estudo preliminar do potencial de estabelecimento de...
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Estudo preliminar do potencial de estabelecimento de Heterodera avenae Wollenweber, 1924 no Brasil.
INTRODUÇÃO
O comércio internacional tem exercido um papel importante na introdução de organismos em novos habitats, seja de forma intencional ou inadvertidamente. Muitas dessas introduções podem causar danos significativos a importantes culturas em agroecossistemas ou plantas em ambientes naturais levando a impactos econômicos e ambientais. Neste contexto, com o objetivo de proteger o comércio, os organismos internacionais de proteção de plantas produziram diretrizes a serem seguidas por diversos países, inclusive pelo Brasil. Estudos que envolvam a avaliação do potencial de estabelecimento de pragas exóticas apresentam-se como atividades essenciais em trabalhos de análise de risco de pragas. Neste trabalho, é apresentado um estudo preliminar para avaliar o potencial de estabelecimento de no Brasil, com base em condições climáticas favoráveis ao seu desenvolvimento.
Heterodera avenae
1 1 1 R.A.M. Ferreira , H.R.F. Silva & R.C.V. Tenente
1 Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, C. P. 02372, 70849-970, Brasília, DF, BrazilE-mail: [email protected].
Recursos Genéticos eBiotecnologia
MATERIAL E MÉTODO
RESULTADOS
CONCLUSÃOEste trabalho apresentou um procedimento, ainda que em caráter
bastante preliminar, que permite indicar áreas propícias ao estabelecimento de . É possível utilizá-lo para outras pragas. Um fator limitante do trabalho refere-se à restrita disponibilidade de dados (de natureza climática, econômica, etc), uma vez que quanto maior a quantidade de dados disponíveis, mais robustos podem ser os
H. avenae
O nematóide , tem o status atual de exótico ao país e, portanto a espécie foi escolhida para este estudo.
Os procedimentos efetuados neste trabalho foram os seguintes: (1) - Levantamento bibliográfico sobre o nematóide . (2)- Com base no levantamento bibliográfico, determinou-se a faixa
de temperatura ideal de desenvolvimento da praga. (3) - Em seguida, utilizando-se o (SUTHERST, R. W. &
MAYWALD, G. F., Agr. Ecosyst. Environ., 1985; SUTHERST, R. W et al., Insects in a changing environment, 1995; SUTHERST, R. W. et al., Aust. J. Agr. Res., 2000),.um software de , mapeou-se no Brasil, áreas de temperatura ideal de desenvolvimento desta praga. Foi calculado apenas o índice de temperatura ( ) com base na
oamplitude de temperatura entre 20 C e 22ºC (MEAGHER, J.W., Bull. OEPP, 1982), considerada favorável para o desenvolvimento da praga (Figura 1).
H. avenae Wollenweber, 1924
H. avenae
Climex
Sistema de Informações Geográficas (SIG)
TI
Figura 1 - Parâmetros de condições climáticas (temperatura apenas) para configuradas no .
H. avenaeClimex
Utilizou-se a função “ ” (Figura 2) para comparar as características climáticas das áreas das estações meteorológicas disponíveis no com o perfil climático de
, gerando mapas que indicam o potencial de introdução, entrada, estabelecimento e dispersão de um organismo na área.
Compare Locations
ClimexH. avenae
Figura 2 - Tela do programa para executar a função “Compare Locations”, onde foi escolhida a avaliação de em áreas da América do Sul.
ClimexH. avenae
Foi realizada, por meio do , a avaliação do perfil climático de na América do Sul.
Com base no levantamento bibliográfico para a verificação de hospedeiros de , destacam-se a aveia (Avena sativa), cevada (Hordeum vulgare), centeio (Secale cereale), sorgo (Sorghum spp) e trigo (Triticum aestivum). Foi então acessado o sistema do
, disponibilizado via Internet, dados referentes à produção agrícola municipal do Brasil dessas culturas, agregada por microrregião no ano de 2005.
(4) - Utilizando-se o , outro software de , foram mapeadas áreas do Brasil com produção significativa de
. Para gerar o “ ” (Figura 4(B)), assim denominado para representar o mapa do Brasil com localidades (estações meteorológicas) que apresentam , ou seja, localidades pontuais consideradas preliminarmente com maior potencial de estabelecimento da praga.. As localizações pontuais do Mapa 1 foram “extendidas” para uma área circular de raio 1 grau (definido arbitrariamente) de modo a refletir uma área geográfica mais “abrangente” que sofre a influência da variável (Figura 4).
TI H. avenae
H. avenae
SIDRAIBGE
ArcView SIGaveia, cevada, centeio,
sorgo e trigo Mapa 1
TI 12
TI
Figura 4 – (A) Estações meteorológicas (do software ) que apresentam para e (B) Área circular de influência com raio 1 grau de prevalência da variável : Mapa 1.
Climex TI 12 H.avenaeTI
(5) Finalmente, no ambiente do foi realizada a sobreposição do Mapa 1 com o Mapa 2 e, assim, gerou-se um mapa que aponta áreas do País onde o prejuízo de estabelecimento de seria significativo.
ArcView
H. avenae
Com o levantamento bibliográfico realizado verificou-se que:üO nematóide está presente em diversos países da Europa, Ásia, África, América do Norte, América do Sul (Peru) e Oceania. üAlguns hospedeiros do nematóide são Avena sativa (aveia), Hordeum vulgare (cevada), Triticum aestivum (trigo), Secale cereale (centeio) e Sorghum spp. (sorgo).üComo aspectos da Bioecologia do nematóide MEAGHER, J.W., Bull. OEPP (1982), aponta que a temperatura ideal para eclosão dos ovos de
está em torno de 20oC a 22ºC.A avaliação do perfil climático de na América do Sul foi obtido através do (Figura 3).
H. avenae
H. avenae TI
Figura 3 – resultante da função “Compare Locations” para avaliação de em áreas da América do Sul.TI H. avenae
Com os dados referentes à quantidade total (em toneladas) de aveia, cevada, centeio, sorgo e trigo para as 558 microrregiões brasileiras, verificou-se, através da Curva de Lorenz, que apenas 12% das microrregiões (66 microrregiões) foram responsáveis por aproximadamente 90% da quantidade total produzida no País em 2005 (Figura 5).
Figura 5 – Curva de Lorenz relativa à concentração da quantidade produzida de aveia, cevada, centeio, sorgo e trigo nas microrregiões brasileiras em 2005 (Fonte: IBGE – sistema SIDRA)
Figura 6 – Mapa 2: mapa da distribuição espacial da quantidade total de produção aveia, cevada, centeio, sorgo e trigo no Brasil em 2005 por microrregiões que produziram mais de 40.000 toneladas. (Fonte: IBGE – Sistema SIDRA).
O cruzamento entre o “Mapa 1” e o “Mapa 2”, gerou uma interseção de áreas com considerável quantidade de produção de aveia, cevada, centeio, sorgo e trigo com condições de temperatura significativamente favorável ao estabelecimento de H.avenae (Figura 7(A)). Avaliou-se visualmente o cruzamento dos mapas, e finalmente foram marcadas as microrregiões mais significativas que combinam alta favorabilidade climática e significativa quantidade de produção para o possível estabelecimento de (Figura 7(B)).H. avenae
Figura 7 – (A) cruzamento dos mapas de áreas de e produção alta de aveia, cevada, centeio, sorgo e trigo em 2005. (B) Áreas (microrregiões) selecionadas via inspeção visual com condições favoráveis de estabelecimento de .
TI 12
H. avenae
XXXIX Congresso Brasileiro de Fitopatologia, Salvador, BA, 2006.
Considerando-se apenas as 66 microrregiões que contribuíram para a oprodução nacional em cerca de 90% em 2005, o valor do 1 quartil o(percentil 25), o valor mediano (percentil 50), o valor do 3 quartil
(percentil 75), a média e o desvio padrão da quantidade produzida (em toneladas) corresponderam a 39.404, 70.009, 132.099, 94.730 e 80.477 toneladas respectivamente. Foram consideradas como áreas de alta produção as microrregiões que produziram acima de 40.000 toneladas. Utilizando o software foi gerado o assim denominado “Mapa 2” (Figura 6), que representa o mapa de microrregiões com quantidade alta de produção de aveia, cevada, centeio, sorgo e trigo em 2005, que correspondem a áreas que representam perdas significativas sob o ponto de vista econômico caso a praga venha nelas se estabelecer.
ArcView
H. avenae
Preliminary study of Heterodera avenae establishment potential Wollenweber, 1924 in Brazil