evicção resumida

16
25/11/ 2011 Synthesis Sempre deixe para o dia seguinte sua resolução de desistir. DIREITO CIVIL: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES CONTRATOS EVICÇÃO

Upload: rodrigo-ribeiro

Post on 30-Jul-2015

235 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Evicção Resumida

25/11/2011

Synthesis

Sempre deixe para o dia seguinte sua resolução de desistir.

DIREITO CIVIL: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – CONTRATOS

EVICÇÃO

Page 2: Evicção Resumida

2/16 DA EVICÇÃO

Há uma lei acima do Direito.

1. DA EVICÇÃO

CONCEITO REQUISITOS EXTENSÃO DA GARANTIA

Contratos onerosos Reforço ou diminuição da Responsabilidade Exclusão da responsabilidade

Pela exclusão legal Pela exclusão convencional

Deterioração posterior da coisa alienada

DIREITOS DO EVICTO

Indenização pelos Frutos Indenização por despesas contratuais Indenização por custas judiciais e aos honorários do

advogado Indenização por benfeitorias

Quando feitas pelo evicto e não pagas pelo evictor Quando feitas pelo alienante

Evicção parcial

TEMAS RELACIONADOS

Aquisição em hasta pública Aplicação da Evicção

1ª corrente 2ª corrente

Responsabilidade 1ª corrente 2ª corrente 3ª corrente

DENUNCIAÇÃO DA LIDE

Obrigatoriedade Denunciação per saltum

1ª corrente 2ª corrente 3ª corrente

Revelia do alienante Conseqüência jurídica para a ausência de denunciação

da lide

SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO

2. APÊNDICE

LEGISLAÇÃO SELECIONADA JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA

Evicção. Apreensão. Autoridade administrativa. AR. Inclusão. Réu. Prazo decadencial. Declaratória. Compra e venda. Procuração.

Page 3: Evicção Resumida

3/16 DA EVICÇÃO

Há uma lei acima do Direito.

Sumário

CONCEITO

Etimologia - lat. evict o, nis 'evicção, recuperação de uma coisa perdida'

A evicção, regulada a partir do art. 447, consiste em uma garantia contratual protetiva do adquirente que vem a perder a posse e a propriedade da coisa, em virtude do reconhecimento judicial ou administrativo de direito anterior de outrem.

Ou seja: evicção é a perda da coisa por decisão judicial ou administrativa1 que importe em legítimo reconhecimento de que o bem transferido pertencia a outra pessoa distinta do transferidor, e por via de conseqüência, não poder ser utilizada pelo adquirente.

Segundo a Cespe/UNB: A evicção é uma garantia que recai sobre o alienante e tem como fundamento a obrigação do alienante de garantir ao adquirente, ainda que em hasta pública, o uso e gozo da coisa. A evicção se dá pela perda definitiva da propriedade, da posse ou do uso da coisa, seja por ato judicial ou extrajudicial, a outrem que tenha direito anterior ao contrato aquisitivo, isto é, baseada em causa preexistente ao contrato.

Quem é protegido pela garantia legal da evicção é o adquirente, porque se ele vir a perder a posse e a propriedade da coisa por conta de reconhecimento anterior de terceiro, ele é protegido porque pode voltar-se contra o alienante.

1 Na vigência do código passado a doutrina costumava apontar como o requisito para a evicção a sentença, pois o artigo 1.117 I, do

código revogado aludia à perda da coisa por decisão judicial. Tal conclusão é equivocada, pelo reconhecimento de que há atos administrativos

ligados ao Poder de Polícia que vão permitir o desapossamento de um bem por via extrajudicial, como seria o c aso de um automóvel roubado ser apreendido pela Polic ia Rodoviária Federal. Com o legítimo ato de apreensão, já estará autorizado o adquirente a propor a ação indenizatória

contra o alienante.

Page 4: Evicção Resumida

4/16 DA EVICÇÃO

Há uma lei acima do Direito.

EVICÇÃO SENTENÇA JUDICIAL (doutrina clássica)

Ato Administrativo

(STJ vide RESP 1.047.882/RJ)

Bem ($)

Adquirente

(evicto ou evencido)

Aplica-se aos contratos onerosos, em regra

(evictor ou evencente)

Alienante (responsável)

Apresenta melhor fundamentação

jurídica

Garantia

(447 e 450)

Direitos do evicto

(salvo estipulação em contrário em contrato comutativo)

Page 5: Evicção Resumida

5/16 DA EVICÇÃO

Há uma lei acima do Direito.

REQUISITOS

São:

Perda total ou parcial da propriedade, posse ou uso da coisa alienada;

Onerosidade da aquisição (art. 447);

Ignorância, pelo adquirente, da litigiosidade da coisa (art 457);

Anterioridade do direito do evictor;

Denunciação da lide ao alienante (não é a posição do STJ)

EXTENSÃ O DA GARANTIA

Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção./// Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.

A evicção se aplica tanto nos contratos comutativos como os aleatórios, diverso dos vícios redibitórios que só se aplicam nos contratos comutativos.

(Cespe/MP-RN 2009) A aquisição de bem realizada em hasta pública, instituída no bojo do processo de execução, não exclui a responsabilidade do executado pela evicção.

Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção.

A garantia do adquirente pelos riscos da evicção é regida pelo princípio da autonomia da vontade, de modo que as partes podem reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade.

Se não houver cláusula expressa neste sentido, a responsabilidade se impõe.

Obs.: Tal norma se aposta nos contratos de adesão acarretará a nulidade da mesma, artigo 424 2.

A lei consumerista também importa em nulidade absoluta a qualquer cláusula que importe em renúncia de

direitos, ou seja, será nula a cláusula, artigo 51, I do CDC 3.

2 Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante

da natureza do negócio. 3 Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços

que: I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e

serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis;

Page 6: Evicção Resumida

6/16 DA EVICÇÃO

Há uma lei acima do Direito.

A exclusão da responsabilidade pela evicção opera-se de duas maneiras: exclusão legal (art. 457) e exclusão convencional (art. 449).

A lei exclui a responsabilidade pela evicção, na forma do art. 457, que traz um argumento razoável:

Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa.

A lei permite que o adquirente assuma o risco da evicção por cláusula expressa. Não poderá alegar a evicção se a coisa se perdeu em virtude de um caso fortuito ou de força maior, este artigo estabelece que o adquirente perde o direito a demandar pela evicção se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa.

É como se o mesmo estivesse celebrando um contrato de risco (aleatório), por isso não poderá alegar evicção, se não estaria se beneficiando da sua própria torpeza.

Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem

direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu.

Limites à cláusula de non prestada evictione - A lei apenas admite a cláusula de exclusão da responsabilidade se o adquirente, de alguma forma, assumiu conscientemente o risco de perder a coisa pela evicção, pois em tal caso teria celebrado um contrato aleatório, expressamente disciplinado nos artigos 458 a 461.

Ou seja, nos termos do art. 449, caso o contrato contenha cláusula que exclui a responsabilidade pela evicção, se esta se der, tem direito o evicto, pelo menos, ao preço que pagou; mas, caso esteja ciente do risco de perda e o assuma, não terá direito a nada.

Page 7: Evicção Resumida

7/16 DA EVICÇÃO

Há uma lei acima do Direito.

Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo

dolo do adquirente.

A deterioração da coisa não é o bastante para alforriar4 o alienante do seu dever de indenizar o evicto nos moldes do artigo precedente, ainda que a coisa tenha o seu valor patrimonial reduzido por negligência ou imprudência do adquirente.

Entretanto, se o adquirente deteriorar o bem com intenção manifesta de fazê-lo para impor um prejuízo ao alienante, este ficará desobrigado do dever de indenizar, pois afinal de contas ninguém pode se aproveitar da própria torpeza.

A prova do dolo cabe ao alienante.

Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações , e não tiver sido condenado a indenizá-las, o valor das vantagens será deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante.

Exemplo: A venda de entulho e de outras peças de valor retiradas do prédio, tais valores devem ser deduzidos do montante da indenização.

O que a lei não quer é que a responsabilidade pelo risco da evicção se transforme em instrumento de locupletamento do evicto em detrimento do evictor.

DIREITOS DO EVICT O

Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou:

I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;

Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou:

II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção;

Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou:

4 Dar alforria a; resgatar, libertar, manumitir; forrar.

Page 8: Evicção Resumida

8/16 DA EVICÇÃO

Há uma lei acima do Direito.

III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.

Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em

que se evenceu, ///e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.

Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonodas ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante5.

Se o retomante (evictor) não pagar ao evicto o valor das referidas benfeitorias e/ou, por analogia, das acessões, tal responsabilidade deverá ser assumida pelo alienante.

O artigo estabelece em favor do evicto uma espécie de responsabilidade subsidiária para o alienante.

Art. 450.Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se evenceu, ///e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.

Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante , o valor delas será levado em conta na restituição devida 6.

Os valores gastos com as benfeitorias ou acessões na coisa perdida pela evicção, os referidos valores serão levados em conta no momento do pagamento da indenização do evicto.

Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo;/// ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual.

Art. 450.Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na

época em que se evenceu, ///e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.

5 Ao evicto, como possuidor de boa-fé, é assegurado o direito à indenização pelas benfeitorias necessárias e úteis. 6 Assim, compete ao alienante, perante o reivindicante (Art. 1.222 do NCC), indenizar-se das benfeitorias por ele feitas e abonadas ao

evicto, ou, perante este, deduzir do preço a devolver o valor das referidas benfeitorias.

Page 9: Evicção Resumida

9/16 DA EVICÇÃO

Há uma lei acima do Direito.

Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a

restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido./// Se não for considerável, caberá somente direito a indenização.

Se a evicção for parcial o evicto terá duas opções, se o desfalque for considerável:

Optar entre a rescisão do contrato

Ou

Pedir a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido.

Se o desfalque não for considerável: caberá apenas o direito indenizatório.

Page 10: Evicção Resumida

10/16 DA EVICÇÃO

Há uma lei acima do Direito.

TEMAS RELACIONADOS

1ª corrente

RESP 635.322/SP – a natureza da arremação7 afasta a natureza negocial da compra e venda, por isso o arrematante não tem garantia (FUX, Alexandre Freitas Câmara)

2ª corrente

Interpretação literal do CC (Marco Aurélio Bezerra de Melo)

1ª corrente

É Responsabilidade do Estado

2ª corrente

Responsabilidade primária do exequente: é assegurado ao arrematante que se veja na iminência de ser privado da coisa em decorrência da evicção que exija judicialmente a garantia dos credores do executado que deverão restituir ao evicto o valor do bem, uma vez que estes foram responsáveis por levar o bem a hasta pública e assim assumem o risco do negócio (Marco Aurélio Bezerra de Melo)

3ª corrente

Liebman – responsabilidade do executado; se este for insolvente, passa a ser do exequente: quem se enriqueceu indevidamente foi o executado, pois se livrou das dívidas a custa dde bens alheios, sendo obrigado a indenizar o arrematante. Mas se o executado for insolvente, poderá o arrematante propor ação em face dos credores do executado, pois embora tivessem direito ao pagamento, não tinha o de ser pago pela alienação de bem de terceiro.

Ou seja: Em primeiro plano (a doutrina nesse primeiro ponto pouco diverge), a ação de evicção deverá ser proposta contra o devedor, de cujo patrimônio a coisa perdida foi retirada; no entanto, caso esse devedor seja insolvente, o arrematante poderá se voltar contra o próprio credor que recebeu o pagamento por conta de bem pertencente a terceiro.

Arakén de Assis vai mais além: Caso o credor não possa ser responsabilizado, a responsabilidade pela evicção será do Estado que permitiu que o bem fosse à hasta pública.

7 A alienação de imóvel em hasta pública é forma originária de aquisição da propriedade.

Page 11: Evicção Resumida

11/16 DA EVICÇÃO

Há uma lei acima do Direito.

DENUNCIAÇÃO DA LIDE

Art. 456. Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o adquirente notificará do litígio o alienante

imediato, ou qualquer dos anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo.

Parágrafo único. Não atendendo o alienante à denunciação da lide, e sendo manifesta a procedência da evicção, pode o adquirente deixar de oferecer contestação, ou usar de recursos.

CPC Art. 70. A denunciação da lide é obrigatória:

I - ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a coisa, cujo domínio foi transferido à parte, a fim de que esta possa exercer o direito que da evicção Ihe resulta;

Art. 76. A sentença, que julgar procedente a ação, declarará, conforme o caso, o direito do evicto, ou a responsabilidade por perdas e danos, valendo como título executivo.

O ordenamento jurídico disponibiliza ao adquirente o instrumento processual denominado denunciação da

lide8.

Superior Tribunal de Justiça:

“o direito que o evicto tem de recobrar o preço que pagou pela coisa evicta independe, para ser exercitado, de ter ele denunciado a lide ao alienante, na ação em que terceiro reivindicara a coisa” (STJ, 3 T.. REsp 255.639-SP).

Min. Nilson Naves destacou:

“A jurisprudência do STJ é no sentido de que a não-denunciação da lide não acarreta a perda da pretensão regressiva, mas apenas ficará o que poderia denunciar e não denunciou, privado da imediata obtenção do título executivo contra o obrigado regressivamente. Daí resulta que as cautelas insertas pelo legislador pertinem tão-só com o direito de regresso, mas não privam a parte de propor ação autônoma contra quem eventualmente lhe tenha lesado” (REsp 132.258).

8 Com base nos arts. 70 a 76 do CPC, a denunciação da lide consiste em chamar o terceiro (lit isdenunciado/denunciado) que tenha um

vínculo jurídico de garantia com uma das partes (lit isdenunciante/denunciante) para ingressar no processo e, além de participar da lide

principal, responder pela garantia do negócio jurídico no caso do denunciante ser vencido no processo. Não é mera comunicação de existência do processo, é verdadeira demanda incidental de garantia que faz participar do processo aquele que pode vir a ser responsabilizado pelo dano

discutido. É uma ação regressiva dentro do mesmo processo.

Page 12: Evicção Resumida

12/16 DA EVICÇÃO

Há uma lei acima do Direito.

É a permissão para que o denunciante demande diretamente em face do último responsável por garantir a permanência do bem em seu patrimônio.

Ex.: em demanda reivindicatória de um bem, o demandado que pretende fazer a denunciação da lide, a fim de

poder exercer o direito que lhe resulta da evicção. Neste caso a denunciação da lide poderia ser feita àquele que alienou o bem para demandado, ou para a pessoa que alienara o bem para este último (per saltum).

CC e CJF nº nº 29 – é possível denunciação per saltum.

CJF nº 29 – Art. 456: A interpretação do art. 456 do novo Código Civil permite ao evicto a denunciação direta de qualquer dos responsáveis pelo vício.

Alexandre Freitas Câmara e Didier - incabível no direito brasileiro

Tal previsão poderá ensejar sucessivas denunciações da lide até que se encontre quem efetivamente operou a primeira transferência desautorizada pela lei, ou seja, aquela que deu causa à evicção.

Art. 73. Para os fins do disposto no art. 70, o denunciado, por sua vez, intimará do litígio o alienante, o proprietário, o possuidor indireto ou o responsável pela indenização e, assim, sucessivamente, observando-se, quanto aos prazos, o disposto no artigo antecedente.

Art. 456. Parágrafo único. Não atendendo o alienante à denunciação da lide, e sendo manifesta a procedência da evicção, pode o adquirente deixar de oferecer contestação, ou usar de recursos.

Em regra, se o alienante não ofertar resposta a denunciação da lide formulada, experimentará os efeitos da revelia do artigo 319, merece consideração que o artigo 320 arrola diversas situações em que não ocorrerá os efeitos da revelia, o que vem a demonstrar que a presunção de revelia não é absoluta.

Por esse motivo o parágrafo único esclarece que o adquirente não precisará oferecer contestação ou usar de recursos se a procedência da evicção for manifesta e o alienante não oferecer resposta à denunciação.

Art. 319. Se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor.

Art. 320. A revelia não induz, contudo, o efeito mencionado no artigo antecedente:

I - se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;

II - se o litígio versar sobre direitos indisponíveis;

III - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público, que a lei considere indispensável à prova do ato.

Page 13: Evicção Resumida

13/16 DA EVICÇÃO

Há uma lei acima do Direito.

O artigo 70 dispõe que é obrigatória que se faça essa denunciação. Entretanto a ausência de denunciação da lide não deverá acarretar a perda do direito à indenização, podendo o adquirente exercer, até que a prescrição se efetive, a pretensão ressarcitória pela via da ação de locupletamento, sem a inclusão dos valores previstos no artigo 350.

STJ: mesmo no caso da evicção, seria possível a propositura de ação posterior para o recebimento do valor principal pago pelo bem. Fundamento: evitar o enriquecimento ilícito (vide RESP 880.698/DF).

SUSPEN SÃO DA PRESCRIÇÃ O

Art. 199. Não corre igualmente a prescrição:

I - pendendo condição suspensiva9 (não há direito);

II - não estando vencido o prazo (não há exigibilidade);

III - pendendo ação de evicção10.

Se pender ação de evicção, suspende-se a prescrição em andamento; com o trânsito em julgado, o prazo prescritivo volta a correr.

9 Ou termo.

10 Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação

dada, ressalvados os direitos de terceiros.

Page 14: Evicção Resumida

14/16 APÊNDICE

Há uma lei acima do Direito.

LEGISLAÇÃO SELECIONADA

Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica responsável ao

cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé.

Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros.

Art. 552. O doador não é obrigado a pagar juros moratórios, nem é sujeito às conseqüências da evicção ou do vício redibitório. ///Nas doações para casamento com certa e determinada pessoa, o doador ficará sujeito à evicção, salvo convenção em contrário.

Art. 568. O locador resguardará o locatário dos embaraços e turbações de terceiros, que tenham ou pretendam ter direitos sobre a coisa alugada, e responderá pelos seus vícios, ou defeitos, anteriores à locação.

Art. 838. O fiador, ainda que solidário, ficará desobrigado:

III - se o credor, em pagamento da dívida, aceitar amigavelmente do devedor objeto diverso do que este era obrigado a lhe dar, ainda que depois venha a perdê-lo por evicção.

Art. 845. Dada a evicção da coisa renunciada por um dos transigentes, ou por ele transferida à outra parte, não revive a obrigação extinta pela transação; mas ao evicto cabe o direito de reclamar perdas e danos.

Parágrafo único. Se um dos transigentes adquirir, depois da transação, novo direito sobre a coisa renunciada ou

transferida, a transação feita não o inibirá de exercê-lo.

Art. 1.005. O sócio que, a título de quota social, transmitir domínio, posse ou uso, responde pela evicção; e pela solvência do devedor, aquele que transferir crédito.

Art. 1.939. Caducará o legado:

III - se a coisa perecer ou for evicta, vivo ou morto o testador, sem culpa do herdeiro ou legatário incumbido do seu cumprimento;

Art. 2.026. O evicto será indenizado pelos co-herdeiros na proporção de suas quotas hereditárias, mas, se algum deles se achar insolvente, responderão os demais na mesma proporção, pela parte desse, menos a quota que corresponderia ao indenizado11.

11 Sendo um dos herdeiros evicto do bem recebido, responderão perante ele os outros herdeiros contemplados na partilha do de cujus,

que tem por objetivo assegurar a igualdade na partilha e podem ser conferidas nos artigos 2.023 a 2.026 do Código Civil.

Page 15: Evicção Resumida

15/16 APÊNDICE

Há uma lei acima do Direito.

JURISPRU DÊNCIA SELECIONADA

Evicção. Apreensão. Autoridade administrativa.

A Turma entendeu que, na espécie, o adquirente do veículo importado ignorava a litigiosidade do bem – o veículo circulava no país por força de liminar em mandado de segurança, posteriormente cassada – pois os documentos públicos nada registravam, além de pagar o preço de mercado ante a omissão do vendedor em avisá-lo das pendências administrativas junto à Receita Federal, estando, assim, caracterizada sua boa-fé. Quanto ao exercício da evicção entendeu que a autoridade aduaneira que decretou o perdimento do bem, haja vista a circulação ilegal de veículo no país, equipara-se à autoridade policial, porquanto

exerce o mesmo poder de apreensão. A caracterização da evicção se dá pela perda da propriedade e essa perda pode

ser em decorrência da apreensão de autoridade administrativa, e não apenas por sentença judicial . Precedentes citados: REsp 259.726-RJ, DJ 27/9/2004, e REsp 129.427-MG, DJ 15/6/1998. REsp 1.047.882-RJ, Rel. Min. Honildo de Mello Castro (Desembargador convocado do TJ-AP), julgado em 3/11/2009.

AR. Inclusão. Réu. Prazo decadencial. In casu, os recorrentes adquiriram dois terrenos: um, dos recorridos e outro, de litisdenunciante que não fez parte da ação

rescisória. Todavia, a União e o Incra promoveram a desapropriação por interesse social sob a alegação de que se tratava de área de fronteira, portanto terras da União que foram alienadas por estado membro a títu lo non domino. Confirmada a legalidade do decreto expropriatório, os recorrentes ingressaram com ação contra a União postulando a declaração de validade de seu domínio sobre as terras expropriadas, com denunciação da lide dos recorridos e de outro litiscon sorte na condição de alienantes das áreas, pedidos julgados improcedentes. Depois, os recorrentes ajuizaram nova ação, dessa vez em desfavor dos recorridos e do outro alienante – o último denunciou à lide os próprios recorridos, dos quais havia adquirido o lote, e, após, vendeu-o aos recorrentes. Dessa vez, os pedidos foram julgados parcialmente procedentes, com a condenação dos réus (recorridos) ao pagamento de indenização decorrente de evicção e o reconhecimento do direito do litisdenunciante de ser reembolsado do que despendesse. Houve apelação dos recorridos, sendo mantidos o dever de indenizar e o direito de regresso do litisdenunciante. Daí que, inconformados, os recorridos propuseram a ação rescisória em desfavor dos recorrentes, objetivando a rescisão do acórdão que julgou parcialmente procedente a ação de evicção. No REsp, buscam os recorrentes a regularidade do polo passivo da ação rescisória, notadamente a inclusão dos litisconsortes necessários. Alegaram que, tendo os recorridos formulado pedido pleno de rescisão do julgado atacado, deveriam obrigatoriamente ter incluído no polo passivo o litisdenunciante que figurou como réu na ação em que foi proferido o acórdão rescindendo. Para a Min. Relatora, o fato de as partes terem figurado em polos distintos na ação rescindenda não impede que sejam incluídas no polo passivo da ação rescisória. Reconheceu a Min. Relatora que a rescisória teve por escopo unicamente anular a lide principal da ação de evicção, daí era indispensável a inclusão do litisdenunciante no polo passivo. Assevera ser induvidoso que, na lide principal, o litisdenunciante foi condenado ao pagamento de indenização aos recorrentes, muito embora, em contrapartida, tenha sido assegurado a ele o reembolso frente aos recorridos, mas esse direito de regresso não o exclui da lide principal na qual mantém relação jurídico-processual com os recorrentes. Isso demonstra que o litisdenunciante tem interesse direto na lide principal e, por conseguinte, também o tem na ação rescisória, visto que a ação visa rescindir a coisa julgada e, como esse juízo rescindente o atinge, ele deveria ter sido chamado para a relação processual da ação rescisória. Por outro lado, é entendimento já consolidado neste Superior Tribunal que, após decorrido o prazo decadencial para a interposição de ação rescisória (art. 495 do CPC), não pode a ação ser proposta contra novo réu, sendo, consequentemente, impossível a regularização da relação processual nos termos do disposto no art. 47 do CPC. Com esse entendimento, a Turma deu provimento ao recurso especial, declarando a extinção do processo com apreciação do mérito nos termos do art. 269, IV, do CPC, condenando os autores ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios. Quanto ao depósito previsto no art. 488, II, do CPC, determinou que será levantado pelos réus em partes iguais. Precedentes citados: AgRg no Ag 784.710-RJ, DJe 6/10/2010; REsp 1.159.409-AC, DJe 21/5/2010; AgRg no Ag 1.175.802-MG, DJe 15/3/2010; REsp 1.107.219-SP, DJe 23/9/2010; AgRg no REsp 737.069-RJ, DJe 24/11/2009; AR 2.009-PB, DJ 3/5/2004; AgRg nos EDcl na AR 4.363-PI, DJe 12/11/2010, e AgRg no REsp 617.072-SP, DJ 27/8/2007. REsp 863.890-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 17/2/2011. STJ Informativo 463 – 3ª turma

Page 16: Evicção Resumida

16/16 APÊNDICE

Há uma lei acima do Direito.

Declaratória. Compra e venda. Procuração.

A Turma não conheceu do recurso por entender que, embora os recorrentes alegassem não ser os atuais possuidores da área

sob litígio, não há falar em ilegitimidade passiva para a causa; pois, conforme esclarecido pelo tribunal a quo, aqueles são

proprietários de parte remanescente do imóvel e se obrigaram, em função das transferências sucessivas da área, a responder

pela evicção em face dos adquirentes do terreno. Quanto ao uso de procuração falsa, tratando-se de pessoa falecida, o vício

insanável da primeira transação gera a nulidade absoluta do contrato de compra e venda firmado com o primeiro réu. Assim, as

demais vendas sucessivas também são nulas, pois o vício t ransmite -se a todos os negócios subsequentes, independentemente

da arguição de boa-fé dos terceiros. Quanto à alegada negativa de vigência ao art. 2º do CPC, também entendeu o Min. Relator que o recurso não merece conhecimento, porquanto o julgado recorrido não conferiu qualquer direito à viúva, reconhecendo, apenas, que ela não participou do negócio nulo. REsp 1.166.343-MS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 13/4/2010. STJ Informativo 420 – 4ª turma