estudos sistematizados de mÉszÁros, sacristÁn e tardif

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Bibliografia recomendada estudada para a prova de seleção do Mestrado em Educação Brasileira (Linha de Processos Educativos) do PPGE/CEDU/UFAL.

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Page 1: ESTUDOS SISTEMATIZADOS DE MÉSZÁROS, SACRISTÁN E TARDIF

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ESTUDOS SITEMATIZADOS

Por Kleverton Almirante – Mestrando em Processos Educativos - CEDU/UFAL.

1 - MÉSZÁROS, István. A educação para além do capital. São Paulo: Boitempo, 2005.

- Em “A educação para além do capital”, István Mészáros explana

acerca dos ideais de dominação do sistema vigente aplicados na

sociedade através da educação.

- São ideais herdados do sistema feudal anterior.

- Estes ideais são permanentes e se encontram numa correspondência

de situações panópticas e sinópticas.

- O ponto central dos escritos de István Mészáros neste livro é a

transformação social por meio da educação para a vida, pois sociedade

e educação são elementos indissociáveis.

- O objetivo da reformulação educacional é a transformação social – são

fenômenos concatenados, um depende do outro. Transformação da

educação – transformação da sociedade.

- A razão para o fracasso das formulações utópicas anteriores para a

educação é que todas eram inseridas nos limites do capital e suas

posições críticas limitadas poderiam apenas remediar os piores efeitos

da ordem reprodutiva capitalista sem, contudo, eliminar os seus

fundamentos causais antagônicos e profundamente enraizados.

- O capital é irreformável e impede os avanços. É necessário romper

com a lógica do capital para contemplar a criação de uma alternativa

educacional significativamente diferente.

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- Os corretivos aplicados ao sistema do capital, e por ele mesmo, lhes

são não só compatíveis como também benéficos e necessários à sua

sobrevivência.

- As pseudo soluções são todas as outras tentativas de transformação

educacional meigas à lógica capitalista.

- O sistema capitalista desumaniza as relações. István Mészáros

defende a educação não mercadológica, regida pelo capitalismo, e sim

para a vida, pois sujeitos educados mercadologicamente são aptos a

serem roteirizados e controlados.

- A “contra-internalização” dos sentidos que propagam a lógica do

metabolismo social do sistema capitalista, também citada por Mészáros

como “contraconsciência”, é o primeiro passo para romper com a lógica

desumanizadora do capital.

- A contraconsciência se caracteriza pelo posicionamento contrário à

internalização dos ideais do sistema, que são a orientação e a educação

voltadas à aceitação e à submissão das massas diante da ordem

reprodutora mercadológica.

- O combate de Mészáros à institucionalização da educação se dá

porque, nos últimos 150 anos, sua formatação serviu somente ao

propósito de fornecer conhecimentos e pessoal capacitado com estes

conhecimentos necessários à maquinaria humana do sistema

capitalista, legitimando os interesses dos dominantes.

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- Com o direto à educação formal institucionalizada, chamada de

escolaridade, formulou-se a internalização do sentido afirmador dos

ideais capitalistas ao obrigar que os estudantes devam se tornar

membros úteis da sociedade, enquadrados socialmente para os

interesses mercadológicos do sistema do capital.

- As instituições formais de educação induzem a uma aceitação ativa

dos princípios reprodutivos orientadores dominantes.

- As instituições formais de educação conferem ao sujeito adequação à

sua posição na ordem social e de acordo com as tarefas reprodutivas

que lhes são atribuídas.

- A escola não pode oferecer soluções eficazes aos problemas das

vivências sociais míseras e desesperançosas porque está regida pelo

sistema capitalista.

- José Gimeno Sacristán diz que “a educação seria a oportunidade de

uma nova ordem mais desejável que a da sociedade herdada dos mais

velhos” (2005, p. 53).

- O domínio do capital no âmbito educacional tem o interesse de atingir

as massas da sociedade em processo de formação.

- A formalidade da educação mercadológica anula o ser humano no que

o dignifica como tal, na sua essencialidade ao trabalho educado,

anulando a aprendizagem, anulando a própria vida, desviando do

caminho da realização pessoal.

- Ao invés de emancipado, o sujeito torna-se alienado ao dominante.

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- István Mészáros se preocupa com estes fatos “porque hoje está em

jogo nada menos do que a própria sobrevivência da humanidade” (2005,

p. 55).

- O “civilizar e educar” das instituições formais de educação está para o

“enquadrar e manipular”.

- O “anarquizar e subverter os padrões meritocráticos” está para a “luta

pela qualidade de vida e pelo futuro da humanidade”.

- O conformismo generalizado deve ser combatido. Ele é resultante da

crença na ação exterior mítica de predestinação metafísica (o inevitável

“dilema humano”) e/ou da crença na imutabilidade da natureza humana.

- “A tarefa histórica que temos de enfrentar é incomensuravelmente

maior que a negação do capitalismo” (MÉSZÁROS, 2005, p. 61).

- É totalmente inconcebível sustentar a validade atemporal e

permanência do sistema capitalista (MÉSZÁROS, 2005, p. 63).

- O papel da educação é “ser soberano, tanto para a elaboração de

estratégias apropriadas e adequadas para mudar as condições objetivas

de reprodução, como para a automudança consciente dos indivíduos

[...]” (MÉSZÁROS, 2005, p. 65, grifos do autor).

- O metabolismo social do capital falha quando o assunto é a

sustentabilidade do consumo.

- A moderação no consumismo desenfreado frente às nossas

capacidades naturais tem o poder de levar o sistema capitalista a entrar

em colapso.

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- A sustentabilidade apresentada nos escritos de István Mészáros é o

controle consciente do processo de reprodução metabólica social

empreendido pelos produtores livremente associados, que estabelece

os valores de acordo com as reais necessidades.

- Os círculos viciosos de desperdício e de escassez têm desgastado o

sistema.

- A globalização também é uma manifestação contraditória da crise do

sistema capitalista e uma tentativa de salvação para sua continuidade.

- Jorge Beinstein defende uma autocrítica mais completa da própria

história burguesa, abarcando tanto as colonizações abertas ou

encobertas, como as nossas reformas ou revoluções populares

fracassadas ao longo do século XX (2004, online, <migre.me/cBXiT>).

- É preciso dotar as formações emancipadas de poder de fala, poder de

decisões, representatividade social, discernimento para as escolhas e

capacidade estruturante autossustentativa e organizada com nicho

autoprotetivo (FERNANDES, 1992, p. 79).

REFERÊNCIAS

BEINSTEIN, Jorge. A vida depois da morte: a viabilidade do pós-capitalismo. 2004,

online, disponível em <migre.me/cBXiT>.

FERNANDES, Florestan. Depoimento sobre Hermínio Sacchetta. In: SACCHETTA, Hermínio. O caldeirão das bruxas e outros escritos políticos. Campinas: Pontes/Ed.

Unicamp, 1992, pp. 75-79.

MÉSZÁROS, István. A educação para além do capital. São Paulo: Boitempo, 2005.

SACRISTÁN, José Gimeno. O aluno como invenção. Porto Alegre: Artmed, 2005.

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2 - SACRISTÁN, José Gimeno. O aluno como invenção. Porto Alegre: Artmed, 2005.

- Em “O aluno como invenção”, José Gimeno Sacristán trata dos

diversos conceitos de aluno e da reformulação ambiental escolar.

- O conceito de aluno geralmente é interiorizado na concepção dos

professores como de um sujeito que não possui nada a colaborar.

- A importância de revisar os conceitos de ser aluno é pertinente à

prática docente.

- A orientação que os estudos de Sacristán seguem é alunocêntrica, e

nos levam a uma pedagogia mais “pedocêntrica”.

- A naturalidade da infância se enquadrou na ordem social de ser aluno.

Esta é uma nova identidade conferida aos menores.

- A escola surgiu da justificativa de ser um meio para alfabetizar, mas

cumpre papéis para o controle social e para a adequação dos alunos à

ordem reprodutora mercadológica do sistema capitalista.

- José Gimeno Sacristán defende que a educação no tempo e espaço

vigiados, o panóptico escolar, ainda é um lugar em que se pode

desenvolver a crítica libertadora dos controles invisíveis e sugestivos,

que são os meios de comunicação, a televisão, o consumismo, etc.,

estruturas prazerosas, mas pouco construtivas (sinópticos).

- É preciso enxergar os meios e os ambientes como terrenos de

possibilidades.

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- O aluno é um ser que está se alimentando de saberes para viver bem

em sociedade, é o beneficiário obrigado da educação, e a educação se

torna um fardo para os alunos.

- “A criança não é uma tábula rasa a ser preenchida pelos adultos, mas

ela é o agente ativo em seu desenvolvimento” (SACRISTÁN, 2005, p.

22).

- É necessário desenvolver sensibilidade para enxergar as crianças-

alunos como sujeitos atores autônomos, ativos de toda e qualquer

reação de aprendizado.

- A emancipação dos menores dos adultos se tornou complicada e

difícil, causando desinteresse exatamente porque, dentro da realidade

das classes sociais menos favorecidas, “'estudar para algo' é uma

formulação que cada vez mais tem menos valor de antecipação e é

menos atrativo, porque sua realização futura é cada vez menos

insegura” (SACRISTÁN, 2005, p. 55).

- As escolas não foram pensadas para os menores das classes menos

favorecidas.

- Precisamos repensar os ambientes escolares, legitimando as escolas

diante dos alunos como uma experiência que faz parte de seu projeto de

vida, pois a falta da escolarização exclui e marginaliza os indivíduos.

- Podemos conceber outro tipo de morador das escolas se projetarmos

essa moradia escolar como um ambiente de aprendizagem que

proporcione, dentre suas novas experiências, algumas relacionadas com

o mundo adulto e com a sociedade em geral e a cultura.

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- O otimismo das pedagogias psicológicas, que conferem uma visão

mais democrática da inteligência, deve ser oferecido aos alunos.

- O olhar histórico e a observação dos nossos ambientes são um meio

proposto por Sacristán para se imaginar a mudança radical em todos os

aspectos e que envolve todos os atores sócio-educacionais.

REFERÊNCIAS

SACRISTÁN, José Gimeno. O aluno como invenção. Porto Alegre: Artmed, 2005.

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3 - TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes,

2002.

- Maurice Tardif escreve em seu livro “Saberes docentes e formação

profissional” sobre o professor, apresentando as várias problemáticas da

atividade docente.

- Maurice Tardif apresenta a educação como o “processo de formação

do ser humano guiado por representações explícitas que exigem uma

consciência e um conhecimento dos objetivos almejados pelos atores

educativos [...]” (2002, p. 151).

- A educação é um processo psicossocial que realiza a internalização de

sentidos envolvendo atores sociais por meio da interação. A discussão é

o meio educativo no qual a formação ocorre.

- Ensinar é, concretamente, “desencadear um programa de

interações com um grupo de alunos, a fim de atingir determinados

objetivos educativos relativos à aprendizagem de conhecimentos e

à socialização” (TARDIF, 2002, p. 118, citação inteiramente grifada

pelo autor).

- “Ensinar é entrar numa sala de aula e colocar-se diante de um grupo

de alunos, esforçando-se para estabelecer relações e desencadear com

eles um processo de formação mediado por uma grande variedade de

interações” (TARDIF, 2002, p. 167).

- O ensino se assemelha mais à atividade política ou social do que à

mera técnica. Da mesma forma, a pedagogia se aproxima muito mais de

uma práxis do que de uma téchne.

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- Maurice Tardif define os professores como pessoas que possuem

saberes sociais e saberes pedagógicos. Para ele, o professor ideal é

“alguém que deve conhecer sua matéria, sua disciplina e seu programa,

além de possuir certos conhecimentos relativos às ciências da educação

e à pedagogia e desenvolver um saber prático baseado em sua

experiência cotidiana com os alunos” (2002, p. 39).

- Os professores são os responsáveis pelos processos educativos no

âmbito escolar, aos quais deve ser outorgada autonomia docente

desligada dos interesses dominantes capitalistas.

- Há uma relação problemática entre os professores e os saberes, mais

problemática que entre os professores e os alunos.

- Os saberes pedagógicos apresentam-se como doutrinas ou

concepções da reflexão da prática educativa incorporadas à formação

profissional dos professores. “Saber plural, saber formado de diversos

saberes provenientes das instituições de formação, da formação

profissional, dos currículos e da prática cotidiana, o saber docente é,

portanto, essencialmente heterogêneo” (TARDIF, 2002, p. 54).

- O saber docente é composto de vários saberes provenientes de

diferentes fontes. “Pode-se definir o saber docente como um saber

plural, formado pelo amálgama, mais ou menos coerente, de saberes

oriundos da formação profissional e dos saberes disciplinares,

curriculares e experienciais” (TARDIF, 2002, p.36).

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- Fenômenos muito concretos são necessários para explanar sobre o

saber docente. “Na verdade, só um estudo empírico apurado do 'saber

docente' pode nos informar a respeito de quando e como esses

conhecimentos tornam-se e agem concretamente na prática da

profissão, e em que medida eles 'dão cor' a essa prática” (TARDIF,

2002, pp. 218-219).

- O professor precisa ser ético e agir com equidade em relação à

atenção que dá, em sala de aula, ao grupo e aos alunos

individualmente. “A aquisição da sensibilidade relativa às diferenças

entre os alunos constitui uma das principais características do trabalho

docente” (TARDIF, 2002, p. 267).

- Os professores precisam enxergar os alunos como atores da educação

e não como sujeitos passivos da atividade docente.

- Os professores necessitam de formação contínua e continuada,

autoformando-se e reciclando-se com propriedade de serem revisáveis,

criticáveis e passíveis de aperfeiçoamento.

- Maurice Tardif declara que o objeto dos professores, os alunos, é “um

'objeto complexo', sem dúvida o mais complexo do universo, pois é o

único que possui uma natureza física, biológica, individual, social e

simbólica ao mesmo tempo” (2002, p. 131). E um dos principais

problemas do ofício de professor é que o seu objeto de trabalho sempre

foge do controle.

- O objeto do trabalho dos professores são seres humanos

individualizados e socializados ao mesmo tempo, com os quais o

professor irá gerir relações humanas, individuais e sociais

simultaneamente.

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- A prática docente vai além da mentalidade de serviço e do auto-

recrutamento. O “drama do uso de si mesmo” do professor começa na

migração do “Eu pessoal” para o “Eu profissional”. É a integração ou a

absorção da personalidade do professor no processo de trabalho.

- É na socialização profissional que acontece o choque com a realidade,

choque de transição, ou ainda choque cultural, definido como “confronto

inicial com a dura e complexa realidade do exercício da profissão”

(TARDIF, 2002, p. 82).

- A desvalorização do corpo docente, apesar de seus saberes ocuparem

uma posição estratégica entre os saberes sociais ocorre, justamente,

porque os professores não controlam o saber docente. Há outros

controladores sociais, como o Estado, que dominam-no.

- A relação entre a escolaridade e a utilidade mercadológica coloca os

professores como meros instrumentos educacionais a serviço dos

alunos e da sociedade capitalista.

- A formação de professores passa de ser geral para ser uma formação

profissional especializada – a pedagogia dividida – que atende às

necessidades de clientelas diversificadas do ensino massificado: alunos

heterogêneos em termos de origem social, cultural, étnica e econômica.

- Maurice Tardif defende um ofício comum, a unidade da profissão

docente do pré-escolar à universidade para chegar ao reconhecimento

social como sujeitos do conhecimento e verdadeiros atores sociais que

podem aprender uns com os outros.

REFERÊNCIAS

TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2002.