eventos agudos em pacientes internados com doenÇa

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CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE- CCBS GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM VIVIANE ALVES DE ALMEIDA EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA FALCIFORME EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS CAMPO GRANDE, MS 2017

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Page 1: EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE- CCBS GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

VIVIANE ALVES DE ALMEIDA

EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA

FALCIFORME EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS

CAMPO GRANDE, MS

2017

Page 2: EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA

VIVIANE ALVES DE ALMEIDA

EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA

FALCIFORME EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS

Trabalho apresentado ao Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, como requisito final à conclusão do Curso de Bacharelado em Enfermagem, sob orientação da Prof.ª Enf. Dra. Olinda Maria Rodrigues de Araujo.

CAMPO GRANDE, MS

2017

Page 3: EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA

VIVIANE ALVES DE ALMEIDA

EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA

FALCIFORME EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS

Trabalho apresentado ao Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, como requisito final à conclusão do Curso de Bacharelado em Enfermagem, aprovado pela banca examinadora constituída por:

Resultado: ________________________

____________________________________

Prof. Dr. Olinda Maria Rodrigues de Araujo

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

____________________________________

Prof. Dra. Maria Angélica Marcheti

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

____________________________________

Prof. Dra. Patrícia Moita Garcia Kawakame

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Campo Grande, MS, ______ de_____________ de 2017.

Page 4: EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA

Dedico este trabalho à minha mãe, minha irmã e meu pai, Cleonice, Rafaela e Elton, por se fizeram presentes e não medirem esforços para me proporcionar condições para minha formação. Amo muitos vocês.

Page 5: EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por permitir que o sonho de uma graduação esteja se tornando

real. Por nunca ter deixado que perdesse minha Fé, mesmo nos momentos mais

difíceis. Por me proteger em todos os momentos e acalmar meu coração nos

momentos de angustia que quase me fizeram desistir.

À Prof. Dr. Olinda Maria Rodrigues de Araujo, minha orientadora, amiga, que foi

parceira e compreensiva em todas as etapas deste trabalho. Obrigada pela

confiança, disponibilidade, dedicação e seriedade na condução deste estudo. Um

exemplo de pessoa, mãe, amiga e profissional.

À toda minha família, que um dia eu possa retribuir por tudo que fizeram e fazem por

mim.

Aos melhores amigos, pelo companheirismo, força e pelas vibrações positivas em

relação a esta jornada.

Aos professores, colegas e colaboradores, não só do curso de Enfermagem, mas

também dos cursos de Biologia, Educação física e Fisioterapia, que me receberam

de braços abertos em disciplinas optativas. Enfim, à toda instituição de ensino, que

durante alguns anos me recebeu e me proporcionou a realização de um sonho.

Fica aqui meu muito obrigada a todos!

Page 6: EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA

ALMEIDA, V.A. EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM

DOENÇA FALCIFORME EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS. Trabalho de Conclusão

de Curso. Curso de Bacharelado em Enfermagem. Universidade Federal de Mato

Grosso do Sul, 2017.

RESUMO

Introdução: A Doença Falciforme é uma das doenças hereditárias mais comuns no mundo. A causa dessa doença de herança recessiva é a mutação no gene regulador da síntese da hemoglobina A (HbA), com a origem da mutante denominada hemoglobina S (HbS). A forma mais grave da doença é a anemia falciforme, podendo ocasionar complicações clínicas evidentes que resultam em um elevado grau de morbimortalidade. Os eventos clínicos ocorrem com maior frequência a partir dos seis meses de idade, período em que há redução nos níveis de hemoglobina fetal, estendendo-se por toda a vida do indivíduo com doença falciforme. Objetivo: caracterizar a amostra dos pacientes internados com Doença Falciforme e identificar os principais eventos agudos de acordo com a faixa etária. Material e Método: Trata-se de um estudo quantitativo do tipo coorte retrospectiva, descritivo e analítico de pacientes com diagnóstico de Doença Falciforme, internados em dois hospitais do município de Campo Grande/MS, do período de 1980 a 2010. Os dados foram tabulados e analisados quanto à frequência de eventos agudos por faixa etária, no programa estatístico SPSS, versão 24.0. Resultados: Foram analisados 48 prontuários de pacientes internados, destes 58,3% eram do sexo feminino e 41,7% do sexo masculino. A idade variou de cindo a 63 anos, com uma média de 23,02 anos, sendo a hemoglobinopatia SS a mais frequente. Do total de internações, a crise de dor foi o evento agudo que ocasionou o maior número destas, 60,9%, seguido da pneumonia com 17,4% e da colelitíase 4,7%. Das internações decorrentes de crise de dor, 43,8% dos pacientes encontravam-se na faixa etária de 0 a 15 anos. Conclusão: O estudo demonstra a incidência de eventos agudos por faixa etária, que comprometem diretamente a função de órgãos vitais e estão associadas a risco de vida. Assim, poderá fornecer subsídios para que ações de saúde nos diferentes níveis de atenção sejam incorporadas e praticadas pelos profissionais/enfermeiros envolvidos na assistência, visando, portanto, a prevenção e promoção à saúde do paciente com doença falciforme.

Page 7: EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA

ALMEIDA, V.A. ACUTE EVENTS IN INJURED PATIENTS WITH FALCIFORM

DISEASE IN TWO PUBLIC HOSPITALS. Completion of course work. Bachelor's

Degree in Nursing. Federal University of Mato Grosso do Sul, 2017.

ABSTRACT

Introduction: Sickle cell disease is one of the most common hereditary diseases in

the world. The cause of this recessive inheritance disease is the mutation in the

hemoglobin A (HbA) synthesis regulating gene, with the origin of the mutant called

hemoglobin S (HbS). The most severe form of the disease is sickle cell anemia,

which can lead to obvious clinical complications resulting in a high degree of

morbidity and mortality. Clinical events occur most frequently at six months of age, a

period in which there is a reduction in fetal hemoglobin levels, extending throughout

the life of the individual with sickle cell disease. Objective: to characterize the

sample of hospitalized patients with sickle cell disease and to identify the main acute

events according to the age group. Material and Method: This is a quantitative,

retrospective, descriptive and analytical cohort study of patients with Sickle Cell

Disease admitted to two hospitals in the city of Campo Grande / MS from 1980 to

2010. Data were tabulated And analyzed for the frequency of acute events by age

group, in the statistical program SPSS, version 24.0. Results: 48 medical records of

inpatients were analyzed, of which 58.3% were female and 41.7% male. The age

ranged from cindo to 63 years, with a mean of 23.02 years, with hemoglobinopathy

SS being the most frequent. Of the total hospitalizations, the pain crisis was the

acute event that caused the greatest number of these, 60.9%, followed by

pneumonia with 17.4% and cholelithiasis, 4.7%. Of hospitalizations due to pain crisis,

43.8% of patients were in the age group 0 to 15 years. Conclusion: The study

demonstrates the incidence of acute events by age group, which directly compromise

the function of vital organs and are associated with life risk. Thus, it can provide

subsidies for health actions at different levels of care to be incorporated and

practiced by the professionals / nurses involved in care, aiming, therefore, to prevent

and promote the health of patients with sickle cell disease.

Page 8: EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Número e porcentagem de pacientes segundo variáveis de

estudo, Hospital Regional e Hospital Universitário Maria Aparecida

Pedrossian-HUMAP, 1980 a 2010 (n=48) ............................................... 21

Tabela 2: Percentual de internações dos pacientes com doença falciforme

de acordo com o evento agudo que levou à internação, em cada faixa

etária, Hospital Regional e Hospital Universitário Maria Aparecida

Pedrossian-HUMAP, 1980 a 2010 (n=48) ............................................... 22

Page 9: EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA

LISTA DE ABREVIATURAS

AVE Acidente Vascular Encefálico

CVO Crise vaso-oclusiva

DF Doença Falciforme

HbA Hemoglobina normal

HbAS Traço falciforme

HbS Hemoglobina S

HbSC Hemoglobinopatia SC

HbSE Hemoglobinopatia SE

HbSS Anemia falciforme

HsSD Hemoglobinopatia SD

PNTN Programa Nacional de Triagem Neonatal

SAME Serviços de Arquivo Médico

SEA Sequestro Esplênico Agudo

STA Síndrome Torácica Aguda

Page 10: EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 11

2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................. 13

2.1 DOENÇA FALCIFORME ................................................................. 13

2.2 EVENTOS AGUDOS ...................................................................... 13

2.2.1 Crises de dor (crises álgicas) ..................................................... 14

2.2.2 Crises aplásticas ........................................................................ 15

2.2.3 Sequestro esplênico agudo (SEA) ............................................. 15

2.2.4 Síndrome torácica aguda (STA) ................................................. 16

2.2.5 Acidente vascular encefálico ...................................................... 16

2.2.6 Priapismo ................................................................................... 17

2.2.7 Colelitíase .................................................................................. 18

2.2.8 Infecções .................................................................................... 18

3 OBJETIVOS .......................................................................................... 19

3.1 Geral ............................................................................................... 19

3.2 Objetivos específicos ...................................................................... 19

4 MATERIAL E MÉTODO ........................................................................ 20

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................ 21

6 CONCLUSÃO ........................................................................................ 26

REFERÊNCIAS ............................................................................................ 28

APÊNDICE ................................................................................................... 32

ANEXO ......................................................................................................... 36

Page 11: EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA

11

1 INTRODUÇÃO

A doença falciforme (DF) é uma das doenças genéticas que mais acometem

a população humana. A nomenclatura refere-se a um grupo de afecção hereditária,

com o predomínio da hemoglobina S (HbS) nas hemácias. A HbS pode ser encontrada

no estado heterozigoto (traço falciforme) considerado assintomático, sem doença, e

no estado homozigoto (hemoglobinopatia SS, ou anemia falciforme), ou ainda em

associações com outras alterações da HbS, S β Talassemia, hemoglobinopatia SC,

SD e outras. Dentre os grupos, a forma mais grave da doença é a anemia falciforme,

podendo ocasionar complicações clínicas evidentes que resultam em um elevado grau

de morbimortalidade (NAOUM; NAOUM, 2004; BRASIL, 2009).

Desde 1996 o Ministério da Saúde vem trabalhando com ações e iniciativas

das políticas públicas voltadas à pessoa com doença falciforme. Entre essas ações

destaca-se o Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), que tem permitido

melhor conhecimento sobre a prevalência da doença que auxiliam na orientação,

acompanhamento e tratamento precoce, com resultados positivos na

morbimortalidade da doença, aumentando a sobrevida e a qualidade de vida desses

indivíduos (BRASIL, 2001).

A DF está relacionada a várias complicações agudas e crônicas. Importante

morbidade e morte prematura levam a expectativa de vida significativamente mais

curta para essa população, variando de 42 a 53 anos para homens e de 48 a 58 anos

para mulheres (BRUNETTA et al., 2010).

Segundo Costa (2004) o processo chamado de vaso-oclusivo, determina

manifestações clínicas apresentadas pelo paciente. No entanto, este apresenta

períodos sem manifestações denominados “fase estável da doença”. Esta fase pode

ser interrompida por episódios agudos que se manifestam pela ocorrência de crises

álgicas, aplásticas, hemolíticas e de sequestro esplênico; complicações pulmonares,

neurológicas e hepatobiliares e infecções.

Os eventos clínicos ocorrem com maior frequência a partir dos seis meses de

idade, período em que há redução nos níveis de hemoglobina fetal, estendendo-se

por toda a vida do indivíduo com doença falciforme (COSTA, 2004). Alguns desses

eventos têm uma acentuada predominância ou estão limitadas a uma faixa etária; no

entanto, os mecanismos subjacentes a essa predominância etária nem sempre são

evidentes (ZAGO; PINTO, 2007).

Page 12: EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA

12

A precocidade do diagnóstico e o início imediato do tratamento constituem

medidas de impacto na assistência de qualidade nessa doença, diminuindo suas

sequelas e atenuando suas complicações (HOLSBACH et al.,2010).

Considerando os aspectos aqui mencionados, o presente estudo propôs

caracterizar a população com doença falciforme e identificar os principais eventos

agudos em cada faixa etária em internações hospitalares.

Page 13: EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA

13

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 DOENÇA FALCIFORME

A DF é uma das doenças hereditárias mais comuns no mundo. A causa

dessa doença de herança recessiva é a mutação no gene regulador da síntese da

hemoglobina A (HbA), com a origem da mutante denominada hemoglobina S (HbS).

Existem outras hemoglobinas mutantes como, por exemplo: C, D, E, etc., que

associadas (HbSC, HbSD, HbSE, etc.) ou em homozigose (HbSS) constituem-se no

grupo denominado de Doença Falciforme (Anemia Falciforme, HbSS; S/Beta

Talassemia, S/b Tal.; as doenças SC, SD, SE, entre outras mais raras) (JESUS, 2010;

BONINI-DOMINGOS, 2013).

Na DF, há uma alteração na hemoglobina A (HbA), originando uma

hemoglobina anormal denominada hemoglobina S (HbS) (BRASIL, 2001). A HbS é

formada pela substituição de um aminoácido na cadeia beta, na posição 6, onde o

ácido glutâmico (GAG) é substituído pela valina (GTG). Essa troca modifica a estrutura

da hemoglobina, e altera o potencial iônico (pI) da HbS, tornando-a carregada

negativamente e com menor mobilidade, quando comparada a HbA (hemoglobina

normal), em eletroforese alcalina (NAOUM, 2000; BONINI-DOMINGOS, 2013).

A alteração estrutural da HbS permite que, em casos de desoxigenação, esta

hemoglobina se organize em longos polímeros de filamentos duplos, formando feixes

de “cristais” no interior das hemácias, alterando a morfologia da célula, dando à

hemácia uma forma alongada conhecida como “hemácia em foice” ou “falcizada”,

resultando em alterações da reologia dos glóbulos vermelhos e da membrana

eritrocitária (ZAGO; PINTO, 2007)

De acordo com Zorzetto (2013) o processo de polimerização das HbS resulta

em uma série de alterações celulares e mudanças morfológicas e funcional da

hemácia. O que reflete no tempo de vida da célula, plasticidade e eficiência, podendo

provocar hemólise intravascular, oclusão de microvasos e lesões de órgão e tecidos,

causando então as chamadas manifestações clinicas ou eventos agudos.

2.2 EVENTOS AGUDOS

Os eventos agudos ou manifestações clínicas na doença falciforme são

extremamente variáveis, sendo provenientes primariamente da vaso-oclusão. O

Page 14: EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA

14

processo vaso-oclusivo determina as manifestações clínicas apresentadas pelo

paciente (COSTA, 2004).

A vaso-oclusão é um fenômeno que se inicia e se mantém por associação

entre as células falcizadas, células endoteliais e componentes do plasma. Devido a

tal interação, ocorre uma instabilidade entre os vasodilatadores e vasoconstritores,

favorecendo a vasoconstrição. A adesão das hemácias falcizadas sobre as células

endoteliais reduz o fluxo sanguíneo, de modo que ocorrem processos de

polimerização da HbS subsequentes, falcização e vaso-oclusão, antes que a

passagem do sangue por meio dos microvasos seja completada. A interação dos

granulócitos com as células falcizadas e as células endoteliais, ativam a liberação de

citocinas. As plaquetas ativadas liberam trombospondina, que promove a adesão das

células falciformes às células endoteliais. Os reticulócitos que são antecipadamente

liberados da medula óssea nas doenças hemolíticas apresentam ligantes adicionais

que facilitam associações entre as células falciformes e a células endoteliais

(STEINBERG, 1999).

2.2.1 Crises de dor (crises álgicas)

A dor é decorrente das obstruções dos capilares sanguíneos, devido a forma

de afoiçamento das hemácias. A redução do fluxo sanguíneo causa redução da

oxigenação da região e pode aumentar a formação de falcização, isso resulta em um

dano isquêmico provocando uma resposta inflamatória aguda. A dor geralmente

atinge ossos e articulações, e podem atingir vértebras, o abdômen e a região dorsal

(BRASIL, 2006).

As crises dolorosas podem ser classificadas como agudas ou crônicas. As

crises de dor aguda são consideradas graves e exigem tratamento hospitalar para

administração de analgésicos intravenosos (BALLAS et al., 2012).

Algumas crises podem ter tratamento domiciliar, com analgesia oral e

aumento da ingesta hídrica. Se a dor for persistente, o paciente deve ser internado

para que o tratamento seja intensificado (LOBO; MARRA; SILVA, 2007). Deve ainda,

ser monitorado regularmente quanto à eficácia da analgesia e suas complicações.

A ocorrência de mais de três episódios de dor aguda por ano caracteriza

doença falciforme com evolução clínica grave e está associada com a redução da

expectativa de vida (BALLAS et al., 2012).

Page 15: EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA

15

2.2.2 Crises aplásticas

Após o processo infeccioso, mesmo que relativamente insignificante, podem

ocorrer as crises aplásticas de caráter transitória, caracterizada pela produção

insuficiente de células sanguíneas. As crises mais severas estão geralmente

relacionadas com infecção pelo Parvovírus B19, que acometem principalmente

crianças na faixa etária de quatro a 10 anos, devido ao tropismo do vírus pelas células

precursoras eritropoiéticas (BRASIL, 2008).

Os sintomas são variáveis, palidez e fraqueza, podendo evoluir para falência

cardíaca devido à acentuação da anemia. Podendo ainda apresentar queda

importante dos níveis de hemoglobina, acompanhada de níveis de reticulócitos

extremamente reduzidos, em situações mais graves, sinais de choque Hipovolêmico

podem estar presentes (COSTA, 2004).

A terapêutica é sintomática, transfusões de concentrado de hemácias são

administradas se necessário. A monitorização do estado hemodinâmico é que

possibilitará a indicação precisa de hemotransfusão (BRASIL, 2006).

2.2.3 Sequestro esplênico agudo (SEA)

Sequestro esplênico agudo (SEA) é um acúmulo intra-esplênico (dentro das

veias que irrigam o baço) de grandes volumes de sangue, que é chamada de “crise

de sequestração esplênica” (BRASIL, 2006). Caracterizado pelo aumento rápido do

baço acompanhado de uma diminuição nos níveis de hemoglobina de 2g/dL ou mais

(em relação ao nível basal do indivíduo) e com evidências de resposta medular

compensatória (COSTA, 2004).

Os principais sintomas são: palidez muco-cutânea de instalação súbita,

acompanhada de distensão e dor abdominal pela esplenomegalia (aumento do baço).

Os episódios têm intensidades variadas, podendo levar a óbito em horas (NAOUM,

2009).

A intervenção terapêutica deve ser imediata, e inclui suporte volumétrico e

transfusões de glóbulos vermelhos até nível entre 9 e 10 g/dl de hemoglobina. Assim

que o choque é revertido e o sangue sequestrado mobilizado, diminui drasticamente

Page 16: EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA

16

o tamanho do baço e aumentam os níveis de hemoglobina (VACARI; FIGUEIREDO,

2007).

2.2.4 Síndrome torácica aguda (STA)

As complicações pulmonares na doença falciforme também são geradas

pelas vaso-oclusões e infecções. As duas manifestações clinicas acontecem de forma

simultânea frequentemente (COSTA, 2004).

Os eventos agudos que ocorrem o acometimento pulmonar agudo,

acompanhado de tosse, febre, hipóxia, dispneia e dor torácica, com alterações

radiológicas apresentando condensações lobulares. É uma grave complicação, e uma

das mais comuns causas de morte em pacientes com DF, e seu quadro clínico é

semelhante à pneumonia, podendo estar associado a esta a embolia pulmonar

(VICARI; FIGUEIREDO, 2007).

Esta síndrome acomete cerca de 30% das pessoas adultas e pode ser fatal.

É considerada a segunda causa de internação hospitalar e a principal causa de morte

entre os adultos com doença falciforme, com maior prevalência em crianças mais

jovens e com altas taxas de recorrência após o primeiro episódio. (BRASIL, 2014).

O tratamento deve ser ofensivo com início imediato de antibioticoterapia

empírica (para Chlamydia ou Mycoplasma), oxigenoterapia, reposição adequada de

fluidos, para evitar sobrecarga hídrica e edema pulmonar. Fisioterapia respiratória

para prevenção de atelectasias e controle da dor. A redução da concentração de HbS

é feita por meio de hemotransfusão e /ou exsanguíneo-transfusão (VICARI;

FIGUEIREDO, 2007). Analgésicos opióides devem ser usados com cuidado, devido

ao risco de depressão respiratória, nestes pacientes (BRASIL, 2008).

2.2.5 Acidente vascular encefálico

É uma das complicações mais graves da doença falciforme, desencadeado

por obstrução de grandes vasos sanguíneos como: carótidas e artéria cerebral média.

A incidência de acidente cerebrovascular isquêmico ocorre em 10% a 18% das

pessoas com doença falciforme. É maior em crianças, enquanto que o acidente

vascular hemorrágico é mais incidente em adultos (BEUTLER, 2001; BRASIL, 2014).

Page 17: EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA

17

As manifestações neurológicas são geralmente focais e podem incluir

hemiparesia, hemiplegia, déficit no campo visual, afasia e paralisia de nervos

cranianos. Sinais generalizados como coma e convulsões podem ocorrer. Pode haver

recuperação completa em alguns casos, no entanto, o dano intelectual, sequelas

neurológicas graves e morte são frequentes (BRASIL, 2002; BRASIL, 2014).

No tratamento do evento agudo a avaliação neurológica imediata com

monitoramento cuidadoso do processo e desenvolvimento dos sintomas neurológicos

é essencial. Considerar para esta avaliação, um perfil ou padrão neurológico (nível de

consciência/orientação/respostas) relacionado aos pares de nervos cranianos,

avaliação sensorial, motora, reflexos e sinais vitais (IVO, 2007).

2.2.6 Priapismo

O priapismo é a ereção persistente e dolorosa do pênis que acomete os

homens com doença falciforme na faixa etária de 10 a 62 anos (BRASIL, 2006).

O evento ocorre pelo aprisionamento das hemácias falcizadas no corpo

cavernoso e tem incidência de até 100% dos pacientes do sexo masculino. O

priapismo pode ser intermitente, como episódios com duração de 30 minutos a 4

horas, ou prolongado, quando se mantém por mais de 4 horas, podendo assim, levar

a fibrose e impotência (BRUNETTA et al., 2010).

Segundo Brasil (2009), há três formas clinicas de priapismo:

• Repetitivo: ereção dolorosa, reversível, repetitiva, com detumescência que

ocorre em poucas horas.

• Ereção dolorosa prolongada: que não desintumesce por mais de algumas

horas. Duração de dias ou semanas e poderá trazer impotência parcial ou

completa.

• Ereção persistente: indolor com endurecimento que pode persistir por semana

a anos. Pode se desenvolver após um ataque demorado sendo associado a

impotência completa ou parcial.

De acordo com Brasil (2009), o tratamento tem como objetivo reverter as

ereções involuntárias, aliviar a dor e preservar a função sexual.

Page 18: EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA

18

2.2.7 Colelitíase

Os pacientes com DF, assim como outros portadores de hemólise crônica,

são propensos ao desenvolvimento de cálculos biliares. Pode ser assintomático ou

levar a crises de dor abdominal e ao aumento de icterícia, à custa da bilirrubina direta,

se houver obstrução de ductos extra-hepáticos. Sobretudo, as dores abdominais

muitas vezes decorrentes da calculose podem ser devido às crises vaso-oclusivas

abdominais (BRASIL, 2009).

Para uma abordagem terapêutica o paciente deve ser orientado a ingerir dieta

hipolipidica. Eventos de colelitíase aguda devem ser tratados com antibióticos,

manutenção do balanço hidroeletrolítico e cuidados gerais até que a crise regrida. A

colecistectomia quando indicada, deverá então ser programada após a fase aguda do

episódio (BRASIL, 2006).

2.2.8 Infecções

O risco de infecções por microorganismos encapsulados em pessoas com DF

é muito maior, principalmente do trato respiratório e septicemia. Isso se deve déficit

de opsonização relacionado à autoesplenectomia, além de alterações do

complemento, das imunoglobulinas, da função leucocitária e da imunidade celular

(BRUNETTA et al., 2010).

Ibidem, as infecções que mais acometem os DF são a pneumonia, quadro

muitas vezes indistinguível da síndrome torácica aguda, e a otite média, geralmente

causadas pelo pneumococo. A meningite é também infecção bastante incidente com

DF, sendo S. pneumoniae e H. influenzae os agentes mais implicados. Eventos

infecciosos como a osteomielite, com prevalência descrita em até 12% dos pacientes

falciformes. Além da osteomielite onde os ossos mais acometidos, são principalmente,

tíbia e úmero. Os principais agentes etiológicos são Salmonella, Staphylococcus e

bacilos gram negativos entéricos.

As complicações infecciosas são a principal causa de hospitalização. No

caso de crianças pode acarrear em morte em até 12 horas. A redução da

morbimortalidade decorrente dessas complicações requer prevenção,

reconhecimento precoce do quadro infeccioso, identificação da causa da infecção e

tratamento com antibióticos apropriados (BRASIL, 2014).

Page 19: EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA

19

3 OBJETIVOS

3.1 GERAL

• Identificar os eventos agudos em pacientes internados com Doença

Falciforme.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Caracterizar a amostra dos pacientes internados com Doença

Falciforme;

• Identificar os principais eventos agudos dos pacientes com doença

falciforme de acordo com a faixa etária.

Page 20: EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA

20

4 MATERIAL E MÉTODO

Trata-se de um estudo com abordagem quantitativa, do tipo coorte

retrospectiva, descritivo e analítico de 48 pacientes com diagnóstico de Doença

Falciforme internados no Hospital Regional e Hospital Universitário Maria Aparecida

Pedrossian da Universidade Federal de Grosso do Sul, no município de Campo

Grande/MS, do período de 1980 a 2010.

A coleta de dados foi realizada nos Serviços de Arquivo Médico (SAME) dos

referidos hospitais entre os meses de novembro de 2010 a outubro de 2011, por meio

de consulta aos prontuários de pacientes com hemoglobinopatias. Foram incluídos

pacientes internados no mínimo com 24 horas de permanência hospitalar, de todas

as idades, com diagnóstico médico de Doença Falciforme. Foram excluídos aqueles

que apresentavam outras hemoglobinopatias e traço falciforme.

As variáveis coletadas para caracterização da amostra foram: diagnóstico

médico, sexo e idade, enquanto que as variáveis clínicas foram: eventos agudos

decorrentes da vaso-oclusão (crise de dor, pneumonias, síndrome torácica

aguda/Pneumonias (STA/Pneumonias), infecções gerais e outras infecções

(Osteomielite, Sinusite, Otite Média, Meningite Bacteriana, Infecção Urinária), sepses,

priapismos, acidentes vasculares encefálicos (AVEs), colelitíases, sequestro

esplênico agudo (SEA) e síndrome aplásticas (Apêndice A).

Na análise dos resultados, os dados foram tabulados e analisados quanto a

frequência de eventos agudos por faixa etária, no programa estatístico SPSS, na

versão 24.0.

O estudo foi previamente avaliado e aprovado em seus aspectos éticos e

metodológicos pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Mato

Grosso do Sul, Campo Grande/MS, Brasil, sob protocolo nº 1.822/2010.

Page 21: EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA

21

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A amostra foi composta por 48 prontuários de pacientes internados com

diagnóstico de doença falciforme, onde totalizaram 464 registros de internações. Os

pacientes incluídos nesta coorte retrospectiva foram acompanhados durantes 30

anos, de 1980 a 2010. Destes 48 pacientes, 45 (93,7 %) eram HbSS, seguidos por

três HbSC (6,3 %), sendo 28 (58,3 %) do sexo feminino e 20 (41,7 %) do sexo

masculino. A idade variou de cinco a 63 anos, com média de 23,02±10,69, que aponta

que a maior parte dos pacientes se encontrava na segunda (terceira) década de vida

(Tabela 1).

Tabela 1- Número e porcentagem de pacientes segundo variáveis de estudo, Hospital Regional e Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian-HUMAP, 1980 a 2010 (n=48).

Variáveis n %

Sexo Masculino 20 41,7 Feminino 28 58,3 Faixa etária De 0 a 15 anos 15 31,2 De 16 a 25 anos 12 25,0 De 26 a 35 anos 13 27,1 Mais de 35 anos 08 16,7 Fenótipo HbSS 45 93,7 HbSC 03 6,3

Segundo Felix, Souza e Ribeiro (2010) a DF é uma doença genética não

ligada a sexo. Em seu estudo com 47 pacientes, foi encontrado um maior número de

mulheres (59,6%) em relação ao de homens (40,4%), o que pode ser resultante do

tamanho da amostra. O que também fica evidente no presente estudo.

Assim, como os resultados aqui encontrados em relação a média de idade,

Felix, Souza e Ribeiro (2010) demonstram ainda que, 57,4% dos pacientes eram

jovens, com idade entre 18 e 30 anos.

Neste estudo, sendo a hemoglobinopatia SS a mais frequente entre os

pacientes falciformes, assemelha-se ao estudo de Araujo et al. (2015) em que dos 63

pacientes investigados, 55 (87,3%) eram HbSS. Esses achados confirmam os

Page 22: EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA

22

descritos na literatura, ressaltando que a anemia falciforme (HbSS), estado

homozigótico para hemoglobina S, representa o genótipo mais comum, com a

apresentação clínica mais grave dentre as doenças falciformes (CARVALHO NETO;

LANDY; FLEURY; 2011).

Quanto a ocorrência de eventos agudos, a Tabela 2 mostra o percentual de

internações dos pacientes com doença falciforme de acordo com o evento agudo que

levou à internação, em cada faixa etária.

Tabela 2: Percentual de internações dos pacientes com doença falciforme de acordo com o evento agudo que levou à internação, em cada faixa etária, Hospital Regional e Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian-HUMAP, 1980 a 2010 (n=48).

Evento agudo

Faixa etária (anos)

0 a 15 16 a 25 26 a 35 Mais de

35

Crise de dor (n=283) 43,8 (124) 28,3 (80) 26,1 (74) 1,8 (5)

Pneumonia (n=81) 75,3 (61) 13,6 (11) 9,9 (8) 1,2 (1)

Colelitíase (n=22) 36,4 (8) 50,0 (11) 4,5 (1) 9,1 (2)

Infecção (n=16) 68,8 (11) 25,0 (4) 6,3 (1) 0,0 (0)

STA/pneumonia (n=16) 43,8 (7) 50,0 (8) 6,3 (1) 0,0 (0)

SEA (n=14) 85,7 (12) 14,3 (2) 0,0 (0) 0,0 (0)

Otite média (n=9) 88,9 (8) 11,1 (1) 0,0 (0) 0,0 (0)

Infecção urinária (n=7) 57,1 (4) 28,6 (2) 14,3 (1) 0,0 (0)

Osteomielite (n=7) 57,1 (4) 14,3 (1) 28,6 (2) 0,0 (0)

Crise aplástica (n=5) 80,0 (4) 20,0 (1) 0,0 (0) 0,0 (0)

Priapismo (n=4) 50,0 (2) 50,0 (2) 0,0 (0) 0,0 (0)

AVE (n=3) 100,0 (3) 0,0 (0) 0,0 (0) 0,0 (0)

Sinusite (n=3) 33,3 (1) 33,3 (1) 33,3 (1) 0,0 (0)

Meningite bacteriana (n=2) 50,0 (1) 50,0 (1) 0,0 (0) 0,0 (0)

Sepse (n=1) 0,0 (0) 0,0 (0) 100,0 (1) 0,0 (0)

Os dados estão apresentados em frequência relativa (frequência absoluta).

Page 23: EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA

23

De acordo com os resultados do presente estudo, a crise de dor foi o evento

agudo que ocasionou o maior número de internações 283 (60,9%,) do total, destas

43,8% (124) ocorreram na faixa etária de 0 a 15 anos, 18,3% (80) de 16 a 25 anos,

26,1% (74) de 26 a 35 anos e 1,88% (5) em maiores de 35 anos.

Segundo Brunetta et al. (2010) a crise de dor é a manifestação mais comum

dos doentes falciformes, ou crise também chamada de vaso-oclusiva (CVO).

Aproximadamente 90% das internações hospitalares desses pacientes são para

tratamento desta complicação. As dores estão diretamente relacionadas com a

isquemia tecidual secundária à falcização das hemácias.

Em crianças menores de 5 anos, a dactilite que ocorre nos pequenos ossos

das mãos e pés (também chamada “síndrome mão-pé”) é a crise dolorosa mais

observada podendo ser, até mesmo, a primeira manifestação da doença. A partir dos

15 e até os 25 anos de idade, observa-se aumento na incidência de crises dolorosas

principalmente nos pacientes do sexo masculino. Após 30 anos, a crises ficam menos

frequentes e mais severas, tornando-se raras após os 40 anos (BRASIL, 2002).

Segundo Zago e Pinto (2007) as crises aplásticas e o sequestro esplênico

agudo (SEA) são mais frequentes nos primeiros anos de vida. Neste estudo, a crise

aplástica resultou em 05 internações, destes 80% ocorreram na faixa etária de 0 a 15

anos e 20% de 16 a 25 anos. Em relação ao SEA, obtiveram 14 internações, destes

85,7% ocorreram entre 0 e 15 anos. De acordo com Nuzzo e Fonseca (2004) a

porcentagem de mortalidade entre crianças falciformes menores de 05 anos é cerca

de 30%, e a maioria das mortes neste grupo é decorrente de infecções fatais,

sequestro esplênico ou crises aplásticas. Na primeira infância observa-se, uma

esplenomegalia que é resultado da congestão na polpa vermelha pelo sequestro de

eritrócitos falcizados nos cordões esplênicos e sinusóides, que evolui com a formação

de trombose e infartos, resultando na atrofia e fibrose do órgão. Denominado auto-

esplenectomia, esse evento normalmente ocorre até os 5 anos de idade

No presente estudo, as internações por infeções não especificadas obtiveram-

se 16 internações sendo que, 68,8% ocorreram entre os 0 e 15 anos. Dentre as

demais infecções (pneumonia, otite média, infecção urinária, osteomielite, sinusite e

meningite bacteriana), a pneumonia resultou em 81 internações, sendo que 75,3%

ocorreram entre 0 e 15 anos. De acordo com Nuzzo e Fonseca (2004) como

consequência da asplenia, há uma maior susceptibilidade a infecções por organismos

encapsulados, principalmente o Haemophilus influenzae tipo b (Hib) e o pneumococo.

Page 24: EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA

24

O risco de infecção por este último em crianças com anemia falciforme menores de

05 anos é aproximadamente 30 a 100 vezes maior que em crianças saudáveis.

Ibidem, pneumonias por pneumococos, Hib e salmonelas são frequentes.

Esses são os agentes mais prevalentes e graves em crianças menores de 05 anos,

principalmente lactentes. Sobretudo, uma causa infecciosa incluindo bactérias

atípicas pode ocorrer em qualquer idade.

Estima-se que aproximadamente 50% dos adultos jovens falciformes

apresentem complicações digestórias relacionadas à presença de barro biliar (bile

espessa) e colelitíase. Essa frequência passa a ser mais significativa a partir dos cinco

anos de idade, aumentando progressivamente na adolescência e na idade adulta

(GUMIERO et al., 2007). De acordo com os resultados desta pesquisa 22 internações

foram decorrentes de colelitíase, destas 50% (11) dos pacientes encontravam-se na

faixa etária de 16 a 25 anos, 30% de 0 a 15 anos, 9,1% em maiores de 35 anos e

4,5% entre 26 e 35 anos.

A síndrome torácica aguda/pneumonia (STA/pneumonia) provocou 16

internações, sendo que a maior incidência (08) 50% ocorrerem entre os 16 e 25 anos

e 07 (43,8%) entre 0 e 15 anos. Segundo Yoo et al. (2002) estima-se que cerca de

50% dos pacientes com anemia falciforme apresentem pelo menos um episódio de

STA no decurso da doença, sendo a segunda causa mais frequente de

hospitalizações destes pacientes e responsável por mais de 25% dos óbitos. A idade

mais acometida é entre 20 e 25 anos de idade, onde também ocorrem os casos

infecciosos, que geralmente são causados pela síndrome aguda do tórax (SAT),

caracterizada por febre, dor torácica, leucocitose e opacidade radiológica pulmonar.

O priapismo ocasionou 04 internações, onde 50% atingiu a faixa etária de 0 a

15 anos, e 50% a faixa etária de 16 a 25 anos. Para Vicari e Figueiredo (2007) dados

retrospectivos mostram que cerca de 28% a 38% dos pacientes falciformes

apresentam histórico de priapismo. A idade média de acometimento é de 20 anos,

sendo que o primeiro episódio pode ocorrer ainda na primeira década de vida.

No presente estudo, 03 internações foram decorrentes de AVE e 100% destas

ocorreram na faixa etária de 0 a 15 anos, que também é evidenciado em estudo de

Martins, Souza e Silveira (2010). Segundo os autores, o acidente vascular encefálico

é umas das complicações mais graves da DF. Em uma investigação sobre

complicações do sistema nervoso central, a DF é apontada como a causa mais

comum de AVE na infância, com incidência de 5% a 10% até os 17 anos de idade

Page 25: EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA

25

(ÂNGULO, 2007). Outros estudos, buscando analisar as causas de mortes em

doentes falciformes, registraram óbitos ocorridos em crianças e em adultos jovens,

acometidos por lesões cerebrais devidos a AVE (SERAFIM, et al., 2006; ARAUJO et

al., 2015).

Page 26: EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA

26

6 CONCLUSÃO

O presente estudo que propôs caracterizar a população com doença falciforme

e identificar os principais eventos agudos em cada faixa etária em internações

hospitalares, conclui que:

A idade variou de cinco a 63 anos, com média de 23,02±10,69, que aponta que

a maior parte dos pacientes se encontrava na terceira década de vida, sendo a

hemoglobinopatia SS a mais frequente. Dentre os eventos agudos, a crise de dor foi

o evento agudo que ocasionou o maior número de internações 283 ao total, seguido

da pneumonia que resultou em 81 internações, ambos os eventos acometeram todas

as faixas etárias. Já 03 internações foram decorrentes de AVE e 100% destas

ocorreram na faixa etária de 0 a 15 anos, confirmado pela literatura que há

predominância entre a faixa etária jovem.

É importante ressaltar que a maioria das internações por SEA (85,7%) e Crise

Aplástica (80%) ocorreu na faixa etária de 0 a 15 anos, resultados observados em

outro estudo, reportando que são eventos agudos mais frequentes nos primeiros anos

de vida (ZAGO; PINTO, 2007).

Devido a complexidade clínica e maior incidência de óbitos em uma faixa

etária jovem e menor sobrevida entre pacientes, a rotina de manutenção da saúde da

pessoa com doença falciforme deve ser iniciada nos primeiros meses de vida e este

deverá ter amplo acesso à saúde através de uma política de atenção integral, incluindo

desde a triagem neonatal, até medidas preventivas e tratamentos das complicações

agudas e crônicas.

Outro aspecto a considerar é à sensibilização aos profissionais de saúde da

equipe multiprofissional para realização da vigilância em saúde, com enfoque também

ao paciente com doença falciforme desde a orientação no diagnóstico precoce, busca

ativa de casos novos, até o monitoramento na administração de medicamentos. Neste

sentido, destaca-se o enfermeiro que é um dos profissionais da área da saúde que

atua diretamente ao cuidado com ser humano, individual, familiar ou na comunidade.

Sua participação deve ser efetiva no aconselhamento genético, no manejo da dor, na

prevenção das crises/eventos agudos, até a adesão ao tratamento.

Dessa forma, além do estudo contribuir com informações relevantes acerca da

incidência de eventos agudos por faixa etária, poderá fornecer subsídios para que

Page 27: EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA

27

ações de saúde nos diferentes níveis de atenção sejam incorporadas e praticadas

pelos profissionais/enfermeiros envolvidos na assistência, visando, portanto, a

prevenção e promoção à saúde do paciente com doença falciforme.

Page 28: EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA

28

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Page 29: EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA

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Page 31: EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA

31

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Page 32: EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA

32

APÊNDICE

APÊNDICE A

INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS DAS INTERNAÇÕES DOS PACIENTES

COM DF

1- NÚMERO DE ORDEM

IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE

2- NÚMERO DO PRONTUÁRIO

3- Fenótipo

HbSS HbSC S beta Outros

COLETA:________/________/________

Page 33: EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA

33

NÚMERO DE ORDEM

DADOS DEMOGRÁFICOS

4- DATA DE NASCIMENTO_____/______/_____

5- SEXO

Fem Masc SI

6- IDADE NO MOMENTO DO DIAGNÓSTICO:________

7- COR DA PELE

Branca Não branca SI

8- MUNICÍPIO DE NASCIMENTO

SI

9- MUNICÍPIO DE RESIDÊNCIA

Na identificação SI

10- ESCOLARIDADE

Na identificação SI

Page 34: EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA

34

11- PROFISSÃO/OCUPAÇÃO

Na identificação SI

12- EMPREGADO

SIM NÃO SI

13- RENDA:_____________________________________________

INTERNAÇÃO (ÕES)

14- DATAS (S) DA (S) INTERNAÇÃO (ÕES):___/____/____

____/____/____ ____/____/________/____/____ ____/____/________/____/____

____/____ ___/____/____ ____/____/____ ____/____/________/____/____

____/____ ___/____/____ ____/____/____ ____/____/________/____/____

____/____

15- MOTIVOS/ EVENTOS DA (S) INTERNAÇÃO (ÕES)

MOTIVOS/ EVENTOS SIM NÃO

Crise Vaso-oclusiva/crise de dor (CVO)

Síndrome Torácica Aguda/pneumonia (STA/pneumonia)

Priapismo

SEA

Septicemia

Page 35: EVENTOS AGUDOS EM PACIENTES INTERNADOS COM DOENÇA

35

Osteomielite

Infecção do Trato Urinário (ITU)

Acidente Vascular Encefálico Isquêmico (AVEi)

Acidente Vascular Encefálico Hemorrágico (AVEh)

Pneumonia

Otite média

Sinusite

Meningite bacteriana

Celulite

Colelitíase Complicada

Infecções

Crise Aplástica

RX de tórax infiltrado

16- Outros motivos:

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ANEXO