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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE MARABÁ FACULDADE DE ENGENHARIA DE MATERIAIS ESTUDO DO COMPORTAMENTO MECÂNICO DO COMPOSITO DE MATRIZ POLIMÉRICA REFORÇADO COM SERRAGEM ADRIANA PEREIRA DOS SANTOS MARABÁ – PARÁ 2009

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE MARABÁ FACULDADE DE ENGENHARIA DE MATERIAIS

ESTUDO DO COMPORTAMENTO MECÂNICO DO COMPOSITO DE MATRIZ POLIMÉRICA REFORÇADO COM

SERRAGEM

ADRIANA PEREIRA DOS SANTOS

MARABÁ – PARÁ

2009

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ADRIANA PEREIRA DOS SANTOS

ESTUDO DO COMPORTAMENTO MECÂNICO DO COMPOSITO DE MATRIZ POLIMÉRICA REFORÇADO COM

SERRAGEM

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia de Materiais, Faculdade de Engenharia de Materiais, Universidade Federal do Pará. Área de concentração: Compósitos Poliméricos. Orientador Professor Múcio Marcos S. Nóbrega.

MARABÁ 2009

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ADRIANA PEREIRA DOS SANTOS

ESTUDO DO COMPORTAMENTO MECÂNICO DO COMPOSITO DE MATRIZ POLIMÉRICA REFORÇADO COM

SERRAGEM Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia de Materiais, Faculdade de Engenharia de Materiais, Universidade Federal do Pará. Área de concentração: Compósitos Poliméricos.

Marabá, 10 de julho de 2009.

Banca Examinadora:

Múcio Marcos S. Nóbrega - Orientador Doutor em Engenharia de Processos Universidade Federal do Pará

Reginaldo Sabóia de Paiva Doutor em Engenharia de Materiais e Metalurgia Universidade Federal do Pará

Alacid do Socorro Siqueira Neves Mestre em Engenharia Química Universidade Federal do Pará

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Aos meus pais, minhas irmãs

e minha sobrinha, que investiram e

confiaram em mim, sem nunca

deixarem me faltar amor.

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AGRADECIMENTOS

Esse trabalho, fruto da minha busca pelo conhecimento, coincidiu com momentos

decisivos na minha vida, portanto o apoio sincero de algumas pessoas foi muito

importante para a conclusão do mesmo. A lista de nomes é imensa, mas seleciono

aqui as pessoas determinantes:

A Deus que é a minha força e o meu escudo.

Aos meus pais Mario e Fátima que sempre me apoiaram e me incentivaram nesta

luta incansável da engenharia.

As minhas irmãs Dátila, Daiana e Onilda e a minha Sobrinha Nicoly pelo carinho e

dedicação.

Aos meus cunhados pelo apoio e compreensão.

As minhas amigas Raylla, Joina, Deliane e Jéssica pela força nos momentos difíceis.

Ao Prof. Dr. Múcio Marcos S. Nóbrega por sua diligência e apoio.

Ao Prof. M.Sc Alacid do Socorro Siqueira Neves , por sua paciência, sempre pronto

a auxiliar.

Ao Prof. Dr Reginaldo Sabóia de Paiva por sua diligência e apoio pelo esforço em

sempre buscar o melhor para o curso.

Ao Professor Edemarino A. Hildebrando pela sua luta pra que o curso de Engenharia

de Materiais obtivesse êxito.

Ao Prof. M.Sc Lucélio Albuquerque Junior pelo apoio no inicio do curso.

Aos meus amigos que sempre estiveram juntos para resolver os problemas em

equipe.

A Faculdade de Engenharia de Materiais pela excelência do curso.

A Universidade Federal do Pará, sem a qual eu não estaria me tornando uma futura

Engenheira de Materiais.

Ao meu colega Juliano pelo apoio na elaboração do abstract do meu trabalho.

A turma de Engª de Materiais-2004, que apesar das diferenças sempre lutou por um

mesmo ideal.

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“A todos que acreditam que ninguém pode chegar ao topo armado apenas de talento. Deus dá o talento; o trabalho transforma o talento em gênio”.

(Autor Desconhecido)

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO........................................................................................................... 13

2-OBJETIVOS .............................................................................................................. 14

2.1-OBJETIVOS GERAIS........................................................................................... 14

2.2-OBJETIVOS ESPECÍFICOS.................................................................................. 14

3- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................... 15

3.1 – COMPÓSITOS................................................................................................... 15

3.1.1 – Aplicações dos Compósitos ......................................................................... 16

4.CARACTERÍSTICAS DA MADEIRA ........................................................................ 17

4.1.ORIGEM DA MADEIRA......................................................................................... 17

4.2.COMPONENTES DA MADEIRA............................................................................ 17

4.3.COMPONENTES DO TRONCO............................................................................. 18

4.4.VANTAGENS E DESVANTAGENS DO USO DA MADEIRA COMO

MATERIAL.................................................................................................................... 19

4.5.MADEIRA SÓLIDA SERRADA.............................................................................. 19

5.MADEIRA RECONSTITUÍDA ................................................................................... 20

6.GERAÇÃO DOS RESÍDUOS INDUSTRIAIS DE MADEIRA .................................... 22

7.COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA .............................................................. 25

8.MATRIZES POLIMÉRICAS ...................................................................................... 26

9.WPC - COMPÓSITOS BASEADOS EM MADEIRA ................................................. 28

10.DESCRIÇÃO DA MATRIZ POLIMÉRICA USADA NA

PESQUISA................................................................................................................... 29

11. RESINA DE POLIÉSTER INSATURADO .............................................................. 29

12. METODOLOGIA DO PROCESSO DE FABRICAÇÃO .......................................... 30

13. ETAPAS DA PRENSAGEM A FRIO ...................................................................... 31

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14. SERRAGEM........................................................................................................... 32

15. MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................... 33

15.1 CLASSIFICAÇÃO DA GRANULOMETRIA DA SERRAGEM............................... 33

15.2 RESINA USADA.................................................................................................. 33

15.3 PREPARAÇÃO DA AMOSTRA............................................................................ 34

16. RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 37

17. CONCLUSÕES E SUGESTÕES........................................................................... 43

18. REFERÊNCIAS..................................................................................................... 44

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RESUMO

O presente trabalho utilizou pó de madeira e resina na fabricação do compósito. A

madeira utilizada na forma de pó de serragem foi misturada com a resina como

reforço misturado do compósito polimérico. Foram testadas formulações com 20% e

30% (em peso) de madeira, com objetivo de avaliar as propriedades mecânicas do

compósito de madeira formado através da mistura de um pó de madeira com a

resina. As propriedades mecânicas do material obtido foram avaliadas através de

ensaios de tração, apresentando elevados valores de módulo de elasticidade. Tais

resultados são bastante satisfatórios para o segmento das indústrias de madeira.

Palavras-chave: compósito, pó de madeira, resina.

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Abstract

The present work used wood and resin in the production of the composite. The wood

used in the form of sawdust powder was mixed with the acrylic resin as mixed

reinforcement of the polymeric composite. Formulations were tested with 20% and

30% (in weight) of wood. With the objective of evaluating the mechanical properties

of the wood composite formed through the mixture of a hardwood powder with the

resin. The mechanical properties of the obtained material were appraised through

traction rehearsals. Such results are quite satisfactory for the segment of the wood

industries.

Keywords: composite, wood powder, resin.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Classificação dos Compósitos. .................................................................................. 16

FIGURA 2 – Camadas do tronco de árvore .................................................................................... 18

FIGURA 3 – Produção de madeira serrada .................................................................................... 19

FIGURA 4 – Etapas da industrialização e resíduos de madeira. ..................................................... 23

FIGURA 5 – Maneiras de valorização do resíduo de madeira ......................................................... 24

FIGURA 6 – Processo de fabricação CPM ..................................................................................... 30

FIGURA 7 – Etapas do processo de prensagem a frio.................................................................... 31

FIGURA 8 – Geração de resíduos no processo de fabricação de madeira serrada nas máquinas.... 32

FIGURA 9 – Procedimento da classificação da granulometria......................................................... 33

FIGURA 10 – Seqüência do procedimento de mistura do compósito e de fabricação dos corpos de

prova ............................................................................................................................................... 34

FIGURA 11 – Molde metálico........................................................................................................ 35

FIGURA 12 – Prensagem da Matriz..........................................................................................35

FIGURA 13 – Placa de Pó do compósito plástico-madeira..............................................................35

FIGURA 14 – Corpos de prova. a) resina pura; b) amostra 20%; c) amostra 30%..........................36

FIGURA 15 – Ensaio de Tração.............................................................................................................36

FIGURA 16 – Máquina de ensaio universal Emic DL10000.........................................................36

FIGURA 17 – Resina Pura ............................................................................................................ 38

FIGURA 18 – Amostra com 20% de Pó de Madeira.....................................................................39

FIGURA 19 – Amostra com 30% de Pó de madeira ....................................................................... 40

FIGURA 20 – Comparação entre as amostras ............................................................................... 42

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LISTA DE TABELAS TABELA 01 – Subdivisões das Arvores.....................................................................................17

TABELA 02 – Camadas do tronco de árvore ................................................................................. 18

TABELA 03 – Vantagens e desvantagens da madeira .................................................................. 19

TABELA 04 – Classificação e descrição das madeiras reconstituídas............................................. 21

TABELA 05 – Discriminação dos resíduos de madeira................................................................... 23

TABELA 06 – Tipos de resina poliéster insaturado......................................................................... 29

TABELA 07 – Corpos de prova e suas respectivas características ................................................. 35

TABELA 08 – Resina Pura............................................................................................................ 37

TABELA 09 – Amostra com 20% de Pó de Madeira...................................................................38

TABELA 10 – Amostra com 30% de Pó de Madeira....................................................................40

TABELA 11 – Média dos resultados de tração das amostras.......................................................42

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1.INTRODUÇÃO

Os Compósitos com Matriz de Polímero consistem em uma resina polimérica

como a fase matriz e fibras como meio de reforço [CALLISTER].

No setor madeireiro, a grande quantidade de resíduos gerados sempre foi

motivo para preocupações. Dentre esses, o pó da lixa e a serragem da laminação

merecem especial atenção por serem materiais de baixa densidade, exigindo maior

espaço para a estocagem, além de serem materiais altamente explosivos.

Atualmente, cada vez mais os resíduos vêm despertando os interesses de

pesquisadores e empresários, principalmente para verificar as possibilidades de

reutilização desses materiais.

Uma das alternativas para os resíduos da indústria madeireira é a utilização na

produção de compósito plástico-madeira. Segundo Stark, White e Clemons (1997), o

compósito plástico-madeira ou WPC (wood-plastic composites) está se tornando o

material mais importante dentro do processo da reciclagem [YAMAJI ].

Uma definição bem simples para o compósito plástico-madeira é uma mistura

de pó de madeira com algum tipo de resina plástica.

As aplicações das resinas de poliéster ortoftálicos são para o uso geral, na

grande maioria das aplicações, principalmente nas indústrias náutica, automotivas e

de transportes em geral, moveleira, piscinas, utensílios, indústria esportiva e outras.

Sua resistência física e química a impede de ser usada em condições mais severas,

enquanto que outros tipos de resinas têm melhor desempenho.

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2.OBJETIVOS

2.1-OBJETIVOS GERAIS

O objetivo deste trabalho foi produzir compósitos plástico-madeira ou WPC

(wood-plastic composites) utilizando resíduos de uma indústria madeireira.

2.2-OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Com objetivo específico de verificar por comparação a influência da

porcentagem de pó de madeira nas propriedades mecânicas dos compósitos

plástica-madeira.

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3.REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 – COMPÓSITOS

Um compósito é um material desenvolvido através da combinação de dois ou

mais componentes, sendo um componente estrutural e o outro matricial, para se

obter características e propriedades específicas.

De uma forma abrangente pode-se dizer que os compósitos constituem uma

classe de materiais heterogêneos, multifásicos, podendo ser ou não poliméricos,

onde o componente estrutural (descontínuo) dá a principal resistência ao esforço e o

componente matricial (contínuo) é o meio de transferência deste esforço. Esses

componentes não se dissolvem ou se descaracterizam completamente, mas atuam

conjuntamente de forma a apresentar características e propriedades satisfatórias

(Mano,1991).

Segundo Mano (1991), o componente estrutural utilizado em compósitos pode

ser um material orgânico ou inorgânico, de forma irregular ou regular, fibroso, com

fragmentos muito achatados (como flocos) ou como fibras muito curtas. Tais

componentes devem ter resistência, rigidez e maleabilidade que geralmente se

encontram nas fibras. O seu papel é suportar cargas máximas e impedir que as

deformações ultrapassem seus limites aceitáveis.

Quando associados a matrizes resinosas, apresentam resistência mecânica

satisfatória. O componente matricial, geralmente é um polímero termoplástico ou

termorrígido (termofixo). A matriz tem a função de manter a orientação das fibras e

seu espaçamento, transmitir as forças de cisalhamento entre as fibras e proteger as

mesmas de danos superficiais.

As resinas termofixas são as mais utilizadas em compósitos, pois exibem

excelente resistência a solventes e resistem a elevadas temperaturas. No grupo

destas resinas, se enquadram as fenólicas, epóxis e poliésteres (Lubin,1969).

Os compósitos podem ser classificados de diferentes modos, tais como

fibrosos (composto de fibras em uma matriz), laminar (composto por camadas de

materiais) e particulado (composto de partículas em uma matriz) (Lubin, 1969). Na

Figura 1, é apresentado um esquema sobre a classificação dos compósitos.

Segundo Hull1 citado por Tita et al. (2001), um fator de grande importância

quando se trata de compósitos é a interface entre o componente estrutural e

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matricial, pois é através desta interface que ocorre a transferência de forças e

tensões da matriz para a fibra, resultando em um importante papel nas propriedades

mecânicas e físicas dos materiais compósitos. As características da interface

dependem da ligação na interface e as propriedades físicas e químicas dos

componentes.

O desenvolvimento de interações tanto físicas quanto química na região

interfacial promove a adesão necessária entre a fibra e a matriz, sendo que para

intensificar esta adesão, muitos métodos químicos e físicos com diferentes

eficiências costumam ser usados (Bledzki e Gassan, 1999).

3.1.1 – Aplicações dos Compósitos

A combinação de excelentes propriedades mecânicas e leveza

estrutural tornam os compósitos materiais interessantes para aplicação na

engenharia.

Os compósitos utilizando resina como matriz polimérica resultam em

propriedades satisfatórias, tais como alta resistência térmica e estabilidade

dimensional. Os tipos de reforços geralmente utilizados nestes compósitos são:

fibras de vidro, asbesto, grafite, carbono, sílica, mica, celulose (algodão, madeira,

CLASSIFICAÇÃO MATERIAIS COMPÓSITOS

Compósitos Fibrosos Compósitos Particulados

Orientação AleatóriaOrientação Preferencial

Compósitos constituídos por uma única camada

(Inclui compósitos que possuem a mesma orientaçãoe procedimento em cada camada)

Compósitos constituídos pormúltiplas camadas

Laminados Híbridos

Compósitos reforçados por fibras contínuas Compósitos reforçados porfibras descontínuas

ReforçoUnidirecional

ReforçoBidirecional Orientação

Aleatória

OrientaçãoPreferencial

Figura 1 – Classificação dos Compósitos (Mattews e Rawlings, 1994).

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etc.), nylon, etc. A seleção das fibras de reforço dependerá do tipo de aplicação e

desempenho requerido do material a ser desenvolvido (Billmeyer, 1984).

4.CARACTERÍSTICAS DA MADEIRA

4.1.ORIGEM DA MADEIRA

A madeira é um material orgânico de origem vegetal. Está presente na terra

desde o período carbonífero e em grandes quantidades. Para alguns autores, a

madeira é um recurso inesgotável, pois está em contínua formação. No entanto,

deve-se considerá-la como um recurso renovável, dependente de boas condições

naturais para sua existência.

As árvores, seres vivos que fornecem a madeira, estão divididas em duas

classes de diferentes características de madeira. Podemos ver na Tabela 1 as

características destas subdivisões com exemplos.

4.2.COMPONENTES DA MADEIRA

A madeira é formada por compostos químicos orgânicos baseados

principalmente em 50% de carbono e 43% de oxigênio (Hellmeister, 1983). Os

Tabela-1 Subdivisões das Arvores

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principais componentes são a Celulose e a Lignina, cuja proporção entre si depende

da espécie de árvore e que operam funções vistas abaixo:

• Celulose : Polímero natural (C6H10O5) que forma as fibras que constituem grande

parte da massa da madeira, conferindo-a resistência mecânica.

• Lignina : Composto de alto peso molecular que age como uma matriz de resina ou

adesivo que une as fibras de celulose entre si.

4.3.COMPONENTES DO TRONCO

Um tronco de árvore pode ser estruturado em camadas sendo que nem todas

destas partes têm um destino no comercio tradicional. A Figura 2 nos mostra as

principais camadas de um tronco de madeira seguido da explicação funcional e

importância comercial visto na Tabela 2.

Figura 2 – Camadas do tronco de árvore. Fonte: SZÜCS, 2003 – modificado.

Tabela 2 – Camadas do tronco de árvore

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4.4.VANTAGENS E DESVANTAGENS DO USO DA MADEIRA COMO MATERIAL

Como é visto acima, excluindo a casca e a medula quando se encontra

estragada, o tronco é totalmente usado para fins comerciais e industriais,

fortalecendo a afirmação sobre a nobreza do material. O uso da madeira como

material de fabricação têm vantagens e desvantagens como listadas por Teixeira

(1999) na Tabela 3:

4.5.MADEIRA SÓLIDA SERRADA

Trata-se do uso de chapas ou peças oriundas do tronco que foi beneficiado

apenas pelos processos de desdobro, serragem e secagem. Assim, estas partes são

basicamente a madeira sólida( Figura 3) que são usadas pela indústria na fabricação

de inúmeros produtos, principalmente para o setor mobiliário e a construção civil.

Tabela 3 – Vantagens e desvantagens da madeira

Figura 3: Produção de madeira serrada. Baseada em TEIXEIRA (1999)

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5.MADEIRA RECONSTITUÍDA

As tecnologias usadas na indústria da madeira permitem que algumas das

desvantagens sejam minimizadas. O tratamento químico adequado protege-a contra

fungos e insetos. A tecnologia da madeira reconstituída, ou transformada, segundo

Teixeira (1999), permitem corrigir limitações físicas, tornando chapas e painéis como

produtos com propriedades homogêneas em toda a sua extensão através da

reorientação das partículas e das fibras. Esses produtos, segundo César (2002),

destacam-se por serem de maior confiabilidade, estabilidade e pela possibilidade de

produzir chapas de grandes dimensões.

Outro fator positivo das chapas reconstituídas:

[...] é o aproveitamento significativo da tora de madeira, uma vez que a

obtenção da madeira serrada resulta em perdas consideráveis. Neste

aspecto, a constituição destes produtos permite inclusive o aproveitamento,

em alguns casos, de resíduos de madeira como matéria-prima, tais como:

pó-de-serra, refugos de usinagem, lascas, costaneiras, maravalhas, etc.

Trata-se então de um produto ecologicamente correto [...] (GONÇALVES e

CASTRO, 2003).

Segundo Latorraca (2003), o emprego de tais chapas é promissor, pois, além

de oferecer excelentes possibilidades de uso, aumenta o valor agregado à madeira,

ao utilizar os resíduos como matéria prima, minimizando o uso de depósitos e

possibilitando a instalação de novas empresas. Esta afirmação vai ao encontro do

conceito da Ecologia Industrial quanto ao uso de resíduos de uma indústria como

matéria prima por outras indústrias.

A seguir, na Tabela 4, está à lista dos principais tipos de madeira reconstituída.

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Tabela 4 – Classificação e descrição das madeiras reconstituídas

Fonte: CÉSAR (2002); GONÇALVES e CASTRO (2003); IWAKIRI (2003); MENDES, ALBUQUERQUE & IWAKIRI (2003); LATORRACA (2003), TIBURCIO e GONÇALVES (1998).

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6.GERAÇÃO DOS RESÍDUOS INDUSTRIAIS DE MADEIRA

Os resíduos de madeira são classificados como resíduos ligno-celulósicos, ou

seja, contêm majoritariamente lignina e celulose, têm origem tanto em atividades

industriais quanto atividades rurais.

Inicialmente o resíduo de madeira pode ser considerado como bastante

heterogêneo devido às muitas variedades apresentadas, às diversas granulometrias

da serragem e às diversas condições de armazenamento, que alteram suas

características físicas, e à dispersão geográfica que dificulta seu transporte. São de

baixa densidade e não são tóxicos se no seu volume não houver outros materiais,

principalmente produtos químicos tais como conservantes, fungicidas, inseticidas,

vernizes, tintas, dentre outros, que possam emitir gases ou vapores tóxicos durante

processos de reciclagem ou de queima (Quirino, op cit). Livre destes materiais

contaminantes o resíduo pode ser considerado como banal e não inerte, pois é

biodegradável, classificado pela NBR 10004 (ABNT, 1987) como classe 2, com

possibilidades de ser reaproveitado em processos de reciclagem por processos

diferentes dos processos industriais iniciais e de ser transformado em produtos de

uso similar ou diferente ao da madeira serrada inicial.

Os resíduos industriais de madeira são oriundos do processamento mecânico

das toras de madeira sólida. Durante o corte e descasque, processamentos de

desdobro, desengrosso, serragem e acabamento, há a geração de vários tipos de

sobras sólidas peculiares a cada etapa citada. São assim vistos como resíduo, pois,

segundo a revista Referência, resíduo de madeira é considerado a “sobra após uma

ação ou processo produtivo e passam a ser descartados e acumulados no meio

ambiente” (Referência, 2003. p. 28). De forma a sistematizar estes processamentos

da madeira sólida, Gonçalves e Ruffino (1989) estabelecem etapas produtivas junto

com os resíduos gerados por cada etapa respectiva, como visto na Figura 4.

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Comumente, estes resíduos são dispostos em silos expostos ao tempo ou em

terrenos nas cercanias do setor produtivo. Este tipo de armazenamento pode levar à

degradação do resíduo pelo encharcamento por água de chuva ou apodrecimento

por agentes biológicos. Estes resíduos são discriminados na Tabela 5 que usa

exemplos para melhor entendimento da natureza física do resíduo.

Figura 4 – Etapas da industrialização e resíduos de madeira. Fonte: GONÇALVES E RUFFINO (1989)

Tabela 5 – Discriminação dos resíduos de madeira (JANAINA, 2002)

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Segundo Quirino (2004) o resíduo de madeira pode ter dois destinos:

• Eliminação : Ação de se desfazer de um resíduo sem tirar nenhum proveito, como

por exemplo, a incineração sem recuperação de energia.

• Valorização : está ligada a alguma ação de desenvolvimento de processo

tecnológico, podendo ocorrer através de diversas maneiras, como reciclagem,

reutilização, regeneração.

Há duas maneiras de valorizar o resíduo de madeira, segundo Quirino (2004), que.

são a valorização energética, quando o destino do resíduo é o aproveitamento da

biomassa como fonte de energia, e a valorização da matéria, quando a biomassa do

resíduo é aproveitada como matéria prima para fabricação de outros materiais.

Figura 5 – Maneiras de valorização do resíduo de madeira Baseado em QUIRINO (2004)

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Essas maneiras são mostradas na Figura 5 onde é destacado o WPC (wood plastic

composites), material compósito constituído de serragem de madeira e resinas

plásticas com grande potencial de aproveitamento dos resíduos para a produção de

diversos tipos de produtos.

7.COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA

São materiais alternativos aos tradicionais e que estão aumentando sua

participação no mercado. Usam como matéria prima principalmente madeira

reflorestada e resinas sintéticas, por exemplo, o MDF e o OSB. Por sua vez, são

inúmeros os produtos com possibilidade de serem construídos com os eco-

compósito, principalmente o WPC descrito a seguir, visto que estes foram

idealizados para substituir as matérias primas tradicionais nas suas mais variadas

aplicações. Produtos para as indústrias de construção civil, indústria de transportes,

moveleira, artigos esportivos entre outros.

English et al (1996), referem-se às boas qualidades da farinha ou pó de resíduos de

madeira e de papel usados como carga em resinas termoplásticas. Segundo os

autores, este resíduo em pó pode substituir as cargas inorgânicas e minerais, tais

como talco ou carbonato de cálcio, na mesma função com as vantagens ecológicas

da redução de resíduos sólidos e servindo, também como exemplo de aplicação da

reciclagem de resíduos de madeira.

As vantagens são o baixo custo de aquisição de matéria prima, o preço

acessível dos produtos gerados além das boas propriedades mecânicas do

compósito. Resultados similares conseguiram Correa et al (2003) quanto à

substituição de cargas minerais e fibras de vidro por pó de resíduos de madeira o

qual é aplicado em um compósito com uma derivação do polipropileno. O resultado

foi um “compósito que apresenta ganhos significativos de rigidez em relação aos

compósitos não-modificados independentemente do tipo de farinha de madeira

empregada” (Correa et al, 2003).

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26

8.MATRIZES POLIMÉRICAS

As matrizes usadas nos compósitos são baseadas em resinas ou adesivos

poliméricos, os quais são usados para impregnar os reforços, enquanto estiverem

em uma fase líquida. Este processo geralmente é feito num molde do produto a ser

construído.

As resinas plásticas são constituídas essencialmente por polímeros

orgânicos, podendo ser sintéticas, baseadas no petróleo, ou terem origem natural,

oriundo de materiais vegetais. Permitem ser moldadas facilmente em formas

variadas por processos que usam a fase líquida durante a moldagem (BRASKEM

2002-1). A maioria das resinas plásticas usadas atualmente é sintética. O uso de

resinas plásticas industriais teve início na década de 1930, sendo que atualmente é

um dos principais materiais industriais, transformados em bens de consumo, em

embalagens, filmes e outros produtos. “A produção de plásticos no Brasil alcançou

3,4 milhões de toneladas em 1999, em comparação com 41,6 milhões de toneladas

nos EUA e 26,3 milhões de toneladas na Europa (1994)” (Forlin & Faria 2002).

As vantagens dos plásticos são inúmeras, e segundo Gorni (2004) algumas são:

• Leveza

• Boa resistência mecânica

• Transparência

• Possibilidade de ser moldado na cor do produto

• Baixas Temperaturas de Processamento, até 250ºC

• Baixa Condutividade Elétrica

• Baixa Condutividade Térmica

• Baixo custo

• Impermeabilidade

• Toxicologicamente inertes

As matrizes poliméricas podem ser classificadas como (BRASKEM (2002 -1);

GORNI (2003)):

Termoplásticas : amolecem na presença de calor e enrijecem quando frios,

permitindo serem usadas mais de uma vez, o que facilita processos de recuperação

e reciclagem, apesar de alguns tipos sofrerem degradação a cada ciclo de

amolecimento. São moldadas por equipamentos pesados e em moldes metálicos

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complexos e caros. Apesar de serem baseadas tradicionalmente no petróleo,

algumas resinas termoplásticas têm como base matérias primas vegetais

biodegradáveis.

Exemplos : Poliestireno, Polipropileno, PET, PVC, Policarbonato, ABS, nylon.

Termofixas ou Termorrígidas : são encontradas como resinas líquidas e que

solidificam pelo calor ou pela ação de um agente catalisador. Uma vez solidificadas

não mais voltam ao estado líquido inicial, portanto só podem ser usadas uma única

vez. Tradicionalmente as resinas termofixas são originárias do petróleo, sendo que

algumas são baseadas em óleos vegetais de recursos renováveis. As resinas

termofixas podem ser moldadas por processos de fabricação bastante diferentes

quanto à complexidade e custos, desde processos manuais e artesanais com o uso

de moldes simples e baratos, passando por processos mistos de média

complexidade entre manual e mecanizado até os processos caros e complexos

como os usados nos termoplásticos.

Exemplos : Poliéster insaturado, poliuretanos, resinas epóxi, resinas fenólicas,

CNSL.

Elastômeros ou Borrachas : Classificam-se entre os termoplásticos e os termofixos.

Uma vez curados não se fundem na forma líquida inicial, mas apresentam

características elásticas. O processo de reciclagem é mais difícil que a dos

termoplásticos, sendo similar a dos termofixos. Podem ter origem vegetal ou

sintética.

Exemplos: Origem natural: látex - Origem sintética: silicone.

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9.WPC - COMPÓSITOS BASEADOS EM MADEIRA

A madeira ocupa um lugar de destaque como reforço em ecos-compósitos. O

compósito de madeira se refere ao uso da madeira, sob qualquer forma, reforçando

resinas termofixas ou termoplásticas. Historicamente, o compósito constituído de pó

de madeira e resinas fenólicas ficou conhecido como Baquelite, uma resina

termofixa que foi o primeiro plástico sintetizado industrialmente (Clemons, 2002) e

que revolucionou o design de produto, principalmente na fabricação de

eletrodomésticos, nas décadas de 1920 até 1950 quando, então, novos plásticos o

substituíram. Na década de 1970, um compósito de madeira e polipropileno foi

largamente usado na indústria automobilística sendo comercialmente conhecido

como Woodstock (Correa et al, 2003; PEIJS, 2002).

Atualmente, os compósitos de madeira são conhecidos como WPC (wood

plastic compósites), sendo que as resinas mais usadas são as termoplásticas de

baixo preço e de pós-consumo, tais como polietileno, polipropileno e poliestireno,

podendo ser reforçadas com pó ou fibras de madeira numa proporção que vai de 2%

à 50% (Clemons, 2002). Os compósitos são moldados por processos usuais da

indústria de termoplásticos tais como a extrusão, compressão e injeção (English,

1996 - 2). Seu mercado vem aumentando principalmente na Europa, EUA e Japão,

tendo uma participação diferenciada das demais fibras naturais e sendo usado na

indústria automobilística, moveleira e construção civil principalmente, em funções

estruturais e não estruturais, sendo que as marcas industriais EINWood®, TECH-

Wood® e FASAL® são desenvolvidas e comercializadas com teores de madeira de

até 70% para diversas aplicações (Peijs, 2002).

Apesar do uso majoritário de resinas termoplásticas no WPC, atualmente o

uso de resinas e adesivos termofixos, tal como o poliéster insaturado, pode se tornar

uma excelente alternativa aos termoplásticos na fabricação de produtos,

principalmente devido à acessibilidade à matéria prima e a possibilidade do uso de

tecnologias simplificadas de moldagem. A madeira, usada na forma de fibra ou pó

(farinha), pode ser oriunda de resíduo, o que diminui o preço e aumenta a

disponibilidade da matéria prima.

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10.DESCRIÇÃO DA MATRIZ POLIMÉRICA USADA NA PESQUISA

A matriz polimérica foi escolhida entre o grupo dos termofixos. Segundo

Carvalho (2003) os termofixos são particularmente adequados como materiais para

a fabricação de compósitos, por sua facilidade de fabricação e adesão com a fibra.

Foram exploradas as vantagens da cura a frio, facilidade de aquisição comercial e

de processos de fabricação de baixo custo sintonizando os materiais e o processo

de fabricação.

11. RESINA DE POLIÉSTER INSATURADO

Apresenta-se como um líquido viscoso, formulado pela reação de ácidos e

álcoois, que pode ser diluído em monômero de estireno, e, dependendo do ácido

usado na formulação, pode-se produzir resinas ortoftálica, isoftálica dentre outras

(Elekeiroz, s/d). As variedades de resinas de poliéster insaturado e suas

propriedades são vistas na Tabela 6. A variação ortoftálica é mais rígida depois de

curada, mas é também fisicamente e quimicamente mais frágil. Sua cura pode

acontecer com o uso de calor ou na presença de catalisadores (cura a frio). Suas

características químicas podem ser modificadas com a adição de aditivos, como os

protetores contra raios ultravioletas, como os retardantes de chama ou como os

corantes. As propriedades físicas podem ser modificadas pela adição de cargas e

reforços fibrosos, caracterizando, portanto um compósito.

TABELA 6 – Tipos de resina poliéster insaturado.

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A resina ortoftálica é a resina termofixa mais conhecida e usada

comercialmente devido ao baixo preço de aquisição, facilidade de manipulação e de

moldagem. Os processos de moldagem e de produção são variados, incluindo

processos de molde aberto ou processos de molde fechado que permitem maior

controle dimensional e melhor qualidade dos produtos.

As aplicações das resinas de poliéster ortoftálicos são para o uso geral, na

grande maioria das aplicações, como o compósito conhecido com PRFV – plástico

reforçado com fibras de vidro ou simplesmente fiberglass. São usadas nas indústrias

náutica, automotivas e de transportes em geral, moveleira, piscinas, utensílios,

indústria esportiva e outras. Sua resistência física e química a impede de ser usada

em condições mais severas, enquanto que outros tipos de resinas têm melhor

desempenho.

12. METODOLOGIA DO PROCESSO DE FABRICAÇÃO

Usam moldes de pares macho / fêmea que formam uma cavidade de

moldagem quando unidas. Seus moldes, portanto, precisam de sistemas de

fechamento mecânico que elimine espaços entre as metades do molde, impedindo

que o material a ser moldado vaze para fora. Tem as vantagens de permitir

acabamento superficial em toda peça fabricada e controlar a espessura da peça de

maneira rigorosa. Também há a diminuição de emissão de vapores, pois o processo

de moldagem é em ambiente fechado, assim como há a diminuição de rebarbas. Os

moldes são construídos com aço, borracha ou fiberglass, sendo mais caros e

complexos que os moldes abertos (Clavadetscher, 1981).

Moldagem por Prensagem a Frio CPM (Could Press Moulding), realizado a baixas

pressões e temperatura ambiente, Figura 6. A resina é curada através de

catalisadores, podendo usar um tempo de processamento a partir de 20 minutos.

(Carvalho, 2003).

FIGURA 6 – Processo de fabricação CPM – baseado em CARVALHO (2003-2)

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31

Os sistemas usados para união dos moldes fechados podem ser resumidos a

três tipos, sendo que a finalidade é de unir as abas e batentes laterais dos moldes

não deixando espaços por onde o material a ser moldado possa vazar. O respiro

permite a saída de ar e de excesso de material.

Fechamento à prensa hidráulica / mecânica: feito através de prensas que

comprimem uma das partes do molde contra a outra parte.

O processo de prensagem a frio é descrito pelos fabricantes de peças de Fiberglass

como uma alternativa barata aos processos mais complexos tais como a prensagem

a quente ou sistemas de transferência de resina (Owens Corning, 2001). Coloca-se

resina e reforço pré-misturados ou não dentro do molde, em seguida, fecha-se o

molde abrindo-o após a polimerização da resina. O tempo de polimerização e os

ciclos de produção dependem das especificações do fabricante.

13. ETAPAS DA PRENSAGEM A FRIO

1. O compósito (matriz mais reforço) é despejado na cavidade do molde (Figura 7);

2. O molde é fechado, a resina cura em contato com as duas metades do molde, o

ar e o excesso de material saem pelo respiro, permitindo o completo fechamento do

molde.

3. O molde é aberto e a peça é desmoldada pronta para o acabamento final.

FIGURA 7 – Etapas do processo de prensagem a frio. (baseado em OWENS CORNING, 2001 e 2004; SAINT-GOBAIN, 2004)

Pressão

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14. SERRAGEM

Diversas variedades de pó-de-serra e maravalha (serragem contendo cavaco

e lascas), variando o tamanho, forma e textura da partícula. Para cada tipo de

máquina, há uma serragem respectiva. Máquinas que operam diversos tipos de

lâminas irão gerar diversos tipos de serragem. Geralmente esta serragem é disposta

no chão da usina, ao redor da máquina, durante o processo de fabricação, sendo

recolhida após a produção. Algumas máquinas têm formas de diminuir a dispersão

de serragem, tal como a serra fita, que possui um corte com filete de água, processo

que umidifica o resíduo. Outra forma é usada na plaina e na serra industrial, onde há

um sistema de aspiração e tubulações que conduzem o resíduo até o silo de

armazenagem (Figura 8).

FIGURA 8 – Geração de resíduos no processo de fabricação de madeira serrada nas máquinas

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33

15. MATERIAIS E MÉTODOS

15.1 CLASSIFICAÇÃO DA SERRAGEM

A classificação da serragem foi feita a partir de peneiras com aberturas

normatizadas pela ABNT. Para a classificação da granulométria do pó de serragem

a ser usado, foi feita uma classificação com o objetivo de se obter partículas de

mesmo tamanho, assim para a preparação das amostras foi usada a serragem

retida no fundo com abertura de 0,59 mm.

15.2 RESINA USADA

A matriz termorrígida foi preparada pela utilização de uma resina de poliéster

insaturado GAMA 313, fabricada pela EMBRAPOL, do tipo ortoftálica pré-acelerada,

adquirida no comércio local. Esta resina foi reticulada por estireno, utilizando como

indicador Peróxido de Metil Etil Cetona (MEK-P) em concentração de 1% em peso.

15.3 PREPARAÇÃO DA AMOSTRA

O pó de madeira utilizado foi obtido em uma serraria que atua no segmento de

exportação de madeiras. A serragem utilizada é o resíduo proveniente do processo

de laminação da madeira. Após a classificação da granulométria a serragem foi

levada para estufa por um período de duas horas, sendo utilizadas apenas as

partículas de baixa granulométria na confecção dos corpos de prova do compósito

polimérico.

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34

Os corpos de prova foram construídos misturando-se manualmente a resina

com o pó de madeira e catalisador até que uma massa homogênea fosse obtida

(Figura 10). Para a moldagem dos corpos de prova foi utilizado um molde de aço

(Figura 11) com processo de prensagem a frio (Figura 12) ao final obteve-se uma

placa do compósito-plastico madeira (Figura 13). Foi estudada a influência da

proporção de componentes (madeira/polímero).

Figura 1 2: Prensagem da Matriz

Figura 11 : Molde metálico

FIGURA 10 – Seqüência do procedimento de mistura do compósito e de fabricação dos corpos de prova baseado em (OWENS CORNING, 2001 e 2004; SAINT-GOBAIN, 2004)

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Foram feitas três placas como mostrado na Tabela 7 com diferentes

porcentagens de serragem. Logo após a etapa de prensagem das placas estas

foram cortadas para a obtenção de corpos de prova (Figura 14). Para a realização

do ensaio mecânico, os corpos de prova passaram por processo de desbaste e

acerto dimensional destinado a regularização das dimensões: os elementos

retangulares tiveram compensação das medidas para caracterizar relação

proporcional, cinco corpos de prova de cada amostra foram utilizados para o ensaio

de tração (Figura 15). Para a condução dos ensaios foi utilizada uma máquina de

ensaio universal Emic DL10000 (Figura 16).

Figura: 1 3- Placa de Pó do compósito plástico-madeira

a) b) c)

Figura 14 : Corpos de prova. a) resina pura; b) amostra 20%; c) amostra 30%

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Amostras Porcentagem de Serragem (%) Nº. de Corpos de Prova Dimensões (l x b x h) Resina pura 0 5 113 mm x 12 mm x 3,0 mm

Placa 01 20 5 113 mm x 12 mm x 3,0 mm

Placa 02 30 5 113 mm x 12 mm x 3,0 mm

Tabela 7: Corpos de prova e suas respectivas características

Figura 15 : Ensaio de Tração Figura 1 6: Máquina de ensaio universal Emic DL10000.

Legenda : l = comprimento b = largura h = espessura

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16. RESULTADOS E DISCUSSÕES

As Tabelas 8, 9 e 10 mostram os resultados obtidos nos ensaios mecânicos

dos cinco corpos-de-prova de cada amostra, ensaiados por tração simples.

De modo geral observou-se que o aumento do módulo de elasticidade do

compósito alcançou um valor relevante levando em consideração o valor do traço de

referência no caso das amostras de 20%.Relacionando esses valores do módulo de

elasticidade com a diminuição da deformação atingida pelo compósito, conclui-se

que essa característica é conseqüência da propriedade de reforço que o resíduo

transferiu para a matriz polimérica, como está mostrado nas Figuras 17 e 18. Já para

a amostra de 30% houve uma acentuada queda do módulo de elasticidade quando

comparado às propriedades da resina pura, observa-se essa queda quando

comparadas os valores das Tabelas 8 e 10 e mostrados graficamente nas Figuras

17 e 19.

Corpo de

Prova

Força

Max (N)

Força de Rupt.

(MPa)

Tens. de Rupt.

(MPa)

Deformação

(%)

Mod.Elástico

(Mpa)

CP1 3681 3681 71 6,6 3114

CP2 3684 3676 71 8,3 3140

CP3 2942 2927 52 5 3197

CP4 4295 4283 82 8,3 3647

CP5 3419 3401 65 5 3532

Tabela 8 -Resina Pura

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38

Corpo

de

Prova

Força

Max (N)

Força de Rupt.

(MPa)

Tens. de Rupt.

(MPa)

Deformação

(%)

Mod. Elástico

(Mpa)

CP1 657 651 18 1,6 3737

CP2 1140 1132 31 1,6 4376

CP3 584 580 16 1,6 3036

CP4 1116 1116 31 1,6 5647

CP5 769 769 21 1,6 4286

Figura: 17- Resina Pura

Tabela 9 -Amostra com 20% de Pó de Madeira

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Nas Figuras 18 e 19 e nas Tabelas 9 e 10 são apresentados resultados da

proporção de serragem durante o ensaio de tração. Embora a fibra de madeira

apresente módulo de elasticidade em torno de 20- 40 Gpa, as propriedades

mecânicas dos compósitos reforçados com farinha de madeira tendem a ser

inferiores às da madeira in natura. Por outro lado, ganhos com a adição de madeira

em compósitos, em relação às matrizes puras, são significativos segundo Correa.

Analisando a tensão de ruptura que para a amostra de resina pura ficou

68,20MPa enquanto que a as amostras com 20% e 30% obtiveram valores mais

baixos que ficaram em torno de 23,4MPa e 20,6MPa .

Figura: 18 - Amostra com 20% de Pó de Madeira

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40

Corpo

de

Prova

Força

Max (N)

Força de Rupt.

(MPa)

Tens. de Rupt.

(MPa)

Deformação

(%)

Mod. Elástico

(Mpa)

CP1 756 756 21 1,6 3253

CP2 852 847 24 1,6 2921

CP3 754 752 21 1,6 2945

CP4 592 587 16 1,6 2804

CP5 769 769 21 1,6 3482

Tabela 10 -Amostra com 30% de Pó de Madeira

Figura: 19 -Amostra com 30% de Pó de madeira

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41

A partir dos ensaios de tração e analisando a Tabela 11 podemos inferir as

seguintes analises:

1. De modo geral, os compósitos apresentaram uma tensão de ruptura inferior à

amostra de resina pura usada como referência. Esta, no entanto apresentou uma

deformação acima dos demais, de forma bastante plástica, estilhaçando-se no final

do ensaio em vários pedaços, indicando a resistência à tração do polímero sem a

presença de reforço.

2. Comparando a deformação da amostra de resina pura, com as demais amostras,

observou-se que a serragem de madeira modifica a matriz quanto à rigidez,

tornando-a mais rígida, visto que a amostra de resina pura atingiu valor de 6,6% e os

demais atingindo em torno de 1,6% de deformação.

3. Observa-se o aumento do módulo de elasticidade do compósito em relação à

amostra de resina pura. Relacionando esses valores do módulo de elasticidade com

a diminuição da deformação atingida pelo compósito, conclui-se que essa

característica é conseqüência da propriedade de reforço que a serragem transferiu

para a matriz polimérica quando analisado a elasticidade do compósito.

4. A inclusão da serragem não alterou, no geral, a resistência à tração da matriz, em

relação à resina pura, observa-se assim uma modificação do aspecto físico, cor e

textura.

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42

5. A análise da força aplicada em relação à deformação e do módulo de elasticidade

permite visualizar que, embora a amostra de resina pura tenha suportado mais

carga, este também demonstrou maior deformação, indicando um baixo

desempenho útil( Figura 20). Já os demais traços mostraram uma melhor relação

entre a força aplicada e a deformação, que pode ser entendido como um reforço

pela presença da serragem quando analisada a rigidez do compósito.

Corpo de

Prova

Força

Max

(N)

Força de Rupt.

(MPa)

Tens. de Rupt.

(MPa)

Deformação (%) Mod. Elástico

(Mpa)

RESINA

PURA

3604 3593 68 6,6 3326

AMOSTRA

20%

853 849 23 1,6 4216

AMOSTRA

30%

744 742 20 1,6 3481

Tabela 11: Média dos resultados de tração das amostras

1

10

100

1000

10000

Força Max (N) Força de Rupt.(MPa)

Tens. de Rupt.(MPa)

Deformação(%)

Mod. Elástico(Mpa)

RESINA PURA

AMOSTRA 20%

AMOSTRA 30%

Figura 20 : Comparação entre as amostras

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43

17. CONCLUSÕES E SUGESTÕES

A resistência à tração para madeira, contudo, depende de vários fatores inerentes

às características de um material anisotrópico. Além disso, no caso da serragem,

não se refere à resistência das fibras individuais da madeira, mas sim da resistência

de um agregado, formado por fibras e por outros tipos celulares. O módulo de

elasticidade e o alongamento à tração sofrem influência marcante da dispersão da

madeira na matriz polimérica e da adesão entre as fases, portanto a resistência à

tração é influenciada pela proporção de serragem.

O ensaio de tração, por sua vez, mostrou que a serragem não influenciou

significativamente em algumas propriedades mecânicas da resina na presença de

uma carga de tração, apesar da resina pura ter suportado mais carga. Assim a

adição das porcentagens de serragem fez com que alguns parâmetros de

resistência mecânica ficassem mais baixo que os da resina pura. Por outro lado

também houve aumento da rigidez do compósito em relação à resina pura,

permitindo concluir que a serragem se comporta como carga e também como reforço

para plásticos reforçados.

Assim para a matriz polimérica a introdução da serragem não levou a um

aumento substancial das propriedades mecânicas do polímero. Isto ocorre, pois as

tensões não são efetivamente transferidas da matriz polimérica para entidades

esféricas dotadas de pequena área superficial. Contudo a serragem pode agir como

um nucleador de trincas.

Para uma analise mais detalhada e precisa torna-se necessário a realização de

ensaios de flexão, impacto e absorção. Assim para uma continuação do trabalho faz-

se necessário a realização destes ensaios para uma comparação mais precisa de

resultados.

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44

18. REFERÊNCIAS

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Vegetais. UFCG. 2003. Disponível no site:

www.abpol.com.br/apostilacompositos.doc. Acessado em março de 2009.

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