser consumada.

Fonte: http://invirtus.net/in/story.php?title=a-evolu%E7%E3o-da-situa%E7%E3o-das-mulheres-1http://www.geocities.com/atoleiros/direitomulheres.htmhttp://www.scribd.com/doc/13085048/Datas-Mulheres-Portugalhttp://www.fd.unl.pt/docentes_docs/ma/TPB_MA_3746.pdfhttp://www.mulheres-ps20.ipp.pt/MP_Sit_Paradoxos.htm