estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FLORESTAIS ÁUREA DE PAULA MEDEIROS E SILVA ESTUDO DO PERFIL TÉRMICO DE FORNOS DO TIPO “CAIPIRA” UTILIZADOS PELO SETOR DE CERÂMICA VERMELHA EM PARELHAS NA REGIÃO DO SERIDÓ-RN MACAÍBA 2014

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Page 1: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FLORESTAIS

ÁUREA DE PAULA MEDEIROS E SILVA

ESTUDO DO PERFIL TÉRMICO DE FORNOS DO TIPO

“CAIPIRA” UTILIZADOS PELO SETOR DE CERÂMICA

VERMELHA EM PARELHAS NA REGIÃO DO SERIDÓ-RN

MACAÍBA

2014

Page 2: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

2

ÁUREA DE PAULA MEDEIROS E SILVA

ESTUDO DO PERFIL TÉRMICO DE FORNOS DO TIPO

“CAIPIRA” UTILIZADOS PELO SETOR DE CERÂMICA

VERMELHA EM PARELHAS NA REGIÃO DO SERIDÓ-RN

Dissertação apresentada à Universidade Federal do

Rio Grande do Norte como requisito parcial do

Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais,

na área de concentração com a linha de pesquisa em

Manejo e Utilização dos Recursos Florestais, para

obtenção do título de Mestre.

Orientadora: Profa. Dra. Rosimeire Cavalcante dos

Santos

MACAÍBA

2014

Page 3: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

3

Silva, Áurea de Paula Medeiros e. Estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo setor de cerâmica vermelha em parelhas na região do Seridó-RN / Áurea de Paula Medeiros e Silva. - Macaíba, RN, 2014.

113 f.

Orientador (a): Profa. Dra. Rosimeire Cavalcante dos Santos. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais). Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias Campus Macaíba. Programa de Pós- Graduação em Ciências Florestais. 1. Cerâmica - Indústria - Dissertação. 2. Forno - Caipira - Dissertação. 3. Madeira - Dissertação. I. Santos, Rosimeire Cavalcante dos. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias Campus Macaíba. IV. Título. RN/UFRN/BSPRH CDU: 666.3/.7

Divisão de Serviços Técnicos Catalogação da Publicação na Fonte.

Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias Campus Macaíba Biblioteca Setorial Professor Rodolfo Helinski

Page 4: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

4

Dedico esse trabalho à minha família.

Page 5: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

5

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, pela força e coragem que me impulsionou a alcançar

mais uma conquista.

À minha mãe, por acreditar, e me dar força, em todos os momentos da minha vida,

meu eterno agradecimento.

Aos proprietários da cerâmica Esperança, Carlos Santana Oliveira e Edanira Medeiros

de O. Cirne pelo apoio e pela liberação do pátio fabril para o desenvolvimento da pesquisa.

Aos colegas de curso, Rodrigo, Mario, Mirela, Gilton, Adna e Albanita pela ajuda

durante o curso.

À Andréia e Laura minhas colegas de pesquisa de campo, meu agradecimento pela

companhia em todos os momentos difíceis, e por me aguentar.

Aos bolsistas Marcelo, Raunny e Alex, alunos do curso de Graduação em engenharia

florestal pela grande ajuda em campo e por toda dedicação e paciência.

A minha tia Nenzinha e meus primos Moisés e Mateus pela acolhida durante dois anos

em sua casa e por tudo que fizeram nesse período por mim.

Aos professores e professoras do Programa de Pós-Graduação e Ciências Florestais,

pelos ensinamentos, e ao professor Alexandre agradeço pela confiança e incentivo, e de quem

guardei as palavras: “Devemos procurar pessoas que abram portas”, meu agradecimento.

Ao professor Renato Vinícius Oliveira Castro, Renatinho da Universidade de Brasília,

que mesmo sem conhecer pessoalmente, sempre foi prestativo, educado, dando assistência no

desenvolvimento do trabalho, sempre que necessário.

Às professoras Angélica de Cássia Oliveira Carneiro da Universidade Federal Viçosa,

e Edna Moura Pinto, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pelos ensinamentos,

gentileza e a ajuda que prestaram durante todo o trabalho.

A Eranilson, e a todos os demais funcionários da Escola Agrícola de Jundiaí pelo

apoio que sempre prestaram.

Ao engenheiro do Instituto Federal do Rio Grande do Norte, Haroldo, e ao professor

da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, Josué de Castro, pela ajuda que sempre

prestaram nos desenhos técnicos do trabalho.

Aos professores Carlos Alberto Paskocimas e George Santos Marinho, da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que sempre colaboraram para realização desse

trabalho e por ter proporcionado as condições necessárias às análises de argila.

Page 6: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

6

Aos alunos do laboratório de Engenharia de Materiais da UFRN, Jean, Hudson e

Graciele, pela ajuda na análise da argila.

A Capes pela concessão da bolsa de estudos.

À professora Rosimeire pela orientação, pelas parcerias conquistadas e por todas as

portas abertas, pelos ensinamentos, e por toda paciência do mundo que teve durante todo

curso, só tenho agradecer.

A Ednaldo, pela ajuda, ensinamentos e paciência, meus sinceros agradecimentos.

A Gláucia pela ajuda nas correções de português pela sua disponibilidade e boa

vontade.

Aos meus irmãos que sem medirem esforços sempre ajudaram em minha vida e,

particularmente, nessa fase.

A toda a minha família, e a minha tia Antônia.

A minha filha Sofia, que é minha vida, motivo de minhas vitórias todos os dias, e a

Joaby, meu marido, pela compreensão e a paciência demonstrada em todos os momentos, e

particularmente durante esses dois anos de curso.

Enfim, agradeço a todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para que fosse

possível alcançar esse sonho.

Page 7: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

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ÁUREA DE PAULA MEDEIROS E SILVA

ESTUDO DO PERFIL TÉRMICO DE FORNOS DO TIPO

“CAIPIRA” UTILIZADOS PELO SETOR DE CERÂMICA

VERMELHA EM PARELHAS NA REGIÃO DO SERIDÓ-RN

Dissertação apresentada à Universidade Federal do

Rio Grande do Norte como requisito parcial do

Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais,

na área de concentração com a linha de pesquisa em

Manejo e Utilização dos Recursos Florestais, para

obtenção do título de Mestre.

Dissertação aprovada em _______/_______/_______

BANCA EXAMINADORA

______________________________________

Dra. Rosimeire Cavalcante dos Santos. Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Professora Orientadora

_______________________________________

Dr. Alexandre Santos Pimenta

Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

MEMBRO INTERNO

____________________________ Dr. Carlos Alberto Paskocimas

Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

MEMBRO INTERNO

_____________________________

Dr. Renato Vinícius Oliveira Castro

Professor da Universidade de Brasília/DF

MEMBRO EXTERNO

Page 8: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

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RESUMO GERAL

O presente trabalho teve como objetivo geral caracterizar o perfil térmico de fornos tipo

“caipira” utilizados pelo setor de cerâmica vermelha em Parelhas, na região do Seridó/RN,

visando propor intervenções que possam colaborar para aumentar a produtividade, a

qualidade dos produtos, otimizar o consumo de madeira e mitigar as perdas existentes

durante o processo de queima. O trabalho foi desenvolvido em duas etapas, entre agosto de

2012 e setembro de 2013, na Cerâmica Esperança localizada na cidade de Parelhas-RN,

Brasil. Na primeira etapa foram realizados 4 tratamentos, com três repetições, totalizando 12

unidades experimentais (queimas). Na segunda etapa foram realizados 2 tratamentos, com três

repetições, totalizando 6 unidades experimentais (queimas). Foram analisadas as

características físicas da madeira utilizando-se norma NBR 11941 E NBR 7190 para

densidade básica e umidade, respectivamente. O lote de argila foi o parâmetro utilizado como

referência para distinguir os tratamentos nas duas etapas. Para tanto a análise e caracterização

foi realizada a partir de técnicas de fluorescência por raios X (FRX), difração por raios X

(DRX), análise granulométrica (AG). Na primeira e segunda etapas foram monitorados: o

tempo de queima durante todo o processo, a quantidade de madeira utilizada em cada queima,

o número de peças enfornadas para posterior determinação das porcentagens de perdas, como

também qualidade dos produtos. Para caracterização do perfil térmico dos fornos na primeira

etapa foram aferidas temperaturas em 15 pontos marcados na superfície da carga enfornada.

Para avaliar a correlação existente entre a distância da superfície da carga enfornada e o fio

utilizado como parâmetro de controle do processo, foram realizadas medições utilizando-se

trena e, paralelamente, realizou-se as aferições das temperaturas a cada 30 minutos com

pirômetro de mira laser a partir do pré-aquecimento, até o final da queima. Na segunda etapa

foram instalados 12 cilindros metálicos distribuídos nas paredes do forno, sendo 8 cilindros

nas paredes frontais do forno e 2 cilindros em cada paredes laterais, foram instalados

equidistantes, com 17 cm de distância do solo e 30 da parede da superfície. Os cilindros

distribuídos na parte frontal foram colocados a 50 cm da superfície do forno, e na base do

forno distantes 20 cm do solo. Foram instalados também 10 termopares, sendo 5 termopares

distribuídos 1,77cm acima das câmaras de combustão, e 1 termopar em cada lateral, e 3

termopares na parte frontal do forno. Realizou-se as aferições das temperaturas a cada 1 hora

no período de queima 2 horas no resfriamento com um pirômetro nos cilindros e um

dattaloger para os termopares. Esses foram fixados com profundidade de 30 cm da parede.

Após análise estatística verificou-se que: o perfil térmico dos fornos na superfície e nas

diferentes alturas foi heterogêneo; e as faixas de densidade e umidade da madeira estão dentro

dos padrões recomendados para utilização como fonte de energia. Conclui-se que mesmo com

baixas temperaturas alcançadas durante a queima houve uma produção significativa de

produtos de boa qualidade, isso se deve a grande concentração de oxido de ferro e oxido de

potássio encontradas na argila, que baixa o ponto de fusão das peças. O tempo médio de

queima em cada etapa variou de 650 a 2100 minutos, consumo de madeira foi em média 20

m3, qualidade dos produtos foi em média 16 % de primeira qualidade,70% de segunda, 5 % de

terceira e 10 % de perdas. A distância entre o fio e a superfície do forno foi um parâmetro

significativo para todos os tratamentos, mas com oscilações diferenciadas, significando que o

fio não deve ser o modo de forma genérico e exclusivo, utilizado como critério para

finalização do processo de queimas. A parte central do forno foi à área que atingiu maior

temperatura, e de maneira mais homogênea, com maior concentração de produtos de primeira

qualidade. A curva de temperatura ideal, que proporcionou a melhor qualidade dos produtos

cerâmicos foi atingida na parte central do forno.

Page 9: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

9

Palavras-Chave: Indústria Cerâmica, madeira como fonte de energia, Fornos do tipo

“Caipira”, Setor de Cerâmica Vermelha no Rio Grande do Norte.

Page 10: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

10

ABSTRACT GENERAL

The present study aimed to characterize the thermal profile of wood fired oven used by the

red ceramic industry in Parelhas, in the Seridó region/RN, aiming to propose structural

interventions that can contribute to increasing productivity and product quality, optimize

wood consumption and mitigate existing losses during the burning process. The study was

conducted at Cerâmica Esperança in the city of Parelhas -RN, Brazil, during the period from

August 2012 to September 2013. Four treatments were performed with three replicates, ie,

with, a total of 12 experimental units (burnings). In the first stage 4 treatments were

performed with three replicates, totaling 12 experimental units (firings). In the second stage 2

treatments were performed with three replications, totaling 6 experimental units (firings). The

physical characteristics of the wood were analyzed using standard NBR 11941 and NBR 7190

for basic density and moisture, respectively. The clay was used as a reference parameter for

distinguishing treatments. For both the analysis and characterization was carried out using

techniques of fluorescence X (XRF) rays, X-ray diffraction (XRD) analysis, particle size

analysis (FA). In the first and second stages were monitored: the time during the firing

process, the amount of wood used at each firing, the number of parts enfornadas for

subsequent determination of the percentages of losses, but also product quality. To

characterize the thermal profile of the oven, we measured the temperature at 15 points scored

in the surface charge put into the oven. Measurements were taken every 30 minutes from

preheat until the end of burning, using a pyrometer laser sight sighting from preheating until

the end of burning. In the second step 12 metal cylinders distributed on the oven walls, and

the cylinder end walls 8 of the furnace 2 and rollers on each side walls are installed

equidistant to 17 cm from the soil and the surface 30 of the wall are installed. The cylinders

distributed on the front were placed 50 cm above the furnace, and the base of the oven 20 cm

distant from the ground. 10 also thermocouples were installed, and five thermocouples

distributed 1.77 cm above the combustion chambers, and one thermocouple on each side, and

three thermocouples in front of the oven. We carried out the measurements of the

temperatures every 1 hour during the burning two hours in cooling the cylinders with a

pyrometer and thermocouples for dattaloger. These were fixed with depth of 30 cm from the

wall. After statistical analysis it was found that: the thermal profile of the furnace surface and

at different heights was heterogeneous; and the ranges of density and moisture content of

wood are within recommended for use as an energy source standards. We conclude that even

at low temperatures reached during firing there was a significant production of good quality

products, this is due to high concentrations of iron oxide and potassium oxide found in clay,

which lowers the melting point of the piece. The average burn time for each step varied 650-

2100 minutes wood consumption was on average 20 m3, product quality was on average 16%

of first quality, 70% second, third and 5% to 10% loss . The distance between the wire and the

surface of the oven was a significant parameter for all treatments, but with different

variations, meaning that the wire should not be so generic and unique form, used as a criterion

for completion of the burn process. The central part of the furnace was the area that reached

higher temperature, and in a unified manner, with the highest concentration of top quality

products. The ideal temperature curve, which provided the highest quality of ceramic products

was achieved in the central part of the furnace

Keywords : Ceramic Industry , wood as an energy source , Ovens like " hick " Red Ceramic

Industry in Rio Grande do Norte .

Page 11: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

11

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1. LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE PARELHAS

-RN.

47

FIGURA 2. FORNO CAIPIRA. 48

FIGURA 3. ABERTURAS PARA CARREGAMENTO DO FORNO. 49

FIGURA 4. AS CÂMARAS DE COMBUSTÃO. 49

FIGURA 5. PLANTA BAIXA DO FORNO CAIPIRA. 50

FIGURA 6. FIO DE COBRE SOBRE A CARGA ENFORNADA,

UTILIZADO COMO REFERÊNCIA PARA CONTROLE DO

PROCESSO DE QUEIMA

51

FIGURA 7. PONTOS DE AMOSTRAGEM PARA AFERIÇÃO DAS

TEMPERATURAS AO LONGO DA SUPERFÍCIE DA CARGA.

54

FIGURA 8. PONTOS MARCADOS PARA AFERIÇÃO DAS DO

FORNO.

55

FIGURA 9. PONTOS MARCADOS SOBRE A PAREDE DAS

TEMPERATURAS AO LONGO DA SUPERFÍCIE DA CARGA.

55

FIGURA 10. PIRÔMETRO A LASER. REGISTRO DA

TEMPERATURA. PIRÔMETRO, BATERIA E CAPA.

56

FIGURA 11- CLASSIFICAÇÃO DE TELHAS DE 1a, 2ª e 3

a

QUALIDADE E MAL QUEIMADAS.

57

FIGURA 12- DRX DA ARGILA 01 TRATAMENTO 1. 61

FIGURA 13 - DRX DA ARGILA 02 TRATAMENTO 2. 62

FIGURA 14 - DRX DA ARGILA 03 TRATAMENTO 3. 62

FIGURA 15 - DRX DA ARGILA 04 TRATAMENTO 4. 62

FIGURA 16. COMPARAÇÃO DAS TENDÊNCIAS D

TEMPERATURA DOS TRATAMENTO 1 A 4.

63

FIGURA 17. EQUAÇÕES DE TEMPERATURA MÉDIA EM FUNÇÃO

DO TEMPO PARA OS TRATAMENTOS 1 A 4 UTILIZANDO UMA

EQUAÇÃO LINEAR QUADRÁTICA.

65

FIGURA 18. RELAÇÃO ENTRE A DISTÂNCIA DO FIO E O TEMPO

DE QUEIMA (A) E A TEMPERATURA (B).

67

FIGURA 19. RELAÇÃO ENTRE A PORCENTAGEM DE TELHAS DE

PRIMEIRA QUALIDADE E A TEMPERATURA MÁXIMA

69

Page 12: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

12

ATINGIDA NO FORNO (A) E O TEMPO TOTAL DE QUEIMA (B).

AS EQUAÇÕES APRESENTADAS FORAM SIGNIFICATIVAS PELO

TESTE F (P<0,05).

FIGURA 20. RELAÇÃO ENTRE A PORCENTAGEM DE TELHAS DE

SEGUNDA QUALIDADE E A TEMPERATURA MÁXIMA

ATINGIDA NO FORNO (A) E O TEMPO TOTAL DE QUEIMA (B).

AS EQUAÇÕES APRESENTADAS FORAM SIGNIFICATIVAS PELO

TESTE F (P<0,05)

71

FIGURA 21. RELAÇÃO ENTRE A PORCENTAGEM DE TELHAS DE

TERCEIRA QUALIDADE E A TEMPERATURA MÁXIMA

ATINGIDA NO FORNO (A) E O TEMPO TOTAL DE QUEIMA (B).

AS EQUAÇÕES APRESENTADAS FORAM SIGNIFICATIVAS PELO

TESTE F (P<0,05).

73

FIGURA 22. RELAÇÃO ENTRE A PORCENTAGEM DE TELHAS

MAL QUEIMADAS E A TEMPERATURA MÁXIMA ATINGIDA NO

FORNO (A) E O TEMPO TOTAL DE QUEIMA (B). AS EQUAÇÕES

APRESENTADAS FORAM SIGNIFICATIVAS PELO TESTE F

(P<0,05)

75

FIGURA 23. RELAÇÃO ENTRE A PORCENTAGEM DE TELHAS

QUEBRADAS E A TEMPERATURA MÁXIMA ATINGIDA NO

FORNO (A) E O TEMPO TOTAL DE QUEIMA (B). AS EQUAÇÕES

APRESENTADAS FORAM SIGNIFICATIVAS PELO TESTE F

(P<0,05).

77

FIGURA 24. RELAÇÃO ENTRE A TEMPERATURA MÉDIA NO

CENTRO DO FORNO EM FUNÇÃO DO TEMPO DE

AQUECIMENTO (PONTOS DE MEDIÇÃO 7, 8 E 9, LOCALIZADOS

NA REGIÃO CENTRAL DA SUPERFÍCIE DO FORNO)

77

FIGURA 25. RELAÇÃO ENTRE A PORCENTAGEM DE TELHAS DE

PRIMEIRA QUALIDADE COM A TEMPERATURA MÁXIMA

ATINGIDA NA SUPERFÍCIE DO FORNO E A TAXA MÉDIA DE

AQUECIMENTO PARA OS PONTOS DE MEDIÇÃO 7, 8 E 9,

LOCALIZADOS NA REGIÃO CENTRAL DA SUPERFÍCIE DO

FORNO. AS EQUAÇÕES APRESENTADAS FORAM

80

Page 13: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

13

SIGNIFICATIVAS PELO TESTE F (P<0,05).

FIGURA 1. IMAGENS DOS CILINDROS UTILIZADOS NA PAREDE

DA FRENTE DO FORNO.

93

FIGURA 2. LOCALIZAÇÃO DOS 8 PONTOS DE INSTALAÇÃO

DOS CILINDROS NA PARTE DA FRENTE DO FORNO.

94

FIGURA 3. LOCALIZAÇÃO DOS 2 PONTOS DE INSTALAÇÃO

DOS CILINDROS NA LATERAL DO FORNO.

94

FIGURA 4. IMAGENS DO CILINDRO UTILIZADO NO FORNO .(A)

VISTA DA EXTREMIDADE ABERTA.(B) VISTA DA LATERAL DA

EXTREMIDADE FECHADA.(C) VISTA EXTREMA DO CILINDRO

INSTALADO NA PAREDE DE UM FORNO.

94

FIGURA 5. TERMOPARES INSTALADOS NO FORNO PARA

AFERIÇÕES DA TEMPERATURA.

95

FIGURA 6. FIOS INSTALADOS DOS TERMOPARES INSTALADOS

NO FORNO NA PAREDE DE TRAS PARA AFERIÇÕES DA

TEMPERATURA.

96

FIGURA 7. TERMOPAR UTILIZADO NA PESQUISA. 97

FIGURA 8. AFERIÇÃO DA TEMPERATURA COM TERMOPAR. 97

FIGURA 9 : QUALIDADE DA TELHA 98

FIGURA 10 - DRX DA ARGILA 01 TRATAMENTO 1 101

FIGURA 11 - DRX DA ARGILA 02 TRATAMENTO 2. 101

FIGURA 12. TEMPERATURA DURANTE A QUEIMA E

RESFRIAMENTO - A. SUPERFÍCIE / TRATAMENTO 1; B.

SUPERFÍCIE / TRATAMENTO 2; C. CILINDROS / TRATAMENTO

1; D. CILINDROS / TRATAMENTO 2; E. TERMOPAR /

TRATAMENTO 1; F. TERMOPAR / TRATAMENTO 2

102

FIGURA 13. TEMPERATURA MÉDIA DURANTE A QUEIMA E

RESFRIAMENTO - A. TRATAMENTO 1; B. TRATAMENTO 2

103

FIGURA 14. DISTÂNCIA MÉDIA DO FIO EM FUNÇÃO DO TEMPO

DE QUEIMA. 108

104

FIGURA 14. QUALIDADE DOS PRODUTOS. 105

FIGURA 15. PERDA DE PESO MÉDIO APÓS A QUEIMA 106

Page 14: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

14

LISTA DE TABELAS

TABELA 1. DIAGNÓSTICO SOBRE O USO DA MADEIRA DA

REGIÃO SERIDÓ

27

TABELA 2. TIPOS DE FORNOS CERÂMICOS NO ESTADO DO RIO

GRANDE DO NORTE

34

TABELA 3. DADOS SOBRE A INDÚSTRIA DE CERÂMICA

ESPERANÇA - RN

48

TABELA 4. MÉDIAS DA DENSIDADE BÁSICA, UMIDADE E

CONSUMO DA MADEIRA UTILIZADA NO EXPERIMENTO

58

T TABELA 5. DISTRIBUIÇÃO DE TAMANHO DE PARTÍCULAS DAS

ARGILAS

60

TABELA 1. COMPARAÇÕES ENTRE AS CURVAS DE

TEMPERATURA MÉDIA DOS TRATAMENTOS I AO IV PELO

TESTE DE IDENTIDADE DE MODELOS UTILIZANDO UMA

EQUAÇÃO LINEAR QUADRÁTICA (P = 0,05)

99

TABELA 2. MÉDIAS DA DENSIDADE BÁSICA, UMIDADE E

CONSUMO DA MADEIRA UTILIZADA NO EXPERIMENTO

99

TABELA 3. DISTRIBUIÇÃO DE TAMANHO DE PARTÍCULAS DAS

ARGILAS

100

Page 15: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

15

LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANICER Associação Nacional da Indústria Cerâmica

ABC Associação Brasileira de Cerâmica Vermelha

ANFACER Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos, Louças

Sanitárias e Congêneres

ADESE Agência de Desenvolvimento Sustentável do Seridó

CTGÁS ER Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

FEAM Fundação Estadual do Meio Ambiente

FIERN Federação da Indústria do Estado do Rio Grande do Norte

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial

MME Ministério de Minas e Energia

SINDICERAMICA Sindicato das Indústrias Cerâmicas

Page 16: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

16

SUMÁRIO

RESUMO 9

ABSTRACT 8

1 INTRODUÇÃO GERAL 19

2 REFERENCIAL TEÓRICO 21

2.1 CONTEXTO ENERGÉTICO 21

2.2 ASPECTOS HISTÓRICOS DA ATIVIDADE DE CERÂMICA 22

2.2.1 A Indústria Cerâmica no Brasil 24

2.2.2 A Indústria Cerâmica no Rio Grande do Norte 25

2.3 O PROCESSO PRODUTIVO DA CERÂMICA VERMELHA 27

2.4 FORNOS UTILIZADOS PARA QUEIMA DE PRODUTOS

CERÂMICOS

32

2.5 FORNOS DO TIPO “CAIPIRA” 33

2.6 CONSIDERAÇÕES SOBRE A MATÉRIA-PRIMA UTILIZADA

NA PRODUÇÃO DA CERÂMICA VERMELHA

35

2.7 PROPRIEDADES DA MADEIRA QUE INFLUENCIAM NO

PROCESSO DE QUEIMA

36

2.7.1 DENSIDADE DA MADEIRA 36

2.7.2 TEOR DE UMIDADE DA MADEIRA 37

REFERÊNCIAS 38

CAPÍTULO I – AFERIÇÕES DE TEMPERATURAS NA SUPERFÍCIE

DO FORNO DO TIPO CAIPIRA.

41

RESUMO 42

ABSTRACT 43

1 INTRODUÇÃO 44

2 OBJETIVO 45

3 MATERIAL E MÉTODOS 46

3.1 LOCAL DE ESTUDO 46

3.2 DESCRIÇÃO DO FORNO PARA REALIZAÇÃO DA PESQUISA 48

3.3 DETERMINAÇÃO DA UMIDADE E DENSIDADE BÁSICA DA

MADEIRA E CONSUMO DE MADEIRA DURANTE QUEIMA

51

3.4 CARACTERIZAÇÃO DA ARGILA 52

Page 17: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

17

3.5 ANÁLISE GRANULOMÉTRICA 53

3.6 ANÁLISES QUÍMICAS POR FLUORESCÊNCIA DE RAIOS

X (FRX)

53

3.7 ANÁLISE QUÍMICA POR DIFRAÇÃO DE RAIOS X (DRX) 53

3.8 ANÁLISE DO PERFIL TÉRMICO NA SUPERFÍCIE DO

FORNO CAIPIRA E OS PARÂMETROS UTILIZADOS

COMO CONTROLE DO PROCESSO DE QUEIMA

54

3.9 CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DO PRODUTO E O

CONSUMO DE MADEIRA

57

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 58

4.1 MATÉRIAS PRIMAS 58

4.1.1 Propriedades da Madeira 58

4.1.2 Característica da Argila 59

4.1.2.1 Análise Granulométrica 59

4.1.2.2 Análise Química por Fluorescência de Raios-X (FRX) 60

4.1.2.3 Análise Química por Difração de Raios-X (DRX) 61

4.2. TEMPERATURA NA SUPERFÍCIE DOS FORNOS 63

4.3 COMPORTAMENTO DA TEMPERATURA DO FORNO

CAIPIRA EM FUNÇÃO DO TEMPO

64

4.4 RELAÇÃO ENTRE A DISTÂNCIA DO FIO E O TEMPO DE

QUEIMA

66

4.5 RELAÇÃO ENTRE A TEMPERATURA MÁXIMA ATINGIDA

NO FORNO CAIPIRA E O TEMPO TOTAL DE QUEIMA E A

PORCENTAGEM DA QUALIDADE DA TELHA PRODUZIDA

69

4.6 A RELAÇÃO DA QUALIDADE DA TELHA ENTRE A

TEMPERATURA MÉDIA E O TEMPO DE QUEIMA

NA PARTE CENTRAL NOS PONTOS DE MEDIÇÃO 7, 8 E 9

DA SUPERFÍCIE DO FORNO

77

5. CONCLUSÕES 81

REFERENCIAS 82

CAPÍTULO II - AFERIÇÕES NA SUPERFÍCIE, NOS CILINDROS E

TERMOPARES

85

RESUMO 86

Page 18: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

18

ABSTRACT 87

1 INTRODUÇÃO 88

2 OBJETIVOS 89

3 MATERIAL E MÉTODO 90

3.1 DETERMINAÇÃO DA UMIDADE E DENSIDADE BÁSICA 90

3.2 CARACTERIZAÇÃO DA ARGILA 90

3.3 ANÁLISES GRANULOMÉTRICA 90

3.4 ANÁLISES QUÍMICAS POR FLUORESCÊNCIA DE RAIOS –

X (FRX)

91

3.5 ANÁLISE QUIMICA POR DIFRAÇÃO DE RAIOS - X (DRX) 91

3.6 ANÁLISE DO PERFIL TÉRMICO NA SUPERFÍCIE

DO FORNO CAIPIRA E OS PARÂMETROS UTILIZADOS

COMO CONTROLE DO PROCESSO DE QUEIMA

91

3.7 ANÁLISE DO PERFIL TÉRMICO NAS

DIFERENTES ALTURAS DO FORNO CAIPIRA

92

3.8 CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DO PRODUTO 97

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 98

4.1 MATÉRIAS PRIMAS 98

4.1.1 PROPRIEDADE DA MADEIRA 98

4.1.2 PROPRIEDADE DA ARGILA 99

4.2 ANÁLISE GRANULOMÉTRICAS 99

4.3 ANÁLISES QUÍMICAS POR FLUORESCÊNCIA DE RAIOS X

(FRX)

100

4.4 ANÁLISE QUÍMICA POR DIFRAÇÃO DE RAIOS -X (DRX) 101

4.5 TEMPERATURA NA SUPERFÍCIE, CILINDROS E

TERMOPARES NOS FORNOS

102

4.6 RELAÇÃO ENTRE A DISTÂNCIA DO FIO E O TEMPO DE

QUEIMA

106

4.7 A PORCENTAGEM DA QUALIDADE DA TELHA NO FORNO

CAIPIRA

107

5 CONCLUSÕES 109

REFERÊNCIAS 110

CONCLUSÃO GERAL 111

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19

PERSPECTIVAS 112

AGRADECIMENTOS 112

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20

1 INTRODUÇÃO GERAL

Historicamente, sabe-se que desde as primeiras civilizações a madeira é utilizada

como fonte de energia em atividades de cunho doméstico, para em seguida ser empregada em

atividades economicamente produtivas (OLIVEIRA, 2003). Entretanto, qualquer que seja o

recurso energético utilizado no processo de conversão em energia, o seu maior

aproveitamento dependerá, especialmente, do tipo de sistema utilizado, como também das

características do combustível.

No Estado do Rio Grande do Norte a madeira é utilizada como fonte de energia em

larga escala, na indústria de cerâmica vermelha os principais tipos de lenha utilizados são a

algaroba (prosopis Algarobilla) e o Cajueiro (Anacardium Occidentalis). Algumas cerâmicas

utilizam além da lenha a bucha de coco e outras utilizam briquetes ou pó de serra. As

cerâmicas que utilizam bucha de coco na queima de seus produtos estão localizadas nas

cidades de Goianinha e São José do Mipibu. As cerâmicas estão distribuídas, principalmente,

na região Assú, na Grande Natal, Seridó, e na região Oeste (SEBRAE et al, 2013).

O setor ceramista no Estado sempre se configurou como um segmento que gera grande

impacto ao meio ambiente, desencadeado principalmente pela extração e o excessivo

consumo de madeira, insumo utilizado, especialmente na fase de queima dos produtos. Esse

fato deve-se ao número de indústrias cerâmicas de pequeno porte, na região do Seridó, com

baixa demanda tecnológica, fato esse que colabora para problemas ambientais inerentes à

produção.

Ao passo que essa é uma atividade considerada impactante ao meio ambiente, de modo

geral como foi exposto, é também uma atividade que tem um papel importante para economia

do país, com participação no PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro estimado em 1%, o que

corresponde a cerca de 12 milhões de reais (SEBRAE, 2008).

Com essa evidência, é importante que exista uma nova prática nessa indústria,

considerando que os tipos de fornos utilizados, em sua grande maioria, ainda permanecem os

mesmos de décadas passadas, com um consumo de combustível elevado e uma produção de

produtos de baixa qualidade, além da grande porcentagem de perdas ao longo de toda sua

produção.

Na indústria de cerâmica vermelha o controle dos parâmetros da queima dos fornos é

de fundamental importância para apontar indicativos que permitam reduzir as perdas e

produzir um produto final de melhor qualidade, entretanto, observa-se que nas pequenas

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21

empresas não há condições de modificar seus sistemas. Isso ocorre, principalmente, em

virtude dos custos elevados para estruturação adequada. As empresas, em geral, ainda

permanecem com técnicas inadequadas em seu sistema de queima. Desse modo, essas

cerâmicas deixam de realizar um controle tecnológico eficiente, funcionando assim de

maneira empírica, o que provoca um aumento nos custos da produção e no consumo de

insumos, que consequentemente reduzem os lucros e a qualidade do produto final, além de

elevar a porcentagem de perdas.

No Estado do Rio Grande do Norte, especialmente na região do Seridó, os fornos do

tipo “caipira” 1 ainda são predominantes, bem como o processo de produção artesanal o que

contribui significativamente para a baixa qualidade dos produtos e para os desperdícios

gerados ao longo do processo de produção. Mesmo assim, não há registro de estudos do perfil

térmico dos fornos, ou ainda, estudos que estabelecem a relação entre o controle empírico

adotado no processo e as temperaturas alcançadas durante o processo de queima do forno,

características e consumo de madeira e qualidade dos produtos. Com o desenvolvimento desse

estudo espera-se que o mesmo contribua para decisões sobre alterações estruturais dos fornos

de modo que seja possível reduzir o desperdício e atender às normas exigidas de qualidade do

produto.

Diante do exposto, o trabalho possui como objetivo geral Caracterizar o perfil térmico

de fornos tipo “caipira” utilizados pelo setor de cerâmica vermelha em Parelhas, na região do

Seridó/RN, visando propor intervenções que possam colaborar para aumentar a produtividade

e a qualidade dos produtos, reduzir o consumo de madeira e as porcentagens de perdas

durante o processo.

1Forno caipira corresponde a um tipo de forno com uma concepção simples, formato de caixa (retangular),

fornalha na parte inferior, onde o combustível (lenha) é queimado em 8 câmaras. Os gases de combustão seguem

uma trajetória ascendente, passando pelas peças que estão sendo cozidas, e atingem o topo, onde não há

cobertura de alvenaria nem chaminé. São fornos abertos no topo, onde a cada queima somente uma cobertura

móvel de peças prontas é colocada sobre os produtos que estão sendo queimados.

Page 22: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

22

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 CONTEXTO ENERGÉTICO

O Brasil ocupa papel de destaque no cenário mundial por apresentar estatísticas que

mostram expressiva participação das energias de fontes renováveis. Essas fontes são:

biodiesel; etanol; espécies alternativas e resíduos e florestas energéticas, considerando, dentre

outros fatores, o território brasileiro ser propício para o cultivo florestal, em virtude das

condições climáticas e áreas disponíveis. O uso de madeira no Brasil permaneceu

praticamente constante nos setores residencial, industrial e agropecuário no século XX. E no

setor residencial, a madeira vegetal ainda é muito utilizada pelas famílias em atividades

domésticas para cozinhar, sendo que o consumo de madeira está associado à disponibilidade

de vegetação de cada local (SANTOS, 2010).

O Brasil se destaca por apresentar uma diversidade de espécies produtoras de madeira,

e dentre os estados brasileiros, as áreas de cultivos que mais se destacam são a região norte e

centro-oeste, essas consideradas grandes centros fornecedores de madeira para as regiões sul e

sudeste. No entanto, a diversidade e a oferta de madeira em algumas partes do território

brasileiro ainda não despertou o interesse de grupos econômicos para uma exploração

racional, e sustentada, do uso dessa fonte energética na sua totalidade, o que vem ocasionando

sérios problemas ambientais com a sua retirada sem uma prática de manejo nem reposição

adequada (NASCIMENTO, 2003).

Esse uso inadequado está associado, principalmente, ao desconhecimento das

características da madeira e aos problemas relacionados com sua produção, sendo diversas as

espécies cultivadas, sobre as quais pouco se conhece, em termos de características

tecnológicas, havendo um maior destaque para plantas exóticas, que vem sendo bastante

utilizada, como a prosopis Algarobilla (GOMES, 1999).

De acordo com Oliveira (2012), vários fatores têm influenciado para que novas fontes

energéticas aumentem sua produção no Brasil, de modo que se destaquem em relação ao uso

do petróleo E derivados, considerado que esses são fontes poluentes e não renováveis. Vê-se

como maior destaque nas questões ambientais, que a madeira como combustível energético E

renovável polui menos, embora seja relevante considerar que seu uso deve ocorrer com

Page 23: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

23

cautela haja vista, dentre outros, os impactos oriundos da extração, se essa não for realizada

com prévio planejamento.

O número de florestas plantadas no Brasil vem aumentando, e atualmente possui cerca

de 7,1 % milhões de hectares de florestas plantadas o equivalente a uma parcela menor do que

1% da área agricultável de todo o território nacional. Isso evidencia o grande potencial que

pode ser explorado para o crescimento dessas áreas, principalmente considerando-se que há

água, energia e tecnologia de silviculturas, reconhecidas internacionalmente, que se

conformam como condições ideais para o crescimento de espécies arbóreas (SERVIÇO

FLORESTAL BRASILEIRO, 2013).

Além disso, houve um aumento na diversidade na produção energética, pois além do

avanço tecnológico, observa-se que há mais opções disponíveis que proporcionam uma

utilização eficaz das culturas energéticas (MME, 2010).

Apesar da oferta de fontes energéticas disponíveis, a vegetação da Caatinga tem sido

utilizada, praticamente, para fins energéticos, com destaque para o consumo de madeira pelas

indústrias, em que essa extração, em grande parte dos casos não ocorre de maneira

sustentável, fazendo com que se agrave cada vez mais o uso dessa fonte (ARAÚJO et. al.,

2007).

De acordo com Maia (2004), a Caatinga é uma região de espécies de madeiras com

grande potencial de manejo, e com rápido crescimento; e algumas espécies, a partir de 7 anos,

ainda que tortuosas, já oferecem condições de uso. Dentre essas espécies se destacam o

angico (Anaderanthera colubrina cebil), a jurema-preta (Mimosa tenuiflora) e a algaroba

(Prosopis juliflora).

A ABRAF (2012), reitera que o Brasil tem um grande potencial energético, mas que

grande parte da madeira utilizada como combustível ainda é proveniente de florestas nativas,

ocasionando uma pressão sobre os remanescentes florestais.

2.2 ASPECTOS HISTÓRICOS DA ATIVIDADE DE CERAMICA

A cerâmica é um material que vem sendo utilizado pelo homem como matéria prima

na fabricação de utensílios para armazenar água e comida desde o período Pré-Neolítico, por

volta do ano 25 mil a.C, na Mesopotâmia. Segundo Nascimento (2007) apud Gazeta

Page 24: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

24

Mercantil (2000) “os primeiros materiais de construção de cerâmica (tijolos, telhas e blocos)

foram feitos provavelmente entre 5.000 e 6.000 anos a.C.

Os produtos cerâmicos desenvolvidos a partir da argila são fabricados através de um

principio simples, pois a mesma após ser umedecida se torna plástica e fácil de moldar. Em

seguida vem à secagem retirando o excesso de água, e depois a peça é submetida às altas

temperaturas, que lhe atribuem rigidez e resistência, mediante a fusão de certos componentes

da massa, podendo ainda ser aplicado esmaltes na superfície para aumentar sua durabilidade e

melhorar a estética (ANFACER, 2012).

Com o aprimoramento das técnicas o homem foi aperfeiçoando o manuseio da

cerâmica, sendo difundida e utilizada por vários povos desde a antiguidade, até os dias atuais.

Os povos gregos produziram por vários séculos, a melhor cerâmica da região do

Mediterrâneo. Já no continente americano, a cerâmica desenvolveu-se entre os muitos povos

da Era Pré-Colombiana. Os povos Maias, Astecas e Toltecas produziram belas peças no

México e os Incas e outros povos que lhes antecederam no Peru fabricaram peças de cerâmica

com muita habilidade (NASCIMENTO, 2007). Os egípcios, grandes construtores da história

da humanidade, se distinguiram notavelmente na elaboração de tijolos em suas formas e

aspectos mais variados, principalmente na utilização para construção civil. Os romanos foram

os que primeiro estabeleceram uma fabricação racional de peças cerâmicas, isto é, como

atividade industrial. Os muçulmanos, herdeiros das artes dos Persas, Assírios e Caldeus,

foram grandes propagadores da arquitetura cerâmica (NASCIMENTO, 2008).

A utilização da cerâmica no Brasil vem bem antes do que se considera seu

descobrimento, desde os índios, povos precursores do seu manuseio no país, e de civilizações

que viveram no território brasileiro no século XIV (NASCIMENTO, 2007).

Dados da ANFACER (2012) mostram que a cerâmica é usada nos mais variados

segmentos como na medicina, na fabricação de prótese de ossos, dentária e obturações; como

na pecuária australiana que reveste os chips injetados em animais, fabricação de porcelana;

trilhos do trem bala no Japão e, na construção civil, é usada na fabricação de telhas, tijolos, e

materiais de revestimentos cerâmicos para utilização em paredes, pisos e fachadas.

Conforme Costa (2009), a cerâmica é um material bastante utilizado na construção,

tendo uma boa aceitação no mercado devido sua alta resistência, durabilidade, aparência e

custo, que há mais tempo acompanha o homem em sua evolução histórica a fim de

proporcionar uma maior utilidade do seu uso (NASCIMENTO, 2008).

Page 25: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

25

2.2.1 A Indústria Cerâmica no Brasil

Acompanhado da Espanha, Itália e China, o Brasil encontra-se entre os grandes

produtores mundiais de produtos cerâmicos, sendo essa produção, quase em sua totalidade

consumida no mercado interno (BANCO DO NORDESTE, 2010).

De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de

2008, (SEBRAE et al, 2013), no Brasil, distribuídas em seu território, existem

aproximadamente 6.903 empresas de cerâmicas e olarias, que geram um faturamento anual de

R$ 18 bilhões, e 293 mil empregos diretos, e 900 mil empregos indiretos. O maior produtor

de cerâmicas no Brasil é o Estado de São Paulo, e, grande parte das empresas no País que

operam neste setor tem caráter familiar, com pequena produção e baixa demanda tecnológica.

As empresas de grande porte detém certo domínio tecnológico, são automatizadas e tem

grande produção, porém estão presentes em pequenas quantidades.

A indústria cerâmica no Brasil vem evoluindo rapidamente, com ampla diversidade de

produtos, atingindo um nível considerável de qualidade mundial na quantidade que tem sido

exportada. De acordo com a Associação Brasileira de Cerâmica (ABC) em 2012, isso tem

sido possível devido à abundância de matérias-primas naturais, as fontes alternativas de

energia, além da disponibilidade de tecnologias nos equipamentos industriais.

As regiões com maior destaque na produção de cerâmica no Brasil são as regiões Sul e

Sudeste, e isto advém principalmente da densidade demográfica registrada, como também às

inserções de tecnologias que estão associadas aos centros de pesquisas das grandes

universidades do país, e que contribuem para o desenvolvimento de empresas com grandes

infraestruturas, acompanhadas da abundância de matéria-prima e energia. Dentre as demais

regiões do País, apesar de se desenvolverem em menor escala, destaca-se a região Nordeste

com um aumento na demanda de materiais cerâmicos, principalmente nos segmentos ligados

à construção civil (ANFACER, 2012).

De acordo com dados do Banco do Nordeste (2010), o setor cerâmico brasileiro, de

um modo geral, apresenta-se deficiente em termos de dados estatísticos, pois existe uma

carência de indicadores de desempenho, que são ferramentas indispensáveis para que se

aperfeiçoe o monitoramento e a competitividade. Isso faz com que seja necessário existir um

monitoramento com o registro da evolução do número de empresas nesse setor para o

Nordeste.

Page 26: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

26

Os gargalos apresentados por esse segmento estão relacionados aos problemas ligados

a exploração da matéria prima, a instabilidade do mercado, a gestão organizacional e

tecnológica, sazonalidade e acesso ao capital de giro (ZANDONADI, 1996 e BANCO

NORDESTE, 2010). Tais fatores caracterizam a indústria de cerâmica estrutural como de

elevada produção e baixa qualidade, baixo valor agregado, alto índice de produtos não

conformes, pouco controle ambiental e de força de trabalho empregada, com baixíssimo nível

de qualificação (BEZERRA, 2005).

Em relação à região Nordeste, verifica-se que a produção está localizada

principalmente nos Estados do Ceará, Bahia e Pernambuco, vindo em seguida Rio Grande do

Norte, Maranhão e Piauí (SINDICER, 2012).

2.2.2. A Indústria Cerâmica no Estado do Rio Grande do Norte

Dentre os tipos de cerâmicas produzidos no país a cerâmica vermelha é o principal

produto fabricado no estado do Rio Grande do Norte, produzindo telhas, tijolos e lajotas,

dentre outros produtos subdivido por polos e cada um deles com produtos distintos, sendo a

secagem dos produtos realizada de forma diferente entre os polos. As empresas que atuam

nesse setor, em geral, estão localizadas na zona rural, concentradas nas proximidades de

Natal, no vale do Rio Assú, e nas regiões do Seridó e Oeste (SEBRAE et al, 2013).

No polo Seridó sua produção é voltada mais para telhas, sendo a secagem do dos

produtos realizada, prioritariamente, a céu aberto. Mas as cerâmicas que possui o forno

abóboda no Seridó a secagem é realizada em estufas que aproveitam parte do calor gerado

pela queima do produto e parte da energia é oriunda de uma câmara de combustão adaptada à

estrutura da estufa que utiliza, além de madeira, fontes alternativas como briquetes.

O setor cerâmico é composto principalmente por microempresas, de gestão familiar ou

associativa, de baixa demanda tecnológica. Atualmente, 206 cerâmicas são registradas no

Estado, sendo que dessas, 186 indústrias estão em funcionamento, com 735 fornos em

atividade, consumindo uma média de 13.950 metros estéreos de madeira semanal (GALDINO

et. al., 2012).

A indústria cerâmica produz diversos tipos de artefatos como telhas, tijolos e lajotas

que são vendidos no mercado local e, em municípios do Rio Grande do Norte e de outros

Page 27: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

27

Estados como Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Sergipe e o

Pará (ADESE, 2003).

De acordo com IBGE (2013) dos 167 municípios existente no Estado do Rio Grande

do Norte, a indústrias cerâmica estão distribuídas em 39 municípios, concentradas em quatro

polos regionais: Seridó (99) indústrias, Assú (33) indústrias, na Grande Natal (38) indústrias,

e a Oeste (16) indústrias. A concentração dessas indústrias nessas regiões se dá em função da

proximidade com as minas de argilas, bem como a abundância de matérias-primas nestes

locais (SINDICER, 2013).

De acordo com Galdino et. al., (2012), o setor corresponde a uma atividade econômica

de grande dinamicidade no Estado do Rio Grande do Norte, principalmente, na economia das

pequenas cidades, considerando as oportunidades de emprego, pois geram em torno 6.395

empregos diretos e indiretos, para um faturamento médio anual de 208,16 milhões de reais.

De 3.277 empregos diretos, o faturamento médio anual é da ordem de 106,9 milhões de reais

na região do Seridó, e é nessa região onde estão concentrados 53% do número de indústria em

atividade no Estado do Rio Grande do Norte.

Localizado na Região do Seridó, o município de Parelhas, é o maior produtor de telhas

do Estado, com 33 indústrias de cerâmicas em atividade, sendo que 80% da sua produção

comercializada para outros estados (CARVALHO, 2001). De acordo com a ADESE (2003) A

região do Seridó se configura como a maior produtora nacional de telhas, havendo um

destaque maior a cidade de Parelhas.

Dos 735 fornos em funcionamento utilizados para queima dos produtos cerâmicos na

indústria cerâmica no Estado do Rio Grande do Norte 406 são do tipo caipira. Destes, 339

estão na região do Seridó. No município de Parelhas, de 33 indústrias cerâmicas registradas,

31 possuem fornos do tipo Caipira e apenas 2 utilizam fornos Abóboda no processo de

queima. De modo geral, os fornos do tipo “caipira” representam 55,3% do total de fornos em

funcionamento no referido estado, e estão, principalmente, instalados em pequenas indústrias

(SEBRAE et. al., 2013).

Dentre os polos cerâmicos no Estado do Rio Grande do Norte, se destaca na produção

de telhas, com expressiva geração de empregos e renda para a população, o polo localizado na

região do Seridó, que é integrada por vinte e cinco municípios, sendo eles: Acari, Bodó,

Caicó, Carnaúba dos Dantas, Cerro Corá, Cruzeta, Currais Novos, Equador, Florânia, Ipueira,

Jardim de Piranhas, Jardim do Seridó, Jucurutu, Lagoa Nova, Ouro Branco, Parelhas, Santana

do Mato, Santana do Seridó, São João do Sabugi, São Fernando, São José do Seridó, São

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28

Vicente, Serra Negra do Norte, Tenente Laurentino Cruz e Timbaúba dos Batistas

(ANDRADE, 2009).

Dentre as atividades nessa região, a indústria cerâmica se configura como a mais

abrangente, e é a principal fonte de renda para vários municípios que iniciaram essa atividade

em olarias manuais produzindo artefatos de cerâmica vermelha de forma rudimentar. Com o

aumento do mercado consumidor e as exigências por novas opções, a indústria de cerâmica

passou a ser uma além de uma fonte de emprego e renda, também de sobrevivência de várias

famílias na região e no Estado (RIO GRANDE DO NORTE, 2005).

De acordo com Silva (2005), a região do Seridó se destaca na produção de telhas,

devido a concentrar cerca de 50% do total de indústrias cerâmicas, o que reflete ser a região

considerada atualmente como a área de maior índice de desertificação do território potiguar,

devido principalmente à retirada de solos e madeiras da região para uso intensivo na produção

ceramista.

Segundo os dados da Agência de Desenvolvimento do Seridó (ADESE, 2008), o uso

da madeira na indústria de cerâmica vermelha na região Seridó é muito elevado. Esse setor

consume quase 70% da madeira utilizada como combustível na região. A partir da Tabela 1 é

possível observar dados do consumo mensal de madeira por atividade. Nota-se que das cinco

5 atividades que mais consomem a madeira em processos produtivos no Rio Grande do Norte,

o setor cerâmico o maior consumidor, seguido das caieiras, que também são da mesma área de

produção, sendo que essa é feita de maneira mais artesanal comparada à indústria de

cerâmica; e por último as panificadoras.

Tabela 1. Diagnóstico do uso da madeira pelos setores industriais na região Seridó/RN

Atividades

Econômicas

Consumo mensal de

madeira Metros /

Estéreos

% do total

1º Cerâmicas 22.749 69,7%

2º Caieiras 2.050 6,3%

3º Queijeiras 1.892 5,8%

4º Carvoarias 1.431 4,4%

5º Panificadoras 1.101 3,4% Fonte: ADESE (2008)

Page 29: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

29

2.3 O PROCESSO PRODUTIVO DA CERÂMICA VERMELHA

As etapas da cadeia produtiva da cerâmica vermelha seguem, conforme um processo,

que pode ser considerado comum a todas as empresas, envolvendo fases tais como:

exploração de barreiros, tratamento prévio da matéria prima, seguido pela moldagem e

secagem do produto, queima, fabricação da telha como produto e sua estocagem, podendo

existir situações em que apenas algumas variações ocorram dependendo das características

particulares de cada matéria prima ou produto final.

Extração das Argilas

De acordo com Silva (2009), as argilas estão depositadas nas várzeas dos rios,

constituindo aluviões recentes, sendo sua extração feita a céu aberto. O plano de extração

deve prever a remoção e disposição da argila, assegurando a economia no transporte, a

segurança no trabalho e o aproveitamento completo da jazida. Os equipamentos mais

utilizados para extração de argila são retroescavadeiras, escavadeiras, ou dragas. Estes

equipamentos enchem as caçambas dos veículos, em geral caminhões, que transportam as

argilas para os pátios das fábricas, onde formam grandes estoques para homogeneização e

sazonamento.

Estocagem das Argilas

A estocagem ou sazonamento é o processo de intemperismo em que as argilas são

submetidas quando estocadas a céu aberto nos pátios das cerâmicas para decomposição das

matérias orgânicas, melhoria de sua plasticidade e trabalhabilidade, lixiviação dos sais

solúveis, e para tornar-se homogênea quanto à distribuição da umidade (BACCELLI

JÚNIOR, 2010).

Quando se utilizam dois distintos tipos de argilas, os estoques são feitos em montes

separados, havendo sempre o cuidado com o controle da umidade da argila, e para facilitar a

penetração de água na argila se faz furos verticais (BACCELLI JÙNIOR, 2010).

Após a estocagem o material é separado sendo formados montes de argilas onde são

misturados e homogeneizados, em proporção de duas camadas de argila plástica, denominada

de gorda; para uma de argila não plástica, denominada de magra, ou seja, com um traço de

Page 30: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

30

2:1, com espessuras iguais. Quanto maior for o tempo de estocagem da argila melhor será o

processo de eficiência do sazonamento. O tempo de estocagem, geralmente, é de 4 semanas,

podendo ficar até 12 meses, dependendo da disponibilidade e do estoque de argila. Os montes

devem ser cortados perpendicularmente e o material transportado para o local onde se inicia o

processo.

Preparação da matéria prima

Após o sazonamento, a argila é transportada para o caixão alimentador, que dosará a

quantidade necessária para alimentar a linha de produção. A mistura da argila dosada no

caixão alimentador é transportada para desintegradores, onde os grandes blocos de argila são

destorroados e as pedras e as sujeiras existentes são retiradas. Na sequência, a massa de argila

é levada pela esteira transportadora até ao misturador, onde é homogeneizada e umidificada

com a quantidade de água necessária para extrusão do produto cerâmico desejado. A massa

homogeneizada é transportada para um laminador, e depois de laminada é transportada para

maromba, e em seguida para o molde, para ser cortada no tamanho desejado (SEBRAE/ RJ,

2000).

Secagem da telha

De acordo com Pretrucci (1998), a secagem é um processo de evaporação da umidade

da superfície do material e da difusão das zonas internas de maior concentração para as

externas de menor concentração, sendo ambas realizadas juntas e com a mesma velocidade

até ao final da secagem.

De acordo com o SEBRAE et. al., (2013), a secagem consiste na eliminação da água

utilizada para dar conformidade às peças. A umidade de extrusão para produtos tipo telha fica

entre 16 a 20%. Após a secagem, esta umidade residual deve estar abaixo de 5% para

secagem artificial (secadores), e na faixa de 8 a 10% para secagem natural (galpões e pátios).

A secagem natural acontece pela exposição das peças ao ar livre, exposta diretamente

ao sol, ou em galpões, onde as peças são arrumadas em pilhas ou em prateleiras, e neste caso,

o processo de secagem é mais lento, e sujeito assim, às condições atmosféricas.

No período chuvoso a secagem artificial torna a produção mais lenta, em virtude das

condições atmosféricas e das chuvas que retardam a secagem. Caso as telhas sejam exposta à

chuva ficam inadequadas para serem utilizadas. Para evitar à perda dessas telhas os

Page 31: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

31

operadores providenciam a cobertura das mesmas com lonas. E caso as telhas sejam

molhadas, são recolhidas do pátio e colocadas nas pilhas de argilas, sendo reutilizadas em um

novo processo de produção.

A secagem forçada evita essa exposição à chuva ou garoa, pois as telhas ficam

cobertas e protegidas, e apenas quando o tempo está nublado há um retardamento na secagem.

Nesse processo também há outra vantagem que é o aproveitamento do calor emitido pelos

fornos com secadores do tipo artificial intermitente ou contínuo, e em ambos os casos, é

necessário insuflar o ar quente no secador. Este ar quente pode vir do aproveitamento do calor

da chaminé dos fornos ou da queima de combustíveis exclusiva para esta finalidade.

Para Morais (2011) durante a secagem a água livre, permanece no material com uma

umidade de equilíbrio, ou seja, aquela capaz de provocar uma tensão de vapor igual à

existente no ar em suas condições de temperatura e grau higrométrico.

Para Petrucci (1998) A secagem é uma evaporação de umidade na superfície do

material seguida de uma difusão de umidade das zonas internas de maior concentração para as

externas de menor concentração, sendo os dois processos realizados simultaneamente com a

mesma velocidade, até que se interrompa a secagem ou até o final da mesma. Caso a operação

não seja bem conduzida corretamente às peças apresentarão deformação, e se for muito lenta

aumentam os gastos na produção. Se as peças forem levadas ao forno com muita umidade

ocorrerão tensões internas que causam trincas nas peças ou deformações.

A queima dos Produtos

A etapa subsequente a de secagem é a queima, que consiste em submeter às telhas

parcialmente secas a um tratamento térmico sob altas temperaturas, para que essas adquiram

as propriedades desejadas, a exemplo da resistência mecânica, conforme valores especificados

pelas normas técnicas. Para queima de produtos cerâmicos, de cor vermelha, a temperatura

adequada dever estar entre 900 ºC e 950 ºC (BACCELLI JÚNIOR, 2010). As transformações

físico-químicas que ocorrem na telha melhoram as propriedades mecânicas do produto que

adquire como principal característica visual a cor avermelhada. Após a queima, vem o

resfriamento e em seguida o desenfornamento para uso ou comercialização (SEBRAE/ RN,

2000).

De acordo com Morais (2011), é necessário que exista um controle rigoroso no

processo de aquecimento e resfriamento dos fornos, durante a fase de queima, bem como o

controle da velocidade com que a temperatura aumenta e diminui ao longo do tempo. Durante

Page 32: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

32

o processo ocorrem variações de expansão e contração, apesar da expansão não ser observada

a olho nu, se esse tempo não for controlado de forma adequada ocorrerão deformações,

fissuras ou quebras das peças. Isso mostra a necessidade de sempre ser observada a curva de

processamento do material pelos operadores da queima.

De acordo com Silva (2011), a queima é fase mais importante do processo de

fabricação cerâmico, e para Petrucci (1998), a queima é responsavel pelas transformaçoes

estruturais da argila.

O processo da queima, segundo Silva (2011), é composto de quatro fases, a saber:

Preaquecimento – inicia-se com um aquecimento gradativo para retirada da água de

intercecurções e estrutural presentes nas materias primas, sem provocar defeitos nas

peças cerâmicas causados por contrações durante a expulsão da umidade. Este

processo, dependendo do forno, até atingir a temperatura de 650 °C, tem uma duração

entre 8 horas e 13 horas;

Fogo forte - chamado também de caldeamento, se inicia por volta de 650°C e pode ser

elevado em maior ritmo até atingir 950 °C ou 1000 °C. É nessa fase que começam as

ocorrências de reações químicas que proporcionam ao corpo cerâmico as

características de dureza, estabilidade, resistência aos vários agentes fisícos e químicos

e a coloração pretendida;

Patamar – corresponde a temperatura máxima de queima, na qual as peças

permanecem, um determinado tempo numa temperatura constante, durante o qual a

microestrutura do produto final será consolidada.

Resfriamento – corresponde a fase que é realizada de forma lenta e cautelosa para

evitar ocorrência de trincas, podendo tambem nessa fase ser aproveitado o calor

emitido, para secadores, num período com duração em torno de 24 horas.

De acordo com Bouth (2008), quando a temperatura aumenta, através das curvas de

queima, verificam-se os seguintes fenômenos:

Page 33: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

33

Quando a queima atinge 100 °C, ou um pouco mais, ocorre a eliminação da água

higroscópica (água adicionada na massa);

Na temperatura de 200 °C ocorre a eliminação da água dos poros (formação de

argilominerais);

Entre 350 °C e 650 °C ocorre a combustão orgânica;

Na temperatura de 573 °C ocorre a transfomação do quartzo alfa em beta, e no

resfriamento ocorre o sentido inverso;

Entre 400 °C e 650 °C ocorre a eliminaçao da água de constituição (molecular que faz

parte da estrutura cristalina do argilomineral);

A partir de 700 °C verifica-se a reação química da silíca e alumina (elementos

fundentes);

Entre 700 °C e 950 °C ocorre a decomposição de carbono;

Acima de 1000 °C ocorre a sinterização do material, dando-lhe dureza e compactação,

até atingir a fusão do corpo cerâmico.

2.4 FORNOS UTILIZADOS PARA QUEIMA DE PRODUTOS CERÂMICOS

Os fornos utilizados pela indústria de cerâmica vermelha, na fase de queima, podem

ser classificados como intermitentes ou contínuos, sendo diferenciados pelos níveis de

eficiência empregados em cada sistema.

De acordo com Sposto (2007), podemos diferenciar cada processo como:

A) Fornos intermitentes: O processo de queima nesses fornos ocorre em bateladas, ou

seja, esses fornos podem ser do tipo: caipira, circular, paulistinha, garrafão, abóboda e

Plataforma. Suas principais características são: apresentar uma construção rápida, com um

baixo custo, e terem um aquecimento irregular e grande consumo específico, com difícil

aproveitamento dos gases de exaustão, quando comparados àqueles construídos a partir de

tecnologias mais desenvolvidas.

Os fornos intermitentes possuem controles distintos e esse dependem de decisões

empíricas, podendo, ou não, ser utilizados instrumentos que vão proporcionar um maior

controle interno da temperatura, pressão, combustão e consumo de combustivel, o que auxilia

Page 34: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

34

o operador na sua atividade para obter uma queima de boa qualidade (JORGE BOUTH,

2008).

B) Fornos Contínuos: O processo de queima ocorre sem interrupçao para descarga ou

carregamento dos produtos. Enquanto um lote de peças está chegando ao final de queima,

outro lote está sendo iniciado, sem descontinuidade do processo. Suas principais

caracteristicas são apresentar um baixo consumo específico de combustível, baixo ciclo de

queima, possuir um controle de aquecimento e aproveitamento dos gases mais homogêneo, no

entanto, exige construção complexa e de custo mais elevado (SILVA, 2011).

No Rio Grande do Norte A queima de produtos de cerâmica é feita em diferentes tipos

de fornos. Os fornos mais utilizados são os fornos de chama direta, tipo caipira e garrafão,

muito comum, sendo o caipira encontrado mais na região do Seridó, mas também em outras

regiões do Estado. Outros fornos encontrados são os de chama reversível tipo Abóbada,

Catarina, Corujinha e Paulista; e os fornos semi contínuo do tipo Hoffmann e Câmara, ainda

pouco comum no Estado. Existem também os fornos contínuos do tipo Túnel também

encontrados em apenas três indústrias cerâmicas situadas na Região da Grande Natal. Outra

forma de queima dos produtos cerâmicos é em caieira para aquelas indústrias que não

possuem fornos (SEBRAE et. al., 2013).

2.5 FORNOS DO TIPO “CAIPIRA”

Os fornos do tipo “caipira” possuem geometria retangular e não possuem coberturas.

São considerados de baixa eficiência em função do alto consumo de madeira e por

produzirem em maior quantidade produtos de segunda qualidade (Rodrigues, 2012). O forno

do tipo “caipira” produz, em média, 20% de telhas consideradas de primeira e, entre 60 e 80%

de telhas de segunda qualidade, apresentando um consumo médio de 0,7 m3 a 0,9 m

3 de

madeira por tonelada de produto queimado (Rodrigues, 2012). O percentual de perdas desse

processo pode atingir mais de 20% do total de telhas produzidas.

No Estado do Rio Grande do Norte aos poucos vem sendo registradas mudanças nas

indústrias de cerâmica vermelha com relação aos tipos de fornos utilizados, e os fornos mais

rudimentares do tipo “caipira” gradativamente vêm sendo substituídos (SEBRAE et. al.,

Page 35: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

35

2013). Na Tabela 2 estão apresentados dados dos anos de 2001 e 2013 sobre os tipos de

fornos em funcionamento nas indústrias cerâmicas do Rio Grande do Norte.

Tabela 2. Tipos de Fornos cerâmicos utilizados pelo setor de cerâmica vermelha no Estado do

Rio Grande do Norte nos anos de 2001 e 2013.

Tipo de forno Número de fornos

(SENAI 2001)

Número de Fornos

(Diagnóstico 2013)

Caipira 450 406

Corujinha 3 138

Igreja 100 129

Hoffmam 10 17

Câmara 0 06

Abóboda 04 32

Túnel 02 03

Catarina 04 0

Baleia 0 02

Garrafão Redondo 0 03

Total forno 06 11

Total 683 735 Fonte: (SEBRAE et. al., 2013)

Observa-se, a partir da tabela acima, que nos últimos onze anos houve uma redução no

uso do forno Caipira para queima dos produtos cerâmicos no Rio Grande do Norte, uma vez

esses representavam 65,9% em 2001, e hoje representam 55,3%. No entanto, os fornos do tipo

“caipira”, ainda predominantes no setor cerâmico do Estado do RN, estão concentrados

principalmente na região do Seridó. Dos 406 (quatrocentos e seis) fornos existentes no

Estado, 339 (trezentos e trinta e nove) unidades estão no Seridó, 56 (cinquenta e seis) na

Grande Natal, e 11 (onze) na Região Oeste. Somente na região do Baixo Assú esse tipo de forno não

é encontrado.

Os fornos do tipo “caipira” são do tipo intermitente seu processo de queima ocorre em

forma de bateladas e são empregados geralmente em empresas de pequeno porte. Apresentam

como vantagem um baixo custo de construção e como desvantagens: um alto consumo

específico de combustível, o não aproveitamento de gases de exaustão, um aquecimento

irregular e o não controle dos gases, ausência de controle de tempo e temperatura do processo,

além da queima resultar em produtos de baixa qualidade com altas porcentagens de perdas.

Page 36: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

36

2.6 CONSIDERAÇÕES SOBRE A MATÉRIA-PRIMA UTILIZADA NA

PRODUÇÃO DA CERÂMICA VERMELHA

Na produção de telhas as matérias-primas são argilas e siltes argilosos, esses

apresentam alto teor de impurezas, e o mineral de ferro, é um dos elementos responsáveis pela

cor avermelhada dos produtos (CARVALHO, 2001). Em geral as telhas de cerâmica

apresentam granulometria com grãos finos com tamanho menor do que 0,05 mm, em forma

de lâminas (SANTOS; SILVA, 1995).

Para Nascimento (2007), os argilominerais são minerais constituintes das argilas,

cristalinos e são quimicamente constituídos de silicatos hidratados de alumínio, ferro e

magnésio, tendo geralmente alguma porcentagem de alcalinos terrosos. Os principais são a

caulinita, a ilita e as montmorilonitas.

Nascimento (2007) descreve que o Caulinita é o principal argilomineral componente

das argilas, sendo responsável pela elevada resistência mecânica dos produtos cerâmicos.

Quando pura, é pouco utilizada em cerâmica vermelha por necessitar de elevadas

temperaturas para adquirir melhor resistência, e deve ser misturada a outros tipos de argilas.

A ilita é usada em blocos, tijolos, telhas e lajotas, e é um dos elementos que responde

pela coloração avermelhada dos produtos. É, em geral, por ser muito plástica, de fácil

moldagem, e apresenta bom desempenho na secagem.

A montmorilonita, em pequenas proporções, é benéfica nas argilas para cerâmica

vermelha, porque favorece a plasticidade, a fusibilidade e sinterização. É dita expansiva por

absorver grande quantidade de água. Por ser muito plástica, pode ocasionar problemas na

moldagem e trincas na secagem e queima.

O óxido de ferro é responsável pela cor avermelhada dos produtos cerâmicos após a

queima, e causa mesmo em pequenas quantidades a redução da plasticidade; sendo a alumina

um apoio para que argila consiga suportar altas temperaturas sem deformar-se, em que é

recomendável um baixo teor deste constituinte.

A sílica livre mesmo em pequena quantidade diminui a cor avermelhada das argilas

causando retração nas peças durante a secagem e a queima, mas facilita a moldagem.

Os sais solúveis em grande quantidade causam manchas antes e depois da queima. Já a

matéria-orgânica de origem vegetal e grande quantidade causam trincas na secagem e na

queima, devido à retração. Durante a queima, origina pontos pretos na superfície dos

produtos.

Page 37: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

37

Os compostos de cálcio o gesso (sulfato de cálcio) e o calcário (carbonato de cálcio)

causam aumento de volume nos produtos cerâmicos, acarretando falhas.

E silicatos e fosfatos – são fundentes benéficos quando em pequenas proporções,

porém, em maiores quantidades, podem acarretar a quebra das peças. Os feldspatos (silicatos

hidratados de alumínio) sódicos, potássicos ou cálcicos diminuem a plasticidade, aumentam a

resistência e impermeabilidade do produto.

A argila se destaca pela sua propriedade de plasticidade e moldagem quando

submetida a elevadas temperaturas, e com uma presença de alto teor de óxido de ferro,

quando dosada para serem moldadas, e após a queima conservarem sua forma, sem ocorrer

excessiva retração ou deformação.

2.7 PROPRIEDADES FÍSICAS DA MADEIRA QUE INFLUENCIAM NO

FORNECIMENTO DE ENERGIA

2.7.1 Densidade da Madeira

A madeira é combustível essencial para o preparo de alimento para um grande número

de famílias e comunidades em diversas regiões do planeta. Estima-se que, de cada seis

pessoas, duas utilizam a madeira como a principal fonte de energia, particularmente para

famílias de países em desenvolvimento, principalmente em processos de secagem, cozimento,

fermentações e produção de eletricidade (BRITO et. al., 2008).

Sabendo da importância da madeira, torna-se necessário o conhecimento de suas

características, com isso uma das propriedades da madeira a densidade é uma quantificação

direta do material lenhoso por unidade de volume, estando relacionada a muitas características

tecnológicas fundamentais para produção e a utilização dos produtos florestais (ARANTES,

2009). Ela é considerada um dos parâmetros mais importantes entre as diversas propriedades

físicas da madeira, pois afeta todas as suas demais propriedades. Seus efeitos, porém são

interativos e difíceis de serem avaliados isoladamente (SHIOYAMA, 1990).

De acordo com Trugilho (1995), a utilização da madeira para a produção de energia,

apesar de não ser restritiva, dependendo de algumas características internas da madeira, como

o teor de lignina e a densidade básica.

Page 38: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

38

De acordo com Arantes (2009) a densidade é conceiuada como a relaçao entre a massa

de madeira seca e o seu volume verde. Ela é considerada um dos mais importantes indices de

qualidade da madeira para os mais diversos fins, seja como materia prima industrial ou

energética. A densidade não deve ser utilizada como índice de qualidade de forma isolada, em

função da alta correlaçao com outras propriedades da madeira.

A densidade básica é dada como referência, por alguns autores, como um índice de

qualidade da madeira, pois influencia outras propriedades da mesma, e dos produtos que são

gerados, podendo ser um parâmetro referencial para a seleção de espécies florestais indicadas

para produção de energia. É obtida a partir da relação entre a massa absolutamente seca da

madeira e o volume saturado, sendo expressa em g/cm3 ou kg/m

3 (SANTOS, 2010). Essa

densidade é identificada popularmente pelo “peso da madeira”, e classificada em madeira

“leve” que corresponde à madeira de baixa densidade, a exemplo do cedrinho (Erisma

uncinatum); e “pesadas” (madeira de alta densidade), como é a madeira de jatobá (Hymenaea

courbaril) (CECCANTINI, 2007).

2.7.2 Teor de Umidade da Madeira

O uso de uma determinada madeira para fins energéticos basear-se, entre outros, no

potencial para produção de biomassa do indivíduo (característica intrínseca da árvore, clone,

espécie ou gênero) e, em relação à madeira propriamente dita, no conhecimento do seu poder

calorífico, além do seu teor de umidade (quantidade de água presente na madeira expressa em

percentual da massa total). (COMUNICADO TÉCNICO, 2008)

Geralmente, no momento do corte da árvore, a umidade está acima de 60 %, porém,

por sua natureza higroscópica, decorrente de sua composição química – polímeros de

celulose, hemicelulose e lignina (BORGES e QUIRINO, 2004), sendo a madeira capaz de

absorver ou liberar água para o meio ambiente.

O índice de umidade da madeira influencia significativamente no poder calorífico

líquido já que a vaporização da água exige energia. Caso uma madeira seja usada como

combustível contendo umidade, mas o índice de umidade elevado impactará a praticabilidade

total da produção energética, considerando que mais água contida no combustível provoca um

poder calorífico mais baixo, e consequentemente, a eficiência do combustível é mais baixa. E

com isso, ao ter um volume maior de combustível, aumenta-se a quantidade final utilizada, e

também o custo (LIPPEL, 2014).

Page 39: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

39

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Page 42: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

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CAPÍTULO I – AFERIÇÕES DE TEMPERATURAS NA

SUPERFÍCIE DO FORNO DO TIPO CAIPIRA.

Page 43: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

43

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo caracterizar o perfil térmico de fornos tipo “caipira”

na superfície do forno utilizados pelo setor de cerâmica vermelha em Parelhas, na região do

Seridó/RN. Foram realizados 4 tratamentos, com três repetições, com um delineamento

inteiramente casualizado, totalizando 12 unidades experimentais (queimas). O lote de argila

foi o parâmetro utilizado como referência para distinguir os tratamentos. Foram monitorados:

o tempo de queima durante todo o processo, a quantidade de madeira utilizada em cada

queima, as telhas enfornadas antes para determinação da qualidade do produto e a distância do

fio com carga durante a queima. Para caracterização do perfil térmico do forno foram aferidas

temperaturas em 15 pontos marcados na superfície da carga enfornada. As aferições foram

realizadas em intervalos de 30 minutos, a partir do pré-aquecimento, até ao final da queima,

utilizando um pirômetro de mira laser. A argila foi caracterizada e analisada, utilizando-se as

técnicas de fluorescência por raios X (FRX), difração por raios X (DRX), análise

granulométrica (AG). A madeira foi caracterizada e realizada análise de umidade e de

densidade básica. Pelos resultados, verificou-se que a madeira apresentou densidade básica

com valores próximos, umidade dentro dos padrões permitidos, sendo no tratamento 1 a mais

alta, obteve um consumo heterogêneo de madeira. A argila apresentou grande retração linear

quando submetida ao fogo. O parâmetro do fio foi significativo para todos os tratamentos,

mas com oscilações diferenciadas, significando que o fio não deve ser o modo de forma

genérico e exclusivo, utilizado como critério para finalização do processo de queimas. A

qualidade das telhas esteve atrelada, principalmente, as temperaturas alcançadas e o tipo de

argila, sendo essas temperaturas influenciadas pela umidade, densidade da madeira e as

condições atmosféricas. A parte central do forno foi à área que atingiu maior temperatura, e

de maneira mais homogênea, com maior concentração de produtos de primeira qualidade. A

curva de temperatura ideal, que proporcionou a melhor qualidade dos produtos cerâmicos foi

atingida na parte central do forno.

Palavras-Chave: Cerâmica vermelha, telha, queima, madeira.

Page 44: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

44

ABSTRACT

The present study aimed to characterize the thermal profile of kilns " redneck " on the surface

of the oven used by the red ceramic industry in Doubleview, in the Seridó / RN region. 4

treatments were performed with three replicates, with a completely randomized design , a

total of 12 experimental units ( firings ). The batch of clay was used as a reference parameter

for distinguishing treatments. Were monitored: the time during the firing process, the amount

of wood used at each firing, the tiles enfornadas prior to determining the quality of the

product and the distance of the thread under load during firing. To characterize the thermal

profile of the oven temperature by 15 points marked on the surface of the load put into the

furnace were measured. Measurements were taken every 30 minutes from preheat until the

end of burning, using a pyrometer laser sight. The clay was characterized and analyzed using

the techniques of X-ray fluorescence (XRF ), X-ray diffraction ( XRD) analysis , particle size

analysis (FA). The wood was characterized and held moisture analysis and basic density.

From the results, it was found that the wood basic density showed values close, humidity

within allowable standards, the treatment being 1 the highest, got a mixed wood consumption

. Clay showed high linear shrinkage when subjected to fire. The parameter of the wire was

significant for all treatments, but with different variations, meaning that the wire should not

be so generic and unique form, used as a criterion for completion of the burn process. The

quality of the tiles was linked mainly the temperatures reached and the type of clay, and these

temperatures influenced by moisture, wood density and atmospheric conditions. The central

part of the furnace was the area that reached higher temperature, and in a unified manner, with

the highest concentration of top quality products. The ideal temperature curve, which

provided the highest quality of ceramic products was achieved in the central part of the

furnace.

Keywords : Red pottery , tile , burning wood .

Page 45: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

45

1 INTRODUÇÃO

A atividade ceramista em seu processo produtivo envolve as fases de extração da

matéria prima (a argila), a mistura, moldagem, secagem e queima, para depois ser estocado e

estar disponível para a comercialização dos produtos cerâmicos.

Esse processo produtivo no estado do Rio grande do Norte, na maior parte dos casos,

ainda hoje tem procedimentos que podem ser caracterizados como inadequados e carentes de

novas práticas, tendo-se como destaque os insumos energéticos, como o consumo de madeira

no processo de queima dos produtos. Verifica-se que essa atividade trata-se de um processo

de produção que não tem conseguido reduzir as perdas produtivas e nem melhorar a

produtividade e a qualidade do produto. Mesmo com essas condições verifica-se que esse

processo inadequado tem sido bastante empregado, haja vista ser encontrado em praticamente

todo Estado, embora seja visto como fator de geração de trabalho, renda e desenvolvimento

social mesmo que de maneira seletiva e desigual (SILVA, 2005).

O setor de cerâmica vermelha no Estado do Rio Grande do Norte é constituído

predominantemente por microempresas de gestão familiar ou associativa, com baixa demanda

tecnológica ( Carvalho, 2001). Sendo este segmento muito importante para economia do

Estado, principalmente nas pequenas cidades do interior do Estado, gerando emprego nas

regiões mais carentes, contribuindo significativamente para fixar o homem ao campo,

evitando o seu migração para as grandes cidades no período de seca (BACCELLI JUNIOR,

2010).

As empresas produzem em sua maioria telhas coloniais, que são vendidas para outros

estados do Nordeste, principalmente para os mercados de Pernambuco, Paraíba, Alagoas e

Sergipe. Para classificação dos produtos as indústrias de cerâmicas empregam um método

empírico de visualização, separando os produtos como de primeira qualidade, segunda

qualidade e terceira qualidade. As telhas com qualidade mais baixa e preços menores, em

geral, têm sido vendidas para consumidores das classes C, D e E (CARVALHO, 2003). A

telha considerada como de primeira qualidade apresenta cor vermelha homogênea, sem

empenamento ou assimetria aparente; as de segunda qualidade apresentam pequenos defeitos

como empenamento bordas, trincas, coloração esbranquiçadas; as de terceira qualidade

apresentam manchas pretas e esbranquiçadas, com empenamento; e as de chocolate

apresentam cor amarronzada.

O setor ceramista no estado se configura como um dos que mais causam danos ao

meio ambiente com a retirada da madeira e da argila de maneira excessiva. Na região do

Page 46: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

46

Seridó os fornos utilizados nas indústrias de cerâmicas vermelhas apresentam um alto

consumo de madeira com a predominância de formos do tipo caipira, que geralmente são

operados de forma empírica, utilizando princípios de controle bastante primitivos, sendo

predominante o controle visual (SILVA 2011).

Diante dessa realidade o trabalho possui como objetivo caracterizar o perfil térmico de

fornos do tipo “caipira” na superfície do forno utilizados pelo setor de cerâmica vermelha na

região do Seridó-RN, visando sugerir intervenções que possam resultar na melhoria da

qualidade dos produtos e na redução do consumo de madeira.

2 OBJETIVOS

Objetivo Geral:

Caracterizar o perfil térmico na superfície dos fornos tipo “caipira” utilizados pelo

setor de cerâmica vermelha, em Parelhas, na região do Seridó/RN.

Objetivos específicos:

Avaliar características físicas da madeira utilizada como fonte de energia nos

fornos caipira;

Analisar as propriedades da argila utilizada para confecção dos produtos

cerâmicos;

Estabelecer uma curva de temperatura na parte superior dos fornos caipiras com

base na metodologia atualmente utilizada para controle dos parâmetros durante o

processo de queima;

Estudar correlações existentes entre o tempo de queima e as temperaturas

alcançadas em fornos caipiras;

Estudar a correlação entre o gradiente de temperatura e a distância do fio, tempo

de queima e as temperaturas alcançadas durante a queima;

Estudar correlações existentes entre a qualidade do produto com as características

do consumo de madeira, o tempo de queima, as temperaturas alcançadas em fornos

caipiras;

Indicar o tempo de queima e a curva de temperatura ideal, que proporcione a

melhor qualidade dos produtos cerâmicos.

Page 47: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

47

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 LOCAL DE ESTUDO

Para execução do projeto foi selecionada uma indústria de cerâmica vermelha que

utiliza no seu processo fabril o forno tipo “caipira” na fase de queima dos produtos. Como

critério de seleção foram obtidas informações da Associação de Ceramistas do Seridó

(ACESE) e considerada a disponibilidade da indústria para realização do experimento com a

liberação do sítio de pesquisa para desenvolvimento da coleta de dados.

A pesquisa foi realizada na cerâmica Esperança, localizada na zona rural do município

de Parelhas/RN, na mesorregião Central Potiguar e na microrregião Seridó Oriental, com um

IDH de 0,676 (PNUD/2010), uma população estimada em 20.354 habitantes (IBGE, 2013).

Parelhas limita-se com os municípios de Carnaúba dos Dantas, Equador, Jardim do

Seridó e Santana do Seridó, e com o Estado da Paraíba (Figura 1), abrange uma área de 523

km², apresenta latitude de 06º 41’ 16” e longitude 36º 39’ 27, sendo seu acesso feito pelas

rodovias BR-427 e RN-086 (MASCARENHAS, 2005).

Page 48: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

48

Figura 1. Localização do município de Parelhas-RN.

Fonte: IBGE adaptado (2010).

Registrada como Cerâmica Esperança, a indústria em que foi realizado o

experimento possui uma área de aproximadamente, 2,6 ha, e tem como estimativa de

produção 720 milheiros ao mês. A empresa dispõe de quatro fornos em funcionamento, todos

do tipo “caipira”, e gera em média 37 empregos diretos, sendo desde 5 mulheres. Os salários

mensais variam entre um salário mínimo, que corresponde atualmente a R$ 754,00, e dois mil

reais, de acordo com a função exercida. A Tabela 1 mostra dados gerais sobre a Cerâmica

Esperança, que funciona há quatro anos, produzindo telhas, que corresponde a 97%, e lajotas,

que respondem por 3% da produção.

Page 49: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

49

Tabela 1. Dados sobre a Indústria de Cerâmica Esperança - RN.

Empresa Cerâmica Esperança

Número de empregos diretos 37

Peças produzidas por mês (milheiros)

aproximadamente 720

Número de fornos 4

Quantidade de fornos utilizados para

queima por semana 4,5

Média de telhas por forno (milheiros) 38 a 42

Consumo médio mensal de madeira (m³) 360

Dias de funcionamento por mês 24

Fonte: Informações do Proprietário da Cerâmica Esperança (2012).

3.2 DESCRIÇÃO DO FORNO PARA REALIZAÇÃO DA PESQUISA

Foi observado o processo de queima dos produtos cerâmicos em forno do tipo caipira,

que se constitui de um forno amplamente empregado na região do Seridó/RN, como também

em várias regiões no Brasil, que se configura de maior uso, devido, dentre outros fatores, seu

baixo custo de implantação, um funcionamento simples, tendo seu formato como o de uma

caixa retangular (Figura 2).

Figura 2. Forno Caipira.

Os fornos utilizados na pesquisa tiveram, em sua construção, tijolos comuns, e foram

dotados de uma caixa de abastecimento destinada à acomodação das peças cerâmicas a serem

queimadas, com 8 câmaras de combustão por onde ocorre a entrada de ar (Figura 3). O

sistema de distribuição de calor ocorre no piso, e este se constitui por tijolos de oito furos,

Page 50: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

50

visando à passagem dos gases de combustão. Na construção das paredes foram utilizados

tijolos maciços. Os gases de combustão seguem uma trajetória ascendente, passando pelas

peças que estão sendo cozidas, e atingem o topo, onde não há cobertura de alvenaria.

O processo de enchimento de forno é feito por uma abertura colocada na parte

frontal, que é fechada com barro, após esse enchimento. No caso do experimento, o forno

possui duas aberturas, após o enchimento do forno com as peças que serão submetidas à

queima, faz-se uma cobertura das mesmas com telhas de refugos, já queimadas.

Seguido do processo de queima, ocorre o resfriamento dos produtos cerâmicos,

processo que tem uma duração de cerca de 24 horas, e após isso considera-se encerrado o

processo, sendo feita a retirada das telhas. O carrego e o descarrego das telhas (Figura 3) é

realizado pelo lado oposto das câmaras de combustão (Figura 4).

Figura 3. Aberturas para carregamento do forno.

Fontes: Autora (2014).

Figura 4. As câmaras de combustão.

Fontes: Autora (2014).

Page 51: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

51

Estes fornos são denominados fornos intermitentes, funcionam em ciclos periódicos de

carga-queima-descarga, e apresentam baixo custo de construção e manutenção de operação,

sendo, porém, fornos com uma concepção de baixíssima eficiência energética. No caso

especifico presentam dimensões de 9,95 m × 3,02 m × 2,26 m correspondentes à largura,

comprimento e profundidade, respectivamente. As câmaras de combustão apresentam

dimensões de 54 cm × 49 cm × 372 cm, correspondentes à largura, altura e profundidade,

respectivamente como mostra a planta baixa do um forno (Figura 5). Não há grelha na

estrutura das câmaras de combustão, e a retirada das cinzas é realizada ao final de cada ciclo.

Esses fornos acomodam, em cada queima, de 37 mil a 42 mil telhas.

Figura 5. Planta Baixa do forno caipira.

Page 52: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

52

O forno caipira utilizado na pesquisa não apresentava nenhum controle efetivo de

temperatura durante o processo, e nem controle de vazão de ar para serem procedidas às

intervenções na combustão visando um melhor aproveitamento do calor gerado pela queima

da biomassa. Em todo o processo houve a condução por parâmetro do fio de cobre, este

estendido na superfície do forno, obtida da experiência adquirida pelos operadores ao longo

do tempo (Figura 6).

Figura 6. Fio de cobre sobre a carga enfornada, utilizado como referência para controle do processo de

queima.

Autoria própria, 2014.

3.3 DETERMINAÇÃO DA UMIDADE, DENSIDADE BÁSICA DA MADEIRA E O

CONSUMO DE MADEIRA DURANTE A QUEIMA

Para determinação da densidade básica e do teor de umidade da madeira foram

coletadas as amostras da madeira na pilha de madeira no pátio da cerâmica, antes de cada

queima. Foram retiradas amostras de discos de madeira com 4 cm de diâmetro, sendo 2

amostras de discos com diâmetro pequeno, 2 médio e 2 grosso, totalizando 6 amostras de cada

queima. Em seguida, as amostras foram aferidas em relação à massa de cada disco, e

devidamente identificadas, no campo, para serem armazenadas em sacos plásticos, e levadas

para a Escola Agrícola de Jundiaí, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para serem

feitas as análises de densidade básica e umidade da madeira no laboratório de energia da

madeira.

Para determinação do teor de umidade, inicialmente as amostras foram colocadas na

estufa, para secagem total, com circulação forçada de ar, a uma temperatura de 103 ± 2 ºC até

6cm

Page 53: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

53

que atingissem uma massa constante. Após as secagens as amostras foram pesadas novamente

para obtenção do teor de umidade por meio da fórmula.

× 100

Em que:

U - Umidade (%)

PU - Peso da amostra úmida (g)

PS - Peso da amostra seca (g)

Para determinação da densidade básica os procedimentos utilizados para a análise estão

de acordo com o método de imersão em água, descrito por Vital (1984). Os valores foram

calculados a partir da média aritmética das densidades das respectivas amostras coletadas em

campo.

Foi monitorado o abastecimento de madeira desde o pré-aquecimento, até a finalização

da queima, sendo calculada a quantidade de vezes que o forno foi abastecido durante toda a

queima.

3.4 CARACTERIZAÇÃO DA ARGILA

Foram utilizados 4 tipos de argilas, denominados de tratamento 1, 2, 3 e 4.

Inicialmente as argilas foram secas numa estufa a 150 °C.

As matérias-primas foram caracterizadas por meio de análise químicas com amostras

argila seca e peneiradas utilizando as técnicas de fluorescência de raios X (FRX), análise

mineralógica por difração de raios X (DRX), e análise granulométrica.

Page 54: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

54

3.5 ANÁLISE GRANULOMÉTRICA

Para análise granulométrica foi utilizado o método de peneiramento. Para tal, utiliza-se

uma série de peneiras de abertura de malhas conhecidas, determinando-se a percentagem em

peso retida ou passante em cada peneira. Este processo divide-se em peneiramento grosso,

partículas maiores que 2 mm e peneiramento fino, partículas menores que 2 mm. As amostras

foram, inicialmente, secadas em estufa e seu peso determinado, depois foram colocadas na

peneira de maior abertura da série previamente escolhida e levada a um vibrador de peneiras

onde permaneceram pelo tempo necessário à separação das frações. Depois foram pesadas as

quantidades retiradas em cada peneira e calculam-se as porcentagens de solo que passaram

por cada uma delas.

3.6 ANÁLISES QUÍMICAS POR FLUORESCÊNCIA DE RAIOS - X (FRX)

Para a determinação da composição química quantitativa das matérias-primas foram

feitos a análise mineralógica racional de fluorescência. Primeiramente foram classificadas na

peneira de 200 mesh (ABNT nº 200) e seca em estufa por 24 h a 110ºC. Na realização desta

análise foi utilizado um Espectrômetro de marca Shimadzu, modelo EDX-720 do Laboratório

LABEMAT do CTGÁS-ER.

3.7 ANÁLISE POR DIFRAÇÃO DE RAIOS - X (DRX)

Para determinar os minerais encontrados nas amostras de argila foram feitos ensaios

de DRX, que foram realizados com material moído abaixo de 325 mesh (44µm). O

equipamento está alocado no LABEMAT do CTGÁS-ER e é um XRD-6000 Shimadzu com

tubo de Cu (λ= 1,54056Ǻ). A tensão utilizada foi de 40kV e a corrente de 30mA, com

varredura de 2º a 80º para 2θ, com velocidade de 2º/min e passo de 0,02º/passo. A avaliação

das fases de cada matéria-prima e produto final analisados foi dada por comparação entre os

picos gerados no difratograma com cartas padrões do programa de computador JCPDF,

cadastradas no ICDD (Internacional Center for Difraction Data).

Page 55: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

55

3.8 ANÁLISE DO PERFIL TÉRMICO NA SUPERFÍCIE DO FORNO

CAIPIRA E OS PARÂMETROS UTILIZADOS COMO CONTROLE DO

PROCESSO DE QUEIMA

Foram proposto 4 tratamentos, com três repetições cada, ou seja, com um

delineamento experimental inteiramente casualizado, totalizando 12 queimas, sendo o tipo de

argila o parâmetro utilizado como referência para distinguir os tratamentos, sendo que foram

utilizados diferentes lotes de argila.

Foram distribuídos 15 pontos para aferições de temperatura, durante toda a queima na

superfície da carga enfornada (Figura 7), distribuídos de maneira equidistante, sendo 5 fileiras

com 3 pontos em cada, separados 1,54 cm entre eles. Esses pontos foram marcados com um

giz, por ser composto de um material que não apaga em altas temperaturas. Foram marcadas,

sobre a parede do forno, as localizações de cada fileira, considerando que no momento da

queima havia muita emissão de fumaça e as orientações ajudavam na visualização dos pontos,

como mostram as Figuras 7, 8 e 9.

Figura 7. Pontos de amostragem para aferição das temperaturas ao longo da superfície da carga.

Page 56: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

56

Figura 8. Pontos marcados para aferição do Forno.

Fonte: Autora (2014).

Figura 9. Pontos marcados sobre a parede das temperaturas ao longo da superfície da carga (2013).

Fonte: Autora (2014).

As tomadas de temperatura nos pontos foram feitas em intervalos de 30 minutos, a

partir do pré-aquecimento (inicio da queima) até ao final da queima, utilizando-se, nos pontos

indicados, o pirômetro mira a laser mostrado na Figura 10.

Page 57: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

57

Figura 10. Pirômetro a laser. Registro da temperatura. Pirômetro, bateria e capa.

Fonte: Autora (2014).

Nos fornos do tipo caipira, o controle do processo de queima das cerâmicas é

realizado de forma empírica baseando-se na retração dos produtos cerâmicos ocasionada pelas

reações da argila quando submetida a altas temperaturas. Para esse controle utiliza-se um fio

de cobre junto às telhas no topo, com um prumo determinado por blocos de tijolos no final do

fio. Este método toma como critério, para fim do processo, a distância entre o produto

cerâmico e o fio que permanece fixo durante todo o processo, acima da superfície da carga do

forno a uma distância pré-determinada.

Ao ser aumentada a temperatura dentro do forno, tem-se início ao processo de queima,

causando uma retração das telhas, e aumentando a distância entre os produtos e o fio de cobre,

o processo cessa quando a distância entre eles for aproximadamente 6 cm. Considera-se a

distância entre o fio e a cobertura do forno como o parâmetro que determina o final do

processo de queima dos produtos.

O estabelecimento da curva de temperatura versus a distância entre o fio e a carga,

torna-se uma ferramenta auxiliar para controle do processo de queima dos produtos

cerâmicos.

Page 58: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

58

3.9 CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DO PRODUTO

Para avaliar a qualidade da telha, houve o monitoramento, a partir da identificação da

quantidade de telhas enfornadas para serem submetidas à queima. Após o resfriamento do

forno foi feito o acompanhamento da retirada das telhas, com distinção da qualidade e

verificação da quantidade do material produzido, sendo estes classificados como sendo:

produtos de primeira qualidade; segunda qualidade; terceira qualidade; produtos mal

queimados (chocolates), e os desperdícios (telhas quebradas, empenadas ou trincadas), como

mostra a Figura 11.

Figura 11. Classificação de telhas de 1a , 2

a e 3

a qualidade e mal queimadas.

Fonte: Autora (2014).

Para determinar a curva de temperatura média em cada tratamento, foi utilizado

comparações entre as curvas de temperatura média dos tratamentos 1 a 4, pelo teste de

identidade de modelos, utilizando uma equação linear quadrática (p = 0,05).

Posteriormente, a qualidade dos produtos cerâmicos localizados nas áreas com as

temperaturas monitoradas do forno foi correlacionada às curvas de temperatura dessas

regiões, identificando possíveis comportamentos de temperatura que favorecem o ganho de

qualidade das peças.

Page 59: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

59

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 MATÉRIA PRIMA

4.1.1 PROPRIEDADES DA MADEIRA

Na Tabela 2 são mostrados os valores médios referentes à densidade básica, umidade e

consumo da madeira utilizada no experimento.

Tabela 2. Médias da Densidade básica, umidade e consumo da madeira utilizada no

experimento.

Propriedade Tratamento 1 Tratamento 2 Tratamento 3 Tratamento 4

Densidade (g/cm3) 0,64 0,70 0,70 0,67

Umidade (%) 30,08 15,96 15,28 13,66

Consumo (m3) 18,43 20,66 19,33 20,76

Verifica-se, na Tabela 2, que a densidade básica dos tratamentos 1 e 4 foram menores

em relação aos demais. Os tratamentos 2 e 3 obtiveram os maiores valores para essa

propriedade. Sendo favorável para a combustão, pois quanto maior for a densidade da

madeira, maior é a massa. Essa característica confere a madeira maior capacidade calorífica

por volume, otimizando as câmaras de combustão dos fornos cerâmicos para queima dos

produtos, sendo também uma vantagem no uso de madeira mais densa, pois o volume

requerido na queima será menor. Uma alta densidade básica da madeira é desejável, também,

no planejamento dos custos na queima de produtos cerâmicos, visto que madeiras com alta

densidade, aumenta a produtividade dos fornos. Segundo Shioyama (1990) a densidade um

dos parâmetros muito importantes entre as diversas propriedades físicas da madeira, pois afeta

todas as suas demais propriedades. Seus efeitos, porém são interativos e difíceis de serem

avaliados isoladamente.

Sendo que o índice de umidade da madeira influencia significativamente no poder

calorífico líquido já que a vaporização da água exige energia. Com isso, impactará a

praticabilidade total da produção energética. Pois de acordo com a Embrapa (2008), quando a

madeira é utilizada para geração de energia, a umidade influencia negativamente na

quantidade de calor liberado durante a queima, diminuindo a eficiência energética. Durante a

queima da madeira, parte da energia liberada é utilizada para evaporar a água relativa ao teor

Page 60: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

60

de umidade, diminuindo o poder calorífico superior, e consequentemente, a eficiência do

combustível é mais baixa. E com isso, ao ter um volume maior de combustível, aumenta-se a

quantidade final utilizada, consequentemente o custo (LIPPEL, 2014).

Os valores médios de consumo da madeira nos 4 tratamentos apresentaram pequenas

diferenças. As diferenças no consumo de madeira, segundo Morais (2011), está atrelada com

a combinação do tempo total de queima e temperatura alcançada durante a queima, que

exercem influência diretamente no consumo de energia, bem como com a qualidade da argila

e da biomassa utilizada na queima.

4.1.2 CARACTERÍSTICA DA ARGILA

4.1.2.1 Análise Granulométrica

Os resultados das análises de tamanho de partículas na granulometria são apresentados

de forma resumida na Tabela 3.

Tabela 3. Distribuição de tamanho de partículas das argilas

Amostras <2µm % 2-20 µm % > 20µm%

Argila

Tratamento 1 12,00 81,00 7,00

Argila

Tratamento 2 20,00 77,00 3,00

Argila

Tratamento 3 25,00 70,00 5,00

Argila

Tratamento 4 23,00 68,00 9,00

De acordo com os dados da Tabela 3, as distribuições granulométricas sugerem que as

argilas dos quatros tratamentos são plásticas, compostos por frações de tamanhos constituído

de partículas elevadas de 2 µm, e na faixa de 12 ate 25 % acima de 20 µm nos quatro

tratamentos.

De acordo com Macedo (2007) argilas plásticas apresentam granulometria fina com

grãos abaixo de 2 µm apresentam resistência mecânica após a queima. Mas se o material for

muito plástico, dificulta a moldagem das peças em virtude de seu alto grau de aderência,

sendo inadequada para produção cerâmica. Para reduzir a plasticidade é necessário introduzir

Page 61: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

61

argilas que apresentem maior teor de impurezas misturadas aos argilominerais.

(PATRICELLI, 1997).

4.1.2.2 ANÁLISE QUÍMICA DE FLUORESCÊNCIA DE RAIO X (FRX)

Na Tabela 4 são apresentas os resultados da análise química quantitativa das argilas

nos quatros tratamentos em termos de percentual de peso dos óxidos constituintes. As massas

apresentam uma composição típica de matéria - prima argilosa, com predominância de sílica e

alumina e com elevado teores de óxidos de potássio K2O3, óxido de ferro Fe2O3, óxido de

titânio TiO3 e óxido de cálcio CaO.

Tabela 4 - Análise química semi - quantitativas das matérias-primas

Composição Química da massa (% em peso)

Argila SiO2 Al2O3 Fe2O3 K2O3 SO3 TiO3 CaO MgO

Tratamento

1 43.32 37.01 7.74 3.07 0.13 0.99 0.99 6.65

Tratamento

2 47,66 35,33 6,01 2,88 0,12 0.89 1,28 5.61

Tratamento

3 44,71 37,10 7,63 2.69 0,11 0,98 0,76 5.81

Tratamento

4 43,33 36,68 7,59 3,24 0,17 1,02 0,94 6.78

Pode-se aferir que as argilas são equivalentes quimicamente, resultando a

predominância de óxido de silício (SiO2) nas matérias prima nos quatro tratamentos. Isso se

deve a presença de quartzo (SiO2), além da caulinita (Al2 Si2O5(OH)4) e outros minerais

argilosos e não-argilosos que possuem o silício na sua composição química. O segundo

tratamento apresentou o mais elevado teor de SiO2.

As argilas dos quatros tratamentos apresentaram como constituintes básicos, os óxidos

de SiO2 e Al2O3, que juntos são responsáveis pela formação da estrutura do produto das

argilas. O alto percentual de SiO2 pode estar associado a uma grande quantidade de sílica

livre na forma de quartzo que é um agente não plástica. As argilas apresentaram também altos

teores de fundentes o K2O e F2O3 que provavelmente está associado ao argilomineral ilita e

magnetita. As argilas que apresentaram concentração de óxido de cálcio (CaO2) equivalentes

Page 62: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

62

não contribui significadamente com a sinterização, em que esse elemento tem efeito fundente

moderado em temperatura de queima abaixo de 1000ºC, ele aparece em todas as argilas.

Observa-se que em todos os tratamentos apresentam teores elevados de óxidos corantes

(Fe2O3 e TiO2), elemento que dar a coloração avermelhada das telhas após a queima e

apresentaram também óxido de magnésio.

4.1.2.3 Análises Química por Difração de RAIOS X (DRX)

Nas Figuras 12,13,14 e15 é ilustrado o difratograma de raios-X obtidos para a massa

das argilas dos tratamentos 1,2,3,e,4.

FIGURA 12- DRX DA ARGILA 01 TRATAMENTO 1.

FIGURA 13 - DRX DA ARGILA 02 TRATAMENTO 2.

Page 63: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

63

FIGURA 14 - DRX DA ARGILA 03 TRATAMENTO 3.

FIGURA 15 - DRX DA ARGILA 04 TRATAMENTO 4.

Nos quatro tratamento pode ser observado a presença de quartzo que serve para

diminuir a plasticidade, aumentar a permeabilidade da peça cerâmica e controlar a retração. A

caulinita foi o argilomineral predominante em todas as argilas, seguida da elita e

verminiculita, sendo a elita um silicato de alumínio hidratado e elevado grau de óxido de

potássio, que segundo Varela (2004) toma as argilas muito plásticas, devido seu alto grau de

granulometria fina, de fácil moldagem e bom desempenho na secagem. Alguma vezes

contribui para coloração avermelhada do produto quando associado com ao ferro.

Nos lotes de argila 1 e 2 apresentaram picos de magnetita de deixa a coloração

avermelhada das peças após a queima. Observou-se tambem uma grande presença de anortita

com picos elevados nos tratamentos 1, 3 e 4 e no tratamento 2 com menor intensidade.

Page 64: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

64

Observa- se que nos quatro tratamentos os picos de maior intensidade no

difratrogramas estao associados a quartzo e ilita. No tratamento 1 e 2, também observa-se

bicos de magnetita não encontrado nos demais.

4.2. TEMPERATURA NA SUPERFÍCIE DOS FORNOS

Na Figura 16 é apresentado os valores médios de temperatura aferidos na superfície do

forno caipira ao longo do processo de queima da telha durante os tratamentos 1, 2, 3, e 4.

Figura 16. Comparação das tendências de temperatura dos tratamentos 1 a 4.

A média do tempo de queima na produção das telhas foi de 870 min, 910 min, 900 min

e 620 min, para os tratamentos 1, 2, 3 e 4, respectivamente, com uma média do tempo de

queima entre os tratamentos de 825 minutos.

As médias das temperaturas observadas durante a queima nos tratamentos foram

230°C, 170°C, 140°C e 170°C, respectivamente. Nos quatros tratamentos, observou-se uma

grande variação de temperatura entre os quinze pontos durante toda a queima.

Morais (2011), estudando a análise das propriedades termofísicas, mecânicas e

geométricas de telhas cerâmicas queimadas em forno caipira e forno abóboda observaram-se

valores de temperaturas parecidos ao verificados neste trabalho variando de 120 a 170°C.

Conforme pode ser observado, as temperaturas alcançadas nos 4 tratamentos foram

distintas, assumindo, inclusive, particularidades em relação ao tempo decorrido durante o

processo. Esses resultados indicam a heterogeneidade do processo de queima em fornos do

Page 65: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

65

tipo “caipira” em função da sua estrutura e da falta de controle. Isso também pode ter sido

influenciado pelo tipo de combustível utilizado na queima que continha grande umidade, e as

condições climáticas. O tratamento 1 obteve maior temperatura de queima, sendo utilizadas as

madeiras de jurema e algaroba; e os tratamentos 2, 3 e 4 obtiveram menor temperatura sendo

usado apenas madeira de algaroba, evidenciando-se que nesses dias em que foram feitos os

experimentos ventava forte, o que provavelmente influenciou na temperatura. O tratamento 4

atingiu o menor tempo de queima e a madeira usada obteve menor umidade entre os

tratamentos.

Para Freitas (2007), as diferenças fundamentais na temperatura em fornos cerâmicos

são as caracteristicas do forno, dimensão, natureza do combustivel, localização, sistema de

controle e o modo de deslocamento da carga no interior do forno, bem como a forma como se

faz a queima realizada pelos operadores.

De acordo com Queiroz et. al., (1988), para conduzir a queima de modo adequado, é

fundamental visualizar o que nela ocorre, o que demanda preferencialmente a monitoração e

controle das temperaturas, para que a curva de queima real se aproxime ao máximo da curva

ideal, evitando-se a avaliação visual pela cor da peça processada, que acarreta uma menor

variabilidade de temperatura.

Observou-se que a temperatura nos pontos mais distantes do centro do forno foi menor

do que na parte central, independente do tratamento. Isso ocorreu devido à localização das

câmaras de combustão e a distribuição ascendente de calor para o forno, considerando que o

calor que sai das câmaras de combustão se distribui ao longo da carga e vai sendo perdido até

chegar ao final dessa carga, e sendo esse calor mal distribuído ao longo da carga,

concentrando em alguns pontos. Vale salientar que nos pontos com menores temperaturas

durante o monitoramento foram os locais onde se registraram as maiores porcentagens de

telhas parcialmente sinterizadas, indicando assim, heterogeneidade de distribuição de fluxo de

calor dentro do forno.

4.3 COMPORTAMENTO DA TEMPERATURA DO FORNO CAIPIRA EM

FUNÇÃO DO TEMPO

Na Figura 17 apresentam-se os gráficos das equações quadrática, de temperatura média em

função do tempo, em cada um dos tratamentos de 1 a 4.

Page 66: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

66

Figura 17. Equações de temperatura média em função do tempo para os tratamentos 1 a 4 utilizando

uma equação quadrática.

As temperaturas obtidas na superfície do forno não representam a temperatura ao

longo do forno todo, uma vez que as temperaturas obtidas na superfície são mais baixas em

relação ao resto do forno, e que o sistema tem ausência de cúpula ou cobertura, e sendo o

forno totalmente aberto. Perde-se calor para o ambiente com grande facilidade, sendo

altamente relacionado com as variáveis ambientais, o que não é interessante no processo de

queima das cerâmicas. De acordo Morais (2011), um forno caipira perde 2,4 vezes mais color

para o ambiente na parte superior do forno do que um forno abóboda, visto que o forno

caipira não possui uma cobertura na parte superior.

De acordo com Bouth (2008), a temperatura de sinterização ideal para se obter um

produto de boa qualidade fica entre 900° C e 950 °C, temperaturas essas atingida nas camadas

mais baixas do forno. Com isso, as telhas localizadas nas camadas superiores do forno,

quando a queima é encerrada, ainda estão num patamar de temperatura muito baixa, vindo a

atingir temperaturas mais altas somente depois de algumas horas, e mesmo assim, abaixo do

ideal para a plena sinterização das peças, que acordo com Rodrigues, (2012), ocorre em torno

de 850°C, ou mais.

Já no trabalho de Silva (2011), os melhores resultados obtidos no tempo de queima

foram 1200 minutos de queima e 1440 minutos de resfriamento num forno do tipo “caipira”,

Page 67: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

67

tempo superior ao encontrados no presente trabalho na fase de queima, que teve uma média

de 825 minutos.

De acordo com o relatório da Rodrigues (2012), o ciclo de queima costuma ser

relativamente curto, e pode-se ter um pré-aquecimento entre 2 horas a 12 horas, de acordo

com a umidade da carga e da madeira. A queima ocorre no intervalo entre 7 h e12 horas

(dependendo do tipo madeira), e o resfriamento entre 20 horas e 24 horas. Assim, um ciclo

completo deve se situar, em média, em 38 horas, ou seja, 2.280 minutos no total, incluindo o

tempo de resfriamento.

4.4 RELAÇÃO ENTRE A DISTÂNCIA DO FIO E O TEMPO DE QUEIMA

Na Figura 18 são apresentados as equações lineares que relacionam a distância do fio e

o tempo de queima (A), e a distância do fio com a temperatura nos fornos (B) na superfície do

forno nos tratamento de 1 a 4.

Page 68: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

68

Figura 18. Relação entre a distância do fio e o tempo de queima (A) e a temperatura (B).

(A) (B)

y = 0,036x - 26,47

R² = 0,969

0

1

2

3

4

5

6

7

0 250 500 750 1000

Dis

tânci

a d

o f

io (

cm)

Tempo (minutos)

y = 0,051x - 6,797

R² = 0,897

0

1

2

3

4

5

6

7

0 100 200 300

Dis

tânci

a d

o f

io (

cm)

Temperatura ( C)

y = 0,030x - 18,6

R² = 0,667

0

1

2

3

4

5

6

7

0 250 500 750 1000

Dis

tânci

a d

o f

io (

cm)

Tempo (minutos)

y = 0,163x - 11,74

R² = 0,966

0

1

2

3

4

5

6

7

0 50 100 150

Dis

tânci

a d

o f

io (

cm)

Temperatura ( C)

y = 0,023x - 17,40

R² = 0,430

0

1

2

3

4

5

6

7

0 250 500 750 1000

Dis

tânci

a d

o f

io (

cm)

Tempo (minutos)

y = 0,058x - 6,798

R² = 0,971

0

1

2

3

4

5

6

7

0 50 100 150 200

Dis

tânci

a d

o f

io (

cm)

Temperatura ( C)

y = 0,007x - 4,243

R² = 0,681

0

1

2

3

4

5

6

7

0 250 500 750 1000

Dis

tânci

a d

o f

io (

cm)

Tempo (minutos)

y = 0,010x - 0,158

R² = 0,494

0

1

2

3

4

5

6

7

0 50 100 150 200

Dis

tânci

a d

o f

io (

cm)

Temperatura ( C)

Observa-se na Figura 18 que ao se aumentar a temperatura e o tempo, aumentam

também a distância do fio em todos os tratamentos. O tratamento 1 atingiu maior temperatura

e maior distância do fio para as telhas em relação aos demais tratamentos.

Page 69: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

69

Pode-se observar que, com o aumento da temperatura na queima, inicia-se um

distanciamento da superfície do forno com o fio em todos os tratamentos e isso ocorre porque

o aumento de temperatura afeta significativamente a retração linear das telhas. Quanto maior

a temperatura, maior é a retração linear da argila.

No 4° tratamento, a análise granulométrica mostrou que a argila utilizada é constituída

em grande parte de partículas finas. As diferentes faixas de granulometria são determinantes

na textura, plasticidade e retração das telhas, pois quanto menor a granulometria, maior é a

plasticidade, e consequentemente a retração. Contudo a argila mais plástica possui menor

estabilidade térmica, maior perda de massa e maior retração após ser submetida à queima.

Uma prática industrial comum tem sido misturar diferentes tipos de argilas a fim de se

obter uma formulação ideal, para que a perda pela exposição ao fogo e a retração não sejam

excessivamente elevadas, e não prejudiquem a estética e a qualidade do produto

(PASKOCIMAS, 2011). A argila utilizada, por ter apresentado granulometria fina, apresentou

maior quantidade de ilita no tratamento 1, indicando o motivo da oscilação do fio, que tinha

uma maior presença de argilominerais e expandiu mais.

Observou-se que com o aumento da temperatura houve um distanciamento

significativo do fio com carga enfornada em todos os tratamentos, com variação de oscilações

diferenciadas. O método do fio utilizado para o controle de queima em fornos do tipo

“caipira” é considerado um método empírico, pois não existe nenhum instrumento que auxilie

o controle da distância do fio, ou regule o aumento ou a diminuição da temperatura do forno.

De acordo com o relatório Rodrigues (2012), o fio de cobre é atualmente, o único

indicador para controle do processo.

A distância do fio entre o produto cerâmico ao final do processo deve ser próximo de 6

cm, e isso ocorreu, apenas no tratamento 1, demonstrando que cada argila tem uma

capacidade distinta em relação a retração, evidenciando que o parâmetro ideal não deve ser o

modo de forma genérica e exclusiva como critério para finalização do processo de queimas de

produtos cerâmicos em fornos do tipo caipira.

Page 70: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

70

4.5 RELAÇÃO ENTRE A TEMPERATURA MÁXIMA ATINGIDA NO

FORNO CAIPIRA E O TEMPO TOTAL DE QUEIMA E A PORCENTAGEM

DA QUALIDADE DA TELHA PRODUZIDA

Na Figura 19 são apresentadas as relações entre às porcentagens de telhas de primeira

qualidade a temperatura máxima atingida no forno (A), e com o tempo total de queima (B).

As equações apresentadas foram significativas pelo teste F (p<0,05).

Figura 19. Relação entre a porcentagem de telhas de primeira qualidade e a temperatura máxima

atingida no forno (A) e o tempo total de queima (B). As equações apresentadas foram significativas

pelo teste F (p<0,05).

(A) (B)

Tra

tam

ento

1

y = -0,00028x + 0,24577

R² = 0,98002

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

0 200 400 600

Tel

has

de

1a

(%)

Temperatura Máxima do formo ( C)

y = -0,00170x + 1,68341

R² = 0,64991

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

860 880 900 920

Tel

has

de

1a

(%)

Tempo total de queima (minutos)

Tra

tam

ento

2

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

0 100 200

Tel

has

de

1a

(%)

Temperatura Máxima do formo ( C)

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

600 700 800 900 1000

Tel

has

de

1a

(%)

Tempo total de queima (minutos)

Tra

tam

ento

3

y = 0,00013x + 0,14839

R² = 0,102100,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

0 100 200 300

Tel

has

de

1a

(%)

Temperatura Máxima do formo ( C)

y = -0,00041x + 0,52401

R² = 0,97844

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

600 700 800 900 1000

Tel

has

de

1a

(%)

Tempo total de queima (minutos)

Tra

tam

ento

4

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

0 100 200 300

Tel

has

de

1a

(%)

Temperatura Máxima do formo ( C)

y = 0,00046x - 0,20867

R² = 0,20329

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

600 700 800 900 1000

Tel

has

de

1a

(%)

Tempo total de queima (minutos)

Page 71: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

71

De acordo com a Figura 19, o tratamento 1 obteve correlação negativa na temperatura

máxima atingida e o tempo de queima; o tratamento 3 obteve relação negativa no tempo de

queima, pois quanto maior a temperatura menor a porcentagem de telhas de primeira

qualidade. Os demais tratamentos obtiveram relação positiva, ou seja, ao se aumentar a

temperatura e o tempo de queima aumenta-se também a porcentagem de telha de primeira

qualidade.

Ressalte-se que nos tratamentos em que não se registraram correlações entre as

variáveis, os gráficos não mostram as equações.

A produção de telha de primeira qualidade teve uma porcentagem média entre 5% à

22% entre os 4 tratamentos estudados, e o tratamento 1 foi o que obteve maior quantidade de

telha de primeira, variando de 15% a 22%, sendo que o tratamento 4 registrou a menor

percentagens de telha de primeira qualidade variando de 5% a 20%.

Apesar da heterogeneidade da temperatura houve uma produção significativa de

telhas de primeira qualidade. As telhas de primeira qualidade são encontradas de forma que se

encontram distribuídas entre o 2° e o 3

° piso da região central, nunca nas laterais e nem na

superfície do forno, e isso ocorre em virtude das altas temperaturas atingidas em alguns

pontos do forno.

No entanto, apesar das baixas temperaturas atingidas na superfície do forno, houve

uma significativa produção de produtos de primeira qualidade, isso se deve também pela

grande presença de óxido de ferro e óxido de potássio que quando presentes na argila em

grande quantidade diminuem o tempo e a temperatura de queima dos produtos, ou seja, o

tempo e a temperaturas alcançadas durante a queima é menor que outros produtos que não

tem a presença desses compostos. Originando assim um produto de boa qualidade em menor e

tempo e mesmo tendo atingido baixas temperaturas.

Os resultados encontrados se configuraram, conforme citam Andrade (2009) e

Baccelli Junior (2010), indicando que a produção de telha de primeira qualidade chega até

20%.

O relatório Rodrigues (2012), descreve que uma queima bem controlada em um forno

do tipo “caipira” a produção de telhas de primeira qualidade pode chegar até 35%, quantidade

essa que não foi observada em nenhum tratamento.

Na Figura 20 são apresentados gráficos que relacionam a porcentagem de telhas de

segunda qualidade e a temperatura máxima atingida, no forno (A) e no tempo total de queima

(B).

Page 72: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

72

As equações apresentadas foram significativas pelo teste F (p<0,05).

Figura 20. Relação entre a porcentagem de telhas de segunda qualidade e a temperatura máxima

atingida no forno (A) e o tempo total de queima (B). As equações apresentadas foram significativas

pelo teste F (p<0,05).

(A) (B)

Tra

tam

ento

1

y = 0,00060x + 0,61002

R² = 0,99090

0%

20%

40%

60%

80%

100%

0 200 400 600

Tel

has

de

2a

(%)

Temperatura Máxima do formo ( C)

y = 0,00415x - 2,92970

R² = 0,85136

0%

20%

40%

60%

80%

100%

860 880 900 920

Tel

has

de

2a

(%)

Tempo total de queima (minutos)

Tra

tam

ento

2

0%

20%

40%

60%

80%

100%

0 100 200

Tel

has

de

2a

(%)

Temperatura Máxima do formo ( C)

0%

20%

40%

60%

80%

100%

600 700 800 900 1000

Tel

has

de

2a

(%)

Tempo total de queima (minutos)

Tra

tam

ento

3

0%

20%

40%

60%

80%

100%

0 100 200 300

Tel

has

de

2a

(%)

Temperatura Máxima do formo ( C)

y = -0,00016x + 0,84973

R² = 0,99698

0%

20%

40%

60%

80%

100%

600 700 800 900 1000

Tel

has

de

2a

(%)

Tempo total de queima (minutos)

Tra

tam

ento

4

y = 0,00048x + 0,63076

R² = 0,15717

0%

20%

40%

60%

80%

100%

0 100 200 300

Tel

has

de

2a

(%)

Temperatura Máxima do formo ( C)

0%

20%

40%

60%

80%

100%

600 700 800 900 1000

Tel

has

de

2a

(%)

Tempo total de queima (minutos)

De acordo com a Figura 20, o tratamento 3 obteve correlação negativa no tempo de

queima, pois quanto maior for a temperatura, menor é a porcentagem de telhas de segunda

qualidade. Os tratamentos 1 e 4 obtiveram relação positiva, ou seja ao se aumentar a

temperatura e o tempo de queima aumenta-se também a porcentagem de telha de segunda

Page 73: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

73

qualidade. Observe-se que nos tratamentos em que não se configuraram correlações não são

mostradas as equações lineares.

A produção de telha de segunda qualidade teve uma porcentagem, em média de 70%

à 85% entre os 4 tratamentos estudados, e o tratamento 1 obteve 85%, mostrando uma

produção de telha de segunda qualidade em maior quantidade.

De acordo com Andrade (2009) e Baccelli Junior (2010), a produção de telha de

segunda qualidade em um forno caipira é estimada entre 60% a 80%.

Na Figura 21 são apresentadas as relações entre a porcentagem de telhas de terceira

qualidade e a temperatura máxima atingida no forno (A), e o tempo total de queima (B).

As equações apresentadas foram significativas pelo teste F (p<0,05).

Page 74: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

74

Figura 21. Relação entre a porcentagem de telhas de terceira qualidade e a temperatura máxima

atingida no forno (A) e o tempo total de queima (B). As equações apresentadas foram significativas

pelo teste F (p<0,05).

(A) (B)

Tra

tam

ento

1

0,0%

0,5%

1,0%

1,5%

2,0%

2,5%

3,0%

3,5%

0 200 400 600

Tel

has

de

3a

(%)

Temperatura Máxima do formo ( C)

y = 0,00006x - 0,05264

R² = 0,12744

0,0%

0,5%

1,0%

1,5%

2,0%

2,5%

3,0%

3,5%

860 880 900 920

Tel

has

de

3a

(%)

Tempo total de queima (minutos)

Tra

tam

ento

2

0,0%

0,5%

1,0%

1,5%

2,0%

2,5%

3,0%

3,5%

0 100 200

Tel

has

de

3a

(%)

Temperatura Máxima do formo ( C)

0,0%

0,5%

1,0%

1,5%

2,0%

2,5%

3,0%

3,5%

600 700 800 900 1000

Tel

has

de

3a

(%)

Tempo total de queima (minutos)

Tra

tam

ento

3

0,00%

0,50%

1,00%

1,50%

2,00%

2,50%

3,00%

3,50%

0 100 200 300

Tel

has

de

3a

(%)

Temperatura Máxima do formo ( C)

y = -0,00001x + 0,02184

R² = 0,99926

0,00%

0,50%

1,00%

1,50%

2,00%

2,50%

3,00%

3,50%

600 700 800 900 1000

Tel

has

de

3a

(%)

Tempo total de queima (minutos)

Tra

tam

ento

4

0,00%

0,50%

1,00%

1,50%

2,00%

2,50%

3,00%

3,50%

0 100 200 300

Tel

has

de

3a

(%)

Temperatura Máxima do formo ( C)

y = 0,00003x - 0,00176

R² = 0,17114

0,00%

0,50%

1,00%

1,50%

2,00%

2,50%

3,00%

3,50%

600 700 800 900 1000

Tel

has

de

3a

(%)

Tempo total de queima (minutos)

Na Figura 21 as relações estabelecidas entre a porcentagem de telhas de terceira

qualidade e a temperatura máxima atingida no forno (A) e o tempo total de queima (B),

mostram que o tratamento 3 obteve correlação negativa no tempo de queima, pois quanto

maior a temperatura menor a porcentagem de telhas de terceira qualidade. Os tratamentos 1 e

4 em relação ao tempo de queima obtiveram relação positiva, ou seja ao se aumentar a

temperatura e o tempo de queima aumenta-se também a porcentagem de telha de terceira

qualidade. Para os tratamentos em que não houve correlações entre as variáveis não são

apresentadas as equações lineares.

Page 75: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

75

A produção de telha de terceira qualidade foi relativamente baixa ficando entre 1% a

3,5%, e o tratamento 4 obteve a maior porcentagem de telha, da ordem de 3,5%. Os outros

tratamentos registraram porcentagens aproximadas. As telhas de terceira qualidade estão

localizadas, em sua maior parcela no quarto piso, e recebem a chama direta das câmaras de

combustão, o que ocasiona uma sinterização excessiva, e resulta em quebra, empenamento,

rachaduras, trincas ou coloração escura das telhas.

Na Figura 22 são apresentadas as relações entre a porcentagem de telhas mal

queimadas e a temperatura máxima atingida no forno (A), e o tempo total de queima (B). As

equações apresentadas foram significativas pelo teste F (p<0,05).

Page 76: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

76

Figura 22. Relação entre a porcentagem de telhas mal queimadas e a temperatura máxima atingida no

forno (A) e o tempo total de queima (B). As equações apresentadas foram significativas pelo teste F

(p<0,05). (A) (B)

Tra

tam

ento

1 y = -0,00007x + 0,03715

R² = 0,69722

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

0 200 400 600

Tel

has

mal

qu

eim

adas

Temperatura Máxima do formo ( C)

y = -0,00060x + 0,55189

R² = 0,99168

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

860 880 900 920

Tel

has

mal

qu

eim

adas

Tempo total de queima (minutos)

Tra

tam

ento

2

y = -0,00022x + 0,07169

R² = 0,98451

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

0 100 200

Tel

has

mal

qu

eim

adas

Temperatura Máxima do formo ( C)

y = -0,00011x + 0,12848

R² = 0,99510

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

0 500 1000

Tel

has

mal

qu

eim

adas

Tempo total de queima (minutos)

Tra

tam

ento

3

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

0 100 200 300

Tel

has

mal

qu

eim

adas

Temperatura Máxima do formo ( C)

y = -0,00008x + 0,10952

R² = 0,98570

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

800 850 900 950

Tel

has

mal

qu

eim

adas

Tempo total de queima (minutos)

Tra

tam

ento

4 y = -0,00007x + 0,02788

R² = 0,66470

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

0 100 200 300

Tel

has

mal

qu

eim

adas

Temperatura Máxima do formo ( C)

y = -0,00006x + 0,06646

R² = 0,98490

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

0 500 1000

Tel

has

mal

qu

eim

adas

Tempo total de queima (minutos)

A Figura 22 mostra as relações entre a porcentagem de telhas de mal queimadas e a

temperatura máxima atingida no forno (A), e o tempo total de queima (B), e em todos os

tratamentos há correlação negativa na temperatura e no tempo de queima, pois quanto maior o

tempo e a temperatura, menor é a porcentagem de telhas de mal queimadas. Para os

tratamentos em que não houve correlação entre as variáveis não são apresentadas as equações

lineares.

Page 77: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

77

A produção de telhas mal queimadas ocorre porque a telha não atinge a temperatura de

sinterização suficiente para atingir as propriedades adequadas conforme são exigidas pelas

normas da ABNT. Essas telhas são encontradas geralmente nas partes laterais do forno ou na

superfície do forno, onde atingem baixas temperaturas. Essas voltam para o forno novamente

para serem queimadas visando atingirem o ponto de sinterização adequado, embora após essa

queima não sejam consideradas telhas de primeira qualidade, sendo classificadas como telhas

de segunda ou de terceira qualidade. A produção dessas telhas de acordo com a Figura 21 foi

entre 1% a 6%, uma média de 380 telhas a 3.000 telhas por queima, e no tratamento 1 e 4 a

menor produção foi entre 1% a 3%, e nos tratamentos 2 e 3 a maior produção esteve acima de

3%, chegando até aos 6%.

De acordo com Rodrigues (2012), muitas peças são perdidas por falta de sinterização

completa ou por quebras, e apresentam coloração “chocolate”, indicando que a temperatura da

região onde estavam no forno (na parte superior e nos cantos) não alcançou a temperatura

ideal de sinterização. Peças queimadas durante muito e expostas a temperaturas muito altas

podem ficar sobre queimadas. Por outro lado, Morais (2011) discorrem que temperaturas

muito baixas ou tempos de queima muito curtos, geram peças cruas, principalmente nos

pontos mais frios da fornalha. Macedo (2007) descreve que argilas com granulometria fina

quando submetida a elevada velocidade de aquecimento do forno favorecem o defeito de

bolhas superficiais e lascas no produto cerâmico.

De acordo com Bouth (2008), quando a temperatura aumenta, através das curvas de

queima, verificam-se que quando a queima atinge 100 °C, ou um pouco mais, ocorre a

eliminação da água higroscópica; entre 350 °C e 650 °C ocorre a combustão orgânica; na

temperatura de 573 °C ocorre a transfomação do quartzo alfa em beta, e no resfriamento

ocorre o sentido inverso; a partir de 700 °C verifica-se a reação química da silíca e alumina e

a decomposição de carbono; acima de 1000 °C ocorre a sinterização do material, dando-lhe

dureza e compactação, até atingir a fusão do corpo cerâmico. Sendo que as médias de

temperaturas observadas nos tratamentos não ultrapassaram a temperatura de 250 °C, por isso

a grande concentração de telhas mal queimadas na superficie do forno, sendo necessaria ser

queimadas novamente.

Na Figura 23 são apresentadas as relações entre a porcentagem de telhas quebradas e a

temperatura máxima atingida no forno (A), e o tempo total de queima (B).

As equações apresentadas foram significativas pelo teste F (p<0,05).

Page 78: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

78

Figura 23. Relação entre a porcentagem de telhas quebradas e a temperatura máxima atingida no forno

(A) e o tempo total de queima (B). As equações apresentadas foram significativas pelo teste F

(p<0,05). (A) (B)

Tra

tam

ento

1 y = -0,00025x + 0,10133

R² = 0,91345

0%2%4%6%8%

10%12%14%16%

0 200 400 600

Per

das

po

r q

ueb

ra (

%)

Temperatura Máxima do formo ( C)

y = -0,00192x + 1,74704

R² = 0,96332

0%2%4%6%8%

10%12%14%16%

860 880 900 920

Per

das

po

r q

ueb

ra (

%)

Tempo total de queima (minutos)

Tra

tam

ento

2

y = 0,00004x + 0,02423

R² = 0,88873

0%2%4%6%8%

10%12%14%16%

0 100 200

Per

das

po

r q

ueb

ra (

%)

Temperatura Máxima do formo ( C)

y = 0,00002x + 0,01285

R² = 0,92073

0%2%4%6%8%

10%12%14%16%

600 800 1000

Per

das

po

r q

ueb

ra (

%)

Tempo total de queima (minutos)

Tra

tam

ento

3

0%2%4%6%8%

10%12%14%16%

0 100 200 300

Per

das

po

r q

ueb

ra (

%)

Temperatura Máxima do formo ( C)

y = 0,00070x - 0,54052

R² = 0,99956

0%2%4%6%8%

10%12%14%16%

600 800 1000

Per

das

po

r q

ueb

ra (

%)

Tempo total de queima (minutos)

Tra

tam

ento

4

y = -0,00037x + 0,16002

R² = 0,693810%2%4%6%8%

10%12%14%16%

0 100 200 300

Per

das

po

r q

ueb

ra (

%)

Temperatura Máxima do formo ( C)

y = -0,00034x + 0,37022

R² = 0,99156

0%2%4%6%8%

10%12%14%16%

600 800 1000

Per

das

po

r q

ueb

ra (

%)

Tempo total de queima (minutos)

Na Figura 23, as relações entre a porcentagem de telhas quebradas e a temperatura

máxima atingida no forno (A) e o tempo total de queima (B), mostram que os tratamento 1 e 4

obtiveram correlação negativa na temperatura e no tempo de queima, pois quanto maior o

tempo e a temperatura menor a porcentagem de telhas de qualidade mal queimadas, e os

tratamentos 2 e 3 registraram uma correlação positiva com maior porcentagens de telhas mal

queimadas. Para os tratamentos em que não houve correlação entre as variáveis não são

apresentadas as equações lineares.

Page 79: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

79

A quantidade de telhas quebradas ficou em torno de 3% a 16 %, atingindo até 6.000

mil telhas numa queima, com uma quantidade muito grande de desperdício. Esses resultados

foram semelhantes aos encontrados por Carvalho (2003), que cita a porcentagem de perdas

ocorrendo em torno de 2% a 15%.

4.6 A RELAÇÃO DA QUALIDADE DA TELHA ENTRE A TEMPERATURA

MÉDIA E O TEMPO DE QUEIMA NA PARTE CENTRAL NOS PONTOS

DE MEDIÇÃO 7, 8 E 9 DA SUPERFÍCIE DO FORNO.

Na Figura 24 apresenta-se o gráfico da relação entre a temperatura média no centro do

forno em função do tempo de aquecimento (pontos de medição 7, 8 e 9, localizados na região

central da superfície do forno).

Figura 24. Relação entre a temperatura média no centro do forno em função do tempo de aquecimento

(pontos de medição 7, 8 e 9, localizados na região central da superfície do forno).

0

50

100

150

200

250

0 200 400 600 800 1000

Tem

pe

ratu

ra ( C

)

Tempo (minutos)

Tratamento 1 Tratamento 2 Tratamento 3 Tratamento 4

A relação de temperatura e tempo médio de queima na região central da superfície do

forno, local onde foi encontrada a maior parte das telhas de primeira qualidade, sendo os

pontos 7, 8, 9 adotados como referência para obtenção de produtos de alta qualidade, pois

nessas áreas foi observada a totalidade de telhas de primeira qualidade em todas as queimas,

uma vez que as telhas de primeira qualidade sempre foram localizadas na mesma região, em

maior quantidade, em relação a outras áreas. As temperaturas nessas áreas são mais

homogêneas com um aumento gradativo e sem mudanças bruscas de temperatura.

Page 80: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

80

O controle do tempo de queima e da temperatura alcançada influencia diretamente a

qualidade das telhas, pois as peças queimadas durante muito tempo em temperaturas muito

altas ficam sintetizada em excesso. Por outro lado, temperaturas baixas ou tempos de queima

muito curtos podem determinar peças cruas.

Na Figura 25 é apresentada a relação entre a porcentagem de telhas de primeira

qualidade com a temperatura máxima atingida no forno e a taxa média de aquecimento para

os pontos de medição 7, 8 e 9, localizados na região central da superfície do forno. As

equações apresentadas foram significativas pelo teste F (p<0,05).

Page 81: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

81

Figura 25. Relação entre a porcentagem de telhas de primeira qualidade com a temperatura máxima

atingida na superfície do forno e a taxa média de aquecimento para os pontos de medição 7, 8 e 9,

localizados na região central da superfície do forno. As equações apresentadas foram significativas

pelo teste F (p<0,05).

Na Figura 25 observa-se a relação entre a porcentagem de telhas de primeira qualidade

com a temperatura máxima atingida no forno e a taxa média de aquecimento para os pontos

de medição 7, 8 e 9, localizados na região central da superfície do forno, e o tratamento 1 em

que se obteve um correlação negativa na temperatura e a taxa média de queima, e no

tratamento 3 se obteve uma correlação positiva. Para os tratamentos em que não houve

correlação entre as variáveis não são apresentadas as equações lineares. .

Page 82: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

82

As temperaturas e as taxas de aquecimento alcançadas foram heterogêneas nos quatro

tratamentos. No tratamento 4 observa-se uma maior porcentagem de telha de primeira, com

30% na terceira repetição, atingindo a temperatura máxima de 50 °C. Os demais tratamentos

obtiveram porcentagens entre 10% a 22 %, sendo o tratamento 1 o que teve maior diferença

entre as temperaturas e a taxa de aquecimento nas queimas.

O tratamento 4 obteve a maior porcentagens de telha de primeira em relação aos

outros tratamentos, mesmo atingindo baixa temperatura, seguido do tratamento 3, 2 e 4. A

curva de temperatura ideal, que proporciona a melhor qualidade dos produtos cerâmicos foi o

observada no tratamento 1 que obteve uma média de 18,66% de produto de primeira

qualidade por repetição atingindo temperatura máxima de 400°C.

Page 83: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

83

5. CONCLUSÕES

A madeira utilizada na queima de fornos caipira apresentou densidade básica e

umidade sem diferença e um consumo de madeira heterogêneo.

A argila utilizada na queima de fornos caipira apresentou granulometria fina,

plástica e com grande retração linear.

O forno do tipo “caipira” apresentou perfil térmico heterogêneo.

No forno caipira verificou-se que houve o encerramento do processo antes de se

atingir uma temperatura adequada à produção de maior quantidade com telhas de

melhor qualidade.

O parâmetro do fio foi eficiente para todos os tratamentos, mas a variação de

oscilações foi diferenciada entre os tratamentos, demonstrando que o fio não deve

ser utilizado de forma genérica, como o único critério para finalização do processo

de queimas.

A qualidade das telhas mostrou estar atrelada às temperaturas alcançadas, com seu

aumento gradativo, e influenciada pela umidade, densidade da madeira, o tempo de

queima e as condições atmosféricas.

A parte central do forno foi à área que atingiu maiores temperatura, e de forma

mais homogênea, tendo como resultado uma maior concentração de produtos de

primeira qualidade;

A curva de temperatura ideal, que proporciona a melhor qualidade dos produtos

cerâmicos, ocorreu no centro do forno, em que obteve um comportamento térmico

que alcançou maiores temperaturas de forma mais homogênea, sendo essa região

onde foi encontrada a maior concentração e produtos de primeira qualidade no

forno.

Page 84: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

84

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Page 86: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

86

CAPÍTULO II - AFERIÇÕES DE TEMPERATURAS NA

SUPERFÍCIE E EM DIFERENTES POSIÇÕES EM FORNOS

DO TIPO CAIPIRA.

Page 87: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

87

RESUMO

O trabalho teve como objetivo geral avaliar o perfil térmico de fornos tipo “caipira”, em

diferentes alturas, estes utilizados pelo setor ceramista em Parelhas, na região do Seridó-RN.

Foram realizados 2 tratamentos, com três repetições, com um delineamento inteiramente

casualizado, totalizando 6 unidades experimentais (queimas). O tipo de argila foi o parâmetro

utilizado como referência para distinguir os tratamentos. Foram monitorados: o tempo de

queima durante todo o processo, a quantidade de madeira utilizada em cada queima, as telhas

enfornadas antes para determinação da qualidade do produto e a distância do fio com carga

durante a queima. Para caracterização do perfil térmico do forno foram aferidas temperaturas

em 15 pontos marcados na superfície da carga enfornada. As aferições foram realizadas em

intervalos de 30 minutos, a partir do pré-aquecimento, até ao final da queima, utilizando um

pirômetro de mira laser. Durante o resfriamento as temperaturas foram aferidas em intervalos

de uma hora, até a abertura da porta e a descoberta da cobertura. Na segunda etapa foram

instalados 12 cilindros metálicos distribuídos nas paredes do forno, sendo 8 cilindros nas

paredes frontais do forno e 2 cilindros em cada paredes laterais, foram instalados

equidistantes, com 17 cm de distância do solo e 30 da parede da superfície. Os cilindros

distribuídos na parte frontal foram colocados a 50 cm da superfície do forno, e na base do

forno distantes 20 cm do solo. Foram instalados também 10 termopares, sendo 5 termopares

distribuídos 1,77cm acima das câmaras de combustão, e 1 termopar em cada lateral, e 3

termopares na parte frontal do forno. Esses foram fixados com profundidade de 30 cm da

parede. As matérias-primas foram caracterizadas e analisadas, utilizando-se as técnicas de

fluorescência por raios X (FRX), difração por raios X (DRX), análise granulométrica (AG), e

análise de umidade e de densidade na madeira. A madeira utilizada na queima de fornos

caipira apresentou densidade com valores sem diferença significativa entre si, umidades e

consumo heterogêneo. A argila utilizada na queima de fornos caipira apresentou grande e

plasticidade com grande retração linear quando submetidas ao fogo. O parâmetro do fio foi

significativo para todos os tratamentos, mas a variação do tempo foi diferenciada entre os

tratamentos, evidenciando que o fio não deve ser o único critério para finalização do processo

de queimas. A qualidade da telha foi influenciada pelas temperaturas alcançadas e o tempo de

queima. A curva de temperatura ideal, que proporcionou a melhor qualidade de produtos de

primeira qualidade dos produtos cerâmicos, foi à curva de temperatura da região central do

forno.

Palavras Chave: Perfil térmico, argila, forno, telha.

Page 88: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

88

ABSTRACT

The work has as main objective to evaluate the thermal profile of kilns "rustic " , at different

times , they used the potter sector in Doubleview , in the Seridó -RN region. 2 treatments

were performed with three replicates , with a completely randomized design , totaling 6

experimental units ( firings ) . The type of clay was used as a reference parameter to

distinguish between treatments. Were monitored : the time during the firing process, the

amount of wood used at each firing, the tiles enfornadas prior to determining the quality of the

product and the distance of the thread under load during firing. To characterize the thermal

profile of the oven temperature by 15 points marked on the surface of the load put into the

furnace were measured . Measurements were taken every 30 minutes from preheat until the

end of burning , using a pyrometer laser sight . During cooling temperatures were measured at

one hour intervals until the door opening and the discovery of coverage. In the second step 12

metal cylinders distributed on the oven walls , and the cylinder end walls 8 of the furnace 2

and rollers on each side walls are installed equidistant to 17 cm from the soil and the surface

30 of the wall are installed. The cylinders distributed on the front were placed 50 cm above

the furnace, and the base of the oven 20 cm distant from the ground. 10 also thermocouples

were installed , and five thermocouples distributed 1.77 cm above the combustion chambers,

and one thermocouple on each side , and three thermocouples in front of the oven . These

were fixed with depth of 30 cm from the wall . The raw materials were characterized and

analyzed using the techniques of X-ray fluorescence (XRF ) , X-ray diffraction ( XRD ) ,

particle size analysis ( AG ) , and analysis of moisture and density of the wood. The wood

used in burning ovens hillbilly density values showed no significant difference between them

, humidities and heterogeneous consumption. The clay used in burning ovens hillbilly and

showed great plasticity with large linear shrinkage when subjected to fire . The parameter of

the wire was significant for all treatments , but the time variation was different among

treatments , indicating that the wire should not be the sole criterion for completion of the burn

process. The quality of the tile was influenced by the temperatures reached and the time of

burning . The ideal temperature curve , which provided the best quality products from top

quality of ceramics, was the temperature curve of the central region of the furnace .

Key Words: Thermal profile clay tile quality

Page 89: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

89

1 INTRODUÇÃO

A indústria cerâmica vermelha, devido principalmente ao aumento populacional, vem

aumentando gradativamente sua produção para atendimento às diversas demandas. Com a

expansão do setor verifica-se que a indústria cerâmica tem trazido grandes benefícios para o

País, inclusive para a região do Rio Grande Norte, com oferta de empregos e crescimento

econômico. Porém, atrelada a essas condições de benefícios, é preciso que sejam

implementados melhorias nos métodos de produção, e que novos conceitos se apresentem

como determinantes para que se possa ter um produto final de qualidade, aumentando-se a

comercialização de modo que os impactos sejam positivos para economia, mas também para o

meio ambiente. (SILVA, 2005)

A pesquisa pretende, a partir das análises e estudos, sugerir medidas que possam

melhorar a eficiência térmica de forno caipira com o propósito de eliminar ou minimizar seus

aspectos negativos e potencializar os positivos, de forma a permitir na cidade de Parelhas, no

Estado do Rio Grande do Norte uma fabricação de produtos cerâmicos com maior qualidade e

melhores condições de aplicabilidade.

Pois de acordo com Nascimento (2009), que a Indústria cerâmica no Rio Grande do

Norte no seu processo produtivo não tem conseguido reduzir as perdas da produção, melhorar

a qualidade do produto e o desempenho ambiental da indústria ceramista. Deste modo, trata-

se de uma atividade que tem crescido nos últimos anos e, trazendo consigo, mudanças

econômicas, sociais, culturais e ambientais, sendo uma atividade que demanda uso e consumo

de recursos naturais, afetando adversamente o meio ambiente.

A indústria de cerâmica vermelha abrange um grupo de materiais cerâmicos

constituídos de tijolos, telhas, tubos, lajotas que são fabricados, em geral, próximos dos

centros consumidores, utilizando matéria prima e força de trabalho local. As matérias primas

são argilas e siltes argilosos, que na maioria das vezes apresentam alto teor de impurezas,

entre as quais se destacam minerais como o ferro que é responsável pela coloração

avermelhada do produto após a queima. A madeira que se configura como fonte energética no

processo geralmente é oriunda da mata nativa local.

O processo produtivo de cerâmica vermelha é visto, em seu conjunto, como simples, o

que se constitui num erro, pois o mesmo exige técnicas e profissionais qualificados, cujas

competências e habilidades contribuam para que se tenha um resultado satisfatório na

produção, haja vista, que essa indústria realiza diversas etapas de processamento como o de

Page 90: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

90

mineração, preparação, conformação, secagem, e queima, até se obter o produto final, sendo

cada etapa efetuada, considerada de fundamental importância para a etapa seguinte.

Merece destaque a fase de queima, o processo em que a argila perde massa no

desenvolvimento de nova fase cristalina, sendo fundamental que seja feito o controle do

processo de aquecimento e resfriamento dos fornos, considerando-se a velocidade com que a

temperatura aumenta ou diminui ao longo do tempo, o que faz ocorrer variações dimensionais

(expansão e concentração). Caso os tempos adequados não sejam obedecidos, podem ocorrer

deformações, fissuras ou quebras das peças. Cada tipo de argila possui sua própria curva de

processamento individual, e isso deve ser seguido pelos operadores dos fornos, para obtenção

de um produto de melhor qualidade, e otimização do processo (ANDRADE, 2009).

Assim, a partir do estudo acredita-se que haverá condições de indicar futuras

intervenções em função de ter sido caracterizado o perfil térmico do forno caipira em

diferentes alturas do forno, no processo de produção, junto ao setor cerâmico para o

funcionamento da indústria de produção da cerâmica, com adequação de mecanismos

acessíveis a realidade existente, e com baixo custo de aquisição. Além disso, espera-se que

com o estudo seja possível ressaltar as diferenças significativas para a empresa de maneira

que esteja contribuindo não apenas para os ganhos econômicos, mas também para

atendimento as demandas de cunho social e ambiental.

Portanto, busca-se que o estudo em questão possa contribuir de maneira relevante para

minimização dos danos causados ao meio ambiente pela indústria cerâmica, com melhorias

efetivas e práticas adequadas, eficiente e eficaz à realidade local pré-existente.

Nesse contexto, o presente trabalho possui como objetivo geral avaliar o perfil térmico

de fornos tipo “caipira”, em diferentes alturas, utilizados pelo setor ceramista na cidade de

Parelhas, município localizado na região do Seridó-RN.

2 OBJETIVOS

Objetivo Geral

O presente trabalho possui como objetivo geral avaliar o perfil térmico de fornos tipo

“caipira”, em diferentes alturas, utilizados pelo setor ceramista na cidade de Parelhas,

município localizado na região do Seridó-RN.

Page 91: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

91

Objetivos Específicos

Obter o perfil térmico na superfície e nas diferentes alturas do forno caipira

visando caracterizar variações na distribuição térmica na superfície e na parte

interna dos fornos;

Indicar entre os métodos utilizados qual o de maior precisão na determinação do

perfil térmico de fornos caipira;

Analisar as propriedades da argila utilizada para confecção dos produtos

cerâmicos;

Avaliar características físicas da madeira utilizada como fonte de energia nos

fornos caipira;

Estudar a correlação entre o gradiente de temperatura e a distância do fio, tempo

de queima durante a queima;

Indicar o tempo de queima e a curva de temperatura ideal, que proporciona a

melhor qualidade dos produtos cerâmicos.

3 MATERIAL E MÉTODO

3.2 DETERMINAÇÃO DA UMIDADE, DENSIDADE BÁSICA E

CONSUMO DE MADEIRA

Foram coletadas as amostras da madeira na pilha de madeira no pátio da cerâmica,

antes de cada queima. Foram retiradas discos de 4 cm de comprimento de diâmetros variados

totalizando 6 amostras de cada queima. Em seguida, as amostras foram pesadas, e

identificadas no campo e armazenadas em sacos plásticos e transportadas para a Escola

Agrícola de Jundiaí, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para serem feitas as

análises de densidade básica e umidade da madeira no laboratório de tecnologia da madeira.

Para determinação da densidade básica os procedimentos utilizados para a análise estão

de acordo com o método de imersão em água, conforme descrito por Vital (1984). Os valores

foram calculados a partir da média aritmética das densidades das respectivas amostras

coletadas em campo.

Page 92: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

92

Foi monitorado o abastecimento de madeira desde o pré-aquecimento, até a finalização

da queima, sendo calculada a quantidade de vezes que o forno foi abastecido durante toda a

queima.

3.3 CARACTERIZAÇÃO DA ARGILA

Para realização deste estudo foram utilizadas dois tipos de argilas, denominadas de

tratamento 1 e 2. Inicialmente as argilas foram secas numa estufa à 150°C.

As matérias-primas foram caracterizadas por meio de análise químicas com amostras

de argila seca e peneiradas, utilizando-se as técnicas de fluorescência de raios X (FRX),

análise mineralógica por difração de raios X (DRX), e análise granulométrica.

3.4 ANÁLISE GRANULOMÉTRICA

Para análise granulométrica foi utilizado o método de peneiramento. Para tal, utiliza-se

uma série de peneiras de abertura de malhas conhecidas, determinando-se a percentagem em

peso retida ou passante em cada peneira. Este processo divide-se em peneiramento grosso,

partículas maiores que 2 mm e peneiramento fino, partículas menores que 2mm. As amostras

foram, inicialmente, secadas em estufa e seu peso determinado, depois foram colocadas na

peneira de maior abertura da série previamente escolhida e levada a um vibrador de peneiras

onde permaneceram pelo tempo necessário à separação das frações. Depois foram pesadas as

quantidades retiradas em cada peneira e calculam-se as porcentagens de solo que passaram

por cada uma delas.

3.5 ANÁLISES QUÍMICAS POR FLUORESCÊNCIA DE RAIOS X (FRX)

Para a determinação da composição química as matérias-primas foram classificadas na

peneira de 200 mesh (ABNT nº 200) e seca em estufa por 24 h a 110ºC. Na realização desta

análise foi utilizado um Espectrômetro de marca Shimadzu, modelo EDX-720 do Laboratório

Laboratório de Difração e Fluorescência de Raios-X do Departamento de Ciências dos Materiais

da UFRN.

Page 93: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

93

3.6 ANÁLISE QUÍMICA DIFRAÇÃO DE RAIOS X (DRX)

Para analisar a mineralogia das matérias-primas, bem como as fases formadas após a

queima dos corpos-de-prova , ensaios de DRX foram realizados com material moído abaixo

de 200 mesh (ABNT n° 200). O equipamento também está alocado no Laboratório

Laboratório de Difração e Fluorescência de Raios-X do Departamento de Ciências dos Materiais

Química da UFRN. Um XRD-6000 Shimadzu com tubo de Cu (λ= 1, 54056 Ǻ). A tensão

utilizada foi de 40 kV e a corrente de 30mA, com varredura de 2º a 80º para 2θ, com

velocidade de 2º/min e passo de 0,02º/passo.

3.7 ANÁLISE DO PERFIL TÉRMICO NA SUPERFÍCIE DO FORNO CAIPIRA E OS

PARÂMETROS UTILIZADOS COMO CONTROLE DO PROCESSO DE QUEIMA

Foram distribuídos 15 pontos para aferições de temperatura, durante toda a queima na

superfície da carga enfornada, distribuídos de maneira equidistante, sendo 5 fileiras com 3

pontos em cada, separados 1,54 cm entre eles. Esses pontos foram marcados com um giz, por

ser composto de um material que não apaga em altas temperaturas. Foram marcadas, sobre a

parede do forno, as localizações de cada fileira.

As tomadas de temperatura nos pontos foram feitas em intervalos de 30 minutos, a

partir do pré-aquecimento até ao final da queima. Na fase de resfriamento as tomadas de

temperatura foram feitas em intervalos de 1 hora até atingir temperatura constante.

Nos fornos do tipo caipira, o controle do processo de queima das cerâmicas é realizado

de forma empírica baseando-se na retração dos produtos cerâmicos ocasionada pelas reações

da argila quando submetida a altas temperaturas. Para esse controle utiliza-se um fio de cobre

junto às telhas no topo, com um prumo determinado por blocos de tijolos no final do fio. Este

método toma como critério, para fim do processo, a distância entre o produto cerâmico e o fio

que permanece fixo durante todo o processo, acima da superfície da carga do forno a uma

distância pré-determinada. Esse processo cessa quando a distância entre a carga e fio for

aproximadamente 6 cm, sendo essa distância o parâmetro que determina o final do processo

de queima dos produtos.

Então, o estabelecimento da curva de temperatura versus a distância entre o fio e a

carga, torna-se uma ferramenta auxiliar para controle do processo de queima dos produtos

cerâmicos.

Page 94: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

94

3.8 ANÁLISE DO PERFIL TÉRMICO NAS DIFERENTES ALTURAS DO FORNO

CAIPIRA

Para a realização do estudo do perfil térmico dos fornos caipira os sistemas foram

avaliados por meio da instalação de cilindros metálicos em diversas alturas da estrutura dos

mesmos, sendo aferidas as temperaturas por meio de medidores do tipo infravermelho, para

aquisição dos dados. O monitoramento foi feito nas fases de pré-aquecimento, queima e

resfriamento dos produtos cerâmicos.

Foram realizados 2 tratamentos, sendo a argila o parâmetro utilizado como referência

para distinguir os tratamentos, ou seja foram utilizados dois lotes de argila.

Foram instalados 12 cilindros metálicos distribuídos nas paredes do forno, sendo 8

cilindros nas paredes frontais do forno e 2 cilindros em cada paredes laterais, foram instalados

equidistantes, com 17 cm de distância do solo e 30 da parede da superfície. Os cilindros

distribuídos na parte frontal foram colocados a 50 cm da superfície do forno, e na base do

forno distantes 20 cm do solo.

As aferições foram realizadas a cada 30 minutos a partir da fase de pré-aquecimento

dos fornos, continuando nas fases de queima. Durante o resfriamento as temperaturas foram

aferidas em intervalos de uma hora até a abertura da porta e a descoberta da cobertura.

As Figuras 1, 2, 3 e 4 ilustram os locais onde foram instalados os cilindros metálicos,

com destaque para o desnível da parte posterior do forno.

Figura 1. Imagens dos cilindros utilizados na parede lateral do forno.

Fonte: Autora (2014).

Page 95: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

95

Figura 2. Imagens do cilindros utilizados na parede da frente do forno.

Fonte: Autora (2014).

Figura 3. Localização dos 8 pontos de instalação dos cilindros na parte da frente do forno.

Figura 4. Localização dos 2 pontos de instalação dos cilindros na lateral do forno

.

Page 96: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

96

Os cilindros foram confeccionados com diâmetros externos de 5 cm, diâmetros

internos de 4,8 cm, espessura da parede de 0,1 cm e o comprimento igual a espessura da

parede do forno. Uma das extremidades do cilindro metálico foi fechada para fazer a

comunicação da parte externa com o interior do forno, e a outra permaneceu aberta para

inserção do medidor infravermelho de temperatura. Os cilindros foram instalados com barro

na parede.

As Figuras 5 (a), (b) e (c) ilustram um modelo típico dos cilindros metálicos utilizados

para tomada de temperatura nos fornos “caipira”.

Page 97: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

97

Figura 5. Imagens do cilindro utilizado no forno .(a) Vista da estrmidade aberta.(b) Vista da lateral da

extremidade fechada.(c) Vista extrena do cilindro instalado na parede de um forno.

Fonte: Oliveira, 2012.

As aferições das temperaturas nos cilindros foram feitas com auxilio de um pirômetro

ótico do tipo mira laser, para emissividade, com resolução ótica de 8:1, com range de 0,1 à 1.

Foram registradas as medidas das temperaturas no decorrer do processo de queima do

forno caipira em vários pontos das suas geometrias através de Termopares do tipo K (Cronel-

Alumel) no intervalo de 1 hora durante a queima, e de duas horas durante o resfriamento até

atingir uma temperatura constante. Foram instalados fios de cobre revestidos com veda rosca

material isolante para proteger e conservar o fio das altas temperaturas, pois este material

suporta altas temperaturas sem danificar o fio como mostram as Figuras 6 e 7.

(a) (b)

(c)

Page 98: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

98

Figura 6. Termopares instalados no forno para aferições da temperatura.

Fonte Autora (2014).

Figura 7. Fios instalados dos Termopares instalados no forno na parede de tras para aferições

da temperatura.

Fonte: Autora (2014).

Na extremidade do fio instalado um termopar para ser acoplado ao Datalogger com

uma capacidade de registar até 1400°C de temperatura (Figura 8 e 9).

Page 99: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

99

Figura 8. Datalogger utilizado na pesquisa.

Fonte: Autora (2014).

Figura 9. Aferição da temperatura com termopar.

Fonte: Autoria própria, 2013.

Foram instalados também 10 termopares, sendo 5 termopares distribuídos 1,77cm

acima das câmaras de combustão, e 1 termopar em cada lateral, e 3 termopares na parte

frontal do forno. Na parte de trás foram colocados a 1 m e 2 cm das laterais e os do centro

com 3 m e 49 cm e o outro com 3 m e 51 cm.

3.8 CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DO PRODUTO

Para avaliar a qualidade da telha, houve o monitoramento, a partir da identificação da

quantidade de telhas enfornadas para serem submetidas à queima. Após o resfriamento do

forno foi feito o acompanhamento da retirada das telhas, com distinção da qualidade e

verificação da quantidade do material produzido, sendo estes classificados como sendo:

Page 100: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

100

produtos de primeira qualidade; segunda qualidade; terceira qualidade; produtos mal

queimados, e os desperdícios (telhas quebradas, empenadas ou trincadas), como mostra a

Figura 10.

Figura10. Classificação de telhas de 1a , 2

a e 3

a qualidade e mal queimadas.

Fonte: Batista (2013).

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 MATÉRIA PRIMA

4.1.1 PROPRIEDADES DA MADEIRA

Na Tabela 1 são mostrados os valores médios referentes a densidade básica, umidade e

consumo da madeira utilizada no experimento.

Tabela 1. Médias da Densidade básica, umidade e consumo da madeira utilizada no

experimento.

Propriedade Tratamento 1 Tratamento 2

Densidade (g/cm3) 0,68 0,70

Umidade (%) 17,34 13,86

Consumo (m3) 24 22

Page 101: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

101

Verifica-se, na Tabela 1, que a densidade básica, a umidade e o consumo de madeira

no tratamento 1 foi maior do que os obtidos no tratamento 2, e que o maior consumo no

tratamento 1 pode estar atrelado a maior umidade e a menor densidade, pois na combustão

quanto maior a densidade da madeira, maior a massa, e consequentemente maior capacidade

calorífica por volume, e menor o volume requerido na queima.

Segundo Shioyama (1990), a densidade é um dos parâmetros muito importantes entre

as diversas propriedades físicas da madeira, pois afeta todas as suas demais propriedades.

Seus efeitos, porém são interativos e difíceis de serem avaliados isoladamente.

Os resultados encontrados são considerados satisfatórios, e dentro dos padrões

permitidos, pois a umidade de equilíbrio da madeira ficou próxima ao ponto de saturação das

fibras, conforme estabelecido pela Embrapa (2008), de 22 a 30 %.

Os resultados encontrados pela Rodrigues (2012) obteve um consumo médio de 0,7 m3

a 0,9 m3 de madeira por tonelada de produto queimado, sendo esses resultados maiores do que

encontradas na pesquisa.

4.1.2 PROPRIEDADES DA ARGILA

4.2 ANÁLISES GRANULOMÉTRICAS

Os resultados das análises de tamanho de partículas granulométricas são apresentados

de forma resumida na Tabela 2.

Tabela 2. Distribuição de tamanho de partículas das argilas

Amostras <2µm % 2-20 µm % > 20µm%

Argila

Tratamento 1 14,00 78,00 2,00

Argila

Tratamento 2 25,00 72,00 5,00

A argila 01 (Tabela 2) apresentou uma distribuição granulométrica do tipo Unimodal

em que revela que as argilas são plásticas com um material predominante na faixa de 2 até 20

µm (78 e 72 % respectivamente). A fração de argila varia de 14 a 25 %.

Page 102: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

102

4.3ANÁLISE QUÍMICA POR FLUORESCÊNCIA DE RAIOS X (FRX)

Na Tabela 3 encontram-se os resultados da composição químicas das argilas nos

quatros tratamentos estando apresentadas em porcentagem de peso dos óxidos constituintes.

As massas apresentam uma composição típica de matéria prima argilosa rica em sílica e

alumina.

Tabela 3. Análise química semi-quantitativas das matérias-primas

Composição Química da massa (% em peso)

Argila SiO2 Al2O3 Fe2O3 K2O3 SO3 TiO3 CaO MgO

Tratamento

I

46.43 35.24 6.17 3,07 0.22 0,90 1.17

Tratamento

II

46,59 35.82 6.88 2.68 0.11 1.00 1,19 6.49

Os dados da Tabela 3 observar-se que o teor de óxido de silício (SiO2) das matérias-

primas apresentando um percentual de sílica dentro dos padrões permitidos do percentual

teórico da sílica na caulinita (46,54%). O percentual de alumínio das duas argilas também foi

abaixo do percentual teórico do alumínio da caulinita (39,59%), indicando que o alumínio

presente nas argilas provém da caulinita e do feldspato presentes. Este percentual tende a

aumentar a refratariedade da argila e outros minerais argilosos e não-argilosos que possuem o

silício na sua composição química. Entre as matérias-primas estudadas, apresentaram um

elevado teor de SiO2, podendo ser classificado como uma matéria-prima silicosa. O óxido de

cálcio (CaO2) tem efeito fundente moderado em temperatura de queima abaixo de 1000º C, e

aparece em todas as argilas inclusive com o maior percentual na argila do tratamento 2. Esse

óxido, geralmente, é proveniente, da calcita, dolomita e gipsita.

Observa- se também que todas as argilas se apresentaram como constituintes básicos,

óxidos de SiO2 e Al2O3 sendo consideradas equivalentes quimicamente devido a

predominância desses dois componentes, juntos são responsáveis pela refratariedade das

argilas. O baixo percentual de SiO2 pode estar associado a pequena quantidade de sílica livre

na forma de quartzo que é um agente não plástica. As argilas com alto teor de alumínio

invariavelmente apresentam a caulinita como principal argilomineral e são matérias bastante

interessante para fabricação de materiais refratários. Esta matéria-prima cerâmica apresenta

altos teores de fundentes inclusive do K2O e F2O3 o que provavelmente está associado ao

Page 103: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

103

argilomineral ilita e magnetita. Todos os tratamentos apresentaram óxido de magnésio na sua

composição.

4.4 ANÁLISE QUÍMICA POR DIFRAÇÃO DE RAIOS X (DRX)

Nas Figuras 11 e 12 é ilustrado o difratograma de raios-X obtidos para a massa das

argilas nos tratamentos 1 e 2.

Figura 11 - DRX da Argila 1 tratamento 1.

Figura 12 - DRX da Argila 2 tratamento 2.

Page 104: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

104

De acordo com as Figuras 11 e 12 vemos que a análise dos difratogramas indica que a

composição mineralogica delas é semelhante sendo dominada por minerais de argila e

quartzo, e é utilizado para diminuir a plasticidade, aumentar a permeabilidade da peça

cerâmica e controlar a retração, é proveniente, em sua maior fração, da argila não plástica. As

duas amostras apresentam picos dos argilominerais caulinita, apresentndo também reflexões

características de ilita, além dos não argilosos quartzo e feldspato. Observa-se o argilomineral

predominante, para todas as amostras estudadas, é a caulinita, evidenciados pelos seus picos

bastantes intensos e de forma bem definidos. Além da caulinita, é possível detectar picos

característicos do mineral quartzo e mica do grupo das esmectitas.

4.5 TEMPERATURA NA SUPERFÍCIE, CILINDROS E TERMOPARES NOS

FORNOS

Na Figura 13 são apresentados os valores da temperatura aferidas durante a queima e

resfriamento nos tratamentos 1 e 2, respectivamente. Nas figuras (a) e (b) são mostradas as

temperaturas na Superfície; nas figuras (c) e (d) mostram-se as temperaturas aferida nos

Cilindros; e nas Figuras (e) e (f) mostram-se as temperaturas aferidas com Termopar.

Page 105: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

105

Figura 13. Temperatura durante a queima e resfriamento: a. Superfície / tratamento 1; b.

Superfície / tratamento 2; c. Cilindros / tratamento 1; d. Cilindros / tratamento 2; e. Termopar

/ tratamento 1; f. Termopar / tratamento 2.

(a) (b)

0

100

200

300

400

500

600

700

800

0 300 600 900 1200 1500 1800 2100

Tem

pe

ratu

ra ( C

)

Tempo (minutos)

1 2 3 4 5

6 7 8 9 10

11 12 13 14 15

Queima Resfriamento

0

100

200

300

400

500

600

700

800

0 300 600 900 1200 1500 1800 2100

Tem

pe

ratu

ra ( C

)

Tempo (minutos)

1 2 3 4 5

6 7 8 9 10

11 12 13 14 15

Queima Resfriamento

(c) (d)

0

100

200

300

400

500

600

700

800

0 300 600 900 1200 1500 1800 2100

Tem

pe

ratu

ra ( C

)

Tempo (minutos)

1 2 3 4 5 6

7 8 9 10 11 12

Queima Resfriamento

0

100

200

300

400

500

600

700

800

0 300 600 900 1200 1500 1800 2100

Tem

pe

ratu

ra ( C

)

Tempo (minutos)

1 2 3 4 5 6

7 8 9 10 11 12

Queima Resfriamento

(e) (f)

0

100

200

300

400

500

600

700

800

0 300 600 900 1200 1500 1800 2100

Tem

pe

ratu

ra ( C

)

Tempo (minutos)

1 2 3 4 5

6 7 8 9 10

Queima Resfriamento

0

100

200

300

400

500

600

700

800

0 300 600 900 1200 1500 1800 2100

Tem

pe

ratu

ra ( C

)

Tempo (minutos)

1 2 3 4 5

6 7 8 9 10

Queima Resfriamento

Page 106: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

106

O tempo de queima na produção das telhas foi de 2100 min e 1800 min,

respectivamente para os tratamentos 1 e 2.

As médias das temperaturas observadas na superfície do forno durante a queima nos

tratamentos foram aproximadas a 300°C e 280°C, respectivamente. No tratamento 1

observou-se uma elevação de temperatura homogênea durante todo o processo, e mesmo na

fase de resfriamento permaneceu com baixas temperaturas abaixo, de 300°C, com apenas um

ponto observando-se temperaturas acima de 300°C, tendo a maior parte dos pontos

permanecido com temperatura sem grande oscilações. No tratamento 2, na fase de queima as

temperaturas registradas foram, na grande maioria, abaixo de 200 °C, e apenas em um ponto

ficou acima. Já na fase de resfriamento houve uma grande variação de temperatura passando

de 280°C na fase de queima para cerca de 700 °C.

Conforme podem ser observadas nas Figuras 13 c e 13 d, as temperaturas alcançadas

nos cilindros nos dois tratamentos foram semelhantes, com temperaturas próximas sem

grandes oscilações com temperaturas sempre abaixo de 300°C. As baixas temperaturas podem

ter sido influenciadas, pelo tipo de combustível utilizado na queima. Nos dois tratamentos

foram utilizadas madeira de algaroba, o que provavelmente influenciou na temperatura. Outro

fator que pode ter contribuido para a oscilação da temperatura foi a umidade e a densidade da

madeira utilizada nas queimas que foram distintas nos tratamentos. O tratamento 1 que

atingiu menores temperaturas obteve maior umidade e menor densidade na madeira, e

consequentemente essa umidade influenciou nas temperaturas alcançadas.

Observa-se que a temperatura em todos os pontos do forno foi homogênea, mas com

baixas temperaturas independentes do tratamento. Levando em conta que o calor que sai das

câmaras de combustão vai perdendo calor até chegar ao final carga, e não é distribuído de

maneira homogênea concentrando-se em alguns pontos. O que ficou evidente que as

temperaturas aferidas na fase de queima na superfície do forno foram baixas.

Nas Figuras 13 (e) e 13 (f), observa-se que as temperaturas aferidas com os termopares

no período da queima foram mais altas atingindo até 450°C, permanecendo constantes na fase

de resfriamento, com temperaturas mais homogêneas durante toda queima e resfriamento.

Nesta fase a curva de queima foi mais bem definida o que auxilia no controle da queima para

que se tenha uma curva de queima sem subidas rápidas nem muita lenta de maneira mais

precisa.

De acordo com FEAM (2012), o uso de termopares, reduz de forma significativa, o

tempo de queima e o volume de madeira utilizado como combustível. A princípio essa prática

parece ser um fator positivo para a redução no consumo energético da produção das peças

Page 107: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

107

cerâmicas, além da redução do possível passivo ambiental relacionado ao estoque atual desses

resíduos siderúrgicos. A qualidade do produto está diretamente relacionada a ela, sendo que o

aumento da produtividade e a redução do consumo específico de energia térmica coloca esse

processo como uma das etapas mais importantes do processamento cerâmico.

Na Figura 14 observam-se as temperaturas médias durante a queima e resfriamento

nos tratamentos 1 e 2.

Figura 14. Temperatura média durante a queima e resfriamento: a. tratamento 1; b. tratamento

2.

(a) (b)

0

100

200

300

400

500

600

700

800

0 300 600 900 1200 1500 1800 2100

Tem

pe

ratu

ra ( C

)

Tempo (minutos)

Superfície Canos Termopar

Queima Resfriamento

0

100

200

300

400

500

600

700

800

0 300 600 900 1200 1500 1800 2100

Tem

pe

ratu

ra ( C

)

Tempo (minutos)

Superfície Canos Termopar

Queima Resfriamento

Observa-se que na Figura 14 (a) as temperaturas médias durante a queima e o

resfriamento no Tratamento 1 foram iguais na Superfície e nos cilindros. Já as temperaturas

nos termopares são diferentes da superfície e dos cilindros, em que as médias das

temperaturas nos termopares foram maiores com um aumento gradativo sem grandes

oscilações, mostrando que houve uma curva de queima homogênea.

No tratamento 2 as temperatura foram todos diferentes na superfície, nos cilindros e

nos termopares, sendo mais heterogênea na fase resfriamento. Segundo Santos (2000), o

alinhamento e regulagem dos queimadores dos fornos também são fundamentais para uma

boa homogeneização do calor no interior do forno. Portanto, a função do estabelecimento de

curva de queima é determinar as faixas de temperatura onde o aquecimento ou resfriamento

deve ser acelerado ou retardado.

Page 108: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

108

4.6 RELAÇÃO ENTRE A DISTÂNCIA DO FIO E O TEMPO DE QUEIMA

A Figura 15 mostra a distância média em função do tempo de queima nos tratamentos

1 e 2.

Figura 15. Distância média do fio em função do tempo de queima.

y = 0,003x - 0,792R² = 0,824

y = 0,004x - 2,205R² = 0,944

0

1

2

3

4

5

6

0 500 1000 1500 2000

Dis

tân

cia

do

fio

(cm

)

Tempo (minutos)

Tratamento 1 Tratamento 2

Na Figura 15 observa-se que com o aumento do tempo o fio começa a oscilar se

distanciando da carga em todos os tratamentos. O tratamento 1 atingiu maior temperatura e

maior distância do fio para as telhas com relação ao tratamento 2.

Observar-se que quando maior o tempo maior o distanciamento do fio com a carga nos

dois tratamentos, pois com aumento da temperatura aumenta também a retração linear da

argila, já que a argila dos dois tratamentos era muito plástica.

A distância do fio entre o produto cerâmico ao final do processo deve ser próximo de 6

cm, que foi alcançada nos dois tratamento. Mas a variação da distância do fio tiveram tempos

diferenciados entre os tratamentos, o que demonstrando que o fio não deve ser de forma

genérico, e exclusivo, o único critério para finalização do processo de queimas, já que não

segue um parâmetro regular.

Com isso, dos dois instrumentos utilizados durante a pesquisa para aferições das

temperaturas o que foi considerado mais eficaz e preciso foi o método do termopar, sendo este

recomendado para leitura das temperaturas durante o processo de queima.

Page 109: estudo do perfil térmico de fornos do tipo “caipira” utilizados pelo

109

4.7 A PORCENTAGEM DA QUALIDADE DA TELHA NO FORNO CAIPIRA

Na Figura 16 observa-se a porcentagem da qualidade da telha nos dois tratamentos. .

Figura 16. Porcentagem da qualidade dos produtos no tratamento 1 e 2.

7157

30602

2501938 1212

3200

35660

1481748 1237

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Telha de

primeira

qualidade (%)

Telha de

segunda

qualidade (%)

Telha de

terceira

qualidade (%)

Quebras (%) Telhas mal

queimadas (%)

(%)

Tratamento 1 Tratamento 2

De acordo com a Figura 16 o primeiro tratamento obteve uma porcentagem de telhas

de primeira, segunda e terceira qualidade, aproximadamente em 17,4%, 74% e 0,6%

respectivamente, com 4,7 % de quebra e 2,95 % de telhas mal queimada. O segundo

tratamento obteve 9% de telhas de primeira, 88% de segunda, menos de 1% de telhas de

terceira qualidade, 3 % de telhas quebradas e 2 % de telhas mal queimadas. Nos dois

tratamentos houve uma produção maior de telhas de segunda qualidade e uma produção

abaixo de 20 % de telhas de primeira qualidade, sendo a porcentagem de telhas quebradas

bastante significativa com quase 2 mil telhas por tratamento, o que acarreta desperdício e

prejuízo na produção. E isso poderia ser evitado com um maior controle na queima. Pois

segundo Santos (2000) o calor mal distribuído resulta em peças, numa mesma fornada, cruas,

muito queimadas e boas, dependendo do posicionamento no forno. A qualidade do produto

final e o rendimento da queima em termos do aproveitamento é uma função do modo como à

queima é conduzida.

De acordo com Baccelli Junior (2010) o forno caipira tem perdas enormes na

produção e um alto consumo de madeira, com produtos de baixa qualidade. Para o Sebrae et

al, (2013), este tipo de forno tem consumo elevado de combustível e apresenta produtos de

segunda qualidade, devido principalmente a baixa pressão e às temperatura atingidas durante

o processo de queima, que por ser um forno aberto, tem uma alta perda térmica. Há grande

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perda de produtos pelo excesso de queima das primeiras camadas que tem contato com

combustão enquanto que as camadas superiores ficam cruas.

Pois de acordo com Anfacer (2012) as peça quando submetida às altas temperaturas,

adquirem rigidez e resistência, mediante a fusão de certos componentes da massa, e como a

argila utilizada apresenta uma composição com alto teor de oxido de ferro e ferro, o ponto de

fusão é menor e com peças apresentando as características exigidas pelas normas mesmo

sendo classificada de segunda qualidade.

Pode se observar que o tratamento 1 perdeu mais peso do que o tratamento 2,

perdendo aproximadamente 14 % da sua massa após a queima. Já no segundo tratamento a

perda foi de aproximadamente 11% de sua massa. O que significa que no primeiro tratamento

houve maior perda de água durante a queima.

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5. CONCLUSÕES

O forno do tipo “caipira” apresentou perfil térmico heterogêneo.

A madeira utilizada na queima de fornos caipira apresentou densidade sem

diferenças significativas entre se, umidades e consumo heterogêneo.

A argila utilizada na queima de fornos caipira apresentou uma granulometria fina,

plástica com grande retração linear quando submetidas ao fogo.

O parâmetro do fio foi significativo para todos os tratamentos, mas a variação do

tempo foi diferenciada entre os tratamentos, evidenciando que o fio não deve ser o

único critério para finalização do processo de queimas.

A qualidade da telha foi influenciada pelas temperaturas alcançadas e o tempo de

queima e qualidade da argila.

A curva de temperatura ideal, que proporciona uma melhor qualidade dos produtos

cerâmicos, foi obtido na parte central do tratamento 1, sendo assim a curva ideal

indicada, obtendo uma média de 17,4% de produto de primeira, atingindo

temperatura máxima próxima de 300 °C, na média dos termopares.

Utilizando termopares foram mais precisas as aferições do perfil térmico do forno,

sendo dessa forma esse método indicado para caracterização do perfil térmico de

forno do tipo caipira.

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REFERÊNCIAS

ANDRADE, Felipe Lira. Formiga. Caracterização de Materia Prima de Formulaçao de

Massas Cerâmicas para telha na Rgião do Seridó-RN. 2009. Tese de mestrado UFRN(Pós

graduação Engenharia mecanica). 2009. P 100.

BACCELLI JÚNIOR, Gilberto. Avaliação do processo industrial da cerâmica vermelha

na região do Seridó-RN .Tese de doutorado. Natal: UFRN(Pós Graduação Engenharia

Mecânica) 2010.p.200.

BATISTA, A. K. P. Avaliação do uso de briquetes como fonte alternativa de energia para

uma indústria cerâmica na região Seridó/RN. 2013. 69p. Monografia (Especialização em

Manejo Sustentável do Semiárido) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal,

2013.

Embrapa. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Comunicado técnico 220

Influência da Umidade no Poder Calorífico Superior da Madeira. Org. LIMA, Edson

Alves de. ABADALA, Eros Michel Abdala. WENZEL, Adalberto Aparecido Wenzel. ISSN

1517-5030 Colombo, PR Dezembro, 2008.

FEAM- Fundação Estadual do Meio Ambiente. Avaliação energética das indústrias de

cerâmica vermelha no Estado de Minas Gerais - Belo Horizonte, 2012.

NASCIMENTO, Dayene Cibele Cazer do. ALBUQUERQUE, Adriana Araújo de. SILVA,

Valdenildo Pedro da. As Pequenas Indústrias de Cerâmica Vermelha do Semi- Árido e

sua Responsabilidade Socioambiental. IV Congresso de Pesquisa e Inovação da Rede Norte

e Nordeste de Educação e Tecnologia Belém-PA.

SANTOS, Gabriel M. dos Santos. NICOLAU, Vicente de P. OLIVEIRA, Amir A. M.

Serragem e gás natural como fontes energéticas em fornos túneis na indústria cerâmica

vermelha. UFSC, Departamento de Engenharia Mecânica – 8º CONGRESSO BRASILEIRO

DE ENGENHARIA E CIÊNCIAS TÉRMICAS “ENCIT 2000” Porto Alegre, 03 – 06 de

outubro de 2000.

VITAL, B. R. Métodos de determinação de densidade da madeira. Viçosa, MG: SIF,

1984. 21 p. (Boletim Técnico, 1).

PNUD. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (2010). Atlas do

Desenvolvimento Humano. Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil.

Disponível: < http://pnud.org.br/>. Acesso 6 de agosto de 2013.

SILVA, Valdenildo Pedro da; REIS, Leci Martins Menezes; SILVA, Adriana Claudia Câmara

da Silva. (In) sustentabilidade ambiental em territórios de cerâmica vermelha: uma análise de

Carnaúba dos Dantas, Mercator , Fortaleza, v. 4, n.7, p. 83-96, jan./jul. 2005.

SHIMOYAMA, U. R. S. Variação da densidade básica e Caracteristicas Anatomicas e

Química da Madeira em Eucalyptus Spp. Escola Superior de Agricultura. Dissertação

Mestrado em Engenharia Florestal. 199º,93 p.

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113

CONCLUSÕES GERAL

O forno do tipo “caipira” apresentou perfil térmico heterogêneo.

A madeira utilizada na queima de fornos caipira apresentou densidade com valores

aproximados, umidades e consumo heterogêneo.

A argila utilizada na queima de fornos caipira apresentou uma granulometria fina,

com característica plástica.

No forno caipira verificou-se que embora para se atingir uma maior temperatura

seja necessário um maior tempo de queima, houve o encerramento do processo

antes de se atingir uma temperatura adequada à produção de telhas de primeira

qualidade.

A qualidade das telhas mostrou estar atrelada às temperaturas alcançadas, com seu

aumento gradativo, e influenciada pela umidade, densidade da madeira, o tempo de

queima e as condições atmosféricas.

O parâmetro do fio foi significativo para todos os tratamentos, mas a variação do

tempo foi diferenciada entre os tratamentos, evidenciando que o fio não deve ser o

único critério para finalização do processo de queimas.

A qualidade da telha foi influenciada pelas temperaturas alcançadas e o tempo de

queima e qualidade da argila.

A curva de temperatura ideal, que proporciona uma melhor qualidade dos produtos

cerâmicos, foi obtida na parte central.

Utilizando termopares foram mais precisas as aferições do perfil térmico do forno,

sendo dessa forma esse método indicado para caracterização do perfil térmico de

forno do tipo caipira.

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PERSPECTIVAS

Um possível aumento na espessura das paredes do forno juntamente com isolantes

poderia melhorar na eficiência térmica.

Recomendam-se alterações estruturais nos fornos como cobertura e chaminé e

inserção de grelhas para aumento na eficiência da combustão e do melhor aproveitamento

energético.

AGRADECIMENTOS

Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias/Escola Agrícola de Jundiaí-

Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Norte (FAPERN).

Cerâmica Esperança.

Laboratório de Painéis e Energia da Madeira da Universidade Federal de Viçosa.