everton de sousa silva - o guerreiro sombrio - edição final

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Everton de Sousa Silva O Guerreiro Sombrio Ou Um Mero Misantropo 2013

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Trabalho que compreende o período a partir de 2002, na tentativa de somar algo, tendo a certeza de que a vida tenha sido valha em algum aspecto. Fruto do desejo de não apenas definhar e jamais ser lembrado... Aqui estão registradas poucas alegrias, muitas decepções e todas as percepções a este respeito na vida de um jovem... Seus amores, suas conquistas... Seu pensamento. Ao ler Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Alphonsus de Guimarães, Arthur Schopenhauer, Bocage... Notei ser capaz de formular pensamentos semelhantes aos do autor, bem como uma série de outros es-critores, principalmente àqueles pertencentes à 2ª geração romântica, pessimista, expressiva quando focam os desprazeres, a angústia, o sofrimento, a dor existencial, o gosto pela morte, o amor que oscila entre a sensualida-de e idealização, entre outros temas de grande carga subjetiva, enfim, as desilusões de uma amarga vida. Sonho ver meu nome ao lado dos grandes autores... O que mais se pode dizer? Sei que escrevi so-bre vários temas como política, filosofia, morte, etc... Creio ser pernicioso que o autor engrandeça a própria obra, assim, leiam, tenham suas opiniões e tragam-nas ao meu conhecimento...

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Page 1: Everton de Sousa Silva - O Guerreiro Sombrio - Edição Final

Everton de Sousa Silva

O Guerreiro Sombrio Ou

Um Mero Misantropo

2013

Page 2: Everton de Sousa Silva - O Guerreiro Sombrio - Edição Final

Everton de Sousa Silva

O Guerreiro Sombrio Ou

Um Mero Misantropo

Catalogação por Rita de Cássia Proença – CRB 2/863

Junho, 2013

S586g Silva, Everton de Sousa, 1984 O Guerreiro Sombrio / Everton de Sousa Silva. Itapuranga - Go, 2011 1. Literatura Brasileira. 2. Poesia. I. Titulo

CDU – 821.134.3(817.3)-1

Page 3: Everton de Sousa Silva - O Guerreiro Sombrio - Edição Final

Apresentação ou Prefácio?

(escolha difícil...)

Everton de Sousa Silva, nascido aos 03 de dezembro de 1984 em Itapuranga – GO. Filho de Edna

Maria de Sousa Silva (Advogada) e Vanderlan Aparecido Gonçalves da Silva (Militar, falecido aos 17 de setem-

bro de 2006), funcionário público, doente e descrente com a vida.

Trabalho que compreende o período a partir de 2002, na tentativa de somar algo, tendo a certeza

de que a vida tenha sido valha em algum aspecto.

Aqui estão registradas poucas alegrias, muitas decepções e todas as percepções a este respeito...

Amores, conquistas... Meu pensamento.

O que mais se pode dizer? Sei que escrevi sobre vários temas, creio ser pernicioso que o autor en-

grandeça a própria obra, assim, leiam e tenham suas conclusões.

ΞΞξ√εг‡σИΞΞ

Page 4: Everton de Sousa Silva - O Guerreiro Sombrio - Edição Final

“When I’m walking in a dark road…

I am a man who walks alone!”

Iron Maiden

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Dedicatória

Dedico tal obra à minha mãe, Dra. Edna; ao meu pai, o Sd PM Vanderlan, que não chegou a conhecer na totali-dade a veia artística do filho; à minha família, em especial ao Coronel Sousa que tem acreditado em meu poten-cial mais do que eu mesmo; aos leais amigos, em especial ao Dr. Tomaz Campos por estender a mão em todos os difíceis momentos; à Professora. Maria Tereza, cujo empenho na arte do ensinar cativou meus sentidos; às mu-lheres de minha vida, figuras constantes em meus trabalhos; aos amigos de carnavais... Dedico minha vida à mi-nha filha Hellen, o papai vai sempre cuidar de você bebê.

Enfim, a todos que contribuíram de qualquer forma (positiva ou não) para tornar possível este desa-

bafo escrito.

Off He Goes – Pearl Jam (No Code/Dead Man (CD Single) – Epic – 1996) Know a man, his face seemed pulled and tense Like he's riding, on a motorbike in the strongest winds So I approach with tact, suggest that he should relax But he's always moving much too fast Said he'll see me on the flipside On this trip he's taken for a ride He's been taking too much on There he goes with his perfectly unkept clothes There he goes He's yet to come back, but I've seen his picture It doesn't look the same up on the rack We go way back And I wonder about his insides It’s like his thoughts are too big for his size He's been taken, where I don't know There he goes with his perfectly unkept hope There he goes And now I rub my eyes, for he has returned Seems my preconceptions are what, should've been burned For he still smiles, and he's still strong Nothing's changed but the surrounding bullshit that has grown And now he's home, and we're laughing Like we always did my same old, same old friend Until a quarter to ten I saw the strain creep in He seems distracted and I know just what is going to happen next Before his first step, He's off again

Essa música remete à lembrança dos últimos dias de meu pai, sua morte re-

pentina e o sentimento de como somos idiotas em não aproveitar o momento

para, mais tarde, desejar o voltar do tempo. A vida é breve, devemos, então,

usufruir ao máximo das boas coisas e pessoas. Sempre! (Ver pág. 41)

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Everton de Sousa Silva - O Guerreiro Sombrio - Poesias Reunidas - 2013

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Jardins [The truth is out there!]*

Existem!

Procuram-nos... E veem.

Veem nosso jardim...

Escondemos-nos... Rezando pelo fim.

O fim próximo está...

Nada podemos fazer, além de aguardar.

Aguardar... Ver o que farão,

Não satisfeitos com a psicológica pressão.

Na primeira noite, se aproximam...

Roubam-nos uma flor, barbarizam.

-Nada dizemos-

Na segunda noite, já não se acanham;

Às flores, pisam...

-E nada dizemos-

Chega o dia em que, entram em nossa casa,

Roubam-nos a luz, infligem-nos a praga...

-Mais uma vez, nada dizemos –.

Conhecendo no íntimo nosso medo,

Fazem-nos sofrer com total zelo!

-E, agora, já não há mais o que dizermos-.

-Parafraseando Eduardo Alves da Costa - No caminho com

Maiakovski-

*Obs.: Frase da aclamada série americana – The -‘X’ - Files

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Engano!

Não tenho sonhos...

Vivo um eterno pesadelo.

Não sei quem somos,

À espera de um enterro.

Dizem que sou contra a sociedade...

E ela, portanto, contrária a mim.

Essa não é a verdade,

As aparências enganam no fim.

São várias razões para um único problema...

E acabar com todos é minha vontade.

Sinto-me diante d’um dilema,

O sol se põe... E, dor o peito invade...

Sou o que sou. Não posso mudar...

Não é o que dizem? Seja você mesmo!

Os cães ladram, mas a caravana nunca há de parar *,

Mesmo que o espírito ande a esmo.

*Obs. Os cães ladram mas a caravana não para (Planet Hemp – Sony – 1996)

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Percepções

Vivo em constante desolação,

Aguardando por algo.

Não escondo a emoção...

Sei que sou fraco.

Meu pensar é transparente...

Nada finjo.

Nunca me acham inocente,

Nunca minto.

Sou autêntico...

Extremamente sincero.

Um pouco excêntrico...

...E me acho honesto.

Digo tudo o que penso.

Odeio falsidade.

Não mudo como o vento.

Mas, ainda, não é tarde.

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Paralisia

A vida é um eterno jogo de paciência...

No qual perdemos com frequência.

As cartas vêm de forma aleatória,

Somente para dificultar sua vitória.

É preciso seguir regras;

Se nos desviamos, as penalidades são severas.

Jogue! Escolha uma estratégia,

Tente! Não flutue como a vitória-régia.

A meta é colocar as coisas em ordem,

Se você não consegue, saiba que outros podem!

Você não terá ajuda...

Não importa se é injusto, o ruim nunca muda.

Para ganhar, não basta capacidade...

É preciso, acima de tudo, vontade.

Lute, batalhe... Com perseverança.

Vença... Dos verdes, o mais é a esperança!

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Óbolo

Verdades que escondo,

- Verdades que não queremos ver. -

Verdades que proponho...

- Mas deveriam desaparecer. -

Dúvidas nas quais me empenho...

- Dúvidas que aceitamos ter. -

Dúvidas das quais desdenho,

- Mas as tenho em meu ser. -

Mentiras com que encanto.

- Mentiras que fazem sofrer. -

Mentiras que conto...

- Mas queria esquecer. -

Coisas das quais me envergonho...

- Coisas que costumam oferecer. -

Coisas de um mundo estranho,

- Mas não as quero perder. -

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Sociedade do amanhã

É a discórdia que assassina o tempo.

Do futuro destruição estou vendo...

Os destruidores... Agora conhecendo...

...E os males, já estão eles trazendo.

Nesta guerra, somos soldados...

A lutar contra nossos fracassos.

Com nossos poderes quase escassos...

Abrir as mentes; atos inusitados.

O universo de minha mente desvendar,

Atrocidades aniquilar,

Tudo, exceto a esperança acabar...

Tendo a certeza de não falhar.

O dia cada vez mais triste...

Mau pensamento em minha mente existe!

O desejo obscuro ainda persiste...

Cada um, à sua maneira assiste.

Obs.: Verificar acepções em “assistir”.

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Vergonha

Queria eu ser uma mosca,

A olhar em milhões a figura tosca.

Ver que somos iguais e lamentar...

Outra vez olhar e diferenças procurar.

Novamente olhar, chorar e me arrepender...

De com todos os assassinos e ladrões me parecer.

Assim, buscar seguro cadoz...

Para fugir de pessoa atroz,

Que de maneira infatigável...

Tira-nos da vida, o caráter indevassável.

Pensando que seria tudo diferente,

Mas, de certa forma o é, realmente.

Nada é como antes...

Nessa vida, nada é constante.

Estamos fartos de perseguição...

Desde já, procuro a revolução...

Que trará novas ideias e acabará com a exclusão...

Da maioria fraca que, desses jogos de poder, não têm noção.

Unamo-nos em mostrar capacidade,

Certamente mudaremos essa realidade.

Que cesse essa mania de destruição...

Continuando assim, com a humanidade acabarão.

Que deixem para trás esse mal excessivamente insano,

É preciso que o ser humano aprenda a ser humano.

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Formar hiato

Do monte, vejo criaturas...

Da espécie a que pertenço;

Todas elas de feições duras...

De dor e outros sentimentos.

Ferozes, furiosos, truculentos...

Igualando-se a animais.

Não escondem seus tormentos;

Deles, não espero atitudes fraternais.

Sua falsidade é execrável.

Suas atitudes, sarcásticas...

Para o melhor exegeta, seu pensamento é inexplicável,

Todas suas medidas, extremamente drásticas.

Sinto-me num zoológico,

Diante essa animalidade.

Forço-me em não ser um gregário.

Mesmo sendo impossível, quero fugir à realidade.

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Everton de Sousa Silva - O Guerreiro Sombrio - Poesias Reunidas - 2013

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Aleg-'o'-ria

Época de dar, receber...

Ninguém me deu nada.

Tempo de compartilhar, oferecer...

Mas da solidão, só eu abri a lata.

Um feliz dia pra você...

-Ainda faltam trezentos e sessenta e quatro. -

Por mais que eu tente, nunca irei vencer...

Nessa luta, meu ringue... Meu quarto.

Tranco portas, janelas, o espírito...

A eternidade em dor sem fim.

Nada detém o ciclo...

Nada ajudará a mim.

Esperar, aguardar, viver,

Enquanto não chegas...

Para o dissabor se manter,

E que, a luz, um dia eu veja.

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Se não pode com eles... Junte-se a eles!

Tudo me apresenta deturpado,

Azar no jogo... Azar no amor.

Olho a totalidade, de lado a lado,

Nada vejo além do dissabor...

...Presente em cada rosto, em qualquer parte...

...Seja aqui ou no paradisíaco espaço da morte ou de marte...

...Que mostra sua odiosa face, a cada manhã...

...E, na fuga desta triste realidade, me encontro afã...

Dizem que devemos obediência

Às leis humanas e divinas.

Cito a objeção de consciência!

Quem decide sou eu. A ética é minha...

...Mas, não aceitam tal pensamento...

...Nunca entendem meu tormento...

...Juntando-me à tola realidade...

...Jogo fora minha identidade...

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Aos bares da cidade

Ninguém na rua, nada a fazer...

Esta cidade é um tormento!

Nada de belo para se ver...

Solidão de entretenimento.

Entre no quarto, feche portas,

Acenda um incenso de Cannabis,

Ande por linhas tortas...

Ao que eu viro a cara, você pede bis.

Cada qual com um modo de lidar

Com essa monotonia.

Muitos os fatores que de tudo me faz desligar...

A não ser em doses, aqui não se acha alegria.

Procurando a fuga, acendo um cigarro...

Tranco-me para o mundo,

Do que adianta saco se não tenho carro?

Eu e você, diferenças num mundo imundo.

Obs.: Dedicado ao “Mestre Caralho”

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Tudo Normal

Outra merda idiota

Que escrevi para barbarizar...

Aqui me sinto sem rota...

Lugar nenhum para se estar.

É sábado, dez da noite, nada para se fazer,

Saio na rua, não vejo viva alma em nenhum lugar.

É triste que não reste nada a se conhecer...

Arranco “ele” para fora das calças e começo a "mijar"...

Você que agora lê tudo isso,

Deve me achar louco...

Mas, o normal me é estranho, e dele sempre desisto!

Começo a escrever, pois, de gritar, já estou rouco.

Cemitério até parece bordel,

Se comparado ao movimento que tem essa cidade;

Com meus discos, em meu quarto, estou no céu...

Não que isso seja novidade.

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Everton de Sousa Silva - O Guerreiro Sombrio - Poesias Reunidas - 2013

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Realidade

A cada manhã, me torno mais poeta,

Minha cidade contribui na transformação.

Não consigo entender o que interessa...

Essa lei falada que mais parece religião.

Previ meu final...

Sem paz ou choro.

Para mim, não existe bacanal...

Apenas mais um, no meio do povo.

Tristeza tem significado usual,

Meu problema é tão comum...

Começo a entrar no poço casual,

Encima do muro... Caio, sem escolher lado algum.

Num mundo onde a imundície é caviar,

Tento a felicidade encontrar.

Vivendo um dia enterrado em mim...

Fico esperando, outras formas assim.

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O fim

Celebremos a morte dessa cidade...

Você verá em todas as partes,

O chamado do terror...

A cidade fantasma, lar do pavor.

Ruas vazias, poucos a vagar...

Somente escutamos o clamar...

Que ninguém responderá,

Deleitem com o vão que existirá...

Faremos o minuto de silêncio,

Que se estenderá pela eternidade, em vilipêndio.

Não tema o real...

Hoje, não haverá bacanal!

Fica assim, uma certeza...

Esta noite... Passaremos com cerveja.

Na aurora de nossas vidas...

Relembrarmos nossas feridas.

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Semana da dor escrotal

Parece-me um pouco antagônico,

Mas, aconteceu a semana sem cultura na faculdade.

Sertanojo, funk, axé... Pagode? Foi um tanto alegórico...

Um dia aprendem, não é tarde!

Tratar desse assunto é difícil,

Nem sei qual movimento cultural queriam enfatizar...

Existe cultura até em bordel. Mas, esta, numa universidade, é inútil.

Quem procurava algo para se pensar, lá não foi o lugar!

Fizeram festa para os alienados,

Utilizaram tempo e espaço na “idiotilização” do público.

Todos dançavam, como um bando de otários,

E eu também estive lá, bancando o burro!

Aliás, massa de manobra não pode pensar,

Onde eu estava com a cabeça?

Continuem assim, não é bom mudar...

Um burro é melhor de se controlar... Com certeza!

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Liberdade de expressão...*.

Aceitando ou não, um dos caminhos para a felicidade,

É a falta irrestrita de opinião.

Tome isso como universal verdade,

Se quiserdes abandonar a razão!

Liberdades são inúteis.

Congratulações a Hitler, Pinochet, Salazar e companhia.

Poder se expressar, direito à religião... São coisas fúteis...

Privilégios que teimam em existir e não deveria.

Seja você uma “vaquinha de presépio”,

De pensamento estático ou inexistente...

Minha ideologia eu nunca nego,

Não importa o quão sejam insistentes.

Tenho convicção no que penso.

Caso não goste; vá para Andorra.

Se em tua mente só há espaço para excremento...

Atenda meu pedido... Morra!

...Deixa Eu Falar, Filhos da Puta...

"Deixa eu Falar" (Alexandre Carlos, Black Alien, Rodolfo, Digão e Fred)

Raimundos – Só no Forevis – 1999 – Warner Music

Produção: Carlos Eduardo Miranda, Dzcuts, Mauro Manzoli e Tom Capone.

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Tempo verbal

Desconheço a 2ª pessoa,

De conflitos os trejeitos.

Vejo seu sangue quando escoa,

Corrompidos em golpes perfeitos.

Admiro a 3ª pessoa,

Enquanto a 1ª está dormindo.

Ouço o que se apregoa,

Enquanto outros vão saindo.

Não quero o que a mim oferecem,

Não espero que aceites ofertas.

Lembro-me do que todos esquecem:

Não tenho tomado decisões certas.

Finalmente vi por que disfarças,

Fecho os olhos... Não. Quero ver!

Sei que tudo é devorado por traças...

E sinto o cinismo a chover.

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Personagens

A todo o momento me vejo.

No lixo da rua...

Onde passo um pedaço deixo...

Sujeira que no rio flutua.

Sou aquele mendigo na praça

Que ninguém vê...

Implorando por atenção onde passa,

Sem ninguém o atender.

Na sexta, sou aquele menino,

Que desapareceu a dois sábados...

Na foto aparece sorrindo;

Em seu corpo, não se encontram adjetivos cálidos.

Sou o “bom cidadão”,

Da política brasileira...

Que toma para si, o que é da população...

Desestruturando uma nação inteira.

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Ao eleito

Há que se ter vontade...

Antes que seja tarde.

Para tal, usemos o direito do sufrágio,

Desejamos que o proveito faça-se ágil.

Que a democracia alcance sua semântica extrema...

Que possamos sempre usar seu semantema.

Que seja seu trabalho ígneo...

Que, do nosso voto, torne-se digno.

Que nossa escolha não se mostre errática...

Que, do Brasil, solucione-se a problemática.

Que no ensejo, pareça-se ele probo...

Que nunca esqueça as regras do jogo.

Faça-se com ele a tentativa...

Torne-se favorável à estatística.

Suas ações... Boas como um todo...

Afinal... É comendo que se prova o bolo.

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Fome 1 X 0 Soluções

É imprescindível adquirirmos a mentalidade Robin Hood...

E dar importância à vida, como não pude.

É necessário aprendermos à solidariedade...

E ajudarmos uns aos outros, antes que seja tarde.

É louvável sua intenção e objetivo...

Faltam bases para um desenvolvimento efetivo.

Não queremos medidas paliativas...

E sim incentivos criativos que se mostrem produtivos.

Pouco se publicou a respeito...

Assim, menosprezam nossos direitos.

Nem sabemos seus reais planos...

Mas, aguardando reformas, esperançosamente estamos.

É impossível alcançar o sucesso sem projeto consistente...

Todos os brasileiros deveriam ser conscientes.

Seria diferente se cada um fizesse sua parte...

A gente não quer só comida; a gente quer bebida, diversão e arte! *

*Obs: Frase retirada de “Titãs – Comida”

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Na favela, no senado... *

A palavra do momento é escândalo...

Por todo lado alguém o pratica.

Chego a entrar em pânico,

Pois, a lei está aqui, mas alguém sempre a desafia.

Não sei a razão... Mas me lembrei do dilúvio...

Da enchente de podridão do nosso caudaloso Rio.

Tentamos calar o grito, mas, escutamos murmúrios...

Das almas tristes em nosso reino sombrio.

“Me dá” um qualquer aí que finjo não saber!

-Não que seja eu corrupto. É só fundo não contabilizado-.

“Rapá”... Com a mesada que tu recebeste deve estar tudo a doer...

- “Num” sei nada, não vi nada, estava eu de olho fechado!-

É companheiro... Te segura nessa cadeira.

Querem te tirar daí.

“Me dá” um trocado pra eu ir à feira...

...Que é pra comprar uns ovos pra ti...

**... Sujeira pra todo lado. (Que país é esse? – Legião Urbana).

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Lixo humano

Quem m’o dera teus sonhos realizar...

Outros, senão estes negros.

D’onde vejo de bons momentos o findar,

Restando o ódio e o sentimento de desterro.

Insípida a leniência de comuns sabores,

Intransponíveis significados em motes desiguais...

Nos recônditos da alma resguardar meus amores,

Desejar para tal, diferentes finais.

Cercado pelo caos amoral,

Já-cinto Lamas em Delúbios de proporções épicas.

Pensamento este, deveras tenaz, incomum e anormal...

Mesuras em finalidades tétricas.

Ah! Sim... Ainda se fartarão de alpista!

Evidenciando a sujeira visceral...

Mesmo que pareça linda à prima vista,

É este um fato de natureza alodial.

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Globalização e o meio ambiente

O lixo, o luxo... Verdades do mundo imundo.

O prazer em ver tudo se acabar, morrer...

Sofrendo com problemas oriundos

Da vontade... Do querer riqueza; do ter.

O afluente, o influente... Devemos lutar...

Use o poder da fala, corrija-se... Pense.

Eu sou o culpado... Ocupado em destruir, arruinar...

Sem saber que outro daqui longe sente,

O estrago que aqui faço.

A terra chora... Sangra por feridas abertas.

De eras passadas o osso e amanhã o aço...

Coisas do passado, do presente. E o futuro? Sem respostas certas.

Sejamos todos os olhos do futuro; sejamos satélites...

Vigiando ações, condutas erradas.

Será que apenas para destruição a este mundo viestes?

E todas suas tentativas falhas?

Faça sua parte, organize-se... Tente!

Precisamos da arte, a arte do pensar; do tentar, agir!

Sinta-se bem consigo mesmo... Sempre...

Tenha iniciativa. Não venha a fazer pelos outros... O que seria para ti.

Page 29: Everton de Sousa Silva - O Guerreiro Sombrio - Edição Final

Everton de Sousa Silva - O Guerreiro Sombrio - Poesias Reunidas - 2013

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Filmes de guerra, canções de amor

Não sucumbam à vontade de poucos,

Que se mostram loucos...

Promovendo guerra e destruição,

Fazendo tudo por incúria e desejo de ocasião.

Não deixem que a paz fique na memória,

Que a liberdade seja cenas de nossa História.

Não permitam que ficções se tornem verdade:

Não queremos essa realidade.

Sem guerras e destruição...

Prego a paz dos hippies para toda a nação.

Que sejam as pessoas felizes...

Deixando de lado estes filmes tristes.

Esqueçam o sangue e a dor...

Em filmes de guerra, ouvimos as melhores canções de amor.

Obs: Título tirado de “Filmes de guerras, canções de amor -

Engenheiros do Hawaii - BMG - 1993”.

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Everton de Sousa Silva - O Guerreiro Sombrio - Poesias Reunidas - 2013

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Duas vertentes

Um imbecil bem dotado.

Um grande anão melancólico...

Uma mistura de Friederich e Baco.

Um fracassado pessimista e diabólico.

Possuo sentimentos supérfluos...

Pensamentos de igual conotação.

Por um afago, estou famélico...

E outros... Dirígio em profusão.

O futuro rio abaixo,

Junto ao desejo de melhora.

Para eles, um grande fardo,

Várias vidas destruídas agora.

O gosto ruim na boca,

Aparece a sequidão.

Encontro água salobra...

Morreu o ribeirão.

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Everton de Sousa Silva - O Guerreiro Sombrio - Poesias Reunidas - 2013

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Humanidade

É dever conhecer o direito...

Saber encontrar o lado esquerdo;

Primar em querer o perfeito,

Entender diferentes trejeitos.

Confiar em sinceros momentos,

Aceitar emoções verdadeiras.

Mostrar incríveis sentimentos...

Ter alma guerreira.

Não falhar em buscar o bonito...

Nunca findar boas emoções.

Fingir não ver o risco...

Aprender o viver com grilhões.

Perceber mínimos detalhes.

Atender pedidos diversos.

Realizar planos aos milhares.

Desejar o bem eterno.

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Perseverança (15 de outubro)

Às nossas mentes trazem alento,

Ao nosso aprendizado, sempre atentos.

De nossa ignorância nos remir...

Em parte, responsáveis pelo nosso devir.

Oferecem luz à intelectualidade,

Nisso, têm grande habilidade.

Despertam-nos da letargia mental...

Grande passo para um pensamento social.

Sabe um afago dosar,

E na mesma proporção, nos exortar.

Ajudam-nos um futuro digno trilhar...

E, os tropeços no caminho, evitar.

Seu trabalho, nem sempre reconhecido,

Quase nunca recebem o valor merecido.

A eles, devemos nossa educação...

Pelo que fazem, têm grande paixão.

Representam à cultura...

Digo a verdade, com lisura.

Por reconhecimento devemos lutar...

Preservando a esperança ao laborar.

Nunca renunciem a essa profissão...

Que nunca se faça a dissolução.

Para nós, uma segunda família...

Sempre presentes em nosso dia-a-dia.

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Everton de Sousa Silva - O Guerreiro Sombrio - Poesias Reunidas - 2013

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Escolha...

Também a revolta me faz viver...

Para o mundo mudar, temos que fazer.

De nossa vontade,

Luta. Transformando sonho em realidade.

Não vivamos de imaginação.

Façamos uso da razão!

O podre é o comunismo...

Digo: Permaneçamos no individualismo.

Que seja eu capitalista,

Não há como de opinião eu mudar. Não insista!

O normal é ser diferente...

Por isso, também experimente.

Aproveito a vida à não respeitar leis...

É perigoso; não aconselho que façam vocês...

Estamos sempre em guerras...

A nós... Sempre deixam sequelas.

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Everton de Sousa Silva - O Guerreiro Sombrio - Poesias Reunidas - 2013

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Ao pôr do sol

Ninguém admite seu erro...

Nem após seu enterro.

Fazem de sua opinião um pretexto,

Nunca importando o contexto.

Deixam em palavras, implícitos...

Os problemas na realidade explícitos.

Ficam de mentes alienadas,

E sua inteligência roubada.

A vida, repleta de aparências...

Todas elas com consequências.

Destarte... Com repugnância...

Sinto-me farto, com ânsia...

Quero algo fazer antes do tardar...

Minha filosofia não pode falhar...

Com essa hipocrisia terminar...

Minha vida, assim mudar!

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Everton de Sousa Silva - O Guerreiro Sombrio - Poesias Reunidas - 2013

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Esperança de liberdade

Quero eu uma meta atingir,

Para tal, um caminho urdir.

Minhas forças renovar,

Sem me desesperar.

Minhas esperanças retomar,

Estando, assim, apto a batalhar.

Minh’alma não desguarnecer,

Não a deixarei adormecer.

Estarei vigoroso e valente,

Encorajado pelo que o humano sente!

Eu... Superior a devaneios...

Ainda que não a conter os anseios...

Afundo-me no leigo,

Apagado pelo medo...

Destruo o que ainda resta de incerteza,

Para, destarte, virar a mesa...

Eis que a destruição protelar...

O medo ainda obliterar...

Alar o pensamento...

Este é meu intento.

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O resumo do eu

Lá fora, o tempo é frio...

Existem sentimentos sombrios.

Possuo alma senil...

Num corpo pueril.

No bem e no mal, sou eclético,

Em relação ao espiritual, cético.

À procura de formosa figura,

Minh’alma à sombra da luz perscruta.

Por ocasião, o homem se faz fescenino...

Usa a astúcia de um felino,

Para fugir quando, de súbito, surge o dissabor...

De não encontrar, no jardim, para si uma flor.

Assim, é normal o coração se empedernir,

Se, de inepto, um amor não lhe surgir.

Inconstante, o grande torna-se ínfimo,

O que era incerto, num relance torna-se lídimo.

Esperando-me, o sentimento jazia,

E a lei de levantar, infringia.

Em suma, me considero hedonista...

Desse modo, longe de ser eu arrivista.

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Everton de Sousa Silva - O Guerreiro Sombrio - Poesias Reunidas - 2013

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Fragmentos enumerados

Escrevo frases mortas, sem sentidos...

Separo assuntos, formando fascículos.

Infinidade de conectivos eu utilizo,

Dando preferência a curtos períodos...

Minha linguagem denota sofrimento...

Através dela expresso o que se passa no momento.

Minha mente, desligada do mundo...

E bons pensamentos, no abismo profundo.

Minha vida, repleta de reticências...

Capturo o sentido das palavras desde sua essência.

O labor do poeta é pesado...

Ao esforço de operários comparado.

O viver da escrita é um rio que um dia seca,

Minha tristeza, no papel se projeta.

Fazer poesia é andar por brasa ardente...

Complicado é... Infelizmente!

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Everton de Sousa Silva - O Guerreiro Sombrio - Poesias Reunidas - 2013

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Em suma...

Tudo tem uma simbologia,

Encontrei a que eu queria:

Vejo a vida como um pedaço de papel...

-Quase sempre cruel. -

Cada um possui sua caneta,

-Parece que isto é besteira!-

O que escrevemos são nossas ações,

Tentando solucionar questões.

Nossas tentativas formam um rascunho...

-Mas todos sabem disso, suponho. -

Aquilo que é escrito, quase nunca é corrigido;

-Da vida, esse é o absurdo perigo. -

Pessoas que nos rodeiam são leitores,

-Funcionam quase sempre como inquiridores. -

Hoje, mais esta linha escrever eu consigo...

Desejo após, estar vivo!

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Fracasso gozado

Tentei escrever sabiamente,

Um versinho inocente.

Não o fiz corretamente...

O resultado foi deprimente.

De formas várias posso tentar...

Tenho muito a provar.

Se de resto não gostar...

Então, vá se danar!

Digo e não me ouvem,

Inflijo dor que não sentem!

Escrevo o que não leem,

Faço tudo, não me veem,

Nada é o que parece ser,

Tenho tudo a conhecer.

Faço isso com prazer,

O que me resta a dizer?

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Everton de Sousa Silva - O Guerreiro Sombrio - Poesias Reunidas - 2013

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Ao léxico

Ah!... Eu não queria:

Ter nascido pobre, feio e burro...

Sem saber o que deveria...

...Ou quando deveria cair de sobre o muro.

Queria não ter de levar o dicionário ao sair...

A pesquisar disparidades entre palavras supérfluas...

...E mesmo assim, não as compreender, fingir,

Acreditando em muros invisíveis, verdades incertas.

Gostaria de não estar de volta ao início...

Onde pensamentos anárquicos, me tomam por completo...

Meu orgulho... Transparente, alquebrado feito caco de vidro,

O medo, a vergonha assumindo o intelecto.

Mais uma vez o mesmo pesadelo...

Não consigo acordar.

Novamente o chão eu vejo,

Sem pernas, não posso de pé ficar.

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Goiânia, 17 de setembro de 2006, 12h00min:

O pensamento em confusão,

O espírito em desencontro.

Não mais ouço a razão...

Para tal, jamais estarei pronto.

Ah! Como desejo a morte,

Chego a pedi-la!

Sentimento se encontra torto...

Procurando feliz saída.

Aquilo que quero, eu não tenho,

Faço outro pedido...

Não desejo ninguém sofrendo,

O que mais se espera d’um filho?

Memória é tudo que resta,

Não recebo o que quero.

Nada espero, tenho pressa...

Assim, não tenho o que prezo.

Terminantemente longe!

Ficando o desespero.

Vermes, a felicidade come...

Antes, depois do enterro.

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Meu espaço

Não estou aqui, estou longe... Na morada das almas.

Não sinto pés e mãos... Vejo formas indefinidas...

Cores psicodélicas, luzes multicoloridas... Que pulsam.

Sinto figuras invisíveis: quadrados circulares, círculos piramidais.

Ando pelo cenário. Escuto gritos, gemidos, tristeza...

Tento decifrar imagens: Campos tortuosos, espinhos, labaredas,

Surgem sons: Explosões... Destruição.

Vejo medo, pânico, pavor. Ódio, choque e terror... Infatigados...

Das almas que nos dias escuros amedronto as noites claras,

Claras como antes eram os dias... Mudaram?

Vejo sonhos, atitudes mórbidas, imaginando onde estou.

Veem o que vejo: Lago de fogo, montanhas sulfurosas... Ferro em brasa ardente...

O caos, vício... Palavras escusas,

Convulsão, alienação, inimigos do Estado, realidade depressiva...

Delírios, insanidade, mentes corrompidas... Água e óleo.

Vejo pensamentos nulos, insensíveis;

Contemplo coisas das quais, em noites escuras, sentiria medo...

E hoje compartilho delas e faço sentir. Sou uma alma!

Palavras ao vento, morrendo o momento... Sinta o gelo na carne,

Paredes que se desmancham... Nuvens negras... Almas negras.

Relações em litígio, paranoia, ficção... Facção... Fricção.

Frases vivas, vontade própria; querem ser ditas... Escritas, lembradas.

Vozes no vazio, do além, aquém, retêm, confundem...

Dor, lástima, sofrimento... A inexistência do inexistente...

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Vida mal passada

O que será do homem quando a grande onda chegar?

Ninguém nos poderá ajudar.

Tudo ficará arruinado,

Tudo será devastado.

Muitos morrerão...

Mas do inferno, não passarão.

A bruxa está à solta,

Nessa vida, recordaremos a outra!

Do que veio e do que ficou...

Só lembrança na mente restou.

Estamos perdidos,

Para nós, há um perigo,

E está solto no ar...

Algum dia irá nos encontrar.

Até lá, ficaremos escondidos...

Aguardando nossos destinos.

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Convite

Quando morrer, não quero sequer uma lágrima...

Quero partir ao som de Metallica.

Daí crescerá da amizade à chama,

Deixando rolar o rock do Nirvana.

Lembrarão meu melhor...

Curtindo comigo o som de The Doors.

Uma grande festa será,

Se curtirem o metal de Black Sabbath.

Será para mim perfeito,

Se ouvirem, vindos do Hawaii, Os Engenheiros...

Lembre-se: esse dia será de chuva...

A homenagem ficará por conta de Cazuza.

Caprichem no sarau,

Curtam o verdadeiro funk com James Brown.

Que estarei do outro lado...

Curtindo de Ramones o som escrachado.

Sentindo umas “paradas” tristes

Ouvindo Aerosmith,

Curtindo a dor de corno

Sacando a porrada de The Cure.

Aproveitem, aumentem a cultura...

Pulem... Gritem ao metal de Sepultura...

Cortarei minha carne com 'Tramontina',

Vendo a luz de Iron Maiden que ilumina.

Por mais um olhar ao caixão aguardar,

Ouvindo Rage Against The Machine ao me preparar...

Para me despedir...

Um pouco de System Of A Down e sair...

Para terminar...

Um disco de Bob Marley e me enterrar.

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Lamentos na noite escura

Sou daltônico e cores eu não conheço...

O verde... Não sinto. O vermelho... Não possuo...

Vivo na escuridão, à procura de luz...

Escondo-me atrás de sentimentos; Ódio, desejo...

Não mostro o que em mim existe: o primata... Animalesco...

Sem futuro, estou imóvel...

O universo existe. Nele não estou...

De longe, observo o que se passa...

Na floresta o silêncio...

No mar a calmaria...

E no ar... Sussurra o vento...

Espíritos negros nos rodeiam...

Eles nada temem...

Nossa alma eles querem...

Não controlo o tempo, ele segue seu curso...

Pare. Sinta o gelo no ar...

Escute almas perdidas a lamentar...

A morte aguarda a todos...

Cabe-nos somente esperar.

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Poder! (Bush)

Rosas murchas, águas turvas...

O chão vermelho, o céu negro.

Então, é inverno no inferno, nevam brasas.

Um anjo caído voa com novas asas.

No meio da fumaça,

Surge ele. Abre suas retorcidas asas...

Voa pelo céu,

Rasgando dele o véu...

Faz o mundo girar,

Fará o fogo queimar...

Segue assim, do povo absorvendo medos,

Transformando-os em reais e tristes pesadelos.

A destruição é seu talento,

Para um mundo em desalento.

Fará da terra o seu reino,

Em suas concepções, será ele perfeito.

Ninguém se atreverá à com ele lutar...

Iremos apenas nos entregar...

O terror existirá...

O sol não mais aparecerá...

Em breve, deixaremos de existir,

Dessa terra, agora sumir.

Raimundos – Deixa eu falar (Só no forevis – 1999 – Warner)

Texto Bíblico: Apocalipse: 15, 16, 20: 7

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Leviandade

Frases faladas são invisíveis...

Seus poderes, mui destrutíveis.

O que dizemos e o que fazemos,

A todos reflete quem somos.

Alguns podem compreender,

Outros, jamais nos entender,

Quero acabar com essa monotonia...

Mudar os múnus do dia-a-dia.

O futuro é o hodierno,

E o passado é eterno...

Condiciona o presente

E caracteriza o que vem à frente.

O risco nos evidencia,

Assim, vivemos para morrer outro dia.

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Culpado ou inocente?

Sou imbecil, otário, um chato.

Das informações do mundo, alienado;

Em meu canto, fico parado,

Só comigo preocupado.

Se me acho um coitado,

Vivendo do passado...

A culpa é de quem?

Estando eu do mundo aquém?

Não pensando nos problemas que vão de mim além,

Sem nada fazer, esperando que as dificuldades acabem,

Se, após um acerto, desejo que me afaguem...

Chega! Não mais irei aguentar...

O pau da barraca agora chutar...

No mundo errado eu vim parar!

Quando esse pesadelo vai terminar?

Eu mesmo destruir...

Aqui deixar de existir.

Deixar o mundo meu comportamento impelir.

Meu futuro agora decidir...

Para mim, é ficar ou partir!

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Réquiem

Imagino quando esta dor terminará...

Assim, não dá pra continuar.

Cada dia, uma ferida diferente...

Que não cicatrizam, não importa o quanto eu tente.

Não sou o melhor, nem o pior. Sou poeta!

Com alegrias e tristezas meu dia se completa.

Sou terrivelmente inepto...

Já não quero este pensamento decrépito.

Não consigo me expor, sempre recuo...

Assim, minha humanidade eu destruo.

Doravante irei compor...

Deixando claro o complô.

Aos quatro ventos, gritar,

Não mais murmurar.

Quero me embebedar... Curtir o “barato”,

Assinar com o diabo um contrato.

Assar no inferno pela eternidade,

Ficar alheio à cristandade.

Lançar o indefinível...

Contemplar o plano indefectível...

Ler o indecifrável...

Realizar o improvável...

Resumir a vida...

Venha a mim atitude suicida!

Deixar de lado a crítica,

Repousar em minha cripta!

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Imagem depressiva

Desejo, vontade de morrer; sofrimento...

Finar, perecer, jazer; falecimento...

Dificuldade, imperfeição, medo; esquecimento...

Paralisia, letargia, ressentimento; tormento...

Alfarrábios, dor, dó; incúria...

O leigo, o ódio, o mito; felicidade fugidia...

Anosidade, afã, estultícia; animosidade...

Estupidez, ceticismo, jactância; falsidade...

Falhas de caráter, surrealismo; imoralidade...

Arear-me dessa sujeira, alienação; cristandade...

Insensatez, sofismas, veleidade; hiato...

Morfismos, perdas, destruição; fracasso...

Vender a alma, idiossincrasia, labéus; arcanos...

Vencer, destruir, aniquilar; falhar os planos...

Legado: podreira, insatisfação; palor...

Cultivar o pavor... Praticar o terror...

Perseguição, preconceito; calar-se... Ficar mudo...

Explosão, bola de fogo, o inferno; acabar tudo...

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Quem pode?

O sábio consegue ser paciente,

Isso, de modo algum se pode facilmente.

A esperança acabou,

Só a monotonia sobrou!

Piso a metros do chão,

Sem caminhos a seguir, soluções: onde estarão?

Na medida do possível, vivo;

Nesse mundo cruel ficar consigo.

Na imensidão do oceano me imagino...

Deitado, imagino o que será meu destino.

O céu para mim não existe.

De sofrimento o viver consiste.

Na mente, não tenho respostas,

Estarão em algum lugar expostas?

Não estou assim, simplesmente sou.

Ainda possuo um plano que nunca falhou...

Parece, mas não sou de ferro...

A cada momento, minh’alma enterro.

Sou o terror para mim e para o mundo...

Quero morrer... Esquecer este pensamento imundo.

Pareço, mas não sou o diabo...

É por isso que sou odiado.

Na vida é preciso sofrer...

Sofrer, simplesmente parte do viver.

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Verdade inexorável

Morto o espírito numa cruel luta...

Ao longe se vê em tua face o brancor.

Para este, não há sepultura,

Nem coro em gritos de dor.

Mais um fúnebre sonho...

Ecoam no vazio os gemidos,

Faz-se o dia um clarão tristonho,

Alma à procura d’um corpo perdido.

Pensas nos que a ti foram fiéis?

- Vejo agora tu impotente -

Perdoas os que a ti foram cruéis?

- Agora, desfaz-se teu corpo doente -

Não conseguem realizar tramas sonhadas...

Em tua mente, profundos porões...

Transformados em dores eternas...

Abrem-se da mansão de satã para ti os portões.

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Sentimento obscuro

Está atrás da inquietude

A revolta que existe...

Sem esta melancolia,

Limpo como o fogo eu ficaria.

Por este sofrimento...

Vivo em isolamento.

Um fantasma querendo estar de pé...

Quão horrível para você isto é?

Este desejo de morrer...

Faz-me às sombras parecer.

Cavalgo por campos que inexistem...

Insegurança e desespero de mim emitem.

Para sempre esquecer,

Este pensamento adormecer.

Já passou do tempo que havia de ser...

Eu, eternamente adormecer.

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A plenos pulmões

Ah! Meu mundo desmorona...

Mais uma vez. Tem sempre que ser assim?

Desejo apenas viver com honra...

Mas, tudo é diferente no fim.

Superado um obstáculo,

Outro maior aparece.

Será preciso ter eu um báculo?

A sustentar o corpo ao passo que a alma fenece?

Não terei respostas...

Ainda não desisti. Irei um dia?

Chega de indagações tolas, insensatas...

Não atearei fogo às vestes tal qual outro faria.

Relembrando tempos outros, respiro,

Nada é fácil, será mesmo preciso?

Palpitante, ofegante... Mas vivo.

A dor existe. E daí? Venha o que vier... Nunca desisto.

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Sussurros da discórdia

Aos quatro ventos viajo por toda terra,

Vigio tudo e nada, sem contentamento.

Nada sei da rosa mais bela,

Esqueço tudo, fechando o cenho.

Indolentes pensares a mente vem...

Aos ouvidos, ecoam

Incríveis falas, avisos do além.

Vozes dos que se foram.

Peço para que se vão à distância...

Não obedecem.

Raiva e êxtase a alma derrama,

Minha ruína é o que querem.

Tal qual Jeckyl e Hyde, duas formas do eu em mim existe,

Acumulados, o medo e o ódio fazem surgir a besta.

Raios de destruição a boca emite,

Nada impede que ela permaneça.

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Torpor

Mais uma vez aparece

Aquela nuvem no pensamento,

Descompassado o meu bem, enquanto o mal cresce...

Desafiador e horrendo.

Triste... Na sombria desilusão,

Vejo ao longe a carruagem de fogo.

O semblante pálido e parado o coração...

Por ter sido eu em vida tolo.

Invariáveis notas de dor

Forçam-me ao negro esconderijo,

Em nada mais vejo cor...

Somente a dor de silêncio o grito.

Fantasmas a me circundar,

Na solidão de escuros prados.

No negrume sinto um fixo olhar...

Vigiando meu espaço.

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O céu ou inferno?

Nesse momento, o que consumo é o tédio.

Tento tudo e nada, não acho remédio.

Daqui, apenas sei o que não quero,

Por isso peço, peço, peço...

Tua presença, - linda donzela -

Minha pequena, de enormes encantos...

Na face da escuridão, tu és a coisa mais bela,

Por tua distância, me encharco em prantos.

Sem e nada mais,

Contigo aos céus viajo!

Vós sois o carrasco de meus ais...

Somente tu, solidão, não me deixa solitário.

Isso tudo é nada.

O que sobra é a praga!

O nunca, esse sim é pra sempre...

Ausência e dor... Jorrando eternamente.

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Triste retorno

Pensamentos negros voltam,

Tão raivosos e negros como sempre.

Delírio e medo sobram

E perco a razão de repente!

Vejo impassível o caminhar de minha história,

Que não sinto ter final decente,

Pois, tudo o que mais prezo vai embora,

Ficando apenas o ar deprimente.

Ó deuses da vingança,

Clamo por teus poderes!

Coloque em minhas mãos a flamejante lança,

Para concluir meus odiosos dizeres.

Ó espíritos da destruição...

Que possa eu trazer a morte,

Sem pesar ou compaixão...

Cada qual à sua sorte!

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Infindo horror

Nas profundezas minh’alma grita...

Acorrentada à pesada âncora,

Por salvação se mostra aflita...

Mesmo que para tal não esteja pronta.

Assistindo a tal imagem,

Vis pensamentos à mente tomam,

Realidades execráveis de tais pensamentos nascem...

E, não mais à luz as ações honram.

Ó ilusão... Deixar-me só!

Contorce-me, retorce... Ó dor infame...

Fazes ponte... Encurta meu espaço... Do pó ao pó...

Não existindo sequer um leniente instante.

À espera de sorridente crepúsculo,

Vago em diversos erros...

O semblante tornando mais e mais duro...

Resultado da pena o medo!

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Numb(ers)

Poetizo vida e morte,

Acendo um cigarro, dois, três... Durante anos...

Abuso da sorte,

Vendo falhar meus planos.

Decepções? Sempre. Mas, duas grandes:

Sonho a passar na minha rua um trem...

Vindo devagar, distante,

Penso em atravessar, recuo, ele não vem.

Vivo acordado, sonhando estar dormindo.

Quando se dorme, não existe dor!

Vejo-me ao chão caindo,

Ca(r)regado de flor.

Ah! Três pedidos é muito pouco,

Desejo milhões...

Pensem o que quiserem. Às vezes, me acham louco...

Trocando vacas por feijões.

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Abjeto

Seja nem sempre ou quase nunca,

A verdade é que acontece.

Quando isso se dá à mente profunda,

Por resposta minh’alma apetece.

Eu, tal qual aplacófaro,

Resigno-me a não ter proteção.

E tudo aceitando torno-me cacófago,

Sem conhecer litúrgica missão.

O fim de meu fim diferido,

-Aguardo por divina visão-.

Aqui, a difusão do sofrer demente friso...

Enquanto vejo a simples oscitação.

Prezo o meio em detrimento do objetivo.

-Talvez seja o erro por qual pago! -

Vida pós-vida ao infinito,

Dores, flores, odores é o que trago.

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Trevas

A escuridão repousa em nossa mente,

O caos assola o mundo.

Crivam facas de modo inocente,

Tentam nos levar ao fundo.

Ao acaso, o ocaso nós encontramos...

Paixões vãs dominam nosso ser,

Em frases e atos erramos,

Tudo e a todos começamos a temer.

Ninfas castigam nosso espírito,

Imagens de terror nos atormentam.

Forçam-nos ao mal empírico,

Dor, ódio e medo às alimentam.

Aguardamos o sono eterno...

Onde nenhum sentimento influi.

Ficando apenas o amor efêmero...

...E nada mais que a isso contribui.

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Identidade

Sou o coveiro que já não quer inumar.

Sou o alcoólatra que não quer mais beber.

Sou o Apolo cuja biga solar não deseja puxar.

Sou o nuclídio que, de outro, não quer descender...

Sou o tribuno que direitos não quer preservar.

Sou o escrivão que não quer mais escrever.

Sou o guerreiro que não quer mais lutar.

Sou o mortal que já não quer morrer...

Sou o escuro que deseja desbotar.

Sou o nascituro que deseja crescer.

Sou o mudo que deseja falar.

Sou o eleitor querendo se eleger...

Sou o membro da decúria que deseja chefiar.

Sou o ganhador que deseja perder.

Sou o cidadão que deseja decretar.

Sou o incansável que agora quer jazer.

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Incrível

A felicidade nos torna idiotas...

Cegos e egoístas, para os outros viramos as costas.

É assim um sentimento duvidoso...

Só pensar em nós, um crime doloso.

Passamos a vida a procurar nela um sentido,

Ela se esvai sem encontrarmos um pouco disso.

Veio num momento da vida que prefiro esquecer...

Quando chegou, fiquei triste; não importa quanto estranho possa parecer.

A vida é sempre uma dubiedade...

Erguer-me-ei apesar da dificuldade.

Sou forte, não desistirei...

Não importa o quanto seja preciso... Sempre tentarei.

Tomado pelo medo...

Não sei ao certo o final desse meu enredo...

Ando pela sala, e deitado me vejo...

Sigo andando... Acompanhando o cortejo!

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Déjà vu

Oh! Silêncio que a noite orvalha,

Oh! Solidão em campos findos,

Vinde. Oh! Dama da madrugada...

Espero-te nas épocas de tempo ínfimo.

Na noite em ti penso.

Esqueço-te nos dias de humor denso.

Procuro-te nas tardes de amargo sofrimento.

De ti, oh morte, eu fujo... Aguardando o melhor momento.

Abandonado por quem amo:

Eu, o silêncio... E de pedras o muro...

Não respondem quando chamo,

Aos teus ouvidos, continuo mudo.

Quem sou eu a falar da vida os fatos?

Sequer falo de beleza ou sorte.

Por isso, cruzo os braços,

Aguardando o melhor momento... De ti eu fujo, oh morte!

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No final

Àqueles que não se lembram,

Eis que me apresento:

Sou aquele do qual o nome sempre erram...

E gritam ao ver ser tão horrendo.

Sou o inominável...

Aquilo que todos temem.

A presença desagradável,

E... Conhecer-me? Não querem.

Força obscura solta no ar,

Ubiquidade nos campos e cidades...

Sempre vítimas a procurar...

Noticiam meus feitos nas manhãs e tardes.

Sou o negro espírito da noite...

Você não mais vê os que a mim veem!

Figura mítica de arma a foice,

Amo a dor que outros sentem.

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Da aurora ao crepúsculo

Nasci numa noite escura,

Mui cedo, descobri minha bravura.

Com espírito malévolo e negro

A todos impus o respeito.

Na manhã atroz vi o sol a beijar a terra...

O tempo a passar, devorando o dia como uma fera.

A noite chega... Em casa me sinto,

Aguardando o pior e praticando o mau eu sigo.

Pouco a pouco entro em estado de estafa,

Ficando um pouco estafermo como não estava.

Dias, tardes, noites... Um círculo vicioso...

Contrário ao comum, um ser selenitoso.

Sonhos, todos tentamos gizar...

Pequenos pedaços totalizar...

Novos erros inventar...

Deitar e, eternamente, de tudo me desligar.

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Embalagem reciclável

Hoje, (relutante) escrevi de minha vida o prólogo...

Da fuga em fazê-lo, sinto-me arfando...

E com a experiência fico perigosamente estoico,

Fingindo ao fingir arcanos.

Ao descobrir essa capacidade, fico surpreso,

Surpreso em demasia...

Aí, dos problemas me esqueço,

Coisa que em estado normal jamais o faria.

Sendo eu um símio no zoológico, tratam com deferência...

Meu corpo se mostra íncubo,

Não me sinto aqui fazendo alguma diferença...

Em meio à súcia, com o espírito súcubo.

Presencie a sudação, nascente do mar.

Transido de maus momentos seria este mais um,

Fecho os olhos... Vejo mil aspirantes a me subjugar.

Nem tente adivinhar; Morte... Este é meu final comum.

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Desistência

Olhos voltados ao teto...

Lápis, papel na mão.

Começo a escrever o que espero...

Da morte, da vida sem satisfação.

As palavras se acabam...

Volto os olhos à parede;

Nela, vejo alegrias e dores que não se dividem, somam.

Acordo assustado, sangue no tapete.

Agora estou de pé,

Ouço estórias sobre religião...

Coisas nas quais não ponho fé...

E que a mim, nunca impressionarão.

Novamente a cama encontro,

Não espero levantar...

Não importa se é sonho,

Jamais quero acordar.

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Inferno natural

Vagando por lugares incertos...

Não consigo vivenciar o real.

Na imensidão de meu pensamento, fico perplexo...

Imaginação em brumas de ácido surreal.

Em meus ouvidos, melodias do caos e destruição...

Em meus olhos, cenas desse umbrífero pesadelo;

A ideia em circunvolução,

Já vendo meu corpo em estado cirrífero.

Fecho os olhos, vejo outros iguais a mim...

Pagando por delitos e atos errados...

Perdidos, envoltos em trevas sem fim.

Relembrando antigos fracassos.

Sinto-me na caverna de Platão,

Cego e petrificado pela luz.

Sofrendo por minha inatenção...

Sigo o caminho... Até onde conduz.

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O guerreiro sombrio

O dia se transforma em noite,

O cavaleiro das sombras nos observa...

Torna amargo o que era doce,

Então, seu poder se manifesta...

Trazendo ao mundo a destruição,

Moldando a terra como seu lar.

Tu és mestre da perdição...

E tudo irá arruinar.

Oh! Cavaleiro alado... Mestre de todas as dores,

Orienta meu espírito à eterna perdição,

Mostra-nos teu jardim de negras flores...

Traga ódio ao meu coração.

Tua asa negra me conforta,

Único prazer na solidão.

Manténs-me longe da celeste porta...

Vá! Faça uso da espada em tua mão.

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Pesadelo Autoritário

O inferno e seus demônios...

Com desejo de vingança,

Assombram nossos sonhos;

Destruindo a esperança.

Um rastro de terror nos cerca...

Com ele, a dor e a vontade

De trazer ao mundo a eterna guerra.

...Enviados de satã governam nossas tardes...

Figuras míticas na triste-real imagem

De pesadelos em visões táteis.

O corpo em decomposição a mente nos traem,

Levam almas de indivíduos frágeis.

Controlam mentes com cordões invisíveis,

Renda-se ou morra! É o que dizem...

Colocam em nossas mãos decisões difíceis,

O direito à escolha, não nos permitem.

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Recipiente

Tenho a noite como companheira...

Divido aflições...

De uma vida inteira...

Somem dos medos as razões...

Possuo identidade canibal...

Um orgulho insano...

Instinto animal...

Em sorriso profano...

Capacidade bestial...

A profunda escuridão...

Um pensamento amoral...

Em mim todos estão...

De tristeza falo...

A tudo tenho odiado...

Rebeldia sempre a meu lado...

Aqui o sofrimento sacramentado...

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Medo insistente

Murmúrios ao calor do sol,

Gritos na escuridão,

Do mar avisto o farol,

Iluminando a negritude da solidão.

Sou confiante. Posso conseguir...

Estou forte, não desistirei...

Doravante, minha vida decidir.

Não importa o quanto seja preciso... Sempre tentarei.

Aguardo o que vem por aí,

Ficarei quieto, não vou me mexer.

Ouço passos... Alguém a me seguir,

De medo estremeço; espero-o aparecer...

Uma ilha de solidão,

Sofrimento em ambíguas cores...

Palavras em vazia paixão...

Fazem-me pensar em negras flores.

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Ao leito

Timbó sagrado cipó,

Cuja seiva nos leva-à-dor,

Batemos asas junto ao Curió...

Tuas folhas, nosso cobertor.

Cânticos em’luaradas noites,

Espíritos velam sonhos.

Visões de variadas cores...

E reis deixando seus tronos.

O espírito se esvaindo do corpo,

Voltando à casa do criador.

Deixando para trás o velho e o novo,

Restando da escuridão o pavor...

Viagem secreta rumo ao final...

Onde tudo o mais cessa.

Restando somente a notícia no jornal...

E outras coisas, que a mais ninguém interessa.

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Longe do céu

Feliz daquele que controla o tempo...

Induzindo, conduzindo cada momento.

Não tenho poder sobre minha saída...

Em tenra idade, não possuo vida.

Cada instante, como o último;

Nem sei qual combustível consumo.

Cercado como do castelo um fosso,

Estou quase morto.

Ainda vivo...

No caminho, sigo sozinho...

Nem sei, portanto,

Até quando me enxugarei o pranto.

O som que ouço é aquele das almas... Distante.

Não quero mais este pensamento infame.

Neste imundo mundo preso estou...

Já nem sei quem sou.

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Circo malévolo

Demônios sobrevoam a morada do espírito,

Incógnitos na sombria névoa do pensamento,

Um tanto disforme se mostra seu corpo esguio...

Fazem uso de momentos efêmeros.

Nascituros de vis devaneios,

In albis se mostram tolos.

Imagens vãs, nas quais não creio,

Ainda ouvindo de sofrimento o coro.

Dos lábios emanam labéus,

Gritam o ardil por entre as dores,

Guardando arcanos sob os sete véus...

Apenas um uso há para perfumosas flores.

Desconhecem a pragmática da sociedade humana,

Usam jactâncias em momentos lábeis...

Tornamos-nos músicas para suas danças,

E marionetes em movimentos hábeis.

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Funesto olor

O espírito esfacelado pelo desgosto,

A alma distante, com um ébrio andar.

Impossível se faz reconhecer um rosto...

E na margem, um indistinto paladar.

Notas de visões amadeiradas...

No pesadelo vicioso destas obras fúnebres.

Espírito e alma por outras vigiadas,

Tornando a morte o único final simples.

O terror das noites na escuridão...

Sem meu anjo a me visitar.

Corpo e espírito não mais em junção,

Somente o triste e puro pensamento, sozinho a vagar.

Sombras nos cercam...

Sangue é o que sinto!

Anjos e demônios nos testam...

Jogando com nossos destinos.

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Universo ao contrário

O tempo escorrendo por entre os dedos,

O medo em ouvir apelos,

O bem que vem com o a pressa...

O imaginário no tempo que resta.

A demora em atender,

A vontade em não entender.

A inobservância do que é de Direito,

A palavra procurando um local perfeito.

Saborear o que é bom...

Saber adequar o tom.

Sentir o frescor na manhã de sol...

Segurar-se, não abandonar o lençol.

Fazer o que é melhor...

Fingir não conhecer o pior...

Findar o que era infinito...

Falhar ao querer algo bonito...

Lentidão de pensamento,

Limite entre felicidade e sofrimento,

Liberdade ao acessar coisas expulsas,

Levar à frente as coisas escusas.

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Assumindo o erro

Dedico esta aos amigos...

Aos novos e antigos.

Mesmo sentindo que tenho falhado...

Em não responder do destino o chamado.

A voz da razão eu não consigo ouvir...

Em me esconder da claridade continuo a insistir.

Sinto o tempo a passar,

E, junto a ele, teimo em não avançar.

Não aproveito quando surgem oportunidades...

Estendo-me em omitir minhas realidades.

Sou como uma folha ao vento...

Vou até onde levam. Isso é um tormento.

Devo... Quero tomar uma atitude,

Não é fácil. Não sei se consigo; até hoje não pude.

Estou paralisado; vários motivos... Vários caminhos...

Apenas me vejo no espaço, flutuando sozinho.

Não sei ao certo a imagem de minhas ações para outros...

Penso apenas nos proveitos, que são poucos.

Apesar de minhas ideias serem comuns...

Sinto-me como um tubarão, junto a atuns!

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Fastio

Estou cansado de ser e pertencer.

Cansado de parar e não mudar.

Estou cansado de merecer e não crescer.

Cansado de falhar e me calar.

Estou cansado de poder e não entender.

Cansado de machucar e não me curar.

Estou cansado de pender e não vencer.

Cansado de falar e não me pronunciar.

Estou cansado do pavor e do terror.

Cansado de cair e não me partir.

Estou cansado do calor e do não dispor.

Cansado do fingir ao não conseguir.

Estou cansado do torpor e do olor.

Cansado de impelir e de sentir.

Estou cansado de me recompor ao ver a dor.

Cansado de dividir, quero sair.

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Erro

Estou longe, distante; desigual.

Longe dos amigos, diferente; distante de mim...

Triste, infeliz... Anormal.

Olho para trás, vejo o chão cor-de-carmim.

Naqueles longes não me vejo.

Um mensageiro que se perde sozinho...

Que sai na escuridão encontrando o medo,

Deixando tudo pelo caminho.

Tenho a solidão como companhia,

Sinto que há muito me abandonaram...

Se fosse diferente, não me importaria.

Vejo que em nada facilitaram.

Não me importo com a razão,

Ela não me interessa.

Ando sempre na contramão,

Ando sempre com pressa.

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Sentimento destilado

Ninguém sabe,

Ninguém vê.

Por mais que eu maltrate,

Nunca doerá em você.

Ninguém sabe de tudo...

Na verdade, não sabemos nada.

Prefiro continuar mudo,

Escondendo minha asa...

Negra como a noite...

Que aparece de súbito...

Na alma um açoite,

Destruindo o translúcido.

Aguardo por melhor alternativa...

A atual se mostra falha.

Sei que devo tomar uma iniciativa...

Não mais me equilibrar... No fio da navalha.

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Crivos inexpugnados

Um dia de réu...

Um dia humano.

O sabor do fel...

Em pensamentos profanos.

O olhar sombrio...

Ações inesperadas.

Na espinha um frio...

Palavras não encontradas.

O vento não tem sabor...

A água nunca teve gosto.

O medo... Mais um fator...

Escancarado em meu rosto.

Desilusão é tudo o que tenho...

Mil sentimentos em contradição.

Nada sinto além do vento...

Acabo por perder a razão.

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Se não pode com eles... Junte-se a eles!

Tudo me apresenta deturpado,

Azar no jogo... Azar no amor.

Olho a totalidade, de lado a lado,

Nada vejo além do dissabor...

...Presente em cada rosto, em qualquer parte...

...Seja aqui ou no paradisíaco espaço da morte/de marte...

...Que mostra sua odiosa face, a cada manhã...

...E, na fuga desta triste realidade, me encontro afã...

Dizem que devemos obediência

Às leis humanas e divinas.

Cito a objeção de consciência!

Quem decide sou eu. A ética é minha...

...Mas, não aceitam tal pensamento...

...Nunca entendem meu tormento...

...Juntando-me à tola realidade...

...Jogo fora minha identidade...

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Via de mão única

Maus pensamentos me assombram...

Temo a visão que tenho.

Não a que outros vislumbram,

Escondida em meu pensamento.

Causo a repulsa, medo...

Possuo um lado obscuro.

Mantenho tudo em segredo,

Criando em volta um muro.

O pranto persiste,

Nada me felicita.

Dor, medo é tudo que existe,

Não restando outra saída...

Imagino-me num quarto trancado,

Objetos perfuro cortantes ao lado,

Antevendo o resultado...

Um corte ao braço faço.

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Minha realidade

Muitos sóis já se passaram,

Desde a última vez.

Muitos já te olharam...

A incrível beleza da tez.

Eu, inconsistente como o vento...

Já não me importo com o certo.

Desisti há muito tempo...

Não quero ninguém por perto.

Corda bamba não faz meu estilo.

Não sei qual o faz.

Isso agora é vício...

Isso não me apraz.

A realidade é triste e escura,

Viver na fantasia, uma saída.

Vida com você... Alegria pura...

Felicidade sem ti... Não tenho nessa vida.

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Melancolia

Sonhando passeios à nau...

E este vento, que delícia!

Contigo fugir deste sombrio Val,

Lembrando carícias.

Morder a gostosa pimenta que não arde,

Tocar-lhe o lindo corpo

Numa formosa tarde.

Sou assim, minha rainha, de sua corte um bobo.

Doce chuva, que possibilidade me traz?

Será para mim uma tarde feliz?

Com você... Tudo me apraz...

Sem você... Nos olhos um chafariz.

Que belo sentimento este me parece!

Mesmo que não o seja... Dele gosto.

Meu corpo mais ação ele pede...

Certo que não terei; aposto.

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Minha luz - Idiossincrasia

Sem medo, ultrapasso a 180 numa curva.

Contigo é diferente...

Entro em pânico e a visão torna-se turva.

Se estiver longe, de você fico carente.

Poderia eu falar do corpo,

Poderia eu falar do sentimento,

Não quero nem um pouco...

Escancarar meu sofrimento.

Quando estou ao teu lado...

Tenho tanto a dizer e por onde começar?

Fico hipnotizado...

Nem sei como explicar.

No ar somem palavras,

Frases perdem o sentido...

Transformando-se em charadas,

Então no escuro fico.

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Ócio... Depois o ósculo!

Às vezes, perder é ganhar...

Isso se chama experiência.

Podes não chegar a nenhum lugar...

Lembre-se apenas do prazer, da leniência.

A solidão à noite perscruta...

Procurando o perdão,

Vagando na rua escura...

Veem o medo em teu coração.

Seu pensamento me parece inadequado...

Quero retirar essa situação do óbvio...

Assim, o bom não se torna errado...

Certo me parece o ósculo.

O entendimento é diferente a cada um...

Ele serve ao Direito.

É pra embebedar que se toma rum...

Pra mim, isso é o perfeito.

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L’amour

Lágrimas na voz...

Sinto que a distância existe.

Juntos, ao mesmo tempo sós...

Única razão que me mantém triste.

Olho ao lado...

Não a vejo.

Meu sorriso ameaçado,

Por não ter seu beijo.

Penso no que sou...

No que seria.

Não me prendo ao que passou,

Não faço o que antes fazia.

Meu tormento é a solidão...

Junto a um largo sofrimento...

Vives em meu coração...

Para mim, um amargo sentimento.

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Declínio

Nada devo a outros de minha raça...

Nem a nada que por aqui anda,

Chorando meus lamentos à noite na praça...

Vem teu nome em minha mente. Oh santa.

Lembro-me do brilho estonteante em teus olhos,

Que hipnotizavam...

Agora tenho apenas meus remorsos,

Por saber que meus lábios... Um dia os teus encontraram.

Oh dor que meu peito aflige...

Tu és meu castigo!

Por teus chicotes, oh carrasco, manténs-me triste...

Na procura d’um seio amigo.

Ainda não é tarde,

Não consigo ver-te diferente do agora.

Sempre tua imagem meu sonho invade,

À noite... Ao romper da aurora!

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Utopia

Na manhã de sol...

Desejo ser imortal,

Para ver e colher d’outros o prol,

E ver a humanidade imoral.

Ver formigas a trabalhar...

Dia e noite, vice-versa.

Enquanto outros a descansar...

Tal qual gato persa.

Ver crescer meu vocabulário pela eternidade...

Utilizar palavras inúmeras.

Ter certeza de que mudamos nossa realidade...

E que a consciência não se tornou efêmera.

Passar noites de céu azul,

Ver morrer os poucos inimigos.

Conhecer aqui e lá. Norte e Sul...

Cultivar (os iguais a você, leitor) bons amigos.

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Ventura

É dever construir a felicidade...

Com mãos e espírito.

Ou quando acordarmos... Será tarde,

E o jogo estará perdido.

Compreenda que és feliz...

Quando sentirdes bem.

O ruim está por um triz...

Se não fordes atrás... Sozinha ela não vem.

Reconheça sua existência...

Quando superar dificuldades.

Nunca crie a desistência...

Ou arrepender-se-á pela eternidade.

Queira bons relacionamentos,

Aproveite a vida, cultive amizades...

Desfaça-se de maus pensamentos,

Não sonhe... Viva a realidade.

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Busca microscópica

Na lúgubre janela do sentimento,

No abstruso âmago do meu ser.

Na aurea mediocritas de um abúlico momento...

No pensamento dúbio e dileto. Impossível de se prever.

Na visualização do meu corpo o palor,

No formoso dia de verão,

Na tristeza sentir o dissabor...

No ver da perfeita escuridão.

Na beleza profunda do céu azul,

No sentir do espírito dormente.

Na verticidade do parco pudor dos ventos do sul,

No sabor da dor existente.

Na letargia da noite bravia,

No negrume perfume da morte a flor...

Na amargura do odor de ódio que inebria,

No sublimar das tardes de incomparável dor.

Na manhã, lembrando aquele pensamento demente,

No entardecer, olhando o que perdia,

Na fúria do sofrer ao ver o mundo doente...

No segredo da devassidão, encontrar a calmaria.

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Brasão

Nas madrugadas em ti penso...

Lembrando tardes de doce amor.

Não esqueço quando tento,

Sonho ser de seu prazer o feitor.

Contigo em meio a doce relva,

Despetalar-te... Oh linda flor...

Embrenhar em tua selva,

Sentindo da brisa o frescor.

Se me deixar em noite fria,

Não quero nenhum cobertor...

Meu coração se quebraria,

Por não aguentar tanta dor.

Vejo-te em sonhos,

Neles, a beijo.

Depois do prazer sórdido,

Proteger-te-ei como o emblema pelo veiro.

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Minha pequena!

Um riso de baixa estatura...

Tudo que procuro sem gastar espaço.

Uma gelatina nessa vida dura,

Tesouro achado ao acaso.

A visão do céu, neste inferno que é a terra...

Minha monotonia com gosto de vinho.

Fácil como carregar pedra...

É tê-la em meu ninho.

Quero aquilo que rima com dor...

Aquilo que nos traz felicidade.

Desfazer um pouco o horror,

Na verdade... O verde arde.

Esperar dias por um olhar

E com isso, não me satisfazer.

Coisa de momento, unidade em hum-milhar,

Tudo o que não queria ter.

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Esperança

A dor não mais persiste...

Outro sentimento seu lugar toma.

Minha alegria o céu permite,

Meus suspiros têm nova dona.

Ó musa de meu ébrio caminhar

Só tu viajas em meu pensamento...

Minha boca, por muito a tua há de beijar,

Que não seja sonho, esse sonho de momento.

Ah! Donzela, delicada qual uma flor,

Desejo ser tua estufa, teu viveiro,

Protegendo-te de toda a dor...

Tornando-me contigo inteiro.

Descubro algo há muito esquecido,

Um sentir de difícil explicação.

Palpita o coração outrora adormecido,

Que não seja isso apenas doce ilusão.

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Recomeço

Tenho novamente a chance

Que não devo deixar que escape.

Ainda que a dor se mantenha grande,

Mais uma vez meu amor renasce.

Tudo agora vendo de outra forma,

Creio ser esta minha realidade.

De paixão meu peito transborda,

Querendo concluir vontades.

Ah! Complete meu viver...

Esteja comigo sempre!

Tua presença é o que necessito ter,

Nada mais desejo à frente.

Oh! Minha rainha, minha flor...

Faça comigo o paraíso.

Que seja meu o seu amor...

Pois isso é tudo que preciso.

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Do amor incondicional...

Só uma mãe tem para seu filho

Ou Jesus quando a cruz perdoou...

De meu amor por vós não desisto,

Mas, em nenhuma destas categorias estou.

Amor... O mais puro dos sentimentos.

Mistura desregrada de carinho, afeição... Loucura,

Inconstante, de ponta a ponta sigo (ainda) vivendo.

Se ora ajo descontente, saiba que por ti tenho ternura.

Análogo ao avião não sou, mas, sim ao navio.

Ao qual viajas na direção do vento...

Notas que aceso está meu pavio,

Por não entender razão de tal tormento.

Quem em tudo crê se torna alienado.

E, profundamente, me considero ser pensante.

Nada p’ra mim se encontra claro...

Por favor, acenda a luz, por um só instante!

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Parónymus

O fato e o afeto,

O vau e o aval.

O certo e o séquito,

O mal e o anormal.

O clero e o claro,

O falso e o fausto.

O osso e o aço...

O salto e o assalto.

O cromo e o acromo,

O posto e o aposto.

O tomo e o átomo,

O gosto em agosto.

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Ira

Falas. Não te escuto.

Ouves. Estou mudo.

Queres que a veja, sou cego...

Se perguntares por verdade, nego.

Para que chorar, podendo sorrir?

Para que ficar, se podes sair?

Por que o real, podendo sonhar?

Por que continuar, se podes parar?

Por que aceitar, se podes questionar?

Por que falar, se podes calar?

Como podes minha falta sentir, se estou aqui?

Por que cobras meu amor, se vivo por ti?

Sentes medo... Meu sentimento por ti não se desfaz...

Isso é loucura, delírio, nada mais.

Respondas! Se for capaz...

Pois o silêncio... Este não me apraz.

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Psicodemia e caos

Em batalha sobrenatural...

Guerreiro assim, nunca se viu igual.

Naves em espaço desigual,

Perdido... Sem nenhum poder paranormal.

Lutando com armas invisíveis,

Vendo caras, carrancas desprezíveis...

Nocauteando com golpes incríveis,

Tendo desejos impossíveis.

Sonhos de igualdade,

Destruindo a pacificidade,

Rejeitando a realidade,

Assistindo a passividade.

Eu sou o onipotente.

Deus da guerra, O potente.

Senhor do passado, futuro e presente.

Aniquilando tudo à minha frente.

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Embriaguez

Lugares, olhares, coisas afins...

Frases em bares, a madeira e seus cupins...

Favores, dores, no mundo a anomia...

Cores, amores, do pensamento a anemia...

Deixar-se corromper. Ontem, hoje... Noite e dia...

Mudar a realidade... Negra, vazia...

Contar passos numa longa viagem...

Pesquisar melhores remédios, errar na dosagem...

Destilar o veneno e não saber usá-lo...

Cortar-se no banheiro; sangue pelo ralo...

Destruir o caos e o anormal...

Rezar para que nunca cheguemos ao final...

Desejar um dia diferente...

Olhar para trás, mas seguir em frente...

Lutar por feliz destino...

E jamais abandonar o caminho...

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Aceios

Se tiveres enxaquecas, pense em mim e ficarás boa.

Em dia de forte chuva, qualquer tempestade transformar-se-á em simples garoa.

O impossível para mim não existe,

De modo algum a quero triste.

Olhos úmidos de saudade,

Não mais aguentando a vontade...

De tê-la em meus braços,

Contigo sobreviver ao ocaso.

Saboreando minhas lembranças vou seguindo...

Pelo sabor de teus beijos ainda pedindo.

Lutar por causas perdidas...

É pedir pra sofrer nessa vida.

Parado, tendo a solidão como companhia,

Não vejo razão no sol do outro dia...

Pensando nas palavras mal-ditas ou bem-ditas com má intenção...

Não usar armadura, flecha no coração.

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Múnus letárgico (canis domesticus)

A leniência dos prazeres inexistentes...

O gosto e o desgosto a ele atinente.

A constante maquilagem da realidade...

O disfarce para anular a real improficuidade.

A tentativa... A falha em sua égide,

O amor, a verdade que fenece.

A ironia, a falta... A opulência...

O desespero e, na carne, a dormência.

A dificuldade antes do desprezo...

O ódio e o sentimento de desterro.

A culpa na obrigação do fazer...

O falar... E o nada dizer...

A disritmia de pensamentos apócrifos...

O limite de atos mórbidos,

A dor que o valor não cobre...

O desejo em encontrar um sentimento nobre!

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Nulidade

A mais e mais ando parado,

O cúmulo acumulado em dias escuros.

Deixar-se definir cada estado,

Somar, diminuir... Até que tudo se torne nulo.

O presente é um furo no futuro... *

E o passado nos atormenta.

Plante a arvore, depois virão os frutos...

Usando a mente, o abismo será uma pequena fenda.

Sonhos as facções humanas obliterar,

Ver o espírito se guarnecer...

Quando eu, da vida retornar...

E o fim, enfim se prever.

Se em momentos eu fraquejar...

Perdendo minha mestra viga,

Ou, se no espaço eu divagar,

Hei de acionar o paraquedas de minha vida!

*Obs.: Raul Seixas e Marcelo Nova – A panela do diabo

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Catalana...

O pior momento na vida de um roqueiro,

É quando partes d’uma canção se tornam um inteiro.

É ter qualquer perfume transformando-se em lembranças,

Mesclando com a incrível dor da distância...

É ver a razão de sua existência perdendo o sentido...

Com a saudade de bons momentos idos.

É saber que imagens na memória logo se vão...

Restando novamente, aquela mesma solidão.

Expandindo significados de palavras: tristeza, amor,

Razões certas, motivos errados; o bom e o ruim que nos causa torpor.

Acredito em vidas passadas! Já senti o sol em teus olhos...

A vida vem e vai; o destino nos usa em teus jogos.

Tente não mais chorar... Sinta o bom, deixe o resto de lado.

Viva a beleza da vida. Não se desiluda com o fracasso...

Milagres podem acontecer... Se acreditar!

Desejo-te nada mais que o melhor, deixe o vento de mim longe a levar...

Se conheceres o bem, feliz contigo estarei. Não deixe solta a brida

Que rege teu futuro, mostrando da escuridão a saída...

No fim, apenas uma certeza fica:

A dor existe, enquanto houver vida.

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Pela eternidade...

Seus olhos mágicos... Hipnotizam...

Uma visão do céu.

Em momentos de dor,

Lágrimas podem cair...

Lembrando doces tempos.

Então, nos vemos no paraíso,

Na imensidão da felicidade eterna,

Henoteísta em você eu me torno.

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O papel e a parede

Aqui, guardo meus segredos;

Em poucas linhas, escondo meu amor...

Aqui ficam todos os medos,

Milhares de gotas no oceano de minha dor.

É onde falo de você...

E de todo meu sentimento;

Onde falo do que quero ter...

...E do quanto ando morrendo.

Novamente lhe abraçar,

Sonhos contigo realizar,

Em seu rosto, outros beijos deixar.

...E juntos, novos erros inventar.

Sentado no quarto fechado respiro,

O ar embaçado clama por ti.

Pela certeza de revê-la é que resisto,

Tudo o que mais quero é tê-la aqui.

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Creio ter lhe dito tudo.

Tudo que quero e posso te dar...

Ainda assim seu coração se mostra duro,

Não sei mais o que faço para que isso possa mudar.

Resta agora um sopro de esperança:

Que você recobre a consciência

E valorize minha perseverança!

Pois de você, estou em abstinência.

Nada mais posso fazer,

Senão aguardar.

Aguardar e ver...

Ver e acreditar!

Gosto de você e você de mim.

Então, por que ignora?

Não entendo o motivo de ser tudo assim,

E, para isso se resolver, não vejo a hora.

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Desejo reticente

Em teus seios, viagem infinita,

Em teus beijos... Motivo para a vida.

No rosto, raios de sol,

Do corpo... Eu o lençol.

Seu riso, a canção que desejo ouvir.

Sorriso... Carinho ao partir.

Minutos de silêncio que valem um discurso,

Faces da verdade, em mentiras que me deixam confuso.

Foi-se, embora ao longe...

Contigo, também minha felicidade some.

Invades minha visão,

Prendes minha atenção,

Roubas meu coração,

Deixando-me sem ação.

Depois fico só...

Do pó para o pó.

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Areia e sol

Esperando encontrar-te... Procuro,

Da necessidade em rever-te, fujo.

De minh’alma, procuro o prumo...

Melhores frases para dizer-te estudo...

Relembro na madrugada aquela tarde,

As areias anárquicas... Levante da fantasia,

O silêncio minha música invade,

Palpitante, imploro pela voz a que ouvia.

Desapareceu sem dizer uma palavra,

Com tua ausência, não penso mais em nada,

Aprendi que a felicidade é rara,

Por isso é que peço tua presença, oh fada!

Nos olhos, somente a monção plácida

Revela meus leais encantos.

Poder corar-te as faces pálidas...

...E confidenciar meus reais planos.

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Sentidos

Cego, somente por mantê-los fechados...

Surdo, apenas por não querer ouvi-la...

Não mudo, pelo sabor do momento e querer do acaso...

Insensível... Não obstante pelo sentimento; meu amor, minha vida...

Desejo o voltar do tempo...

Poder reviver ardorosos encontros...

Onde você era o “gênio da lâmpada”...

E eu, arquiteto de belas flâmulas.

Guardo meu amor nestas linhas...

Peço que as aceite.

Não se torne do verde a assassina...

Feliz, apenas fui quando comigo esteve.

Deitado, ao teu lado ainda me vejo...

Não estar contigo é meu medo.

Sei que tenho de correr o risco,

Pois, tê-la aqui... É o que mais preciso!

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Cigana do meu olhar

Não sinto simetria em tua presença,

Tão seca-mente a meus olhos vindes.

És a dor que assola minha existência,

Mui doce mente, a quem não amá-la finge.

Quão mera, cega, megera, é tua atenção!

Magoas ao trancar-me de fora.

Gélido, pálido, jazido ao chão,

Enquanto mais uma vez vais embora.

Oh! Querida rima do sol,

Sem ti, não tem ele o mesmo brilho.

Preso, fisgado, qual peixe em teu anzol...

Sonhando em reconhecer teu riso.

Prefiro um beijo a um poema harmonioso,

Preferes deixar-me com a segunda opção.

Nem te importas a passar comigo um momento primoroso...

E ser (e estar em) meu coração.

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Sem o majestoso toque...

O frio calor de tua pele... Em meu corpo, ainda sinto,

Frases sem palavras... Sigo ouvindo.

De sua inexistente paixão sou alvo predileto,

Tão alimentado por seu amor, estou esquelético.

Estás em qualquer lugar senão aqui...

Eu sempre a sonhar e desejar a ti.

Nietzsche estava errado...

Só vejo a angústia e horror em meu fracasso.

Oh! Ninfa, personificação de meus sonhos secretos,

Encarnação de meu desejo eidético,

Mesmo à distância, brilha tua luz, oh! Estrela divinal!

Nos inocentes enganos da vida tropical...

Tressua meu corpo em noite vazia,

Encontro no intelecto, a companheira que queria...

E pulsa mais e mais meu coração...

Nos sonhos da vida, a fada de meu amor, no véu da escuridão.

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Virtudes

Oh! Pensamento dileto,

Guiar-me-ei pelo dialético...

Embora o vão do azo

Seja uno ao meu fracasso,

Não deixarei solta a brida

Do conjunto antídoto da vida.

Mesmo sendo meu caminho tortuoso,

Daqui... Sairei vigoroso;

Não declarado o momento propício

Para a cura do peito aflito,

Alfarrábios em tempo de morte...

Palavras para da vida uma ode.

Quem sou eu a falar de fatos?

Tendo eu cruzado os braços...

Não falo da impureza beleza,

Mesmo que ao meu lado, ela agora esteja...

Ainda me lembro do objetivo ao longe:

Conseguir da felicidade, alcançar a fonte.

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Encanto

Ah! Como adoro chocolate...

Até hoje, só usei Raiovac.

Um colete o Júnior deve usar,

Para protegido estar.

Que coisa mais feia,

Dormir na metade do filme...

Por estar de cabeça cheia,

Acabo cometendo um crime!

Aquela a qual repouso ao lado,

Não se rende a este achado.

Preso ao teu fino trato...

Fico assim, um pouco aliviado.

Ah! Ter-te em meu castelo...

Como quero realizar!

Ser contigo eterno...

Enquanto isto durar.

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De olhos abertos

Até mesmo a lembrança de teu perfume me faz delirar,

O coração palpita, começa a acelerar...

Lacrimejados os olhos se tornam,

Ao recordar momentos que jamais voltam.

Penso na maldade do sentimento puro,

Nas escolhas erradas que faço...

No sofrer por um coração duro,

Na dor da solidão dos caminhos que por agora passo.

Não sinto mais o calor em teu corpo.

Não tenho mais o brilho de teu rosto.

Apenas imagino quem está ao teu lado agora,

Fazendo o que de fato gosta.

Fechar meus olhos, para você nada significou.

Minhas ações todas sem sentidos.

Minhas frases, meu sentimento, nenhum bem representou.

Tudo que pensei se tornou mito.

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Conclusão

A pressa não permite a perfeição.

A paciência, imune à razão.

A ação que se pratica hoje,

Ecoa pela eternidade, tornando-se cada vez mais podre.

Ah! Mas não se importe,

Saiba que focinho de porco, também dá choque.

Não que me rebele com tal atitude,

Só faço agora, o que antes não pude.

“Seja você mesmo!” - É o que dizem.

Mas, nunca o permitem.

Uso assim uma capa,

Para proteger-me de minha raça.

Tente! Você consegue...

Passe por problemas, mas não se entregue.

Finja à vezes, mas nunca o bastante,

Não faça como eu... Nunca se tranque.

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E a banca leva!

Não abra os braços

Esperando por afagos.

Nunca se mostre tanto...

Ou falhará seu plano.

Sou ultrarromântico convicto.

Diante disso fico um pouco enraivecido...

Ao não saber o quanto mentir a realidade...

Errando ao dosar do sentimento a intensidade.

Nunca espere demais!

Mantenha os dois pés atrás.

Não faças apostas arriscadas...

Ou perderá até as calças.

Querendo meu próprio bem,

Cheguei mais longe, muito além...

Começando a não pensar em mim...

Por me importar contigo é que estou assim.

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Rosas malditas

Na verve de maculados sonhos,

Vertem vis verdades.

No versar o vestíbulo de minh’alma componho,

Expondo do tormento a imagem.

A cada ombro figura mítica se faz presente,

Tal qual sol e lua, antagônicos, opostos...

Um de beleza excomunal, outro, de horror pungente.

Um exalta o viço, outro sofreres escabrosos.

De tempos em tempos, como filho de pais separados,

As duas casas visito.

Vejo flores, odores, num agradável campo vasto,

E outras retorcidas, negras, de olor tétrico, infindo,

Acordo sem saber se foi imaginação...

Tendo visto os Elíseos e retornado,

A mim não resta outra opção:

Continuar a viver a-lado.

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Socorro!

Preciso de tua presença...

Tenho saudades de teu carinho.

Saiu de minha vida como entrou: sem pedir licença,

Não consigo mais estar sozinho.

Sei que para você sou nada,

Apenas um a encantar-se com tua magnificência.

Nesse jogo de minha vida, estou sem cartas,

Pagando caro por minha inocência.

Quero que meu sonho se realize...

Onde o pesadelo acaba e estou com você.

Não tenho palavras para dizer o quão estou triste...

E isso... Não a deixo perceber.

Como pude ficar assim?

Qual a resposta para isso?

Amo você e odeio a mim...

Aguardando voltar ao paraíso.

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Ácrono

Ah! Que dor angustiante...

De perda; de inexistência.

Percebe-se a mudança em meu semblante...

E no espírito, a dormência.

Oh! Górgone que me faz sofrer...

Mereço mesmo isso?

Mea maxima culpa pode até ser...

Pois até estrelas perdem seu brilho.

O que tenho de errado?

Diga-me! Por favor, imploro.

Eis que me reparo...

Peço-te mais uma chance enquanto choro.

Inevitavelmente a deixo ir...

Pois, amo-te e respeito.

Mas a vontade é de estar junto a ti,

Tocando-te a pele, afagando-te ao leito.

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O que me resta...

Sem mais meu olhar ao teu,

Resta na memória teu rosto.

Sem mais meus lábios aos seus...

Resta de felicidade um broto.

Sem mais agradáveis momentos,

Resta de teu abraço a saudade...

Sem mais frases ao vento,

Resta de tê-la aqui à vontade.

Sem mais minha mão à tua,

Resta o ego ferido.

Sem mais eu... Você nua...

Resta de silêncio o grito.

Sem mais aquele discreto sorriso,

Resta por tua ausência a dor.

Sem mais aquilo que necessito...

Resta teu perfume... Oh flor!

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O passado fala mais alto

Gostaria de saber fingir...

E olhar-te a face.

Queria não “estar” ligado a ti...

Ouvir outra frase.

Seria bom compreender-te os atos...

Absorver verdades,

Ter de volta meu espaço...

Ver a beleza na arte.

Sentir-me-ia melhor não errando tanto,

Melhorando meu viver...

Esgotando meu pranto.

Tendo o que preciso ter.

Não quero teu desprezo...

Ver-te partir ao longe.

Não desejo seu medo...

Não almejo sumir, sem ter pra onde.

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Espírito esportivo

Jogando em dupla, não me dás bola...

Preferes o jogo individual.

Nem um ponto até agora,

O placar continua igual.

Sou brasileiro, não desisto nunca!

Porém, são duas negativas na mesma frase...

Tornando o entendimento uma dificuldade profunda...

...E para o melhor caminho, qual o entrave?

Esforço-me sempre ao máximo...

Procurando o melhor resultado.

Por querer a vitória estou ávido;

Desejando não conhecer o fracasso.

Nem por isso entristecer-me-ei, tampouco aspiro morrer,

São as regras de quando se joga...

Podes ganhar tanto quanto perder,

Se não acredita, faça a aposta!

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Lamentos na noite

Pensei estar no paraíso...

Errei profundamente nisto.

Não quis falhar contigo,

Assim, deveras irritado fico.

Não a culpo em um só instante,

Tenho em mente, um só pensamento infame...

Mistura de ódio, medo; insegurança...

E por entender meu azar... Tenho gana.

Adorei te conhecer...

Como quero estar com você!

Tocando-te a pele, acariciando o rosto,

Deliciando-me, sentindo de tua boca o gosto.

Triste, pelo que não deu certo.

Querendo destarte, tomar o caminho destro.

Deixar-te concluir as vontades...

Lembrando nós dois, em ardorosas tardes!

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Doçura

Ah! Como quero ter-te aqui.

Seja rindo ou chorando, mas a meu lado...

Tento assim sobreviver ao fracasso,

De estar longe de ti.

Não sei ao certo vossa intenção

Ao descartar tão ávido amor.

Quero com meu carinho te regar... Oh! Flor...

E construir para ti, um jardim em meu coração.

Quero que se sintas bem,

Estejais onde quer que esteja,

Sonho com que tua felicidade floresça,

Mesmo não sabendo como ou quem...

...Quem a fará encontrar o céu...

Tento encontrar meu local correto.

Que fique eu de você longe ou perto...

Sinto agora somente o amargo fel.

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De coração

Que sentimento nobre é a amizade?

Somente outra forma de amar.

Mesmo que não seja esta minha realidade,

Nela um dia hei de estar.

Queres a mim como amigo,

Tento me enquadrar a esta categoria.

Por enquanto não sei se consigo,

Ver a luz que desejei um dia.

Mil coisas eu agora penso...

Como pude ser tão burro e ingênuo?

Ao sonhar para nós a eternidade de um momento...

Doce e lindo como você, mas que se tornou chuvoso e horrendo.

Não desejo para ti menos que tudo...

Saiba que nisto, sou sincero.

Quero ver-te colher da felicidade o fruto,

Encontrar-te num futuro alegre, gentilmente é o que espero.

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Instinto

Tua imagem aos olhos insistente,

A dúvida, o medo, o ódio em minha mente.

Sentimento e razão separados como nunca...

...E a decisão, uma dor profunda.

És agente de meu sofrimento e adoração...

Minha felicidade, doce ilusão.

Abro os olhos, vejo-me sozinho...

Que falta faz o teu carinho!

O gosto que desejo é o de teu riso,

De pesar, meu peito agora aflito.

Com os olhos em lágrimas envoltos,

Quero de volta a felicidade de tempos outros.

Rezo aos céus por um feliz caminho,

Onde não mais esteja eu sozinho.

Viajemos ao paraíso...

Para que, mais uma vez, seja eu o culpado por teu riso.

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Inversa construção

Alguém, quem sabe, um dia,

Num relance me diria...

Que certamente eu amaria

Você que é o meu amor, e, eu riria.

Antes, mil dúvidas de-mente postas,

Não amava com certeza.

Hoje, feliz contigo estou, minha princesa,

Pois já tenho novecentas respostas.

Cem noites longe de mim,

-Por que afastada estás?-

Descobri há muito o caminho para a paz:

Construir o contrário assim...

A reticente imagem finda à memória,

Em sonhos, tua doce voz ainda ouço.

Para mim, mais que o reluzente ouro,

É deixar para outros nossa mágica história.

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Estações

Meu amor... Como és bela...

Mais bela que da rosa uma pétala.

Mais formosa que a mais formosa rosa

E o Verão que a Primavera encerra.

Mais bela que o cair de folhas no Outono,

Beleza que antecede o aconchego e frescor do Inverno

E de mim retira o pensamento tristonho.

Contigo seria normal... Um momento imoral.

Sonhar um sonho imortal mirando teu corpo piramidal.

Assim, afagar-te num complexo amplexo esquecendo-me do resto

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Desejo inefável...

Para mim, apareceste adventícia...

Antes de ti, eu não vivia.

Estava eu em estado letárgico,

Sonhando mil seres somíticos.

Queria eu tua presença vislumbrar,

Pela eternidade te acompanhar.

Tenho por ti... Pensamento impuro:

Ver-te apenas o brilhar dos olhos, envoltos pelo escuro.

Estar contigo ao leito,

Esbaldar-me em teus seios.

Beijar-te a doce boca...

Retirando de ti as roupas.

Afagar-te, beijar-te a cintura...

Contigo perder a compostura.

Que nas noites frias, teu corpo me aqueça...

E que, ao teu lado, eu sempre esmoreça.

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Everton de Sousa Silva - O Guerreiro Sombrio - Poesias Reunidas - 2013

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Para celebrar

Encontramo-nos em mais uma data importante,

Sinto-me bem por estarmos juntos.

E quero mais, eterna amante...

...Deixando maus pensamentos no abismo profundo.

Ó linda donzela... Como te amo.

Por ti se desfaz da mente o negro véu,

Mesmo em sonhos por ti clamo...

...Se a beijo, sinto-me no céu.

Mais essa prova de amor componho,

Ah, vejo-te na mente o rosto...

Para a eternidade a teu lado estou pronto.

Deliciando-me em teu afável corpo.

Mil letras como tais não seriam suficientes...

Para mensurar o que sinto minha amada...

Queria estar contigo sempre como nesse instante...

Sejais sempre assim... Para mim, eternamente enamorada.

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Enumeração

Moto, motor, correr o risco; emoção.

Dias de sol, noites estreladas, coração batendo; paixão.

Chocolate, pipoca, filmes; diversão!

Bons sentimentos, atenção, respeito; felicidade.

Verdades, mentiras, dúvidas, certezas; autenticidade.

Razão, consciência, pensamento; humanidade.

Brancos, negros, índios; Negros, índios, brancos; Índios, brancos, negros; igualdade.

Ir - vir; direitos - deveres; liberdade.

Colegas, amigos, pessoas boas; amizade.

Ser, vestir, falar; aceitar diferenças.

Falhas, defeitos, acertos; esperanças.

Reunião, leitura, conhecer; ser conhecido.

Querer, poder, ter; prestígio.

Palavras ao ouvido, carícias, sorrisos; romantismo.

Odores, perfumes, flores; seu cheiro.

Saúde, trabalho, bem-estar; dinheiro.

Viver, sonhar, te ver, amar; ser amado.

Sons, discos, músicas, Simom & Garfünkel; ao seu lado.

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Ousado auspício

Sentir o doce perfume da flor...

Ver todos os dias, o delírio de sua cor.

Tocar a maciez de suas pétalas...

Proteger-te em noites gélidas.

Tratar-te com carinho...

Sobreviver aos teus espinhos.

Envolver-te como o orvalho...

Será este meu trabalho.

Sendo assim, tenho uma tristeza...

Não te admirar num jardim, as flores têm ciúmes de tua beleza.

Minha flor vermelha... Tão forte...

Sei agora. Encontrar-te, foi sorte.

Botão de rosa; quero ver-te desabrochar... Crescer...

Seu jardineiro desejo ser.

Regar-te com todo meu amor...

E, juntos, nos ausentarmos da dor.

Possuo uma flor. Não um florilégio...

Pensar o contrário... Seria sacrilégio.

Desejo ser a água a que absorves...

Tu és minha flor... E que, essa realidade, não se altere.

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Esnobe

Não sei o que quero...

Diga-me você, por favor!

Conte-me o que espero...

Ouvirei com todo amor.

Fale o que desejas!

Prestarei atenção, “prometo”.

Farei o que mereças...

Mostre-me a solução, o problema, já o conheço.

Admiro o seu portar,

Ainda que recuse certas ações.

Bom seria manter-se no primeiro andar,

Pior uma queda que mil tropeções.

“Aquelas quatro letras” a você...

Queria ter o mesmo.

Mil anos passam... Eu sem aprender...

Um ponto é o melhor final... Em todo texto

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Depressão

Sonhei... Aqui estou contigo.

Mas a realidade é diferente...

Sei que tenho de esperar, não sei se consigo,

Olho ao lado... Você é ausente.

Quero com você estar de novo,

Não em pensamento...

Desejo o tocar de seu lindo corpo,

Não apenas o sentir do vento.

Sinto-me num amável futuro...

A disritmia em movimentos.

Vejo-me... Mas estou mudo,

Sem expressão de talentos.

O normal não me atrai,

Você é surreal!

...E de minha cabeça não sai...

Não quero um ponto final

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Meu Sol, Minha Lua

Em noite ímpar, dois corpos celestes eu avisto,

Um, a escuridão ilumina, aquece,

Outro, de longe é lindo, misto.

Então, os céus ouvem minha prece.

Linda morena...

Onde esteve até agora?

Fazes válida a vida terrena,

Mesmo quando de mim longe chora.

Tu és meu sol,

As trevas recuam em tua presença.

Mesmo a lua, é triste sem teu farol,

Pois, tua luz é imensa.

Sem ti, não há sentido no admirar da lua,

Já que, minha atenção repousa contigo.

Vago solitário por entre a rua...

E, novamente, do teu lado me imagino.

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Epístola

Venho a ti por meio desta,

Convidá-la a uma festa...

Que se realizará,

Sempre que “comigo estar”.

Não sei o que sinto,

Se dissesse amor, paixão, encanto, estaria mentindo...

Sei apenas a falta que a mim fazes...

Contratarei um arrombador, pois, de teu coração, não tenho chaves!

Desculpe-me se o que digo não tem sentido...

Mas, é pra ter afinal?

De saudade, desnorteado fico...

No ocidente, nada é acidental.

Por ser eu oclofóbico, gasto meu tempo sozinho...

Quero agora estar contigo,

Fazer do meu o seu ninho...

Sendo responsável por teu riso.

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Enquanto durmo

Não suporto mais, a dor é sufocante...

Perdi minha inspiração,

Pois, de mim estás distante.

... E clamando por ti está meu coração!

Aguardo um sinal divino.

Meu anjo se faz longe...

Quero que faças parte em meu destino;

Estando comigo, quer seja onde.

Noutro espaço não estás, senão em meu pensamento,

A noite é escura sem tua luz a iluminar...

O tempo passa e a ti não estou vendo,

Olho ao lado, ainda vazio o lugar.

Apenas nos mais fantásticos sonhos...

Tua imagem meus olhos vislumbram,

Rezo o tempo a passar, como das mil e uma noites os contos...

Acordo... Obrigações da vida por mim chamam.

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Receio

Deitado à escuridão do quarto,

Sinto os olhos em lágrimas.

Já há tempos esse não é um acontecimento raro...

E nem sempre sua ausência se faz rápida.

O espírito castigado a golpes lentos,

Resultado da solidão o tormento,

Não realizado da alma o desejo...

Continuar só... E viver é meu medo.

Ah! Pegue minha mão.

Sinta meu carinho!

Permita-me adentrar teu coração...

E juntos, seguir o mesmo caminho.

Cada frase a que entalho,

É como pincelada de algum mestre da arte,

Uma fração de sentimento em curto espaço,

Exposição do que há em meu peito: a saudade.

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Dúvida

Minha querida, meu amor...

Tua ausência, minha maior dor,

Mais ainda agora tendo o conhecimento

De que não sou digno de contigo um só momento!

Digo isso pelo simples fato

De, hoje, não esperar por teu abraço...

E sim daquela que sempre visita meus sonhos;

Não quero que algo bonito se mostre medonho.

Bom seria o uso da razão...

E não o agir em impulso.

Um diz para eu me manter preso ao chão,

Outro diz: “Não tem como falhar... vai nessa. Vai fundo!”.

Já nem sei quem... Qual melhor medida...

Aguardar o tempo... Melhor conselheiro...?

Sei apenas do dever em encontrar uma saída,

Mesmo que já esteja com aquele órgão cheio!

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Alínea

De volta está a inspiração

Que me faz perder a respiração,

Tudo aqui e ainda algo falta...

Qual mesmo o assunto em pauta?

Ah! Sim, por um só momento não a tenho,

Mas na memória ainda vendo...

Horas alegres e também tristes,

Por saber que não estás aqui, mas existes.

Mesmo que fosse eu um convicto ateu,

Rezava aos céus por mais uma vez seu olhar ao meu.

Oh! Razão do meu viver, onde está o paraíso?

Na certeza de revê-la é que resisto.

Feliz por ter contigo estado...

Agora, com o sorriso quebrado,

O pensamento confuso...

Aguardando algo, os braços eu cruzo.

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Exílio – Anjo caído

Como que cometido um crime,

Meu amor minha presença exime.

Vendo-me aqui sem nada,

Prefiro não entender o motivo da charada.

Que viagem essa! Sem volta...

Destarte, sinto-me um museu.

De maneira medíocre o sentimento posto à prova,

Sou o alado que do céu desceu.

Cercado agora por criaturas sem graça...

Tal qual demônio comandado pela “Besta”,

Escondido na penumbra d’um banco de praça,

Exclamando dores ao não ter o que almeja.

Penso de Álvares de Azevedo o Macário,

Sempre visitado por seres do mal.

Não poderia ser este um devaneio macabro?

Eu, mais um assecla, odiado e imoral?

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Vida inconstitucional

Nem sempre, ou quase nunca, acontece o que se espera.

Fico trêmulo, sem sentir frio...

E os sentimentos misturados, como uma quimera,

Tal qual aquela em que o alquimista mentiu.

Minha história se confunde com a do mundo,

Onde guerra e paz são frequentes,

Os resultados desalinhados, as causas sempre em prumo.

Onde nunca há sobreviventes.

Sou irredutível, por direito constitucional,

Não exponho meu descontentamento,

Querendo parecer normal...

E silenciosamente sofrendo.

A dor é normal, estou vivo!

Quando se dorme, ela desaparece.

Com um passo de cada vez, sigo em frente,

Se acordado, a desilusão cresce.

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À minha vermelha flor...

Não é a fraqueza que me joga ao chão...

E sim a força...

Daqueles que por mim não têm paixão;

A desilusão, donzela, é decadente... Não moça.

Nada mais tenho...

Minha língua, em desuso.

Teu perfume, não traz mais o vento.

Se contigo não falo, permaneço mudo.

Mesmo assim e con-tudo,

Não me deixo abater... Não sou fraco.

Nada sei do obtuso...

Dele, nele, com ele... Não sei o que faço.

Todos me cobram... Cobras!

Não basto eu?

Nada tenho de meu... Recebo sobras.

Quero aquilo que é seu.

Não é difícil.

O que procuro é um pouco de sinceridade...

Não me aqueces quando sinto frio,

A cada dia, a situação se torna mais grave.

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Ao invisível

Oh! Platão, por que existirdes?

Para que eu sempre sofra?

Será que apenas de dor este mundo consiste?

Não existindo de amor sequer uma gota?

Para vós, minha dor inexiste...

A solidão é meu castigo.

Por tuas mãos, oh carrasco... Manténs-me triste...

À procura d’um seio amigo.

Estaria eu sonhando,

Se visses tu comigo amanhã?

Onde, realizaria todos os secretos planos

De felicidade e de afã?

Quem m’o dera contigo a cavalgar...

Nos campos resplendentes,

E teus ares respirar...

Ao tê-la em meus braços, fremente.

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Morte no deserto

Tive um sonho...

- Que bem poderia ser pesadelo. -

...Onde o sentimento que proponho,

Vi num caixão, preste a um enterro.

Mil promessas não cumpridas,

Frases rasgadas ao lixo.

...De faca a aberta ferida...

Num hemorrágico estado fico.

Renascido o antigo demônio...

Antes, por angelical presença, obliterado.

A alma vazia. Sem por que ou como...

Procurando razões por tal fracasso.

Árvores ressequidas no horizonte,

Donde deveria existir um oásis.

Figuras estranhas vendo ao longe,

Afogado de desilusões os mares.

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Estelionato

Veremos o que acontece desta vez,

Desejo de outra maneira terminar o mês.

Que aquele anjo não faça chantagem,

Para ter eu aos olhos, sempre tua imagem.

Representas motivo à vida...

Não almejo intriga.

Desejo apenas estar contigo;

Só o mundo sabe o quanto tenho sofrido.

Estampada em meu semblante,

A dor por alguém distante...

Mesmo aqui estando sempre que os olhos fecho,

Tê-la comigo é o que espero.

Não sou cansão, fico firme sem você ao lado.

Como disse Raul: “Já estou calejado” *

De tentar me desviar deste caminho

Repleto de dores, espinhos. Nada de lindo.

*Obs.: Raul Seixas – Não quero mais andar na contramão

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Sem retorno

Só você me faz cair em lágrimas,

Ao duvidar de divinas dádivas.

Pois, sempre pedi por um grande amor,

Mas, ao final, tudo se acaba em dor.

Agora, aceito sua total vontade...

Em não me ter perto de você.

Crendo ser mui tarde

Para que, do contrário, possa te convencer.

Chego à conclusão do inegável,

Para você, fui simples passatempo...

Algo antes inimaginável,

Mas tornou-se horrível verdade nesse momento.

Assim, resigno a não amar ninguém,

Não quero me arrepender mais uma vez...

Atropelou meu sonho como um trem,

Deixando-me só... Mesmo não pretendendo, assim o fez.

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Seriedade

Deslocado nesse universo

Que deveria ser de união,

Novamente a tudo detesto...

E, não mais há excitação.

Daí vem a supérflua questão:

- Onde foi que errei? –

Que ficará, ainda, sem explanação,

Já que, a resposta, eu não sei.

Assim, começo a recitar o óbvio...

O que outros simplesmente dizem, em pergaminhos registro.

Quero sim que o bom se torne ótimo...

Sei que é importante, nesse objetivo, insisto.

Algo ainda felicitar-me-á...

Se não, sei que tentei.

Não sei onde tudo isso nos levará,

Mas, para o certo, tudo eu farei.

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A hora é agora (Mais uma vez)!

Chego àquele ponto:

Nada mais importa.

Sinto-me tonto...

... É fechada a porta.

Não sei tudo.

Apenas sei do nada.

Tenho vontade de gritar... Permaneço mudo.

Apertam-se as cordas, não adianta o que eu faça.

Distancio o mundo,

Ninguém aqui agora.

Sou assim tão imundo?

E, para sumir, não vejo a hora.

Família, amigos... Amor...

Todos me abandonam.

Resta a música e a dor,

Pois tudo e todos se foram.

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Enganando a aparência

Minhas atitudes me condenam...

Causo repudia e medo.

Tenho feito tudo como esperam,

Na solidão permaneço.

Não há saída,

Não entendo... Ninguém me entende.

Tem de ser assim a vida?

...E eu tão demente?

A palavra “mudança”, nunca fez tanto sentido...

Sua necessidade, nunca tão aparente.

Mimetismo é tudo que preciso...

Para me tornar inocente.

Calarei o pensamento...

Serei mais um idiota a viver.

Fingirei não ver o tormento,

Não importa o que venha a acontecer.

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Movimento Retrógrado

Querer não é poder.

Tentar, não é agir...

Poder, não é ter...

Agir não é conseguir.

Calar não é falhar.

Vender-se, não é se perder...

Falhar é não se danar...

Ao perder, melhor se render.

Sofrer não é viver.

Fingir, não é desistir...

Viver é não ter prazer...

Desistir não é ter que fugir.

Pedir não é ganhar.

Deitar, não é adormecer...

Pra ganhar, não basta lutar...

Adormecer pra sonhar... E junto a tudo, deixar de ser.

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Aniquilação

Tem que haver revolta pra balancear a realidade,

Não simplesmente apanhar enquanto chora...

Mas, levantar-se e dizer: “Cansei, tô fora”.

E não ser um covarde.

Queria que houvesse mais loucos, como eu, no mundo...

Para que a maioria babaca nos ouça.

Fico olhando, um monte de panacas juntos...

E eu tendo de me esconder... Sozinho eu não tenho força.

Vivo na época errada.

Nos 70’s é que vivia o punk...

Era bom não se preocupar com nada.

O dia todo no relax, só no skunk.

Às vezes quero dar uma de Ozama:

Arrebentar com essa “porra” toda.

Dizendo: Que se exploda!...

...E ir para o deserto aproveitar a fama.

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Reflexões

Chego mais uma vez na encruzilhada

De uma vida mal-fadada.

Por que tem de ser assim?

Que pergunta idiota quando vejo chegar o fim.

Não importa se sou bom...

Sou apenas uma bonita folha de papel.

Todos sabem que reciclar dá novo tom...

Mas, vivem à espera de “Papai Noel”.

Rasgam-me, jogam fora...

Ao invés de me embrulhar num lindo presente!

Meu Deus, o que faço agora?

Se todos veem minha tristeza e ninguém pergunta: como se sente?

Devo seguir a vida, pois ainda vivo!

Mas, será que consigo?

Vejo de tudo chegar o fim...

O que será de mim?

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Tudo acaba bem?

Sinto-me como Raul,

“O profeta do apocalipse”.

Sempre sei onde tudo vai parar, seja norte ou sul...

Sob a luz ou na mais negra escuridão do eclipse.

Não sou brasileiro.

Acham até que sou Hitler...

Finalmente desisti por inteiro,

Abras os olhos e poderás ver!

Até um cachorro recebe melhor tratamento...

Enquanto permaneço aqui sofrendo.

Seria outra rima nesse momento,

Mas, não posso piorar algo já tão horrendo.

Se tudo tem um fim...

Acho que é (isso) aqui.

Nadei e morri (na praia), simples assim.

Daí, pergunto... Porque nasci?

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Inércia

Gostaria que sentimentos se curassem por taxidermia,

Mas, não há como...

Se nisso penso, tenho ataques de taquisfigmia,

Por não ser de Jesus o segundo tomo.

Agora falta inspiração,

Não consigo dizer o que sinto.

Nada vejo além de solidão...

Então, por que ainda minto?

Percebo tudo ruir ao meu redor.

Nada melhora...

Olho lado a lado... Eu ainda só!

… E, pelo fim, não vejo a hora...

Há escolhas que não desejo fazer,

Mesmo que sejam elas simples como esquerda e direita...

Sobre isso, ainda hei de escrever,

Pois, alguma coisa deve ser feita.

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Decepção

Nem sei o que fiz ou não...

Isso realmente não importa.

Sonhos destruídos sem saber a razão,

E a ignorância batendo à porta.

A esperança está morta

Por alguém em quem confiava,

Agora busco uma saída, uma porta,

Bem longe de quem amava.

Vários pensamentos, nenhum bom.

Não encontro solução.

Distante de tudo, apenas curtindo um som,

Tentando achar um inteiro nesta fração.

Tenho de viver,

Alguém ainda precisa de mim.

Não sei o que irá acontecer,

Mas não posso continuar assim.

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Sentimento antagônico

É impossível descrever

Mesmo assim vou tentar.

Não era assim que devia acontecer,

Mas estou feliz, não sei explicar.

Hoje é um dos dias mais felizes e tristes de minha vida.

Estive com você e agora está distante...

Amo-te minha pequena, minha filha.

Mas está longe de mim nesse instante.

Como é bom vê-la sorrir,

Segurar sua pequena mão,

Vê-la brincar, correr, se divertir...

Minha princesa do papai babão.

Uma semana nunca demorou tanto,

Mal posso esperar para que esta acabe...

Vivo por você, isso me segura o pranto.

...É difícil suportar a saudade.

Minha linda... Estarei sempre aqui, se precisar...

Quero cuidar de você e te ver bem.

Outros beijos desejo te dar...

Assim, te vejo semana que vem.

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Amor

Como esse sentimento resiste?

Nada consegue destruí-lo!

Não deveria, mas ele ainda persiste,

Sequer posso medi-lo.

Depois de tudo que passei,

Tantas decepções e, ainda vejo esperança!

Sempre a procurar respostas estarei...

... E, no futuro ainda tenho confiança.

Como o sofrimento pode ser útil?

É errando que se aprende!

Pra mim parece fútil,

Pois nada aprendi, infelizmente.

Ás vezes gostaria de não sentir...

Seria tudo tão simples, fácil.

Assim não iria me ferir...

Queria fugir, mas não sou tão ágil.

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Escalada

Não entendo o que tenho na cabeça,

Tentei, pode acreditar...

Mas nada faz com que a esqueça.

Ainda sei que devo tentar.

Clamo a Deus que me ajude!

Quero apenas ser feliz.

Conseguirei algum dia? Até hoje não pude.

Na beira equilibro, mas estou por um triz...

Não quero cair, não posso!

Sou forte, consigo.

Por isso me esforço.

Não só quero, preciso!

Ah! Só peço compreensão...

Estou tentando, caramba.

Peguem leve na pressão,

É alto e íngreme, mas subirei a rampa.

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Os opostos se [re]traem

Vontade... Necessidade.

Ódio... Amor.

Sofrimento... Felicidade.

Saúde... Dor.

Desespero... Esperança.

Longe... Perto.

Receio... Confiança

Errado... Certo.

Desistir... Começar.

Curar... Ferir.

Esconder... Procurar.

Imaginar... Conseguir.

Entrar... Sair.

Seguir... Parar.

Chegar... Partir.

Culpar... Perdoar.

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O real motivo

Hoje não sou o que era,

Hoje não penso igual.

Hoje não seguro a fera,

Hoje não... Afinal.

Hoje não procuro razões,

Hoje não me importo.

Hoje não sinto os grilhões.

Hoje não... Suporto.

Hoje não vejo amanhã,

Hoje não quero perder.

Hoje não me encontro afã.

Hoje não... Podes crer.

Hoje não aguento mentiras,

Hoje não imagino bondade.

Hoje não recebo intrigas,

Hoje não... É tarde.

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Com a faca e o queijo

Certos acontecimentos me fazem pensar

Que tudo não tem como continuar...

A cada minuto sofro uma decepção,

Já não consigo sentir outra emoção.

Apenas vivo por minha filha,

Nada mais me dá alegria.

Nem a música que escuto,

Desfaz o silêncio do sentimento mudo.

Tantos planos, nenhuma conclusão.

Vejo a vida sem outra razão.

Tampouco me preocupo, qual mais pode existir?

Dizer que penso em algo mais seria mentir.

Preciso obter um resultado,

Algo que não envolva um buraco.

Nada que faço merece consideração?

Responda-me algo, estou com as balas e a arma na mão...

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O Paraíso [Heaven and Hell]

Aqui nessa podridão, somente uma coisa me alegra,

Saber que tenho 40 virgens quando sumir dessa terra.

Angústia, solidão, medo... Dor,

Lá tudo será meigo, lindo como uma flor.

Lá desejo logo chegar,

Nem que para isso o destino eu tenha de ajudar.

Nada ruim existirá... Tudo estará solucionado

E todo o sacrifício será enfim recompensado.

A vida é bela e o universo conspira a favor...

Respiremos fundo sentindo das rosas o olor.

Pior do que está não pode ficar...

Continue pensando assim babaca, sabe onde vai parar.

E daí se as coisas aqui vão de mal a pior?

Morra logo infeliz, lá tudo será melhor.

Para que ficar procurando solução?

A melhor coisa é ir logo encomendar o caixão.

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Poesia Religiosa?

Ao acordar você pode sua oração fazer,

Desejando que nada venha a acontecer.

No entanto, esteja sempre preparado...

Ao atravessar a rua, melhor olhar para o lado.

Assim, fazemos nossa parte...

Orando, enquanto não é tarde.

É estranho me ver tratando desse assunto?

Poderia ter escolhido um espírito menos imundo.

Seja como for, escute:

Deus sim é onipresente,

Mas se não faz a sua parte, mude.

Não espere simplesmente.

A decisão sempre vem do homem.

Para quê o livre arbítrio?

Temos sempre opções, não se enganem...

Pois daí vem o suplício.

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Everton de Sousa Silva - O Guerreiro Sombrio - Poesias Reunidas - 2013

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Jedi

Assim como Anakim você mudou...

Passou para o lado negro da força.

Em acreditar no poder do bem hesitou,

E, agora, utiliza os conhecimentos noutra coisa.

Anos de treinamento usados para o mal,

Como Mestre, deveras decepcionado estou.

Mas seu filho não será um igual...

Pois, dele cuidarei como de você ninguém jamais cuidou.

Ah! Sonhava em lutar a teu lado...

Todas as batalhas nessa galáxia infame.

Mas seu sabre sem luz fez em meu peito um estalo,

Traiu minha confiança, transformando tudo em sangue.

Tento agora diminuir todo o estrago

Que fizeste ao abandonar nossa cruzada.

Mesmo sendo difícil, não me abalo...

Pois, sei que sozinho aqui não estou, de estrelas a jornada.

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Everton de Sousa Silva - O Guerreiro Sombrio - Poesias Reunidas - 2013

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Humor

Deus tem um plano na sua vida!

E ele sabe o quanto me cansei de ouvir isso.

Tento, procuro e não encontro uma saída...

Não sei como, mas tenho de me manter de pé. É preciso.

Qual maldita escolha fiz para estar assim?

Pena que não exista a viagem no tempo.

Consertar os erros seria ótimo pra mim,

E para fazer algo só aguardo o melhor momento.

Ah! Deve ser pegadinha do Faustão!

É humanamente impossível que dê sempre tudo errado...

No vazio, sozinho, estou sem ação,

E só um caminho há ante esse total fracasso.

Odeio dizer o óbvio, por isso não digo,

Sou um zumbi e para o mundo invisível...

Sobre tudo, sempre reflito,

E quanto mais o faço, mais me torno insensível.

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Incerteza

Não sei se por ingenuidade ou fraqueza,

Sempre caio no mesmo golpe.

Por gostar e acreditar numa falsa gentileza

Tento planos e formas, mas nada resolve.

Hoje foi outro dia de felicidade e dor.

Um sonho transformado em pesadelo.

Magoado e ferido, desvalido de amor,

Tento não findar o enredo.

Como posso ser tão idiota?

Quero o que não posso ter.

Nem sei mais quem sou agora,

Mas sei quem eu devo ser.

Tenho que cuidar de mim,

Não posso mais me permitir o sofrer...

Tenho de encontrar o que me falta e assim,

Acreditar que outra imagem eu possa ver.

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Novamente...

Eu tinha mesmo que encontrar alguém como você?

Tinha mesmo que me tratar assim?

Era necessário que isso viesse a acontecer?

Será este mesmo o fim?

Perguntas sem respostas,

Estou me cansando disso.

Serão essas as divinas provas?

Será esse o motivo para isso?

Ah, queria eu a felicidade,

Não sei qual meu erro.

Decepção a mente invade,

E não reconhecem meu zelo.

Ainda posso ganhar na loteria!

Não é o que dizem? Azar no jogo, sorte no amor.

O contrário deve ser verdade, eu diria...

Pois nem tudo pode ser dor!