etapas de uma avaliação ambiental em Área contaminadas

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  • Universidade Federal do Rio de JaneiroEscola Politcnica & Escola de Qumica

    Programa de Engenharia Ambiental

    MARIANNE RACHEL ABREU TEIXEIRA

    Etapas de uma avaliao ambiental em rea

    potencialmente contaminada Investigao Preliminar, Confirmatria e

    Detalhada

    Rio de Janeiro 2013

  • MARIANNE RACHEL ABREU TEIXEIRA

    Etapas de uma avaliao ambiental em rea

    potencialmente contaminada Investigao Preliminar,

    Confirmatria e Detalhada

    Dissertao de Mestrado apresentada ao Programa de Engenharia Ambiental, Escola Politcnica & Escola de Qumica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessrios obteno do ttulo de Mestre em Engenharia Ambiental.

    Orientadora: Juacyara Carbonelli Campos, D.Sc.Co-orientadora: Fabiana Valria da Fonseca Araujo, D.Sc.

    Rio de Janeiro2013

    ii

  • FICHA CATALOGRFICA

    iii

    Teixeira, Marianne Rachel Abreu. Etapas de uma avaliao ambiental em rea potencialmente contaminada Investigao Preliminar, Confirmatria e Detalhada / Marianne Rachel Abreu Teixeira. 2013. xii, 128f. : 38il.

    Dissertao (mestrado) Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politcnica e Escola de Qumica, Programa de Engenharia Ambiental, Rio de Janeiro, 2013.

    Orientadores: Juacyara Carbonelli Campos e Fabiana Valria da Fonseca Araujo

    1. Investigao ambiental. 2. rea contaminada. 3. Posto de combustvel. 4. Anlise de risco. I. Campos, Juacyara Carbonelli. Araujo, Fabiana Valria da Fonseca. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politcnica e Escola de Qumica. III. Ttulo.

  • Etapas de uma avaliao ambiental em rea potencialmente contaminada

    Investigao Preliminar, Confirmatria e Detalhada

    MARIANNE RACHEL ABREU TEIXEIRA

    Orientadora: Juacyara Carbonelli Campos, D.Sc.Co-orientadora: Fabiana Valria da Fonseca Araujo, D.Sc.

    Dissertao de Mestrado apresentada ao Programa de Engenharia Ambiental, Escola Politcnica & Escola de Qumica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessrios obteno do ttulo de Mestre em Engenharia Ambiental.

    Aprovada pela Banca:

    _______________________________________________Presidente, Juacyara Carbonelli Campos, D.Sc., UFRJ

    _______________________________________________Fabiana Valria da Fonseca Araujo, D.Sc., UFRJ

    _______________________________________________Elisabeth Ritter, D.Sc., UERJ

    _______________________________________________Ladimir Jos de Carvalho, D.Sc., UFRJ

    _______________________________________________Maria Cristina Moreira Alves, D.Sc., UFRJ

    Rio de Janeiro2013

    iv

  • No sabendo que era impossvel, ele foi l e fez.

    Jean Cocteau

    v

  • AGRADECIMENTOS

    A Deus, Nossa Senhora Aparecida e So Jorge, pela fora que me concedem a cada dia de minha vida;

    A minha me Andrea, minha madrinha Karla, minha av Tecla, meu pai Henrique, por me encorajarem nos momentos mais difceis dessa jornada, com palavras de apoio e motivao. Sem dvida, meus guias;

    A toda a minha famlia, por acreditar tanto em mim;

    Ao meu namorado Pablo, por toda pacincia, ajuda, dedicao e amor sempre presentes durante a execuo deste trabalho. Minha fortaleza;

    s orientadoras Juacyara Carbonelli Campos e Fabiana Valria da Fonseca Araujo, que aceitaram o desafio de orientar a elaborao dessa dissertao, esclarecendo, criticando e elogiando mesmo atravs de emails de madrugada, quando preciso;

    Aos amigos que vivenciaram cada detalhe desse perodo e que me acompanharam na luta por esta grande vitria;

    HAZTEC Tecnologia e Planejamento Ambiental S.A., em especial ao Felipe Rocha, por todo o apoio sempre oferecido;

    IPIRANGA Produtos de Petrleo S.A. que permitiu minha ausncia para a elaborao da dissertao.

    vi

  • RESUMO

    TEIXEIRA, Marianne Rachel Abreu. Etapas de uma avaliao ambiental em rea potencialmente contaminada Investigao Preliminar, Confirmatria e Detalhada. Rio de Janeiro, 2013. Dissertao (Mestrado) Programa de Engenharia Ambiental, Escola Politcnica e Escola de Qumica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013.

    Nos ltimos dez anos, com a evoluo dos procedimentos ambientais, o

    nmero de reas contaminadas em territrio nacional teve um aumento

    considervel, principalmente em terrenos cuja atividade desenvolvida de

    postos de abastecimento de combustveis. Um diagnstico ambiental focado na

    investigao do solo e do lenol fretico consiste na completa descrio do

    site, de modo a caracterizar a situao ambiental da rea estudada. Essa

    investigao tem por objetivo avaliar se atividades potencialmente poluidoras

    podem ter gerado algum dano ao meio ambiente, como possveis vazamentos,

    descartes inadequados ou m operao. Para um completo estudo de

    avaliao ambiental, sugerido pelos rgos ambientais competentes o

    seguimento da norma brasileira ABNT NBR 15.515, que define etapas de uma

    investigao (preliminar, confirmatria e detalhada) visando o fornecimento de

    orientaes tcnicas. Neste trabalho, foram realizadas etapas de investigao

    ambiental em uma antiga rea de abastecimento de combustveis, com

    avaliao preliminar para elaborao de modelo conceitual, execuo de

    sondagens, instalao de poos de monitoramento, ensaios hidrogeotcnicos e

    anlises qumicas de amostras coletadas do solo e das guas subterrneas.

    Foi realizada ainda, uma anlise de risco sade humana para quantificar o

    risco da contaminao presumida aos receptores locais. Com base nos

    resultados obtidos ao longo das investigaes realizadas, verificou-se que,

    embora fossem encontradas concentraes de compostos derivados de

    petrleo superiores a valores de referncia, o cenrio constatado no conferia

    risco. Desta forma, no foram recomendadas aes de interveno na rea,

    porm campanhas de monitoramento trimestrais foram sugeridas para

    acompanhamento das concentraes destes compostos durante um ciclo

    hidrogeolgico.

    vii

  • Palavras-chave: investigao ambiental, rea contaminada, posto de combustvel, anlise de risco.

    viii

  • ABSTRACT

    TEIXEIRA, Marianne Rachel Abreu. Etapas de uma avaliao ambiental em rea potencialmente contaminada Investigao Preliminar, Confirmatria e Detalhada. Rio de Janeiro, 2013. Dissertao (Mestrado) Programa de Engenharia Ambiental, Escola Politcnica e Escola de Qumica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013.

    Over the last ten years, with the development of environmental

    procedures, the number of contaminated areas in the national territory

    increased considerably, mainly in areas where fuel filling stations are installed.

    An environmental diagnosis focused on soil and groundwater investigation is

    the completed description of the site, in order to characterize the environmental

    situation of analyzed area. Such research aims to evaluate if potentially

    polluting activities could have generated some environmental damage, through

    of possible leaks, inadequate disposal or inappropriate operation. Competent

    environmental bodies suggest the technical standard ABNT NBR 15.515 to

    achieve a complete study of environmental assessment. This standard defines

    the stages of an environmental research (Preliminary, Confirmatory and

    Detailed) providing technical guidance. In the present work, stages of

    environmental research were carried out in a former area of fuel supply to suit a

    notification of environmental agency. This research was composed for a

    preliminary assessment for elaboration of the conceptual model, execution of

    boreholes, installation of monitoring wells, hydrogeological tests and chemical

    analyses of the soil samples and groundwater. Risk analysis was also carried

    out to check if the suspected contamination endangers human health. By

    analyzing the results obtained of investigations, it was noted that although there

    was concentrations of compounds derived from petroleum exceeding the

    reference values, the scene observed not confer risk. Therefore, actions of

    intervention were not recommended in the area, however quarterly monitoring

    campaigns were suggested for monitor the concentrations of these compounds

    during a hydrogeological cycle.

    Keywords: environmental research, contaminated area, fuel station, risk analysis.

    ix

  • SUMRIO

    1.INTRODUO ------------------------------------------------------------------ 1

    OBJETIVO ------------------------------------------------------------------------------------------ 4

    OBJETIVOS ESPECFICOS -------------------------------------------------------------------------- 4

    2.REVISO BIBLIOGRFICA ------------------------------------------------ 6

    SISTEMA DE ARMAZENAMENTO DE COMBUSTVEIS UMA ATIVIDADE POTENCIALMENTE

    POLUIDORA ----------------------------------------------------------------------------------------- 6

    MTODOS DE PREVENO E DETECO DE VAZAMENTOS EM POSTOS DE ABASTECIMENTO - - 11

    PASSIVO AMBIENTAL EM SOLO E GUA SUBTERRNEA ----------------------------------------- 16

    LEGISLAO APLICADA E VALORES DE REFERNCIA -------------------------------------------- 24

    PROCEDIMENTO PARA IDENTIFICAO DE PASSIVOS AMBIENTAIS ------------------------------- 29

    APLICAO DA ABNT NBR 15.515 E SUAS PARTES ----------------------------------------- 31 ABNT NBR 15.515-1: Avaliao Preliminar ---------------------------------------------------------------- 31

    ABNT NBR 15.515-2: Investigao Confirmatria --------------------------------------------------------- 35

    Investigao Detalhada ----------------------------------------------------------------------------------------- 41

    3.APRESENTAO DO ESTUDO DE CASO ------------------------- 49

    4.METODOLOGIA -------------------------------------------------------------- 53

    AVALIAO PRELIMINAR ------------------------------------------------------------------------- 53 Levantamento Histrico ---------------------------------------------------------------------------------------- 53

    Caracterizao das Cercanias --------------------------------------------------------------------------------- 53

    Caracterizao do Empreendimento -------------------------------------------------------------------------- 54

    Caracterizao Geolgica Regional -------------------------------------------------------------------------- 54

    Caracterizao Hidrogeolgica Regional ------------------------------------------------------------------- 57

    Ficha tcnica ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 57

    Modelo Conceitual ---------------------------------------------------------------------------------------------- 59

    INVESTIGAO CONFIRMATRIA ------------------------------------------------------------------ 60 Avaliao da Presena de Compostos Orgnicos Volteis ----------------------------------------------- 60

    Execuo de Sondagens ---------------------------------------------------------------------------------------- 62

    Instalao dos Poos de Monitoramento -------------------------------------------------------------------- 63

    Caracterizao Hidrogeotcnica ------------------------------------------------------------------------------ 63

    Anlises Laboratoriais do Solo e da gua ------------------------------------------------------------------ 64

    INVESTIGAO DETALHADA ----------------------------------------------------------------------- 66 Execuo de Sondagens Adicionais --------------------------------------------------------------------------- 66

    x

  • Instalao dos Poos de Monitoramento -------------------------------------------------------------------- 66

    Caracterizao Hidrogeotcnica ------------------------------------------------------------------------------ 67

    Anlises Laboratoriais do Solo e da gua Subterrnea --------------------------------------------------- 70

    Avaliao de Risco (RBCA Tier 2) ---------------------------------------------------------------------------- 70

    5.RESULTADOS E DISCUSSES ---------------------------------------- 78

    AVALIAO PRELIMINAR -------------------------------------------------------------------------- 78 Modelo Conceitual ---------------------------------------------------------------------------------------------- 78

    INVESTIGAO CONFIRMATRIA ------------------------------------------------------------------ 79 Avaliao da Presena de Compostos Orgnicos Volteis ----------------------------------------------- 79

    Execuo de Sondagens ---------------------------------------------------------------------------------------- 80

    Instalao dos Poos de Monitoramento -------------------------------------------------------------------- 81

    5.1.1.Caracterizao Hidrogeotcnica ----------------------------------------------------------------------- 85

    Resultados Analticos das Amostras de Solo ---------------------------------------------------------------- 86

    Resultados Analticos das Amostras de gua --------------------------------------------------------------- 87

    --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 92

    INVESTIGAO DETALHADA ----------------------------------------------------------------------- 93 Execuo de Sondagens Adicionais --------------------------------------------------------------------------- 93

    Instalao dos Poos de Monitoramento -------------------------------------------------------------------- 93

    5.1.2.Caracterizao Hidrogeotcnica ----------------------------------------------------------------------- 96

    Avaliao de Risco (RBCA Tier 2) ---------------------------------------------------------------------------- 99

    5.1.3.Resultados Analticos das Amostras de Solo -------------------------------------------------------- 106

    Resultados Analticos das Amostras de gua Subterrnea ---------------------------------------------- 106

    6.CONCLUSES ------------------------------------------------------------- 111

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ------------------------------------ 112

    xi

  • Captulo 1: Introduo

    1. INTRODUO

    Um dos casos mais frequentes de contaminao do solo e/ou das guas

    subterrneas em centros urbanos refere-se a tanques de armazenamento de

    combustveis existentes em postos de revenda ou consumo de derivados de

    petrleo. Mesmo em caso de pequenas perdas, vazamento ou derramamento

    destes produtos pode causar grandes plumas de contaminantes, devido

    dificuldade de deteco e controle e falta de adequada fiscalizao.

    Em So Paulo, onde a Companhia de Tecnologia de Saneamento

    Ambiental (CETESB) promove, desde maio de 2002, o registro atualizado de

    reas contaminadas no Estado, aps sua ltima atualizao em dezembro de

    2011, foram verificados 4.131 registros no Cadastro de reas Contaminadas e

    Reabilitadas no Estado. Tomando como base os dados deste rgo ambiental,

    que o nico que possui um controle de reas contaminadas no pas, pode ser

    visualizada a evoluo deste cadastro atravs do Grfico 1.

    Grfico 1: Evoluo do nmero de reas contaminadas cadastradas no Estado de So Paulo. Fonte: CETESB (2011).

    1

  • Captulo 1: Introduo

    Destas 4.131 reas contaminadas, aproximadamente 78% referem-se a

    terrenos onde desenvolvida atividade de Postos de Combustveis, conforme

    explicitado na Tabela 1.

    Tabela 1: Registro de reas contaminadas cadastradas no Estado de So Paulo dividido por atividade. Fonte: CETESB (2011).

    No Brasil, onde atualmente h 39.027 postos de combustveis

    cadastrados pela Agncia Nacional de Petrleo (ANP, 2011), sendo 9.053 em

    So Paulo, as preocupaes relacionadas ao potencial de contaminao do

    solo e de guas subterrneas por derivados de petrleo vm crescendo. Nota-

    se que 35% dos postos cadastrados no Estado supracitado possuem registro

    de contaminao em suas reas. No Estado do Rio de Janeiro, onde h 2.196

    postos de combustveis (ANP, 2011), ainda no h registro de reas

    contaminadas para tal comparativo, assim como este problema no tratado

    de maneira sistematizada pelos dispositivos legais.

    Sabe-se que o armazenamento e a distribuio de combustveis

    automotivos so realizados atravs de tanques, tubulaes e unidades

    abastecedoras e de filtragem, sendo estes equipamentos as principais fontes

    de poluio, tendo em vista seus riscos associados. Alm de possveis

    exploses, vazamentos de combustveis podem acarretar srios impactos

    ambientais devido contaminao gerada, que pode vir a comprometer a

    qualidade de mananciais e de seu uso para abastecimento pblico.

    2

  • Captulo 1: Introduo

    Estes eventos se manifestam, preferencialmente, como contaminaes

    superficiais provocadas por constantes e sucessivos derramamentos junto s

    bombas e bocais de enchimentos dos reservatrios ou por vazamentos em

    tanques e tubulaes subterrneas. Normalmente so percebidos por

    diferenas significativas no controle de estoque ou por afloramento de produto

    em galerias, corpos superficiais ou em poos de captao de gua

    subterrnea.

    Para identificao de reas contaminadas so realizados diagnsticos

    ambientais focados na investigao do solo e do lenol fretico, que consistem

    na completa descrio e anlise dos fatores ambientais e suas interaes, de

    modo a caracterizar a situao ambiental da rea estudada.

    Alinhada a procedimentos estabelecidos pela CETESB (CETESB, 2001),

    com propostas de resoluo CONAMA e com norma tcnica ABNT NBR 15515

    (2007), as etapas de uma investigao ambiental visam o fornecimento de

    orientaes tcnicas e de procedimentos para a identificao e avaliao de

    indcios de contaminao em terrenos, cujas atividades potencialmente

    poluidoras podem ter gerado algum dano ao meio ambiente. Tal procedimento

    divide-se em avaliao preliminar, investigao confirmatria e investigao

    detalhada.

    A avaliao preliminar tem como objetivo principal identificar situaes

    ambientais de uso presente e pretrito associadas com a rea objeto de

    anlise e propriedades vizinhas, que possam representar passivos ambientais

    potenciais para o meio em que se inserem. Esta avaliao mostra-se

    fundamental no estabelecimento do potencial de contaminao de solo e guas

    subterrneas e no modelo conceitual inicial de uma eventual sequncia de

    investigaes.

    Uma vez identificados indcios de contaminao, a rea estudada passa

    a ser denominada de rea potencialmente contaminada e, com isso, a prxima

    etapa a ser realizada a de investigao confirmatria. Nesta fase, h a

    execuo de perfuraes e sondagens, com caracterizao do subsolo e

    3

  • Captulo 1: Introduo

    determinao de sua permeabilidade; determinao da profundidade do nvel

    dgua; confeco de mapa potenciomtrico; e anlise qumica do solo e das

    guas subterrneas.

    Confirmando-se a contaminao no site em estudo, torna-se necessria

    a realizao da etapa de investigao detalhada, que ter como objetivo a

    delimitao das plumas de contaminao observadas e um estudo de Anlise

    de Risco.

    Este trabalho consiste no detalhamento de procedimentos de

    investigao ambiental, conforme a norma ABNT NBR 15.515, e demonstra

    sua aplicao em uma rea de um posto consumidor de combustvel localizado

    na cidade do Rio de Janeiro.

    OBJETIVO

    O objetivo deste trabalho consiste em estudar os procedimentos

    normativos de investigao ambiental preliminar, confirmatria e detalhada em

    reas com potencial de contaminao, explicitando sua aplicao em uma

    antiga rea de armazenamento e abastecimento de combustvel derivado de

    petrleo.

    OBJETIVOS ESPECFICOS

    Os objetivos especficos deste estudo so:

    detalhar a aplicao da norma NBR ABNT 15.515 e suas partes;

    atender notificao do rgo ambiental do Rio de Janeiro, cujo

    contedo consiste na realizao de etapas de investigao

    ambiental em uma rea com potencial de contaminao;

    elaborar uma anlise de risco sade humana para qualificar e

    quantificar o risco da contaminao presumida aos receptores

    locais;

    4

  • Captulo 1: Introduo

    com base nos resultados obtidos, propor aes ambientais futuras

    para a rea.

    Durante o desenvolvimento da pesquisa, a abordagem foi estruturada

    em captulos como descrito a seguir:

    Captulo II: apresentada uma reviso bibliogrfica que abrange

    os seguintes itens:

    o Sistema de Armazenamento de Combustveis Uma atividade potencialmente poluidora;

    o Mtodos de Preveno e Deteco de Vazamentos em Postos de Abastecimento;

    o Passivo Ambiental em Solo e gua Subterrnea;o Legislao Aplicada e Valores de Referncia;o Procedimento para Identificao de Passivos Ambientais;o Aplicao da ABNT NBR 15.515 e suas partes;

    Captulo III: apresentada a metodologia experimental aplicada

    no decorrer da dissertao;

    Captulo IV: os principais resultados so apresentados e

    discutidos;

    Captulo V: so apresentadas as concluses do trabalho, assim

    como sugestes para pesquisas posteriores;

    Por fim, sero relacionadas as referncias bibliogrficas.

    5

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    2. REVISO BIBLIOGRFICA

    SISTEMA DE ARMAZENAMENTO DE COMBUSTVEIS UMA ATIVIDADE POTENCIALMENTE POLUIDORA

    Sistema de armazenamento de combustvel caracteriza-se por tanques

    de armazenamento que acumulam combustveis lquidos, para posterior

    distribuio a partir de tubulaes e unidades abastecedoras e de filtragem,

    conforme exemplificado na Figura 1.

    Figura 1: Sistema de Armazenamento de Combustvel. Fonte: Adaptado de Ipiranga (2011).

    Estes sistemas dividem-se em SASC (Sistema de Armazenamento

    Subterrneo de Combustvel) e SAAC (Sistema de Armazenamento Areo de

    Combustvel), onde a principal diferena consiste na disposio do tanque.

    6

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    Figura 2: SASC tanques e linhas subterrneos conectados a unidades abastecedoras. Fonte: ABIEPS (2012).

    Figura 3: SAAC tanque areo disposto em uma bacia de conteno. Fonte: RS Instalaes (2012).

    Em SASC, os tanques de armazenamento so instalados em cota

    inferior ao do piso, enterrados no solo. Tubulaes subterrneas interligam os

    tanques s bombas de abastecimento, conforme pode ser visualizado na

    Figura 2. Enquanto que no SAAC o tanque instalado acima do piso e disposto

    em uma bacia de conteno para evitar vazamentos para o solo (Figura 3). As

    tubulaes que o ligam s unidades abastecedoras podem ser areas ou

    subterrneas.

    De acordo com a Resoluo N 273 de 29 de novembro de 2000, do

    Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, as principais atividades que

    armazenam e distribuem combustveis lquidos so:

    Posto Revendedor - PR: Instalao onde se exera a atividade de

    revenda varejista de combustveis lquidos derivados de petrleo,

    lcool combustvel e outros combustveis automotivos, dispondo de

    equipamentos e sistemas para armazenamento de combustveis

    automotivos e equipamentos medidores;

    Posto de Abastecimento - PA: Instalao que possua

    equipamentos e sistemas para o armazenamento de combustvel

    automotivo, com registrador de volume apropriado para o

    abastecimento de equipamentos mveis, veculos automotores

    terrestres, aeronaves, embarcaes ou locomotivas; e cujos

    produtos sejam destinados exclusivamente ao uso do detentor das

    7

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    instalaes ou de grupos fechados de pessoas fsicas ou jurdicas,

    previamente identificadas e associadas em forma de empresas,

    cooperativas, condomnios, clubes ou assemelhados;

    Instalao de Sistema Retalhista - ISR: Instalao com sistema de

    tanques para o armazenamento de leo diesel, e/ou leo

    combustvel, e/ou querosene iluminante, destinada ao exerccio da

    atividade de Transportador Revendedor Retalhista;

    Posto Flutuante - PF: Toda embarcao sem propulso

    empregada para o armazenamento, distribuio e comrcio de

    combustveis que opera em local fixo e determinado.

    Dentre os principais combustveis existentes que so armazenados nos

    postos, tm-se a gasolina, o lcool e o diesel.

    A gasolina possui como principal caracterstica o poder antidetonante ou

    octanagem, que a resistncia combusto espontnea, avaliada em relao

    temperatura e a presso. A frao de hidrocarbonetos correspondente

    gasolina composta de numerosos constituintes e a maior parte desses

    classificada como alifticos ou como aromticos. Os compostos alifticos

    incluem constituintes como o butano (C4), o pentano (C5) e o octano (C8). J

    os compostos aromticos incluem compostos como o benzeno, o tolueno, o

    etilbenzeno e os xilenos (BTEX). (CARVALHO et al., 2008)

    O leo diesel possui como caracterstica principal o nmero de cetano.

    Quanto maior for o nmero de cetano menor ser o retardo de ignio e, por

    conseguinte, melhor ser sua capacidade de incendiar-se. O leo diesel

    originado do petrleo constitudo por hidrocarbonetos e baixa quantidade de

    enxofre, nitrognio e oxignio. (CARVALHO et al., 2008)

    O lcool menos inflamvel e menos txico que a gasolina e o diesel.

    Ele pode ser produzido a partir de biomassa (resduos agrcolas e florestais).

    No Brasil, ele gerado principalmente da cana-de-acar. Nos Estados

    8

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    Unidos, o milho o mais usado. O lcool no Brasil usado tambm como

    aditivo gasolina na porcentagem de 20% a 25%, por fora de lei. (NETTO et

    al., 2005)

    De acordo com a Resoluo CONAMA N 273, 2000, toda instalao e

    sistemas de armazenamento de derivados de petrleo e outros combustveis,

    conFiguram-se como empreendimentos potencialmente ou parcialmente

    poluidores ou geradores de acidentes ambientais. Por esse motivo, a

    instalao, modificao, ampliao e operao de postos de abastecimentos

    dependero de prvio licenciamento do rgo ambiental competente.

    Em todo mundo, tem crescido a preocupao ambiental com as

    atividades de revenda e de abastecimento de combustveis lquidos, uma vez

    que tais atividades apresentam um alto potencial poluidor do solo e da gua

    subterrnea, particularmente naquelas regies onde os deslocamentos so

    fortemente estruturados no transporte individual por veculos de passeio, em

    detrimento de outras formas de transporte coletivo e de massa. (OLIVEIRA,

    1992)

    A ocorrncia de vazamentos em sistemas de abastecimento de

    combustveis tem sido objeto de crescente preocupao, em funo dos riscos

    associados a esses eventos, tanto para a segurana e sade da populao,

    como para o meio ambiente. Esses eventos se manifestam, na grande maioria

    dos casos, tanto como contaminaes superficiais provocadas por constantes e

    sucessivos derrames junto s bombas e bocais de enchimentos dos

    reservatrios de armazenamento, como pelos vazamentos em tanques e/ou

    tubulaes subterrneas (MACHADO, 1998).

    Geralmente, so percebidos aps o afloramento do produto em galerias

    de esgoto, redes de drenagem de guas pluviais, no subsolo de edifcios, em

    tneis, escavaes e poos de abastecimento d'gua, razo pela qual as aes

    emergenciais requeridas durante o atendimento a essas situaes requerem a

    participao de diversos rgos pblicos, alm do envolvimento do agente

    poluidor e suas respectivas subcontratadas (CETESB, 2001).

    9

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    A Figura 4 ilustra o comportamento de um vazamento de um tanque de

    combustvel subterrneo.

    Figura 4: Vazamento de um tanque de combustvel. Fonte: Adaptado de MINDRISZ (2006).

    10

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    MTODOS DE PREVENO E DETECO DE VAZAMENTOS EM POSTOS DE ABASTECIMENTO

    Sabe-se que muitas cidades sofreram e sofrem por algum tipo de

    contaminao provindo de atividades de postos de combustveis. Em um

    derramamento de gasolina, uma das principais preocupaes a

    contaminao de aquferos que sejam usados como fonte de abastecimento de

    gua para consumo humano (CRUZ, 2006).

    A principal forma de preveno manter a estrutura do estabelecimento

    conforme as normas estabelecidas para que no ocorra a contaminao do

    solo e do lenol fretico.

    Para se evitar a transmisso de esforo s tubulaes enterradas e

    possveis contaminaes do solo e gua, o material utilizado na construo do

    piso deve ser impermevel e resistente. Atualmente, ainda so encontrados

    pisos no-pavimentados ou mesmo construdos com blocos de concreto,

    asfalto ou paraleleppedos, os quais permitem que, durante as operaes de

    descarregamento ou de abastecimento dos produtos, qualquer vazamento

    superficial de combustvel infiltre-se no solo.

    Os tanques de armazenamento e as tubulaes subterrneas tambm

    devem ser controlados. Muitos deles esto sujeitos ao efeito da corroso,

    processo que influenciado pelo pH, umidade e salinidade do solo. (NETTO et

    al., 2005).

    Para instalaes novas ou em reforma completa, a Resoluo CONAMA

    N 273, 2000, definiu como obrigatrio o uso de tanques para armazenamento

    de combustvel subterrneos de parede dupla, com monitoramento intersticial.

    Esse tanque possui sensores para monitorar o espao anular entre as paredes,

    que indicam a ocorrncia de vazamentos. Na Figura 5 pode ser visto um

    exemplo.

    11

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    Figura 5: Tanques para armazenamento de combustvel subterrneo de parede dupla. Fonte: Adaptado de Brasil Postos (2012).

    Nas bombas de abastecimento e nas unidades de filtragem tambm

    frequente o vazamento de combustvel. Esses vazamentos so pequenos, mas

    por longos perodos de tempo geram grandes contaminaes do subsolo. Uma

    maneira de conter e detectar tais vazamentos a utilizao de cmaras de

    conteno confeccionadas em material impermevel, instaladas sob as

    unidades, impedindo o contato direto do produto vazado com o solo e

    indicando e contendo qualquer vazamento, que podem ser visualizadas na

    Figura 6.

    12

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    Figura 6: Cmaras de conteno de bomba de abastecimento e filtro. Fonte: Adaptado de Brasil Postos (2012).

    Como mtodo de deteco, utiliza-se controle de movimentao do

    estoque do combustvel, conforme NBR/ABNT 13787 (Controle de estoque dos

    sistemas de armazenamento subterrneo de combustveis nos postos de

    servio), que estabelece variaes mximas de 0,6% de volume de perda ou

    aumento no volume dos tanques. Em caso de perdas superiores a 0,6% podem

    ser consideradas situaes de vazamento ou roubo de produto. Enquanto que

    ganhos superiores de 0,6% podem indicar entrada de gua nos tanques.

    Para confirmao de vazamentos em tanques e tubulaes so

    realizados testes de estanqueidade que, segundo a norma NBR/ABNT 13784,

    devem ser capazes de detectar a taxa de vazamento de no mnimo 0,378 L/h ,

    com no mnimo 95% de probabilidade de deteco de vazamento e no mximo

    at 5% de probabilidade de alarme falso.

    De acordo com a Resoluo CONAMA No 273, de 29 de novembro

    2000, os mtodos de deteco de possveis vazamentos podem ser:

    Controle de estoque manual ou automtico;

    Monitoramento intersetorial automtico;

    13

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    Poos de monitoramento de cava ou de gua subterrnea;

    Poo de monitoramento de vapor;

    Vlvula de reteno junto a bombas;

    Proteo contra derramamento;

    Cmara de acesso boca de visita do tanque;

    Conteno de vazamento sob a unidade abastecedora;

    Canaleta de conteno da cobertura;

    Caixa separadora de gua e leo;

    Proteo contra transbordamento;

    Descarga selada;

    Cmara de conteno de descarga;

    Vlvula de proteo contra transbordamento;

    Vlvula de reteno de esfera flutuante;

    Alarme de transbordamento.

    O monitoramento rotineiro de vazamentos, utilizando os mtodos citados

    combinados ou empregados separadamente, permite a verificao se o

    sistema est estanque e operando corretamente.

    Nas Figuras 7 e 8 podem ser vistos alguns destes mtodos em um posto

    de servio como um todo e especificamente no tanque e em uma unidade

    abastecedora, respectivamente.

    Na Figura 7 podem ser visualizados sistemas de deteco e controle de

    vazamento, como: poo de monitoramento, canaletas de drenagem oleosa,

    caixa separadora de gua e leo e cmara de conteno de descarga. J na

    Figura 8 so ilustrados sensores de deteco, juntamente s cmaras de

    conteno de bomba e tanque.

    14

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    Figura 7: Sistemas de controle de vazamento e deteco em um posto de servio. Fonte: Adaptado de EPA (1996).

    Figura 8: Sistemas de deteco de vazamentos. Fonte: Adaptado do Catlogo ZEPPINI (2012).

    15

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    PASSIVO AMBIENTAL EM SOLO E GUA SUBTERRNEA

    Segundo a NBR/ABNT 15515-1, define-se passivo ambiental como

    danos infligidos ao meio natural por uma determinada atividade ou pelo

    conjunto das aes humanas, que podem ou no ser avaliados

    economicamente.

    O passivo ambiental representa o sacrifcio de benefcios econmicos

    que sero realizados para a preservao, recuperao e proteo do meio

    ambiente, de forma a permitir a compatibilidade entre o desenvolvimento

    econmico e o meio ecolgico ou em decorrncia de conduta inadequada em

    relao s questes ambientais (RIBEIRO, 2000).

    Em caso de acidentes ou vazamentos que representem situaes de

    perigo ao meio ambiente ou a pessoas, bem como na ocorrncia de passivos

    ambientais, os proprietrios, arrendatrios ou responsveis pelo

    estabelecimento, pelos equipamentos, pelos sistemas e os fornecedores de

    combustvel que abastecem ou abasteceram a unidade, respondero

    solidariamente, pela adoo de medidas para controle da situao

    emergencial, e para o saneamento das reas impactadas, de acordo com as

    exigncias formuladas pelo rgo ambiental licenciador (CONAMA, 2000).

    A contaminao de solos e guas subterrneas por compostos

    orgnicos volteis tem sido destaque nas ltimas dcadas, principalmente em

    funo da frequncia com que episdios de contaminao so verificados e da

    gravidade com que o meio ambiente afetado. Embora os grandes

    vazamentos acidentais de petrleo sejam preocupantes e ocupem grande

    espao na mdia, Tiburtius et al (2004) citam que a principal fonte de

    contaminao por hidrocarbonetos de petrleo seja devido aos pequenos e

    contnuos vazamentos de combustvel em postos de distribuio e consumo

    favorecidos pelo envelhecimento dos tanques de estocagem.

    16

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    O solo definido como material mineral no consolidado (solto) que se

    estende desde a superfcie at o embasamento de rocha. O solo consiste em

    ar ou vapor, gua e uma variedade de slidos do solo, e dividido em duas

    zonas da sub-superfcie: as zonas no-saturadas e a zona saturada

    (FERNANDES, 1997).

    A zona no-saturada se estende desde a superfcie do cho at o topo

    da franja capilar e contm vapor do solo e uma quantidade menor de gua do

    solo. A zona saturada se estende desde o topo da franja capilar at o fundo do

    lenol fretico. Nela, os espaos vazios entre os slidos do solo esto

    totalmente preenchidos por lquidos, e a gua que se encontra nesta zona

    chamada de gua subterrnea. A franja capilar a poro superior da zona

    saturada onde a gua subterrnea se encontra, acima da superfcie do lenol

    fretico, devido s foras capilares (FERNANDES, 1997). Na Figura 9 pode ser

    visualizada a descrio acima.

    Figura 9: Caracterizao esquemtica das zonas no saturada, saturada, franja capilar no subsolo. Fonte: Adaptado de Borguetti et al. (2004).

    17

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    Na Figura 10 pode ser visualizado um exemplo de contaminao a partir

    do vazamento de um tanque. Na zona no-saturada, observado que parte do

    produto adsorve ao solo, enquanto que outra infiltra at atingir a zona capilar.

    Neste momento, o combustvel entra em contato com a gua e determinada

    quantidade se dissolve na mesma. Entretanto, o combustvel, por ser mais leve

    que a gua subterrnea e se encontrar em grande volume, forma uma fase

    livre sobrenadante ao lenol fretico, que chamada de fase NAPL (Non

    Aqueous Phase Liquids).

    A Figura 10 A mostra a pluma de hidrocarbonetos antes de atingir a

    franja capilar. Se a fonte de produto fosse cessada neste momento,

    provavelmente no haveria fase livre. Na Figura 10 B, o vazamento continuou e

    o volume vazado suficiente para iniciar o acmulo de fase livre e o

    deslocamento da franja capilar. O produto livre est comeando a deslocar a

    franja capilar e alguns dos seus compostos solveis esto se dissolvendo na

    gua subterrnea. Na Figura 10 C a fonte de contaminantes cessou. Os

    resduos de hidrocarbonetos permaneceram no solo abaixo do tanque. A pluma

    de fase livre se espalhou lateralmente e uma pluma de contaminante dissolvido

    est migrando no sentido do fluxo subterrneo (EPA, 1996).

    18

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    Figura 10: Evoluo de um vazamento de combustvel a partir de um tanque subterrneo. Fonte: Adaptado de EPA (1996).

    A distribuio dos compostos de hidrocarbonetos de petrleo, aps um

    vazamento de um tanque de combustvel, est representada na figura 11. Nela

    pode-se notar ainda toda a interao entre esses contaminantes e o solo, e dos

    mesmos com as guas subterrneas.

    19

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    Figura 11: Distribuio vertical das fases dos hidrocarbonetos.

    Fonte: Adaptado de EPA (1996).

    O combustvel quando derramado em subsuperfcie tende a migrar

    verticalmente, sob influncia das foras gravitacionais e capilares, infiltrando-se

    na zona no saturada at atingir a zona saturada. Os compostos dos

    hidrocarbonetos de petrleo podem se particionar em cinco fases em

    subsuperfcie (EPA, 1996). So elas:

    - Vapor (nos interstcios do solo);

    - Residual (retido por ao da capilaridade);

    - Adsorvido (na superfcie das partculas slidas, incluindo matria orgnica);

    - Dissolvido (dissolvido na gua subterrnea);

    - Fase livre (hidrocarboneto lquido, mvel), como ilustrado no exemplo da

    Figura 12.

    20

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    Figura 12: Exemplo de fase livre monitorada com um amostrador do tipo bailer. Fonte: Acervo pessoal.

    A massa de hidrocarbonetos das fases residual e livre se volatiliza e

    solubiliza parcialmente para se tornar componentes do vapor do solo e da gua

    subterrnea, respectivamente. A volatilizao e solubilizao das fraes mais

    leves tendem a tornar a massa remanescente de hidrocarbonetos mais densa e

    menos mvel.

    Quanto aos hidrocarbonetos da fase vapor, estes podem migrar

    relativamente a grandes distncias ao longo de caminhos de fluxo preferenciais

    como fraturas, juntas, camadas de areia e linhas de utilidades subterrneas.

    Preferencialmente, os componentes mais solveis da massa de

    hidrocarbonetos iro se dissolver na gua subterrnea acima (na zona no

    saturada) e abaixo do nvel d'gua (zona saturada).

    21

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    A proporo em que a massa inicial de contaminante se distribui nestas

    diversas fases, pode ser estimada a partir do mapeamento da pluma de fase

    livre e dissolvida e da concentrao do contaminante no solo e no vapor do

    solo. Deve-se atentar para o fato de que a reteno capilar consegue manter

    na forma imvel quantidades significativas de produto puro, que age como

    fonte permanente de contaminao do aqufero e como fonte de vapores para

    a superfcie.

    Enquanto a fonte de vazamento continuar fornecendo produto, o solo vai

    se tornando mais saturado de hidrocarbonetos e o centro de massa da pluma

    migra descendentemente, deixando uma fase residual de hidrocarbonetos

    imveis no solo. Se o volume de hidrocarbonetos que vaza pequeno em

    relao capacidade de reteno do solo, os hidrocarbonetos tendero a ficar

    retidos por capilaridade no solo e a massa total de contaminante ficar

    imobilizada. Para haver acmulo de fase livre sobre o nvel d'gua, o volume

    que vazou deve ser suficiente para exceder a capacidade de reteno do solo

    entre o ponto de vazamento e o nvel d'gua (EPA, 1996 apud MINDRISZ,

    2006).

    Com relao aos compostos dissolvidos na gua subterrnea,

    destacam-se os hidrocarbonetos aromticos dentre os principais componentes

    dos combustveis fsseis, pois possuem grande estabilidade em suas ligaes

    qumicas alm de potencial cancergeno. A contaminao por gasolina est

    associada presena de hidrocarbonetos aromticos mais leves como

    benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos (BTEX), enquanto que a contaminao

    por diesel est associado a hidrocarbonetos poliaromticos (HPA ou PAH)

    (CARVALHO et al., 2008).

    Para investigao de contaminao em uma rea com potencial de

    contaminao por hidrocarbonetos, so realizadas coletas e anlises para

    avaliao de, no mnimo, compostos aromticos e poliaromticos, como BTEX

    e PAH.

    22

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    A anlise de BTEX quantifica os compostos Benzeno, Tolueno,

    Etilbenzeno e Xileno existente na matriz analisada, cujas estruturas

    moleculares esto representadas na Figura 13. Recomenda-se que as anlises

    sejam feitas de acordo com a metodologia da Agncia de Proteo Ambiental

    dos Estados Unidos EPA 8260 (C):2006 e EPA 5021 (A):2003.

    Figura 13: Hidrocarbonetos detectados pela anlise de BTEX.

    A anlise de PAH quantifica os Hidrocarbonetos Aromticos Policclicos,

    incluindo entre eles o naftaleno e o fenantreno (Figura 14). A metodologia de

    anlise recomendada deve seguir EPA 8270 (D):2007 e EPA 3550 (C):2007.

    Figura 14: Exemplos de Hidrocarbonetos Aromticos Policclicos detectados pela anlise de PAH.

    23

    Naftaleno Fenantreno

    EtilbenzenoToluenoBenzeno

    o-Xileno m-Xileno

    p-Xileno

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    LEGISLAO APLICADA E VALORES DE REFERNCIA

    Atualmente a Resoluo CONAMA No 420, de 28 de dezembro de 2009,

    que dispe sobre critrios e valores orientadores de qualidade do solo quanto

    presena de substncias qumicas e estabelece diretrizes para o

    gerenciamento ambiental de reas contaminadas por essas substncias em

    decorrncia de atividades antrpicas, a referncia de legislao a nvel

    federal do processo de gerenciamento de reas contaminadas.

    Esta Resoluo estabelece que, para o gerenciamento de reas

    contaminadas, o rgo ambiental competente dever instituir procedimentos e

    aes de investigao e de gesto, que contemplem as seguintes etapas:

    I - Identificao: etapa em que sero identificadas reas suspeitas de

    contaminao com base em avaliao preliminar. E, para aquelas em que

    houver indcios de contaminao, deve ser realizada uma investigao

    confirmatria, segundo as normas tcnicas ou procedimentos vigentes;

    II - Diagnstico: etapa que inclui a investigao detalhada e avaliao de

    risco, segundo as normas tcnicas ou procedimentos vigentes, com objetivo de

    subsidiar a etapa de interveno, e, sendo realizada, aps a investigao

    confirmatria que tenha identificado substncias qumicas em concentraes

    acima do valor de investigao;

    III - Interveno: etapa de execuo de aes de controle para a

    eliminao do perigo ou reduo, a nveis tolerveis, dos riscos identificados na

    etapa de diagnstico, bem como o monitoramento da eficcia das aes

    executadas, considerando o uso atual e futuro da rea, segundo as normas

    tcnicas ou procedimentos vigentes.

    Como definio, ser considerada rea Suspeita de Contaminao (AS),

    pelo rgo ambiental competente, aquela em que, aps a realizao de uma

    24

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    avaliao preliminar, forem observados indcios da presena de contaminao

    ou identificadas condies que possam representar perigo.

    rea Contaminada sob Investigao (AI) aquela em que

    comprovadamente for constatada, mediante investigao confirmatria, a

    contaminao com concentraes de substncias no solo ou nas guas

    subterrneas acima dos valores de investigao.

    Ser declarada rea Contaminada sob Interveno (ACI), pelo rgo

    ambiental competente, aquela em que for constatada a presena de

    substncias qumicas em fase livre ou for comprovada, aps investigao

    detalhada e avaliao de risco, a existncia de risco sade humana.

    rea em Processo de Monitoramento para Reabilitao (AMR) aquela

    em que o risco for considerado tolervel, aps a execuo de avaliao de

    risco.

    Para considerar uma rea contaminada, aps anlises qumicas das

    concentraes dos compostos de interesse, torna-se necessria a comparao

    dos resultados analticos com valores orientadores. Tais valores so

    concentraes de substncias qumicas que fornecem orientao sobre a

    qualidade e as alteraes do solo e da gua subterrnea. Eles se dividem,

    conforme a Resoluo CONAMA No 420, 2009, como:

    Valor de Referncia de Qualidade (VRQ): a concentrao de

    determinada substncia que define a qualidade natural do solo,

    sendo determinado com base em interpretao estatstica de

    anlises fsico-qumicas de amostras de diversos tipos de solos;

    Valor de Preveno (VP): a concentrao de valor limite de

    determinada substncia no solo, tal que ele seja capaz de sustentar

    as suas funes principais;

    Valor de Investigao (VI): a concentrao de determinada

    substncia no solo ou na gua subterrnea acima da qual existem

    25

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    riscos potenciais, diretos ou indiretos, sade humana,

    considerando um cenrio de exposio padronizado.

    Foi estipulado na Resoluo CONAMA No 420, 2009, um prazo de

    quatro anos, a contar da publicao desta resoluo, que os Valores de

    Referncia de Qualidade (VRQ) do solo para substncias qumicas

    naturalmente presentes devero ser estabelecidos pelos rgos ambientais

    competentes dos Estados e do Distrito Federal. Quanto aos demais valores,

    devero ser adotadas as concentraes estabelecidas na resoluo.

    Ainda na Resoluo CONAMA No 420, 2009, foram estabelecidas as

    seguintes classes de qualidade dos solos, segundo a concentrao de

    substncias qumicas:

    I - Classe 1 - Solos que apresentam concentraes de substncias

    qumicas menores ou iguais ao VRQ;

    II - Classe 2 - Solos que apresentam concentraes de pelo menos uma

    substncia qumica maior do que o VRQ e menor ou igual ao VP;

    III - Classe 3 - Solos que apresentam concentraes de pelo menos uma

    substncia qumica maior que o VP e menor ou igual ao VI; e

    IV - Classe 4 - Solos que apresentam concentraes de pelo menos uma

    substncia qumica maior que o VI.

    Ressalta-se que esta resoluo estabelece ainda valores de

    investigao para as guas subterrneas, porm no a classifica.

    Na Figura 15, extrada do Anexo III da Resoluo no 420/2009, pode ser

    observado o fluxo das etapas de um processo de gerenciamento de rea

    contaminadas, conforme detalhamento supracitado.

    26

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    Figura 15: Fluxograma das etapas de gerenciamento de reas contaminadas. Fonte: CONAMA (2009).

    27

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    O Estado do Rio de Janeiro, que tem como rgo ambiental competente

    o Instituto Estadual do Ambiente (INEA), ainda no possui lista de valores de

    referncia de qualidade para todos os compostos definidos na Resoluo

    CONAMA No 420/2009. Entretanto, INEA publicou a Diretriz DZ-1841, para

    licenciamento ambiental e para a autorizao do encerramento das atividades

    de postos de servio que disponham de sistemas de acondicionamento ou

    armazenamento de combustveis, graxas, lubrificantes e seus respectivos

    resduos, que definiu valores de interveno para o solo e para gua

    subterrnea especficos para rea de postos de servio e que contemplam

    apenas os compostos derivados de petrleo BTEX (Benzeno, Tolueno,

    Etilbenzeno e Xilenos) e PAH (Hidrocarbonetos Poliaromticos). Nesta diretriz

    tambm so estabelecidos procedimentos para servios de investigao

    ambiental em rea de postos.

    28

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    PROCEDIMENTO PARA IDENTIFICAO DE PASSIVOS AMBIENTAIS

    Segundo a norma ABNT NBR 15.515-2, a etapa inicial de identificao

    de passivo ambiental em solo e gua subterrnea consiste em uma avaliao

    preliminar, a qual identifica a possvel existncia de contaminao na rea.

    A avaliao preliminar supracitada, que segue a NBR 15.515-1, tem

    como objetivo encontrar indcios de uma possvel contaminao, realizada com

    base nas informaes disponveis, como levantamento histrico, entrevistas,

    imagens, fotos e inspees em campo, visando fundamentar a suspeita de

    contaminao de uma rea.

    Sendo evidenciados indcios de contaminao ou quando h incerteza

    sobre a existncia da mesma, torna-se necessria a realizao da etapa de

    investigao confirmatria, conforme orientaes da NBR 15.515-2.

    Caso a contaminao j tenha sido constatada na etapa inicial, o estudo

    sobre a rea impactada deve ser direcionado para investigao detalhada. Na

    deteco de fase livre ou situao de perigo, devem-se adotar imediatamente

    aes emergenciais, visando a eliminao dos riscos identificados.

    Na Figura 16, apresentado o fluxograma das etapas de avaliao de

    passivo ambiental, seguindo a NBR 15.515 e suas partes.

    29

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    Figura 16: Fluxograma das etapas de avaliao de passivo ambiental.Fonte: ABNT (2007).

    30

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    APLICAO DA ABNT NBR 15.515 E SUAS PARTES

    A ABNT NBR 15.515, sob ttulo geral Passivo ambiental em solo e gua

    subterrnea, tem previso de conter as seguintes partes:

    - Parte 1: Avaliao Preliminar;

    - Parte 2: Investigao Confirmatria;

    - Parte 3: Investigao Detalhada.

    ABNT NBR 15.515-1: Avaliao Preliminar

    A parte da norma referente Avaliao Preliminar teve sua primeira

    edio publicada em Dezembro de 2007, passando a ter validade em 10 de

    Janeiro de 2008. Em 05 de Abril de 2011, foi publicada ainda uma errata que

    teve por objetivo corrigir alguns tpicos da norma.

    Esta NBR baseada na ASTM (Sociedade Americana de Testes e

    Materiais) E 1527:2005, cujo ttulo Prtica Padro para a Avaliao

    Ambiental: Fase I Processo de Avaliao Ambiental do Site.

    De acordo com a ASTM que a deu origem, a Fase I de uma avaliao

    ambiental deve ser realizada por um profissional ambiental, cujas atribuies

    incluem:

    reviso completa de registros existente sobre a rea investigada;

    visita ao local;

    entrevistas com o proprietrio e/ou operador da propriedade; e

    relatrio tcnico com dados recolhidos, que inclui fotografias da rea

    multitemporais, ou seja, registradas em perodos diferentes de

    tempo.

    Na Figura 17, exibido o fluxograma da sequncia dos procedimentos

    da avaliao preliminar.

    31

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    Figura 17: Fluxograma das etapas da Avaliao Preliminar. Fonte: ABNT (2007).

    As etapas de uma Avaliao Preliminar so detalhadas a seguir.

    Coleta de dados existentes

    A coleta de dados existentes contempla o levantamento de dados

    histricos da rea e o estudo do meio fsico. Essas informaes permitem a

    definio de uma estratgia de atuao.

    Estudo Histrico

    O levantamento histrico possibilita o recolhimento de dados disponveis

    sobre as atividades ocorridas na rea em estudo e em suas cercanias. Trata-se

    de uma tarefa multidisciplinar, que exige conhecimento histrico-social,

    urbanstico, administrativo, alm de conhecimentos sobre processos industriais,

    substncias qumicas e o meio ambiente, em geral.

    Um recurso que possibilita uma viso histrica da rea a utilizao de

    fotos ou imagens areas multitemporais.

    32

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    Estudo sobre o meio fsico

    Consiste no levantamento de dados quanto s caractersticas

    geolgicas, hidrogeolgicas, geomorfolgicas, dentre outras. Estes dados

    auxiliam na identificao de vias potenciais de transporte de contaminantes e

    localizao de bens a proteger.

    Inspeo de reconhecimento da rea

    A inspeo de reconhecimento consiste em uma vistoria detalhada, que

    pode ser acompanhada de pessoas detentoras de conhecimento do local. O

    objetivo desta inspeo, juntamente com entrevistas, de adquirir informaes

    que no seriam obtidas com base em uma primeira observao.

    Entrevistados que estejam ou estiveram ligados rea, como

    proprietrios ou funcionrios, assim como tambm vizinhos, podero auxiliar

    com informaes referentes a:

    Histrico de uso, relacionando as atividades desenvolvidas

    (industrial, comercial e/ou residencial), e ocupao da rea;

    Acidentes ocorridos, que possam ter ocasionado contaminao no

    solo, da gua ou do ar;

    Manuseio e armazenamento de substncias;

    Reclamao da populao quanto atividade desenvolvida na rea;

    Reformas e afins, dentre outras.

    Durante a inspeo da rea, so recolhidas informaes que iro auxiliar

    na elaborao do Modelo Conceitual. Para facilitar na obteno dos dados

    necessrios, no Anexo B da NBR 15.515-1 h um modelo de Ficha Tcnica ,

    cujos itens esto apresentados no item xxx. Esta ficha tem como objetivo

    facilitar na busca de dados, orientando durante a inspeo da rea como um

    check list.

    33

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    Guia para o preenchimento da ficha tcnica

    Os itens abordados na Ficha Tcnica foram elaborados para definir se

    existem indcios de contaminao na rea e se h fontes ativas com suspeita

    de contaminao. Alm disso, esta ficha tambm identifica os bens a proteger

    e as principais vias de propagao dos contaminantes na rea e em suas

    adjacncias.

    Conforme detalhado na norma, a estrutura da ficha baseada em itens

    que so agrupados de forma a se obterem dados e informaes referentes aos

    diferentes aspectos envolvidos na avaliao de uma rea.

    Os tpicos de preenchimento da ficha seguem abaixo:

    Identificao da rea

    Disposio de resduos slidos

    rea industrial/comercial

    Outras fontes/fontes desconhecidas

    Descrio da rea e suas adjacncias

    Eventos importantes/existncia de riscos

    Atividades anteriores desenvolvidas na rea

    Fontes de informao

    Observaes gerais

    Croqui da rea

    Mapa de localizao

    Com base no levantamento acima, possvel elaborar o Modelo

    Conceitual que ir orientar quanto aos prximos passos. O Modelo consiste em

    uma Tabela, conforme exemplo abaixo (Tabela 2), com informaes quanto a:

    fontes identificadas no local (por exemplo, instalaes,

    equipamentos, reas de produo);

    34

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    classificao da rea (rea com potencial de contaminao AP

    ou rea j com contaminao confirmada AC);

    substncias ou produtos manuseados nas fontes relacionadas;

    mecanismos de liberao destas substncias para o meio (por

    exemplo, vazamentos, derramamentos);

    via de transporte dos contaminantes (por exemplo, infiltrao no

    solo, volatilizao de vapores, transporte pela gua subterrnea);

    receptores ou bens a proteger que podem ser atingidos por esta

    contaminao.

    Tabela 2: Informaes mnimas necessrias para elaborao do Modelo conceitual.

    Fontes Classificao (AP ou AC)Substncias ou produtos

    Mecanismo de

    liberao

    Via de transporte dos contaminantes

    Receptores/bens a receber

    Com base neste levantamento, possvel identificar a necessidade de

    novas etapas de investigao. Sendo identificadas reas com potencial de

    contaminao ou reas visivelmente contaminadas, torna-se necessria a

    realizao de uma investigao confirmatria e/ou detalhada no local.

    ABNT NBR 15.515-2: Investigao Confirmatria

    Esta parte da norma, publicada em 2011, estabelece os requisitos

    necessrios para o desenvolvimento de uma investigao confirmatria em

    reas onde foram identificados indcios reais ou potenciais de contaminao do

    solo e gua subterrnea aps a realizao da investigao preliminar.

    Para atendimento a esta norma, so necessrias ainda seguir as

    referncias normativas abaixo:

    ABNT NBR 15492: Sondagem de reconhecimento para fins de qualidade

    ambiental;

    35

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    ABNT NBR 15515-1: Avaliao de passivo ambiental em solo e gua

    subterrnea Parte 1: Avaliao preliminar;

    ABNT NBR 15495-1: Poos de monitoramento de guas subterrneas

    em aquiferos granulares Parte 1: Projeto e construo;

    ABNT NBR 15495-2: Poos de monitoramento de guas subterrneas

    em aquiferos granulares Parte 2: Desenvolvimento;

    ABNT NBR 15847: Amostragem de gua subterrnea em poos de

    monitoramento Mtodos de purga.

    Como o prprio nome j diz, uma investigao confirmatria uma

    etapa de identificao de reas contaminadas que tem como objetivo principal

    confirmar ou no a existncia de substncias de origem antrpica nas reas

    suspeitas, no solo e nas guas subterrneas, em concentraes acima dos

    valores de investigao.

    A confirmao da contaminao se d basicamente pela coleta e

    anlises qumicas de amostras representativas de solo e/ou da gua

    subterrnea, para substncias qumicas de interesse (SQI), em pontos

    suspeitos ou com relevante indcio de contaminao. Em determinadas

    situaes, outros meios podem ser amostrados, como gases do solo,

    sedimentos, gua superficial ou biota.

    As etapas da investigao confirmatria so exibidas no apresentado na

    Figura 18.

    36

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    Figura 18: Fluxograma das etapas da Investigao Confirmatria. Fonte: ABNT (2011).

    Levantamento de informaes adicionais

    De acordo com as etapas acima apresentadas, o primeiro passo para

    iniciar a investigao confirmatria identificar a necessidade de refinar o

    modelo conceitual, considerando a busca de informaes adicionais e/ou

    tcnicas para o estudo.

    Neste levantamento devem ser consideradas tcnicas analticas de

    resposta rpida, uma vez que esta etapa definir o Plano de Amostragem que

    ocorrer na sequncia.

    Na norma so exemplificados alguns mtodos analticos de resposta

    rpida (real time), sendo o mais utilizado na prtica, em reas com potencial de

    contaminao por hidrocarbonetos, exemplificado na tabela 3:

    37

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    Tabela 3: Exemplo de um mtodo analtico de resposta rpida para definio de Plano de Amostragem.Tcnica Analitos Meios avaliados Qualitativo/

    QuantitativoFatores limitantes

    PID VOC (mais

    sensvel aos

    aromticos)

    Ar/gs e vapores

    do solo

    Qualitativo a

    semiquantitativo

    (concentraes

    totais)

    Interferncias: vapor

    dgua, compostos

    orgnicos naturais.

    Falso negativo em

    altas concentraes de

    metanoLegenda: PID: detector de fotoionizao; VOC: Compostos Orgnicos Volteis.

    Atualmente os detectores de compostos orgnicos volteis j possuem

    sensores com excluso de metano, de modo a no obterem um resultado falso

    negativo com leituras de compostos orgnicos naturalmente presentes no solo

    que no a contaminao que se deseja medir.

    Ainda so utilizados mtodos geofsicos como tcnicas de resposta

    rpida, por exemplo, radar de penetrao no solo, resistividade eltrica,

    polarizao induzida, magnetometria, induo eletromagntica, sistema de

    refrao, ssmica de reflexo de alta resoluo, dentre outras.

    Plano de Amostragem

    O Plano de Amostragem deve ser executado com base no Modelo

    Conceitual desenvolvido na Avaliao Preliminar ou aprimorado no

    levantamento de informaes adicionais da Investigao Confirmatria.

    O Modelo Conceitual ir orientar quanto s reas com potencial de

    contaminao, em condies atuais e/ou referente a atividades passadas. O

    Plano de Amostragem ir considerar:

    A identificao das atividades suspeitas ou com relevante

    potencial de contaminao;

    38

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    Identificao de substncias contaminantes potenciais contidas

    em matrias-primas, produtos, emisses atmosfricas, efluentes

    ou resduos;

    Identificao e caracterizao das fontes potenciais ou reais de

    contaminao que existam, ou existiram;

    Identificao dos possveis mecanismos de liberao dos

    contaminantes a partir de cada fonte primria e/ou secundria

    identificada, dentre outras.

    O Plano dever ainda contemplar as tcnicas de perfurao, coleta e

    instalao de poos a serem realizadas, considerando ainda os parmetros a

    amostrar e as metodologias de anlises qumicas.

    Meios a serem amostrados

    Os meios a serem amostrados devem ser definidos previamente, de

    acordo com as reas suspeitas de contaminao, como, por exemplo, solos,

    sedimentos, rochas, aterros, guas subterrneas, guas superficiais e vapores

    do solo. Comumente em investigao confirmatria so coletadas amostras de

    solo e gua subterrnea, uma vez que so os meios mais afetados em reas

    de revenda e consumo de combustveis.

    Distribuio dos pontos amostragem

    Os pontos de amostragem so distribudos de acordo com as fontes

    identificadas no Modelo Conceitual, onde se espera ocorrncia das maiores

    concentraes das substncias de interesse. A distribuio dos pontos de

    coleta deve ser condicionada a localizao de cada uma das fontes suspeitas

    ou de relevantes locais potencialmente contaminados que tenham sido

    identificados.

    A quantidade de pontos deve ser o suficiente para identificar a

    contaminao em cada rea fonte suspeita.

    39

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    Profundidade da amostragem

    A profundidade deve ser estabelecida de acordo com as caractersticas

    dos contaminantes suspeitos, tendo em vista que cada substncia possui

    mobilidade e interao diferenciadas com o meio afetado. Dessa forma, as

    amostras devem ser coletadas nas profundidades de maior probabilidade de

    ocorrncia do contaminante investigado.

    Definio das substncias qumicas de interesse a serem

    analisadas

    As substncias a serem analisadas so escolhidas com base nas

    informaes relativas aos contaminantes possveis existentes na rea,

    definidas na etapa da Avaliao Preliminar.

    Definio do nmero de campanhas de amostragem

    A repetio de campanhas de amostragem s se d quando necessria

    a confirmao dos resultados analticos.

    Realizao de anlises qumicas

    As anlises qumicas devem ser realizadas em laboratrios que atendam

    os requisitos estabelecidos na ABNT NBR ISO/IEC 17025 ou de acordo com os

    requisitos estabelecidos por rgos ambientais competentes.

    importante que seja mantida a rastreabilidade das amostras atravs da

    cadeia de custdia, que o documento que registra o caminho da amostra

    desde a coleta at o momento da anlise, indicando os responsveis pelo

    processo.

    Interpretao dos resultados

    40

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    Posteriormente ao envio dos resultados analticos pelo laboratrio,

    realizada a comparao das concentraes obtidas nas amostras com os

    valores orientadores, que podem ser definidos pelos rgos ambientais

    competentes ou, na ausncia de valores especficos para cada regio,

    estipulados pela lista CONAMA no 420/2009.

    Sendo identificadas concentraes superiores aos valores orientadores,

    deve ser elaborado um plano de ao para as etapas posteriores, que podem

    caracterizar aes de interveno imediatas e/ou uma investigao detalhada

    da rea.

    Investigao Detalhada

    Esta parte da norma, durante o desenvolvimento deste trabalho, ainda

    estava sob consulta pblica e, portanto, ainda no foi publicada. As

    informaes contidas neste tpico consideram o texto sob consulta, sem suas

    devidas revises, caso venham ocorrer, e as demais legislaes que

    contriburam para a elaborao desta parte.

    Sabe-se que uma Investigao Detalhada tem por objetivo caracterizar e

    mapear uma contaminao em solo ou gua subterrnea com base no histrico

    de monitoramento, avaliao preliminar, investigao confirmatria ou estudos

    ambientais relacionados rea em questo.

    As principais atividades a serem desenvolvidas em uma Investigao

    Detalhada so:

    Mapeamento horizontal e vertical da contaminao;

    Caracterizao do meio fsico e do entorno;

    Estimativa da quantidade de contaminantes no solo e na gua

    subterrnea;

    Identificao e caracterizao de outras fontes de contaminao no

    apontadas nas etapas anteriores;

    41

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    Identificar das vias de exposio e receptores para a realizao de

    Avaliao de Risco Sade Humana;

    Subsidiar plano de aes necessrias.

    Em caso de risco iminente, identificado nas etapas anteriores, devero

    ser consideradas aes emergenciais concomitantes a realizao de

    investigao detalhada. Tal fato ocorre eventualmente em ocorrncia de fase

    livre e intruso de vapores, por exemplo.

    A seguir so apresentados os itens necessrios para realizao de um

    plano de trabalho para uma Investigao Detalhada.

    Plano de Investigao Detalhada

    Caracterizao de entorno

    Este item complementa as informaes j levantadas nos servios

    anteriores, podendo ser inseridas fotos areas, mapas planialtimtricos ou

    imagens de satlite com base georreferenciada (UTM) da regio.

    Caracterizao geolgica

    a) realizao de sondagens, conforme a norma NBR 15492 e ao

    tipo e a finalidade da amostra;

    b) descrio do solo, sedimento, rocha e/ou aterro de acordo com

    as recomendaes do Manual de Descrio e Coleta de Solos no Campo, da

    Sociedade Brasileira de Cincia do Solo, e outros documentos aplicveis

    descrio desses materiais;

    c) elaborao dos perfis das sondagens executadas e de sees

    geolgicas longitudinais e transversais;

    d) coleta de amostra indeformada do material que compe as

    camadas representativas do solo para determinao de granulometria,

    42

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    porosidade total e efetiva, densidade real e aparente, umidade e frao de

    carbono orgnico;

    e) confeco de planta com a localizao das sondagens executadas e

    dos pontos de amostragem.

    Caracterizao hidrogeolgica

    A caracterizao hidrogeolgica consiste no estudo da dinmica dos

    fluxos subterrneos e do comportamento dos contaminantes nas zonas no

    saturada e saturada. So atividades inerentes a esta caracterizao:

    a) instalao de poos de monitoramento, de acordo com as

    normas ABNT NBR 15495-1 e ABNT NBR 15495-2, com sees filtrantes

    posicionadas de acordo com a distribuio litolgica e do tipo do contaminante

    existente;

    b) medio de cota topogrfica absoluta, com leitura a partir do topo

    do tubo de revestimento do poo e do nvel dgua, para o clculo do potencial

    hidrulico;

    c) realizao de ensaios de permeabilidade para determinao da

    condutividade hidrulica e, juntamente com potencial hidrulico, determinao

    da velocidade do lenol fretico na rea estudada;

    d) elaborao de mapas potenciomtricos abrangendo as plumas de

    contaminao.

    Mapeamento da contaminao

    Consiste no mapeamento da extenso da contaminao, identificando e

    delimitando a rea de solo impactado e as plumas de fase livre e de fase

    dissolvida existentes.

    Para traar o limite horizontal da rea de solo contaminado, a linha

    delimitante dever passar pelo ponto situado na metade da distncia entre o

    ponto de amostragem que apresente concentraes acima dos valores de

    43

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    referncia e o ponto de amostragem que apresente concentraes inferiores

    aos mesmos valores.

    Para realizar a delimitao da zona em fase retida no plano vertical, o

    ponto-limite ser definido na metade da distncia entre um ponto de

    amostragem onde foi quantificada concentrao acima e outro ponto de

    amostragem onde foi detectado valor inferior ao valor de referncia.

    Quando constatada concentrao acima do valor de referncia na

    amostra coletada na franja capilar, o limite inferior da zona de fase retida ser a

    profundidade do nvel dgua medido. J o limite superior poder ser

    identificado a partir de amostragem ou considerando, sempre que possvel, a

    posio da fonte primria mais prxima.

    O mapeamento da zona saturada refere-se delimitao da fase livre e

    pluma de fase dissolvida. Para tal, os poos de monitoramento devem ser

    instalados e desenvolvidos de acordo com as recomendaes da srie de

    normas ABNT NBR 15495.

    A delimitao da distribuio da fase livre ser definida quando for obtido

    um nmero suficiente de pontos-limite necessrio para o seu fechamento.

    A partir da confirmao da existncia de fase livre necessria a

    implementao de medidas emergenciais para remoo da substncia em fase

    livre conforme os procedimentos tcnicos aplicveis.

    Para a delimitao da distribuio da fase livre no plano horizontal

    dever ser considerado que o ponto-limite da rea de ocorrncia da fase livre

    a metade da distncia entre um ponto de medio (poo de monitoramento)

    onde foi observada a presena de fase livre e outro ponto de medio onde

    no foi observada fase livre.

    Na definio dos limites da fase livre sobrenadante aparente considera-

    se que o ponto-limite superior ser obtido na cota superior do nvel da fase livre

    44

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    medida no poo de monitoramento e o ponto-limite inferior ser, de forma

    conservadora, a cota do nvel dgua subterrnea medida no mesmo poo.

    Em casos onde o produto contaminante mais denso que a gua, o

    poo de monitoramento dever ter seo filtrante curta e ser posicionada na

    base da sondagem.

    Nesta situao, para a delimitao da distribuio da fase livre aparente

    no plano vertical, considera-se como ponto-limite superior a cota superior do

    nvel da fase livre medida no poo de monitoramento e no ponto-limite inferior,

    por conservadorismo, a cota do obstculo infiltrao.

    Para o mapeamento da pluma dissolvida so instalados poos de

    monitoramento e poos multinveis. Preferencialmente, a seo filtrante do

    poo de monitoramento deve ter um comprimento mximo de 3,0 (trs) metros

    e estar posicionada na zona saturada, ou seja, no ato da instalao o topo da

    seo filtrante posicionado prximo do nvel dgua estabilizado.

    Na caracterizao da pluma em fase dissolvida utilizam-se poos de

    monitoramento com captao em diferentes profundidades e sees curtas na

    profundidade desejada de investigao. Esses podem ser instalados mais de

    uma tubulao no mesmo furo ou cada um em uma sondagem individualizada.

    Para realizar a delimitao da pluma em fase dissolvida no plano

    horizontal, considera-se como limite da pluma o ponto situado na metade da

    distncia entre os pontos de amostragem que apresentem concentraes

    superiores aos valores de referncia e o primeiro ponto inferior.

    A delimitao das plumas no plano vertical dever ser realizada por meio

    da utilizao de conjunto de poos multinveis em quantidade suficiente para

    estimar a espessura da pluma prxima a rea fonte e ao longo do eixo

    longitudinal de movimentao, bem como caracterizar a existncia ou no de

    fluxo vertical.

    45

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    Atualizao do Modelo Conceitual

    Com base nas novas informaes, o modelo conceitual da rea poder

    ser atualizado e validado com os dados obtidos na Investigao Detalhada, de

    forma a aprimorar o modelo conceitual da Investigao Confirmatria, que ser

    a base para o planejamento e realizao das etapas seguintes.

    Avaliao de Risco Sade Humana

    O Estudo de Avaliao de Risco Sade Humana um procedimento

    para Aes Corretivas com Base em Risco (ACBR) que representa uma

    metodologia de tomada de decises, que foi elaborado tomando como base a

    metodologia descrita na norma ASTM 204-01 Guide for Risk Based Corrective

    Action at Chemical Release Sites (RBCA), desenvolvida pela American Society

    for Testing and Materials (ASTM) para reas contaminadas.

    O ACBR uma metodologia flexvel, tecnicamente defensvel, para

    tomada de deciso com base na quantificao do risco toxicolgico da sade

    humana para reas contaminadas. O ACBR um procedimento que integra

    mtodos de avaliao de exposio e de risco e modelos matemticos de

    transporte de contaminantes, fornecendo subsdios ao processo de tomada de

    deciso relacionada alocao de recursos, urgncia de aes corretivas,

    necessidade de remediao, aos nveis de remediao aceitveis e s

    alternativas tecnolgicas aplicveis.

    Estas avaliaes devem ser desenvolvidas por meio de software, como,

    por exemplo, o RBCA Tool Kit, ou atravs das Planilhas para Avaliao de

    Risco em reas Contaminadas sob Investigao, fornecidas pela CETESB. A

    metodologia escolhida dever ser definida pelo rgo ambiental ou justificada

    pelo executante.

    46

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    Software RBCA Tool Kit

    O Risk-based Corretive Action um procedimento eficiente de criao de

    decises baseadas no risco, desenvolvido pela American Society for Testing

    and Materials (ASTM) para reas contaminadas.

    A elaborao de cenrios fundamental para a avaliao feita no RBCA. Estes

    devem representar a evoluo do contaminante partindo da origem da

    contaminao at chegar aos receptores potenciais, passando pelos diferentes

    caminhos de exposio (ASTM, 1995).

    A avaliao de risco ter como resultado concentraes mnimas aceitveis

    para o cenrio em questo SSTL (Site Specific Target Levels).

    Planilhas para Avaliao de Risco em reas Contaminadas sob

    Investigao CETESB

    A CETESB - Companhia Ambiental do Estado de So Paulo determinou

    em sua Deciso de Diretoria n 103/2007/C/E, de 22 de junho de 2007, a

    elaborao de planilhas para avaliao de risco em reas contaminadas sob

    investigao, objetivando padronizar e otimizar a execuo dos estudos de

    avaliao de risco realizados no Estado de So Paulo.

    Essas planilhas possibilitam a quantificao do risco sade humana

    em reas contaminadas sob investigao e no estabelecimento de

    concentraes mximas aceitveis (CMAs), auxiliando os profissionais que

    atuam no gerenciamento de reas contaminadas na elaborao de Planos de

    Interveno.

    Relatrio de Avaliao de Risco Sade Humana

    O relatrio dever exibir todos os valores de entrada utilizados, inclusive

    os valores default da metodologia escolhida. Alm disso, dever objetivamente

    47

  • Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    indicar a existncia ou no de risco no site e a necessidade de aes de

    interveno, apontando os valores-alvos para remediao, caso necessria.

    Solicita-se ainda que as telas representativas da Avaliao de Risco, seja

    RBCA ou CETESB, sejam anexadas ao relatrio.

    Plano de Ao

    Com base nos estudos realizados, avaliada a necessidade de aes

    complementares de investigao ou de aes de interveno na rea. A

    deciso de aes futuras definida a partir do cenrio observado.

    Caso a rea contaminada oferea risco aos receptores locais, tornam-se

    necessrias aes de interveno imediatas no local para remoo da

    contaminao observada.

    As aes de interveno dependem da extenso contaminao e do tipo

    do contaminante existente, podendo variar entre escavao e destinao de

    solo contaminado, bombeamento da fase livre identificada e/ou da gua

    subterrnea contaminada para tratamento ex situ, dentre outras.

    Em caso de no terem sido identificadas concentraes acima dos

    valores calculados, baseados em risco, ou dos valores de referncia, podem

    ser solicitados monitoramentos peridicos, com amostragem da matriz de

    interesse, para acompanhamento e confirmao da ausncia de risco aos

    receptores locais.

    48

  • Captulo 3: Apresentao do Estudo de caso

    3. APRESENTAO DO ESTUDO DE CASO

    Para exemplificar e explorar a aplicao da norma ABNT NBR 15.515 e

    suas partes, foi utilizado um estudo de caso em uma rea com potencial de

    contaminao e que teve seu processo acompanhado junto ao rgo ambiental

    do Estado Instituto Estadual do Ambiente (INEA).

    Trata-se de um empreendimento localizado na regio porturia da

    cidade do Rio de Janeiro (Figura 19), que realiza atividade de descarregamento

    e armazenamento de cargas. Na rea havia um tanque areo de combustvel

    para o abastecimento de mquinas e carretas do empreendimento.

    Figura 19: Mapa de Localizao da rea Investigada.

    Com a abertura de um processo de licenciamento ambiental junto ao

    INEA, o empreendimento foi notificado a realizar Investigaes Ambientais na

    rea. O licenciamento ambiental o procedimento administrativo por meio do

    qual o INEA autoriza a localizao, instalao, ampliao, operao ou

    encerramento de empreendimentos e atividades utilizadores de recursos

    ambientais considerados efetiva ou potencialmente poluidores e aqueles

    capazes, sob qualquer forma, de causar degradao ambiental.

    49

  • Captulo 3: Apresentao do Estudo de caso

    O Sistema de Licenciamento Ambiental (SLAM) foi institudo

    pelo Decreto Estadual n 42.159, de 2 de dezembro de 2009, em consonncia

    com o Decreto-lei n 134, de 16 de junho de 1975, alterado em parte pela Lei

    Estadual n 5.101, de 4 de outubro de 2007.

    Na ocasio o empreendimento foi notificado com o objetivo de obter o

    Termo de Encerramento de sua atividade de abastecimento de combustvel em

    determinada rea, uma vez que o tanque utilizado foi removido da mesma em

    2008 e transferido para outro local.

    Segundo o INEA, Termo de Encerramento (TE) consiste em um ato

    administrativo mediante o qual o rgo ambiental atesta a inexistncia de

    passivo ambiental que represente risco ao ambiente ou sade da populao,

    quando do encerramento de determinada atividade ou aps a concluso do

    procedimento de recuperao da rea, estabelecendo suas restries de uso.

    A rea em questo, denominada por rea de abastecimento, era

    pavimentada em concreto e contemplada por canaletas de drenagem oleosa

    ligadas caixa separadora de gua e leo (SAO).

    Havia uma bomba de abastecimento ligada ao tanque areo de

    armazenamento de combustvel atravs de tubulaes subterrneas. Ressalta-

    se ainda que este tanque encontrava-se instalado em uma bacia de conteno

    de concreto, onde minimizaria ou at extinguiria qualquer possibilidade de

    vazamento