evangelismo e missiologia

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7/21/2019 Evangelismo e Missiologia http://slidepdf.com/reader/full/evangelismo-e-missiologia 1/166 Site: www.ibetel.com.br E-mail: [email protected] Telefax: (11) 4743.1964 - Fone: (11) 4743.1826 FACULDADE TEOLÓGICA IBETEL EV NGELISMO E MISSIOLOGI

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Evangelismo e Missiologia

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Telefax: (11) 4743.1964 - Fone: (11) 4743.1826

FACULDADE TEOLÓGICA IBETEL

EV NGELISMO

E MISSIOLOGI

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EV NGELISMO

E MISSIOLOGI

(Org.) Prof. Pr. VICENTE LEITE

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Declaração de fé

 A expressão "credo" vem da palavra latina, queapresenta a mesma grafia e cujo significado é "eu creio",expressão inicial do credo apostólico -, provavelmente, o maisconhecido de todos os credos: "Creio em Deus Pai todo-poderoso...". Esta expressão veio a significar uma referência àdeclaração de fé, que sintetiza os principais pontos da fé cristã,os quais são compartilhados por todos os cristãos. Por essemotivo, o termo "credo" jamais é empregado em relação adeclarações de fé que sejam associadas a denominaçõesespecíficas. Estas são geralmente chamadas de "confissões"(como a Confissão Luterana de Augsburg ou a Confissão da FéReformada de Westminster). A "confissão" pertence a umadenominação e inclui dogmas e ênfases especificamenterelacionados a ela; o "credo" pertence a toda a igreja cristã einclui nada mais, nada menos do que uma declaração decrenças, as quais todo cristão deveria ser capaz de aceitar eobservar. O "credo" veio a ser considerado como umadeclaração concisa, formal, universalmente aceita eautorizada dos principais pontos da fé cristã.

O Credo tem como objetivo sintetizar as doutrinasessenciais do cristianismo para facilitar as confissões públicas,conservar a doutrina contra as heresias e manter a unidadedoutrinária. Encontramos no Novo Testamento algumasdeclarações rudimentares de confissões fé: A confissão deNatanael (Jo 1.50); a confissão de Pedro (Mt 16.16; Jo 6.68); aconfissão de Tomé (Jo 20.28); a confissão do Eunuco (At 8.37);e artigos elementares de fé (Hb 6.1-2).

 A Faculdade Teológica IBETEL professa o seguinteCredo alicerçado fundamentalmente no que se segue:

1. Crê em um só Deus eternamente subsistente em trêspessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo (Dt 6.4; Mt 28.19; Mc12.29).

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2. Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalívelde fé normativa para a vida e o caráter cristão (2Tm 3.14-17).

3. No nascimento virginal de Jesus, em sua morte vicária e

expiatória, em sua ressurreição corporal dentre os mortos esua ascensão vitoriosa aos céus (Is 7.14; Rm 8.34; At 1.9).

4. Na pecaminosidade do homem que o destituiu da glória deDeus, e que somente o arrependimento e a fé na obraexpiatória e redentora de Jesus Cristo é que o pode restaurar aDeus (Rm 3.23; At 3.19).

5. Na necessidade absoluta no novo nascimento pela fé emCristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra deDeus, para tornar o homem digno do reino dos céus (Jo 3.3-8).

6. No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita ena eterna justificação da alma recebidos gratuitamente na féno sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor (At10.43; Rm 10.13; 3.24-26; Hb 7.25; 5.9).

7. No batismo bíblico efetuado por imersão do corpo inteirouma só vez em águas, em nome do Pai, do Filho e do EspíritoSanto, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo (Mt 28.19;Rm 6.1-6; Cl 2.12).

8. Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vidasanta mediante a obra expiatória e redentora de Jesus noCalvário, através do poder regenerador, inspirador esantificador do Espírito Santo, que nos capacita a viver comofiéis testemunhas do poder de Jesus Cristo (Hb 9.14; 1Pe1.15).

9. No batismo bíblico com o Espírito Santo que nos é dado porDeus mediante a intercessão de Cristo, com a evidência inicial

de falar em outras línguas, conforme a sua vontade (At 1.5; 2.4;10.44-46; 19.1-7).

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10.Na atualidade dos dons espirituais distribuídos peloEspírito Santo à Igreja para sua edificação conforme a suasoberana vontade (1Co 12.1-12).

11.Na segunda vinda premilenar de Cristo em duas fasesdistintas. Primeira - invisível ao mundo, para arrebatar a suaIgreja fiel da terra, antes da grande tribulação; Segunda -visível e corporal, com sua Igreja glorificada, para reinar sobreo mundo durante mil anos (1Ts 4.16.17; 1Co 15.51-54; Ap 20.4;Zc 14.5; Jd 14).

12.Que todos os cristãos comparecerão ante ao tribunal de

Cristo para receber a recompensa dos seus feitos em favor dacausa de Cristo, na terra (2Co 5.10).

13.No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenaráos infiéis, (Ap 20.11-15).

14.E na vida eterna de gozo e felicidade para os fiéis e detristeza e tormento eterno para os infiéis (Mt 25.46).

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Sumário

Declaração de fé......................................................................

PRIMEIRA PARTEEVANGELISMO

Capítulo 1 - Noções Introdutórias............................................

Capítulo 2 - Mobilizando a Igreja para o Crescimento.............

Capítulo 3 - A Estratégia da Evangelização Pessoal...............

Capítulo 4 - Alcançando as Crianças para Cristo.....................

Capítulo 5 - Usando os Lares para Evangelização..................

Capítulo 6 - Ganhando Almas Através de Cruzadas Evangelísticas.

Capítulo 7 - Evangelizando os Estrangeiros no Brasil.............

Capítulo 8 - Evangelização de Grupos Marginalizados...........

Capítulo 9 - Como Integrar os Novos Convertidos...................

SEGUNDA PARTEMISSIOLOGIA 

Capítulo 1 - A Natureza da Tarefa Missionária.........................

Capítulo 2 - Duplo Mandato.....................................................

Capítulo 3 - A Grande Comissão..............................................

Capítulo 4 - A Grande Comissão e as Comissões...................

Capítulo 5 - O Apostolado no Novo Testamento......................Capítulo 6 - Obejtivo do Ministério Missiológico.......................

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Capítulo 7 -

Capítulo 8 - O Desafio do Chamado de Deus..........................

Capítulo 9 - Qualificações Bíblicas de um Missionário............

Capítulo 10 - Missões Transculturais.......................................

Referências..............................................................................

 A Importância do Chamado Missionário............... 135

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Primeira Parte

Ce  n  t r  o d e  E d  u c a ç ã  o

  T e  ol  ó gi c a 

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Primeira ParteEvangelismo

Capítulo 1

Noções Introdutórias

1. Etimologia

Evangelismo vem da palavra evangelho (hb. besorah),cujas raízes são: a palavra grega "evangelion", que significaboas-novas. Evangelho de Cristo (hb. besorah e do gr.evangelion; e gr. Chisthos, ungido). Expressão usada peloapóstolo Paulo para indicar a mensagem que centraliza emCristo o único meio de o homem herdar a vida eterna (Rm15.19; Gl 1.7). Evangelismo (evangelion + ismo), que significa

exposição sistemática da doutrina e dos métodos daproclamação do Evangelho de Cristo, de conformidade com oEspírito e a urgência da Grande Comissão (Mc 16.14-18). Apalavra evangelho torna-se mais significativa quandoestudamos o verbo hebraico "bissar" (hb. Besorah), quesignifica "anunciar, contar, publicar". Este verbo é aplicado emIs 41.27; Sl 40.9,10; 68.11,12, que proclama a vitória universalde Jeová sobre o mundo.

2. Seu mérito

 A evangelização devida ser uma ordem direta de Jesusé importante para o crente salvo tomar como uma tarefa a sercumprida. Na Igreja primitiva todos os crentes (At 4.31), tinhamo desejo ardente de anunciar o Evangelho, tinham o amor deDeus em seus corações pelas almas perdidas. Asperseguições do dia a dia não tirava o ânimo deles, masconfiados na mensagem de Jesus (Jo 16.33), cada vez mais

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se enchiam do poder de Deus para continuarem o trabalho,pois eles haviam visto e ouvido (At 4.20) tudo que forarealizado pelo seu querido Mestre, portanto, não podiam parar.Todo aquele que tiver esta chamada deve estar convicto de

uma salvação completa, e certo do poder que Jesus tem parasalvar ainda hoje, pregar aquilo que enche o seu interior, e cairna graça do povo (At 2.47) para que o Senhor acrescente acada dia aqueles que deverão ser salvos.

3. Seu recado verbal

"São estas as palavras que vos disse estando

convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que deminha pessoa estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas, enos Salmos. Então lhes abriu o entendimento paracompreenderem as Escrituras. E disse-lhes: Assim estáescrito, e assim convinha que o Cristo padecesse, e ao terceirodia ressuscitasse dos mortos, e em seu nome se pregasse oarrependimento e a remissão dos pecados, em todas asnações, começando por Jerusalém" (Lc 24.44-47). Aqui,

vemos a MENSAGEM que devemos pregar em todos oslugares: Cristo padeceu, mas ao terceiro dia ressuscitou epode remir com seu precioso sangue a todos os que searrependem de seus pecados (1Pe 1.18,19; At 2.38; 17.30).

4. Valor e definições

Para termos uma real compreensão, de seu valor namensagem salvífica, é necessário vermos algumas definições:Evangelismo é a tarefa de testemunhar de Cristo aospecadores perdidos. Anunciar à humanidade a salvação emCristo Jesus, pregar e ensinar demonstrando convicção deque Ele veio redimir e salvar; Evangelismo é a tarefa de levarhomens a Cristo; Evangelismo é alistar vidas ao serviço deCristo.

  Evangelismo é obedecer e proclamar as boas-novas:Jesus foi o exemplo, fazendo assim (Lc 4.18; Mt 11.5); Os

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apóstolos obedeceram ao "IDE" de Jesus (Lc 9.6); A Igrejaprimitiva continuou assim (At 8.4,25,40). Portanto,Evangelismo, é anunciar as boas-novas de Jeová; é proclamaro Evangelho de Jeová ao povo, concretizado no nascimento e

ressurreição de Jesus Cristo (Lc 2.9-11; Mc 16.6-9).5. Seu objeto

Disse Jesus: "Ide portanto, ensinai todas as nações,batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo"(Mt 28.19). Seria este o nosso alvo: ensinar a todas as nações?Qual é então o nosso verdadeiro alvo na evangelização? Fazer

discípulos de todos os povos. Fazer um discípulo não consisteapenas em ensiná-lo oralmente, mas fazer com que ele seja onosso imitador (I Co 4.16; 11.1). Devemos, portanto, serirrepreensíveis, a ponto de permitir que a nossa vida e condutasejam imitadas por aqueles que evangelizamos. Há muitosque pensam que Evangelismo é um passatempo, um serviçopara férias, e outros chegam a dizer que Evangelismo é ummeio pelo qual a igreja vem se auto-propagar como instituição

filantrópica. Sua finalidade vai muito além de um simplespassatempo, e é de mais valor do que uma simplespropaganda comercial. Vejamos:

 Anunciar a Cristo (Jo 1.36). Seu objetivo não é outrosenão informar a respeito do plano de Deus para salvar ospecadores, através de Cristo (At 3.12-26), tirando-os dacegueira espiritual.

Levar homens a Cristo (Jo 1.46). O Evangelismo temcomo objetivo persuadir o homem quanto a sua triste condiçãopecaminosa, e mostrar-lhe o caminho da salvação (At 26.25-29).

 Alistar vidas para o serviço de Cristo (At 11.25-26). Suafinalidade é apresentar ao pecador o Senhor Jesus como oSalvador fiel e compassivo. É bom lembrarmos, que averdadeira vida cristã, é uma vida de trabalho e dedicação aoserviço do Mestre.

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6. O Evangelismo é imprescindível

Evangelismo não é uma simples técnica, mas umaradiografia que localiza e mostra a doença espiritual do

pecador, e também nos mostra o cuidado e a provisão de Deuspara com a Sua criatura, bem como:

 A condição espiritual dos pecadores: a cabeça doente(Is 1.5); a garganta é um sepulcro (Rm 3.13); a boca cheia demaldição (Rm 3.14); olhos altivos (Is 2.11); A testa de bronze (Is48.4-6); o coração de pedra (Ez 11.19); pés velozes para

derramar sangue (Rm 3.15); muitas feridas e chagas (Is 1.6);mortos no pecado (Ef 2.1).

O Pensamento Divino: suas almas têm alto valor (Mc8.36,37; Lc 15.7,13,15); estão como ovelhas perdidas (Mt9.36); a volta de Cristo na dependência do Evangelismo (Mt24.14).

7. A Amplitude do Evangelismo

Pregar as boas-novas de Jesus Cristo, não é privilégiodos pastores e missionários, mas de todos quantos nossoSenhor Jesus Cristo chamar à salvação.

Revelada no Velho Testamento (Ez 3.16-27).

Revelada no Ministério de Cristo: enviou 70 crentes (Lc10.1-24); enviou os 12 discípulos (Lc 9.12); enviou o homem deGadara (Lc 8.35-39).

Revelada nas Primeiras Atividades Cristãs: todostestemunhavam (At 4.31); Estevão testemunhou (At 6.8-10);os que iam fugindo à perseguição (At 8.3,4); varões ciprinos e

cirinenses (At 11.20,21).

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8. O Evangelismo e sua história

Evangelismo não é novidade. Não é técnica originadapelos reformadores, e nem tampouco pela igreja do século XX.

E por estes motivos, muitos têm negligenciado o Evangelismo,por não saberem a sua história.

O instrumento usado por Deus, para divulgação de Suamaravilhosa mensagem, é o Evangelismo. Este trabalho é de

iniciativa divina. Não é produto da mente humana, mas nasceuno seio de Deus, isto é, a vontade de salvar a Sua criatura.Portanto, Evangelismo é uma flor que se desabrochou nocoração divino.

Deus Pai o originou (Gn 3.15; Is 6.8). Nestes doisversículos encontramos a promessa de libertação, e o apelo

divino para divulgar seus desígnios.Cristo o cumpriu (Jo 3.1-3; Lc 23.29-43; Jo 4.1-30). A

vida de Cristo aqui na terra, Suas palavras, Suas obras e Suasações, sempre estiveram em completa harmonia com avontade divina. Sua preocupação era: "cumprir toda justiça"(Mt 3.15).

O Espírito Santo o divulgou (At 13.2; Jo 16.8-11). É porintermédio do Espírito Santo que a mensagem divina édivulgada. Cristo disse: "Mas, quando vier o Consolador... eleTESTIFICARÁ de mim" (Jo 15.26). Cristo sabia que a obra doEspírito é testificar. O Espírito Santo envia homens parapregar, e através deles convence o mundo do pecado, da

 justiça e do juízo. Em todas as ruas, bairros, cidades, estados,

países, continentes, o Espírito Santo quer divulgar amensagem salvadora de Cristo.

8.1. Sua origem

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Nos seus seguidores: evangelizar foi qual fogo noscorações dos apóstolos. Eles não conseguiram ficar calado (At4.20); André evangelizou Pedro (Jo 1.40-42); Filipeevangelizou Natanael (Jo 1.45); Pedro evangelizou Cornélio

(At 10.30-43); a samaritana (Jo 4.28-30,39); os grandespregadores. Evangelizar sempre foi o tema da vida emensagem dos grandes pregadores; D.L. Moody disse: "Usa-me Senhor para o alvo que lhe agrada"; Henrique Martyn. Deleestá escrito: "Ajoelhou-se na praia da Índia e disse; Aqui queroser gasto inteiramente por Deus"; Paul Yonggi Cho pediu aoSenhor: "Quero mil almas por ano e depois pediu mil por mês, e

Deus lhas deu".

 Alistamos algumas das razões que justificam oevangelismo: um mandamento de Jesus (Mc 16.15-18; 28.18-20); somos cooperadores de Deus no plano da salvação (1Co3.9); nossa dívida (Rm 1.14); nossa obrigação (1Co 9.16);

devemos ter o sentimento que houve em Cristo (Fp 2.9,10);nossa tarefa mais importante aqui na terra (1Co 1.22,23); (g)fomos chamados para realizar esta obra (1Pe 2.9,10); asituação espiritual do perdido, a situação do pecador é difícil. Opecado lhe tem causado muitos males, tais como: separaçãode Deus (Is 59.1,2); endurecimento do coração (Hb 3.12,13);incitação para o mal (Rm 7.19,20); engano (Rm 3.9);aprisionamento (Rm 7.23); escravidão (Jo 8.34); morte (Rm

6.23); em obediência à Palavra de Deus, devemos salvaralguns, arrebatando-os do fogo (Jd 23).

8.2. Suas razões

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Capítulo 2

Mobilizando a Igreja para o Crescimento

Introdução

"E crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém semultiplicava muito o número dos discípulos, e grande parte dossacerdotes obedecia à fé" (At 6.7).

O crescimento da Igreja é consequência direta da

evangelização. Se esta for relegada o segundo plano, atendência a princípio é a obra estagnar-se para depoisdecrescer. Grandes trabalhos do passado são hoje pequenasigrejas porque faltou a visão correta do crescimento. Éindispensável entendermos o que significa mobilizar para ocrescimento, para que possamos praticar um "evangelismo deresultados que seja efetivo na vida das igrejas". A vidaespiritual e o crescimento da Igreja depende exclusivamente

do trabalho de Evangel ismo. Evangel ismo estáintrinsecamente ligado com o desenvolvimento do corpo deCristo. Muitas igrejas estão acomodadas com cultos rotineiros.Não sabem que o Evangelismo tira a igreja da rotina e traz vidavibrante para seus membros.

O Evangelismo tem como enfoque trazer almas para aIgreja; agregar vidas em torno de Cristo. Quando ocorre este

"Êxodo", ou seja a saída de almas do mundo, a Igreja tem decuidar dessas pessoas. Suas vidas têm muito valor e por isso aIgreja tem de estar preparada para ajudá-las nas seguintesáreas:

 Área devocional (Mt 6.5-13). A Igreja deve orientar ocrescimento espiritual e a formação da semelhança de Cristona vida do novo convertido. A vida profunda em Cristofortalecerá e firmará o neófito, dando-lhe força para enfrentar oDiabo, a carne e o mundo.

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 Área doutrinária (Hb 6.1-3). A igreja deve se preocuparem doutrinar sadiamente o novo convertido. Mostra-lhe asbases bíblicas que sustentam o Cristianismo e transmitir-lhe ossão ensinamentos a respeito da Salvação, Justificação, tendo

sempre em mira o presente a volta de Cristo.

 Área do discipulado (Mc 3.14; Mt 28.19-20). A igrejadeve ensinar o novo convertido e integrá-lo nos serviços deevangelização. O novo convertido é um instrumento na mão daigreja, para salvação de outras almas. Temos que aproveitareste potencial que muitas vezes não damos o mínimo de valor.É bom lembrarmos que o primeiro amor é o momento que oindivíduo realmente salvo entrega-se totalmente, semreservas, Aquele que o salvou e o libertou, e a única forma queele encontra para retribuir ao seu Senhor, é assinando umafolha em branco e deixando que Deus dite o seu querer paraele.

1. A Natureza do crescimento

 Antes de partir para qualquer ação evangelística, aIgreja deve crescer na comunhão para com Deus. É o quedeterminado autor identifica como crescimento vertical (1Co1.7). Comunhão, em seu sentido restrito, significa identidadede objetivos, ter os mesmos interesses ou participar dasmesmas idéias. Cada crente, em particular, ao tornar-separticipante do corpo místico de Cristo - a Igreja - passa a estarligado com o Senhor e vai, por conseguinte, identificar-se comos seus propósitos. Assim como no corpo humano os membrosse harmonizam entre si e são comandados exclusivamentepela cabeça, através de elos comunicantes, de igual forma aIgreja deve voltar-se para o crescimento na comunhão com

aquele de quem ele depende para apresentar-se ao mundocom uma mensagem coerente, bíblica e de salvação.

1.1. O crescimento se dá verticalmente

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1.2. O crescimento se dá horizontalmente

1.3. O crescimento é de natureza quantitativa

Quando se fala em crescimento de natureza horizontal,o propósito é realçar a importância da unidade da Igreja para a

realização de um trabalho evangelístico produtivo. Uma igrejalocal terá pouco ou nenhum sucesso em seu trabalho deevangelização se estiver fragmentada por sentimentos, taiscomo preconceito, desinteresse pelo próximo, facciosismo,vaidade pessoal etc. Outro ponto extremamente prejudicial é adepartamentalização exagerada em que cada órgão da igrejase acha proprietário de uma "capitania hereditária", sem tersem ter que prestar contas a ninguém. A visão bíblica não é

bem essa. Os departamentos locais devem estar integrados àigreja, assim como os órgãos do corpo, porque são interde-pendentes e trabalham em favor do mesmo objetivo - ocrescimento da Igreja.

Comunhão, na visão neotestamentária, é "alegrar-secom os que se alegram e chorar com os que choram" (Rm12.15). Numa linguagem mais atual, significa ter "empatia",

que, segundo o Aurélio, é "sentir o que se sentiria casoestivesse na situação e circunstâncias experimentadas poroutra pessoa". Para que a Igreja tenha êxito em suamensagem salvífica, é preciso que, antes de tudo, ela se sintaresponsável por seus membros, individualmente, seja noaspecto espiritual, fraternal, social e até mesmo físico. É akoinonia de Atos dos apóstolos.

 Aqui entra o aspecto mais visível do crescimento, que éa constituição numérica da Igreja, pela real conversão dos que,a cada dia, a ela se agregam. A meta final de toda a atividadeda Igreja é esta, e não pode ser redirecionada para outroobjetivo. A busca de novos crentes em todos segmentos da

sociedade deve constituir-se na prioridade absoluta dossalvos. Se ao final de cada ano o censo da igreja local nãorevela novos progressos, alguma coisa está errada. É óbvio

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que há uma série de fatores externos que devem ser levadosem conta, principalmente em se tratando de trabalho pioneiro,cujos resultados nem sempre podem ser mensurados pelospadrões normais de crescimento. Todavia, a lei bíblica da

semeadura implica em colheita (Ec 11.1; Sl 126.6; 2Co9.10; Gl 6.7). Se não há colheita, não houve semeadura ouesta foi feita de modo errado.

2. O Crescimento deve ser proporcional

O resultado da semeadura será proporcional ao que foisemeado. "Porque semearam ventos, e segarão tormentas(Os 8.7). Uma grande, colheita dependerá, antes de tudo, daquantidade de sementes plantadas. Mas o bom lavradordeverá, também, conhecer todas as técnicas capazes deproduzir o maior resultado possível da semeadura, que jamaispoderá ser feita aleatoriamente. A semente, no nosso caso, é aPalavra de Deus, mas o modo de semeá-la, bem como o

instrumento para fazê-lo podem ser diferentes, de acordo comas circunstâncias".

Se o lavrador possui uma grande área cultivável, ondepretende desenvolver determinada cultura, a semeadura teráde levar em conta o tamanho da área. O princípio daproporcionalidade está implícito na Bíblia, quando, porexemplo, Jesus identifica o crente, como "sal da terra e luz domundo".

 A parábola do semeador (Mt 13.1- 9) também traz omesmo ensino. Quatro tipos de terra receberam a semente. NaBíblia, o número 4 é símbolo de totalidade. Portanto, toda a

área sob a influência da igreja local deve ser cultivada,independentemente de alguns segmentos serem ou não

2.1. Proporcionalidade ao trabalho realizado

2.2. Proporcionalidade ao tamanho da terra

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férteis. Não pode haver preconceitos na evangelização. O ricoe o pobre, o intelectual e o analfabeto, o profissional liberal e olavrador, todos, sem distinção, devem receber a Palavra deDeus.

 A Bíblia fala de "pouca fé" (Mt 6.30), "tanta fé" (Mt8.10),"fé como um grão de mostarda" (Mt 17.20), "homem cheio defé" (At 6.5) e sobre a "medida da fé" (Rm 12.6). Isto significaque o trabalho de cada um será, também, mediante o tamanhode sua fé. Só fará grandes coisas para Deus quem tiver fé

abundante e assentada nas promessas do Altíssimo. Ocrescimento da Igreja só terá repercussões positivas deacordo com a eficácia da fé dos que o estão empreendendo.

3. A Proporção do crescimento na Igreja de Jerusalém

O ritmo de crescimento na Igreja de Jerusalém pode ser

acompanhado nos Atos dos apóstolos. De um grupo inicial dequase 120 pessoas (1.15), o número alcança no capítulo 4.4quase 5 mil, isto em um período curto de tempo. Levando-seem consideração que o livro faz questão de ressaltar, doprincípio ao fim, o volume de pessoas que se agregava à igreja,chega-se então à seguinte pergunta: Quantos membrosfaziam parte da igreja de Jerusalém? Há informaçõeshistóricas de que a população de Jerusalém naquela época era

de 200 mil pessoas, das quais a metade constituía-se decristãos. Como se explica este avanço?

Na obra do crescimento não podem existir asoperações de diminuir ou dividir. Só há lugar para amultiplicação. O versículo destaca que o "número dos

discípulos se multiplicava muito". Isto dá a idéia de que ocrescimento se dava além das expectativas normais.

2.3. Proporcionalidade ao tamanho da fé

3.1. O crescimento se deu pela multiplicação (At 6.7)

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capítulos da Bíblia há uma descrição lógica e ordenada decomo as coisas vieram à existência. Para exemplificar, bastamapenas mais alguns exemplos: a descentralizaçãoadministrativa do povo de Israel (Êx 18.15-27); a numeração

das tribos de Israel (Nm 1.1-4); a designação dos 70 anciãospara ajudar Moisés (Nm 11.16-17); a ordem na multiplicaçãodos pães (Mc 6.30-44).

 A igreja que deseja realizar a obra do crescimento demodo dinâmico e efetivo terá de contar primordialmente com oEspírito Santo e a metodologia certa para canalizar suas ações

evangelísticas.

O estabelecimento de alvos é peça básica naorganização das atividades de qualquer empresa a cada ano.Eles ajudam a que todos os envolvidos no processo tenhamidéia clara do que se deseja, ensejando a planificação decaminhos para alcançá-los. Não basta dizer: "Vamos ganharmuitas almas para Jesus nos próximos meses." É preciso queos objetivos sejam claramente estabelecidos e também osmétodos, a fim de que o trabalho seja produtivo e não sedesperdicem tempo e recursos que poderiam ser melhorcanalizados.

 A integração dos novos crentes é um dos pontos maisdesprezados no trabalho cotidiano da igreja, não obstante suaimportância na fixação do novo convertido em sua novarealidade espiritual. Esse trabalho começa, em certo sentido,com os introdutores, cuja função é recepcionar principalmenteos não salvos que visitam a igreja, procurando acomodá-los

4.1. Mobilizando para o crescimento através de alvospredefinidos

4.2. Mobilizando para o crescimento através da integraçãodos novos crentes

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nos melhores lugares para ouvir a Palavra de Deus. Mas, àsvezes, esses irmãos acabam sendo verdadeiros carrascosespirituais, pelo modo carrancudo com quem tratam osvisitantes.

Integração da igreja quer dizer, em outras palavras,envolver todos os crentes nos mesmos objetivos. Aqui entramais uma vez a departamentalização. É precisa que haja daparte da liderança da igreja uma ação planificada, se possível

de caráter anual, de modo que cada departamento cumpra oseu papel dentro dos objetivos gerais. A ausência destaplanificação tem gerado distorções agudas, como o excessode festas, a superposição de programas departamentais e otrabalho isolado de órgãos que competem entre si. Por que nãoplanejar anualmente as atividades locais, tendo como metamaior o crescimento da Igreja? Quais são os alvos de suaigreja para o próximo ano? Para este ano corrente asestratégias foram estabelecidas e alcançadas? Quais foram, equais serão as atividades previstas para cada departamento?Se Deus não é um ser anárquico, por que, nós, seus filhos,seremos desorganizados? São perguntas que devemosresponder, se queremos, de fato, mobilizar a igreja para ocrescimento.

4.3. Mobilizando para o crescimento através da integraçãoda igreja

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Capítulo 3

A Estratégia da Evangelização Pessoal

“E, correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías e disse:Entendes tu o que lês?" (At 8.30).

 A evangelização pessoal ainda é, por excelência, ométodo mais eficaz na obra de ganhar almas. Nenhumaestratégia, por mais perfeita que seja, pode substituir com amesma eficiência o contato pessoal na pregação do

Evangelho. Jesus e os apóstolos pregaram às multidões, masnunca desprezaram a evangelização pessoal por entenderemque a salvação é uma questão individual (Rm 14.12), que deveser tratada com as pessoas uma a uma, como fez o Mestre aoescolher os seus discípulos. É, por outro lado, a estratégiamais simples e de menor custo, pois é fruto do amorapaixonado de cada crente pelas almas perdidas, que o fazbuscá-las pessoalmente e sem esmorecimento, onde quer que

se encontrem, como fez o pastor com a que se encontravadesgarrada do redil. Se cada crente entendesse o seu papel eganhasse, pelo menos, uma pessoa a cada ano, o alvo deconquistar as almas poderia ser alcançado em pouco tempo.

1. Como se processa a evangelização pessoal

 A evangelização pessoal tem como fundamento ocontato entre o evangelista e a pessoa a ser evangelizada. Senão houver contato, não há evangelização. É óbvio que ocontato se dá em duas direções: primeiro com Deus, depoiscom o próximo. A forma de aproximação, mais conhecida comoponto de contato, vai determinar em grande parte o êxito dainiciativa. Ma será a chave para tornar o interlocutor mais

acessível ao diálogo, que poderá levá-lo a reconhecer os seuspecados e à conversão. Não basta simplesmente iniciar uma

1.1. O uso correto dos pontos de aproximação

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conversa mostrando já as consequências de quem se rebelacontra Deus. Talvez esta seja a forma mais rápida de fechar asportas à pregação. Em nenhuma parte da Bíblia a mensagemde juízo precede a de arrependimento.

Descobrir o ponto de contato significa fazer uso dahabilidade de intuir em cada situação a maneira pela qual oevangelista pode identificar-se com a pessoa que está sendoevangelizada. Veja o exemplo de Filipe. Ele descobriu que oeunuco lia o profeta Isaías e fez uso deste ponto deaproximação para entabular a conversa, enquanto corria aolado do carro (At 8.30). Paulo no areópago utilizou-se da figura

do altar ao deus desconhecido para apresentar aos atenienseso verdadeiro Deus (At 17.22-24). Ponto de contato é a chave"para se dizer o que é certo de maneira que não ofenda aspessoas".

Compreender as necessidades humanas é, também,

uma forma que leva ao ponto de aproximação. O evangelistapessoal tem que olhar a comunidade que o cerca sob essaperspectiva, entendendo que ele está tratando com pessoascom temperamentos distintos e que vivem circunstânciasdiferentes. Tratar a todas sob o mesmo ângulo é desconhecerque cada necessidade específica carece de tratamentoespecífico. O que fez Paulo no cárcere em Filipos? Sob anossa ótica, a fuga imediata talvez fosse o caminho mais lógico

para ganhar a liberdade, após o terremoto. No entanto, ele tevepleno domínio da situação e prolongou sua permanência nacadeia por mais algum tempo por compreender que aquelacircunstância era o meio pelo qual poderia legitimar asverdades do Evangelho através do próprio comportamento,levando uma família à conversão (At 16.25-39).

Cristo, nosso maior exemplo, foi quem melhor soubeutilizar-se dos pontos de aproximação e compreender as

1.2. Compreendendo a necessidade humana

1.3. Aprendendo com os exemplos de Cristo

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necessidades humanas. Enquanto a mulher samaritanaestava preocupada em tirar água do poço de Jacó, Eleaproveitou o fato para falar-lhe da água da vida, sem entrar nomérito da histórica inimizade entre judeus e samaritanos. Em

relação à mulher adúltera, teve a visão correta da suanecessidade e da hipocrisia dos que a cercavam. Quanto aZaqueu, o publicano, tocou no seu ponto nevrálgico para levá-lo ao conhecimento da salvação. No que tange, à multidãofaminta, no deserto, movido de íntima compaixão ordenou aosdiscípulos: "Dai-lhe vós de comer", e não a despediu enquantonão foi alimentada.

2. Como realizar a evangelização pessoal

 A evangelização pessoal tem como pressuposto aamizade, principalmente quando se trata de um projeto amédio prazo em relação a determinada pessoa. Uma proposta

de relacionamento amistoso e sincero é a primeira atitude queo evangelista pessoal precisa demonstrar na sua buscaincessante pelas almas perdidas. É preciso que haja da partedo pecador absoluta confiança nas intenções de quem o estáevangelizando.

O exemplo é outro fator de atração que deve ir à frentepara conquistar, sem palavra, a expectativa do incrédulo. Háuma diferença entre o salvo e o não salvo e esta precisa ficarbem caracterizada não apenas pelo discurso, masprincipalmente pelas ações. "Eis que tenho observado que,este homem que passa sempre por nós é um santo homem deDeus" (2Rs 4.9), já dizia a mulher a respeito de Eliseu. De que

adianta um turbilhão de palavras bem concatenadas se otestemunho não corresponde ao que se prega?

2.1. Ganhando almas pela amizade

2.2. Ganhando almas pelo exemplo

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2.3. Ganhando almas pela Palavra

2.4. Ganhando almas pelo discipulado

 A Palavra é a ferramenta do evangelista pessoal. Eledeve manejar bem a palavra da verdade (2Tm 2.15) para

mostrar ao pecador os pontos salientes do caminho dasalvação, aplicando a cada circunstância a mensagemcorrespondente. É importante ter bem claros na mente osversículos e suas respectivas referências que falem sobrecada situação que a pessoa pode estar experimentando ouexperimentar, como, por exemplo, pecado, arrependimento,confissão, perdão, o amor de Deus, salvação, segurança,

proteção, paz, vitória, vida eterna e outros tópicos de igualimportância.

 Aqui significa que o evangelista pessoal não vai pregarpara alguém e abandoná-lo à beira do caminho. O discipulado

implica em adotar essa pessoa e levá-la pacientemente acumprir todos os passos da salvação até que Cristo sejagerado nela. Este procedimento produzirá crentes madurosque, por sua vez, serão levados a ter a mesma atitude de fazernovos discípulos (2Tm 2.2).

Foi assim com Filipe, que após o chamado do Mestre,trouxe as boas novas para Natanael e o levou a Cristo (Jo 1.45-47). O mesmo ocorreu com a mulher samaritana, que anunciouter encontrado o Messias aos conterrâneos de Samaria:"Vinde e vede um homem que me disse tudo quanto tenhofeito, porventura não é este o Cristo?" (Jo 4.39). Oendemoninhado gadareno foi outro que não titubeou. Depoisde liberto, "foi apregoando por toda a cidade quão grandescoisas Jesus lhe tinha feito" (Lc 8.39). Gerar um novo crente

significa acompanhá-lo passo a passo, tal como a uma criança,até que possa andar com os seus próprios pés.

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3. Qualidades de quem faz evangelização pessoal

Entre as muitas qualidades exigidas do evangelistapessoal, além da conversão e da certeza de salvação, está aconvicção absoluta naquilo que crê. Jó escreveu: "Eu sei que omeu Redentor vive" (Jó 19.25). O apóstolo Paulo não tevedúvida: "Eu sei em quem tenho crido" (2Tm 1.12). A tibieza naexposição das verdades da salvação passa a idéia de que opregador não está muito convicto daquilo que prega e nãopermite ao Espírito Santo usar a palavra para atingir o coração

do ouvinte, isto porque "se a trombeta der sonido incerto, quemse preparará para a batalha?" (1Co 14.8). Ou seja, se osoldado der o toque de recolher para a seguir dar o toque dealvorada no momento exato de iniciar a guerra, como osrecrutas vão agir?

Ter o senso da oportunidade é não deixar passar a horae aproveitar as circunstâncias favoráveis. O evangelistapessoal está sempre atento aos fatos e a tudo que o cerca, poisuma situação inesperada pode ser o ponto de partida paraganhar uma alma. Filipe ia a caminho de Gaza, deixando paratrás um poderoso avivamento em Samaria (At 8.1-8) eaparentemente desperdiçando tempo, pois diz a Bíblia que aregião estava deserta. Mas eis que de repente surge alguémnuma carruagem lendo o profeta Isaías. Era a oportunidadeque não podia ser desperdiçada e Filipe não perdeu tempo. Oresultado todos conhecem.

O pecador manifesta diferentes reações à palavra

pregada. Cabe ao evangelista pessoal conhecê-las e sabercomo lidar com elas. Há os que se mostram indiferentes,enquanto outros estão interessados. Há os que desejam a

3.1. Demonstrar convicção

3.2. Ter o senso da oportunidade

3.3. Conhecer as diferentes reações do pecador 

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salvação mas se acham impedidos, enquanto outros nãocrêem que podem ser salvos. Há os que se consideramfracassados e não sabem como ser restaurados. Enfim, hádiferentes situações, mas para cada uma há respostas

convincentes nas Escrituras. É preciso que o evangelistapessoal as conheça e permita que o Espírito Santo a use nomomento adequado.

4. Onde realizar a evangelização pessoal

Não há limites para a evangelização pessoal e nem altoscustos. Ela pode ser realizada exatamente onde o aluno seencontra. Moody, por exemplo, propôs pregar às pessoas queviajavam nos bondes. Os transportes coletivos, como ônibus,trens, barcas e metrô são uma boa opção para quem desejaevangelizar. É bom ter sempre à mão uma boa quantidade defolhetos, conhecendo antes a sua mensagem, para distribuirde maneira cortês a cada passageiro.

Este é o local onde se encontra todo tipo de gente, desde osricos empresários aos que vivem na solidão cósmica, desde asprostitutas aos que estão na marginalidade. Lembre-se de queCristo "veio buscar e salvar o que se havia perdido", isto é, osdoentes espirituais. Esta é visão do ganhador de almas.

 Aqui está se tratando de eventos da natureza pública,que podem ser usados para o evangelismo dirigido,principalmente através de literatura própria. É o caso dapassagem de fim de ano, do carnaval e de outras datas. Comose vê, as oportunidades são ilimitáveis. Basta que oevangelista pessoal esteja disposto a cumprir com aordenança de Cristo, regando tudo isso com oração eintercessão perseverante.

4.1. Em transportes coletivos

4.2. Nos grandes centros urbanos

4.3. Em locais de aglomeração pública

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Capítulo 4

 Alcançando as Crianças para Cristo

  "Mas Jesus, chamando-os para si, disse: Deixai vir amim os meninos, e não os impeçais, porque dos tais é o reinode Deus" (Lc 18.16).

Segundo estatísticas recentes, há na América Latinacerca de 225 milhões de crianças, representando mais dametade da população total. A maior parte desse contingente

está no Brasil e inclui, ao que se sabe, 36 milhões de criançascarentes que perambulam pelas ruas e não dispõem sequer derecursos mínimos para a sobrevivência. Evangelizar estevasto segmento é um desafio permanente para a Igreja.Todavia, nem sempre as crianças são olhadas como alvo deum ministério específico e ficam abandonadas às pressões domeio social, sem dispor de "anticorpos espirituais" para resistiras ciladas da vida mundana.

1. Cristo priorizou as crianças

Os discípulos tiveram um comportamento muitoparecido com o de certos crentes, hoje, que colocam ascrianças em segundo plano em relação ao reino de Deus. Isto

pode ser visto nas programações realizadas por muitasigrejas, que só privilegiam adultos em detrimento da criança.Em muitos usos, esta é olhada como estorvo, como seestivesse criando algum embaraço à "boa comodidade" daspessoas adultas. É indispensável à igreja realizarprogramações para o segmento infantil e o horário do culto dedomingo à noite, entre outros, pode muito bem ser aproveitado

paralelamente para esta finalidade, desde que não sejasimplesmente uma saída para desvencilhar os adultos dascrianças por algumas poucas horas. É que em algumas igrejas

1.1. A visão distorcida dos discípulos

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a intenção é só essa. Os pais ficam à vontade e as criançasacabam abandonadas na mão de pessoas despreparadas, atémesmo adolescentes, sem qualquer aproveitamento. Daí paraa anarquia é um passo.

Esse tipo de atividade no domingo pode ser adotado,observando-se todavia os seguintes critérios: Prepararequipes, pelo menos quatro, que se revezem na liderança doprograma, de modo que enquanto uma equipe fica com ascrianças as outras não estejam privadas de participar doscultos gerais. Devem constituir-se de pessoas espirituais,vocacionadas e que se especializem nesse tipo de trabalho;realizar o culto infantil em salão à parte, evitando que uminterfira no outro, o que é extremamente prejudicial; dispor detoda infra-estrutura possível, como quadro-de-giz,flanelógrafo, projetor de slides, retroprojetor e outros materiaisde apoio, e programar cada culto com atividades bem ao níveldas faixas etárias a serem alcançadas, com ênfase à doutrinapentecostal.

 

O mestre não viu a criança como um obstáculo, masconsiderou-a parte integrante do reino de Deus (Lc 18.16). Agrande comissão dada por Cristo à sua igreja (Mt 16.15) temcaráter universal, o que quer dizer que todo homem, mulher ecriança tem que ser alcançado com a pregação do Evangelho.

Discute-se muito a questão da consciência, isto é, a partir dequando a criança começa a diferençar entre o bem e o mal e afazer escolhas que determinarão o seu futuro. Os especialistascostumam situar esse tempo na faixa dos sete anos. Noentanto, a igreja que esperar a criança chegar a essa idadepara formar nela o caráter de Cristo já perdeu tempo emdemasia, bem como o melhor período da infância para essetrabalho. Os primeiros sete anos são decisivos para o futuro dacriança. 

1.2. A visão correta de Jesus

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1.3. A Bíblia corrobora a visão de Cristo

2.1. Elas estão incluídas no plano de redenção

2.2. Elas se constituem em terra fértil

Ensinar com diligência a Palavra de Deus aos filhos emqualquer tempo e lugar foi um mandamento imprescindível ao

povo de Israel (Dt 4.9,1 0). A profecia de Joel, sobre oderramamento do Espírito iniciado no dia de Pentecoste,não excluiu as crianças (At 2.17). Timóteo, por sua vez, teveo testemunho de Paulo acerca de seu aprendizado cristão nosprimeiros anos da infância (2Tm 3.15). O texto de Provérbios22.6 vincula o futuro, da criança à semente cristã plantada emseu coração nessa época.

2. Por que alcançar as crianças

 A obra vicária de Cristo foi inclusiva: "todo o mundo".Isto significa que é nossa responsabilidade ensinar à criançaos passos para a salvação. Alguém pode alegar que em seuperíodo de inocência ela está debaixo da graça redentora, mas

isso não exclui o papel da igreja, pois a partir do momento emque a criança é ensinada desde os primeiros anos de vida nas"sagradas letras", ela terá raízes suficientemente fortes paraoptar pelo caminho que conduz à vida, ao adentrar o chamadoperíodo em que passa a fazer uso da consciência para asescolhas decisivas.

 A criança, em certo sentido, é como o barro que seamolda até tomar a forma desejada pelo oleiro. Por ser um soloainda virgem, as primeiras sementes terão maiorespossibilidades de frutificar do que as que vierem depois. É bemmais receptiva do que o adulto, cujas atitudes vão refletir idéias

 já formadas. Com a criança é diferente. Sua visão ainda não

turvada pelo mundo permite que ela, se assim for motivada,expresse com sinceridade sua fé em Cristo e seja cheia doEspírito Santo. Mas onde funciona, por exemplo, a classe de

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berço em nossas escolas dominicais? Onde estão osprofessores preparados para lidar com esta fase decisiva,denominada de primeira infância, para o futuro da criança?Será que os nossos templos são construímos visando que a

criança tenha espaço próprio para o seu aprendizado,segundo cada faixa etária? Qual o volume de investimento aigreja está fazendo no preparo de material humanoespecializado e na aquisição de literatura e material de apoioespecífico? É bom lembrar, a título de reflexão, que a maiorparte dos investimentos na área secular é voltada para acriança pelo potencial que ela representa. Enquanto a igrejalhe reserva pouca atenção e tempo, ela passa a maior parte

de suas horas exposta a todo tipo de pressão.

 A igreja atual tem o dever de preparar a próximageração de crentes, representada pelas crianças de hoje, a fimde que tenha garra, determinação e esteja equipada paraavançar na luta entra o reino de Deus e o reino das trevas até

que Cristo venha. A igreja de amanhã terá a forma que lhe fordada hoje através do preparo espiritual, bíblico e social quelegar aos seus filhos. Por outro lado, as crianças não sãoapenas a igreja do futuro. Elas são também a igreja de hoje edevem ser estimuladas a expressar os sentimentos de amor ecompaixão e a desenvolver os talentos e habilidades notrabalho cristão.

3. Como alcançar as crianças

 A Escola Dominical ainda é a reunião da igreja quemelhor proporciona ambiente para que as crianças sejamalcançadas. As classes divididas por faixas etárias e

funcionando em salas separadas, com professores treinados,permite que a criança se integre ao seu meio e receba ensinocompatível com a sua capacidade de assimilação. Os filhos já

2.3. Elas devem ser preparadas para o futuro

3.1. Através da Escola Dominical

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crentes devem ser desafiados a tornarem-se "pequenosevangelistas" na grande colheita de almas, trazendo os seuscolegas não crentes para serem alunos da Escola Dominical.Este é o caminho mais fácil para se chegar aos pais.

Este é um bom meio para alcançar principalmente osque são de fora. Normalmente tem a duração de uma semanae pode ser realizada tanto nas férias de meio de ano como nasférias de encerramento do ano letivo, quando as crianças têm odia todo disponível para participar. A Escola Bíblica de férias

visa, sobretudo levá-las à salvação e a uma genuínaexperiência pentecostal, além de formar nelas o carátercristão. O programa é variado, com cânticos infantis, históriasbíblicas e outras com um fundo moral positivo, todas contadascom metodologia própria, e atividades manuais quelevem os alunos não só a desenvolver seus talentos, masa conceberem da maneira mais fácil ao seu entendimento oque é viver a vida cristã.

 A igreja pode, por exemplo, programar atividades ondeas crianças tenham espaço para desenvolver suashabilidades. Elas gostam de cantar, tocar instrumentos edeclamar poesias, entre outras expressões muito próprias domundo infantil. Por que não deixá-las eventualmente ter a suaprópria reunião, dirigidas por elas mesmas, com a supervisãodireta de seus líderes?

Por não terem com quem deixá-los, a creche é um localonde os pais que trabalham fora deixam os seus filhos durante

o dia. A vida moderna, com suas distorções, criou mais estanecessidade que torna os filhos ainda mais distantes da famíliae, o que é pior, às vezes na mão de pessoas de pouca moral ou

3.2. Através da Escola Bíblica de Férias

3.3. Através de eventos especiais

3.4. Através de creches de orientação evangélica

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sem nenhuma formação cristã. A igreja pode transformar estasituação (algumas já o estão fazendo) numa estratégia deevangelização. Como? Construindo creches e liberando umaparte das vagas para as crianças não crentes. Sem dúvida, os

seus pais terão maior segurança em deixá-las nesse tipo deambiente e o bem que se fizer a elas será um meio paraalcançá-los com a mensagem de salvação. Tiago disse:"Aquele, pois que sabe fazer o bem e não o faz cometepecado" (Tg 4.17).

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Capítulo 5

Usando os Lares Para a Evangelização

"E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavamde ensinar, e de anunciar a Jesus Cristo" (At 5.42).

O livro de Atos dos apóstolos realça o lar como um pontopara a disseminação do Evangelho. Do ponto de vista bíblico,não se trata de nenhuma inovação. Isto nada mais é do que osconhecidos "pontos de pregação", muito comuns nas

 Assembléias de Deus do Brasil alguns anos atrás. Cerca de 90por cento de nossas igrejas, segundo levantamento histórico,tiveram origem em alguma residência. Para tirar sua dúvida,procure saber como nasceu a sua igreja na sua cidade.Provavelmente foi em uma casa. Se tiver sido de outra forma,ela vai incluir-se nas poucas exceções. O que se busca,atualmente, é restaurar esta ênfase bíblica e sistematizar oprojeto de evangelização através dos lares como uma dasbases de sustentação do crescimento da Igreja.

1. Bases Bíblicas para a evangelização através dos lares

É importante lembrar que a instituição da famíliaantecede a existência terrena da Igreja, da qual é o núcleobásico. Não há como dissociar uma da outra, o que significadizer que ambas, Igreja e família, refletir-se-ão mutuamentecom efeitos recíprocos. Em outras palavras, o que se fizer emfamília terá repercussões sobre a Igreja e vice-versa. A famíliaera assunto tão sério para o povo de Israel que Deus legouacima de tudo aos pais, e não só aos sacerdotes, aresponsabilidade de formar os filhos segundo os preceitosdivinos, conforme Dt 6.6-9. Uma análise mais detida do textorevela, pela repetição de conceitos, que ensinar a Palavra deDeus em casa era prioridade absoluta. Não havia outra opção.

1.1. O lar, a extensão da Igreja

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 A vida moderna, no entanto, tem invertido erradamente asresponsabi l idades. Enquanto a famí l ia, no lar ,sobrecarregasse de outras atividades, a tarefa de orientar osfilhos acaba ficando exclusivamente para as poucas reuniões

semanais que frequentam no templo, entre elas a EscolaDominical, por falta de tempo dos pais.

 A expansão da igreja primitiva se deveu, em grandeparte, ao uso dos lares para a evangelização. A inexistência detemplos (a não ser o do culto judaico), que só apareceram na

história da Igreja por volta do segundo século, tomava as casasos pontos de reunião onde os crentes recebiam edificaçãoespiritual e pregavam a Palavra de Deus. Quando Pedro saiuda prisão, liberto pelo anjo, sua primeira iniciativa foi dirigir-se àcasa de Maria (At 12.12). O texto traz implícita a idéia de que oapóstolo tinha conhecimento antecipado da existência de um"ponto de pregação" naquele lar, "onde muitos irmãos estavamreunidos e oravam".

 A chegada do Evangelho à Macedônia e, porconsequência, à Europa e a todo o mundo contemporâneoocorreu também através de uma casa. Se Lídia não tivesseaberto as portas do seu lar para o apóstolo (v. 15), talvez ahistória da evangelização em nosso continente, hoje,estivesse sendo escrita de maneira diferente. Tudo isto écorroborado pela forma como a igreja de Jerusalém iniciou

suas atividades. Leia Atos 5.42. O texto deixa claro osseguintes pontos: a evangelização era diária (todos os dias);era incessante; ocorria no templo do culto judaico, emJerusalém e; era realizada de casa em casa.

2. O que Significa evangelizar através dos lares

Evangelização através dos lares não quer dizerreuniões isoladas de dissidentes insubordinados contra a

1.2. O lar, base para a evangelização

2.1. O que não é e o que é

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direção da igreja. O uso do método pela igreja primitiva não erafeito de maneira aleatória ou avulsa, pois em diversos pontosdo livro de Atos transparece a firme liderança dos apóstolossobre todas as áreas (At 6.1-6; 15.6-35). Trata-se de um

programa que visa, pelo processo da multiplicação, o uso doslares para alcançar de maneira ostensiva toda a área de açãoda igreja local com a proclamação do Evangelho. O projetopode ser denominado de pontos de pregação, células decrescimento, grupos familiares etc. A nomenclatura não é omais importante, desde que seja implantado de formaplanejada e cumpra os mesmos objetivos.

3. Como implantar a evangelização através dos lares

 A organização básica é simples. A área de ação daigreja local deve ser dividida em distritos, cada uma com o seusupervisor, ligado à coordenação-geral do projeto(representante direto do pastor), e cada distrito pode ter

quantos pontos de pregação forem necessários, observando-se o seguinte critério: quando um ponto de pregação completarum número pré-estipulado de famílias (15, por exemplo), devegerar outro ponto de pregação. Cada Ponto de pregação devecontar com dirigente, vice-dirigente, secretário e tesoureiro. Ovice-dirigente é a pessoa mais indicada para liderar o novoponto de pregação gerado pelo anterior, em razão daexperiência adquirida. As reuniões são realizadas

semanalmente, numa das casas de alguma famíliapertencente ao ponto de pregação, e a base principal doprojeto é que as famílias crentes participantes sejamresponsáveis, a cada semana, por trazer outras famílias não-crentes para ouvirem a Palavra de Deus.

Qualquer projeto na igreja deve ser de iniciativa dopastor, a quem Deus constituiu líder do rebanho. A ele cabe

3.1. Como funciona

3.2. Como começar o projeto

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estabelecer as bases, sem as quais nada poderá ser realizado.Todavia, é importante algumas orientações preliminares. Oprojeto deve começar com poucas famílias, aquelas maisconscientes do seu alcance e significado e que tenham o

senso da perseverança (Tg 1.25). Não deve, também, seriniciado de maneira aleatória, sem o mínimo de organização,pois quem fracassa a primeira vez dificilmente tentará asegunda experiência. Os obstáculos, no entanto, são naturaisno início de qualquer empreendimento e não devem servir deestímulo ao desânimo. Se João Marcos não tivesse obtido'uma segunda oportunidade, não teria sido "muito útil" maistarde ao apóstolo Paulo (At 15.35- 39; 2Tm 4.11). Nunca

comece os pontos de pregação, da forma como aqui definidos,de maneira isolada. Lembre-se de que o projeto obedece auma organização preestabelecida.

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Capítulo 6

Ganhando Almas Através de Cruzadas Evangelísticas

"E as multidões unanimemente prestavam atenção aoque Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia"(At 8.6).

 A evangelização em massa, usualmente conhecidacomo cruzada evangelística, teve lugar de destaque nosprimeiros dias do cristianismo acompanhou a trajetória daIgreja em todos os tempos. Quem ainda não ouviu falar, porexemplo, de Moody, Finney, Wesley e Whitefield, entre outrosgrandes pregadores do passado, que reuniram multidõesimensas para lhes falar do amor de Jesus Cristo? Ainda hoje amesma estratégia continua sendo uma arma eficiente para seanunciar o Evangelho, ao mesmo tempo, para milhares depessoas.

1. O que significa cruzada evangelística

Cruzada, na definição de Aurélio, é "campanha ou defesa decertos interesses, princípios ou idéias". No sentido bíblico ésinônimo de evangelização em massa, que resulta doempenho da Igreja na promoção do reino de Deus de formaespecífica, utilizando-se de todos os meios ao seu dispor paralevar o povo, em eventos específicos, ao conhecimento dasalvação. Já que a Bíblia nos considera pescadores dehomens (Mt 4.19), não é ousado afirmar que a pesca de anzolsimboliza o evangelismo pessoal, com o qual se ganha almasuma a uma. Já a pesca de arrastão, muito comum nasregiões praianas, e que envolve mais pessoas para puxar arede, tipifica a evangelização em massa, trabalho que, além dopregador, depende do envolvimento de toda a igreja para atrairas multidões a um local apropriado onde elas possam serconduzias a Cristo.

1.1. Definindo o termo

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1.2. O apoio escriturístico

2.1. A concepção errada

Cristo pregou às multidões e o seu exemplo foi seguidopelos apóstolos. No episódio da multiplicação dos pães, por

exemplo, não poucas pessoas estavam no deserto para ouvi-lo. Diz o texto que pelo menos cinco mil homens estavampresentes, sem contar as mulheres e crianças. Talvez estenúmero tenha chegado a mais de 15 mil pessoas. Onde querque Jesus estivesse, lá estava o povo.

O texto bíblico básico, por sua vez, afirma que "as

multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipedizia" e conclui que havia "grande alegria naquela cidade".Ora, o que é isto senão evangelização em massa, ou segundoa expressão mais conhecida, cruzada evangelística? Outroponto que chama a atenção é que havia milagres e estes eramouvidos e vistos". Ou seja, eram legítimos. Numa cruzadaevangelística, a igreja precisa estar preparada para amanifestação dos sinais. Eles não precedem à salvação, mas

a acompanham ("estes sinais seguirão aos que crerem") eservem para legitimar a pregação. O que não pode ocorrer é aigreja privilegiar um método em detrimento de outro, pois cadasituação exige estratégia correspondente. O perfeito equilíbriono uso das estratégias é a melhor maneira de equipar oscrentes para a evangelização.

2. O lugar das cruzadas evangelísticas na Igreja

Nem sempre as cruzadas evangelísticas são bemaceitas em algumas igrejas. Um argumento muito usado paracombatê-las é que produz poucos resultados, isto é, dosmuitos que se decidem poucos permanecem. Mas isto

acontece por algumas razões que nem sempre vêm à lona. Ei-las:

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 A cruzada evangelística é usada como movimento para"esquentar" a igreja. Isto quer dizer que, em alguns casos,quando a igreja cai na rotina da frieza espiritual, a cruzada évista como uma solução para tirá-la do seu indiferentismo. O

que ocorre então? Durante os dias do evento a temperatura seeleva, mas quanto tudo termina e o evangelista regressa à suacidade, os crentes voltam à rotina anterior, isto é, nada muda. Acruzada evangelística não deve ter como fim "esquentar", masser o resultado de uma igreja já "quente";

 A cruzada evangelística é realizada sem nenhum apoio

de retaguarda. Em outras palavras, significa que em razão docomodismo a igreja não dispõe de nenhuma estrutura para arealização desse tipo de evento. Não há evangelismo pessoal,os crentes não estão acostumados a orar sistematicamente, adistribuição de folhetos é escassa, a liderança local nãoacompanha o ritmo e a pregação do Evangelho, quando há,resume-se aos cultos domingueiros, já tradicionais no sentidomais rígido da palavra, com muita cantoria e nenhum louvor,

além da pouca ênfase à presença dos pecadores. A cruzada,neste caso, acaba sendo um fato isolado, como tal, não produzresultados;

O trabalho de integração dos novos crentes ficaesquecido, após o encerramento da cruzada. Ou seja, por faltade visão e em consequência da rotina, a igreja não estápreparada para receber os novos convertidos e integrá-los à

sua nova vida em Cristo. Os cartões de decisão sãopreenchidos, mas acabam esquecidos no fundo da gaveta, ou,quando muito, alguns decididos recebem uma só visita e tudose encerra por aí. Se não há integração, os frutos são poucos.

Uma análise de perspectiva no livro de Atos deixa claro

que a igreja primitiva tinha uma vida dinâmica e fazia usoequilibrado de todas as estratégias, como parte do seu

2.2. A concepção correta

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metabolismo espiritual. Quando se diz todas não é figura deretórica. São todas mesmo. A evangelização era, portanto,prioridade absoluta. Não havia lugar para a rotina, pois a cadadia havia um fato novo que sacudia as estruturas da igreja, que

vivia em constante avivamento. Uma igreja que vive emoração, está acostumada a evangelizar, a liderança sempre vaià frente, preocupa-se com a integração do novo crente eprocura tornar os cultos um fator de vida para os crentes e nãouma mera rotina formal, essa igreja está preparada pararealizar cruzadas evangelísticas, que serão parte de umprocesso vivo e não apenas "muleta" para tentar manter-se depé. Aí os resultados vão aparecer.

3. Como realizar cruzadas evangelísticas

 A realização de uma cruzada exige algum tempo deantecedência para a preparação. Por ser um evento de grande

porte, talvez não seja conveniente realizar mais do que umapor ano. Esta fase envolve, entre outras decisões, a escolha deum local adequado e de fácil acesso para abrigar o povo e oconvite ao pregador, que deve ser pessoa de reconhecidamaturidade o não aventureiros que vivem de igreja em igrejavisando lucros pessoais. É, também, um período em que abatalha do clamor a Deus precisa ser intensificada, mesmoque a igreja já cumpra um programa permanente de oração

envolvendo todos os crentes, pois a cruzada será uma guerradireta contra as hostes espirituais da maldade.

 A divulgação deve ser feita em todos os meios decomunicação disponíveis, como a mídia eletrônica e a mídiaimpressa, nos 15 dias que antecedem à realização do evento,

enquanto a igreja já terá feito distribuição farta de literaturaespecífica em todos os bairros, de casa em casa, convidando

3.1. A preparação de uma cruzada

3.2. A divulgação da cruzada

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os pecadores para a cruzada. É interessante que os irmãosparticipem durante uma semana de um curso intensivo deevangelismo pessoal e depois saiam de forma organizadapara a visitação. Faixas e outdoors podem ser também

espalhados pela zona urbana, se permitido pelas autoridades.

Os introdutores são os responsáveis pela recepção aosconvidados. Devem ser pessoas de fino trato e que entendamo que significa ter compaixão pelas almas. O modo gentil de

receber os não crentes vai contribuir, de início, para quebraralgumas barreiras e deixar os visitantes bem à vontade.

Os conselheiros, por sua vez, devem observar asreações dos visitantes durante o culto e acompanhar osdecididos à frente na hora do apelo. São os auxiliares diretosdo pregador, na hora de puxar a rede na grande pesca dearrastão. Por isso devem ser profundamente espirituais e

estarem atentos para buscar aquelas pessoas que, durante amensagem, foram locadas pelo Senhor. Na hora anunciadapelo evangelista, após a confissão de fé para a conversão,terão também a incumbência de anotar nomes e endereçosdos novos crentes. Outra responsabilidade dos conselheiros eobservar, no momento da oração pelos enfermos, aqueles queforam de fato curados para encaminhá-los à plataforma, caso o

pregador decida tomar os seus testemunhos para estímulo à fédos demais.

Normalmente a cruzada tem a duração de umasemana, mas pode também ser realizada de quinta a domingo.O programa deve constar de poucas participações musicais,

talvez coral, a banda de música e mais um cantor convidado,pois o evento não pretende ser um desfile de "artistas" que

3.3. Os introdutores e conselheiros

3.4. A realização da cruzada

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querem apenas exibir sua voz. O tempo maior precisa estarreservado para a mensagem e a parte final, a mais importante.

 As pessoas que vão ter algum tipo de participação,principalmente os introdutores e conselheiros, precisam

chegar meia hora mais cedo para receberem as instruçõesdiárias da coordenação e estar a postos. A equipe de somtambém é fundamental nesta hora. Um equipamento de máqualidade, com defeito e utilizado de maneira errada pode portudo a perder. Por outro lado, ficar diminuindo ou aumentandoo volume a todo momento, em especial durante a mensagem,é um comportamento desastroso, assim como afinar ou tocar

instrumentos alguns minutos antes do culto.

Este é o momento decisivo, após o encerramento dacruzada, para tornar o novo crente integrado à vida da igreja.Não basta apenas uma visita de pouca importância e, pronto,tudo está feito. Cultivar a nova planta é tarefa que exige,

espiritualmente, a arte de um jardineiro.

3.5. A integração dos novos convertidos

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Capítulo 7

Evangelizando os Estrangeiros no Brasil

  "E era-lhe necessário passar por Samaria" (Jo 4.4).

Os estrangeiros que vivem no Brasil devem ser,também, alvo do mesmo fervor evangelístico que a igrejareserva para outros segmentos sociais. O assunto deste tópicopode parecer, à primeira vista, desnecessário. Mas se estamostratando de um projeto de evangelização abrangente,

esquecer os estrangeiros que vivem no Brasil soa comonegligência. Se alguns anos atrás eles eram olhados comopequenas comunidades que pouco atraíam a nossa atenção,atualmente somam milhares de pessoas integradas à nossasociedade e que vivem principalmente nas grandesmetrópoles como Rio de Janeiro e São Paulo.

1. A Visão de Cristo alcança os samaritanos

Segundo alguns eruditos da Bíblia, os samaritanosdescendiam dos povos que foram trazidos para ocupar aregião despovoada das 10 tribos que constituíam o Reino doNorte de Israel, após terem sido levadas em cativeiro para a

 Assíria (2Rs 17.24). É provável que com o passar do tempo e o

consequente retorno do Reino do Sul, que estava no cativeirobabilônico, tenha havido não só uma miscigenação de seusdescendentes com os judeus, bem como forte assimilação dealgumas práticas do judaísmo. A verdade, porém, é quemesmo os samaritanos habitando numa província dentro dasfronteiras de Israel, havia forte incompatibilidade entre eles e opovo judeu, que os considerava estranhos por não serem umaetnia verdadeiramente judaica e por estabeleceremparalelamente a sua forma de religião, como revela a perguntada mulher samaritana a Jesus (Jo 4.20).

1.1. Quem eram os samaritanos

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1.2. Era indispensável a Cristo evangelizar os samaritanos

2.1. Quem era a mulher siro-fenícia

João 4.4 determina com precisão: "E era-lhe necessáriopassar por Samaria". Os judeus, de modo geral, usavam outra

rota para suas viagens, evitando passar por Samaria, atémesmo porque os samaritanos eram dados a atos de violência,principalmente contra os que subiam a Jerusalém (Lc 9.51-56).

Com Jesus foi diferente. O senso do dever deevangelizar a todos ("era-lhe necessário"), inclusive ossamaritanos considerados estrangeiros pelos judeus, lhe

impôs descer até a cidade de Sicar, em Samaria, junto ao poçode Jacó, para ali, através de uma mulher, não só evangelizartoda uma região, mas também deixar para os seus discípulos agrande lição sobre a urgência da ceifa (Jo 4.35). Com isto, oMestre derrubou as barreiras raciais. Elas não podem impediro avanço da evangelização. A mesma visão deve orientar aigreja brasileira em relação aos estrangeiros que aqui vivem.

Eles também fazem parte da grande colheita reservada paraeste tempo.

2. A visão de Cristo alcança a mulher Siro-Fenícia

 As cidades de Tiro e Sidom, de que fala o texto deMarcos (Mc 7.24), ficavam na costa do Mar Mediterrâneo, naFenícia da Síria, e seus habitantes descendiam dos cananeus(Gn 10.15). Não obstante ser um território independente dogoverno judaico, estava sob a jurisdição de Roma e suaproximidade das fronteiras de Israel permitia o trânsitopermanente de judeus pela região. É aí que vivia a mulhercananéia, ou siro-fenícia, cuja perseverança em busca da

libertação para sua filha possessa constitui-se ainda hoje emestímulo aos que necessitam do socorro do Mestre.

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2.2. Uma mulher alcançada por Cristo

3.1. Quem era Cornélio

O Mestre deixou os termos de Israel e se dirigiu àsfronteiras de Tiro e Sidom, talvez com o propósito de

descansar ou para evitar por um pouco de tempo a pressãodos fariseus. Pelo menos Mc 7.20 parece pressupor esta idéia,quando ele sugere que ninguém tome conhecimento de queestá na região. Mas quem pode conter a presença de Cristo?Logo a mulher recebe a alvissareira notícia e vai encontrá-loem busca de socorro, que dá origem ao conhecido diálogo noqual ela foi até a última instância de sua fé perseverante.

 Admitir que a fórmula utilizada por Cristo para dialogar com a

mulher estivesse eivada de preconceito ou revelasse umatendência de privilegiar os filhos de Israel vai de encontro aosprincípios que ele próprio ensinou sobre a universalidade doEvangelho (Mt 28.19; Jo 1.11,12). A própria insistência doMestre em usar os samaritanos como símbolo da abrangênciada mensagem evangélica não comporta a idéia de que eletenha sido preconceituoso com a mulher siro-fenícia (Jo 4.1-42; Lc 10.25-37).

É mais próprio acreditar que ele tenha feito uso de umaforma muito descontraída e comum para a cultura de então, naconstrução de seu diálogo com ela, para testar gradualmenteaté onde ia a sua fé e trazer testemunho aos demais ouvintes. Amulher siro-fenícia aceitou a fórmula e concluiuconfiantemente o seu raciocínio: "Sim, Senhor, mas tambémos cachorrinhos comem, debaixo da mesa, as migalhas dos

filhos" (Mc 7.28). Diante de tamanha fé, Jesus ordenou,mesmo à distância, que o demônio deixasse a menina e eleobedeceu.

3. A igreja primitiva alcança o centurião Cornélio

Cornélio era um militar romano residente em Cesaréia,onde se localizava o quartel-general das autoridades romanas

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com atividades na Palestina. Ele comandava um pelotão decem homens pertencente a uma das divisões do exército deRoma. Era, ao que tudo indica, um prosélito, ou seja, alguémconvertido ao judaísmo, daí o seu caráter temente a Deus.Cornélio foi, em certo sentido, o ponto de partida do avanço doevangelho entre os gentios, mas antes foi preciso que Pedropassasse pela experiência do lençol cheio de répteis paralivrar-se do preconceito e assimilar a verdade sobre a ampladimensão do evangelho na obra de salvação, dos pecadores.Só assim ele poderia estar apto para pregar ao centurião. Nempor isso fixou bem a lição, porque mais tarde, em outrascircunstâncias, preferiu deixar a companhia dos gentios paraestar com os judeus e não ser por estes desprezado (Gl 2.11-12). Será que nós, às vezes, não manifestamos a mesmaatitude, ao preferirmos ficar na companhia de pessoas"ilustres" do que na daquelas que reputamos de menor valorintelectual?

 A igreja na Palestina não poderia restringir-se aos judeus convertidos a Cristo. Apesar da resistência à entradados gentios no seio do cristianismo, o processo de expansãonão poderia parar. Iniciado em Jerusalém, desceu até Samaria

e agora era vez de serem fincadas as primeiras estacas paraque a luz chegasse também ao mundo gentílico (Is 49.6). Apósa repetição da mesma experiência do pentecostes, o apóstolonão teve outra alternativa a não ser batizar em águas os novoscrentes, ainda que isto ocasionasse alguma murmuração daparte dos judeus (At 10.44-48; At 11.1-18). Qual tem sido avisão da igreja brasileira diante dos estrangeiros que aqui

vivem ou mesmo diante das etnias representadas pelas tribosindígenas no interior da Amazônia?

3.2. Cornélio foi alcançado pelo evangelho

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4. Alcançando os estrangeiros no Brasil

O ministério de evangelização entre os muçulmanos noBrasil, hoje, constitui-se numa das prioridades da igreja. Àsvezes, quando se fala nesses povos, pensa-se apenas nospaíses do Oriente onde eles são a imensa maioria. Mas elesestão também em nosso País. Segundo dados recentes doInstituto Cristão de Pesquisas, os muçulmanos são atualmentedois milhões no Brasil e continuam crescendo a passos largos.

 A maioria deles é de origem libanesa. No Estado de São Paulo

vivem 300 mil, dos quais 120 mil estão na capital. É bomlembrar, inclusive, que o islamismo é a religião que mais cresceno mundo, enquanto os cristãos continuam em marchadesacelerada.

O município de São Bernardo do Campo, em SãoPaulo, é considerado como a "capital do islamismo" no Brasil,pois lá se encontra o Centro de Divulgação do Islã na AméricaLatina, que visa oferecer orientação religiosa, noções delíngua árabe, cursos, congressos e seminários muçulmanos.O que a igreja está fazendo para alcançá-los? É preciso quedesçamos do nosso pedestal de vaidade ("somos o maiormovimento pentecostal do mundo!") para compreender queainda "há muitíssima terra para possuir".

Os japoneses são também outro vasto segmento daseara estrangeira em nosso país. Eles formam grandescolônias e em São Paulo há, inclusive, igrejas estabelecidaspara alcançar essas comunidades. Mas é preciso fazer mais.Lembremo-nos de que Jesus foi a Samaria porque o senso dodever lhe impôs essa responsabilidade ("era-lhe necessário").

 A Sociedade Bíblica do Brasil dispõe do Novo Testamento e doEvangelho de João escritos em português e japonês paraevangelizá-los.

4.1. Os muçulmanos

4.2. Os japoneses

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4.3. Os coreanos

Os coreanos devem ser, também, outro alvo da igreja. Ébem verdade que a igreja de Seul, Coréia, mantém

missionários em todo mundo que trabalham principalmenteentre os seus conterrâneos. Alguns deles vivem no Brasil edirigem boas igrejas coreanas, como a que está localizada emSão Paulo. Mas se você conhece alguns coreanos em suacidade, não deixe de apontar-lhes o caminho para o céu. Foi oque Jesus fez com a mulher samaritana. Se possível, entre emcontato com a igreja coreana na capital paulista para que elaentre em contato com os coreanos de seu município. O mesmo

em relação aos japoneses. E o que dizer de outros povos quevivem conosco, como os italianos, os eslavos, os portugueses,os chineses, isto sem contar as etnias representadas pelastribos indígenas, que são também nossa responsabilidade? Atarefa da evangelização é gigante e árdua e cabe a nós, comoigreja, cumpri-la em toda a sua extensão.

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Capítulo 8

Evangelização de Grupos Marginalizados

"Jesus, porém, ouvindo, disse-lhes: Não necessitam demédico os sãos, mais sim os doentes" (Mt 9.12).

Manter determinados grupos sociais à margem daevangelização é fruto de preconceito e nega, peladiscriminação, o caráter universal do Evangelho. Umatendência no ser humano em considerar-se superior aos,

demais, principalmente quando se trata de grupos sociais tidoscomo marginalizados. A oração hipócrita do fariseu: "Não soucomo este publicano" (Lc 18.11) ainda é repetida hoje poraqueles que se auto justificam. É bom lembrar que, diante deDeus, "as nossas justiças são como trapo da imundícia" (Is64.6). O que nos diferencia como salvos, não pelos nossosméritos, é o fato de termos sido alcançados pela graça dasalvação.

Esta graça, no entanto, não nos dá o direito dedesprezarmos o nosso próximo, pelo contrário, é forçamotivadora para a nossa ação evangelística, que visa alcançara todos, inclusive os que estão caídos na sarjeta e àqueles quesão marginalizados em razão de seu comportamento fora dospadrões normais da sociedade e, acima de tudo, distante dosprincípios da Palavra de Deus.

1. O ministério de Cristo alcançou todos os segmentossociais

Cristo deixou bem claro a lição contra a discriminaçãona parábola do bom samaritano. Este, pela lógica, seria apessoa menos propensa a socorrer a vítima à beira da estrada,em virtude da histórica inimizade ente judeus e samaritanos.

1.1. Cristo pregou aos pobres

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Todavia, foi ele quem viveu, naquele ato, toda adimensão do amor de Deus, que não discrimina ninguém porcausa de seu status social (Lc 10.25-37). Jesus não só ensinoucontra a discriminação, mas ele mesmo, em nenhum

momento, discriminou o próximo e jamais privilegioudeterminado segmento social em detrimento de outro. Osevangelhos revelam, por exemplo, que os pobres foram alvode sua missão (Lc 4.18) e isto fica claro quando diversos textosregistram que as multidões o seguiam (Mc 10.46; Lc 6.17).Ora, todas as vezes em que os fatos envolvem multidões, emqualquer momento da história humana, está se referindo à

base da pirâmide social, constituída dos pobres. Com Cristonão foi diferente. Ele jamais os desprezou, mas teve com ospobres um relacionamento de compaixão.

 Apesar de Cristo considerar o coração do rico mais

endurecido para o Evangelho, em razão dos efeitos negativosque a riqueza produz, ele também os alcançou com a suamensagem. A sua reação ao episódio do jovem rico, quandoafirmou: "Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os quetêm riquezas" se, por um lado, deixa subentendido que ariqueza em si mesma pode constituir-se em empecilho àsalvação, não exclui, todavia, a possibilidade de o rico salvar-se. O contexto aclara a visão de Cristo, que teve comopropósito maior mostrar que a salvação é um ato exclusivo dagraça de Deus, independente das obras humanas. Foi o queele deixou bem claro, depois de afirmar ser mais fácil umcamelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrarno reino dos céus. A densa realidade desta ilustração levou-osa uma conclusão muito mais ampla. "Logo quem poderásalvar-se", foi o que responderam. O Mestre então concluiu

sua linha de raciocínio: "As coisas impossíveis aos homenssão possíveis a Deus", Lc 18.1 8-30.

1.2. Cristo pregou aos ricos

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1.3. Cristo pregou aos marginalizados

 Aqui está o ponto focal de nossa lição, a qual procuramostrar que o preconceito não teve lugar no ministério de

Cristo.

1.3.1. O leproso

Pelas leis mosaicas, o leproso tinha que se manterafastado da sociedade. Era alguém que, por força dascircunstâncias legais, não tinha vida social ativa e nenhumacesso aos meios de integração comunitária. Sem dúvida, os

"sãos" o olhavam com desprezo. Mas Jesus não só o recebeu,mas o tocou fisicamente (Mt 8.1-4). Este ato, para além dacura, está carregado de denso simbolismo, pois o toquefraterno entre duas pessoas, como um cumprimento, porexemplo, sem hipocrisia ou malícia, passa para quem o recebea sensação de conforto e proteção. Jesus não tentou desviar-se do leproso, para não ser "contaminado", quando este veioao seu encontro, mas estendeu-lhe a mão. Que gesto de

entrega generosa!Em certo sentido, os aidéticos ocupam, hoje, este

espaço. Muitos olham com preconceito esse grupo social pordesinformação e em virtude de ser uma doença cujas raízesestão, em sua maioria, na promiscuidade e no relacionamentofísico antinatural. Mas o pecado não altera o amor de Deus emrelação ao pecador. Deus tudo fez para alcançá-lo, através da

morte de seu próprio Filho, e jamais descansará enquanto nãoo tiver de volta ao seu aprisco. Os aidéticos precisam de nossamanifestação mais profunda do amor cristão e são almas quedependem de uma última oportunidade para receber o perdãode seus pecados.

1.3.2. A mulher adúltera

No caso da mulher adúltera, tudo não passou de umaarmadilha dos fariseus para tentar apanhar Jesus em um atofalho. Eis algumas lições deste episódio:

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(a) A justiça de Deus não é unilateral, como costuma ser a justiça dos homens. Os acusadores da mulher queriamapedrejá-la, mas esqueceram-se de "acusar" o seuacompanhante, para quem a lei previa também

condenação de morte (Lv 20.10; Dt 22.22). Igualmente,eles se esqueceram de ver a si próprios comopecadores;

(b) O mesmo Deus que encerrou a todos debaixo dopecado, através de sua justiça, proveu a graça dasalvação para todos, até mesmo uma prostituta. "Vai enão peques mais", disse-lhe Jesus. Portanto, do pontode vista da justiça de Deus não há diferença no quetange à "qualidade" do pecado. O rico, na suaostentação, ou a prostituta, na sua imoralidade,dependem do mesmo favor imerecido de Deus.

É preciso que a igreja tenha isto em mente na obraevangelística para que não caia na tentação de "selecionar" osouvintes segundo a aparente posição social de cada um.

1.3.3. Mateus, o publicano

O encontro de Cristo com Mateus, um publicano (Mt9.9-13), enseja também a mesma lição quanto aosmarginalizados. Aqui temos o outro lado da moeda. Ospublicamos exerciam a profissão de cobradores de impostos eeram mal vistos e desprezados pelos judeus, não pela

cobrança de impostos em si, mas pelo uso ilícito doinstrumento legal para roubar da população sofrida. Elespraticavam o que, hoje, conhecemos como crimes do"colarinho branco". Zaqueu deixou isto implícito quando sepropôs a restituir àqueles aos quais tivesse desfraldado (Lc18.8). Esse desprezo estava de tal modo arraigado nocotidiano judaico que Jesus, ao ensinar sobre a correção do

crente pecador, orientou a considerá-lo como "publicano",caso não se submetesse as normas da disciplina (Mt 18.17).

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Ou seja, deveria ser mantido fora das relações da Igreja. PoisJesus comeu com os publicamos e deixou claro o seupropósito. "Não necessitam de médico os sãos, mas sim osdoentes... Porque não vim a chamar os justos, mas os

pecadores ao arrependimento" (Mt 9.12,13). Os publicanostinham, sem dúvida, um excelente padrão de vida e talvez nãopraticassem os pecados de uma prostituta. No entanto, diantede Deus eram doentes espirituais, como qualquer outropecador, e necessitavam de socorro urgente.

É óbvio que o Senhor, com isto, não está insinuando o

"assentar na roda dos escarnecedores" para partilhar de seuspecados. Nossa convivência com eles deve ser pautada pelosprincípios de santidade da Palavra de Deus e com a finalidadede mostrar que todos, não importa a condição moral ou social,precisam ser alcançados com a mensagem do Evangelho.

2. O que a igreja pode fazer para alcançar os

marginalizados

Cada grupo requer estratégias próprias e pessoalpreparado para lidar com situações específicas de cada umdeles. Entre outros grupos, podemos mencionar oshomossexuais, as prostitutas, os presidiários, os drogados, osmendigos e os aidéticos. As equipes para alcançá-los devemconstituir-se de pessoas maduras na fé, treinadas e revestidasdo Espírito Santo, que tenham, antes de tudo, profundo amor ecompaixão pelas almas, isto porque na maioria dos casos elasvão lidar com circunstâncias que exigirão mais açãocompassiva do que propriamente palavras. Em princípio, éuma atividade que não deve ser exercida por adolescentes por

não estarem emocionalmente preparados para enfrentaralgum tipo de situação decorrente da própria vida do grupo que

2.1. Manter equipes para evangelizar grupos específicos

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está sendo evangelizado. Se possível, as pessoas indicadaspara esse tipo de ministério são aquelas que, por terem vividoantes a mesma experiência do grupo a ser alcançado, podemidentificar-se mais profundamente com suas necessidades

espirituais.

O trabalho com grupos marginalizados não podecircunscrever-se apenas à evangelização. É precisoacompanhamento e, às vezes, um longo processo de cura dasferidas emocionais e de reintegração na sociedade. Osmendigos e drogados, por exemplo, dependem muito devivenciar essa transição. Portanto, as entidades sérias e que jáprovaram sua credibilidade, ao desenvolverem estesministérios como uma extensão da igreja, devem obter não sóapoio espiritual, mas principalmente financeiro para quetenham condições de alcançar os seus objetivos.

2.2. Apoiar entidades que realizam ministérios específicos

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Capítulo 9

Como Integrar os Novos Convertidos

"E, perseverando unânimes todos os dias no templo, epartindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singelezade coração" (AI 2.46).

Precisamos de uma igreja onde as pessoas sintam-seamadas, numa atmosfera de liberdade. Num ambiente assimelas serão envolvidas e integradas, sentindo-se bem-vindas e

aceitas. Nos últimos anos, o poder de atração de nossasigrejas tem diminuído sensivelmente e grande parte dos queaceitam hoje o evangelho não permanece, como era de seesperar. O pastor Valdyr Bícego, de saudosa memória, relatorda Comissão da Década da Colheita, em pesquisa realizadaapresentou os seguintes dados estatístico. "De cada cempessoas que aceitam o Evangelho, apenas dez descem àságuas batismais e dessas apenas três permanecem após o

primeiro ano do batismo". Uma das razões, além da perda decertas características do passado, é a falta de integração. Umdos propósitos, desta parte do evangelismo é, portanto,enfocar, à luz dos imutáveis princípios bíblicos, como envolver,integrar e manter o novo convertido na igreja.

1. Como envolver os novos convertidos

Devemos compreender, inicialmente, que a igreja nãocresce com o simples ato de convidar as pessoas ou quando"ganhamos" alguém para Cristo. O poder de atração, atravésdo trabalho evangelístico, é o ponto de partida para o início davida cristã. Mas e depois? São válidas, neste caso, asseguintes perguntas: quantos aceitaram a Jesus este ano?Quantos se batizaram? Quantos abandonaram a igreja semmotivo aparente? Quantos foram excluídos e por quaismotivos? Pensemos seriamente nisto.

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1.1. O que prende as pessoas à Igreja

1.2. Como envolver as novas pessoas (Jo 1.41,42)

 As pessoas permanecem na igreja quando se sentemamadas e quando se relacionam e são envolvidas com outras

(1Jo 1.3). Cada igreja deve prover ambiente favorável àconvivência comunitária e de adoração, que são os elos queformam a relação de interdependência entre as pessoas. Comesse clima de aceitação vive-se à sombra da cruz e todosexperimentam integralmente a visão e glória da ressurreiçãoem obediência (Jo 21.15-17; 1Co 12.25). As pessoas que vãoser visitadas, evangelizadas e convidadas a virem ao cultohoje, como parte do poder de atração da igreja, de que modo

serão recebidas pelos porteiros e introdutores? Se entregaremas suas vidas a Jesus, o que a igreja fará por elas durante asemana? Infelizmente, em muitos lugares são relegadas asegundo plano e muitos crentes nem sequer dão conta de queelas estão presentes.

Estatística recente prova que as igrejas gastam muitotempo em atrair, pouco em envolvimento e muito pouco (cincopor cento) em integração, que gera reprodução e, por sua vez,gera crescimento. O envolvimento só acontece quandoatingimos o ser integral, corpo, alma e espírito, através dasatisfação de suas necessidades temporais, intelectuais eespirituais. Isto pode ser feito da seguinte forma: (a) fazer comque o novo crente participe de pequenos grupos. Esses gruposdevem ter entre 15 a 20 pessoas, no máximo, o que favorecemaior envolvimento pessoal, sentimental e espiritual; (b) fazercom que o novo crente receba visita semanal, com horapreviamente marcada (homens visitam homens, mulheresvisitam mulheres e jovens visitam jovens) para estudo bíblicoprogramado com a finalidade de torná-lo idôneo e capaz dealcançar uma nova pessoa para Cristo, enquanto cresce na fé.

Cabe ao pastor equipar as pessoas que realizarão essetrabalho nos lares, de ensino e edificação, e como avaliar osresultados de tempo em tempo.

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1.3. Estratégias de envolvimento

Na realidade, o envolvimento tem a sua gênesis no diaem que a pessoa veio à igreja pela primeira vez, por isso são

importante os seguintes procedimentos:

Equipe de recepção. A igreja deve prover-se de crentesamáveis e educados pura trabalharem como porteiros erecepcionistas (ou introdutores). Essa equipe deve sercomposta de homens e mulheres. Os homens recepcionamhomens e as mulheres recepcionam as pessoas do sexofeminino. Os visitantes devem gentilmente ser colocados nos

melhores lugares, e os seus nomes, endereços e telefonesdevem ser anotados, mesmo que não se convertam ao apelo.

Equipe de aconselhamento. Crentes devem sertreinados para prover aconselhamento espiritual aos novosconvertidos imediatamente após a sua decisão por JesusCristo. É interessante, inclusive, que esse trabalho seja feitonuma sala à parte, depois do apelo, e que a igreja tenhaliteratura própria para oferecer aos novos crentes. Cabe a essaequipe, também, levá-los a frequentar a classe de novosconvertidos da Escola Dominical, necessária e imprescindívelao seu crescimento espiritual. Deve funcionar, também, emdependência anexa e ter como professores um casal deirmãos bem treinados para a tarefa (1Ts 3.5).

Equipe de acompanhamento de visitantes. Essaequipe, de posse dos endereços dos visitantes que nãoaceitaram a Cristo, tem por obrigação visitá-los, com afinalidade de realizar em seus lares estudos bíblicos deassuntos que envolvam o básico da fé cristã, como Deus,salvação, perdão e vida plena do Espírito Santo, entre outros.Eles devem, também, ser convidados a se matricularem naclasse de Escola Dominical para visitantes. Essa classe, por

suas características, pode funcionar em local anexo ao templo,e deve ter como professores um casal de irmãos com vida

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espiritual exemplar e que seja exemplo de vida matrimonial. Osestudos devem obedecer a um currículo próprio para o tipo dealuno que vai frequentar aquela classe. Os membros da equipepodem ajudar a ministrar.

Culto de recepção aos novos crentes. O aluno já sesentiu deslocado em algum ambiente por não conhecer aspessoas? Pois bem, o mesmo acontece com o novoconvertido. Seria bom a igreja realizar um culto todo mês outrimestralmente para receber os novos crentes do campo. Afinalidade é promover congraçamento espiritual e fazer comque cada um conheça pelo nome os novos crentes que serão

recepcionados. Estes, por sua vez, conhecerão o pastor, adiretoria e demais oficiais, bem como as dependências dotemplo, visita que poderá ser feita antes da reunião. O cultoterá uma mensagem de boas-vindas e será o começo daintegração.

2. Como Integrar os novos crentes

 Alcançar novas pessoas e não velhos crentes é a tarefada igreja. Envolvê-las, depois de serem atraídas, é o primeiropasso para que permaneçam na igreja, sejam obedientes efrutíferas. Entretanto, alcançar e envolvê-las somente nãopropiciam o crescimento harmonioso da igreja. É necessáriolevá-las ao terceiro estágio que as tornará aptas a sereproduzirem (2Tm 2.2). Reprodução é o que faz a igrejacrescer e o exemplo começa com o pastor e, seus auxiliares(1Pe 5.1-3). A integração será grandemente auxiliada se foremobservados os seguintes pontos:

Os estudos bíblicos nas casas (At 5.42), ministradospela equipe de acompanhamento de visitantes ou por outras

equipes, têm duas finalidades: Alcançar com a salvação novaspessoas, tendo por alvo aquelas que visitaram a igreja e não sedecidiram por Cristo, edificar os novos crentes no

2.1. Estudos bíblicos nos lares

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conhecimento básico da fé cristã, levando-os da atração aoenvolvimento e preparando-os para se produzirem em novoscrentes através do testemunho pessoal.

Os estudos devem tratar de temas próprios à situação eaos professores são indispensáveis algumas virtudes, taiscomo: Conduta exemplar no lar, na igreja e no local ondevivem; disponibilidade para receberem treinamentoespecífico; possuírem conhecimento bíblico compatível;capacidade de avaliarem os resultados e avaliarem-se comolíderes; visão em discipularem e treinarem outros professores.

 A importância do estudo da Palavra de Deus nodespertamento espiritual e na formação de autênticosdiscípulos está narrada na Bíblia e especialmente em Neemias8.5-9: Esdras leu explicando o sentido do que lia; leu fazendocom que o povo entendesse o que lia; leram os levitas,ensinando ao povo; como resultado, todo povo chorava,ouvindo a Palavra de Deus.

Há perfeita harmonia entre o estudo da Palavra de Deuse a oração. Na realidade, o primeiro necessita do segundo parasua maior eficácia e utilização. Estudar é como ler uma cartade um pai amado, mas distante. Orar é conversaramigavelmente. As orações nos lares têm por finalidadeensinar ao novo crente: que ele tem um canal de comunicaçãocom Deus sem necessitar de intermediários (Jr 33.3); que eletem os exércitos celestes à sua disposição todas as vezes que,ele tocar os céus através da oração (Dn 9.21-23); que a oraçãoo leva a uma maior e melhor comunhão com Deus (Jo 15.7,8);que orar é ter um encontro particular e pessoal com Deus.

Como a meta principal da igreja é alcançar novas

pessoas, o novo crente que receberá em sua casa a equipe deoração deve ser estimulado a convidar seus familiares epessoas de seu relacionamento a participarem do trabalho de

2.2. Grupos de oração nos lares

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oração. As equipes de oração, por sua vez, precisam estarconscientes de que representam a igreja e, portanto, devemagir como tal. Elas estão sob a liderança pastoral e não podemagir de maneira isolada em relação ao que foi estabelecido.

Por isso precisam ser: maduras na fé e no conhecimento daoração; experientes e disciplinadas; provadas em seutestemunho no lar, igreja e onde residem.

O uso da correspondência, tanto na evangelizaçãocomo no discipulado, é de vital importância. Este foi o método

usado por Paulo em suas cartas pastorais a Tito, Timóteo eFilemom, nas quais transmite os princípios do cristianismo esuas orientações pessoais. Não só estas, mas também ascartas do apóstolo destinadas às igrejas são verdadeirosmananciais até hoje. O método pode ser utilizado da seguintemaneira: como contato com os visitantes que ainda não sedecidiram; como contato inicial com os novos crentes nos diasseguintes à sua conversão; para pessoas que residam longe

da igreja ou se transfiram para localidades onde não existatrabalho; como convite aos desviados, a fim de que retornem àcasa paterna.

O conteúdo das cartas pode ser de orientações básicasa estudos bíblicos simples e práticos, visando à conversão, nocaso de não crentes, à restauração espiritual, no caso dedesviados, e ao fortalecimento da fé, no caso de novosconvertidos. Outros métodos podem ser praticados, desde quetenham embasamento bíblico. A lição que deve ficar do quetemos estudado é que a igreja atue com mais profundidadenão só em atrair os pecadores (Jo 12.32), mas com igual oumaior vigor no envolvimento do novo crente em sua nova vida aponto de torná-lo discípulo de Cristo, na verdadeira dimensãoda palavra.

2.3. Grupo de correspondência pessoal

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Segunda Parte

Ce  n  t r  o d e  E d  u c a ç ã  o

  T e  ol  ó gi c a 

 M I SS I OLOG IA 

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Segunda ParteMISSIOLOGIA 

Capítulo 1

 A Natureza da Tarefa Missionária 

Existe certa natureza elementar na tarefa missionária,

nem os séculos, circunstâncias ou culturas podem mudar.Existe algo chamado "tarefa imutável". E, também, algoinerente à tarefa que porta uma natureza relativa, algo queexige adaptação. A menos que esses dois aspectos sejamclaramente percebidos pela mente e nela mantidos, a causamissionária parecerá confusa e indefinido seu desígnio.Vejamos quatro aspectos da natureza imutável da tarefamissionária:

1. A Tarefa Missionária é Espiritual

 A tarefa missionária está essencial e supremamentecomprometida com o Espírito Santo. Da mesma maneira que asalvação originou-se no eterno plano de Deus e foi obtida napessoa e obra de Cristo, o eterno Filho de Deus, a

administração e efetivação da salvação foram encarregadasao Espírito Santo. Tão somente o Espírito Santo pode tornarreal e experimental, a salvação obtida no Calvário. Ele é quemfaz tal Administração, não apenas da salvação, mas tambémde missões, propagar o precioso Evangelho de Deus arespeito de Jesus Cristo é sua primazia.

Pode-se perceber isso no livro de Atos, como veremos

mais detalhadamente depois. Usando a Palavra de Deus comoinstrumento, e a igreja de Cristo e os crentes individuais como

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seus agentes, chamados para serviços de missõesespecíficas.

Missões é essencialmente um ministério do Espírito

Santo, isso é tanto um conforto quanto um desafio para nós -um conforto no sentido de que podemos confiar plenamentenEle para realizar seu trabalho, e um desafio pois, apenaspessoas repletas do Espírito, com recursos sancionados emétodos aprovados por Ele, podem ser usados eficientementeem ministérios de missões. Não há lição maior a ser aprendidapor um candidato à missionário, do que a lição de como viveruma vida repleta do Espírito, como caminhar no Espírito e

como ministrar no Espírito. Somente o pelo Espírito Santopode realizar uma tarefa espiritual, operando através de umapessoa espiritualmente disposta. A luta e a batalha finais estãono domínio do espírito. Pode ser que isso nunca venha a serenfatizado tão vigorosamente, embora possa ser ressaltadomuito parcialmente.

2. A Tarefa Missionária é Bíblica

Partindo da premissa de que a tarefa missionária é umatarefa bíblica. Uma familiarização completa com todo o planode Deus irá, conduzir a um ímpeto missionário. E uma teologiabíblica será uma teologia missionária. Um professor eficienteda Bíblia será também um professor de missões, visto quemissões está contido no ímpeto total da Palavra de Deus. Parapromover uma genuína renovação de missões, basta apenasrenovar a genuína teologia bíblica, interpretando-aadequadamente, de acordo com o plano de Deus. Missões nãofundada em uma precisa interpretação bíblica será esporádicae irregular.

 Ao missionário se aplica tudo o que é aplicável amissões. Não somos enviados como missionários visando

apenas estabelecer vínculos de amizade ou para demonstrar asingularidade dos cristãos no corpo de Cristo. Essas sãoverdades preciosas e pertencem ao domínio da genuína vida

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cristã, mas somos enviados principalmente para compartilharcom o mundo os grandes benefícios do cristianismo. Somostestemunhas de Cristo; somos embaixadores de Cristo; somospregadores do Evangelho de Deus e portadores da mensagem

de Deus para a humanidade. A mensagem está contida em umlivro, a Bíblia. Felizmente, suportamos o desdém do mundo porsermos pessoas de um Livro, os mensageiros de umamensagem antiga. O desafio de um cristão é ser um"missionário", um "enviado", comissionado pelo Espírito Santoatravés da igreja (At 13.4) para ser testemunha de Cristo eproclamar a mensagem revelada do ato redentor de Deus emCristo Jesus. Isso, claro, requer um conhecimento absoluto da

mensagem como é encontrada na Bíblia, e uma familiarizaçãoíntima e pessoal com Cristo.

Da mesma forma que nossa mensagem provém daBíblia e é por ela determinada, assim acontece com nossodesígnio. Há muita confusão quanto à preparação demissionários, pois nosso desígnio tornou-se obscuro enebuloso. Nas palavras do falecido Político e missionário Dr.

Samuel Zwemer, há uma boa quantidade de "pensamentoobscurecido" quanto a missões. Uma das principais causasdessa indefinição é o fato de que não estamos distinguindoclaramente entre o desígnio bíblico da igreja e aresponsabilidade bíblica de missões. É nesse campo queprecisamos de um estudo novo e penetrante da GrandeComissão. Só assim, podemos encontrar orientação teológicae prática quanto a missões. A Grande Comissão não anuncia ototal desígnio divino à igreja, como veremos mais tarde. Isso éencontrado em todo o Novo Testamento. Porém, a GrandeComissão realmente anuncia a estrutura básica e oselementos fundamentais de nosso desígnio missionário.Nossa orientação missionária não está nas necessidades dahumanidade como aparecem a nós, pois sendo elas ilimitadas,sempre aumentam, sempre mudam. Recebemos nosso

desígnio de nosso Comandante em sua Palavra imutável. Emmeio à neblina e conjecturas humanas, essa é nossa luz. Assim, voltamos para a Bíblia como nosso guia infalível da qual

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buscamos um conhecimento total e encontramos tanto nossamensagem quanto nosso desígnio na Palavra de Deus, pois atarefa missionária é uma tarefa bíblica.

3. A Tarefa Missionária é Feita por Fé

Deus ordenou que o cristianismo fosse uma religião defé. Do ponto de vista objetivo, o cristianismo é uma religião derevelação sobrenatural. Do ponto de vista subjetivo, é umareligião de fé. A fé é o olho espiritual que observa Deus, quepercebe Cristo como o Salvador e Senhor, que entende aBíblia como a Palavra de Deus, que aceita a tarefa missionária

como o propósito e a vontade de Deus, que descobre missõescomo o resultado natural da obra de Cristo, e que missões é umelemento inerente do chamado à salvação e submissãoobediente às inclinações do Espírito Santo. Sem fé éimpossível agradar a Deus; a fé é fundamental para toda a vidae todo empreendimento cristão. Não há uma obra espiritualverdadeiramente cristã que não seja também uma obra de fé.

Não obstante o homem através da queda ter setransformado de um ser que crê em um ser descrente, aindaassim, através da operação do Espírito Santo, pode voltar a sercrente. Pela fé, ele aceita a salvação oferecida em Cristo.Paulo nos diz que caminhamos pela fé e não por vista. A vidacristã é, do início ao fim, uma vida de fé; assim como também éa tarefa missionária. Nela, nosso amor pelo Senhor e por

nosso próximo é provado. O mesmo ocorre com nossa fé. Nósrealmente acreditamos nos pronunciamentos e nas doutrinasfundamentais da Bíblia quanto à pessoa e o propósitomaravilhoso de Deus; a profundidade da existência e a alturadas possibilidades do homem; a integridade, exclusividade,universalidade e individualidade finais do Evangelho de Deus;a questão temporal e eterna da forma exposta na Bíblia? Essassão questões de fé baseadas em revelação e não no raciocínio

ou na experiência humana. Nenhum sentimentalismo ou boavontade humana é suficiente para aliviar os fardos, frustrações

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e desapontamentos da tarefa missionária. Precisamos defontes mais profundas. Somente um coração perpetrado pelaluz pelo Espírito Santo, tomado por convicções e fé profundase animadoras nas verdades eternas irá nos sustentar no calor

da batalha e na intensidade e duração de sacrifícios.

 A fé não é só um meio de obediência, mas também umato fundamental de obediência; não apenas um altar parasacrifícios, mas também um sacrifício em si mesmo, e talvez,entre todos, o maior. É uma submissão de nossosentendimentos; uma oblação consciente a Deus, o que Elerequer tão indispensavelmente, que nossa vontade e afeições,embora aparentemente um sacrifício maior, não irá, semaquilo, ser recebido em suas mãos.

Portanto a obra missionária verdadeira e bem-sucedida, somente pode ser feita por homens de fé, homensque conhecem Deus e têm aprendido a se apropriar daspromessas de Deus. Aos quais as respostas às orações não

surgem como surpresas agradáveis, mas ao invés disso comode um Deus que cumpre sua Palavra e não mente, homensque conhecem seu Deus e que são capazes de assumir, emnome dEle, sem hesitação ou medo, tarefas humanamenteimpossíveis.

Vale observar que a nova situação de hoje exige novasprovas de fé. Tais provas irão determinar se a fé da igreja está

plena e solidamente enraizada no Evangelho apostólico. O Dr.Visser't Hook o comenta desta forma: Uma igreja que não épenetrada profundamente pela fé, o núcleo crucial de toda ahistória humana criada por Deus, em e através de Cristo, muitodificilmente irá assumir um empenho missionário determinado,e seu testemunho nunca terá firmeza e alegria, paciência etolerância, sem as quais missões não consegue realizar suatarefa. Apenas aqueles que oferecem novidades reais quantoaos frutos divinos irão passar no teste no memento deprovação.

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Essa fé, embora seja uma obra do Espírito Santo, não éalcançada pelo homem da noite para o dia, nem de formaautomática ou mecânica, mas é desenvolvida em uma certaatmosfera e deve ser cuidadosamente cultivada. Isso requer

tempo, disciplina, paciência, espera humilde na presença deDeus, permanência em Cristo, e um interesse absoluto naPalavra de Deus. Não surpreende o fato de Paulo ter passadotrês anos na Arábia após sua conversão, e algum tempodepois, cinco a sete anos em Tarso. Ele precisava de tempo esolidão para obter orientação teológica e solidez bíblica, assimcomo maturidade espiritual, e enfim tornar-se o maiormissionário da era cristã. É verdade que homens de fé nãosurgem em uma estufa teológica ou uma organizaçãoeclesiástica, todavia não surgem no vácuo. Ele só prosperamse estão na presença de Deus, em uma caminhada com Deus,e nas baralhas da vida. Os homens dessa espécie são raros;mesmo assim eles são por demais necessários. Apenashomens possuídos por genuína fé podem realizar uma obra defé real, deixando sua marca em um mundo de descrença. O

que nos levará aos triunfos em Cristo é a fé.

4. A Tarefa Missionária é Humana

Para executar sua tarefa nos corações humanos dentrode uma sociedade humana rodeada por uma esfera humana,Deus escolheu instrumentos humanos. O humanismo e ol ibera l ismo teo lóg ico, sem dúv ida, enfat izaram

demasiadamente esse fator e realizaram missões quasetotalmente antropocêntricas e filantrópicas. O cristianismoevangélico subestimou grandemente este fato vital. O homemvive em sociedade e dentro de uma cultura, em uma atmosferafísica, mental, psicológica e religiosa, e aspira para si, suaprópria sobrevivência e desenvolvimento, e que avalia peloque faz.

Sendo um ser de interação. O homem prontamentesegue o líder dos grupos internos e submete-se à autoridade

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de seus próprios grupos, sendo influenciado dentro de suaprópria cultura.

Com frequência, um trágico dualismo contamina o

missionário evangélico. Seu amor pelo ocidental que operturba, pois ele o deixou para trás se entregou para servir oMestre fora da pátria. Trata-se mais do medo de que, atravésda identificação, ele possa colocar em perigo seu testemunhoda singularidade do cristianismo ou torne-se um participantedos pecados ligados à cultura do povo que foi servir.

Esse é um temor legítimo e que não deve ser fácil de

resolver. Ainda assim, é um temor que pode crescer em nós,tornar impossível a adaptação cultural necessária para aidentificação, e dessa forma paralisar a eficácia de nossoministério. De alguma forma, o muro de separação não foiderrubado. O isolamento desenvolveu-se e acabou nãoabençoando o trabalho. Sem comunicação ou comunhão realcom os povos aos quais ele tinha ido servir. Os mundosculturais, existentes lado a lado, nunca se misturavam.

Sem entrar em uma discussão de antropologiateológica, digamos que o trabalho missionário é uma tarefahumana e pode apenas ser realizada quando as relaçõeshumanas entre o missionário e o povo forem verdadeiramenteideais e plenamente humanas e quando a comunicaçãoocorrer de acordo com os canais de comunicação humanoscriados divinamente, o que inclui muito mais do que oconhecimento do idioma nativo.

Com os problemas de choque cultural, desenvolvem-seduas outras dificuldades - a barreira racial (uma barreiracarregada de emoções intensas) e a barreira da organização.O missionário falhou em integrar-se à igreja que construiu. Elesente que há boas razões para não se integrar. Certo ou

errado, uma dicotomia surgiu, separando uma parceria aoinvés de marcar uma divisão de trabalho.

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O aspecto humano da tarefa missionária é melhordemonstrado por nosso próprio Senhor e Salvador. Paulo oapresenta vivamente: De sorte que haja em vós o mesmosentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo

em forma de Deus, não teve por usurpação o ser igual a Deus,mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo,fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma dehomem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até àmorte, e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltousoberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome;para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos queestão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda a língua

confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai(Fp 2.5-11).

Paulo também reconheceu que missões era uma tarefahumana que envolvia o homem em rodas as suas relações eem sua identidade nacional, social e cultural e assim procurouidentificar-se o máximo possível com a camada nacional esocial da humanidade a fim de introduzir o Evangelho de forma

inteligente e aceitável. Ele nos diz: "Porque, se anuncio oevangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é impostaessa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho! Epor isso, se o faço de boa mente, terei prêmio; mas se de mávontade, apenas uma dispensação me é confiada. Logo, quepremio tenho? Que, evangelizando, proponha de graça oevangelho de Cristo para não abusar de meu poder noevangelho. Porque, sendo livre para com todos, fiz-me servode todos para ganhar ainda mais. E fiz-me como judeu para os

 judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo dalei, como se estivesse debaixo da lei, para ganhar os que estãodebaixo da lei. Fiz-me como fraco para os fracos, para ganharos fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meioschegar a salvar alguns. E eu faço isto por causa do evangelho,para ser também participante dele" (1Co 9.16-23).

Missões realmente exige sacrifícios de muitasmaneiras. Não é "moleza". As exigências de missões são tão

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desencorajadoras para o não espiritual quanto o são para oespiritualizado. Missões opera absolutamente dentro daesfera humana. Portanto, Deus pode usar significativamenteapenas os seres humanos que conseguem operar com Ele

dentro de tal esfera.

Portanto, oramos: "Senhor, faça-nos intensamentehumanos para que possamos ser usados grandemente!"

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Capítulo 2

O Duplo Mandato

 A Bíblia anuncia um duplo e fundamental mandato deDeus para o homem, qual seja: devemos compreenderclaramente a fim de definir com precisão o desígniomissionário da igreja. Tal mandato é citado no início de cadaTestamento e para cada humanidade: a humanidade noprimeiro Adão e a humanidade no segundo Adão, Cristo.

O segundo mandato não nega, substitui, duplica ouabsorve o primeiro mandato. Embora se relacione intimamentecom ele, este é único. Independe do outro, pois é um mandatodistinto que surge de circunstâncias diferentes, servindo adiferentes necessidades e propósitos.

1. Delineamento dos dois Mandatos

O primeiro mandato foi declarado a Adão como orepresentante da raça e envolve todo o domínio da culturahumana. Ele serve ao homem em sua necessidade enquantocriatura sócio-religiosa-cultural, e inclui os aspectos naturais esociais do homem tais como habitat, agricultura,industrialização, comércio, política, ordem social e moral,progresso acadêmico e científico, saúde, educação e cuidadosfísicos. É o aperfeiçoamento qualitativo e quantitativo da

cultura com base no teísmo revelador manifestado na criação. A Bíblia diz que tal cultura deve beneficiar o homem e glorificara Deus. Isso nos seguintes termos: povoar, subjugar, dominar,cultivar e preservar (Gn 1.28; 2.15). A Bíblia preocupa-se com obem-estar social e cultural.

Cabe ao homem fundar uma cultura saudável na qualele possa viver como um verdadeiro ser humano emconcordância com a ordem moral e propósitos criativos deDeus. O pecado interrompeu de forma brusca esse programa

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e, pela depravação do homem devido sua queda, dificultouextremamente, porém o mandato permanece em vigência edepende do homem. É certo que a queda tornou ainda maisimperativo se o homem deve sobreviver como um ser humano.

Isso fica evidenciado pela mensagem de Deus a Noé após odilúvio (Gn 8.15-9.17), e também pelas fortes mensagensacusadoras dos profetas dirigidas contra Israel e as nações domundo sempre que elas violavam a ordem moral e os direitoshumanos básicos. Deus nunca dispensou o homem de suamissão e responsabilidade, conferidas divinamente. Por essarazão as civilizações do passado desapareceram e as culturasdo presente que estão desaparecendo.

Note-se que tal responsabilidade é ampliada eintensificada pelos grandes ideais que o Novo Testamentoanuncia às autoridades das nações. Em Romanos 13, Paulonos manda obedecer às autoridades e aos seus ideais. Issoserve claramente para o bem-estar e a ordem da sociedade.

 Após a queda, o homem permanece como homem. Comocriatura cultural, permanece envolto pelo cuidado providencial

de Deus, responsável perante Deus pela estrutura moral esocial da sociedade e do comportamento, assim como pelacultura que desenvolve. O homem pode se destruir ouprogredir conforme sua qualidade moral desenvolvidaculturalmente.

O segundo mandato declarado aos apóstolos por JesusCristo visa a liberação espiritual e restauração do homem,embora não se preocupe tanto com seu bem-estar físico esocial. Na terminologia moderna, isso significa que oEvangelho está designado a tornar o homem pleno, a restaurarsua personalidade para que ele atue como homem.

Tal mandato é difundido pela evangelização,treinamento de discipulado, plantação de igrejas, cuidado da

igreja e ministérios beneficentes. Conforme sustentado edestacado em: (a) o envio dos doze (Mt 10.1-20; Mc 3.13-19;Lc 6.12-16); (b) o envio dos setenta (Lc 10.1-20); (c) o envio

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posterior dos doze (Mt 16.14-18; Lc 24.36-49; Jo 20.19-23; At1.7,8); e (d) o envio de Paulo (At 9.15,16; 26.14-20).

Em toda situação o espiritual domina. Ele proclama a

boa nova de que em Cristo o perdão dos pecados pode serencontrado, que Cristo pode transformar um homem porcompleto e restaurá-lo de acordo com seu propósito e missãooriginais.

Logo, há um primeiro mandato ao homem como homeme como membro da raça humana; há um segundo mandato aocristão como cristão e como um membro da igreja de Jesus

Cristo.

 Ambos os mandatos originaram-se em Deus e sãodesignados para servir à humanidade. Juntos atendem todasas necessidades do homem. Pode não soar religioso, masapesar disso esse é um fato: O Evangelho não atende a todasas necessidades da humanidade. Não foi ele para issodesignado. Embora Metafisicamente seja verdade que a

origem de todo o bem está em Deus, existencial epraticamente ele não emana diretamente do Evangelho.Quando um homem está com fome, ele precisa de pão;quando está nu ele precisa de roupas; quando tem umainfecção precisa de antibióticos, antes de tudo, para remediar asituação. O homem precisa de cultura assim como doEvangelho, pois sem cultura, o homem não poderia sobrevivernem proclamar o Evangelho. Juntos então, ambos osmandatos satisfazem todas as necessidades do homem.

2. O Cristão e os dois Mandatos

Os cristãos como sal da terra e luz do mundo, deveriamprocurar dar sua contribuição de acordo com o primeiromandato através de canais tantos quantos possíveis, ao invés

de fundar unidades e agências separadas da sociedade, tantoquanto da igreja, dessa forma duplicando organizaçõesfuncionais e confundindo as questões. Quando agências

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governamentais ou humanitárias não permitem que umatestemunha cristã acompanhe o serviço social, a situaçãomuda.

Não se vê como intenção do Senhor, no AntigoTestamento, conferir a Israel, a missão de fazer contribuiçõesespeciais ao primeiro mandato como povo de Deus. Isso nãofazia parte de seu chamado e missão divina, embora comomembros da humanidade eles não estavam isentos de taisresponsabilidades. De fato, Israel concedeu ao mundo umadas sete maravilhas - o templo de Salomão, uma imensacontribuição religiosa-cultural.

Também, em parte alguma do Novo Testamento a igrejade Jesus Cristo, como igreja, é incumbida da missão de fazercontribuições culturais especiais, embora todo membro, comoparte da humanidade, tenha uma contribuição a fazer.

Israel, porém, realmente tinha a responsabilidade delevantar um parecer profético sério contra os males das

nações. Profetas como Amós, Isaías, Jeremias, Ezequiel,Obadias, Sofonias e outros não falaram apenas às suasnações; eles falaram ousadamente às nações do mundo,precavendo-lhes dos e ameaçando-os com os julgamentosprecisos e severos de Deus. Jonas exprimiu claramente umgrande princípio do Antigo Testamento quando foi a Nínive epregou o juízo e o arrependimento Assim, os profetas de Deusfuncionavam como uma consciência em sua sociedade e nomundo.

Confundimo-nos quanto acreditamos que ação socialpode substituir o débil parecer profético da igrejacontemporânea. Procuramos ser pacificadores, através daconciliação, e desprezamos o fato de que o mundo precisa deuma igreja profética que com ousadia proclame em voz alta os

grandes princípios do monoteísmo ético. Ação social, comorealizada no presente pela igreja, mais cedo ou mais tarde seencontrará competindo com o estado. Não é função da igreja

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assumir os cuidados do povo. Porém, isso não se aplica nemao mensageiro evangélico da boa nova nem à igreja com umavoz profética firme. O homem sempre irá precisar tanto doEvangelho para salvá-lo quanto da consciência para guiá-lo.

3. Confusão Atual Quanto ao Mandato Duplo

Não há em parte alguma da Bíblia que o primeiromandamento entra na categoria bíblica de missões. Ele nãoestá implicado na Grande Comissão de nosso Senhor aosseus discípulos, nem nenhuma das bênçãos (charismata)espirituais, como apresentadas nas Escrituras, relacionam-se

a ele. Apenas o segundo mandato é considerado missões noestrito sentido bíblico. O primeiro mandato não deve serrebaixado como um serviço inútil ou secular, porém, não é umserviço missionário no sentido técnico.

É imperativo distinguir missões de toda a extensão de"fruto cultural" que se desenvolveu sob o impacto doEvangelho e à sombra da igreja.

Precisamos enfrentar essas questões no nível maisprofundo, especialmente quando os Corpos de Paz estãosendo considerados como substitutos do serviço missionário eas igrejas insistem em querer, através de serviços sociais,provar seu valor no mundo assim como expressar umEvangelho que pode ser encarnado. Deve-se manter emmente que missões tem um propósito singular e uma tarefaespecífica.

Resumindo, precisamos interromper nosso estudo doprimeiro mandato, já que não é nem o mandato da igreja, comotal, nem constitui missões no sentido próprio da palavra.Voltemos nossa atenção para o segundo mandato.

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Capítulo 3

 A Grande Comissão

1. Integridade

 A autenticidade e genuinidade das passagens daGrande Comissão, especialmente como encontradas emMateus e Marcos, têm sido criticadas por representantes donacionalismo e da crítica erudita, os primeiros em uma baseteológica e os últimos, documental. Estudiosos evangélicos,

contudo, têm defendido rigorosamente tanto a genuinidadequanto à autenticidade das passagens e têm mantido suaposição, baseados em evidências internas e externas.

Temos aqui as palavras como foram proferidas peloSenhor e registradas pelos autores do Evangelho. O final deMarcos (16.9-20) é muito discutido e, pois vários excelentesmanuscritos antigos não registram os versículos. Porém, está

muito claro que Marcos não termina com o versículo 8 e que otérmino atual está bem documentado com base em escritosdos séculos II e III. Dessa forma, a discussão continua.

2. Interpretação

Interpretar as passagens da Grande Comissão temdiferido muito através dos séculos e provocado muita

discussão. A discussão tem sido levantada em torno dodestinatário das palavras. Elas foram proferidas para osdiscípulos como apóstolos de Jesus Cristo? Elas constituíamuma parte do desígnio singular do ministério apostólico?

Foram elas voltadas para os apóstolos comorepresentantes da igreja de Jesus Cristo e dessa formaexistem como uma parte do encargo da igreja no final dostempos? Novamente, qual é a relação entre batizar e ensinar?Este último está ligado e subordinado ao primeiro, já que um e

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está faltando? Ou ensinar está associado a batizar e não émeramente subsequente a este último? Como batizar eensinar estão relacionados à formação de apóstolos? Qual é overdadeiro significado de batizar "em" nome? Por que a

palavra "nome" é usada no singular, se é seguida pelaenumeração das três Pessoas da Divindade?

Temos aqui apenas algumas das questõeseclesiásticas e teológicas que têm sido levantadas e debatidasem relação às passagens e ao significado da GrandeComissão.

3. Relação com o Cristianismo

 A Grande Comissão é um acréscimo lógico e um fluxonatural da personalidade de Deus como é revelado nasEscrituras, do propósito e ímpeto missionário de Deus comoesclarecido no Antigo Testamento e encarnado historicamenteno chamado de Israel, da vida, teologia e obra redentora deCristo como reveladas nos Evangelhos, da natureza e obra doEspírito Santo como previstas por nosso Senhor emanifestadas em e após o Pentecostes, e da natureza e dodesígnio da igreja de Cristo como apresentados nos Atos dos

 Apóstolos e nas epístolas.

Tal Comissão não torna o cristianismo uma religião

missionária. O cristianismo assim o é devido à sua fonte,natureza e desígnio absoluto. Os apóstolos tornaram-semissionários não devido a uma comissão, mas devido aocristianismo ser o que é e devido à presença do Espírito Santo,que é um Espírito que se comunica e testemunha (Jo 15.26;16.8-15). Dessa forma, se as palavras da Grande Comissãonunca tivessem sido registradas ou preservadas, a

responsabilidade e o ímpeto missionários da igreja não seriamnem um pouco afetados.

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4. Importância

Devemos enfatizar ainda, a importância que a GrandeComissão tenha sido proferida por nosso Senhor e relata pelo

Espírito Santo nos Evangelhos. Embora que não crendo nasnovas obrigações para o cr ist ianismo, ela põecategoricamente a responsabilidade e o ímpeto missionáriosdo cristianismo além das dúvidas e discussões. Sua exposiçãopor cada um dos autores do Evangelho testemunha suatradição viva na igreja antiga. O livro de Atos demonstra suadinâmica no movimento original do cristianismo.

5. Natureza Composta

Essa Grande Comissão é composta. Seu registro emtodos os quatro Evangelhos e em Atos é único entre aspalavras de Cristo. Ele aponta para seu significado na mentede cada escritor, sua riqueza e plenitude de essência, e aunidade de propósito e desígnio de cada um dos Evangelhos.Eles todos culminam na Grande Comissão e seguem umadireção em comum de forma centrífuga em natureza e impulso.

É necessário enfatizar a natureza composta da GrandeComissão. O fato de que cada um dos quatro evangelistas aaborda de uma forma ou outra necessita ser observado.Nenhum deles a aborda em sua plenitude, mas eles

completam muito bem um ao outro. Ao mesmo tempo, quecada um dos evangelistas apresenta-a a partir de seu próprioponto de vista e com sua ênfase singular, juntos eles formamum todo, como a lista seguinte mostra:

(a) Mateus - a autoridade, o objetivo inclusivo e a extensãode tempo da ação.

(b) Marcos - a urgência, o método e a dimensão geográficada ação.

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(c) Lucas - a mensagem centrada em Cristo e auniversalidade da ação.

(d) João - o preparo espiritual e a natureza espiritual da

ação.

 Apenas ao ver o texto completo como apresentado nosquatro Evangelhos, realmente percebemos a GrandeComissão absoluta.

6. Dimensão e padrão

 Analisando a Grande Comissão, descobrimos doisimperativos que orientam a comissão. Esses são encontradosem Mateus e Marcos nas expressões "fazei discípulos" e"pregai o evangelho". 

Logo, temos na Grande Comissão uma elipse com umfoco duplo. Enquanto que nas décadas anteriores a ênfaseestava no foco de Marcos ("pregai o evangelho") e a

evangelização era o impulso absoluto, a ênfase hoje está nofoco de Mateus ("fazei discípulos") e a implantação de igrejasestá em primeiro plano. Os imperativos são complementadospelos gerúndios "batizando" e "ensinando".

Não há verbos imperativos em Lucas ou João. Porém,há uma força religiosa ("assim está escrito") e espiritual("recebamos o Espírito Santo") por trás dessas palavras.Portanto, um verbo imperativo não é necessário; na verdade,ele pareceria deslocado. A dinâmica da Palavra e do Espíritoassume o lugar do imperativo.

Considerando composta a Grande Comissão comoregistrada em todos os quatro Evangelhos, percebemos oseguinte fato: o objetivo principal é "fazei discípulos" de todasas nações. A fim de realizar esse propósito, devemos fazer oseguinte:

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(a) Devemos nos engajar em uma divulgação intensiva eextensiva do Evangelho entre todas as nações,difundindo-o de forma plena e persuasiva como estáregistrado nas Escrituras.

(b) Devemos fazer as pessoas experimentarem a graça deDeus possibilitada através da morte e ressurreição deJesus Cristo, e oferecer o perdão do pecado em seunome a todos os que acreditam no Evangelho.

(c) Devemos separar as pessoas das antigas relações eligações e uni-las à nova congregação de Deus através

da prática do batismo precedida e seguida peloensinamento.

(d) Devemos ensiná-las o valor e a grandeza das bênçãosdo Espírito Santo e conduzi-las a uma caminhada eministério obedientes ao e dependentes do EspíritoSanto.

(e) Devemos instruí-las quanto aos preceitos do Mestre e,dessa forma, através da renovação de suas mentes,moldá-las de acordo com o verdadeiro discipuladocristão.

Esse é o padrão de nosso ministério de acordo com aGrande Comissão. Nenhum desses elementos pode ser

omitido ou negligenciado.

7. Importância Teológica

Mais do que uma comissão entre muitas ordens deCristo, a Grande Comissão é destacada devido à suasingularidade como uma ordem do Senhor ressuscitado e suareformulação, de uma forma ou outra, pelos quatroevangelistas, cada um apresentando-a a partir de seu ponto devista e com sua própria ênfase.

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 A Grande Comissão é muito importante, porém, devidoà sua amplitude teológica, ela estabelece os seguintes fatos:

Ou seja, a Grande Comissão é dinamizada por umagrande subestrutura teológica.

8. Importância Psicológica

 A Grande Comissão não torna o cristianismo umareligião missionária; ele assim o é devido ao caráter e propósitode Deus. Ela também não é a dinâmica de missões, isso éatribuição apenas do Espírito Santo. Ainda assim, é de grandeimportância o fato de que a Grande Comissão foi formulada pornosso Senhor e relatada a nós pelos evangelistas.

Percebemos sua importância quando percebemos queé a Palavra que; confere conceitos à nossa mente; condicionanossos corações à obediência; e dá orientações objetivas àsnossas vidas. Sem a Palavra o ministério do Espírito Santo

permaneceria como uma dinâmica vaga, mística e indefinidaem nossas vidas. Enquanto que o Espírito Santo é a inspiração

(a) A soberania do Senhor do Evangelho cristão - "É-me

dado todo o poder [autoridade]" (Mt 28.18; cf. Fp 2.9-11; Ap 3.7).

(b) O imperativo do Evangelho cristão (Mt 28.18-20; Mc16.15-16; Lc 24; 44-47).

(c) A universalidade do Evangelho cristão (Mt 28.18-20;Mc 16.15-16; Lc 24.44-47; At 1-8).

(d) A natureza do Evangelho cristão (Lc 24.46-47; Jo20.23; At 26.15-23; cf. 1Co 15.1-3).

(e) O auxílio humano na proclamação do Evangelhocristão (Mt 16.15-16; Lc 24.48; At 1.8; 26.16).

(f) A necessidade de preparo espiritual para ministrar comsucesso o Evangelho cristão (Lc 28.49; Jo 20.22; At 1.8).

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e capacitação subjetivas, a Palavra é a luz e orientaçãoobjetivas. Não podemos prescindir de nenhum.

O Espírito Santo assemelha-se a água, quanto suaatuação. Ele irriga nossa alma à medida que inspira, frutifica efortalece o cristão. Um sistema de "canal" é preparado emnossas mentes e corações pela Palavra, o instrumento deDeus no condicionamento de nossos corações e mentes. Uminstrumento objetivo é necessário para realizar o ministériosubjetivo e para gravar uma imagem e padrão em nossasmentes. Quanto mais específica for a Palavra, maisespecíficos serão o condicionamento, a imagem e o padrão.Quanto mais a Palavra for repetida, mais duradouro será o

condicionamento. Essa, sem dúvida, é a razão pela qual Cristorepetiu a Grande Comissão pelo menos cinco vezes nareunião dos apóstolos. Finalmente, ela foi registrada.

Embora passados alguns anos nas vidas dosapóstolos, até a Grande Comissão se tornar eficaz, enfim elaeclodiu. Ela, mesmo não sendo citada oficialmente nos Atosdos Apóstolos e nas epístolas, foi absorvida pelas mentes dos

apóstolos, condicionando-as, pois todos se tornarammissionários, exceto Tiago, que foi martirizado antes de deixarJerusalém. Que a Grande Comissão era uma tradição viva naigreja antiga fica evidente a partir dos fatos de que todos osquatro evangelistas a registram e que a Igreja Primitiva foi, semdúvida, uma igreja missionária. Deve-se observar que Lucasregistra a Grande Comissão em maior extensão apóspesquisar cuidadosamente o assunto.

Porém, seria errado deduzir que os apóstolos e a igrejaantiga eram um movimento missionário, devido à GrandeComissão. Ela conferiu-lhes apenas um desígnio e um padrãode missões, assim como veremos em breve. Eles erammissionários devido ao cristianismo ser o que é e devido àpresença do Espírito Santo, que é o Espírito de missões (Jo15.26; 16.8-15).

Seria bom para a igreja, compreender a importânciapsicológica e acrescentar a Grande Comissão de nosso

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Senhor ao Credo dos Apóstolos que é recitado todos osdomingos em várias igrejas.

9. Propósito

 A Grande Comissão nos é concedida por cada um dosquatro evangelistas (Mt 28.18-20; Mc 16.15,16; Lc 24.46-49;Jo 20.21,22) e nos Atos dos Apóstolos (At 1.8), e reiterada porPaulo (At 26.13-18). Para os crentes na Bíblia, ela trazimplicações ainda maiores. Ela constitui uma identificação doscristãos com Cristo ao cumprirem o propósito divino comorevelado no ímpeto missionário do Antigo Testamento e

encarnado no Senhor. Ela é o imperativo divino destacado nanatureza do cristianismo e definido em uma ordem clara dopróprio Senhor. Tal é o primeiro impacto de um estudo daGrande Comissão. A Grande Comissão declara rigorosamentea tarefa cristã de evangelização do mundo. A naturezamissionária do cristianismo não se origina em uma ordem: aordem meramente a focaliza. A natureza missionária flui deDeus, que é a fonte do cristianismo.

Contudo, essa não é a história completa da GrandeComissão. A principal importância histórica da GrandeComissão encontra-se no fato de que ela fornece à igreja opadrão e propósito de missões. Ela define e estabelece atarefa missionária. Temos na Grande Comissão um compasso,um mapa e um plano. Um estudo comparativo das passagensparalelas é muito ilustrativo e instrutivo. Ele revela verdades e

princípios preciosos para guiar a igreja na evangelização domundo e definir em termos específicos o aspecto missionáriodo ministério da igreja.

 A preocupação central de Cristo expressa nos quatroEvangelhos e em Atos, era reunir um povo em Seu nome,dentre as nações para constituir a igreja, o seu corpo e a suanoiva, o templo e a casa de Deus. Além disso, cada um dos

evangelistas enfatiza um aspecto ou vários aspectossingulares da atividade e do movimento de missões. Vamosvisualizá-los como registrados por cada autor.

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Capítulo 4

 A Grande Comissão e as Comissões

Cabe ressaltar que analisamos a Grande Comissão,porém, sem fazer referência a nenhuma das passagensespecíficas dos Evangelhos. Traçando uma distinção entre aGrande Comissão como uma meta complexa do Senhor e oque é registrado sobre Grande Comissão por cada um dosautores do Evangelho.

É muito importante perceber essa distinção, como foimencionado previamente. Uma visão limitada de nossacomissão é frequentemente apresentada, pois destacamos aênfase de apenas um dos autores do Evangelho. O fato de queo Espírito Santo julgou adequado preservar para nós as váriasversões é importante, e a natureza da composição deve serenfatizada, caso se queira manter um equilíbrio apropriado.

Contudo, importa estudar e observar as tradiçõesindividuais como foram preservadas nos quatro Evangelhos.Portanto, voltamo-nos agora para uma interpretação dascomissões em cada um deles.

1. A Comissão de Acordo com Mateus

O cenário histórico da comissão. A cena dessa

manifestação de Cristo foi uma montanha na Galiléia, ondeJesus pediu aos seus discípulos que o encontrassem. Amontanha não é especificada; poderia ser a mesma em quePedro, Tiago e João presenciaram a cena da transfiguração,ou a montanha na qual os discípulos o ouviram declarar sua"nova lei", o Sermão da Montanha.

Embora Mateus mencione apenas os onze, é muitoprovável que Cristo tenha sido visto nessa ocasião poraproximadamente cinco mil irmãos. Essa suposição é

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sustentada pelo fato de que é a única ocasião em que houveum encontro marcado entre o Senhor ressuscitado e osdiscípulos. É muito provável que o máximo possível depessoas sairia para ver e conhecer o Senhor.

 A razão para o encontro marcado não é fornecida. Não éimprovável que Cristo tenha chamado seus discípulos àmontanha a fim de declarar sua autoridade, emitir um novomandato e revelar seu novo plano. Essa conclusão ésustentada pela ênfase da comissão como se percebe pelaanálise das palavras.

O esboço da comissão. A comissão pode ser esboçadacomo segue:

Mateus introduz a Grande Comissão com a majestosadeclaração de Cristo, dizendo: "Toda a autoridade me éconferida no céu e na terra". Dessa forma, a soberania, afinalidade e a integridade de Cristo em todas as esferas sãodeclaradas. Ele é o Senhor soberano e exclusivo de história e

geografia, o Comandante que tem poder e autoridade paraenviar embaixadores para proclamarem a boa nova onde querque Ele, como soberano, julgar apropriado, assim como paratornar conhecidos os seus direitos e normas como Senhor dossenhores.

Pedro diz em Atos 2.36: "Saiba, pois com certeza toda acasa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes,Deus o fez Senhor e Cristo". Paulo declara: "Foi para isto quemorreu Cristo, e ressurgiu, e tornou a viver; para ser Senhor,

(a) O poder (soberania) do Rei - "toda a autoridade".

(b) O propósito do Rei - "fazei discípulos".

(c) O preceito do Rei - "ir... batizar... ensinar".

(d) A presença do Rei - "Estou convosco".

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tanto dos mortos, como dos vivos" (Rm 14.9). Apresentando-se à igreja em Filadélfia, nosso Senhor declara: "E ao anjo daigreja que está em Filadélfia escreve: Isto diz o que é santo, oque é verdadeiro, o que tem a chave de Davi; o que abre, e

ninguém fecha; e fecha, e ninguém abre" (Ap 3.7).

 Assim, Ele abre as portas para missões, a seu belprazer. Também não precisamos nos afligir quando as portasse fecharem para nós. Ele tem as chaves.

 A autoridade de nosso Senhor é tanto nosso conforto

quanto nosso temor. Ela é nosso conforto enquanto estivermoscertos de que quando nosso Senhor chama e envia, Eleassume a responsabilidade por seus servos. A soberania eautoridade de nosso Senhor também são nosso temor, poissabemos, em nossa consciência, que Lhe devemosobediência absoluta e que algum dia devemos enfrentá-lo eresponder a Ele como nosso Senhor.

O ponto principal do mandato de acordo com Mateus é"fazei discípulos".

 Análise da comissão. Há quatro formas verbais chavesnessa ordem que devemos compreender se quisermosinterpretar a mente do Mestre como exprimida nessacomissão: "ir", "ensinar" (na verdade "discipular"), "batizando"

e "ensinando". Dessas quatro palavras, o verbo "discipular",que pode ser traduzido como "fazer discípulos", é central e oúnico que é um imperativo. Ele expressa o núcleo dacomissão. Os outros três verbos são particípios que estãoenvolvidos na comissão central como formas e métodos derealizar a comissão. Eles complementam o verbo principal.

 A questão está clara e os procedimentos são

específicos. A igreja precisa repensar a comissão para fazerdiscípulos.

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Vários fatos surgem de tal análise:

Primeiro, fazer discípulos é fundamental. A doutrina dodiscipulado cristão é fundamental em nossa comissão e no

Novo Testamento, e ela deve ser fundamental na igreja deJesus Cristo. Existem 270 referências a ela nos Evangelhos eno livro de Atos. Nas epístolas ela é substituída pela palavra"Santos", frequentemente usada por Paulo.

O discipulado cristão é uma expressão vital da vidacristã. Ensiná-lo é imperativo; negligenciá-lo é trágico.

O padrão de discipulado cristão é encontrado na vida eno ensinamento de Jesus Cristo. Ele chama os homens parasegui-lo. Somos desafiados pelos apóstolos a considerá-lo,lembrá-lo, superá-lo e cultivar a mente de Cristo em nós. Pedronos diz que Cristo nos deixou um exemplo e que devemosseguir seus passos. Nosso caminho de santificação é aquelepela qual "somos transformados de glória em glória na mesmaimagem, como pelo Espírito do Senhor" (2Co 3.18). A

esperança cristã culmina no glorioso anseio de sermostransformados à imagem de Jesus Cristo (1Jo 3.2).

Com tal ênfase no Novo Testamento, vemos que a igrejado Senhor, ela evangeliza, realiza conversões, mas falhaquanto a fazer discípulos.

Cristo é o Criador dos discípulos. O chamado para odiscipulado soa como o toque de um clarim através dosEvangelhos e, à medida que Ele andava pelos caminhos daPalestina saía repetidamente dos lábios de nosso Senhor. Eleé apresentado nos Evangelhos de uma maneira tripla:

O relato histórico do chamado dos indivíduos. Nãoprecisamos nos retardar com um estudo desses incidentes

relatados, pois eles contam sua própria história. É importante,porém, fazer uma distinção entre o chamado ao discipulado e ocompromisso com o apostolado. O primeiro, observamos em

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passagens como Mateus 4.19-21 e 9.9, enquanto que o últimoestá declarado em Marcos 3.13-19 e Lucas 6.12-16.

O apelo repetitivo de Cristo a indivíduos com a

expressão "siga-me". As expressões "siga", "siga-me" e "vindeapós mim" chegam a nós pelos lábios do Mestre mais de vintevezes. Paulo fala de si mesmo como um seguidor de Cristo echama os coríntios para o seguirem (1Co 11.1). O conceitobíblico da palavra "seguidor" está pleno de significados e podeser melhor compreendido através de seus vários usos. Odicionário Cruden's Unabridged Concordance introduz apalavra "seguir" com este breve escudo: SEGUIR significa: (1)

Vir após algo que veio antes, como servos vêm após seusmestres, 1Sm 25.27... (2) Imitar, ou fazer a partir do exemplodado por outro, Mt 16.24... 1Co 11.1... (3) Acreditar e obedecer,Jo 10.27. Em todas as passagens em que está dito que oshomens seguiam deuses estranhos, isto significa ter fé neles,confiar neles, e prestar-lhes serviço. 1Rs 18.21... Jz 2.12... (4)Favorecer, ou tomar partido de, 2Sm 2.10; 2Rs 11.16. (5)Esforçar-se para... e persistir com grande vontade e

dedicação. Fp 3.12... (6) Morrer com um. Jo 13.36. Portanto,conclui-se que, seguir Cristo significa identificar diariamente atotalidade de nossa vida com a totalidade da vida de Cristo.Isso, realmente, é o discipulado verdadeiro, bíblico e cristão.

 A expressão de Cristo em várias ocasiões - "Tome a suacruz". Deve ser enfatizado novamente que o chamado aodiscipulado estende-se a todo cristão. Nenhum cristão estáexcluído. Todos são chamados para suportar a cruz e seguirCristo. Assim, o chamado de Cristo difunde-se: "E dizia atodos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, etome cada dia a sua cruz, e siga-me. Porque, qualquer quequiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas qualquer que, poramor de mim perder a sua vida, a salvará" (Lc 9.23,-24; cf. Mt10.38,-39; 16.24,-25; Mc 8.34; Lc 14.27).

Para esclarecer o conceito de sofrimento na cruz,fazemos bem em distingui-lo do "espinho na carne" de Paulo e

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da expressão comum de "fardos da vida". Esses conceitos sãoconfundidos com muita frequência.

Um estudo do "espinho na carne" de Paulo logo nos

convencerá de que, o que quer que Paulo quisesse dizer comessas palavras, a aflição indicada não foi assumidavoluntariamente por Paulo. Na verdade, ele implorou trêsvezes ao Senhor para livrá-lo dela. A resposta do Senhor,"Minha graça é suficiente para vós", finalmente concedeu paza Paulo, mas não redenção. O "espinho na carne" era algoaltamente pessoal na vida de Paulo, afligindo-o de tempos emtempos para mantê-lo humilde em suas revelações e seu

sucesso, e dependente do Senhor em seu ministério. Assim,todo servo de Deus precisa de e tem um "espinho na carne"para preservá-lo para uma utilidade divina. Essa não é a cruz.

Os "fardos da vida" são comuns a todos os homens.Eles não são nossos erros. Eles são as aflições, os

 julgamentos, desapontamentos e as depressões devido aofato de pertencermos a uma raça pecaminosa e vivermos em

um mundo pecaminoso. Dessa forma, o cristão não está isentodos males ordinários da vida que se devem ao pecado emgeral. Ele compartilha tais fardos da vida como doença,acidentes, incêndios e perigos naturais. Muitas experiênciassão duras de suportar e podem tornar-se depressivas se nãoencontrarmos a devida fortaleza para nos sustentar na vida.

Em contraste ao "espinho na carne" e aos "fardos davida" está a experiência do sofrimento na cruz, apresentadosobre cinco princípios básicos de sofrimento na cruz:

(a) O sofrimento na cruz é voluntário - "se alguém quer vir".

(b) O sofrimento na cruz é contínuo "cada dia".

(c) O sofrimento na cruz é absolutamente necessário parao discipulado - "Porque qualquer que, não tomar a suacruz e vir após mim, não pode ser meu discípulo".

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(d) O sofrimento na cruz não é agradável ao nosso "eu"natural, pois ele está associado basicamente à próprianegação - "negue-se a si mesmo".

(e) O sofrimento na cruz é assumido em nome da graça deCristo - "meu discípulo".

(a) Que vive uma vida de consciência e constanteidentificação com Cristo: na vida, morte e ressurreição;em palavras, comportamento, atitudes, motivos epropósitos.

(b) Que compreende absolutamente o direito de Cristosobre sua vida.

(c) Que abraça vivamente a salvação de Cristo.

Um discípulo cristão é mais do que um cristão, mais doque um aprendiz no sentido comum da palavra, mais do queum seguidor e um imitador de Cristo, mais do que umentusiasta Santo de Cristo, e muito mais do que alguém quevive dedicando-se plenamente ao Senhor. Um discípulo é uma

pessoa que vive uma vida de consciência e constanteidentificação com o Senhor na vida, morte e ressurreiçãoatravés de palavras, comportamento, atitudes, motivos epropósito, compreendendo absolutamente o direito de Cristosobre sua vida, abraçando vivamente a salvação de Cristo,deleitando-se no domínio de Cristo, e vivendo das fontespermanentes de Cristo, de acordo com o padrão e o propósito

 já gravados na mente de Cristo, com o objetivo de glorificar seu

Senhor e Salvador. Existem plenitude e essência divinas noconceito de discipulado que não devemos limitar.

 Analisando a definição acima de um verdadeirodiscípulo, encontramos as qualidades básicas de um discípulode Cristo como destacadas abaixo:

Um discípulo de Cristo é uma pessoa cristã:

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(d) Que se deleita no domínio de Cristo.

(e) Que vive das fontes permanentes de Cristo.

(f) De acordo com o padrão e o propósito de Cristo jágravados na mente.

(g) Com o objetivo de glorificar seu Senhor e Salvador.

Logo, temos salvação, dedicação, libertação,entronização, enriquecimento, essência e um objetivo.

O discipulado cristão, segundo o conceito bíblico, devesempre ser interpretado de forma a envolver séquito humilde,amizade constante, mentes abertas santificadas, obediênciaincontestável, submissão imediata, fé heróica, trabalho árduo,serviço altruísta, renúncia de si mesmo, sofrimento paciente,sacrifício doloroso e sofrimento da cruz. Ele envolve colocartodas as vidas sob o domínio de Cristo. Isso não é apenas opropósito da salvação, mas a realização da salvação -

libertação de si mesmo e devoção ao Senhor. Todos os cristãossão chamados para esse fim.

Com frequência, porém, o discipulado cristão foiseparado da vida diária de todos os cristãos e tratado emtermos de grande e heróico, com um sentido peculiar desantidade, ao invés de estar presente nas atividades erelações comuns da vida.

Segundo, os discípulos devem ser feitos de todas asnações. A comissão proíbe o nacionalismo, etnocentrismo,provincianismo e particularismo. Nosso Senhor pensa emtermos de nações do mundo sem dar preferência à naçãoalguma. Os cristãos devem aprender a pensar além da nação,raça e cultura se quiserem realizar a comissão do Senhor.

Lucas no livro de Atos apresenta esse fato é muito bem. Aqui, o Evangelho de Jesus Cristo ultrapassa todas as

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barreiras e fronteiras - geográficas, nacionais, culturais,linguísticas, religiosas e raciais. A igreja no livro de Atos érealmente multirracial, internacional e multicultural, assimcomo é composta por pessoas de várias classes sociais e

profissões. Enquanto que o crescimento da evangelização eda igreja perseguem as relações sociais e culturais, a igreja de Atos transforma-se em um organismo que abrange todas asclasses e culturas, um ideal da qual a igreja nunca devedesistir.

Terceiro, fazer discípulos envolve um processo dedesenvolvimento cristão através do companheirismo e da

instrução. Os discípulos cristãos não são criados de uma horapara outra, em isolamento e num vácuo doutrinário. Tempo,amizade e ensinamento não são apenas importantes; sãoessenciais.

O discipulado é um caminho ao invés de umarealização. Não há discípulos formados, enquanto estesestiverem crescendo e nivelando-se. O discipulado é uma

escola perpétua que pode conduzir de um nível a outro, masnão forma seus alunos. O novato é um discípulo igual aoveterano. O discipulado é uma experiência única e contínua, écrescer em graça e no conhecimento do Senhor Jesus Cristo.

2. A Comissão de Acordo com Marcos

O cenário histórico da comissão. É difícil determinar ocenário e a ocasião das manifestações do Senhorressuscitado. É possível que Marcos relate uma dessasaparições de Cristo, como a palavra "aparição" (16.14) poderiaimplicar. O relato breve de Marcos, porém, torna difícildeterminar o período exato. Um fato é evidente: a comissão foiconferida pelo Senhor ressuscitado aos seus discípulos emalgum momento do quadragésimo dia precedente à sua

ascensão. A ênfase da comissão está clara, como a exposiçãoirá mostrar.

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2.1 O Esboço da Comissão

(a) O método de missões - pregação.

(b) A dimensão de missões - o mundo.

(c) A mensagem de missões - o Evangelho.

O método de missões de acordo com Marcos é aproclamação oral do Evangelho de Jesus Cristo. A nossacomissão é pregar as Boas Novas de grande alegria, a qualdestina-se a todos.

Isto é relevante, acrescenta Marcos, uma ênfase sobrea dimensão de missões instruindo-nos de que tal pregaçãodeve ser feita em todo o mundo e a toda criatura.

Deus é o Deus de todo o mundo. A Bíblia nunca sedesvia da grande verdade de que Deus é o Criador do universoe da humanidade, que Ele é o Deus único e absoluto, que Ele é

o Deus vivo de libertação, que sua redenção é tão vasta quantosua criação, tão profunda quando necessário, e tão elevadaquanto sua glória exige.

Evidentemente que a ordem de Cristo obriga sua igrejaa pregar o Evangelho em todo o mundo para o testemunho detodas as nações. O mundo é a dimensão de nossa comissão,enquanto que os limites da terra são apenas as limitações da

igreja. O Evangelho deve ser difundido entre todas as nações,toda tribo e idioma deve escutá-lo; tal é a vontade explicita doSenhor ressuscitado. Não nos atrevamos a descansar antesque isto seja realizado.

3. A Comissão de Acordo com Lucas

O cenário histórico da comissão. O relato de Lucassobre a comissão parece emergir do encontro de nossoSenhor com seus discípulos no dia de sua ressurreição. Os

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discípulos reuniram-se à noite em um ambiente fechado,temendo os seus inimigos. Eles perguntavam-se confusossobre as estranhas mensagens recebidas de váriosindivíduos. Enquanto aguardavam com uma expectativa

confusa por uma nova luz, esperança e orientação. Esseshomens estavam mental e emocionalmente perturbados,desapontados e deprimidos, com os sentimentos paralisadose a imaginação perplexa. Seus sonhos foram subjugados esuas esperanças destruídas. Eles estavam com o coraçãopartido. Seus planos foram arruinados. A vida perdeu sentido,direção e brilho. O futuro desapareceu como uma miragem.Eles não viam nada, mas animosidade. Nessa situação

chegou o Senhor com sua saudação: "Que a paz estejaconvosco".

Tendo restaurado o estado mental e o equilíbrioemocional dos discípulos, revelou-lhes seu programa de açãopara a evangelização do mundo.

O esboço da comissão é o seguinte:

3.1. O esboço da comissão

(a) A fundação reveladora do Evangelho - as Escrituras, alei de Moisés, os profetas, os Salmos.

(b) A essência do Evangelho - a morte e ressurreição deCristo.

(c) A incumbência do Evangelho - arrependimento eexpiação dos pecados devem ser pregados.

(d) A dimensão do Evangelho - entre as nações.

(e) O instrumento do Evangelho - somos testemunhas.

(f) A dinâmica do Evangelho - a promessa do Pai e doEspírito Santo.

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 A mensagem da comissão. Lucas apresenta a ordem deCristo de um ponto de vista singular. O missionário cristãoparte com um livro, a Bíblia. Ele não confia em sua própriasabedoria e em suas invenções na satisfação da busca

religiosa, necessidades espirituais e morais do mundo. Eletambém não parte para pregar a mensagem extraída de seupróprio "encontro". Após ter aberto sua mente para amensagem da Bíblia e acreditado nela e a obedecido, ele partecom as Escrituras para que todos conheçam a mensagem deDeus.

O missionário cristão, em particular, focaliza sua

mensagem nestes três fatos relevantes:

Que cabia a Cristo sofrer e ressuscitar dentre os mortosno terceiro dia. Essa é uma declaração bíblica breve damaravilhosa salvação que Deus obteve para a humanidadeatravés de Cristo Jesus nosso Salvador e Senhor. Ela étotalmente exposta no livro de Atos e nas epístolas,especialmente na epístola aos Romanos e na carta aos

Hebreus. A cruz e a ressurreição de Cristo permanecemsempre centrais na proclamação cristã, mostrando o que Deusfez pela redenção da humanidade, enquanto falam daespontânea graça de Deus e apresentam o aspecto objetivo daobra libertadora de Deus em Cristo.

Que o arrependimento e a expiação dos pecadosdeveriam ser pregados em seu [Cristo] nome entre todas asnações. Esse é o aspecto subjetivo da salvação. Cristo nãoapenas fazer algo por nós, Ele está pronto para fazer algo emnós. Ele é capaz e está disposto a perdoar nossos pecados enos purificar de toda injustiça. A doutrina do perdão dospecados é destacada nas páginas da Bíblia e é uma dasdoutrinas fundamentais do cristianismo. Não importa o quemais a doutrina pode implicar ou a experiência significar, ela

traz à alma uma consciência de bênção, liberdade e amizade,assim como uma certeza de que os pecados foram removidos,a alma foi purificada, a personalidade liberada, e o favor e a

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amizade de Deus foram restaurados. Não devemos esquecer,porém, que esse aspecto experimental da salvação é possívelapenas devido à cruz e à ressurreição. O subjetivo estáenraizado e fundamentado no objetivo. A cruz e a ressurreição

permanecem fundamentais.

 As Escrituras tornam muito claro que a vida cristã podeser vivida apenas no e através do Espírito Santo. Osprospectos de sofrimento poderiam assustar e desencorajar ocristão se não fosse pela graça bendita do Espírito Santo nocoração do cristão, a qual é o segredo de sua tolerância,perseverança e vitória. "Porque maior é o que está em vós do

que o que está no mundo" (1Jo 4.4).

Essa é a mensagem que temos o privilégio de transmitirem um mundo contaminado pelo pecado, marcado pelopecado, arruinado e escravizado. Essa é realmente umamensagem gloriosa.

4. A Comissão de Acordo com João

O cenário histórico da comissão. João nos informa quefoi na "mesma noite" (o dia da ressurreição, provavelmente)em que os discípulos se reuniram. A cena é a mesma queencontramos em Lucas. João relata uma experiência,enquanto Lucas observa outro acontecimento da mesmanoite. Aqui, também encontramos a saudação divina e familiar:"Que a paz esteja convosco". Após ter-lhes dado prova de suaressurreição e reanimado seus ânimos, Cristo os encarrega deseu ministério mais amplo. O esboço da comissão. A comissãoé destacada como segue:

(a) Orientação - "Como o Pai enviou..."

(b) Incumbência - "Eu, pois os envio".

(c) Preparo - "Recebei o Espírito Santo".

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(d) Missão - "Perdoar os pecados"

 A mensagem da comissão. João visa a ênfaseespiritual. Após ter falado de paz aos discípulos, lhes mostrado

suas feridas em suas mãos e face e acabado com toda adúvida e todo o medo, nosso Senhor incumbe seus discípulosde vagar pelo mundo assim como Ele foi enviado ao mundopelo Pai. Essas verdades salientam:

 A missão implica uma identificação espiritual dosdiscípulos com seu Senhor em um trabalho que Lhe éincumbido pelo Pai. "Assim como o Pai me enviou, eu vos

envio". Pode parecer que Cristo está agora dispensando seutrabalho e transferindo-o aos seus discípulos, mas esse não éo caso. Cristo nunca dispensou e nem irá dispensar seutrabalho antes que este esteja concluído, pois a tarefa daevangelização do mundo é sua assim como a redenção domundo. O modo imperfeito do verbo em "me enviou" indicaclaramente a missão duradoura de Cristo.

O bispo Westcott realizou um estudo um tantodetalhado e comparativo do uso de João dos modos aoristos eimperfeitos das palavras "enviou" e "enviar" e o uso das duaspalavras traduzidas por "enviado" (apostello e pempo). Ele fazo seguinte comentário: "O resultado geral da análise dessesfatos parece ser que nessa incumbência o Senhor apresentasua própria missão como a Missão do Pai; isto Ele realizaatravés de sua igreja. Seus discípulos não recebem uma novaincumbência, mas executam a sua. Compare Mateus 28.20;Hebreus 3.1".

É muito importante compreender que não estamosfazendo obras de missão para Cristo, mas com Cristo. Essefato está de acordo com a promessa de Cristo quando Ele diz:"E eis que estou convosco todos os dias, até a consumação

dos séculos" (Mt 28.20). Marcos coloca bem essa questão noversículo final de seu Evangelho: "E eles [os discípulos] tendopartido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o

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Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que seseguiram". Paulo exprime a mesma verdade ao falar de simesmo como "cooperadores de Deus" ou "Sois lavoura deDeus" (1Co 3.9).

Essa é uma incumbência de identificação espiritual eproposital dos discípulos com seu Salvador e Senhor nasalvação, assim como em missão. Em suas vidas, Cristo deveviver. Em seu envio, Cristo está continuamente exprimindo eexperimentando seu envio pelo Pai. Tal qual Paulo expressa aidentificação do cristão com Cristo para justificação, vida esantidade, João expressa aqui a identificação do cristão com

Cristo em uma missão mundial. Sua visão, compaixão,obediência, seu motivo e propósito se expressam através deseus discípulos.

 A missão é apenas possível e eficaz se realizada no eatravés do Espírito Santo - "Recebei o Espírito Santo". Muitas evárias explicações foram dadas para tornar claro o significadodo desejo de nosso Senhor em relação aos discípulos ao dizer:

"Recebei o Espírito Santo". Não podemos aceitar a posiçãoque vê isto simplesmente como uma promessa a ser cumpridaem Pentecostes. Também não podemos compartilhar aposição de que naquele tempo os discípulos receberam oEspírito Santo, e que mais tarde no dia de Pentecostesreceberam o poder e as graças do Espírito Santo. A primeiratese não é realista e a segunda é imaginária e infiel àsEscrituras.

É razoável e religioso acreditar que Cristo conferiu aseus discípulos o Espírito Santo no Antigo Testamento a fim decapacitá-los para suportar a pressão dos julgamentos eperigos anteriores a Pentecostes assim como aguardar emJerusalém pela realização da promessa do Pai. Os discípuloscertamente não realizavam seus encontros de oração

anteriores a Pentecostes com expectativa e força humanas.Eles os realizavam com o auxilio do mesmo Espírito Santo quecapacitou os santos do Antigo Testamento a aguardar pela

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salvação de Deus e sofrer como um povo de Deus. Essemesmo Espírito inspirou os santos profetas a falar em nome doSenhor e escrever as Escrituras do Antigo Testamento.

Com uma visão clara da graça do Espírito Santoanterior a Pentecostes, em Pentecostes e depois, a passagemnão deve apresentar nenhuma dificuldade para serinterpretada. Assim como os cristãos de hoje recebem oEspírito Santo como uma garantia de uma realidade plena a seconcretizar, da mesma forma os discípulos receberam oEspírito Santo, como relatado por João, pois sua capacitaçãoera uma garantia da plenitude do Pentecostes que iria

concretizar-se.

Vamos, porém, procurar compreender que a passagemem João é uma declaração menos dogmática. Ela é declaradaaos discípulos para ensinar a valiosa lição de que toda a vidacristã, e especialmente a comissão cristã, pode ser realizadaapenas em e através do Espírito Santo. Assim como Cristoviveu, falou, trabalhou e morreu pelo Espírito, os discípulos de

Jesus Cristo também o devem fazer. Uma vida espiritual - umministério espiritual - uma guerra espiritual, pois o cristãorealiza-se apenas no Espírito do Senhor.

Porém, no Antigo Testamento foi ensinado: "Não porforça nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhordos exércitos" (Zc 4.6). A vida de nosso Senhor foi umademonstração desse princípio divino, e assim foram as vidas eos ministérios de seus discípulos. O quão plenamente isto foicompreendido está bem ilustrado no livro de Atos, o livro quefoi chamado frequentemente de o livro dos Atos do EspíritoSanto.

 A missão envolverá os discípulos no conflito espiritualmais profundo e no maior ministério a ser prestado à

humanidade. Dessa forma, o Senhor declara: "Àqueles a quemperdoardes os pecados, lhes são perdoados; e àqueles aquem os retiverdes, lhes são retidos" (Jo 20. 23).

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Estou muito bem ciente das interpretações conflitantesque existem acerca dessa passagem e das alegaçõesespantosas que estão sendo feiras com base nessas palavras.Satanás nunca falhou em perverter as verdades mais

sagradas e em depreciar as prerrogativas mais solenes.

Com uma cuidadosa exegese da passagem econcordância com o ensinamento da Bíblia, afirmodogmaticamente que os discípulos não receberam poder paraperdoar pecados como nosso Senhor o fazia. Tal poder eautoridade pertencem apenas a Deus. A eles pertencia umministério de mediação, pois eles foram encarregados de umministério de reconciliação. A eles cabia o abençoado privilégioe a responsabilidade solene de regar o Evangelho de Deus emtodo o mundo, levando ao alcance de todo coração que crê apossibilidade de experimentar o perdão dos pecados e umalibertação de vida. Sem dúvida, a chave para o reino de Deusentregue aos discípulos é o Evangelho de Jesus Cristo. Estedeve ser pregado entre todas as nações, pois sem essa

mensagem o caminho do perdão não pode ser encontrado.Essa é a confiança que temos no Evangelho, no qualconfiamos como o caminho de Deus para a salvação dohomem.

 Assim, a igreja hoje tem em seu poder a possibilidadede perdoar e reter pecados. Se a igreja, porém, falhar emcumprir essa obrigação solene, acabará retendo os pecados

do povo.

Essa é a enorme e sagrada responsabilidade da igrejapara com o mundo. Se ela falha em pregar o caminho de Deusdo perdão dos pecados, ninguém mais irá e o mundo irápermanecer em pecado e, portanto, separado de Deus eaprisionado pelo diabo.

Já que a igreja é o instrumento de Deus para pregar oEvangelho, ou ela é cruelmente desafiada por todas as forças

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maléficas, ou é tentada a se desviar para todo o tipo de serviçosecundário e social que em si mesmo pode ser bom erestaurador, mas que não constitui o ministério essencial daigreja. Satanás não se importa com uma igreja ativa, pois odeia

uma igreja santa que prega o Evangelho, pelo fato de oEvangelho ser "o poder de Deus para salvação de todo aqueleque crê". Nas palavras de Cristo: "Conhecereis a verdade, e averdade vos libertará". É apenas no Evangelho de Cristo quese encontra o poder para libertar o homem do pecado, libertarsua vida e restaurá-lo a uma posição e amizade divinas.

Esse então é o aspecto de nossa missão de acordo com

João. Ela requer identificação com o Senhor em sua missão,dependência do Espírito Santo para a missão e confiança noEvangelho de Jesus Cristo para realizar a missão.

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Capítulo 5

O Apostolado no Novo Testamento

 A palavra "missionário" chega a nós através da palavralatina e grega apostello (enviar). As palavras apostello eapóstolos (apóstolo) têm uma raiz em comum. Há uma certarelação etimológica entre o conceito bíblico de um apóstolo eum missionário moderno. Essa relação devemos descobrir edefinir, se possível.

Em relação a Cristo. A palavra "apóstolo" é usada emrelação a nosso Senhor pelo autor de Hebreus, onde Cristo étratado como o "Apóstolo e Sumo Sacerdote de nossaconfissão" (3.1). Essa afirmação, que é única no NovoTestamento, declara que Cristo foi enviado ao mundo como umMensageiro ou Advogado de Deus. Em palavra e ação, Elerealmente divulgou e estabeleceu a estrutura geral daconfissão cristã; portanto, Ele é a principal coluna em

revelação e obra. NEle, o Antigo Testamento tem seucumprimento e revelação. NEIe também o Novo Testamentotem seu critério, conteúdo e esclarecimento. Ele é o Apóstolopor excelência.

Em relação aos discípulos. A palavra "apóstolo" é usadarepetidamente como uma designação comum dos seguidoresde Cristo conhecidos por nós como seus discípulos. Eles são

chamados em várias ocasiões de "os apóstolos", semreferência a posição, missão ou função. Tal é seu uso principalnos Evangelhos e em Atos (cf. At 1.2; 2.37,42,43; 4.33,35-37;5.2,12,18,29,40).

Em sentido oficial. Ela é usada num sentido oficial paraindicar o oficio, a posição, delegação e autoridade dos doze, dePaulo, e talvez de Tiago, o irmão do Senhor (Gl 1.19; Rm 1.1;1Co 1.1; 2Co 1.1; Gl 1.1; Ef.1.1; Cl 1.1; 1Tm 1.1; 2Tm 1.1; Tt1.1; 1Pe 1.1; 2Pe 1.1; 1Co 12.28; Ef 2.20; 3.5; 4.11). Os

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apóstolos são distinguidos dos anciãos e dos irmãos. Váriasreferências indicam este uso (At 15.2,4,6,23). Aqui, oapostolado é baseado no discipulado pessoal no sentido maislimitado, que diz respeito a homens escolhidos e

pessoalmente instruído pelo Senhor Paulo recebeu suainstrução através de revelação especial. Este é o oficioapostólico em um sentido restrito que teve seu fim com a mortedos apóstolos de Jesus Cristo.

O oficio apostólico e único em chamado, amplitude eautoridade, e é conferido pelo Senhor ao seu grupo de homenspeculiar e original. Essa tese é apoiada de várias maneiras no

Novo Testamento.

Primeiro, os doze originais e Paulo são conhecidos noNovo Testamento como "apóstolos de Jesus Cristo". Apenasesse grupo original tem este título oficial. Eles foram chamadosde uma forma muito especial pelo Senhor para seremapóstolos, Singularmente autorizados para aquele ministériomissionário, e autenticados pelos "sinais dos apóstolos" de

uma maneira peculiar (Mt 10.1,2; 2Co 12.12). Os restantes são"apóstolos", delegados ou enviados das igrejas, ou sãocompanheiros dos apóstolos (2Co 8.23; Fp 2.25; 1Co 4.6,9).

Segundo, Paulo e os doze foram constantes"testemunhas" num sentido peculiar Há um ministériomissiológico e um apostolado que são restritos em suaaplicação. Isso está evidente nas palavras de Pedro em Atos 1.17,20b,22,25,26. Do verso 21 podemos concluir que Matiasestava bem familiarizado com a vida e o ministério missiológicode Jesus. De certo modo, ele era uma testemunha ocular eauricular de Cristo. Além disso, de acordo com o verso 22, elefoi escolhido para tomar-se uma testemunha da ressurreiçãode Cristo junto com os onze (vv.22,26). É esse tipo detestemunha que é retratado "neste ministério missiológico e

apostolado" (vv.25,26). é também á luz desse fato que a ênfasede Pedro na natureza das testemunhas deve ser interpretada(At 22.15; 26.16).

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De modo similar, Paulo enfatiza sua posição e seuapostolado como um ministério missiológico único (Rm 1.5;1Co 9.1,2; 2Co 12.12; Gl 2.8). Seu chamado para ser umatestemunha é claro (At 22.15; 26.16).

Uma maneira muito particular de ver os doze e Paulocomo únicas testemunhas de Jesus encontra-seespecialmente nos relatos sobre sua ressurreição. O Dn H. N.Ridderbos expressa bem o significado e a singularidade desseministério missiológico:

Tudo o que "Jesus começou, não só a fazer, mas aensinar" (At 1) é continuado e confirmado pelo testemunho dosapóstolos. Assim, eles recebem seu próprio lugar especial nahistória da salvação. Não apenas os grandes atos de Deus emJesus Cristo, mas também sua proclamação pelastestemunhas designadas por Deus, fazem parte da execuçãodo plano de salvação de Deus. Portanto, um registro escrito

das palavras e dos atos dos apóstolos como estão anotadosem Aros dos Apóstolos não deve ser considerado meramenteuma biografia dos apóstolos ou um esbo9o da história da igrejaantiga o livro de Atos é muito fragmentado e incompleto para talpropósito - mas como evidência da segurança da fé cristã (Lc1.4) e da fundação da igreja no mundo todo. A "singularidade"do apostolado tem desse modo, uma importância especial. O

número dos apóstolos é limitado porque o apostolado estáinseparavelmente ligado ao fato de incluir testemunhasoculares e auriculares, e porque a certeza e a fundação da féencontram-se neste ministério missiológico. Portanto, oapostolado é genus suum, e a sucessão apostólica, no sentidopessoal do termo, está em conflito com o lugar dos apóstolosna história de salvação e é uma contradição, por assim dizer. Atestemunha apostólica vem muito antes dos cânones da igrejaneotestamentária, dos primórdios da pregação cristã e da vidacristã.

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Devemos manter em mente que o "oficio apostólico nãofoi delegado a sucessores. Fazer tais alegações é algototalmente infundado na Bíblia". Não há a menor indicativo deque Paulo passou seu apostolado para Timóteo e o confirmou

nele. Pedro também não se refere a tal ato. Paulo encarregaTimóteo especificamente para fazer "a obra de umevangelista". Ele não transfere seu apostolado (2Tm 4.5).

Os apóstolos de Jesus Cristo não depositam suaautoridade e testemunho em um oficio a ser perpetuado, masem uma scriptura que deve tomar-se o guia e a autoridade

objetiva da igreja de Jesus Cristo. Esta scriptura constituinosso Novo Testamento, nosso testemunho apostólico enossa autoridade em doutrina e prática.

Há uma teoria que gostaria de elevar o movimentomissiológico moderno a um certo tipo de "apostolado", umsucessor do grupo apostólico, e tomar seu ministériomissiológico independente da orientação e controle da igreja.

Esta pode ser uma nobre aspiração, ás vezes muito desejável,e sob certas circunstâncias isso pode até mesmo tomar-senecessário. Deve ser dito enfaticamente, porém, que tal teorianão é bíblica. Ela origina-se mais de uma mentalidadeindependente de missões e de missionários que nãocompreendem totalmente o lugar e a perspectiva bíblica dacongregação local ou que perderam a confiança na igreja. Valea pena também perceber que essa teoria é mais verbalizada

num período em que as pressões de muitas igrejas nacionaisestão sobre a obra de missões e sobre missionários, para queos tais se identifiquem mais plenamente ou até mesmo sefundam á igreja nacional e submetam-se á orientação dessecorpo.

Em sentido mais amplo. Há, porém, um uso mais amploda palavra "apostolado" no Novo Testamento. Ele é aplicado a

Barnabé, em Atos 14.4,14; a Epafrodito, em Filipenses 2.25; aalguns irmãos, cujos nomes não são mencionados, em 2

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Coríntios 8.23. Pela implicação, ele era aplicado a Silvano eTimóteo nas epístolas aos Tessalonicenses (note assaudações em 1Ts 1.1, seguidas pelo pronome "nosso" e oconsequente plural "apóstolos", em 1Ts 2.6). Paulo parece

incluir Apolo, juntamente com ele, entre os apóstolos que sãofeitos em espetáculo para o mundo (1Co 4.6,9).

É evidente que havia falsos irmãos que reclamavam otítulo de apóstolo para si mesmos, os quais não eram parte dosdoze e que não estavam entre os companheiros de Paulo (cf.2Co 11.13; Ap 2.2). "Se tivesse o número [de apóstolos] sidorestringido, as alegações desses intrusos teriam sido

condenadas por si mesmas"

 Após uma investigação atenta dos dados bíblicos,James Hastings, em seu Dictionary of the Apostolic Church(Dicionário da igreja apostólica), chega á seguinte conclusão:

O efeito cumulativo dos fatos e das probabilidadesdeclaradas acima é muito forte - tão forte que somos

 justificados ao afirmar que no Novo Testamento há pessoasalém dos doze e de Paulo que são chamados de apóstolos, eao conjecturar que eles são razoavelmente numerosos. Todosos que pareceram ter sido chamados por Cristo ou peloEspírito Santo para realizar uma obra missionáriaconsideraram-se dignos do título, especialmente os quetiveram contato pessoal com o Mestre.

 As conclusões acima são sustentadas pelo uso dapalavra "apóstolo" para missiológicos itinerantes do períodosub apostólico. Nessa aplicação mais ampla, ela é familiar alrineu, Tertuliano e Orígenes, que empregam a designação aossetenta que Cristo enviou.

 A epístola de Barnabé (v. 9) fala da escolha dos

apóstolos feita pelo próprio Senhor e, portanto, parececonhecer outros apóstolos (talvez apóstolos judeus). Quatropassagens em Hermas deixam perfeitamente claro que o autor

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tinha um amplo círculo de mensageiros em mente ao usar adesignação de apóstolo (cf Vis. 3; 6; Sim. 9; 15; 4.12,5; 25.2).Da mesma forma, a Dictache conhece um amplo círculo deapóstolos (11.3).

Hamack aponta que "durante o século II tomou-se maisdo que raro conferir o título de 'apóstolo' a alguém, comexceção aos apóstolos bíblicos ou às pessoas mencionadascomo apóstolos na Bíblia. Clemente de Roma, porém, échamado de apóstolo por Clemente de Alexandria e Quadratoé chamado por este nome uma vez".

Tanto o Novo Testamento quanto a história apostólicafazem distinção entre ofício apostólico - em um sentido limitado- conferido aos doze e a Paulo pelo próprio Senhor, e a funçãoapostólica, relacionada ao ministério missiológico singular deirmãos designados e delegados pelos apóstolos ou pelasigrejas locais para ministério missiológico fora das igrejasestabelecidas. Como foi apontado acima, nenhum dessesúltimos apóstolos é designado como um "apóstolo de Jesus

Cristo". Este título, que é cuidadosamente reservado para osdoze e para Paulo, é uma designação oficial. Os outrosapóstolos estão relacionados ás igrejas. Epafrodito émencionado como "seu apóstolo" (mensageiro), isto é, omensageiro da igreja em Filipos, enquanto que Barnabé foi"enviado" pela igreja em Antioquia (At 13.1-3).

Também precisamos ter em mente que o conceito deapostolado, embora não apareça na Bíblia antes dos registrosdo Evangelho, foi, apesar disso, um ministério missiológico do

 judaísmo estabelecido historicamente que também teve seusapóstolos". Isso é muito bem colocado em literatura nãoreligiosa, como é provado por Hamack em seus estudos. Asfunções desses "apóstolos" foram destacadas, como segue:

(a) Eles eram considerados pessoas de posição bastanteelevada.

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(b) Eles foram enviados durante a Diáspora (dispersão)para coletar tributos para bases centrais.

(c) Eles traziam cartas encíclicas com eles, mantinham a

Diáspora em contato com a base central e informavamsobre as intenções desse último (ou do patriarca),recebiam ordens sobre qualquer movimento perigoso etinham que organizar uma resistência contra ele.

(d) Eles exerciam certos poderes de vigilância e disciplinana Diáspora.

(e) Eles formavam uma espécie de conselho á medida que

retomavam para seu próprio país, o qual ajudava opatriarca (do judaísmo) a supervisionar os interesses dalei.

Há, portanto, uma função apostólica inerente ao oficioapostólico e que continua na igreja de Jesus Cristo, é a funçãode evangelização e ministério de pastor-doutor. Paulo nãoapenas demonstra que seu apostolado o toma supremamente

um evangelista. Ele o afirma explicitamente: "Cristo enviou-me, não para batizar, mas para evangelizar" (1Co 1.17, Trad.livre). Na mesma carta, ele escreve: "Se eu evangelizar, nãoterei do que me vangloriar, pois a obrigação me é imposta; e, aíde mim, se não evangelizar" (1Co 9.16, tradução livre). Essasdeclarações estão em perfeita harmonia com a incumbênciado Senhor a Paulo: "Mas levanta-te e põe-te sobre teus pés,porque te apareci por isto, para te por missiológico e

testemunha tanto das coisas que tens visto como daquelaspelas quais te aparecerei ainda; livrando-te deste povo, e dosgentios [nações], a quem agora te envio, para lhes abrires osolhos, e das trevas os converteres á luz, e do poder de Satanása Deus; a fim de que recebam a remissão dos pecados, eheran9a entre os que são santificados pela fé em mim" (At26.16-18). A evangelização não é apenas central noapostolado; ela é essencial a esse oficio no Novo Testamento econstitui um aspecto crucial na função do apostolado. Eletambém enfatiza seu ministério de pastor-doutor.

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Nós, portanto, nos voltamos para um estudo da inter-relação do ministério missiológico dos apóstolos, doevangelista e do pastor-doutor As duas últimas funções,acreditamos, constituem a função missionária da igreja de

Jesus Cristo e expressam-se no movimento missiológicomoderno por todo o mundo.

1. O Chamado Missiológico

Deus chama homens para exercerem as mais distintastarefas em sua obra, e, como Ele é soberano em seusdesígnios, então não existe um método definido para a

chamada divina. Existe, sim, o método divino, soberano epoderoso.

 A Bíblia registra a chamada de vários servos de Deus, epor uma questão didática apenas, queremos abordar esteassunto sob dois aspectos:

Deus tem chamado homens de um modo direto. Entreesses encontramos:

Noé. "Então disse Deus a Noé: Resolvi dar cabo de todacarne, porque a terra está cheia da violência dos homens: eisque os farei perecer juntamente com a terra" (Gn 6.1,3). Otempo era terrível, pois a sociedade estava corrompida á vistade Deus. A violência, a hostilidade e pecaminosidade eram oambiente natural daquela época. Em meio a esse ambienteconturbado, Deus chamou Noé e deu-lhe a ordem de construiruma arca. A chamada de Noé era para construir. Podemosimaginar as ironias, pressões, contestações e até mesmohostilidades que Noé sofreu quando começou seu projeto deconstruir a arca. Certamente ele foi tido como louco, paranóico.

Porém Noé tinha plena certeza de sua chamada e missãodadas diretamente por Deus (Gn 6.8-12).

1.1. Método Direto

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Abraão. "Ora disse o Senhor a Abrão: Sai da tua terra,da tua parentela e da casa de teu pai, e vai para a terra que temostrarei" (Gn 12.1). A chamada de Abraão era para deixar seupovo, sua cidade, seus parentes, amigos e até mesmo alguns

bens, e ir para uma terra que ele não conhecia. Essa decisãoexigiu fé e ousadia, e somente uma poderosa chamada deDeus poderia arrancar Abraão de sua terra para ir em busca deuma nova terra. Os homens consideram isso uma aventura,um golpe no ar. Naquele tempo, certamente muitos amigos eparentes o aconselharam a abandonar essa idéia de ir para aterra prometida. Mas Abraão tinha certeza de sua chamada, epor isso, obedeceu (Gn 12.4).

Moisés. "Vem, agora, e Eu te enviarei a Faraó, para quetires o meu povo, os filhos de Israel, do Egito" (Ex 3.10). Moisésfracassou em sua primeira tentativa de ajudar seu povo (Ex2.11-13), e, sem dúvida, esse revés marcou sua vida, e elepassou a se julgar incapaz para qualquer tipo de empreitadadessa ordem. A chamada de Moisés contém o antídoto parasua frustração interior. Deus o chamou, primeiramente para si:

"Vem, agora" e se identificou como o Deus de seus pais, Abraão, Isaque e Jacó (Êx 3.1-22). Moisés precisava conhecê-lo. Ele não tinha nenhuma experiência com Deus, a não ser osensinamentos da infância, recebidos de sua mãe. Quem échamado por Deus deve conhecê-lo. Em segundo lugar, Deuso enviou e o comissionou: Essa extraordinária chamada é quedeu condição a Moisés de realizar tão notávelempreendimento.

Samuel. "Todo o Israel, desde Dã até Berseba,conheceu que Samuel estava confirmado como profeta doSenhor" (1Sm 3.20). Os filhos de Elí, que seriam seussucessores, tinham se tornado execráveis diante de Deus e dopovo, em virtude dos abusos que praticavam, violando a Lei,que deviam cumprir e ensinar, e fazer o povo obedecer. Por

esse motivo, a palavra do Senhor se tornou rara em todo oterritório de Israel, isto é, não havia profetas nem profecias.Deus se revelou a Samuel e lhe fez ciente de seu juízo sobre os

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filhos de Elí (1Sm 3.1-14). Essa experiência foi básica naqualificação de Samuel para o ministério profético. O resultadoé visto quando Samuel, já velho, resigna seu cargo, e faz umbalanço da sinceridade, austeridade e santidade de sua vida

ministerial (1Sm 12.1-4).

Isaías. "Vai, e dize a este povo..." (Is 6.9). A chamada deIsaías deu-se em meio a uma visão maravilhosa, onde sedestaca a santidade do Senhor. Na visão, Isaías seconscientiza de três coisas: - Deus é Santo; ele (Isaías) éimpuro e o povo está desviado dos retos caminhos do Senhor(Is 6.1-8). Essa visão marca todo o ministério profético e

missiológico de Isaías, o que é demonstrado ao longo de seulivro. Ele compreende a grandeza da glória, perfeição, justiça esantidade de Deus, e, ao mesmo tempo, conhece anecessidade de seu povo - a redenção (Is 59). A chamada deIsaías é muito semelhante à chamada neotestamentária: Omissionário precisa conhecer a justiça de Deus e anecessidade do pecador, e a redenção em Cristo. Osapóstolos. "E Jesus disse: Vinde após mim, e Eu farei que

sejais pescadores de homens" (Mc 1.17. Leia ainda Mateus4.18-22; João 1.35-42). O Senhor chamou pessoalmente acada um dos doze apóstolos. Houve o momento, inclusive, emque eles faziam parte de um número bem maior de discípulos,porém o Senhor Jesus fez questão de separá-los novamente efazer uma designação específica - apóstolos (Lc 6.12-16). -Por que o Senhor Jesus fez tanta questão de chamá-lospessoalmente e ficar tanto tempo com eles? - Não temosdúvida de que a missão era por demais importante. Estes onze

 judeus irão mudar o curso da história da humanidade. Amaioria deles, e outros que seriam chamados posteriormente,haveriam de escrever com o próprio sangue algumas páginasda História. Por esse motivo, justifica-se o empenho do Mestredivino em chamá-los e prepará-los.

Paulo. "Pelo que, á rei Agripa, não fui desobediente àvisão celestial" (At 26.19). O arrogante Saulo se considerava justo diante de Deus, pela justiça da Lei (Fp 3.6) e achava que,

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matando os cristãos, estava prestando grande serviço a Deus(At 8.1,3; 9.1,2). Não seria qualquer chamada que iria mudar avida e os propósitos deste homem. Por isso, o Senhor Jesusprovidenciou uma chamada inusitada. O impacto daquele

encontro com o Senhor foi tão marcante que o transformoucompletamente (At 9.3-19). A conversão de Paulo tornou-seacontecimento mais importante desde o Pentecostes aténossos dias. Está narrada três vezes (At 9.1-18; 22.1-11;26.12-18). Logo após essa extraordinária conversão, Paulo jácomeçou a testemunhar de Cristo. Alguns dias depois de suaconversão, Paulo foi encaminhado para sua terra natal, acidade de Tarso. Dez anos mais tarde, Barnabé foi buscá-lo, e

é nessa época que Paulo inicia seu ministério missiológicoapostólico (At 9.30; 11.25,26).

Deus não somente chamou de forma direta, mastambém vemos na Bíblia que Ele usou método indireto comgrande objetividade. José. Ainda moço, José teve alguns

sonhos que indicavam sua proeminência ou liderança sobreseus irmãos, porém, não se tratava de uma chamada definida(Gn 37.5-10).

José. Analisemos as fases da vida de José:

O Egito na época de José era governado pelos hicsos eos Faraós eram considerados divinos, com poderes absolutos.Governar essa nação já era uma tarefa difícil, muito mais ainda

1.2. Método Indireto

(a) Odiado e vendido pelos seus irmãos.

(b) De filho, transformado em escravo.

(c) Acusado injustamente, tornou-se prisioneiro nocalabouço do rei egípcio.

(d) De prisioneiro, é elevado a primeiro-ministro do Egito.

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em duas fases distintas: uma de fartura e outra de extremafome. Quando examinamos as fases da vida de José.verificamos que não passam de um árduo e difícil treinamento,com o objetivo de moldar o caráter desse servo de Deus. Entre

outras coisas, José aprendeu: - o que os homens são capazesde fazer, quando são alimentados pelo ódio, interesses, cobiçae inveja; - o que Deus é capaz de realizar em favor e através deseus servos. Nesse período de provação, José teveoportunidade de demonstrar fidelidade em momentos elugares difíceis (Gn 39.1-6, 20-23); e de não ceder à tentação(Gn 39.7-13). Por causa dessa chamada divina, José foi umlíder sábio e justo, glorificando a Deus em sua proeminente

missão no Egito. Aleluia!

Josué. "Então disse o Senhor a Moisés: toma para ti aJosué, filho de Num, homem em quem há o Espírito, e põe atua mão sobre ele" (Nm 27.18; Nm 27.15-23; Dt 1.38; 3.21;31.7,8). Josué é fruto de discipulado. Ele esteve ao lado deMoisés desde o início da jornada no deserto. A primeira missãoque lhe coube foi selecionar homens para guerrear contra

 Amaleque (Ex 17.9). Em seguida, ele aparece como servidorde Moisés (Ex 24.13; 32.17; 33.11; Nm 11.28). Esteve presenteem todos os momentos críticos da jornada pelo deserto. Comisso, no serviço e na obediência prática, ele se transformou emum grande líder: "E Josué, filho de Num, estava cheio deespírito de sabedoria, porquanto Moisés tinha posto sobre eleas suas mãos; assim os filhos de Israel lhe deram ouvidos efizeram como o Senhor ordenara a Moisés" (Dt 34.9).

Grandes homens de Deus aprenderam o discipuladocom seus líderes espirituais. Durante anos, tiveram aoportunidade de demonstrar obediência, fidelidade esubmissão. Quando foram chamados a ocupar a liderança,estavam preparados, e Deus lhes falou, e confirmou achamada para sua obra. O grande empecilho hoje é que

muitos não querem esperar, obedecer, e submeter-se. Por issosão rejeitados.

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Timóteo (Rm 16.21) é o exemplo típico do missionário do NovoTestamento, fruto do discipulado contínuo. Desde jovemtornou-se companheiro e cooperador do apóstolo Paulo (At16.1; 17.14; 18.5; 19.22; 20.4). Mirou-se no exemplo, firmeza e

fidelidade do grande apóstolo. A palavra enxertada por suapiedosa mãe, na infância, teve terreno e ambiente fértil paradesenvolver-se. Paulo o chama de: "Meu filho amado e fiel noSenhor" (1Co 4.17); "...no evangelho de Cristo" (1Ts 3.2) e,ainda, de "verdadeiro filho na fé" (1Tm 1.2). Estas expressõesdemonstram o apreço que o apóstolo tinha por Timóteo, etambém o seu caráter. Com o passar dos anos, não foi difícil aTimóteo compreender sua chamada ministerial.

2. A Razão da Chamada

Por que é importante a chamada divina para o ministériomissiológico? Qual a razão da chamada? Ao descrevermos aschamadas de alguns servos de Deus, tivemos o propósito de,pelo menos parcialmente, responder a essas perguntas.

Esclarecer que o ministério missiológico, seja qual for,nunca foi uma profissão na Antiga Aliança, muito menos naatual dispensação. Na Antiga Aliança o sacerdócio eraprivativo dos filhos de Arão, e os profetas eram chamados peloSenhor. O ministério missiológico neotestamentário é um dome uma vocação de Deus. "E Ele mesmo concedeu uns paraapóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, eoutros para pastores e mestres" (Ef 4.11). A partir destapremissa básica, o homem chamado pelo Senhor deve estarconsciente de que: Do Senhor vem a recompensa (1Pe 5.2-4);pelo Senhor ele será julgado (1Co 4.3-5).

 A certeza da chamada de Deus faz o servo do Senhorsuperar obstáculos considerados, pelo homem comum,insuperáveis ou além de qualquer possibilidade humana,

senão vejamos: Como compreender a posição de Moisésdiante das rebeliões e tumultos que ele enfrentou no deserto?(Nm 12.1-16; 14.1-9; 16.1-19).

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Como entender sua fervorosa oração intercessóriaquando Deus quis destruir o povo israelita e fazer dele um novoe grande povo? (Nm 14.10-19.) Só um homem vocacionadopor Deus poderia ter capacidade, calma e equilíbrio para

vencer nesses momentos críticos. Moisés não era um super-homem, mas era um homem chamado pelo Senhor.

Como entender a perseverança de Paulo, que foi dadopor morto, depois de ser apedrejado pelos judeus opositoresdo evangelho da graça, em continuar na sua missão de pregaressas boas-novas? (At 14.19-22).

Inúmeros outros exemplos poderiam ser citados.Homens, que, no dizer do escritor da carta aos Hebreus, "pormeio da fé, subjugaram reinos, praticaram a justiça, obtiverampromessas, fecharam bocas de leões, extinguiram a violênciado fogo, escaparam ao fio da espada; da fraqueza tiraramforça; fizeram-se poderosos em guerra..." (Hb 11.33,34).

 A chamada é acompanhada da missão. Ninguém que é

chamado pelo Senhor vive de um lado para outro, de umtrabalho para outro, sem nunca ter certeza da vontade deDeus. Deus, quando chama, comissiona seu servo para umamissão específica.

3. Deus não Escolhe Idade ou Posição Social

Se Deus chama como quer, isto é, de modo soberano, élógico que Ele também chama quando quer. Não há faixa etáriaprivilegiada, como vemos a seguir:

(a) Desde o ventre, o Senhor chamou Jeremias (Jr 1.5) ePaulo (Gl 1.15,16).

(b) O Senhor chamou Samuel, sendo este bem jovem(1Sm 3.3,4,20); também Davi (1Sm 16.11-13) e,possivelmente, Timóteo (At 16.1-3).

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Em qualquer época de nossa existência, o Senhor podenos chamar para o ministério missiológico ou para ocumprimento de uma missão em particular.

E evidente que, na maioria das vezes, o Senhordesperta seus servos, em plena juventude para a obra doministério missiológico, o que lhes proporciona tempo para apreparação em escolas teológicas, no discipulado, nasatividades auxiliares da igreja.

Quanto às circunstâncias das chamadas registradas notexto sagrado, são as mais variadas possíveis. O Senhor

chamou Davi quando cuidava do rebanho de seu pai (1Sm16.11); Eliseu quando andava lavrando com doze juntas debois (1 Rs 19.19-21); Paulo a caminho de Damasco, com oobjetivo de prender cristãos (At 26.12-16).

4. Deus usa seus Critérios para a Chamada

Quanto à natureza intrínseca, a chamada para o

ministério missiológico neotestamentário apresenta asseguintes características:

Divina. A responsabilidade da chamada ministerial é doSenhor; "e Ele mesmo concedeu uns para..." (Ef 4.11). Não setrata de uma incumbência dada por convenção, concílio ouigreja. Embora que estes possam ser instrumentos de Deus nachamada de alguém.

Pessoal.  A chamada para a salvação é universal. Epara todos. A chamada para o ministério missiológico épessoal; Deus tem o ministério ou missão certa para a pessoacerta. Ele é onisciente, conhecendo a capacidade de cada um,por isso, na distribuição dos talentos, estes são distribuídossegundo a capacidade de cada um (Mt 25.14,15). As

responsabilidades diferem por isso o Senhor chama o seuservo para o ministério missiológico e designa-lhe o lugar ou amissão, respeitando a sua capacidade, as suas características

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pessoais. A Paulo foi dado a missão entre os gentios (At 9.15);a Pedro a missão entre os judeus.

Soberana.  A soberania de Deus é ainda pouco

entendida por muitos, e, para se começar a entendê-la, énecessário que levemos em conta alguns aspectos acerca dapersonalidade do Senhor:

Definitiva. A chamada para o ministério missiológico étambém uma chamada para o discipulado. Logo, estachamada envolve algumas condições indispensáveis, taiscomo:

(a) Ele é a origem de todas as coisas. "Quem, pois,conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seuconselheiro? Ou quem primeiro lhe deu a Ele para quelhe venha a ser restituído?" (Rm 11.34,35. Ler ainda Is

40.13; 2Co 2.16).

(b) Ele é soberano porque a sabedoria e o poder sãoatributos de sua pessoa (Jo 9.4; Dn 2.20).

(c) O servo do Senhor, ao ser chamado, deve aceitar comhumildade, submissão, e como ato de soberania divina.Certamente não conseguirá respostas para muitas

indagações imediatas. Só com o correr do tempoentenderá os desígnios do Senhor (Is 55.8,9; 1Co 2.16).

(a) Que o missionário exerça seu ministério sem interessede recompensa material (Lc 9.57,58).

(b) Que a prioridade maior entre as suas atividades seja opróprio Senhor Jesus. Veja como Ele recusou o segundolugar na vida de duas pessoas que queriam segui-lo (Lc9.59-62).

(c) Que haja no missionário abnegação e renúncia. Emprimeiro lugar estará à vontade do Senhor (Mt 16.24; Lc14.26,33).

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 A chamada para o ministério missiológico é definitiva. Aquele que é chamado não pode impor condições. Pelocontrário, deve agradecer a Deus o privilégio de ser chamado,como o fez Paulo (1Tm 1.12,13).

5. O Ministério missiológico à Luz do Novo Testamento

O Novo Testamento dá ênfase ao ministériomissiológico em virtude de sua importância na edificação eexpansão da Igreja - o corpo de Cristo (Ef 4.15,16; Rm 12.4,5).

O grande amor que o Senhor tem pela Igreja ficademonstrado:

6. Os Ministros são Vocacionados Segundo um PropósitoDivino

Vocação. Como já foi estudado nos capítulosanteriores, os missionários não são profissionais, frutos deuma decisão meramente humana nem são sacerdotes ouapóstolos separados em virtude de herança familiar. Sãovocacionados segundo um propósito divino, segundo a graçainfinita de Deus. É um paradoxo - um Deus todo-poderoso

chamar homens fracos e limitados para uma obra cujoresultado só a eternidade vai revelar (2Co 4.6,7).

(a) Pela sua morte para salvá-la (Ef 5.25-27).

(b) Pela constante intercessão em favor dos santos (Hb7.25; 9.24).

(c) Pelo derramamento de seu Espírito sobre seus servos(Sl 68.18; Jo 16.7; At 2).

(d) Pelo cuidado permanente na edificação e expansão daIgreja (Mc 16.19,20; At 8.4-8).

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O missionário não pode, portanto, questionar a vocaçãodivina, mas deve aceitá-la como um privilégio, e manter-sehumilde e temente a Deus.

 A vocação divina constitui condição indispensável noexercício do ministério missiológico neotestamentário. Nãohavendo uma chamada específica, aquele que se arroga aexercer o ministério é um impostor.

Capacitação. Sem entrar no aspecto da preparaçãopara o ministério missiológico, o que será feito em outrocapítulo, aqui desejamos abordar apenas a capacitação

espiritual para o desempenho do ministério.

Por mais capaz quanto à cultura e ao conhecimentoteológico, por mais eloquente que seja o missionário, o fruto deseu ministério só será abundante e permanente se o Senhorcapacitá-lo pelo seu Espírito. E uma capacitação espiritual,poderosa e indispensável.

O apóstolo sintetiza, de forma clara, a necessidadedessa capacitação: "Não que por nós mesmos sejamoscapazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós:pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus, o qual noshabilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não daletra, mas do Espírito; porque a letra mata, mas o Espíritovivifica" (2Co 3.5,6, ARA).

 Ao longo do ministério missiológico, sempre haverásituações difíceis, problemas e decisões onde só o Espíritopode ajudar o servo de Deus a agir de forma correta e justa,pois, algumas vezes, somente o Espírito conhece asconsequências de uma decisão ou julgamento a ser tomado(Sl 25.14; Jr 10.23; Jo 3.27; 15.5).

Um grande exemplo no Antigo Testamento de como oSenhor qualifica seu servo para o ministério encontramos emMoisés (Êx 4.1-12).

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Comissão. Em princípio, todo servo de Deus recebeu acomissão" de pregar o Evangelho a toda criatura (Mc 16.15; Mt28.19). Porém, o missionário, além da missão especifica querecebe do Senhor, também é comissionado para algum

trabalho determinado pelo mesmo Senhor.

O apóstolo Paulo recebeu a chamada para o ministérioapostólico (Rm 1.1; 1Co 1.1), mas em determinado momento oSenhor comissionou para uma obra especial, a obramissionária (At 13.2-4).

Não podemos aceitar um missionário que não tenha

uma missão a desenvolver; vivendo de um lado para outro,sem orientação, e, algumas vezes, trazendo problemas parapastores e igrejas.

Autoridade.  Aqueles que são chamados para oministério missiológico também são revestidos de autoridadepara o desempenho de sua missão. O Senhor não apenasdelega responsabilidades aos seus servos: concedeigualmente autoridade para a sua execução.

O apóstolo reivindica a sua autoridade para advertir edisciplinar os faltosos e presunçosos da igreja em Corinto,dizendo: "... não venha a usar de rigor segundo a autoridadeque o Senhor me conferiu para edificação, e não para destruir"(2Co 13.10).

Cremos, ainda, que a chave da autoridade do ministroestá em saber usar, com reverência e temor, pelo Espírito, oprecioso nome do Senhor Jesus. Seja no ensino, na pregação,no aconselhamento, assim como ao repreender enfermidadese espíritos imundos (At 3.6; 4.10; 9.34; 16.18; Ef 6.12; Lc24.47).

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Capítulo 6

Objetivo do Ministério Missiológico

 A tarefa primordial do ministério missiológiconeotestamentário é a comunicação da Palavra de Deus. Osdoze apóstolos foram chamados para pregar o Evangelho doReino de Deus (Mc 3.14; Lc 9.2; At 10.42). A Grande Comissãoé uma ordem expressa do Senhor Jesus para que seusdiscípulos, em qualquer tempo e lugar, comuniquem o seuEvangelho a todos os homens.

 A comunicação das benditas verdades da Palavra deDeus se realiza de três modos distintos, porém combinados,como podemos verificar a partir do ministério missiológico doSenhor Jesus: "Percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nassinagogas, pregando o evangelho do reino e curando todasorte de doenças e enfermidades entre o povo" (Mt 4.23). Esse

método tríplice de comunicar a Palavra de Deus é visto emtodo o ministério missiológico público do Senhor (Mt 9.35; Lc4.17-19), e foi seguido pelos apóstolos, como podemosverificar em todo o livro de Atos (At 5.12,42; 6.2,4; 15.35).Vejamos melhor em que consiste esse método tríplice:

1. A pregação

 A pregação ou proclamação do evangelho consiste emanunciar as boas-novas de salvação àqueles que não aconhecem. João Batista proclamou a proximidade do reino deDeus (Mt 3.2; Lc 3.18). O Senhor Jesus deu continuidade àmensagem de João Batista (Lc 4.43; Mt 4.23; 9.35). Osapóstolos anunciaram o Senhor Jesus, cumprindo sua missão(At 5.42; 11.20).

 A pregação evangélica deve enfatizar que o SenhorJesus Cristo é o enviado do Pai como Senhor e Salvador. Ele

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não é apenas porta-voz do Reino: Ele mesmo é o Rei (At 8.5;9.20; 1Co 1.23; 2Co 4.5; Fp 1.15).

O conteúdo da pregação cristã, portanto, apresenta

alguns aspectos de suma importância, tais como:

 Atualmente, existe a pregação que se constitui numamera apresentação dos benefícios que recebe aquele queaceita o Senhor Jesus Cristo como seu Salvador. E a pregação

que mostra apenas a "cura divina", a "libertação", aprosperidade material. Dá idéia de uma salvaçãocomercializada, que só mostra os efeitos e não a causa. Podeprovocar distorções, pois dá ênfase à felicidade que desfruta ocrente, e não ao senhorio de Cristo; realça os benefícios dasalvação, e não a submissão ao Senhor. Algumas vezesdespreza até a regeneração do pecador em uma nova criatura.

 A pregação, portanto, é uma forma de comunicar a Palavra deDeus, e deve ser cristocêntrica.

(a) Pela pregação, é dado conhecer aos pecadores osgrandes fatos salvíficos de Deus, realizados em e porCristo: sua encarnação (Jo 1.14), seu nascimento (Lc2.1,14), sua morte (Mt 27.45-56; Mc 15.33-41; Lc 23.44-49; Jo 19.28-30), sua ressurreição (Mt 28.1-15; Mc16.11; Lc 24.1- 12; Jo 20.1-18) e sua exaltação (At 2.22-37; Sl 16.8-11).

(b) Pela pregação, dá-se testemunho do que Deus podeproporcionar aos homens através de Cristo: perdão, vidaeterna, libertação do medo, da morte, de frustrações epoder do Espírito Santo (Mc 16.15-18; At 10.43; 13.38; Cl1.14; Jo 3.36; 5.24; 8.32; At 1.8).

(c) A pregação apostólica era acompanhada depenetrantes convites ao arrependimento e à fé em JesusCristo (At 2.38,39; 3.19-26; 17.30-31).

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2. O Ensino

O ensino ocupou, sem dúvida, a parte principal doministério missiológico do Senhor Jesus, conforme registram

os evangelhos. Na Grande Comissão, registrada por Mateus, oSenhor ordena: "Ide, portanto, fazei discípulos de todas asnações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do EspíritoSanto; ensinando-os todas as coisas que vos tenho ordenado.E eis que estou convosco todos os dias até a consumação dosséculos" (Mt 28.19,20).

 A pessoa que aceita o Senhor Jesus como seu Salvadorpessoal, no dizer de Pedro, é como uma criança recém-nascida (1Pe 2.2). Seu crescimento depende do ensino lógicoe sistemático da Palavra. Esse novo crente precisa aprender aadorar, a amar e a servir a Deus; a vencer as astutas ciladas doDiabo, a combater o pecado, e viver de modo digno, de acordocom sua posição espiritual privilegiada. Isso só é possível peloensino da Palavra de Deus. O Mestre ensinou tudo com grandesabedoria (Mc 1.21; 6.6; Lc 4.15; Jo 6.59; 7.14; 18.20). Osapóstolos seguiram o exemplo do Mestre (At 4.2; 5.42; 11.26;

15.35; 18.11; 20.20). O apóstolo Paulo diz a Timóteo quehomens fiéis devem ensinar (2Tm 2.2), e que, ensinar deve seruma qualificação básica dos bispos (1Tm 3.2). Pelo ensino, oscrentes são arraigados e edificados (Cl 2.6,7) e aprendem avencer erros e hábitos condenáveis (Tt 1.9-11).

Portanto, todo o conselho de Deus, isto é, todas asverdades reveladas, devem ser objeto de ensino (At 20.27).

O ensino não é mera transmissão de conhecimento,antes, porém, é fator de mudança, correção e edificação. Logo,o ensino é um modo importante de comunicar a Palavra deDeus.

3. Operação de Milagres

Os milagres se constituem numa forma de comunicar asverdades da Palavra de Deus, como podemos verificar aseguir:

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(a) Para demonstrar a autoridade do Filho em perdoarpecados: "Mas, para que saibais que o Filho do homemtem sobre a terra autoridade para perdoar pecados,disse ao paralítico: Eu te ordeno: Levanta-te, toma o teu

leito e vai para casa" (Lc 5.24).(b) Para mostrar a unidade entre o Pai e o Filho (Jo

10.37,38; 14.31; 17.23).

(c) Para revelar a divindade do Senhor Jesus (Mt 27.54).

(d) Para despertar o espírito de investigação dos seusdiscípulos (Lc 8.25).

(e) Para despertar as multidões para a mensagem daPalavra de Deus (At 8.4-8).

Portanto, conclui-se que os milagres podem seconstituir numa forma de comunicar as verdades dasEscrituras, despertar o espírito de investigação dos servos de

Deus, ou, ainda, chamar a atenção dos homens para a própriamensagem bíblica.

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Capítulo 7

 A Importância do Chamado Missionário

O Ministério Missiológico é extenso no sentido deformação de base e dos critérios para plantar igrejas. Omissionário é um apóstolo moderno, embora esse conceitonão seja aceito em nossos dias, temos assistidos o surgimentode muitos apóstolos que objetivam a continuidade doapostolado primitivo, contudo, não podemos visualizar otrabalho missiológico neles - antes como já anteriormente nosreferimos, são megas administradores financeiros.

O missionário como apóstolo moderno que estamosinserindo neste trabalho, é aquele cuja semelhançacompactua-se com os apóstolos primitivos - são os que vão aocampo desprovidos de ambição material, expondo suas vidasaos devaneios do homem maligno; eles não se importam se

suas vidas serão expostas aos perigos - contudo, quemensagem do evangelho seja anunciada a todos e emqualquer lugar.

1. Formas de ministério

  O Novo Testamento define diversas formas de

ministério a ser desempenhado no âmbito da Igreja Cristãcomo agência missionária. Comparando os diversos textospaulinos, conclui-se que essas formas de ministérios podemser especificadas da seguinte forma:

(a) Dons espirituais (1Co 12.4-6,28).

(b) Dons ministeriais (Ef 4.11).

(c) Serviços (Rm 12.3-8).

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Os dons espirituais são nove, e estão discriminados emprimeira Coríntios 12.8-10; os dons ministeriais em Efésios4.11. Os serviços compreendem atividades especificas e quesão realizadas de forma contínua na igreja, tais como ensino,

administração, socorro, aconselhamento, etc. (Rm 12.3-8).

Observamos ao longo das Escrituras que Deus semanifestou em três Pessoas divinas e age como Deus único eVerdadeiro. No estudo dos dons e serviços, a unidade divinaopera através da diversidade (1Co 12.27-30).

Pelo estudo do Novo Testamento, entende-se aimportância e como são indispensáveis os dons ministeriaispara a edificação e expansão da igreja de Cristo (Ef 4.9-16).

O significado da palavra "apóstolo" no grego é: aqueleque é enviado ou mensageiro. Neste sentido, os discípulos

foram chamados: "Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz sejaconvosco! Assim como o Pai me enviou, Eu também vos envio"(Jo 20.21).

No sentido amplo da palavra e da comissão dada peloSenhor (Mc 16.15; Mt 28.19), todos os servos de Deus sãoapóstolos. Porém, no sentido restrito da palavra, o apóstolo échamado e comissionado a realizar uma obra especifica. A

partir desta última premissa, conclui-se que, observados osaspectos da experiência, chamada e obra realizada(comissão) pelos primeiros apóstolos (Paulo foi o último), elestiveram a grande e importante missão de lançar osfundamentos da Igreja, como está relatado em Efésios 2.20:"Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas,sendo Ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular".

Todavia, não acreditamos que o ministério apostólicocitado em Efésios 4.11 tenha simplesmente cessado. Servos

1.1. O Apóstolo

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do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo realizaram obrasque testemunham serem eles, verdadeiros apóstolos: Lutero,Knox, Fox, Hudson Taylor, Moody, Wesley, Gunnar Vingren eDaniel Berg e muitos outros. É claro que a obra apostólica deve

continuar depois da morte desses homens - não podemosnegar o apostolado em nossos dias, mas queremos chamar devolta o missionário apóstolo, aquele com uma missão de fazerdiscípulos, plantar igrejas, preparar continuadores da obra doSenhor.

 A missão do missionário como apóstolo moderno é deestabelecer bases sólidas em países cujas religiões diferem do

cristianismo - eles devem como Paulo entrar nessascivilizações e deixar ali homens treinados e revestidos doEspírito Santo. Mesmo que isso lhe obrigue a repetir aspalavras do Apóstolo Paulo: Combati o bom combate, acabei acarreira, guardei a fé.

Faremos menção dos dons estabelecidos em Ef 4.12para uma melhor compreensão do trabalho do missionário emcampo de atuação.

Não se pode confundir o ministério de profeta (Ef 4.11)com o dom de profecia (1Co 14.3) nem tampouco com oministério de evangelista e pastor. Verificamos, no livro de

 Atos, que se tratava de um ministério distinto (At 11.28; 13.1;15.32; 21.10).

O profeta fala a Palavra de Deus sob inspiração doEspírito, relacionando-a com eventos futuros, interpretando asprofecias com clareza, apelando à consciência dos ouvintespela emoção. Pode até predizer acontecimentos futuros (At11.28), o que não é uma norma, pois a mensagem poderá ser

para alegrar, consolar e fortalecer os crentes (At 15.32).

1.2. O Profeta

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1.3. O Evangelista

1.4. O Pastor 

Para entender o tipo de trabalho do evangelista e suaimportância, basta ler Atos 8.4-40, onde estão relatadas as

atividades evangelísticas do diácono Filipe (At 6.5), mais tardechamado de evangelista (At 21.8). Apesar das escassasreferências sobre o ministério de evangelista, não temosdúvida de que se constitui num ministério distinto e de grandealcance. O evangelista é um portador inflamado pelo amor deDeus de boas-novas às almas perdidas, e cuja mensagemprincipal e a graça redentora de Deus.

No ministério evangelístico, é o normal Deus operargrandes milagres com o objetivo de despertar o povo para amensagem da sua Palavra. Assim aconteceu em Samaria (At8) e tem acontecido através dos tempos. E importante registrarque não se trata de sensacionalismo, e muito menos demercenarismo; as operações divinas sempre têm objetivossantos e redundam na glorificação de Deus. Ressalte-se,ainda, que os milagres não dispensam, de forma alguma, a

mensagem da Palavra Quando Deus opera milagres, aatuação das pessoas é despertada e, então, o evangelistaprega "Cristo crucificado".

Muitos teólogos preferem agrupar pastor e mestre numsó ministério. Realmente, torna-se difícil aceitar um pastor quenão seja mestre, porém, podemos verificar que existiram eainda existem mestres que, pelo menos, não exerceram oministério pastoral.

Portanto, sem querer entrar no mérito da divergênciateológica, preferimos estudar os dois ministériosseparadamente. Trata-se do ministério mais destacado nas

Escrituras, tendo como maior exemplo o Senhor Jesus (Jo10.11; Hb 13.20; 1Pe 2.25; 5.4).

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1.5. O Mestre

O ensino tem um lugar muito bem definido nasEscrituras, e muito especialmente no Novo Testamento. E uma

das formas de alimentar o rebanho. Crentes novos precisamcrescer espiritualmente (1Pe 2.2,3), e os antigos muitas vezescarecem de incentivo e correção (1Tm 4.13).

O mestre, conforme Efésios 4.11, não é apenas umapessoa dotada de técnicas, habilidades e conhecimentos paraensinar. Trata-se, na verdade, de uma vocação dada peloSenhor. Na vocação e consagração a Deus está o segredo da

autoridade no ensino (Mt 7.29; Mc 1.22; 1Co 2.4,5).

O mestre vocacionado não ensina de si mesmo (Jo7.16), não busca fuma, glória humana ou recompensa. Ensinapara a edificação e crescimento da igreja, e para que em tudo onome do Senhor seja engrandecido.

Concluindo, podemos dizer que os ministérios (Ef 4.11)

são interdependentes e complementares. Da cooperaçãoentre os diferentes ministérios depende um maior equilíbrio ecrescimento da igreja. Na igreja em Antioquia, por exemplo,havia profetas e mestres (At 13.1).

Deve-se também ressaltar que nenhuma forma deministério é exclusiva, isto é, o pastor certamente seráimpulsionado a fazer o trabalho evangelístico, ou vice-versa.Porém, Deus chama seus servos e concede-lhes o ministérioadequado à sua personalidade e capacidade (Mt 25.15).

Não temos dúvidas de que os ministérios acimadescritos são partes integrantes do ministério missiológico -haja vista que o missionário vai para uma terra distantesozinho.

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Capítulo 8

O Desafio do Chamado de Deus

O chamado de Deus confere a maior das honras aohomem e torna-se o maior desafio de sua vida. Nenhumapessoa, portanto, deve pensar distraidamente no chamado deDeus, pois este merece ser considerado em atitude de oraçãoe cuidadosa atenção. O chamado de Deus deve nos conduzir àhumilhação mais profunda, assim como á coragem maisousada, até que possamos dizer vivamente como Paulo: "Eu,

de muito boa vontade, gastarei e me deixarei gastar pelasvossas almas" (2Co 12.15).

1. O Desafio a uma Vida de Sacrifícios

É um princípio permanente do Reino de Deus que todosos ministérios espirituais baseiem-se numa vida de sacrifício ea ela estejam associados. Nem mesmo Cristo foi uma exceção

desse principio divino. Realmente, Ele viveu a vida do sacrifíciosupremo. Ele dispensou as riquezas eternas e tomou-se pobrepara que pudesse enriquecer outros (2Co 8.9).

(a) Ele privou-se da divina glória que era sua herançaeterna (Jo 17.5,24).

(b) Ele privou-se da forma de Deus, a qual era sua marca

eterna de igualdade com o Pai (Fp 2.5-8).

(c) Ele sacrificou seus direitos e sua honra humanaquando estava perante Caifás e Pilatos, e foi cuspido,escarnecido e espancado (Mt 26.67,68; 27.27-31; Mc14.65; 15.16-20; Lc 22.63-65; Jo 18.22; 19.1-3).

(d) Ele entregou sua vida como um sacrifício pelos

pecados do mundo na cruz do Calvário, o símbolo devergonha e crime. Ninguém poderia tirar sua vida; Ele a

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entregou voluntariamente (Jo 10.17,18). Dessa forma, oprincipio de sacrifício permeia a vida e o ministério deCristo, o Senhor.

Como o Mestre, o servo também é chamado para umavida de sacrifícios. Isso é claramente indicado nas palavras doMestre: "E aconteceu que, indo eles pelo caminho, lhe disseum: Senhor, seguir-te-ei para onde quer que fores. E disse-lheJesus: As raposas têm covis, e as aves do céu ninhos, mas oFilho do homem não tem onde reclinar a cabeça" (Lc 9.57,58).

"Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, emãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também asua própria vida, não pode ser meu discípulo. E qualquer quenão levar a sua cruz, e não vier após mim, não pode ser meudiscípulo... qualquer de vós, que não renuncia a tudo quantotem, não pode ser meu discípulo" (Lc 14.26,27,33).

Essas declarações são bem sustentadas pelo

testemunho do apóstolo Paulo quando disse: "E, ainda queseja oferecido por libação sobre o sacrifício e serviço da vossafé, folgo e me regozijo com todos vós" (Fp 2.17).

"Aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estarabatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, eem todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a

ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade"(Fp 4.11,12).

O chamado de Deus é um desafio a uma vida desacrifício. Solidão, privações e aflições que irão exaurir a forçafísica e colocar em perigo a saúde do corpo estão incluídos nochamado de Deus. Confortos e conveniências, lares erelacionamentos devem tomar-se secundários para o que échamado por Deus. O Senhor pode requerer a saúde e a vidacomo sacrifício. Tal é o desafio do chamado de Deus.

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2. O Desafio em Servir a Maior Necessidade daHumanidade

 As necessidades do mundo são muitas e grandes.

Como Deus não é indiferente a nenhuma delas, Ele ordenou aseus missionários que sirvam a uma necessidade emparticular do mundo, a necessidade espiritual. Essa é anecessidade suprema e, se podemos chamar dessa forma, anecessidade de todas as necessidades, a causa e raiz detodas as necessidades. O mundo está num estado deploráveleconômica, social, política e moralmente. Esse é, porém,apenas o resultado e os sintomas de todas as necessidadesespirituais do mundo.

O homem é antes de tudo e principalmente um serespiritual. Permanece o fato de que, por natureza, o homem -em todo o mundo - é antes de tudo um ser religioso. Oantropólogo cultural irá prontamente admitir que a estruturaeconômica, social e moral do homem é determinada

religiosamente e interligada a suas crenças religiosas. Apenasno Ocidente a filosofia moderna procurou dividir o homem a fimde atraí-lo para o secularismo e o materialismo. Só aqui areligião é estigmatizada como o apoio do povo. Esse engodode todos os engodos está, no momento, recebendo sua devidarecompensa com a destruição e o caos.

O missionário que é chamado por Deus deve manter

sua ordem divina com clareza e constância na mente. Ele échamado para servirá necessidade espiritual da humanidade.O perigo ameaçador que enfrenta constantemente é ser postode lado e passar a trabalhar pelos sintomas e não pela causade toda a doença.

Como foi declarado antes, não negarmos asnecessidades multiformes da humanidade nem ousamos olharpara elas de forma indiferente. Um missionário, porém, deveaprender a confiar todas essas necessidades a Deus e a

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permanecer consciente de que ele foi chamado para satisfazeruma necessidade em particular da humanidade, anecessidade mais profunda da alma do homem, anecessidade espiritual. Se ela não for satisfeita, prosseguirá

por toda a eternidade e determinará o destino do homem parao mal ou glória.

O Evangelho de Jesus Cristo, como registrado naBíblia, é o único e suficiente remédio para essa necessidadebásica. O missionário, portanto, deve permanecer constantena proclamação do Evangelho. Só assim ele é fiel e verdadeiroao chamado de Deus.

3. O Desafio a um Serviço que Rende o Maior dosDividendos

É verdade que alguns dos campos pioneiros provaramser árduos e difíceis, e que os missionários trabalharam pormuito tempo para fazer com que as pessoas se voltassem para

Cristo. Ao mesmo tempo, permanece o fato de que, na maioriados casos, os missionários viram em uma geração váriasigrejas surgindo e multidões voltando-se para o Senhor.

 A admoestação de Cristo é tão verdadeira hoje quantofoi na época em que proferiu as palavras: "A seara realmente égrande, mas poucos os ceifeiros" (Mt 9.37). Novamente: "Nãodizeis vós que ainda há quatro meses até que venha a ceifa?

Eis que eu vos digo: Levantai os vossos olhos, e vede as terras,que já estão brancas para a ceifa" (4.35).

Uma safra pronta e abundante está aguardando oceifeiro de Deus na maioria dos campos do mundo. Registros etestemunhos indicam que estamos vivendo "tempos dacolheita". Os movimentos comunitários na Índia estãocontinuamente atraindo várias pessoas para o Reino de Deus,enquanto que na África movimentos enormes etransformadores estão aumentando. O Brasil é apontado

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como a comunidade cristã que cresce mais rápido no mundo.O Japão e a Coréia estão estendendo os braços para oEvangelho, enquanto que Taiwan está produzindo uma ricacolheita. Na Indonésia, multidões estão se voltando para o

cristianismo. Pesquisadores ansiosos visam os servos deDeus em quase todas as partes do mundo não cristão. A horada seara chegou, mas os ceifeiros são poucos.

Realmente, o chamado de Deus é um desafio a umserviço cuja rica compensa são almas imortais. Quem, então,irá atender ao chamado de Deus e encher sua vida de

sabedoria? Aqui está uma oportunidade de nos enriquecermospela eternidade.

4. O Desafio às Experiências mais Profundas do Senhorem nossa Vida

Nunca esquecerei a ocasião em que estava na

presença de um missionário jovem, bem educado eextremamente inteligente, no coração do deserto da Austrália,e fiz ao homem uma pergunta tola, embora não autentica. Apergunta foi: "Por que você desperdiça sua vida e seu tempopreciosos aqui no deserto entre estes selvagens? Não existeoutro trabalho mais respeitável para você na Austrália?"Depois disso, uma lágrima e um olhar honrados surgiram naface do jovem missionário, enquanto dizia enfaticamente: "Se

eu tivesse duas vidas, este é o lugar onde as viveria, sim, se eutivesse mil vidas, este é o lugar onde as viveria".

 A glória estampada naquela face e a convicção daquelavoz ficaram comigo e tomaram as palavras de Cristo aindamais significativas do que antes: "E eis que eu estou convoscotodos os dias, até á consumação dos séculos". Novamente: "E

eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperandocom eles o Senhor".

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Estou profundamente convencido de que o missionáriode Deus não é apenas único em seu chamado e ministério; eletambém é único em suas experiências com o Senhor Sua vidatem as "emoções" assim como os "infortúnios" da vida e do

ministério cristãos. Ele experimenta a companhia do Senhorde uma forma única. Isso é natural e justo. O Senhor não pedeum preço por um sacrifício que Ele não pode recompensar.

 À distância dos amigos e parentes é equilibrada pelaproximidade do Senhor A falta de conforto das inconveniênciassão compensadas pelos confortos, pela paz e alegria que oSenhor oferece. O mal social e moral ao qual Ele éconstantemente exposto é combatido pela glória e presençado Senhor Os desconfortos material e físico são obscurecidospelo enriquecimento espiritual. Dessa forma, a perda toma-seum beneficio. Nosso Deus é um Mestre justo, assim comogracioso.

 Aqui segue o testemunho de um homem que deveriasaber disso. David Livingstonc, cujo coração está na Áfricadeixou as seguintes palavras para que ponderemos: De minhaparte, nunca cessei de regozijar-me por Deus ter medesignado tal oficio. As pessoas falam do sacrifício que fiz aopassar tanto tempo de minha vida na África. Pode ser chamadode sacrifício o que é meramente uma pequena parcela dopagamento de um grande débito a Deus, o qual não podemospagar? É sacrificial aquilo que oferece uma granderecompensa na forma de uma atitude saudável, a consciênciade estar fazendo o bem, paz á mente, e a viva esperança de umdestino glorioso posterior?

Para longe com tal palavra, tal visão e tal pensamento!Isso, digo enfaticamente, não é nenhum sacrifício. Aocontrário, é um privilégio. Ansiedade, doença, sofrimento eperigo agora e depois, precedidos pelas circunstânciacorriqueiras e misericórdias da vida, podem nos fazer parar elevar o espírito a oscilar e afundar; mas que isso ocorra apenaspor um momento.

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Tudo isso não é nada quando comparado com a glóriaque será revelada posteriormente em e para nós. Nunca fiz umsacrifício. A respeito disso não devemos falar, quandolembrarmos do grande sacrifício feito por Ele, que deixou o

trono de seu Pai nos céus e entregou-se por nós.

 A isso, David Brainerd acrescenta: "Declaro, agora queestou morrendo, que nunca teria vivido de outra forma, portodo o mundo".

 Assim, o chamado de Deus toma-se o maior desafioque qualquer homem pode enfrentar. Ainda que esse possa

requerer uma vida de sacrifício, privações, e até mesmosofrimentos, o Mestre é justo em suas recompensas aqui eagora, embora Ele possa reservar a maior parte darecompensa para o momento em que nos apresentarmosperante o tribunal de Cristo.

Bem-aventurado é o homem que com fé e coragemaceita o desafio do Senhor e, dessa forma, descobre os pontos

mais altos do serviço, da alegria e do contentamento divinos. Ainda não encontramos um missionário que tenha searrependido de responder ao chamado de Deus e de teraceitado o seu desafio.

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Capítulo 9

Qualificações Bíblicas de um Missionário

Uma grande quantidade de pensamentos, estudos eesforços têm sido relacionados ao empreendimentomissionário e á preparação do missionário cristão desde que acausa das missões mundiais foi restaurada nas comunidadescristãs durante os últimos séculos. Nunca a igreja ou umasociedade de missões foi indiferente ás qualificações epreparo de homens e mulheres que eram enviados ao mundocom propósitos missionários. Isso se tomou ainda maisevidente após a Conferência Missionária de Edimburgo, em1910, com a criação de instituições e cursos especiais parapreparar missionários mais adequadamente.

1. Os Progressos e as Circunstâncias Pós-guerra

Os progressos e as circunstâncias pós-guerra nosforçaram a repensar e avaliar seriamente muitos de nossosmodelos de ministério e dispendiosos programas mantidospara servir a humanidade. As demandas e essência de nossoministério não estão em questão. Nosso preparo pessoal,padrões de organização e métodos de operação, porém,necessitam passar por sérios estudos e avaliações. Somos

diretos, eficazes e adequados em nosso serviço. Estamosrealizando o objetivo de Cristo em nosso tempo?

Essas são questões importantes que exigem respostashonestas e conscientes. Mais atividade e expansão não sãosuficientes. Inúmeros progressos e instituições maiores nãosão necessariamente uma prova absoluta de eficiência esucesso. O cristianismo é, antes de tudo, uma questão de

qualidade, não de quantidade. Isso exige uma revisão dasqualificações do missionário.

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 As qualificações e a preparação de um missionário nãosão facilmente medidas, padronizadas ou definidas. Enfim, otrabalho missionário é um trabalho de pessoa para pessoa edepende muito da desenvoltura, personalidade e do caráter do

trabalhador cristão, ao invés de simples treinamentoacadêmico. Dessa forma, não se deve assumir que porque umindivíduo é formado na faculdade e no seminário, ele, portanto,está qualificado para o serviço missionário. Isso também não égarantia de que será mais bem-sucedido, de todo modo, doque alguns graduados no instituto bíblico ou do que indivíduostreinados em nível inferior do que o dele.

Por outro lado, que seja dito também que devemosrejeitar a idéia de assegurar sucesso a um individuo só porqueé uma pessoa simpática, espiritual e estudiosa e completou umcurso do instituto bíblico. Há muito mais coisas envolvidas napreparação do missionário do que podem ser definidas empapel, embora o treinamento acadêmico adequado tenhatremendo valor e diplomas sejam importantes em muitos

países e para várias posições.

2. Qualificações de um Candidato

Em geral, a preparação e as qualificações de umcandidato a missionário são medidas por vários padrões enomeadas como: Qualificações espirituais; qualificaçõesdoutrinais; qualificações acadêmicas; qualificações físicas;

qualificações de personalidade; qualificações sociais.

Listas de fácil compreensão contendo as qualificaçõespara o candidato a missões foram preparadas e estãodisponíveis por escrito em quase todas as agênciasmissionárias. É recomendável estudar tais requerimentos porcompleto e aplicá-los cuidadosa e honestamente em si mesmoantes de ingressar numa sociedade missionária. O candidatonão deve ter reservas, esperando que a agência vá fazer osajustes necessários para adaptar-se á sua singularidade ou

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peculiaridade que, quase sempre, é algum tipo deexcentricidade dissimulada.

 As listas de qualificação não são um conjunto arbitrário

de traços nobres. Elas são necessidades e exigências dotrabalho e não podem ser negligenciadas. As grandesdesventuras, frustrações, separações e divisões,frequentemente em consequência de uma forte independênciapessoal e evidente ineficácia nos campos de missões têmalertado muitas agências a tomarem mais cuidado naaplicação de padrões definidos. Conferências para consultastêm sido realizadas a fim de encontrar maneiras e meios para

remediar experiências sérias e dispendiosas. Aprendeu-semuito, e muitos melhoramentos foram feitos.

3. Fatores da Qualificação Missionária

 As qualificações e a preparação do missionário hoje sãodeterminadas por vários fatores: O governo do país em que omissionário irá trabalhar; a conferência ou agência que o

missionário irá representar no trabalho; a situação da igreja nopaís em que o missionário ira servir; a tarefa que ele irá realizare a posição que irá assumir - educacional, médica, ministériosna igreja, evangelização, serviço técnico.

Todos esses fatores são abordados para determinar aqualificação de um missionário.

4. Elementos Indispensáveis nas QualificaçõesMissionárias

Em última análise, só o Espírito Santo é realmentecapaz de nos qualificar para a comissão do Senhor. A Palavrade Deus nos diz: "Não por força, nem por violência, mas pelomeu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos". Essa verdade

solene, e ainda assim encorajadora, deve sempre ocuparnossa Consciência. Para sermos produtivos no ministério doSenhor, devemos aprender a "andar no Espírito".

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O dom e a qualificação divina, porém, não sãomecânicos, pois Deus não negligencia nossa personalidadenem transgride as leis de nossa mente. Há um lado humano,assim como um lado divino em nossa preparação. Nosso

compromisso divino toma-se nosso desafio para qualificar omelhor de nossas habilidades para o designo e a comissãodivina.

Há certos elementos absolutos e indispensáveis a todotrabalhador cristão que deseja ser fiel ao seu Senhor e seuchamado. Esses elementos indispensáveis - universais paratodo servo de Deus - são espirituais ao invés de profissionais

ou acadêmicos.5. Sete Elementos Indispensáveis

Em todos os ministérios cristãos, Cristo permanececomo nosso exemplo supremo. O "Servo de Jeová ideal", Ele énosso modelo e padrão. Fazemos bem em observar aindaoutras personalidades que a Bíblia nos apresenta. A partir das

Escrituras, certos elementos indispensáveis tomam-seevidentes:

Para todo obreiro cristão, o primeiro elementoindispensável é a satisfação consciente de que ele se tomouespontânea e honestamente, e de todo o coração, um

verdadeiro discípulo de Jesus Cristo, e de que está de acordocom tal discipulado. Um compromisso sem reservas comCristo é fundamental.

Uma consciência profunda e permanente de ter sidochamado pelo Senhor ao ministério missiológico ou como umauxiliar relacionado (1Co 12.28) ao ministério da Palavra(como doutor, enfermeiro, professor, técnico ou servidoressociais) e ter sido conduzido ao lugar do desígnio e trabalho.

5.1. O Primeiro Elemento Indispensável

5.2. O Segundo Elemento Indispensável

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5.3. O Terceiro Elemento Indispensável

 A convicção fixa de que o Senhor confiou a nós umamensagem que não só é relevante e atraente, mas absoluta e

decisiva para a salvação real e o destino eterno do homem.Essa mensagem é única e suficiente e é baseada e derivadada Bíblia, a revelação de Deus a humanidade.

De forma similar, o candidato deve possuir umaprofunda confiança de que o Senhor irá qualificá-lo através doEspírito Santo para o ministério designado ao conferir-lhe osdons espirituais necessários, tomando, assim, possível que

ele realize um serviço eficiente e faça jus ao seu chamado (1Co12.1-11). Nossa atitude em relação aos dons espirituais enosso conhecimento acerca dos mesmos são muitoimportantes em nosso ministério.

É relevante também confiar no Espírito Santo para nosdar amor, sabedoria, incentivo e autoridade divina paratransmitir a mensagem confiada ao homem, seja qual for a

raça ou cultura a que ele pertença. Somos incumbidos de "falara verdade em amor' sem medo ou favor do homem, nemacrescentando nem reduzindo a Palavra Deus está disposto eé capaz de nos capacitar para comunicar sua mensagem deuma forma inteligível e atraente ao homem em suanecessidade de salvação.

Dessa forma, nossa confiança não está em nós

mesmos; nem nossa autoridade está baseada emsuperioridade cultural, acadêmica ou econômica. Sustentamo-nos na convicção de que nossa mensagem parte de Deus. Elanão tem um substituto, é incomparável, não deve sermodificada por redução ou acréscimo, e deve ser transmitidacomo poder, a sabedoria e a autoridade do Espírito Santo, quedeseja e é capaz de nos qualificar para a tarefa confiadadivinamente. Não somos enviados para unir a humanidadenuma busca em comum pela verdade, mas devemos fazeruma declaração, cheia de autoridade (não orgulhosa ouarrogante) da verdade revelada divinamente..

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5.4. O Quanto Elemento Indispensável

5.5. O Quinto Elemento Indispensável

 A atitude mental que caracteriza totalmente Cristo, quese esvaziou, se humilhou, se rebaixou e assumiu a forma de

um servo e permaneceu obediente até a morte, até a morte nacruz. "Sendo rico, por amor de vós se fez pobre, para que, pelasua pobreza, enriquecêsseis". O verdadeiro serviço era o quecontinha os elementos básicos de Cristo.

O missionário deve estar pronto para ser flexível,adaptável e disposto a sacrifícios, para receber nenhumcrédito, mas dar crédito, e até mesmo a ser desconsiderado,

rebaixado, a sofre e, ainda, prontamente e sem hesitação semqueixa nem dúvida - procurar identificação com outraspessoas em suas necessidades afim de encontrar pontos decontato e afastamento. Ele deve procurar caminhos e recursosde criar nelas suas necessidades espirituais consciente, com opropósito de relacioná-las a Cristo, que, sozinho, podesatisfizer os desejos de seus corações, perdoar seus pecados,conferir vida eterna e dar um sentido real e satisfatório a suas

vidas. Apenas a consciência de um verdadeiro serviço podenos conduzir a tais relações, identificação e ministério.

Esse elemento diz respeito á atitude e ação social domissionário com seus companheiros de trabalho, sejam elesmissionários ou do povo. Nesse ponto, os exemplos de Cristo ede Paulo são ideais e instrutivos. Nenhum deles foi um lobosolitário no ministério. Cristo não tinha meramente uma grandecomitiva; He tinha amigos, discípulos e colaboradores íntimos.Seus discípulos estavam constantemente com Ele (At1.21,22). Eram seus aprendizes e auxiliares que serviam comEle e oravam com e por Ele, finalmente, tomaram-se seusapóstolos.

Paulo tinha seus colaboradores também, eleindubitavelmente, estava ciente de seu apostolado, sua

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missão, autoridade e responsabilidade apostólicas singulares. Ainda assim, sua atitude em relação aos seus colaboradoresera muito íntima e cordial. Ele os via como: Companheiroscooperadores (Fp 4.3; 1Ts 3.2; Fm 24; 2Co 8.23);

companheiros trabalhadores (Rm 16.3,9,21; Fp 2.25; Cl 4.11);companheiros soldados (Fp 2.25); companheiros escravos (Cl1.7; 4.7); companheiros prisioneiros (Rm 16.7; Cl 4.10).

Eles eram seus parceiros (2Co 8.23), seusacompanhantes (Fp 2.25), seus auxiliares (Rm 16.3,9) ecompanheiros de labuta (1Co 3.9). Ele conversava, viajava ecompartilhava livremente com eles.

Paulo fala de seus companheiros de trabalho emtermos nobres. É bom notar como o apóstolo caracterizouTimóteo, Epafras, Epafrodito, Tíquico e outros. Não há umacrítica sobre eles, embora ele dolorosamente lamente o fato deque alguns abandonarem e voltarem para o mundo (2Tm4.10), enquanto que outros tiveram sua fé (doutrina) abalada(1Tm 1.19,20; 2Tm 2.17,18). Tais atitudes benéficas são raras

entre os servos de Deus. Elas são o fruto do Espírito Santoproduzido em uma personalidade espiritualmente saudável edesenvolvido através de uma vida consistente de meditaçãoda Palavra de Deus e da obediência ao Espírito Santo. É umaarte divina manter relações saudáveis e restauradoras comcompanheiros e amigos, especialmente em períodos ecircunstancias de pressão e tensão. Novamente, devemosaprender a confiar na graça capacitadora de Deus.

Esse elemento indispensável é pureza e profundidademotivacional. Enquanto o homem, como ser pecador, nuncapoder ir além da "imperfeição humana" em sua motivação, ébom que reconheçamos esse lato e o confessemos

humildemente perante o Senhor Não vamos discutir sobre operfeito altruísmo de nossa motivação nem insistir quanto ápureza absoluta de nossas atividades. Podemos estar

5.6. O Sexto Elemento Indispensável

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rebaixando-nos a nós mesmos, pois mesmo o melhor de nóscomete pecado. Vamos, porém, procurar sinceramente nãoviver de acordo com a carne, pedir humildemente pelapurificação diária de nossa motivação pelo sangue do

Cordeiro, e aprender a viver e trabalhar com o Espírito Santo.Devemos avaliar honestamente nossa motivação á luz damotivação de Paulo, como é apresentada nas própriasdeclarações contidas em suas epístolas.

Ter uma grande visão da igreja de Jesus Cristo e manter

uma profunda lealdade em relação a ela. Fica evidente peloestudo do Novo Testamento que o ambiente local e a posiçãoideal da igreja são centrais.

Mostrei a igreja em sua relação com o Senhor, com omundo e com o ministério missionário neste mundo. Arelevância da igreja pode ser, dessa forma, compreendidaimediatamente. Nenhum homem pode servir fielmente como

um acionário, no sentido da palavra como encontrada do NovoTestamento, sem ter uma afinidade com a igreja de JesusCristo. Ele também não pode identificar-se totalmente comCristo, pois Cristo é supremamente um Ministro da igreja. Omissionário, também, é supremamente um edificador deigrejas e um ministro da igreja. A perspectiva correta da igrejadeve ser mantida em mente.

Estes são alguns dos elementos indispensáveis doobreiro cristão em sua pátria ou no exterior, nas igrejas e emmissões. Assim, um missionário possui uma personalidadeespiritualmente saudável, desenvolvida através de uma vidaconsistente de meditação na Palavra de Deus e da obediênciaao Espírito de Deus; uma pessoa madura que aprendeu amanter relações saudáveis com companheiros, cooperadores

e amigos; uma pessoa com uma mensagem de Deus, baseadana Bíblia, a revelação e mensagem de Deus á humanidade; euma pessoa com a habilidade, o amor, a divina compulsão e

5.7. O Sétimo Elemento Indispensável

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divina autoridade para transmitir a mensagem de salvação áhumanidade.

Hudson Taylor, o grande homem de Deus, político e

missionário, enumera o que considera serem traços de ummissionário:

O chamado de Deus é um serviço sério e sagrado erequer o máximo de nós. Paulo diz: "E assim, quanto está mim,estou pronto para também vos anunciar o evangelho" Rm1.15). Se parafraseássemos essa passagem, diríamos:"Mobilizei e desenvolvi todas as habilidades dentro de mim eas organizei para um propósito, isto é, anunciar o Evangelhode Jesus Cristo".

(a) Uma vida voltada para Deus, controlada pelo EspíritoSanto.

(b) Uma confiança tranquila em Deus para o suprimento detodas as necessidades.

(c) Um Espírito simpático e força de vontade para assumiruma posição humilde.

(d) Tato ao lidar com os homens e facilidade de adaptaçãoás circunstâncias.

(e) Zelo no serviço e f irmeza nos momentos

desencorajadores.(f) Amor pela comunicação com Deus e pelo estudo de

sua Palavra.

(g) Alguma prática na realização de cultos domésticos.

(h) Um corpo saudável e uma mente vigorosa.

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Capítulo 10

Missões Transculturais

Para fazer missão transcultural, necessitamos entendera natureza de uma cultura. Segundo o Aurélio, cultura é "ocomplexo dos padrões de comportamento, das crenças, dasinstituições e doutros valores espirituais e materiaistransmitidos coletivamente e característicos de umasociedade".

Observemos esta definição dada no século XIX porantropólogos da Alemanha. "Cultura é a herança total dohomem não transmitida biologicamente". Cultura é o sistematotal de normas de conduta aprendidas que são comuns aosmembros de uma sociedade em particular, e que não são oresultado da natureza biológica do homem.

Em termo mais popular, pode ser definido como atotalidade do modo de vida de um grupo étnico determinado,isto inclui, a forma que este povo vê a realidade cósmica, osvalores que lhe são comuns, e as normas de conduta queaceitam como normais em seu meio. Inclui também a formacomo considera a existência do mundo e da humanidade, ascoisas que lhe custam muito trabalho obter e manter, e a formaem que se trata entre os parentes e os vizinhos.

Toda pessoa tem uma maneira mental de ser, umaforma diferente de ver as coisas e de reagir frente a elas, istoquer dizer, que vai sendo moldado pela cultura em que vive, eisto o afeta desde a sua infância até a sua morte.

1. O Que é Transculturação?

Vamos nos valer outra vez de Aurélio. Eis o que ele diz:Transculturação é o "processo de transformação cultural

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caracterizado pela influência de elementos de outra cultura,com a perda ou alteração dos já existentes".

 Aqui fica bem claro, de início, que evangelização

transcultural não é substituir valores de uma cultura por outrosde cultura diferente. O que importa, na evangelização, são osprincípios bíblicos. Estes, sim, podem exercer influência aalterar situações contrárias à fé cristã.

2. O que é Missão Transcultural?

O prefixo trans deriva-se do latim e significa "movimento

para além de", "através de". Portanto, em linhas gerais, missãotranscultural é um movimento que, pelo caráter universal desua mensagem, não se restringe a uma só cultura, mas temalcance abrangente, em todos os quadrantes da terra, ondequer que haja uma etnia que ainda não tenha ouvido oevangelho.

Em Mateus 28.18-20 descobre-se que "toda" é apalavra chave. Isto implica na afirmação de que o princípio dauniversalidade está implícito no Evangelho, que deve serpregado a todos os povos, para, igualmente, resultar naconversão aos milhões de pessoas oriundas de todas asraças.

 A idéia de universalidade, globalidade ou totalidadetransparece, ainda, quando o número quatro salta diante dosnossos olhos na expressão aparentemente repetitiva de

 Apocalipse 5.9. "tribo, língua, povo e nação." Aqui o mundoestá dividido em quatro áreas para reforçar a perspectiva doque será o resultado do alcance globalizado da pregação emtodo o mundo.

Outro ponto no mesmo texto é que a palavra nação é a

mesma usada em Mateus 28.19, que se traduz do grego"ethnos" de onde se deriva a expressão portuguesa "etnia".

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Etnia tem a ver com grupo biológico e culturalmentehomogêneo. No aspecto antropológico, a definição da palavra"etnia" ultrapassa o nosso conceito formal sobre fronteirasgeográficas nas quais se assentam politicamente os países do

mundo. Cerca de 12 mil povos distintos estão distribuídos empouco mais de 250 países.

Em suma, missão transcultural, no dizer de Larry Pate,autor do livro Missiologia, é a proclamação do amor de Deus,que ultrapassa as fronteiras culturais, raciais e linguísticas. Eledeseja que todos, sejam os pigmeus da África ou os homensde negócios da Ásia, tenham a oportunidade adequada de

seguir a Cristo".

3. Destruindo os mitos da missão transcultural na igrejalocal

Quais seriam esses mitos no âmbito da igreja local?

Primeiro mito. Só igrejas grandes ou ricas podem fazer

missão transcultural. Esta é uma falsa idéia que circula emmuitas Igrejas de porte médio ou pequeno, como justificativapara o seu não envolvimento. Segundo este conceito, Igrejasque disponham de poucos recursos jamais poderãocomprometer-se com o trabalho missionário e nem mesmoenviar missionários. Mas a prática de países onde a tarefa defazer Missões já está consolidada revela que os maioresrecursos saem exatamente de Igrejas pequenas, que,somadas, conseguem superar muitas vezes os alvos deIgrejas grandes ou ricas. A Igreja de Antioquia não esperouenriquecer-se para enviar os seus primeiros missionários,Barnabé e Paulo (At 13.2).

Segundo mito. Só pessoas de bastante recursosfinanceiros têm condições de contribuir para a missão

transcultural. A visão bíblica sobre, contribuição é clara: deveser proporcional à renda de cada um, seja pobre ou rico. Esteprincípio transparece em diversos textos bíblicos, como, por

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exemplo, em 1 Coríntios 16.2. Paulo está tratando, neste texto,de contribuições destinadas aos irmãos de Jerusalém, queenfrentavam circunstancialmente uma crise econômica. Narecomendação do apóstolo está implícita a idéia de

proporcionalidade, quando ele afirma: "... ponha de parte o quepuder ajuntar, segundo a sua prosperidade". As contribuiçõespara missão transcultural se regem pelo mesmo princípio.Mesmo que os recursos pessoais sejam menores, cada umpoderá estabelecer o valor da contribuição proporcionalmenteà sua remuneração mensal. A história de missões mostra que,na maioria dos casos, não foram os ricos os únicosresponsáveis pelo envio de recursos para a evangelização

transcultural. Muitos missionários foram e têm sidosustentados pela oferta da viúva pobre, da lavadeira dotrabalhador braçal e de outros irmãos de menor poderaquisitivo.

Terceiro mito. A igreja local deve primeiro evangelizarsua cidade para depois se voltar para a evangelizaçãotranscultural. Este é outro mito muito difundido por

desconhecimento da interpretação correta de Atos 1.8. Emalguns casos é, somente, uma justificativa pouca convincentepara a indiferença. A idéia de Atos 1.8 é de simultaneidade."Tanto em... como em..." é a expressão que aclara o sentido dotexto. Não há aqui nenhuma alusão a um processo gradativo,ou seja, à idéia de se evangelizar primeiro a área local paradepois se pensar em terras de além-mar. A evangelizaçãotranscultural tem que ser vista sob enfoque mundial, incluindo-se aí o trabalho local da Igreja. É ação simultânea.

Quarto mito. É preciso antes levantar recursossuficientes para então investir em missão transcultural. Esta étambém, uma premissa falsa. A Igreja que esperar ter recursossuficientes nunca vai investir na evangelização transcultural.É uma questão de lógica. Os recursos são rotativos, isto é,

entram e saem. Sempre há despesas "prioritárias" para seremcobertas pelo caixa.

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4. Como Implantar uma Igreja

O objetivo do Ministério entre culturas depois de pregare evangelizar é o de estabelecer Igrejas. Deste princípio se

utilizou o Apóstolo Paulo.

 As Igrejas locais constituem nas principais pedras deconstrução do Reino de Deus, sobre a terra. Nas Igrejas locaisa dinâmica do poder espiritual se move eficazmente. São nelasonde o Espírito Santo reparte os dons aos crentes, de modoque a unidade completa pode funcionar como representantedo amor e do poder de Deus no lugar que foi fundada.

Tratando-se de Igrejas fundadas por um ministériointercultural, necessitamos usar princípios autóctones, desdeo começo da fundação. É muito mais fácil iniciar uma Igreja emforma apropriada, que transformá-la em uma Igreja autóctonedepois que já está estabelecida. Autóctonas: quer dizer originalde um país, ou um lugar em particular, "nativo, aborígine,indígena".

Quando se comunica bem a mensagem do evangelho,em qualquer cultura há a possibilidade de arraigá-la nocoração das pessoas, muda-se a forma de ver a Deus, asoutras pessoas, e o mundo de forma geral.

Semelhantes transformações exercem um profundoefeito na sociedade, e o evangelho chega a ser altamenteapreciado pelas pessoas. Quando isso acontece, ele podeestender-se com muita rapidez, e muitos podem desejar ouvi-lo e aceitar a Cristo.

Para fazer com que o evangelho seja autóctone dequalquer cultura, é necessário que haja Igrejas autóctones.

Igrejas autóctones são aquelas cujos membrospraticam as verdades espirituais, sociais e morais doCristianismo Bíblico segundo as pautas culturais da sua

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própria sociedade, e percebem como o evangelho vaitransformando suas vidas como resposta às suasnecessidades, atendidas por Deus mediante a direção doEspírito Santo e da palavra ensinada. Observemos os

elementos básicos desta definição:

 As Igrejas autóctones exercem certa atração sobre a

totalidade da população da sua sociedade. O comportamentodos seus membros, não parece estranho ao povo da suacomunidade, a conduta social e moral dos crentes se ajusta àsnormas gerais da sociedade, porém exibem normas maiselevadas conforme as da Santa Palavra de Deus.

O Missionário deve estar preparado para permitir que anova Igreja seja parte da Organização Nacional, evitando que

seja chamada ou identificada como uma Igreja Estrangeira!

(a) Os membros das Igrejas autóctones não somentecrêem na verdade do evangelho, mas, a praticam na vidadiária.

(b) O evangelho afeta a forma em que adoram, a maneiracom que trata o seu próximo e inclusive seus próprios

valores e ética pessoal.

(c) Não estão marginalizados da sua sociedade por haveradotado normas culturais estrangeiras. Compreendem,como também praticam a verdade do evangelho, semsair das pautas culturais do seu povo.

(d) Apreciam de verdade sua vida cristã, porque vêem no

evangelho, a resposta às suas frustrações espirituais eàs suas necessidades mais íntegras.

(e) Reconhecem que a autoridade das escrituras é ofundamento da sua fé e que podem confiar que o EspíritoSanto ensinará.

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