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1 Estudo do Meio 1º ano Vale do Paraíba (Colhedores de Café, Candido Portinari, 1935) Nome: Turma: nº:

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Estudo do Meio 1º ano

Vale do Paraíba

(Colhedores de Café, Candido Portinari, 1935)

Nome: Turma: nº:

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Apresentação

“Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.

Sentir tudo de todas as maneiras.

Sentir tudo excessivamente.”

(Fernando Pessoa)

Passamos boa parte da nossa infância e adolescência na escola, sobretudo dentro

da sala de aula. Acostumamo-nos a pensar neste lugar como o único espaço destinado

ao aprendizado. Este é um grande equívoco. Aprendemos também através de experiên-

cias, sejam elas realizadas nos laboratórios da escola com a ajuda do professor, sejam

aquelas que vivenciamos em nosso cotidiano. Em outras palavras, adquirimos nessas

atividades um conhecimento que vem de uma prática, mas que tem sua dimensão teórica

também, afinal, não existe teoria sem prática e vice-versa.

Foi justamente dentro dessa perspectiva que elaboramos um Estudo do Meio na re-

gião do Vale do Paraíba. Os professores de Ciências Humanas (Geografia, História, Filo-

sofia de Atualidades) e de Língua Portuguesa, do 1º ano do Ensino Médio, escolheram

como eixo central do trabalho de campo o estudo da relação entre o homem e a natureza

na produção do espaço e das relações sociais. Entendemos que uma viagem como esta

é uma grande oportunidade para que os alunos possam desenvolver os conceitos e con-

teúdos trabalhados em sala, a partir de práticas interdisciplinares e fora do ambiente es-

colar.

Por isso a preocupação em elaborar um caderno como este, que contenha as diver-

sas etapas necessárias para a realização de um Estudo do Meio. Cada uma destas eta-

pas irá resultar em uma produção que busque sintetizar o conhecimento e as experiências

adquiridas pelos alunos. Tais produções serão publicadas em uma plataforma digital no

intuito de compartilhar todo o processo educativo inerente de um Estudo do Meio.

Tal estudo começa muito antes do embarque no ônibus, por meio do que chamamos

de pré-campo. Nosso objetivo com as atividades de pré-campo – presentes na primeira

parte deste caderno – é prepará-lo para os trabalhos que serão realizados no Estudo do

Meio, familiarizando-o com as principais características do Vale do Paraíba hoje, assim

como o seu histórico de uso e ocupação.

A segunda parte deste caderno contém os roteiros de observação de cada local que

iremos visitar. Nosso objetivo é orientar o olhar do aluno a certos aspectos que conside-

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ramos importantes de serem observados, bem como estimular sua curiosidade acerca

destes locais.

Por fim, na ultima parte, há as instruções para a elaboração do trabalho de pós-

campo, que consiste na produção de um vídeo e de uma sinopse. Este trabalho deve ser

entendido como um momento de síntese, não só das informações colhidas durante o pré-

campo e o campo, mas também das experiências vivenciadas ao longo de todo o Estudo

do Meio. Por isso a escolha de uma linguagem – áudio-visual – que permita aos alunos

exercitarem sua capacidade criativa e de síntese.

Ao fim e ao cabo, temos como intuito ao propor as atividades neste caderno propici-

ar, através do Estudo do Meio, experiências que permitam a eles colocar em prática os

conhecimentos aprendidos na sala e aula, despertando assim a sua curiosidade em rela-

ção a realidade que o cerca.

Boa leitura e bom trabalho!

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Parte 1 - Orientações Gerais

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1.1. Informações

Uma viagem de Estudo do Meio nos oferece uma ótima oportunidade de convivência com colegas, professores e monitores. Isso exige respeito mútuo. Além disso, como em qualquer viagem, é preciso pensar na segurança em termos individuais e em relação ao grupo.

Conheceremos não só lugares, mas também moradores e trabalhadores locais. Essa interação exige atitudes de respeito em relação ao espaço físico e aos diferentes hábitos e costumes dessa população.

É por tudo isso que alguns princípios básicos de organização, cooperação e respeito deverão nortear nossas ações desde o momento da partida até o retorno da viagem.

Regras de convivência, de trabalho e de segurança

• Respeitar os colegas, professores, monitores e trabalhadores dos locais visitados.

1) Manter os espaços comuns (ônibus, quartos e outros) organizados, limpos e sem qualquer dano.

2) Respeitar a privacidade de cada um. O quarto é um espaço que deverá ser frequentado apenas por seus ocupantes.

a. Ouvir com atenção as instruções dos professores e monitores.

b. Cumprir todas as atividades no tempo planejado para tal.

3) Respeitar horários e outros combinados feitos durante a viagem.

4) Respeitar as normas estabelecidas pelo hotel e aquelas de todos os outros locais que serão visitados.

5) Não fazer uso do celular em qualquer das etapas de trabalho; o uso é livre somente no período de descanso.

• Não colocar em risco sua própria segurança nem a dos demais colegas.

• Não portar ou consumir bebidas alcoólicas ou drogas ilícitas.

• Se for necessário tomar algum medicamento, deve-se comunicar o fato previamente à Coordenação.

• Manter-se sempre junto ao grupo.

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Importante :

• Todos os alunos devem portar documento de identidade original ao longo de toda a viagem.

• Qualquer desrespeito às regras será avaliado pelos professores e pela Coordenação. Caso o desrespeito seja considerado grave, o (a) aluno (a) deverá voltar para São Caetano do Sul.

Recomendações do material/vestuário indispensável p ara a viagem:

• Roupas e calçados confortáveis e apropriados para caminhadas;

• Calças, camisetas, shorts, bermudas etc.;

• Óculos de sol, chapéu ou boné; • Repelente;

• Capa de chuva; • Recipiente para água;

• Protetor solar; • Agasalhos;

• Materiais de Higiene Pessoal; • Roupa de banho;

• Sandálias, meias e tênis; • Mochila pequena (para usar durante as visitas);

• Toalhas; • Máquina fotográfica;

• Estojo com material para anotação;

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1.2 – Roteiro do Estudo do Meio

Data: de 28/04/2014 a 30/04/2014

Dia/ horário

28 de Abril

Segunda-feira

29 de Abril

Terça-feira

30 de Abril

Quarta-feira

Manhã

Saída da Escola Café da Manhã Café da Manhã

Visita à fazenda Pau D’Alho

Visita à fazenda Resgate

Visita a Indústria Maxion

Almoço Almoço Almoço

Tarde

Visita à cidade de São José do Barreiro

Visita à cidade de Bananal

Retorno para São Paulo Chegada e

acomodação no Hotel Chegada ao Hotel

Jantar Jantar

Noite Reunião e fechamento das atividades do dia

Apresentação do grupo de Jongo

Reunião e fechamento das atividades do dia

Chegada em São Paulo

1.3 – Atividades do Estudo do Meio e a plataforma digital

Para realizar as atividades propostas no Estudo do Meio os alunos devem:

1) Formar grupos de 3 alunos;

2) Criar um blog na plataforma Wordpress (http://pt-br.wordpress.com/) com o se-guinte título: Estudo do Meio Villare 1EM 2014– Grupo X;

3) Publicar os textos no seguinte padrão de formatação: Fonte Arial, 12, espaça-mento 1,5, justificado;

4) Publicar nas datas indicadas cada um dos trabalhos solicitados;

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Parte 2 – Pré-Campo

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2.1. Textos de Apoio

a) Contexto histórico

O Brasil no século XIX

O século XIX pode ser considerado um dos períodos mais importantes da História

do país. Do ponto de vista político temos, por exemplo, a Proclamação da Independência

em 1822, pondo fim a mais de 300 anos de subordinação à monarquia portuguesa e à

proclamação da República em 1889, instituindo um novo regime político e substituindo a

monarquia como forma de governo.

No campo econômico ocorrem também importantes transformações. O café se tor-

na, a partir de 1850, o principal produto de exportação brasileiro, superando outros produ-

tos como o açúcar e o algodão. O deslocamento do eixo econômico da região Nordeste

para a região Sudeste se consolida. São aprovadas nesse período duas importantes leis,

o fim do tráfico de escravos e a Lei de Terras, que instituía a propriedade privada da terra.

Em 1888, a escravidão finalmente é abolida e a imigração de trabalhadores europeus pa-

ra suprir a falta de mão-de-obra nas lavouras de café se intensifica.

Como se pode notar são muitas as mudanças que ocorreram na sociedade brasilei-

ra no decorrer deste século. Seria impossível descrever todas elas, por isso optamos nes-

te texto, por enfatizar os principais elementos que compõem o contexto histórico no qual

se insere a ocupação da região do Vale do Paraíba, objeto de nosso Estudo do Meio.

O 2º Reinado (1840 – 1889)

Após quase uma década de disputas políticas entre as elites brasileiras e de revol-

tas provinciais contra o governo regencial, o poder imperial foi restabelecido com o Golpe

da Maioridade e D. Pedro II foi coroado imperador do Brasil em 1840. Esse é o marco ini-

cial do período conhecido por 2º Reinado e que se estende até 1889, ano da Proclama-

ção da República. De maneira geral, esse período é marcado pela centralização do poder

nas mãos do imperador através da utilização do Poder Moderador1 e da manipulação dos

1 O Poder Moderador foi criado na Constituição de 1824. Ele era exercido apenas pelo imperador e permitia que ele interferisse nos demais poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.

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grupos políticos que faziam parte da política brasileira da época, Liberais e Conservado-

res.

Uma das principais questões que marcaram esse período foi a discussão sobre o

fim do tráfico de escravos e da própria escravidão. Desde o período colonial o escravo

africano era utilizado como mão-de-obra, principalmente nas atividades agrícolas como a

produção de açúcar ou nas lavouras de café. Porém, a partir das primeiras décadas do

século XIX a Inglaterra começou a pressionar o Brasil a interromper o tráfico de escravos.

Essa pressão aumentou a partir da década de 1840, quando a marinha inglesa passou a

atacar navios negreiros em alto mar. Sem conseguir reagir a essa pressão, o governo

brasileiro decretou o fim do tráfico de escravos em 1850 .

Mas qual o impacto dessa medida? Como veremos adiante, o fim do tráfico de es-

cravo coincide com um momento de crescimento econômico devido à expansão da pro-

dução de café na região Sudeste. O fim do comércio de escravos interrompeu o abaste-

cimento de mão-de-obra para essas regiões, criando um problema sério para o desenvol-

vimento da lavoura cafeeira. A solução encontrada a longo prazo foi a substituição do tra-

balho escravo pelo trabalho livre e assalariado. Na segunda metade do século XIX o go-

verno brasileiro, atendendo às necessidades dos grandes cafeicultores, começou a incen-

tivar a imigração de trabalhadores europeus para o Brasil.

Mas como garantir que esses trabalhadores se sujeitassem a trabalhar nas lavou-

ras de café? Em 1850, junto com a proibição do tráfico de escravos, foi criada a Lei de

Terras , que estabelecia a propriedade privada da terra. A partir daquele momento a terra

se tornava uma mercadoria e só era considerado dono aquele que possuísse a escritura

dela. Os grandes senhores de terra foram automaticamente transformados em proprietá-

rios e as demais terras como pertencentes ao governo. Essa lei impediu o acesso à terra

aos trabalhadores imigrantes, pobres em sua maioria, e aos negros alforriados.

O fim do tráfico de escravos também despertou a discussão sobre a continuidade

da própria escravidão. A partir da década de 1870, ganharam força dentro da sociedade

brasileira as ideias abolicionistas. Em 1888 a escravidão foi finalmente abolida pela cha-

mada Lei Áurea . Este foi um dos últimos grandes atos do governo imperial. Isolado politi-

camente e sem o apoio da principal elite econômica da época, os produtores de café, o

imperador D. Pedro II foi deposto em 1889 pelas forças armadas e a República instituída

no país.

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O Café

Durante todo o 2º Reinado e nas três primeiras décadas do século XX, o café foi o

principal produto de exportação brasileiro. Não há como compreender a História do país

nesse período sem levar em conta as transformações econômicas decorrentes da planta-

ção em larga escala desse produto.

As primeiras mudas de café foram trazidas para o Brasil em 1727 da Guiana Fran-

cesa e plantadas no Estado do Grão-Pará (região Norte). Entretanto, até o início do sécu-

lo XIX ele era utilizado basicamente como planta ornamental. Foi no entorno da cidade do

Rio de Janeiro, então capital do Império, que o café começou a ser plantado em larga es-

cala e com fins comerciais. No decorrer desse século a exportação de café foi crescendo,

superando outros produtos como o açúcar e o algodão. Em 1820 o café representava

apenas 20% das exportações brasileiras, em 1850 passou para 40% e em 1890 para

60%.

Paralelamente ao aumento das exportações de café, temos uma expansão das

áreas destinadas a essa lavoura. Do Rio de Janeiro, ela se expandiu em direção ao esta-

do de São Paulo, através do Vale do Paraíba, e de lá para o Oeste Paulista (Sorocaba,

Jundiaí, Campinas). Contudo, a expansão da cafeicultura em direção ao Oeste Paulista

criou um problema. Como transportar o café de maneira rápida e segura até um porto pa-

ra que fosse exportado?

A opção mais próxima era o porto de Santos, entretanto, o transporte em tropas de

burros pela Serra do Mar era considerado lento e dispendioso. Para superar tais obstácu-

los ao desenvolvimento da cafeicultura, optou-se pela construção de uma estrada de ferro

ligando as áreas produtoras ao porto de Santos.

A tecnologia empregada

na construção das estradas de

ferro foi desenvolvida no início

do século XIX na Inglaterra –

dentro do contexto da Revolu-

ção Industrial – com o objetivo

de facilitar o escoamento da

produção fabril. No Brasil, a

primeira ferrovia foi construída

entre os anos de 1852 e 1854

no Rio de Janeiro pelo Barão

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de Mauá2. Entretanto, foi no estado de São Paulo, ligado à produção cafeeira, que se

construiu a maior parte das estradas de ferro.

Em 1859 foi criada em Londres (Inglaterra) a The San Paulo Brazilian Railway Ltd.

(ou São Paulo Railway – SPR), com capital majoritariamente inglês e tendo como objeti-

vo a construção da primeira linha férrea no estado, ligando o porto de Santos à zona ca-

feeira no interior paulista. O projeto inicial previa a construção da linha férrea até a cidade

de Campinas, mas as dificuldades em superar a barreira natural da Serra do Mar fizeram

com que a Companhia inaugurasse, em 1867, a estrada de ferro somente até Jundiaí.

O trecho até Campinas seria construído posteriormente por outra empresa, a Com-

panhia Paulista de Estradas de Ferro, formada através de investimentos dos cafeicultores

paulistas. A partir daí a expansão da malha ferroviária em São Paulo estaria diretamente

ligada à expansão da lavoura cafeeira, a tal ponto de ser chamada de ferrovia “cata-café”.

Nos mesmos moldes da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, foram criadas, ainda

no século XIX, a Companhia Mogiana, a Companhia Sorocabana e a Companhia Ituana.

O Vale do Paraíba

Como vimos, a primeira região a ter um papel de destaque na produção de café

dentro do Estado de São Paulo foi a do Vale do Paraíba. Porém a história dessa região,

da ocupação dessa área, remete a um período anterior à cafeicultura. Os primeiros nú-

cleos urbanos no Vale do Paraíba surgiram em decorrência do tráfego intenso de tropei-

ros oriundos das regiões mineradoras3 em direção aos portos de escoamento de ouro,

como Ubatuba e Parati, ou no sentido inverso.

Porém a ocupação de fato da região e seu desenvolvimento esteve ligado à produ-

ção açucareira. A partir de 1776 é possível verificar o aumento do número de fazendas

ligadas ao cultivo de cana-de-açúcar e da construção de engenhos para o processamento

da cana em açúcar, cachaça e melaço. Tal atividade econômica estruturou-se a partir do

velho modelo colonial, baseado na grande propriedade e no trabalho escravo.

O desenvolvimento econômico propiciado pela produção de açúcar levou à forma-

ção de novos centros urbanos e o crescimento dos já existentes. Foram fundadas nessa

época, ou experimentaram um grande desenvolvimento, cidades como Sorocaba, Piraci-

2 Irineu Evangelista de Souza (1813 - 1889), também conhecido pelo título de Barão de Mauá. Foi o empre-sário mais importante do 2º Reinado. Associado ao capital inglês, investiu em diversos ramos da economia, de empresas de navegação a vapor e iluminação a gás até sistema bancário. 3 Principalmente da região de Minas Gerais.

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caba, Mogi-Guaçu, Jundiaí e Bananal. Outra consequência desse processo é a formação

de uma elite econômica latifundiária e escravocrata.

A lavoura cafeeira é introduzida na região somente no início do século XIX, como

resultado da expansão da produção de café oriunda do Rio de Janeiro. Aos poucos o café

vai substituindo as plantações de cana. A produção de açúcar não chega a desaparecer,

mas se torna secundária dentro da economia da região.

Nas primeiras décadas do século

XIX a região do Vale do Paraíba viveu

seu auge com a produção de café. Tal

atividade econômica caracterizou-se

pela manutenção de uma estrutura fun-

diária baseada em latifúndios e na utili-

zação de mão-de-obra escrava. A safra

era levada até o Rio de Janeiro em tro-

pas de burro e de lá exportadas para os

EUA e para a Europa.

Porém, a partir de 1870, a produção de café na região entrou em declínio devido ao

esgotamento dos solos e a escassez de mão-de-obra decorrente do fim do tráfico negrei-

ro. Esse processo foi acompanhado pelo desenvolvimento de plantações em outra região,

o Oeste Paulista. Diversos fatores contribuíram para isso, entre eles a abundância de ter-

ras e a qualidade do solo4. Em muitos aspectos a produção cafeeira do Oeste Paulista

distinguia-se da levada a cabo anteriormente. O trabalho escravo foi substituído pelo tra-

balho livre, composto em sua maioria por trabalhadores imigrantes vindos da Europa. Há

uma ocupação racional do solo e o investimento em novas tecnologias com o objetivo de

maximizar os lucros. Em suma, a plantação de café nessa região se dá dentro da lógica

capitalista de produção.

4 Nesta região, devido à intrusão de magma, formou-se um tipo de solo muito rico em minerais denominado popularmente por terra roxa.

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b) Aspectos geográficos

O vale do Paraíba esta relacionado à bacia do rio Paraíba do Sul, que se estende por

territórios pertencentes a três estados da Região Sudeste: São Paulo, Rio de Janeiro e

Minas Gerais. A parte paulista da bacia está localizada entre as coordenadas 22º24' e

23º39' de latitude Sul e 44º10' e 46º26' de longitude Oeste, abrangendo uma área de dre-

nagem de 13.605 km². O rio Paraíba do Sul é formado pela confluência dos rios Paraitin-

ga e Paraibuna, que têm seus cursos orientados na direção Sudoeste, ao longo dos con-

trafortes interiores da Serra do Mar.

Geomorfologia

O rio Paraíba corre pelo fundo de uma depressão tectônica situada ao longo da base

da Mantiqueira, com a qual está geomorfologicamente relacionado. A origem do vale

prende-se aos episódios tectônicos que originaram as serras do Mar e da Mantiqueira.

Em conjunto, a serra da Mantiqueira forma o segundo degrau do planalto brasileiro. Ca-

racteriza-se por uma imponente escarpa voltada para o vale do Paraíba, cujos desníveis

excedem a 2000m. Seu trecho mais contínuo e expressivo é aquele que forma a escarpa

situada ao longo do médio Paraíba.

Essa região foi alçada à altitude atual por movimentos epirogenéticos que deram ori-

gem a um sistema de falhas. Os rios locais adaptaram-se à direção geral das falhas e fra-

turas, erodindo as rochas menos resistentes e atravessando os leitos rochosos mais

compactos por gargantas apertadas. Na Mantiqueira, as rochas intrusivas formam um

enorme bloco montanhoso, o maciço do Itatiaia, que, no seu ponto culminante, Agulhas

Negras, atinge 2.787m de altitude. A região de Campos do Jordão a Mantiqueira apresen-

ta traços peculiares, tanto com relação ao relevo, como em relação à paisagem botânica.

Trata-se de um largo bloco de grandes ondulações maciças, situadas entre 1700 e

2000m, constituindo o corpo principal da Mantiqueira, ligeiramente basculhado para o nor-

te e nordeste e festonado pelas cabeceiras dos pequenos cursos d'água pertencentes à

drenagem dos rios Buquira e Jaguari e Sapucaí-Mirim, adaptados à direção geral dos

gnaisses regionais. São vales maduros, dominados por elevações de encostas suaves e

vegetação de campos.

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Clima

A região Sudeste é aquela que, em todo o Brasil, destaca-se por apresentar maior di-

versificação climática, considerando-se o regime das temperaturas. Estando localizada na

zona tropical, bem perto do trópico de capricórnio, a região está submetida à forte radia-

ção solar, o que, por sua vez, favorece a evaporação das enormes massas líquidas pre-

sentes. A evaporação acentuada e a posterior condensação provocam chuvas mais ou

menos frequentes. Por outro lado, o relevo local apresenta os maiores contrastes morfo-

lógicos do Brasil: entre altas superfícies cristalinas e sedimentares, ocorre o amplo vale

do Paraíba.

Este é um fator que favorece as precipitações, uma vez que ele atua no sentido de

aumentar a turbulência do ar. Na maior parte da região, o clima pode ser considerado

subtropical quente, com verões chuvosos e invernos secos. A temperatura média anual

situa-se acima de 21º, sendo a média anual de umidade relativa do ar superior a 70%. O

efeito orográfico é determinante para a gênese das chuvas na região. A razão para a

ocorrência de maiores valores e maiores diferenças na região da Serra do Mar é que,

além do efeito orográfico, há a penetração de ar úmido proveniente do oceano. A região

plana situada entre as duas serras, e conhecida como Vale do Paraíba, possui os mais

baixos índices de precipitação da bacia, oscilando entre 1.200 e 1.300mm, apresentando

distribuição bastante uniforme. Nas proximidades das cidades de Paraibuna e Santa

Branca, encontram-se os menores valores de totais anuais (1.200mm). Em direção à Ser-

ra da Bocaina, já nas proximidades da divisa com o Estado do Rio de Janeiro, observa-se

um aumento dos totais médios anuais, ocorrendo valores superiores a 500mm. Contudo,

a ausência de dados nessa região impossibilita a identificação precisa de um provável

núcleo de chuva associado a essa serra.

Vegetação

Em meio bastante diversificado no que se refere a clima, relevo e solo, a região em es-

tudo apresenta cobertura vegetal variada. O relevo contribui de forma evidente: as escar-

pas de serras, interpondo-se à circulação das massas úmidas, condicionam a vegetação.

Trata-se de uma formação intermediária entre as formações florestais perenes de encosta

e formações não florestais do interior. Na encosta ocidental da Serra do Mar, a existência

de um clima semi-úmido, com estação seca bem marcada, condiciona a periodicidade de

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sua vida vegetativa, que é caracterizada pela perda de folhas durante a estação seca. A

estrutura dessa floresta é variável e mal conhecida, pois em sua quase totalidade, foi de-

vastada para dar lugar à agricultura que, em muitas áreas, foi substituída por pastagens,

tão logo as terras diminuíram sua fertilidade. Sabe-se que é uma floresta permeável à luz

solar, o que favorece o aparecimento de estratos inferiores.

Convém ressaltar que a região em estudo constitui-se numa das mais devastadas do

País desde os primórdios da colonização, carecendo, pois, de enérgicas medidas de con-

servação para o pouco que ainda existe e também de um reflorestamento conveniente,

quer com espécies nativas, quer exóticas.

Panorama geoeconômico do Vale do Paraíba Paulista 5

Durante o século XIX, a região do Vale do Paraíba era um dos principais pólos da

economia cafeeira do País. Entretanto, no início do século XX, as cidades pareciam cami-

nhar para o ostracismo, descrito por Monteiro Lobato em seu texto “Cidades Mortas”. Na

segunda metade do século XX, principalmente a partir da década de 60, a região, puxada

por algumas cidades, tornou-se um dos principais centros industriais do País.

Alguns fatores foram decisivos para o crescimento industrial da região. Entre os

principais destacam-se a construção da Usina Siderúrgica de Volta Redonda, a inaugura-

ção da rodovia Presidente Dutra e a criação de novos centros de desenvolvimento e tec-

nologia, principalmente em São José dos Campos.

Durante a década de 1950, o vale do Paraíba paulista recebeu vultosos investimen-

tos, tanto estatais quanto das empresas privadas multinacionais. Esses investimentos es-

tavam concentrados em duas grandes cidades: São José dos Campos e Taubaté. Em

São José dos Campos, instalaram-se as empresas Rodhia (1946), o Instituto Tecnológico

de Aeronáutica - ITA (1950), a companhia Johnson & Johnson (1953), a Ericsson (1954) e

a Tecelagem e Fiação Kanebo (1956). Em Taubaté, o destaque foi aIQT – Indústrias

Químicas de Taubaté (1954).

É importante destacar que o crescimento e o desenvolvimento econômico de uma

região depende da atuação política dos governos, principalmente dos governos estaduais.

Com a região do vale do Paraíba não foi diferente, o governo do Estado de São Paulo à

5 Adaptado de VIEIRA, Edson Trajano. Industrialização e Políticas de Desenvolvimento Regional: O Vale do Paraíba Paulista na segunda metade do século XX. III Conferência Internacional em História Econômica & V Encontro de Pós-graduação em História Econômica em Brasília, 23 e 24 de setembro de 2010.

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época contribui com políticas de incentivos fiscais e promoção de infraestrutura urbana

para atrair os investimentos industriais.

Estudos econômicos realizados pelo governo do Estado indicaram um problema

comum às regiões que se industrializam rapidamente: a concentração espacial dos inves-

timentos. Não é por acaso que São José dos Campos e Taubaté são os municípios mais

ricos da região, justamente porque concentraram essas atividades econômicas. O desafio

do governo é promover a descentralização desse crescimento, a fim de possibilitar o de-

senvolvimento integrado.

As microrregiões do Vale do Paraíba

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE – dividiu a região do Vale

em regiões menores, as microrregiões. Toda a regionalização oficial tem por objetivo o

planejamento econômico da administração pública. O Estado de São Paulo tem 63 mi-

crorregiões, e o Vale do Paraíba conta com seis delas: São José dos Campos, Bananal,

Campos do Jordão,Guaratinguetá, Paraibuna/Paraitinga e Caraguatatuba. O mapa a se-

guir apresenta essas microrregiões.

IBGE

A microrregião mais rica da macrorregião do Vale do Paraíba é a de São José dos

Campos , onde estão localizados os grandes municípios da região. Apresenta uma forte

concentração espacial da renda, puxada pela atividade industrial. Nessa região, estão

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instaladas grandes empresas multinacionais, que provocam um grande crescimento eco-

nômico, inclusive nas atividades terciárias de serviços e comércio.

O sucesso econômico passou pela inauguração de empresas como os centros de

pesquisa em São José dos Campos, a General Motors (1958), Instituto Nacional de Pes-

quisas espaciais - INPE(1961), Embraer (1969) e REVAP – Petrobrás (1980); em Taubaté

com a mecânica pesada (1957), Ford (1975) e Volkswagen (1976) e em Pindamonhanga-

ba com a Confab (1974), a Alcan (1977) e a Villares (1980).

A microrregião de Bananal é formada por municípios ainda com uma atividade

agrícola de subsistência relevante. Foram as cidades mais ricas no vale do Paraíba du-

rante o ciclo do café, mas não conseguiram manter essa posição, exceto no processo de

industrialização, na segunda metade do século XIX. Essas cidades foram caracterizadas

como “Cidades Mortas”, por Monteiro Lobato, em razão da decadência dessa região após

o ciclo do café.

Após a construção da Rodovia Presidente Dutra, em 1951, foi reduzido o movimen-

to da Estrada dos Tropeiros (antiga ligação entre São Paulo e Rio de Janeiro) que corta

várias pequenas cidades como Silveiras, Areias, São José do Barreiro e Bananal, isolan-

do ainda mais esses municípios.

A microrregião de Campos do Jordão é formada por municípios ainda com forte

atividade agropecuária de subsistência. Em meados do século XX, foi importante centro

de tratamento de tuberculosos devido ao clima ameno da região serrana. Atualmente, seu

crescimento econômico é puxado pela atividade de turismo, com destaque para a cidade

de Campos do Jordão. Os problemas de infraestrutura, consequência da ocupação e

desmatamento nas regiões de serras, estão cada vez mais graves com o problema das

encostas dos morros.

Campos do Jordão, também conhecida como a “Suíça Brasileira”, passa pelo cres-

cimento formando um núcleo urbano com cerca de 47.000 habitantes. O crescimento do

núcleo urbano consolidou algumas das características de seus padrões de ocupação, ba-

sicamente a expansão da mancha urbana e o adensamento dos bairros de padrão mais

baixo em áreas de declividades altas, muitas vezes distantes do núcleo urbano, resultan-

do em problemas ambientais gerados por desmatamentos e por movimentos de terra. Os

bairros de padrão mais baixo ocupam as encostas de declividades altas, a partir dos fun-

dos de vale. O adensamento desta ocupação é feito pela remoção da cobertura vegetal e

pela execução de cortes e aterros em terrenos com predisposição a escorregamentos.

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A microrregião de Guaratinguetá teve um bom desempenho econômico durante o

ciclo do café e conta com várias atividades industriais. Nas últimas duas décadas, tem

sido transformada em um grande centro de turismo religioso, com destaque para as cida-

des de Aparecida (Basílica Nacional de Aparecida, já centenária), Cachoeira Paulista e,

mais recentemente, Guaratinguetá (com o primeiro santo brasileiro, Frei Galvão). É a se-

gunda microrregião mais rica da região, mas apresentou, nas últimas três décadas do sé-

culo XX, baixos indicadores de evolução econômica.

A microrregião de Paraibuna/Paraitinga é formada por pequenos municípios situ-

ados no entorno da represa formada pelos rios Paraitinga e Paraibuna, que dão origem ao

rio Paraíba do Sul. Esses municípios contam com uma economia agropecuária de subsis-

tência e com poucas atividades industriais e de serviços, exceto o município de Jambeiro,

que recebeu, na década de 1990, muitas indústrias, as quais estão situadas ao longo da

Rodovia dos Tamoios. A construção da RepresaParaibuna/Paraitinga, no início da década

de 1970, alagou as melhores terras para a atividade agrícola de municípios da região,

principalmente em Natividade da Serra e Redenção da Serra.

Embora não pertença fisicamente ao Vale do Paraíba, a microrregião de Caragua-

tatuba foi incluída pelo IBGE para fins de análise econômica. A microrregião é formada

pelos quatro municípios do litoral Norte paulista, que tem como atividade econômica prin-

cipal o turismo litorâneo. Nos últimos anos, têm crescido as atividades portuárias no mu-

nicípio de São Sebastião, devido à instalação, ali, do terminal da Petrobrás. Com isso,

ocorreu um forte crescimento do PIB da região. Essas cidades ainda apresentam graves

problemas sociais em decorrência do elevado crescimento populacional, entretanto a si-

tuação não foi resolvida, mesmo já sendo diagnosticada na década de 1970. Ainda po-

demos destacar que, mesmo com a elevada circulação da riqueza do turismo, ainda não

foi possível promover o desenvolvimento local, pois essas ações na sua grande maioria

não estão integradas a projetos de desenvolvimento local.

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c) Aspectos linguísticos

As linguagens da língua

A língua é uma das realidades mais fantásticas da nossa vida. Ela está presente

em todas as nossas atividades; nós vivemos entrelaçados (às vezes soterrados!) pelas

palavras; elas estabelecem todas as nossas relações e nossos limites, dizem ou tentam

dizer quem somos, quem são os outros, onde estamos, o que vamos fazer, o que fize-

mos. Nossos sonhos são povoados por palavras. Os outros se (e nos) definem por pala-

vras, todas as nossas emoções e sentimentos se revestem de palavras. O mundo inteiro

é uma magnífica e gigantesca sala de “bate-papo”, de chefes de Estado negociando a paz

mundial às primeiras sílabas de uma criança em alguma vila, no Brasil, na África ou no

Oriente. É pela linguagem, afinal, que somos indivíduos únicos: somos o que somos de-

pois de um processo de conquista da nossa palavra, afirmada no meio de milhares de

outras e com elas compostas. Ou seja: a língua é algo real no nosso cotidiano e, a primei-

ra coisa que devemos fazer ao pensar sua realidade, é separá-la em duas categorias bá-

sicas: língua escrita e língua falada. Além disso, precisamos ter em mente que a realiza-

ção primeira da língua é a fala, tanto na história da humanidade quanto na nossa história

pessoal. Isto é: a escrita surgiu depois, e fundamentada na realidade da fala.

Para dar início às reflexões que nos interessam nesse momento, de trabalho Pré-

campo, observe os seguintes exemplos de fala (desconsidere as inadequações de grafia):

6) Eu conheço eles dês que a gente era colega de colégio.

7) Eu o conheço desde o tempo em que éramos colegas no colégio.

8) O sinhô vai armoçá agorinha memo? Não faiz mar, nóis vórta despois.

9) O senhor vai almoçá nessi momentu? Não faz mal, nóis voltamu depois.

10) Comprei um pacótchi di lêitchi.

11) Comprei um pacotE dE leitE.

São enunciados bastante diversos, concorda? Não apenas pelas informações veicula-

das, mas também quanto às formas empregadas – nas diferenças de sons, principalmen-

te. De qualquer forma, são somente uns poucos exemplos. Se saíssemos à rua com um

gravador na mão, coletando amostras de como as pessoas realmente falam no dia-a-dia,

passaríamos o resto da vida juntando material sem jamais esgotar a variedade da língua

portuguesa. Ora, temos aqui uma palavra-chave para qualquer compreensão da língua, o

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ponto de partida de nosso estudo: a variedade. Isso porque uma língua é um conjunto de

variedades. Em geral, pela própria orientação tradicional da escola e do ensino da escrita,

temos uma tendência a imaginar a realidade da língua como alguma coisa homogênea,

fixa, profundamente uniforme quando, na realidade, observamos o inverso disso ao fo-

carmos nossa atenção na oralidade, ou seja: na língua falada – a língua real que vivemos

todos os dias. Todavia, essa variação toda não é algo aleatório e sem base de realização.

Isso porque, tecnicamente, essas variedades da língua são divididas em quatro tipos bá-

sicos:

a) Diferenças sintáticas: aquelas que decorrem da ordem das palavras na fala (ele me

disse X ele disse-me) ou de diferentes modos de realizar a concordância verbal (tu

querias X tu queria ou nós estávamos X nós estava);

b) Diferenças morfológicas: aquelas que decorrem da forma da palavra, tomada indivi-

dualmente (vamos X vamo);

c) Diferenças lexicais: diferentes nomes para o mesmo objeto (pipa X raia X papagaio);

d) Diferenças fonéticas: pronúncias diferentes da mesma unidade sonora sem distinção

de significação (poRta, com “erre” aspirado X porta, com o “erre” dito “caipira”.

Mas, que fatores determinam essa variedade? Isto é: por que as pessoas falam mais

ou menos diferente umas das outras? Considerando apenas os exemplos acima, pode-

mos enumerar algumas razões. Veja:

a) A região de origem ou moradia do falante : Esse aspecto talvez seja o mais imedia-

tamente compreensível de todos. Cada região do país tem um conjunto mais ou me-

nos homogêneo de características fonéticas (relativas ao som), um “sotaque” próprio

que dá traços distintivos ao falante nativo, um sotaque que, em geral, passa a ser sua

marca mesmo quando ele não vive mais na sua região de origem. Você consegue

pensar em algumas diferenças de região quanto a:

● Pronúncia de uma mesma palavra?

● Nomes diferentes para um mesmo objeto?

b) O nível social do falante, sua escolaridade e re lação com a escrita : Esse é outro

aspecto fundamental na distinção das variedades, e em geral independe dos sota-

ques regionais. Aqui as distinções tocam diretamente algumas formas da língua re-

produzidas pela escola e sustentadas na escrita, como alguns pontos de concordân-

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cia verbal (nós vamos X nós vai) ou emprego de alguns termos estigmatizados (me-

nos X menas). Você consegue pensar em mais algum exemplo dessa variação?

c) A situação da fala : Todo o conjunto das circunstâncias que cercam o momento da

enunciação. O mesmo falante empregará variedades diferentes da língua dependen-

do de onde ele está (na sala de aula, em casa, no shopping...) e com quem está: os

pais, os professores, os amigos ou um desconhecido na rua... Também falará de

acordo com sua intenção (dar uma ordem, convencer alguém, ensinar algum proce-

dimento...). Enfim, as possibilidades de diversificação são tão diversas quanto a pró-

pria atividade humana o é.

Para finalizar (por enquanto...)

Em decorrência das relações humanas e da vida em sociedade, pode-se dizer que

as variedades mantêm uma relação de valor (hierarquia) umas com as outras. Por razões

sociais e históricas, algumas variedades são consideradas “boas” (recebem o nome de

variedade ou língua padrão) e outras são consideradas “ruins”, no sentido de “estraga-

rem” o português. Essas relações deram origem ao que se chama, didaticamente falando,

de “Preconceito Linguístico” - um assunto bastante polêmico.

d) Textos literários:

Cidades Mortas (1906)

A quem em nossa terra percorre tais e tais zonas, vivas outrora, hoje mortas, ora em

via disso, tolhidas de insanável caquexia, uma verdade, que é um desconsolo, ressurge

de tantas ruínas: nosso progresso é nômade e sujeito a paralisias súbitas. Radica-se mal.

Conjugado a um grupo de fatores sempre os mesmos, reflui com eles duma região para

outra. Nilo emite peão. Progresso de cigano, vive acampado. Emigra, deixando atrás de si

um rastilho de taperas.

A uberdade nativa do solo é o fator que o condiciona. Mal a uberdade se esvai, pela

reiterada sucção de uma seiva não recomposta, como no velho mundo, pelo adubo, o de-

senvolvimento da zona esmorece, foge dela o capital — e com ele os homens fortes, ap-

tos para o trabalho. E lentamente cai a tapera nas almas e nas coisas.

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Em São Paulo temos perfeito exemplo disso na depressão profunda que entorpece

boa parte do chamado Norte.

Ali tudo foi, nada é. Não se conjugam verbos no presente. Tudo é pretérito.

Umas tantas cidades moribundas arrastam um viver decrépito, gasto em chorar na

mesquinhez de hoje as saudosas grandezas de dantes.

Pelas ruas ermas, onde o transeunte é raro, não matracoleja sequer uma carroça; de

há muito, em matéria de rodas, se voltou aos rodízios desse rechinante símbolo do viver

colonial — o carro de boi. Erguem-se por ali soberbos casarões apalaçados, de dois e

três andares, sólidos como fortalezas, tudo pedra, cal e cabiuna; casarões que lembram

ossaturas de megatérios donde as carnes, o sangue, a vida para sempre refugiram.

Vivem dentro, mesquinhamente, vergônteas mortiças de famílias fidalgas, de boa pro-

sápia entroncada na nobiliarquia lusitana. Pelos salões vazios, cujos frisos dourados se

recobrem da pátina dos anos e cujo estuque, lagarteado de fendas, esboroa à força de

goteiras, paira o bafio da morte. Há nas paredes quadros antigos, crayons, figurando efí-

gies de capitães-mores de barba em colar. Há sobre os aparadores Luís XV brônzeos

candelabros de dezoito velas, esverdecidos de azinhavre. Mas nem se acendem as velas,

nem se guardam os nomes dos enquadrados – e por tudo se agruma o bolor râncido da

velhice.

São os palácios mortos da cidade morta.

Avultam em número, nas ruas centrais, casas sem janelas, só portas, três e quatro:

antigos armazéns hoje fechados, porque o comércio desertou também. Em certa praça

vazia, vestígios vagos de “monumento” de vulto: o antigo teatro — um teatro onde já res-

soou a voz da Rosina Stolze, da Candiani...

Não há na cidade exangue nem pedreiros, nem carapinas; fizeram-se estes remen-

dões; aqueles, meros demolidores — tanto vai da última construção. A tarefa se lhes re-

sume em especar muros que deitam ventres, escorar paredes rachadas e remendá-las

mal e mal. Um dia metem abaixo as telhas: sempre vale trinta mil-réis o milheiro — e fica

à inclemência do tempo o encargo de aluir o resto.

Os ricos são dois ou três forretas, coronéis da Briosa, com cem apólices a render no

Rio; e os sinecuristas acarrapatados ao orçamento: juiz, coletor, delegado. O resto é a

“mob”: velhos mestiços de miserável descendência, roídos de opilação e álcool; famílias

decaídas, a viverem misteriosamente umas, outras à custa do parco auxílio enviado de

fora por um filho mais audacioso que emigrou. “Boa gente”, que vive de aparas.

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Da geração nova, os rapazes debandam cedo, quase meninos ainda; só ficam as mo-

ças — sempre fincadas de cotovelos à janela, negaceando um marido que é um mito em

terra assim, donde os casadouros fogem. Pescam, às vezes, as mais jeitosas, o seu pro-

motorzinho, o seu delegadozinho de carreira — e o caso vira prodigioso acontecimento

histórico, criador de lendas.

Toda a ligação com o mundo se resume no cordão umbilical do correio — magro esta-

feta bifurcado em pontiagudas éguas pisadas, em eterno ir-e-vir com duas malas postais

à garupa, murchas como figos secos.

Até o ar é próprio; não vibram nele fonfons de auto, nem cornetas de bicicletas, nem

campainhas de carroça, nem pregões de italianos, nem ten-tens de sorveteiros, nem plás-

plás de mascates sírios. Só os velhos sons coloniais — o sino, o chilreio das andorinhas

na torre da igreja, o rechino dos carros de boi, o cincerro de tropas raras, o taralhar das

baitacas que em bando rumoroso cruzam e recruzam o céu.

Isso, nas cidades. No campo não é menor a desolação. Léguas a fio se sucedem de

morraria áspera, onde reinam soberanos a saúva e seus aliados, o sapé e a samambaia.

Por ela passou o Café, como um Átila. Toda a seiva foi bebida e, sob forma de grão, en-

sacada e mandada para fora. Mas do ouro que veio em troca nem uma onça permaneceu

ali, empregada em restaurar o torrão. Transfiltrou-se para o Oeste, na avidez de novos

assaltos à virgindade da terra nova; ou se transfez nos palacetes em ruína; ou reentrou na

circulação europeia por mão de herdeiros dissipados.

À mãe fecunda que o produziu nada coube; por isso, ressentida, vinga-se agora, en-

clausurando-se numa esterilidade feroz. E o deserto lentamente retoma as posições per-

didas.

Raro é o casebre de palha que fumega e entremostra em redor o quartelzinho de ca-

na, a rocinha de mandioca. Na mor parte os escassíssimos existentes, descolmados pe-

las ventanias, esburaquentos, afestoam-se do melão-de-são-caetano — a hera rústica

das nossas ruínas.

As fazendas são Escoriais de soberbo aspecto vistas de longe, entristecedoras quan-

do se lhes chega ao pé. Ladeando a Casa-Grande, senzalas vazias e terreiros de pedra

com viçosas guanxumas nos interstícios. O dono está ausente. Mora no Rio, em São Pau-

lo, na Europa. Cafezais extintos. Agregados dispersos. Subsistem unicamente, corno la-

gartixas na pedra, um pugilo de caboclos opilados, de esclerótica biliosa, inermes, inca-

pazes de fecundar a terra, incapazes de abandonar a querência, verdadeiros vegetais de

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carne que não florescem nem frutificam — a fauna cadavérica de última fase a roer os

derradeiros capões de café escondidos nos grotões.

— Aqui foi o Breves. Colhia oitenta mil arrobas!...

A gente olha assombrada na direção que o dedo cicerone aponta. Nada mais!... A

mesma morraria nua, a mesma saúva, o mesmo sapé de sempre. De banda a banda, o

deserto — o tremendo deserto que o Átila Café criou.

Outras vezes o viajante lobriga ao longe, rente ao caminho, uma ave branca pousada

no topo dum espeque. Aproxima-se devagar ao chouto rítmico do cavalo; a ave esquisita

não dá sinais de vida; permanece imóvel. Chega-se inda mais, franze a testa, apura a

vista. Não é ave, é um objeto de louça... O progresso cigano, quando um dia levantou

acampamento dali, rumo a Oeste, esqueceu de levar consigo aquele isolador de fios tele-

gráficos... E lá ficará ele, atestando nitidamente uma grandeza morta, até que decorram

os muitos decênios necessários para que a ruína consuma o rijo poste de “candeia” ao

qual o amarraram um dia — no tempo feliz em que Ribeirão Preto era ali...

(LOBATO, Monteiro. Cidades mortas. São Paulo: Globo, 2007. p. 21-24.)

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O Jongo

O jongo é uma manifestação cultural essencialmente rural e diretamente associa-

da à cultura africana no Brasil, especialmente nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

Inserindo-se no âmbito das chamadas “danças de umbigada” o Jongo foi trazido para o

Brasil por negros bantu, sequestrados nos antigos reinos de Ndongo e do Kongo, na regi-

ão compreendida hoje por boa parte do território da República de Angola. Composto por

música e dança características, animadas por poetas que se desafiam por meio da impro-

visação, ali, no momento, com cantigas ou pontos enigmáticos ('amarrados'). Uma carac-

terística essencial da linguagem do Jongo é a utilização de símbolos que, além de manter

o sentido cifrado, possuem função supostamente mágica. O jongo mistura elementos ca-

tólicos e das religiões africanas.

Ele é dançado até hoje em muitas comunidades do Vale do Paraíba devido à forte

presença negra nessa região, consequência direta da utilização de mão-de-obra escrava

nas lavouras de café do século XIX. A seguir você encontrará reproduzidos alguns pontos

de jongo – da região de Guaratinguetá – e dois links com vídeos sobre essa manifestação

da cultura popular brasileira.

Jongo de Tamandaré

(Guaratinguetá - SP)

Solista:

Eu vô abrir meu cango ê

Eu vô abrir meu cango a

Primeiro eu peço a licença

Prá rainha lá do mar

Prá saldar minha povaria

Eu vô abrir meu cango ê

Coro:

Lalaiê...

. . .

Solista:

Quando eu saí lá de casa

pedí licença prá Dindá

estou aqui no jongo

peço licença prá entrar

ê parreia, ê parreia

Coro:

lalaiê...

.. . .

Solista:

(papai) Vovó não quer casca de coco no

terreiro

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(papai) vovó não quer casca de coco no

terreiro

porque me faz lembrar

me faz lembrar do tempo de cativeiro

Coro:

ilailê...

. . .

Solista:

Meu cativero, meu cativerá

trabalha nego, não qué trabalhá

meu cativero, meu cativerá

trabalha nego, não qué trabalhá

no meu tempo de cativero,

nego apanhava de sinhô

e reza a santa Maria, liberdade meu pai

Xangô

Coro:

Lalaiê...

Solista:

Engenho Novo do Mané Lopes

Por que que o engenho roda

se não tarabaiá

o café bão vai prá cidade

e o carreiro passa de banda

Coro:

ilailê...

. . .

Solista:

eu plantei café de meia

foi nascer canavial

café de meia não se dá sinhá moça

deixa a engoma melhorar,

deixa a engoma melhorar

deixa a angoma melhorar,

(sinhá moça/ai meu deus do céu)

deixa a angoma melhorar

. . .

Vídeos

Documentário sobre o jongo: http://www.youtube.com/watch?v=66OSb0vBjEY Apresentação do grupo de jongo de Tamandaré (Guaratinguetá – SP): http://www.youtube.com/watch?v=ieIJIaRZFlU&feature=related

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2.2. Atividades de Pré-Campo

Diferentemente do conhecimento cotidiano, que é extraído todos os dias daquilo

que nos cerca, o conhecimento científico parte de um trabalho sistematizado de investiga-

ção e que requer disciplina pessoal. Ou seja, deve ser aprendido passo a passo e tem

que ser apoiado pela pesquisa. Assim, para um bom trabalho de campo, é fundamental

que você tenha realizado uma pesquisa prévia sobre os temas em estudo. A função de

uma pesquisa prévia sobre o objeto de investigação em um Estudo do Meio é prepará-los

para a viagem, instigar a curiosidade e permitir que sigam para as visitas com um conjun-

to de indagações em mente.

Para ajudá-los nesse processo preparamos os exercícios a seguir. Você será orien-

tado pelos professores com relação a eles e os textos produzidos a partir destas ativida-

des devem ser publicados no blog do grupo até o dia 06/05, impreterivelmente. Portanto,

leia atentamente os enunciados e siga as instruções dos professores.

1. Produza um texto de 2 parágrafos sobre o Vale do Paraíba contemplando os seguin-

tes aspectos históricos:

• Processo de ocupação da região;

• Principais atividades econômicas desenvolvidas e suas características;

• Relação com o contexto histórico nacional;

2. Produza um texto de 3 parágrafos sobre o Vale do Paraíba contemplando os seguin-

tes aspectos geográficos:

• Características do relevo, clima e vegetação;

• Principais aspectos geoeconômicos da região;

• O impacto de instituições e empresas como a Maxion: rodas e chassis para região;

(Busque informações sobre esta empresa em www.maxioncr.com.br/ e outros sites

correlatos)

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3. A partir da análise do conto Cidade Mortas, de Monteiro Lobato, transcrito na primeira parte deste caderno, responda:

a) Qual a ambientação feita por Lobato no conto lido?

b) Como o texto descreve a mão-de-obra das cidades do Vale?

4. Considerando a letra de jongo reproduzida neste caderno, e os estudos sobre orali-

dade e escrita:

a) Indique dois termos que foram empregados segundo o critério da sonoridade, e não o da norma-padrão da língua, justificando suas escolhas:

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b) Note que, nos versos, há dois usos diversificados do verbo “trabalhar”. Transcreva es-sas ocorrências e responda: que critérios podem ter determinado ambos os empre-gos?

5. O jongo é uma manifestação popular cujas composições privilegiam a língua oral. No

entanto, embora geralmente a composição apresente tais características, em alguns

momentos há um emprego normatizado da escrita, que de certa forma não condiz

com o “padrão popular” da fala. Um exemplo é o trecho “me faz lembrar do tempo de

cativeiro”, em que a regência do verbo (lembrar) foi “respeitada”. Levando em conta

essa observação:

a) Encontre pelo menos mais um termo, empregado na composição, que “fuja” dos pa-

drões típicos da fala, justificando sua resposta.

b) Considere a relação escolarização X letramento, vista em sala de aula. Em relação a esses aspectos, o que se pode dizer a respeito dos compositores e apreciadores do jon-go?

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6 . Faça uma breve pesquisa sobre o tema “Preconceito Linguístico” – definição teórica, características e situações em que ocorre. Leve em consideração também os seguintes aspectos:

• Em geral, de que modo reagimos diante de um alguém que expressa-se com um modo de falar “diferente”?

• Piadas, programas humorísticos e telenovelas costumam explorar a diferença lin-guística. De que forma isso ocorre? O que provoca humor?

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Parte 3 – Atividades de Campo

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3.1. Orientações gerais

Ao sair a campo para realizar um Estudo do Meio é necessário ter consciência de que é preciso ter um olhar atento e interessado. Não basta apenas “ver” o que está ao nosso redor, é preciso “observar”. Em outras palavras, é preciso ser um observador ativo, que olha o que está ao seu redor e busca extrair informações daquilo que observa.

Tomamos como eixo norteador deste Estudo do Meio a relação entre Cultura e Natureza. Esperamos que ao longo das visitas que serão realizadas nos três dias os alunos consigam identificar, compreender e refletir sobre aspectos desta relação. Para ajudá-los neste processo indicamos, no item a seguir, uma série de elementos que devem ser observados e registrados em cada uma das visitas que serão realizadas. Procure anotar todas as informações no espaço dedicado a isso no final deste caderno

As informações coletadas, assim como os registros fotográficos e áudios-visuais recolhidos no decorrer das visitas serão a base para o trabalho de pós campo. Quanto mais cuidadoso no processo de seleção das informações e outras formas de registro, mais material você terá para trabalhar. Com base neste material e a partir das orientações dos professores envolvidos com o Estudo do Meio cada aluno grupo deve produzir um diário de campo . Este deve ser publicado no blog do grupo até o dia 16/05.

3.2. Atividades

Atividades do 1º dia

Manhã: Visita à fazenda Pau D’Alho

Roteiro de observação:

a) Registre na forma de fotos e vídeos:

• A área na qual a fazenda está localizada;

• As principais características arquitetônicas da sede da fazenda;

• Os objetos que retratam o cotidiano dos proprietários da fazenda;

• Os objetos e construções que fazem referência ao universo do trabalho e aos trabalhadores da fazenda no século XIX;

b) Procure recolher informações sobre:

• A estrutura interna da casa e a função dos cômodos que a compõem;

• A família proprietária da fazenda durante o ciclo do café e seu cotidiano na casa;

• O processo de produção e beneficiamento do café empregado na fazenda durante século XIX;

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• A utilização de mão-de-obra escrava e o cotidiano destes trabalhadores neste período

• Os impactos do ciclo do café na paisagem da região;

• As atividades econômicas desenvolvidas na fazenda atualmente;

Tarde: Vista à cidade de São José do Barreiro

Roteiro de observação:

a) Registre na forma de fotos e vídeos:

• As edificações públicas e privadas construídas no período da produção cafeeira;

• As principais características arquitetônicas destas construções;

• Os elementos que denotam as mudanças pelas quais a cidade passou ao longo do tempo;

• Elementos que fazem referência à vida cotidiana na cidade;

b) Procure recolher informações sobre:

• A fundação da cidade e seu desenvolvimento no século XIX e XX;

• Principais figuras históricas e sua importância para a região;

• As principais construções históricas (Histórico, função original, características arquite-tônicas e estado de conservação)

• O papel do turismo na região

Atividades do 2º dia

Manhã: Visita à Fazenda Resgate

Roteiro de observação:

a) Registre na forma de fotos e vídeos:

• A área na qual a fazenda está localizada;

• As principais características arquitetônicas da sede da fazenda;

• Os objetos que retratam o cotidiano dos proprietários da fazenda;

• Os objetos e construções que fazem referência ao universo do trabalho e aos trabalhadores da fazenda no século XIX;

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b) Procure recolher informações sobre:

• A estrutura interna da casa e a função dos cômodos que a compõem;

• A família proprietária da fazenda durante o ciclo do café e seu cotidiano na casa;

• As atividades econômicas desenvolvidas na fazenda ao longo do século XIX;

• A utilização de mão-de-obra escrava e o cotidiano destes trabalhadores neste período

• Os impactos do ciclo do café na paisagem da região;

• As atividades econômicas desenvolvidas na fazenda atualmente;

Tarde: Visita à cidade de Bananal

Roteiro de observação:

a) Registre na forma de fotos e vídeos:

• As edificações públicas e privadas construídas no período da produção cafeeira;

• As principais características arquitetônicas destas construções;

• Os elementos que denotam as mudanças pelas quais a cidade passou ao longo do tempo;

• Elementos que fazem referência à vida cotidiana na cidade;

b) Procure recolher informações sobre:

• A fundação da cidade e seu desenvolvimento no século XIX e XX;

• Principais figuras históricas e sua importância para a região;

• As principais construções históricas (Histórico, função original, características arquite-tônicas e estado de conservação)

c) Para conhecer uma cidade, sua história e suas características, não basta apenas visitar os principais edifícios, é preciso conhecer o cotidiano da cidade, seus moradores. Por isso, a partir dos temas propostos a seguir, faça uma entrevista com um morador da cidade de Bananal. Lembre-se de que, nesse tipo de atividade, é fundamental ser cortês e respeitar as pessoas entrevistadas.

Temas para entrevista: • Histórias da infância (caso tenha nascido/crescido na região)

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• Cotidiano da cidade (características da vida na cidade de Bananal)

• Trabalho e atividades econômicas

Noite: Apresentação de Jongo

a) Registre na forma de fotos e vídeos:

• Características da música

• Características da dança

b) Procure recolher informações sobre:

• Origens da manifestação cultural;

• Como o grupo se formou e quem são as pessoas que o compõem;

• Importância do Jongo para o grupo;

Atividades do 3º dia

Manhã: Visita à fábrica da Maxion

Procure recolher informações sobre:

• A infra-estrutura da fábrica (área da planta industrial, quantidade de funcionários, principais clientes e fornecedores);

• O processo de produção fabril (matérias-primas utilizadas na produção, a tecnologia envolvida);

• Os principais aspectos que diferenciam a fábrica do combustível nuclear de outras fábricas em geral (bens de consumo e bens de produção);

• Organização do espaço de trabalho (espaço da produção e suas divisões);

• Condição de trabalho dos trabalhadores/Nível de capacitação (técnica/tecnológica) dos funcionários.

• Impactos ambientais e ações para a preservação do meio-ambiente.

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Parte 4 – Pós-Campo

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Um Estudo do Meio não se encerra apenas na ida a campo, na viagem em si. Tão im-

portante quanto as experiências vivenciadas no Estudo do Meio é a reflexão sobre os da-dos e informações recolhidos durante a viagem. Por isso a necessidade de atividades pós-campo.

A primeira dessas atividades será uma reunião de todo o grupo de alunos e professo-res envolvidos no Estudo do Meio, para compartilhar as impressões e experiências sobre a ida ao Vale do Paraíba. Ela será realizada no dia 08/05, após o término das aulas.

A segunda atividade consiste na elaboração de um pequeno vídeo e de uma sinopse. As instruções para essa atividade se encontram a seguir.

4.1 - Produção do vídeo

Ao voltarmos de qualquer viagem, trazemos sempre na bagagem recordações, memórias e experiências novas. Com o Estudo do meio não será diferente. Para dar forma a tudo isso, propomos a produção de um pequeno vídeo e de uma sinopse como produto final.

Este será um trabalho realizado em grupos, tendo como base o material recolhido e as discussões feitas durante e após o trabalho de campo. Cada grupo terá um tema específico, a ser escolhido no encontro pós-campo de 08/05.. Os filmes devem ter de 3 a 5 minutos . Além disso, o grupo deve produzir uma breve sinopse acerca do filme. As produções devem ser postadas no blog do grupo, impreterivelmente, até o dia 02/06.

Para auxiliá-los nessa tarefa, no decorrer das semanas de 19/05 á 23/05 e de 26/05 á 30/05, serão realizadas oficinas de edição de filmes, ministradas pela professora Fabiana, no Laboratório de Informática da escola.

Temas para os vídeos:

• História ambiental: as transformações da paisagem

• Trabalho e tecnologia

• Linguagens e Cultura

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4.2. – Critérios de Avaliação

“... Que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica, nem com balanças, nem barômetros etc. Que a im-portância de uma coisa há que ser medida pelo encanta-mento que a coisa produza em nós”

(Manoel de Barros)

Como toda atividade escolar o Estudo do Meio será avaliado. Sendo um estudo

interdisciplinar, integrando as disciplinas de História, Geografia Atualidades e Língua Portuguesa (Linguagem e Literatura), sua nota final fará parte da Nota de Classe das três disciplinas. Segue abaixo a descrição dos critérios de avaliação desta atividade. Ela está dividido em três etapas com pesos diferentes:

• Etapa 1: Pré-campo (30% da nota)

• Etapa 2: Atividades de campo (30% da nota)

• Etapa 3: Pós-Campo (40% da nota)

As três etapas somadas contabilizam 10,0 pontos. A nota do Estudo do Meio corresponderá a 10% da média final no 2º bimestre, como parte da composição da Nota de Classe nas disciplinas de História, Geografia, Filosofia, Atualidades, Língua Portuguesa e Literatura.

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Anotações

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