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Claudionor Corrêa de Andrade

FUNDAMENTOS BÍBLICOS DE UM

AUTÊNTICO

AVIVAMENTO

OCPAD

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Todos os direitos reservados. Copyright © 200 4 para a língua portuguesa da Casa Publicadora das Assembléias de Deus. Aprovado pelo Conselho de D outrina.

Capa e projeto gráfico: Eduardo Evangelista Editoração:Josias Finam ore Santos

C D D : 269 - Avivamento Espiritual ISB N : 8 5 -2 6 3 -0 6 0 2 -2

Para maiores inform ações sobre livros, revistas, periódicos e os últimos lançamentos da CPAD, visite nosso site: http://www.cpad.com.br

As citações bíblicas foram extraídas da versão Almeida Revista e C orrigida, edição de 1995, da Sociedade B íblica do Brasil, salvo indicação em contrário.

Casa Publicadora das Assembléias de Deus Caixa Postal 3312 0 0 0 1 -9 7 0 , R io de Janeiro, R J, Brasil

P ediçâo/2004

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DEDICATÓRIA

\ todos os que oram e suplicam a Deus por um autêntico avivam ento espiritual.

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ro

SUMÁRIODedicatória................................................................................................... 5I. A Chama Arderá continuamente............................................. ............ 91 O que É o Avivamento....................................................................... 393. O Avivamento e a Soberania das Sagradas Escrituras..................... 474 O Avivamento e a Proclamação da Palavra de Deus....................... 655.0 Avivamento e a Oração...................................................................776 .0 Avivamento Produz a Santificação e a Integridade...................... 87” O Avivamento e o Batismo com o Espírito Santo.............................99S. O Avivamento e os Dons Espirituais............................................1079 .0 Avivamento e a Operação de Milagres........................................ 117

10.0 Avivamento e o Formalismo...................................................... 12511.0 Autêntico Avivamento Pentecostal Tem o Espírito Santo..............13312. O Verdadeiro Avivamento Tem Equilíbrio....................................141

. O Avivamento não E meramente Místico.E, acima de tudo, Espiritual...........................................................153

14. O Avivamento e a Perspectiva Histórica...................................... 16515. Somente uma Igreja Avivada Pode Mudar a História do Brasil.... 17116.0 Avivamento e a Iminência da Volta de Cristo............................17917. Aviva, ó Senhor, a tua Obra!...........................................................187

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I

A CHAMA ARDERÁ CONTINUAMENTE

I

SUMÁRIO: Introdução; I. O Avivamento nos Primeiros Séculos; n . O Avivamento na Idade Média; III. O Avivamento na Era Pré- Reforma; IV. O Avivamento durante a Reforma; V. O Avivamento Pós-Reforma; VI. O Avivamento Wesleyano; VII. Os Grandes Avi- vamentos Americanos; VIII. O Avivamento Pentecostal; Conclu­são; Questionário.

INTRODUÇÃO

Em junho de 2001, tive o privilégio de participar, na acalorada e encantadora Belém do Pará, das com em ora­ções dos noventa anos de fundação das A ssem bléias de Deus no Brasil. Em m eio a tantos m onum entos históricos e espaços de m em ória; em m eio às recordações que os an­tigos diluíam entre os m ais novos; em m eio àquelas cara­vanas vindas do Sul, chegadas do N ordeste, procedentes do Centro-Oeste e do Sudeste; em meio àqueles hom ens,

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FUNDAMENTOS BlBLICOS DE UM AUTÊNTICO AVIVAMENTO

m ulheres e crianças que m archavam pela cidade que, no in íc io do Sécu lo X X , aco lh era D an ie l Berg e G un nar Vingren, senti-m e com o se estivesse no Cenáculo quando da descida do Espírito Santo.

Durante aqueles dias de intensas celebrações, dei-me conta da grandeza, do alcance e da pujança do Avivamento Pentecostal. Aliás, que avivam ento não é pentecostal?

N oventa anos se haviam passado desde que D aniel Berg e Gunnar Vingren chegaram a Belém dispostos a im ­plantar, em terras brasileiras, o Evangelho Pleno de Nosso Senhor, proclam ando a todos que Jesus Cristo salva, bati­za no Espírito Santo, cura os enferm os, opera m aravilhas e, em breve, virá buscar a sua Igreja. Em bora os historia­dores seculares não o reconheçam , o Avivam ento Pente­costal im prim iu novo ritm o ao Brasil. Desde aquele já dis­tante junho de 1911, com eçam os a desvencilhar-nos das am arras do Catolicism o Rom ano, a fim de viverm os uma nova realidade espiritual.

As raízes do A vivam ento Pentecostal rem ontam ao cenáculo em Jerusalém . Ao contrário do que dizem os cessacionistas, o batism o no Espírito Santo, os dons espiri­tuais e as m aravilhas do Senhor não se lim itaram ao perío­do apostólico; são tão atuais hoje quanto há dois m il anos.O pentecostes jamais deixou de existir; são recursos que sem­pre estiveram à disposição da Igreja.

Neste capítulo, veremos um pouco da história dos gran­des avivamentos que, reprisando a efusão do Espírito Santo em Jerusalém , vêm despertando a Igreja, im pulsionando-a a agir como a agência por excelência do Reino de Deus.

I. 0 AVIVAMENTO NOS PRIMEIROS SÉCULOS

Apesar da preocupação dos primeiros doutores da Igre­ja em fazer a apologia dos cristãos diante dos potentados romanos que, arbitrária e discricionariam ente, perseguiam- nos, não deixaram aqueles teólogos de registrar os diversos

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arr.entos que se iam alastrando entre o povo de Deus.'sztl tempo de grandes visitações dos céus; eram perío-

rc s i e inefáveis refrigérios.1 Ignácio. Revivendo a expansão da m ensagem cristã~rus prim órdios, Ignácio fala dos pastores que, não

: - : : r ~e as perseguições que lhes m oviam as autoridades ■: manas, foram abrindo igrejas até aos confins da terra. Que rcrça os movia? A mesm a que, efundida no Pentecostes, le-

: _ os primeiros discípulos a evangelizar a Judéia, a odia- ' Samaria, a cosmopolita Antioquia e a orgulhosa Roma.

2. Tertuliano. Nascido em Cartago, no Norte da África, 7 7 r volta de 160, teve ele uma esmerada educação. Vivendo r Tensamente a prom essa da efusão do Espírito Santo, fez-

se arauto da m ensagem pentecostal. Testemunha ele que, entre os cristãos daquela época, não eram poucos os que r^avam línguas, interpretavam -nas e profetizavam.

Tertuliano, que também foi um brilhante advogado, dis­corre sobre o avanço da Igreja aos potentados de Roma:

Embora sejamos noviços de não longa data, temos enchido todos os lugares de vossos domínios - cidades, ilhas, com u­nidades, concílios, exércitos, tribos, senado, o palácio, as cortes de justiça. E se os crentes tivessem espírito de vin­gança, seu grande núm ero seria ameaçador, pois é apreciá­vel, não só nessa ou naquela província, m as em todas as regiões do m undo".

3. Agostinho (354-430). Bispo de Cartago, Agostinho é considerado um dos maiores teólogos de todos os tempos. Sua influência estende-se tanto aos católicos quanto aos pro­testantes. Acerca da doutrina pentecostal, estava ele sufici­entemente seguro quanto à atualidade do batism o no Espí­rito Santo e dos dons espirituais: "N ós faremos o que os apóstolos fizeram quando im puseram as m ãos sobre os samaritanos, pedindo que o Espírito Santo caísse sobre eles: esperamos que os convertidos falem novas línguas".

Tal era o avivamento da Igreja que o historiador Harnack calculou que, por volta de 303, o número de crentes, só na

n w JUtDBlA CONTINUAMENTE

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FUNDAMENTOS BÍBLICOS DE UM AUTÊNTICO AVIVAMENTO

Ásia Menor, já beirava os 50 porcento de toda a população dessa rica e representativa província. Impressionado com o vigor da comunidade cristã, o imperador Constantino resol­ve fazer-se discípulo de Cristo. Sua conversão, porém jamais comprovada, traria uma série de problemas à Obra de Deus.

II. 0 AVIVAMENTO NA IDADE MÉDIA

O Im pério Romano estava fadado a desaparecer, como desapareceram outros impérios e reinos da antigüidade. Em sua longa e orgulhosa existência, dom inou povos e nações, e destruiu formidáveis potências militares. De tal forma di­latou suas fronteiras que, avançando em sucessivas ondas desde o Latium , veio a alcançar os confins da terra. Mas, agora, depois de todos aqueles séculos de dissolução, des­potism o, violência e soberba, jazia fraco; não mais possuía o vigor dos prim eiros romanos que, forjados no crisol das lutas, construíram um reino que se faria república e desem ­bocaria no império sublim ado por Virgílio em sua Eneida.

Foi justam ente este im pério que se ergueu feramente contra o povo de Deus. Primeiro, hum ilhou e avassalou os israelitas, destruindo-lhes o Santo Templo e dispersando- lhes as tribos. Em seguida, pôs-se a oprimir a Igreja de Cris­to; prende os discípulos do Senhor, m ete-os nos cárceres, desterra-os como se fossem crim inosos comuns e coloca-os nas arenas para satisfazer a bestialidade de Roma. Os cris­tãos eram executados aos milhares.

As autoridades rom anas, porém , não conseguem des­truir a Igreja de Cristo. Quanto mais a perseguem , mais ela cresce. Se os seus membros são executados às centenas, aos m ilhares se m ultiplicam. As portas do inferno não logram prevalecer contra os santos do Senhor. Com respeito ao Im ­pério Romano, retratado por Daniel como o ferro da está­tua que Nabucodonosor vira em seus sonhos, e tipificado como aquele terrível animal contem plado pelo profeta, de­saparece em 476. A Igreja, entretanto, sobrevive. E, de avi-

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a~_ento em avivam ento, não se deixa dom inar quer pela _: ade Média, quer pelo sistema papal que se ia plasm ando n : s formalismos e indiferenças dos cristãos nominais.

1. O avivam ento na Igreja Britânica Primitiva. No ano 500, enquanto a Europa O cidental m ergulhava na Idade M édia, a Obra de Deus expandia-se nos territórios que pas­sariam a ser conhecidos como as Ilhas Britânicas. Gildas, um sábio m issionário de origem galesa, dá este testem u­nho, confirm ando o pentecostes que varria aquela região: ' A Igreja está espalhada pela nação inteira. Além disso, ela se espalhara na Irlanda e Escócia. Era tam bém uma Igreja instruída; tinha sua própria versão das Sagradas Escrituras e a sua própria liturgia".

Patrício, que dedicara trinta anos de sua vida a evangeli- zar a Irlanda, confirma o quanto crescia a Igreja: "Eu fui for­mado de novo pelo Senhor, e ele me capacitou a ser nesse dia o que antes estava mui longe do meu alcance, para que eu me interessasse pela salvação dos outros, quando eu costu­mava não pensar nem mesmo na minha própria salvação".

Ia o Senhor, assim, levantando obreiros fervorosos e ple­nos de ousadia, a fim de encher aquelas ilhas do Evangelho de Cristo. O irlandês Columba, por exemplo, foi a lona onde fundou uma igreja que, em pouco tem po, se faria m issioná­ria. Ele estabeleceu congregações desde Orkneys e Sul das Hébridas até ao Humter.

2. O avivam ento dos Valdenses. Esta confissão evan­gélica, iniciada por Pedro Valdez em 1170, no território abrangido pela m oderna cidade francesa de Lyon, tinha como ideal pregar a m ensagem de Cristo em toda a sua pureza. A princípio, foram os valdenses favorecidos pelo papa Alexandre III. Todavia, devido à sua independência em relação ao clero romano e à sua fidelidade às Sagradas Escrituras, tornaram-se abomináveis ao sistema papal que acabaria por interditá-los.

De tal forma viviam os valdenses o pentecostes que, até mesmo em sua morte, propagavam a mensagem do cenáculo;

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eis o que relata um historiador: "N ão há uma rocha que não seja um monumento, uma campina que não tenha presencia­do uma execução, nem uma vila que não registre os seus m ártires". O avivamento, comandado pelo próprio Valdo, abalou a Europa do Século XII. Escreve o pastor Clarke: "O s valdenses espalharam-se com extraordinária rapidez e esten- deram-se desde Aragon à Pomerânia e Boêmia, embora mais numerosos no sul da França, Alçácia e nos bairros monta­nhosos de Savóia, Suíça e Norte da Itália".

Não foram poucos os avivamentos que surgiram na Ida­de Média. A Igreja Romana, porém , não somente buscou abafá-los, quer através da infâm ia e da calúnia, quer por meio da tortura e da espada, como tam bém esforçou-se por apagar qualquer indício histórico da existência desses m o­vim entos do Espírito. Felizm ente, a verdade sempre acaba prevalecendo.

III. 0 AVIVAMENTO NA ERA PRÉ-REFORMA

Por mais que o sistema papal tentasse, não conseguiu sufocar o avivam ento espiritual que, desde o Século XIV, vinha se traduzindo num a ampla reforma da Igreja. O m o­vim ento, nascido nos conventos e nas congregações subter­râneas, não tinha qualquer conotação política; sua princi­pal demanda era espiritual, como espiritual, o seu alvo: con­duzir os crentes a um com promisso maior com a Palavra de Deus. Pois todos já estavam cansados dos tentáculos cada vez mais opressos do Catolicism o que, trocando a cruz pe­los favores do Estado, tornara-se uma m era instituição.

Neste período, temos a destacar três grandes avivalistas: João Huss, João Wickliffe e Jerônim o Savonarola.

1. João Huss. Historiadores atestam que, por volta de 1315, havia na Boêm ia 80 m il crentes em Jesus Cristo. Este grande m ovimento do Espírito, que em nada diferia do Avi­vam ento Pentecostal do Brasil, começou a sacudir os alicer­ces do sistema papal. Para incendiar aquele país europeu,

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: - : território hoje é ocupado pela Checoslováquia, Deus _ s : u três hom ens: C onrado de W aldhausen, M ilic da

: fávia e Matias de Janov. Todos eles abriram caminho para çrande despertam ento que haveria de ser desencadeado

por um dos mais proeminentes precursores da Reforma Pro­testante do Século XVI.

João Huss (1369-1415) foi professor na Universidade de Praga e capelão da corte. Culto, eloqüente e convicto das reivindicações apresentadas pelas Sagradas Escrituras, ar­rebatava a audiência com os seus sermões e homílias. Não :emia ele esbravejar contra os desmandos da Igreja Católica nem contra a idolatria que, de Roma aos mais escondidos recantos da Europa, vinha afastando o povo de Deus da salvação em Cristo Jesus.

Intimado a com parecer ao Concilio de Constança, soli­citou um salvo-conduto ao im perador Sigismundo. Mas o documento de nada lhe serviria. Num ato de escandalosa arbitrariedade, os membros do concilio condenaram -no à fogueira.

Se a Igreja Católica pensava que, com a m orte de Huss, o grande avivam ento da Boêm ia iria gorar, enganaram-se. Quando da Reform a Protestante, havia no país quatrocen­tas igrejas e uma versão com pleta da Bíblia em língua che­ca. A obra de João Huss sobreviveu através da Igreja dos Irmãos Unidos.

Conta-se que João Huss, no m om ento de sua morte, proferiu uma das mais famosas elocuções proféticas da Igreja Cristã: "H oje, vós queimais um ganso. Daqui a cem nos, porém, nascerá um cisne; contra ele nada podereis fazer". Huss, cujo significado em língua checa é "gan so", havia de fato profetizado; um século depois de sua m orte, M artinho Lutero deflagrava a Reform a Protestante; não houve quem calasse a voz do cisne alemão.

2. João Wikcliffe. Quando a Igreja Católica arvorava-se como dona absoluta de todas as coisas, inclusive das Sagra­

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das Escrituras; quando o papa arrogava-se como o vigário de Cristo, achando-se no direito de proibir a leitura da Pala­vra de Deus; quando o romanismo colocava-se acima dos profetas hebreus e dos apóstolos de Nosso Senhor, eis que se ergue um hom em que ousa declarar:

"A s Sagradas Escrituras são uma propriedade do povo, e uma possessão que ninguém pode arrancar do povo. Cristo e seus apóstolos converteram o m undo para fazer conheci­das as Escrituras, e eu oro de todo coração que, por obede­cermos ao que está contido neste livro, possamos provar a vida eterna". Tem início o avivam ento de John W ickliffe (1330-1384).

A fim de que o povo viesse a conhecer a Palavra de Deus, traduziu ele a Bíblia para o inglês, colocando o Santo Livro à disposição de seus evangelistas. Seu maior anelo era educar os britânicos no Evangelho de Cristo. Em virtude de sua obra, Wickliffe pode ser considerado, com justa razão, o patrono dos tradutores do texto sagrado. Além disso, empreendeu ele uma luta renhida e sem quartel contra a corrupção do clero romano que, ao invés de cuidar das pobres almas, de­leitava-se em gastar as ofertas e os dízimos dos fiéis em fes­tas e orgias. Para Wickliffe, a Igreja somente haveria de m e­lhorar quando deixasse de lado as influências de Roma.

O historiador Pedro R. Santidrián assim resume a b io­grafia do reformador inglês:

"A vida, a obra escrita e a atividade de Wickliffe devem ser entendidas a partir da exigência de limpar a teologia e a prática cristãs das degenerações e excrescências de sua épo­ca. Queria levar à consciência e ao ânimo dos fiéis a diferença entre a igreja como é e o ideal da Igreja como devia ser. Isso pressupõe uma visão crítica e histórica ao mesmo tempo: ambas estão presentes em Wickliffe, como o estão, mais ou menos claramente, em muitos outros contemporâneos seus".

3. Jerônimo Savonarola (1452-1498). Tinha Savonarola vinte e três anos quando resolveu entregar-se à vida monás-

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n S u a convicção, eloqüência e fervor espiritual tornaram- ■: ramoso como pregador. A semelhança dos primeiros dis- —pulos, proclamava o Evangelho de Cristo em toda a sua r-ireza, m ostrando a todos ser este o único caminho que nos pede conduzir a Deus. Embora alguns historiadores não o admitam, era Savonarola um autêntico pentecostal. Doutra :: nua, como haveria de protestar com toda aquela veemên­cia e unção contra a imoralidade que grassava em Florença?

Ouçamos como Villari descreve o avivam ento desenca­rnado por Savonarola:

"A pregação do Superior do Convento confundiu os seus inimigos, pois mudou completamente o aspecto da cidade. As mulheres largavam o uso de jóias e passavam a trajar com simplicidade. Os moços libertinos eram transformados em ressoas sóbrias e espirituais e as igrejas ficavam repletas nas horas de oração. Também a Bíblia era lida com diligência.

"A fama deste m aravilhoso pregador divulgou-se en­tão por todo o m undo, por meio dos seus sermões im pres­sos. O próprio sultão da Turquia ordenou que fossem tra­duzidos para o turco, para o seu próprio estudo. Sem dúvi­da, o alvo de Savonarola era ser m eram ente o regenerador da religião. Como um dos primeiros protestantes e um dos arautos da Reforma, Savonarola logo entrou em conflito com o papa e como resultado disso foi executado em 1498".

Em seu sermão do advento, Savonarola conclam a a to­dos os seus com patriotas a que sirvam a Deus na beleza de sua santidade:

"N ossa Igreja tem muitas belas cerimônias externas para dar so le n id a d e aos o fíc io s e c le s iá s t ic o s , com b ela s vestimentas, com m uitos estandartes, com candelabros de ouro e prata. Tu vês ali aqueles grandes prelados com m a­ravilhosas mitras de ouro, e esses hom ens te parecem de grande prudência e santidade. E não acreditas que possam esquivar-se, senão que tudo o que dizem e fazem deve ob­servar-se no Evangelho. Eis como está construída a Igreja moderna. Os homens contentam-se com essas folhagens. Os

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que te odeiam, Senhor, são os pecadores e os falsos cristãos, e principalm ente os que estão constituídos em dignidades. E estes são glorificados hoje por terem acabado com a rigi­dez e a severidade dos cânones, com as instituições dos san­tos homens de Deus, com a observância das boas leis. Vês hoje os prelados e os pregadores prostrados com seu afeto em terra, o cuidado das almas já não lhes inquieta o cora­ção, somente pensam em tirar proveito".

Savonarola muito com bateu o papa Alexandre VI e sua corte m undanizada, despótica e ímpia. Por causa de sua coragem, foi excomungado pela Igreja Católica em 1497. No ano seguinte, o grande pregador, o arauto que Deus tinha em Florença era queimado num a fogueira; seu testemunho continua a arder até aos dias de hoje.

IV. 0 AVIVAMENTO DURANTE A REFORMA

A profecia de João Huss cumpriu-se. Se os adversários da Obra de Deus conseguiram queimar o ganso da Boêmia, não haveriam de calar a voz do cisne de Eisleben. A partir de M artinho Lutero, iria a Igreja de Cristo voltar aos tem ­pos de refrigério dos Atos dos Apóstolos. Não seria uma m era reforma; deflagrar-se-ia um grande avivamento que, a partir da Alemanha, haveria de mudar radicalmente a vida da Europa e do mundo.

No Século XVI, temos a destacar dois grandes avivalistas que, por força das circunstâncias, entraram para a história como reformadores: M artinho Lutero e João Calvino. M ui­to devemos ao trabalho destes campeões de Deus. Sua obra influenciou profundam ente a vida política, econômica, so­cial, cultural e espiritual de seus contem porâneos. M ax Webber, por exemplo, afirma que, sem a Reform a Protes­tante, o M undo Ocidental jam ais teria alcançado o atual es­tádio de desenvolvimento.

Considerem os, porém , Calvino e Lutero como dois frá­geis vasos que Deus, em sua insondável graça, usou pode-

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•: samente para reformar e avivar a sua Igreja que jazia des- ~ r_irada pelos desmandos, pecados e iniqüidades do siste­ma t?apal.

1. M artinho Lutero (1483-1546). Lutero é oriundo de -m a família hum ilde e operária da antiga cidade alemã de z_~.eben. Em 1505, já doutor em filosofia, entrou para a or- :e m dos agostinianos, onde, em profundo recolhimento, mergulhou nas obras de Agostinho. Todavia, é nas epísto- :-i de Paulo que o disciplinado e piedoso monge encontra-

a tão esperada paz com Deus. Na Epístola aos Romanos, : - - :obre ele que o hom em jam ais será justificado por suas : rras; quem o justifica é Deus através da fé em Cristo Jesus

A vida de Lutero não era só estudo; dedicava-se ele a : ngas e profundas orações. Escreve William E. Allen: "Lutero

orava, horas seguidas cada dia. Certa vez um espia o acom­panhou a um hotel. No dia seguinte contou ao patrão que Lutero tinha orado por quase toda a noite e que ele jamais poderia vencer uma pessoa que orava daquele jeito".

Foi esse gigante que Deus usou para deflagrar a maior reforma da Igreja. No dia 31 de outubro de 1517, fixou ele nas portas da catedral de W itemberg suas Noventa e Cinco Teses, nas quais condenava os desmandos papais quanto às indulgências. Com igual ím peto, realçava a doutrina da sal­vação pela fé nos m éritos de Cristo Jesus.

M artinho Lutero foi um autêntico pentecostal. De con­formidade com alguns teólogos e historiadores, entre os quais o pastor batista norte-am ericano Jack Deere, era ele batizado no Espírito Santo, falava línguas, profetizava e possuía todos os dons espirituais. A final, com o poderia Lutero haver executado um trabalho tão árduo e difícil quan­to à Reforma Protestante? Infelizmente, como salienta Deere, os revisores que se encarregaram de atualizar a linguagem dos grandes clássicos evangélicos, substituíram a sem ânti­ca original de m uitas obras por um vocabulário liberal, hum anista e sem a força que os seus autores lhes haviam imprimido. Ao invés de dizer, por exemplo, que Martinho

■ d m m a a r d e r á c o n t in u a m e n te

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Lutero era cheio do Espírito Santo e profetizava, escreve­ram ter sido ele um hom em pleno de entusiasmo pela refor­ma que empreendia, e que era dotado de um agudo senso de oportunidade para com preender o seu tempo. Na ver­dade, o que M artinho Lutero e outros cam peões de Deus possuíam era a unção que levou Pedro e os demais apósto­los a levar a m ensagem de Cristo até aos confins da terra.

2. João Calvino (1509-1564). A cidade suíça de Genebra era um antro de iniqüidades. Ali, a porta do inferno acha­va-se escancarada. Calvino, porém , resolveu provar que, através do Evangelho de Cristo, é possível mudar não so­mente pessoas como cidades e civilizações. Com base nas Escrituras Sagradas, im plantou ele em Genebra um regime teocrático tão eficiente que, passados alguns anos, a cidade já era contada entre as melhores da Europa.

Nos vinte anos em que João Calvino esteve em Gene­bra, testem unharam os suíços o que pode fazer um hom em que tem a Bíblia como a sua única regra de fé e prática. As tavernas tiveram suas portas cerradas; os casamentos fo­ram regularizados; os pecados contra a castidade, severa­mente punidos. As m odas escandalosas e ofensivas à moral e aos bons costumes, substituídas pela modéstia.

Genebra, agora, era a cidade de Deus. Universidades são criadas; o ensino fundamental torna-se modelo para toda a Europa. Quanto ao trabalho, encaravam -no todos como dádiva dos céus, e não como a m aldição im posta sobre os filhos de Adão e Eva. E foi exatam ente aí, conform e opinam alguns historiadores, que nasce o capitalismo. Um capita­lismo, aliás, que nada tem a ver com o capitalism o selva­gem de nossos dias; era um capitalismo que gerava riqueza e distribuía eqüanim em ente a renda.

Teólogo, reformador, avivalista. Mas, acima de tudo, um homem usado poderosamente por Deus para expurgar a Igre­ja dos erros e tradições romanistas que, há séculos, vinham enfermando o corpo místico de Cristo. Teve o seu avivamen­to um alcance tão grande que, decorridos cinco séculos, Ge-

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n e b ra ainda conserva, apesar de todos os excessos do mundo ~ :dem o, sua austeridade, progresso e cultura.

Xeste período, temos a destacar também a João Knox 1:13-1572), que, diante da situação em que vivia o seu país, : a a incessantemente: "Oh, Senhor, dá-me a Escócia, ou eu

— rro!" Desde 1559, quando começou ele a percorrer o país, è é ao momento de sua morte, milhares de pessoas converte­ram-se ao Senhor Jesus. E a Escócia, dantes tão agregada a ornai religiosidade sem vida, foi convertida à fé cristã.

V. 0 AVIVAMENTO PÓS-REFORMA

Os sucessores de Lutero e Calvino, infelizm ente, não souberam m anter o ím peto da Reform a Protestante. Igno­rando as bases do avivam ento bíblico; m enosprezando o «xercício da piedade; deixando de lado as poderosas armas >iv*s reformadores: a oração e o jejum ; desviando-se da rota raquela geração que, embora am eaçada por forças tão su­periores, ousaram tremular o estandarte da fé; e fraquejando ar te as dem andas m ais legítim as das Escrituras, acabaram por cair naqu ilo que os h istoriad ores d enom inam de E scolástica Protestante.

1. O que é a Escolástica Protestante. Assim é conhecida a teologia dos reformadores elaborada nos seminários e uni­versidades ao longo do Século XVII. A Escolástica Protestan­te tinha como principal objetivo dirimir as dúvidas que ain­da persistiam acerca dos princípios que levaram Martinho Luterano, no século anterior, a deflagrar a Reforma Protes­tante. Embora minuciosa em suas definições, e apesar de tra­tar os temas com precisão, lógica e coerência, a Escolástica Protestante pouca importância dava à teologia prática.

E claro que os cristãos necessitam os de doutrinas claras e bem definidas. Não podem os, contudo, nos perder em conceitos e discussões estéreis. É uma tragédia quando a Igreja considera a teologia mais im portante que Deus, ou quando coloca as definições acima do objeto a ser definido.

■ U M A ARDERÁ CONTINUAMENTE

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FUNDAMENTOS BÍBLICOS DE UM AUTÊNTICO AVIVAMENTO

Tais querelas levaram os crentes reformados a perder a for­ça do primeiro amor.

O Espírito Santo, porém , já estava preparando o terreno para outros avivam entos e reformas.

2. A devoção germana. Assim é conhecido o m ovim en­to desencadeado na Igreja Luterana, em 1666, pelo pastor Spenner. Já não podendo m ais suportar a religiosidade amorfa e apática dos herdeiros de Lutero, clamou ele a Deus, pedindo-lhe uma intervenção mais que urgente. Orando e jejuando, milhares de crentes luteranos puseram -se a estu­dar a Bíblia e a evangelizar os estados alemães. Cada leigo transform ou-se num poderoso evangelista.

Relegando a segundo plano as discussões travadas nos seminários e universidades, os crentes dem onstraram , na prática, que a igreja, quando verdadeiram ente pentecostal, sempre acaba por triunfar sobre o reino de Satanás.

3. O avivamento dos Morávios. Até a chegada do Con­de Zinzendorf a Herrnhut, os colonos dessa região não con­seguiam viver em paz. Achavam-se eles, à semelhança dos coríntios, divididos em partidos e grupos. Zinzendorf, con­tudo, pôs-se a orar para que aqueles irmãos vivessem de fato com o irmãos.

No dia 12 de maio de 1727, todos os grupos, deixando de lado suas diferenças e velhas rixas, resolveram agir como Igreja de Cristo. Tinha início, naquele m om ento, um dos maiores avivam entos de todos os tempos. Eis o que escreve o historiador A. Bost: "D esde aquele tem po houve adm irá­vel efusão do Espírito Santo sobre esta venturosa Igreja, até o dia 13 de agosto, quando a m edida da graça divina pare­cia transbordar com pletam ente". Prossegue o historiador: "Todo o dia trazia alguma nova bênção. O Conde se pôs a visitar os irmãos. Este foi o começo daqueles pequenos agru­pam entos que foram depois cham ados 'grupos de oração'".

C o ro a n d o a q u ele a v iv a m e n to , D eu s le v a n ta os morávios. A semelhança dos prim itivos cristãos, saíram eles

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5-3ERÁ CONTINUAMENTE

a : : r.quistar o mundo para Cristo. Chegaram à Groenlândia, íb índias Ocidentais, às Am éricas, à África do Sul, à Ásia e à- - r rrãlia. Os morávios arrebataram multidões de almas das £srras de Satanás.

VI. 0 AVIVAMENTO WESLEYANO

A reforma protestante abraçada pela Inglaterra não era ■em reforma nem protestante. Era mais um ato político de- t 'ri que VIII. A fim de se vingar do papa que lhe não havia : t rrritido divorciar-se, resolvera criar sua própria igreja. Atra- wés iesta não somente ele, como vários de seus descenden-

contariam sempre com o devido suporte teológico para B vemar de acordo com as suas conveniências e caprichos. Deus, porém, levantaria um homem para reverter essa situa- íã : Desafiando o poder da igreja estatal, haveria ele de con- : _zrr os ingleses a um poderoso avivamento.

João Wesley (1703-1791) é uma prova incontestável do ruanto pode Deus operar na vida daqueles que, sem reser-

as, se entregam a Ele. Insuspeitos historiadores são unâni- rn.es em afirmar que, não fora o avivam ento wesleyano, a mglaterra certam ente enfrentaria um a provação tão cala­mitosa quanto à Revolução Francesa. Eis o que escreve Pedro

5antidrián:"A pregação e a obra de J. W esley inspiram -se no m o­

vim ento 'revivalista' inglês im buído no pietism o e no pu~ ritanism o da época. Sua doutrina fundam ental é baseada na justificação pela graça por m eio da fé individual. Daí a insistência na conversão. 'O sincero desejo de salvar-se do pecado pela fé em Jesus Cristo e de dar provas disso na vida e na conduta' é a condição única para ser adm itido r a Igreja.

"S u a exp eriên cia e sua a tiv id ad e de m ission ário dnerante estão reunidas em seus Diários de Campanha. Sua

o bra de organizador e legislador está nas Regras (1743) para as sociedades m etodistas. O Livro dos Ofícios, de caráter

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anglicano, guarda seu espírito e insiste na prédica da Pala­vra e no canto de hinos, em sua m aior parte com postos por ele. Desta forma, Wesley e seus 'evangelizadores' pregaram e cantaram a fé em Cristo. Nesta obra, seu irmão Charles tem o m érito de ser o principal colaborador, sobretudo na com posição de hinos, dos quais é considerado com o o m ai­or com positor em língua inglesa.

"O m ovimento 'revivalista' de Wesley influiu muito nas cham adas Igrejas L ivres da In glaterra: p resbiterianos, congregacionalistas e batistas. A própria Igreja Anglicana, embora oposta à prédica m etodista, sofreu sua influência. A vida inglesa passou por uma profunda transform ação em sua moral privada e pública. O nom e de Wesley ficará para sempre como o do grande pregador que 'revitalizou a vida religiosa e moral dos ingleses"'.

O evangelista João Wesley é considerado um dos mais autênticos pais do pentecostalismo. A experiência do cora­ção ardente foi, na verdade, o recebim ento do batism o no Espírito Santo.

VII. OS GRANDES AVIVAMENTOS AMERICANOS

Grandes foram as provações enfrentadas pelos Estados Unidos ao longo de sua história. Todavia, os americanos, educados na Palavra de Deus, haveriam de vencer todos os obstáculos; sabiam que bem-aventurada é a nação cujo Deus é o Senhor. Se as provações foram grandes, os avivam entos foram maiores. O que dizer do Grande Despertamento con­duzido por Jônatas Edwards?

1. O grande despertamento. Tendo início em 1735, o avivam ento alastrou-se por toda a América, preparando o povo para as tem pestades que já apareciam no horizonte d aq u ele im en so co n tin en te . N este em p reen d im en to , Edwards contou com a ajuda do eloqüente pregador inglês Jorge W hitefield . Sobre este período, d iscorre W illiam Conant:

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C H A M A ARD ERÁ CO N TIN U A M EN TE

"A pregação do Evangelho era acom panhada do poder mais adm irável em toda a parte de Nova Inglaterra; e os avivamentos deram nova vida e m ultiplicaram membros para as igrejas, em maior número de cidades do que pode­mos assinalar neste pequeno espaço, por todo o Estado de X ova Inglaterra e Estados do Centro.

"O s novos convertidos eram fervorosos em espírito. Eles tinham paixão pela salvação de alm as. Em preendi­m entos nunca vistos foram em pregados im ediatam ente para a divulgação do Evangelho. A lguns iam de casa em casa, em suas respectivas v izinhanças, adm oestando a todo o hom em , exortando a todos a voltar-se ao Senhor. Pastores piedosos eram despertados a um esforço fora do com um , e crentes antigos renovavam a m ocidade. O Se­nhor dava a m ensagem e grande era o núm ero dos que a anunciavam ".

Este é o testemunho de Edwards: "H avia notáveis sinais da presença de Deus em quase toda casa. Era um tempo de alegria nos lares por causa da salvação que neles entrava; pais se regozijavam pela conversão dos filhos; esposos, pelas esposas; e esposas pelos esposos. Os passos de Deus eram visíveis em seu santuário. Os domingos eram um deleite, e os seus tabernáculos eram cativantes".

2. O avivam ento de B rain erd . Enquanto se dedicava à conversão dos índios, Brainerd pôs-se a orar por um avivam ento que viesse a sacudir os am ericanos da letar­gia em que se encontravam . Suas orações foram ouvidas. Em 1745, com eçou a relatar em seu diário as etapas do que D eus com eçou a operar não som ente entre os aborí­genes da A m érica com o tam bém entre os hom ens bran­cos; afinal, todos precisavam desesperadam ente de C ris­to. N ão fora o despertam ento de D avid Brainerd, a tragé­dia entre os índios am ericanos teria sido bem maior. M as aprouve a D eus intervir, a fim de que m uitos hom ens de pele verm elha v iessem receber a C risto com o seu pessoal salvador.

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3. Outros avivamentos na América. Tivéssemos mais espaço, certamente poderíamos discorrer sobre o avivam en­to puritano e acerca dos quakers. O que dizer de Finney? Moody? Todavia, estava o Senhor preparando o terreno para um grande, poderoso e irresistível despertam ento que, ten­do início na América do Norte, iria logo espraiar-se por todo o mundo.

VIII. 0 AVIVAMENTO PENTECOSTAL

Para discorrer acerca do Avivamento Pentecostal, fran­quearemos a palavra ao jornalista Emílio Conde reconheci­do como o apóstolo da imprensa evangélica do Brasil:

"O s historiadores que se ocupam do Avivamento Pen­tecostal do século 20 são unânim es em m encionar a Rua Azusa, em Los Angeles, Califórnia, em 1906, como o centro irradiador de onde o avivam ento se espalhou para outras cidades e nações.

Em verdade, a Rua Azusa transform ou-se em poderosa fogueira divina, onde centenas e milhares, de todos os pon­tos da Am érica, atraídos pelos acontecim entos, iam ver o que se passava, eram batizados com o Espírito Santo, e le­vavam para suas cidades essa cham a viva - o batism o com o Espírito Santo.

"P orém quem levou a m ensagem pentecostal a Los Angeles, foi uma senhora m etodista, que, por sua vez, a re­cebeu na cidade de Houston, quando aí fora visitar seus parentes. Podíam os citar aqui os avivam entos na Suécia em 1858, e 1740 na Inglaterra. Na Am érica do Norte, podem -se m encionar os avivam entos nos Estados de Nova Inglaterra em 1854, e na cidade de M oorehead, em 1892, seguidos dos de Galena, Kansas, em 1903, e Orchard e Houston, em 1904 e 1905 respectivamente.

"Reportem o-nos, pois, aos acontecim entos do ano de 1906, na Rua Azusa. Em um edifício de forma quadrangular, que anteriorm ente servira como arm azém de cereais, reuni­

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A C H A M A A R D ER Á CO N TIN U A M EN TE

am-se milhares de hom ens e mulheres sedentos pela graça divina, clamando por um avivam ento, intercedendo pelos pecadores, desejosos de vida abundante, vida de triunfo sobre o pecado.

"O pastor W. J. Seymour, que servia nessa igreja, não era pregador eloqüente; porém seu coração ardia de zelo pela pu reza da obra do Senhor, e sua m en sagem era vivificada pelo Espírito Santo. O pastor Seym our pregava a Palavra de Deus, anunciava a prom essa divina, o batism o com o Espírito Santo, e, a seguir, sentava-se no púlpito, ten­do o rosto entre as m ãos, e orava para que Deus operasse nos corações dos ou vintes. O que acon tecia , en tão , é inexplicável: O poder de Deus pousava sobre a congrega­ção; a convicção das verdades divinas inundava os cora­ções; o desejo de santidade dom inava as almas; e, repenti­nam ente, brotavam os louvores dos corações; m uitos eram batizados com o Espírito Santo, falavam em línguas; outros profetizavam ; outros ainda cantavam hinos espirituais.

"A notícia desses acontecimentos foi anunciada em toda a cidade, inclusive nos jornais seculares, que enviaram re­pórteres para descreverem os fatos.

"O s membros das várias igrejas, uns por curiosidade, outros por desejo de receber mais graça do céu, iam ver com os próprios olhos, o que parecia ser obra de fanáticos; todos saíam convencidos de que era um movimento divino, e trans­formavam-se em testemunhas e propagandistas do Movimen­to Pentecostal que estava em ação em Los Angeles.

"Sim ultaneam ente com o de Los Angeles, outros aviva­m entos aconteciam na Inglaterra e na índia. De várias cidades da América do Norte, crentes e ministros, atraídos pelos fatos, foram até Los Angeles, para constatarem a vera­cidade destes. Quando esses visitantes voltavam às suas ci­dades, eram como tochas a arder e a espalhar o fogo de Deus.

"D entro em pouco os grandes centros urbanos norte- americanos foram alcançados pelo avivamento. Um a das cidades que mais se destacaram e se projetaram no M ovi­

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mento Pentecostal foi Chicago. As boas-novas do avivam en­to alcançaram, praticam ente, todas as igrejas evangélicas da cidade. Em algum as, houve oposição da parte de uns pou­cos, porém o avivam ento triunfou.

"O avivamento, além de outras características que o re­comendavam, destacava-se pelo espírito evangelístico e pelo interesse que despertava por outros povos, isto é, cada um que se convertia, transformava-se, também, em missionário.

"Enquanto o avivamento conquistava terreno e dom i­nava a vida religiosa de Chicago, fatos de alta im portância envolviam dois jovens que estão intimamente ligados à His­tória das Assembléias de Deus do Brasil. Na cidade de South Bend, no Estado de Indiana, que dista cerca de cem quilô­metros de Chicago, m orava um pastor batista que se cha­mava Gunnar Vingren. Atraído pelos acontecim entos do avivamento de Chicago, o jovem , originário da Suécia, foi a essa cidade a fim de certificar-se da verdade; ante a dem ons­tração do poder divino, ele creu, e foi batizado com o Espí­rito Santo.

"Pouco tem po depois, Gunnar Vingren participava de uma convenção de igrejas batistas, em Chicago, que aceita­ram o M ovim ento Pentecostal, onde conheceu outro jovem sueco que se cham ava Daniel Berg que tam bém fora batiza­do com o Espírito Santo.

"O s dois jovens trocaram idéias, e descobriram, então, que Deus os guiava no mesmo sentido, isto é, que o Senhor desejava enviá-los com a m ensagem a terras distantes, mas não sabiam aonde seria.

"A lgum tem po depois, Daniel Berg foi visitar o pastor Gunnar Vingren em South Bend. Nessa ocasião, em uma reunião de oração, Deus, através de uma m ensagem profé­tica, falou ao coração de Daniel Berg e Gunnar Vingren, que partissem a pregar o Evangelho, e as bênçãos do Avivamento Pentecostal. O local fora m encionado na profecia: Pará. N e­nhum dos presentes conhecia tal lugar. Após a oração, os dois jovens foram a uma livraria a fim de consultar um mapa

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A CHAMA ARDERÁ CONTINUAMENTE

que lhes m ostrasse onde estava localizado o Pará. Desco­briram , então, que se tratava de um estado do Norte do Bra­sil. Ambos ardiam de zelo pela causa de Cristo; eram tochas dessa fogueira que ardia em Chicago.

"A cham ada divina foi confirm ada, mais tarde, quando se reuniam para orar nesse sentido, não uma vez, m as três dias seguidos. Tratava-se de uma cham ada de fé, e só a fé poderia conduzi-los à vitória. Eles não tinham qualquer promessa de auxílio, quer de igrejas, quer de particulares, mas tinham o coração cheio de confiança em Deus, e isso lhes dava mais segurança do que qualquer prom essa hu­m ana que acaso lhes fosse feita.

"G unnar Vingren e Daniel Berg despediram -se da igre­ja e dos irmãos em Chicago, pois a ordem divina era mar­char para onde lhes fora designado ir. A igreja levantou uma coleta para auxiliar os m issionários que partiam; a quantia que lhes fora entregue, dava exatam ente para a passagem até Nova Iorque. Mas não sabiam como conseguirem di­nheiro para com prar a passagem até o Pará. Esse pensa­mento, parece, não os preocupava, pois eles não se detive­ram à espera de recursos.

"A prim eira etapa da viagem foi iniciada com oração. Na estação da estrada de ferro, antes de embarcarem para Nova Iorque, ante os olhares da m ultidão, ajoelharam-se, deram graças a Deus, e pediram direção para a jornada, e partiram para uma terra que não conheciam.

"C hegaram à grande m etrópole, N ova Iorque, sem conhecerem ninguém , e sem dinheiro para continuar a viagem. Naquela cidade, tudo era grande e m ajestoso e im­pressionante. O m ovimento das grandes avenidas; os edi­fícios im ponentes e m ais altos do que quaisquer outros, pareciam alheios à m issão dos dois viajores. As multidões apressadas, e as grandes lojas poderiam causar admiração aos dois provincianos recém-chegados, porém não lhes ofus­cava a visão da grandeza da missão de que haviam sido incumbidos.

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"N ão sabemos o que pensavam os dois forasteiros ao contem plarem o esplendor da babel m oderna, na expectati­va de uma viagem que lhes custaria 90 dólares, e sem terem tal importância. Supomos que eles, entre aquele vaivém da m ultidão, oravam ao Senhor que os protegesse e guiasse.

"Cam inhavam os nossos irmãos por uma das ruas de Nova Iorque, quando encontraram um negociante que co­nhecia apenas o jovem Gunnar. Na noite anterior, enquanto estava em oração, o negociante sentira que devia enviar certa im portância ao irmão Vingren. Pela m anhã colocou a refe­rida im portância em um envelope, para m andá-la pelo cor­reio, mas logo a seguir encontrou-se com os dois enviados do Senhor; contou-lhes o que Deus lhe fizera sentir, isto é, que m andara entregar aquela quantia ao irmão Vingren, e entregou-lhe o envelope.

"Q uando o irmão Vingren abriu o envelope, quase não podia acreditar; nele havia 90 dólares - exatam ente o custo da viagem até ao Pará. Quantas glórias a Deus os nossos irmãos deram, naquela hora, não sabem os, mas que foram m uitas, disso temos certeza.

"Aquela oferta de 90 dólares tinha grande significação, não só porque era suficiente para a passagem, mas também porque confirmava, mais uma vez, que os novos missionári­os estavam, de fato, na vontade de Deus. Não se encontra­vam eles empenhados em uma obra de fé? A fé tinha de ser provada para ter valor. Por isso Deus lhes enviara 90 dólares; nem mais nem menos do que o necessário, mas o suficiente.

"N o dia 5 de novem bro de 1910, a bordo do Clement, os m issionários deixavam a frígida Nova Iorque, com destino à cálida Belém do Pará. A m issão dos nossos irm ãos ini- ciou-se ali m esm o, a bordo do navio, entre tripulantes e passageiros. Eles distribuíram folhetos e evangelhos; fala­ram a Palavra de Deus e testificaram a todos. Claro está que nem todos receberam a m ensagem, porém os m issionários tiveram o privilégio de ver um dos tripulantes aceitar a Cris­to, o qual, mais tarde, foi batizado nas águas, e, com eles,

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A CHAMA ARDERÁ CONTINUAMENTE

por m uito tempo, m anteve correspondência. Era o prim ei­ro fruto de sua m issão; mais uma prova de que o Senhor estava com os seus servos.

"N o dia 19 de novem bro de 1910, em um dia de sol causticante dos trópicos, os dois m issionários desembarca­ram em Belém. Não possuíam eles amigos ou conhecidos nessa cidade; não traziam endereço de alguém que os enca­minhasse; vinham , unicam ente, encom endados à graça de Deus; tinham a protegê-los o Deus de Abraão.

"Carregando suas malas, enveredaram por uma rua. Ao alcançarem uma praça, sentaram-se em um banco para des­cansar; e aí fizeram a primeira oração em terras brasileiras. Oraram por um povo que lhes era desconhecido, mas que já amavam, e pelo qual estavam dispostos a sacrificar-se.

"N ão é fácil imaginar-se quais foram as prim eiras im ­pressões dos jovens m issionários, naquela tarde em uma praça de Belém , sentindo o sol a aquecer-lhe as roupas gros­sas e pesadas. Naquela época, Belém não possuía muitas atrações; além disso, fora invadida por m ultidões de lepro­sos vindos até de nações limítrofes com o Am azonas, atraí­dos pela notícia da descoberta de uma erva que, diziam, curava a terrível doença. A pobreza do povo tam bém con­trastava com o padrão de vida da outra América. Aprovei­tou-se de tudo isso o diabo para desanim ar os recém-chega- dos. Estes, contudo, vieram por ordem do Rei dos reis: nada os amedrontaria nem os faria recuar".

Emílio Conde narra, a seguir, como foi solidificado o M ovimento Pentecostal do Brasil e a fundação da Assem ­bléia de Deus em nossa pátria:

"P or insistência de alguns passageiros com os quais vi­ajaram, os m issionários Gunnar Vingren e Daniel Berg hos­pedaram -se num m odesto hotel, cuja diária completa era de oito mil réis. Em uma das mesas do hotel, o irmão Vingren encon trou um jo rn a l que tin ha o endereço do p astor metodista Justus Nelson. No dia seguinte, foram procurá- lo, e contaram-lhe o que Deus fizera com eles.

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"Com o Daniel Berg e Gunnar Vingren estivessem até aquele momento ligados à Igreja Batista na América (as igre­jas que aceitavam o avivamento perm aneciam com o m es­m o nome), Justus N elson acom panhou-os à igreja batista, em Belém , e apresentou-os ao responsável pelo trabalho, Raim undo Nobre. E, assim , os m issionários passaram a m orar nas dependências da igreja.

"A lguns dias depois, Adriano Nobre, que pertencia à igreja presbiteriana, e m orava nas ilhas, foi a Belém avistar- se com o prim o Raimundo Nobre. Este apresentou os m is­sionários a Adriano que, de imediato, m ostrou-se interessa­do em ajudá-los. Adriano, que falava inglês, convidou-os, então, a passarem alguns meses nas ilhas.

"E fo i u m a su rp resa p ara os m o ra d o re s do R io Tajapurú a chegada dos m issionários suecos em com pa­nhia de A driano que possuía várias propriedades na re­gião. O local em que se hospedaram cham ava-se Boca do Ipixuna.

"É de se supor que os m issionários ficassem surpresos com a exuberância e armadilhas da selva.

"E les passaram a m orar no quarto de A drião, irmão de Adriano. A drião, que nesse tem po ainda não éra cren­te, contou que ficara im pressionado com a vida de oração dos jovens m issionários. A qualquer hora da noite que des­pertasse, lá estavam os jovens orando, a sós com Deus, em voz baixa, para não incom odar os que dorm iam .

"A o fim de algum tempo, os m issionários voltaram a Belém, e continuaram a freqüentar a igreja batista. Agora já podiam falar português. Vingren continuou a estudar a lín­gua, enquanto Daniel trabalhava como fundidor. Passado algum tempo, Berg começou a dedicar-se ao trabalho de colportagem.

"O s avivamentos nascem na oração, e aqueles que v i­vem nos avivam entos alim entam -se da oração. Como os jovens m issionários tinham o coração avivado pelo Espírito Santo, oravam de dia e de noite. Eles oravam sem cessar.

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"Esse fato chamou a atenção de alguns membros da igre-a, que passaram a censurá-los, considerando-os fanáticos

por dedicarem tanto tempo à oração. Mas isso não os abala-a. Com desenvoltura e eloqüência, pregavam a salvação

em Cristo Jesus e o batism o com o Espírito Santo, sempre baseados nas Escrituras.

"E , assim, alguns membros daquela igreja batista cre- ram nas verdades do Evangelho Com pleto que os m issio­nários anunciavam. Os primeiros a declararem publicamen­te sua crença nas prom essas divinas foram as irmãs Celina Albuquerque e Maria Nazaré. Elas não somente creram, mas determinaram perm anecer em oração até que Deus as bati­zasse com o Espírito Santo conform e o que está registrado em Atos 2.39.

"N um a quinta-feira, à uma hora da m anhã de dois de junho de 1911, na Rua Siqueira M endes, 67, na cidade de Belém, Celina de Albuquerque, enquanto orava, foi batiza­da com o Espírito Santo. Com eçaria aí, tam bém , a luta acir­rada contra uma verdade doutrinária tão bem docum enta­da nas Sagradas Escrituras - a atualidade do batism o com o Espírito Santo e dos dons espirituais.

"Logo que amanheceu, a irmã Nazaré apressou-se em ir à casa de José Batista de C arvalho, na A venida São Jerô n im o , 224 , a lev ar as boas n o v as de que C elin a Albuquerque recebera a promessa. Na casa de José Batista, achavam-se reunidos vários irm ãos, entre eles, M anoel Ro­drigues, que até então era diácono da igreja batista. Mais tarde, testemunharia o irm ão Manoel: Foi nesse momento que passei a crer no batism o do Espírito Santo.

"O acontecim ento foi im ediatam ente divulgado. Na igreja batista, alguns creram, porém outros não se predis­puseram a, sequer, a com preender a doutrina do Espírito Santo. Dois partidos estavam criados.

"N esse dia, o culto mais parecia um campo de disputas, um duelo de palavras. A lguns crentes, aferrados a um tradicionalismo sem qualquer base bíblica, ameaçavam exal-

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tadam ente os partidários da doutrina que tanto caracteri­zara a Igreja Prim itiva e os grandes avivam entos que se su­cederam.

"Após o culto, vários irmãos resolveram ir à casa da irmã Celina a fim de verificarem, pessoalmente, o que estava acon­tecendo. Entre aqueles que foram à rua Siqueira M endes, encontrava-se José Plácido da Costa, Antônio Marcondes Garcia e esposa, Antônio Rodrigues e Raim undo Nobre.

"N o dia 10 de junho, a igreja estava em efervescência. Ninguém faltou. A irmã Celina, que fora batizada com o Espírito Santo, com pareceu, porém não lhe perm itiram que dirigisse a classe de Escola Dominical. O irmão José Plácido da Costa, conquanto superintendente desta, nada pôde fa­zer a respeito.

"A ig re ja a in d a não tin h a p astor. Foi en tão que Raimundo Nobre, sem qualquer autoridade legal, convo­cou a igreja para reunir-se extraordinariam ente no dia 12.

"N esse dia, Raim undo Nobre apoderou-se do púlpito, e atacou os partidários do M ovim ento Pentecostal. O gru­po atacado reagiu com o outrora reagiram os discípulos quando am eaçados pelo Sinédrio. E lá estava a irm ã Celina exaltando a Cristo em línguas estranhas. Não havia m ais o que se discutir; as posições estavam definidas. N esse m o­m ento, Raim undo N obre, de form a arbitrária, propôs que ficassem de pé todos aqueles que aceitavam a doutrina do Espírito Santo.

"A m aioria pôs-se de pé."Imediatamente Raimundo Nobre propôs à minoria que

excluísse a maioria. Não poderia haver ilegalidade mais fla­grante. Os membros atingidos, porém , não se atem oriza­ram . O irm ão M anoel R od rigu es levan tou -se e, ou sa­damente, leu em Atos dos Apóstolos 2.39, onde claramente está escrito: Porque a prom essa voz diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe; a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar. O irmão Plácido tam bém se le­vantou, e leu em 2 Coríntios 6.17,18. A seguir, os "rebeldes"

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oraram, e, de m ãos erguidas, dando glória ao Cristo am a­do, abandonaram o local.

"Para conhecim ento da posteridade, registram os aqui os nomes dos que, arbitrariam ente, foram excluídos daque­la igreja batista por haverem recebido a fé apostólica: Celina e seu marido Henrique de Albuquerque; Maria Nazaré; José Plácido, Piedade e Prazeres da Costa, estas, respectivamen- te esposa e filha daquele; M anoel M aria Rodrigues e espo­sa, Jerusa Rodrigues; Emília Dias Rodrigues; M anoel Dias Rodrigues; João Dom ingues; Joaquim Silva; Benvindo Sil­va, Teresa Silva de Jesus e Isabel Silva, respectivam ente es­posa e filhos; José Batista de Carvalho e esposa, M aria José de Carvalho; Antônio M endes Garcia. Dessa lista, 17 eram membros, e os outros, m enores de idade.

"A pós os em polgantes acontecim entos que duraram exatamente dez dias, o pequeno grupo, no dia 18 de junho de 1911, convidou Daniel Berg e Gunnar Vingren a com pa­recerem na rua Siqueira M endes, 67, em Belém. Com estas 17 pessoas, expulsas arbitrariam ente da igreja batista, fun- dava-se a Assembléia de Deus que, nas décadas seguintes, espantaria o mundo com a pujança de seu crescimento.

"E m tudo isso, pode-se notar a mão de Deus operando através de hom ens e mulheres hum ildes. Como se vê, esta obra não pertence a hom em algum, m as a Deus somente.

"A n o va ig re ja estav a liv re p ara ev an g elizar. E, ousadamente, anunciava a salvação, a cura divina, o batismo com o Espírito Santo e a volta de Jesus. Estavam todos cheios do poder de Deus. Em resposta às suas orações, o Senhor operava sinais e maravilhas. Vivificando cada testemunho e sermão, o Espírito Santo convencia os mais vis pecadores.

Emílio Conde realça o espírito missionário da nova igreja:"H aviam -se passado apenas dois anos desde que a As­

sembléia de Deus iniciara suas atividades em terras brasi­leiras. Talvez alguém pensasse ser ainda muito cedo para enviar m issionários a outros países. M as, para Deus, o tem ­po oportuno é sempre hoje. O agora é o tempo de Deus.

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FUNDAMENTOS BÍBLICOS DE UM AUTÊNTICO AVIVAMENTO

"A o iniciar-se o ano de 1913, Gunnar Vingren sentiu que devia falar a José Plácido da Costa sobre a necessidade de se levar as Boas Novas a outras terras. O missionário Vingren foi direto ao assunto: Irm ão Plácido, por que não vai pregar o Evangelho ao povo português? Em bora não pudesse res­ponder afirmativamente naquele momento, Plácido da Cos­ta com preendeu que esta era a vontade de Deus.

"A m ensagem pentecostal traz, em si, o espírito m issio­nário. Com o resistir ao apelo da Grande Com issão? Foi assim na Igreja Prim itiva, e não poderia ser diferente em nossos dias. Por este motivo, o irmão Plácido não pôde re­sistir ao cham ado divino.

"N o dia 4 de abril de 1913, José Plácido da Costa e fam í­lia embarcaram no navio Hildebrand, na cidade de Belém, com destino a Portugal. Essa foi a prim eira dem onstração viva e prática do espírito missionário de uma igreja que con­tava apenas dois anos de organização.

"Segundo o relatório prestado por Plácido da Costa, o trabalho em Portugal foi estabelecido logo no mês seguinte. Ou seja: em maio de 1913. A m ensagem pentecostal já era triunfante em terras lusitanas".

CONCLUSÃO

A oração de Habacuque não foi esquecida: "Senhor, avi­va a tua obra". Desde aqueles dias até hoje, vem Deus reavivando sua obra. Não obstante nossas fraquezas, seu poder vem operando eficazm ente em cada um de seus fi­lhos. Operando Ele, quem impedirá?

Não podem os viver sem avivamento.Ore por um urgente despertar na casa de Deus; em bre­

ve, virá Cristo buscar a sua Igreja. E se não estivermos prepa­rados? O que acontecerá conosco? Não podemos perder as visitações que nos quer mandar o Senhor da Seara. Aviva­mento não é privilégio; acima de tudo, é o sopro que impul­siona a Igreja de Cristo. Todavia, o que é, realmente, um avi­vamento? E o que entraremos a ver no próximo capítulo.

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:h a m a a r d e r á c o n t in u a m e n t e

QUESTIONÁRIO

1. Que testemunho nos dá Tertuliano acerca do avivam en­to?

2. O que disse Agostinho sobre os dons espirituais?

3. Podemos considerar Martinho Lutero um verdadeiro pen­tecostal?

4. Por que Wesley é considerado um dos pais do M ovim en­to Pentecostal?

5. Discorra sobre o avivam ento nos Estados Unidos?

6. Quando teve início o m oderno M ovimento Pentecostal?

7. Faça um resumo da história do M ovim ento Pentecostal no Brasil.

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0 QUE EO AVIVAMENTO

SUMÁRIO: Introdução; I. Definindo o Avivamento; II. O Objetivo do Avivamento; III. O Avivamento no Antigo Testamento; IV. O Avi­vamento no Novo Testamento; Conclusão; Questionário.

INTRODUÇÃO

Quando M oody chegou à Inglaterra, talvez não im agi­nasse o que tencionava fazer o Senhor naquelas ilhas. Bas­taram, porém , os prim eiros dias de labor, e agora já com ­preendia estar sendo usado para conduzir um dos maiores avivamentos da história da Igreja Cristã. Se tom arm os em ­prestada a figura cristalizada pelo pastor Boanerges Ribei­ro, diríamos ter-se incendiado a seara naquele pedaço de Europa, que já com eçava a perder a pujança dos avivam en­tos anteriores.

Recuemos no tempo, e perguntem os a Moody: "O que é o avivam ento?"

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FUNDAMENTOS BÍBLICOS DE UM AUTÊNTICO AVIVAMENTO

Vivendo-o intensamente, o evangelista norte-americano responder-nos-á tratar-se de um m ovim ento do Espírito Santo. Que é um m ovimento do Espírito, não há dúvida. O difícil, entretanto, é definir esse poderoso mover do Espíri­to Santo que tem muito do vento mencionado pelo Senhor. Um vento que sopra onde quer; ouvim os-lhe a voz; não sa­bem os porém de onde vem , nem para onde vai.

Como as perguntas recusam-se a calar, garimpemos uma definição.

I. DEFININDO 0 AVIVAMENTO

Não busco aqui discutir qual a term inologia mais corre­ta: avivam ento ou reavivam ento? Difiram embora quanto ao étimo, sinonim izou-as a história da Igreja Cristã. Hoje, ambos os vocábulos são usados quase que indiferentem en­te. Como avivamento tornou-se um termo mais comum nos arraiais evangélicos luso-brasileiros, optemos por ele.

O avivam ento pode ser definido com o o retorno aos princípios que caracterizavam a Igreja Primitiva. É o retor­no à Bíblia com o a nossa única regra de fé e prática. É o retorno à oração com o a mais bela expressão do sacerdócio universal do cristão. É o retorno às experiências genuínas com o Cristo, sem as quais inexistiria o corpo místico do Senhor. É o retorno à Grande Com issão, cujo lema continua a ser: "...até aos confins da terra..." O avivam ento, enfim, é o reaparecimento da Igreja como a agência por excelência do Reino de Deus.

De acordo com Arthur Wallis, o avivam ento é a inter­venção divina no curso norm al das coisas espirituais: "É o Senhor desnudando o seu braço e operando com extraordi­nário poder sobre santos e pecadores".

Depois de haver reanim ado tantas igrejas que jaziam à m orte, Charles Finney já tinha condições de afirmar ser o avivam ento um novo começo de obediência a Deus. Onde buscaríam os outras definições? Em Lutero? Wesley? Ou,

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ÍEÉ O AVIVAMENTO

quem sabe, naqueles puritanos que procuravam alicerçar 'u a fé em experiências cada vez m ais vividas?

Infelizmente, não podemos esquecer-nos dos céticos. Ao invés de estudarem o avivamento como um todo, vêem-no apenas como um "movimento dentro da tradição cristã que enfatiza o apelo da religião à natureza emotiva e afetiva dos indivíduos". Não! O avivamento não é só emoções. Não é só carga afetiva, nem aquela euforia que hoje nos embala, e ama­nhã desaparece como que por taumaturgia. Leve-nos embora às mais ruidosas m anifestações, não é este o seu objetivo primacial, conforme acentuaria Ernest Baker: "U m avivamen­to pode produzir barulho, mas não é nisso que ele consiste. O fator essencial é a obediência de todo o coração".

Ficássemos aqui a rebuscar outras definições, ver-nos-íamos obrigados a produzir volumosa antologia do que disseram e afirmaram os campeões do Evangelho. Seguindo, contudo, o conselho de Horatius Bonar, lancemo-nos a clamar pelo mo­vimento do Espírito Santo. Vejamos, em primeiro lugar, qual o seu real objetivo.

II. 0 OBJETIVO DO AVIVAMENTO

O principal objetivo do avivamento é manter a Igreja com o a ag ên cia p or exce lên cia do R eino de D eus. E preservar-lhe as características de movimento. E arrancá-la ao denominacionalismo. E compungi-la a reassumir aquela missão que lhe deu o Cristo de forçar as portas do inferno. E conscientizá-la de que é, na verdade, um organismo e não uma organização que jaz sepultada em tradições meramente humanas.

Segundo J. Edwin Orr, o avivam ento visa reconduzir a Igreja aos tempos de refrigério. Tempos estes que, estar no cenáculo, não era privilégio apenas daqueles que com parti­lhavam da experiência readquirida na rua Azuza no princí­pio do século XX; era um privilégio de todo o povo de Deus. Mas para que estejam os no cenáculo com os 120, faz-se ne­

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FUNDAMENTOS.BÍBLICOS DE UM AUTÊNTICO AVIVAMENTO

cessário vigiarm os com o Senhor no Getsêm ani. Faz-se ur­gente chorar por um avivam ento até que este ressurja ape­sar dos olhos pesados e do coração sonolento.

Enfim , o objetivo prim ordial do avivam ento é levar a Igreja a agir como Reino de Deus. Igreja avivada não é ins­titu iç ã o ; é o R ein o em m o v im en to . E n ca ra v a assim Habacuque a Obra de Deus.

III. 0 AVIVAMENTO NO ANTIGO TESTAMENTO

Foi num momento de profunda crise, que Habacuque lançou o pungente e inadiável clamor: "Aviva a tua obra, ó Senhor, no decorrer dos anos, e no decurso dos anos faze-a conhecida" (Hc 3.2). Se nos detivermos nos sucessos im edi­atos da história do povo de Deus, seremos forçados a con­cluir: a súplica do profeta não foi ouvida, porquanto Judá estava prestes a desaparecer com o reino. Com a herança de Jacó, pereceriam Jerusalém e o Santo Templo. Não obstante tais contrários, a alma do profeta persistia a gritar: "Aviva a tua obra, ó Senhor".

De uma form a ou de outra, o Senhor ouviu-lhe a prece. E certo que os tempos de refrigério não vieram de imediato; o exílio já campeava pelas cercanias da Cidade Santa. Mas quem disse ser o avivam ento só bonança? Não fora a de­portação à Babilônia; não fora esta amarga disciplina que, em tudo, se m ostrava castigo; não fora este açoite de Jeová que levou Jerem ias a escrever as Lamentações, o s hebreus te­riam desaparecido com o povo, e com o congregação do Se­nhor haveriam de desaparecer para sempre.

A oração do profeta não deixou de ser ouvida; seu grito jam ais se perderia no vazio.

Habacuque não foi o único representante da Antiga Ali­ança a preocupar-se com o avivamento. Im plícita ou expli­citam ente, os profetas todos de outra coisa não se ocupa­ram que não fosse em m anter reavivada a flama da Obra de Deus. Logo nos prim órdios da raça, vem os brotar e flores­

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: QUE É 0 AVIVAMENTO

cer um avivam ento: "A Sete nasceu-lhe tam bém um filho, ao qual pôs o nome de Enos: daí se com eçou a invocar o nome do Senhor" (Gn 5.26). Deste m ovim ento, do qual sa­bem os tão pouco, dependeria a sobrevivência do plano di­vino naqueles idos já tão obscuros. Não com eçassem os an­tigos a invocar o Senhor, não teríam os um Enoque piedoso nem um N oé incorruptível. A semente de Adão não teria vingado, nem arca algum a teria sido construída para flutu­ar no dilúvio de Deus.

Os avivam entos não pararam aí.Com o as ondas da praia, os avivam entos flu íam e

refluíam. Avivamento é a luta de Jacó com o anjo em Jaboque. E o fogo do altar que arde contínua e incessantemente. É a lira de Davi que se nega a calar mesmo refugiada. E a presen­ça de Deus que enche o Santo Templo, e empana de Salomão a singular glória. É Elias que desafia os profetas de Baal no atônito Carmelo. E Eliseu que mantém a escola de profetas num Israel que se paganizava. Avivamento é a coragem de Amós e o amor sofrido de Oséias; a intemperança missioná­ria de Jonas e o serviço de Ageu e Zacarias.

A inda que outros casos possam ser citados, não ha­veríam os de esquecer o exem plo clássico de Josias. O avi­vam ento prom ovido por este piedoso m onarca jud aíta foi essencialm ente evangelical. Em nada difere dos m ovim en­tos desencadeados por Moody, Finney ou Spurgeon. Tudo com eçou quando o Livro da Lei foi achado no Santo Tem­plo (2 Cr 34.14-17). In felizm ente, a revolução espiritual encetada por esse santo rei seria insuficiente para salvar a nação da tragédia de 586 a.C. O avivam ento durou en­quanto viveu Josias; m orrendo este, foi sepultado o avi­vam ento.

No encerramento do cânon do Antigo Pacto, contudo, dá Malaquias a entender que, apesar das am eaças todas que pairavam sobre a verdadeira religião, o Reino de Deus ja­mais seria inumado. O Sol da Justiça haveria de refulgir e trazer salvação sob suas asas (Ml 4).

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FU N D A M EN TO S BÍBLICOS DE UM A U TÊN TIC O A V IV A M EN TO

IV. 0 AVIVAMENTO NO NOVO TESTAMENTO

D esde a derradeira profecia do A ntigo Testam ento, passar-se-iam cerca de quatrocentos anos até que a voz de um arauto do Senhor ecoasse por toda a Judéia. Voz solitária; em tudo, singular. Tinha, porém, muito do Testamento Antigo. As cores do sacerdócio e os matizes do profetismo de Moisés, Samuel e Elias, tinha aquela voz. Dir-se-ia que os profetas todos ali aportaram, para dar início ao novo pacto.

No Novo Testamento, não encontramos a palavra avivamen­to. E para quê? A essência da aliança nova é justamente a vida que se refaz em cada um dos evangelhos, espalhando-se em Atos, nas epístolas e na revelação de Patmos. O avivamento jamais esteve ausente do organismo que, concebido na Galiléia dos Gentios, veio à luz no cenáculo no Dia de Pentecostes. Na célebre declaração de Cesaréia, já havia afirmado o Cristo: "Bem-aventurado és tu, Si- mão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus. Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do infer­no não prevalecerão contra ela" (Mt 16.17,18).

Em essência, o que significa esta declaração? Que a Igreja haveria de ser não uma mera organização; e, sim um organis­mo! E, como tal, a vida jamais a deixaria; renovar-se-ia em suas Escrituras e revelações, em suas ordenanças e ministérios, em suas celebrações e adoração, em seus dons e carismas; em sua próp ria natu reza, renovar-se-ia . Os A tos e ep ísto las despertam-nos a viver não uma nova religião; e, sim, um movi­mento em expansão permanente. Um movimento que não pôde ficar em Jerusalém, nem se deter na Judéia. Um movimento que invadiria Sicar. E, agora, em Antioquia, prepara-se a conquistar o império do Tibre. E, de fato, tomou o mundo vassalo!

CONCLUSÃO

Na Epístola aos Efésios, sintetiza Paulo como deve andar a Igreja de Cristo: "Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus

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ÉO AVIVAMENTO

Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo" (Ef 1.3). Sim, para o apóstolo que era tão íntimo de Deus, a Igreja de Cristo não haveria de trafegar r.outro lugar que não fossem as regiões celestiais. Isto implica num viver de vida em vida. Renovando-se sempre. Avivando-se con­tinuamente. Reavivando-se a cada estação.

O avivamento evangélico implica num viver contínuo nas regiões celestiais em Cristo Jesus. Implica em nunca deixar mor­rer o amor primeiro. Mas se tal vier a ocorrer, o avivamento já não tem de esperar. Se este não for buscado, a advertência do Cristo toma-se mais que enérgica: "Tenho, porém, contra ti que deixas te o teu prim eiro amor. Lem bra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, breve­mente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não se arre- penderes" (Ap 2.4.5).

Avivamento é retomo. É um retomo ao amor primeiro e so­frido do Calvário. Sem ele, pode haver até igreja enquanto insti­tuição, jamais porém como Reino de Deus.

QUESTIONÁRIO

1. O que é o avivamento?

2. Qual o objetivo do avivamento?

3. Cite os nomes de três grandes avivalistas?

4. Qual o prim eiro indício de avivamento no Gênesis?

5. Que Rei de Judá prom oveu um grande avivamento?

6. Qual a duração do avivam ento prom ovido por Josias?

7. Você pode citar outros indícios de avivamento no Anti­go Testamento?

8. Que profeta do Antigo Testamento usou o verbo avivar?

9. A palavra avivamento é encontrada no Novo Testamento?

10. Que igreja do Novo Testamento vivia nas regiões celestes?

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III

0 AVIVAMENTO E A SOBERANIA DAS SAGRADAS ESCRITURAS

SUMÁRIO: Introdução; I. A Bíblia É a Inspirada Palavra de Deus; II. A Palavra de Deus É Inerrante; III. A Palavra de Deus É Infalível; IV. A Palavra de Deus É a Suprema Autoridade em Matéria de Fé, Prática, Conduta e tudo o que Diz Respeito ao Relacionamento do Homem com o seu Criador e com o seu Semelhante; V. A Clareza dãsx Escrituras Sagradas; VI. A Necessidade das Sagradas Escrituras; VII. A Suficiência da Palavra de Deus; Conclusão; Questionário.

INTRODUÇÃO

Alguém afirmou, certa vez, que o Pentecostalismo é um movimento à procura de uma teologia. Todavia, se estudar­mos atentamente o avivamento pentecostal, deparar-nos- emos com outra realidade: os pentecostais, desde o seu nascedouro, sempre se preocuparam com a doutrina bíblica, e jamais descuraram de suas bases teológicas. Haja vista as

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FUNDAMENTOS BÍBLICOS DE UM AUTÊNTICO AVIVAMENTO

Assembléias de Deus. Anunciando o Evangelho Pleno de Cristo, nossos pioneiros, sempre com base nas Sagradas Es­crituras, ensinavam fervorosamente que Jesus salva, batiza no Espírito Santo, cura as enfermidades, opera sinais e mara­vilhas e que, em breve, voltará para arrebatar a sua Igreja.

Fôssemos, de fato, um m ovim ento à procura de uma teologia, estaríam os, hoje, no rol das seitas. Acham o-nos, porém , entre as igrejas mais bíblicas, ortodoxas e conserva­doras. Segundo Hank Hanegraaf, presidente do Instituto Cristão de Pesquisas, encontram-se os teólogos pentecostais entre os mais bíblicos, conservadores e coerentes. Isto não significa, entretanto, que não haja desvios doutrinais isola­dos na com unidade de fé pentecostal; infelizm ente há como o há nas demais confissões evangélicas. Todavia, sempre fi­zemos questão de confessar, particular e publicamente, ser a Bíblia Sagrada a inspirada, infalível, inerrante e completa Palavra de Deus. Quanto aos desvios, são devidam entes corrigidos.

Neste capítulo, haverem os de m ostrar que uma das ca­racterísticas do verdadeiro avivam ento é ter a Bíblia como irrecorrivelmente soberana. Se a não elegermos como a nossa única regra de fé e prática, jam ais viveremos um autêntico avivam ento; pois este não pode ser dissociado das Sagra­das Escrituras.

I. A BÍBLIA É A INSPIRADA PALAVRA DE DEUS

Realçando a inspiração e a singular beleza da Bíblia, escreveu Thomas Browne: "A Palavra de Deus, pois é o que creio serem as Sagradas Escrituras; se se tratasse de obra do homem, seria a mais singular e sublim e, desde o primeiro instante da C riação". Diante da assertiva de Browne, não podemos evitar a interrogação: Não fosse a Bíblia a inspira­da Palavra de Deus, teria ela todos esses donaires e encan­tos? Os livros das outras religiões, apesar de toda a aparên­cia de piedade, são desestim ulantes justam ente por não

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O AVIVAMENTO E A SOBERANIA DAS SAGRADAS ESCRITURAS

possuírem os enlevos dos profetas hebreus e a devoção dos apóstolos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Sendo porém a Bí­blia, o Livro dos livros, pode ser continuamente lida sem jam ais perder os seus ímpares e celestiais atrativos.

Aliás, é a Bíblia a causa da beleza dos idiomas mais desen­volvidos e admirados por sua exatidão. Se o alemão até Lutero era contado entre as línguas bárbaras, a partir da tradução que o reformador fez das Sagradas Escrituras, passou a figurar, em que pese suas idiossincrasias, como o mais perfeito instrumento da teologia, da filosofia e das ciências. E a Bíblia da Inglaterra? Macaulay, extasiado pelas peregrinas formosuras desta tradu­ção, que teve no rei Tiago o seu maior incentivador, dá-nos este testemunho sobre a influência espiritual e literária da Pa­lavra de Deus: "A Bíblia inglesa - um livro que se todo o resto escrito em nossa língua perecesse, seria ainda suficiente para mostrar toda a extensão de sua beleza e poder". Prova-nos isto serem as Sagradas Escrituras a inspirada Palavra de Deus; sem esta inspiração seria impossível a sua beleza.

1. O que é inspiração. Proveniente do vocábulo latino inspiratione, a palavra "inspiração" evoca o ato de inspirar-se ou de ser inspirado. Fisiologicamente, é a ação de introduzir o ar nos pulmões, de inspirar.

2. Sentido original da palavra grega. Se nos voltarmos ao grego koinê, verificaremos que a palavra inspiração, pro­veniente de dois vocábulos: Theo, Deus e pneustos, sopro, en­cerra um altíssimo significado. Literalmente, significa, no idi­oma no qual foi escrito o Novo Testamento, aquilo que é dado pelo sopro de Deus.

3. D efinição teológica. Já que sabem os o significado original da palavra inspiração, podem os dar-lhe a seguin­te definição teológica: "A ção sobrenatural do Espírito Santo sobre os escritores sacros, que os levou a produzir de m a­neira inerrante, infalível, única e sobrenatural, a Palavra de Deus - a Bíblia Sagrada" (D icionário Teológico da CPAD).

Embora largamente ensinada em todos os seminários conservadores, vem esta verdade sofrendo repetidos ata­

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FU N D A M EN TO S BÍBLICOS DE UM A U TÊN TIC O A V IV A M EN TO

ques de Satanás. Alguns buscam igualar a inspiração da Bíblia a uma inspiração literária qualquer como a tiveram Homero, Virgílio, Camões e Castro Alves. Estam os, contu­do, lidando com uma singularíssima inspiração: divina e não hum ana; única e de m aneira alguma comum; achamo- nos diante de um milagre na área do conhecimento que, com eçando a atuar em Moisés, foi encerrado no evangelista João na ilha de Patmos.

Observem os que, em todos os avivam entos, foi a inspi­ração da Bíblia destacada excelsam ente. Tomemos como exemplo, uma vez mais, o M ovimento Pentecostal. De seu nascedouro aos dias de hoje, jam ais transigim os em relação a este artigo de fé.

4. A inspiração plenária e verbal da Bíblia Sagrada. Assegura esta verdade ser a Bíblia, em sua totalidade, pro­duto da inspiração divina. Quando proclam amos que a ins­piração da Bíblia é plenária, afirmamos, explicitamente, que todos os seus livros, sem qualquer exceção, foram totalmente inspirados por Deus. E quando asseveram os que a sua ins­piração é tam bém verbal, queremos deixar bem claro que o Espírito Santo guiou os seus autores não somente quanto às idéias, m as tam bém quanto às palavras dos arcanos e con­certos do Altíssim o (2 Tm 3.16).

A inspiração plenária e verbal da Bíblia não elim inou, porém , a participação dos profetas e apóstolos de N osso Senhor no processo de sua produção. Porque foram to­dos eles usados de acordo com seus traços personais, ex­periências e estilos literários. M as, sem pre guiados e ins­pirados pelo Espírito Santo, atuaram de m aneira absolu­tam ente inerrante. E por isto que aceitam os, sem quais­quer reservas, a Bíblia Sagrada com o a nossa única regra de fé e prática.

5. Declaração doutrinária das Assem bléias de Deus no Brasil. Àqueles que nos acusam de sermos um m ovimento à procura de uma teologia, deixamos aqui um dos mais im ­portantes artigos de nosso credo: "Cremos na inspiração ver­

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O AVIVAMENTO E A SOBERANIA DAS SAGRADAS ESCRITURAS

bal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão".

Pode um m ovim ento sem teologia ou doutrina ser tão cristalino quanto o Pentecostalism o? C onquanto acredi­tem os nos dons espirituais, entre os quais o da profecia, não os colocam os acim a da Bíblia; acham -se subm issos a esta e por esta são ju lgados conform e no-lo recom enda o apóstolo Paulo. Som ente as Sagradas Escrituras possu­em a necessária inerrância e in falibilidade para ju lgar to­das as coisas.

James H. Rayley, Jr., um dos mais abalizados teólogos pentecostais expõe, mui apropriadamente, como estes enca­ram a Bíblia Sagrada: "Reconhecemos também que somente a Bíblia, por ser a Palavra de Deus, tem a resposta definitiva. Todas as palavras meramente humanas são, na melhor das hipóteses, meros ensaios, e só são verdadeiras à medida que se harmonizam com a revelação da Bíblia. Não nos conside­ramos superiores em virtude de nossas experiências. Pelo contrário: somos companheiros que, ao longo da viagem, desejam compartilhar o que têm aprendido a respeito de Deus e de suas diversas maneiras de lidar conosco".

II. A PALAVRA DE DEUS É INERRANTE

Não são poucos os teólogos que, aparentando piedade, e m ostrando-se fervorosos defensores da Bíblia Sagrada, afirm am que esta, de fato, é inerrante, mas apenas quanto às questões doutrinais e teológicas. Quanto às outras ques­tões, não desfruta ela da m esm a inerrância. Ora, quem de nós confiaria o seu destino eterno a um livro parcialm ente inerrante? E se é parcialm ente inerrante, não estaria toda a sua in errân cia com p rom etid a? M eio in errân cia não é inerrância; é meia verdade, e meia verdade não passa, às vezes, de uma m entira completa. Pode acaso Deus mentir? Ou faltar com a verdade? Que seja Deus verdadeiro e todo hom em mentiroso!

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FU N D A M EN TO S BÍBLICOS DE U M A U TÊN TIC O A V IV A M EN TO

O s p e n te c o s ta is sem p re d e fen d e m o s a a b so lu ta inerrância da Bíblia. Sem este preciosíssimo instituto da teo­logia evangélica, seria ela um adm irável livro, jam ais a Pa­lavra de Deus. Quem pode negar as belezas de Homero, Virgílio e Shakespeare? Eles, todavia, não eram inerrantes como inerrantes não são os escritores atuais. Não passavam de poetas que, desfrutando de uma inspiração natural, pro­duziram obras perfeitam ente estéticas, mas espiritualm en­te im perfeitas e eivadas de erros filosóficos e teológicos.

Vejamos, pois, o que significa inerrância no âmbito bí- blico-teológico.

1. O que é a inerrância. A palavra inerrância é oriun­da do vocábulo latino inerrantia, e significa "qualidad e do que é in errante"; que não contém quaisquer erros. Sen­do, pòis, a Bíblia inerrante, logo se conclui que ela tam ­bém é perfeita. Q uanto aos que a rejeitam , para a sua p ró­pria ruína e danação eterna a rejeitam . A cerca dos tais, afirm a W alter B. Knight: "O s hom ens não rejeitam a B í­blia porque ela se contradiz, m as porque ela contradiz os hom ens". Pode haver contradição m aior do que aceitar a Bíblia com o a inspirada Palavra de D eus, e rejeitá-la com o inerrante?

2. Definição teológica. Em nosso Dicionário Teológico, damos a seguinte definição de inerrância da Bíblia: "D ou ­trina, segundo a qual a Bíblia Sagrada não contém quais­quer erros. Ela é, pois, inerrante em todas as inform ações que nos transm ite, e, nos propósitos que esboça. O testem u­nho da arqueologia e das ciências afins tem confirm ado a inerrância da Bíblia. Por conseguinte, a inerrância da Bíblia Sagrada é plena e absoluta".

Som ente aqueles que se deixam contam inar pelo v í­rus do m odernism o teológico ousariam negar a inerrância das Sagradas Escrituras. Pois esta doutrina acha-se pa­tente em toda a Bíblia. Foi exatam ente isto o que nos trans­m itiram os fundadores do M ovim ento Pentecostal. E ja ­m ais transigirem os quanto a este princípio: a nossa fé e

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3 AVIVAMENTO E A SO BERANIA DAS SA G R A D A S ESCRITURAS

segurança dependem de com o encaram os a Palavra de Deus. W ayne G ruden a este respeito é m ais do que cate­górico: "A Bíblia sem pre diz a verdade a respeito de to­das as coisas de que trata".

Os teólogos pentecostais, quer os prim eiros, quer os últim os, sempre defenderam , ardentem ente, a inerrância das Sagradas Escrituras. John R. H iggins discorre sobre o im p re sc in d ív e l a rtig o de fé: "C o n se q ü e n te m e n te , a inerrância é a qualidade que se espera da Escritura inspi­rada. O crítico que insiste em haver erros na Bíblia (em algum as passagens difíceis) parece ter outorgado para si m esm o a infalibilidade que negou às Fscrituras. Um pa­drão passível de erros não oferece nenhum a m edida segu­ra da verdade e do erro. O resultado de negar a inerrância é a perda de um a Bíblia fidedigna. Se for adm itida a exis­tência de algum erro nas Sagradas Escrituras, estaremos alijando a veracidade divina, fazendo a certeza desapare­cer". M ais adiante, aduz o irm ão Higgins: "A verdade de Deus é expressada com exatidão, e sem quaisquer erros, nas próprias palavras das Escrituras ao serem usadas na construção de frases. A verdade de Deus é expressada com exatidão através de todas as palavras da totalidade das Escrituras, e não m eram ente através das palavras de con­teúdo religioso ou teológico".

3. O testemunho da própria Bíblia quanto à sua iner­rância. Muitas são as assertivas da Bíblia quanto à própria inerrância. O salmista, enaltecendo a Deus por sua Palavra, compõe este belíssimo cântico: "A s palavras do SENHOR são palavras puras como prata refinada em forno de barro e purificada sete vezes" (SI 12.6). Se recorrermos ao hebraico, constataremos que este versículo poderia ser desta forma ver­tido: "As declarações do eterno são confiáveis e sinceras". Que outra literatura poderia erguer-se de forma tão sobranceira, e falar de sua própria autoridade e inerrância?

Nos Lusíadas, Luis de Camões declara que o seu objeti­vo é cantar a glória daqueles "barões assinalados" que, de­

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FU N D A M EN TO S BÍBLICOS DE U M A U TÊN TIC O A V IV A M EN TO

safiando os mares, dilatou o im pério de Portugal. Todavia carece o poeta, como ele m esm o o reconhece, de engenho e arte, a fim de que o seu poem a atinja os objetivos propostos. Já o sábio Salom ão, que tam bém foi poeta, põe-se a versejar a pureza das Sagradas Escrituras: "Toda palavra de Deus é pura; escudo é para os que confiam nele" (Pv 30.5). Afiança o autor sagrado ser toda a Palavra de Deus refinada como se estivera no m ais perfeito dos crisóis. Tudo nela é perfeito e inerrante. Houvesse na Bíblia algum erro, de que forma viríam os a acreditar que ela é a mais completa e absoluta verdade? Eis porque Moisés afirmou de m aneira contun­dente: "D eus não é homem , para que minta; nem filho de homem , para que se arrependa; porventura, diria ele e não o faria? Ou falaria e não o confirm aria?" (Nm 23.19).

Acredito que "perfeição" é o mais pleno sinônimo de "inerrância". Achando-se algo isento de erros, esse algo só pode ser perfeito. Foi por isto que o salmista cantou: "A toda perfei­ção vi limite, mas o teu mandamento é amplíssimo" (SI 119.96).

Nas Sagradas Escrituras, por conseguinte, não há quais­quer erros, quer doutrinários, quer teológicos, sejam cultu­rais, sejam geográficos, cronológicos ou lógicos. A Bíblia é absolutam ente perfeita; logo inerrante. Ora, se é de fato inerrante, ela tam bém é infalível.

III. A PALAVRA DE DEUS É INFALÍVEL

Professando a infalibilidade da Bíblia, asseverou Henry More: "A s Escrituras são infalíveis e, como Palavra de Deus, são tam bém suficientes para conduzir o hom em à Salvação em C risto". Ressalvamos, desde já, que os pentecostais sem ­pre nos destacam os na defesa desta doutrina; de sua obser­vância depende o nosso progresso e desenvolvim ento na santíssima fé que nos entregou o Senhor Jesus. Aliás, não pode haver avivam ento sem uma crença forte e m ui crista­lina acerca da infalibilidade da Bíblia Sagrada. O que vem a ser, porém , esta doutrina?

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O AVIVAMENTO E A SOBERANIA DAS SAGRADAS ESCRITURAS

1. O que é a infalibilidade. Infalibilidade é um atributo exclusivo de Deus e de sua Palavra. É a qualidade, ou virtu­de, daquilo que, sob hipótese alguma, pode falhar; é algo que não pode ser atingido pelo engano ou pelo erro. Se não pode falhar, esse algo tam bém é sum amente perfeito. Lou­vando a Deus pela perfeição de sua Palavra, escreveu o pre­sidente norte-am ericano, Abraham Lincoln: "E u creio que a Bíblia é a m elhor dádiva que Deus ofertou ao homem . Toda a bondade do Salvador do m undo nos é com unicada atra­vés deste livro". Conta-se que Lincoln, durante a Guerra Civil dos Estados Unidos, apegou-se de tal forma à Bíblia, e m ui particularm ente ao livro de Jó, pois tinha uma singular fé na infalibilidade das Escrituras Sagradas. E foi assim, que achou todos os consolos durante aquele período de lutas e de intensas agonias.

2. D efinição teológica. A final, com o poderíam os de­finir teologicam ente a doutrina da infalibilidade da B í­blia? A tenham o-nos a esta definição: "D ou trina que en­sina ser a Bíblia in falível em seus propósitos. Eis porque a Palavra de D eus pode ser assim considerada: 1) Suas prom essas são rigorosam ente observadas; 2) Suas profe­cias cum prem -se de form a detalhada e clara (haja vista as Setenta Sem anas de D aniel); 3) E o Plano de Salvação é executado apesar das oposições satânicas. N enhum a de suas palavras jam ais caiu, nem cairá, por terra" (D icioná­rio Teológico da CPAD).

Uma das m aiores provas da infalibilidade da Bíblia Sa­grada é o derram amento do Espírito Santos nestes últimos dias. De repente o que parecia distante, e já história, começa a ocorrer e a assombrar o mundo. Cum prem -se as profecias de Joel, Isaías, João Batista e do próprio Cristo. E, a partir daí, ninguém mais foi capaz de conter as ondas do aviva­mento pentecostal que, na plenitude do Espírito Santo, leva- nos a anunciar o Evangelho de Cristo até aos confins da ter­ra. A Obra Pentecostal é uma realidade, porque a Palavra de Deus é infalível.

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FU N DA M EN TO S BÍBLICOS DE U M A U TÊN TIC O A VIV A M EN TO

3. A B íb lia dá testem unho de sua infalibilidade. Osescritores sagrados sempre estiveram cientes de que a m en­sagem que Deus transm itia por seu intermédio era absolu­tamente infalível. Escreveu Moisés, fazendo nítida distin­ção entre a verdadeira e a falsa profecia: "Q uando o tal pro­feta falar tem nome do SENHOR, e tal palavra se não cum ­prir, nem suceder assim, esta é palavra que o SENHOR não falou; com soberba a falou o tal profeta; não tenhas temor dele" (Dt 18.22).

Sam uel foi de tal modo despertado a profetizar, que a Escritura dá-lhe este testemunho: "E crescia Sam uel, e o SENH OR era com ele, e nenhum a de todas as suas palavras deixou cair em terra" (1 Sm 3.19). E o testemunho dos ou­tros profetas? Todos eles inquestionavelm ente infalíveis. Discorrendo sobre os arcanos proferidos por Jerem ias, pres- ta-lhe Daniel este inequívoco testemunho de sua infalibili­dade: "N o ano prim eiro do seu reinado, eu, Daniel, entendi pelos livros que o núm ero de anos, de que falou o SENHOR ao profeta Jerem ias, em que haviam de acabar as assolações de Jerusalém , era de setenta anos" (Dn 9.2).

Se os escritores do Antigo Testamento tinham convic­ção de que aquilo que escreviam era a mais pura verdade, o que não diremos dos escritores do Novo que viam o Antigo se cum prir de maneira tão fidedigna e fiel? Vejamos o teste­munho de Mateus: "Tudo isso aconteceu para que se cum ­prisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta" (Mt 1.22). O próprio Cristo fala da infalibilidade de sua Palavra: "Passará o céu e a terra, mas as m inhas palavras não passa­rão" (Mc 13.31). Já no livro de Atos, testifica Lucas acerca da ressurreição de Jesus: "A os quais tam bém , depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas e infalíveis pro­vas, sendo visto por eles por espaço de quarenta dias e fa­lando do que respeita ao Reino de D eus" (At 1.3).

Eis porque os pentecostais temos a Bíblia Sagrada como a nossa única regra de fé e prática: ela é em tudo infalível. Por isto tem ela toda a autoridade sobre todos os negócios humanos.

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0 AVIVAMENTO E A SOBERANIA DAS SAGRADAS ESCRITURAS

IV. A PALAVRA DE DEUS É A SUPREMA

AUTORIDADE EM MATÉRIA DE FÉ, PRÁTICA,

CONDUTA E TUDO O QUE DIZ RESPEITO AO

RELACIONAMENTO DO HOMEM COM O SEU

CRIADOR E COM O SEU SEMELHANTE

Ao contrário dos judeus do tempo de Cristo e dos cató­licos rom anos, guiados mais por suas tradições do que pela Palavra de Deus, os pentecostais proclam amos ser a Bíblia a nossa única regra de fé e prática. Isto significa que a Pala­vra de Deus, e somente ela, é a nossa inquestionável autori­dade. Um dos mais fortes artigos de fé das Assem bléias de Deus, tanto nos Estados Unidos como em outros países, é justam ente este: "A s Escrituras Sagradas, tanto o Antigo quanto o Novo Testamento, são inspiradas verbalmente por Deus. Elas são a revelação de Deus à hum anidade, e nossa infalível e autorizada regra de fé e prática".

Vejamos, antes de mais nada, o que significa autoridade.1. Autoridade. Oriunda do vocábulo latino autoritatem, a

p alav ra "a u to r id a d e " s ig n ifica : "D ire ito ab so lu to e inquestionável de se fazer obedecer, de dar ordens, de estabe­lecer decretos e, de acordo com estes, tomar decisões e agir, a fim de que cada decreto seja rigorosamente observado". Ora, sendo a Bíblia Sagrada a suprema autoridade em matéria de fé e conduta, em hipótese alguma haverá de ser questionada. Os teólogos pentecostais não poderíamos vê-la doutra forma.

2. Definição teológica. Teologicamente, assim podemos definir a autoridade da Bíblia Sagrada: "Poder absoluto e inquestionável reivindicado, demonstrado e sustentado pela Bíblia em m atéria de fé e prática. Tal autoridade advém-lhe do fato de ela ser a inspirada, inerrante e infalível Palavra de D eus". (Dicionário Teológico da CPAD).

Por que a Bíblia é assim considerada? Stanley Horton e W illiam W. M enzies, dois dos maiores expoentes do Avi-

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vam ento Pentecostal, respondem-nos: "A origem divina e autoridade das Escrituras asseguram -nos ser a Bíblia tam ­bém infalível, ou seja: incapaz de erro, ou de orientar de m aneira enganosa, ludibriadora ou desapontadora a seus leitores. A lguns eruditos estabelecem distinção entre a inerrrância (estar isenta de erro) e a infalibilidade, mas am ­bos os term os são sinônim os bem próxim os".

Vejam os, a seguir, com o a Bíblia fala acerca de sua inquestionável autoridade tanto em m atéria de fé como em matéria de prática.

3. O testem unho da B íblia a respeito de sua autoridade. A expressão "assim diz o Senhor" é encontrada aproximada­mente 2.600 na Bíblia Sagrada. Isto eqüivale a dizer que foi o próprio Deus quem falou por intermédio dos profetas he- breus e dos apóstolos de Nosso Senhor. Isaías não admitia outra autoridade que não fosse a Palavra de Deus. Aos que procuravam outros caminhos, protesta o mensageiro divino: "À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva" (Is 8.20). Mais adiante, reverbe- ra: "Este é o caminho; andai nele, sem vos desviardes nem para a direita nem para a esquerda" (Isaías 30.21).

Os apóstolos tam bém sabiam perfeitam ente estar falan­do da parte do Senhor. De m aneira incontestável, protesta o apóstolo Paulo aos irmãos de Corinto que lhe questiona­vam a autoridade espiritual: "Se alguém cuida ser profeta ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são m andam entos do Senhor" (1 Co 14.37). Embora Paulo não fizesse parte dos doze apóstolos, sua autoridade como ho­m em de Deus e doutrinador era por todos reconhecida como o atesta Pedro: "Pelo que, amados, aguardando estas coi­sas , p ro cu ra i que d ele se ja is ach ad o s im a cu la d o s e irrepreensíveis em paz e tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor, como tam bém o nosso amado irm ão Pau­lo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, fa­lando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstan­

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I AVIVAMENTO E A SOBERANIA DAS SAGRADAS ESCRITURAS

tes torcem e igualm ente as outras Escrituras, para sua pró­pria perdição" (2 Pe 3.14-16).

Os pentecostais, por conseguinte, vivendo como vivem, a plenitude de um avivamento que vêm sacudindo o mun­do, jamais colocaram sua experiência acima das Escrituras. Pois todas as nossas experiências, por mais inequívocas, têm de passar, necessariamente, pelo crivo da Palavra de Deus. Higgins, neste ponto, não admite transigências. Sendo ele um autêntico pentecostal, tem absoluta convicção de que a credi­bilidade do Pentecostalismo reside na forma como encara­mos a Bíblia: "O s sessenta e seis livros da Bíblia reivindicam autoridade plena e total no tocante à auto-revelação de Deus e a todas as implicações quanto à fé e à prática. Embora a autoridade da Bíblia seja histórica, porque Deus se revelou em eventos históricos, sua autoridade é primariamente teo­lógica. A Bíblia revela Deus à humanidade, e explica o seu relacionamento com a sua criação. Pelo fato de Deus ter de ser conhecido através deste livro, suas palavras têm de ser igualmente autorizadas. A autoridade da Palavra é absoluta - as palavras do próprio Deus a respeito dEle m esm o".

A autoridade das Sagradas Escrituras advém -lhe, de igual modo, através da clareza com que suas reivindicações são apresentadas ao ser humano.

V. A CLAREZA DAS ESCRITURAS SAGRADAS

Em todos os períodos de avivam ento espiritual, tem-se notado uma volta de toda a igreja às Sagradas Escrituras. Sem quaisquer exceções, leigos ou ministros, de tal forma se apegam à Palavra de Deus, que passam a ser identifica­dos pelo Santo Livro. Ora, não fora a Bíblia um livro claro e com preensível, como poderiam os fiéis se lhe voltarem de m aneira tão amorosa e incondicional? Definamos, pois, a doutrina da clareza das Escrituras Sagradas.

1. O que é clareza. Numa prim eira instância, clareza é a propriedade do que é claro, inteligível e perfeitam ente com ­

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preensível. No caso que estamos a considerar, porém, "é uma das principais características das Sagradas Escrituras, atra­vés da qual tornam-se elas perfeitamente inteligíveis aos que se põem a estudá-las com um coração sincero, hum ilde e pred isp osto a aceitá -las com o a in sp irad a , in fa lív el e inerrante Palavra de D eus."

A clareza das Escrituras é conhecida tam bém com o perspecuidade da Palavra de D eus revelada ao ser hu ­m ano, a fim de que este venha, plenam ente, a com preen­der o plano redentivo que Ele estabeleceu em seu A m ado Filho.

2. O testem unho da B íb lia quanto à sua clareza. M ui­tos são os testemunhos da Bíblia quanto à sua própria clare­za. Eis o que diz o salmista: “A lei do SENHOR é perfeita e refrigera a alma; o testem unho do SENHOR é fiel e dá sabe­doria aos sím plices" (SI 19.7). M ais adiante, refere-se ele ao ensino da Bíblia: "A exposição das tuas palavras dá luz e dá entendim ento aos sím plices" (SI 119.130).

Tão clara é a Bíblia, que até as crianças podem entendê- la: "E estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu cora­ção; e as intim arás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levan- tando-te" (Dt 6;6,7).

Enganam -se, pois, os que alegam não serem as Sagra­das Escrituras claras e inteligíveis.

VI. A NECESSIDADE DAS SAGRADAS ESCRITURAS

Os pentecostais sempre sentimos uma ingente necessi­dade pelas Sagradas Escrituras. Temos fome e sede da Pala­vra de Deus. Desde os primeiros dias, até hoje, jam ais dei­xamos de conviver com a Bíblia Sagrada; porquanto sem esta nenhum avivamento é possível. Daniel Berg, um dos fundadores das A ssem bléias de Deus no Brasil, cruzava nossos sertões e perdia-se nos longes de nossa terra, para difundir e popularizar o uso das Sagradas Escrituras. Ele é

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O AVIVAMENTO E A SOBERANIA DAS SAGRADAS ESCRITURAS

considerado, com justa razão, um dos mais dinâmicos col- portores da Bíblia em nossa terra.

Entremos a ver, agora, o que é uma necessidade; em se­guida, aplicá-la-em os às Sagradas Escrituras.

1. O que é necessidade. Oriunda do vocábulo latino necessariu, a palavra necessidade significa: aquilo que não se pode dispensar, pois essencial e indispensável. Quando M oisés afirm ou que nem só de pão vive o hom em , m as de toda a palavra que sai da boca de D eus, deixava ele bem claro aos israelitas que as Sagradas Escrituras são absolu­tamente necessárias (Dt 8.3). Não podem os passar sem elas. A alm a, verdadeiram ente avivada, recusa-se a existir sem um contato diário e intenso com a Palavra de Deus.

2. Definição teológica. A necessidade das Escrituras, portanto, é o caráter de sua essencialidade e urgência para a vida espiritual e prática do ser hum ano; sem elas jam ais entrarem os de posse da vida eterna.

3. A Bíblia dá testem unha de sua necessidade. A Bíblia m esm a testifica de seu caráter essencial e absolutamente necessário. Em seus arcanos, proclama Joel: "E há de ser que todo aquele que invocar o nome do SENH OR será sal­vo; porque no monte Sião e em Jerusalém haverá livram en­to, assim como o SENHOR tem dito, e nos restantes que o SENH OR cham ar" (J1 2.32).

Sentindo-se isolado e quase que ao desam paro, excla­m a o salm ista: "Lâm pada para os m eus pés é a tua palavra e luz, para o m eu cam inho" (SI 119.105). Eis com que afei­ção e ternura M oisés fala acerca da indispensabilidade da Palavra de Deus: "Porque esta palavra não vos é vã; antes, é a vossa vida; e por esta m esm a palavra prolongareis os dias na terra, a que, passando o Jordão, ides para possuí- la " (Dt 32.47).

Por que a Bíblia é absolutamente necessária? Porque é toda-suficiente em si mesma, para dar-nos todas as respos­tas de que precisamos, a fim de que tenhamos uma vida plena em Cristo Jesus.

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FUNDAMENTOS BÍBLICOS DE UM AUTÊNTICO AVIVAMENTO

VIL A SUFICIÊNCIA DA PALAVRA DE DEUS

O M ovimento Pentecostal, embora acredite na atuali­dade do batism o no Espírito Santo e nos dons espirituais, jam ais aceitou outra fonte de autoridade que contrarie a Bíblia Sagrada nem que se considere igual ou superior a esta. E claro que tem havido desvios doutrinais isolados. Estes, porém , são de im ediato rechaçados e postos na m arginalidade. Pois acreditamos serem as Sagradas Escri­turas suficientes, em si m esm as, para guiar-nos em todas as questões de fé e conduta. A Palavra de Deus é com pleta; não carece de quaisquer adendos humanos.

A seguir, veremos o que significa realmente a suficiên­cia da Bíblia Sagrada.

1. O que é suficiência. E aquilo que, pela excelência de suas qualidades, satisfaz plenamente. Assim é a Bíblia. É tão suficiente hoje como o foi no tempo antigo, pois a sua excelência, apesar de transcorridos todos esses milênios, não perdeu nenhum a de suas qualidades. Por conseguinte, er­ram, e até blasfem am , aqueles que, ansiando por novas re­velações, buscam apensar à Bíblia os trapos de suas fantasi­as e a m iséria de suas loucuras.

2. Definição teológica. Assim Wayne Gruden define a su­ficiência das Sagradas Escrituras: "A Bíblia contém todas as palavras divinas que Deus quis dar ao seu povo em cada está­gio da história da redenção e que hoje contém todas as pala­vras de Deus de que precisamos para a salvação, para que, de maneira perfeita, nele possamos confiar e a ele obedecer".

Podemos até aceitar, como de boa mente o fazem os, os credos, declarações doutrinárias e artigos de fé de nossas igrejas e denominações. Todavia, se algum desses institutos contrariar a Bíblia, que seja condenado. Se o aceitarmos, estaremos abrindo espaço para uma heresia ou para uma virulenta apostasia que, certamente, haverá de desviar m i­lhões de crentes do verdadeiro caminho.

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3. O testem unho da Bíblia quanto à sua suficiência.Paulo escreve ao jovem Timóteo, m ostrando-lhe quão sufi­ciente é a Palavra de Deus: "E que, desde a tua m eninice, sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesu s" (2 Tm 3.15). Aduz o apóstolo: "Toda Escritura divinamente inspirada é pro­veitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para ins­truir em justiça" (2 Tm 3.16).

Sabendo M oisés que a Palavra de Deus é suficiente em si, e estando ciente de que m uitos se acham dispostos a adulterá-la, faz esta recomendação: "N ada acrescentareis à palavra que vos m ando, nem dim inuireis dela, para que guardeis os m andam entos do SENHOR, vosso Deus, que eu vos m ando" (Dt 4.2).

No último livro das Escrituras, encerrando já toda a re­velação, o Evangelista é mais do que categórico; é firme e sentenciai: "Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se alguém lhes acres­centar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; e, se alguém tirar quaisquer pala­vras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida e da Cidade Santa, que estão escritas neste livro. Aque­le que testifica estas coisas diz: Certam ente, cedo venho. Amém! Ora, vem, Senhor Jesus! A graça de nosso Senhor Je­sus Cristo seja com todos vós. Am ém !" (Ap 22.18-21).

Não necessitam os, pois, de nenhuma revelação adicio­nal, porque a Bíblia, em si mesma, é mais do que suficiente para guiar-nos em toda a verdade. Quanto àqueles que, enfatuados e já corrompidos pelo orgulho, caso não se ar­rependam, o seu lugar será em torm entos eternos.

CONCLUSÃO

Encerrando este capítulo, citaremos uma declaração de um dos mais lúcidos e respeitados teólogos do M ovimento Pentecostal: "A Bíblia jam ais nos induzirá ao erro. Ela é a

: : ya v .em to e a so b e r a n ia d a s sa g r a d a s e sc r itu r a s

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FUNDAMENTOS BÍBLICOS DE UM AUTÊNTICO AVIVAMENTO

adm irável revelação de Deus como nosso Criador e Reden­tor; um Deus pessoal que nos ama e se interessa por nós; um Deus que tem um plano e que enviou a seu Filho a fim de morrer em nosso lugar (1 Co 15.3). Um Deus que conti­nuará a operar até que Satanás seja esmagado, e estabeleci­dos novos céus e nova terra. A Bíblia toda m ostra-nos que Ele é digno de confiança; podem os depender totalmente dEle. Sua própria natureza garante a autoridade, a infalibi­lidade e a inerrância de sua Palavra".

Como não concordar com Stanley Horton? A Bíblia, de fato, é a palavra inspirada, inerrante, infalível, com pleta e suficientem ente soberana de D eus. Por conseguinte, os pentecostais jam ais descreram, ou duvidaram, deste artigo de fé. Erram os que afirmam que somos um m ovimento à procura de uma teologia. Nossa teologia é bíblica, clara e conservadora.

QUESTIONÁRIO

1. O que é a Bíblia Sagrada?

2. O que é a inspiração da Bíblia?

3. O que é a inerrância da Bíblia?

4. O que é a infalibilidade da Bíblia?

5. O que é a suficiência da Bíblia?

6. O que é a clareza da Bíblia?

7. Como os pentecostais encaram a Bíblia?

8 .0 verdadeiro avivamento dispensa a autoridade da Bíblia?

9. Por que não podem os colocar outra autoridade acima da Palavra de Deus?

10. O que diz o Credo das Assembléias de Deus sobre a Bí­blia Sagrada?

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IV

0 AVIVAMENTO E A PROCLAMAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS

Sumário: Introdução; I. O Avivamento Tem uma Mensagem Bíblica;II. O Avivamento Tem uma Mensagem Evangélica; III. O Avivamento Tem uma Mensagem Profética; Conclusão; Questionário.

INTRODUÇÃO

O ano de 1859 fora relativamente calmo à Inglaterra. O grande im pério, onde o sol jam ais se punha, dilatava seus limites e fazia-se m ais opulento. Na índia, os motins já ha­viam sido sufocados; nas demais colônias, nenhum a revol­ta à vista. Se do outro lado da M ancha havia conflitos, a neutralidade inglesa era flagrante. E, assim, ia a rainha Vi­tória cum prindo os seus sessenta e quatro anos de tediosas fu n çõ es p ro to c o la re s . Q u an to ao p r im e iro -m in is tro Palmerston, não tinha m uito a fazer.

Esse ano estava fadado a passar à história como um ano sem história. Como aqueles raros anos onde o céu mostra-se

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FUNDAMENTOS BÍBLICOS DE UM AUTÊNTICO AVIVAMENTO

azul, e as noites jam ais m etem medo. Vinha o Senhor, po­rém, m ontando o cenário para um dos maiores avivamen- tos da história de sua Igreja.

Foi exatam ente no início de 1859, que o jovem Charles Haddon Spurgeon começa a ser usado pelo Espírito Santo para desencadear um grande m ovimento espiritual. A data jam ais seria esquecida: 4 de janeiro. Nesta terça-feira à noi­te, Spurgeon assume a tribuna do Exeter Hall, e balança a igreja plantada nas ilhas britânicas. Ao terminar 1859, o prín­cipe dos pregadores já não tinha qualquer dúvida: "O s dias de refrigério pela presença do Senhor, finalmente se deixam sentir em nossa nação".

Qual o segredo de Spurgeon? Ao contrário dos que, hoje, cerram fileiras ora com os nom inais, ora com os libe­rais, optava o príncipe dos pregadores por ser essencial­m ente bíblico. Não som ente bíblico, mas igualm ente evan­gélico e profético.

1.0 AVIVAMENTO TEM UMA

MENSAGEM BÍBLICA

Que a igreja avivada há de ser visceralm ente bíblica, todos concordamos. A história cala-se acerca dos avivamen- tos que com eçaram sem um retorno im ediato e incondicio­nal às Sagradas Escrituras. Da reforma de Josias à de Lutero, fez-se a Bíblia presente e mais que soberana. Basta Hilquias anunciar: "A chei o Livro da Lei na casa do Senhor", para que a im penitente Judá abandone suas in iqüid ad es, e volte-se ao Eterno. Priva-se o monge alem ão com a Epístola de Paulo aos Rom anos, em W ittemberg, e a Europa toda estremece sob a doutrina da justificação pela fé.

Sim, a igreja avivada tem de ser bíblica; entranhada e es­sencialmente bíblica. Fundou-a Cristo sobre os profetas e apóstolos para que outra não fosse a sua proclamação. Se a igreja é bíblica, sua mensagem não há de se aventurar por

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0 AVIVAM ENTO E A PR O CLA M A ÇÃ O DA PALAVRA DE DEUS

outras searas; irá ao encalço daqueles pastos verdejantes e remansos de águas tranqüilas. Se a multidão tem fome, a igreja avivada multiplicará os pães na presença do Senhor; falará à rocha, e esta não negará o frescor e o cristalino de suas águas.

Se optarmos por outros fundam entos, como haveremos de socorrer esta geração? Os que perecem, lançam-nos olha­res já desmaiados como a esperar por uma solução im paci­ente e, daqui a pouco, moribunda.

Durante a Idade M édia, buscaram os escolásticos cons­truir o edifício da teologia cristã a partir dos alicerces lança­dos por Aristótles. O resultado não poderia ter sido mais desastroso ao Reino de Deus! Viu-se o m undo, em virtude dessa volta aos seus próprios rudim entos, m ergulhado em densas trevas. Pela forma como Tomás de Aquino e Ansel­mo falavam do estagirita; pela m aneira como lhe louvavam a lógica e a m etafísica; pelo m odo como lhe enalteciam os diversos pronunciamentos, chega-se a pensar ter sido o fi­lósofo mais im portante que M oisés e Paulo. Naquela época, não havia doutrina; tudo era erigido em sistemas. Não ha­via revelação; a especulação era a ordem. Teologia bíblica não havia, o que havia eram súmulas que, apesar das cores evangélicas, em nada diferiam dos discursos proferidos pelos inquiridores gregos.

Não queremos desmerecer a filosofia. Teve ela um im ­portante papel na educação da humanidade. Ensinando-nos a pensar corretam ente, levou-nos a m esurar a própria m i­séria; induziu-nos a indagar acerca do Supremo Ser. Fez com que sentíssem os na alma um vazio tão grande quanto Deus. Segundo Clemente de Alexandria, a finalidade da filosofia foi justam ente preparar a família adâmica a receber a in­com parável m ensagem do Evangelho. O apóstolo mesmo reconhece-lhe a utilidade: "Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do m undo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claram ente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis" (Rm 1.21).

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FUNDAMENTOS BÍBLICOS DE UM AUTÊNTICO AVIVAMENTO

Foi através da filosofia que Aristóteles logrou descobrir estar toda a criação sustentada por um Ente que é a causa de tudo quanto existe. Através da sistematização do bom senso, o filósofo educou os seus contemporâneos e quantos mais tarde viessem a lê-lo. Não foi sem razão que os árabes cognominaram-no de o preceptor da raça humana.

C onsiderem os, porém , que a pouca luz obtida por Aristóteles veio-lhe através da especulação. Não contava ele com o Antigo Testamento nem com o Testamento Novo. Ja­mais tivera o privilégio de debruçar-se sobre as profecias de Moisés e Isaías; não viveria o suficiente para enternecer-se com os sermões do Cristo nem com as epístolas de Paulo. Contava apenas com a luz natural para resolver todos os problem as da vida; esta seria a finalidade principal da filo­sofia. Aliás, afirmou Blaise Pascal, certa vez, existirem dois deuses. O primeiro é o Deus da Bíblia - o Único e Verdadei­ro Deus; o segundo, o deus dos filósofos - a idéia de um ser que, embora tido como supremo, está sempre subm isso aos caprichos da lógica e da especulação.

Ora, se o filósofo viu-se às voltas com tantas limitações para interpretar os dramas da existência; se jamais usufruíra daquela revelação pleníssima vinda de Deus; se não pôde ge­rar suas obras sob o apanágio da inspiração e inerrância que só o Pai das luzes garante; se, enfim, nada discernia espiritual­mente, como lhe clamaremos por ajuda para compreender os mistérios que nem os mesmos profetas, às vezes, conseguiam elucidar. Haja vista Daniel. No término de seu ministério, pro­curou o profeta entender os arcanos que lhe transmitia o anjo, mas não lhes logrou o significado. Viu-se constrangido a selar o livro até que chegasse o momento certo de tudo se descortinar. Outros o entenderiam; ele não.

Por conseguinte, nossos recursos hão de ser garimpados sempre nas Sagradas Escrituras. Os artigos de fé e os sermões; as homilías e as doutrinas; os credos e as teologias sistemáticas têm de se caracterizar como essencial e visceralmente bíblicos. Se temos dificuldades para interpretar a Bíblia, é na própria

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0 AVIVAM ENTO E A PR O CLA M A ÇÃ O DA PALAVRA DE DEUS

Bíblia que devemos procurar ajuda: ela é mais que suficiente para interpretar-se a si mesma. Se não sabemos como posicio- nar-nos diante do mundo, é ainda na Bíblia que temos de ir buscar orientação: ela é a nossa única regra de fé e prática. Se nos vemos perplexos diante de um século que jaz no maligno, é na Bíblia, e tão-somente na Bíblia, que haveremos de encon­trar refúgio: ela é a arca de todas as consolações.

No início de sua carreira, M artinho Lutero deleitava-se com os filósofos. Via-os não somente como a luz, mas como a própria fonte da luz. Tão logo porém descobre os inesgo­táveis tesouros da Bíblia, passa a privar-se com os profetas e apóstolos. Sua m ensagem, a partir de agora, jam ais dei­xará de ser bíblica. Foi exatamente desse posicionam ento, que a reforma nasceu, cresceu e levou o m undo evangélico à m atu rid ad e . A té do m esm o A g o stin h o com eçou a apartar-se Lutero, porque já tinha aquela nascente inesgo­tável que até do deserto faz manancial.

Apresentando-se ao mundo com o Livro dos livros, a Igreja deixa bem patente a sua natureza sobrenatural. Ela está no m undo, mas a sua m ensagem não é deste mundo. Acha-se no m undo, mas as soluções que apresenta vêm di­retamente dos céus. Ainda que possa ser vista no mundo, sua fonte de poder é o invisível. Sim, a fonte e a razão de seu poder é a Bíblia. Tão logo ela brada, todos lhe reconhe­cem o caráter im inentem ente evangélico. No entanto, como adiante veremos, sua m ensagem não haverá de ser apenas bíblica. Um outro requisito lhe é sum amente importante.

II. 0 AVIVAMENTO TEM UMA MENSAGEM

EVANGÉLICA

Voltemos a Charles Spurgeon. Ouçamos seus sermões. Todos eles têm pelo menos duas características: não eram somente bíblicos, mas igualm ente evangélicos. O príncipe dos pregadores jam ais deixou de m encionar a morte vicária

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FU N D A M EN TO S BÍBLICOS DE U M A U TÊN T IC O A V IV A M EN TO

de Cristo. Jam ais deixou de referir-se à ressurreição do Se­nhor. Jam ais deixou de enfatizar o poder do Evangelho. Em suas prédicas, o Plano de Salvação não era m eram ente es­boçado; era explanado e detalhado. Em nada ficava a dever a Filipe que, ao sequioso eunuco de Candace, decompôs todo o edifício da redenção.

Spurgeon estava cônscio de que não basta abrir a Bíblia para que as almas se convertam. Tem de se m anejá-la bem , e bem patente deixar a supremacia do Evangelho. Há de se agir como aquele escriba de quem o Senhor um dia falou. Do seu tesouro, sabe tirar todas as preciosidades. Ele vai com binando de tal forma as gemas; vai incrustando-as com tanta m estria; e, agora, vai cinzelando aquelas partes que p areciam ter relevo algum . D e rep en te , um a jó ia de inim aginável valor.

Discorramos sobre a vida dos patriarcas. Falemos sobre as realizações de Davi e Salomão. Entremos nos pavilhões das profecias. Privemo-nos com os sacerdotes. Vislumbremos o Tabernáculo e o Santo Templo. Busquemos, enfim, discur­sar sobre todo o Testamento Antigo. Façamos isto tudo, e a nossa mensagem não deixará de ser bíblica... mas ainda não é evangélica. Se não mencionarmos a morte vicária de Cris­to, se não nos remontarmos ao Calvário e ao sepulcro vazio, nossa mensagem não surtirá os resultados esperados.

O Evangelho é a pérola de raríssimo valor que o escriba um dia procurou adquirir. Sabe ele que, sem esta jóia, seus tesouros estarão incompletos.

Se o Antigo Testamento bastasse a si mesmo, não teria o Senhor Deus providenciado o Novo. Não teria o Pai enviado o seu amado Filho para que efetivasse a esperança dos patriar­cas, e desse vida aos salmos de Davi. Para que se cumprissem as profecias e aparecesse uma ordem sacerdotal superior à de Arão, fez-se necessário o Senhor chancelar o Novo Concerto.

A mensagem até pode começar com Abraão, m as no fi­nal todos terão de estar cientes de que, em Jesus, todas as famílias da Terra foram abençoadas. Que tenha o filho de

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Jessé como tema; na peroração, contudo, é preciso saber de quem falava Davi nos salmos messiânicos. É-lhe lícito que faça apanágio da glória de Salom ão; no encerramento, po­rém, será obrigada a m ostrar por que a glória do Nazareno é infinitam ente maior.

A m ensagem evangélica tem a Jesus como tema. Aliás, como haveria de ser doutra forma? Em todos os seus con­tornos, fala de Cristo: de seu nascim ento, m inistério, sofri­mento, morte e ressurreição. Os maiores sermões jam ais fu­giram a estes temas. Que o diga Moody. Não tivesse proce­dido assim, o evangelista norte-am ericano jam ais teria con­dições de apresentar ao Senhor uma colheita tão abundan­te. Leiamos os sermões de W hithfield e de Wesley, e havere­mos de constatar que suas m ensagens tinham a Cristo por temática.

Não temos de remeter-nos ao passado para comprovar a eficácia da mensagem evangélica. O maior pregador do sé­culo XX logo cedo compreendeu que somente teria êxito em seu ministério se fizesse da cruz o tema de suas mensagens. Quem ouve os serm ões de Billy Grahan, depara-se com temáticas sempre evangélicas. Ele não se perde em abstra­ções. Não vai buscar recursos na liberalidade teológica, como o fazem os que se esforçam por mostrar um evangelho ale­gre, descompromissado com Deus e comprometido com o mundo. A fonte de sua inspiração é a cruz de Cristo.

O maior dos apóstolos do Senhor tinha um credo simples e facilmente assimilável: "Porque não me envergonho do evan­gelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu e também do grego. Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé" (Rm 1.16,17). Para o mais valoroso dos seguidores do Nazareno; para o responsável pela expansão do Cristianismo em seus primórdios; para o maior dos estadistas missionários; para este grande campeão, o Evangelho é o mais alto sinônimo do poder de Deus. Eis porque ousou afirmar: "Ai de mim se não pregar o Evangelho".

O AVIVAM ENTO E A P R O C LA M A Ç Ã O DA PALAVRA DE DEUS

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FU N D A M EN TO S BÍBLICOS DE UM A U TÊN TICO A V IV A M EN TO

III. 0 AVIVAMENTO TEM UMA MENSAGEM PROFÉTICA

Além de bíblica e evangélica, a m ensagem de aviva­mento há de ter ainda outra característica. Refiro-me àquele toque dos céus que levou M oisés e Sam uel a se erguerem com o os m aiores arautos de Jeová na A liança Antiga, e que im pulsionou Isaías e os demais hagiógrafos a perenizarem as palavras que lhes ia insuflando o Eterno. Este toque é a autoridade que força o profeta a apresentar-se como em ­baixador de Deus. Este toque faz-se tão necessário, hoje, com o naqueles idos já tão distantes, quando a idolatria am eaçava afogar cada aliança.

Elaborar um sermão que prim e pela biblicidade não é difícil; nas Escrituras os temas são mais que abundantes. Pregar uma m ensagem evangélica tam bém não exige qual­quer sacrifício adicional; eis aí os quatro evangelhos, os Atos, as epístolas e o Apocalipse. Todavia, para que a pregação bíblica arvore-se em profecia; para que a m ensagem cristã incom ode o mundo; para que as homilías abalem as fortale­zas do adversário; e para que nos sintamos na Palavra e com a Palavra, é-nos urgente a prece de Habacuque: "Avi­va, ó Senhor, a tua obra".

Voltem os um a vez m ais a Charles Spurgeon, e veja­m os o quanto era profética a sua m ensagem . Surtiu esta trem endos efeitos não porque fosse ele consum ado ora­dor. N inguém lhe pode negar a eloqüência e as dem ais qualidades tribunícias. N inguém lhe pode negar os ta­lentos e a form idável cultura. Era Spurgeon um hom em singular. Q uando D eus o fez, afirm ou um de seus b ió ­grafos, em seguida quebrou a form a para que Charles H ad d on Sp u rgeon fosse o ú nico . T ivesse n ascid o na G récia de Péricles, com certeza seria estudado hoje com o clássico obrigatório. Seus discursos superam a retórica de D em óstenes. Não obstante, suas m ensagens só consegui­

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0 AVIVAMENTO E A PROCLAMAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS

ram abalar a Inglaterra porque não eram sim plesm ente m ensagens; profecias eram.

Além de bíblicas e evangélicas, tinham elas um caráter profético. Incomodavam o mundo, pois denunciavam-lhe os pecados e a impenitência. Eis o que o próprio Spurgeon relata no sermão acerca da "História dos Poderosos Feitos de Deus":

"Considerem o grande avivamento que está ocorrendo em Belfast e arredores. Depois de tê-lo acom panhado cui­dadosamente e após ter falado com um querido irmão que morou naquela região, e que merece a m inha confiança, es­tou convencido, apesar do que os inimigos possam dizer, que se trata de uma genuína obra da graça e que o Senhor está operando m aravilhas ali. Um amigo que veio me visi­tar ontem inform ou que os homens mais sórdidos e vis, as­sim como as mulheres mais depravadas de Belfast, têm sido alcançados por esta extraordinária epilepsia - como diz o m undo - mas que sabem os ser a influência poderosa do Espírito. Homens costumeiramente bêbados de repente sen­tiram um grande im pulso que os obrigou a orar. Eles resis­tiram, voltaram à bebida, a fim de se livrem daquilo; mas m esm o no meio de suas blasfêm ias e tentativas de apagar o Espírito, Deus os fez dobrar os joelhos e se viram obrigados a pedir misericórdia com gritos desesperados, e a agoniar em oração. Então, depois de certo tempo, o maligno parece ter saído deles; e, com a m ente sossegada, santa e feliz, eles fizeram profissão de sua fé em Cristo e têm andado em Seu tem or e am or".

Queira Deus fossem todas as nossas m ensagens assim! Vivemos dias tão terríveis, tão comprometedores e vergo­nhosos, que os ministros do altar preocupam -se mais com a simpatia do povo do que com a aprovação de Deus. O Espí­rito Santo, todavia, insta-nos a que nos conscientizemo-nos: não fomos convocados para ser hom ens do povo, e, sim homens de Deus. Como tais, não podemos falar o que o povo quer ouvir, mas o que o rebanho de Cristo precisa e tem de ouvir. Se não agirmos assim; se não assumirmos com ur­

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FUNDAMENTOS BÍBLICOS DE UM AUTÊNTICO AVIVAMENTO

gência nossa postura profética; se não vestirm os a capa de Elias para enfrentar os poderosos, nosso cajado jam ais flo­rescerá. Conseqüentem ente, seremos tragados pelo mesmo solo no qual pretendíam os construir o edifício de um nome cujo topo alçasse os céus.

Neste m omento, quando as instituições am eaçam ruir; quando tudo se degrada, até mesmo obreiros e igrejas; quan­do os arautos do Senhor prestam -se a assumir os púlpitos para ad u lar os p o d ero so s; qu ando as vozes santas e incorruptíveis acham -se roucas para se fazerem ouvir em meio a tanta balbúrdia; quando os servos de Deus já se cur­vam à teologia da prosperidade em busca da prosperidade da teologia; quando as negociatas já cam peiam pelas searas do M e stre ; q u an d o , e n fim , já esm o recem to d o s os referenciais da moral e da espiritualidade cristãs, carecemos de vozes proféticas que, à semelhança de Savonarola, m a­druguem bradando contra o pecado. E que não saiam a con­tem porizar com o príncipe deste m undo, mas que se cur­vem ao Rei dos céus para lhe propagarem a verdade. Este século precisa saber que, diante de Deus, não há verdades relativas; há verdades e valores absolutos que precisam ser acatados e assimilados com urgência, antes que o azeite da candeia se esgote.

Se a nossa m ensagem é b íb lica, evangélica e proféti­ca, com certeza o perverso A cabe não deixará de ser re­preendido. A inda que nos achem os cercados, o anjo do Senhor há de nos proteger das hordas assírias. Incom o­darem os H erodes, e não perm itirem os que as portas do inferno prevaleçam contra a Igreja. M as é necessário que a nossa m ensagem tenha um caráter im inentem ente pro­fético; que não se com prom eta com os poderosos, e que não seja um instrum ento político; que não baju le os gran­des, nem descanse contra o pecado; que fale realm ente da cruz, e que esteja disposta a sofrer todas as afrontas do Salvador.

Nosso púlpito é o Calvário!

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0 AVIVAM ENTO E A PR O CLA M A ÇÃ O DA PALAVRA DE DEUS

CONCLUSÃO

Certo pastor am ericano achava que sua eloqüência e cultura bastavam para manter cativo o rebanho. Do púlpi­to, tratava ele dos m ais diversos assuntos. Buscava dar aos temas da atualidade um tratam ento m eram ente humanista. Falava sobre tudo: economia, política, esportes, ecologia etc. Da cruz de Cristo, não. Transcorrer-se-iam alguns anos até que a sua igreja se cansasse.

Ao adentrar o santuário num dom ingo, depara-se ele com uma grande faixa atrás do púlpito: "Pastor, fale-nos de Cristo, pelo amor de D eus". A partir daquele instante, viu-se constrangido a buscar um avivam ento antes que a sua igre­ja exalasse o último suspiro. Como a partir deste instante, sua m ensagem passasse a ser bíblica, evangélica e proféti­ca, os resultados foram surpreendentes.

Este é o tipo de mensagem que a igreja precisa transmitir ao mundo! Esta é a legítima mensagem de avivamento.

QUESTIONÁRIO

1. Por que a m ensagem tem de ser bíblica?

2. Por que a m ensagem tem de ser evangélica?

3. Por que a m ensagem tem de ser profética?

4. No contexto deste capítulo, o que significa uma m ensa­gem profética?

5. Qual a principal característica da mensagem de Spurgeon?

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0 AVIVAMENTO E A ORAÇÃO

Sumário: Introdução; I. O que É a Oração; II. Os Elementos da Ora­ção; III. O Clamor pelo Avivamento; IV. Grandes Intercessores, Poderosos Avivamentos; Conclusão; Questionário.

INTRODUÇÃO

Quem não se lem bra das cenas iniciais d'O Peregrino de John Bunyan? De repente, aparece aquele viajor com o seu livro, e à m edida que progride na jornada, vai orando e cho­rando. Foi exatam ente assim: orando intensam ente e copio- samente chorando, que aquele personagem , que representa cada um de nós em suas ânsias e dores, experim entou um grande avivamento.

Como está a Igreja de Cristo? Está orando e chorando como O Peregrino? Ou já tem uma alternativa para a ora­ção? É só ler a História da Igreja Cristã, a fim de se inteirar de uma verdade que, apesar de estar tão patente aos nossos

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FUNDAMENTOS BÍBLICOS DE UM AUTÊNTICO AVIVAMENTO

olhos, vem sendo relegada ao esquecimento: a oração é uma das mais fortes características dos seguidores de Nosso Se­nhor Jesus Cristo.

Não nos enganemos! Se quisermos, de fato, experim en­tar um grande avivam ento, temos de nos voltar im ediata­mente à oração; a história tam bém se cala acerca dos aviva- m entos e reformas que com eçaram sem oração.

1,0 QUE É A ORAÇÃO

A palavra oração provém do vocábulo latino orationem, e significa, num a prim eira instância, súplica, prece. É um pedido que, através da fé, a criatura endereça ao Criador. O doutor Wakefield assim a define: "É a oferta dos nossos de­sejos a Deus através da m ediação de Jesus Cristo, sob a in­fluência do Espírito Santo, com disposições apropriadas para com tudo o que é agradável à sua vontade".

Entre os vários tipos de oração, relacionemos as seguintes:1. Oração fervorosa. E a oração que encerra um pedido

mais que urgente. Ela tem a ver, conform e escreveu um teó­logo, com "aquelas aspirações secretas e freqüentes no co­ração para com Deus, com vistas às bênçãos gerais ou parti­culares pelas quais podem os expressar a nossa dependên­cia habitual de Deus e os nossos desejos e perigos enquanto estamos entregues aos afazeres comuns da vida".

2. Oração particular. É o momento no qual o filho de Deus, fechando-se em seus aposentos, passa a dialogar docemente com o Pai Celeste. Não fazia assim o Divino Mestre? Eis por­que recomenda-nos: "Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto, e, fechada a porta, orarás a teu Pai que está em secreto; e teu Pai que vê em secreto, te recompensará" (Mt 6.6).

Da oração particular, escreve Billy Graham: "Feliz é o hom em que aprendeu o segredo de se apresentar a Deus diariamente em oração. Quinze m inutos a sós com Deus, em cada manhã, antes de com eçar o dia, podem m udar as circunstâncias e remover m ontanhas".

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0 AVIVAMENTO E A ORACÃO

3. Oração em família. É a oração feita no âmbito do­méstico; é o cerne da devoção familiar. É urgente que, em todas as casas evangélicas, haja um momento diário de ora­ção e intercessão. Os laços entre os entes queridos tornar- se-ão mais firmes; os elos entre os cônjuges, inquebrantá- veis e amorosos.

4. Oração congregacional. Dirigida ao Todo-Poderoso por toda a igreja, tem esta oração, por objetivo, pedir a ajuda divi­na aos diversos projetos eclesiásticos, visando à expansão do Reino. Nenhuma igreja deve prescindir das reuniões de ora­ção. É através das preces e súplicas congregacionais, que ire­mos alargar as fronteiras do Evangelho, arrebatando as almas de Satanás, e efetivando o avivamento que, começando no Pentecostes, reivindica um movimento contínuo em cada igreja.

Sem a oração congregacional não pode haver uma igre­ja santa e poderosa no Espírito Santo.

v II. OS ELEMENTOS DA ORAÇÃO

A oração não se constitui apenas de pedidos. Ela é, an­tes de tudo, um momento de adoração. E o ato no qual nos recolhem os de todas as fainas diárias, a fim de reconhecer a soberania do Único e Verdadeiro Deus, e para m agnificar o seu Unigênito que se deu, incondicionalmente, para redimir- nos de nossos pecados.

A ssim p o d em o s lis ta r os e le m e n to s da o ração : 1) Adoração; 2) Gratidão; 3) Reconciliação; 4) Intercessão; 5) Petição; 6) Disposição para o serviço.

1. Adoração. A palavra adoração provém do vocábulo latino adorationem, e encerra este significado: Veneração ele­vada que se presta a Deus, reconhecendo-lhe a soberania so­bre o Universo, o governo moral e a força de seus decretos.

A verdadeira adoração está associada ao amor que de­votam os a Cristo. E um ato perm anente na vida do filho de Deus; não pode ser uma atitude episódica. Em tudo o que fizermos, há de ser ressaltada nossa atitude de adoração.

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FUNDAMENTOS BÍBLICOS DE UM AUTÊNTICO AVIVAMENTO

Nos Salmos, todas as súplicas são precedidas e sucedidas por arrebatadas e piedosas adorações a Deus. O salmista não se detinha em pedir; entretinha-se em adorar o Eterno.

2. Gratidão. O que significa agradecer? Vejamos a força desta palavra: mostrar-se grato; m anifestar gratidão. Assim agia Paulo todas as vezes que se punha de joelhos. Sua ora­ção era um preito de gratidão ao Senhor; era um culto em ação de graças. Eis como se com portou o apóstolo ao rogar pelos filipenses:

"D ou graças ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vós, fazendo sempre, em todas as minhas orações, súplicas por todos vós com alegria pela vossa cooperação a favor do evangelho desde o primeiro dia até agora; tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfei­çoará até o dia de Cristo Jesus, como tenho por justo sentir isto a respeito de vós todos, porque vos retenho em meu coração, pois todos vós sois participantes comigo da graça, tanto nas minhas prisões como na defesa e confirmação do evangelho. Pois Deus me é testemunha de que tenho saudades de todos vós, na terna misericórdia de Cristo Jesus. E isto peço em ora­ção: que o vosso amor aumente mais e mais no pleno conheci­mento e em todo o discernimento. (Fp 1.1-10).

Por conseguinte, que jam ais nos esqueçamos de ser gra­tos a Deus por tudo o que dEle temos recebido. A recom en­dação é claríssima: "Em tudo dai graças; porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco (1 Ts 5.18).

3. Reconciliação. E neste m om ento que rogarem os a Deus nos perdoe as faltas e os pecados. Confiados nos m é­ritos de Cristo, declaremos-lhe, pois, nossas iniqüidades. Se nós nos tratarm os com placentem ente, jam ais lhe alcançare­mos as misericórdias. No entanto, se lhe confessarm os os pecados, Ele é justo para reconciliar-nos consigo mesmo atra­vés de Jesus Cristo (Jo 1.7).

Quando intercedia pelos filhos de Jacó, o profeta Daniel, embora irrepreensível, colocou-se entre os repreensíveis para buscar a reconciliação entre Israel e o Senhor Deus:

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0 AVIVAM ENTO E A O R A Ç Ã O

"N o ano primeiro de Dario, filho de Assuero, da linha­gem dos medos, o qual foi constituído rei sobre o reino dos caldeus. No ano primeiro do seu reinado, eu, Daniel, enten­di pelos livros que o número de anos, de que falara o Se­nhor ao profeta Jerem ias, que haviam de durar as desola­ções de Jerusalém, era de setenta anos. Eu, pois, dirigi o meu rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração e súplicas, com jejum , e saco e cinza. E orei ao Senhor meu Deus, e confessei, e disse: O Senhor, Deus grande e trem endo, que guardas o pacto e a m isericórdia para com os que te amam e guardam os teus m andam entos; pecamos e cometemos iniqüidades, procedem os im piam ente, e fomos rebeldes, apartando-nos dos teus preceitos e das tuas ordenanças. Não demos ouvidos aos teus servos, os profetas, que em teu nome falaram aos nossos reis, nossos príncipes, e nossos pais, como tam bém a todo o povo da terra" (Dn 9.1-6).

4. Intercessão. Antes de pedirmos qualquer coisa a Deus em nosso favor, desdobremo-nos em intercessões, e destas cer­quemos nossas preces. Interceder pressupõe sofrer com os que sofrem, chorar com os que choram e tomar, como de fossem nossas, as dores alheias. É confessar ao Amoroso Pai que nos importamos com infortúnios de nossos semelhantes.

Nas Sagradas Escrituras, o m inistério da intercessão cabia oficialm ente aos sacerdotes. Todavia, encontram os profetas, reis e patriarcas a interceder em favor dos filhos de Israel e até pelos estrangeiros intercediam eles.

Como m esurar a intercessão de Jerem ias por seu povo? (Jr 14.11). O que dizer da oração de Abraão por Sodoma e G om orra? (Gn 19). E o ofício intercessório de M oisés e Samuel? (Jr 15.1,2) No capítulo sete de 2o Crônicas, despren­de-se Salom ão ardentemente em prol do seu povo. Ao inau­gurar o Santo Templo, o sapientíssimo rei deixa bem claro que a casa de Deus é um lugar de intercessões contínuas.

Como não ler o capítulo 17 de João sem ter os olhos marejados de lágrimas? Nesta passagem, Jesus mostra por que recebeu o sacerdócio segundo a ordem de Melquisedeque.

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FU N D A M EN TO S BÍBLICOS DE U M A U TÊN TIC O A VIV A M EN TO

Se verdadeiram ente nos entregarm os à intercessão, este será o nosso lema: "E , quanto a mim, longe de mim que eu peque contra o Senhor, deixando de orar por vós; antes, vos ensinarei o caminho bom e direto" (1 Sm 12.23).

5. Petição. Somente depois de adorarmos a Deus, reco­nhecer-lhe o senhorio sobre todas as coisas, agradecer-lhe por quanto dEle temos recebido e rogar-lhe o perdão por nossas iniqüidades, é que devemos preocupar-nos com as nossas ne­cessidades. Ainda que específicas, nossas petições devem ter por modelo a Oração Dominical que, segundo Tertuliano, é um perfeito compêndio do Evangelho de Cristo.

Confortemo-nos com esta recomendação de Paulo: "Não andeis ansiosos por coisa alguma; antes em tudo sejam os vossos pedidos conhecidos diante de Deus pela oração e súplica com ações de graças (Fp 4.6).

6. Disposição para o serviço. E neste ponto de sua ora­ção, que o crente há de se consagrar integral e incondicio­nalm ente ao serviço do Divino Mestre. E a santificação para o trabalho no Reino de Deus. Se a nossa oração não for en­cerrada com esta disposição, de nada adianta-nos perm a­necer uma ou duas horas de joelhos.

O m issionário brasileiro José Satírio, autor do livro M is­são em Cúcuta, disse certa vez que o fracasso de muitos cris­tãos reside no fato de estes limitarem-se, em suas orações, à linha do perdão, quando deveriam ultrapassar a linha do serviço e da consagração. A oração tam bém é serviço; sem serviço não pode haver oração.

III. 0 CLAMOR PELO AVIVAMENTO

Um grito por avivamento foi um livro que li quando jo ­vem . Tinha na ocasião 18 ou 19 anos. Infelizm ente não me recordo o nome do autor. Mas dem onstrava este uma preo­cupação muito grande com respeito ao avivamento. Eis por­que, segundo ele, não devemos apenas orar por um aviva­mento; choremos e gritemos pelo reavivam ento espiritual

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0 AVIVAMENTO E A ORAÇÃO

de nossas igrejas. Se assim não agirmos, como poderemos desejar venham os tem pos de refrigério?

Conquanto presente em todos os livros da Bíblia, explí­cita ou im plicitam ente, acredito que a Teologia do Aviva­m ento nasceu com Habacuque. Vivendo a ruína iminente de Jerusalém e a desdita do povo de Deus, viu o profeta que só havia um meio de se evitar o inevitável: um avivamento que levasse o povo aos princípios da Lei Divina. Por isso, o grito do profeta: "Aviva a atua obra, ó Senhor, no decorrer dos anos, e, no decurso dos anos, faze-a conhecida; na tua ira, lem bra-te da m isericórdia" (Hb 3.2).

Os dias de hoje não são diferentes. Os valores se inver­tem. A incredulidade vai conquistando guarida até mesmo em corações dantes piedosos. Com o as in iqüidades se m ulplicam , o amor dos santos enregela-se. E a liberalidade na teologia? E o m odernism o na doutrina? E o mundanismo que nos entra pelas igrejas sob a capa da contextualização?

Diante de um quadro tão crítico, resta-nos apenas uma esperança: um avivam ento bíblico e centrado no Cristo de Deus. M as este avivam ento só virá quando o povo, que se cham a pelo nom e de Deus, orar e suplicar-lhe a santíssim a presença. Pois a oração pressupõe avivam ento, e o aviva­m ento é um dos m ais perfeitos sinônim os de oração.

O avivam ento só é deflagrado quando a Igreja de Cris­to põe-se a clamar. E, assim, orando e chorando, vão os san­tos clam ando por um avivam ento, e, em prantos copiosos, logo hão de experim entar uma singular visitação dos céus. Os tempos de refrigério não nos faltarão.

IV. GRANDES INTERCESSORES, PODEROSOS

AVIVAMENTOS

Como esquecer este notável hom em da igreja? A lém de teó lo go , fo i Jo h n K nox (1514-1572) um n o tab ilíssim o intercessor. Num m omento de crise, derram ou toda a sua

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FUNDAMENTOS BÍBLICOS DE UM AUTÊNTICO AVIVAMENTO

alma diante de Deus: "Senhor, dá-me a Escócia senão m or­rerei!" E, a partir desse singular clamor, a história de sua pátria m odificar-se-ia de form a radical. Sem a sua prece, como se haveriam os escoceses naqueles dias tão difíceis?

Exemplo inesquecível dá-nos Abraão Lincoln. O adm i­rável presidente norte-am ericano enfrentou gravíssim as dificuldades em seu governo. Haja vista a Guerra da Seces­são. Durante aqueles anos de lutas fratricidas, quando o núm ero de cadáveres m ultiplicava-se a cada dia, Lincoln viu-se constrangido a reconhecer: "Tenho sido im pulsiona­do a me ajoelhar, m uitas vezes, pela convicção esmagadora de que não há mais outro caminho a seguir".

Deus ajudou o presidente Lincoln a pacificar a sua na­ção, lançando as bases de um futuro promissor e imparmente glorioso.

Se orarmos de forma súplice e ardente, haveremos de m odificar não som ente a história de nossa igreja, mas a es­trutura de nossa sociedade. A igreja evangélica precisa de um avivam ento; o Brasil carece de um avivamento. Temos de experim entar novos tempos de refrigério. Se não estiver­mos atentos, tornar-nos-em os tão nom inais quanto àqueles cristãos am ericanos e europeus que já nem se lem bram de que suas nações foram, um dia, nascedouros de inesquecí­veis avivamentos.

CONCLUSÃO

É desnecessário dizer que a oração é indispensável ao povo de D eus. A Igreja, além de ser um a com unidade adoradora, é tam bém uma sociedade de clamor e súplicas. Somos conhecidos pela comunhão que mantemos com o Pai Celeste. Que esta reflexão de Stanley Jones aumente-nos o anseio pela oração: "Já descobri que sou m elhor ou pior à m edida que oro m ais ou menos. Quando oro, sou igual a uma lâmpada colocada no lugar adequado: fico pleno de luz e poder".

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0 AVIVAMENTO E A ORAÇÃO

Como Igreja de Deus, temos de retornar ao Jardim do Getsêmani, onde se acha o Cristo em perene oração. Somente assim, haveremos de vencer as dificuldades que nos cer­cam, e firmar-nos como a agência por excelência do Reino de Deus.

Se de fato queremos um avivamento, não podem os ol­v idar a observação m ui pertinente de Elanor L. Doan: "O progresso da história da Igreja é a história da oração".

QUESTIONÁRIO

1. O que é a oração?

2. O que é a oração intercessória?

3. Como deve ser a oração do crente?

4. Qual o teor da oração de Habacuque?

5. Por que o povo de Deus deve dedicar-se à oração?

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VI

0 AVIVAMENTO PRODUZ A SANTIFICAÇÃO E A INTEGRIDADE

SUMÁRIO: Introdução; I. O que É a Santificação; II. O Grande Para­doxo - um Povo Santo não Santificado; III. O Avivamento Exige uma Vida Santa, Pura e Integra; IV. A Santificação e a Integridade; Con­clusão; Questionário.

INTRODUÇÃO

Um a bênção esquecida. Foi assim que um teólogo de­nom inou a doutrina da santificação. Se considerarm os, po­rém , a crise que vem assolando igrejas, dantes tão podero­sas, serem os obrigados a considerar a santificação, e con­seqüentem ente a integridade, não apenas um a bênção es­quecida, m as fatalm ente negligenciada. Porque, em bora todos os crentes saibam que ser santo não é uma opção, mas um a im posição divina, m uitos são os que se confor­m am com este sécu lo, e entregam -se à in iqüidade e à ignom ínia.

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FU N D A M EN TO S BÍBLICOS DE UM A U TÊ N TICO A V IV A M EN TO

Só um avivamento poderá arrancar-nos a este torpor espiritual, e guindarmos à posição a que fomos chamados como povo especial, íntegro e com provadam ente santo.

Repassemos a história dos avivamentos, e vejamos como se comportavam os filhos de Deus nesses períodos de visitações celestes. Tão logo sentiam o sopro do Espírito Santo, abando­navam suas práticas pecaminosas, deixavam os vícios e os maus costumes, e passavam a andar como Cristo andou. Haja vista o que aconteceu no País de Gales. Bordéis e cassinos eram fechados; os donos de bares e adegas, constrangidos pela Pa­lavra de Deus, não mais vendiam bebidas alcoólicas. E os cren­tes demonstravam não somente por palavras, mas principal­mente por obras, ser uma nação santa, sacerdotal e profética.

Neste capítulo constataremos quão importante é a dou­trina da santificação. E a seguir, entraremos a ver por que é a integridade uma das mais fortes evidências de uma vida re­almente avivada. Santificação e integridade! Que o Senhor nos ajude a ser santos como Ele santo é, e a portar-nos com integridade como aqueles homens e mulheres das Sagradas Escrituras que, para preservar a sua vocação celeste, não te­meram entregar o próprio corpo à morte. Eis aqui uma das mais fortes evidências de um avivamento.

1.0 QUE É A SANTIFICAÇÃO

A santificação não significa apenas estar separado do mundo. Pois não são poucos os crentes que, apesar de não viverem no mundo, permitem que o mundo neles viva. A santificação leva o homem a separar-se do mundo, separan­do-se integralmente para Deus. Tem a santificação, por con­seguinte, dois lados: um negativo e outro positivo. Separar- se do mundo até que não é difícil. Assim agem aqueles mon­ges do Tibet. Alienam-se de tudo e até da própria vida, alie­nam-se. Entretanto, são incapazes de se entregarem a Deus.

Quanto ao segundo aspecto da santificação, somente o Espírito Santo pode operá-lo. Tratando do duplo aspecto

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0 AVIVAM ENTO PRODUZ A SA N TIFIC A Ç Ã O E A INTEGRIDADE

desta tão sublime doutrina, afirmou Eleanor L. Doan: "A comunhão com um Deus santo produz a santidade entre os hom ens". Portanto, quando alguém se entrega totalm en­te à santificação, conform e a Bíblia no-lo requer, sua influ­ência torna-se indisfarçável.

1. O que é a santificação. Assim podem os defini-la: "Se­paração do m al e do pecado, e dedicação ao serviço do Rei­no de Deus. E a forma pela qual o filho de Deus aperfeiçoa- se à sem elhança do Pai C eleste" (D icionário Teológico da CPAD). Isto significa que, de acordo com Emery H. Bancroft, "a santidade de Deus se m anifesta em seu ódio contra o pecado e em seu deleite na retidão, e na separação entre ele e os que vivem no pecado".

2. A máxima reivindicação das Sagradas Escrituras. Den­tre todas as reivindicações e demandas das Sagradas Escritu­ras, esta é, sem dúvida, a mais elevada e altaneira: "Portan­to, santificai-vos e sede santos, pois eu sou o SENHOR, vos­so D eus" (Lv 20.7). Se no Antigo Testamento este imperativo não admitia meios termos, o que não diremos da ordem do Novo? Na Epístola aos Hebreus, o autor é mui categórico: "Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor" (Hb 12:14).

3. Os meios para se obter a santificação. Dentre os meios da graça de que dispomos para obter a santificação, a Palavra de Deus e o sangue de Cristo Jesus são os principais.

a) A Palavra de Deus. Em sua oração sacerdotal, roga o Senhor ao Pai Celeste em favor da santificação de seus dis­cípulos: "Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verda­d e" (Jo 17.17).

b) O sangue de Jesus. "Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado" (1 Jo 1.7).

D iscorrendo sobre esta tão im prescindível doutrina, posto que esquecida, J. E. Davies assevera claramente: "O cristão é chamado a viver uma vida de santidade, de ino­cência, de pureza, e de continuada consagração a D eus".

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FUNDAMENTOS BÍBLICOS DE UM AUTÊNTICO AVIVAMENTO

II. 0 GRANDE PARADOXO - UM POVO SANTO

NÃO SANTIFICADO

De acordo com Adolph Sophir os "santos são pecado­res salvos pela graça". Acredito que, neste ponto, todos estam os de acordo com Sophir. Todavia, com o pode existir um povo santo não santificado? Neste paradoxo, encontra- va-se a igreja de Corinto. O apóstolo Paulo parece não ter se im pressionado com este aparente paradoxo; pois, logo no início de sua prim eira carta àquela igreja, trata todos os seus membros de santos (1 Co 1.2). Mas logo em seguida, exorta- os a uma vida de pureza e integridade.

Em bora chamados santos, achavam -se aqueles crentes mui distantes de uma vida exem plarm ente santificada e ín­tegra. Não aceitavam eles a pregação de Paulo, por terem- na como sim plória e despojada dos arroubos da retórica helena; encontravam -se divididos em facções; toleravam grotescas im oralidades; levavam uns aos outros aos tribu­nais; não sabiam como se portar na Ceia do Senhor; ignora­vam a exata função dos dons espirituais; desconheciam a essência da lei do amor; não criam na ressurreição dos m or­tos e até da de Cristo duvidavam. Apesar de tudo eram, posicionalm ente, santos.

Aparentem ente, viviam os coríntios um grande aviva­mento. Infelizmente, conquanto fervorosos, não eram espi­rituais. Eis porque Paulo lhes endereçou duas espístolas, nas quais envida todos os esforços, a fim de reconduzi-los a uma vida realmente santa e com provadam ente íntegra. Sem es­tes ingredientes é im possível o avivamento.

O que estamos a assistir, em muitas de nossas greis, não nos lem bra a igreja de Corinto? Nunca foram os cultos tão fervorosos, e nunca esteve a espiritualidade tão em baixa. Jam ais foram as reuniões tão m ovimentadas; onde, porém, o m ovimento do Espírito Santo? E, assim, de aparência em aparência, não poucas igrejas vão vivendo um avivamento

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0 AVIVAM ENTO PRODUZ A SA N TIFIC A Ç Ã O E A INTEGRIDADE

artificial e m orto; um avivamento m ui distante do padrão bíblico que, com urgência, reivindica uma vida santa e irre­preensível daqueles que se identificam como filhos de Deus.

III. 0 AVIVAMENTO EXIGE UMA VIDA SANTA,

PURA E ÍNTEGRA

Charles Finney, um dos maiores teólogos de todos os tem­pos, descreve uma igreja que, desesperadamente, precisa de um avivamento. Ele, que foi usado por Deus não somente para fazer teologia, mas também para incendiar a América com um poderoso despertar, sabia muito bem que o verda­deiro avivamento demanda uma vida santa, pura e íntegra:

"Q uando existe falta de amor fraternal e confiança en­tre os crentes, faz-se necessário um reavivamento. Há nesse momento, um forte clamor para que Deus reavive a sua obra. Espere por um reavivam ento quando existirem dissensões, ciúmes e rumores m aldosos entre os crentes. Essas coisas m ostram que os cristãos se afastaram de Deus e que é hora de pensar seriamente em um reavivamento.

"O reavivam ento é necessário quando há um espírito mundano na igreja. Ela se afunda num estado de apostasia quando se vêem os cristãos conform es com o m undo em vestim enta, festas, buscas de diversões m undanas e leitu­ras de romances imorais.

"Q uando a igreja encontrar seus membros caindo em pecados escandalosos e indecentes é tempo de despertar e clamar a Deus por um reavivam ento".

Tais palavras não parecem ter sido escritas para os dias de hoje? Cumpre-se, em nosso tempo, o que disse o Senhor Jesus no Sermão Profético: "Por se m ultiplicar a iniqüida­de, o amor de m uitos se esfriará?" Quantas igrejas, outrora fortes e espiritualm ente pujantes, não se acham prestes a m orrer espiritual e m oralm ente; algumas já foram sepulta­das; outras acham -se a dar os últimos suspiros. E os atalaias

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FUNDAMENTOS BÍBLICOS DE UM AUTÊNTICO AVIVAMENTO

de Deus? Não se acham , porventura estes, com prometidos tam bém com o mundo?

As igrejas foram transform adas em palco; seus corredo­res, em pistas de dança; seus púlpitos, em meras tribunas onde se apregoa a teologia da prosperidade, a confissão positiva e um triunfalism o escarnecedor e ímpio. Os bons costumes são negligenciados e até escarnecidos, com o se o povo de Deus não tivesse a obrigação de ser íntegro e dife­rente do paganism o que, sistematicamente, vai se apossan­do do presente século.

E os pecados sexuais? Desgraçadamente, os jovens já não têm muitos referenciais que os estim ulem a ser cada vez mais santos, puros e íntegros. Muitos desses m oços e moças que nos freqüentam as igrejas já não sabem diferençar entre a mão direita e a esquerda. Se não forem alcançados por um poderoso avivamento, perecerão eles em seus deli­tos e pecados. E no dia do Juízo Final, haverá Deus de lhes requerer o sangue de nossas mãos.

IV. A SANTIFICAÇÃO E A INTEGRIDADE

Do que já temos visto, há que se concluir que a santifi­cação, na vida do povo de Deus, não pode ser m eram ente posicionai; tem de se m anifestar numa vida íntegra e de absoluta retidão. Uma vida semelhante à de Jó que, apesar dos m ilênios já transcorridos, continua a inspirar todos os que porfiam por andar com integridade. Vejamos, a seguir, o que é a integridade.

1 .0 que é a integridade. Tanto no Antigo como no Novo Testamento, "integridade" é uma palavra que comporta os seguintes significados: inteireza, retidão, im parcialidade, inocência e pureza. No hebraico, a palavra integridade é representada pelo vocábulo tamim, que traz estes sentidos: com pleto, pronto, perfeito e inculpável.

A Versão Corrigida de Almeida, influenciada ainda pelo português do Século XVII, utiliza o vocábulo "sinceridade"

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O AVIVAMENTO PRODUZ A SANTIFICAÇÃO E A INTEGRIDADE

em lugar da palavra "integridade". Apesar de ambos os ter­m os serem tidos com o sinônim os, o segundo é mais enfáti­co: retrata de m aneira vivida, a postura daquele que jam ais trafica a sua fidelidade ao Senhor.

2. A vida íntegra de Jó. Em bora coberto de úlceras e já vestido de uma angústia peregrina, Jó não traficou a sua integridade nem transigiu quanto aos seus compromissos morais. Em tudo, m anteve-se sincero e íntegro. No m om en­to mais agudo de sua provação, quando a esposa pergun- tou-lhe: "A inda ireténs a tua integridade? Amaldiçoa a Deus e m orre", ele não vacilou em dar-lhe uma resposta que ja ­m ais seria esquecida: "C om o fala qualquer doida, assim fa­las tu; receberemos o bem de Deus e não receberíam os o m al?" (Jó 2.9,10). Em tudo isto, registra o autor sagrado, o patriarca não pecou com os seus lábios".

Neste momento tão crucial, em que os filhos de Deus cla­mamos por um reavivamento, não podemos ignorar algu­mas perguntas que, posto que incômodas, precisam ecoar bem forte: Nossa vida pessoal é íntegra? Nosso ministério é ínte­gro? E íntegra a nossa mensagem? E a nossa postura como homem de Deus? E politicamente correta? Ou reconhecida­mente íntegra e santa? O momento é crítico! Não contempla rodeios nem hipocrisias. Exige decisão. Há somente duas res­postas cabíveis: Sim e Não. O que disto passar é dissimula­ção e consumada iniqüidade. Nos tópicos a seguir, entrare­mos a enfocar o ministro de Deus em particular, por ser jus­tamente ele quem estará a rogar-lhe por um avivamento.

3. Uma vida pessoal íntegra. Não podemos dissociar a vida pessoal da ministerial. O êxito desta muito depende daquela. Se a primeira não for eloqüente em virtudes, a se­gunda não convencerá com as palavras. Se a tribuna do ínti­mo não tiver argumentos, o púlpito ficará sem respostas.

Desgraçadam ente, m uitos são os púlpitos que já não passam de meras plataformas. Pois o mensageiro, ao sepa­rar o m inistério de sua vida particular, não quis atentar a esta irrecorrível realidade: am bos são tópicos do mesmo

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FU N D A M EN TO S BÍBLICOS DE U M A U TÊN TIC O A V IV A M EN TO

sermão; form am um só discurso. Nossa vida privada não é apenas o exórdio da m ensagem; é também a sua conclusão. É a peroração que convence. E o apelo respondido.

4. Uma vida conjugal íntegra. Se o obreiro não vive bem com a esposa, se não a respeita, se alim enta contatos equí­vocos com outras mulheres, como poderá conduzir uma cerimônia de casamento? Como poderá dirigir as bodas de prata e de ouro das ovelhas se as suas não passam de um mero papel quando deveriam ter a consistência do diam an­te? Estaríam os nós na m esm a condição dos sacerdotes a quem M alaquias censurou? Brada o profeta: "O Senhor foi testem unha entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela a tua com panheira e a m ulher do teu concerto", M l 2.14.

Como ministros de Deus, saibamos tam bém como or­denar nossos filhos, a fim de que tenhamos condições de aconselhar os jovens do rebanho. Se não agirmos de m anei­ra coerente, nossos filhos jam ais verão a igreja como o Rei­no de Deus; vê-la-ão como se fora uma m era capitânia here­ditária. Eles lançam mão do tesouro sagrado; você nada diz. Oprimem os santos; você não os disciplina. Agem impu- dentem ente; você não os censura. Logo estarão oferecendo fogo estranho no altar, e não estará você presente para evi­tar que sejam eles consumidos pela ira divina.

5. Um a vida econôm ica íntegra. Se o m ensageiro de Deus burla o fisco, e em tudo busca duvidosas vantagens, com o poderá ensinar que um a das evidências do verda­deiro avivam ento é a liberalidade nos dízim os e ofertas. As ovelhas sem pre dão a D eus o que é de D eus, m as você nega tanto o que é de D eus quanto o que é de César. Já não se contenta com a porção cotidiana. Se os filhos de Eli roubavam os fiéis com o garfo, desfalca você a igreja de C risto com o tridente do usurpador (1 Sm 2.13).

Se o arauto de Deus vive de ostentação em ostentação, como poderá discorrer sobre a m anjedoura? A igreja preci­sa de servos, não de monarcas que, desprezando a singele­

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za dos lírios, já não se conform am com o próprio campo. Quando censurado, o que você diz? Alega que, com o m i­nistro de Deus, precisa viver com o príncipe. Veja todavia com o estão as suas ovelhas! E as viúvas que você não quis socorrer? Os órfãos que se recusou a amparar? A dor que jam ais aliviou? Enquanto você vive com o príncipe, suas ovelhas gem em com o vassalas de sua descabida luxúria.

6. Uma cidadania íntegra. Se o atalaia m enospreza as honras do m inistério cristão, como poderá enaltecer a cida­dania celeste? O Senhor o cham ou para o m inistério da Pa­lavra, mas você tem obsessão pelo m inistério público. Quer uma cadeira no parlam ento, e reputa por nada a cátedra doutrinai que, em sua igreja, está sempre vazia. Deixe a coi­sa pública aos que dela sabem cuidar; zele pelo bem comum das ovelhas que o Senhor lhe entregou.

Se o pregoeiro, enfim , não prega com a vida terrena, com o poderá pregar a vida eterna? O Senhor Jesus pregava a vida com a vida, entregando por nós a própria vida. É por isso que, m esm o calado, incomodava. E, você? Ainda que brade, já não convence. É nuvem sem água; troveja, mas não chove testem unhos nem orvalha exemplos.

7. Um m inistério íntegro. Se a sua vida não é íntegra, com o poderá ser íntegro o seu m inistério? Você não se con­tentou em ser obreiro; quis logo o título de ministro. Esque- ceu-se porém de algo básico: a essência do m inistério cris­tão é o serviço sacrificial e amoroso que se deve prestar a Deus e aos santos.

E, já ministro, o que fez?Ao invés de negociar os talentos, foi fazer negociata das

coisas santas. Adulou para subir, mas continua a descer no conceito daquEle que tudo vê e sonda todas as coisas. Burlou as normas; desrespeitou o ministério e ignorou as conven­ções. E, já à frente da igreja, descobriu-se sem o cajado de pastor. Administra os bens da igreja, mas jamais pastoreou o rebanho de Cristo. Não é pastor; é mercenário. Como poderá você rogar a Deus por um avivamento em seu ministério?

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FU N DA M EN TO S BÍBLICOS DE UM A U TÊN TICO A V IV A M EN TO

Aliás, deseja você realmente um avivamento? Porque um avivamento requer compromissos, ao passo que você vive descompromissadamente para com o Senhor da Seara.

8. Uma m ensagem íntegra. Se a sua vida e m inistério não são íntegros, como esperar que a sua m ensagem o seja? Você já não assume o púlpito como hom em de Deus; agora você é hom em do povo. Já não lhe interessa o que a igreja necessita receber. Você só fala o que o grupo m ajoritário e poderoso quer ouvir.

Do púlpito você decreta a prosperidade, e nunca se viu tanta m iséria espiritual em seu redil. De tanta confissão positiva, você já nem parece guia espiritual: é m ais guru que pastor. Antes fosse apenas guru; sua condenação seria menor. M enospreza o pecado, dizendo já estarem todas as ovelhas predestinadas à vida eterna. Ilude-as com uma fal­sa esperança; engana-as com uma teologia que não é nem próspera nem positiva, mas duas vezes maldita.

Não satisfeito em enganar o rebanho, ainda franqueia o púlpito aos lobos e chacais. Depois, reparte com eles o des­pojo dos santos. Com a sua palavra fácil e azeitada, você tira tudo das ovelhas, SI 55.21. M as chegará o dia em que, para o seu desespero, não haverá nem a lã nem o leite; ha­verá apenas a necessidade serôdia.

O seu púlpito não é proclam ação; é um a peça de m a­rketing. Lem bra-se dos não-regenerados que você prom o­veu? Dos im penitentes a quem estendeu a destra da co­m unhão? Dos poderosos que adulou? Dos corruptos que acolheu com o se fossem do Senhor ungidos? O seu m a­rketing foi infalível; o inferno está m ais popular que nun­ca. O seu rebanho já não sabe a diferença entre o santo e o profano.

E a sua m ensagem alternativa? Não tem a agonia do G etsêm ani, nem a paixão do Calvário. Mas tam bém não possui a glória da ressurreição nem a esperança do arreba- tamento. Sua m ensagem alternativa deixou o rebanho que Deus lhe confiou sem qualquer opção.

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0 AVIVAMENTO PRODUZ A SANTIFICAÇÃO E A INTEGRIDADE

No púlpito você se lem bra de tudo, m enos da integri­dade da mensagem. Que tal colocar-se na porta do templo e sofrer as afrontas todas de Jeremias? Ou ser incompreendido como Amós? Ou ainda oferecer a vida por libação como o apóstolo Paulo? Nenhum destes pregou uma m ensagem alternativa; a única alternativa da Palavra de Deus é a obe­diência, que sempre nos leva a experim entar o refrigério de um poderoso avivamento.

CONCLUSÃO

Não há avivam ento sem santificação e integridfade. O avivam ento, o verdadeiro avivam ento espiritual pressupõe a santificação de todo o povo de Deus. Quer no Antigo, quer no Novo Testamento, o povo de Deus sempre foi incitado a buscar a Deus e a compungir-se diante dEle, pois todos sa­bem os que sem a santificação ninguém verá o Senhor.

Como, pois, ignorar as reivindicações bíblicas quanto a uma vida pura, santificada e que, em todas as coisas, se con­forme com a vida de Nosso Senhor Jesus Cristo?

Qual a sua postura como homem de Deus? É politica­mente correta? O anjo de Laodicéia tinha uma postura politi­camente correta, o Senhor porém estava prestes a vomitá-lo de seus desígnios. A postura do Iscariotes era de igual modo correta, contudo ele não titubeou em vender o Mestre. No momento em que Pilatos buscava ser politicamente correto, soltou um homicida, e entregou um inocente à morte.

Nossa postura, como homens de Deus, não deve lim i­tar-se ao politicamente correto; tem de ser reconhecidamente justa e íntegra. Por isso, mais do que nunca, temos de res­ponder a esta pergunta:

"A inda reténs a tua integridade?"Não podem os vacilar. Se não levarmos a sério as reivin­

dicações bíblicas quanto à santificação e à integridade, fica­rem os envergonhados quando a últim a trom beta tocar, anunciando o arrebatamento da Igreja.

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FUNDAMENTOS BÍBLICOS DE UM AUTÊNTICO AVIVAMENTO

QUESTIONÁRIO

1. O que é a santificação?

2. Quais os dois lados da santificação?

3. O que disse Finney sobre a santificação?

4. O que diz o autor da Epístola aos Hebreus sobre a santifi­cação?

5. Por que a santificação é um dos mais fortes indícios do avivamento?

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VII ÊtÊ sB

0 AVIVAMENTO E O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO

Sumário: Introdução; I. A Promessa do Derramamento do Espírito Santo no Antigo Testamento; II. A Promessa do Derramamento do Espírito Santo no Novo Testamento; III. O Dia de Pentecostes;IV. A Atualidade da Experiência Pentecostal; V. O Testemunho da História; Conclusão; Questionário.

INTRODUÇÃO

"E is que vejo a glória de Israel, pois esta m ulher falou a nossa própria língua!" Esta declaração não foi feita por ne­nhum peregrino hebreu do Antigo Testamento, nem por aqueles anacoretas que se enfurnavam nas solidões do de­serto. Apesar de seu tom profético, esta declaração foi pro­ferida por um ju d eu que, pelos in ícios do século XX, andejava pelo então Território Federal do Amapá.

No dia 25 de dezembro de 1917, os pastores Clímaco Bueno Aza e José de Mattos achavam -se a batizar mais uma

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FUNDAMENTOS BÍBLICOS DE UM AUTÊNTICO AVIVAMENTO

leva de novos convertidos naquele extrem o norte do Brasil, quando a irmã Paula de Araújo, ao descer às águas, recebe a prom essa pentecostal. Nesse momento, põe-se ela a falar uma língua tão sonora, tão doce e tão eloqüente, que mais lem brava a dicção dos escritores sagrados.

Não havia dúvida; a irmã Paula estava a falar o hebraico.Foi o que comprovou o Sr. Leão Zafury. Não sabemos

se este errante judeu veio a converter-se em decorrência daquela m ensagem vinda diretamente do Deus de Abraão. Mas de uma coisa temos certeza: naquele momento, veio ele a testemunhar um poderoso derram amento do Espírito Santo que, tendo com eçado no Dia de Pentecostes, em Jeru­salém, haveria de prosseguir confirm ando a poderosa in­tervenção de Deus nos negócios humanos.

Apesar dos cessacionistas, que alegam ter sido o batis­mo no Espírito Santo uma experiência exclusivamente apos­tólica, continua o Senhor Jesus a m anifestar-se entre o seu povo, dispensando-lhe avivam entos, visitações e refrigéri- os. Não há nenhum a base bíblica, ou histórica, para se du­vidar da atualidade da Obra Pentecostal. E um fato mais que comprovado pelas Sagradas Escrituras.

Um a das principais características do verdadeiro avi­vam ento é o derram amento do Espírito Santo. E uma pro­m essa que perm eia toda a Bíblia; vai do Antigo ao Novo Testamento.

I. A PROMESSA DO DERRAMAMENTO DO ESPÍRITO

SANTO NO ANTIGO TESTAMENTO

Quase todos os profetas da Antiga Aliança aludiram ao derram amento do Espírito Santo. Tinham eles plena con­vicção de que, nestes últim os dias, haveria uma singular efusão do Espírito, assinalando a inauguração de uma nova era do Reino de Deus na terra: a era da Igreja, através do M essias de Israel.

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0 AVIVAM ENTO F. O BATISM O CO M O ESPÍRITO SA N TO I O I

Isaías, que viveu no V III século antes de C risto, v is­lum brou estes nossos tem pos: "D erram arei água sobre o sedento e torrentes sobre a terra seca; derram arei o m eu Espírito sobre a tua posteridade, a m inha bênção sobre os teus descendentes"(Is 44.3). O profeta talvez nem im a­ginasse que im plicações teria sem elhante previsão. Esta­va ciente, porém , de que se tratava de algo grandioso, adm irável, inusitado. A final, em sua época, o Espírito Santo não era dado por efusão; era outorgado sob m edi­da; era d ispensado de acordo com as necessidades da com unidade de Israel. M as com o derram am ento do Es­pírito , todos viriam a ter direito a esse m aravilhoso e ine­fável dom.

Joel tam bém profetizou acerca da efusão do Espírito Santo. Este antigo profeta literário, cujo m inistério é situa­do no nono século antes do Salvador, teve um a claríssim a visão do derram am ento do Espírito. N enhum outro m en­sageiro de Jeová tivera jam ais um a tão clara visão desse poderoso feito de Deus. Tanto é que, por unanimidade, cha- m am -no de o profeta pentecostal. Eis o que previu ele para estes dias: "E há de ser que, depois, derram arei o m eu Es­pírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jo ­vens terão visões. E tam bém sobre os servos e sobre as ser­vas, naqueles dias, derram arei o m eu Espírito" (J12.28,29).

Joel profetizou tão m eridianam ente acerca do derram a­m ento do Espírito Santo que, no Dia de Pentecostes, nin­guém no cenáculo teve qualquer dúvida; o que naquele momento ocorria era o cum prim ento da palavra que envia­ra o Senhor através de seu profeta. Eis como Pedro exordia o seu discurso: "O que ocorre é o que foi dito por interm é­dio de Joel" (At 2.16).

Além de Isaías e Joel, m uitos outros escritores, direta ou indiretam ente, fizeram m enção do derram am ento do Espírito em nossos dias. Vejamos a seguir o que disseram os escritores do Novo Testamento.

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FU N D A M EN TO S BÍBLICOS DE U M A U TÊN TIC O A V IV A M EN TO

II. A PROMESSA DO DERRAMAMENTO DO

ESPÍRITO SANTO NO NOVO TESTAMENTOAo iniciar o seu m inistério, tinha João Batista como ine­

vitável o derramamento do Espírito Santo anunciado pelos profetas do Antigo Testamento. Suas palavras não admitem hesitação: "Eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem após m im é mais po­deroso do que eu; não sou digno de levar as suas sandálias; ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo" (Mt 3.11).

Confirm ando as palavras de seu precursor, o Senhor Jesus prometeu, em diversas ocasiões, a liberal efusão de seu Espírito Santo. Quando dispensava as consolações aos atônitos discípulos, afiançou-lhes: "Eu rogarei ao Pai e ele vos dará outro Consolador... o Espírito de verdade" (Jo 14.16,17). Já ressurrecto, recomendou-lhes: "Perm anecei em Jeru salém até que do alto se jais revestidos de p od er" (Lc 24.49). E, agora, prestes a ser assunto, reafirma a pro­messa: "M as recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testem unhas tanto em Jerusa­lém como em toda a Judéia" (At 1.8).

Como o atestariam os apóstolos, as palavras do Senhor Jesus cum prir-se-iam de m aneira extraordinariam ente sin­gular. Era só esperar pelo Dia de Pentecostes!

III. 0 DIA DE PENTECOSTES

Ao relatar o derram amento do Espírito Santo sobre os discípulos, Lucas foi claro e mui perceptível. Ele não expli­ca, por exemplo, porque foi escolhido justam ente o Dia de Pentecostes. Poderia ser alguma outra festa judaica. Tem o Senhor, porém , os seus propósitos. Em sua economia, nada é feito por acaso; tudo tem o seu significado e importância; em nada deixa de m ostrar os seus desígnios.

Poderia haver ocasião mais significativa que o Pente­costes para que o Senhor efundisse o seu Espírito? Durante

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0 AVIVAMENTO E O BATISMO COM O ESPlRITO SANTO 103

essa celebração, os judeus dedicavam as prim ícias de todas as suas lavouras e culturas ao Senhor (Êx 23.16; Nm 28.26). O m elhor do campo a Jeová! A colheita pentecostal seria extraordinariam ente grande, pois grandemente extraordi­nária haveria de ser a chuva sobre o cenáculo:

"Cum prindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reu­nidos no m esm o lugar; e, de repente, veio do céu um som, como de um vento veem ente e im petuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E foram todos cheios do Espírito San­to e com eçaram a falar em outras línguas, conform e o Espí­rito Santo lhes concedia que falassem " (At 2.1-4).

Nesse dia, em decorrência do sermão de Pedro, conver­teram-se quase três mil almas (At 2.41). Tendo em vista se­m elhante resultado, insistiu o evangelista Stanley Jones: "A vida do cristão começa no Calvário, m as o trabalho eficien­te no Pentecostes". M as que im plicações tem o evento pen­tecostal para os nossos dias? Teria sido a efusão do Espírito Santo uma experiência exclusiva e única para aqueles dias? O que nos atesta a Bíblia e a mesma história?

IV. A ATUALIDADE DA EXPERIÊNCIA

PENTECOSTAL

Há um grupo de teólogos que, se não peca por com is­são, está sempre a pecar pelas om issões incabíveis e até im piedosas que perpetram contra a doutrina pentecostal. Alegam eles, entre outras coisas, que o batism o no Espírito Santo e os dons espirituais já não têm qualquer serventia ou préstim o para estes últim os dias. E que só foram necessári­os àqueles dias primeiros da Igreja. As Escrituras Sagradas e a história do Cristianismo os desmentem; dem ostram que a experiência pentecostal jam ais se ausentou dos arraiais cristãos. E tão atual hoje como o foi aos tempos antigos.

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104 FU N DA M EN TO S BÍBLICOS DE U m M JT Ê N T IC O A V IV A M EN TO

Em seu discurso, o apóstolo Pedro é m ais do que con­clusivo: "Porque a prom essa vos diz respeito a vós, a vos­sos filhos e a todos os que estão longe: a tantos quantos D eus, nosso Senhor, cham ar" (At 3.39). Ao com entar essa passagem , o pastor D onald Stam ps confirm a: "A prom es­sa do batism o no Espírito Santo não foi apenas para aque­les presentes no dia de Pentecostes, m as tam bém para to­dos os que cressem em C risto durante toda esta era. O batism o no Espírito Santo com o poder que o acom pa­nha, não foi um a ocorrência isolada, sem repetição, na história da igreja".

Não é somente a Bíblia que nos está a atestar essa ver­dade; a própria história comprova a realidade do Pentecos­tes em todas as eras.

V. 0 TESTEMUNHO DA HISTÓRIA

No ano 156, M ontano, sentindo-se pesaroso por causa da decadência que am eaçava a Igreja, deflagrou um m ovi­m ento reformista cuja ênfase recaía na m anifestação dos dons espirituais. Segundo o insuspeito testemunho de Ter- tuliano, entre os m ontanistas não eram poucos os que rece­biam o batism o no Espírito Santo e manifestavam-se em lín­guas estranhas e profecias.

No segundo século, podem os buscar este depoimento em Ireneu: "Temos em nossas igrejas, irmãos que possuem dons proféticos e, pelo Espírito Santo, falam toda a classe de idiom as".

Agostinho tam bém acreditava na continuidade das pro­m essas pentecostais. De seus escritos, concluímos que viva­mente buscava ele a efusão do Espírito: "N ós faremos o que os apóstolos fizeram quando im puseram as mãos sobre os samaritanos, pedindo que o Espírito Santo caísse sobre eles: esperamos que os convertidos falem novas línguas"

No quinto século, o m agistral orador, João Crisóstom o, chegou a com entar: "Portanto, o apóstolo o cham a de m a­

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0 AVIVAM ENTO E O BATISM O CO M O ESPÍRITO SA N TO

nifestação do Espírito [refere-se à m anifestação dos vários dons espirituais], que é dado a todo o hom em tam bém para proveito".

Na Idade Média, muitos foram os m ovim entos que se caracterizaram pelas experiências pentecostais. Muito da­quilo a que cham avam heresia era na verdade pentecostes.

Com a Reforma Protestante, testemunhar-se-ia o adven­to de um gigante espiritual que haveria de abalar irresisti­velm ente os alicerces da civilização. Foi este titã um autên­tico pentecostal. Segundo o historiador Sour, M artinho Lutero falava línguas, interpretava-as, profetizava e acha- va-se revestido de todos os dons do Espírito Santo.

Teve a Reform a ainda outros profetas. O que dizer de Jorge Wishart? Ou do inflamado escocês João Knox? É-nos perm itido citar ainda outro escocês: João Welsh. Esses ho­m ens foram de tal forma tomados pelo poder do Espírito, que fizeram tremer as estruturas dos potentados terrenos. O segrego? Eram eles todos autênticos pentecostais.

No século 18, tem os a destacar os irm ãos W esley e o príncipe dos pregadores ao ar livre, G eorge W ithefield. De conform idade com um relato fidedigno da época, fo­ram os três de tal m aneira visitados pelo Senhor que, cer­ta vez, rolaram pelo chão, tam anho era o poder e a graça experim entados.

E o que diremos de Charles Finney? M oody? E daque­les pietistas que sempre preocupavam -se em ter uma expe­riência cada vez mais profunda com o Senhor?

Finalmente, chegamos ao século XX. Ninguém jamais poderá esquecer o avivamento da rua Azuza em Los Angeles, nos Estados Unidos. Foi aqui que teve início o Movimento Pentecostal, que se espraiaria por toda a América do Norte, e de onde haveria de sair a Assembléia de Deus.

Dos Estados Unidos, foi a doutrina pentecostal trazida ao Brasil pelos m issionários suecos Daniel Berg e Gunnar Vingren. E, hoje, mercê de Deus, somos a m aior nação pen­tecostal do mundo.

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FUNDAMENTOS BÍBLICOS DE UM AUTÊNTICO AVIVAMENTO

CONCLUSÃO

O derramamento do Espírito Santo é visto como um dos mais fortes sinais dos últimos dias. Foi o que profetizou Joel. O que teve início no Dia de Pentecostes, prossegue em nos­sa era, e há de continuar até que venha o Senhor Jesus arre­batar a sua Igreja. Os avivamentos que hoje sacodem o m un­do são em tudo singulares. Haja vista a Coréia do Sul. É justam ente neste país, até há bem pouco tem po dominado çe lo budism o, <\ue se etvcotxteam. as m&voxes vgce^as do m\m- do. E que avivam ento não vivem nossos irmãos coreanos!

Levemos em conta tam bém a experiência que vêm ten­do m uitas denominações históricas. Cristo está a derramar de seu Espírito não somente sobre os pentecostais como tam­bém sobre os batistas, metodistas, presbiterianos, menonitas e congregacionais.

E hora de buscar poder! Se você ainda não recebeu o batism o no Espírito Santo, busque-o agora mesmo. O Se­nhor Jesus deseja que todos os seus filhos tenham mais po­der para testem unhar e resistir aos ataques de Satanás nes­tes dias que se ultim am em sinais e m aravilhas. Com o pentecostais, não podem os esquecer nosso lema:

"Jesus Cristo salva, batiza no Espírito Santo e em breve virá arrebatar a sua Igreja".

QUESTIONÁRIO

1. O que é o derram amento do Espírito Santo?

2. Por que Joel é considerado o profeta pentecostal?

3. O que disse João Batista sobre o batismo no Espírito Santo?

4. O que nos prom eteu Jesus quanto ao Espírito Santo?

5. Quando começou a se cum prir a prom essa pentecostal?

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VIII

0 AVIVAMENTO E OS DONS ESPIRITUAIS

SUMÁRIO: Introdução; I. O que São os Dons Espirituais; II. Os Dons Atuam através dos Membros da Igreja de Cristo; III. A Classificação dos Dons Espirituais; IV. A Função dos Dons Espirituais; V. A Rela­ção dos Dons Espirituais com os Ministeriais; VI. O Desvio dos Dons Espirituais; Conclusão; Questionário.

INTRODUÇÃO

Fui criado num a igreja autenticam ente pentecostal. Naquela congregação ainda pequena, mas já tão dinâmica e tão ciente de suas possibilidades espirituais, habituara-m e às m anifestações do sobrenatural. As salvações de almas e os batism os no Espírito Santo não eram algo que causassem espécie: ocorriam em quase todas as reuniões. Os dons es­pirituais operavam em nosso cotidiano, tornando a igreja um centro operoso do Reino de Deus.

Em nada diferíamos do cenáculo.

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A

FU N D A M EN TO S BÍBLICOS DE UM A U TÊN TICO A V IV A M EN TO

Todo culto era um pentecostes. Saíam os com os cora­ções ardentes pelas v isitações constantes do Espírito. Os tem pos de refrigério jam ais deixavam aquelas estações; era sem pre época de colheita; o avivam ento era contínuo. A o rq u estra , o co ra l e os v ário s co n ju n to s m u sica is readquiriam , a cada sem ana, um brilho que som ente o céu poderia conceder. E as m ensagens? Era unção sobre unção naquele púlpito; proclam ava-se o Evangelho de C risto com autoridade profética. Os enferm os eram cura­dos; as m aravilhas sucediam -se; os sinais sem pre nos b a ­tiam às portas.

M inha igreja era autenticam ente bíblica, apostólica, avi­vada. Os dons espirituais eram usados com sabedoria, res­p o n sa b ilid a d e , e q u ilíb r io ; não eram m o tiv o p ara exibicionism o. Edificavam eles os santos e expandiam o Reino de Deus.

A lem brança desses fatos levou-me a refletir: Como a igreja de nossos dias está se havendo em relação aos dons do Espírito Santo? Este capítulo é fruto dessas reflexões. Com ecemos a tratar do assunto por suas definições mais básicas e elementares.

1.0 QUE SÃO OS DONS ESPIRITUAIS

Com o pentecostais, precisam os com preender a natu ­reza e o correto funcionam ento dos dons espirituais. Ao que parece, os corín tios, em bora possu íssem todos os carism as, ignoravam tanto a procedência quanto a u tili­dade destes. Eles achavam fossem os dons oriundos de variegados espíritos. Por isso foi necessário que lhes de­talhasse Paulo a função dos dons do Espírito Santo. En­tre outras coisas, explica-lhes o apóstolo que, apesar de serem vários os dons, o Espírito era o m esm o (1 Co 12.4). E que o Espírito acionava os dons de acordo com as n e­cessidades da Igreja.

Mas, o que são os dons espirituais?

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0 AVIVAMENTO E OS DONS ESPIRITUAIS 109

São os recursos extraordinários que o Senhor Jesus, m ediante o Espírito Santo, colocou à disposição da Igreja, visando:

• O aperfeiçoamento dos santos;• A ampliação do conhecimento, do poder e da procla­

m ação do povo de Deus; e:• Chamar a atenção dos incrédulos à realidade divina.Ao contrário do que alegam os cessacionistas, os dons

espirituais não ficaram restritos à Era A postólica. A histó­ria e a m esm a experiência provam que continuam eles tão atuais com o nos dias de Pedro e Paulo. Jack Deere, um dos m ais proem inentes professores do Sem inário Teológico Ba­tista de Dalas, com provou esta realidade após m inuciosa pesquisa: "A credito que o Senhor realm ente quer trans­form ar toda a Igreja. As últim as estatísticas indicam que a Igreja está m ovendo-se rápida e inevitavelm ente para os dons do Espírito Santo. Ela está retornando à sua herança do prim eiro século. Quanto a m im , acho-m e convencido de que, enquanto toda a Igreja não abraçar os dons do Es­pírito, não conseguirem os cum prir as tarefas que nos con­fiou o Senhor Jesus".

II, OS DONS ATUAM ATRAVÉS DOS MEMBROS DA

IGREJA DE CRISTO

Q u an to à n a tu reza dos dons e sp ir itu a is , há três posicionam entos teológicos:

1. Os dons espirituais são capacidades m eramente na­turais. Ou seja: são inerentes ao ser hum ano como a poesia, a música ou a eloqüência. Ora, se não passam de dotes na­turais, como podem eles ser tidos na conta de espirituais? Não há aí uma contradição? Não está uma possibilidade a anular a outra?

2. Os dons espirituais são básica e essencialmente so­brenaturais. N este caso, atuam independentem ente da

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FU N D A M EN TO S BÍBLICOS DE U M AU TÊNTICO A VIV A M EN TO

anuência e da vontade hum ana, não passando nosso corpo de um mero recipiente para a atuação dos dons. A Bíblia, porém , afirma estar o espírito do profeta submisso ao pro­feta (1 Co 14.32).

3. Os dons atuam através dos m em bros da Igreja de Cristo, quando estes colocam suas m entes, corações e von­tade, amorosa e voluntariam ente, a serviço de Deus. Esta é a forma como a Bíblia revela a natureza dos dons espiritu­ais. A atuação destes, embora sobrenaturais, não anula de forma alguma a personalidade humana. Pelo contrário: usa- a de tal forma, a fim de que a sublim idade divina tenha em tudo a preeminência.

Observem os, outrossim, que, de acordo com o padrão de Atos dos Apóstolos e das experiências pentecostais sub­seqüentes, os dons espirituais ou nos são entregues quando recebemos o batism o no Espírito Santo ou posteriormente a este; não antecedem nem são conferidos independente­m ente do batism o no Espírito Santo.

III. A CLASSIFICAÇÃO DOS DONS ESPIRITUAIS

Quantos dons do Espírito Santo temos registrados no Novo Testamento? O renomado teólogo das Assembléias de Deus nos Estados Unidos, Stanley Horton, arrola pelo m enos 21. Além dos nove dons m encionados em 1 Corínti­os 12, temos os referidos em Romanos 12.6-8 e Efésios 4.11. Por enquanto não nos ateremos a estudar os chamados dons m inisteriais. Deter-nos-emos nos dons m encionados na Pri­m eira Epístola de Paulo aos Coríntios.

Didaticamente, os dons mencionados no Novo Testamen­to são classificados em espirituais e ministeriais. Os primei­ros visam a edificação, consolação e exortação dos fiéis. Os segundos têm como primacial função a consolidação doutri­nária do corpo de Cristo. A discussão que se trava entre am­bos os grupos é: Não são ambos espirituais? Genericamente, sim. Mas em termos didádicos, a classificação é válida.

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0 AVIVAMENTO E OS DONS ESPIRITUAIS I I I

A seguir, vejamos como poderemos classificar os dons espirituais propriamente ditos.

Os dons espirituais dividem-se em três categorias:• Dons de alocução: profecia, línguas e interpretação;• Dons de revelação: sabedoria, ciência e discernimento;• Dons de poder: fé, m aravilhas e cura divina.Ao classificar os dons espirituais, o pastor Ralph M.

Riggs assim destaca os principais dons: no primeiro grupo, o principal dom é a profecia; no segundo, a sabedoria; e, no terceiro, a fé.

Através dos dons do Espírito Santo, a Igreja fala de maneira sobrenatural, age de forma sobrenatural e de modo sobrenatural conhece. São ferram entas indispensáveis ao povo de Deus. Não podemos prescindir de nenhum carisma do Espírito, pois fundamentais todos eles na proclam ação do Evangelho de Cristo.

Escreve o pastor Estevam Ângelo de Souza: "Sem os dons do Espírito, ao invés de a Igreja ser um organismo vivo e poderoso, seria apenas mais uma organização hum ana e religiosa".

IV. A FUNÇÃO DOS DONS ESPIRITUAIS

Organismo espiritual por excelência, a Igreja necessita de recursos de igual modo espirituais. Ao discorrer sobre tal necessidade, Paulo situa a Igreja nos lugares celestiais: "N ão temos de lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os prin­cipados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lu­gares celestiais" (Ef 6.12). Em seguida, o apóstolo passa a descrever a armadura de Deus, com a qual haveremos de apagar todos os dardos inflamados do adversário.

N esse arsenal, que o Espírito Santo nos coloca à dispo­sição, encontram -se os dons espirituais. De posse destes, a Igreja estará agindo não som ente espiritual mas sobrena­turalm ente. Sua atuação deslocar-se-á do m ero cam po es­

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piritual para a dim ensão celestial; é aí que se travam as m aiores batalhas do Universo. Essa é a dim ensão onde os santos tornam -se ainda m ais santos; onde os guerreiros de Cristo m ostram a sua bravura; onde o am or cristão realça todo o seu valor.

Os dons fazem-se imprescindíveis. M uitas igrejas vie­ram a desaparecer por não saberem conservar a chama do avivamento. Haja vista as igrejas da Ásia Menor. Se no iní­cio eram autenticam ente pentecostais, deixaram -se absor­ver pelos séculos e m ilênios daquele continente. Quem visi­ta a região, hoje ocupada pela Turquia, encontra apenas ru­ínas daquelas igrejas e congregações tão operosas. Nem som­bra há de Esmirna, nem de Filadélfia. Efeso, apesar de seu ativismo, também desapareceu.

Todas essas igrejas perderam a dimensão do cenáculo, a simplicidade dos primitivos cristãos e a vivacidade daquelas comunidades que, embora perseguidas, souberam como re­agir à incompreensão e à intolerância daquele mundo.

Hoje, fala-se muito em avivamento. Quer nos arraiais pentecostais, quer nas chamadas denominações históricas, há um grito por um imediato retomo aos tempos de refrigério. Algumas igrejas, porém, querem o avivamento, mas não ad­m item o pentecostes; acham que este é apenas emoção e desequilíbrio; que não há arcabouço doutrinário em nosso meio e que somos um movimento à procura de uma teologia.

Tais preconceitos são totalmente descabidos.Em primeiro lugar, os pentecostais não são apenas emo­

ção e desequilíbrio. São uma comunidade de fé que se fir­mou na experiência do cenáculo. Agora, como evitar as emoções se os céus ainda se m anifestam? Há desequilíbrios e exageros? Em Corinto tam bém havia. Mas nem por isso Paulo proibiu as m anifestações sobrenaturais do Espírito nessa igreja. Antes disciplinou-as para que todas as coisas fossem feitas com decência e ordem. Quanto a sermos um m ovimento à procura de uma teologia, não poderia ter apa­recido absurdo maior. Hank Hanegraaff, presidente do Ins­

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tituto Cristão de Pesquisas, afirmou que alguns dos mais lúcidos teólogos deste século acham-se entre os pentecostais.

O teólogo David Lim posiciona-se a respeito da pujan­ça do Movimento Pentecostal: "O reavivamento e crescimen­to do Cristianismo ao redor do globo, especialm ente nos países do Terceiro M undo, é um testemunho poderoso de que os dons espirituais estão operando na prom oção do Reino de Deus. O M ovim ento Pentecostal cresceu de 16 m ilhões, em 1945, a 405 m ilhões até 1990. As dez maiores igrejas do mundo pertencem a esse m ovim ento".

Que rompamos, pois, com tais preconceitos e clamemos por um avivamento bíblico, apostólico e evangélico; por um avivam ento que nos leve de volta à Igreja Primitiva. E que não tenhamos medo das m anifestações divinas, pois a com ­provação bíblica da atualidade do batism o no Espírito e dos dons espirituais não pode ser negada.

V. A RELAÇÃO DOS DONS ESPIRITUAIS COM OS

MINISTERIAIS

Os dons espirituais não têm como função dirigir a Igreja; foram-nos concedidos com a finalidade de exortar, edificar e consolar os santos. Infelizmente, alguns detentores de dons, que jamais se preocuparam com o fruto do Espírito, arvo­ram-se em potentados da herança do Senhor, reivindicando uma autoridade que Jesus jamais lhes daria. São pessoas so­berbas, cheias de si. Neófitas, estas pessoas desconhecem por completo o governo da Igreja de Cristo.

E m bora im p o rtan tes, os dons esp iritu a is não são governativos, nem adm inistrativos. Para estas funções, o Senhor Jesus designou os dons ministeriais: "E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de C risto" (Ef 4.11,12).

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N essa lista, Paulo cita os profetas. Todavia, há que se diferençar o profeta, com o dom m inisterial, do dom pro­fético. Em bora parecidos, há um a grande diferença entre am bos. A gabo, por exem plo, tinha o m inistério proféti­co, o m esm o não acontecendo com as filhas de Filipe (At11. 28; A t 21.9). N a Igreja de A ntioquia, os profetas eram tam bém conhecidos com o os doutores: "N a igreja que estava em A ntioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé, Sim eão, cham ado Niger, e Lúcio, cireneu, e M anaém , que fora criado com H erodes, o tetrarca, e Sau lo" (At 13.1).

Quem eram esses profetas? Investidos de tão im portan­te m agistério, proclam avam a palavra de Deus com autori­dade sobrenatural. Apesar de não possuírem as m esm as prerrogativas dos profetas do Antigo Testamento, eram de­tentores de elevada idoneidade espiritual e moral. Eram pre­gadores que anunciavam a Palavra de Deus com especial rev estim en to de poder. H aja v ista os reform ad ores e avivalistas que, no transcorrer da história da Igreja Cristã, revolucionaram o m undo com um a m ensagem urgente e au to rizad a . Segu n d o ab a lizad o s h isto ria d o re s , tan to M artinho Lutero quanto John Knox eram verdadeiros pro­fetas do Senhor. Não obstante, não tinham autoridade in­contestável sobre a Igreja de Cristo. Tal autoridade era exercida, única e eclusivam ente, pelos doze apóstolos de Nosso Senhor.

Na Bíblia de Estudo Pentecostal, tem os esta apropriada explicação acerca do m inistério profético: "A m ensagem do profeta atual não deve ser considerada infalível. Ela está sujeita ao ju lgam ento da igreja, doutros profetas e da P alav ra de D eus. A con g reg ação tem o d ever de discernir e ju lgar o conteúdo da m ensagem profética (1 Co 14.29-33; 1 Jo 4 .1 )". Ela é realm ente de Deus? Em al­gum m om ento contradita as Sagradas Escrituras? Tem conotação espiritual ou não passa de frases habilm ente costuradas?

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0 AVIVAMENTO E OS DONS ESPIRITUAIS

VI. 0 DESVIO DOS DONS ESPIRITUAIS

De que forma os dons espirituais são desvirtuados? Eis uma pergunta que tem incomodado a muitos teólogos e pas­tores? De um lado, todos sabemos que os dons espirituais são imprescindíveis ao crescimento da Igreja. Sem eles, o povo de Deus jamais poderá enfrentar com eficiência o adversário. Por outro, estamos cientes de que não podemos comungar com o abuso, nem com o desvio dos dons. Caso contrário: escandali­zaremos não somente o mundo como os próprios santos.

Tenho participado de alguns cultos, onde há muito baru­lho e nenhuma edificação ou conselho. As línguas estranhas, sem interpretação. As profecias, confusas, antibíblicas, incon­venientes. As visões, exóticas e fantasiosas. Certa vez, ouvi uma irmã descrever os anjos de Deus como se fossem crian­ças vestidas de rosa. Quanto às revelações, não saem do ca­minho do óbvio, do observável e daquilo que se pode apurar sem o auxílio de qualquer recurso sobrenatural.

O desvio dos dons espirituais têm início quando deixa­mos de lado o amor. Este é o dom mais excelente de que fala o apóstolo Paulo em sua Prim eira Epístola aos Coríntios. Portanto, antes de se receber qualquer dom, é de fundamen­tal im portância que se tenha o dom sublim e, eterno e inigualável do amor. Se eu tenho amor, hei de usar todos os dons em favor dos irm ãos em C risto. E, assim , estarei edificando-os, consolando-os e exortando-os.

Se de fato tenho amor, não usarei os dons para prom o­ver-me, nem para ostentar a minha espiritualidade. Cada vez que for usar um dom, visarei, prioritariam ente, o bem- estar espiritual do povo de Deus.

O amor há de me tornar também humilde. Jamais sairei de minha posição para assumir posições alheias. Contertar- me-ei com o que Deus me tem proporcionado. E, assim, ja­mais haverei de cair na tentação do diabo: o orgulho, a vai­dade espiritual, a prepotência. Amorosa e humildemente, usarei os dons para edificação e não para a ruína dos santos.

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FUNDAMENTOS BÍBLICOS DE UM AUTÊNTICO AVIVAMENTO

CONCLUSÃO

Nenhum dom deve ser usado para auferir bens terre­nos, garantir posições m inisteriais ou alim entar apetites ilí­citos e desordenados. Os carismas são distribuídos pelo Es­pírito Santo para o que for útil (1 Co 12.7). E que estas palavras de Paulo sirvam-nos de reflexão: "Se alguém cui­da ser profeta ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são m andam entos do Senhor, mas, se alguém igno­ra isso, que ignore" (1 Co 14.37).

Chegou o m om ento de nos conscientizarm os que os dons espirituais foram entregues à Igreja, a fim de que esta se m antenha sempre avivada. E um fator de avivamento. E que jam ais percamos este sublime alvo!

QUESTIONÁRIO

1. O que são os dons espirituais?

2. O que são os dons de alocução?

3. O que são os dons verbais?

4. Qual o supremo dom de acordo com I a aos Coríntios 13?

5. O que são os dons de poder?

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IX

0 AVIVAMENTO E A OPERAÇAO DE MILAGRES

SUMÁRIO: Introdução; I. O que É o Milagre; II. Quando o Milagre Torna-se Banal; III. A Grande Pergunta de Orígenes; IV. Sofrer ou Fazer Milagres? Conclusão; Questionário.

INTRODUÇÃO

Encontrava-m e a discorrer, certa vez, acerca da Teolo­gia do Avivamento, quando me vi constrangido a respon­der a uma pergunta que já vai criando ranço em nossos ar­raiais: "Por que os milagres não se repetem hoje como ou- trora?" Embora teologicamente justificável, tal curiosidade não procede. Histórica e biblicam ente, não procede.

Revirando o Antigo e o Novo Testamentos, há de se ve­rificar que semelhante preocupação não é nova. Era já m a­nifestada nos dias dos salmos. Nesses dias antigos e quase im emoriais, quando a inspiração do Espírito Santo fazia-se sentir nas escrituras que se iam lavrando, e quando os m ila­

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FU N D A M EN TO S BÍBLICOS DE U M A U TÊN TIC O A V IV A M EN TO

gres do Êxodo e os de Canaã ainda podiam ser recordados sem a ajuda de qualquer registro. Sim, nesses dias encane- cidos, o saudosismo já se fazia coevo. Eis a queixa que os filhos de Coré endereçam ao Senhor: "Ouvim os, ó Deus, com os próprios ouvidos: nossos pais nos têm contado o que outrora fizeste, em seus dias (SI 44.1).

Para o Israel daqueles dias, a pergunta também era teo­logicamente justificável. Histórica e escrituristicamente, não. Encontravam-se os israelitas na mesma situação em que nos achamos. Sentiam um vazio mui grande e desconfortável. Não era vazio de milagres. É algo bem mais grave; doentia­mente crônico. Antes que entremos a descobrir a etiologia dessa enfermidade, vejamos o que é o milagre.

1.0 QUE É 0 MILAGRE

Na versão revista e atualizada da Bíblia de Almeida, a palavra milagre pode ser encontrada pelo menos 23 vezes. Originando-se do vocábulo latino miraculum, etimologica- m ente significa espanto, assom bro. Explica-nos Silveira Bueno que a forma portuguesa da palavra surgiu com os antigos cancioneiros. E atribuída à influência dos monges cluniacenses que a trouxeram de França.

Classicamente, o m ilagre é definido como a suspensão, ou derrogação, tem porária das leis da natureza por uma força sobrenatural. M ario Ferreira dos Santos aprofunda-se no assunto: "Fato ou acontecim ento que ultrapassa a natu­reza de uma coisa ou de um conjunto de coisas, um fato, em suma, sobrenatural (ou extranatural) e que exige, portanto, para a sua explicação, a aceitação de um a causa eficiente, que não pode pertencer à natureza de nenhum a das coisas finitas, sendo, portanto, atribuído à divindade. Por exten­são, e em sentido popular, todo fato extraordinário, para o qual não é encontrada uma explicação satisfatória".

E do professor Maximilian Rast a próxima definição: "O milagre é um acontecimento perceptível e extraordinário que,

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0 AVIVAMENTO E A OPERACÃÒ DE MILAGRES

ultrapassando as forças meramente naturais, tem em Deus seu autor imediato ou mediato. Só recebe o nome de milagre o acontecimento sobrenatural manifesto, perceptível".

II. QUANDO 0 MILAGRE TORNA-SE BANAL

A ocorrência de milagres não denota, necessariam ente, avivam ento; a característica principal deste é o amor a Cris­to que nunca deixa de ser primeiro. Am am os a Jesus não pelos sinais e m aravilhas que opera; am amo-lo pelo sacrifí­cio do Calvário que ousou por todos nós.

Se não tomarmos cuidado, pode o milagre encaminhar-nos até mesmo à incredulidade. Mostre-se embora paradoxal, essa assertiva é teológica, histórica e biblicamente mais do que jus­tificável. E só adentrar os diversos pavilhões do Livro Santo para se lhe comprovar a validade.

No Antigo Testamento, nenhuma geração presenciou tan­tos milagres como aquela que Moisés arrancara ao cativeiro. Maravilhas no Egito. Prodígios na travessia do Mar Vermelho. Sinais e portentos no deserto. Enfim, nenhuma outra gente ja­mais assistira, ou assistiria, a tantos atos sobrenaturais. O mes­mo Deus o testemunha: "Eis que faço uma aliança; diante de todo o teu povo farei maravilhas que nunca se fizeram em toda a terra, nem entre nação alguma: de maneira que todo este povo, em cujo meio tu estás, veja a obra do Senhor; porque cousa terrível é o que faço contigo" (Êx 34.10).

Infelizmente, todos esses milagres não foram suficientes para erradicar a incredulidade de Israel. Quando o maná cobriu pela primeira vez o arraial hebreu, causou espanto. Diante daquela maravilha que nem nome tinha, o povo resolveu colocar uma interrogação como apelido ao singular alimento. Que é isto? E assim "m aná" passou a designar o pão dos anjos. Não era pro­priamente pão; interrogação era. Israel alimentado por uma perguata que jamais seria respondida! Pode haver maravilha maior? Contudo, o objetivo de Deus não era matar a curiosida­de de Israel; mitigar-lhe a fome era o seu desígnio.

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FU N DA M EN TO S BÍBLICOS DE UM A U TÊN TICO A V IV A M EN TO

Que é isto?No prim eiro dia, milagre. No segundo, maravilha. No

terceiro, não deixava de causar espécie. Mas os dias se pas­saram e se fizeram semanas; estas acharam-se em meses. E, agora, o maná já serve de tropeço em Israel. O que era um portento, agora cansa e enfastia Israel. Que paradoxo! Uma interrogação que, embora não elucidada, já não é sensação. E por causa desse m ilagre que se fez rotina às portas hebréias, m urm uram os israelitas amargamente: "A gora, porém , seca-se a nossa alma, e nenhum a cousa vemos se­não este m aná" (Nm 11.6).

Nessa queixa dos hebreus, não vemos apenas incredu­lidade. Há de se divisar aquela amargura tão própria de quem já se fez indiferente ao extraordinário. Tantos eram os milagres, que eles já não os suportavam. Pois tão logo des- cerravam a porta de suas tendas, o que viam era justam ente o milagre. Tudo branco. O pão dos anjos caía de m adruga­da, orvalhava o deserto, tornando-o ameno. Mesmo assim, enfadaram -se do sobrenatural: "Lem bram o-nos dos peixes que no Egito com íamos de graça; dos pepinos, dos melões, dos alhos silvestres, das cebolas e dos alhos" (Nm 11.5). Como preferir a opressão aos m ilagres? Infelizm ente, os sentidos de Israel já se achavam embotados. À semelhança dos israelitas, vemo-nos às vezes saturados pelo sobrenatu­ral devido à nossa mente natural, que nos induz a ver os grandes atos de Deus como se fossem meros espetáculos. É por isto que, em todas as m anifestações sobrenaturais, é m ister que façamos a pergunta de Orígenes.

III. A GRANDE PERGUNTA DE ORÍGENES

Na Teologia do Avivamento, temos de nos conscienti­zar de algo de suma importância: milagre não é espetáculo. Ele acontece tendo em mira triplo objetivo: 1) glorificar o nome de Deus; 2) prom over a doutrina apostólica; e: 3) for­talecer a fé aos santos. O milagre não ocorre para aguçar-nos

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0 AVIVAMENTO E A OPERAÇÃO DE MILAGRES 121

a curiosidade. Haja vista o que aconteceu a Herodes quan­do lhe enviaram a Jesus naquela noite de paixão e dor. Es­perava o rei ver algum sinal por parte do Cristo, mas o Se­nhor nada fez.

O que buscava Herodes?U m espetáculo! Era o que toda a Judéia, e em especi­

al Jerusalém , buscara durante todo o m inistério terreno de C risto. Seguiam -no os judeus não porque vissem nEle o M essias; e, sim , para assistir algo grandioso, que lhes excitasse os sentidos. Por isto, toda aquela geração, à se­m elhança dos contem porâneos de M oisés, m orreu em suas iniqüidades. Sim , apesar dos incontáveis prodígios e m aravilhas operados pelo N azareno, pereceram na in ­credulidade que se vinha cristalizando desde que Israel saíra do Egito.

As vezes, não entendem os por que o C risto ressurrecto não se apresentou a Israel. M as não é preciso rebuscar ex­plicações para se concluir um a resposta. Tivesse isto acon­tecido, teríam os certam ente um grande espetáculo. Basta­riam , porém , algum as sem anas, e o m ilagre teria acabado por saturar os judeus com o o m aná im pacientara a gera­ção do Êxodo. E, assim , não vacilariam em m atar nova­m ente o M essias. Não intentaram fazer o m esm o ao Lázaro de Betânia?

Foi pensando na seriedade do m ilagre que nos aconse­lha Orígenes a fazer sempre esta pergunta quando da ocor­rência de qualquer sinal ou prodígio: "Q ual o seu objeti­vo?" Desta pergunta que, sem dúvida, nos levará a um la­borioso exercício teológico, haverem os de obter uma solíci­ta e gravíssim a resposta.

Sim, qual o objetivo do milagre?Se é para g lorificar a D eus, é m ilagre; m as se tem por

fim endeusar o hom em , não. Se é para confirm ar a fé aos féis, continua m ilagre; m as se tem por objetivo prom over um espetáculo , não. Se é para referendar as verdades b íb licas e adm inistrar os m eios da graça, perm anece m i­

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1 2 2 FU N D A M EN TO S BÍBLICOS DE U M A U TÊN TIC O A V IV A M EN TO

lagre; m as se tem com o alvo a prom oção do efêm ero, ja ­m ais será m ilagre. Se é para efetivar o avivam ento, é m i­lagre; m as se tem por m eta aguçar os sentidos hum anos, nunca será m ilagre.

Vejamos o caso de M oisés e Aarão diante do Faraó. Os servos de Deus visavam , com a dem onstração de seus m ila­gres, duas coisas: fortalecer a fé aos hebreus, e convencer a Faraó a deixar partir os filhos de Israel. Todavia, lá estava o rei do Egito pronto a resistir aos arautos de Jeová. Lá estava com os seus m agos e adivinhos. Lá, os chefes das ciências ocultas: Janes e Jambres. Queria o egípcio apenas uma coi­sa: ostentar o poder trevoso de sua equipe. E, dessa m anei­ra, prom over um grande evento que acabasse por perverter a fé dos filhos de Jacó.

Como vivem os hoje m omentos difíceis, carecemos re­petir a pergunta de Orígenes. Pois, infelizm ente, nem todos os milagres são de Deus. No Apocalipse, por exemplo, ve­m os a besta e o falso profeta realizarem grandes sinais e m aravilhas que enganarão toda a terra.

Diante do m ilagre, não vacilem os em perguntar: Qual o seu objetivo? Se glorificar o nome de Deus, é milagre. Caso contrário, não. Porque Deus não tem por objetivo prom o­ver exibições.

Espetáculo é para m im ar os olhos; apenas a piedade há de fortalecer a crença. O verdadeiro avivam ento tem com o m otivação o amor, e não o exibicionism o barato e m alévolo de alguns.

IV. SOFRER OU FAZER MILAGRES?

Por que o autor da Epístola aos Hebreus detém -se a m encionar apenas dois sucessos concernentes à peregrina­ção dos filhos de Israel - a travessia do M ar Vermelho e a derribada das m uralhas de Jericó? Sendo que, entre ambos os eventos, houve m uitos outros prodígios e maravilhas. Acerca destes, porém , cala-se o apóstolo.

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0 AVIVAMENTO E A OPERAÇÃO DE MILAGRES

A resposta parece óbvia. O escritor sagrado lim itou-se a m encionar apenas esses dois episódios, pois outra coi­sa não fez Isra e l, d u ran te os qu aren ta anos de suas andanças, senão sofrer o sobrenatural. Por isso, o b atis­m o no M ar de Juncos e o sítio de Jericó foram tidos com o atos de fé.

N a travessia do M ar Verm elho, os filhos de D eus puseram -se em m archa até que se abrissem as ondas. Não estavam dispostos a sofrer o m ilagre; seu intento era fazê- lo acontecer. Israel vivia o seu primeiro avivamento! O mes­mo se deu quando as tribos hebréias chegaram a Canaã. No Jordão, não padeceram o m ilagre; realizaram -no. Bas­taram os pés dos levitas pisarem o caudaloso das águas para que se abrisse o rio. E, quando do sítio de Jericó, tam ­bém não quiseram padecer o m ilagre. Rodearam a cidade seis dias. E, no sétim o, deitaram os m uros todos por terra com o soar das trom betas. Israel retom a, aqui, as prim ícias de seu avivam ento.

Não resta dúvida de que, em ambos os eventos, a ope­ração foi divina, mas a iniciativa, hum ana. Isto se chama fé.

O m ilagre aconteceu. Mas a fé não se achava ausente. Ela estava lá; bem presente em todos aqueles atos e faça­nhas. Quanto às m aravilhas havidas durante a peregrina­ção, pobres hebreus! Passaram quarenta anos sofrendo m i­lagres e prodígios. E, como não tivessem fé, acabaram por naufragar no sobrenatural. M orreram em sua incredulida­de: "E a quem jurou que não entrariam no seu repouso, se­não aos que foram desobedientes? E vemos que não pude­ram entrar por causa da sua incredulidade" (Hb 3.18,19).

Nas águas de M ara, sofreram o m ilagre. Na rocha, su­portaram o m ilagre. No orvalhar do m aná, padeceram o m ilagre. Enfim , em toda a sua peregrinação agiram pas­sivam ente no tocante ao m ilagre. N ão é sem razão que a sua jornad a é conhecida com o a provocação do deserto. A indiferença e a passividade tornam -se insuportáveis diante de Deus.

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FU N D A M EN TO S BÍBLICOS DE UM A U TÊN TIC O A V IV A M EN TO

CONCLUSÃO

Na Grande Com issão, o Senhor instiga a Igreja a fazer milagre. Ele exige que façamos o sobrenatural acontecer: "Ide por todo o m undo, pregai o evangelho a toda a criatu­ra, quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nom e expulsarão os dem ônios; falarão novas línguas: pegarão em serpentes; e, se beberem alguma coisa m ortífe­ra, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os en­fermos, e os curarão" (Mc 16.15-18).

Como se vê, o Senhor é bastante claro quanto ao sofrer o sobrenatural, e é mais claro ainda concernente ao fazer o sobrenatural acontecer. Se a Igreja se puser em marcha, com certeza todos os sinais a acom panharão, pois já é o Reino de Deus em m ovimento. Mas se parar, os milagres desapare­cem. E, mesmo que aconteçam, dificilm ente arrancarão o povo à sonolência espiritual.

Quando evangeliza, a Igreja não sofre o milagre; reali- za-o. Entretanto, se já não liga im portância à Grande Co­missão, cai no saudosismo. E como o saudosism o é prejudi­cial ao Reino de Deus!

Sim, a igreja avivada não sofre o milagre. Ela faz o sobre­natural acontecer. O avivamento instiga a igreja a marchar de vitória em vitória, fazendo o sobrenatural acontecer.

QUESTIONÁRIO

1. O que é o milagre?

2. Qual o significado literal desta palavra?

3. Sobre as m aravilhas do Senhor, o que disseram os filhos de Coré?

4. Pode o sobrenatural viciar os sentidos do crente?

5. Como a igreja realmente avivada deve encarar o milagre?

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0 AVIVAMENTO E O FORMALISMO

SUMÁRIO: Introdução; I. O que É o Formalismo; II O Formalismo no Tempo de Malaquias; III. O Formalismo Cansa a Deus; IV. O For­malismo Destrói a Espiritualidade da Igreja; V. O Formalismo Gera a Iniqüidade; VI. Somente Existe um Antídoto contra o Formalismo - o Avivamento; Conclusão; Questionário.

INTRODUÇÃO

Aquele culto seria m arcante não apenas para m im , mas para quantos que, naquela noite de domingo, celebrávamos ao Senhor na Assembléia de Deus em São Bernardo do Cam­po, SP. Desde o início dos trabalhos, já podíam os sentir a presença de Deus. Não estaria exagerando se dissesse que, naquela já distante noite, abrira-se o céu de forma extraor­dinária sobre a nossa igreja.

O culto transcorria de uma forma tão bela, tão perfeita e tão celestial, que nem dava para ver o tempo passar. À se­

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FUNDAMENTOS BÍBLICOS DE UM AUTÊNTICO AVIVAMENTO

melhança de Pedro, João e Tiago, tínhamos vontade de cons­truir cabanas para ficar perm anentem ente ao lado de Jesus naquele monte de transfigurações e poder.

Nossos louvores eram, de im ediato, enlevados ao tro­no de Deus. Com que júbilo o coral se apresentou! Com que vigor a orquestra executou aqueles hinos avivados e singe­lam ente pentecostais! Eu diria que, naquela noite, ajunta- ram -se os coros celestes às nossas vozes para, em perfeita harm onia, adorar a Cristo no poder do Espírito.

Houve, naquela noite, conversões de almas, batismos no Espírito Santo, curas divinas e m anifestações de dons espirituais.

Naquela m inha igreja, pouco ouvira falar de form alis­mo; era uma palavra que inexistia em nossas devoções. Éra­mos um autêntico cenáculo. Tínhamos a impressão de estar na Jerusalém dos apóstolos e dos ardentes discípulos de Nosso Senhor.

Infelizmente, não são poucas as igrejas que vêm caindo nas m alhas do formalismo. E este, conform e veremos no tra n sc o rre r d este c a p ítu lo , so m en te p o d erá ser desestruturado por um poderoso avivamento. E, assim, à semelhança dos primeiros discípulos, haverem os de usu­fruir os tempos de refrigério. Urge que voltem os de im edi­ato ao cenáculo!

1.0 QUE É 0 FORMALISMO

O Form alism o pode ser definido como a ênfase exage­rada às formas externas da religião em detrim ento de sua essência - a comunhão plena com o Deus Único e Verdadei­ro. Também é conhecido como liturgismo e ritualismo. É a liturgia pela liturgia. Muito com batido pelos profetas e por Nosso Senhor (Is 29.13; Mt 6.1-6), é um dos maiores obstá­culos à expansão do Reino de Deus.

A própria Igreja Católica, que ostenta um pom poso ce­rimonial, condena o ritualism o que, em sua term inologia,

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0 AVIVAMENTO E O FORMALISMO 1 2 7

recebe a alcunha de rubricism o por causa das letras verm e­lhas que, nos m issais e breviários, indicam o modo de se recitar ou celebrar o ofício. Não obstante tal preocupação, os católicos em prestam à liturgia uma im portância exage­rada. E o m esm o parece estar acontecendo com algumas igrejas evangélicas que, ao invés de buscar o poder de Deus, conform am-se com um culto epidérm ico e sem a presença do Espírito Santo. Era o que acontecia com os judeus nos dias do último profeta do Antigo Testamento.

II. 0 FORMALISMO NO TEMPO DE MALAQUIAS

Apesar dos setenta anos de exílio em Babilônia, os ju ­deus, já de volta à terra de seus pais, dem onstraram que pouco haviam aprendido com as amargas experiências do cativeiro. Pois tom aram a cair no mesmo form alism o que houvera enfermado a religião divina.

Como sói acontecer em tempos de frieza e apostasia, o formalismo acabou por engendrar gravíssim os pecados em todas as camadas da sociedade judaica. Do sumo sacerdote ao mais obscuro dos adoradores, todos em pecados. Do go­vernador ao mais hum ildade dos cidadãos, todos m etidos em iniqüidades. Tivessem embora a Lei e quase todos os Profetas e Escritos, agiam como a mais vilã das gentes. Ofen­diam a Deus e oprimiam o semelhante. E, depois, com pare­ciam aos costumeiros sacrifícios, como se isso fora suficien­te para torná-los favoráveis diante do Senhor dos Exércitos.

Eis que em meio à apostasia renascida, suscita Jeová ao profeta Malaquias. E este conclama o povo à piedade; intenta levá-lo à adoração do Eterno. A nação, contudo, parecia embriagada em seu liturgismo iniqüamente árido e aridamente afastado dos verdejantes pastos salmodiados por Davi.

Quantas igrejas não se acham em igual situação! Do for­malismo, caíram na apostasia; da apostasia, precipitaram-se nas mais abjetas impiedades. Não obstante, reúnem-se elas a cada domingo como se o serviço matutino fosse suficiente

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FUNDAMENTOS BÍBLICOS DE UM AUTÊNTICO AVIVAMENTO

para lhes endireitar as veredas. Reexaminemos imediatamen­te o nosso culto. Se já não estivermos adorando a Deus em espírito e em verdade, voltemos sem mais tardança ao pri­meiro amor, antes que venha o Senhor a se cansar de nós.

III. 0 FORMALISMO CANSA A DEUS

O culto levítico fora instituído, a fim de que Israel adoras­se a Deus de forma verdadeira e amorosa (Lv 20.7). Os seus vários sacrifícios, oferendas e oblações deveriam ser suben­tendidos como figuras dos bens futuros (Hb 10.11). Infelizmen­te, os israelitas passaram, com o decorrer do tempo, a adorar a própria adoração. Acabaram por considerar o culto superior ao cultuado. E isso trouxe-lhes consideráveis prejuízos. Haja vista o que aconteceu à serpente de bronze (Nm 21.8; 2 Rs 18.4). Na vida dos judeus, cumprira-se o que, certa feita, afirmou Charles Montesquieu: "A maior ofensa que se pode fazer aos homens é tocar nas suas cerimônias e nos seus usos".

De tal maneira o formalismo contagiou os judeus que, no tempo de Jeremias, passaram eles a considerar o Templo do Senhor como mais importante que o Senhor do Tempo (Jr 7.4). Achavam que, apesar de suas iniqüidades, os sacrifícios e oblações, que pensavam eles endereçar ao Altíssimo, ser-lhes- iam mais do que suficientes para torná-los aceitáveis diante de Deus (Jr 3.1-15). Como estavam enganados! A fim de que tam­bém não nos enganemos, recitemos esta oração feita por John L. Williams: "Senhor, que a nossa preocupação não seja ape­nas pelo ritual, mas, sim, pela abertura de nossos corações".

Assim é o cristianismo nominal. Supõe que o seu credo, ortodoxia, história e costumes são suficientes, em si mesmos, para manter os benefícios da graça. Todavia, não basta ser cris­tão; é urgente ter o Cristo. Não é suficiente ser pentecostal; é necessário ser a habitação do Espírito Santo. Não é bastante ser ortodoxo; é imperioso acreditar na Palavra de Deus, e obe­decê-la incondicionalmente. Não é muito ter uma linda histó­ria, é indispensável prosseguir como um movimento do Espí­

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0 AVIVAMENTO E O FORMALISMO

rito; caso contrário: ficaremos estagnados como uma denomi­nação burocrática e empírica. Enfim, não basta ser igreja; é necessário que sejamos Reino de Deus e corpo de Cristo.

Se não buscarm os de im ediato o avivam ento, o form a­lismo acabará por com prometer-nos dolorosa e irrem edia­velm ente a espiritualidade.

IV. 0 FORMALISMO DESTRÓIA ESPIRITUALIDADE

DA IGREJA

Algumas igrejas supõem que lhes basta a ortodoxia para serem tidas como Reino de Deus. Haja visto a Igreja de Éfeso. Em todo o Novo Testamento, não havia igreja mais confor­m ada à sã doutrina que essa. No entanto, já não possuía o primeiro amor (Ap 2.4).

Além da ortodoxia doutrinária, a Igreja verdadeiramente avivada haverá de ser o templo do Deus vivo e a morada do Espírito Santo (1 Tm 3.15). Doutra forma: será destruída pelo formalismo.

Se a igreja não viver de avivam ento em avivam ento; se não voltar ao cenáculo; se não reviver a realidade do Pente­costes, acabará por ser absorvida por um culto frio e estere­otipado. E, não demorará m uito, deixará de existir. Não fo­ram poucas as igrejas que desapareceram no decurso da história. Existiam, mas não tinham vida. E o que é isso se­não evidência de óbito espiritual?

V. 0 FORMALISMO GERA A INIQÜIDADE

Além de destruir a espiritualidade da igreja, o formalismo sempre acaba por gerar iniqüidades e pecados gravíssimos. O que aconteceu a Israel e a Judá, nos tempos dos profetas Oséias, Amós, Isaías e Jeremias, repete-se hoje nas igrejas que se dei­xaram dominar pela frialdade e indiferença.

O formalismo leva a igreja a perder as características de corpo de Cristo (1 Co 12.27). E, de repente, deixa ela de ser o

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1 3 0 FU N D A M EN TO S BÍBLICOS DE UM A U TÊN TIC O A VIV A M EN TO

órgão por excelência da com unhão dos santos para tornar- se num m ero ajuntam ento. Torna-se um grupo que vai aprofundando as diferenças sociais e a acepção de pessoas (Tg 2.1). O que é isto senão iniqüidade? Stanley Jones pare­ce haver com preendido, perfeitam ente, a função dos ritos no culto divino: "Ritos e cerimônias colocam -se entre Deus e mim, e se tornam um ídolo, a não ser que me conduzam a Cristo". Se os ritos forem assim com preendidos, nenhuma iniqüidade haverão de gerar. Doutra form a, induzirão o povo ao pecado e à idolatria.

A igreja, verdadeiram ente espiritual e avivada, desta- ca-se também como agência de justiça social. Pois tem como lei suprema o amor que o Senhor Jesus nos dispensou (Rm 12.10). A igreja de Cristo não precisa im iscuir-se politica­m ente para prom over a justiça. Ela só precisa de uma coisa: viver a Palavra de Deus, socorrer os dom ésticos na fé, am ­parar os que se afadigam no m agistério eclesiástico e m os­trar à sociedade a excelência de suas obras estimuladas pela santíssima fé em Cristo (G1 6 .1 0 ;lT m 5 .1 7 ) .

A igreja avivada pratica a verdadeira religião: "A reli­gião pura e im aculada para com Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do m undo" (Tg 1.27).

VI. SOMENTE EXISTE UM ANTÍDOTO CONTRA 0

FORMALISMO - 0 AVIVAMENTO

Há somente um antídoto contra o formalismo. E parece que os pentecostais já nos esquecemos deste poderosíssim o contraveneno: o avivamento contínuo, eficiente e que tem a Palavra de Deus como a regra áurea (Is 8.20). Voltemos, pois, às nossas origens. Retomem os à sim plicidade da m en­sagem pentecostal: Jesus Cristo salva, batiza no Espírito Santo, cura as enfermidades, opera m aravilhas e em breve buscar-nos-á para que estejam os para sempre consigo.

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0 AVIVAMENTO E O FORMALISMO

Não temos de ficar im portando m odismos e pseudo- avivamentos; estes só trazem confusão e irreverência à casa de Deus. Também não podem os transform ar nossas igrejas em casas de espetáculo, onde se apresentam m uitas vezes pregadores e cantores destituídos da graça divina. O aviva­m ento de que necessitam os prim a pela obediência às Sa­gradas Escrituras, investe nas m issões transculturais, pro­move o evangelismo pátrio, torna a igreja mais santa, e leva- nos a nos preocuparmos m uito m ais com o Reino de Deus do que com os nossos particulares impérios.

A igreja avivada m antém -se vigilante. Sabe que, a qual­quer momento, o Senhor Jesus virá buscá-la.

CONCLUSÃO

Como seria triste se Deus viesse a enfadar-se de nós! O que nos restaria se deixássemos de ser o seu povo, e nos fizéssemos um mero ajuntamento? Não permitamos isso ve­nha a acontecer. Deixemos de lado o formalismo; busque­m os o avivamento.

É hora de voltarm os ao cenáculo. Os tempos de refrigé- rio não nos faltarão. O Senhor Jesus quer visitar o seu povo, salvando, batizando no Espírito Santo, curando e operando maravilhas. O cristianismo destes últimos dias não pode ser caracterizado pela indigência espiritual. Tem de ser mais rico do que nos tempos prim itivos (Ec 7.10). Jesus continua o mesmo. Ele não mudou nem mudará.

QUESTIONÁRIO

1. O que é o formalismo?

2. O que M alaquias disse sobre o formalismo?

3. Por que o form alism o cansa a Deus?

4. Por que o form alism o gera iniqüidades?

5. Qual o único antídoto contra o formalismo?

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0 AUTÊNTICO AVIVAMENTO PENTECOSTAL TEM O ESPÍRITO SANTO

SUMÁRIO: Introdução; I. O Perigoso Adversário; II. O Nome do Inimigo; III. O Pentecostalismo sem Pentecostes; IV. O Pente- costalismo sem Pentecostes não Tem o Espírito; V. Os Perigos do Pentecostalism o sem Pentecostes; VI. Onde Nasceu o Pente­costalismo sem Pentecostes; VII. O Pentecostalismo sem Pentecos­tes não É Invencível; VIII. A Responsabilidade dos Pentecostais; Conclusão; Questionário.

INTRODUÇÃO

Avultando-se como o maior avivamento espiritual dos últimos séculos, o Movimento Pentecostal não precisou de muitas décadas para sobrepujar as denominações históricas e ameaçar a hegemonia do catolicismo romano na América La­tina. O Pentecostalismo venceu dificuldades e preconceitos, malquerenças e perseguições. E, assim, de vitória em vitória, logrou espalhar a genuína fé apostólica em quase todos os países, alargando prodigamente os frontões do Reino de Deus.

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FU N D A M EN TO S BÍBLICOS DE UM A U TÊN TIC O A VIV A M EN TO

O M ovimento Pentecostal espantou o m undo; os atos dos apóstolos nunca se fizeram tão coevos. Hoje, os frutos de seu trabalho acham-se mais do que patentes. É uma for­ça que transcende divisas, lim ites e fronteiras.

Constrangidos embora pela modéstia, somos obrigados a reconhecer: o Pentecostalism o é o esperado avivamento para estes últimos dias. Estejamos, porém , atentos a um in- sidioso adversário que não poupa esforços para arrefecer- lhe o fervor.

I. 0 PERIGOSO ADVERSÁRIO

Apesar de todos os poderosos feitos do M ovim ento Pentecostal, há um inim igo que ainda não logram os ven­cer totalmente. Trata-se de um adversário ladino e mui sor­rateiro. É todo finório esse antagonista. Suas artim anhas dificilm ente são detectadas. Age com astúcia e não se in­com oda em tom ar as cores de todas as ocasiões; adapta-se as m ais v afiaòas circunstancias, l im a\gumas oportunida­des, ei-lo todo fanático; é o m ais santo dos m ísticos. Em outras, é o m esm o form alism o. Apresenta-se com o liberal e conservador. Inventa visões e fabrica vaticínios. Com a m esm a sanha, debela as revelações e arrefece as m ensa­gens de Deus.

E um oponente incom um esse predador. Vem sempre como amigo; apresenta-se sempre como irmão. Não me re­firo aos políticos. Estes aparecem nas eleições; aquele, como eleito. Também não é uma organização, todavia enferma qualquer organismo. Já podem os descobrir-lhe o espectro em quase todas as nossas reuniões. Ele não come, nem bebe; alim enta-se do fervor da Igreja de Cristo.

II. 0 NOME DO INIMIGO

No passado, esse inim igo destruiu o ardor da igreja em Laodicéia, e roubou o prim eiro am or ao anjo de Éfeso.

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0 A U TÊNTICO AVIVAM ENTO PENTECOSTAL TEM O ESPÍRITO SA N TO

Insatisfeito ainda, espalhou a doutrina de Balaão em Pér- gam o, e a m orte sem eou em Sardo. Foi m ais longe este algoz. Em Tiatira, instalou Jezabel, e m uitos acreditaram em suas profecias. Só não conseguiu guarida em Filadélfia e Esm irna.

Em sua passagem , esfriou m ovim entos. Fez da sim pli­cidade do Evangelho, pom posa liturgia. Transform ou os m inistros de Cristo em fantoches. Exaltou a idolatria e tor­ceu as Escrituras. Agora, este im placável opositor tenta barrar o ritm o do M ovim ento Pentecostal. Qual o nome deste inim igo? Ele não tem um nom e específico, nem uma alcunha definida, m as vam os cham á-lo de Pentecostalism o sem Pentecostes.

III. 0 PENTECOSTALISMO SEM PENTECOSTES

O Pentecostalism o sem Pentecostes é burocrático e in s t itu c io n a l. S o b re v iv e de v e lh a s fó rm u la s e das amarelecidas páginas dos grandes avivam entos e reformas. Tem história, mas já não faz história; conform a-se às crôni­cas. O Pentecostalism o sem Pentecostes é uma mera deno­m inação; não tem a pujança dos m ovimentos. Existe e não tem vida. Vegeta saudosism os, pois já não consegue semear a boa semente. Em sua tardonha caminhada, resmunga pre­téritas glórias. Avança para trás, porém não retorna às ori­gens de Atos.

O Pentecostalism o sem Pentecostes cultua a liberta­ção, mas não adora o Libertador. Fala da teologia da pros­peridade, porém despreza a prosperidade da teologia b í­b lica e neotestam entária . E confissão p ositiva, afronta contudo o Eterno Confessor. O Pentecostalism o sem Pen­tecostes é casuísta e cheio de m odism os, entretanto é in ­capaz de refazer as trilhas antigas, onde os m ilagres se­guiam os crentes. H oje, segue-se os sinais; a fé no entan­to acha-se ausente, pois este pentecostalism o não tem o pentecostes e já não reconhece o Espírito. É m ovim ento e

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FUNDAMENTOS BÍBLICOS DE UM AUTÊNTICO AVIVAMENTO

não avança; é avivam ento e está m orto; é religião e está desligado de Deus.

IV. 0 PENTECOSTALISMO SEM PENTECOSTES NÃO

TEM 0 ESPÍRITO

O P en teco sta lism o sem P en tecostes é carism ático apesar de extin gu ir o E spírito . Ju lg a-se b íb lico m esm o negando a soberan ia de D eus. R evela-se ortodoxo ap e­sar de ab jurar os prin cipais artigos de fé. D eclara-se es­p iritu al não obstante com pactuar-se com o m undo e do m undo fazer-se am igo. O Pentecostalism o sem P en te­costes é tudo, m enos pentecostal; jam ais é encontrado no cenáculo.

O Pentecostalism o sem Pentecostes não é m ovim ento; é um m onum ento do que éram os, e já não o som os. Jazen­do como m ausoléu, tem ele a aparência de uma tum ba que, toda caiada por fora, por dentro acha-se contam inada com a ossada seca dos que se recusaram a viver de avivam ento em avivam ento.

V. OS PERIGOS DO PENTECOSTALISMO SEM

PENTECOSTES

Do batismo, este oponente tira o fogo. Das estranhas lín­guas, a v aried ad e e a in terp retação . D as p ro fecias, a genuinidade da voz divina. Do conhecimento, a revelação. Da palavra da sabedoria, a orientação dos céus. Do discerni­mento de espíritos, a distinção de manifestações. Das curas divinas, a própria saúde da alma. Das maravilhas, suas fei­ções sobrenaturais. Da fé, consegue tirar suas conquistas. Tão perigoso é o Pentecostalismo sem Pentecostes que só falta tirar o Cristo do Cristianismo. Mas, em algumas igrejas, já expulsou tanto o Cristo quanto o Cristianismo. Até o Espíri­to, extinguiu ele.

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0 AUTÊNTICO AVIVAM ENTO PENTECOSTAL TEM O ESPÍRITO SA N TO

VI. ONDE NASCEU O PENTECOSTALISMO SEM

PENTECOSTES

Não sabemos determinar-lhe a gênese. De uma coisa, po­rém, estam os certos: não foi na m anjedoura. Talvez, em Laodicéia: a mornidão espiritual é uma de suas principais características. Ou, quem sabe, em Éfeso? Do Pentecostalismo sem Pentecostes, podemos dizer: O primeiro amor morreu; o segundo amor morreu; o terceiro, também. Restaram-lhe ape­nas fósseis.

A p aród ia não é p erfe ita . R ev ela en tre tan to um a aflitiva realidade. No Pentecostalism o sem Pentecostes, o am or desm aia nos braços do form alism o; falece no re­gaço do denom inacionalism o. M orre o am or às alm as. M orre o am or às m issões. M orre o am or às obras sociais. M orre até o am or ao amor. Só não m orre o am or ao com o­dism o. Este renasce todos os dias. N a liturgia fria, renas­ce. No abafar das profecias, renasce. Na m um ificação da fé apostólica, renasce. Na hipocrisia religiosa não pára de renascer, e há de renascer em m entiras e escândalos, falsidades e tropeços.

VII. 0 PENTECOSTALISMO SEM PENTECOSTESNÃO É INVENCÍVEL

Em bora seja o Pentecostalism o sem Pentecostes um ini­migo im placável, não é invencível. Desde o início, tem lan­çado variados ataques contra o movimento do Espírito, mas em vão. O Pentecostes tem renascido em todos os continen­tes. Até agora, ainda não tivemos um único século sem avi- vamentos. Em suas respectivas épocas, Tertuliano e João Crisóstom o, foram testemunhas de autênticos pentecostes. Martinho Lutero e John Wesley viveram sob o poder do alto. Neste século, temos a impressão de que há um cenáculo em cada continente. O que dizer de D aniel Berg e G unnar

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FUNDAMENTOS BÍBLICOS DE UM AUTÊNTICO AVIVAMENTO

Vingren? O pentecostalism o que proclam avam não tinha apenas o pentecostes; possuía o Espírito. Eis porque, já de­corridas todas essas décadas, continua tão pujante quanto àqueles começos. Todavia, não podem os ignorar o inviso inimigo que é o Pentecostalism o sem Pentecostes.

VIII. A RESPONSABILIDADE DOS PENTECOSTAIS

Os pentecostais não podemos deixar que o Pentecostalismo sem Pentecostes destrua-nos as bases do movimento. Temos de lutar amorosa e sacrificialmente contra esse adversário manhoso e eivado de sagacidade. Caso contrário, passaremos à história como um avivamento a mais. Creio não ser este o nosso destino. O pentecostalismo no Brasil nasceu pentecos­tal, continua pentecostal e prosseguirá pentecostal.

N o e n ta n to , só co n tin u a re m o s g e n u in a m e n te pentecostais se reavivarm os nosso amor pelas almas perdi­das. Ao contrário do que muitos pensam , a principal carac­terística do pentecostalism o não são os dons espirituais. A principal característica do pentecostalism o irresistivelm en­te pentecostal é o amor à obra missionária. Eis o texto áureo do livro de Atos: "M as recebereis a virtude do Espírito San­to, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém com o em toda a Judéia e Sam aria, e até aos confins da terra" (1.8).

CONCLUSÃO

Só pode haver abundância de dons, quando a Igreja evangeliza e se lança às m issões. Perm aneça inativa e fi­cará paupérrim a. E assim que nasce o Pentecostalism o sem Pentecostes. N osso perigosíssim o inim igo surge da letargia espiritual e da falta de paixão pelas alm as. Que o Senhor nos ajude a retornar às origens, e a evangelizar enquanto é dia. O Brasil está à nossa espera; o m undo gem e e pede-nos socorro. C hegou o m om ento de m os­

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0 AUTÊNTICO AVIVAMENTO PENTECOSTAL TEM O ESPÍRITO SANTO

trarm os que o nosso pentecostalism o é autenticam ente pentecostal. A liás, não som ente pentecostal, m as tam bém m issionário. R oguem os a D eus por um avivam ento ain­da maior.

QUESTIONÁRIO

1. O que é o pentecostalism o sem pentecostes?

2. Onde nasceu o pentecostalism o sem pentecostes?

3. Quais os perigos do pentecostalism o sem pentecostes?

4. Por que dizemos que o pentecostalism o sem pentecostes não tem o Espírito Santo?

5. Qual a responsabilidade dos pentecostais?

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XII

0 VERDADEIRO AVIVAMENTO TEM EQUILÍBRIO

SUMÁRIO: Introdução; I. O que É o "Cair no Espírito"; II. O cair no Espírito na Bíblia; III. Como os Legítimos Representantes de Deus Portavam-se quando alguém Caía por Terra; IV. Nas Efusões do Espírito Santo, Registradas em Atos, Houve Casos de Prostra­ção? Conclusão; Questionário.

INTRODUÇÃO

Em 1923, o m issionário sueco G unnar Vingren, um dos fundadores da A ssem bléia de D eus no Brasil, fora inform ado de que um certo m ovim ento pentecostal co­m eçava a alastrar-se por Santa Catarina. Sem perda de te m p o , V in g re n d e ix o u B e lé m do P a rá , b e rç o do pentecostalism o brasileiro , e em barcou para o Sul. No endereço indicado, veio ele a constatar sem m aiores d ifi­culdades: "N ão se tratava de pentecostes, m as de feitiça­ria e baixo esp iritism o".

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1 4 2 FUNDAMENTOS BÍBLICOS DE UM AUTÊNTICO AVIVAMENTO

Em bora fervoroso pentecostal, Gunnar Vingren não se deixou embair pelo emocionalism o nem pelas aparências. Ele sabia que nem tudo o que é m ístico, é espiritual; pode brilhar, mas não é avivamento. O m isticism o m anifesta-se tam bém em rebeldias e mentiras. Haja vista as seitas profé­ticas e messiânicas.

Teve o nosso pioneiro, com o precavido condutor de ovelhas, suficiente discernim ento para não aceitar aquele arrem edo de pentecostes. Fosse um desses teólogos que colocam a experiência acim a da Bíblia Sagrada, o aviva­m en to p e n te c o s ta l a u tê n tic o ja m a is te r ia sa íd o do nascedouro. Ele, porém , estava consciente de que o verda­deiro avivam ento tem equilíbrio.

E n tre as m an ifestaçõ es p resen ciad as p or G unnar Vingren, achava-se o "cair no poder" que, já naquela época, era conhecido tam bém como "arrebatam ento de espírito". À prim eira vista, im pressionava; fazia espécie. Não resistia, contudo, ao m ínimo confronto com as Escrituras. E nada tinha a ver com as experiências sem elhantes que se acham nas páginas da Bíblia.

Irreverente e apócrifo, esse m isticism o não se lim itou à geração de Vingren. Continua a assaltar a Igreja de C ris­to com dem onstrações cada vez m ais peregrinas e contra­ditórias. O seu alvo? Levar a confusão ao povo de Deus, e com prom eter o legítim o avivam ento. No com bate a tais coisas, haverem os de ser enérgicos, sábios, convincentes. M as sem pre equilibrados. A través da Bíblia, tem os a obri­gação de m ostrar a pureza e a essência de nossa crença, e a "batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos" (Jd 3).

Neste capítulo, detenhamo-nos no fenôm eno do "cair no Espírito". Até que ponto há de ser aceito? Como lhe afe- rir a legitimidade? É realmente indispensável ao crescimento da vida cristã? Vejamos, a seguir, com o esse m ovim ento ganhou notoriedade em nossos dias. Teremos, assim, con­dições de aferir as legítimas manifestações que acompanham os avivam entos com provadam ente espirituais.

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0 VERDADEIRO AVIVAMENTO TEM EQUILÍBRIO

I .0 QUE É 0 “CAIR NO ESPÍRITO"/

Em bora não seja nenhum a novidade, o "cair no Espíri­to", como vem sendo caracterizado, começou a ganhar no­toriedade a partir de 1994. Neste ano, a Igreja Com unhão da Videira do Aeroporto de Toronto, no Canadá, passou a ser visitada por milhares de crentes - todos à procura de um a bênção especial. A o contrário das dem ais igrejas pentecostais, que buscam preservar a ordem em seus cul­tos, mas sem matar o fervor nem extinguir o Espírito, a Igreja do Aeroporto, como passou a ser conhecida, granjeou sur­preendente popularidade em decorrência das manifestações que ocorriam em seus cultos.

Dizendo-se cheios do Espírito, os freqüentadores dessa igreja com eçaram a m anifestar-se de maneira estranha e até exótica. Em dado m omento, todos punham -se a rir de m a­neira incontrolável; alguns chegavam a rolar pelo chão. Jus­tificando essa bizarria, alegavam tratar-se de santa garga­lhada. Ou gargalhada santa? Outros iam m ais longe: não se lim itavam ao estrepitoso dos risos; saíam urrando como se fossem leões; balindo, com o carneiros; ou gritando, como guerreiros. E ainda outros "caíam " no Espírito.

À prim eira vista, tais m anifestações impressionam.Im pressionam , apesar de não contarem com o necessá­

rio respaldo bíblico. Entretanto, não podem os nos deixar arrastar pelas aparências nem pelo exotismo desses "fenô­m enos". Temos de posicionar-nos segundo a Bíblia que, apesar desses m odism os e ondas, continua a ser a nossa única regra de fé e conduta.

II. 0 CAIR NO ESPÍRITO NA BÍBLIA

Nas Sagradas Escrituras, o cair no Espírito não chega a ser um fenômeno; é mais uma reação reverente diante do sobrenatural. Registra-se apenas, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, pouco mais de 10 casos de pessoas que

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144 FUNDAMENTOS BÍBLICOS DE UM AUTÊNTICO AVIVAMENTO

caíram prostradas, com o rosto em terra, em sinal de adora­ção a Deus. E tais casos não se constituem num histórico; são episódios isolados. Não têm foro de doutrina, nem argumen­tos para se alicerçar um costume, nem para se reivindicar uma liturgia; não podem sacramentar nenhuma prática. Afi­nal, reação é reação; apesar de semelhantes, diferem entre si. Como hão de fundamentar dogmas de fé?

Verifiquemos, pois, em que circunstâncias deram -se os diversos casos de cair por terra nos relatos bíblicos.

1. A força de um a visão nitidam ente celestial. As vi­sões, na Bíblia, tinham uma força impressionante. Agitavam, enfraqueciam e até deitavam por terra homens santos de Deus. Que o diga Daniel. Já encerrando o seu livro, o profeta registra esta formidável experiência: "Fiquei, pois, eu só e vi esta gran­de visão, e não ficou força em mim; e transmudou-se em mim a minha formosura em desmaio, e não retive força alguma. Contudo, ouvi a voz das suas palavras; e ouvindo a voz das suas ç alavtas, e.u.C3Íç.Q^o> vasu. tosto <ík\ texx a , te adormecido" (Dn 10.8,9).

Em sua primeira visão, Ezequiel também assusta-se com o que vê. Apavora-se o profeta: "Este era o aspecto da se­m elhança da glória do Senhor; e, vendo isso, caí sobre o meu rosto" (Ez 1.28). Sem liturgia, ou intervenção hum ana, o m ensageiro de Jeová prostra-se todo. E quem não haveria de prosternar-se? M esmo o mais forte dos homens, não se agüentaria diante de tam anho poder e glória. Recurvar-se- ia; lançar-se-ia com o rosto em terra.

Mais tarde, encontraremos Ezequiel noutro caso de pros­tração: "E levantei-m e e saí ao vale, e eis que a glória do Senhor estava ali, como a glória que vira junto ao rio Quebar; e caí sobre o meu rosto" (Ez 3.23). Novam ente pergunta­mos: Quem não cairia ante as singularidades da glória de Deus? Quem a resistiria?

Já no final de seus arcanos, Ezequiel vê-se mais uma vez constrangido a com portar-se de igual maneira: "E o as­pecto da visão que vi era como o da visão que eu tinha visto

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0 VERDADEIRO AVIVAMENTO TEM EQUILÍBRIO

quando vim destruir a cidade; e eram as visões como a que vira junto ao rio Quebar; e caí sobre o m eu rosto" (Ez 43.3).

Nesses casos, as visões divinas foram tão fortes, que le­varam tanto Ezequiel quanto D aniel a caírem por terra. Noutras ocasiões, porém, a ocorrência de visões, igualm en­te poderosas, não provocou nenhum a prostração. Haja vis­ta o caso de Isaías. Em bora se m ostrasse aterrorizado e com pungido com a visão do trono divino, não se menciona ter o profeta caído por terra. Isto significa que as experiên­cias, embora semelhantes, possuem suas particularidades e idiossincrasias. Cada experiência, ou encontro com Deus, é única. Seria tolice pretender repeti-las para que a sua repe­tição adquirisse foros de doutrina.

2. O impacto de um encontro com Deus. Além das vi­sões, certos encontros com Deus, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, levaram à prostração. M encione-se, por exemplo, o que aconteceu a Saulo no caminho de Damasco. O encontro com o Cristo foi tão form idável, que forçou o im placável perseguidor a cair por terra, e a reconhecer a autoridade e a soberania do Filho de Deus: "E caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: "Saulo, Saulo, por que me persegues?" (At 9.4).

Como nos casos anteriores, nada havia sido programa­do. Saulo foi levado a recurvar-se em virtude da sublimida­de do Senhor Jesus. Noutras ocasiões, porém, os encontros com D eus deram -se de m aneira suave. A entrevista de Natanael com o Cristo é um exemplo bastante típico dessa suavidade tão santa. O que também dizer do encontro de Gideão com o anjo do Senhor? Ou do encontro de Jeremias com Jeová? Este encontro veio na medida certa; veio de acor­do com o caráter reservado e melancólico do profeta. Mas tivesse Jeremias o temperamento colérico de Paulo, certamen­te o Senhor teria agido com impacto para que o vaso fosse quebrado e moldado conforme a sua vontade. Como se vê, as experiências variam de acordo com as circunstâncias e a personalidade das pessoas envolvidas no plano de Deus.

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FU N D A M EN TO S BÍBLICOS DE U M A U TÊN TIC O A V IV A M EN TO

3. D iante da autoridade de Cristo. A autoridade do nome de Cristo é mais que suficiente para fazer com que todos os joelhos dobrem-se diante de si. Aliás, chegará o m om ento em que todos os seres, quer nos céus, quer na ter­ra, quer sob a terra, hão de se curvar diante da infinita gran­deza do nome do Senhor Jesus: "Pelo que tam bém Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai" (Fp 2.9,10).

Na noite de sua paixão, o Senhor dem onstrou quão grande era a sua autoridade: "Q uando, pois, (Jesus) lhes disse: Sou eu, recuaram e caíram por terra" (Jo 18.6). Ao contrário dos casos anteriores, nessa passagem quem cai por terra são os ím pios. Recurvam -se estes não em sinal de reverência a Deus, m as em razão da autoridade e da soberania irresistíveis do Cristo.

Caso semelhante ocorreu com Ananias e Safira. Ambos caíram por terra em decorrência de sua iniqüidade: "D isse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu cora­ção, para que m entisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não m entiste aos hom ens, mas a Deus. E Ananias, ouvindo estas palavras caiu e expirou. E um grande temor veio sobre todos os que isto ouviram " (At 5.3-5). Tais casos não são raros. Em nossos dias, m uitos são os ímpios que, por se levantarem contra os escolhidos do Senhor, caem por terra e, às vezes, fulminados.

Noutras ocasiões o Senhor se revelou de m aneira tão serena, que se fez hom em diante dos homens. Quer encon­tro mais doce do que aquele que se deu junto ao poço de Jacó? O Senhor revela-se de m aneira surpreendentem ente afável à m ulher samaritana. E a experiência de Nicodemos? Ou a de Zaqueu?

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III. COMO OS LEGÍTIMOS REPRESENTANTES DE

DEUS PORTAVAM-SE QUANDO ALGUÉM CAÍA

POR TERRA

Ao contrário dos que hoje portam-se como deuses, quan­do alguém lhes cai aos pés, os apóstolos de Cristo jam ais aceitaram tal deferência. Em todas as instâncias, buscavam glorificar ao nom e do Senhor. Até os m esm os anjos agiram com reconhecida e santa modéstia.

Tendo Pedro chegado à casa de Cornélio, a prim eira re­ação deste foi cair de joelhos diante do apóstolo: "M as Pedro o levantou, dizendo: Levanta-te, que tam bém sou hom em " (At 10.25,26). O que fariam os astros do evangelism o dos dias atuais? Hum ilhar-se-iam como o apóstolo? Ou usari­am o evento para increm entar o seu marketing pessoal?

M esmo um poderoso anjo não se aproveitou da ocasião para atrair a si as glórias devidas somente a Deus. O relato é de João: "Prostrei-m e aos seus pés para o adorar. E disse- me: Olha, não faças tal, porque eu sou conservo teu e de teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a D eus" (Ap 22.8,9).

Bem sabia o anjo que o apóstolo prostrara-se aos seus pés por uma circunstância bastante especifica: não há ser hum ano que não se extasie diante do sobrenatural. A apari­ção de um ser angélico sempre perturbou os pobres m or­tais. Nos dias dos juizes, acreditava-se que a visão de um anjo significava m orte certa. Por isso, a prim eira reação de um a pessoa, ao ver um anjo, era curvar-se diante deste. Quem poderia resistir a tanta glória?

Os anjos, porém , recusavam tal deferência. Houve oca­siões em que o anjo do Senhor aceitou elevadas honrarias. Com o conciliar tais questões? No Antigo Testamento, sem­pre que isso ocorria, era devido a presença de um ser espe­cial, que alguns teólogos não vacilam em apontar como a pré-encarnação do Cristo. De uma forma, ou de outra, os

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FU N D A M EN TO S BÍBLICOS DF, UM A U TÊN TIC O A V IV A M EN TO

anjos eram santos o suficiente para agirem com m odéstia e hum ildade, tributando a Deus todo poder e toda a glória.

Que esta também seja a nossa postura! Quando alguém, por alguma circunstância, nos cair aos pés, levantemo-lo para que tribute a Deus, e somente a Deus, toda a honra e toda a glória. E jamais, sob hipótese alguma, o induzamos a pros­trar-se com o rosto em terra, pois isto contraria a ética e a postura que o hom em de Deus deve ter.

IV. NAS EFUSÕES DO ESPÍRITO SANTO,

REGISTRADAS EM ATOS, HOUVE CASOS

DE PROSTRAÇÃO?

N a ân sia p o r ju s t i f ic a r o ca ir p o r te rra , m u ito s doutrinadores afoitos e ignorantes chegam a colocar tal re­ação como se fora uma das evidências da plenitude do Es­pírito Santo. Que pode haver prostração quando da efusão do Espírito, não o negamos. Pode haver, m as não tem de haver necessariam ente, nem precisa haver para que se con­figure o derram amento do Espírito Santo. A prostração não pode ser vista como evidência, mas como uma reação oca­sional e esporádica.

Nos diversos casos de efusão do Espírito Santo, nos Atos dos Apóstolos, não se observou nenhum caso de prostra­ção. No Dia de Pentecostes, segundo no-lo notifica o m inu­cioso e detalh ista Lucas, estavam todos assentados no cenáculo (At 2.2). Na casa de Cornélio, onde o Espírito foi derramado pela prim eira vez sobre os gentios, tam bém não se observou o cair por terra (At 10.44-47). Entre os discípu­los de Efeso não se registrou, de igual modo, nenhuma pros­tração (At 19.6).

Em todos esses casos, porém , a evidência inicial e física do batism o no Espírito Santo fez-se presente - o falar nou­tras línguas. Conclui-se, pois, que não se deve confundir evidência com reação. A evidência é a mesma em todos os

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0 VERDADEIRO AVIVAM ENTO TEM EQUILÍBRIO 149

que recebem a plenitude do Espírito Santo. A reação, toda­via, varia de pessoa para pessoa.

M esmo quando o lugar santo tremeu, não se observou caso algum de prostração (At 4.31). Poderia ter havido? Sim! Mas não necessariamente.

CONCLUSÃO

D aquilo que até agora vim os, podem os tirar as seguin­tes conclusões, tendo sempre como base as Sagradas Es­crituras:

1. Não se pode realçar a experiência, nem guindá-la a uma posição superior à da Palavra de Deus. A experiência é im portante, mas varia de pessoa para pessoa; cada experi­ência é uma experiência; tem suas particularidades. A expe­riência tem de estar subm issa à doutrina, e não há de m odi­ficar, por mais extraordinária, nenhum artigo de fé.

2. O cair por terra não pode ser visto nem como evidên­cia da plenitude do Espírito Santo, nem como sinal de uma vida consagrada. A evidência do batism o no Espírito Santo são, como vim os, as línguas estranhas; e a vida consagrada tem como característica o fruto do Espírito. O cair por terra pode ser admitido, no máximo, como reação esporádica de alguma visitação dos céus. Se provocado, ou repetido, dei­xa de ser reação para tornar-se costume.

3. Caso ocorra alguma prostração, deve-se fazer as se­guintes perguntas: 1) Qual a sua procedência? 2) Teve como objetivo promover o hom em ou glorificar a Deus? 3) Foi u sad a para ca ta lisar a a ten ção dos p resen tes? 4) Foi provocada por sopros, toques ou por algum objeto lançado no auditório? 5) Houve sugestão coletiva? 6) Prejudicou a boa ordem e a decência da igreja? 7) Conta com o respaldo bíblico suficiente? 8) Tornou-se o centro do culto?

4. Devemos estar sempre atentos, pois o adversário tam­bém opera sinais espetaculares com o objetivo de enganar os escolhidos: "Surgirão falsos cristos e falsos profetas e fa­

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FU N D A M EN TO S BÍBLICOS DE U M A U TÊN TIC O A V IV A M EN TO

rão tão grandes sinais e prodígios, que, se possível fora, enganariam até os escolhidos" (Mt 24.24).

5. Nos diversos exemplos de prostração que fomos bus­car na Bíblia, observamos o seguinte: Não era algo progra­mado. Ou seja: ninguém precisou soprar ou tocar nos per­sonagens envolvidos para que estes viessem a cair. Tais m odismos têm levado a irreverência e a bizarria ao seio do povo de Deus. Há alguns que se tornaram tão ousados que jogam até os seus paletós a fim de provocar prostrações co­letivas. Isto é um absurdo! É antibíblico!

6. Os casos de prostração, narrados na Bíblia, deram-se em virtude da reverência e temor que os já citados persona­gens sentiram ao presenciar a glória divina. No Novo Testa­mento, o termo usado para prostração é pesotes prosekinsan que, no original, significa: cair por terra em sinal de devoção. Em Apocalipse 5.14, a expressão grega aparece para mostrar os anciãos prostrados aos pés do Cristo glorificado.

7. Voltemos à questão. Pode acontecer prostração numa reunião evangélica? Pode! Mas não tem de acontecer neces­sariam ente; pode, m as não precisa acontecer, nem ser provocada. Caso ocorra, deve ser encarada como reação e não como fato doutrinário. John e Charles Wesley, por exem ­plo, experim entaram um poderoso avivamento, mas jam ais elevaram suas experiências à categoria de doutrina. As he­resias nascem quando se supervaloriza a experiência em detrimento da doutrina. Não podemos esquecer-nos de que algumas das mais notáveis heresias, como a Igreja Só Jesus, nasceram em pleno período de avivamento.

8. De uma certa forma, todo avivam ento provoca rea­ções exageradas. Cabe-nos, porém, buscar o equilíbrio tão necessário à Igreja de Cristo. Era o que ocorria em Corinto. Não resta dúvida de que os irmãos daquela igreja haviam recebido uma forte visitação dos céus. Todavia, tiveram de ser doutrinados e disciplinados. A esses irmãos, escreveu Paulo: "E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profe­

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0 VERDADEIRO AVIVAMENTO TEM EQUILÍBRIO

tas. Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, com o em todas as igrejas dos santos" (1 Co 14.32,33).

Finalm ente, jam ais devemos abandonar a Bíblia. Ênfa­ses, como o cair no Espírito, hão de surgir sempre. Não po­dem os im pressionar-nos com elas; tratem o-las com a devi­da moderação. Pois o equilíbrio bíblico e teológico haverá de manter a igreja de Cristo em perm anente avivamento. E o verdadeiro avivam ento não extingue o Espírito, mas sabe com o evitar os excessos. No capítulo seguinte, veremos ou­tros excessos que devem tam bém ser evitados, para que não com prometam o verdadeiro avivam ento espiritual.

QUESTIONÁRIO

1. Como Gunnar Vingren tratou do caso narrado na intro­dução deste capítulo?

2. Como podem os classificar o chamado cair no Espírito?

3. Era isto um a prática comum?

4. Como a Bíblia posiciona-se a este respeito?

5. Como devemos encarar tal ocorrência?

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XIII

0 AVIVAMENTO NÃO É MERAMENTE MÍSTICO. É ACIMA DE

TUDO, ESPIRITUAL

SUMÁRIO: Introdução; I. O que É o Misticismo; II. O Misticismo na Bíblia; III. Uma Postura Digna de Aceitação; IV. O Papel dos Dons Espirituais: V. Os Sonhos e Visões: VI. O Culto aos Anjos; Conclu­são; Questionário.

INTRODUÇÃO

Quem já não ouviu falar no apóstolo dos pés sangren­tos? Ainda hoje sua m em ória é reverenciada até pelos m es­m os adversários da fé cristã. Ele foi um autêntico campeão de Deus. Movido por um amor altruísta e em tudo singular, cruzou a inclem ência da índia para falar de Cristo às mais recuadas aldeias.

Ele era conhecido como o homem que se parecia com Jesus.Sadhu Sundar Singh foi espiritual para alguns; místico,

para outros; e, para todos, um hom em santo. Um autêntico sadul A semelhança dos primeiros discípulos, enfatizava o

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FUNDAMENTOS BÍBLICOS DE UM AUTÊNTICO AVIVAMENTO

espiritual em detrim ento do terreno. Mas nunca estava sa­tisfeito. Não se contentava em ser apenas cristão. Buscava em tudo ser como o Cristo.

Com o passar dos tem pos, porém , com eçou a perceber que alguns de seus exercícios espirituais eram um sacrifí­cio que não podia recom endar aos conversos. Com o pres­crever um jejum de quarenta dias? Ou um a vida de total isolamento? Ou, ainda, um a existência celibatária? E que efeitos práticos teriam sem elhantes sacrifícios na com uni­dade dos fiéis?

R epassando a vida do grande evangelista indiano, vemo-nos constrangidos a perguntar: Até que ponto o m is­ticismo é benéfico ao desenvolvimento da carreira cristã? E que relação podem os estabelecer entre o m isticismo e o avi­vam ento da Igreja de Cristo? Vejamos, antes de mais nada, o que é o misticismo.

1.0 QUE É 0 MISTICISMO

A p alav ra m istic ism o provém do v ocáb u lo grego m ústes que, literalm ente, sign ifica in iciado nos m istéri­os. M ystica é o term o latino correspondente; seu sig n ifi­cado pouco difere do grego. A lguém já o definiu com o o "co n ju n to de norm as e práticas que tem por ob jetivo a l­cançar um a com unhão direta com D eu s". É a procura que tem com o base a exp eriência , e não prop riam ente a revelação.

Para os que tem os a Bíblia com o a única regra de fé e prática, o m isticism o só é benéfico se tem a Palavra de D eus com o soberana e não porfia em colocar-se em pé de igualdade com ela. D outra form a, que seja ele com pleta­m ente erradicado. O autêntico m isticism o é aquilo que os evangélicos cham am os de verdadeira espiritualidade. Ir além dessas fronteiras é m ui perigoso. Porque fatal­m ente haverá de desm erecer a Bíblia, colocando-a num a posição subalterna.

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0 AVIVAM ENTO N Ã O É M ERA M EN TE MÍSTICO. É A C IM A DE TU D O ESPIRITUAL

II. 0 MISTICISMO NA BÍBLIA

Na História Sagrada, os místicos jam ais puderam ser ignorados. Eles sempre apareciam nos m omentos de crise e emergência. O seu aparecim ento não era apenas dramático; assem elhava-se àqueles terremotos que destroem cidades e engolem milênios.

Elias, Isaías, Jeremias, Ezequiel e João Batista. Todos es­tes santos submetiam-se a uma rigorosa disciplina que, via de regra, não lhes era exigida. Havia até comunidades de tem­perança como a dos recabitas (Jr 35.1-19). Espontaneamente, renunciavam alegrias e confortos para se dedicarem exclusi­vamente às tarefas que lhes confiava o Deus de Israel. Eles jamais permitiram, entretanto, qtte o seu misticismo (ou ex­periências espirituais) suplantasse a Palavra de Deus. Pelo contrário: todas as vezes que esta se via ameaçada, levanta­vam-se eles, e protestavam de maneira veemente e impetuo­sa. Haja vista o repto de Isaías: "À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva" (Is 8.20). Lamentavelmente, a apostasia de que falou o após­tolo Paulo (1 Tm 4.1) já começa a alastrar-se por nossas igre­jas sob o manto de um impressionante misticismo. Embora se mostre piedoso, esse movimento nada tem a ver com a devoção preconizada pelos profetas do Antigo Testamento e pelos apóstolos de Nosso Senhor. Trata-se de algo estranho à Bíblia e contrário à genuína experiência cristã; em nada dife­re do joio da parábola: lançado entre a boa sementeira, sem­pre causa irreparáveis prejuízos à Igreja de Cristo.

Alim entando-se de m odism os e de falsas ondas de es­piritualidade, esse pseudo-misticismo muito vem perturban­do o arraial dos santos. O que dizer dos dentes de ouro? Do cair no espírito? E daqueles obreiros que, de igreja em igre­ja, espoliam os fiéis com a oferta de Isaque, mas sem o des­prendimento de Abraão? Como se todas essas asneiras não bastassem , temos de enfrentar, ainda, a Teologia da Prospe­ridade, a Confissão Positiva, o Triunfalismo, a m aldição

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hereditária, a regressão psicológica e as divinas revelações do inferno e do céu. E mais: Como esquecer o injurioso G- 12? Sob as mais diversas alcunhas agasalhado, vem esse si­mulacro de teologia cancerando igrejas até então sadias na doutrina e saudáveis nos costumes. Diante de tudo isto, com o ter uma postura digna do nom e de Deus?

III. UMA POSTURA DIGNA DE ACEITAÇÃO

Se os santos do A ntigo e do N ovo Testam entos sou­beram com o se portar diante da autoridade, soberania e im arcescibilidade da Palavra de D eus; se jam ais se colo­caram acim a das Sagradas Escrituras que se iam lavran­do; e se jam ais arrogaram a si o instituto da in falib ilid a­de, por que iríam os nós adotar postura diferente? Sim , eles que eram tidos na conta de m estres irrecorríveis da revelação divina assim agiram , por que agiríam os de for­m a diferente?

Hoje, porém , não poucos indivíduos, a pretexto de ex­periências, sonhos e visões, colocam-se acima da Bíblia Sa­grada. E, quando questionados, saem-se com esta evasiva: "O Espírito Santo mo revelou". Se o Espírito Santo lhos re­velou, como esta revelação pode contrariar a Palavra que o mesmo Espírito inspirou e preserva de todos os ataques e sanhas do adversário? Ora, este não é o verdadeiro aviva­m ento pelo qual vêm ansiando os santos de Nosso Senhor.

Principiem os por exam inar o papel dos dons espiritu­ais na Igreja de Cristo.

IV. 0 PAPEL DOS DONS ESPIRITUAIS

Em algumas igrejas, o uso indevido dos dons espiritu­ais tem levado m uitos crentes a ostentarem uma autorida­de que, biblicamente, jamais lhes seria delegada. Acham que, pelo fato de haverem sido agraciados com o dom de profe­tizar, ou de interpretar, ou mesmo de falar línguas estra­

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nhas, podem dirigir a igreja, o m inistério e até o próprio pastor. Era o que acontecia em Corinto.

Em virtude dessa dificuldade, que sempre acarreta séri­os transtornos ao corpo de Cristo, viu-se o apóstolo Paulo constrangido a dedicar, a este complexo assunto, os capítu­los 12,13 e 14 de sua Primeira Epístola aos Coríntios. Os que hoje profetizam, ao contrário dos profetas do Antigo Testa­mento, não possuem autoridade incontestável e infalível em matéria de fé e prática. Aliás, devem antes ser julgados e, só então, a sua mensagem há de ser acatada (1 Co 14.29).

Na Bíblia de Estudo Pentecostal, temos esta apropriada ex­plicação acerca do m inistério profético: "A m ensagem do profeta atual não deve ser considerada infalível. Ela está su­jeita ao julgamento da igreja, doutros profetas e da Palavra de Deus. A congregação tem o dever de discernir e julgar o conteúdo da mensagem profética (1 Co 14.29-33; 1 Jo 4.1)". Ela é realmente de Deus? Em algum momento contradita as Sagradas Escrituras? Tem coerência espiritual ou não passa de frases habilmente costuradas?

C onscientizem o-nos, pois, desta verdade cristalina- mente teológica: A Igreja de Cristo não é dirigida pelos dons espirituais; é adm inistrada e governada pelos dons m inis­teriais (Ef 4.8-11). Os dons espirituais têm a sua utilidade; são imprescindíveis. Através deles, a Igreja conhece, fala e age sobrenaturalmente. Servem tam bém de consolo, edifi­cação e exortação aos fiéis. Agora, que nenhum detentor de dom espiritual arvore-se em governo da Igreja. Pois esta, com o já o frisamos, é dirigida por aqueles que receberam de Cristo os dons ministeriais, e acham-se investidos do m a­gistério sagrado.

Nenhum dom deve ser usado para auferir bens terre­nos, garantir posições m inisteriais ou alim entar apetites ilí­citos e desordenados. Isto porque os carismas são distribu­ídos pelo Espírito para o que for útil (1 Co 12.7). E que estas palavras de Paulo sirvam -nos de reflexão: "Se alguém cui­da ser profeta ou espiritual, reconheça que as coisas que vos

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escrevo são m andam entos do Senhor, mas, se alguém igno­ra isso, que ignore" (1 Co 14.37).

V. OS SONHOS E VISÕES

Além dos dons de elocução que, indevida e erradam en­te, podem ser usados para m inar a soberania das Sagradas Escrituras, outras formas de autoritarism os m ísticos vêm arvorando-se na Igreja de Cristo: os sonhos e visões. Levan- tam-se os sonhadores e visionários com tantos rompantes que, com um único enunciado, solapam a legitimidade da Bíblia e dos ministros por ela constituídos. Os tais sonhosos são mestres em torcer a Palavra, esvaziar o m agistério cris­tão, deturpar as práticas legitim am ente neotestam entárias e m inar a base do m inistério pastoral. Eles são calibrados na intriga e nos casuísmos. Jogam com as palavras, circuns­tâncias e com o m om ento psicológico dos mais frágeis e desavisados.

Ora, não pretendem os negar a validade dos sonhos e das visões; constituem-se estes numa gloriosa promessa para os nossos dias (J12.28-31). Destinam -se eles, porém , ao con­forto e à edificação pessoais, e não ao governo da igreja. Nenhum ministro de Nosso Senhor deve tom ar decisões baseadas unicam ente em sonhos e visões. Ainda que os te­nha, há de esperar por uma confirm ação cabal do Espírito Santo (Jz 6.36-40).

Nos tempos de Jerem ias, m uitos eram os que se exalta­vam , dando conotações canônicas aos seus sonhos e visões. E, com isso, buscavam igualar-se às Escrituras até então la­vradas. Deus, porém , se levantou contra esses embusteiros e, severam ente, repreendeu-os: "Tenho ouvido o que dizem aqueles profetas, proclam ando m entiras em meu nome, di­zendo: Sonhei, sonhei. Até quando sucederá isso no cora­ção dos profetas que proclam am m entiras, que proclam am só o engano. O profeta que tem sonho conte-o como apenas sonho; m as aquele em quem está a m inha palavra, fale a

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0 AVIVAMENTO NÀO É MERAMENTE MÍSTICO. É ACIMA DE TUDO ESPIRITUAL

m inha palavra com verdade. Que tem a palha com o trigo? diz o Senhor" (Jr 23.25,26,28).

Através de seus sonhos, sempre mentirosos, iam os fal­sos profetas minando a autoridade de Jerem ias, e derruindo a soberania da Palavra de Deus. E, tão longe foram os tais sonhadores, que desviaram a Judá dos caminhos do Senhor. Apesar da urgência daquele momento, os judaítas não mais prestavam atenção à Palavra de Jeová. O desfecho da histó­ria, todos conhecemos. Vieram os babilônios, sitiaram Jeru­salém, derrubaram o Templo, sum iram com a arca e, para Babilônia, levaram os desventurados, e, ainda, contumazes, filhos de Israel.

Quantas profecias não são urdidas, hoje, para dividir igrejas e separar grandes amigos? Quantos oráculos não são enunciados com o único fito de obter vantagens m ateriais e ascensões eclesiásticas? Quantos sonhos não são sonhados para destruir lares ou unir cônjuges que Deus jam ais uni­ria? Quantas visões não são visadas, nos bastidores da in­tr ig a , p ara p ro m o v e r a in ju s tiç a , o d e sre sp e ito e a irreverência? Enfim , quantas m iscelâneas doutrinárias não ap arecem co b ertas de o rto d o x ias? V êm às v ezes tão m aquiadas que já deslustram os dons, já desacreditam os carismas, já tiram os créditos às verdadeiras profecias e já desviam as finalidades dos meios da graça. E o que dizer daqueles que, enganando-se a si m esm os, e levados pelos ventos de doutrinas, com eçam a prestar aos anjos um culto que somente Deus pode receber?

VI. 0 CULTO AOS ANJOS

Os promotores dessa nova "revelação", dizendo-se privi­legiados por visões angélicas e até por entrevistas com altas patentes celestes, tomaram-se tão atrevidos e arrogantes, que já nenhum pejo demonstram em propor a desconstrução de nosso mais sublime artigo de fé, que tem a Bíblia Sagrada como a inspirada, inerrante, infalível e completa Palavra de Deus.

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Certa vez, fui cham ado por um amigo para ver uma página na internet, mantida pelo fundador dessa nova or­dem religiosa, na qual ele apresentava um livro que, "d ita­do por Deus e interm ediado por anjos", teria a mesma au­toridade da Bíblia. Se eu mesmo não houvera assistido àque­le deprim ente e ignom inioso espetáculo, jam ais teria acre­ditado se alguém mo relatasse. Todavia, lá estava aquele líder! Acom panhado por um conhecido evangelista, distri­buía entre os fiéis uma cópia "d a m ais recente revelação de D eus". Teria ele visto realm ente algum anjo? Ter-lhe-ia al­gum ser angélico confiado aquele livro que, superando a própria Bíblia, revelava o irrevelável?

Não estou insinuando haja o aludido pastor faltado com a verdade ao narrar suas visões angélicas. Longe de mim tal coisa! Vejamos como posiciona-se o Doutor dos Gentios: "E não é m aravilha, porque o próprio Satanás se transfigu­ra em anjo de luz. Não é m uito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conform e as suas obras" (2 Co 14.15).

Do apóstolo Paulo é tam bém esta advertência: "M as temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim tam bém sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos e se apartem da sim plicidade que há em Cristo. Porque, se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, com razão o sofrereis" (2 Co 11.3,4).

Em sua Epístola aos Colossenses, alerta-nos o apóstolo quanto aos que, sob o m anto da despretensão, querem ar­rastar-nos aos seus cultos exóticos e divorciados da Palavra de Deus: "N inguém vos domine a seu bel-prazer, com pre­texto de hum ildade e culto dos anjos, metendo-se em coisas que não viu; estando debalde inchado na sua carnal com ­preensão, e não ligado à cabeça, da qual todo o corpo, pro­vido e organizado pelas juntas e ligaduras, vai crescendo em aumento de Deus. Se, pois, estais mortos com Cristo

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quanto aos rudim entos do m undo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no m undo" (Cl 2.18- 20). Ora, se os irmãos de Colossos foram assediados pelos promotores dessas aberrações teológicas, maiores foram as dificuldades enfrentadas pelos irmãos da Galácia. Em am ­bos os casos, a ação daninha de Satanás.

Possui o Diabo um irresistível poder de persuasão, atra­vés do qual esforça-se por corrom per os mais conservado­res e ortodoxos rebanhos. Haja vista o que ocorreu com os gálatas. Tinham estes recebido a m ensagem do Evangelho através de Paulo com o se, entre eles, estivera o próprio Se­nhor. Ausentando-se porém o apóstolo, fizeram-se presen­tes alguns m ercenários que, contradizendo-o abertamente, induziram as igrejas da região a uma virulenta apostasia. O desvio daqueles irmãos fora tão escandaloso, que chegou a maravilhar, inclusive, o doutor dos gentios: "M aravilho-m e de que tão depressa passásseis daquele que vos cham ou à graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de C risto" (G 11.6,7).

Em seguida, protesta o apóstolo: "M as, ainda que nós m esm os ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema. Assim como já vo-lo dissemos, agora de novo tam bém vo-lo digo: se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátem a" (G 11.8,9). Por conseguinte, todos os que tencionarem m udar o Evangelho de Cristo noutro evangelho, serão duplam ente am aldiçoados. Ora, não é apenas o adultério, ou o homicídio, que lança o hom em no lago de fogo; a heresia tam bém o faz.

Além disso, não é missão dos anjos doutrinar, e, sim, res­guardar os que hão de herdar a vida eterna (Hb 1.14). Veja­mos, por exemplo, o caso de Cornélio. Encontrando-se o centurião romano a orar, apareceu-lhe um ente celeste, que lhe recomendou chamar Simão Pedro, a fim de que este lhe anun­ciasse o Evangelho de Cristo (At 10.1-6). Não seria mais con­

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FU N D A M EN TO S BÍBLICOS DE U M A U TÊN T ICO A V IV A M EN TO

vincente e prático ao anjo pregar a Cornélio? Sua missão, po­rém, não é proclamar as Boas Novas, conforme ressalta Pedro: "Aos quais (os santos do Antigo Testamento) foi revelado que, não para si mesmos, mas para nós, eles ministravam estas coi­sas que, agora, vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho, para as quais coisas os anjos desejam bem atentar" (1 Pe 1.12).

CONCLUSÃO

A pesar de toda essa m iscelânea doutrinária, não nos perturbem os. Tudo isto foi predito nas Sagradas Escritu ­ras: "M as o Espírito expressam ente diz que, nos últim os tem pos, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espí­ritos enganadores e a doutrinas de d em ônios" (lT m 4.1). Tais ensinos, com o o dem onstra o apóstolo, visam um a única coisa: desviar os santos dos cam inhos do Senhor. E com o a história no-lo relata, vêm eles acom panhados, via de regra, de aparições angélicas, aparatos proféticos e falsos m ilagres que, com o passar dos tem pos, redunda­rão em seitas. A ssim se deu com Josep h Sm ith. Bastou que ele se entrevistasse com um suposto anjo de luz, para que um a endêmica seita surgisse e arrebanhasse m ilhões de incautos.

Vigiemos, pois, em todo o tempo! Pois aqueles que des­prezam a Palavra de Deus, buscam apenas uma única coi­sa: dom inar o rebanho de Cristo. Sim, vigiemos! Porque, se lhes for possível, dom inarão inclusive os escolhidos (Mt 24.24). Eles, porém , não irão adiante, pois Nosso Senhor Je­sus Cristo continua a velar por sua herança.

No trato com essa agente, que se acha a desprezar o sacrifício de C risto, ajam os consoante ao que nos reco­m enda o apóstolo Paulo: "A o hom em herege, depois de um a e outra adm oestação, evita-o, sabendo que esse tal está pervertido e peca, estando já em si m esm o condena­d o" (Tt 3.10).

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Portanto, cuidado! M uito cuidado com o outro evange­lho! Não vam os deixar que tais coisas nos tirem a força o verdadeiro avivamento.

QUESTIONÁRIO

1. O que é o m isticismo?

2. Como devemos encarar os sonhos e visões?

3. Quem governa a Igreja, os dons espirituais ou os m iniste­riais?

4. O que a Bíblia diz sobre os anjos?

5. Por que não devemos adorar os anjos?

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XIV

0 AVIVAMENTO E A PERSPECTIVA HISTÓRICA

SUMÁRIO: Introdução; I. Nossas Indecisões na Encruzilhada da História; II. Lucas e a Verdadeira Concepção da História; III. O que Pretendia Lucas; Conclusão; Questionário.

INTRODUÇÃO

João Wesley costumava ler os jornais todos os dias para ver o que Deus andava fazendo pelo mundo. O evangelista inglês, que revolucionou as ilhas britânicas no século XVIII, sabia muito bem que Jeová comanda todas as coisas; que os reis e governantes estão submissos à sua vontade; e, que, de acordo com os seus desígnios, ascendem e caem os potenta­dos. Wesley acreditava ser Deus o Senhor da História. Como tal, interessa-se o Altíssimo pela humanidade; está sempre pronto a intervir em favor de seus filhos.

João W esley tam bém sabia com o a Igreja de C risto deveria p osicionar-se em relação à h istória . Eis porque

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FU N D A M EN TO S BÍBIJCOS DE U M A U TÊN TIC O A V IV A M EN TO

obteve tanto sucesso em seu m inistério . Ele não se d e i­xava em bair pelos casuísm os, nem pelas circunstâncias. Seu com p rom isso com o R ein o de D eus era ú nico e inadiável. Para W esley, as portas do processo h istórico não haveriam de prevalecer contra a igreja v erd ad eira­m ente avivada.

O m esm o, in felizm ente, parece já não acontecer com m uitas igrejas. Em bora cam inhem os com celeridade para o dia de C risto, acham os que ter um lugar na história é a m áxim a realização para o povo que deveria postar-se com o sacerdote, aprum ar-se com o profeta e levantar-se com o nação real. A contece, porém , que não fom os cha­m ados para ter um lugarzinho lam entado na história. Fom os intim ados para um a m issão m ais alta e, in fin ita­m ente, m ais sublim e. D esta vocação, jam ais fugirem os, com o não fugiram os apóstolos e os m issionários que lhes seguiram os passos na grande jornad a para instauração do Reino de Deus.

Veremos, a seguir, o que precisamos fazer para retomar­mos os rumos que nos legaram os gigantes que viveram de avivamento em avivamento.

I. NOSSAS INDECISÕES NA ENCRUZILHADA DA HISTÓRIA

Neste m omento tão decisivo, parece que a Igreja com e­ça a oscilar entre a história e os atos. Desventuradam ente, já estamos a remoer o que éramos e não o que deveríam os ser. Lem bram o-nos dos fundadores, como se jam ais pudésse­mos ser pioneiros; dos alvores do século, como se já não houvesse colheitas e como se a seara já não estivesse bran­ca. Cantam os os grandes avivam entos, como se já tivésse­mos escrito toda a epopéia do cenáculo. Selam os nossas ações, como se já fossem história recontada, e não como um livro em aberto como o são os Atos dos Apóstolos.

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0 AVIVAMENTO E A PERSPECTIVA HISTÓRICA

Não é de hoje que vim os dividindo a história da Igre­ja em três fases distintas. N a prim eira, o m ovim ento. Na segu n d a, o d en o m in acion alism o. E, agora, o in s t itu - cionalism o que m ata tanto o m ovim ento com o a denom i­nação. O que virá depois? Terem os o m esm o destino da Igreja de Éfeso que, em bora severam ente advertida a vol­tar ao prim eiro am or, resolveu ignorar a exortação do C risto?

Segundo o filósofo francês, Augusto Comte, a história é cíclica e se repete nas mais diversas sociedades humanas. M as a Igreja de Cristo não foi constituída para andar de ci­clo em ciclo; ei-la estabelecida para caminhar de vitória em vitória. E inaceitável uma igreja cíclica, que rumina o on­tem com o se o hoje não existisse. Que amanhã viverá o hoje, como se não tivéssemos nenhum caminho a percorrer se­não o pretérito. Neste ciclo vicioso, a Igreja perde toda no­ção de eternidade.

Se já é possível contar a história da Igreja em fases, che­gou o m om ento de m edí-la em eternidades. Não importa, se já fomos m ovimento e, hoje, denominação e se uma pos­sível institucionalização já nos bate à porta. O que importa, agora, é nos posicionarmos diante da história e mostrar que, como povo de Deus, podem os tornar-nos imunes à ação do tempo. E, que apesar de tudo, ainda nos colocaremos em m ovim ento, pois outra coisa não é a Igreja senão o Reino de Deus em movimento.

Nas sociedades hum anas, há um conform ismo m órbi­do quanto à inexorabilidade da história. Dizem os pensa­dores seculares que tudo se há de fazer por ciclos; e, que sem os ciclos, nada se faz. Se há um início, haverá de se ter tam bém uma média idade; e, se há uma idade m édia, o declínio é uma sina da qual ninguém poderá fugir. Todavia, a Igreja de Cristo não há de se conform ar com estas fases. Basta ler os Atos dos Apóstolos para verificar como cam i­nhava a Prim itiva Igreja; de avivam ento em avivam ento caminhavam os primeiros cristãos.

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FUNDAMENTOS BÍBLICOS DE UM AUTÊNTICO AVIVAMENTO

II. LUCAS E A VERDADEIRA CONCEPÇÃO

DA HISTÓRIANo segundo tratado que endereçou a Teófilo, Lucas

buscou m ostrar que, com o povo de Deus, não podem os acorrentar-nos aos ciclos da história. Aliás, rigorosamente falando, a igreja avivada não tem história nem ciclos; tem atos. É que a história fossiliza-se; os atos, não. A história é própria de quem sofre a história; os atos são característicos de quem faz história. A história faz a denominação; os atos revelam a Igreja. Pela história, os crentes nutrem -se das gló­rias passadas; pelos atos os discípulos alim entam o mundo com as glórias sempre presentes. Eis porque Lucas não nos deixou uma história da Igreja e, sim, os Atos dos Apóstolos.

Nos livros seculares, a história é dividida em idades. Na Bíblia, não; os relatos da Igreja de Cristo são d iv id id o s em m ilagres, sinais e m aravilhas. Se nos referirm os, por exemplo, ao m inistério de Pedro, m encionarem os, mesmo sem o querermos, os atos que lhe m arcaram a passagem por Jerusalém , Samaria e Jope. Afinal, m inistério lembra minis-, trar; e, ministrar, servir. Por isto eram os antigos diáconos conhecidos com o ministros.

Se os relatos b íblicos são divididos em m ilagres, si­nais e m aravilhas, não encontrarem os um a pré-história nos evangelhos. Tam bém não encontrarem os um a idade m édia. A única idade que encontrarem os nos A tos dos A póstolos é a do fogo que, veem entem ente, caiu sobre os apóstolos e despertou-os a um a realidade de conquistas e glórias.

Nos Atos dos Apóstolos, não há uma pré-história: há os discípulos no cenáculo à espera do poder do alto; não há uma idade do bronze: há os obreiros percorrendo a Judéia e chegando à Sam aria; não há um período florescente: a florescência é o período todo. Agora, não indagues sobre a idade média da Igreja, pois a média da idade da igreja avi­vada é a da águia: renova-se sempre. Logo, não se pode fa-

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0 AVIVAM ENTO E A PERSPECTIVA HISTÓRICA

lar num apogeu: a Igreja de Cristo não está aqui para viver declínios; encontra-se nas regiões celestiais.

III. 0 QUE PRETENDIA LUCAS

A lguns críticos m odernos, por não com preenderem como a história da Igreja se desenvolve, dizem que Lucas era um historiador que nada tinha de historiador. Seu m é­todo não era histórico, nem histórica sua planilha dos fatos. Por isto, insinuam, não se pode confiar nas obras lucanas. O que estes críticos não sabem, todavia, é que o médico am a­do não se preocupou em escrever uma história da Igreja. Seu objetivo era bem outro. No evangelho: relatar as cousas que Jesus com eçou a fazer e a ensinar (At 1.1). No Atos dos Apóstolos: o que o Espírito Santo, através dos apóstolos, continuou a fazer depois de assunto o Cristo.

Vê-se, m eridianam ente, ser o objetivo de Lucas empre­ender uma história sem a inum ação da história. É mais re­velação do que história. A prim eira é dinâmica e sempre ressurreta; a segunda jaz nas velhas crônicas e só vem à tona quando exumada. Aliás, quando se fala na revelação divi­na, há de se levar em conta não somente o que Deus disse, mas principalm ente o que Ele faz. Eis o que afirmou A. B. Langston: "U m dos livros mais interessantes da Bíblia é in­dubitavelmente o dos Atos dos Apóstolos. Nele vemos Deus revelando-se na vida de seus servos. A revelação consta mais do que Deus fez do que daquilo que disse".

CONCLUSÃO

A Igreja de Deus não deve se conform ar com um lugar- zinho lam entado na história. Se, de fato, fomos intim ados a fazer história, cumpramos integralmente nossa missão. Len­do os Atos dos Apóstolos e as crônicas eclesiásticas subse­qüentes, verificam os que a Igreja faz história quando cum ­

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170 FUNDAMENTOS BÍBLICOS DE UM AUTÊNTICO AVIVAMENTO

pre os itens da Grande Com issão; quando evangeliza e se torna missionária; quando se curva ao Cristo e intercede por aqueles que vão expirando sem ter esperanças de ver Deus. Ela faz história, quando se conscientiza de suas responsabi­lidades sociais e não se conform a com este m undo; quando assume sua identidade como a agência por excelência do Reino de Deus e não se deixa em bair pela burocracia da denominação, nem pelas peias de uma institucionalização fria e sem razão de ser.

Em suma, a Igreja de Cristo faz história quando deixa o Espírito Santo dirigir os seus negócios e coloca a Palavra de Deus em prim eiro plano; quando se subm ete ao senhorio de Cristo, porque, sem Ele, a história seria incom preensí­vel. A Igreja faz história quando se volta ao retorno do M es­tre e o aguarda em santo amor. A Igreja faz história quando m antém o fogo do avivamento. E este fogo, no santuário de Deus, não deve jam ais se apagar.

QUESTIONÁRIO

1. Como deve a Igreja de Cristo posicionar-se diante da His­tória?

2. Como Lucas enfocou a história da Igreja em seus prim ei­ros tempos?

3. Por que a história da Igreja de Cristo não é cíclica?

4. Como a Igreja pode fazer história?

5. O que significa viver de avivam ento em avivamento?

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XV

SOMENTE UMA IGREJA AVIVADA PODE MUDAR A HISTÓRIA DO BRASIL

SUMÁRIO: Introdução; I. O Momento mais Decisivo de nossa His­tória; II. É Hora de Mudar Nossa História; Conclusão; Questioná­rio.

INTRODUÇÃO

Vivia a Inglaterra um dos períodos m ais críticos de sua história. A corrupção já havia tom ado conta de todos os escalões do governo; a justiça estava enferm a; e, a m oral debruava-se pelas enlam eadas sarjetas de Londres. A pros­titu içã o e a jo g a tin a arm av am su as ten d as em cada logradouro. N esta época crivada de frustrações e desespe­ranças, o consum o de bebidas alcoólicas aum entara assus­tadoram ente. Os ingleses em briagavam -se tanto, que não conseguiam voltar para casa. M uitos caíam pelas ruas e lá ficavam até se enregelarem ; m orriam com o se fossem cães sarnentos.

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FU N D A M EN TO S BÍBLICOS DE U M A U TÊN TIC O A V IV A M EN TO

O século XVIII apressava-se em sepultar a brava nação saxônica.

Os ministros anglicanos não diferiam m uito dos repre­sentantes de Roma. Estavam mais preocupados com o seu bem -estar do que com a saúde espiritual dos paroquianos. Os requisitos da Grande Com issão não eram observados, nem levados em consideração os reclamos de uma vida pi­edosa e santa. Para a igreja oficial britânica, religião era si­nônim o de prestígio, poder e riqueza.

Foi por esta época que o filósofo francês, Voltaire, visi­tou a Inglaterra. Ao retornar a Paris, optou por ficar com o seu ceticismo: parecia-lhe este m elhor que a emproada reli­giosidade de Cantuária.

Deus, porém , não havia abandonado as ilhas britâni­cas. Estava prestes a enviar-lhes alguém com uma m ensa­gem tão poderosa, que as abalaria do Canal da M ancha ao Mar do Norte. Centrada na plenitude do Evangelho de Cris­to, esta m ensagem haveria também de sacudir a Am érica e as mais distantes possessões de Sua Majestade.

Este alguém seria John Wesley.Após anos de intenso preparo espiritual, o intrépido

evangelista dá início a um trabalho que, na opinião de aba­lizados historiadores, livraria o povo inglês de uma revolu­ção semelhante àquela que tantos transtornos trouxe à Fran­ça. A partir de Wesley, começa a Inglaterra a experim entar um grande progresso. Os ingleses com preendem finalm en­te a eficácia deste texto-áureo: "Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor". Em pouco tempo, ingressa o estado britânico numa nova e decisiva fase de sua história. Juntamente com a pros­peridade espiritual, aportam naquelas terras a fartura e a segurança. Confirm aria mais tarde a rainha Vitória ser a obediência á Palavra de Deus a razão da grandeza e singu­laridade da Inglaterra.

É de um avivam ento assim que necessita o Brasil. Sem este sopro do Espírito, não conseguiremos sair do marasmo em que nos encontramos. Nosso país há de ser sacudido

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SOM ENTE U M A IGREJA AVIVADA PODE M U D A R A H ISTÓ RIA DO BRASIL

pelo poder de Deus; doutra forma: não resistiremos as pro­vações que se avizinham de nossas crônicas.

1.0 MOMENTO MAIS DECISIVO DE

NOSSA HISTÓRIANesta altura tão dolorosa de nossa história, urge-nos

arvorar com o a voz profética da Igreja de Cristo. Somente assim a pátria há de sobreviver m oral e espiritualm ente. As m edidas tom adas, até agora, pelas autoridades, visando sanear nossas instituições, têm-se revelado inócuas e inefi­cazes. Vivemos uma situação semelhante á de Roma. Lá, segundo o filósofo francês, M ontesquieu, m orriam os cor­ruptos, mas ficava a corrupção. Exibia-se esta com o se fora uma hidra; m orria nunca. Outras vezes, renascia com o o phoenix; embora cinzas, reditzia a pó o capitólio.

Não é o que vem acontecendo ao nosso país? Com o im­pedimento do presidente Collor, no início da década de 1990, fomos induzidos a pensar que o Brasil se reergueria moral­mente de toda aquela provação. Passada a primeira euforia, contudo, reparamos que a corrupção continuava a afrontar nossas mais caras heranças. Davam-lhe, agora, outros nomes; não deixava, porém, de ser corrupção. Apesar dos métodos novos, corrupção. Já se conclui, pois, que o problema de nos­so país não é moral: é espiritual. Não é uma luta que se trava no campo da ética, ou no terreno do direito. É uma batalha que se rompe nas regiões celestiais, onde Satanás cancera as nações para espalhar a metástase de seu governo apóstata e inimigo de Deus e de seus santos. Este é um conflito tão anti­go, quanto a própria história do homem. É só ler o capítulo 10 de Daniel para se inteirar das astutas e inescrupulosas in­tervenções do adversário no governo dos Estados.

Se a luta é espiritual, as armas hão de ser espirituais. Se as leis que regem esta guerra são tam bém espirituais, por que lançar mão de recursos m eram ente hum anos? De for­ças tão débeis? E de aparências tão aparentes? Esta guerra

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mal combatida, levou o nosso país a enfermar-se gravem en­te. E, para a desventura desta geração, não há m ais centros de tratam ento intensivo. O atendimento já é feito nos corre­dores do poder, nas macas do oportunismo e com os garrotes que nos deixaram os colonizadores. Tendo em vista o gra­víssim o estado clínico de nossa pátria, afirmou, certa feita, M iguel Pereira: "O Brasil é um vasto hospital."

Com o diagnosticar a doença que definha o Brasil? Rui Barbosa, d iagnosticou-a desta form a: "Todas as crises, portanto, que pelo Brasil estão passando, e que dia-a-dia sentim os crescer aceleradam ente, a crise política, a crise econôm ica, a crise financeira, não vêm a ser m ais do que s in to m a s , e x te r io r iz a ç õ e s p a r c ia is , m a n ife s ta ç õ e s reveladoras de um estado m ais profundo, um a suprem a crise m oral."

O grande tribuno estava certo; acredito, todavia, não ter ele descoberto a verdadeira gravidade da doença que, desde o seu tem po, vem debilitando o organism o deste grande pais. N este particular, Paulo M endes Cam pos foi m ais feliz: "Im aginem os um ser hum ano m onstruoso que tivesse a m etade da cabeça tom ada por um tumor, mas o cérebro funcionando bem ; um pulm ão sadio, o outro co­m ido pela tísica; um braço ressequido, o outro vigoroso; um a orelha lesada, e outra perfeita; o estôm ago em ótimas condições, o intestino carcom ido de verm es... Esse m ons­tro é o Brasil."

Ora, não é necessário rebuscar os m anuais de m edici­na, para se saber que há um tum or carcom endo o vigor de nossa pátria. Por m ais que intervenham os m édicos, este tum or cresce, alastra-se e deita raízes nos tecidos ainda sãos. E por m ais que se abra este organism o, já desfigura­do por tantas cirurgias, o velho câncer não cede. Lá está ele atacando os anticorpos e aum entando seu raio de ação. Será que as fibras deste corpo corrom per-se-ão todas? Como povo de Deus, não podem os nos conform ar com esta intum escência m aligna.

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SOM ENTE U M A IGREJA AVIVADA PODE M U D A R A H ISTÓRIA DO BRASIL

Se a Igreja no Brasil, por conseguinte, cum prir cabal­m ente a sua m issão profética e sacerdotal, o castelo da corrupção, que se ergue em todos os rincões da pátria, há de ser abalado. Sim, há de ser abalado este maldito castelo e as suas portas não hão de resistir o ímpeto do povo de Deus. No entanto, como agiremos como m odelo, se já não somos paradigm a? Como nos conduziremos como voz, se já nos calamos nos com odismos de uma denominação que deve­ria continuar m ovimento? Como haverem os de m odificar a política de nosso país se as armas que agora contamos são m eram ente humanas?

Que as nossas armas sejam as de John Knox. Este bravo campeão de Deus logrou alterar não apenas a política, como a própria história de seu país. Que segredo detinha Knox? Oração e confiança irrestrita na intervenção divina no curso natural dos negócios humanos. Nas caladas de sua aflição, orava: "Senhor, dá-me a Escócia senão morrerei! Dá-m e a Escócia, senão m orrerei!"

Espero que ainda haja hom ens com o John Knox em nosso país. Em bora lhes acenem os favores seculares, que m antenham eles reservas espirituais e m orais necessárias para se conduzirem com o profetas e sacerdotes. N unca o m undo careceu tanto destes m inistérios. Que os m inistros do Senhor se ergam para condenar o pecado; não se es­queçam , todavia, de interceder por aqueles que cam inham para o inferno. Que tenham voz e lágrim as, exem plos e conselhos! Ao invés de se curvarem ante os poderosos, de­m onstrem suficiente fibra para interpretar a escritura na parede, e desvendar as alucinações dos que se levantam contra Deus. A jam os assim e haverem os de alterar pro­fundam ente a nossa história.

II. É HORA DE MUDAR NOSSA HISTÓRIA

O que a Igreja de Cristo poderá fazer para alterar nossa história? Em primeiro lugar, há de se portar como a agência

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FUNDAMENTOS BÍBLICOS DE UM AUTÊNTICO AVIVAMENTO

por excelência do Reino de Deus. Nesta sublime e intransferível vocação, deve ela retomar imediatamente às Sagradas Escri­turas, e tê-las como a inspirada, infalível, inerrante e completa Palavra de Deus. Caso contrário, jamais haveremos de experi­mentar o avivamento de que tanto necessitamos. Como já dis­semos, a história da Igreja Cristã se cala a respeito dos aviva- mentos que começaram sem a Bíblia.

Em seguida, a Igreja de Cristo, no Brasil, há de cumprir todos os itens da Grande Comissão. Não nos esqueçamos de que foi exatam ente assim que João Calvino deu novos rumos à Suiça do século XVI. E m udando o caráter dos ho­mens que se muda a sociedade; é m udando os indivíduos que se m uda o Estado e o itinerário de uma história já caóti­ca e já viciada. De nada nos adianta propugnar por uma m udança m ais radical em nossa legislação, se não lutarmos para mudar o ser humano. De que nos há de valer, por exem ­plo, a pena de m orte se a im punidade campeia em cada es- caninho da legislação?

CONCLUSÃO

Como Igreja de Cristo, não podem os esquecer-nos de nossa tríplice m issão. Fomos cham ados para ser uma nação real, sacerdotal e profética. Como nação real, fomos cham a­dos para reinar na vida através de Cristo Jesus. Como na­ção sacerdotal, jam ais haverem os de nos esquecer de rogar para que o Senhor abençoe nossos patrícios e conduza-os à vida eterna. E, como nação profética, cumpre-nos bradar a Palavra de Deus. Quando desem penharm os plenam ente nossa m issão, arrancarem os o Brasil deste atoleiro. Afinal, com o já dissemos, a solução para os nossos problemas não está num a mera m udança de cenário político, e, sim, numa m udança de rumos em nossa história através de um rigoro­so avivam ento espiritual.

Socorram os, pois, o Brasil enquanto é tempo. À sem e­lhança de John Wesley, podem os alterar os destinos de nos­

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SOMENTE UMA IGREJA AVIVADA PODE MUDAR A HISTÓRIA DO BRASIL 177

sa pátria, através da anunciação da Palavra de Deus. Que o Senhor avive nossa pátria!

QUESTIONÁRIO

1. Como vivia a Inglaterra antes do Avivamento Wesleyano?

2. Por que vive o Brasil uma crise espiritual e moral tão aguda?

3. De que forma podem os alterar a história do nosso país?

4. Como deve a Igreja de Cristo ajudar o Brasil a sair deste atoleiro?

5. Que oração fez John Knox em relação à Escócia?

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XVI

0 AVIVAMENTO E A IMINÊNCIA DA VOLTA DE CRISTO

SUMÁRIO: Introdução; I. O que É a Segunda Vinda de Cristo;II. A Iminência da Vinda de Jesus; III. Como Devemos nos Preparar para a Vinda de Cristo; IV. A Expectativa da Vinda de Cristo Deve Levar-nos ao Avivamento; Conclusão; Questionário

INTRODUÇÃO

Uma das principais características de uma igreja verda­deiram ente avivada é o seu amor pela vinda de Cristo. Pois sabe ela que, neste m undo, não passamos de viajores cansa­dos e mui exaustos, e que a nossa alma só achará repouso, quando for recebida nas mansões celestes. Mas, pela fé, já podem os usufruir desse inefável gozo apesar das lutas e das dificuldades que, diariamente, nos querem afastar des­ta tão grande e relevante verdade das Escrituras.

Com o estam os aguardando a vinda do Senhor Jesus? Você sabia que a sua vinda é certa? Todos os sinais pratica­

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FU N D A M EN TO S BÍBLICOS DE U M A U TÊN TIC O A V IV A M EN TO

m ente já se cum priram . O m aior de todos: o renascim ento de Israel, com o nação soberana, já é um a incontestável re­alidade histórica.

Por conseguinte, esperemos pela vinda de Cristo Jesus com redobrada vigilância e prudência. Ele não tarda a vir. Que as nossas candeias estejam apercebidas com o azeite do avivamento autêntico do Espírito Santo. Caso contrário, como haveremos de sair ao encontro do esposo? Amado Jesus, que naquele grande dia, não fiquemos envergonhados.

1.0 QUE É A SEGUNDA VINDA DE CRISTO

É a segunda vinda de Cristo, uma das doutrinas mais bem fundam entadas das Sagradas Escrituras. Desta m ara­vilhosa e abençoada verdade, encontramos pelo menos tre­zentas referências tanto no Antigo quanto no Novo Testa­mento.

Por que tantas referências? Q uer o Senhor, em seu imensurável amor, que todos nos mantenhamos apercebidos e vigilantes a fim de que, naquele grande dia, não fiquem os confundidos.

Vejamos, pois, o que é a segunda vinda de Nosso Senhor.1. D efin ição. No Dicionário de Escatologia Bíblica, assim

definimos a vinda de Cristo: "Volta pessoal do Senhor Jesus à terra que, de acordo com o que podem os concluir das Es­crituras do Novo Testamento, dar-se-á em duas fases dis­tintas. Na prim eira, virá Ele arrebatar os santos (1 Ts 4.13- 17). Na segunda, há de vir com os santos para: a) destruir o sistema criado pelo Anticristo durante a Septuagésim a Se­m ana, b) libertar Israel de seus adversários e: c) im plantar o Reino de D eus" (Ap 20.2-7).

2. A vinda de Cristo como a parousia. A vinda do Senhor Jesus é descrita também como a parousia. "N o mundo greco- romano, o termo era usado para descrever a visita oficial e solene de um príncipe a determinado lugar. O anúncio da che­gada do potentado obrigava os cidadãos desse lugar a se pre­

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0 AVIVAMENTO E A IMINÊNCIA DA VOLTA DE CRISTO

pararem devidamente para que nada saísse errado."Tendo em vista tão alto significado, o vocábulo passou

a ser usado pelos escritores sacros para descrever o glorioso retorno de Cristo para buscar a sua Igreja (1 Co 15 e 1 Ts 4).

"Se os antigos esmeravam-se para a chegada de seu prín­cipe, porque iríamos nós, os redim idos, m ostrar-nos des­cuidados quanto à vinda do Rei dos reis e Senhor dos se­nhores?"

3. A importância da doutrina. Acerca da importância da segunda vinda de Cristo, o im inente teólogo Bancroft m ostra-se mui categórico:

"Se devemos aquilatar a importância de uma doutrina pelo destaque que lhe é dado nas Escrituras, então o Segundo Ad­vento de Cristo é realmente uma das doutrinas mais impor­tantes da fé cristã. Nota-se particularmente esse realce nas pro­fecias do Antigo Testamento, onde há muito maior número de previsões da Segunda Vinda do que da primeira".

II. A IMINÊNCIA DA VINDA DE JESUS

Se o profeta Malaquias já encarava como iminente a volta de Cristo Jesus, com o agiremos nós que vivem os estes últi­m os dias? A Palavra de Deus é clara: Jesus está às portas; não podem os vacilar, nem especular quanto a esta verdade. As passagens da im inência são fortíssim as; não comportam dúvidas.

1. Passagens da im inên cia . São trechos, tanto do A nti­go quanto do Novo Testam ento, que realçam a brevidade e o inesperado do retorno de Cristo Jesus para arrebatar a sua Igreja.

Eis algumas passagens da iminência:"Porque vós m esm os sabeis perfeitam ente que o dia do

Senhor virá como vem o ladrão de noite" (1 Ts 5.3)."M as vós, irmãos, não estais em trevas, para que aquele

dia, como ladrão, vos surpreenda" (1 Ts 5,4)."Virá, pois, como ladrão o dia do Senhor, no qual os

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FU N D A M EN TO S BÍBLICOS DE U M A U TÊN T IC O A V IV A M EN TO

céus passarão com grande estrondo, e os elementos, arden­do, se dissolverão, e a terra, e as obras que nela há, serão descobertas" (2 Pe 3.10).

"Lem bra-te, portanto, do que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te. Pois se não vigiares, virei como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei" (Ap 3.3).

"Eis que venho como ladrão. Bem -aventurado aquele que vigia, e guarda as suas vestes, para que não ande nu, e não se veja a sua nudez" (Ap 16.15).

Estas e outras passagens de igual teor, têm como objeti­vo alertar o povo de Deus com respeito à im inência do re­torno de Cristo. Pois o Senhor não quer que nenhum de seus filhos fique envergonhado e confuso naquele grande dia.

2. Encarando com seriedade a prom essa da segunda vinda de Cristo. A prom essa da segunda vinda de Cristo é a que m ais sofre ataques dos incrédulos com o adverte o apóstolo Pedro: "A m ados, já é esta a segunda carta que vos escrevo; em am bas as quais desperto com adm oesta- ções o vosso ânimo sincero; para que vos lem breis das pa­lavras que dantes foram ditas pelos santos profetas, e do m andam ento do Senhor e Salvador, dado m ediante os vos­sos apóstolos; sabendo prim eiro isto, que nos últim os dias virão escarnecedores com zom baria andando segundo as suas próprias concupiscências, e dizendo: Onde está a pro­m essa da sua vinda? porque desde que os pais dorm iram , todas as coisas perm anecem com o desde o princípio da criação" (2 Pe 3.1-5).

O m esm o apóstolo discorre agora acerca da essência da prom essa: "Pois eles (os incrédulos) de propósito igno­ram isto, que pela palavra de Deus já desde a antigüidade existiram os céus e a terra, que foi tirada da água e no meio da água subsiste; pelas quais coisas pereceu o m undo de então, afogado em água; mas os céus e a terra de agora, pela m esm a palavra, têm sido guardados para o fogo, sen­do reservados para o dia do juízo e da perdição dos ho­mens ím pios. M as vós, am ados, não ignoreis um a coisa:

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0 AVIVAMENTO E A IMINÊNCIA DA VOLTA DE CRISTO

que um dia para o Senhor é com o m il anos, e m il anos com o um dia. O Senhor não retarda a sua prom essa, ainda que alguns a têm por tardia; porém é longânim o para convosco, não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se. Virá, pois, com o ladrão o dia do Senhor, no qual os céus passarão com grande es­trondo, e os elem entos, ardendo, se dissolverão, e a terra, e as obras que nela há, serão descobertas" (2 Pe 3.5-10).

III. COMO DEVEMOS NOS PREPARAR PARA

A VINDA DE CRISTO

Eis alguns cuidados especiais que os crentes devemos tom ar em virtude da im inência da volta de Cristo:

1. M anter a flam a da abençoada esperança que é a con­vicção de que o Senhor Jesus está às portas: "A guardando a bem -aventurada esperança e o aparecim ento da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesu s" (Tt 2.13).

2. Guardar o que se recebeu como resultado do cha­mamento do Evangelho: "Venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa" (Ap 3.11).

3. Manter-se puro num mundo corrupto e que jaz no m aligno: "E todo o que nele tem esta esperança, purifica-se a si m esm o, assim como ele é puro" (1 Jo 3.3).

4. Am ar a vinda de Cristo: "D esde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, m as tam bém a to­dos os que amarem a sua vinda" (2 Tm 4.8).

5. Trabalhar enquanto é dia; "Im porta que façamos as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; vem a noite, quando ninguém pode trabalhar" (Jo 9.4).

Tais preparações são imprescindíveis. Sem elas, haverá apenas tristeza, vergonha e confusão naquele grande dia. M as para os que aguardamos a vinda de Cristo, tal expecta­tiva deve levar-nos a um constante avivamento.

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FU N DA M EN TO S BÍBLICOS DE UM A U TÊ N TICO A V IV A M EN TO

IV. A EXPECTATIVA DA VINDA DE CRISTO DEVE

LEVAR-NOS AO AVIVAMENTO

A expectativa da im inência da volta de Cristo tem de levar a Igreja ao cum prim ento urgente e zeloso dos itens da Grande Comissão. Evitemos, pois, estas duas posições ex­tremadas: a escatofobia e a escatomania.

1. Escatofobia. Leva o crente a ter medo das últimas coisas. Há pessoas que sentem pavor ante a expectativa da volta de Cristo. No entanto, a Bíblia quer que encaremos o arrebatam ento da Igreja com indizível alegria. Ora vem, Senhor Jesus!

2. Escatomania. Por outro lado, há m uitos cristãos que, diante da iminência do retorno de Cristo, não m ais se em ­penham na expansão do Reino de Deus. Tornam-se esses crentes até desleixados quanto à vida pessoal. Mas não de­vemos agir assim. O Senhor Jesus insta-nos a que estejamos sempre vigilantes e trabalhando em sua Obra.

A doutrina das últimas coisas não visa satisfazer-nos a curiosidade quanto ao futuro. Sua finalidade é prática e mui piedosa. E um incentivo àqueles que, na esperança de se encontrarem com o Senhor Jesus, vencem os maiores desa­fios e os mais agudos transes por uma esperança que não murcha nem se desfaz com os séculos e milênios.

CONCLUSÃO

O Senhor Jesus está às portas. Em breve virá buscar a sua Igreja. Eis um grande m otivo para se buscar um grande e poderoso avivam ento, que venha a abalar o mundo. Tal expectativa não deve, de forma alguma, amedrontar-nos, mas incentivar-nos a trabalhar enquanto é dia.

Você está preparado para o arrebatamento da Igreja? Sua família está preparada? E sua igreja? Está você orando pe­dindo um avivam ento, ou já se conform ou com este m un­do? O momento exige um firme posicionamento. É hora de

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0 AVIVAMENTO E A IMINÊNCIA DA VOLTA DE CRISTO

se voltar à Palavra de Deus! Chegou o m om ento de se retornar ao cenáculo! Levantem os bem alto a bandeira pen­tecostal!

QUESTIONÁRIO

1. O que é a segunda vinda de Cristo?

2. O que acontecerá na prim eira fase da segunda vinda de Cristo?

3. O que significa parousia?

4. O que são as passagens da iminência?

5. Como devemos encarar a expectativa da volta de Cristo?

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X.VII

AVIVA, Ó SENHOR, A TUA OBRA!

Roguem os, pois, ao Senhor Jesus Cristo, que nos m an­de um avivam ento com provadam ente autêntico. Eis as ca­racterísticas do avivam ento de que tanto precisam os:

1. O verdadeiro avivamento tem a Bíblia Sagrada como a inspirada, infalível, inerrante e com pleta Palavra de Deus.

2. O verdadeiro avivam ento não admite qualquer outra revelação que venha a contrariar as Sagradas Escrituras, pois estas são soberanas e irrecorríveis.

3. O verdadeiro avivam ento prim a pela ortodoxia bíbli­ca e pela sã doutrina.

4. O verdadeiro avivam ento é espiritual, mas não admi­te o m isticismo herético e apóstata que, sob a capa da hu­m ildade, busca desviar os fiéis das recom endações dos profetas do Antigo Testamento e dos apóstolos do Novo Testamento.

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FU N D A M EN TO S BÍBLICOS DE UM A U TÊN TIC O A V IV A M EN TO

5. O verdadeiro avivamento prega o Evangelho com ­pleto de Nosso Senhor, anunciando que Jesus salva, batiza no Espírito Santo, cura os enfermos, opera m aravilhas e que, em breve, haverá de nos buscar, a fim de que estejamos para sempre ao seu lado.

6 .0 verdadeiro avivamento enfatiza a salvação pela gra­ça através do sacrifício vicário do Filho de Deus.

7. O verdadeiro avivamento é pentecostal; realça a atua­lidade do batismo no Espírito Santo e dos dons espirituais.

8. O verdadeiro avivamento tem um firme com promis­so com o im perioso ide de Nosso Senhor Jesus Cristo, por isto não poupa recursos hum anos e financeiros na evange- lização local, nacional e transcultural.

9. O verdadeiro avivamento acredita na necessidade e na possibilidade de todos os crentes viverem uma vida de santidade e inteira consagração a Deus.

1 0 . 0 verdadeiro avivamento é intercessor. Leva os cren­tes a rogar ao Pai Celeste por aqueles que ainda não foram alcançados pelo Evangelho.

11. O verdadeiro avivamento estim ula os crentes a vive­rem como irmãos e a amar uns aos outros como Cristo nos amou e por nós se entregou.

12. Enfim , o verdadeiro avivam ento leva os fiéis a devo­tar um amor incondicional pelo Senhor Jesus Cristo, e ansi­ar por sua volta gloriosa - nossa bendita esperança.

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FUNDAMENTOS BÍBLICOS

DE UM AUTÊNTICO

AVIVAMENTO

O avivamento — caracterizado pelas experiências espirituais decorrentes da oração, pelo retorno aos princípios bíblicos que norteavam a Igreja primiti­va e pelo grande desejo de evangelização motiva­do pelo amor aos perdidos — é imprescindível à vida da Igreja. Nenhum movimento que queira ser caracterizado pelo título de "avivamento" pode deixar de ter esses três elementos.Fundamentos Bíblicos de um Autêntico Avivamento traz para o leitor os verdadeiros componentes do real avi­vamento, e uma análise profunda de cada um deles:

O Avivamento e a Oração O Avivamento e o Batismo com o Espírito Santo O Avivamento e os Dons Espirituais O Avivamento e a Operação de Milagres O Avivamento e a Verdadeira Espiritualidade O Avivamento e a Iminente Volta de Cristo

O A utorÉ ministro do Evangelho e membro da Academia de Letras Emílio Conde e da Academia Evangélica de Letras. É autor dos seguintes livros: Dicionário Teológico, Dicionário de Escatologia Bíblica, Geografia Bíblica, Jerusalém — 3.000 anos de História, Manual do Diácono, Manual do Superintendente e Teologia da Edu­cação Cristã, todos editados pela CPAD.