Quando veio,Mostrou-me as mãos vazias,As mãos como os meus dias,
Tão leves e banais.
E pediu-meQue lhe levasse o
medo,Eu disse-lhe um
segredo:«Não partas nunca
mais»
E dançou,Rodou no chão
molhado,Num beijo apertadoDe barco contra o
cais.
E uma asa voa A cada beijo teu,
Esta noiteSou dono do céu,
E eu não sei quem te perdeu.
Abraçou-meComo se abraça o
tempo,A vida num momento
Em gestos nunca iguais.
E parou,Cantou contra o meu peito,
Num beijo imperfeitoRoubado nos umbrais.
E partiu,Sem me dizer o nome,Levando-me o perfumeDe tantas noites mais...