Ética, direito e política (teoria da justiça de rawls)
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10º Ano
Filosofia
Ética, Direito e Política
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A articulação entre ética e Direito (Slide 3-11)o Ética (Slide 3)o Direito (Slide 4)
o Ética vs. Direito (Slide 5-8)o A desobediência civil (Slide 9-11)
A Teoria da Justiça de Rawls (Slide 12-23)o A falta de imparcialidade (Slide 13)
o Posição original (Slide 14-15)o Princípios da justiça (Slide 16-20)
o Princípio da maximização do mínimo ou Regra maximin (Slide 21)o Conclusão (Slide 22)
o Crítica de Nozick (Slide 23)
Síntese (Slide 24)
Índice
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A ética é o ramo da Filosofia que analisa as questões que decorrem das nossas ações
terem consequências nas outras pessoas ou noutros seres vivos, que também sentem.
Assim sendo, a ética tenta responder à questão: “Como devo agir?”
A articulação entre ética e Direito
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Direito é um conceito com dois significados distintos.
Pode exprimir algo que um sujeito pode fazer ou ter: “A tem direito a X” ou “Y faz parte dos
direitos que todos deveriam respeitar”.
Mas também pode representar a instituição ou o conjunto de normas públicas que definem,
para uma comunidade, quais são os direitos e os deveres individuais.
A articulação entre ética e Direito
Para evitar ambiguidades, usa-se a letra maiúscula (Direito) para o último caso.
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Assim, pode-se dizer que a ética diz respeito à esfera privada – o que eu penso que é
moralmente correto eu fazer, as normas que imponho a mim mesmo -, ao passo que o
Direito diz respeito à esfera pública – o que a comunidade pensa que todos os membros
devem, podem ou não fazer.
A articulação entre ética e Direito
Esferaprivada
Esfera pública
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A verdadeira diferença está, como já vimos, em que a ética é uma reflexão filosófica,
enquanto o Direito são as próprias leis estabelecidas pela sociedade.
Porém, tanto a ética como o Direito dizem respeito à nossa vida em sociedade.
A articulação entre ética e Direito
EsferaPrivada(reflexão filosófica
)
Esfera pública(normas
)
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A articulação entre ética e Direito
Diferenças entre normas ético-morais e normas jurídicas
Normas ético-morais(ética)
Normas jurídicas(Direito)
• Não estão necessariamente escritas
• A sua aceitação depende da consciência moral na interioridade da pessoa
•A sua infração suscita uma penalização interior pela própria consciência (o remorso)
• Apresentam-se escritas sob a forma de códigos e de leis• A sua aceitação é obrigada por uma imposição externa (coação - forçar) e não depende da sua aceitação pela consciência moral na interioridade da pessoa• A sua infração suscita uma penalização externa (multa, perda de bens, prisão, etc)
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No entanto, como sabemos, o Direito não envolve todas as ações possíveis que os
elementos duma comunidade podem realizar.Isto é, pode haver ações que são autorizadas, ou pelo menos não são proibidas pelo Direito,
mas que se pensam serem eticamente reprováveis.
A articulação entre ética e Direito
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Por outro lado, as pessoas têm diferentes interesses e diferentes conceções éticas e
políticas. Isto significa que haverá sempre leis desagradam a alguns, por serem contrárias aos
seus interesses em matérias em que pensam que a lei não deveriam interferir, mas também leis
que vão contra os princípios e conceções éticas de algumas pessoas.
A articulação entre ética e Direito
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As pessoas que julgam que a lei imposta pelo Direito vai contra os seus princípios éticos podem opor-se ativamente
às leis em questão, procurando mudá-las.
Esta prática é conhecida como desobediência civil, que consiste no não cumprimento público e pacífico de uma lei
que se acredita ser injusta de um ponto de vista ético (geral, e não pessoal!), com o objetivo de levar os
legisladores e a sociedade a repensarem essa lei e, eventualmente, revogá-la e mudá-la.
A articulação entre ética e Direito
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Porém, o ato de desobediência civil pode levantar problemas, pois pode fazer parecer que uma sociedade democrática é, na
realidade, antidemocrática, pois:
Se for bem sucedida, a estratégia implica que uma minoria descontente conseguiu que a maioria se vergasse à sua vontade (a alteração da lei)
Pode significar uma derrapagem para o desrespeito generalizado pelo Direito, uma vez que, se for frequentemente empregue com sucesso, transparece a ideia de que a lei é apenas algo que podemos alterar sempre que não nos parecer correta
A articulação entre ética e Direito
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Como é possível uma sociedade justa?
A Teoria da Justiça de Rawls
John Rawls defende que a principal caraterística das instituições que
organizam e regem uma sociedade deve ser a justiça. Se as leis e as
instituições sociais foram eficientes, mas injustas, devem ser
reformuladas.
Por isso, o objetivo da sua investigação é o de alcançar princípios de justiça através dos quais se possam organizar
as instituições sociais de forma justa
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Mas, como chegar aos princípios de justiça?
A Teoria da Justiça de Rawls
Rawls, ao tentar descobrir quais os princípios da justiça social, depara-
se com um obstáculo: a falta de imparcialidade.
Segundo o filósofo, cada pessoa tende a escolher ou considerar mais justos os princípios que maximizem as suas próprias
vantagens e minimizem as suas desvantagens.
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A Teoria da Justiça de RawlsPara superar esta dificuldade, Rawls elabora uma experiência
mental (não existe historicamente), designada posição original.
A posição original consiste em colocar os sujeitos em causa sob um “véu da
ignorância”, ou seja, uma situação em que desconhecem a sua condição
específica(desconhecendo completamente tudo o que lhes diz
respeito).
Deste modo, os sujeitos que se encontram sob este véu serão capazes
de alcançar a máxima equidade na definição dos princípios da justiça que
Rawls procura.
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A Teoria da Justiça de Rawls
Condições da posição original(condições necessárias para que os sujeitos sejam totalmente
imparciais)• Todos possuem conhecimentos mínimos sobre o funcionamento da sociedade;
• Os sujeitos são racionais e possuem uma “conceção fraca de bem” – de modo a não contar com a solidariedade;
• Todos gozam dos mesmos direitos no processo para a escolha dos princípios;
• O proposto tem que ser reconhecido por todos e não pode ser revogado, mesmo que alguma das partes descubra que não é beneficiada.
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A Teoria da Justiça de Rawls
Princípios da justiça
Nesta situação hipotética (posição original), Rawls acredita que quaisquer agentes racionais, decidindo entrar em acordo na posição
original, concordariam nos seguintes princípios:
Princípio da liberdade
igual
Princípio da oportunidad
e justa
Princípio da diferença
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A Teoria da Justiça de RawlsPrincípios da justiçaPrincípio da liberdade igual
A sociedade deve assegurar a máxima liberdade para cada pessoa. Porém, o único limite desta liberdade é que tem que ser compatível
com uma liberdade igual para todos os outros.
Ou seja, todos os cidadãos devem ter direito ao mais amplo sistema de liberdades básicas (estas são, por exemplo, o direito de votar, ocupar
uma posição pública, mas também a liberdade de consciência e de pensamento, o direito à propriedade privada, à proteção contra prisão
arbitrária, etc) e este sistema deve ser semelhante para todos.
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A Teoria da Justiça de RawlsPrincípios da justiça
Princípio da oportunidade justa
Segundo este princípio, é permissível, numa sociedade justa, que haja alguma desigualdade em termos de riqueza. Isso é inevitável, pois, mesmo partindo de uma base igual, diferentes pessoas têm diferentes prioridades, preferências, qualidades e níveis de empenho em tarefas
lucrativas, e isso ditará que uns enriquecerão, e outros não.
Tal situação não é, para Rawls, injusta, pois o fator de desigualdade está dentro da esfera de controlo do indivíduo. O que é necessário
é garantir que todos partem efetivamente de uma base igual. Isso consegue-se com políticas sociais – por exemplo, bolsas de estudo, no
caso da educação – que permitam compensar aqueles que, por motivos exteriores a si, têm menos recursos ou são socialmente discriminados
de forma negativa.
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A Teoria da Justiça de RawlsPrincípios da justiça
Princípio da diferença
Este princípio diz respeito à distribuição justa da riqueza e tem como pressuposto que essa distribuição deve ser equitativa.
A única razão para aceitar que alguns tenham mais é que isso possa funcionar como compensação para os mais pobres.
No princípio anterior, notámos que as diferenças em riqueza são admissíveis se são consequências de fatores como o mérito, o empenho,
a ambição e as escolhas pessoais. No entanto, há outros fatores que, geralmente, consideramos que geram legitimamente desigualdades económicas, mas que não são controlados pelo indivíduo, como os
talentos pessoais e as capacidades naturais (ex: grande talento criativo, força, beleza física). Segundo Rawls, estas benesses da sorte saem aos
humanos como prémios da lotaria, que igualmente distribui caraterísticas desvantajosas e, pela mesma razão, ninguém merece ser
beneficiado pelas primeiras nem prejudicado pelas segundas.
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A Teoria da Justiça de RawlsPrincípios da justiça
Princípio da diferença
Ainda que não seja possível anular essas diferenças entre as pessoas, devemos reduzi-las ao máximo, recorrendo para isso à redistribuição da riqueza, segundo duas ideias contidas no princípio: a ideia de que todos
devem ter o mesmo – salvo as diferenças legítimas – e a de que os menos favorecidos, física ou inteletuamente, devem ver compensadas
essas suas condições desfavoráveis.
É claro que isto implica coagir (forçar) os mais abastados a pagarem mais impostos para proveito dos menos afortunados. Mas isso é
admissível numa teoria como a de Rawls, que reconhece que o direito à propriedade existe, mas não é absoluto.
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A Teoria da Justiça de RawlsPrincípio da maximização do mínimo ou regra
maximinPerante tais princípios, vemos que a teoria de Rawls encara o nível de
vida dos elementos mais pobres como o verdadeiro sinal da justiça e de equidade (igualdade) de uma sociedade.
Assim sendo, Rawls estabeleceu a regra maximin, onde afirma que convém maximizar ao máximo o mínimo para todos. Ou seja, convém
elevar ao máximo(compatível com a liberdade dos restanentes elementos e com os seus direitos) as condições mínimas para todos os
cidadãos.
Assim, é mais justa, segundo Rawls, uma sociedade em que todos têm o mínimo para viver, do que uma sociedade na qual há elementos cujo
nível de vida é muito superior ao mínimo e outros com um nível de vida muito inferior.
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A Teoria da Justiça de RawlsAssim, conclui-se que Rawls....
• ... apresenta uma posição contratualista (contrato)
Rawls considera que pessoas racionais são capazes de chegar a um acordo que registe os princípios da justiça que devem reger as
estruturas básicas de uma sociedade
• ... defende uma justiça com equidadeO acordo sobre os princípios da justiça é alcançado numa situação
inicial que é equitativa, ou seja, a escolha depende de uma situação de imparcialidade
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A Teoria da Justiça de RawlsObjeção à Teoria da Justiça de Rawls
A crítica de NozickIrrelevância do mérito
A crítica de Nozick assenta na conceção de que os indivíduos possuem direitos básicos, um dos quais o direito de possuir propriedade, e que
esses direitos limitam a ação do Estado.Assim, o Estado não pode, segundo Nozick,
aplicar o princípio da diferença de Rawls, pois isso seria interferir na posse da propriedade (a menos que esta tenha sido obtida por processos
ilegais, tais como o roubo ou fraude!). Desde de que a posse da propriedade tenha resultado de meios legalmente estabelecidos
(trabalho, doações ou heranças), o Estado não pode retirar uma parte dos bens dos mais ricos e
distribuí-los pelos mais necessitados. Tal implicaria uma interferência injusta do Estado
sobre o direito de propriedade.
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Síntese
Ética reflexão filosófica: “Como é que eu devo agir?”Direito normas: “Como é que a sociedade deve agir?”
o sujeito pode fazer ou ter algo
Há ações legais
que são eticamen
te reprováv
eis
Quando as
conceções éticas
mão estão de acordo
com a leiDesobediência civilSociedade parece antidemocrata
Como é possível uma sociedade justa?
Princípios da justiça
Princípio da liberdade igual
Princípio da oportunidadeJusta Princípio da diferença
Obtidos através da posição original (com o véu da ignorância)Originam a regra maximin
Crítica de Nozick