evolução do theatro - o drama através dos séculos - eduardo noronha -1909

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^

EVOIiOflO DO THEITHO

Eduardo de Noronha

6ooIuQO do fheotpoO dramaatravs dos sculos

COMPILAO DE VRIOS ESTUDOS

LISBOALIVRARIA CLSSICA EDITORA

DE A.

M. TEIXEIRA & Cj*PRAA DOS RESTAUKADORF.S, 20

1909

DEC 2 1967

Porto

Imp.

Portttgueza

Bua Formosa,

112

Jos F\ntono fy^onzEm homenagemde theatro

ao muito que conhece

Dedica

(b-ciazc/o

de

ulao rstica. No entreos athenienses

tanto o coro cyclico dos dricos invadira Attica e

Athenas,

mesmo porque

tinham jdeante o

reconhecido a auctoridade do grande centro dareligio apollinea

em

Delpho. Dali

em

rhapsodico e o cyclicoe o coral

eram

por outras palavras o pico

elementos que tinham por fora

A unio realizou-se com os dois acompanhamentos do culto religioso nos ritos festivos de Baccho e pela adopo destes ritos na cidade que dava as leis. Aconteceu isto no tempo de Pisistrato, talvez depois da sua restauraode se unir.

em

554.

A

inveno da tragedia attribuida a Thes-

que se affirma ter sido contemporneo do tyranno, e oriundo de um dos cantes da Diacria, na Iaria. Seja qual for o seu nome, o facto de ser considerado inventor da tragedia provm da certeza de ter.elle introduzido um actor no coro dionysio afim de lhe dar mais relevo. Este actor,pis (35),

representante dos rhapsodos, e sem duvida, nos pri-

meiros tempos, geralmente o prprio poeta,

em

.4

trajedia

grega

85

vez de apenas alternar os seus recitativos com os cnticos do coro, dirigia um discurso ao regente

ouma

corypheu

com

quem travava por

este

modo

espcie de dialogo.

O

coro rodeava o regente nos degraus do altar

baccliico (thymele)', o actor subia

acima de

uma

mesa. Esta mesa

foi a

predecessora da scena, por-

que o carro de Thespis uma fico, provavelmente devida a esta mesa e ao carro de Susarion. O disfarce do rosto do actor, primeiro com pintura

com mascara, uma inveno de certo almas menor, attribuida a Thespis. No dialogo tratava-se de um mytho relativo a Baccho ou a qualquer outra divindade ou heroe. Fosse oue depois

cance,

nodisso,

Thespis

quem

gedias,

e

e parece

nesse periodo escreveu trano haver razo para duvidar

embora

o coro cyclico e a recitao rha-

psodica continuassem

com

objectivos separados, a

tragedia existiu desde ento.

As

addies essen-

ciaes feitas depois sua simples estructura

foram

evidentemente poucas. Eschylo addicionou-lhe

um

subordinou as funces do coro, creado primeiro que o dialogo, a este, que ficou sendo a parte principal da aco. Sophocles dotou-o com um terceiro actor, modificao que tornou a preponderncia do dialogo completa. Se a origem da comedia grega mais simples na sua natureza que a da tragedia, o comeo do seu desenvolvimento est envolto em mais obscuactor, e

segundo

ridade. Assegura-se

que

foi

inventado por Susa-

86

Evoluo do TJieatro

rion,

natural de Megara.

cujos liabitantes

eram

afamados pelo seu gnio folgasao, que transmittiram s suas colnias da Sicilia. Desde ento, nessa ilha, a ptria da mimica espontnea, nasceu a comedia. Nas festividades baccliicas da vindima rural,

bandos de alegres companheiros

(Kto|j/j;^

litteral-

mente uma orgia continuada depois da ceia) iam em carros ou a p, transportando o emblema phallicoe entregavam-se a ribaldas devassides, licena, s

mais libertinas galhofas. As canes entoadas nestes prstitos ou festas bacchicas, que visavam a exaltaro deus

comcornos^

pessoas gordas e ridculas,

eram cha-

madascantor

num

sentido secundrio; os convivas

bacchicos que as cantavam foram de dgnados pordas

phallicas,

comos ou comoeJos. Estas procisses que depois se realizaram em Athenas e

em

todas as cidades gregas, transmittiram o seu

caracter velha comedia attica, cuja essncia era

o aviltamento

pessoal.

Independentes

uma

da outra na sua origem, aparti-

tragedia e a comedia grega nunca mais se uniram.

O drama

satyrico,

embora dalguma forma

cipasse da natureza de ambos, esteve sempre, quer na sua origem, quer na sua historia, ligado apenas com a tragedia. Diz-se que Pratinas de Phlionte,

contemporneo de Eschylo, restaurou o coro trgico dos satyros. Produziu, a principio, dramas

com

a

mesma forma

e

thema das

tragedias,

mas

onde as dansas eram differentes e inteiramente desempenhadas ])0t satyros. Os poetas trgicos,

c

tragedia grega

que nunca tinham escripto comedias, compozeram dalii em deante dramas satyricos. Mas nunca as tragedias nem os dramas satyricos foram escriptos por poetas cmicos. Foi conjuntamente com as tragedias apenas que os dramas satyricos se representaram. A theoria do platnico Scrates, de que o melhor poeta trgico e cmico deve ser um homem s, nunca foi exemplificado na prtica.

A

chamada

hiJaro-tragedia

ou tragi-comedia dos

ltimos

escriptores,

embora anticipada nalguma

das suas particularidades por Euripedes (Alcestes,Crestes) no divergia, na forma, de modo nenhum, da tragedia; apenas continha um elemento cmico nos seus caracteres e terminava invariavelmentefeliz. O elemento srio e sentimental nas comedias de Menandro e dos seus contemporneos foi ainda mais longe no desapparecimento da diferena essencial entre os dois grandes ramos da arte dramtica grega. A historia da tragedia grega que virtualmente sempre permaneceu attica divide-se em

por

um

desenlace

trs perodos.

O primeirocos

perodo decorre desde 535 a 499

antes de Eschylo. Delle s chegaram at ns pou-

nomes de auctores de peas. So esses; alm de Thespis, Choerilos, Phrynichos e Pratinas, que viveram todos em lucta com Eschylo para conquistar o premio do drama trgico. Attribue-se a cada um delles um certo numero de invenes. Entre outras

88

Evoluo do Ihatro

a introdnco dos caracteres femininos a Phrynichos.

Segue-se-lhe depois o perodo clssico da tra-

gedia clssica

o de Eschylo, Sophocles, EuripedesEa

e dos seus contemporneos, desde 499, a 405. este perodo qiie

pertencem as mais importantes phases do progresso da tragedia grega e que se ligam caracterisadamente com os nomes dos trs grandes mestres. Podem ser considerados como representantes das differentes geraes da Adda e historia da Attica, embora nestas, como no progresso da sua arte, no haja soluo de continuidade.

Eschylo, que viveu de 525 a 456, combatera

no sPerseu,

em Marathonamas ainda

e

cuja derrota celebrou

com

Salamina contra os persas, patritico orgulho no

iniciado nos mysterios eleusi-

nianos era

um

apaixonado partidrio da instituio

dies politicas do passado

mais intimamente associada com as primitivas tracomo o arepago

,

o demonstrou na Eumenies. Pertencia gerao

immediata de Slon, para cujas mximas se inclinava apaixonadamente; iliara-se no partido anti-democratico que favorecia a alliana spartana, e que representava o desenvolvimento dorico da vida hellnica e o. systema philosophico baseado nas convices moraes e religiosas de que oseu espirito se embebera.telligencia, o estylo

A

sua cavalheiresca ine a inexcedivel

da sua poesia

sublimidade da sua imaginao dramtica passou

A

tragedia grega

89'

para a g*erao que lhe succedeii, como se passa

para a posteridade, comoHistoria.

uma

poca grandiosa na

A

existncia

de Sopliocles decorreu de 495

a 405. Foi collaborador de Pricles, e mais

um

partidrio

da

suaa

auctoridade

que

um

attento

pupillo das suas idas politicas,nilidadee

mas

a sua varo-

talvez

coincidiu

com

os

maturidade do seu talento grandes dias, quando estava,

como o seu genial amigo e a communidade que ambos to gloriosamente representavam, nas fulgurantes eminncias do gnio. Serenamente piedoso,

aproveitou os mythos da religio nacionalo espirito de

com

um

artista consciente, e estabe-

leceu o contraste entre a elevada ironia das lucta&

da humanidadedestinos.

e

a irresistvel

marcha dos seus

A

sua

arte,

que

elle

relata ter passado

por trs differentes phases, symbolisa na sua perfeio

a vigilante

e

cuidadosa calma da poca

imperial da sua cidade.

Euripedes, que viveu de 480 a 406, como possua

um

talento dee

complexa

espcie,

tem sido

antitheticamente julgado que alguns dos seus grandes companheiros auctores de tragedias. sua arte foi apodada de mais subtil

mais variada

A

dominadora que a delles, o seu engenho maisrhetorico que potico, a sua moralidade de ndole sophistica. Foi proclamado no s o maise

trgico

dos escriptores atticos de tragedia e o mais pathetico dos antigos poetas, mas tambm

90

Evoluo do Theatro

O

mais humano na sua philosophia social e o mais profundo nos conhecimentos psychologicos.

Conserva nas suas obras a phase ingnua davida nacional,

um

espirito patritico;

a escolha

dos seus assumptos genuinamente attica; e seera inspirado no palco pelo demnio de Scratesera,>,

como

Scrates, o representante de

um

perodo,

que tanto significou uma poca de prosperidade

como de decadncia. O progresso

geral da littera-

tura dramtica deve mais a Euripedes que a ne-

nhum

outro poeta antigo.

A

tragedia seguiu asa comedia

suas passadas na G-recia e

em Roma;

deveu-lhe alguma coisa do estylo de Aristophanes

de que elle zombava, e muito do sentimento de Menandro. Quando o drama moderno se enxertou no antigo com mal sazonado fructo, foi a sua poderosa influencia que, directa ou indirectamente, mais concorreu para estabelecer a ligao entre os dois.

Auso

incontestvel preeminncia dos trs grandes

em Athenas pelo que no permittia que nenhuma tragedia, alm das suas, fosse representada mais de uma vez, e pe.la lei de Lycurgo, promulgada em 330, que obrigava os actores a servirem-se, quando intrepretassem os grandes inestres, de copias conservadas nos archivos pblicos. A fertilidade da tragedia attica attingiu taes propores que era impossvel no se tornar depoetas trgicos era reconhecidapreciada.

Chegaram

at

ns os titulos de mil o

A

tragedia grega

91

quatrocentas tragedias e dramas satyricos. Entreos mais celebrados trgicos atticos contemporneos

dos

grandes escriptores,

lon de Chios, fallecido

antes de 419, parece ter seguido tradies mais

remotas que Escliylo; Agathon, que sobreviveu aeste,

introduziu certas innovaes anormaes na

arte da composio trgica.

O termo do terceiro perodo da tragedia grega no pde ser lixado. Ainda depois da morte de Alexandre o Grande, Athenas continuou a ser a ptria da tragedia. Embora nas cortes de Syracusa e da Macednia se representassem tragedias, desdeque Eschylo, Eiiripedes e Agathon ali residiram; embora o costume de dar espectculos Dionysio aos alliados de Athenas suggerissem a estes aida de os imitar nas suas terras; no se encontravestgio de- haver poetas trgicos, ou de se escre-

verem tragedias

fora de Athenas, antes da morte de Alexandre. Abre-se, comtudo, uma excepo a

favor do tyranno de Syracusa, Dionysio, que, tinha a fazer composies trgicas.

como

Critias nas pocas remotas de Athenas, se entre-

No

entanto

nem

todos os trgicos deste perodo

tinham nascido em Athenas. Os nomes de Euphorion, hlho de Eschylo, de loj^hon, filho de Sophocles, Eur2:)edes e

Sophocles, respectivamente sobri-

nho

o neto dos seus

grandes homonymos,

tambm

illustraram o

declinar da arte trgicaa tragedia

como

um

dote hereditrio na famlia. Chaeremon, que viveu

em

380, j

compunha

num

certo perodo

92

Evoluo do TJieairo

de decadncia, pois sabe-se que as suas peas eramescriptas para ser lidas.

Logo depois da morte de Alexandre comearama apparecer theatros

em

todo o territrio hellenico

da sia e da Europa, Deveu-se esfe resultado ao costume que tinha o conquistador e seu pae de celebrar as suas victorias

com

representaes scenicas.

Alexandria tornara-se um centro litterario com o qual Athenas nem sempre podia competir. Ao passo que esta ultima continuava a ser a ptria dacomedia, os poetas trgicos affluiram capital dos

Ptolemeus, e

ali,

no reinado de Ptolemeu Phila

delpho, de 283 a 247, floresceram os sete poetastrgicos, celebres sob a designao de

Pliadeas

y

que

escreviam

no

estylo

e

seguiam

regras

observadas pelos mestres atticos.e a tragedia

arte dramtica continuaram a ser protegidas pelos derradeiros Ptolemeus, e cerca do anno 100 antes de Christo deu-se a curioso pbenomeno de um

A

poeta judeu, Ezechiel, compor tragedias gregas^

At ns chegaram fragmentos de uma delias^ O Exodus (do Egypto). A tragedia, o drama satyrico e a

comedia sobreviveram em Alexandria a Cicero e Yarro. O seu aniquilamento foi decretada pelo imperador Caracalla quando aboliu as representaes theatraes na capital do Egypto no anno217 antes de Christo. tragedia grega durante o seu perodo urea obedeceu sempre estructura delineada pelos seus grandes mestres atticos. Os seus imitadores rom-

A

A

tragedia grega

93

nos nunca se afastaram muito desses poetas e dosseus successores.

Plato definiu a tragedia dizendo que era a imitao de

uma

vida nobre. Os seus themas

nhasaos

e

soffrimentos dos lieroes

eram

as faafamiliares

que conheciam profundamente a mythologia e a religio nacional. A tragedia grega limitava-se quasi completamente a esses themas, e nos ltimos tempos havia numerosos livros queauditrios

discutiam os mytlios dos trgicos.excepes das que se baseavamricos.

Eram raras as em themas histPhry-

Pde

citar-se a

Tomada

de Mileto, de

numa grande calamidade nacional; os Phenicios, do mesmo auctor, e o Perseu, de Eschylo, que celebram uma importante Actorianicho, que assenta

dos gregos, e ainda mais algumas, modernas, taes

como

o Themistocles, de Moschion, Mausolo, de Theodecto, Marathona e Cassandra, de Lycophron e ainda outracles,

tambm com o titulo de Themistode Philisco, que versam assumptos histricos e

que foram representadas. Algumas veladas alluses histricas feitas com crtica ingnua surgem no s em certas passagens, mas ainda em themas inteiros de outras tragedias atticas, como, por exemplo, na Os sete contra Thehas, Prometheu acorrentado e Banais da trilogia do Eschylo; na Antigona e Oedipo em Colnia, de Sophocles e na Medea, de Euripedes. Estas alluses, porm, no podem servir para caracterisar as peas onde apparecem como dramas histricos.

94

Evoluo do TJientro

depois de

No ha duvida que a tragedia attica, embora uma moda differente e mais decorosa,,

compartilhou da tendncia da sua irman cmica de introduzir alluses aos acontecimentos contemporneos e a pessoas; e a realizao desta tendncia foi facilitada pela reviso a

que

os trabalhos

grandes poetas foram submettidos por elles prprios, ou por aquelles que interpretaram osdosseus trabalhos depois do seu desapparecimento(^).

Tanto quanto sabemos, os assumptos das tragedias antes de Eschylo derivavam do ejMs; e o poeta costumava dizer que os*seus dramas nao eram mais que pobres migalhas dos lautos banquetes de Homero expresso que pode ser interpretada pela incluso dos poemas que pertencem ao to falado cyclo homrico. Sophocles, Euripedes e os seus successores do mesmo modo recorreram aos mythos troyanos, heraclios e the-

seos,

s

lendas

atticas

em

geral,

bem comose

as

de Thebas,

de que j

Eschylo

aproveitara.

Esta reviso era muito diFerente do costume, conLycurgo promulgou uma lei, de remendar e corrigir as obras dos grandes mestres, fazendo-lhe alteraes semelhantes s que os commentadores de Shakespeare fizeram, afim de as melhorar, e de que o melhor exemplo entre os ingleses o de Collej'' Ciber. Parece que os ltimos trgicos tambm de quando em quando trasladavam certas falas ou episdios de umas tragedias para outras expediente largamente seguido pelos dramaturgos romanos, e(^)

tra o qual

chamado

cotitaminao pelos escriptores latinos.

^4

tragedia grega

95

A

estes

vrios

grupos

emparelliavam-se outros

mytlios

subsidirios.

Tudo

isto

se

conservou

substancialmente nos tliemas da tragedia grega.

Os mythos troyanos mantiveram sempre um to proeminente logar que at Luciano escarneceu da universalidade do seu dominio. Os ltimos trgicos desenvolveram assumptos de pura inveno. Foi Ao:athon o iniciador desta innovaco na tragedia Anthos A flor. Corre que foi Thespis quem introduziu o uso do lorlogo e do rhesis (discurso). O primeiro eranaturalmente o discurso de abertura recitado pelonico actor; o ultimo o dialogo entre o actor e ocoro.

Foi, provavelmente,

em

resultado da intro-

duco do segundo actor que se reconheceu anecessidade de addicionartrplice

um

segundo

rhesis.

Esta

diviso

talvez

constitusse

a primitiva

forma da trilogia, trs seces do mesmo mytho que formavam o principio, meio e fim de um drama, diferente dos outros pelos cantos coraes. Aproveitando esta innovaao, Eschylo tratoude organisar as diferentes pores de

um mytho

em

sendo

assumpto e sequentemente na mesma occasio. E esta a trilogia de Eschylo de que chegou at ns um exemplar, a Orestea peatrs peas separadas, ligadas pelo

representadas

Eschylo p& nella em prtica o seu principio de que a intensidade devia recahir na do meio por outras palavras, que o interesse devia centralisar-se na sese

sobre a qual a crtica

tem duvidas

96

Evoluo do Theatro

fosse, a synietria da costume de representar depois delia um drama satyrico, provavelmente, oomo norma, se no sempre, relativa ao assumpto da trilogia, que assim se converteu em tetralogia, embora este termo, diferente do outro, parea ser uma expresso puramente teclmica inventada pelos doutos (^). Sophocles, mais consciencioso e provavelmente mais artista crtico que Eschylo, deve ser indigitado como o primeiro que elaborou as suas trage-

giinda

pea.

Fosse

como

trilogia foi destruida pelo

dias

com escrupuloso cuidado;

e a isto, to

bem

omo

sua innovao do terceiro actor, que con-

tribuiu para tornar a aco mais intensa, attribui-

mos a introduco do costume de concorrer aos prmios com peas simples. No se segue daquiqueelle

nunca

fizesse representar trilogias,

embora

no possuamos nenhum exemplar feito por Sophocles ou por qualquer dos trgicos modernos; por outros termos, no ha provas que qualquer dos seus successores se tenham afastado das normas de Eschylo fazendo representar trs tragedias, seguidas de

um

drama

satyrico,

no mesmo

dia.

(^)

S se possue

Euripedes, verso dramtica de

bre a visita de poetas da Pliade, servindo-se do drama satyrico, no seu Metiedem, como uma arma de ridiculo pessoal, applicou-o

um drama satyrico, Os Cyclope de um conto de Homero soOdysso a Polypherao. Lycophron, um dos

a

um

fim semelhante ao da velha comedia attica.

A

tragedia grega

97

esta a terceira e ultima phase da historia

da

estructura da

tragedia

attica.

A

sua tendncia

para complicar aco progrediu naturalmente, o

em

foi approvado por Aristteles. A complicao, que Euripedes primava, levou-os ao emprego dos prlogos, no qual um dos caracteres abre a

que

pea

com uma exposio das circumstancias emprincij)ia.foi

que a aco

Esta prtica, ridicularisada

julgada na o conveniente para ser adoptada pelos successores de Euripedes, e Me-

por Aristophanes,

nandro transferiu-a para a comedia.

A medida que

o dialogo augmenta de importncia, a significao

dramtica do coro diminue. Logo que Eschylo o

emprega na aco com frequncia e Sophocls occasionalmente, os cantos no podiam senoapproximar-se cada vez mais dos intermezzos lyricos, e este

papel accentua-se abertamente quando

Agatlion comeou a inserir cantos coraes (embolima), que no tinham nada que ver com a aco da pea. Na urdidura geral das aces era natural que, em contraste com Eschylo, Sophocls e Euripedes procurassem introduzir-lhe alguns progressos. Mas a palma devida a um delineamento, que ao

mesmo tempo

piedoso e consequente

com

a essn-

cia das" antigas

lendas, accentuando a par disso

qualidades originaes e effectivamente dramticas,pertence a Sophocls. Euripedes era menos hbiltece-las.7

no desenredar das aces complicadas que no entreE este o motivo porque recorria a miude

98

Evoluo do Tlieatro

ao deus ex machina, como no lon,Iphtg,enia

As

suppUcantes,

em Taurida,

Electra, Helena, Hyppolito,

Andrmacha, etc, e que Sophocles emprega apenas na sua ultima pea, Philocteto. As outras distinces que avultam nas qualidades dramticas dos trs grandes mestres trgicos baseiam-se principalmente no estudo crtico do talento individual de cada um. Xos caracteres das suas tragedias, Eschylo e Sopliocles evitam os lapsos de grandeza de que Eiiripedes foi accusado por Aristoplianes e outros crticos, e ambos lhes transmittem mais humanidade. Se os seus homens e mulheres so menos hericos, menos estatuas, em compensao so muito mais humanos. Aristteles objectava aos ltimos trgicos que, comparados com os grandes mestres, eram deficientes no deseo que elle chamava a elenho das personagens vada concepo de um elevado caracter. 1^0 estylo, a transio muito mais accentuada das phrases emplumadas de Eschylo, que gostava como Milton de palavras compridas e nomes sonoros, para as peas de Earipedes linguagem fcil e macia. Mesmo quando empregava a lin-

gruao^em elevada conservava-se essencialmente verdadeiro. Estava reservado para os seus successores

introduzirem na tragedia aa linffuao^em da conversaotanto,

linguagem baixa da comedia. Entre,

ficado

no conjunto, a dico euripidiana parece ter como a normal da ultima tragedia, Asto o estylo florido do discurso, creado por Agathon^

.1

tragedia grega

99

no ter encontrado bom e permanente acolhimento. Para concluir, Eschylo passa por ter realizado certas reformas no vesturio da tragedia cujo objectivo evidente. Melhorou a mascara e inventou o cothurno ou horzeguim que dava estatura do actor a altura requerida. Eiiripedes nao se arreceava de trapos nem de frangalhos; os sarcasmos de Aristophanes neste ponto parecem fracos aos

que sabem que elles tanto podiam ser dirigidos ao rei Lear como a Telepho.

Anaactor.

mascara, elucidam-nos as encyclopedias, era,

Grrecia, a parte essencial

da caracterisaao do

Servia para representar aos olhos dos es-

pectadores os typos tradicionaes da tragedia e da

comedia, para augmentar a estatura e reforar avoz. Tinha por origem os disfarces

em

uso nas

/

Os gregos confeccionaram primeiramente mascaras com folhas ou cascas de arvores e mais tarde com pannos pintados e mafestas

dionysicas.

deira.as mascaras, bem modeladas estavam munidas de uma cabelleira e de um topete; cobriam toda a cabea do actor, nao deixando aberturas seno nos olhos e na bocca. Os gregos tinham uma grande variedade de mascaras, que correspondiam a todas as differenas de idade, de sexo, de classe, condio social, de raa e de pas. Distinguiam-se cerca de vinte e cinco espcies de mascaras trgicas (deuses e deusas,

Segundo Eschilo,las,

e colori

100

Evoluo do Tlieatro

lieroes, reis e rainhas,

nigromantes, sacerdotes, es-

cravos, etc.) e mais de quarenta espcies de mas-

caras cmicas (velhos, rapazes, cortezos, escravos,parasitas, etc.)

VIIconiedia na Grcia

fi

Phases da comedia groga Comedia siciliana Attica Antiga Aristophanos O lim da velha comedia Mdia Nova. Philemon e Menandro Decadncia Resultados da origem religiosa do drama da comedia Guarda-roupa e scenario attico E-esiiActores mo Theorias do drama Theatro moderno grego.

A comedia grega de origem attica, embora a comedia siciliana seja de data mais remota. Os primeiros nomes que nos apparecem na primeira so o de Epicharmo, que viveu em OO, e os de mais um ou dois poetas. Provavelmente tinhacoro, e dividia-se

num

misto de discurso philosoe

phico,

rlietorico

antithetico,

baixa chocarrice,

com certeza variado no estylo. Os assumptos, algumas vezes, mais na velha que na mdia comediaattica,

e

principalmente na do ultimo perodo,

com os mythos da tragedia, que sem duvida nenhuma parodiavam. As to apregoadas mmicas de Sophon, que viveu em 430, eram scenas dramticas, tiradas da vida siciliana, destinadas, no ao proscnio, mas recitao.coincidiam

102

Evoluo do Theatro

comedia attica geralmente dividida em ou espcies. velha comedia data do estabelecimento completo da democracia por Pricles, embora se mencione uma comedia escripta antes contra Themistocles. Os passatempos burlescos megareanos havia muito que se realizavam nos districtos ruraes da Attica e foram depois introduzidos na cidade, ondetrs perodos

A

A

Gratino e Crates, que existiram

em

450, primeiraattica.

mente

os

vasaram nos moldes da arte

A vi-

ctoria final de Pricles e do partido democrtico

A

deve remontar ao ostracismo de Thucydides (444). poca da liberdade, to ardentemente desejadapelos poetas cmicos, foi tio frnctuosa para elles

que, quatro annos depois,rao teve

uma

lei

lhes

que pouca duAGratino,

limitava os excessos.

auctor dos Arehilochios

um

satyrico excessivamente

ousado e de largos merecimentos, apparentementde tendncias conservadoras, seguiu-se Eupolis, de

446 a 415. Algumas das suas peas parecem atacar determinadas individualidades, como na O Maricas^ Hyperbolo; na Baptoe, Alcibades; na La'iones, Gimon, etc. Atrs desse veiu Phrynicho e outros; mas, quem mais se evidenciou na velha comedia, quando ella attingiu o seu maior grau de desenvolvimento, foi Aristophanes, de 444 a 380, poeta cmico de nico e inexcedivel talento. Melhorada com a acquisio de um coro (embora de menos sumptuosa espcie que o trgico)de actores mascarados, de scenario, de machinis-

A

comeii na Greda

103

mos,

e

pela correspondente elaborao litteraria e

elegncia de estylo, a velha comedia attica noobstante tudo isso manteve-sefiel

sua

origem e

aos seus fins na livre cidade imp':rial.

Adoptou

muita coisa da tragedia, mas conservou a ostentao pliallicados antigos festivaes campestres, alicena da palavra e do gesto, a invectiva pessoal

audaciosa e directa. Estas caractersticas nao so

qualidades peculiares a Aristophanes.

Foi censurado por alguns dos velhos poetas cmicos por se ter afastado da ampla liberdade daarte

com

as

suas

tendncias para o requinte ejjor ter

supprimido uma espcie de cancan muito apreciado na poca e os inspidos gracejos empregados pelos seus predecessores por um gnero mais apurado de faccias. A sua ousadia no delineamento das peas no encontra rival; e as expanses do seu engenho, apesar de s vezes parecerem embebidas em borras de vinho e de quando em quando com resaibos a obscenidade, ascendem a regies superiores, como succede nos Cavalleiros, Tem sido accusado de tentar degradar o que ns devemos reconhecer como bom, haja exemplo as Nuvens, mas essa accusao mais uma prova que Aristophanes no foi julgado com imparcialidade e que a historia de Athenas nem sempre exacta. Embora faccioso como era, era tambm um genuino patriota, e as suas sympathias politicas que eram conservadoras eram to intensamente manifestadas que se convertiamconquistou credito

104

Evoluo do Tlieatro

em

dicazes satyras politicas, porque traduziam a

possuia a

com toda a espcie de excessos. No minima qualidade de reverencia, e o seu amor por Athenas era proclamado com a maisantipathia

absoluta liberdade. Flexivel miesmo nas suas noes

acompanhava neste ponto como noue, como verdadeiro poeta cmico, era mordaz mesmo custa dos seus amigos, e, pde quasi dizer-se, delle mesmo. Pela opulncia da phantasia, como expresso na pea As aves, e pela belleza da melodia lyrica,religiosas,

tros os progressos do seu tempo,

occupa

um

logar proeminente entre os grandes

poetas de todos os tempos.feio caracterstica da velha comedia comparada com a mdia, a parahasis, o discurso que o coro, dirigindo-se para a frente e encarando o

A

do poeta, muitas vezes da pea. perda da parbasis arrastou a do coro, de que a comedia ficou privada em consequncia da reduco geral das despesas do drama cmico, pontoauditrio, dirigia

em nome

sem

fazer

nenhuma

referencia aco

A

lei de Cinesias em 396, como diz no ChorGda. Mas com a queda da vida publica atheniense, desappareceu o terreno em que se firmavam os ps dalguns dos seus mais caracatstrophe da cidade, ctersticos representantes. em 40, fora precedida pela temporria ruina da

culminante da

Strattis

A

democracia,

em

411, e seguida pelo estabelecimento

de

uma

tyrannia

oligarchica sob a protecofoi

espartana.

Quando a liberdade

restaurada

em

A

comediOi

na Grcia

105

40-1:,

us cidados

durante

um

certo

tempo orienta-

ram

a sua nova vida pelas normas da sensatez e

deixaram de p a lei que prohibia figurar como personagem da pea o nome de qualquer individuo. A mudana que a comedia soffreu das taes que no pode ser definida por uma data precisa,

mas nem por

isso foi

progressos e resultados.

menos inevitvel nos seus A comedia, na sua luctaento

pela existncia, dedicou-se

principalmente

a tliemas litterarios e sociaes, taes

como

crtica

dos poetas trgicos,A.s*

como

fez

Aristophanes na pea

Rans

e

Phryniclio nas Musas e Tragedia, e dos direitos femininos,

alterao

litteraria

succede

na

Assembla

de

mulheresa

como tambm depara a

Aristophanes

e

realizou-se

transio

comedia mdia. Das ultimas comedias de Aristophanes, trs, Lysistrata, ThesmopKorias e Pluto ii no teem parabasis e na ultima delias que chegouat ns o coro insignificante.

A

comedia mdia, cujo perodo

se estende aos

annos subsequentes da liberdade atheniense difere

da sua predecessora tanto na forma como na substancia. E representada pelos nomes de vinte e sete escriptores (mais do dobro dos poetas que figuram na velha comedia), entre os quaes E abulo, Antiphanes e Aleixo passam por ter sido preeminentemente frteis e triumphantes. Era uma comedia tanto de maneiras como de caracter, embora o ridculo de algumas classes particulares de homens tendessem para a creao de typos permanentes,

108

Evoluo do Theatro

taes

como

parasitas,

cortezans, devassos

e

uma

figura predilecta j desenhada por Aristoplianes

no Aelosicon-^o cosinheiro presumido. Isso necessariamente obrigou o estylo a tornar-se maisfcil e

manejavel. Essa modificao era destinadao

a parodiar os mythos trgicos,

seu fim tal-

vez fossedar

critic-los,

mas

o seu effeito foi de os

desautliorizar.

Este e^enero de arte cmica ao^ra-

Hegemon. Os athenienses riam com a sua Gjantoma^hia no dia em que chegaram as novas do desastre da Siguerrafoi o tliracioclia.

em Athenas j antes civil. O seu inventor

de terminar a grande

A nova comedia, que data do estabelecimento da supremacia macedonica, em 338, apenas um desenvolvimento posterior da mdia. Os seus typos favoritos so mais numerosos. Incluia um capito (de mercenrios) o original de uma com-

prida lista de cmicos predilectosres convencionae^.

o

velhaco, o

escravo, etc; provavelmente havia mais caracte-

A

comedia nova parece ter tido primeiro, por

principal assumpto da sua aco dramtica, intri-

gas de amor. Os mais famosos dos sessenta e qua-

que pertenceram a este perodo da comedia foram Philemon, desde 330, Menandro de 342 a 3*29 e o seu contem])oraneo Diphilo. Conhecemos alguma coisa destes auctores, de fragmentos que nos restam, mas mais dos seus adaptadorestro escriptores

latinos Plauto e Terncio.

Como

comediantes de

A

comedia na Grcia

107

possuam uma colleco limitada de typos que davam pouca margem a desenhar originaes. Na constituio dos seus enredos eram mais hbeis que variados. Tanto no estylo, como ate certo ponto na urdidura, Menandro tomou Euripedes para moraractor,delo, infundindo nas suas

comedias

um

elementose

de reiexo moralno lhe deu vida.artsticos, pois

e sentimental

que a depurou

E

duvidoso se esta escola de es-

criptores estava aninlada de altos fins moraes

ou

Epicuro no dialogo de Landor faz a injustia a Menandro de suspeitar que elle sabora as loucuras dos homens no nosso ptridoestado

moscas saboream a fructa, quando principia a sorvar-se. As molas preferidas das suas aces dramticas eram o destino e a felicidade. r comedia nova, e com ella a comedia grega

como

as

1

A

propriamente

dita,

parece ter terminado

com

Posi-

dippo, cerca de 280. Mencionam-se, comtudo, outros escriptores cmicos posteriores, e entre esses

Rhinthon de Tarento, que floresceu em 3(X), e composies mistas teem sido designadas por vrios nomes, taes como por exemplo phlyacographias (de phlyax, tagarelice intil). A comedia grega cessou de ser productiva depois que foi transplantada de Athenas para Alexandria, e emujas

bora continuasse a ser representada naperial

Roma imna sua forma original, essas phases da sua historia no apresentam nada que merea registo. A origem religiosa do drama attico imprime-setodas as suas manifestaes.

cm

As

representaes

103

Evoluo do Tlieatro

tlieatraes

eram celebradas em Athenas s em poanno nos festivaes de Baccho da regio Dionysia (vindima), no Lenaeacas fixas nos princpios do

todos,

provavelmente em Anthesteria, e acima de na Grrande Dionysia, ou Dionysia ijor ex2eh lenia nos fins de niaro comeo de abril, quando na sua mais gloriosa aura Athenas regorgitava de visitantes das ilhas e cidades do seu imprio federal. Como as representaes faziam parte do culta(lagar)religioso

effectuavam-se

Lenaeum, na vertente sudeste da Acropolis, onde funccionou, affirma-se, o primeiro lagar (lenos) e onde um altar de Baccho (thymele) for-

no

em

localidades sagradas

mava

o centro do theatro.

Pela

mesma

razo,- assistiam s

representaes

toda ou a maior parte da populao.

O mbito era enorme; segundo o platnico Scrates comportava mais de trinta mil espectadores. As representaes duravam todo o dia, ou, pelo menos, em harmonia com o seu caracter festivo, prolongavam-se tanto quanto possvel. Deve-se attribuir sua origemreligiosa o facto de

serem consideradas

negocio do Estado.satisfeitas

As

despesas

theoricamenta significava a

mero que maioria do povo, eram

um

com

o coro,

do dinheiro publico pela verba das

li-

turgias (servios do Estado) pagas pelos cidadosricos,

escolhidos por turnos pelas trbus para se-

rem

choragi (chefes, isto

coro).

, que concorriam para o Os trabalhos de ensaios eram exercidos por

profissionaes (chorodidaseali).

.4

comedia na Grcia'

109r

Vrios juizes nomeados publicamente e ajuramentados pronunciavam-se sobre os mritos dos dramas representados em competncia. O poeta victorioso, interpretes e choregas eram coroados com hera e ao ultimo acclamado permittiam-lhe que

sua custa consagrassesagfrado de Bacclio.

um

trpode

em commemora-

o da sua victoria nas proximidades do recinto

Um

monumento semelhante

umanas

das mais graciosas reliquias da antiga Atheexiste

no logar onde foi erigido, e recorda posteridade o triumpho obtido por Lysicrates no mesmo anno que Alexandre venceu Granico. Como os espectculos constituiam assumpto da religio e do Estado, o dinheiro das entradas(theoricon),

ainda

que

foram

creadas

para

evitar

as

grandes agglomeraes, era no tempo pago pelo thesouro publico. Toda a populao tinhade Priclesdireito

a assistir

aos

festivaes de Baccho;

nemex-

mulheres,

nem

creanas,

cluidos das recitas

nem escravos eram theatraes em Athenas.

dramticos em Athenas e as circumstancias em que se realizavam determinaram a creao do guardaroupa e do scenario. Na primitiva os trajes do actor eram os atavios das festas dionysias, ondecaracterreligioso dos espectculos

O

predominavam

os matizes alegres e pintalgados.foi

O

uso da mascara

devido ao actor apparecer

ao ar livre e a distancia da maior parte dos espectadores; as suas differentes espcies,sedisse,

eram

feitas

como com muito cuidado e

atrs

ada-

110

Evoluo do Tlieatro

ptadas aos diversos typos das personagens tlieatraes.

O

cothurno,

ou bota de

sola alta,

que elevavam a

estatura do actor trgico (o actor da comedia cal-

ava cothurnos de sola mais delgada) era provavel-

mente uma

relquia do vesturio bacchico.foi,

Olivre.

scenario

na simplicidade da sua conce-

po primitiva, apropriado aos espectculos ao ar

No

decorrer dos tempos, porm, a scenoaser

grapliia

principiou

esmeradamente

culti-

vada, imaginaram-se scenas amovveis,

bem como

machinismos que correspondessem s necessidades do drama attico, que exigissem que os deuses descessem dos cos ou que os mortaes subissem at l.

Numactor.

tal

proscnio e

vencionaes pouca

com accessorios tao conmargem ficava para a arte doo que se exigia ao actor attico

Mas embora

do que era reclamado ao seu successor romano, e ainda mais daquelles que professam a moderna arte de representar, os espectadores desse tempo no eram pouco rigorosos. mascara e odiferisse

A

borzeguim augmentavam-lhe a estatura; a primeira emprestava-lhe a expresso apropriada da personagem e a necessria resonancia da voz. Mas na declamao, no dialogo, nos trechos lyricos, na gesticulao e movimentos tinham de evitar a mais pequena violao na harmonia geral do espectculo.

Ao mesmoattico,

proscnio

tempo, era impossvel num exactamente por causa da sua

natureza, representar

com primor.

A

gesticulao

devia ter sido larga e pesada; o movimento vaga-

A

comedia na Grcia

111

roso e o agrupamento, na tragedia, confuso; a de-

nunca deixaria de eccoar uniformeproscnio adeante.

clamao excessivamente montona, meio cantada, e fanhosa pelo

NaEra

traf^edia attica s fio^uravam trs actores.

o auctor, o poeta,

quem

os contractava. Tal-

vez o interprete da personagem principal (protagonista) fosse

pago pelo Estado. Ainda em resul-

da origem religiosa das representaes do drama attico, e da importncia que o publico lhestadoligava,a profisso de actor era tida;

em

alta es-

eram cidados athenienses, com frequncia dramaturgos, e s vezes empregados em outros ramos de servio publico. Nos ltimos tempos, quando a tragedia emigrou para Alexandria, e quando as diverses theatraes se espalhatima. Os artista

ram por todoatalii

o territrio hellenico, a arte de re-

presentar ascendeu ae

um ponto nunca attingido occupou no espirito publico um logaros synodos

importante.

ou companhias de arque gosavam de vrios x^rivilegios e nalguns sitios, como em Pergamo, de pingues rendimentos. A mais importante destastistas

Abundavam

dionysios,

companliias era a jnica, estabelecida primeiro

em

Teos, e depois em Lebedos, prximo de Colophon, que passa por ter durado mais que nenhum outro estado. Havia tambm companhias ambulantes que

representavam in partibus. vitalidade de algumas das obras primas do drama grego na o tem

A

112

Evoluo do TJieairo

parallelo na historia do theatro, ao

mesmo tempo

que

os actores gregos se salientam entre os prin-

i

diz

:

Parece quee

para mero e privado deleite do seu auctorfoi

heroe

composta uma pea isolada tirada de um episodio da campanha de Pharsalia. Octavia, a ultima proetexta attribuida a Sneca, com certeza no foiescripta por elle.

Q. Ennio (239-168), o poeta favorito das gran-

des famlias, foi escolhido pela sua educaorento,

em Ta-

que lhe ensinou tanto o que era a juventude grega de Oscan como a lingua latina (a que elle

chamava

trs almas), para se tornar o expositor

das tendncias hellenisadoras da sua poca na so-

ciedade romana. Approximadamente metade dos

t-

tulos que subsistem das suas tragedias pertencem

ao cyclo Trajano; e evidente que Euripedes foio seu manancial e modelo predilectos.(229),

como Ennio,

sujeito desde a sua

M. Pacuvio mocidade

da civilisaao grega, e o primeiro dramaturgo romano que se dedicou exclusivamente ao drama trgico, foi o ultimo dos trgicos romanos frteis. Os antigos consideravam-no ins influencias

disputavelmente

superior

a Ennio.

Geralmente,

mas no

todos,

opinavam que L. Accio (170) o

Os espectculos

theatrcies

em Roma

125

excedera. Este ultimo erae

umde

estudioso incansvel

um

dramaturgo

proliico,

quem chegaram

at

hoje cincoenta titulos e

um

importante numero de

fragmentos.

As

peas destes ltimos poetas mantiveram-se

em

scena at o fim da republica. Accio foi citado

pelo imperador Tibrio,

como

o prova o seguinte:

Oderint

dum me

tuant

Atreus. Alguns dos ou-

da republica eram diUetantes, tal como o grande orador e eminente politico C. Jlio Strabo: o culto funccionario Q. Tullio Cicero, quetros escriptores

desapprovada pelo seu illustre drama satyrico no theatro romano; L. Cornelio Balbo, partidrio de Cfez

uma

tentativa,

irmo, para introduzir o

sar; e finalmente o prprio Jlio Csar.

Actores,

tragedia continuou a ser cultivada no tempo

dos primeiros imperadores, e deo famoso e malfadado L.(4-65)

um

dos seus au-

Annaes Sneca restam ainda algumas obras. Em harmoniapredominio no elemento rhetorico,foi

com

o caracter da prosa do seu auctor, exerceramfortee o

uma

estylo

pomposo dos poetas

Soj)hocles e Euripedes,foi

quem Sneca

buscar os seus themas,

arredado.restricta,

Ae

metrificao das suas peas era muito

foram compostos para ser recitados,

para o theatro ou no.

Mencionam-se alguns poetas trgicos depois deSneca, at cerca do reinado de Domiciano (81-96)

em quetrgica

a lista termina.

O termo da

litteratura

romana

to

obscura como o seu princi-

126

Evoluo do Tlieatro

pio,

e,

representaes de tragedias

no obstante encontrarem-se vestgios de em Roma approximaat o sculo vi, ignora-se

damente

que trabalhos

dos antigos mestres da tragedia romana se exhi-

biam em

scena.

Seria erro manifesto tirar das peas de Sneca

infelizmentegeral,

os

nicos

exemplos da tragediasobre o

romana que possumos

concluses

me-

tliodo e estylo dos escriptores antecedentes.

Emfi-

comtudo, parece no terem occorrido importantes modificaes na marcha das composiestrgicas de

Roma. As peas gregas

anteriores

caram, tanto quanto se pde ajuizar, como modelos da sua urdidura. Como em Roma as simplespeas eram representadas por lles prprios, havia

estmulo para tornar a sua aco to intensa e

complicada quanto possvel.(deverbia)

As

scenas

dilogoso efeito

parecem

ter sido

largamente intercal-

ladas

com

trechos musicaes (cantica),

mas

deste ultimo deve ter soffrdo com o brbaro costume das canes serem cantadas por um rapaz

coUocadoticulao.

em

frente do tocador de flauta (cantor)^

ao passo que o actor os acompanhava

com

a ges-

do grego) manteve-se na proscnio e parece que occasionalmente tomava parte na aco. Mas o conjunto do elemento mucoro(differentesical diicilmente attingiria to

O

amplo desenvolter sido a prin-

vimento como entre

os gregos.

.

As

divises da aco

parecem

Os espeduculos tJieatmes em

Boma

127

Desde a adclio do prlogo e eplogo augmentassem a innovao (provavelmente devido na tragedia a Yarro) elevando o numero,cipio trs.

talvez

fixado de cinco actos.

Aum

natureza da litteraturaa

romana deve

ter

exercido

sua influencia na

orientao do rhetorico e do pathetico. Caracteri-

sam

estas

produces

excesso de energia por

um

lado e falta de

opulncia por outro, como

caracterisaram outros da poesia romana anterior.

Na comedia romanados trajes.

havia dois gneros

resnome

pectA^amente chamados i)alliata e togata do

A

primeira desenvolvia assumptos gre-

gos

o

ciava

imitava originaes gregos, a segunda denunpalliata hauriu os um caracter nativo.

A

seus elementos principalmente na comedia attica

nova. Os seus auctores, proporo que requin-

tavam em

estylo,

tornavam-se cada vez mais deli-

pendentes dos seus modelos e recusavam-se asonjear os gostos rudes do publicolocaes

com

alluses

ou quaesquer attractivos menos delicados. comedia que foge do sopro brutal dos applausos populares acaba quasi sempre ])or abrir caminho a rivaes menos meticulosos. Assim, depois dos gneros cultivados quasi durante um sculo, desde 250 a 150, a palliata cessou

Mas

o gnero de

de ser composta, excepto para distraco de pequenos crculos, embora as obras dos mais bemsuccedidos auctores, Plauto e Terncio, se conser-

vassemimprio.

em

scena

mesmo

depois do advento

da

123Evoluo do Theatro

Entre os escriptores mais antigos da palUata contavam-se os poetas trgicos Andronico, Nevio Ennio, mas foram facilmente excedidos por

e titonddades

151

O

perodo florescente dos milagres ingleses coa sua representao, por companhias,foi

mea com

nas cidades. Parece que

Chester

quem deu

o

exemplo (1268-1276); seguiram-se-llie depois nodecorrer do sculo xiii e xiv muitas outras cidades,

incluindo Wakefield, Coventry, York, New-Castleon-Tyne, Leeds, Lancaster, Prestou, Kendal, Wy-

mondliam, Dublinpretes

e Londres.

Nesta ultima os inter-

eram

sachristes. Trs colleces,

em

addio

a alguns simples exemplares, conseguiram vir atos nossos tempos, taes

de Towneley, queas

se

como as peas denominadas representavam naturalmente

nas feiras de Woodkirk, prximo de Wakefield, e

que trazem os nomes de Chester e de CoA^entry. suas datas e a maneira como sobreviveram, so mais ou menos incertas. A de Towneley talvez anterior ao sculo xiv; a de Chester pode attribuir-se aos ins do sculo xiv e princpios do XV o texto da de Coventry pertence provavelmente ao XV ou XVI. Muitas das peas individuaes destas colleces foram sem duvida baseadas sobre originaes franceses outras so tiradas directamente da Escriptura,

As

.

;

;

dos evangelhos apocriphos, das lendas dos santos.

A

sua feio caracterstica a combina ao de series

inteiras de peas

numa

collectiva completa, exhi-

bindo toda a historia da Biblia desde a criao at ao dia do Juizo. Por esta combinao desnecessrio suppr que eram geralmente vasados em

moldes estrangeiros, embora haja algumas coinci-

:

Evoluo do Theatro

dencias

notveis

entre as peas de Chester e o

Mystre du Veil Testament.

Como

se

representavam estas peas ensina-nos

lima descripo da de Chester, que data do fim dasculo XVI. Eis o que diz

Cada companliia tinha o seu

palco, cujo palco

era

um

tablado alto separado

em

dois comparti-

mentos,

um

superior e outro inferior, que andava

sobre rodas.

No

inferior vestiam-se, e

no superiore ouvi-

representavam.

O

conjunto era aberto no topo, de

modo quelos.

os espectadores

pudessem v-los

Esses cmicos representavam nas ruas. Principiaram por se exhibir s portas das abbadias, e quando se dava o primeiro espectculo, conduziam o palco at o cruzeiro doante do mayor, e assim cada rua tinha simultaneamente o seu espectculo at que todos os annunciados para esse dia se realizassem. Quando o espectculo estava prximo a concluir, corria um prego de rua em rua, para que os * espectadores se juntassem onde elle se effectuava, com a maior ordem, e todas as ruas possuam os seus espectculos antes de se daremtodosao

mesmo tempo,

afim dos espectadorese

verem que peas eram mais bonitas

tambm que

tablados e palcos se levantavam nas ruas nos sitios

onde resolviam exhibir os seus espectculos.

raes de

Cada pea era ento representada pelos mesteiuma determinada classe ou associao, da

Os mysterios, milagres

e

moralidades

Ib^

qual tomava o titulo, como dos pescadores, luveiros, etc.

Era uma exhibio. O espectculo come-

ava por

um

prlogo discursado por

um

arauto.

Em

geral o palco amovvel era o bastante para o

desenrolar da aco, embora houvesse espectculos

em queem

se

viam

cavalleiros a cavalgar pelo tablado.

Parece que o palcoFrana, dividido

em em

Inglaterra no era,trs plataformas

como com uma

caverna escura ao lado da mais baixa, apropriadasrespectivamente para o Pae do Co e seus anjos^ para os santos e homens glorificados, para os

homens vulgareslocal apparecia

e

almas no inferno. Este ultimo

com frequncia nos milagres ingleses, com ou sem labaredas entrada. Os traje eram, em parte, convencionaes. As personagens

ou santas distinguiam-se por causa das cabelleiras e barbas douradas. Herodes vestia de sarraceno, os demnios apresentavam-se com cabeas hediondas, as almas encadernavam-se de branco ou de preto, conforme a sua qualidade, e os anjosdivinas

traziam pelles de ouro e asas. Estas representaes abundam no que nos parece a ns aspectos burlescos, e embora o seu principal intuito fosse srio, no

tinham

em

Inglaterra

a

minima inteno de serem mas

isentas de galhofae in-

Muitas destas formas so na verdade triviaesgnuas,a simplicidade dos sentimentosso destitudas de pathetico.

queocca-

exhibem no

A

sional e excessiva rudeza devida auzencia de

aperfeioamento mais que a qualquer obliquidade

154

Evohio do Theatro

de sentimento moral.tos,

I:s'este,

como noutros

respei-

as

Coventry Plays, que naturalmente foram

escriptas por

sobre as

mos clericaes, mostram progressos outras. Nas mesmas peas observa-se j

um

elemento de figuras abstractas, que as rela-

ciona com. diFerentes espcies do drama medieval.

As

moralidades

illegoria

moral queo

correspondiam ao amor pela se manifesta em tantos pero-

dos da litteratura inglesa, e que, ao passo que

dominava

campo

inteiro da litteratura medieva,

em

parte

nenhumano

era mais assidua e effectA^a-

mente cultivada que em Inglaterra..ter isto presente

E

necessrio

espirito, afim

de comprehen-

der o que primeira vista se nos afigura estranho,

a po]pularidade das peas moraes, que na verdade nunca egualaram as dos milagres, mas bastaram para manter os gneros anteriores at que recebe-

ram

um

-entre ellas

impulso mais forte da relao estabelecida e os novos conhecimentos que surpolitica nova, as idas e questes re-

giram com a

ligiosas do perodo

da Reforma.

um especial elemento que na maneira de se exhibirem no diferiam em nenhum ponto essencial da dos milagres, e at certo ponto se adaptavam a estes ltimos. As moralidades eram em geral dotadas de personagens cuja tarefa era alliviar o peso dasAlmdisso, foi fornecido

a

estas peas,

abstraces taes

como

a Sapincia, a Justia, etc.

Estas personagens eram o Demnio

com

o seu pa-

gem, o

Vicio,

que vestia quasi sempre

um

traje

0,9 ynysterios,

milagres

e

moralidades

155

de jogral, suggesto vinda do habito familiar de

mantercasas.

umO

servo bobo na corte e nas grandes

Vicio

tinha

muitas alcunhas (Artima-

nha, Hijpoerisiay Peceado, Fraude, Iniquidade, etc.)

Odo

seu principal dever era atormentar e ralar oedificao e divertimentoauditrio.

Demnio seu amo para

Transformou-se

gradualmente

no

creado lorpa do drama regular.

As

moralidades inglesas mais antigas, The castle

Medwall; The World and the Chld O mundo e o menino HycJce-Scorner, etc. desde o reinado de Henrique vi at o deof Perseverayice ; Nature, de;

Hei^rique viie o

^allegorisam o coniicto entre o bem

mal no espirito e existncia do homem, sem qualquer preconcebida inteno de controvrsia theologica. Tal tambm ainda na essncia o fimda moralidade, que possumos escripta pelo poetade Henriqueeviii o

mesmo

doutros, talvez o mais perfeito

mordaz Skelton, Magnyfycence, exemplo daReforma. Masse

sua

classe, posterior

semelhante

theologia,

como Every-Man

ensina, a orthodoxa

doutrina de Roma, o seu successor, R. "Wewer,

no Lusty Juventiis, respira o espirito da reforma dogmtica do reinado de Eduardo vi.

As

controvrsias

theologicas

abundam

larga-

mente nas moralidades na primeira parte do reinado de Isabel. Relacionam -se com o sentimento politico numas famosas moralidades, Neio Costume Novo costume , The Conftict of Conscience O Conflicto da conscincia de N. Woodes, e Satire of

156

Evoluo o Theairo

the

Three Estaitisesforos

Satyra dos Trs Estados

escri-

ptas no ponto de vista da outra faco, onde todosos

que o drama religioso propriamenteat ns

dito fizera tinliam sido aniquilados pela Reforma.

Apenas chegoupoliticainglesa,

uma

simples moralidade

que pertence aos princpios do reinado de Isabel, Alhyon Knight Cavalleiro Albyon. Ainda existem outras tentativas que seguem as idas da Renascena mais que as da Reforma, que tratam mais do progresso intellectual que da conducta moral, como por exemplo a Nature of the Foitr Elemejits Natureza dos quatro elementos de Rastell, e o Wt and Science Intelligencia e sciencia de Redford, e The Marriage de Wit and Science O casamento da intelligencia com a sciencia Estes espcimens decorrem desde o reinado de Henrique viii at o do seu fillio mais, , .

novo.

Alar

transio da moralidade para o

drama regulado, pela

em

Inglaterra realizou-se, por

um

junco de personagens histricos e de allegoriasabstractas

como no Kyng John

Bale (1548) cie Hystory

e

-o

Rei Joo do bispo que facilmente conduziu ao Chroni-

por outro, pela introducao de ty-

pos da vida

real, ao lado de figuras abstractas. Esta ultima tendncia, de que existem exemplos nas peas remotas, observada em muitas moralida-

des do sculo xvr, taes

pelotiqueiroTiler e sua

e

Tom,

mulher

como no Jach Juggler Joo Tiler and his Wife Tom etc. Mas antes de se escreve-

Os mysterios, milagrese

moralidades

157

rem muitasfrente

destas, clra

um

grande passo para a

um homem

de talento, John

Heywood (mor-

reu

em

1565) cujos interludios ou entremses, The

Four P's, etc, eram faras curtas moda francesa, que se desenvolviam com homens e mulheres avaler.

Orthodoxo e conservador, dispunha ao mesmo tempo de linguagem acerba tanto para o vicio comopara as loucuras da sua poca, e nao era os de profisso clerical a

quem mais poupava. OutrosT. Ingeland no

scri-

ptores, taes

como

Chila

A

creana desobediente

The Disobedient enveredaram pelo

mesmo caminho.seus ps

A

allegoria das abstraces foi

assim minada no palco.

Oo

terreno debaixo dos

tambm

j fora

fundamente abalado na8hip of Fooles. Eis nome que ti-

litteratura

didctica

com

como

os interludios

ou entremses

nham1

usado as moralidades

numa

data recuada

facilitaram o advento da comedia,Ilido a

sem

ter suppri-

sua primitiva forma. Quer as moralidades quer os milagres subsistiram at poca de Isabel,depois do

drama regular principiar a sua

carreira.

Tal

foi,

num

simples esboo, o progresso das

diverses

dramticas nos principaes pases da Europa, antes que o renascimento dos estudos dramticos determinassem um regresso aos exemplos do drama clssico, ou antes que este regresso seaccentuasse distinctamente.terra

Nao se deve esquecer, comtudo, que desde eras afastadas tanto em Ingla-

como noutras naes tinha

florescido

uma

158

Evoluo do Theatro

espcie de divertimentos, no absolutamente dramtico,

mas contribuindo em largae

escala para for-

fomentar o gosto pelos espectculos dramticos. Os pageants (espectculos, cortejos pomposos) foram os como eram chamados em Inglaterra

mar

montar a cavallo, que gozaram de perdurvel fama. Tinham progredido em esplendor e engenho de concepo sob a influencia dos flamengos e doutros exemplossuccessores dos riding (arte depicaria),

estrangeiros.

Ante boquiabertos cidados appareciam figuras devidamente trajadas que representavam heroes da mythologia e historia e abstraces de allegoria moral, patritica e municipal. Londres recebia com especial fervor estas exhibies, que o drama isabeliano no foi capaz nem mesmo interpretado por muitos dos seus poetas que compunham en

trechos e textos curtos para estes e espectculossimilares

de

expulsar do favor do povo. Alguns

dos maiores e alguns dos ltimos dos dramaturgosbritannicos foram entusiastas da pageantry (espectculos, cortejos pomposos); e talvez isso- tivesse

sido vantajoso para o futuro do theatro, se o

drama

legitimo e o Triumphs of Old Drapery O triumpho das velhas tapearias se conservassem escrupulo-

samente separados.

Amou

influencia

litteraria

qu porfim transfor-

as peas atrs descriptas

em drama

nacional

de vrios pases foi, numa palavra, influencia da Renascena. Entre os remanescentes da antigui-

Os mystenos, milagres

e

moraUaes

15>

dade clssica que se estudou, traduziu e imitou,, foram os do drama que conservaram um logar proeminente. Alm de nunca se perderem de vista tornaram-se alvo de dedicadas investigaes e modelos de cuidadosas cpias; primeiro nas suas prprias linguas, depois nas modernas. Estas diligencias essencialmente litterarias puzeram-se mais ou menos em contacto com esses remanescentes, adquiriram mais ou menos auctoridade sobre oque j existia de diverses theatraes. Assim a corrente do drama moderno, cuja nas-

cente e confluencias ficaram relatadas, foi arras-

tada para o antigo

para se lanar

da qual o seu fluxo sahira numero de correntes nacionaes, deseguaes em mpeto e fora, e variando com relao s numerosas condies do seu progresso. E/Csta agora tratar do mais productivo ouleito,

num

certo

importante.

Xfl

Renascena fheafral na

Ifalia

o dramae

italiano moderno Peas latinas dos sculos xtv A tragedia italiana no sculo xvi Mafei Alfieri Escriptores de tragedias depois Alfieri A comedia italiana A sua forma popular A comedia regular italiana antiga Outros comedigraphos do sculo XVI O drama pastoril A comedia nos sculos XVII e xviii Goldoni Gozzi Comedigra-

XV

dti

phos posteriores a Goldoni.

AItlia.

prioridade do renascimento do theatro

mo-

derno pertence, como o de muitas outras

artes,

O

theatro italiano depois da sua prosperi-

numerosas conquistas que obtivera em tempo caliira muito baixo facto surprehendente quando se considera que nao s a lingua italiana tinha a vantagem das suas ntimas ainidades com a latina, mas ainda porque a ndole do povo italiano denotara sempre especial predileco pelo theatro. A causa filia-se, sem duvida, na ausndadee das

^

cia

perodo,

em

da vida nacional italiana durante um longo -e mais principalmente durante o perodo que a litteratura dramtica da Itlia princi-

162

Evoluo

(lo

Theatro

piava a levantar-se e a tornar-se promettedora, adesabrocharimpellidapelos

mais levantados e

poderosos impulsos do sentimento popular, a queo drama nacional deve tanto da sua fora.

Esta ausnciacessitudes

foi

devidae

em

parte a certas sin-

gularidades do caracter italiano,politicas

em

parte s ve-

ecclesiasticas

que a que

Itlia

estava destinada a soffrer. Os italianosalheios ao entusiasmo do patriotismo,

andavamfoi

a

causa determinante da poca isabelianaterra,

em

Ingla-

tanto

identificaram a

como s tendncias Hespanha com o

religiosasespirito

queita-

do re-

nascimento catholico.

A

percepo clara dos

lianos tinha ahi terreno a desbravar.

Eram muito

intelligents para acreditar nos seus tyrannos e de-

masiados desprendidos de illuses para crerem que o seu futuro estava no clero. Os entorpecedorese enervantes e ffeitos

da oppressao

de.

um

dominio

estrangeiro,

tal

como nenhum outro povo do

Occidente experimentou, fez o resto, e durante muitas geraes tornaram infructuosos os mais alto esforos da arte dramtica. No havia base suficientemente solida para comedia fundar uma tragedia nacional a valer.-5

A

litteraria, depois

de transitar de

recta dos modelos latinos para

uma imitao diuma forma maissolta

popular,

perdeu-se

numa immoralidade

de

tom e de descuidosas e insolentes invectivas contra certas classes da sociedade. Embora esta productividade continuasse durante muito tempo, o drama

A

Renascena theatral na Itlia

163

potico concentrou cada vez mais os seus esforos

nos gneros subordinados ou subsidirios,

artificial

na origem

e

decorativo nos

fins,

e

entregoii-se

substancialmente aos dominadores auxiliares damusica, dansa e coisas espectaculosas.

A

S uma forma simples do tlieatro italiano, a comedia improvisada, se conservou verdadeiramente nacional. O renascimento da tragedia italiana nos ltimos tempos devida, at certo ponto, imitao dos modelos franceses, e tambm ao esforo de um brilhante talento que diligenciou infundir na sua arte o espirito politico e histrico. comedia progrediu e iniciou novos themas; procurou adaptar o seu modo de ser representao da vida real na sua mais absoluta amplitude e ainda torn-la mais completa em harmonia com as tendncias do moderno romantismo.

O

theatro regular italiano, nos seus dois ramos,

trgico e cmico,

comeou com a reproduco,

em

lingua latina, dos modelos clssicos. tragedia, porm, desde o principio manifestou a tendncia, que j muito antes accentuara, de desenvolver

A

themas de interesse histrico nacional. As duastragedias mais remotas que se citam, escriptas pelohistoriador paduano Mussato, cerca de 1300, socpias de Sneca,se

mas ao passo que uma,clssico,

Achilles,

baseia

num thema

a outra discorre

sobre a historia de um famoso tyranno da cidade onde o auctor nasceu, Eccerinis. No sculo immediato foram aproveitados alguns acontecimentos

164

Eiiolto do Tlieatro

recentes ouCapticitate

mesmo contemporneos como na De

em

Ducis Jacohi (Jacopo Piccinino, morto na Tragedia de Landi vio, na Ferdinandus (de Arago) Servatus, na Historia Boetica (expulso dos mouros de Granada), mas a maioria dos dramas latinos foram indubitavelmente escri1464),

ptos

em harmonia com

os gostos dos entusiastas e

protectores da Renascena italiana, os quaes,

como

Loureno, o Magnifico, desejavam acclimar os deusese

deusas pagans num palco at esse momento occupado pelas figuras sacras do culto christo. essa categoria pertenceram as imitaes e tradues latinas das tragedias e comedias gregas

A

e

latinas devidas ao bispo Martirano,filho

amigo dea aventura

Loureno

do papa Leo

x, sobre

das danaides, Imher Aureus e outros assumptos; o famoso Progne de Gr. Corraro, morto em 1464, sobrinho de um papa mais antigo, e os esforos de Pomponio Laeto, o qual, com o auxilio do cardeal Riaro, diligenciaram restaurar o antigo theatro,

especialmente

o

de Plauto

e

Terncio,

em

E/Oma. Mencionam-se muitas comedias do sculo xv,

durante o qual, como durante o seu predecessor, olatim continuou a ser a lingua dominante do proscnio italiano. As representaes das peas gregas

tambm no eramfez

desconhecidas; foi

com

a exhi-

bio da Electra de Sophocles que Alexandre Scala

com que

Polits invejasse Orestes.xvi, a tragedia

Nos princpios do sculoou a ser escripta

come-

em

lingua nativa, mas conser-

A

Renascena iheatral na ItuUa

165

voii primeiro,

e

nunca perdeu completamente, ofosse a ori-

cunho da sua provenincia. Fosse qual bem

284

Evoluo do Thcatro

tratados foram os poetas e os sbios.

Com

versos

era fcil ol)terem-se penses, abbadias e at bis-

pados.

Ronsard

recebia,

alm das suas penses,

as

de

um

curato, de duas abbadias e de

um

priorado.

Isabel de Inglaterra enviou-lhe diamantes e Maria

Stuart

um

bufete .de

prata

de 45.0CK3 francos.e

Possuia falces,prncipe.

uma

matilha

vivia

como

umtra-

Dorat, Bud, Baif no foram menostados.

bem

Desportesseis

gosava

de

50.000

francos

de

renda; ao passo que Rabelais s obteve o curato

de

Meudon

annos antes de morrer, usofruindo

antes apenas o seu canonicato da abbadia de Saint

Maur e um pequeno curato da diocese du Mans que no lhe rendia 3.000 francos.Corneille

pretendeu viver da penna. Foi-lhe

impossvel e a sua pretenso causou escndalo.

O

casal Pierre Corneille possuia

em 1650 unsdavam

qua-

renta hectares de terrenos que lhe

1.100 a

1.200

francos,e

umap.

casa

Andelys

uns 60.000 francos

em Eouen, outra em em dinheiro, quetempo de

coUocados a 7

c, juro ordinrio no

Mazarin, lhe facultava

cos. Por sua morte, comera pouco a pouco o seu capital para dar posio aos filhos; vendeu mesmo a sua casa de Rouen para pagar o dote do convento a uma das filhas. Longe de commetter leviandades passava por

uma receita de 4.200 franem 1684, o grande Corneille

apertado

e

censuravam-lhe o ser interesseiro.

o

tablado

em Frana

235

Accusaram Racine de gostar dedesto funccionariocos,

dinheiro, pois

pretendia amoedar a sua gloria. Filho de

um

mo-

com

o ordenado de 2.000 fran-

no vivia

bem

aos vinte annos.

O

theatro,

quando se estreou, rendia um pouco mais que no tempo de Luiz xiii; teve duas partes de comediante como direitos^ da sua pea Frres ennemis e sem duvida o mesmo para as peas seguintes. Quando se casou, em 1677, depois de ter feitorepresentar todas as suas tragedias, salvo Esthete Athalie, s lheasdividas,

tinham dado para viver, pagar comprar alguns bens, dos quaes o

em

mais considervel era a sua bibliotheca avaliada 5.200 francos e forrar 21.000 francos. Racine

quando morreu fruiaras,

um

rendimento de cerca de

.UK]) francos; deixava aos seus finanas prospe-

mas nesta prosperidade do auctor dramtico,

o theatro entrava

com bemde

pouco.

E

fre [uente citar Voltaire

louvando-o por ter

emancipado oescolhido.

homemtalento

letras.

O exemplo

mal

O

de Voltaire no teve nada

que ver com a sua riqueza, excepcional para a sua poca e at para a nossa. Elevava-se ao tempo da sua morte, segundo uma nota pormenorisadaescripta pela sua mo, a 350.000 francos de renda.

Os seus capites estavam sem cessar em movimento; do fundo do seu retiro comprava e vendiapapeis de credito

com

um

corretor de Bolsa con-

temporneo.

Ao mesmo

tempo, muito econmico,isto

no gastava 100.000 francos por anno. Tudo

236

Evoluo do Tlieatro

prova que Voltaire, como

elle escrevia era.

mn

homem

miethodico embora poeta

Mas

este m.erito

no tem nada de commum com os ganhos litterarios. Ora da litteratura Voltaire no tirou qiiasi nada. No houve escriptor menosfinanceirointeresseiro.

Deu maisdeu-os

livros

que vendeu aostroca de

editores,

e

com frequncia eme

um

certo nu-

mero de exemplares de auctorencadernadosas suas obras,

magnificamentedestinados

de folhas douradas

a amigos; porque Voltaire distribua liberalmentecorrentefrancos.

de

um

no obstante no sculo xviii o preo volume em 8." ser de 15 a 20

Concedeu a impressa gratuita das suasqueraoactor

quer ao livreiro Prault, Lekain, quer a M.^^ Clairon.peas

Quando

Molire

com

a sua

estabeleceu no theatro

Petit

companhia se Bourbon desde os,

seus princpios, 1658, os dez societrios coadjur

vados por

um

escripturado a 6 francos e 50.por dia,

ganharam com que viver. O Etouri e o Dpii amoureux renderam em cinco mezes 4.500 francospor cabea.

No anno seguinte, de 25 de abril de 1659 a 12 de maro de 1660, o lucro de cada

attico: , com agrado; Manoel Alves, que attingiu o apogeu daaccrescentar aos

A

sua gloriaeido; Joo

em

1820; Pliebo; Jlio Xavier,

falle

muito afamado; Alfredo Silva, excellente cmico; Marzullo; Pedro Augusto, tamColas,

bmtes

auctor; Teiga, etc.

Entre as actrizes brazileiras citam-se os seguinnomes como sendo das que mais rutilantemente

fulguraram nos differentes palcos da vasta e florescente republica. Algumas j desappareceram da scena da vida; s que existem no desvendaremosas suas edades. Eis a succinta lista: Estrella Seze-

freda,

Appolinia Pinto, Luiza Antnio, Jesuina Montani, Ismenia dos Santos, Rosa Viliot, G-aMontani, Helena Cavalier,Isolina

briella

Anna

Leopol-

dina,

Mondar, Olympia Amoedo, Cinira

Polnio,

Joaquina Maria da Conceio Sapinha,G-raziella,

Balbina Maia, Amlia Simes, Luvini, Vicenciade Moura,

Deolinda Rodrigues, Aurlia

Delorme, Julieta dos Santos, Cecilia Porto, Este-

phania Louro, Lucilia Simes, Augusta Massart^Lucilia Peres e x4.bigail Maia.

A

arte dramtica no Brazil

413

Senossa,

houver qualquer omisso a culpa no pois

empregamos

as

maiores diligenciaspre-

para que no ficasseencher.

nenhuma lacuna por

O povo

brazileiro

ama como poucos

o theatro.

E umaha

predileco que se

vem

evidenciando de

sculos. Ao passo que nas outras nacionalidades a frequncia aos espectculos de esphera mais

elevada se torna

difficil

e

lenta,

no' Brazil, por

causas ethnicas e por causas climatolgicas, essa

frequncia accentuou-se

com

facilidade e cresce dese

anno para anno. Todo o povo quepresena de

encontra

em

uma

natureza nova,

forte,

cheia de

quadro-! deslumbrantes

tem

a noo do Bello, des-

perta nelle instinctivamente o culto pela arte.

No

rude que na contemplao de algumas admirveis paisagens, onde o Creador caprichou em tocar com o seu pincel omnipotente os traos mais subtis, as scenas mais suggestivas, os pontos mais dominadores, se no sinta poeta, no busqueespirito

ha

abrir a sua alma s aneladas manifestaes que

satisfaam as exigncias deattingir.

umum

ideal

que deseja

O povo

brazileiro encontrou no theatro

a satisfao, a realidade, de

anhelo que brotou

pujante e intenso da sua percepo, do seu senti-

mento

esthetico.

O

seu desenvolvimento accusa

uma

robustez

excepcional.

Com

a independncia, livre das peiasclerical,

da censura, emancipado da tutela

sacudido

o jugo moral e intellectual dos moldes e das con-

414

Evoluo do Tlieairo

venes dos seus primitivos criadores enro])euSjaberta e ousadamente numa estrada, onde os marcos milliarios desse percurso patritico e glorioso so os nomes que atrs deixamos registados e das suas obras que reivindicam um logar assignalado na historia da litteratura dralanou-semtica.

Joo Caetano dos Santos, o fulgurante actorbrazileiro, ao interpretar

com todo

o rtilo brilho

do seu enorme talento tanto a alta comedia, como o drama, como as peas mais difficeis do reportriode Shakespeare, teve uma aco decisivamente fomentadora no tlieatro do seu pas. J3ramaturgos

grupo limitado que produz e a grande massa que applaude ou reprova, convenceram-se que existia ali um homem, o precursor dee espectadores, o

uma

arte

que,

glorificando

os

escriptores

seus

novos campos de actividade cerebral, de sentimento, de educao, a muitos milhes de ]3essoas.compatriotas,abria

O

theatro brazileiro

tem

um

grande futuro.

Uma

sociedade que comeou hontem, movendo-se

e trabalhando

num

scenario grandioso e cheio de

magestade, possuindo no seu seio incontestveiscelebridades nas lettras, na philosophia, nas sciencias,

em

todos os ramos dos conhecimentos ao

humaao seu

nos,

chamando ao seu convivio, attrahindoseu exame,

que de melhor existe na interpretao da tragedia, da comedia, da opera, nos tablados europeus e ameestudo,

sua

crtica,

o

A

arte nunaiica no Brazil

415

ricanos,

podendo sustentar companhias onde figuastros mais scintillantes da scena contem23oranea, ha de necessria, imperiosamente

ram

os

inspirar,

comoe

j

tem

inspirado,

aos seus draobras-

maturgosp rimas.

comedigraphos,

verdadeiras

XIXCorao esfiidani os actores

o momento

A mcchanica do pensamento Psy Mobilidade physionomica Diversas entonaes da mesma phrase Grupos do actores Anecdotas Caracterisao O estudo do natural Manias e supersties A reproduco danervosochologia da personagem

embriaguez.

Quem poderia calcular as myrades de idas^ de act(^ de vontade, de reminiscncias, de anhelos, vertiginosamente minsculos que cooperam naunese de

uma

obra litteraria?

(^)

Eos

evidente,

com evidencia

irrefutvel,

que no

necessita de restrices

nem

de commentarios, queatravessa o artista,

agentes

capites

da produco mental so o

momento nervoso por que

a orientao passageira do seu espirito, a quantidade de sangue que circula pelos capilares do seucrebro durante aquellas horas de convulso criadora; e

um

pouco

atrs, as

grandes tendncias do

(1)

Eduardo Zamacois.

27

418

Evoluo do Tlieatro

seu caracter, as suas alegrias ou os seus abatimentos recentes,

a sua idiosyncrasia e outros vrios

pormenores ethnicos, que pem na historia de cada individuo um largo proemio. Mas ha ainda outrosfactores: so todas as leituras, todas as impresses

que

foi

recolhendo no

seu caminho pela vida,

todas as suas ufanias e desenganos de

um

instante,

todo esse p da realidade que sobre o espirito

vae depositando a experincia, o que desde longe, desde muito longe, inlue mais ou menos efficaz-

mente noartistica.

definitivo traado e architectura da obra

Somemos tudo isso, e theoricamente (porque o calculo humano no pde descer a to profundos arcanos) veremos como o fructo da Belleza,pagina musical, quadro ou esculptura, o quociente de quantas idas sulcaram a alma do artista desde a sua infncia mais remota, o accorde symphonico de quanto ouviu, a syntheseseja livro,

pasmosa do que viu. A physiologia, ou a mechanica desse maravilhoso phenomeno a que chamamos pensamento, bem simples: o artista recebe directamente as impresses sensitivas, amolda-as ao seu temperamento,devolve-as depois.

Nada

mais.

compensao, o labor do comediante mais complexo, porque interveiu neste outro elementoinspirador: o auctor. Isto,

Em

o cmico, ao

mesmoarte,,

tempo que procura pessoalmente na natureza osinsubstituiveis acicates inspiradores da sua

ha de examin-la atravs do

critrio dos

drama-

Como estudam

os actores

-419

modo que o que o da natureza, e o tur tuoso ou reflexo, que o dos auctores, se complemente e fortifique de tal modo que o vvidoturgos que interpreta e comp-la deestudo

directo

,

confirme o

lido,

e este,

por sua vez, ratifique e

corrobore o que viu e escutou.

Reside nisto a difficuldade suprema da artetlieatral, o

abysmo da imperfeio que constrange

os grandes comediantes a esforos interminveis

de observao e estudo. Tenha-se presente que o escriptor, quando produz, v e ouve simul-

taneamente

as suas personagens,

como

se atrs

do

panno de bocca descido as idas se movessem palco diminuto; e que mais tarde o actor, se quizer ser perfeito, ha de encontrar dentro de si mesmo aquella voz e aquelles gestos que antes vibraram no crebro do artista genuinamente

num

criador.

actora

necessriose

recommendaa

applique tal

explicar-nosali

personagem

comoa

que o porque razes apparece, e que cirlifland

cumstancias

agitaram

sua

summa,senta.

o paladim officioso

alma; sendo, em do caracter que reprefuso

O

artista

suppe

uma

completa,

uma

identificao

sem omisses neme o

suturas, entre o

dramaturgo

comediante,este

um

dilatado trabalho

haver realizado para de penetrao que apprehender quantas vibraes agitaram a alma daquelle! Assim no para extranhar que actores

420

EcoliKjao do Theatro

como Zacconi. comoreis

]N'ovelli,

como Coquelin,

esses

do gesto que attingiram as perfeies supremas da sua arte, tenham um reportrio pequeno; os Balzac nao abundam; a intensidade grata aos athenienseSj logra-se geralmente custa da quantidade, s admirada pelos brbaros. Ha typos, como o de Hamlet, cujo estudo bastaria para encher a vida de um actor. As minhas meditaes

acerca

deste

caracter

diz

Macready

duraram

at o fim da

minha

carreira.

Para obter to elevadssimos graus de seleco, comediante nao s ter de polir o espirito, mas o tambm de educar o rosto, a voz, os gestos, demaneira que todo elle, num dado momento, vibre ao servio da mesma expresso. A vida escreve Raphael Salillas uma obra que se desenvolve no nosso ntimo e que tem na physionomia o seu proscnio, um proscnio que muda, que nao o mesmo no decorrer dos tempos, que comea por ser um theatro Gruignol e se transforma em theatro cmico e dramtico e

trgico, e lyrico

tambm

e

de todas as variedades

-conhecidas: gnero serio. e gnero jocoso.

O que

o illustrado medico disse, -referindo-se

porque passa a cara das creanas, perfeitamente applicavel ao semblante dos actores. E preciso considerar que, do mesmo modo que o mar recebe todas as presses do vento, assim a physiononjia do comediante fica obrigada a tras evolues

duzir quantas impresses lhe indique e imponha

Como

estdddin os actores

421

dramaturgo. Estes, bem o sabemos, nunca sabem exprimir absolutamente o que pensam, e todas aso

suas criaes, ainda as mais perfeitas, so aspectos

ou

approximaes

do

um

ideal esthetico,

abysmo insupervel,freram otivesse

que

divorcia

o

que o fundo da

forma, torna inaccessivel. Os maiores gnios sof-

tormento

podidoseria

da phrase; se Shakespeare dizer tudo quanto quiz, a sua

gloria

portanto, deixa no

maior. Toda a obra,, animo do seu criador o quer que seja de incompleto: alguma coisa de no dito, immediatamente o impulsiona a escrever (jiieinfinitamenteoutra..

.

e outra depois.

E

o

que acontece com o semblante dos actores:

as suas feies

devem

aspirar a possuir a mobili-

dade que o auctor leva no pensamento; os olhos, os lbios, a testa, constituiro um livro de infinitostomos,

um

interminvel anhelo de melhorar.desfilamtodasas

E

o

scenario

umas vezes cmico,

outras trgico, porgraas,

onde

successivamente

todos os esgares torvos, todos os tregeitos de juvenil contentamento, das paixes, da melancholiaviril.

Conseguiu temente cada expresso nova que

o actor descubra, deve constituire legitima

uma

verdadeirafazer-se

obra de arte.consideraes

Anlogas11

poderiam

a

propsito da voz.

Como

os olhos, a

garganta de

pde exprimir tudo, ou pelo menos apontar panoramas psychicos muito diversos,

gritam

os

que

falam

Empor

os

artistas

dramticos principiam

gritar

os seus papeis. Este defeito indica

Cjiio cstuddin os actores;

423

excesso de faculdades, tambm emoo e falta de domnio sobre si. E um seno a que a prpria Sarah Bernhardt nao se esquivou: ao avistar o publico, um estremecimento nervoso obrigava-a a apertar os dentes e por entre as ,maxillas contrahidas a voz passava sibilante, com metallica dureza, que depois muitos actores, equivocadamente, quizeram imitar. Outros comediantes cantam; so os escravos da cga-rga so os peores odiosa, os servos do rliythmo, em que o costume de ouvir-se mata o feitio avassallador da emoo. Para obviar a ambos os defeitos, o actor necessita ter ])resente que a summa perfeio da sua arte a naturalidade O actor qiie, sabendo de cr o seu papel, o diga, no como quem repete, mas como quem improvisa, isto , falando desem baraadamente umas vezes, demorando-se outras, conforme acontece na vida, ter conseguido darnos a sensao da realidade. A estas excellencias, que poderamos denominar adquiridas ou do estudo, necessita o actor accrescentar uma grande capacidade de assimilao e qualidades pliysicas nada vulgares. comediante vesgo, de pernas tortas, ou corcovado, por muito talento que possua, nunca lograr im:

.

Um

pr-se

nem

agitar o corao das multides.

Como

os proplietas,tos

como

os oradores,

como todos quanGrrecia

triumpliam

com

o gesto, o actor necessita sere

bello.

A

despeitons.

dos sculos,

Roma

vivem em

Adoramos

a linha. Perdoamos a

42-4

Evoluo do TJieatro

Quasmodo o desvio da sua espinha dorsal porque sabemos que, debaixo da sua corcunda de bobo, ha um bonito rapaz. Dumas (filho) cria que um comediante podia triumphar apenas com a emotividade, com o que elle denominava o demnio interior. O venerando crtico Francisco Sarcey mostrava-se mais iconlatra; proclamava a importncia da forma: Ao dizia seduz-se com uma boa figura e publico

uma A^oz expressiva. O mais O antigo comediante eConservatrio, M.

obra

do instincto.reconhecia a

depois professor do

Worms, tambm

supremacia da esculptura.

Em

primeiro logarso indispens-

escreveu as qualidades physicas:

veis a voz que to decisiva influencia exerce sobre o publico; o olhar, esse reflexo intenso do pensamento, sem o qual no pde haver actor bom; um temperamento nervoso e sensvel; a capacidade

de

exteriorisar

rapidamente,

um dom

de obser-

vao robusto, e memoria, capacidade que desem-

penha papel importantssimo no funccionamento ou dynamica de todas estas faculdades. Coqueln, mais astuto, estabelece algumas qualificaes;

para traduzir os clssicos exige

uma

irreprehensivel

dico

;

para a interpretao doe

obras inferiores,

umas

boa presena,

na voz

umsen-

tic

agradvel.

Mounet-SuUyosactores,

quer que o actor tenha

dos pelo almirante Balo; depois de vencidos estes,os doze pares saltam a

um

tablado revestido de

ramalhoas e ahi representam o auto de Ferrabraze Floripes.

o

palco e 08 seus mechanismos

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No solar de Crasto, na antiga provncia de Entre Douro e Minlio, quando nasceu um filho varo a Manoel Machado do Azevedo, foram-no l visitar o infante D. Luiz e o cardeal infante D. Henrique, ento arcebispo de Braga. As festas que ali se deram, talvez ahi por volta de 1540, valem bem os mais sumptuosos peagants ingle