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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHERIA DE SÃO CARLOS
Departamento de Engenharia Elétrica e de Computação
ESTUDO DO CAMPO ACÚSTICO GERADO
DENTRO DE UM TANQUE OCTOGONAL
Victor Henrique Zani
ORIENTADOR: Prof. Dr. Carlos Dias Maciel
São Carlos
2016
VICTOR HENRIQUE ZANI
ESTUDO DO CAMPO ACÚSTICO GERADO DENTRO DE UM TANQUE OCTOGONAL
Trabalho de Conclusão de curso apresentado à Escola de Engenharia de São Carlos, da
Universidade de São Paulo
Curso de Engenharia Elétrica com ênfase em Eletrônica
ORIENTADOR: Prof. Dr. Carlos Dias Maciel
São Carlos
2016
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais que me deram condições de estudar e assim
conseguir concluir meu curso na USP, agradeço aos meus amigos que me ajudaram
neste caminho de grandes desafios, agradeço ao professor Dr. Carlos Dias Maciel
pela orientação e pelos conselhos. Agradeço também a todos os funcionários e corpo
docente da USP pelos ensinamentos ao longo deste caminho.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS.................................................................................................... 7
LISTA DE TABELAS ................................................................................................... 9
ABSTRACT ............................................................................................................... 11
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 12
2 OBJETIVO .......................................................................................................... 15
3 FUNDAMENTOS TEÓRICOS ............................................................................ 16
4 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................. 24
4.1 O tanque octogonal ...................................................................................... 24
4.2 Hidrofone Pontual ......................................................................................... 25
4.3 Aquisição do Sinal ........................................................................................ 26
5 RESULTADOS ................................................................................................... 31
5.1 Caracterização das Cerâmicas .................................................................... 31
6 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ...................................................................... 40
7 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 43
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 44
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Expansão e compressão da bolha de ar no fenômeno da sonoluminescência.
.................................................................................................................................. 12
Figura 2 Diferença de potencial ocasionada pela deformação do cristal................... 13
Figura 3 Modelo molecular simples para explicar o efeito piezoelétrico: a) molécula
sem deformação; b) molécula sujeita a uma força; e c) efeito de polarização na
superfície do material. ............................................................................................... 14
Figura 4 Geometria utilizada para estudar as características de radiação de um pistão
plano.......................................................................................................................... 16
Figura 5 Representação da magnitude da amplitude da pressão acústica em função
de r. Adaptado de [11] ............................................................................................... 19
Figura 6 Representação gráfica do fator diferencial. ................................................. 22
Figura 7 Gráfico da função de Bessel de primeira espécie para α = 0, 1 ,2. ............. 23
Figura 8 Tanque octogonal. ....................................................................................... 24
Figura 9 Dimensões tanque octogonal. ..................................................................... 25
Figura 10 Hidrofone Pontual ...................................................................................... 25
Figura 11 Esquema usado para aquisição do sinal de ultrassom. ............................ 26
Figura 12 Suporte para fixação do Hidrofone. ........................................................... 27
Figura 13 Método para medir campo resultante de duas cerâmicas. ........................ 29
Figura 14 Sinal de excitação dos transdutores. ......................................................... 31
Figura 15 Valores máximo de tensão para a cerâmica 1. ......................................... 33
Figura 16 Tensão entregue pelo hidrofone em função da posição do transdutor
cerâmica 1. ................................................................................................................ 33
Figura 17 Valores máximo de tensão para a cerâmica 2. ......................................... 35
Figura 18 Tensão entregue pelo hidrofone em função da posição do transdutor
cerâmica 2. ................................................................................................................ 35
Figura 19 Valores máximo de tensão para a cerâmica 3. ......................................... 37
Figura 20 Tensão entregue pelo hidrofone em função da posição do transdutor
cerâmica 3. ................................................................................................................ 37
Figura 21 Sinal recebido pelo hidrofone oriundo da cerâmica 1. ............................... 38
Figura 22 Sinal recebido pelo hidrofone oriundo da cerâmica 1 e 2 juntas. .............. 39
Figura 23 Sinal recebido pelo hidrofone oriundo da cerâmica 2. ............................... 39
Figura 24 Valores de máximo entregue pelo hidrofone para as cerâmicas 1, 2 e 3.. 40
Figura 25 Frente de onda do ultrassom. Adaptada de [13] ....................................... 41
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Valores máximos de tensões encontrado para a cerâmica 1. .................... 32
Tabela 2 Valores mínimos de tensões encontrado para a cerâmica 1. ..................... 32
Tabela 3 Valores máximos de tensões encontrado para a cerâmica 2. .................... 34
Tabela 4 Valores mínimos de tensões encontrado para a cerâmica 2. ..................... 34
Tabela 5 Valores máximos de tensões encontrado para a cerâmica 3. .................... 36
Tabela 6 Valores mínimos de tensões encontrado para a cerâmica 3. ..................... 36
Tabela 7 Valor da tensão media máxima entregue pelo hidrofone para a cerâmica 1,
2 e 3. ......................................................................................................................... 40
RESUMO
O presente trabalho apresenta o mapeamento do campo acústico gerado
dentro de um tanque octogonal. Foram realizados dois tipos de medições. A primeira
delas foi a caracterização dos campos acústicos gerados por três cerâmicas ligadas
separadamente, sendo a primeira caracterização feita posicionando o hidrofone na
direção axial de cada cerâmica. A segunda medição foi realizada usando-se duas
cerâmicas ligadas ao mesmo tempo dentro do tanque, com o objetivo de estudar o
comportamento do campo acústico resultante gerado por esses dois transdutores.
Para esta última medição o hidrofone foi posicionado na linha que forma 45º entre as
duas cerâmicas.
Palavras Chaves: Mapeamento do campo acústico, Tanque Octogonal, Cerâmica.
ABSTRACT
This monograph shows the mapping of the acoustic field generated within a
octagonal tank. Two types of measurement were performed. The first was the
characterization of acoustic fields generated by three materials separately connected.
The first characterization was done by positioning the hydrophone in the axial direction
of each transducer. The second measurement was made using two ceramics
simultaneously connected inside the tank. The objective was to study the resulting
acoustic field behavior generated by these two transducers. For this last measurement
the hydrophone was placed on the line that forms 45º between the two ceramics.
Key Words: Mapping the acoustic field, Octagonal Tank, Ceramic.
12
1 INTRODUÇÃO
A sonoluminescência é um fenômeno com amplas aplicações na física, como
acústica, termodinâmica e radiação. Esse fenômeno acontece em virtude das
vibrações acústicas oriundas do ultrassom, onde a bolha sofre um grande aumento
de volume seguido de uma grande diminuição do mesmo, sofrendo assim uma
implosão. Todo esse ciclo de implosões, gera uma elevação de temperatura no interior
dessa microbolha, alcançando a ordem de milhares de graus Celsius[1]. A Figura 1
mostra esse processo de expansão e redução de volume da bolha de ar. Embora seja
um fenômeno cuja interpretação gere discussão entre os cientistas, pois até os dias
atuais estes apresentam diferentes teorias para se tentar explicar tal fenômeno, este
é um fenômeno que pode ser observado e reproduzido. A sonoluminescência é um
dos fenômenos com maior concentração de energia que se conhece [1]. Por isso um
número crescente de investigadores tem-se dedicado a estudar esse campo de
pesquisa. Seu baixo custo de reprodução e sua vasta gama aplicações,
principalmente na química, tem tornado esse fenômeno ainda mais interessante [2].
Ultrassom é uma onda mecânica emitida a uma frequência superior àquela que
o ouvido do ser humano pode perceber, ou seja, aproximadamente 20.000 Hz [3].
Suas aplicações se estendem desde a área medica, como a inspeção do corpo
humano até a indústria, onde este pode ser usado na aeronáutica, por exemplo, para
se localizar pequenas rachaduras na carcaça de aviões [4]. Essas ondas são
produzidas por cerâmicas piezelétricas que quando excitadas, fazem a conversão da
energia elétrica em energia acústica através das deformações mecânicas. A
piezeletricidade (descoberta em 1880 por Jacques e Pierre Curie) descreve o
fenômeno da geração de cargas elétricas em um material quando este é deformado
mecanicamente, chamado de efeito direto; o modo oposto descreve uma deformação
Figura 1 Expansão e compressão da bolha de ar no fenômeno da sonoluminescência.
13
mecânica em um material devido à aplicação de um campo elétrico, chamado de efeito
inverso. Ambos os efeitos são manifestações da mesma propriedade fundamental do
cristal [5]. Na Figura 2 é possível observar que a deformação do cristal gera uma
diferença de potencial, a qual é detectada pelo voltímetro.
Para que um cristal seja piezoelétrico ele deve apresentar algumas
características, sendo uma delas a inexistência de um centro de simetria no mesmo.
Essa característica é necessária, pois a piezoletricidade esta relacionada com a
anisotropia do cristal, isto é, no fato da resposta do material quando submetido a um
estimulo externo não ser a mesma em todas as direções [6].
Para um entendimento mais aprofundado do efeito da piezoletricidade a Figura
3 mostra a análise desse efeito em uma molécula neutra. Os centros gravitacionais
das cargas positivas e negativas se coincidem antes de se submeter o cristal
piezoelétrico a um estimulo externo, resultando assim uma molécula neutra [6]. A
Figura 3a mostra a disposição das cargas positivas e negativas em uma molécula
neutra.
Na medida em que se exerce uma pressão em um determinado material
piezoelétrico, estes passam a apresentar uma polarização elétrica. Outra
característica que acontece nesse tipo de material quando ele é pressionado é uma
Figura 2 Diferença de potencial ocasionada pela deformação do cristal.
14
deformação na sua estrutura, levando a uma separação dos centros gravitacionais
das cargas positivas e negativas, criando assim dipolos. A Figura 3b mostra a
disposição das cargas positivas e negativas na condição de dipolo. As cargas internas
do polo são mutuamente canceladas e as distribuições de cargas ligadas aparecem
na superfície do material, ou seja, o material se torna polarizado [7]. Esta polarização
gera um campo elétrico (Figura 3c).
Os materiais piezoelétrico mais utilizados são o quartzo, sulfato de lítio, titanato
de bário, metaniobato de chumbo e o zirconato-titanato de chumbo (PTZ) [1].
Para um cristal ser utilizado como transdutor, ele deve ser cortado de forma
que um campo elétrico alternado, quando nele aplicado, produza variações em sua
espessura. Essas variações, resultam em movimentos nas faces do cristal, originando
as ondas de som [8]. Cada transdutor possui uma frequência de ressonância natural,
tal que quanto maior a espessura do cristal, menor será a frequência de vibração.
Estudar o comportamento do campo acústico dentro de um tanque octogonal
é importante pois a medida que se tem conhecimento das características do campo
acústico dentro do tanque, como intensidade acústica, pode-se usá-lo em uma vasta
gama de aplicações, como na reprodução do fenômeno da sonoluminescência, além
de aplicações na química e na física, como síntese de partículas nanoestruturadas e
catalise de reações químicas [1].
Figura 3 Modelo molecular simples para explicar o efeito piezoelétrico: a) molécula sem deformação; b) molécula sujeita a uma força; e c) efeito de polarização na superfície do
material.
15
2 OBJETIVO
O objetivo deste trabalho é verificar o comportamento do campo acústico
resultante dentro de um tanque octogonal. Para tanto foram padronizadas duas
formas de medições para o mapeamento do campo acústico.
Para verificação dos resultados, foram analisados os gráficos de intensidades
oriundos de uma única cerâmica e após, comparado com os gráficos de intensidade
oriundo de duas cerâmicas ligadas simultaneamente.
16
3 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
Quando se trata de fontes geradoras de ondas, temos vários tipos de fontes
que não apresentam dimensões desprezíveis, como é o caso das fontes simples.
Neste trabalho o transdutor usado é deste tipo, logo será estudado mais a fundo
o comportamento do campo acústico gerado por ele.
A modelagem do campo acústico gerado por um transdutor é geralmente feita
através do modelo do pistão plano, que considera que a face do transdutor vibra
uniformemente ao longo de sua face [9]. A Figura 4 apresenta a geometria de um
pistão plano circular de raio a.
A superfície do pistão se move com velocidade uniforme dada por 𝑈0𝑒𝑗𝜔𝑡
normal a superfície do mesmo. Para se obter a pressão acústica gerada por esse
pistão em um ponto especifico do espaço, considere um ponto localizado a uma
distância r a partir do centro deste pistão. Logo para se obter essa pressão divide-se
a superfície do pistão em elementos infinitesimais cada qual agindo sobre o ponto de
análise como se fosse uma fonte simples infinitesimal [9]. Assim, a pressão total dada
por esses elementos infinitesimais é:
Figura 4 Geometria utilizada para estudar as características de radiação de um pistão plano.
17
𝑝(𝑟, 𝜃, 𝑡) = 𝑗
𝜌0𝑐𝑈0𝐾
2𝜋∫ 𝑒
𝑗(𝜔𝑡−𝑘𝑟′)
𝑟′
𝑠
𝑑𝑆 (1)
Onde 𝜌0 é a densidade do liquido dada em (kg/m³), c é a velocidade do som em
que o transdutor está inserido dada por (m/s), 𝑈0 é a intensidade com que a superfície
do pistão se move dada por (m/s) e K é definido como o número de ondas que é dada
por (𝑚−1). O número de ondas é uma grandeza física inversamente proporcional ao
comprimento de onda e é definido como k = 1/λ [10]. A integral de superfície da
Equação 1 é calculada sobre a região 𝜎 ≤ 𝑎.
Existem dois fatores importantes a serem estudados quando se trata de campo
acústico. O primeiro deles é a resposta axial e o segundo o campo distante. Esses
dois fatores serão estudados com mais detalhes a seguir [9].
a. Resposta Axial ou Campo próximo
O comportamento do feixe de ultrassom não é uniforme, existem dois tipos de
campos que podem ser diferenciados pelas suas características. O primeiro é o
campo próximo ou resposta axial e o segundo campo distante.
O campo próximo pode ser definido como uma zona onde há ausência de
divergência, pois a intensidade acústica nessa zona varia entre valores máximos e
mínimos, tendo assim uma característica oscilante [11]. O campo ao longo do eixo
acústico (o eixo acústico corresponde ao eixo de simetria do transdutor, de acordo
com a Figura 4, esse eixo é o eixo z) é obtido através de:
𝑝(𝑟, 𝜃, 𝑡) = 𝑗
𝜌0𝑐𝑈0𝐾
2𝜋𝑒𝑗𝜔𝑡 ∫
𝑒−𝑗𝑘√𝑟2+𝜎2
√𝑟2 + 𝜎2
𝑎
0
2𝜋𝜎 𝑑𝜎 (2)
Como
𝜎
√𝑟2 + 𝜎2𝑒−𝑗𝑘√𝑟2+𝜎2
= −𝑑
𝑑𝜎(
𝑒−𝑗𝑘√𝑟2+𝜎2
𝑗𝑘) (3)
18
Tem-se que o integrando é um diferencial perfeito, resultando em uma pressão
acústica complexa dada pela Equação (4).
𝑝(𝑟, 𝜃, 𝑡) = 𝜌0𝑐𝑈0𝐾𝑒𝑗𝜔𝑡 [𝑒−𝑗𝑘𝑟 − 𝑒−𝑗𝑘√𝑟2+𝑎2
] (4)
A amplitude de pressão ao longo do eixo do pistão é a magnitude da expressão
acima, e essa magnitude é descrita na Equação (5).
𝑝(𝑟, 𝜃) = 2𝜌0𝑐𝑈0 |sen {1
2𝑘𝑟 [√1 + (
𝑎
𝑟)
2
− 1]}| (5)
A expressão (5) mostra que a pressão ao longo do eixo acústico sofre
interferência ao modo que 𝑟 tende ao ∞, variando entre 0 e 2𝜌0𝑐𝑈0. Esses extremos
de pressão ocorrem para valores de 𝑟 satisfazendo,
1
2𝑘𝑟 [√1 + (
𝑎
𝑟)
2
− 1] = 𝑚𝜋
2
(6)
Onde os máximos ocorrem para valores de m impares e os mínimos ocorrem
para valores de m pares. A equação (6) apresenta a seguinte solução,
𝑟𝑚
𝑎=
1
𝑚
𝑎
𝜆−
𝑚
4
𝜆
𝑎 (7)
Percorrendo o eixo acústico na direção positiva do mesmo, ou seja, de 0 a ∞ o
primeiro máximo ocorre para 𝑚 = 1, logo para este caso tem-se:
𝑟1
𝑎=
𝑎
𝜆−
1
4
𝜆
𝑎 (8)
Em contrapartida o primeiro mínimo ocorre para 𝑚 = 2. Logo,
19
Conforme os valores de r vão se alterando, ou seja, conforme se altera os
valores de r para se percorrer o eixo na direção de simetria do transdutor, a
intensidade acústica vai variando entre o máximo e o mínimo, portanto, variando entre
0 e 2𝜌0𝑐𝑈0 [9]. A Figura 5 mostra o comportamento da intensidade da pressão acústica
em função da distância 𝑟 no eixo acústico.
O campo próximo ou resposta axial pode também ser chamado de zona de
Fresnel e o campo distante pode ser chamado de zona de Fraunhoferl [11].
Para valores de 𝑟 maiores do que 𝑟1, a pressão axial apresenta um
comportamento decrescente atenuada por um fator de 1 𝑟⁄ . Para valores de 𝑟 menores
𝑟2
𝑎=
1
2(
𝑎
𝜆−
𝜆
𝑎) (9)
Figura 5 Representação da magnitude da amplitude da pressão acústica em função de r. Adaptado de [11].
20
que 𝑟1 , a pressão axial possui um comportamento oscilante, logo tem-se que a
distância 𝑟1 é a transição entre o campo próximo e o campo distante, essa distância
vale 𝑟1 =𝐷2
4𝜆. No campo próximo a pressão apresenta um comportamento oscilante,
enquanto que no campo distante ela é decrescente.
b. Campo distante
O campo distante é uma zona em que há ausência quase total de fenômenos
de interferência, de forma que o feixe sônico é uniforme e a intensidade diminui
gradualmente ao aumentar a distância até o transdutor [11].
Toma-se a Figura 4 como referência para a análise do campo distante.
Utilizando a posição (𝑟, 𝜃) para estudo da pressão acústica, e adotando um ponto
qualquer pertencente ao plano xy, a superfície do pistão pode ser dividida em linhas
contínuas com comprimentos diferentes, cada uma paralela ao eixo y. Para este caso
devemos assumir que 𝑟 ≫ 𝑎, pois o que interessa é o padrão do comportamento do
campo acústico no campo distante. Como cada linha contínua possui comprimento
2𝑎𝑠𝑒𝑛∅ e a largura 𝑑𝑥, a intensidade do campo acústico de cada linha pode ser
descrita como:
𝑑𝑄 = 2𝑈0𝑎𝑠𝑒𝑛∅𝑑𝑥 (10)
O incremento de pressão 𝑑𝑝 proveniente de cada linha é:
𝑑𝑝 = 𝑗𝜌0𝑐𝑈0
𝜋��𝑘𝑎 sen ∅ 𝑒𝑗(𝜔𝑡−𝑘��)𝑑𝑥 (11)
Para 𝑟 ≫ 𝑎, 𝑟′ pode ser aproximado por:
𝑟′ = 𝑟 (1 −𝑎
𝑟𝑠𝑒𝑛𝜃 cos ∅) = 𝑟 + ∆𝑟
(12)
E a pressão acústica se torna:
21
𝑝(𝑟, 𝜃, 𝑡) = 𝑗
𝜌0𝑐𝑈0𝐾
𝜋𝑟𝑎𝑒𝑗(𝜔𝑡−𝑘𝑟) ∫ 𝑒𝑗𝑘𝑎𝑠𝑒𝑛𝜃𝑐𝑜𝑠∅
𝑎
−𝑎
sen ∅ 𝑑𝑥 (13)
onde 𝑟’ tende para 𝑟 no denominador, com 𝑟′ = 𝑟 + ∆𝑟 na fase, de acordo com a
aproximação feita para o campo distante. Usando a relação 𝑥 = 𝑎𝑐𝑜𝑠∅, a variável de
integração pode ser mudada de 𝑑𝑥 para 𝑑∅, logo:
𝑝(𝑟, 𝜃, 𝑡) = 𝑗
𝜌0𝑐𝑈0𝐾
𝜋𝑟𝑎𝑒𝑗(𝜔𝑡−𝑘𝑟) ∫ 𝑒𝑗𝑘𝑎𝑠𝑒𝑛𝜃𝑐𝑜𝑠∅
𝜋
0
(sen ∅)2𝑑∅ (14)
Por simetria, a parte imaginária da integral desaparece e a parte real é escrita
em termos das funções de Bessel. (A função de Bessel será definida no final da seção
do campo distante).
∫ 𝑒𝑗𝑘𝑎𝑠𝑖𝑛𝜃𝑐𝑜𝑠∅𝜋
0
(sen ∅)2𝑑∅ = 𝜋𝐽1(𝑧)
𝑧 (15)
Portanto,
𝑝(𝑟, 𝜃, 𝑡) = 𝑗𝜌0𝑐𝑈0
2
𝑎
𝑟𝑘𝑎𝑒𝑗(𝜔𝑡−𝑘𝑟) [
2𝐽1(𝑘𝑎 𝑠𝑒𝑛𝜃)
𝑘𝑎 𝑠𝑒𝑛𝜃] (16)
Toda a dependência angular de 𝑝 é representada pelo termo em colchetes e à
medida que 𝜃 vai para 0 este termo tende para 1. Sendo assim, define-se o fator
direcional 𝐻(𝜃) para o pistão,
𝐻(𝜃) = [2𝐽1(𝑣)
𝑣], sendo 𝑣 = 𝑘𝑎𝑠𝑒𝑛𝜃 (17)
22
A Figura 6 mostra a representação gráfica do fator direcional expresso na
equação (17).
Observando 𝐻(𝜃), percebe-se que há valores para o argumento de 𝐽1 que
levam este para zero. Para estes valores, a pressão acústica também é zero. O
padrão de radiação para este caso mostra que existe um lóbulo principal que
representa o máximo que ocorre em 𝜃 = 0, existem também lóbulos secundários,
que surgem entre dois valores de 𝜃 que zeram o argumento de 𝐽1.
Função de Bessel
A função de Bessel é definida como a solução da seguinte equação diferencial
[12].
𝑥2𝑑2𝑦
𝑑𝑥2+ 𝑥
𝑑𝑦
𝑑𝑥+ ( 𝑥2 − 𝛼2)𝑦 = 0 (18)
Onde α é um número qualquer, ou seja, real ou complexo, porém quando se
utiliza um número inteiro esse pode ser definido como a ordem da função de Bessel.
A equação de Bessel é obtida pela solução de uma equação diferencial de
segunda ordem, logo ela possui duas soluções, porém para o projeto presente
somente a solução de primeira ordem será utilizada. Para se resolver a Equação
Figura 6 Representação gráfica do fator diferencial.
23
diferencial (18) é utilizado o método de resolução de equações diferencias por séries
de potências [12], logo:
𝐽𝛼(𝑥) = ∑
(−1)𝑚
𝑚! (𝑚 + 𝛼 + 1)!(
𝑥
2)
2𝑚+𝛼∞
𝑚=0
(19)
A Figura 7 mostra o gráfico da função de Bessel de primeira espécie para α =
0,1 ,2.
Figura 7 Gráfico da função de Bessel de primeira espécie para α = 0,1 ,2.
24
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 O tanque Octogonal
Foi desenvolvido em parceria com o Instituto de Química de São Carlos (IQSC)
o tanque octogonal mostrado na Figura 8, onde foram realizadas as medições dos
campos acústicos dos transdutores.
Esse tanque é feito de vidro e possui 8 cerâmicas de 2MHz com diâmetro de
3cm. Estas estão dispostas duas a duas na face do tanque octogonal como mostrado
na Figura 8. Para a fixação das cerâmicas no vidro foi utilizada cola Araudite com
tempo de secagem longo. O tanque possui 9,5cm de diâmetro e 15 cm de altura, como
mostrado na Figura 9, logo o mesmo possui um volume de 1063 𝑐𝑚3.
Figura 8 Tanque octogonal.
25
4.2 Hidrofone Pontual
A caracterização dos transdutores desse experimento se deu por meio do
levantamento do campo acústico por um hidrofone pontual (diâmetro de 0,2mm a
2mm), como mostrado na Figura 10.
Figura 9 Dimensões tanque octogonal.
Figura 10 Hidrofone Pontual
26
Estes são difíceis de se construir em razão da sua área ativa ser reduzida.
Outra característica dos hidrofones é que estes produzem sinais de baixíssima
amplitude, complicando assim a aquisição e o processamento destes.
4.3 Aquisição do Sinal
Para fazer a aquisição do sinal de ultrassom foi usado o esquema como
mostrado na Figura 11.
No esquema da Figura 11, um gerador de funções da marca Minipa modelo
MFG-4202, determina a forma de onda a ser utilizada para excitar o transdutor, que
no caso foi uma onda quadrada de frequência de 550KHz e tensão de 5 Vpp. A onda
acústica gerada pelo transdutor é captada pelo hidrofone e mostrada no segundo
canal do osciloscópio da marca RIGOL modelo DS1102D de 2 canais. A frequência
da onda quadrada de excitação aplicada ao transdutor depende de sua frequência de
ressonância, ou seja, um transdutor montado com uma cerâmica de 2MHz deverá ser
excitado nesta frequência, porém como o tamanho do tanque acústico é reduzido,
para tentar se observar a transição entre o campo próximo e o campo distante dentro
do tanque, foi usada uma frequência de 550kHz. O motivo de se reduzir a frequência
é que a transição entre o campo próximo e o campo distante ocorre a uma distância
Gerador de Sinais
Osciloscópio
Transdutor
Hidrofone
Figura 11 Esquema usado para aquisição do sinal de ultrassom.
27
da cerâmica dada pela fórmula, 𝑑 =𝐷2
4𝜆 , logo tem-se o diâmetro do tanque medindo
9,5cm e um sinal de excitação com uma frequência de 550kHz. Aplicando na equação
acima teríamos uma distância de transição de aproximadamente 8,15cm. Como
consequência de excitar a cerâmica abaixo de sua frequência de ressonância, temos
que a amplitude do sinal captado pelo hidrofone será menor do que quando excitada
na frequência de ressonância.
A posição do hidrofone é controlada manualmente por meio de uma régua de
15cm fixada à mesa, onde a mesma é usada como referência para se movimentar o
hidrofone na direção axial da cerâmica de 1 em 1 milímetro, de modo a se observar o
sinal captado pelo hidrofone em casa posição.
O hidrofone é fixado por uma presilha pertencente a um suporte maior, que é o
responsável por manter a sua posição fixa na vertical, e o deslocamento deste suporte
sobre a régua, é o responsável pela movimentação do hidrofone na direção do eixo x
em relação cerâmica (axial). O suporte é mostrado na Figura 12.
Figura 12 Suporte para fixação do Hidrofone.
28
Ao serem excitados, os transdutores produzem ondas de pressão que se
propagam e são captadas pelos hidrofones pontuais. A propagação destas ondas
aproxima da condição ideal considerada na literatura quando ocorre em meio aquoso,
portanto, os elementos transmissor e receptor devem estar imersos em água. Nestes
ensaios deve ser utilizado um tanque com dimensões suficientemente grandes para
evitar que reflexões destas ondas nas paredes do tanque interfiram nos sinais
captados no processo de mapeamento. No tanque acústico é colocado o transdutor a
ser caracterizado e o hidrofone pontual posicionado à sua frente e o sistema de
posicionamento do hidrofone auxiliará na varredura ponto a ponto do campo acústico.
Para a aquisição do sinal originado somente por uma cerâmica, o seguinte
método foi aplicado.
1) Cola-se a régua na mesa para servir de referência para o deslocamento do suporte
e consequentemente do hidrofone.
2) Após a colagem da régua na mesa deve-se calibrar o sinal de excitação do
transdutor para 550kHz e Vpp=5V e excitar a cerâmica a ser caracterizada.
3) Posiciona-se em seguida o transdutor pontual apontando para a direção axial da
cerâmica.
4) Em seguida começa-se a varredura do campo acústico do transdutor. Inicia-se no
ponto zero, ou seja, mais próximo possível da cerâmica e desloca-se o hidrofone
até encontrar o valor máximo da amplitude que está sendo mostrada no
osciloscópio, e com o auxílio da régua anota-se a posição que se encontra o
hidrofone. Após isso continua-se deslocando o hidrofone na direção axial da
cerâmica, até se encontrar desta vez o valor de mínima amplitude, e anota-se a
posição do hidrofone. Após encontrar o valor mínimo continua-se deslocando o
hidrofone na direção axial da cerâmica, até se encontrar novamente o valor
máximo, e novamente anota-se a posição do hidrofone. Faz-se esse procedimento
até o hidrofone atingir a distância máxima da cerâmica que é limitada pelo tamanho
do tanque.
5) Com isso tem-se a variação das amplitudes máximas e mínimas dentro do tanque
ao longo do eixo da cerâmica. Pela teoria a amplitude deve variar entre máximo e
mínimo no campo próximo. No campo distante a mesma deve somente atenuar.
6) Após observar os pontos de máximos e mínimos pode-se então traçar o gráfico
que caracteriza cada cerâmica.
29
Para a aquisição do sinal de mais de uma cerâmica ao mesmo tempo, o
seguinte procedimento foi adotado:
1) Excita-se a primeira cerâmica com uma onda quadrada de 550kHz e tensão de
5Vpp e escolhe-se um ponto dentro do tanque e anota-se a amplitude do sinal que
o hidrofone esta recebendo neste ponto.
2) Em seguida, retira-se o sinal de excitação da primeira cerâmica e excita-se agora
somente a segunda cerâmica. E sem mover o hidrofone de lugar anota-se desta
vez a amplitude que o hidrofone esta recebendo para a segunda cerâmica.
3) Por fim sem movimentar o hidrofone liga-se as duas cerâmicas e faz se a leitura
do sinal capturado pelo hidrofone para as duas cerâmicas ligadas.
4) O ponto escolhido para o hidrofone, deve ser um ponto que está na linha que forma
um ângulo de 45º com a linha axial de cada uma das cerâmicas. Assim como
mostrado na Figura 13.
5) Quando se excita as duas cerâmicas ao mesmo tempo, deve-se ajustar o sinal de
entrada para que ele tenha os mesmos parâmetros do que quando se excita
somente uma cerâmica, pois ao se excitar duas cerâmicas simultaneamente
devido ao aumento da carga no gerador de sinais o sinal de entrada pode sofrer
alterações.
Figura 13 Método para medir campo resultante de duas cerâmicas
Figura 13 Método para medir campo resultante de duas cerâmicas.
30
Os resultados são apresentados na seção de resultados. Esse procedimento é
adotado quando se quer captar o campo resultante gerado por duas cerâmicas
simultaneamente, devido ao fato da caracterização das cerâmicas ser feita
manualmente. Ao se mudar o hidrofone de lugar dificilmente o mesmo será
movimentado exatamente sobre a direção axial da cerâmica, logo essa movimentação
gera ruído na aquisição do sinal, deixando-o assim com uma incerteza de leitura muito
grande. Por isso é necessário fixar somente um ponto, assim esse ruído é eliminado
ao variar o hidrofone. Por meio das amplitudes do sinal capturado pelas cerâmicas 1
e 2 separadamente e do sinal capturado pelas cerâmicas 1 e 2 ligadas juntas, pôde-
se saber se os campos resultantes da cerâmica 1 e 2 estão se somando.
31
5 RESULTADOS 5.1 Caracterização das Cerâmicas
Como descrito na Seção 4.3, foi realizada a caracterização de três cerâmicas
presentes no tanque. O sinal de excitação foi uma onda quadrada de Amplitude 5Vpp
e frequência 550kHz. A Figura 14 mostra o sinal de excitação.
A Tabela 1 mostra os valores máximos de tensões encontrado para a cerâmica
1 e a Tabela 2 mostra os valores mínimos de tensões encontrado para a mesma
cerâmica.
Figura 14 Sinal de excitação dos transdutores.
32
Tabela 1 Valores máximos de tensões encontrado para a cerâmica 1.
Posição do Hidrofone (cm) Tensão entregue pelo Hidrofone (mV) – Cerâmica 1 0 880
0,20 890 0,50 860 0,80 800 1,0 880
1,40 900 1,80 825 2,30 820 2,90 860 3,30 790 3,90 720 4,50 792 5,40 720 6,10 885 7,10 896
Tabela 2 Valores mínimos de tensões encontrado para a cerâmica 1.
Posição do Hidrofone (cm) Tensão entregue pelo Hidrofone (mV) – Cerâmica 1 0,10 85 0,30 64 0,60 35 0,90 25 1,20 45 1,60 72 2,00 80 2,60 45 3,10 56 3,60 48 4,10 34 4,90 45 5,70 42 6,50 66 7,50 50
A Figura 15 mostra o gráfico que representa a caracterização da cerâmica 1,
(máximos e mínimos pela posição do hidrofone), a Figura 16 mostra o gráfico somente
com os valores de máximos em função da posição do hidrofone para a mesma
cerâmica.
33
O mesmo procedimento foi usado para caracterizar a cerâmica 2. A Tabela 3
mostra os valores máximos de tensões encontrado para a cerâmica 2 e a Tabela 4
mostra os valores mínimos de tensões encontrado para a mesma cerâmica.
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
0 1 2 3 4 5 6 7 8
TEN
SÃO
EN
TREG
UE
PEL
O H
IDR
OFO
NE
(MV
)
CER
ÂM
ICA
1
POSIÇÃO DO HIDROFONE (CM)
Valores de máxima tensão- Cerâmica 1
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
0 1 2 3 4 5 6 7 8
TEN
SÃO
EN
TREG
UE
PEL
O H
IDR
OFO
NE
(MV
) –
CER
ÂM
ICA
1
POSIÇÃO HIDROFONE (CM)
Campo Acustico Cerâmica 1
Figura 15 Tensão entregue pelo hidrofone em função da posição do transdutor cerâmica 1.
Figura 16 Valores máximo de tensão para a cerâmica 1.
34
.
Tabela 3 Valores máximos de tensões encontrado para a cerâmica 2.
Posição do Hidrofone (cm) Tensão entregue pelo Hidrofone (mV) – Cerâmica 2 0 320
0,20 290 0,50 260 0,80 300 1,0 280
1,40 300 1,80 310 2,30 302 2,90 260 3,30 290 3,90 320 4,50 292 5,40 286 6,10 285 7,10 296
Tabela 4 Valores mínimos de tensões encontrado para a cerâmica 2.
Posição do Hidrofone (cm) Tensão entregue pelo Hidrofone (mV) – Cerâmica 2 0,10 70 0,30 36 0,60 40 0,90 45 1,20 60 1,60 62 2,00 22 2,60 46 3,10 55 3,60 46 4,10 27 4,90 62 5,70 66 6,50 46 7,50 41
A Figura 17 mostra o gráfico que representa a caracterização da cerâmica 2,
(máximos e mínimos pela posição do hidrofone), a Figura 18 mostra o gráfico somente
com os valores de máximos em função da posição do hidrofone para a mesma
cerâmica.
35
O mesmo procedimento foi usado para caracterizar a cerâmica 3. A Tabela 5
mostra os valores máximos de tensões encontrado para a cerâmica 3 e a Tabela 6
mostra os valores mínimos de tensões encontrado para a mesma cerâmica.
0
50
100
150
200
250
300
350
0 1 2 3 4 5 6 7 8
TEN
SÃO
EN
TREG
UE
PEL
O H
IDR
OFO
NE
(MV
) –
CER
ÂM
ICA
2
POSIÇÃO HIDROFONE (CM)
Campo Acustico Cerâmica 2
0
50
100
150
200
250
300
350
0 1 2 3 4 5 6 7 8
TEN
SÃO
EN
TREG
UE
PEL
O H
IDR
OFO
NE
(MV
)
CER
ÂM
ICA
2
POSIÇÃO DO HIDROFONE (CM)
Valores de máxima tensão- Cerâmica 2
Figura 17 Tensão entregue pelo hidrofone em função da posição do transdutor cerâmica 2.
Figura 18 Valores máximo de tensão para a cerâmica 2.
36
Tabela 5 Valores máximos de tensões encontrado para a cerâmica 3.
Posição do Hidrofone (cm) Tensão entregue pelo Hidrofone (mV) – Cerâmica 3 0 480
0,20 490 0,50 460 0,80 400 1,0 480
1,40 490 1,80 425 2,30 390 2,90 360 3,30 390 3,90 400 4,50 392 5,40 420 6,10 385 7,10 388
Tabela 6 Valores mínimos de tensões encontrado para a cerâmica 3.
Posição do Hidrofone (cm) Tensão entregue pelo Hidrofone (mV) – Cerâmica 3 0,10 44 0,30 46 0,60 53 0,90 52 1,20 38 1,60 27 2,00 28 2,60 54 3,10 65 3,60 65 4,10 41 4,90 70 5,70 42 6,50 26 7,50 35
A Figura 19 mostra o gráfico que representa a caracterização da cerâmica 3,
(máximos e mínimos pela posição do hidrofone), a Figura 20 mostra o gráfico somente
37
com os valores de máximos em função da posição do hidrofone para a mesma
cerâmica.
Feita a caracterização individual de cada cerâmica com o objetivo de estudar o
campo acústico resultante dentro do tanque quando se tem mais de uma cerâmica
0
100
200
300
400
500
600
0 1 2 3 4 5 6 7 8
TEN
SÃO
EN
TREG
UE
PEL
O H
IDR
OFO
NE
(MV
) –
CER
ÂM
ICA
3
POSIÇÃO HIDROFONE (CM)
Campo Acustico Cerâmica 3
0
100
200
300
400
500
600
0 1 2 3 4 5 6 7 8
TEN
SÃO
EN
TREG
UE
PEL
O H
IDR
OFO
NE
(MV
)
CER
ÂM
ICA
3
POSIÇÃO DO HIDROFONE (CM)
Valores de máxima tensão- Cerâmica 3
Figura 19 Tensão entregue pelo hidrofone em função da posição do transdutor cerâmica 3.
Figura 20 Valores máximo de tensão para a cerâmica 3.
38
ligada ao mesmo tempo o procedimento descrito na Seção 4.3 foi utilizado.
Fixou-se o hidrofone no ponto 7,10 cm na direção da linha que forma 45º com
as cerâmicas.
A Figura 21 mostra o sinal captura pelo hidrofone oriundo da cerâmica 1 e a
Figura 22 mostra o sinal capturado pelo hidrofone oriundo da cerâmica 2. Por fim a
Figura 23 mostra o sinal recebido pelo hidrofone ao se ligar a cerâmica 1 e 2 ao mesmo
tempo. Observa-se que a intensidade do sinal capturado pelo hidrofone no caso que
se tem somente uma cerâmica ligada, e com o hidrofone posicionado na linha que
forma 45º com as duas cerâmicas é menor que a intensidade quando se está
caracterizando a cerâmica com o hidrofone posicionado na direção axial da mesma.
Isso se deve ao fato que o hidrofone pontual captura o sinal recebido somente na
ponta, logo se esta está disposta frontalmente para a cerâmica, um mesmo sinal
apresentará maior intensidade do que quando a mesma está disposta em um ângulo
de 45º em relação a cerâmica, ou seja, o transdutor não recebera inteiramente o sinal.
Figura 21 Sinal recebido pelo hidrofone oriundo da cerâmica 1.
39
Figura 22 Sinal recebido pelo hidrofone oriundo da cerâmica 2.
Figura 23 Sinal recebido pelo hidrofone oriundo da cerâmica 1 e 2 juntas.
40
6 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Ao se encontrar a resposta axial das três primeiras cerâmicas, pode-se notar
que a tensão média máxima entregue pelo hidrofone foi diferente para as três. A
Tabela 7 mostra os valores de tensão média máxima entregue pelo hidrofone para
cada cerâmica e a Figura 24 mostra o gráfico com valores de máximos da cerâmica
1, 2 e 3.
Tabela 7 Valor da tensão media máxima entregue pelo hidrofone para a cerâmica 1, 2 e 3.
Cerâmica 1 Cerâmica 2 Cerâmica 3
Tensão Média entregue pelo
Hidrofone (mV) 834 293 424
Figura 24 Valores de máximo entregue pelo hidrofone para as cerâmicas 1, 2 e 3.
Essa diferença de valor esta relacionada com o fato do posicionamento do
hidrofone na direção axial de cada cerâmica ter sido feita manualmente, logo existe
um erro ao se localizar o eixo de simetria da mesma. Essa imprecisão ao se localizar
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
0 1 2 3 4 5 6 7 8
TEN
SÃO
EN
TREG
UE
PEL
O H
IDR
OFO
NE
(MV
)
POSIÇÃO DO HIDROFONE (CM
Valores de máxima tensão
Tensão entregue pelo Hidrofone (mV) – Cerâmica 1
Tensão entregue pelo Hidrofone (mV) – Cerâmica 2
Tensão entregue pelo Hidrofone (mV) – Cerâmica 3
41
o eixo de simetria da cerâmica faz com que o hidrofone possa estar posicionado fora
do eixo de simetria. Nesta condição, o que se esta medindo são lóbulos secundários
que possuem menor intensidade acústica, logo a tensão medida pelo hidrofone será
menor. A Figura 25 mostra o formato da frente de onda do ultrassom.
No caso destas medições observa-se que para as cerâmicas 2 e 3, o hidrofone
foi posicionado fora do eixo de simetria das mesmas, resultando em uma menor
tensão média máxima entregue pelo hidrofone.
Utilizando o segundo método de medição descrito na Seção 4.3, verifica-se que
a tensão entregue pelo hidrofone para a cerâmica 1 quando o mesmo é posicionado
em uma linha que forma 45º com as duas cerâmicas é menor do que quando este é
posicionado no eixo de simetria da cerâmica. Isto se deve ao fato da ponta do
hidrofone, que é a responsável por fazer a leitura da intensidade acústica da onda
oriunda da cerâmica 1 e converte-la em tensão, estar recebendo parcialmente o sinal
vindo da cerâmica 1, ou seja, essa angulação de 45º faz com que parte do sinal não
atinja a ponta do hidrofone, resultando em uma menor tensão entregue pelo hidrofone.
O mesmo ocorre quando se faz a medida para a cerâmica 2. Mesmo sendo menor a
intensidade acústica, verifica-se que os campos acústicos se somam vetorialmente
quando se liga duas cerâmicas juntas. As intensidades de campos acústicos
observadas são em torno de 580mV para a cerâmica 1 e 160mV para a cerâmica 2.
E o campo acústico resultante observado para as cerâmicas 1 e 2 foi em torno de
700mV.
Um ponto importante a se notar é que o tamanho do tanque (diâmetro de 9,5cm)
não permitiu que a transição entre o campo próximo e o campo distante fosse
Figura 25 Frente de onda do ultrassom. Adaptada de [13]
42
observada, pois tem-se que a transição entre o campo próximo e campo distante
ocorre a uma distância de 𝑑 =𝐷2
4𝜆, da cerâmica, com D sendo o diâmetro da cerâmica
e λ sendo o comprimento da onda do ultrassom. Logo como a cerâmica possui
diâmetro de 3cm e o comprimento de onda do ultrassom é dado por λ = c/f, sendo
f=550kHz e c=1540 m/s, o valor teórico de d onde ocorre a transição entre os campos
é de aproximadamente 8,15cm, sendo assim, como esse valor é muito próximo do
diâmetro do tanque não foi possível observar a transição entre os campos. Esse valor
de distância d esta relacionado com a frequência que se excita a cerâmica. Como
pode ser observado a frequência da onda quadrada usada para excitar a cerâmica foi
de 550MHz, frequência esta que esta abaixo da frequência de ressonância da mesma.
Esse valor foi usado na tentativa de se diminuir a distância d onde ocorre a transição
entre os campos, para que se pudesse observar essa transição, pois para uma
frequência de 2MHz essa distância d seria de aproximadamente 30cm. Foi observado
experimentalmente que 550kHz é o menor valor de frequência onde a cerâmica ainda
apresenta uma resposta que o hidrofone consegue converter a intensidade acústica
da onda em tensão de maneira confiável. Abaixo desse valor de frequência a
intensidade acústica que a cerâmica entrega é tão baixa que a tensão entregue pelo
hidrofone se torna pequena a ponto de ser confundida com ruído, logo as medições
se tornariam imprecisas. Entretanto, mesmo usando uma frequência de 550KHz, não
foi possível observar experimentalmente a transição entre os campos.
43
7 CONCLUSÃO
O intuito deste trabalho é verificar o comportamento do campo acústico dentro
do tanque projetado com 8 cerâmicas. O resultado que se esperava era a soma dos
campos acústicos das cerâmicas quando estas fossem ligadas simultaneamente em
fase. Mesmo realizando este procedimento somente para duas cerâmicas verificou-
se que os campos acústicos oriundos das duas cerâmicas se somaram, portanto,
mesmo não se estudando o campo acústico gerado pelas 8 cerâmicas, há indícios
para se afirmar que estes se somam, possibilitando assim a utilização deste tanque
para aplicações na química, como catalise de reações ou mesmo para se estudar o
fenômeno da sonoluminescência.
Não foi possível de se observar a transição entre o campo próximo e o campo
distante neste tanque, como solução a este problema, sugere-se a utilização de uma
cerâmica com a frequência de ressonância menor ou um tanque com diâmetro maior,
pois assim os efeitos em relação ao campo próximo e campo distante poderão ser
estudados com maior precisão.
Outro fator importante para um estudo mais aprofundado é melhorar o sistema
de medição das intensidades acústicas, pois como a mesma foi feita manualmente
isso gera muito ruído e ocasiona muitos erros de medição, devido ao fato de não se
conseguir movimentar o hidrofone exatamente na direção axial das cerâmicas. Logo
um software de aquisição de dados e um sistema de alta precisão para se movimentar
o hidrofone se tornam necessários para alcançar resultados mais precisos.
Por fim a utilização de um amplificador se faz necessário pois somente o
gerador de sinais não é suficiente para alimentar mais de duas cerâmicas ao mesmo
tempo, de modo que se mantenha um sinal de entrada fixo a 5Vpp. Logo se o sinal de
entrada for menor que 5Vpp a resposta ao estimulo que a cerâmica irá fornecer será
muito baixa, e isto resultada em uma tensão muito baixa entregue pelo hidrofone,
acarretando assim em uma medida imprecisa devido ao fato desta poder ser
confundida com ruído.
44
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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<http://labfisica.yolasite.com/resources/Propaganda%20IC.pdf>. Acesso em 16 de
junho de 2016.
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/BSPQ/589/article/3000794/pdf>. Acesso em 16 de junho de 2016.
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<http://www.tecnologiaradiologica.com/materia_usconceito.htm>. Acesso em 16 de
junho de 2016.
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Principio da inspeção. Curso de Engenharia Aeronáutica, UNITAU, São Paulo,
Tatuapé.
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electromechanical phenomena in crystals. New York: McGraw-Hill, 1946. 806 p.
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Ortodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Disponível em: http://www.ifi.unicamp.br/~lunazzi/F530_F590_F690_F809_F895
/F809/F809_sem1_2007/GeovannaL_Cotta_RF1.pdf>. Acesso em 17 de junho de
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45
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Acoustics. John Wiley & Sons: New York, 1982.
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<http://www.fisica.ufpb.br/~edmundo/Fisica2/Unidade-III-Ondas.pdf>. Acesso em 19
de junho de 2016.
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<http://www.ricardotakahashi.com.br/ultracomportamento.html. > Acesso em 19 de
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[12] Filho, A.M. A equação de Bessel. Disponível em:
<http://br.monografias.com/trabalhos917/equacao-bessel/equacao-bessel2.shtml>.
Acesso em 17 de junho de 2016
[13] Kitchen, Sheila. Eletroterapia baseada em evidências. 11ª edição. 2003