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UNICID – UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO PROGRAMA DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO TERESINHA MINELLI TAVARES ESTUDO SOBRE A PARTICIPAÇÃO DOS EDUCADORES UNIVERSITÁRIOS NO PROGRAMA ESCOLA DA FAMÍLIA BOLSA UNIVERSIDADE SÃO PAULO 2012

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UNICID – UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

PROGRAMA DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO

TERESINHA MINELLI TAVARES

ESTUDO SOBRE A PARTICIPAÇÃO DOS EDUCADORES

UNIVERSITÁRIOS NO PROGRAMA ESCOLA DA FAMÍLIA

BOLSA UNIVERSIDADE

SÃO PAULO

2012

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TERESINHA MINELLI TAVARES

LINHA POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO

ESTUDO SOBRE A PARTICIPAÇÃO DOS EDUCADORES

UNIVERSITÁRIOS NO PROGRAMA ESCOLA DA FAMÍLIA

BOLSA UNIVERSIDADE

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Educação da Universidade Cidade de São Paulo, como requisito exigido para obtenção do título de Mestre, sob a orientação da Dra. Edileine Vieira Machado.

São Paulo

2012

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TERESINHA MINELLI TAVARES

LINHA POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO

ESTUDO SOBRE A PARTICIPAÇÃO DOS EDUCADORES

UNIVERSITÁRIOS NO PROGRAMA ESCOLA DA FAMÍLIA

BOLSA UNIVERSIDADE

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Educação da Universidade Cidade de São Paulo, como requisito exigido para obtenção do título de Mestre sob a orientação da Dra. Edileine Vieira Machado.

Área de Concentração: Data da Defesa:___/___/____ Resultado:___________________ Banca Examinadora: ___________________________ Nome: Orientadora Dra. Edileine Vieira Machado Instituição: Universidade Cidade de São Paulo ______________________________________ Nome: Dr. Jair Militão da Silva Instituição: Universidade Cidade de São Paulo _____________________________________ Nome: Dra. Carla Andrea Soares de Araujo Instituição: Centro Universitário da FEI

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha irmã Vaneide, pois sem sua colaboração e incentivo jamais chegaria até aqui. Tenho muito orgulho de tê-la como irmã. Você é, sem dúvida nenhuma, o melhor ser humano que já conheci;

A minha grande amiga Maria de Lurdes Galatti, que realizou este sonho, em um momento em que já não tinha mais esperança em realizá-lo;

A minha filha Laís Caroline, razão das minhas conquistas, o anjo que Deus me enviou para que pudesse ser guiada e tivesse forças para prosseguir em minha jornada! Obrigada filha por sempre entender minhas ausências.

A minha mãe Angelina Minelli, que foi o grande alicerce da minha vida, pois mesmo sozinha, ao passar por situações difíceis durante minha criação, soube ser o pai e a mãe, nas horas certas.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos os amigos que, de uma forma ou de outra, contribuíram para que

eu concluísse esta jornada com a qual sempre sonhei;

Em especial, a DEUS, meu amigo de todas as horas, meu pai celestial, pois sem ele

jamais chegaria até aqui! Ele é a prova concreta de que “Tudo podemos se temos fé

naquele que nos fortalece”;

A minha orientadora Edileine Vieira Machado, por acreditar na minha capacidade,

me incentivar nas horas de fraquezas e ainda por me mostrar que, como

professores, podemos trabalhar o lado do humanismo cristão, acreditando que todo

ser humano é capaz!;

Ao professor Jair Militão que, como um gentleman, sempre soube me conduzir para

um ensinamento sábio e humano;

À professora Carla Andréa, que me fez ver este estudo de forma diferente;

Às meninas da secretaria da pós-graduação, em especial, à Sheila, que sempre

esteve disposta a dar as explicações acerca do processo do mestrado, com muito

incentivo;

Ao prof. Luiz, por me orientar na tabulação dos resultados de forma calma e

prestativa;

Ao amigo José Norberto que, com muita paciência, me ajudou a relembrar como

executar os gráficos e como elaborar um sumário automático;

A minha amiga/irmã Virginia, por me incentivar a aceitar este desafio, sempre me

“colocando” para “cima”, nos momentos em que eu queria desistir;

Ao meu companheiro, pela compreensão nas minhas ausências, que foram muitas;

Ao educador profissional da Escola pesquisada, Sr. Vilson Celestino, pela sua

colaboração. Sem ele este estudo não seria possível;

À amiga Ângela, diretora e gestora do Programa da escola pesquisada, por abrir as

portas para este estudo e colaborar com sua rica experiência profissional;

A todos os profissionais da Escola pesquisada, que responderam à pesquisa

prontamente. E, em especial, aos educadores universitários.

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Além de agradecer peço, em minhas orações, a nosso pai, que sempre os protejam

e cubra a todos com seu manto sagrado!

A todos vocês desejo:

SAÚDE, SUCESSO E MUITAS FELICIDADES!

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PEGADAS NA AREIA

Uma noite eu tive um sonho...

Sonhei que estava andando na praia com o Senhor e no céu passavam cenas de minha

vida.

Para cada cena que passava, percebi que eram deixados dois pares de pegadas na areia:

um era meu e o outro do Senhor. Quando a última cena da minha vida passou diante de

nós, olhei para trás, para as pegadas na areia, e notei que muitas vezes, no caminho da

minha vida, havia apenas um par de pegadas na areia.

Notei também que isso aconteceu nos momentos mais difíceis e angustiantes da minha

vida.

Isso aborreceu-me deveras e perguntei então ao meu Senhor:

- Senhor, tu não me disseste que, tendo eu resolvido te seguir, tu andarias sempre comigo,

em todo o caminho?

Contudo, notei que durante as maiores tribulações do meu viver, havia apenas um par de

pegadas na areia.

Não compreendo por que nas horas em que eu mais necessitava de ti, tu me deixaste

sozinho.

O Senhor me respondeu:

- Meu querido filho.

Jamais te deixaria nas horas de prova e de sofrimento.

Quando viste na areia, apenas um par de pegadas, eram as minhas.

Foi exatamente aí, que te carreguei nos braços.

Mary Stevenson, a partir do texto original 1936

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"Deus nos fez perfeitos e não escolhe os capacitados, capacita os escolhidos. Fazer ou não fazer algo, só depende de nossa vontade e perseverança."

- Eu sei como ele conseguiu.

Todos perguntaram: - Pode nos dizer como? - É simples, respondeu Einstein. - Não havia ninguém ao seu redor, para lhe dizer que não seria capaz. Albert Einstein

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RESUMO

TAVARES, Teresinha Minelli. Estudo sobre a participação dos Educadores Universitários no Programa Escola da Família – Bolsa Universidade. São Paulo: Universidade Cidade de São Paulo - UNICID, 2012 (dissertação de Mestrado).

A presente pesquisa trata da temática inclusão social de universitários, tendo como objeto de estudo a participação dos alunos Universitários no Programa Escola da Família – Bolsa Universidade, em uma escola do Estado de São Paulo, no ano de 2010. O Programa Escola da Família foi desenvolvido pelo governo do Estado de São Paulo, em âmbito Estadual e Federal e teve sua aprovação através do decreto nº 48.871, no ano de 2004. A pesquisa tem como objetivo verificar se o fato de os alunos universitários bolsistas trabalharem a semana toda e ainda terem de participar das atividades desenvolvidas, aos finais de semana, no Programa Escola da Família – Bolsa Universidade interfere ou não na convivência com seus amigos e familiares. A hipótese baseia-se no fato de que o Programa promove a inserção dos alunos universitários nas IES. No entanto, ao inseri-los nos cursos de graduação, interfere na convivência com seus amigos e familiares. Nesse sentido, o problema da pesquisa diz respeito à seguinte questão: Trabalhar todos os dias durante a semana e doze horas , aos finais de semana, pode levar o ser humano a se afastar de seus familiares, amigos e de suas atividades rotineiras? Assim, para realização deste estudo foi necessário desenvolver uma pesquisa bibliográfica com autores renomados da área, tais como: Castel (2008), Costa (2008), Lauand (1987), Martins (1997, 2003), Silva (2000, 2011), a Doutrina social da Igreja Católica (2011), dentre outros; uma pesquisa de campo realizada em uma Escola Estadual, no Estado de São Paulo, descrevendo qual foi a participação dos alunos universitários contemplados com o programa, visando obter, detalhadamente, a participação de cada educador universitário no mesmo. A coleta de dados foi realizada mediante dois questionários: um destinado aos alunos universitários envolvidos no Programa Escola da Família – Bolsa Universidade, contendo onze questões; o outro destinado aos profissionais participantes do Programa Escola da Família – Bolsa Universidade, contendo cinco questões. Ainda realizou-se uma entrevista com o Educador Profissional e a gestora do Programa Escola da Família, a fim de averiguar a opinião dos mesmos acerca das mudanças ocorridas no Programa. Diante dos resultados, chegou-se à conclusão de que, apesar do programa interferir na convivência dos educadores Universitários com seus amigos e familiares, ele promove influências positivas, na vida profissional dos participantes, e está conduzindo-os à vida cidadã. Palavras-Chave: Políticas Públicas de Educação; Inclusão Social; Escola da

Família.

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ABSTRACT

TAVARES. Teresinha Minelli. Study on the participation of University Teachers in Family School Program – University Scholarship. São Paulo: University Cidade de São Paulo - UNICID, 2012 (Master's thesis).

This research deals with the themes of social inclusion of university students, having as object of study the students' participation in the College Family School Program - a University scholarship in a School of São Paulo, in 2010. The Family School Program was developed by the state government of São Paulo state and federal in scope. It had its approval by decree N° 48,871, in 2004. As a goal, we have to check rather the fact of university students Fellows work all week and have yet to participate in activities on weekends in Family School Program – the Scholarship University interferes in their interaction with their friends and family. We work with the hypothesis that the program promotes the integration of college students in IES. However, when you insert them in undergraduate courses, this interferes in living with their friends and family. In this sense, the research problem concerns the following question: Working every day during the week and twelve hours on weekends, can lead the human being to get away from their families, friends and their daily activities? For this study it was necessary to develop a literature search of the area with renowned authors such as Castel (2008), Costa (2008), Lauand (1987), Martins (1997, 2003), Silva (2000, 2011), the Catholic Church Social Doctrine (2011), among others, and a field research conducted in a State School in the state of São Paulo, describing what was the participation of university students referred to the program in order to obtain accurately feedback on the participation of every university educator in the mentioned study. The Data collection was conducted through two questionnaires: one for the university students involved in the Family School Program - University Scholarship, containing eleven questions, another for practitioners participating in the Family School Program - University Scholarship containing five questions. Still, held an interview with the manager and the Professional Educator of the Family School Program to ascertain the views of those on the changes in the program. Considering the results, the reached conclusion was that although the program interferes with the University of educators related to their friends and family, it promotes positive influences professional career and it is leading them into civic life as citizens. Keywords: Public Education Policy; Social Inclusion; Family School.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Profissionais da Escola..................................................................78

Tabela 2 – Educadores Universitários.............................................................84

LISTA DE GRÁFICOS – APÊNDICE A – PESQUISA DE CAMPO ESCOLA

Gráfico 1 – Ações da Escola para divulgação do Programa............................ .79

Gráfico 2 – Eficácia das ações...........................................................................80

Gráfico 3 – Participação dos Educadores Universitários...................................81

Gráfico 4 – Regras sobre as horas do Programa............................................. 82

LISTA DE GRÁFICOS – APÊNDICE B – PESQUISA DE CAMPO EDUCADORES

UNIVERSITÁRIOS – QUESTÕES PRELIMINARES

Gráfico 1 – Idade dos Educadores Universitários.............................................86

Gráfico 2 – Estado Civil dos Educadores Universitários...................................86

Gráfico 3 – Trabalho..........................................................................................87

Gráfico 4 – Jornada de Trabalho .....................................................................87

Gráfico 5 – Curso dos Educadores Universitários.............................................88

Gráfico 6 – Semestres cursados pelos Educadores Universitários...................89

Gráfico 7 – Período de Estudo .........................................................................89

Gráfico 8 – Universidade/Faculdade de origem................................................90

Gráfico 9 – Ano de Ingresso no Programa........................................................91

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LISTA DE GRÁFICOS – APÊNDICE B – PESQUISA DE CAMPO EDUCADORES UNIVERSITÁRIOS - QUESTÕES ESPECÍFICAS SOBRE O PROGRAMA

Gráfico 1 – Experiência no Programa Escola da Família...................................92

Gráfico 2 – Influência na Vida Pessoal...............................................................93

Gráfico 3 – Influência na Vida Social..................................................................96

Gráfico 4 – Mudança na rotina aos finais de semana.........................................97

Gráfico 5 – Preparo para inserção no trabalho...................................................99

Gráfico 6 – Preparo para a vida cidadã.............................................................102

Gráfico 7 – Indicação do Programa...................................................................105

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APRESENTAÇÃO

Este trabalho trata da temática inclusão social de universitários.

Meu trajeto em rumo da escolha deste tema de dissertação de mestrado teve

início há algum tempo, enfatizando-se ainda mais, quando fui lecionar no curso de

Pedagogia, na universidade em que trabalho.

Venho de uma família com poucos recursos financeiros e, se consegui chegar

até aqui, foi graças a minha irmã mais velha, Vaneide, que proporcionou minha

inclusão no ensino universitário - um mundo em que muitos sonham, mas, poucos

são, verdadeiramente, incluídos.

No ano de 1993, ingressei na Universidade São Judas Tadeu, no curso de

Pedagogia. Lembro-me como se fosse hoje, do medo que senti de não conseguir ser

“aceita” pelos outros alunos. Todavia, percebi que muitos ali se encontravam na

mesma situação que a minha. Alguns, em situações até piores do que a minha, uma

vez que eu ainda podia contar com o apoio de minha irmã, que pagava minha

faculdade.

Muitos daqueles que estavam nessa universidade trabalhavam apenas para

custeá-la, chegando, muitas vezes, a desistir ao longo do curso, devido ao fato de

ficarem desempregados.

No ano de 1997, para minha felicidade e da minha família, concluí o curso de

pedagogia. Como não queria perder tempo, ingressei em uma pós-graduação, em

Psicopedagogia – outro curso financiado por minha irmã.

Após concluir o curso de Psicopedagogia, sonhava em cursar o Mestrado.

Porém, não achava justo que minha irmã continuasse arcando com minha formação.

Dessa forma, uma vez que não possuía os recursos para custear o Mestrado,

optei por cursar outras três pós-graduações: duas na área da Educação; uma na

área de Administração. Fiz isso sempre na expectativa de um dia poder realizar este

meu projeto: “cursar o Mestrado”.

Em 2010, consegui, com recursos próprios, entrar em um programa de

Mestrado.

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Uma parte do meu projeto estava se concretizando. Entretanto, apesar de ter

cursado quatro pós-graduações, ainda sentia-me insegura quanto ao Mestrado. Na

verdade, quando entrei para o programa de mestrado, já tinha em mente o tema que

gostaria de desenvolver ao longo da pesquisa: a inclusão social. Além disso, já fazia

planos acerca de como seria a redação da minha dissertação, ao término do

Mestrado.

No início, senti uma insegurança muito grande, pois não sabia exatamente

qual seria a abordagem de minha pesquisa em relação ao tema inclusão social que,

segundo Pacievitch (2008),

É um termo amplo, utilizado em contextos diferentes, em referência a questões sociais variadas. De modo geral, o termo é utilizado ao fazer referência à inserção de pessoas com algum tipo de deficiência às escolas de ensino regular e ao mercado de trabalho, ou ainda a pessoas consideradas excluídas, que não têm as mesmas oportunidades dentro da sociedade, por motivos como: condições socioeconômicas, gênero, raça etc. (PACIEVITCH, 2008, p. 1) (grifo da autora).

Conforme afirma a autora, o tema é muito abrangente. Dessa forma, teria que decidir quais aspectos relacionados à inclusão social deveria desenvolver neste estudo.

Ao refletir bastante sobre o assunto, me veio em mente o fato de eu ter

vivenciado a dura realidade da inserção de alunos no ensino universitário. Assim,

optei por dissertar acerca do tema condições socioeconômicas. Após ter tomado

essa decisão, ocorreu-me um fato marcante e determinante, que veio a confirmar

essa escolha.

Nessa época (final de 2009), lembro-me perfeitamente de que, quando

lecionava a Disciplina Planejamento e Políticas Públicas de Educação, no 4º

semestre do curso de Pedagogia, no período noturno, na universidade em que

leciono há sete anos, presenciei, por acaso, a conversa de algumas alunas. Duas

delas, na verdade, faziam parte do Programa Escola da Família – Bolsa

Universidade. Um Programa que visa à inserção de alunos sem condições

financeiras no Ensino Universitário.

Essas duas alunas queixavam-se das dificuldades enfrentadas para poderem

custear seus estudos. Relatavam que era necessário trabalhar a semana toda e, aos

finais de semana, prestando serviços ao Programa Escola da Família, não dispondo,

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portanto, de tempo para diversão, ficar na companhia de seus familiares, ou, até

mesmo, para estudar de acordo com as regras descritas no Programa.

Segundo o site Escola da Família 1,

O Programa teve suas atividades iniciadas em 23 de Agosto de 2003, elaborado em conjunto com a UNESCO para desenvolver no estado de São Paulo a Cultura da Paz, através da abertura das escolas estaduais aos finais de semana. O Programa prevê a participação dos Educadores Universitários que deverão cumprir uma jornada de 12 horas aos finais de semana, sendo 6 horas aos sábados e 6 horas aos domingos.

A informação acima nos ajuda a compreender melhor os comentários das

alunas participantes do Programa, principalmente quando narraram que não tinham

tempo para nada: para estudar, divertir-se ou até mesmo ficar na companhia de

seus familiares.

As intitulações do Programa e o desabafo das alunas me levaram à seguinte

reflexão: Trabalhar todos os dias durante a semana e doze horas aos finais de

semana pode levar o ser humano a se afastar de seus familiares, amigos e de suas

atividades rotineiras?

Aquela conversa me intrigou a ponto de me despertar o interesse por mais

essa causa social. Isso, devido ao fato de ter uma vivência, na área educacional, de

aproximadamente 22 anos, atuando em cargos que sempre me fizeram deparar com

a dura realidade social na qual vivemos. Também, por lecionar as disciplinas:

Planejamento e Políticas Públicas e Ciências Sociais.

Após presenciar tal fato, fiquei ainda mais motivada para me aprofundar nos

assuntos de inserção social universitária. Dessa forma, não tive dúvidas sobre o que

dissertaria no final do meu mestrado. Com relação ao problema de pesquisa, que

será tratado à parte, poderia afirmar que ele surgiu normalmente. Sendo assim,

entreguei-me a esta jornada.

1Disponível em: http://escoladafamilia.fde.sp.gov.br/v2/subpages/bolsa_universidade.html

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..........................................................................................................18

CAPITULO 1 CONCEITOS PARA A INCLUSÃO SOCIAL.......................................35

CAPÍTULO 2 - ALGUNS PROGRAMAS DE INCLUSÃO SOCIAL EM VIGÊNCIA 43

CAPÍTULO 3 - A RESPONSABILIDADE SOCIAL UNIVERSITÁRIA .....................47

CAPÍTULO 4 - ESTUDO SOBRE O PROGRAMA ESCOLA DA FAMÍLIA – BOLSA

UNIVERSIDADE .......................................................................................................56

4.1 Reflexão acerca das regras implantadas no início do Programa Escola da

Família – Bolsa Universidade até os dias atuais. ......................................................57

4.2 Princípios do Programa.................................................................................65

4.3 Coordenação do Programa ...........................................................................67

4.4 Colaboradores do Programa .........................................................................67

4.5 Supervisor de Ensino ....................................................................................68

4.5.1 As Principais Atribuições do Supervisor de Ensino: ......................................68

4.6 Professor Coordenador da Oficina Pedagógica.................................................69

4.6.1 As Principais Atribuições do Coordenador da Oficina Pedagógica ................69

4.7 O Gestor.........................................................................................................70

4.7.1 As Principais Atribuições do Gestor: .............................................................71

4.8 O Educador Universitário ..............................................................................72

4.8.1 As Principais Atribuições do Educador Universitário .....................................73

4.9 O Educador Profissional................................................................................74

4.9.1 As Principais Atribuições do Educador Profissional ......................................76

4.10 O Convênio do Programa – Objetivos...........................................................77

CAPÍTULO 5 - RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................78

5.1 Descrição da Pesquisa de Campo realizada com os Profissionais da Escola

Envolvidos com o Programa Escola da Família – Bolsa Universidade. ....................79

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5.2 Descrição Sobre a Pesquisa de Campo realizada com os Educadores

Universitários da Escola Estadual pesquisada..........................................................84

5.2.1 Questões Preliminares/Dados:......................................................................84

5.2.2 Questões Especificas – Pesquisa de Campo – Educadores Universitários .91

5.3 Vantagens do Programa descritas pelos entrevistados:...................... ..... .108

5.4 Desvantagens do Programa descritas pelos entrevistados..........................109

6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................113

REFERÊNCIAS.......................................................................................................116

APÊNDICE A - PESQUISA DE CAMPO - ESCOLA ...............................................125

APÊNDICE B - PESQUISA DE CAMPO - UNIVERSITÁRIOS BOLSISTAS...........127

ANEXO A – LEGISLAÇÃO ESTADUAL..................................................................131

ANEXO B - ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA ESCOLA...................................133

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18

INTRODUÇÃO

Este estudo iniciou com uma pesquisa nos bancos de dados de dissertações

e teses da CAPES, CNPq, DOMÍNIO PÚBLICO, ASSOCIAÇÕES BRASILEIRAS e

de algumas Universidades, estendendo-se desde o ano da criação do Programa

Escola da Família, em 2003, até os dias de hoje.

Durante as pesquisas, encontrei seis dissertações, nenhuma tese e apenas

dois artigos sobre o Programa Escola da Família.

O primeiro artigo relacionado à Escola da Família foi encontrado no site2 da

Associação Brasileira de Psicologia (ABRAPSO). Após minuciosa leitura, verificou-

se que ele surgiu a partir de uma pesquisa financiada pela bolsa

PIBIC/MACKENZIE, cujo tema era: O Programa Escola da Família: o olhar das

crianças sobre o espaço escola aberta a comunidade. O estudo era de caráter

qualitativo e exploratório. Também apresentou entrevistas com seis crianças, três

meninas e três meninos, na faixa etária entre sete a 12 anos, de classe social baixa.

A pesquisa foi realizada em uma escola da periferia da Zona Sul, na cidade

de São Paulo. Após a análise dos resultados, as autoras chegaram à conclusão de

que as crianças viam o espaço escolar como um lugar grande ou pequeno, em que

podiam brincar, mas que não gostavam da escola nos momentos de aula.

Na verdade, os resultados dessa pesquisa também mostraram que os pais

não participavam das atividades desenvolvidas pela escola, apenas as crianças.

O segundo artigo foi localizado no site da UNESP - Universidade Estadual

Paulista Júlio Mesquita Filho – Campus Araraquara. Este artigo, por sua vez, enfoca

uma proposta de democratização do ambiente escolar implementada pelo Programa

Escola da Família, cuja proposta é a redução da violência escolar, com a abertura

das escolas nos finais de semana, justificando que o alto índice de violência ocorre

devido à falta de lazer e cultura.

Na visão dos autores, manter a escola aberta, nos fins de semana, pode

colaborar de maneira bastante significativa para a redução do índice de violência,

2 Disponível em: http://www.abrapso.org.br/

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principalmente no entorno das escolas, onde verificou-se que o público que

frequenta a escola não se restringe à comunidade local.

A partir da análise desses autores, pode-se inferir o quanto é importante e

necessária a existência de um vínculo afetivo entre essa população do entorno da

escola e os integrantes do Programa, tal como está previsto em sua elaboração.

O Programa tem sua base no lazer, na convivência social e na aprendizagem,

contribuindo dessa forma para reduzir a vulnerabilidade social, favorecendo, assim,

o fortalecimento da autoestima dos participantes.

Com relação às dissertações encontradas, os temas foram os seguintes:

1. Os conceitos de violência e paz do internacional ao local: Uma

Análise do Programa Escola da Família:

2. Programa Escola da Família: é possível educar para a

Cidadania?

3. O Programa Escola da Família e a preparação do gestor, do

educador profissional e do educador universitário em duas escolas da

diretoria de ensino da região de Jaú: formação ou capacitação?

4. Arte – Educação, Criatividade, Percepções: um olhar sobre o

Programa Escola da Família.

5. Programa Escola da Família – Privatização do Ensino Superior?

6. Programa Escola da Família enquanto Política Pública: Políticas

Compensatórias e Avaliação de Rendimentos.

Na primeira dissertação -- Os conceitos de violência e paz do internacional ao

local: Uma Análise do Programa Escola da Família, escrita por Oliveira (2008),

encontrada no site da UNESP3 -- a autora discorre sobre os conceitos de violência e

paz, do âmbito internacional ao local, sob a perspectiva conjunta das Relações

Internacionais, do Serviço Social e da Educação. O objeto de estudo em questão,

aqui, também foi o Programa Escola da Família, uma vez que um dos objetivos

3 Universidade Estadual “Júlio Mesquita Filho”.

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desse Programa é o de construir um espaço de paz, trazendo a paz às escolas

públicas da cidade de São Paulo.

A autora cita, como ponto relevante em seu estudo, os referenciais

internacionais, tais como: o “Relatório da Comissão Internacional sobre Educação

para o Século XXI” e o “Programa Abrindo Espaços: Educação e Cultura de Paz”.

Este último, elaborado sob as promessas da Organização das Nações Unidas para a

Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

A pesquisa é qualitativa, acoplada a uma pesquisa documental, e foi

desenvolvida em uma escola pública em Franca (SP).

A autora parte do contexto da globalização, no país em que vivemos,

mostrando seus reflexos na área educacional, por meio da influência da UNESCO.

Posteriormente, a pesquisadora destaca, nesse contexto, o duplo movimento

da revisão conceitual da violência, estando este conectado aos preceitos da

UNESCO e do serviço social denominado Movimento de Reconceituação.

Por fim, examina como todas essas discussões se solidificam no âmbito local,

bem como no desenvolvimento do Programa Escola da Família. Para concluir sua

pesquisa, explica que o Programa está teoricamente embasado, mas lhe falta uma

coerência maior entre teoria e prática, além de uma visão verdadeiramente mais

ampla do que seria a violência e de como combatê-la, a fim de que essa teoria não

seja hipócrita, e a prática sirva somente para agudizar os casos sutis e perversos de

violência na escola e contra a escola.

A segunda dissertação, escrita por Souza (2007) -- Programa Escola da

Família: é possível educar para a Cidadania? -- foi encontrada no site da USP.

Nela, o autor realizou um estudo em dez escolas estaduais da cidade de São Paulo,

com o objetivo de acompanhar o Programa Escola da Família e verificar se é

possível formar uma comunidade escolar consciente do verdadeiro papel da

cidadania. Após leitura da dissertação, foi possível constatar que o autor chegou à

conclusão de que o Programa possuía pontos positivos e negativos, assim como

todo Programa, ressaltando a descoberta de um mundo dinâmico e vivo paralelo à

escola formal. Ele concluiu ainda que a educação, em termos de cidadania, é

realizada de modo tão distante de critérios mais severos de execução, que chega,

sim, a educar, mas não a ponto de formar cidadãos.

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No site Domínio Publico4, foi localizada a terceira dissertação: escrita por

Santos (2008), com o tema: O Programa Escola da Família e a preparação do

gestor, do educador profissional e do educador universitário em duas escolas da

diretoria de ensino da região de Jaú: formação ou capacitação? Esta pesquisa foi

realizada em parceria com a CAPES.5

O objetivo dessa pesquisa foi compreender o processo de formação dos

sujeitos responsáveis pela execução do Programa Escola da Família, na rede

estadual de ensino.

Para atingir esse objetivo, optou-se por se fazer um estudo da contribuição

dessas pessoas para a constituição da escola como um local democrático e de

transformação social e não apenas como um Programa que propõe ações

compensatórias para as desigualdades sociais.

A preocupação da autora foi a de identificar como se dava a formação dos

responsáveis, tanto pela implantação do Programa Escola da Família, quanto pelo

seu funcionamento, cujos objetivos eram o de alcançar o aprendizado de novos

repertórios de ação e, ao mesmo tempo, ampliar os recursos e as possibilidades de

formação dos educadores do Programa Escola da Família. Sua conclusão foi a de

que o Programa deixava muito a desejar, tanto em relação aos investimentos

materiais, quanto em relação à capacitação profissional.

No site da biblioteca Athena6, foi encontrada a quarta dissertação: Arte,

Educação, Criatividade, Percepções: um olhar sobre o Programa Escola da Família,

escrita por Sene (2008). Esse estudo, possui um caráter exploratório e seu objetivo

maior era caracterizar o perfil dos participantes do Programa Escola da Família,

segundo os quatro eixos descritos no Programa: esporte, cultura, qualificação para o

trabalho e saúde, procurando identificar em qual deles ocorria uma maior

participação da comunidade.

Educadores profissionais, educadores universitários e voluntários foram

selecionados para participarem dessa pesquisa.

4 Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=110014 5 Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior 6 Disponível em: http://www.athena.biblioteca.unesp.br/exlibris/bd/bar/33004030079P2/2008/sene_mr_me_arafcl.pdf

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Como resultado, obteve-se a informação de que o eixo esporte teve maior

preferência por parte dos participantes, seguidos dos eixos de cultura, qualificação

para o trabalho e saúde, nessa ordem.

A partir desse estudo, a autora pôde concluir que as capacitações e cursos de

aperfeiçoamento oferecidos na área de artes foram insuficientes, mas, mesmo

assim, o Programa se revelou como uma opção de lazer, parecendo contribuir para

a redução da vulnerabilidade social dos participantes, na medida em que promovia a

melhoria da autoestima e da qualidade de vida dos participantes.

No site da Universidade de Sorocaba (UNISO), escrita por Nunes (2007), foi

encontrada a quinta dissertação, cujo tema é: Programa Escola da Família –

Privatização do Ensino Superior?

Nesse estudo, a autora fez uma abordagem do Programa Escola da Família

na cidade de São Paulo e Sorocaba, realizando algumas considerações acerca das

Políticas educacionais implantadas no Brasil, a partir da década de 1990.

O estudo enfatizou mais a Educação Superior do que quaisquer outros níveis

de educação. Nessa dissertação, a autora realizou um levantamento entre 62.454

universitários que, ao longo do ano de 2007, atuaram no Programa Escola da

Família, concentrando-se mais no caso de 361 universitários da cidade de

Sorocaba.

No site da UNESP7, escrita por Bendrath (2010), foi localizada a sexta

dissertação sobre o Programa Escola da Família: Programa Escola da Família

enquanto Política Pública: Políticas Compensatórias e Avaliação de Rendimentos.

Ao se realizar uma análise sobre todos os estudos aqui referidos, percebeu-

se que nenhum deles apresentava o mesmo foco a que este estudo se propunha.

Todavia, os estudos dos autores Nunes (2007) e Bendrath (2010), em especial,

poderiam contribuir muito para que se pudesse prosseguir com essa pesquisa.

A dissertação de Bendrath (2010) se destacou muito, pois apresentava

pareceres diferentes para expor as dificuldades encontradas pelos universitários

participantes do Programa.

7 Universidade Estadual Paulista “Júlio Mesquita Filho ”

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O objetivo da pesquisa era analisar o Programa Escola da família a partir da

concepção de que se trata de uma política pública compensatória.

Nesse estudo, o autor optou por fazer uma análise de dados oficiais do

Programa e realizou um censo para verificar semelhanças entre a proposta do

Estado e o Processo de Cultura e Paz proposto pela UNESCO. A pesquisa também

abrangeu quatro escolas em regiões distintas e foi realizada na Diretoria de Ensino

de Presidente Prudente (SP).

Um fato importante destacado nesse estudo é o fato de que o autor trabalhou

no Programa Escola da Família e no Programa da UNESCO, durante cinco anos,

como coordenador de área, motivo pelo qual ele pôde conhecer realidades

diferentes e verificar os lados positivos e negativos do Programa. Ele lembra bem

que, durante esse período, presenciou discursos diferenciados, contradições

baseadas em teorias do governo e em algumas práticas relacionadas á comunidade.

Também, pôde constatar as dificuldades encontradas por parte dos educadores e

dos universitários que trabalhavam nesse Programa.

Outro fato que chamou atenção nesse estudo procedeu de uma pergunta

norteadora abordada pelo próprio Bendrath (2010), da qual se pode destacar: “Qual

é a maior vantagem, segundo os universitários bolsistas do Programa Escola da

Família, de terem a Bolsa Universidade?” Essa questão vem ao encontro de

algumas cogitações que são levantadas nesse estudo.

Com relação a esta questão, o autor obteve o seguinte resultado: 48,6% dos

universitários acreditam que a maior vantagem do Programa é a integração entre

escola e a comunidade.

Ao término desse trabalho, o autor faz considerações importantes acerca dos

resultados encontrados, enfocando tanto o lado positivo quanto o lado negativo do

Programa, detalhando, pormenorizadamente, cada item, conforme descrito a seguir.

O que funciona no Programa Escola da Família, segundo a pesquisa de

Bendrath (2010, p. 186):

� Atividades baseadas no fluxo livre, sem a obrigatoriedade de

participação regular, além da flexibilidade de horários, funcionam como

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elementos facilitadores da participação da comunidade em atividades e projetos do

PEF8.

� A oferta de atividades de esporte e lazer para jovens socialmente

excluídos potencializam a inclusão social por meio do esporte.

� A transformação do prédio público escolar, que era um lugar restrito e

sombrio, em um lugar de acesso geral amplo para a população.

� A transformação da escola em um ponto de referência entre jovens,

nos finais de semana, favorecendo o diálogo a respeito de temas pouco

abordados na escola regular, durante a semana.

� A transformação das escolas, aos sábados e domingos, em espaços

para se desenvolver novas oportunidades educacionais entre crianças, jovens,

adultos e idosos.

� O desenvolvimento de atividades de cultura, como forma de interação

entre gerações.

O que não funciona no Programa Escola da Família, segundo a pesquisa de

(Bendrath, 2010, p.187):

� A verticalização das ações e determinações superiores (das

coordenações) sem considerar as especificidades regionais em que cada escola

está inserida.

� O deslocamento de educadores universitários para atuação nas UEs

(Unidades Escolares) sem conhecimento prévio dos projetos a serem desenvolvidos

e sem acompanhamento presencial das IES (Instituição de Ensino Superior) ao qual

estão vinculados.

� A ausência de participação mais efetiva das IES privadas que recebem

verba do governo para pagamento das bolsas de estudos.

8 PEF - Programa Escola da Família

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� A atuação da direção da escola em tempo reduzido nos finais de

semana, comprometendo a gestão e participação efetiva nas decisões que

envolvem as ações do PEF .

� A tentativa de focar as ações do PEF, com vistas à melhoria da escola

formal, as quais indicam que a participação da comunidade, nos finais de semana,

ocorre em virtude de uma opção de lazer e não por procura de outras formas de

educação.

� A implantação de projetos institucionais, oriundos da SEE, em que a

obrigatoriedade se transforma no único motivo de sua execução, tendo em vista a

baixa adesão e interesse da comunidade a essas ações verticais.

Outro trabalho que irá colaborar muito com este estudo é a dissertação de

Nunes (2007), já mencionada anteriormente, uma vez que a autora aborda uma

questão integrante dos objetivos específicos deste estudo, principalmente no que

tange aos questionamentos feitos, quais sejam:

a) Qual é a visão dos universitários sobre o Programa Escola da

Família – Bolsa Universidade?

b) Qual é a opinião dos universitários sobre a contribuição desse

Programa em sua formação acadêmica?

Esta última questão, embora não esteja muito focada neste estudo, também

chamou muito atenção.

A partir das respostas dos entrevistados à primeira questão, fica claro que os

bolsistas vêem esse Programa como uma forma de contribuir para a diminuição das

desigualdades sociais e econômicas do Estado de São Paulo.

Em relação à segunda questão, a contribuição do Programa para a formação

acadêmica dos universitários, obteve-se um índice positivo: 86,49% dos

universitários entrevistados acreditam que o Programa contribui para sua formação

acadêmica. Entretanto, apesar de os resultados obtidos em algumas questões

abordadas terem sido positivos em relação ao Programa, Nunes (2007) destaca que

Demo (2001) acredita que “O poder trabalha por disfarces, não costuma vir a público

sem máscara, porque seria surpreendido em sua fome de imposição”.

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Posteriormente, Nunes (2007) faz uma analogia entre o Programa Escola da

Família e essa citação acima, colocando esse Programa como um “lobo na pele de

cordeiro”, já que, para ela, ao inserir esses alunos sem condições financeiras dentro

de uma universidade, o Programa faz o papel de “cordeiro”. Ao abrir as escolas para

a comunidade, com lazer, nos finais de semana, isto, igualmente, representa para a

sociedade o papel de “cordeiro”. Contudo, a autora também apresenta um segundo

conceito totalmente oposto ao primeiro, pois, neste segundo caso, ela vê o

Programa como o “lobo”, já que:

Sua verdadeira intenção é contribuir com a iniciativa privada, acelerando a expansão do processo de privatização desse sistema de ensino, injetando verbas e funcionando como mecanismo de recuperação financeira dessas instituições privadas. Dessa forma, deixa para segundo plano o investimento nas Universidades públicas, alegando não possuir recursos, justificando a ausência de investimentos nesse setor público. (NUNES, 2007, p.99).

Em suas considerações finais, a autora demonstra o quanto o Programa pode

ser o “cordeiro”, em determinados momentos e, em outros, torna-se o “lobo”,

fazendo, em seguida, este importante questionamento:

Então, se, inevitavelmente, para implantar esse Programa e desenvolver as atividades propostas, fosse necessária a contratação de pessoal especializado, não seria muito difícil concluir que os universitários não “ganharam” bolsa de estudos e, sim, trocaram o salário que lhes seria devido por uma bolsa de estudos. (NUNES, 2007, p.101).

A autora prossegue com uma disposição que poderá contribuir muito para a

finalização desse estudo, quando faz o seguinte comentário:

Suponhamos que realmente o governo tenha a intenção de ajudar os alunos mais carentes a ingressarem em uma universidade. Por serem carentes os mesmos precisam trabalhar o que de fato se constatou na pesquisa descrita, uma vez que 62,16% dos bolsistas entrevistados trabalham para poderem se sustentar9. (NUNES, 2007, p. 101).

9 Acumulando obrigações entre trabalho, estudo e as atividades desenvolvidas no programa, cumprindo o total de 16 horas de trabalho aos finais de semana, sendo oito horas aos sábados e oito horas aos domingos. (regras do Programa no ano da pesquisa)

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Dessa forma, segundo Nunes, teríamos que pensar se realmente esse fato

acarretaria desistência do curso por parte de muitos universitários, antes dos

mesmos conseguirem concluir seu curso, o que não favoreceria o bolsista.

Eis um dos pontos chaves dessa pesquisa: o fato de o aluno ter que trabalhar

a semana toda e ainda ter de participar das atividades desenvolvidas aos finais de

semana no Programa Escola da Família – Bolsa Universidade não seria uma forma

de afastar esses jovens da convivência de seus amigos e familiares?

Esse fato faz com que se vá além, lançando outra questão igualmente

levantada por Nunes (1997) (mas não enfatizada neste estudo): Quantos alunos

param o curso no meio do trajeto e não são afastados do meio universitário?

Ao finalizar seu estudo a autora deixa claro que:

O Programa Escola da Família, política pública instituída pelo Governo do Estado de São Paulo, a meu ver não conseguiu resolver os problemas a que se propôs, mas talvez tenha conseguido compensá-los momentaneamente. É uma política assistencialista que, segundo Demo, “apenas recria a miséria, já que está por definição desvinculada de qualquer compromisso estrutural de solução” (DEMO, 2001, p. 84), distribuindo muito pouco às classes socialmente majoritárias. O Programa Escola da Família está envolto pela ideologia dominante que se encarrega eficazmente de travestir o lobo em pele de cordeiro. E o faz de maneira tão sutil que muitos não conseguem percebê-lo. (NUNES, 2007, p.101).

Ao analisar a citação da autora, uma questão vem à mente: Será que essa

compensação momentânea não seria uma inclusão precária, conforme salienta

Martins (1997)?

Como se pode perceber, apesar de o Programa ter sido implantado em 2003,

não possuímos muitos estudos relacionados a ele.

INÍCIO DA JORNADA - Conhecendo o Objeto do Trabalho

O objeto desta pesquisa é a participação dos alunos Universitários no

Programa Escola da Família – Bolsa Universidade em uma escola do Estado de São

Paulo, no ano de 2010.

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A escola selecionada para a pesquisa foi uma escola estadual da cidade de

São Paulo. Esta escola foi fundada em 1978 por Paulo Egídio Martins10.

A escolha por realizar um estudo com acadêmicos que fazem parte deste

Programa, nessa determinada escola, deveu-se, principalmente, ao fato de ter

conhecido, no Programa de Mestrado, a Diretora desta instituição, a Prof.ª Â. R., que

fala da escola com carinho e entusiasmo.

Em nossas conversas, perguntei a ela se a escola fazia parte deste Programa

Escola da família – Bolsa Universidade. Para minha surpresa, além de a resposta ter

sido positiva, acabou abrindo-me as portas ainda mais, em direção à realização

desta pesquisa.

Outro fator que me motivou foi a possibilidade de realizar um trabalho com

alunos de várias áreas acadêmicas, pois a escola conta com 12 universitários

participando do Programa, todos de áreas diferentes, o que poderia enriquecer a

pesquisa, abrindo visões e perspectivas diferenciadas sobre o Programa Escola da

Família – Bolsa Universidade.

Atualmente, nessa unidade escolar, participam do Programa um professor,

que foi designado como Educador Profissional, bem como a gestora do Programa,

nesse caso, a própria diretora da escola. Participam ainda, alguns professores

considerados membros do Programa Escola da Família, cuja participação está de

acordo com as atividades realizadas.

As atividades são organizadas pelos seguintes eixos: Cultura, Esporte,

Saúde e Trabalho.

De acordo com o manual operativo11 do Programa Escola da Família, no ano

de 2010, p. 12, os eixos têm como objetivos:

10 Décimo segundo governador do Estado de São Paulo – Período de governo: 03/1975 - 03/1979 – fonte http://www.galeriadosgovernadores.sp.gov.br/03galeria/galeria.htm#23

11 Disponível em: http://escoladafamilia.fde.sp.gov.br/v2/Arquivos/MANUAL%20OPERATIVO%20PROGRAMA%20ESCOLA%20DA%20FAM%C3%8DLIA%20-%202010.pdf> acesso em 19 de fev. 2011.

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Eixo Cultura leva em consideração que a Cultura envolve todas as formas de manifestação artística; apresenta a expressão humana sobre si, o outro, a sociedade e o mundo nas diferentes linguagens: teatrais, cinematográficas, corporais, musicais, plásticas, fotográficas, folclóricas e científicas; promove o (auto) conhecimento e o senso crítico; colabora para a formação da identidade; propicia a experimentação de outros papéis. Este eixo tem como principal intuito e objetivo possibilitar as diferentes manifestações artísticas, os costumes e expressões da comunidade.

Deve ser desenvolvido a partir da realidade da escola e das sugestões colhidas na comunidade, promovendo tempo e espaço para o diálogo entre os participantes, conferindo legitimidade às manifestações e enfatizando o respeito à diversidade cultural.

O Eixo Esporte tem como objetivo não só colaborar para o desenvolvimento físico como também contribuir para a formação integral do indivíduo, na construção do trabalho coletivo e na aquisição de valores sociais. Esse eixo aponta caminhos para a redução de desigualdades, promovendo a inclusão social.

O Eixo Saúde propõe uma abordagem ampla que vai além do aspecto biológico, tratando o tema como uma questão social resultante das condições de alimentação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer e acesso aos serviços de saúde. Esse resultado é expresso na qualidade de vida da comunidade que deve ser imbuída, cada vez mais, de ações preventivas para fortalecer positivamente seu desenvolvimento.

Eixo Trabalho: O Eixo Trabalho abrange o desenvolvimento de atividades que possibilitam geração de renda e/ou aquisição de competências e habilidades. Esse eixo valoriza o fazer local, buscando alternativas que possam suprir possíveis necessidades.

Segundo Bendrath (2010, p. 149), o Programa pretende, por meio dos eixos,

enriquecer e fortalecer a aproximação da escola com a comunidade, oferecendo o

espaço escolar aos finais de semana, na tentativa de promover, além da inclusão

social, a redução da violência.

Mediante os objetivos de cada eixo, todas as escolas participantes deverão

elaborar um cronograma de atividades, planejarem as ações e definir quais

membros12 irão participar dessas atividades.

Após a elaboração do cronograma e da definição dos membros, as unidades

escolares deverão afixar, em local de fácil acesso e visível a todos, o cronograma

das atividades que serão desenvolvidas no mês, para que toda a comunidade possa

escolher as atividades que venham ao encontro de suas necessidades.

Atualmente, além de Educadores Universitários e de profissionais

responsáveis pelas atividades do Programa, também participam dele,

12 Neste caso, os membros são os professores colaboradores.

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aproximadamente cem alunos do 1º e 2º grau da escola em estudo, bem como a

comunidade onde se situa a escola.

Essa participação integrada entre os alunos da unidade escolar e da

comunidade local, juntamente com os Educadores universitários acabam servindo

como estágios curriculares não obrigatórios para que os alunos bolsistas possam ter

uma visão ampla de suas responsabilidades sociais junto à comunidade.

De acordo com Pacievitch (2008), “Os Estágios curriculares não obrigatórios

não são obrigatórios por não estarem previstos na matriz curricular do curso de

formação, porém colaboram e enriquecem a formação profissional do aluno”.

No Caso da participação dos alunos no Programa Escola da Família – Bolsa

Universidade pode-se dizer que ela representa um estágio informal não obrigatório

que trará novas experiências e enriquecimento pessoal e profissional a cada um

deles.

As atividades desenvolvidas no período da pesquisa serão descritas no final

deste estudo, compondo parte dos anexos.

Problemas, Hipótese, Relevância e Objetivos.

Ao refletir sobre inclusão de alunos no ensino superior, surgem algumas

questões problemáticas que compõem o cenário que esta pesquisa irá analisar. São

elas:

1. Qual foi a experiência vivenciada pelos universitários no Programa Escola da

Família?

2. Essa participação no Programa influenciou o aluno universitário na vida

profissional?

3. Quais são as ações que a escola utiliza para a divulgação das atividades que

serão desenvolvidas? Estas ações estariam sendo eficazes?

4. Verificar se o fato de os alunos Universitários bolsistas trabalharem a semana

toda e ainda terem de participar das atividades desenvolvidas, aos finais de semana,

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no Programa Escola da Família – Bolsa Universidade, interfere ou não na

convivência com seus amigos e familiares?

5. Até que ponto, para os universitários bolsistas, esse Programa os prepara

para o mundo do trabalho?

6. Existe comprometimento por parte dos universitários bolsistas com os

projetos realizados? Ou esses universitários estão apenas cumprindo normas para

manterem suas bolsas?

7. Quais seriam as vantagens e desvantagens do Programa Escola da Família –

Bolsa Universidade sob a ótica dos universitários bolsistas?

Muitas são as questões e as inquietações que incomodam sobre o Programa

Escola da Família - Bolsa Universidade. Porém, o objetivo geral desse estudo é:

Verificar, sob a ótica dos alunos universitários participantes do Programa Escola da

Família – Bolsa Universidade, se o fato de eles trabalharem a semana toda e ainda

terem de participar das atividades desenvolvidas, aos finais de semana no Programa

Escola da Família – Bolsa Universidade, interfere ou não na convivência com seus

amigos e familiares?

Por ser esta a questão principal, trabalha-se com a hipótese de que o

Programa promove a inserção dos alunos universitários nas IES. No entanto, ao

inserir esses alunos nos cursos de graduação, acabou-se por afastá-los da

convivência com seus amigos e familiares.

Após a realização da pesquisa, caso a hipótese seja confirmada, espera-se

que, com a divulgação dos resultados, seja possível sensibilizar os responsáveis

pelo Programa, para que levem em conta esses dados e aprimorem o Programa de

tal forma que os alunos universitários possam ser inseridos tanto na vida acadêmica,

quanto na convivência com seus amigos e familiares.

Este trabalho pretende alcançar relevância acadêmica e social, pois após

responder as questões levantadas nesse estudo, pretende-se que haja uma

contribuição para a comunidade, para os alunos da unidade escolar que participam

das atividades propostas pelo programa e, ainda, para os Educadores Universitários,

no sentido de divulgar o Programa, a fim de que mais pessoas sejam beneficiadas e

incluídas nas atividades desenvolvidas nas escolas participantes e nas

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universidades, mas sempre levando em conta a necessidade e importância dos

educadores universitários usufruírem da convivência de amigos e familiares.

Portanto, busca-se através desta pesquisa traçar os seguintes objetivos

específicos:

1. Identificar quais foram as experiências dos alunos universitários no Programa

Escola da Família.

2. Verificar se a participação no Programa influenciou o aluno universitário na

sua vida profissional.

3. Descrever quais são as ações que a escola utiliza para divulgação das

atividades desenvolvidas nos projetos.

4. Responder se o fato de os alunos bolsistas terem de trabalhar a semana toda

e ainda participarem das atividades desenvolvidas, aos finais de semana, no

Programa Escola da Família – Bolsa Universidade interfere ou não na

convivência com seus amigos e familiares.

5. Explicar até que ponto os universitários bolsistas estão sendo preparados

para serem inseridos no mundo e no trabalho.

6. Identificar se existe comprometimento por parte dos alunos universitários

bolsistas participantes do Programa, ou se os mesmos estão apenas

cumprindo as normas para manterem suas bolsas.

7. Descrever a visão dos universitários bolsistas em relação às vantagens e

desvantagens desse Programa Escola da família.

8. Apresentar as sugestões dos alunos universitários bolsistas em relação ao

Programa.

Procedimentos Metodológicos

Busca-se neste estudo a realização da pesquisa bibliográfica e da pesquisa

de campo, de abordagem qualitativa.

Segundo Severino (2007),

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A pesquisa de campo trata-se da observação de fatos e fenômenos exatamente como ocorrem na realidade. Por meio dela, realiza-se uma coleta de dados acerca do tema e objeto estudado para, em seguida, fazer uma análise e interpretação desses dados, com base numa fundamentação teórica, realizada a princípio. (SEVERINO, 2007, p. 12)

A coleta de dados foi realizada mediante dois questionários. O primeiro será

destinado aos alunos universitários envolvidos no Programa Escola da Família –

Bolsa Universidade, contendo onze questões; O segundo, destinado aos

profissionais participantes do Programa Escola da Família – Bolsa Universidade,

contendo cinco questões. Ainda será realizada uma entrevista com o Educador

Profissional e a gestora do Programa Escola da Família, a fim de averiguar a opinião

dos dois acerca das mudanças ocorridas no Programa.

Optou-se por desenvolver mais questões referentes aos alunos bolsistas

participantes do Programa, pela razão de eles representarem o foco principal desse

estudo.

Segundo Severino (2007), o questionário é a constituição de questões

relacionadas ao estudo e podem ser do tipo estruturadas, com respostas fechadas

ou semiestruturadas, com respostas abertas e fechadas.

Neste estudo, optou-se por elaborar questões semiabertas e abertas para

que se possa ter uma visão mais ampla do assunto.

A metodologia de pesquisa será demonstrada no último capítulo, juntamente

com as respostas obtidas nos questionários de apêndices A e B.

Este estudo foi estruturado da seguinte forma: iniciou-se com a história de

vida da autora, passando para a introdução, seguida da explicação do objeto de

estudo, bem como o problema da pesquisa, sua hipótese, sua relevância, seus

objetivos e os procedimentos metodológicos.

Quanto aos capítulos, serão desmembrados em cinco partes, da seguinte

forma:

O Capítulo 1 apresenta os conceitos essenciais sobre inclusão social a partir

dos conceitos colhidos na comunidade acadêmica e no campo da Doutrina Social da

igreja.

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O Capítulo 2 menciona alguns Programas de Inclusão Social em Vigência,

com base em informações obtidas no site do MEC.

O Capítulo 3 explana sobre o tema Responsabilidade Social Universitária, na

visão dos autores: Silva (2011), Lauand (1987), Gohn (2006) e outros autores.

O Capítulo 4 descreve o Programa Escola da Família – Bolsa Universidade,

tomando por base dados obtidos no site do Programa, além de entrevistas com o

educador profissional da Escola Estadual em estudo e com a gestora da escola.

No capítulo 5, ressalta os resultados da pesquisa, atrelados aos gráficos,

para que se possa apresentar uma visão ampla sobre esse estudo. E, por fim, serão

apresentadas as conclusões da pesquisa.

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CAPÍTULO 1

CONCEITOS PARA A INCLUSÃO SOCIAL

Amais uns aos outros; Assim como Eu vos amei. (JO, 13)

O termo inclusão social é comentado desde a declaração dos Direitos

humanos, em 1948, época em que já se almejava uma sociedade mais justa e

inclusiva, com direitos e igualdades, combatendo qualquer tipo de discriminação.

O presente capítulo tem o objetivo de descrever a inclusão social no âmbito

socioeconômico, verificando alguns conceitos essenciais para que qualquer ser

humano se sinta incluído dentro de uma sociedade. Para isto, recorremos à leitura

de estudiosos sobre o tema, bem como da Carta Encíclica do Compêndio e da

Doutrina Social da Igreja.

Segundo pesquisa realizada no Thesaurus Brasileiro da Educação (Brased),13

Inclusão social é um termo associado ao termo inclusão educacional, que apresenta

a seguinte conceituação: “Quebrar o círculo vicioso da pobreza significa oferecer

oportunidades para as camadas de renda mais baixa da população, sobretudo por

meio da educação de qualidade”.

No entanto, sabe-se que nem todas as pessoas têm acesso a uma educação

de qualidade. Na verdade, muitas, nem se sentem socialmente incluídas, já que não

possuem nem mesmo um trabalho digno.

O trabalho, como se sabe, é um dos conceitos essenciais para que os

cidadãos sintam-se socialmente incluídos. Dessa forma, se faz necessária uma

descrição mais detalhada dos conceitos que levam à inclusão social, cujo referencial

13 O Thesaurus Brasileiro da Educação (Brased) é um vocabulário controlado que reúne termos e conceitos, extraídos de documentos analisados no Centro de Informação e Biblioteca em Educação (Cibec), relacionados entre si a partir de uma estrutura conceitual da área. Estes termos, chamados descritores, são destinados à indexação e à recuperação de informações. Está disponível no site http://portal.inep.gov.br/pesquisa-thesaurus

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será a Carta Encíclica Laborem Exercens (João Paulo II, 1981) e a Doutrina Social

da Igreja.

Segundo a Igreja, é através do trabalho, que o homem poderá contribuir com

o progresso de seu país e de sua sociedade.

Silva (2000) relata que o trabalho é uma das características que distingue o

homem dos outros animais. Ela ainda afirma que o trabalho pode ser uma atividade

intelectual ou manual realizada pelo homem. Portanto, de acordo com a autora:

É através do trabalho que o homem realiza o “domínio” que lhe é próprio, “submetendo” a terra. O trabalho é um bem do homem porque transforma a natureza, adapta-a as suas necessidades, e principalmente porque realiza o homem como homem e até o “torna” mais homem. Por meio do trabalho, obtêm-se o pão cotidiano, o progresso da ciência e da técnica e a elevação cultural e moral da sociedade (SILVA, 2000, p.121).

Castel (2008) relata que um homem sem trabalho sente-se sufocado,

impotente, improdutivo, podendo até chegar ao suicídio.

Por outro lado, Martins (1997) nos traz uma nova visão de “inclusão” no

trabalho -- a inclusão precária, que leva o homem a trabalhar, muitas vezes, a troco

de comida, como escravos. Para ele, esse modo extremo e drástico de inclusão

indica que a maneira pela qual a população está sendo incluída está mudando.

Segundo Martins (1997), com esse modo drástico de inclusão, a sociedade

cria uma grande massa de população excedente com poucas chances de ser

reincluídas nos padrões econômicos “normais”, criando, assim, um mundo à parte,

um mundo de desigualdades.

Esse mundo à parte também é explicado por Costa (2008, p. 14-15), quando

menciona o grande “exército” de pessoas que se encontram na pobreza. A autora

diz que essas pessoas permanecem inseridas na dinâmica do mercado de trabalho

como exército de mão de obra reserva e, como não sobra trabalho, acabam por

dedicar-se a ações que não são bem vistas pela sociedade, tais como: prostituição,

venda de drogas, de produtos roubados etc.

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Hoje, a sociedade moderna contribui com a geração de uma enorme

população sobrante que tem pouquíssimas chances de serem reincluídas nos

padrões atuais do desenvolvimento econômico (MARTINS, 1997).

Diante de tal fato, essas pessoas tendem a ser reincluídas no plano de vida

econômico, simplesmente devido ao fato de ganharem algum dinheiro para

sobreviverem. Contudo, não conseguem se reincluir no meio social “normal”, isto é,

nos padrões de normalidade que a sociedade espera. Dessa forma, a reintegração

não se dá sem gerar as deformações no plano moral (MARTINS,1997).

Assim, pode-se concluir que serviços como a prostituição, venda de drogas,

venda de produtos roubados etc., comprometem a dignidade dessas pessoas,

comprometendo a condição delas como seres humanos, fazendo com que se sintam

incluídas economicamente e, ao mesmo tempo, excluídas socialmente. Na

realidade, elas sabem que não “fazem” parte dessa sociedade, devido ao fato de

não prestarem o “trabalho” que a sociedade espera.

De acordo com a Doutrina Social da Igreja (p.104), o trabalho é um bem que

deve estar disponível para todos aqueles que são capazes de trabalhar. No entanto,

o que ocorre é que, muitas vezes, o alto índice de desemprego, a presença de

sistemas de instrução obsoletos e das dificuldades de acesso a cursos de formação

específica para o mercado de trabalho constituem, para muitos jovens, um forte

obstáculo à realização humana e profissional.

Quem é desempregado ou subempregado, com efeito, sofre as consequências profundamente negativas que tal condição determina na personalidade e corre o risco de ser posto à margem da sociedade, de se tornar uma vitima da exclusão social (Doutrina Social da Igreja, 2011).

Portanto, pode-se concluir que a Doutrina Social da Igreja leva a reflexões

sobre ações afirmativas, como o Programa Escola da Família – Bolsa Universidade,

que oferece oportunidades a pessoas desfavorecidas de ingressarem em uma

Universidade. Essas oportunidades são expressivas e possibilitam aos

beneficiários, os alunos bolsistas, participarem de uma classe diferenciada daquela

em que se encontravam anteriormente, oferecendo-lhes uma nova perspectiva de

vida, inclusive um trabalho. No entanto, é necessário pensar se esses Programas

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não correm o risco de cair naquele tipo de inclusão precária descrita por Martins

(1997) -- que não é o ideal.

Todavia, para que esses Programas ocorram, é necessário que o Estado

cumpra sua função, que é a de assegurar a liberdade e a igualdade para todos,

mediante a criação de políticas públicas, econômicas e sociais, assim como prevê a

nossa Constituição de 1988, no artigo 5:

Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.

É possível perceber que esse artigo não representa a realidade, uma vez que

o que está sendo descrito não está sendo posto em prática, pois para isso, seria

necessário que o Estado passasse por uma reforma.

Diante desse fato, Pereira (1997) assim se refere:

O Estado deve passar por uma reforma urgentemente revendo tanto a sua estrutura estatal, quanto pessoal, saindo de seu modelo burocrático clássico, tornando seus serviços mais baratos e acessíveis a todos os cidadãos e de melhor qualidade, pois, passando por esta reforma estaríamos abrindo um leque para várias maneiras de melhorar a qualidade de vida da população, garantindo a igualdade. (PEREIRA, 1997, p. 1).

A forma como o Estado vai realizar essa reestruturação não é comentada

pelo autor, contudo, ele faz uma ressalva nesse sentido, explicando que ela pode

acontecer por meio de Programas sociais (como descrito acima), que venham

proporcionar igualdade de oportunidades e direitos, possibilitando assim a criação

de valores éticos socialmente corretos. Também, por meio de medidas

governamentais, que viabilizem ações conjuntas entre o Estado e a Educação,

encaminhando a sociedade rumo à plena cidadania e real democracia, ou apenas

cumprindo o seu dever, conforme consta em nossa Constituição de 1988.

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Para que se possa continuar o processo de reflexão acerca do tema em

questão, contemplando outro conceito essencial para que haja a inclusão social e a

sociabilidade, novamente deve-se recorrer à Doutrina Social da igreja.

De acordo com a Doutrina Social da Igreja, o ser humano é um ser social

porque assim Deus o fez e o criou. O homem é um ser livre e responsável, que

reconhece a necessidade de integrar-se e de colaborar com seus semelhantes, com

a sua sociedade. “Uma sociedade é um conjunto de pessoas ligadas de maneira

orgânica por um princípio de unidade que ultrapassa cada uma delas”. (Doutrina

Social da igreja, p.59).

Para que a pessoa possa participar da sociedade, a sociabilidade é fator

importante, porque Deus não criou o homem como um ser solitário, mas sim como

um ser social.

Mas o que o homem precisa fazer para atingir esta sociabilidade tão falada e

se tornar um ser social? Conforme a Doutrina Social da Igreja (2011, p.59), para o

homem atingir a sociabilidade é necessário que ele participe de ações sociais,

contribua para a vida cultural, econômica, política e social da comunidade civil a que

pertence.

Mediante ao exposto, lembra-se, mais uma vez, do Programa Escola da

Família Bolsa Universidade, pois através das atividades desenvolvidas aos finais de

semana, o Programa pode proporcionar este segundo conceito de inclusão -- que é

propiciar à sociabilidade aos participantes, uma vez que os universitários bolsistas

integram-se com a sua comunidade, praticando a ação social. Porém, é necessário

salientar que, para que haja esta sociabilidade, é importante que os jovens tenham

em mente o verdadeiro conceito de solidariedade, o qual confere particular relevo à

intrínseca sociabilidade da pessoa humana, à igualdade de todos com relação à

dignidade e direitos.

De acordo com o dicionário de sociologia,14 solidariedade é o

Conjunto das ações públicas que exprimem e regulam a solidariedade social, entendida como designando o estado pelo qual os membros de uma sociedade têm obrigações uns para com os outros e cada um para com todos.

14 JOHNSON, Allan G. Dicionário de Sociologia: guia prático da linguagem sociológica.

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Se os jovens que participam do Programa Escola da família tiverem este

conceito claro em suas mentes, muitos problemas de ordem socioeconômica

poderão ser amenizados, uma vez que através dessas ações sociais, a classe

menos favorecida poderá obter informações importantes para a sua recolocação no

mercado de trabalho, já que um dos eixos centrais do Programa é o trabalho.

O Eixo Trabalho abrange o desenvolvimento de atividades que possibilitam geração de renda e/ou aquisição de competências e habilidades. Esse eixo valoriza o fazer local, buscando alternativas que possam suprir possíveis necessidades. (MANUAL OPERATIVO - 2010).

Se a população tiver acesso a estas alternativas, com certeza, muitos

conseguirão uma inclusão no mercado de trabalho, deixando de praticar funções

ilícitas, as quais, anteriormente, eram praticadas para se sustentarem. Porém, para

que haja esta verdadeira inclusão, é necessário acreditar que o ser humano é capaz

de mudar o mundo para melhor, se possível, e de mudar a si mesmo para melhor,

se necessário (Frankl, in Machado 2009, p. 34).

Assim, é preciso usar sua liberdade interior, valorizar o convívio social e

desenvolver sua consciência de humanidade. (Machado, 2009, p. 34).

Outro conceito que explica as razões pelas quais o homem se sente incluído

dentro de sua sociedade é o conceito de cidadania.

Segundo Oliveira (2010, p. 76), a cidadania pode ser definida como

“um status concedido àqueles que são membros integrais de uma comunidade”, no

qual “todos (...) são iguais com respeito aos direitos e obrigações”.

Esta definição pode ser considerada vaga, uma vez que a compreensão do

que é ser um “cidadão” de uma comunidade pode variar de acordo com os valores

da sociedade na qual este cidadão está inserido.

Outra definição que podemos abordar é a definição do dicionário de língua

portuguesa, Larousse, que descreve cidadania como: “qualidade de cidadão”,

“qualidade de uma pessoa que possui, em uma determinada comunidade política, o

conjunto de direitos civis e políticos”.

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Ao fazer uma reflexão sobre essas definições do conceito de cidadania, que

trazem as palavras “qualidade” e “igualdade” para definir “cidadão”, pode-se dizer

que somos levados a refletir também acerca da realidade em que vivemos. Este

fato, certamente, pode levar as pessoas a terem diferentes concepções sobre os

conceitos de qualidade e igualdade, mas, principalmente, no que diz respeito à

questão de “direitos”.

O que é direito? Para analisarmos esta palavra faremos uma análise

embasada na Doutrina Social da Igreja (2011) que, em seu capítulo III, página 61,

revela um comentário de João Paulo II, no qual ele afirma que:

Todos têm o direito à vida, do qual é parte integrante, o direito a crescer a sombra do coração da mãe, depois de ser gerado, o direito a viver numa família unida, num ambiente moral favorável ao desenvolvimento da própria personalidade, o direito a maturar a sua inteligência e liberdade na procura e no conhecimento da verdade, o direito a participar no trabalho para valorizar os bens da terra e a obter dele o sustento próprio e dos seus familiares, o direito a fundar uma família e acolher e educar os filhos, exercitando responsavelmente a sua sexualidade e a sua liberdade religiosa.

Ao se refletir sobre todos estes direitos intitulados pela igreja e contrastando-

os com a falta de emprego, à desigualdade social, que a sociedade vivencia hoje –

questões estas já descritas anteriormente neste capítulo, a partir dos conceitos de

autores como Martins (1997), Castel (2008) e Costa (2008) – é possível perceber

claramente que estes direitos não são cumpridos de forma a fazer com que esses

seres humanos se sintam incluídos neste conceito de cidadania.

Assim, torna-se inevitável o surgimento de mais uma pergunta: Será que se

todos os indivíduos pudessem compartilhar desses direitos descritos pela igreja, eles

poderiam obter esta tão sonhada cidadania? A resposta surge de forma automática:

Sim! A participação pode “incluir” o cidadão em muitos casos, isto é, se os indivíduos

tiverem claro em suas mentes o que é participação.

Segundo a Edição Típica Vaticana (1997, p.509), participação é:

O envolvimento voluntário e generoso da pessoa nas relações sociais. É necessário que todos participem, cada um conforme o lugar que ocupa e o papel que desempenha, na promoção do bem comum. Este dever é inerente à dignidade da pessoa humana.

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Se as pessoas tiverem como certo que o ato de participar voluntariamente de

algumas atividades poderá colaborar para que muitos indivíduos se sintam

“incluídos” no contexto social, já poderia afirmar que é possível formar “cidadãos”

conscientes.

Dessa forma, ao finalizar esse capítulo, é importante salientar que ao se

desejar um mundo melhor, mais igualitário e incluso é necessário lutar por estes e

outros conceitos que poderão fazer com que o indivíduo se torne único dentro de

sua sociedade. Isso, por valorizar Programas que possam promover as relações

sociais entre os indivíduos que venham a lutar para o “bem comum” que, segundo

a Doutrina Social da Igreja, na encíclica Pacem in Terris, de 1963, pelo Papa João

XXIII: "consiste no conjunto de todas as condições de vida social que consistam e

favoreçam o desenvolvimento integral da personalidade humana".. Ou seja, o bem

da comunidade é o bem do próprio indivíduo que a compõe”.

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CAPÍTULO 2

ALGUNS PROGRAMAS DE INCLUSÃO SOCIAL EM VIGÊNCIA

“Mas é preciso ter manha,

É preciso ter graça,

É preciso ter sonho, sempre.

Quem traz na pele essa marca

Possui a estranha mania de ter

Fé na vida.”

(Maria, Maria, de Milton Nascimento e Fernando Brant)

Hoje, no Brasil, em razão da grande visibilidade que a expressão “inclusão

social” recebeu, o governo tem uma grande preocupação no que diz respeito à

inclusão social de jovens, no Ensino Superior.

Isto por questões ligadas a sua popularidade com vistas às eleições e, sem

dúvida, pela redução da atuação do Estado no Ensino Superior, em virtude do

estímulo às IES privadas, decorrentes da política capitalista a qual nosso país se

aliou, a partir da década de noventa.

Prova disso são alguns Programas (disponibilizados no site do MEC15)

realizados em âmbito federal, municipal e estadual, entre os quais podemos citar:

a) O UNIAFRO: Criado através da Resolução CD/FNDE nº 14, de 28 de abril

de 2008, pelo Ministério da Educação, que estabeleceu critérios para dar assistência

financeira às Instituições de Ensino Superior.

O Programa tem o objetivo de promover ações voltadas à formação inicial, e

continuada de professores da educação básica. Visa também à elaboração de

materiais didáticos específicos para a população negra em instituições, propondo

apoiar e incentivar o fortalecimento e a institucionalização das atividades dos

Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros, nas IES.

15 Disponível em: http://www.mec.gov.br/ acesso em: 13 de jul. de 2011.

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b) O INCLUIR: O Programa cumpre o dispositivo nos decretos de números

5.296/2004 e nº 5.626/2005 e tem como missão a assistência e a inclusão social de

pessoas com deficiências, oferecendo a inclusão dessas pessoas tanto no mercado

de trabalho quanto em cursos, eventos e universidades públicas.

c) O PROLIND: Programa de Formação Superior e Licenciatura Plena

Indígena -- decretado através da Resolução 03/99, do Conselho Nacional de

Educação.

O PROLIND tem como finalidade apoiar projetos desenvolvidos pelas IES em

conjunto com as comunidades indígenas, visando à formação superior para

docentes indígenas para o Ensino Fundamental e Ensino Médio, bem como a

permanência dos estudantes indígenas em cursos de graduação.

Esse Programa é exclusivo para professores indígenas que lecionam em

escolas “diferenciadas”16. A carga horária do curso é de 2.880 horas, com aulas

intensivas nos meses de julho e janeiro e aos sábados e domingos, à tarde. Nos

outros meses, as aulas são concentradas em um único final de semana.

d) O PROMISAES: Projeto Milton Santos de acesso ao Ensino Superior --

instituído pelo Decreto nº 4.875, de 11 de Novembro de 2003.

Por intermédio do Programa, é concedido a alunos matriculados em

Universidades Federais, o valor de um salário mínimo mensal, em especial, para

alunos vindos de países africanos, sobretudo porque a maioria provém de países

muito pobres. O objetivo do Programa é fomentar a cooperação técnico-científica e

cultural entre o Brasil e os países com que mantemos acordos.

Para que essas instituições de ensino possam aderir ao Programa precisam

inscrever-se.

e) O FIES (Fundo de Financiamento Estudantil): Foi criado para substituir o

Crédito Educativo CREDUC, que havia se tornado inviável pelo número de

inadimplentes. Esse fundo de financiamento foi instituído pela Lei 10.260, de 12 de

julho de 2001. É um Programa do Ministério da Educação, criado para financiar a

16 Escolas dentro das tribos indígenas

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graduação na Educação Superior para estudantes sem condições de arcarem

integralmente com o valor dos cursos de sua formação.

Nesse Programa, o estudante cursa o Ensino Superior e paga as

mensalidades após o término do seu curso. Para que as instituições possam se

cadastrar, devem ter avaliação positiva no SINAES17.

f) O PROUNI: Programa Universidade para Todos. Tem por objetivo conceder

bolsas de estudos parciais e integrais, em cursos de graduação e sequenciais de

formação específica, em instituições privadas de Ensino Superior.

Esse Programa foi criado em 2004, pelo Governo Federal e consolidado pela

Lei 11.096, de 13 de janeiro de 2005. As instituições que aderem ao Programa são

isentas de alguns tributos. É um Programa voltado para alunos advindos da rede

pública ou da rede particular -- desde que sejam bolsistas integrais. Os candidatos

são selecionados por notas obtidas no ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio.

O PROUNI ainda conta com ações conjuntas de incentivo à permanência dos

estudantes, mesmo quando não conseguem bolsas totais e, sim, parciais, a fim de

que possam ter condições de arcar com a diferença no valor da mensalidade do

curso escolhido.

As ações são: bolsas de permanência; convênios de estágios entre

MEC/CAIXA, MEC/FEBRABAN; FIES.

Mediante essas ações, o aluno bolsista parcial tem maiores chances de não

desistir do curso.

O Projeto Universidade Aberta do Brasil, constituído pelo Ministério da

Educação, juntamente com a Associação das Instituições Federais de Ensino,

proporciona programas de Educação a distância com parceria de universidades

públicas, por meio de consórcios com municípios e estados. Ele foi instituído pelo

decreto de nº 5.800, no dia 8 de junho de 2006. O objetivo é promover a inclusão de

pessoas com dificuldades financeiras ao ensino universitário, dando prioridade à

17 Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior

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inserção de professores que atuam na Educação Básica. Esse Projeto conta com 20

estados participantes (de acordo com dados pesquisados no site da UAB18).

Em âmbito estadual e municipal, o Programa Escola da Família – Bolsa

Universidade, objeto de estudo desta dissertação, que será tratado em um capítulo

específico.

Não se pode negar que esses projetos vêm demonstrando a inserção de

muitas pessoas no Ensino Superior, pessoas estas que, antes, não podiam sequer

sonhar com essa inclusão e acabavam não se desenvolvendo integralmente como

pessoa.

Portanto, pode-se afirmar que essa inclusão é fundamental para aqueles que

não dispõem de recursos para custear os seus estudos, disponibilizando a estas

pessoas condições para que adquiram conhecimentos, tornando-se seres mais

críticos, proativos, capazes de exercerem a cidadania e dispostos a promoverem

mudanças.

Assim, mediante o conteúdo exposto nesse capítulo, fica claro que a inserção

é bastante necessária, tanto para a transformação de nossa civilização, quanto para

a do próprio ser humano que está inserido na universidade.

18 http://uab.pti.org.br/.

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CAPÍTULO 3

A RESPONSABILIDADE SOCIAL UNIVERSITÁRIA

A Sociedade do Futuro será sustentada por dois pilares: Responsabilidade

e Respeito. Nenhuma Constituição, nenhum Código, nenhuma Lei ou Regra

precisará existir se esses pilares forem assumidos. Responsabilidade é o

atendimento daquilo que esperam do papel que você assumiu. Respeito é

não ultrapassar os seus limites e aceitar os dos outros.

Alvaro Granha Loregian

Deve-se pensar na construção de um mundo melhor, mais equitativo,

procurando amenizar as desigualdades, começando pela inserção de nossos jovens,

no contexto acadêmico.

Segundo Silva (2011, p.39), um fato novo já pode ser festejado: a inserção de

muitos jovens das classes menos favorecidas, no contexto acadêmico.

De acordo com o autor, esta inserção, muitas vezes, ocorre à custa de

imensos sacrifícios pessoais, pois o educando, além de ter que custear suas

mensalidades (mesmo quando recebe auxílio do governo ou da Instituição),

necessita obter o necessário para sua alimentação, transporte e material didático,

além de outras necessidades.

Apesar de todos estes fatores, o autor percebe o lado positivo desta inserção,

pois uma “classe social” diferenciada acaba por fazer parte de um contexto

universitário.

De acordo com Pinto (2004 p.15), pensar num mundo mais equitativo para

todos é de extrema urgência, e esta missão tem relação com a educação.

Dessa forma, a Universidade como Instituição Social, no conhecimento e na

educação, possui o espaço apropriado para traçar estas propostas.

Assim, mediante a tal fato e atendendo as normas intituladas pelos SINAES

(Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior), que determina que todas as

universidades precisam praticar a responsabilidade social (BOLAN E MOTTA, s.d),

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as universidades passam a praticarem a Responsabilidade Social Universitária,

colaborando com projetos que visam à redução da desigualdade social,

participando, ainda, de Programas que almejam a inserção de jovens sem

condições financeiras no ensino universitário.

Desse modo, a universidade como instituição social, no que se refere ao

conhecimento e à educação, possui o espaço apropriado para realizar vários

projetos que visam à diminuição da desigualdade social.

Nesse contexto, cabe ressaltar que órgãos internacionais, tais como a

UNESCO19, desempenham papel importante na questão da universidade

socialmente responsável.

A UNESCO possui uma rede global denominada: GUNI/Global University

Network for Innovation, cujo objetivo é debater assuntos pertinentes ao ensino

superior.

Segundo Morosini (2008, p. 5), a universidade tem compromisso com a

verdade, com a excelência, com a interdependência e com a transdisciplinaridade.

Dessa forma, o ensino superior desempenha um papel de extrema

importância e por que não dizer também decisivo, no que diz respeito ao ensino de

seus conteúdos. Na realidade, a pesquisa é a chave do desenvolvimento do ensino

superior, pois é através dela que podemos desenvolver ações que venham a

colaborar com a sociedade.

Para que ações de responsabilidade social sejam realizadas, faz-se

necessário que as universidades possuam um diferencial na formação de seus

educandos, principalmente no que se refere à sensibilização em relação aos

problemas sociais.

Essa diferenciação, no entanto, só obterá êxito por meio do trabalho dos

professores, com a troca de experiências com seus alunos, demonstrando que as

iniciativas da responsabilidade social são estendidas a todos.

O processo de ensino aprendizagem dentro de uma universidade deve ser

realizado de modo a produzir o conhecimento e não reproduzi-lo, e isso pode ser

19 Organização das Nações Unidas para a Educação, a ciência e a Cultura.

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realizado conjuntamente entre professor e aluno, construindo pesquisas de extensão

com qualidade.

A implantação do conhecimento, na verdade, é responsável pelo surgimento,

na humanidade, desse conhecimento, pois o pensamento humano passa do

ambiente no qual a pessoa vive, para o mundo no qual ela pretende se inserir.

Segundo Morin (2005, p. 77), “O movimento que cria o mundo do pensamento

é o mesmo que abre o pensamento ao mundo”.

Portanto, a universidade pode e tem o dever de desenvolver a implantação do

conhecimento, possibilitando assim abrir o pensamento ao mundo e dividir esses

conhecimentos e pensamentos com a sociedade.

De acordo com Vercelli (2010, p. 129), apesar da estrutura da universidade

ser a de uma empresa, temos que ter em mente que a mesma possui uma missão: a

missão para a educação integral.

Quando se fala em educação integral, estamos pensando principalmente na

formação da cidadania, que se constrói por meio do conhecimento, que é um dos

responsáveis pela construção da humanidade.

Dessa forma, a educação não deve ser apenas fornecida dentro das

universidades, mas também fora delas, por meio de projetos sociais, pois assim,

será gerado um elo entre a universidade e a responsabilidade social -- um

compromisso.

Ao atuar socialmente, a universidade irá colaborar, cada vez mais, para o

desenvolvimento de pessoas autônomas e capazes de entender a realidade na qual

vivemos.

Desse modo, essas pessoas poderão atuar sobre a realidade de forma

responsável, valorizando o indivíduo e a vida e ainda estarão apoiando-se no tripé

tão falado pelas universidades, o de ensino-pesquisa-extensão, cumprindo, então, o

que se propõe no papel.

Hoje em dia, muitas universidades valorizam apenas o ensino e a pesquisa,

deixando de lado a extensão. Porém, toda universidade deve ter responsabilidade

social com a comunidade na qual está inserida. Portanto, a universidade deve

apoiar-se não só na educação formal, mas também na educação não formal.

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Antes de prosseguir, é necessário que se defina o que é educação, para

depois fazer a diferenciação entre tais educações (educação formal e informal).

De acordo com Meneses (2010, p.37), a educação pode ser definida

igualmente, conforme consta no artigo 1º da LDB (Lei de diretrizes e bases da

educação de 1996)

A educação abrange processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.

Como se pode analisar, a educação é algo que possui um sentido amplo de

natureza cultural e social, que ocorre a vida toda, na convivência social entre os

indivíduos, podendo ocorrer tanto de forma intencional (formal) quanto de forma não

intencional (informal), de forma sistematizada ou não.

A educação formal, de acordo com Gohn (2006), é aquela desenvolvida

dentro das instituições de ensino e organizadas pelas diretrizes nacionais.

Nesse tipo de educação, se estabelecem conteúdos, e as aulas são

ministradas por professores formados na área. A educação formal visa à

transmissão do conteúdo sistematizado, para que, no final do processo, haja uma

certificação do grau alcançado.

Já a educação informal, segundo a autora, não se aprende dentro do espaço

escolar, pois é aquela que se aprende no cotidiano, com os “outros”, seja no

trabalho, no clube, na igreja etc.

Segundo a autora, a educação não formal ainda:

Abre dimensões para que as pessoas se tornem cidadãs do mundo. Além disso, a educação não formal fortalece o exercício da cidadania, pois está pautada na igualdade e na justiça social. “[…] a transmissão de informação e formação política e sócio-cultural é uma meta na educação não formal. Ela prepara os cidadãos, educa o ser humano para a civilidade, em oposição à barbárie, ao egoísmo, individualismo etc.” (GOHN, 2006, p. 30).

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A citação da autora nos leva a uma reflexão sobre a afirmação de Silva

(2011):

Constituir sujeitos sociais que mudam a realidade significa formar sujeitos concretos dotados de poder político, e estes sujeitos são grupos humanos compostos por indivíduos que se reconhecem em uma mesma identidade cultural, com um sentido comum de nós, comprometidos eticamente uns com os outros. Não se trata de formar o “grande homem” que sozinho muda a história, mas, sim, aquele que vive em comunidade, capaz de solidarizar-se com os outros e caminhar junto. (SILVA, 2011, p.43).

Diante das ideias expostas pelos autores, fica claro que a educação tanto

formal quanto informal pode levar o acadêmico a uma reflexão mais profunda sobre

o seu papel dentro de uma Universidade, colaborando para que ele cumpra o papel

esperado pela sociedade -- o de produzir o conhecimento e estar pautado em ações

que favoreçam a educação não formal.

De acordo com Gohn (2006), a educação formal constrói a cultura política de

um grupo. No entanto, a autora ressalta que a educação informal não substitui a

educação formal, porém é uma complementação.

Nessa complementação, as Universidades possuem a chance de praticarem

atividades de extensão, trazendo para a academia os problemas de sua

comunidade, propondo soluções para colaborar na superação deles.

De acordo com Bolon e Motta, no texto do Plano Nacional de Extensão

(PNE), a extensão é considerada:

Como pratica acadêmica que interliga a Universidade por meios das suas atividades de ensino e de pesquisa com as demandas da maioria da população. Neste sentido, permite a formação do profissional cidadão e credencia-se cada vez mais junto à sociedade, como espaço privilegiado de produção do conhecimento significativo para a superação das desigualdades sociais. (BOLON e MOTTA, sd. p.204).

Assim, pode-se concluir que há uma grande necessidade, nas nossas

Universidades, de cidadãos conscientes de seu papel na sociedade.

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No entanto, para que isto ocorra, deve-se valorizar a educação não formal, e

concomitantemente, não se pode deixar de lado a preocupação com a qualidade da

educação formal que nossas Universidades estão disponibilizando aos nossos

educandos, já que o currículo, muitas vezes, está fora da realidade dos alunos.

Dessa forma, o aluno não se sente fazendo parte daquela realidade, pois ela não

trata de seus interesses. (Silva, 2011.42)

Ao se refletir mais profundamente sobre esses tipos de educação,

especialmente sobre a educação formal, ainda cabem algumas indagações tais

como:

• Será que a educação formal está realmente sendo ministrada de modo

correto dentro das universidades, uma vez que as salas de aulas apresentam

número de alunos exorbitantes?

• Será que a educação formal está sendo eficaz ao desenvolver seus

conteúdos?

• Será que a formação universitária está sendo suficiente para que o

aluno reflita sobre sua formação?

As respostas podem ser encontradas ao se refletir sobre as menções do autor

Silva (2011, p.42), quando afirma que a identidade de uma pessoa só se constrói

quando ela se sente parte de um grupo. Dessa forma, a busca da criação de uma

escola ou universidade tem que levar em conta os interesses de seus alunos e

incentivar sua participação.

Diante dessas indagações e da afirmação do autor, é imprescindível que haja

mais reflexões com relação às opiniões sobre a educação formal exposta por Pieper,

citadas por Lauand (1987), principalmente quando se diz que a universidade deve

ser filosófica, se se pretende que ela seja “algo” a mais do que uma simples

instituição de formação de profissionais, se, de fato, se pretende obter a tão falada

educação integral.

Ainda segundo Lauand (1987, p. 79), ao longo dos anos, o que se percebe é

a crescente descaracterização e a perda de identidade que a universidade vem

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sofrendo em face à concorrência que as empresas e bancos vêm realizando na

formação profissional de seus quadros de funcionários.

Segundo o autor, hoje, cada vez mais, as empresas investem em seus

funcionários, dando cursos voltados para sua área de interesse, sem ter um caráter

“livre”. Lauand faz uma cogitação interessante sobre a qual vale a pena refletir:

Se também a Universidade mergulha no mundo da utilidade, então – é a percuciente indagação de Pieper – que diferença há entre um curso de química ministrado na Universidade e o mesmo curso fornecido pelo setor de formação de pessoal de uma grande Indústria farmacêutica? (LAUAND, 1987, p. 79).

É obvio que nesse contexto apareçam posicionamentos divergentes entre a

educação formal, descrita por Gohn (2006), e a exposição de Lauand (1987), que

enfatiza que ao se analisar essa questão friamente, se poderá chegar a uma

conclusão da realidade fática de que a indústria está mais provida de recursos, no

que diz respeito à aparelhagem, do que a própria universidade, não precisando,

portanto, da educação formal, tornando-se, assim, uma educação informal mais

eficaz.

No entanto, se a universidade se voltar para a realização da natureza humana

a que corresponde, se ela realizar sua vocação filosófica, se tiver a liberdade

acadêmica, ficará nítida a sua própria especificidade (Lauand, 1987).

Mas, para que isso ocorra, é necessário que os educadores tenham liberdade

e sejam capazes de trabalhar além do conteúdo.

Segundo Lauand (1987), se a universidade tiver uma proposta mais aberta,

se os professores puderem trabalhar outras questões além dos conteúdos propostos

pelos programas dos cursos, haverá, em qualquer disciplina, seja ela específica ou

não, a abertura para reflexões e diálogos, uma vez que não haverá

enclausuramento.

Mediante a este fato o autor fornece um exemplo muito importante e, por isso,

será citado aqui:

Se um professor que leciona matemática para um curso de economia desse o

seguinte exercício:

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A função de demanda de determinado bem é q = 20 – p e a função de custo total de produção desse bem é C = 2q + 17. Determine o valor de q para que o lucro total L seja máximo (LAUAND, 1987, p.87).

É claro que muitos alunos saberiam responder a tal exercício. Entretanto, em

meio a esses cálculos e operações, poderia surgir, na aula universitária (o que seria

impensável dentro do quadro de objetivos de um curso sobre a mesma matéria,

ministrado em uma empresa para seus funcionários), um debate sobre outras

questões filosóficas, como por exemplo:

Em que medida a liberdade humana deixa-se expressar em fórmulas como q

= f (d)? Ou, que realidades humanas são passíveis de serem tratadas por modelos?

E por quê?

De acordo com Lauand (1987), os exemplos poderiam se multiplicar e as

instituições de ensino estariam se diferenciando dos cursos fornecidos pelas

empresas (informalmente), com um papel diferenciado.

Porém, segundo o autor, isto dificilmente aconteceria em nossas

universidades e, no geral, não se pode esperar isso de nossos professores, pois

alguns nem possuem competências técnicas e, menos ainda, preparação para tal

diálogo. De acordo com o autor:

“O que caracteriza o verdadeiro professor universitário é a capacidade de participar desse diálogo, aberto, para além de toda qualificação científica, ele deva ser capaz de reconhecer os resultados particulares de seu próprio trabalho...” (LAUAND, 1987, p. 84).

Se o professor reconhecer que sua participação é importante para a

universidade, ele cumprirá o seu papel, deixando a formatação tradicional, que visa

apenas o ensino técnico e dogmático e irá caminhar para a educação integral.

No entanto, para que isso ocorra é importante que a universidade reavalie

suas ações e procure se adequar à realidade social e ao meio em que está inserida,

pois o verdadeiro papel da universidade, segundo Pieper, in Machado (1989), é o de

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estimular o homem por inteiro, fazendo com que esse homem tenha vontade de

compreender o mundo que o cerca e o seu papel nesse mundo.

Pieper explica que, conhecendo a si mesmo, o homem terá chances de

considerar o outro, e isso irá permitir uma melhor relação entre os envolvidos, no

processo ensino aprendizagem, a fim de contribuir com a sociedade, participando de

ações sociais, colaborando com a responsabilidade social de forma mais humana, já

que precisamos pensar na construção de um mundo melhor, mais equitativo,

procurando amenizar as desigualdades.

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CAPÍTULO 4

ESTUDO SOBRE O PROGRAMA ESCOLA DA FAMÍLIA – BOLSA

UNIVERSIDADE

“A escola não pode ser concebida apenas como lugar exclusivo da

educação formal, da frequência obrigatória, da hora marcada (...)

para que cumpra o seu papel social, é necessário também que

promova o desenvolvimento de talentos e aptidões, que atue

integrada à família e à comunidade, valorizando as manifestações

culturais locais, criando espaços de convívio amigável e pacífico”.

Geraldo Alckmin

“A educação não pode concentrar-se em reunir pessoas fazendo-as

aderir a valores comuns. Deve, também, responder à questão: viver

juntos, com que finalidades, para fazer o quê? E dar a cada um, ao

longo de toda a vida, a capacidade de participar, ativamente, num

projeto de sociedade”.

Jacques Delors

Este capítulo tem o objetivo de realizar um estudo sobre o Programa Escola

da Família, refletindo sobre as mudanças ocorridas desde sua implantação , em

2003, até a última resolução publicada pelo atual governo: Resolução SE Nº

51/2012, em 17.05.2012.

O Programa Escola da Família – Bolsa Universidade é um Programa

desenvolvido pelo governo do Estado de São Paulo em âmbito estadual e municipal.

Foi desenvolvido para oferecer novas oportunidades tanto de aprendizado quanto de

convivência, não só para alunos da rede estadual de ensino, mas também para a

comunidade em que esses alunos estão inseridos, através dos projetos

desenvolvidos (IDEIAS, 32).

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De acordo com o site do MEC20, este Programa foi criado no dia 23 de agosto

de 2003, mediante uma proposta governamental aprovada pela Secretaria da

Educação do Estado de São Paulo, através do Decreto nº 48.781 aprovado, no dia 7

de Julho de 2004, no governo de G.A.

Esse Programa foi promovido pela Secretaria de Educação do Estado de São

Paulo, com apoio da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação,

a Ciência e a Cultura). E conta ainda com parceria do FDE (Fundo para o

Desenvolvimento da Educação).

No decorrer da estruturação do Programa Escola da Família – Bolsa

Universidade, outras instituições tornaram-se parceiras, tais como: Fundo Social de

Solidariedade Faça Parte, Instituto Ayrton Senna, SEBRAE e instituições privadas

do ensino superior.

O Programa desenvolve projetos nas áreas de: esporte, cultura, saúde e

trabalho. Por meio desses projetos, pretende-se atrair, aos finais de semana, a

população vizinha para que realizem atividades educativas e recreativas, servindo

como opção de lazer às famílias dessas comunidades, além de proporcionar a

inserção de jovens/adultos no ensino universitário – jovens\ adultos, estes, que não

possuem condições financeiras para custear as mensalidades em uma universidade

particular.

4.1 Reflexão acerca das regras implantadas no início do Programa Escola da

Família – Bolsa Universidade até os dias atuais.

Este subcapítulo tem o objetivo de traçar algumas mudanças ocorridas no

Programa Escola da Família--Bolsa Universidade, desde sua implantação até o

presente momento. Para isso, valeu-se de algumas pesquisas realizadas nos

manuais operativos e na entrevista com o Educador Universitário e com a diretora

do Programa Escola da Família, da escola objeto de estudo desta dissertação,

descritos aqui como: Sr. V.C e Sra. A.R.

20 http://www.mec.gov.br/

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A participação de ambos é de suma importância, pois eles enfocam opiniões

acerca de tais mudanças, uma vez que os verdadeiros motivos destas mudanças

não são publicados.

De acordo com Bendrath (2010, p. 22), a UNESCO participou frente ao

Programa Escola da Família, no período de 2003 até final de 2006, realizando a

assessoria técnica do Programa.

Segundo o autor, entre 2003 e 2006, a UNESCO era responsável pela

contratação, tanto dos consultores, hoje denominados educadores Profissionais, que

atuavam nas escolas, aos finais de semana, quanto das Diretorias de Ensino, que

exerciam a função de coordenadores de áreas e coordenadores técnicos.

Os consultores (Educadores Profissionais) contratados, na grande maioria,

eram professores da rede Estadual de Ensino -- professores ativos e aposentados,

que participavam do Programa para terem uma renda a mais em seus salários.

Devido a UNESCO ser um Órgão das Nações Unidas, não se submetia às

Leis trabalhistas. Sendo assim, os contratados não recebiam férias, décimo terceiro

ou qualquer outro benefício que a lei dispunha. Assim, os consultores que

trabalhavam no Programa Escola da Família recebiam o valor de R$ 500,00

(quinhentos reais) mensais. Segundo V.C, este valor não era o ideal, era apenas

uma complementação para se trabalhar, aos finais de semana, com a carga horária

abaixo:

“Antigamente, ganhávamos R$ 500,00 (quinhentos reais) e cumpríamos, aos finais de semana, 16 horas, sendo 8 horas trabalhadas aos sábados e 8 horas trabalhadas aos domingos, e cumpríamos 04 horas, participando de reuniões”.

Segundo Bendrath (2010), a partir de 2007, a contratação passou a ser

através da Secretaria Estadual de Educação, e o Processo de atribuição de aulas e

a carga horária também foram modificados.

Segundo V.C, a contratação pela SEE - Secretaria Estadual de Educação é o

ideal, e a carga horária passa a ser de 24 horas semanais, distribuídas da seguinte

forma:

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8 (oito) horas para desenvolvimento das atividades programadas para os sábados e 8 (oito) horas para os domingos;

4 (quatro) horas a serem cumpridas em reuniões de planejamento e avaliação -- agendadas pela Coordenação Regional do Programa;

2 (duas) horas de trabalho pedagógico coletivo (HTPCs) -- realizado na escola, juntamente com seus pares;

2 (duas) horas de trabalho pedagógico, em local de livre escolha (HTPLs).

E as mudanças não param por aí, segundo informações obtidas pela gestora

da escola, Sra. A.R, o novo manual operativo de 2012 traz novas mudanças em

relação à carga horária do Educador Profissional, passando de 24 horas semanais

para 30.

De acordo com o Manual Operativo 2012, e atendendo a Resolução SE nº

18/2010, a jornada do educador de 30 horas semanais deverá ser distribuída da

seguinte forma:

480 (quatrocentos e oitenta) minutos para desenvolvimento das atividades programadas para os sábados e 480 (quatrocentos e oitenta) minutos para os domingos;

240 (duzentos e quarenta) minutos a serem cumpridos em reuniões de planejamento e avaliação agendadas pela Coordenação Regional do Programa;

100 (cem) minutos de trabalho pedagógico coletivo, realizado na escola, juntamente com seus pares docentes;

500 (quinhentos) minutos de trabalho pedagógico realizado em local de livre escolha.

Como se pode analisar, então, a cada mudança realizada no Programa, as

horas de trabalho dos Educadores Profissionais só aumentam, o que nos faz

compreender a fala do educador profissional Sr. V. C.: “Já pensei em abandonar o

Programa muitas vezes, mas penso na comunidade e gosto de trabalhar com

projetos”.

A fala do Educador evidencia os mesmos pensamentos da gestora da escola,

a Sra. A.R que, muitas vezes, já pensou em solicitar que a escola não participasse

mais do Programa, pois se sente cansada, mas tem “dó” da comunidade, assim

como o educador:

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“Várias vezes pensei em solicitar a saída da escola do Programa, porém quando penso na comunidade, na colaboração e assistência que damos a esta população tão carente desisto. Trabalho a semana toda e aos finais de semana cumpro uma jornada de 8 horas semanais sendo 4 horas aos sábados e 4 horas aos domingos e recebo por isto o valor de R$ 50.00 (cinqüenta reais) como ajuda de custo" (A.R., gestora).

A gestora reclama ainda que não recebe os finais de semana e feriados,

apenas recebe os dias trabalhados.

Ela salienta que no dia 19/04/2011, houve uma reunião com o atual secretário

da Educação, o Sr. H.V, e que precisou representar todos os profissionais da área

da educação da Diretoria de Ensino Leste I. Nessa ocasião, aproveitou o ensejo e

falou sobre regras intituladas, no Programa Escola da Família. Todavia, até o

prezado momento, não houve nenhuma alteração benéfica.

De acordo com V.C, as escolas participantes do Programa, antes, eram

denominadas polos, e estes polos tinham coordenadores de áreas que ficavam

incumbidos de vistoriar como as escolas estavam trabalhando aos finais de semana.

Na realidade, tinham a incumbência de verificar se os projetos estavam sendo

aplicados de acordo com as propostas descritas no Programa. Por final de semana,

os coordenadores visitavam de 6 a 7 escolas, aos sábados, e a mesma quantidade

aos domingos. Muitas vezes, chegavam às escolas de surpresa.

Hoje, o Programa não possui mais coordenadores de áreas -- o cargo foi

extinto. O papel de vistoriar as Unidades Escolares cabe aos supervisores, que

precisam cumprir uma carga de 4 horas de trabalho aos sábados e 4 horas de

trabalho aos domingos. Cada supervisor é responsável por 23 escolas.

“Antes tínhamos 89 coordenadores de área na Diretoria de Ensino leste 1, hoje com as alterações temos 25 supervisores que além de terem outras atribuições cuidam de 23 escolas que participam do Programa Escola da Família. Desta forma tenho visitas na escola 2 ou 3 vezes ao ano, pois a supervisora visita as escolas que costumam dar problemas.”(VC, Educador Profissional)

Analisando a exposição de V.C, pode-se verificar que esta mudança não foi

tão benéfica.

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Outra mudança retratada por Bendrath (2010, p. 23), foi em relação à carga

horária destinada aos Educadores Universitários. Segundo o autor, no início do

Programa, em 2003, a carga horária dos universitários era de 4 horas trabalhadas,

às sextas feiras, 8 horas trabalhadas, aos sábados e 8 horas trabalhadas, aos

domingos, totalizando, assim, 20 horas semanais. No ano de 2004, a carga horária

passou a ser de 16 horas, sendo 8 horas aos sábados e 8 horas aos domingos.

A partir de 2009, os universitários passaram a cumprir a jornada de 12 horas,

sendo 6 horas aos sábados e 6 horas aos domingos.

Ao se perguntar a Sra. AR e ao Sr. V.C, o porquê de estas mudanças terem

ocorrido em relação à carga horária dos Educadores Universitários, pode-se verificar

que eles possuem a mesma opinião.

Eles explicaram que estas mudanças devem ter ocorrido em decorrência de

muitas reclamações sobre a carga horária realizada pelos Educadores

Universitários, no site Escola da Família, por meio do link “fale conosco”.

Segundo Bendrath (2010, p.24), os educadores universitários, nesses

horários de dedicação ao Programa, precisam desenvolver projetos de acordo com

os eixos Cultura, Esporte, Saúde e trabalho.

Assim, a maioria das escolas solicitam que os Universitários façam tais

projetos sozinhos. Porém, o educador Universitário da escola pesquisada faz

questão de desenvolver os projetos juntamente com os Universitários, pois segundo

ele a maioria dos Universitários tem dificuldades em desenvolver um projeto e,

sendo assim, ao trabalhar conjuntamente, ele colabora no desenvolvimento desses

projetos.

De acordo com John Dewey in Bendrath (2010), os projetos desenvolvidos

em cada Unidade Escolar precisam ser estabelecidos coletivamente, de acordo com

os anseios dos jovens e da comunidade.

Todas as ações do Programa Escola da Família devem ser organizadas em projetos, que são o caminho entre a palavra e a ação do educador. O projeto é a intenção que se concretiza no conjunto de atividades planejadas e inter-relacionadas, aliadas ao contexto para alcançar um objetivo específico. (BENDRATH, 2010, p.142).

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Diante a esta citação, percebe-se que o Educador Profissional da escola

pesquisada cumpre com as regras intituladas não só pelo Programa quanto pela

posição defendida pelo autor John Dewey.

Segundo V.C, após a aplicação desses projetos os educadores profissionais

de cada escola participante do Programa enviam, semanalmente, um relatório via

online para a Diretoria de Ensino, relatando a participação da comunidade nos

projetos desenvolvidos aos finais de semana. Este relatório deve conter: total de

atividades desenvolvidas, número de pessoas participantes etc.

As diretorias de ensino, por sua vez, ao receberem os relatórios das escolas

participantes, emitem um único relatório e enviam para a central da Escola da

Família. A partir desses dados, o site divulga como o Programa esta caminhando.

Após todas estas informações obtidas pelo Educador Profissional e pela

diretora do Programa, em entrevista, se fez necessário realizar uma leitura dos

manuais operativos do Programa Escola da Família – Bolsa Universidade, a fim de

verificar se houve mais alguma alteração nesses manuais, para se perguntar, dessa

vez, somente ao Educador Profissional qual era a sua posição acerca dessas

mudanças.

A primeira alteração encontrada referia-se a alguns dias festivos, tais como:

Páscoa, Dia das mães e Dia dos pais que, no manual operativo de 2010, apontava

um tipo de funcionamento com horários especiais, divididos da seguinte forma:

� Páscoa – encerramento das atividades às 12 h, no domingo;

� Dia das mães – encerramento das atividades às 12 h, no domingo;

� Dia dos pais – encerramento das atividades às 12h, no domingo.

Segundo o manual operativo de 2012, nestes dias, não há mais

funcionamento do Programa -- o que na visão do educador é bastante benéfico, já

que os participantes do Programa também têm suas famílias.

Outra mudança ocorrida desde a implantação do Programa até os dias de

hoje, foi a redução das escolas participantes no Programa.

De acordo com Bendrath (2010, p.15), no início do Programa, a grandiosidade

do Programa ultrapassou a meta estabelecida pela UNESCO, conforme se pode

analisar:

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Inicialmente com 5.306 escolas, em 645 municípios, mais de 6.000 profissionais de educação envolvidos diretamente, 25 mil universitários bolsistas, em 89 diretorias de ensino, o Programa se tornou a maior cooperação técnica já realizada pela UNESCO, em todo o mundo. Assim, a UNESCO contribuiu com a Escola da Família, oferecendo sua expertise no desenvolvimento da cultura da paz, adquirida pelas experiências aplicadas em vários países, inclusive no próprio Brasil. (BENDRATH, 2010, p.25)

De acordo com o autor, apesar dos resultados do Programa da Família já

serem benéficos, o ápice maior ocorreu no ano de 2005, em que o Programa teve a

participação de 100 milhões de pessoas integrantes. No entanto, no ano de 2006,

este número reduziu para apenas 2.650.

A redução do número de escolas participantes, de acordo com Bendrath

(2010), ocorreu com base em uma pesquisa realizada online pela Fundação Sistema

Estadual de Análise de Dados (SEADE), no início de 2006.

Nessa época, foram enviados vários questionários fechados aos principais

participantes do Programa Escola da Família, entre eles: Público Participante,

Educadores Universitários, Educador Profissional, Voluntários. Os questionários

pretendiam saber qual era a opinião dos participantes sobre os projetos

desenvolvidos, sua eficácia. A partir desta pesquisa, houve, então, a redução do

número de escolas.

É importante salientar que não foram consideradas nessa reestruturação,

nem as condições sócio econômicas, tampouco o grau de exclusão das

comunidades. (BENDRATH, 2010 p.16)

O entrevistado, Sr. V.C, acredita que um fator determinante possa ter

colaborado para a diminuição das escolas participantes -- o fato de muitas escolas

não trabalharem de acordo com as intitulações do Programa. Ele ressalta ainda que,

a abertura dos CEUS21 -- que possuem muito mais recursos de lazer do que o

Programa Escola da Família -- possa ter sido outro fator determinante para a

diminuição das escolas.

Outra mudança que se pôde notar foi a do custeio do valor das mensalidades.

21 Centros Educacionais Unificados

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De acordo com o site Escola da Família22, no início do Programa, em 2003:

A Secretaria de Estado da Educação custeia 50% do valor da mensalidade do curso de graduação, até o limite de R$ 267,00 (duzentos e sessenta e sete reais), e o restante é assumido pelas Instituições de Ensino Superior.

De acordo com o mesmo site, no ano de 2012:

O estudante contemplado receberá bolsa integral de seu curso a Secretaria de Estado da Educação arca com 50% do valor da mensalidade, com teto de R$ 310,00, e a instituição de ensino completa o restante do valor da mensalidade.

Como se pode notar, algumas alterações foram benéficas com relação ao

Programa, e outras alterações, não tão benéficas. Entretanto, não se pode negar

que o Programa previa, desde sua implantação, a redução da criminalidade e da

violência – resultados alcançados, pelo menos, na escola pesquisada, conforme é

possível verificar por meio da exposição do Educador Profissional, Sr. V.C.

“Com a implantação do Programa a comunidade passou a “cuidar” mais da escola. Um dia um rapaz de outra comunidade invadiu a escola para “bagunçar” o trabalho, a própria comunidade o expulsou.” (V.C. Educador Profissional)

Em relação à violência, deve-se mencionar ainda uma entrevista realizada

com o Ex-secretário da Educação, G. C., após a implantação do Programa. Esta

entrevista foi extraída do site23 do próprio secretário. O Ex-secretário da Educação

relata que a implantação do Programa, além de inserir grande parte da população

nas atividades, fez com que houvesse uma queda de 16% da violência praticada

contra as escolas, não tendo assim muitos chamados à polícia.

Constatou-se ainda que 38% das escolas passaram a não ser mais pichadas

ou depredadas. Acredita-se que este fator deve-se ao fato do envolvimento dos

22 http://escoladafamilia.fde.sp.gov.br/v2/subpages/bolsa_universidade.html 23 Disponível em: httpp://gabrielchalita.com.br/mídia de 28/05/2010

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alunos e da população, nas atividades desenvolvidas, fortalecendo a valorização do

patrimônio escolar.

É possível acrescentar , que o Programa tenha conseguido manter os jovens

ocupados e longe da criminalidade, além de envolvê-los em projetos com eixos de

interesses da população.

As declarações de G.C permitem mais uma reflexão acerca do capítulo IV, do

Estatuto do Menor e do Adolescente, que evidencia ser “um direito de todo

adolescente participar de atividades que envolvam a Educação, à Cultura, o Esporte

e o Lazer”.

Dessa forma, pode-se concluir que não existe melhor local para envolver os

jovens nessas atividades que não seja a escola. Local onde se espera que haja o

exercício efetivo dos direitos de todo educando.

Mediante as ideias desenvolvidas neste subcapítulo, é possível concluir que

ainda há muito que fazer no que diz respeito ao objetivo de afastar os jovens das

ruas, da marginalidade, bem como o de inserirmos mais universitários no Programa,

como previa a proposta inicial. Porém, para que isto seja possível tais mudanças

devem ocorrer de acordo com a opinião de todos que participam, sistematicamente,

do Programa e não apenas através de alguns membros. Faz-se necessário ainda, a

realização de um estudo da área a qual o Programa está inserido, a fim de que as

escolas inseridas em uma comunidade mais carente continuem participando do

Programa, o que não ocorreu, segundo Bendrath (2010).

4.2 Princípios do Programa

Segundo o site24 escola da família um dos fatores principais do

Programa Escola da Família – Bolsa Universidade é a Inclusão a partir das

diferenças, despertando nos envolvidos o processo, a interação e a participação

plena nas atividades.

Todas as atividades desenvolvidas pelas escolas seguem padrões

estabelecidos pela Secretaria da Educação, visando ao lema aprender a aprender.

24 http://escoladafamilia.fde.sp.gov.br/v2/subpages/bolsa_universidade.html

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De acordo com Perrenoud (2005), o princípio de aprender a aprender é

extremamente importante para os alunos, uma vez que eles aprendem na medida

em que estão sendo mediados pelo professor.

O Programa Escola da Família - Bolsa Universidade utiliza esse princípio com

os universitários envolvidos nos projetos, uma vez que os alunos inseridos nestes

estão aprendendo conceitos, mediados por professores experientes.

Para Perrenoud (2005),

É por meio de um ensino voltado para o desenvolvimento de competências necessárias para conviver em sociedade, e do resgate de valores éticos e filosóficos é que a escola irá desenvolver a cidadania e cumprirá sua função educativa. (PERRENOUD, 2005, p.20).

Mediante tal afirmação, percebe-se o quanto é necessário que os envolvidos

no processo do Programa tenham claro esse conceito de cidadania e colaborem

para que a comunidade também tenha.

A necessidade de aprender a aprender é considerada de vital importância

para todos, uma vez que estamos sempre aprendendo, seja formalmente por meio

da escola, ou informalmente, no trabalho, ou até mesmo nas simples conversas com

amigos (Gohn, 2006).

Como bem afirma Rolim (2008),

A descoberta da escola como lugar de convívio, divertimento e acesso à cultura, nos fins de semana é um fato da maior relevância na história da educação brasileira. Concebendo as intenções do programa enquanto política publica. (ROLIM, 2008, p.10).

Assim, diante a tais fatos, podemos depreender a seguinte questão: por que

não aprendermos mediante ações afirmativas implantadas pelo governo?

De acordo com Villas-Boas (2003), “ação afirmativa” é:

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“[...] um conjunto de medidas especiais e temporárias tomadas ou determinadas pelo Estado com o objetivo específico de eliminar as desigualdades que foram acumuladas no decorrer da história da sociedade”. (Villas-Boas, 2003, p.10).

O Programa Escola da Família – Bolsa Universidade é considerado uma ação

afirmativa, pois visa proporcionar aos participantes (sejam eles voluntários,

universitários, ou profissionais da área educacional) uma cultura de paz,

despertando potencialidades, ampliando horizontes.

4.3 Coordenação do Programa

A administração do Programa tem parceria com a CENP – Coordenadoria de

Estudos e Normas Pedagógicas, da Secretaria do Estado da Educação; com a DPE

– Diretoria de Projetos Especiais; e FDE – Fundação para o Desenvolvimento da

Educação, órgão executor do Programa Escola da Família.

A Coordenação geral fica a cargo da Secretaria do Estado da Educação, com

a colaboração da Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas – CENP e a

Fundação para o Desenvolvimento da Educação – FDE.

Cada órgão tem as suas atribuições, ficando a cargo das Diretorias de Ensino

a coordenação regional do Programa Escola da Família, por meio de um supervisor

de ensino, designado pelo Dirigente Regional e pelo professor coordenador da

Oficina Pedagógica da Diretoria.

Além dos órgãos citados , o Programa possui a colaboração da Coordenação

Local do Projeto (escolas) que é composta pelo Gestor, pelo Educador Profissional

da Escola Estadual/Municipal.

4.4 Colaboradores do Programa

O que está em causa é, de fato, a capacidade de cada um se comportar como verdadeiro cidadão, consciente das vantagens coletivas e sociais de participar na vida democrática

DELORS

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Tratando-se da Coordenação Regional, o dirigente é a autoridade máxima

dentro do Programa, seguido pelos supervisores, gestores, coordenadores das

oficinas pedagógicas, educadores profissionais, educador universitário e educador

voluntário. Cada colaborador, de acordo com o Programa, tem um perfil a ser

seguido, segundo o site Escola da Família25, como é apresentado a seguir:

4.5 Supervisor de Ensino

O supervisor de ensino é designado pela Diretoria de Ensino e deverá ter

disponibilidade de quatro horas, aos sábados e quatro horas, aos domingos, para

acompanhar as atividades. Deverá ainda, participar de todas as reuniões de trabalho

ou orientações técnicas sobre o Programa.

4.5.1 As Principais Atribuições do Supervisor de Ensino:

� Assessorar, acompanhar e dar apoio técnico aos aspectos pedagógicos e legais

do Programa;

� Acompanhar diretamente o trabalho do gestor junto à escola;

� Participar da elaboração e implementação do planejamento anual do Programa;

� Promover a integração do Programa Escola da Família com os demais

supervisores da Diretoria de Ensino;

� Orientar e avaliar as ações desenvolvidas, por meio de visitas às unidades

escolares, nos finais de semana e participar dos eventos do Programa;

� Contribuir para a análise dos projetos e para o estabelecimento, manutenção e

reconhecimento de parcerias;

25 Disponível em: http://escoladafamilia.fde.sp.gov.br/v2/Arquivos/Regulamento/MANUAL%20OPERATIVO%20%20PEF%20-%202010.pdf.

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� Elaborar e realizar orientação técnica para os educadores do Programa,

juntamente com o professor coordenador das oficinas pedagógicas;

� Assegurar o funcionamento do Programa Bolsa – Universidade, em sua Diretoria

de Ensino, atendendo tanto aos candidatos quanto às IES de sua região.

4.6 Professor Coordenador da Oficina Pedagógica

O Professor Coordenador da Oficina Pedagógica (PCOP), agora denominado

Professor Coordenador do Núcleo Pedagógico, segundo o manual operativo 2012

de PCNP, também é designado pela Diretoria de Ensino e deverá cumprir uma

carga horária de quatro horas, aos sábados e quatro horas, aos domingos.

O PCNP é o principal interlocutor entre a Diretoria, Municípios e a

Coordenação Geral do Programa. Deverá possuir graduação com licenciatura plena

em qualquer área, experiência de três anos, na Rede Estadual ou Municipal de

Ensino, ter conhecimento das características e das necessidades de sua região de

atuação, possuir habilidade de gestão, disponibilidade para acompanhar as

atividades, aos finais de semana, ter conhecimentos de informática, participar de

reuniões de trabalhos e orientações técnicas com a coordenação geral do Programa.

4.6.1 As Principais Atribuições do Coordenador da Oficina Pedagógica

� Participar das reuniões e orientações técnicas realizadas pela Coordenação

Geral, desenvolvendo ações regionais que promovam a formação continuada dos

educadores do Programa;

� Selecionar, contratar, avaliar e remanejar os educadores do Programa;

� Visitar as escolas, aos sábados e domingos, a fim de orientar suas ações quanto

à implantação e ao andamento dos projetos, espaços, materiais, eventos,

divulgação e grade de atividades;

� Promover uma interlocução eficaz entre as Coordenações Geral e Local,

assegurando pleno fluxo de informações;

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� Propor ações para articular as atividades do Programa as do cotidiano letivo,

considerando o projeto pedagógico de cada unidade escolar;

� Acompanhar a digitação semanal dos relatórios de atividades, participações,

frequências, projetos e atualização de cadastros, no site do Programa,

verificando a coerência com as ações desenvolvidas, princípios e metas

regionais;

� Participar da elaboração e implementação do planejamento anual do Programa;

� Estimular o estabelecimento, manutenção e reconhecimento de parcerias;

� Acompanhar o registro da utilização e prestação de contas das verbas

endereçadas às escolas estaduais, destinadas aos projetos desenvolvidos aos

finais de semana, considerando que a utilização da verba deve estar coerente

com o registro do projeto no site;

� Assegurar, juntamente com o Supervisor de Ensino, o funcionamento do

Programa Bolsa-Universidade, em sua Diretoria de Ensino, atendendo tanto aos

candidatos quanto às Instituições de Ensino Superior (IES) de sua região.

4.7 O Gestor

O gestor é representado pela figura do diretor, porém se este não estiver

presente, pode exercer essa função, o vice-diretor, o professor coordenador ou,

excepcionalmente, o professor titular de cargo da unidade escolar, desde que haja

anuência da Coordenação Regional. O gestor conhece a realidade da unidade

escolar e tem contato com todos os envolvidos no processo.

Mediante sua atuação, é possível traçar as diretrizes. O ocupante deste posto

deverá ter conhecimento e envolvimento com os objetivos e metas do Programa, ter

disponibilidade de atuar quatro horas, aos sábados e quatro horas, aos domingos,

além de ter disponibilidade para participar de reuniões e orientações promovidas

pela Coordenação Regional e Geral.

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4.7.1 As Principais Atribuições do Gestor:

� Comunicar à Coordenação Regional seu horário de trabalho, na unidade escolar,

aos finais de semana;

� Promover integração do Programa com o projeto pedagógico da escola,

articulando atividades dos docentes da unidade com educadores do Programa;

� Disponibilizar os espaços escolares e equipamentos para o desenvolvimento dos

projetos do Programa e assegurar local adequado para o armazenamento dos

materiais adquiridos para as atividades;

� Participar do planejamento das atividades do Programa e fornecer informações

que fortaleçam o diagnóstico da comunidade;

� Divulgar o Programa para a comunidade intra e extraescolar;

� Planejar e executar ações, em conjunto com a Coordenação Local e Regional,

com vistas ao estabelecimento, manutenção e reconhecimento de parcerias,

além de incentivar a busca por adesão de voluntários ao Programa;

� Acolher a comunidade;

� Promover a conservação e manutenção do patrimônio público escolar por meio do

envolvimento da comunidade;

� Possibilitar a participação do educador profissional, nas horas de trabalho

pedagógico coletivo (HTPCs), promovendo sua integração ao corpo docente da

unidade escolar;

� Avaliar o andamento do Programa, juntamente com a equipe de educadores –

profissionais e universitários – e com a comunidade;

� Segundo a Resolução SE 51/2012, passa a ser incumbência do gestor, nos

períodos de recesso ou Férias escolares, o desenvolvimento de atividades do

Programa.

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4.8 O Educador Universitário

Os alunos beneficiados pelo do Programa Escola da Família – Bolsa

Universidade são chamados de educadores universitários. Eles atuam de acordo

com as atividades desenvolvidas, na escola em que estão alocados, e são

responsáveis pelas atividades socioeducativas.

Para participarem do Programa, precisam estar matriculados em uma

Instituição de Ensino Universitário conveniada com o Programa Escola da Família –

Bolsa Universidade, em qualquer curso de graduação.

O educador universitário deverá cumprir a jornada de 12 horas,

conforme consta em suas atribuições, devendo escolher os seguintes horários:

• 1º período: das 9 às 15 horas – incluindo 30 minutos de intervalo.

• 2º período: das 11 às 17 horas – incluindo 30 minutos de intervalo.

O quadro de horário dos educadores universitários deverá ser aprovado pela

Coordenação Regional.

Caso o educador universitário tenha aulas aos sábados, pela manhã ou tarde,

deverá apresentar uma declaração da Instituição de Ensino devidamente assinada

pelo coordenador do curso, informando qual será a disciplina e o horário de aulas,

bem como a informação de que a disciplina não será oferecida em outros dias.

Dessa forma, o educador universitário cumprirá um horário diferenciado,

sendo quatro horas aos sábados, após o término da aula ou antes dela e oito horas,

aos domingos, das 9 às 17 horas, incluindo uma hora de almoço.

A cada semestre o educador universitário deverá apresentar uma nova

declaração. Cabe à coordenação local do Programa organizar um revezamento dos

educadores universitários, para que a comunidade local não fique sem as atividades

estipuladas.

Os educadores universitários podem obter até três faltas, a cada seis meses,

desde que comunicadas com antecedência à coordenação local. Isto, contando a

partir do início de suas atividades, não tornando-as cumulativas, para gozo posterior.

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No caso de afastamento por motivo de saúde, o educador universitário deverá

apresentar atestado médico à Coordenação Regional, não podendo ultrapassar 15

dias corridos.

Se o atestado for para mais de 15 dias, só será aceito se o educador

universitário se encontrar em regime de exercícios domiciliares, estipulados no

dispositivo legal, contido no Decreto Lei nº 1044, de 21 de outubro de 1969. O

educador deverá apresentar documento comprobatório da instituição na qual esteja

matriculado.

Caso o educador universitário precise se afastar por motivo de casamento,

nascimento de um filho, gestação ou falecimento, ele terá os seguintes direitos:

• No casamento – um final de semana, na semana do casamento, desde que

comprovado por certidão de casamento;

• No nascimento de filho ou adoção de crianças com até um ano de idade, a

mãe tem até 120 dias corridos, mediante apresentação de atestado médico

ou documento legal de adoção. No caso do pai, um final de semana para

nascimento ou da adoção, mediante apresentação da certidão de nascimento

ou documento legal de adoção;

• No caso de Falecimento na família -- um final de semana, na semana do

óbito, desde que apresente o atestado de óbito. São considerados membros

da família: cônjuge, pai, mãe ou filho.

4.8.1 As Principais Atribuições do Educador Universitário

� Participar de orientações técnicas realizadas pela Coordenação Geral, Regional

e Local;

� Elaborar projetos de atendimento à comunidade, considerando os conhecimentos

adquiridos em seu curso de graduação ou suas habilidades pessoais, para

desenvolvê-los no Programa, conforme orientações recebidas pelas

Coordenações Geral, Regional e Local;

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� Cumprir a carga horária de 12 horas, aos finais de semana, nos espaços

escolares previamente indicados pela Diretoria de Ensino ou pela Secretaria

Municipal de Educação;

� Manter a pontualidade e assiduidade;

� Auxiliar a coordenação local no planejamento e realização de ações com vistas

ao estabelecimento e manutenção de parcerias e busca de adesão de

voluntários;

� Contribuir para o bom andamento do Programa, cumprindo com as atribuições

junto à comunidade participante;

� Cooperar para a conservação e manutenção do patrimônio público escolar,

auxiliando a coordenação local na orientação à comunidade;

� Colaborar com os educadores voluntários para a elaboração e desenvolvimento

de projetos;

� Apoiar o desenvolvimento das atividades, em outras unidades escolares, quando

da necessidade do Programa;

� Elaborar relatórios mensais das atividades desenvolvidas, que serão entregues

ao educador profissional responsável pelo acompanhamento do Programa na

unidade escolar.

4.9 O Educador Profissional

Toda escola participante do Programa deverá contar com um docente, que

exerce o cargo de Educador Profissional (agora denominado como Vice Diretor) de

acordo com os termos da Resolução 18/2010 – SEE. Este educador Profissional irá

compor a coordenação local do Programa juntamente com o gestor do Programa.

O Educador profissional ficará responsável pela abertura da Unidade Escolar

aos finais de semana, e será o articulador entre os projetos e sua aplicação,

juntamente com os Universitários.

Para se candidatar ao cargo de Educador profissional o candidato deverá:

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� Ser portador de diploma de licenciatura plena, em qualquer componente

curricular, nos termos da legislação vigente, como Professor Educação

Básica I - PEB I, Faixa 1 e Nível I, no campo de atuação relativo a aulas

dos Ensinos Fundamental e Médio;

� Ter a formação acadêmica compatível com a natureza das atividades

sócio-educativas desenvolvidas pelo Programa.

De acordo com o manual operativo de 2012, e atendendo a Resolução

32/2011, em seu artigo 15. §2º, fica vedada a atribuição de aulas ao Educador

Profissional, exceto em substituição temporária. Caso o educador Profissional tenha

aulas regulares anteriormente, a nova resolução deverá ser implantada

gradativamente para evitar prejuízos aos participantes do Programa.

A carga horária deverá passar de 24 horas (manual Operativo 2010) para 30

horas semanais (Manual Operativo 2012), correspondendo a 1.800 minutos.

A carga horária deverá ser distribuída da seguinte forma:

480 (quatrocentos e oitenta) minutos para desenvolvimento das atividades programadas para os sábados e 480 (quatrocentos e oitenta) minutos para os domingos.

240 (duzentos e quarenta) minutos a serem cumpridos em reuniões de planejamento e avaliação agendadas pela Coordenação Regional do Programa;

100 (cem) minutos de trabalho pedagógico coletivo, realizado na escola, juntamente com seus pares docentes;

500 (quinhentos) minutos de trabalho pedagógico realizado em local de livre escolha.

O Educador Profissional deverá cumprir o calendário escolar, o descanso

será remunerado e deverá ser em um dia útil da semana.

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4.9.1 As Principais Atribuições do Educador Profissional

� Abrir a Unidade Escolar às 9:00h e fechá-la às 17 horas, aos sábados e

domingos;

� Orientar, acompanhar e avaliar a elaboração de projetos dos Educadores

Universitários e Voluntários;

� Elaborar diagnóstico da comunidade local e, com base nesses dados, traçar o

planejamento e cronograma de execução do projeto da Unidade Escolar;

� Organizar a Grade de Atividades e divulgá-la para a Unidade Escolar e

comunidade durante a semana, acompanhando e oferecendo apoio necessário

ao seu desenvolvimento;

� Participar das Horas de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPCs), com a finalidade

de conhecer a proposta pedagógica da escola, divulgar as ações do Programa e

promover a aproximação do corpo docente;

� Estabelecer ações que envolvam o Grêmio Estudantil, tornando-o parceiro das

atividades desenvolvidas aos finais de semana;

� Planejar e executar ações, em conjunto com a Coordenação Local e Regional,

com vistas ao estabelecimento, manutenção e reconhecimento de parcerias e

buscar adesão de voluntários;

� Orientar sobre a aquisição de materiais para as atividades;

� Preencher semanalmente os relatórios no site do Programa;

� Participar de reuniões promovidas pela Coordenação Regional e Geral;

� Promover a conservação e manutenção do patrimônio público escolar,

envolvendo toda a comunidade;

� Comunicar previamente a Coordenação Local e Regional suas ausências (faltas),

para que sejam tomadas as providências necessárias.

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4.10 O Convênio do Programa – Objetivos

De acordo com o regulamento demonstrado no site Escola da Família26, a

celebração do convênio entre a SEE (Secretaria do Estado da Educação), por meio

da FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação) e IES (Instituições

Privadas de Ensino Superior), tem como compromisso contribuir para o

enriquecimento da formação universitária do estudante, agregando valores

relacionados à responsabilidade social, objetivando a construção de uma sociedade

mais democrática, solidária e justa, obedecendo ao artigo 2º da Resolução SE nº 18,

de 5 de fevereiro de 2010, quanto aos objetivos do Programa, que deverá:

I- Fundamentar políticas públicas voltadas para o fortalecimento de atitudes e comportamentos compatíveis à construção de uma atitude cidadã voltada para a harmonia e a convivência social;

II- Assegurar nas escolas públicas estaduais, espaços abertos aos diferentes segmentos da comunidade, que lhes assegurem, aos finais de semana, oportunidades de vivência de ações construídas a partir dos quatro eixos norteadores - cultura, saúde, esporte e trabalho, ampliando-lhes seu horizonte cultural, lúdico, esportivo e de qualificação profissional;

III- Construir e apoiar ações de voluntariado e solidariedade, com vistas ao desenvolvimento de senso de consciência, responsabilidade e participação na comunidade

Diante da exposição acima, se o Programa se propuser a estabelecer regras

que sejam benéficas, tanto para os profissionais participantes, quanto para a

comunidade ele, certamente, irá contribuir para que haja uma sociedade mais

democrática, solidária e justa conforme prevê em seus objetivos.

26 Disponível em: http://escoladafamilia.fde.sp.gov.br/v2/Arquivos/Regulamento2010.pdf

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CAPÍTULO 5

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Este capítulo tem o objetivo de descrever a pesquisa de campo realizada na

Escola Estadual, objeto de estudo desta dissertação.

Foram aplicados dois questionários, com questões semiabertas. Segundo

Severino (2007, p. 12), “O questionário é a constituição de questões relacionadas ao

estudo e podem ser estruturadas, com respostas fechadas, ou semiestruturadas

com respostas abertas e fechadas”.

Neste estudo, optou-se por aplicar um questionário com questões

semiestruturadas.

Em um primeiro momento, realizou-se a análise do questionário aplicado aos

profissionais da Escola envolvidos no Programa Escola da Família, contendo 5

questões.

Foram entrevistados 6 profissionais, que serão denominados, da seguinte

forma:

Tabela 01 – Profissionais da Escola

Nº INICIAIS CARGO

01 A.R.L Gestora da escola

02 S.G Professora Voluntária

03 G.A.O Coordenador Pedagógico

04 A.C.S Professora

05 M.A Coordenadora Pedagógica

06 V.C Educador Profissional

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Os pesquisados responderam o questionário na ausência da pesquisadora.

De acordo com os resultados obtidos, analisados à luz da teoria utilizada

nessa pesquisa, os principais dados encontrados no discurso dos sujeitos, apontam

se há semelhanças ou diferenças entre os teóricos e os entrevistados.

5.1 Descrição da Pesquisa de Campo realizada com os Profissionais da

Escola Envolvidos com o Programa Escola da Família – Bolsa Universidade.

1. Gráfico 1 - Ações da Escola para divulgação do Programa

Na primeira questão, referente ao gráfico 1, perguntou-se aos profissionais

da escola quais eram as ações que a escola utilizava para divulgar o Programa.

Essa questão continha o item “outros” que, caso fosse assinalado, deveria

especificar tais ações.

Para essa questão, foram dadas as seguintes respostas 27:

1. A.R.L – Cargo Gestora – “Mural da Escola: há um mural específico

para o Programa Escola da Família divulgar cursos, horários etc.”.

27 As respostas foram redigidas, na integra, pelos entrevistados.

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2. Sra. I.S.G – Professora Voluntária – “Há divulgação dos projetos, em

reuniões de pais e mestres, bem como dos benefícios do Programa Escola da

Família, para formação inicial dos alunos concluintes do Ensino Médio.”

3. Sr. G.A.O – Coordenador Pedagógico – Não respondeu.

4. Sra. A.C. S – Professora – Não respondeu.

5. Sra. M.A – Coordenadora Pedagógica – Não respondeu.

6. Sr. V.C – Educador Profissional – “Há um painel interno para

comunidade interna e pais, quando de suas participações, em reuniões

pedagógicas.”

De acordo com o manual operativo 2010, sobre o Programa, fica a cargo da

gestora da Unidade Escolar fazer tal divulgação e, conforme se constatou, ela o faz.

Na questão 02, no gráfico 2, perguntou-se se as ações utilizadas pela escola

eram eficazes. Todos os entrevistados (100%) afirmaram que as ações eram

eficazes.

2. Gráfico 2 – Eficácia das ações

A questão 03, referente ao gráfico 3, perguntou se os Educadores

Universitários participavam integralmente dos projetos desenvolvidos no Programa

Escola da Família, aos finais de semana. Neste item, obteve-se um índice positivo

de 100%, confirmando a participação integral de todos os Educadores Universitários.

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3. Gráfico 3 – Participação dos Educadores Universitários

Na questão 04, gráfico 4, questionou-se sobre as regras intituladas no

Programa, principalmente em relação ao cumprimento de 6 horas, aos sábados e 6

horas, aos domingos. 83% dos entrevistados acreditam que as horas são

suficientes. 17% concordam que as horas são suficientes, porém gostariam que o

horário fosse modificado, ocorrendo das 10:00h às 16:00 h. Hoje, o Programa

institui, de acordo com o manual operativo 2010, que o horário seja da seguinte

forma:

Considerando o horário de abertura das escolas, aos sábados e domingos, das 9 às 17 horas, a atuação dos bolsistas deverá ser organizada de forma a contemplar todo o horário de funcionamento das escolas. (MANUAL OPERATIVO 2010)

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4. Gráfico 4 – Regras sobre as horas do Programa

Na última questão deste questionário, destinado aos Profissionais da Escola,

solicitou-se a esses profissionais, que relatassem quais foram às mudanças sociais

ocorridas, na unidade Escolar, após a implantação do Programa Escola da Família.

De acordo com Strasser e Randall (1961), in Sztompka (2005), pode-se

considerar mudança social, aquela que ocorre dentro de uma sociedade ou que a

abrange. Ela corresponde à diferença entre vários estados sucessivos de um

mesmo sistema.

Segundo o autor:

Quando falamos em mudança social, temos em mente algo que se concretiza passado algum tempo: isto é, estamos lidando com a diferença entre o que pode ser observado antes de determinado instante e o que vemos depois. A fim de se poder estabelecer diferenças, a unidade sob análise deve preservar um mínimo de identidade – apesar das mudanças ocorridas no tempo (Strasser e Randall, in Sztompka, 2005,p.27).

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A fala da A.R.L -- quando diz que a comunidade carente tem a oportunidade

de participar dos cursos ministrados pelo Programa, próximos à sua residência e tem

acesso às atividades de lazer, por meio da escola -- vem cumprindo sua função

social, na formação de recursos, para que estas pessoas possam tentar uma

alternativa de “ganhar o pão”, principalmente através dos cursos de artesanatos.

Esta fala aponta para o fato de que realmente algo se concretizou, na vida

destes participantes.

De acordo com a Sra. I.S.G, o Programa, além de possibilitar a formação

universitária para muitos alunos oriundos da própria escola e outros, tem

desenvolvido cursos de capacitação em espanhol e libras. A professora cita como

exemplo um aluno surdo, que participou do Programa, aprendeu libras na escola e

fez, em seguida, letras- libras, na USP. “Hoje, esse aluno participa do Programa de

Mestrado (Bolsista) da GV”, diz ela. Assim, é possível observar o antes e o depois

desse aluno, conforme salienta os autores Strasser e Randall.

Para esta questão, ainda obteve-se as seguintes respostas:

De acordo com G.A.O. – Coordenador Pedagógico da Escola, a comunidade

passou a se interessar mais pela Unidade Escolar e a participar mais, nos eventos e

atividades desenvolvidas, na escola. A professora A.C.S. concorda que a

comunidade, em geral, passou a participar das atividades promovidas e ainda

reconhece que as ações são benéficas para todos, vindo ao encontro do discurso

utilizado pela Sra. M.A – Coordenadora Pedagógica, quando afirma que a

comunidade usa e cuida da escola como se fosse deles, acrescentando que, depois

da implantação do Programa, a comunidade passou a conhecer e elogiar este

espaço.

Segundo Sr. V.C., Educador profissional, essa integração da Escola e da

Família com a semana letiva acaba atraindo os alunos, no final de semana, para

diversões que, muitas vezes, eles não teriam em suas residências, tais como: tênis

de mesa, xadrez, dama etc.

Noleto (2006), afirma que o Programa Escola da Família dá acesso a um

mundo que antes era inacessível, como teatro, música, danças, jogos etc.,

confirmando a fala do Sr. V.C.

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Como é possível observar, na visão dos Profissionais, o Programa realmente

promoveu uma mudança social benéfica à comunidade.

5.2 Descrição Sobre a Pesquisa de Campo realizada com os Educadores

Universitários da Escola Estadual pesquisada.

5.2.1 Questões Preliminares/Dados:

Este subcapitulo tem o objetivo de traçar a descrição da pesquisa de campo

realizada com os Educadores Universitários objeto de estudo desta dissertação.

Um questionário foi aplicado aos Educadores Universitários, contendo 11

questões semiabertas. Os entrevistados foram 12 alunos participantes do Programa

Escola da Família – Bolsa Universidade, 8 do sexo feminino e 4 do sexo masculino.

Os entrevistados não responderam ao questionário perante a pesquisadora.

É importante salientar que, segundo informações do Sr. V. C., Educador

Profissional da Escola pesquisada , cada Unidade Escolar participante do Programa

conta com a participação de 10 integrantes. Entretanto, pode haver exceções,

ampliando-se esse número de participantes, se a escola assim permitir. Hoje, a

escola pesquisada conta com 12 Educadores Universitários.

Para facilitar o entendimento, os entrevistados foram denominados da

seguinte forma:

Tabela 02 – Educadores Universitários

NÚMERO INICIAIS SEXO

01 C.S.R Feminino

02 A.C.M Masculino

03 C.P.S Masculino

04 D.A.S Feminino

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05 D.T.V Feminino

06 E.P.C Masculino

07 E.A.S Feminino

08 F.Q.A.R Feminino

09 J.D.S Feminino

10 K.A.B Feminino

11 I.G.F.D.P Masculino

12 N.S.R Feminino

Em um primeiro momento, optou-se por realizar uma pesquisa prévia sobre

os Educadores Universitários, perguntando : idade, estado civil, se trabalha ou não,

a jornada de trabalho, o curso que estuda, a universidade em que estuda, o

semestre de estudo, o período e ano de ingresso, no Programa Escola da Família.

Posteriormente, foram aplicadas as questões específicas sobre o Programa.

O primeiro gráfico, retrata a idade dos participantes. A faixa etária varia entre

18 a 46 anos, sendo:

1 participante com 18 anos (1,8%), 4 participantes com 21 anos (34%), 1

participante com 24 anos (1,8%), 1 participante com 28 anos (19%), 3 participantes

com 29 anos (25%), 1 participante com 30 anos (1,8%) e 1 participante com 46 anos

(1,8%), perfazendo, assim, o total de 12 participantes -- 100% da pesquisa.

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1.Gráfico 1 – Idade dos Educadores Universitários

O gráfico 2 esboça o estado civil dos Educadores Universitários. Ao analisá-

lo, percebeu-se que a maioria dos participantes do Programa são solteiros, ou seja,

50%.

2. Gráfico 2 – Estado Civil dos Educadores Universitários

Estado civil dos Educadores Universitários

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Ao perguntar se os Educadores Universitários trabalhavam, obteve-se a

seguinte resposta: 83% trabalham e cumprem uma carga horária entre 40 a 50

horas semanais, conforme é possível analisar, nos Gráficos 03 e 04.

3. Gráfico 3 – Trabalho

4 . Gráfico 4 – Jornada de Trabalho

Jornada de Trabalho dos Educadores Universitários

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Ao observar o gráfico 05, na sequência, verificou-se que os cursos em que os

Educadores Universitários estudam são diferenciados, o que leva a uma visão mais

ampla acerca das opiniões sobre o Programa. Há estudantes dos seguintes cursos:

Administração (25%), Ciências Contábeis (17%), Direito (1,8%), Engenharia de

Produção (1,8%), Letras (1,8%) e Pedagogia, com um índice um pouco maior (34%).

5 Gráfico 5 – Curso dos Educadores Universitários

Quanto ao semestre cursado pelos Educadores Profissionais, conforme é

possível verificar, no gráfico 06, percebe-se que os Educadores Universitários se

encontram cursando desde o 1º semestre (1,8%) até o 7º semestre (17%),

evidenciando que o índice maior recai sobre o 5º semestre (33%).

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6 . Gráfico 6 – Semestres cursados pelos Educadores Universitários

A maior parte dos entrevistados, conforme se pode analisar, no gráfico 07,

estuda no período noturno, ou seja, 83%.

As Universidades/Faculdades que fazem parte do Programa são

diversificadas, como se pode observar através do gráfico 08.

7. Gráfico 7 – Período de Estudo

Período de Estudo dos Educadores Universitários

Semestres Cursados pelos Educadores Universitários

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8. Gráfico 8 – Universidade/Faculdade de origem

A Universidade que possui o maior número de participantes, no Programa, na

escola em análise, é a Universidade Cidade de São Paulo, perfazendo um total de

25% dos participantes, seguida pelas Faculdades Integradas Paulista e Carlos

Drummond de Andrade, com (17%). Segundo o Regulamento da Escola da Família

2010, Capítulo X, p.11:

A celebração de convênio entre a SEE – Secretaria de Estado da Educação, por meio da FDE – Fundação para o Desenvolvimento da Educação – e Instituições Privadas de Ensino Superior, tem como compromisso contribuir para o enriquecimento da formação universitária do estudante, agregando valores relacionados à responsabilidade social, objetivando a construção de uma sociedade mais democrática e solidária.

Analisando a citação acima, entende-se que as Universidades/Faculdades,

aqui descritas, colaboram para que os Educadores Universitários possam agregar

valores a respeito da Responsabilidade social e, segundo Pinto (2004, p.15), pensar

num mundo mais equitativo para todos é de extrema urgência. E esta missão tem

relação com a educação.

Ao observar o gráfico 9, percebe-se que os alunos que fazem parte do

Programa Escola da Família vêm agregando valores a respeito da responsabilidade

social. Isto se afirma devido eles terem iniciado esta jornada no ano de 2010.

Analisando o gráfico percebe-se um percentual de 41% de adesão, no ano de 2010

Universidade/Faculdade origem dos Educadores Universitários

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diminuindo para 17%, nos anos de 2011 e 2012. Todavia, de acordo com

informações do Educador Profissional da escola, esta falta de adesão se dá pelo

fato do Programa não disponibilizar mais vagas para novos ingressantes na escola.

9. Gráfico 9 – Ano de Ingresso no Programa

5.2.2 QUESTÕES ESPECÍFICAS – PESQUISA DE CAMPO – EDUCADORES

UNIVERSITÁRIOS

Na sequência, serão apresentadas as respostas referentes às questões

específicas direcionadas ao Programa Escola da Família – Bolsa Universidade.

O gráfico 1 questiona como os Educadores Universitários descreveriam sua

experiência no Programa Escola da Família. Solicita-se que eles expliquem como

esta sendo sua experiência no Programa. Essa questão foi uma das mais enfocadas

pela autora Nunes (2007), a qual se fez menção, no início desta jornada.

Para esta questão, a autora recebeu a seguinte resposta: os bolsistas vêem

esse Programa como uma forma de contribuir para a diminuição das desigualdades

sociais e econômicas do Estado de São Paulo.

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1 . Gráfico 2 – Experiência no Programa Escola da Família.

Nessa pesquisa, 59% dos entrevistados aprovam o Programa e o consideram

bom; 25% o consideram um Programa ótimo; 8% o consideram um Programa

Péssimo. Dessa forma ao analisar as explicações abaixo, concluiu-se que as

respostas foram diferenciadas. Da autora Nunes.

Quanto ás explicações obteve-se as seguintes respostas: 28

01 “Boa. Entrei no ano de 2012.”

02 “Porque de certa forma eu sinto que contribuí com a sociedade e fiz o meu

papel de cidadão, através dos Programas ou projetos que interagem à comunidade.”

03 “Muitas coisas me marcaram e coisas que passavam na minha vida, que

não percebia, aqui, comecei a dar mais valor a pequenas coisas, conheci várias

histórias, crianças que só querem um pouco de atenção e carinho”.

04 “Aprendi coisas novas, inclusive na parte artesanal”.

05 “Tínhamos uma boa equipe, que desenvolvia seus projetos. Mesmo depois

da saída do Educador, conseguimos cuidar da Escola da Família e realizamos uma

grande festa”.

06 “Foi o ano de maior participação, com uma equipe ótima, com participação

interna e externa, na escola e em outras escolas, desenvolvendo novos projetos”.

28 As respostas foram redigidas na integra pelos entrevistados.

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07 “Porque aprendi coisas que gostei de ter aprendido e com isso passei a

ensinar, me aperfeiçoando”.

08 “Porque eu aprendi muita coisa artesanal, mas o mais importante, novas

amizades”.

09 – Não respondeu.

10 – Não respondeu.

11 “Foi meu primeiro contato com este tipo de trabalho”.

12 “Boa, porque eu faço as coisas, eu ajudo etc.”.

Na questão 02, referente ao gráfico 2, perguntou-se sobre a influência do

Programa, na vida Profissional do Educador Universitário. O resultado apresentou

um índice de 75% de sim, o que leva a entender que o Programa influenciou na vida

profissional desses cidadãos

2. Gráfico 2 – Influência na Vida Pessoal

E as respostas obtidas foram às seguintes:

01 “Me ajudando a como lidar com as pessoas”.

02 “Nas tomadas de decisões dentro do ambiente profissional de qualquer

empresa”.

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03 “O trabalho em grupo, as diferenças. Aprendi a trabalhar em grupo, já que

minha atividade é muito individualista”.

04 “Aprendi a ser mais paciente, mais sociável, devido ao fato de conviver

com pessoas diferentes”.

05 “Existem certas tarefas, em meu serviço, que são realizadas aos finais de

semana, mas, por causa da Escola da Família não participo”.

06 -- Não respondeu

07 “Passei para outras pessoas muitas coisas que aprendi aqui”.

08 “Pois sou educadora e as coisas que aprendo, na Escola da Família, levo

para a escola que trabalho durante a semana”.

09 -- Não respondeu

10 “Aprendi a usar mais a criatividade e a lidar com as crianças de várias

idades”.

11 “Como gestor há necessidade de lidar com pessoas, transmitir as regras e

fazê-las cumprir, semelhantemente ao Programa”.

12 “Não atrapalhou porque eu não fazia nada nos fins de semana e agora eu

consegui a bolsa eu participo de tudo é muito bom”.

A questão 3 foi uma questão aberta, na qual se perguntou aos Educadores

Universitários o que seria para eles “vida social”. Ao analisar as respostas, conclui-se

que 90% dos entrevistados possuem uma visão de que vida social é sair com amigos,

estar com os familiares e ter tempo para o lazer, conforme se pode analisar nos

depoimentos abaixo:

01 “Viver em conjunto com outras pessoas, dividindo opiniões e pensamentos

em comum”.

02 “Ter uma vida boa, com a sua família e os seus amigos e na medida do

possível poder estar sempre juntos, porque primeiro vem às obrigações e depois o

prazer”.

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03 “Tempo para dedicar a minha família, estudar mais, sempre buscar mais

conhecimento no tempo disponível, quando possível estar com amigos praticando

algum esporte”.

04 “Ter uma vida social é ter tempo para a família e para os amigos. Ter

tempo para lazer”.

05 “É realizar minhas responsabilidades e atividades como trabalhar, estudar,

realizar atividades extras no meu caso, dança, mas, principalmente, passar um

tempo com colegas de trabalho, amigos da faculdade e de infância e com minha

família, pois o tempo passa e não aproveitamos as pessoas que amamos”.

06 “Ter boa relação interpessoal”.

07 “É ter uma boa relação com as pessoas, ter tempo para sair com amigos,

almoçar com a família, fazer visitas a lugares interessantes que principalmente

venha contribuir no nosso aprendizado”.

08 “Ter uma vida social é ter amigos, compromissos, viagens, lazeres. No

Programa, tive que moldar outra “vida social”, pois apesar dos amigos e

compromissos, o Programa, considero um trabalho”.

09 “Ter uma “vida Social” é sair com amigos ou namorado, viajar”.

10 “É estar presente nos momentos mais significativos tanto da minha vida

quanto na vida das pessoas que eu amo. Ter a oportunidade de visitar outros

lugares, participar de eventos culturais e fazer coisas que eu gosto. E

principalmente, ter tempo para me incluir novamente nas atividades que deixei para

trás”.

11 “Cumprir deveres e obrigações e usufruir dos meus direitos. Procurar

conviver em harmonia em meus âmbitos sociais”.

12 Não respondeu

A questão referente ao gráfico 3 diz respeito ao objetivo geral deste estudo e

também a uma das problemáticas desta dissertação, que é Verificar, sob a ótica dos

Educadores Universitários participantes do Programa Escola da Família – Bolsa

Universidade, se o fato de eles trabalharem a semana toda e ainda terem de

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participar das atividades desenvolvidas, aos finais de semana, no Programa Escola

da Família – Bolsa Universidade interfere ou não na convivência com seus amigos e

familiares? Ou, em outras palavras, se sua participação, no Programa, influenciou de

alguma forma a sua “vida social” e de que forma se deu esta influência.

3. Gráfico 3 – Influência na Vida Social

83% dos entrevistados afirmam que, com a sua entrada no Programa Escola

da Família – Bolsa Universidade, sua “vida social29” foi influenciada e justificaram da

seguinte maneira:

01 “Me fazendo ser mais conhecida pelas pessoas”.

02 “Fiquei muito distante da família e dos amigos, não consigo me dedicar

como gostaria ao meu curso”.

03 “Devido ao tempo que disponho para o Programa, não tenho mais tempo

para a “vida social”.

04 “No final de semana, eu realizava várias atividades e visitava minha

família. Hoje, não consigo mais fazer nada, sinto muita falta da minha avó.

05 “Limitou minha disponibilidade para tratar assuntos pessoais”.

29 Deixou-se entre aspas devido o termo ter várias interpretações

Sua participação, no Programa, influenciou de alguma forma na sua vida social? Descreva como:

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06 “Não saio pra lugar algum, me afastei dos amigos, família, não tenho

tempo pra mim, estou muito cansada”.

07 “Apesar de ter “vida social”, no Projeto, sinto falta de algumas coisas que

fazia como viagens, por exemplo”.

08 “Não tenho mais tempo para viajar, sair com amigos ou namorado”.

09 “Precisei abrir mão de viagens, passeios culturais da faculdade, encontros

familiares e com amigos”.

10 “Adquiri mais empatia, ao conviver com muitas pessoas de diferentes

idades e classes social”.

11 Não respondeu

12 Não respondeu

Pode-se perceber, nas respostas dos participantes, que, ao serem inseridos

no Programa, eles sentem que, automaticamente, são afastados da convivência com

amigos e familiares, confirmando a hipótese levantada neste estudo.

Na questão 5, referente ao gráfico 4 perguntou-se se o Programa mudou a

rotina dos pesquisados, aos finais de semana. Como se pode verificar, 83% afirmam

que houve mudança, aos finais de semana.

4.Gráfico 4 – Mudança na rotina aos finais de semana

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Assim eles descrevem as mudanças:

01 “Por ser uma responsabilidade a mais”.

02 “Depois da carga horária exercida, nos finais de semana, eu tenho a parte

da tarde e noite para colocar a casa em ordem”.

03 “Parei de fazer as coisas que gostava estudar, jogar futebol etc.”.

04 “Porque não disponho mais de tempo para o lazer, como por exemplo, ir a

museus, parques etc.”.

05 “Fico uma boa parte do tempo na Escola da Família, quando chego em

casa estudo e descanso, não tenho pique para fazer mais nada”.

06 “Responsabilidade para lidar com um comprometimento”.

07 “Não posso almoçar com minha família, estar com minha mãe e dar mais

atenção a eles”.

08 “Fazia trabalhos filantrópicos e com a Escola da Família os horários não

batem”.

09 “Antes conseguia resolver meus problemas pessoais, nos finais de

semana e também descansava mais”.

10 “Só tenho sábado a noite para dar conta das minhas obrigações, e o

domingo é perdido, pois fico na escola e depois vou para a igreja”.

11 “Meu convívio familiar foi prejudicado, além disso, deixo de participar de

festas e viagens”.

12 “Não, porque não fazia nada nos fins de semana e, agora, com a Escola

da Família, isso mudou, porque agora eu participo e é muito divertido”.

Como se pode observar nas respostas, ao incluir os Educadores

Universitários no Programa Escola da Família, os excluímos (afastamos) de muitas

atividades que antes realizavam.

Essa situação reflete os pensamentos de Martins (2003, p.32), quando diz:

“todos nós, em vários momentos de nossa vida, e de diferentes modos, dolorosos ou

não, fomos desenraizados e excluídos”.

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Somos desenraizados e excluídos, seja por questões profissionais ou

pessoais, muitas vezes, por nossa própria opção, pois temos que fazer escolhas.

Sendo assim, os Educadores Universitários, quando deixam de praticar

atividades que antes realizavam, estão sendo afastados dessas atividades.

Entretanto, estão sendo incluídos em outras atividades, dentro do Programa,

atividades estas, que poderão levá-los a uma conscientização do verdadeiro

trabalho social, digno, humano, fazendo com que eles reconsiderem o conceito de

vida social.

Ao observarmos a questão 6, referente ao gráfico 5, sobre o Programa estar

preparando os Educadores Universitários para a inserção no mundo do trabalho,

teve-se um índice de 92% de aprovação, demonstrando que o Programa os prepara

para o mundo do trabalho, atendendo, assim, o que determina a Lei de Diretrizes e

Bases da Educação, LDB 9394/96, em seu artigo 2:

A educação é dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

5.Gráfico 5 – Preparo para inserção no trabalho

06 - Você acredita que a sua participação no Programa está lhe preparando para a inserção no mundo do trabalho? No caso afirmativo justifique:

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Dessa forma, compreende-se através das justificativas que muitos dos

Educadores Universitários poderão ter as “portas” abertas quando não mais

participarem do Programa e estiverem formados.

As respostas foram:

01 “Me mostra o que eu devo ou não fazer ou agir”.

02 “Nas tomadas de decisões dentro do ambiente profissional de qualquer

empresa”.

03 “Aqui estamos sempre aprendendo. A cada fim de semana, uma coisa

nova podemos levar para nossa vida como um exemplo”.

04 “No Programa, temos que conviver com as diferenças e trabalhar em

grupo, o que nos dias de hoje é imprescindível”.

05 “Em parte sim, nos ensina a ser solidários, a trabalhar com o público. Vai

depender de cada universitário usar essas experiências na vida profissional, eu

levarei”.

06 “Forma de lidar com as pessoas em trabalho de equipe”.

07 “Aqui, aprendemos uns com os outros, é uma troca de experiência”.

08 “Porque como já disse, sou educadora e na escola da família tem um

público infantil grande”.

09 “Porque é um aprendizado a mais”.

10 “Como disse anteriormente, me sinto preparada para lidar com crianças e

estou familiarizada com o ambiente escolar, tenho mais preparo para exercer a

minha função atual como educadora”.

11 Não respondeu.

12 “Sim, porque a Escola da Família está me ajudando muito mesmo, e esta

sim me preparando para o mundo do trabalho”.

Portanto, pode-se concluir ainda que, se o Programa está preparando os

Educadores para o mundo do trabalho, isto é uma questão muito favorável, uma vez

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que é através do trabalho que o homem irá contribuir com o progresso de seu país e

de sua sociedade. (Doutrina Social da Igreja, 2011, p.94).

Essa questão ainda remete aos pensamentos da autora Silva (2000, p. 121),

que corrobora com a Igreja ao relatar que o trabalho é uma das características que

distingue o homem dos outros animais, afirmando que o trabalho pode ser uma

atividade intelectual ou manual realizada pelo homem. Nesse caso, o Programa

insere os Educadores Universitários nestes dois contextos, uma vez que os

universitários participam tanto do eixo trabalho quanto do eixo cultura. Quando se

fala em trabalho manual, é possível pensar na participação desses Educadores nos

projetos voltados ao eixo trabalho:

O Eixo Trabalho abrange o desenvolvimento de atividades que possibilitam geração de renda e/ou aquisição de competências e habilidades. Esse eixo valoriza o fazer local, buscando alternativas que possam suprir possíveis necessidades. (MANUAL OPERATIVO, 2010).

Segundo o Educador Profissional, Sr. V. C., a escola desenvolve, nesse eixo,

alguns cursos que envolvem o trabalho manual, tais como: artesanato, crochê, tricô,

bordado etc., para que haja alternativas de trabalhos para suprir às necessidades da

comunidade.

Em relação ao envolvimento dos Educadores Profissionais com as atividades

intelectuais, é possível afirmar que ele ocorre, quando esses profissionais estão

envolvidos nos Projetos destinados ao eixo cultura, conforme podemos analisar

abaixo:

O eixo cultura leva em consideração que a Cultura envolve todas as formas de manifestação artística; apresenta a expressão humana sobre si, o outro, a sociedade e o mundo, nas diferentes linguagens: teatrais, cinematográficas, corporais, musicais, plásticas, fotográficas, folclóricas e científicas; promove o (auto) conhecimento e o senso crítico; colabora para a formação da identidade; propicia a experimentação de outros papéis. Este eixo tem como principal intuito e objetivo possibilitar as diferentes manifestações artísticas, os costumes e expressões da comunidade. (MANUAL OPERATIVO, 2010).

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Constata-se através da citação, que os Educadores Universitários estão

totalmente engajados com a parte intelectual do Programa, uma vez que segundo as

palavras do Educador Profissional Sr. V.C: “muitas peças teatrais já foram

realizadas”.

A questão 7, referente ao gráfico 6, questionou-se o preparo para a vida

cidadã, vida esta que, segundo Mashall in Steidel (sd), é “um status concedido

àqueles que são membros integrais de uma comunidade”, na qual “todos (...) são

iguais com respeito aos direitos e obrigações”.

Outra definição que deve ser considerada é a do dicionário de língua

portuguesa Larousse, em que se descreve cidadania como: “qualidade de cidadão”,

“qualidade de uma pessoa que possui, em uma determinada comunidade política, o

conjunto de direitos civis e políticos”.

Ao observar o gráfico, percebe-se que 58% dos pesquisados acreditam que o

Programa pode prepará-los para a vida cidadã. No entanto, ao analisar as respostas

fornecidas pelos entrevistados, observa-se que os Educadores Universitários

possuem uma visão diferenciada do que é realmente ter cidadania, ou seja, ter uma

vida cidadã. Dos entrevistados, 25% não souberam opinar e 17% acreditam que o

Programa não dá este preparo.

6.Gráfico 6 – Preparo para a vida cidadã

07 - Você acredita que a sua participação no Programa está lhe preparando para a vida cidadã? No caso afirmativo, justifique:

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Nessa questão, solicitou-se que os entrevistados justificassem suas

respostas: As justificativas foram:

01 – Não respondeu

02 “Porque de certa forma eu sinto que contribuí com a sociedade e fiz o meu

papel de cidadão, através dos programas ou projetos que interagem à comunidade”.

03 “O Programa Escola da Família tem o objetivo de tirar as crianças e os

jovens das ruas, com isso, temos a oportunidade de conhecer muita gente com

várias e diferentes formas de viver. Assim, como cidadão, tenho que aprender a

respeitá-los”.

04 “Não entendi a pergunta – Minha vida como cidadã começou bem antes da

escola da família”.

05 “Realizamos projetos para a comunidade ao redor da escola, dando a eles

uma boa alternativa em suas vidas. Nos ensina a conhecer as pessoas por outro

lado, a história”.

06 “Respeito com o próximo”.

07 “Porque é justamente o que nós queremos passar para as crianças e

adultos que aqui frequentam”.

08 “Não entendi a pergunta, pois faço meu papel de cidadã antes mesmo do

Programa”.

09 – Não respondeu

10 “Na verdade, aprendemos o exercício de cidadania ao pisarmos o pé na

rua, logo cedo para trabalhar, ao lidar com outras pessoas, seja em casa, no

trabalho em um passeio, no shopping ou qualquer lugar. O projeto é uma

continuidade e aperfeiçoamento dessa prática diária”.

11 Não respondeu

12 “Sim, está preparando, porque minha vida está mudando para melhor”.

Como se pode observar, os conceitos de cidadania são totalmente diferentes

das citações apresentadas.

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A questão 8 refere-se ao capítulo 2 desta dissertação, onde destaca alguns

Programas de Inserção ao Ensino Universitário, demonstrando aos Educadores

Universitários que eles teriam mais opções de escolha para inserirem-se no contexto

acadêmico. Desta forma perguntou-se o porquê optaram pelo Programa Escola da

Família , ao invés de outro Programa. As respostas colhidas foram:

01 “Escolhi o Programa por me proporcionar um contato direto com as

crianças e fora o benefício de ter a bolsa de 100%”.

02 “No fato de ter grandes amigos no programa e a realização do meu sonho

que é a minha graduação”.

03 “Foi o que me deu a oportunidade de estudar na universidade que

buscava. Os outros não me deram”.

04 “Antes do Programa, já participava do programa vestibular social, onde

tinha bolsa de 65%, mas por problemas financeiros optei por entrar no Programa

com 100% de bolsa”.

05 “Meu pai me escreveu, ele conhecia o Programa”.

06 “Participei de vários e escolhi aquele que pudesse retribuir ao invés de ser

apenas um agregado”.

07 “Conseguir uma bolsa de 100%, por falta de condições”.

08 “Antes de entrar nesse projeto, fazia parte de outro que me dava uma

bolsa de 65%, porém fiquei desempregada, e o único Programa que dava a bolsa de

100% era a Escola da Família”.

09 “Foi à bolsa de 100% do Programa”.

10 “Porque o Programa dá uma bolsa de 100%, diferente dos outros, que tem

custo, mesmo que a taxa mensal seja pequena ou financiada após o término do

curso”.

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11 “O SISU e o PROUNI têm uma nota de corte muito alta. Eu passei nove

anos desde que terminei o 2º grau, sem estudar, por isso tive muita dificuldade em

alcançar uma boa nota. Os outros Programas dão descontos, não isenção de

mensalidades, não poderia pagar o restante”.

12 “É porque eu prefiro a Escola da Família, que tem muitas coisas legais,

por exemplo, as participações das pessoas, brincadeiras e outras coisas divertidas e

me motivou a escolher a Escola da Família, foi porque as pessoas falaram para mim

que o projeto é interessante porque só trabalha no fim de semana e não atrapalha

nos estudos”.

Como é possível observar, além de os entrevistados acreditarem que o

Programa é interessante e contribui para a agregação de valores, o fator principal foi

o de obterem 100% da bolsa de estudo, pois segundo eles, não teriam condições de

custear o curso.

Quando se perguntou, na questão 9, representada pelo gráfico 7 se os

Educadores Universitários indicariam o Programa a outros universitários, a resposta

foi unânime, ou seja, 100% dos universitários indicariam o Programa a outros

universitários.

7.Gráfico 7 – Indicação do Programa

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Eles justificaram essa indicação com as seguintes palavras:30

01 “Pois não é um trabalho difícil e podemos trabalhar nos dias da semana”.

02 “Por uma graduação na faculdade vale de tudo e, com certeza, lá na

frente, a pessoa colherá os frutos”.

03 “Por ser uma boa forma de aprender a viver com tantas diferenças, a

respeitar o próximo, as dificuldades do Programa, a dar valor ao curso, enfim, muitas

outras coisas que o programa proporciona”.

04 “Porque tem muitas pessoas que querem ingressar no ensino superior e

não têm condições financeiras de pagar uma faculdade”.

05 “É uma boa oportunidade para realizar um curso desejado na faculdade”.

06 “Não só indicaria como indico! Pagamos por educação é um direito nosso.

Recomendo não só para universitários e sim para aqueles que já planeja cursar uma

universidade. O que mais falta é divulgação do Programa.

07 “Porque foi a maneira que eu optei para poder estudar. Mas conscientizo a

pessoa que tem outras responsabilidades como: filhos, casa e trabalho, que com o

tempo se torna extremamente cansativo”.

08 “Já indiquei o Programa para outras pessoas, porque além de te dar a

bolsa universitária, te faz valorizar seus finais de semanas livres”.

09 “Porque é uma oportunidade a mais, pois sei que existe o ENEM e o

PROUNI”.

10 “Indicaria para universitários que não sejam o rimo de família, porque o

Programa exige disponibilidade, aos finais de semana. Quando falo “disponibilidade”

não é só de tempo, mas de dinheiro para condução, alimentação. É cansativo e

nunca sabemos o que pode acontecer na escola”.

11 “Quando percebo que estão com as mesmas dificuldades que eu, como

citado na questão 8. “ O SISU e o PROUNI têm uma nota de corte muito alta. Eu

passei nove anos desde que terminei o 2º grau, sem estudar, por isso tive muita

30 As respostas foram redigidas na integra pelos entrevistados

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dificuldade em alcançar uma boa nota. Os outros programas dão descontos, não

isenção de mensalidades, não poderia pagar o restante”.

12 “Sim porque o projeto é ótimo e vale a pena ter em todos os lugares da

Escola da Família”.

Ao se fazer uma análise sobre estas “falas”, percebe-se que todos os

universitários vêem o Programa como um trabalho e não como um Programa que

venha a fazer parte do projeto pedagógico da escola, conforme citado na Resolução

SE nº 18, de 05 de fevereiro de 2010.

A importância da inclusão desse Programa no projeto pedagógico da escola como fator de desenvolvimento de uma cultura de participação e colaboração, que expande e fortalece os vínculos da unidade escolar com a comunidade. (Manual Operativo – Programa Escola da Família, p. 39. Anexo VIII, 2010).

Diante desta citação e da posição dos Educadores Universitários, é inevitável

que se faça um questionamento: será que os entrevistados realmente sabem o que

quer dizer a palavra “participação”?

Segundo a Edição Típica Vaticana (1997, p.509), participação é:

O envolvimento voluntário e generoso da pessoa nas relações sociais. É necessário que todos participem, cada um conforme o lugar que ocupa e o papel que desempenha, na promoção do bem comum. Este dever é inerente à dignidade da pessoa humana.

Após analisar tal citação, pode-se chegar à conclusão de que os Educadores

Universitários até “participam” do Programa, porém, essa participação não é

voluntária, uma vez que eles consideram o Programa como um “trabalho”.

Por ser considerado um trabalho, os participantes acabam “trabalhando” a

semana toda e ainda, aos finais de semana, o que não é o ideal, pois segundo a

Doutrina Social da Igreja (2011, p.103), o repouso festivo é um direito.

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Deus repousou de toda obra que fizera (Gen 2,2): Também os homens, criados à sua imagem, devem gozar de suficiente repouso e tempo livre que lhes permitam cuidar da vida familiar, cultural, social e religiosa.

Mediante a citação acima e possível concordar com a fala transcrita pelos

entrevistados, quando falam que o horário deveria ser modificado.

Na questão 10, solicitou-se aos Educadores Universitários que descrevessem

as vantagens e as desvantagens do Programa Escola da Família – Bolsa

Universidade. Nesta questão, optou-se por descrever primeiro as vantagens do

Programa e, a seguir, suas desvantagens.

5.3 Vantagens do Programa descritas pelos entrevistados:

01 “Está me ajudando a elaborar atividades para aplicar futuramente em sala

de aula, sem contar que estimula a minha criatividade e me faz querer progredir

cada vez mais”.

02 “Graduação, paciência, controle, dinamismo, experiência”.

03 “Oportunidade de estudar, de aprender de buscar o objetivo”.

04 “100% da bolsa. Fiz novos amigos, aprendi a fazer alguns trabalhos

artesanais”.

05 “Conseguir concluir uma faculdade, ganhar experiência de como ser um

cidadão, novas amizades, aprendemos a dar valor ao nosso tempo e as pessoas

queridas”.

06 “Nada mais gratificante do que após ter concluído uma atividade, aí vem

uma pessoa da comunidade e diz: Vocês estão de parabéns! Fizeram a diferença

nesse bairro!”

07 “Bolsa de 100% é uma vantagem grande, o aprendizado que temos em

diversas áreas também é interessante”.

08 “Aprendizagem, novos amigos, bolsa universitária de 100%”.

09 “Bolsa Universitária, conhecimento, amizade”.

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10 “Não pagar a faculdade, ensinar e aprender ao mesmo tempo, fazer novas

amizades, aprender a trabalhar em equipe, aprender a ser responsável, lidar com

crianças e jovens, ser mais humano, proporcionar uma grande alegria mesmo que

seja com uma pequena atividade, ter material para desenvolver os projetos”.

11 “Bolsa integral, não necessita de provas nem testes para o ingresso,

trabalhar em uma escola próximo a minha residência, trabalhar apenas 12 horas

semanais, os projetos não são impostos pelo Programa, faço o que sei fazer ou o

que tenho mais afinidade”.

12 “As vantagens é que a gente não precisa ficar preocupado com o dinheiro

para pagar a faculdade”.

A questão “vantagem do Programa” refere-se à questão enfocada pelo autor

Bendrath (2010), em sua dissertação, descrita no início deste estudo, para a qual o

autor deu a seguinte resposta: “48,6% dos universitários acreditam que a maior

vantagem do Programa é a integração entre escola e a comunidade”.

Durante a realização desse estudo, percebeu-se que muitos bolsistas

demarcam como vantagem obter 100% da bolsa para poderem concluir sua

graduação, diferentemente do que foi dito pelos entrevistados por Bendrath (2010).

5.4 Desvantagens do Programa descritas pelos entrevistados:

01 “É uma responsabilidade a mais, e o horário de passear em família é o

mesmo do Programa, mas sem sacrifício não há recompensas”.

02 “Não há, porque é um esforço que se faz necessário, pois proporcionará

uma melhor qualidade de vida, para assim ter uma vida social digna, porque sem

grana o cidadão não tem vida social”.

03 “Ficar longe da família, dos amigos, de se dedicar aos estudos e ao curso”.

04 “Não ter tempo para a família, amigos, falta tempo para o trabalho da

faculdade e tempo para estudar para as provas, esgotamento físico, de vida, ao fato

de não ter tempo para descansar”.

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05 “Não temos mais vida social, dificilmente conseguimos realizar cursos

extras, sem tempo para estudar ou ficar com a família e amigos”.

06 “A falta de divulgação para alunos do ensino médio”.

07 “Esgotamento por causa da correria do dia a dia, falta de tempo para

descanso, uma vez que quando estamos aqui estamos deixando de fazer outras

coisas que são necessárias, acabamos por deixar acumular, falta tempo para a

família e para sair um pouco”.

08 “Horário, não poder estudar”.

09 “Horário”.

10 “Cansaço físico e mental, falta de tempo para cumprir com as obrigações

pessoais, não estar presente em momentos que eu gostaria de estar, a falta de

vontade de fazer tarefas domesticas, poder faltar apenas três vezes por semestre,

não ter como viajar nos feriados”.

11 “Ter menos tempo para estudar, estar com amigos e família”.

12 “Bem a gente perde o fim de semana para estudar e para sair para se

divertir”.

Nesta questão, percebeu-se que a maior desvantagem do Programa é o

horário, já que traz cansaço aos participantes, além da falta de tempo para

estudarem, sair e divertir-se, o que reforça, mais uma vez, a hipótese deste estudo.

O Programa promove a inserção dos alunos universitários nas IES. No

entanto, ao inseri-los nos cursos de graduação, automaticamente os afasta da

convivência com seus amigos e familiares.

Com relação à última questão deste estudo, a questão 11, em que se

perguntou aos Educadores Universitários, se por acaso tivessem autonomia o que

mudariam no Programa, obteve-se as seguintes respostas:

01 “Carga horária diminuiria, aumentaria o número de faltas, pois imprevistos

acontecem”.

02 Não respondeu

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03 “Carga horária, o investimento no Programa, abriria mais vagas para

outros universitários ter a oportunidade de participar do Programa”.

04 “Carga horária, seriam 6 horas, das 10:00 às 16:00 horas ou somente aos

sábados, das 8:00 às 17:00h”.

05 “Horário de trabalho”

06 “O Programa tem uma ideia ótima, mas falta uma estrutura motivacional”.

07 “Somente trabalhar no dia de sábado das 9:00 às 16:00 h, ou então

aumentar o número de folgas.

08 “Direito ao feriado quando cair no final de semana, mudaria o horário para

5 horas”.

09 “Reduzir a carga horária, horário fixo para todos, das 10:00 às 16:00, só

aos sábados”.

10 “Mudaria as faltas, pois acho ruim poder faltar apenas três vezes em um

espaço de seis meses, uma vez que sempre aparecem compromisso, aos finais de

semana, acrescentaria cursos de capacitação para os universitários”.

11 “Criaria cursos, oficinas para capacitar melhor os universitários, assim

como eu que não tenho contato com este tipo de Programa”.

12 Não respondeu.

Ao observar todas as respostas, percebe-se que, mais uma vez, o quanto a

questão da carga horária é enfocada, bem como o número de faltas ao Programa --

apenas 3 faltas, no espaço de 6 meses. E ao se refletir sobre isso, é fácil

compreender a posição dos entrevistados, principalmente quando comparadas às

palavras do autor Silva (2011, p.39)

esta inserção ao ensino universitário muitas vezes ocorre a custa de imensos sacrifícios pessoais, pois o educando além de ter que custear suas mensalidades (mesmo quando recebe auxílio do governo ou da Instituição) necessita obter o necessário para sua alimentação, seu transporte e seu material, além de outras necessidades. (SILVA, 2011, p.39).

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Como se pode observar por meio destes resultados, os entrevistados --

mesmo recebendo auxílio do governo de 100%, através do Programa Escola da

Família – Bolsa Universidade -- precisam trabalhar para arcarem com outras

despesas e, dessa forma, a carga horária se torna “pesada”.

No entanto, apesar de todas as colocações demonstradas nesta pesquisa,

acerca da carga horária, acredita-se que os Educadores Universitários concordam

com o autor Silva (2011, p.39), quando diz que, apesar de todos estes sacrifícios

pessoais, é possível ver o lado positivo desta inserção, pois uma “classe social”

diferenciada certamente acaba por fazer parte de um contexto universitário.

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6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa surgiu a partir de uma curiosidade e de muitas indagações

acerca do Programa Escola da Família -- Bolsa Universidade, um Programa que visa

à inclusão de alunos sem condições financeiras ao ensino universitário.

Tudo começou quando “escutei” uma conversa de algumas alunas minhas na

universidade onde leciono há 7 anos. Duas das alunas faziam parte do Programa

Escola da Família. Nessa época, elas mencionaram que, ao se inserirem no

Programa, acabaram se “excluindo” da convivência com amigos e familiares: “Não

tenho mais vida social”, disseram elas. Assim, fiquei muito intrigada com aquela

conversa, pois não imaginava que isto poderia ser possível. Dessa forma, ao

ingressar no programa de mestrado, resolvi pesquisar o assunto para verificar se

isso realmente acontecia com os alunos do Programa Escola da Família.

Ingressando no mestrado, já tinha em mente o problema central do meu

estudo: iria investigar se o que as alunas disseram condizia com a realidade.

Todavia, ao longo da pesquisa, outras problemáticas começaram a surgir, tais como:

saber qual foi à experiência destes alunos, no Programa; se a participação deles

havia influenciado na sua vida profissional; se havia chances de eles serem

inseridos no campo de trabalho, ao participar do programa. Desejei ainda identificar

quais eram as vantagens e desvantagens consideradas por esses educadores

profissionais, participantes no Programa, visando “tirar” minhas próprias conclusões

acerca da forma de inserção dos alunos, no mundo acadêmico.

Outra questão que me intrigou bastante foi a de saber se realmente os

educadores universitários estavam participando deste Programa apenas para

garantirem suas bolsas, ou se realmente havia comprometimento por parte deles, na

realização dos projetos, pois quando fazemos “algo” por obrigação, pode não haver

comprometimento.

Após a realização da pesquisa, constatei que, realmente, ao inserirem-se no

Programa, os educadores universitários afastam-se da convivência com amigos e

familiares, ou seja, da sua “vida social”, conforme descrito na fala das alunas.

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Identifiquei, por meio da pesquisa, que para os educadores universitários e

para o educador profissional, vida social significa: sair com amigos, familiares, viajar,

sair, namorar.

Constatei também que, ao ingressarem no Programa, os educadores

universitários passam a não ter mais tempo para viajar, namorar ou até mesmo

estudar, ou seja, passam realmente a não ter a tão falada “vida social”.

Isto ocorre devido às regras intituladas no Programa, já que participam do

desenvolvimento e aplicação de projetos para a comunidade, aos sábados e

domingos, totalizando 12 horas de dedicação, sendo 6 horas aos sábados e 6 horas

aos domingos.

Verifiquei que, apesar desta carga horária, os educadores se dedicam 100%

aos projetos, se envolvem e gostam do que fazem, pois a maioria relata que sua

experiência, no Programa, está sendo boa.

Os educadores universitários afirmam que, através do Programa, estão se

inserindo no mundo do trabalho, o que realmente é algo muito importante, conforme

constatamos no capítulo 1 desta pesquisa. O trabalho é algo primordial para que

qualquer ser humano se sinta incluído dentro do contexto social.

Constatei, ainda, que a escola pesquisada divulga o Programa de forma

adequada e os profissionais apóiam os projetos desenvolvidos pelos universitários.

Os educadores universitários participam integralmente dos projetos na escola,

e todos vestem um colete azul escrito “Escola da Família”, o que passa credibilidade

à comunidade.

O educador profissional menciona que, hoje em dia, já não há mais parcerias,

devido ao fato de o governo enviar, anualmente, para escola o valor de R$ 5.000,00

(cinco mil reais), para que a escola possa comprar o material que necessitar.

A escola pesquisada possui fixo apenas a parceria com um professor de

capoeira e, a cada 3 meses, com um professor de Taekwondo.

Um dos objetivos do Programa, conforme consta no manual operativo 2010 é

o de que “os espaços escolares, normalmente ociosos, aos finais de semana,

possam ser ocupados com atividades endereçadas à comunidade, favorecendo-lhe

o direito de conquistar e fortalecer sua identidade. Assim, responsavelmente, essa

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comunidade, apropriando-se desses espaços, agrega ao seu cotidiano, valores

essenciais para a edificação de uma cultura participativa”.

O educador profissional diz que apenas as crianças e adolescentes

participam das atividades. Os pais apenas deixam as crianças na escola e vão

embora, e só participam quando há ação social, com médicos, dentistas,

cabeleireiros etc. Dessa forma, este objetivo já não se enquadra na realidade

almejada, no início do Programa.

Seguindo com a pesquisa, foi identificado que apesar de o Programa

apresentar “regras” não tão viáveis, na visão dos educadores universitários, que

eles indicariam o Programa a todas as pessoas que não têm condições de arcar

com os custos de uma universidade, pois o Programa promove a inserção de

alunos sem condições financeiras para arcarem com o valor do curso sem provas ou

pontuação, o que é algo positivo na visão dos pesquisados.

Hoje, o Programa custeia o valor de até R$ 310,00 (trezentos e dez reais) e

as Universidades arcam com o valor restante do custo, o que, a meu ver, é algo

benéfico para as Universidades, uma vez que elas, além de ficarem isentas de

alguns impostos, ainda preenchem as vagas ociosas com estes alunos.

Quanto à pesquisa bibliográfica, enfoquei autores que colaboraram muito para

que realmente eu viesse a confirmar aquilo em que sempre acreditei: O ser humano

precisa do outro para sobreviver. As pessoas precisam amar umas as outras, para

que realmente haja a verdadeira inclusão.

Acredita-se ainda, que esta ação afirmativa propicie a oportunidade de

inserção de pessoas desfavorecidas economicamente a ingressarem em uma

Universidade. Ela é expressiva e possibilita aos beneficiários, os alunos bolsistas,

participarem de uma classe diferenciada daquela em que se encontravam

anteriormente, oferecendo-lhes uma nova perspectiva de vida, uma vez que se

constatou que, apesar de o Programa interferir na convivência dos educadores

Universitários, com seus amigos e familiares, ele promove influências positivas na

vida profissional dos participantes, conduzindo-os para a vida cidadã. Sendo assim,

acredito que o Programa possa levar os jovens a terem outro conceito sobre “vida

social”.

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Disponível em:

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Disponível em:

<http://educacao.uniso.br/prod_cientifica/alunos/dissertacoes_2008_news/escola_da%20familia.pdf> acesso em 31 de mar de 2011.

Disponível em:

<http://www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/orgdemo/article/view/301> acesso em 31 de mar de 2011.

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APÊNDICES

APÊNDICE A - PESQUISA DE CAMPO - ESCOLA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ESTUDO SOBRE O PROGRAMA ESCOLA DA FAMILIA BOLSA UNIVERSIDADE

Nome: ____________________- Cargo no Projeto: _______________________

E-mail: ____________________________________________________________

Prezado participante, você é parte integrante desta dissertação de mestrado sendo assim, solicito a sua contribuição sincera ao responder as questões Informo que os dados serão utilizados apenas para composição estatística desta pesquisa, não sendo em hipótese alguma divulgados seus dados, ou suas respostas para outros fins.

1. Quais são as ações que a escola utiliza para divulgação dos Projetos escola

da família?

( ) Panfletos ( ) Cartazes na Escola

( ) Cartazes no comércio local ( ) Divulgação apenas para os alunos

( ) Outros – Especifique

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

2. Na sua opinião estas ações são eficazes?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei opinar

3. Na sua visão, os alunos Universitários participam integralmente dos projetos?

( ) Sim, todos participam integralmente dos projetos

( ) Apenas alguns se empenham e participam

( ) Não há participação nem empenho total dos universitários nos projetos

( ) Depende do projeto, há participação.

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4. O que você pensa sobre as regras intituladas pelo Programa, em relação ao

cumprimento das seis horas, aos finais de semana pelos alunos participantes:

( ) As horas são suficientes e justas para sua participação, no Programa

( ) São muitas horas dedicadas ao Programa

( ) São insuficientes para a formação dos participantes

( ) Outros

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

5. Quais foram às mudanças sociais que você percebeu nesta Unidade Escolar

após a implantação do Programa escola da família?

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

Grata pela colaboração

Mestranda: Teresinha Minelli Tavares

Orientadora: Dra. Edileine Vieira Machado

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APÊNDICE B - PESQUISA DE CAMPO - UNIVERSITÁRIOS BOLSISTAS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO -- ESTUDO SOBRE O PROGRAMA ESCOLA DA FAMÍLIA-- BOLSA UNIVERSIDADE

Prezado Universitário, você é parte integrante desta dissertação de mestrado sendo assim, solicito a sua contribuição sincera ao responder as questões. Informo que os dados serão utilizados apenas para composição estatística desta pesquisa, não sendo em hipótese alguma divulgados seus dados, ou suas respostas para outros fins.

Nome:_________________________________________________Idade:_______

Estado Civil: ( ) Solteiro ( ) Casado ( ) Separado ( ) Outros ______________

Trabalha durante a semana: ( ) Sim ( ) Não Jornada de trabalho : ___________

Curso: __________________ Semestre: ________Período: Manhã ( ) Noturno ( )

Universidade em que Estuda: ___________________________________________

Ano de ingresso no Programa Escola da Família: ____________________________

E-mail: _____________________________________________________________

1 - Como você descreveria a sua Experiência no Programa Escola da Família, no

ano de 2010? Explique o porquê.

( ) Ótima ( ) Boa

( ) Regular ( ) Ruim

( ) Péssima

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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2 - A sua participação, no Projeto, influenciou na sua vida Profissional? No caso

afirmativo, de que forma?

( ) Sim ( ) Não

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3 – Na sua opinião, o que seria ter uma “vida social “?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

4 - Sua participação, no Projeto, influenciou de alguma forma, na sua vida social?

( ) Sim

( ) Não

Descreva como:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

5 – Sua participação, no Projeto, mudou sua rotina, aos finais de semana?

( ) Sim

( ) Não

Descreva em que:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

6 - Você acredita que a sua participação, no Projeto, está lhe preparando para a

inserção no mundo do trabalho? No caso afirmativo justifique.

( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei opinar

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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7 - Você acredita que a sua participação no Projeto está lhe preparando para a vida

cidadã? No caso afirmativo justifique.

( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei opinar

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

8– Hoje, temos vários Programas de Inserção no ensino Superior, entre eles o

Programa Escola da Família. O que lhe motivou a escolher este Programa e não

outros?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

9 – Você indicaria o Programa para outros Universitários? Por quê?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei opinar

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

10 – Descreva as vantagens e desvantagens do Programa Escola da Família –

Bolsa Universidade. Vantagens:

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Desvantagens

11– Se você tivesse autonomia o que mudaria no Programa?

Grata pela colaboração

Mestranda: Teresinha Minelli Tavares

Orientadora: Dra. Edileine Vieira Machado

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ANEXO A – LEGISLAÇÃO ESTADUAL

Publicado em 17/05/2012

Legislação Estadual

Resolução SE Nº 51/2012

Altera dispositivos da Resolução SE Nº 18/2010, que dispõe sobre a consolidação

das diretrizes e procedimentos do Programa Escola da Família e dá providências

correlatas.

O SECRETÁRIO DA EDUCAÇÃO, à vista do que lhe representaram a

Coordenadoria de Gestão da Educação Básica – CGEB e a Coordenadoria de

Gestão de Recursos Humanos – CGRH, Resolve:

Artigo 1º - Os dispositivos da Resolução SE Nº 18/2010, adiante enumerados,

passam a vigorar com a seguinte redação:

I – O caput do artigo 8º:

“Artigo 8º - O docente devidamente habilitado em qualquer componente curricular,

no exercício das atribuições de Educador Profissional no Programa Escola da

Família, cumprirá carga horária de 30 (trinta) horas semanais, correspondendo a

1.800 minutos.” (NR);

II – O artigo 10:

“Artigo 10 - A carga horária de trabalho de que trata o artigo 8º desta resolução será

distribuída na seguinte conformidade:

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I - 480 (quatrocentos e oitenta) minutos para desenvolvimento das atividades

programadas para os sábados e 480 (quatrocentos e oitenta) minutos para os

domingos;

II - 240 (duzentos e quarenta) minutos a serem cumpridos em reuniões de

planejamento e avaliação agendadas pela Coordenação Regional do Programa;

III - 100 (cem) minutos de trabalho pedagógico coletivo, realizado na escola,

juntamente com seus pares docentes;

IV - 500 (quinhentos) minutos de trabalho pedagógico realizado em local de livre

escolha.

§ 1º - O docente, no exercício das atribuições de Educador Profissional, cumprirá

calendário escolar juntamente com os docentes da unidade escolar, devendo o

Gestor desenvolver as atividades do Programa nos períodos de recesso e férias

escolares, observada a forma estabelecida no caput do artigo 7º desta resolução.

§ 2º - O descanso semanal remunerado será assegurado em um dia útil da semana;

§ 3º - As férias do Educador Profissional serão usufruídas de acordo com a

resolução que dispõe sobre elaboração do calendário escolar anual das escolas da

rede estadual de ensino.” (NR).

Artigo 2º - A carga horária prevista no caput do artigo 8º da Resolução SE Nº

18/2010, alterado por esta resolução, deverá ser implantada gradativamente, nos

casos em que o Educador Profissional tenha aulas regulares, anteriormente

atribuídas, a fim de evitar prejuízo aos participantes do Programa Escola da Família.

Artigo 3º - Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação.

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ANEXO B – ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA ESCOLA

Jogos de Xadrez e Damas Ping Pong Tricô/Bordados Tênis de Mesa Taekwondo Artesanatos Curso de Espanhol Curso de Libras Vídeo Game Jogos (futebol - Vôlei – Basquete) Escolinha de Futsal Curso de pinturas Capoeira Crochê Curso de manicure e pedicure Curso de corte de cabelo