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A INTRANET “Versus” INTERNET e a implementação de uma rede “Multimedia” (integração de serviços de dados, imagem, voz e fax). 1 F. Gonçalves 1996 - Estudo sobre a implementação de uma rede Multimedia

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Page 1: Estudo sobre-internet-generali-1996

A INTRANET “Versus” INTERNET

e

a implementação de uma rede “Multimedia”

(integração de serviços de dados, imagem, voz e fax).

Todos os direitos reservados para Francisco GonçalvesConsultor de Telecomunicações (1996) © e ISIWARE (1998) ©

1 F. Gonçalves 1996 - Estudo sobre a implementação de uma rede Multimedia

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INDÍCE

A Convergência de tecnologias

Crescimento da INTERNET

Os Browsers - uma janela para a informação

O crescimento explosivo das INTRANETS

O novo paradigma da Informação

A IMPLEMENTAÇÂO DE UMA INTRANET Nas EMPRESAS

OS ASPECTOS DE SEGURANÇA

Aplicações que poderão ser implementadas numa INTRANET

Aplicações de telefonia e CTI (Computer Telephony Integration).

Computer Telephony Integration (CTI)

Aplicações de Discussão de Grupos e Video-Conferência

Novas tecnologias de integração de Fax na INTERNET

Conclusão e considerações finais.

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A INTRANET - A implementação de uma rede “Multimedia””

A Convergência de tecnologias

Não subsistem dúvidas, principalmente na indústria de computadores, de as várias tecnologias envolvidas no transporte de diferentes tipo de informação serão num futuro mais ou menos próximo, consolidadas num só meio, fenómeno estes referido como convergência Multimedia.Audio, Video e Dados poderão ser enviados sobre a mesma rede, com total integração de serviços.Uma das tecnologias que têm vindo a produzir um enorme ímpeto no sentido da convergência, é a INTERNET.

Crescimento da INTERNET

Durante a década passada o crescimento da Internet processou-se de forma explosiva. Em 1986 existiam 5,000 computadores conectados. Por volta de 1991 este número ascendeu a 500,000 sistemas. Nos nossos dias, estarão interligados mais de 10 milhões e a expansão não dá mostras de abrandar. Previsões apontam para 100 milhões de computadores interligados em 1999 (Fig. 1.).

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Aplicações Multimedia para a INTERNET florescem rápidamente, Hoje existe software, devidamente testado e em constante evolução, que permite a comunicação de voz em tempo real entre PC´s standard. Servidores conectados á rede permitem difundir programas de rádio, através das várias estações, que pelo mundo inteiro, já utilizam este meio de propagação dos seus programas. Também aplicações de videoconferência e de “groupware” estão disponíveis, de acordo com os standards emergentes. Ainda aplicações de Fax, e telefonia e respectivos “gateways”, permitindo interligar os equipamentos de tecnologias tradicionais (Equipamentos de Fax e PBX), com os sistemas de fax e aplicações de voz conectados á INTERNET, são já uma realidade, permitindo implementar todo um conjunto de novas facilidades, através do uso de tecnologia digital.De referir que todas estas tecnologias estão a ser objecto de standardização, permitindo num futuro próximo, a interoperacionalidade entre produtos/soluções de diferentes fabricantes.

Por seu lado a WEB (World Wide Web - WWW) tornou-se rápidamente num sistema global de informação, à escala mundial, que está continuamente a acelerar a interacção de diferentes culturas e a produzir enormes alterações ao nível das sociedades; mas mais importante ainda é a forma como a WEB está a moldar a forma de efectuar negócios. Por sua vez a confluência da INTERNET e da WEB permitiram criar aquilo a que se poderá chamar “um espaço de informação infinito onde se poderá navegar através das técnicas mais evoluidas em interfaces homem-máquina”, os populares Browsers.

Novas aplicações para as tecnologias da INTERNET e WEB, como os sistemas de gestão de informação empresariais e computação distribuida, estão a ser disponibilizadas a um ritmo cada vez mais veloz.Estes novos conceitos em sistemas de informação globais são designados por INTRANETS e representam o inicio de uma nova era na comunicação, gestão e tratamento da informação nas Organizações, e o nascimento de um novo paradigma nos dominios das tecnologias de computação.

Os Browsers - uma janela para a informação

De forma similar, a explosão de informação disponivel na rede, conduziu muito rápidamente ao aparecimento da tecnologia de “browsers”, para uma variedade de plataformas. Cada vez mais a informação é obtida e partilhada através de browsers com enormes potencialidades gráficas e capacidades de manuseamento de texto, som e imagem.Á medida que o Microsoft Windows se foi posicionando como um interface gráfico universal para todas as aplicações residentes em sistemas WINTEL (Windows/Intel), os browsers tornaran-se o interface por excelência para o manuseamento de todo o tipo de informação, independentemente de esta existir na rede da empresa (INTRANET), ou na rede INTERNET.

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Deste modo os servidores WEB surgem como os HOSTS ou coordenadores para todos estes tipos de informação acessivel aos utilizadores.Através de HTML (Hyper Text Transfer Protocol) e de variado software, tanto Servers de bases de dados com SQL, Servers de Real Audio, Servers de videoconferência, ou software de conferência e discussões de grupo, providenciam através de centenas de milhares de WEB servers, mecanismos de “point&Click” para o acesso a uma infindável e variada quantidade de informação e recursos disponiveis na INTERNET.

O crescimento explosivo das INTRANETS

Com as Organizações sob tremenda pressão no sentido de um maior e melhor acesso á informação e recursos, a INTRANET providencia uma plataforma de comunicações altamente efectiva. Uma rede INTRANET básica poderá ser implementada em horas ou dias e poderá servir como um “ponto de informação” para toda a estrutura da Empresa, as suas Delegações, parceiros de negócios, fornecedores e Clientes.

As INTRANETS representam para as empresas um novo modelo para a gestão e exploração de informação e computação distribuida, oferecendo um modelo simplista mas potente e robusto na implementação de processamento através de tecnologias Cliente-Servidor.

A INTRANET oferece as seguintes vantagens aplicacionais:

Implementação extremamente rápida, quando comparada com aplicações tradicionais

Tecnologia escalar (pode iniciar-se com um modelo de pequena dimensão, ampliar de acordo com as necessidades e novos requisitos).

Fácil pesquisa através de páginas principais e ligações á informação respectiva (conceito de Navigator Browsers).

Pode fácilmente integrar a estratégia de computação distribuida, localizando servidores Web próximo dos seus autores.

Fácil ligação a outras fontes de informação, como bases de dados, documentos de processamento de texto, bases de dados de “groupware, etc.

Suporte de uma variedade de tipos de média (Audio, video, aplicações interactivas, etc).

Alguns dos benefícios na implementação de tecnologias Internet e Web :

Investimentos relativamente moderados em tecnologias baseadas em standards de mercado e/ou emergentes.

Plataformas independentes de sistemas operativos. Não introduzem muito mais complexidade no ambiente de computação

existente. São baseadas em tecnologias standards para sistemas abertos.

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Dispõem de completa portabilidade e flexibilidade no crescimento.

Um novo paradigma da Informação

As INTRANETS implementam a filosofia dos Browsers, os quais rápidamente se tornaram no interface universal para acesso á informação.Todos os dias novos Utilizadores ganham acesso á informação, nos seus locais de trabalho, ou nos seus lares, através da tecnologia de Browsers.A crescente utilização deste tipo de interfaces representa um novo paradigma na distribuição da informação, e de forma inequivoca muitas Organizações estão a adoptar esta nova tecnologia, que tem vindo a flexibilizar a convergência de tecnologias de Voz, Imagem e Dados, permitindo dispôr de capacidades “Multimedia”, ao nivel dos “Clients”, com enormes vantagens na rapidez de implementação e a custos quase sem significado “versus” as suas potencialidades.

A IMPLEMENTAÇÂO DE UMA INTRANET

Dispondo de uma infraestrutura de rede TCP/IP já consolidada, será de todo aconselhável a implementação de projectos piloto, utilizando as tecnologias INTERNET/WEB.

A criação de um INTRANET, permitirá maximizar a distribuição da informação com rapidez e eficiência, abrindo a possibilidade de implementar novas formas de comunicação entre toda a Empresa, com parceiros de negócios, Fornecedores e principalmente com os seus Clientes.

Para que tal seja possivel será absolutamente necessário que a rede TCP/IP já implementada disponha de um ponto de acesso á rede INTERNET, através de um meio físico adequado de conexão ao operador que venha a fornecer este serviço.Também estritamente necessário será a implementação de mecanismos de “firewall” no ponto de acesso á INTERNET, de molde a garantir a segurança da rede, contra intrusões indesejadas ou outras formas que possam comprometer a segurança da mesma.

Os aspectos de segurança

A segurança poderá ser definida, quer entre a INTERNET e a rede da Empresa, ou mesmo internamente, como a melhor forma de providenciar o acesso apropriado aos Colaboradores da Empresa á informação certa, ao mesmo tempo que se bloqueia o acesso a todos os outros, que não lhe estão autorizados.Os servidores de WEB permitem configurações baseadas no conceito de utilizador/grupo, permitindo igualmente a restrição do acesso a páginas de informação apenas a determinados endereços de IP (a que corresponde um utilizador catalogado na rede).

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Outros mecanismos de segurança poderão ser adopados como filtros ao nível dos vários protocolos envolvidos na rede TCP/IP e respectiva encriptação, de acordo com algoritmos altamente seguros.

Também já estão disponíveis nos principais servidores WEB, mecanismos designados por SSL (Secure Socket Layer) que asseguram a encriptação entre o servidor e o browser, codificando as mensagens que fluem entre a componente Servidor e Cliente, impedindo a intercepção do seu conteúdo.

Para transacções financeiras já existem standards designados por SET (Secure Electronic Transactions), tornando as transacções seguras, permitindo explorar novas formas de efectuar negócios na INTERNET e INTRANETS.

Em resumo, vários são os mecanismos que poderão ser adoptados aos vários níveis do protocolo TCP/IP e aplicacional, tornando completamente segura, nos dias de hoje, uma rede INTRANET “aberta ao mundo da Internet”, colhendo todos os benefícios que daí advêm.

No entanto, será adequado efectuar estudos o mais completos possiveis sobre os mecanismos que deverão efectivamente ser adoptados, e à medida que novas aplicações e tecnologias vão sendo implementadas.

Aplicações que poderão ser implementadas numa INTRANET

Muitas e variadas são as aplicações disponíveis para implementar sobre INTRANETS, usando as tecnologias da INTERNET.

Para além dos custos relativamente baixos associados a este tipo de aplicações, principalmente devido ao seu uso generalizado, estas têm outro importante atractivo que é, para além do seu potencial, a garantia de produtos testados por muitas centenas de milhares de utilizadores activos, através de sucessivos “downloads” e demos, e de uma politica de “feedback” de “bugs” e sugestões de melhoramentos que os fabricantes implementam continuamente. Desta forma surgem todos os dias novas versões dos mesmo produtos, acrescentando facilidades e segurança, a custos bastante reduzidos, quando comparados com aplicações tradicionais, baseados em plataformas mais ou menos proprietárias.

Assim, de entre vasto leque de aplicações, julgamos adequado sugerir a implementação faseadas das seguintes funcionalidades :

HTTP Browsers e Servidores WEB HTML Authoring Tools Teleconferência Internet e Video-Conferência Aplicações de telefonia (Computer Telephony Integration) Internet Fax integration

Todas estas funcionalidades atrás mencionadas poderão ser implementadas em servidores, principalmente Windows NT e/ou UNIX, já que é para estas plataformas que existe disponível uma maior gama de soluções.

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Também para os “Clients” (postos de trabalho integrados nas redes locais), consideramos que a adopção da tecnologia de browsers traz importantes benefícios, já que permite introduzir um interface comum com o Utilizador, integração com o sistema de E-Mail, e até a eventual adopção de plataforma de Voz sobre TCP/IP, numa INTRANET (o que mais à frente desenvolveremos).

Aplicações de “White-Boards”, Sistemas de Conferência e outras de “colaborative working tools”, poderão ser adoptadas de acordo com exigências especificas de grupos de trabalho. A adopção de um determinado produto, requer no entanto estudos mais aprofundados, já que a sua implementação requer o apoio incondicional dos seus Utilizadores, suporte sem o qual, qualquer projecto deste âmbito irá indubitávelmente fracassar (Projecto FS - Further Study).

Na mesma situação estarão aplicações de Video-Conferência sobre sistemas de computadores e aplicações vocais. Aqui, julgamos adequado efectuar testes exaustivos com produtos Beta disponíveis, antes de se tomar qualquer orientação estratégica no sentido de implementação de uma qualquer tecnologia (Beta Tests / Further Study requirements).

As aplicações Internet e WEB face aos standards emergentes

Para além dos standards já aprovados para sistemas the videotelefones e videoconferência para Banda Larga (futuro Broadband ISDN c/ transporte s/ ATM -Asyncronous Transfer Mode), o ITU-T (International Telecommunications Union) ratificou recentemente novos algoritmos para codificação de voz/áudio e video, através de variadas Recomendações. Um “coder” de 8 Kbits/s (Recomendação G.729) está disponível para aplicações de telefones celulares, redes TCP/IP, etc.

Estão também já normalizadas as comunicações para redes “low-bit rate Multimedia” sobre linhas telefónicas comutadas e Intranets. Um exemplo é a normalização H.324, recomendação genérica que descreve um terminal usando modems V.34 (28.8 Kbits/s ou 33.6 Kbits/s), os quais poderão transportar voz em tempo-real, dados e video. Este tipo de dispositivos pode ser integrado em Computadores Pessoais ou equipamentos “stand-alone”, tipo NC (Network Computer), video-telefone, etc. A estrutura de multiplexagem e os protocolos que asseguram a transferência multimedia estão contidos nas recomendações H.223 e H.245, respectivamente. Também um codificador , operando a 5.3 e 6.3 Kbits/s é especificado na recomendação H.723, providenciando um máximo de flexibilidade na implementação de aplicações com maiores constrangimentos na largura de banda disponível. Os “gateways”, entre a rede telefónica e a INTERNET/INTRANETs, já existentes (que mais a frente serão focados), permitem suportar não só algoritmos proprietários, como o conjunto de standards já ratificados pelo ITU-T.

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Todas estas novas recomendações já aprovadas e outras em fase de aprovação, irão assegurar um completa interoperabilidade, principalmente entre sistemas de Voz/Áudio e Video, de diferentes Fabricantes, tornando realidade a exploração de aplicações multimedia, operando sobre redes que disponibilizam relativamente baixa largura de banda. Dispondo de sistemas standards, será também garantida a compatibilidade entre sistemas “low-bit rate” e aplicações que no futuro venham a explorar grandes débitos (Broad Band Applications), assegurando a protecção em investimentos já efectuados.

Aplicações de telefonia e CTI (Computer Telephony Integration).

Na década de 80, com a evolução das tecnologias de centrais telefónicas digitais, acreditava-se que estas seriam o modelo perfeito de integração Multimedia. A tal ponto que os principais Fabricantes destes equipamentos desenvolveram conceitos tão completos quanto confusos, com o objectivo de suportarem para além do tráfego de voz, as várias arquiteturas proprietárias e industry standard de transporte de dados (Ex. SNA da IBM, UNISCOPE da UNISYS, TCP/IP, Async, etc.Sendo as Centrais telefónicas digitais um modelo desenvolvido a partir de conceitos analógicos de transmissão de dados, muitos e variados foram as razões que levaram os principais Fabricantes destas tecnologias, a abandonar a filosofia de integração das arquiteturas de processamento e transporte de dados.

Surgiram no entanto no final dos anos 80, conceitos híbridos, derivados de tecnologias já usadas na década de 60 como o TDM (Time-Division Multiplexing), que vieram a permitir uma maior racionalização de circuitos, através da sua divisão em tempo, permitindo o transporte em simulâneo de aplicações de Voz e Dados. Esta tecnologia servia perfeitamente os Operadores de Telecomunicações , que com as suas infraestrutura gigantescas, obtinham um melhor aproveitamento dos seus circuitos fisícos. Esta tecnologia deu origem aos equipamentos, denominados por Multiplexers de voz e dados, que do TDM vieram a evoluir para o suporte de multiplexagem estatistica e posteriormente (no ínicio da década de 90), com o desenvolvimento do protocolo Frame-Relay, a sua adopção deu origem à multiplexagem com alocação dinâmica da largura de banda.Apesar de enormes passos terem sido dados, nomeadamente nas capacidades de compressão de áudio e voz, canceladores de eco, “routing”, etc., garantindo uma grande maximização dos circuitos, quer para os Operadores de Telecomunicações (Telcos), quer ás Organizações que dispondo de infraestruturas próprias, implementavam redes integrando a voz e dados através da adopção de multiplexers de frame-relay.No entanto esta integração era “imperfeita”, já que esta obrigava à introdução de três tipos de tecnologias; As centrais telefónicas, vulgo designadas por PBX, os multiplexers de voz e os equipamentos de

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comunicação de dados. Todos eles implicando sistemas mais ou menos proprietários, obrigando a sistemas de gestão complexos ou até susceptiveis de não serem geridos por qualquer meio.

No entanto será justo afirmar que a evolução, no inicio de 90, para a multiplexagem da voz e dados sobre protocolo frame-relay, veio permitir o desenvolvimento de novas técnicas para a compressão de áudio em tempo real e reprodução no destino e principalmente a forma de lidar com atrasos provocados pela comutação em nós intermédios na rede (ver considerações sobre o transporte da voz sobre frame-relay público - Codisoft © 1996).Apesar dos benefícios que esta tecnologia permitia, os Telcos viram nela uma ameaça aos mecanismos de tarifação implementados, levando os utilizadores a desacreditarem este tipo de tecnologia. Talvez outra razão, em nosso entender, porque esta tecnologia não teve o impacto que poderia ter, é o facto de que a indústria de computadores não tinha conhecimentos de telefonia, e por sua vez os telcos e fabricantes não serem muito “literados “ em matérias de sistemas operativos e comunicação de dados. Aliás, só assim se compreende que estas duas indústrias tenham feito progressos enormes, em divórcio absoluto.

Só a Internet e a sua explosão quer em termos de popularidade, quer no tipo de serviços que tem vindo a propiciar, para a qual a melhor definição que encontramos “é a de que o caos também funciona”, veio pertmitir o desenvolvimento de tecnologias que deram origem á convergência multimedia, tal como já atrás descrito. Um tal nível de descentralização da informação, tal como ilustra a Fig. 1. deste documento, e a quantidade a que qualquer utilizador, tem acesso instantâneo, tem vindo a propiciar um autêntico laboratório “vivo” para a experimentação de novas tecnologias, permitindo o seu melhoramento continuado.

Com a Internet, e todos os serviços baseados em sistemas de computação distribuidos, foi possivel iniciar um processo de verdadeira convergência Multimedia, onde o computador passa a ser o verdadeiro protagonista da comunicação digital, seja ela a voz, áudio, video, imagem, dados, fax, ou outra. Também aqui os Telcos têm tentado desacreditar as novas tecnologias emergentes, embora sem muitos resultados práticos, a não ser aqueles a que face a uma não desregulamentação das telecomunicações, ainda podem lançar mão, que é o constrangimento ao tráfego que circula nos seus meios físicos.

Nos nossos dias, e á medida que novos desenvolvimentos têm lugar, nomeadamente novos “stacks” de protocolo IP, implementando técnicas mais sofisticadas para lidar com tráfego isócrono; isto é dados provenientes de aplicações que não podem sofrer atrasos iregulares ao longo da rede, está a tomar forma uma revolução completa na forma como podem ser implementadas as comunicações vocais, quer dentro de uma Organização, quer mesmo entre Organizações através da Net, e assegurando completa interoperabilidade com as redes tradicionais (redes telefónicas públicas e/ou privadas).

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As INTRANETs e a integração telefónica

Não estando uma rede privada de uma Organização constrangida, em termos de largura de banda disponível, consideramos que a implementação de aplicações de voz incorporando tecnologia Internet, isto é aplicações de voz sobre IP, poderá trazer consideráveis vantagens nos custos do projecto, com enorme impacto na gestão eficaz do tráfego, já que só um único protocolo de rede assegura o seu transporte. Tal como atrás descrito, todas estas tecnologias estão a ser objecto de estudo ou já são hoje standards.Aqui tal como para o acesso a outro tipo de informação, um “simples” browser poderáatravés da tecnologia de “plug-in´s” incorporar as funções de telefonia, tal como o suporte integrado de E-Mail, Discussões de grupo, Video Conferência, etc.

A compatibilização e a integração com o “velho mundo das redes telefónicas” poderá ser assegurado por “gateways” entre os pontos da Rede (Routers IP) e as respectivas Centrais telefónicas (PBX), tal como ilustra a Fig. 2.

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As vantagens/benefícios na adopção desta tecnologia são imensos, quando comparados com as tecnologias de multiplexers tradicionais, ou até de Frame-Relay, e são principalmente os seguintes:

Custos de implementação. Grau de obsolescência da solução. Conformantes com os standards já existentes ou em via de emergir

num futuro próximo. Relativamente pequeno investimento em sistemas de hardware

proprietário. Convergência Multimedia. Adopção integral da tecnologia de Browsers. Menores custos de manutenção de hardware. Adequada e mais simples gestão da rede (um único protocolo de

transporte, o TCP/IP). Completa conectividade INTRANET/INTERNET, com todas as vantagens

em termos de custos, na comunicação com Clientes, Fornecedores, Parceiros de negócios, etc.

No entanto a adopção destas tecnologias tem alguns inconvenientes, que se considerem minimos, quando comparados com os inegáveis benefícios. Os vários inconvenientes ou restrições, são principalemente:

Lançamento do projecto através de várias fases (nas quais são mandatórias a submissão a testes intensivos e “pilotos” em cada fase do projecto). Comparando com a solução técnica (por nós defendida até há menos de um ano atrás), baseada em Multiplexers estatisticos sobre Frame-Relay, estes após uma fase de avaliação e selecção, poderão imediatamente começar a ser implementados, sem que se incorra em riscos de grande monta.

Qualidade de voz “tool service”, à semelhança da que se tem nos sistemas integrados na rede GSM (vulgo telemóveis), ou até de melhor qualidade.

Grande capacidade de integração “in-house” ou de parceria exigindo vasto “know-how”, para levar a bom termo a implementação das diferentes tecnologias existentes, como Browser e respectivos Plug-in´s, hardware de suporte som, gateways com a rede telefónica convencional,software de servidor áudio, etc.

No entanto a implementação bem sucedida de um projecto com o grau de inovação tecnológica que a solução aqui defendida encerra, trará certamente enormes benefícios para uma Empresa, não só em termos de custos muito mais reduzidos, como na flexibilidades de todos os tipo de comunicações vocais e não vocais.Alia ainda uma enorme capacidade de introduzir inovações, á medida que estas vão sendo desenvolvidas, e sem que, mais uma vez, sejam requeridos grandes investimentos, ou tornar completamente obsoletos equipamentos, já que a solução tecnológica, encerra em si muito mais

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componentes de software baseados em standards e para plataformas abertas (UNIX , Microsoft NT, Windows 95 , Windows 3.x, etc).

Por último resta salientar a enorme versatilidade que este tipo de soluções incorpora no tocante a soluções móveis, como utilizadores remotos munidos de “Note-Books”, já que estes podem ser dotados de um simples hardware de som, e através da Internet e/ou INTRANET da empresa, poderão aceder a informação e estabelecer comunicação telefónica com qualquer ponto da rede, ou através dos “gateways” para a rede telefónica, comunicar com qualquer utilizador da rede telefónica analógica ou de outra qualquer infraestrutura digital, como a RDIS (Fig. 3.).

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Computer Telephony Integration (CTI)

Por CTI entende-se não só a capacidade de que temos vindo a falar, mas também novos serviços, como : Implementação de “mailboxes” de voz, para cada extensão telefónica Acesso remoto às “mailboxes” de voz, com total segurança, já que esta

se efectua através de mecanismos com protecção através de “passwords” de acesso.

Sistemas Interactive Voice Response, ou seja a capacidade de interagir com os sistema telefónico ou gateway (usando as teclas do próprio telefone), quer para obter acesso ás mailboxes de voz, ou para fornecer informação através de voz préviamente gravada.

Sistemas de controle de chamadas, como identificação de chamador (número telefónico e/ou endereço IP), data, hora e duração de cada chamada, estado de chamada, etc.

As aplicações CTI têm um vasto campo de aplicação, desde os sistemas de resposta automática, com possibilidade de interactividade através de tons ou impulsos, até sistemas completos de “call centers”, permitindo automatizar todas as funções telefónicas de uma Organização.A tecnologia de CTI está hoje presente em todos os dominios de actividade empresarial, nomeadamente na Banca, Seguros e Indústria, estimando-se a sua generalização. Segundo a empresa de estudos de mercado das telecomunicações DATAQUEST, prevê-se que de 1995 a 1998, este mercados venha a crescer 16-18 vezes (É ainda segundo aquela fonte, hoje um mercado a valer aprox. 93 milhões de dólares).

A CTI, sendo a integração entre as aplicações de telefonia tradicionais e os sistemas de computação digitais, surge sob a forma de “gateways” telefónicos suportando as mais variadas aplicações. Estes “gateways” são normalmente placas especializadas de processamento da tecnologia de telefonia, integradas num PC em ambiente de O/S UNIX, OS/2, Microsoft NT, Windows, etc.São normalmente plataformas abertas, que através de interfaces standards TAPI (Telephony Application Program Interface) e TSAPI, permitem a comunicação com os PBX (Centrais telefónias anaólicas e/ou digitais). (FS- Computer Telephony Applications).

Aplicações de Discussão de Grupos e Video-Conferência

Também pela adopção de tecnologias INTERNET, e face aos standards já ratificados pelo ITU-T, apresenta-se altamente atractiva a implementação de aplicações de Conferência de Grupo e Video-Conferência, baseadas em PC e Windows, sobre redes TCP/IP.

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Este tipo de aplicações , desenvolvidas para operar sobre o protocolo TCP/IP, suportam conferência “Person-to-Person”, de Grupo e até de grande audiência através de técnicas de “broadcasting” (difusão).Implementam ainda técnicas de gestão, recepção e difusão de informação de video e áudio. Não requerem em geral, hardware dispendioso nem placas CODEC (Codificadores/Descodificadores), e permitem operar a baixas taxas binárias, através de algoritmos proprietários e/ou standards.Estes produtos, muito embora não forneçam a melhor qualidade de video e áudio, quando comparados com sistemas mais sofisticados, garantem no entanto uma “ferramenta” para Conferência Áudio e Video, que fácilmente é justioficável, face ao seu baixo custo, facilidades de operação, pequenas exigências de largura de banda e principalmente porque se trata de produtos em constante evolução. Os “upgrades” e novas versões surgem a um grande ritmos, permitindo obter sempre novos benefícios a custos extremamente baixos.

Novas tecnologias de integração de Fax na INTERNET

As aplicações de Fax têm caracteristicas ideais para que o seu “transporte” se processe através da Internet. Os faxes, sendo simples imagens digitais, podem fácilmente ser enviadas através da Internet , sem que ocorra degradação na informação, com todas as possibilidades de encaminhamento.

Até aos dias de hoje, os Faxes têm vindo a ser transmitidos através da rede telefónica comutada, ou eventualmente, através de multiplexagem sobre um canal físico de dados, pela adopção de tecnologias proprietárias.Á excepção desta última metodologia, as chamadas são taxadas em tempo, incorrendo em grandes custos durante as horas normais de actividade.A mesma mensagem poderá ser entregue ao seu destinatário através da infraestrutura da Internet, com enorme redução de custo.A ideia de integrar o tráfego de fax em redes de computadores não é nova; aliás os multiplexors de voz, dados e fax, são disso uma evidência.O que irá revolucionar a tecnologia de fax, é a capacidade de os enviar internacionalmente, sem que se incorra em custos de chamadas de longa-distância.

Para ilustrar o que acabámos de descrever, consideremos o seguinte cenário. Uma Organização que necessita de enviar um Fax envolvendo uma chamada de longa distância, usando o seu Servidor de Faxes. Normalmente, o documento é enviado através da rede local para o Servidor de Fax, o qual por sua vez inicia uma chamada internacional para o número de fax destinatário. Este mesmo tipo de envio de mensagem de fax poderia ocorrer sobre a Internet, com a grande vantagem de não ter os custos elevados de uma chamada internacional. Neste caso , o servidor de fax, através de uma conexão Internet, iria contactar o “gateway” de fax remoto, mais próximo da estação de fax destinatário.

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O “gateway” de fax remoto iniciaria uma chamada local para proceder à entrega da respectiva mensagem de fax.Desta forma , todos os faxes poderão ser enviados ao seus destinatários, em qualquer ponto do globo, apenas com o custo de uma chamada local, tal como ilustra a Fig. 4.

Numa INTRANET, poderão ser implementados “gateways” de fax, permitindo o encaminhamento destes sobre a rede TCP/IP, sem incorrer em qualquer tipo de custos.Existindo uma completa integração INTRANET/INTERNET, poderão também constituir-se “gateways” de Fax, que garantem o envio de mensagens E-Mail directamente para equipamentos de Fax. São neste tipo de aplicações, suportados normalmente texto simples, ficheiros de TIFF e formatos conformantes MIME. Ainda com o rápido crescimento de utilizadores conectados à rede Internet (só em PORTUGAL a TELEPAC têm aprox. 30,000 acessos entre individuais e Empresas), este tipo de serviço torna-se cada vez mais atractivo e eficaz para as Empresas.

Outras aplicações de fax através da Internet, incluem a capacidade de distribuição de uma mensagem de Fax para vários recipientes ou destinatários, Servidores WEB com capacidades de aplicações de “Fax-on-Demmand”, etc.(FS - Tecnologias de Fax sobre Internet).

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Conclusão e considerações finais

Resumindo, a introdução de tecnologias beseadas na INTERNET, implementando uma INTRANET nas Empresas pode incrementar de forma rápida o fluxo e o valor da informação disponível. Os Utilizadores poderão ter acesso imediato a uma vasta variedade de informação, produzida por vários departamentos, desde documentos de processamento de texto, Bases de dados, Aplicações “GroupWare”, e muitos mais recursos, incluindo todo o tipo de aplicações Multimedia, que temos vindo a abordar ao longo deste estudo. Toda a informação tradicionalmente baseada em papel, poderá fácilmente ser distribuida electrónicamente, com todas a vantagens e benefícios inerentes, que atrás já abordámos.

O conceito da INTERNET e da WEB (WWW) derivou de um sistema totalmente aberto, o UNIX que permitiu o desenvolvimento das tecnologias de computação distribuida e todo o potencial de interligação em rede, garantindo o acesso generalizado á informação residente em bases de dados de grandes servidores. Num tal ambiente a localização das aplicações e a informação acessivel, tornam-se irrelevantes. Alguns, têm ultimamente vindo a argumentar que a WEB e as INTRANETS representam o regresso dos grandes Mainframes e do processamento partilhado.Consideramos, ao contrário, que o conceito subjacente à INTERNET e às tecnologias de WEB, e as plataformas abertas em que assentam, são talvez os dois mais importantes factores que levam à sua adopção por parte das Empresas.Orientada por uma poderosa combinação de “arquiteturas abertas” e elevados níveis de segurança, e determinada por acesso intuitivos às mais variadas formas de informação, as INTRANETS, permitem implementações com uma enorme relação custo/efectividade e flexibilidade na introdução de novas aplicações.

Segundo a IDC (Empresa de estudos de mercado de tecnologias de informação) prevê-se que em 1997, 80% dos servidores WEB sejam usados internamente, nas Organizações Empresariais.

Finalmente, as aplicações INTRANET podem (e devem) começar com pequenos projectos “piloto” e crescer gradualmente, segundo novas necessidades dos Utilizadores e respectivos Departamentos da Empresa, permitindo elevar os padrões de acesso à informação e de productividade, de forma a trazer reais vantagens competitivas para a uma dada Empresa, face à sua Concorrência.

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Author : Francisco Gonçalves Telecomms Consultant

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ITU-T - New standards for the Global Information Highway

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