estudos didáticos para projetos arquitetônicos: esboços e ... · necessidade de melhor organizar...

5
Estudos didáticos para projetos arquitetônicos: esboços e croquis Didactic studies for architectural projects: sketiches and croquis Gustavo Parra Pascolat Universidade Estadual Paulista Faculdade de Engenharia de Bauru Brasil, Bauru / SP [email protected] Marco Antonio Rossi Universidade Estadual Paulista Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação Brasil, Bauru / SP [email protected] Abstract—The elaboration of projects, be they architectonic or relative to the engineer, demand an artistic work, closely linked to the imagination. In architecture and related activities, our imagination requires a tool to assist it, the design sketches. Extremely important in the initial phase of the projects, the sketches materialize the professional's thinking, highlighting the correctness and limitations of what had been imagined. The available technology, however, ends up by hiding the use of this important tool, which should not happen. The purpose of the present study was to demonstrate the great advantage of using the design sketches together with new technologies, such as software, in a single project. The methodology is a bibliographical review with authors that deal with the subject, and the documentary corpus was constructed from questionnaires applied to students of the courses of Architecture and Civil Engineering. Keywords—Architectural design; sketching design; creativity; project analysis. I. INTRODUÇÃO O projetista, seja profissional arquiteto ou engenheiro, ao pensar ou planejar um projeto, inicia sua busca incessante por soluções mais inteligentes, úteis e elaboradas. Para tanto, inúmeras possibilidades passam em sua mente, e surge assim a necessidade de melhor organizar esses pensamentos. O croqui, em sua concepção, é ferramenta chave para concretizar e organizar nossas ideias. A origem do termo croqui advém do francês croquer, que significa esboçar. Embora esboços e croquis sejam ambos as ferramentas para a materialização do pensamento inicial nos projetos, possuem uma diferença em sua essência. Enquanto os croquis não possuem preocupações e compromissos com as normas técnicas, assim sendo uma forma livre de expressar os pensamentos, os esboços são conjuntos de traços iniciais dos desenhos e, portanto, devem seguir padrões e normas. É importante salientar que um estudo voltado para os croquis de concepção e a oficialização do uso dessa ferramenta como metodologia de projeto é essencial, uma vez que com o uso intenso de aplicativos e softwares os desenhos fluem com maior facilidade e, com isso, a distância entre o primeiro traço e o desenho final tem-se encurtado cada vez mais. Assim, o projeto tende a ser mais simples, menos desenvolvido e, eventualmente, menos pensado. Conforme Florio, 2010 [2] os croquis possuem em sua estrutura de desenho traços irregulares, os quais caracterizam a informalidade, a facilidade de execução sem instrumentos ou exatidão e, principalmente, a liberdade para expressar todos os pensamentos, colocando-os no papel para melhor visualização. A partir disso, a memória, o repertório do arquiteto ou do engenheiro e sua capacidade de trabalhar com as ideias assumem papel principal. Ao sintetizar as ideias e organiza-las, o profissional projetista pode julgar melhor suas saídas, ou as soluções de problemas. Com o desenvolvimento do croqui e o apuramento das ideias, o projetista passa a descobrir também novas possibilidades, aperfeiçoando ainda mais o projeto. Além disso, os croquis como forma de linguagem arquitetônica, podem ser utilizados para a comunicação entre arquitetos/ engenheiros e consigo mesmo. A iniciativa que move nossa imaginação são as incertezas. A fase inicial do projeto é a que contabiliza maiores incertezas para o profissional. Logo, a imaginação trabalha de maneira mais contrariada nessa fase. Para nos mantermos lúcidos e esclarecidos e, ao mesmo tempo, não perdermos possibilidades no desenho, os croquis assumem papel principal. O presente estudo irá abordar os processos cognitivos envolvidos nessa fase do projeto com o auxílio dos croquis de concepção. Isto é, foi focado nessa pesquisa o estímulo provocado pelas incertezas do desenho em nossa imaginação e o resultado da materialização desses pensamentos, fazendo uma análise fenomenológica. Pontualmente, nesta pesquisa, demonstraremos a importância dos croquis para o processo inicial do projeto. Para isso, foram aplicadas e analisadas as entrevistas feitas com estudantes dos Cursos de Engenharia Civil e Arquitetura, em que se procura a frequência do uso dos croquis em fase inicial de projeto e sua importância para estes futuros profissionais. Dando continuidade ao estudo, comparamos projetos iniciais de profissionais reconhecidos © 2017 WCCA X World Congress on Communication and Arts 37 April 23-26, 2017, Salvador, BRAZIL DOI 10.14684/WCCA.10.2017.37-41

Upload: trankiet

Post on 13-Dec-2018

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Estudos didáticos para projetos arquitetônicos: esboços e croquis

Didactic studies for architectural projects: sketiches and croquis

Gustavo Parra Pascolat Universidade Estadual Paulista

Faculdade de Engenharia de Bauru Brasil, Bauru / SP

[email protected]

Marco Antonio Rossi Universidade Estadual Paulista

Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação Brasil, Bauru / SP

[email protected]

Abstract—The elaboration of projects, be they architectonic or relative to the engineer, demand an artistic work, closely linked to the imagination. In architecture and related activities, our imagination requires a tool to assist it, the design sketches. Extremely important in the initial phase of the projects, the sketches materialize the professional's thinking, highlighting the correctness and limitations of what had been imagined. The available technology, however, ends up by hiding the use of this important tool, which should not happen. The purpose of the present study was to demonstrate the great advantage of using the design sketches together with new technologies, such as software, in a single project. The methodology is a bibliographical review with authors that deal with the subject, and the documentary corpus was constructed from questionnaires applied to students of the courses of Architecture and Civil Engineering.

Keywords—Architectural design; sketching design; creativity; project analysis.

I. INTRODUÇÃO

O projetista, seja profissional arquiteto ou engenheiro, ao pensar ou planejar um projeto, inicia sua busca incessante por soluções mais inteligentes, úteis e elaboradas. Para tanto, inúmeras possibilidades passam em sua mente, e surge assim a necessidade de melhor organizar esses pensamentos. O croqui, em sua concepção, é ferramenta chave para concretizar e organizar nossas ideias.

A origem do termo croqui advém do francês croquer, que significa esboçar. Embora esboços e croquis sejam ambos as ferramentas para a materialização do pensamento inicial nos projetos, possuem uma diferença em sua essência. Enquanto os croquis não possuem preocupações e compromissos com as normas técnicas, assim sendo uma forma livre de expressar os pensamentos, os esboços são conjuntos de traços iniciais dos desenhos e, portanto, devem seguir padrões e normas.

É importante salientar que um estudo voltado para os croquis de concepção e a oficialização do uso dessa ferramenta como metodologia de projeto é essencial, uma vez que com o uso intenso de aplicativos e softwares os desenhos fluem com maior facilidade e, com isso, a distância entre o primeiro traço e o desenho final tem-se encurtado cada vez

mais. Assim, o projeto tende a ser mais simples, menos desenvolvido e, eventualmente, menos pensado.

Conforme Florio, 2010 [2] os croquis possuem em sua estrutura de desenho traços irregulares, os quais caracterizam a informalidade, a facilidade de execução sem instrumentos ou exatidão e, principalmente, a liberdade para expressar todos os pensamentos, colocando-os no papel para melhor visualização. A partir disso, a memória, o repertório do arquiteto ou do engenheiro e sua capacidade de trabalhar com as ideias assumem papel principal.

Ao sintetizar as ideias e organiza-las, o profissional projetista pode julgar melhor suas saídas, ou as soluções de problemas. Com o desenvolvimento do croqui e o apuramento das ideias, o projetista passa a descobrir também novas possibilidades, aperfeiçoando ainda mais o projeto. Além disso, os croquis como forma de linguagem arquitetônica, podem ser utilizados para a comunicação entre arquitetos/ engenheiros e consigo mesmo.

A iniciativa que move nossa imaginação são as incertezas. A fase inicial do projeto é a que contabiliza maiores incertezas para o profissional. Logo, a imaginação trabalha de maneira mais contrariada nessa fase. Para nos mantermos lúcidos e esclarecidos e, ao mesmo tempo, não perdermos possibilidades no desenho, os croquis assumem papel principal. O presente estudo irá abordar os processos cognitivos envolvidos nessa fase do projeto com o auxílio dos croquis de concepção. Isto é, foi focado nessa pesquisa o estímulo provocado pelas incertezas do desenho em nossa imaginação e o resultado da materialização desses pensamentos, fazendo uma análise fenomenológica.

Pontualmente, nesta pesquisa, demonstraremos a importância dos croquis para o processo inicial do projeto. Para isso, foram aplicadas e analisadas as entrevistas feitas com estudantes dos Cursos de Engenharia Civil e Arquitetura, em que se procura a frequência do uso dos croquis em fase inicial de projeto e sua importância para estes futuros profissionais. Dando continuidade ao estudo, comparamos projetos iniciais de profissionais reconhecidos

© 2017 WCCAX World Congress on Communication and Arts

37

April 23-26, 2017, Salvador, BRAZILDOI 10.14684/WCCA.10.2017.37-41

profissionalmente nas áreas de engenharia e arquitetura com seus resultados finais, momento em que conseguimos analisar a influência do uso desta ferramenta de trabalho no resultado final do projeto.

Atualmente, o uso de croquis por profissionais está em fase menor em relação aos anos iniciais da informática. Fato este comprovado pelo termo Skecthbook (cujo significado é caderno de esboços), que caiu em desuso. Portanto, outro objetivo importante da pesquisa é disseminar e fomentar o uso da ferramenta croquis.

II. REVISÃO DA LITERATURA De acordo com Herbert, 1992 [3] “o pensamento é

inseparável de seu meio de expressão.” Isto quer dizer, é impossível registrar nossas ideias sem uma ferramenta que as traduzam, ou as interpretam. Corroborando o pensando de Herbert e Vieira, 2013 [7] acrescenta que “muitos estudantes apresentam dificuldades em lidar com as incertezas do processo criativo quando procuram expressar suas ideias através do desenho e da representação gráfica”. Assim, os croquis podem ser utilizados para expressar os nossos pensamentos e, concomitantemente, auxiliar o projetista com as incertezas no projeto.

Oxman, 1994 [6] salienta que “o processo de seleção de ideias relevantes advindas de projetos anteriores é chamado de projeto baseado em precedentes, os quais podem ser armazenados e recuperados na memória”. Com isso, os croquis também são ferramentas que auxiliam a discernir as boas ideias e guardá-las de acordo com a necessidade do projeto.

Compreende-se, portanto, que o projeto é formulado e pensado através de experiências passadas, onde se procura adaptar soluções antes usadas em outros projetos para o problema atual. Nesse processo de formação e amoldamento de ideias, os croquis se revelam extremamente importantes, facilitando na concretização e organização dos nossos pensamentos.

O croqui é uma forma particularmente poderosa de pensar, que permite expressar, sem escala nem instrumentos, múltiplas ideias, sem clareza nem definição. Conforme Florio, 2010 [2] esse vaguear do pensamento é registrado por esse tipo particular de desenho inicial, sem pretensões de acerto. É importante notar como essas tentativas pulsantes auxiliam na procura de algo sem ainda que se tenha um objetivo claro e preciso.

O pensamento é registrado por esse tipo particular de desenho inicial, sem rigor ou busca de acertar. Essas tentativas notórias que auxiliam na procura de algo, sem ainda que se tenha um objetivo claro e preciso, apesar de parecerem irrelevantes, representam a origem de todo o processo cognitivo, que aos poucos vai se delimitando e assumindo formas mais precisas. Com isso, atentamos que os croquis nos fazem inovar, criar, viajar em mundo incerto em que nada ainda é resolvido, conforme mostra a Figura 01 de Le Corbusier. É neste momento, em que a criatividade e a

capacidade do profissional projetista em resolver problemas novos devem aflorar. Não estamos falando de intuição e sim de tentativas de expressar um pensamento, uma ideia.

FIG. 1. CROQUI DO ARQUITETO LE CORBOSIER

Fonte: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/01.001/3271

Em análise a Figura 01, observa-se que os traços realizados na execução deste desenho são irregulares. Isto é, não houve preocupações com a retilinearidade dos traços, uma vez que os croquis não possuem vínculo algum com normas técnicas.

FIG. 2. CROQUI DO PALÁCIO DO PLANALTO EM BRASILIA – BRASIL.

Fonte: https://www2.congressonacional.leg.br/visite/arquitetura

Através da Figura 02, é possível salientar que os croquis, além de otimizarem nossos projetos, também podem chegar bem próximo dos resultados finais, o que facilita a execução formal do projeto após a fase inicial.

FIG. 3. RELAÇÃO CROQUI / CONSTRUÇÃO DO MASP EM S~ÇAO PAULO –

BRASIL. Fonte: http://diariodearquiteto.blogspot.com.br/2012/10/croqui-masp.html

Conforme mostra a Figura 03, percebe-se com clareza a relação entre o croqui e o projeto acabado. Na ocasião, vemos

© 2017 WCCA

X World Congress on Communication and Arts 38

April 23-26, 2017, Salvador, BRAZIL

o croqui do MASP-SP1 e a sua construção já efetuada. São nítidas as semelhanças entre o desenho e o real.

Os croquis são essenciais para o desenvolvimento da fase inicial de projeto. Com isso, a utilização de softwares e o abandono dessas ferramentas de trabalho pode trazer inúmeros problemas. De acordo com Martino, 2007 [4] a evolução dos desenhos, partindo dos esboços sem qualquer rigor técnico até os softwares atuais, altamente precisos, causou a perda do vínculo com a realidade, devido ao maior grau de abstração, já que o espaço antes reservado a imaginação humana, atualmente é ocupado pela tecnologia, materializada na forma de programas que se destinam a essa finalidade.

Assim, ao utilizarmos com frequência meios computadorizados para efetuar nossos projetos, acabamos nos desligando da realidade e deixando tudo muito automatizado, até mesmo nossas ideias. E, como consequência, são esquecidas nossas aptidões e conhecimentos sobre os procedimentos de confecção do projeto.

Segundo Neves, 1999 [5] para que possamos utilizar a tecnologia a nosso favor devemos incorporar em nossos projetos os procedimentos informatizados, sem, no entanto, perdermos a ligação com o que estamos desenvolvendo, para que o fator humano, tão relevante, não perca espaço para o mecanicismo que assola a nossa sociedade. Reiterando nosso pensamento, salienta a necessidade de ponderarmos e refletirmos sobre a utilização dos meios tecnológicos. Com isso, conseguimos atrelar em um único trabalho a imaginação do engenheiro ou do arquiteto com a utilização de instrumentos que facilitem o seu desenvolvimento, aumentando a qualidade do projeto final e a velocidade de sua elaboração.

FIG. 4. PERSPECTIVA COMPUTADORIZADA EM 3D.

Fonte: http://arquitetablog.blogspot.com.br/2013/03/

De fato, a utilização de computadores não deve ser abandonada, principalmente nas finalizações dos projetos arquitetônicos, em que as tecnologias dos softwares muito nos assessora nas apresentações de projetos. Como mostra a Figura 04, o potencial destes instrumentos é extraordinário, chegando até mesmo próximo a fotografia. O uso dos softwares e afins nos traz uma gama de possibilidades muito

1 Museu de Arte Moderna de São Paulo – Assis Chateaubriand. Fonte: <http://masp.art.br/masp2010/>

elevada, e pode ser extremamente importante em alguns aspectos. Por exemplo, desenhos de alto desempenho e vislumbrantes, para encantar os clientes de um profissional da área, e isso pode ser mercadologicamente muito satisfatório.

III. METODOLOGIA Para o alcance do objetivo proposto foi necessário

estabelecer um diálogo mais próximo com os alunos do Curso de Engenharia Civil e Arquitetura. Conforme Bauer e Gaskel, 2002[1] tal procedimento é natural da pesquisa construída a partir de um viés qualitativo, já que essa categoria de investigação objetiva a “compreensão e a capacidade de ver através dos olhos daqueles que estão sendo pesquisados”.

Para tanto, foram entrevistados, a partir de um questionário semiestruturado, com perguntas abertas, oito alunos regularmente matriculados nos cursos de Engenharia Civil e Arquitetura da UNESP – Campus de Bauru – SP, no intuito de compreender o papel atual e a frequência de utilização dos croquis.

Dos oito alunos entrevistados, foram selecionados aleatoriamente apenas quatro alunos.

Após a realização das entrevistas foi feita a análise de conteúdo, o que constituí o corpus principal desta pesquisa, cuja interpretação permitiu a abordagem de questões importantes relacionadas ao tema.

IV. DESENVOLVIMENTO No decorrer do presente estudo, verificou-se que a

utilização dos croquis e esboços em fases iniciais do projeto é intensa na vida dos estudantes entrevistados. Além disso, a partir de seus relatos, pudemos notar que os croquis de concepção possuem grande influência no projeto acabado e os ajudam em momentos de falta de criatividade, isto é, momentos em que o projeto não progride e as ideias travam. Isso é preocupante, pois podemos ter projetos muitos parecidos e quase cópias um do outro.

O interesse por este assunto veio da crescente motivação no uso de softwares e ferramentas que auxiliam na rapidez no projeto e acabam atropelando algumas etapas deste. Ou seja, a velocidade com a qual se pode desenhar e efetuar um projeto com uso de softwares acaba eliminando etapas iniciais, mas não menos importantes, de um projeto, tais como a execução dos croquis de concepção. Isto implica em um projeto mais simples, e dependendo da ocasião, menos elaborado.

Além disso, ao facilitar as etapas de construção do projeto, os softwares acabam eliminando o aprendizado de conceitos implícitos no projeto, já que eles trazem prontas as ferramentas que resumem muitos procedimentos.

Com o desenvolvimento da pesquisa sobre o assunto, novos conceitos e aplicações foram descobertas. Os croquis são muito mais do que apenas uma ferramenta que pode nos ajudar a pensar melhor sobre o projeto, eles possuem muitas outras funções importantes, as quais, muitas vezes, não são tão explícitas. Armazenamento e organização de informações da

© 2017 WCCA

X World Congress on Communication and Arts 39

April 23-26, 2017, Salvador, BRAZIL

nossa imaginação, meio de linguagem entre profissionais da área, concretização dos pensamentos, rapidez e despreocupação com detalhes, essas são características dos croquis de concepção que passam despercebidas por projetistas. Ao ignorar as qualidades e efetuar um projeto pulando as etapas de elaboração de um esboço ou croqui, o profissional esbarra em problemas como: opções limitadas no projeto, desorganização e dificuldades com o estímulo da imaginação e até mesmo travamento para continuar o projeto.

V. DISCUSSÕES E RESULTADOS

Depois de analisarmos as entrevistas, destacamos trechos relevantes, os quais foram transcritos abaixo, conforme mostra a tabela 01.

TABELA I. RESULTADOS DOS QUESTIONÁRIOS APLICADOS EM ALUNOS DOS CURSOS DE ENGENHARIA CIVIL E ARQUITETURA.

Pode-se observar que os alunos entrevistados reconhecem a devida importância dos croquis e esboços, mesmo que os alunos não tenham conhecimento de todos os benefícios e funções dos croquis. É frequente a utilização desta ferramenta por estes alunos e, segundo eles, o projeto sai de forma mais limpa e fluída, é um facilitar. Todavia, é fato que os softwares e afins tem diminuído o uso dos croquis em projetos arquitetônicos. Como foi dito e confirmado pelos alunos, os projetos finais possuem muitas semelhanças com os croquis, uma vez que estes são o ponto de partida para a confecção e desenvolvimento de um projeto.

Outro aspecto que os alunos concordaram foi na existência de momentos em que a nossa imaginação sofre um pane, isto é, momentos em que não possuímos saídas para o projeto, e este fica estagnado. Por proporcionar uma visão ampla do projeto, os croquis se tornam uma ótima saída para minimizar este problema.

VI. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os objetivos iniciais desta pesquisa foram analisar a forma com que os croquis e esboços interferem nos projetos arquitetônicos e os processos cognitivos envolvidos, principalmente nas fases iniciais de projeto. Com o desenvolvimento deste projeto, muitas descobertas foram feitas acerca das qualidades, funções e benefícios dos croquis e malefícios da utilização exacerbada de softwares na execução dos projetos. Logo, ultrapassou-se a expectativa de que o croqui era apenas importante para organizar melhor o projeto. Esta ferramenta é imprescindível para a confecção de um projeto completo e bem resolvido. Até mesmo para expressar alguns detalhamentos.

Quanto as entrevistas, todas as respostas estavam de acordo com o que foi pensado e elaborado neste artigo, exceto pela frequência de utilização dos croquis. Como foi dito, o desenvolvimento da tecnologia vem acatando uma diminuição na utilização dos croquis e esboços. Entretanto, nas entrevistas, a maioria dos alunos respondeu que sempre ou quase sempre utiliza a ferramenta para iniciar um projeto arquitetônico. Os rabiscos ajudam a raciocinar melhor.

Outro fato importante acerca do tema é que os autores são praticamente unanimes na discussão do tema: os croquis são extremamente importantes e devem ser utilizados sempre que necessário. O que podemos diferenciar entre os autores é a forma com que estes explicitam tal importância e como os croquis influenciam no projetista. Portanto, de maneira geral, os objetivos previstos para esta pesquisa foram alcançados com êxito na maioria dos pontos.

REFERENCIAS

[1] BAUER,M. W; GASKELL, G. Pesquisa qualitativa em texto, imageme som. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2002.

[2] FLORIO, Wilson. Croquis de concepção no processo de projeto emArquitetura. v.8, nº3. São Paulo: Exacta, p.373-383, 2010.

[3] HERBERT, D. M. Graphic processes in architecturalstudydrawings.JournalArchitecturalEducation, v. 46, n. 1, p. 28-39, 1992.

[4] MARTINO, Jarryer Andrade de. A importância do croqui diante dasnovas tecnologias no processo criativo / Jarryer Andrade de Martino,2007. 83 f.

[5] NEVES, A. F.; GIUNTA, M. A.; NASCIMENTO, R. A. Geração eorganização da forma: alternativa para o desenho geométrico.RevistaEducaçãoGráfica, Bauru, v.3, n.3, p.53-62, 1999.

[6] OXMAN, Rivka. Precedents in design: a computational model forthe organization of precedent knowledge.Design Studies, v. 15, n.2, p. 141-157, 1994.

[7] VIEIRA, Marcos Sardá. Tempo de representação e processo deaprendizado em Arquitetura. In: XXI Simpósio Nacional de GeometriaDescritiva e Desenho Técnico. In: X Internacional Conference onGraphics Engineering for Arts and Design. Expressão Gráfica -Tecnologia e Arte para Inovação. Florianópolis: Graphica, 2013.

© 2017 WCCAX World Congress on Communication and Arts

40

April 23-26, 2017, Salvador, BRAZIL

© 2017 WCCAX World Congress on Communication and Arts

41

April 23-26, 2017, Salvador, BRAZIL