eustasia global e a realidade do litoral brasileiro

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Charlenne Suellen Bonaldo Luis Carlos Antonelli Ricardo Luiz Cavalheiro Vinícius Romero Machado

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Page 1: Eustasia global e a realidade do litoral brasileiro

Charlenne Suellen Bonaldo

Luis Carlos Antonelli

Ricardo Luiz Cavalheiro

Vinícius Romero Machado

Page 2: Eustasia global e a realidade do litoral brasileiro

Eustasia: S. f. Variação do nível dos mares, causada

pelo aumento da quantidade de água (degelo nos pólos),

ou por motivos tectônicos do fundo do mar, ou pelo

acúmulo progressivo dos sedimentos. (Dicionário Aurélio, 1988)

Page 3: Eustasia global e a realidade do litoral brasileiro

O IPCC (Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas) trabalha com três cenários de subida do mar para os próximos 100 anos:

a) 30cm - otimista

b) 60cm (considerado realista por muitos)

c) 94cm – pessimista

De acordo com essas previsões, os efeitos sobre as áreas costeiras podem ser catastróficos por causa da transgressão marinha (avanço do mar) sobre os continentes.

Page 4: Eustasia global e a realidade do litoral brasileiro

Principais agentes climáticos para o aumento

do nível dos mares:

• O aquecimento global aumenta a temperatura dos

oceanos e ocasiona a expansão térmica das

camadas superiores de água marinha, conforme

afirmam Gornitz et al. (1982)

• A glacio-eustasia (derretimento das geleiras) libera

água para os oceanos.

Page 5: Eustasia global e a realidade do litoral brasileiro

No auge do último período glacial, há cerca de

18 mil anos, o nível do mar estava até 130

metros abaixo do atual.

De acordo com vários autores (Fairbridge, Milliman

& Emery, Oeschger & Mintzer), a temperatura

média global nos últimos 160 mil anos diminuiu em

5ºC, proporcionando o aumento do volume das

geleiras até as regiões temperadas e afetando as

montanhas mais altas em regiões tropicais.

Page 6: Eustasia global e a realidade do litoral brasileiro

Estima-se que a Antártida (pólo Sul) tinha volume de

gelo 2/3 maior que o atual.

Page 7: Eustasia global e a realidade do litoral brasileiro

No Brasil estima-se que há 18 mil anos a regressão

marinha na foz do rio Amazonas foi cerca de 300Km;

- em Natal, de 20Km;

- em Ilhéus, de 8Km;

- no norte do Espírito Santo foi cerca de 200Km;

- no Rio de Janeiro, entre 75 e 112Km;

- no Paraná foi até de 160Km.

Podemos perceber que a regressão não é uniforme para

todos os lugares, pois deve levar em conta também as

formações geológicas litorâneas.

Page 8: Eustasia global e a realidade do litoral brasileiro

Outro fator que interfere na transgressão e regressão

marinhas é o deslocamento vertical (positivo ou negativo)

dos blocos continentais, devido aos movimentos isostáticos

provocados pelo avanço ou derretimento das geleiras.

Page 9: Eustasia global e a realidade do litoral brasileiro

Entre 6 mil e 4 mil anos A.P. (Antes do Presente), a

temperatura média global era cerca de 0,5ºC mais alta

que a atual. Muitas geleiras em montanhas de áreas

temperadas e tropicais desapareceram e o nível do mar

estava cerca de 4m acima do atual.

Page 10: Eustasia global e a realidade do litoral brasileiro

No séc. XV teve início o último período frio (Pequena Idade

do Gelo) e, de acordo com Thompson ET al. (1989) e

McElroy (1992), a temperatura média global desceu

apenas 0,5ºC. Nos Andes do Peru, a linha de neve eterna

nos picos das montanhas desceu até 300m e nas latitudes

maiores a linha de neve desceu entre 100 e 200m.

É importante perceber o quanto a

variação de ½ grau Centígrado

afeta diversas áreas do planeta.

Page 11: Eustasia global e a realidade do litoral brasileiro

Conclusões tiradas nas reuniões do IPCC de 1990 e

2001 mostram que o derretimento está restrito às

geleiras alpinas, localizadas nas montanhas altas das

regiões temperadas e tropicais; aos campos de gelo

das regiões temperadas e sub-polares e ao gelo

flutuante do Mar Ártico (Norte).

Page 12: Eustasia global e a realidade do litoral brasileiro

A única preocupação é com o oeste da Antártida (área

igual ao território do México), onde as bases das geleiras

estão abaixo do nível do mar e isso pode torná-las

instáveis. O derretimento total dessa área elevaria o nível do mar em cerca de 3 metros.

Page 13: Eustasia global e a realidade do litoral brasileiro

- aumento da temperatura média global em 0,6ºC no

séc. XX;

- aumento do nível do mar em 100 a 200mm no mesmo

período, corroborando dados de Gornitz & Lebedeff

(1987) que indicam elevação de 150 a 170mm entre

1890 e 1990, incluindo a água de degelos e expansão

térmica dos oceanos.

PORÉM...

Conclusões do IPCC (1990 e 2001):

Page 14: Eustasia global e a realidade do litoral brasileiro

É prematuro comparar o aumento de temperatura atual

com o que aconteceu entre 6 mil e 4 mil anos A.P., pois as

causas podem ser diferentes. Por exemplo, sabe-se que

as áreas urbanas são as mais afetadas pelo fenômeno

chamado “ilha de calor”.

Page 15: Eustasia global e a realidade do litoral brasileiro

Estimativas do IPCC, que adotou as propostas de

Warrick e Oerlemans (1990) para o cenário da subida

do nível do mar.

Page 16: Eustasia global e a realidade do litoral brasileiro

Litoral

Brasileiro

Page 17: Eustasia global e a realidade do litoral brasileiro

A plataforma continental brasileira tem em sua maior parte

declividade muito baixa.

Obs.: 200 milhas náuticas = cerca de 370Km

Page 18: Eustasia global e a realidade do litoral brasileiro

Considerando-se os cenários propostos pelo IPCC

(tabela 4), o cenário provável e mais realista ao final

deste século aponta uma subida de 6mm ao ano, o que

poderá proporcionar uma subida de 0,6m/ano no

Sudeste e 5,5m/ano na região Norte.

Esse efeito já deveria estar ocorrendo, com uma subida

entre 4 e 5mm ao ano. Se isso fosse real, a maioria de

nossas praias deveria estar perdendo uma faixa entre

0,3 a 4,8 metros por ano.

Page 19: Eustasia global e a realidade do litoral brasileiro

ISSO É REAL?

Page 20: Eustasia global e a realidade do litoral brasileiro

Se esse prognóstico estivesse certo, muitas das ruas

situadas próximas às praias estarão abaixo do nível do mar

até o final deste século. Este trabalho demonstra que essa

situação pode não se concretizar, ao menos dentro do

prazo previsto.

Page 21: Eustasia global e a realidade do litoral brasileiro

Foram escolhidas 19 praias para monitoramento em

4 Estados brasileiros:

Metodologia

Essas praias têm características diferentes e ficam

situadas em condições geomorfológicas distintas.

Page 22: Eustasia global e a realidade do litoral brasileiro

Os dados obtidos por medições foram comparados com

fotografias aéreas de quatro décadas atrás (exceto em

São Conrado, onde o período observado foi de 90 anos),

para saber se ocorreram mudanças na linha de costa.

Page 23: Eustasia global e a realidade do litoral brasileiro

Resultados e Discussão

Análise da tabela 5 mostra que não houveram

mudanças significativas nas praias durante o tempo

analisado. 9 delas apresentaram as mesmas medições

de 4 décadas atrás; 6 foram reduzidas em até 5 metros

e 4 praias apresentaram crescimento de até 35 metros.

Page 24: Eustasia global e a realidade do litoral brasileiro
Page 25: Eustasia global e a realidade do litoral brasileiro

Alguns fatores devem ser levados em conta:

• Em praias oceânicas ocorrem períodos cíclicos de erosão e deposição de sedimentos;

• Praias protegidas no interior de baías são menos afetadas pelos períodos erosivos, devido ao ambiente de baixa energia;

• Muitas praias brasileiras vêm sofrendo erosão crônica pela ação antrópica, com obras que causam desvio do fluxo de água trazido pelas ondas, barragens que aumentam a retenção de sedimentos, retirada clandestina de areia, entre outras.

Page 26: Eustasia global e a realidade do litoral brasileiro

É possível observar o aumento de processo erosivo em

locais sem interferência humana, como em algumas praias

da Ilha Grande (RJ), no Paraná, em Santa Catarina e no

Rio Grande do Sul. Nesses locais o aumento da erosão se

deve a causas naturais diversas.

Page 27: Eustasia global e a realidade do litoral brasileiro

Vários países do Hemisfério Norte apontam através de

medições realizadas com marégrafos (instrumentos que

registram o fluxo e refluxo das marés em um determinado

ponto da costa) uma subida do nível do mar de 10 a 20cm.

Comparemos com os dados obtidos no litoral brasileiro, a

partir de 1945:

• Recife: a curva da maré desceu 20cm entre 1945 e

1955; ficou estável de 1955 a 1970; subiu 25cm entre

1972 e 1977; ficou novamente estável entre 1978 e

1984.

• Ilha Fiscal (RJ): aumento de cerca de 3cm entre 1965 e

1980.

Page 28: Eustasia global e a realidade do litoral brasileiro

Um fator que dificulta saber se o nível dos mares está subindo é a própria dinâmica dos oceanos, além do fato de nem todos possuírem o mesmo nível, devido ao Balanço Geostrófico (balanço entre as forças do gradiente horizontal de pressão e a força de Coriolis).

Page 29: Eustasia global e a realidade do litoral brasileiro

Outro fator que dificulta saber se o nível do mar está

subindo globalmente é a taxa de mistura das águas dos

oceanos.

Correntes de superfície (mais rápidas) deslocam grandes

volumes de água.

A corrente circumpolar

antártica (de fundo) leva até 8

anos para completar um ciclo

em volta do continente.

Page 30: Eustasia global e a realidade do litoral brasileiro

Considerações finais

Devido à grande extensão do litoral brasileiro, com

dezenas de milhares de praias, cada uma possuindo

comportamento distinto e dinâmico, vários são os fatores

que contribuem para dificultar a análise de transgressão

marinha, entre outros:

• declividade da plataforma continental e áreas adjacentes;

• comportamento das ondas;

• características dos ventos;

• características das correntes marítimas locais;

• influência das descargas de água e sedimentos dos rios

próximos.

Page 31: Eustasia global e a realidade do litoral brasileiro

O fato é que, em todas as regiões do Brasil há praias

que estão sofrendo erosão, praias que estão estáveis e

até mesmo praias que estão crescendo, e algumas

vezes essas distinções ocorrem uma ao lado da outra.

Se o nível do mar estiver mesmo subindo, todas as

praias brasileiras deveriam se tornar erosivas por

causa da transgressão marinha, e não é o que tem

ocorrido. O nível do mar pode até estar subindo no

Hemisfério Norte, mas esses efeitos ainda não são

sentidos por aqui.

FIM

Page 32: Eustasia global e a realidade do litoral brasileiro

CURIOSIDADE - MARÉGRAFO

Marégrafo é o instrumento que registra automaticamente o fluxo e o refluxo das marés em um determinado ponto da costa. Ao registro produzido, sob a forma de gráfico, denomina-se maregrama (fonte: Wikipedia)