estudo de tÉcnicas de controle aplicadas...

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO DE ELETRÔNICA ENGENHARIA ELETRÔNICA FABRICIO PEROSA PAULO HENRIQUE SGANZERLA DEFINSKI ESTUDO DE TÉCNICAS DE CONTROLE APLICADAS AO LIMPADOR DE PARA-BRISAS VEICULAR TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO PONTA GROSSA 2016

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO DE ELETRÔNICA

ENGENHARIA ELETRÔNICA

FABRICIO PEROSA

PAULO HENRIQUE SGANZERLA DEFINSKI

ESTUDO DE TÉCNICAS DE CONTROLE APLICADAS AO LIMPADOR DE PARA-BRISAS VEICULAR

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PONTA GROSSA

2016

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FABRICIO PEROSA

PAULO HENRIQUE SGANZERLA DEFINSKI

ESTUDO DE TÉCNICAS DE CONTROLE APLICADAS AO LIMPADOR DE PARA-BRISAS VEICULAR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Engenharia Eletrônica, do Departamento de Eletrônica (DAELE), da Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Orientadora: Prof. Fernanda Cristina Corrêa, Dra.

PONTA GROSSA

2016

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TERMO DE APROVAÇÃO

ESTUDOS DE TÉCNICA DE CONTROLE APLICADAS AO LIMPADOR DE PARA-

BRISAS VEICULAR

por

FABRICIO PEROSA PAULO HENRIQUE SGANZERLA DEFISNKI

Este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) foi apresentado em 22 de junho de 2016

como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia

Eletrônica. Os candidatos foram arguidos pela Banca Examinadora composta pelos

professores abaixo assinados. Após deliberação, a Banca Examinadora considerou

o trabalho aprovado.

_______________________________ Fernanda Cristina Corrêa

Profa. Orientadora

_______________________________ Alexandre Junior Fenato

Responsável pelos Trabalhos de Conclusão de Curso

_______________________________ Alexandre Junior Fenato

Membro titular

_______________________________ Prof. Ms. Edson Luiz Salgado Silva

Membro titular

_______________________________ Prof. Ms. Jeferson José Gomes

Coordenador do Curso UTFPR - Campus Ponta Grossa

- O TERMO DE APROVAÇÃO ASSINADO ENCONTRA-SE ARQUIVADO NA SECRETARIA ACADÊMICA -

Ministério da Educação

Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Ponta Grossa

Diretoria de Graduação e Educação Profissional

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Dedicamos este trabalho as nossas famílias, nossos amigos e a todos que

nos deram apoio em horas difíceis.

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AGRADECIMENTOS

Este trabalho está só começando, mas até agora já tivemos a colaboração de

muitas pessoas.

Agradecemos aos nossos professores, especialmente a nossa orientadora

Fernanda Cristina Corrêa, por todos ensinamentos prestados durante a graduação e

pela colaboração na aquisição deste trabalho.

Agradecemos as nossas famílias pela colaboração e pela confiança em todos

esses anos de graduação, pois sem a educação por eles prestada não estaríamos

fazendo um curso de Engenharia.

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RESUMO

PEROSA, Fabricio; DEFINSKI, Paulo Henrique Sganzerla. Estudo de Técnicas de Controle Aplicadas ao Limpador de Para-Brisas Veicular. 2016. 65 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Curso de Engenharia Eletrônica. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Ponta Grossa, 2016.

Um item que é encontrado desde os primeiros automóveis criados no início dos anos de 1900 é o limpador de para-brisas. O limpador de para-brisas veicular foi desenvolvido por Mary Anderson em 1903 e desde então é item obrigatório, pois trata-se de um item de segurança e de extrema importância. Neste sentido, o presente estudo tem como objetivo estudar as técnicas de controle fuzzy e técnica clássica PID (proporcional, integral e derivativo) a fim de verificar qual delas oferece maior eficiência para o limpador de para-brisas automático. Foram estudados os controladores necessários para simulação. Todo o arquétipo foi modelado matematicamente e efetuada a simulação no ambiente MATLAB/Simulink, no qual os controladores foram implementados e ajustados. Ao final foram analisadas as diferenças que ocorreram entre o controlador PID e fuzzy no controle do limpador automático de para-brisas, no qual o controlador PID obteve melhores resultados.

Palavras-chaves: Controle PID. Controle Fuzzy. Limpador de Para-brisas.

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ABSTRACT

PEROSA, Fabricio; DEFINSKI, Paulo Henrique Sganzerla. Study of Control Technique Applied on Automotive Windscreen Wiper. 2016. 65 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Curso de Engenharia Eletrônica. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Ponta Grossa, 2016.

An item that is found from the first car created in the early 1900s is the windscreen wiper. Mary Anderson developed the cleaner car windscreen in 1903 and since then it is mandatory item, because it is a safety item and very important. In this sense, the present study aims to study the fuzzy control techniques and classical technique PID (proportional, integral and derivative) in order to determine which one offers greater efficiency for the automatic windshield wiper. The drivers required for simulation were studied. The entire construct was mathematically modeled and performed the simulation in MATLAB / Simulink environment in which the drivers were implemented and adjusted. At the end, we analyzed the differences that occurred between PID and fuzzy controller in the control of the automatic cleaner windshields, in which the PID controller obtained better results.

Key-words: PID Control. Fuzzy Control. Windscreen Wiper.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Patente do Primeiro Sistema Limpador de Para-brisa ............................. 16

Figura 2 – Limpador de Para-brisas manual ............................................................. 17

Figura 3 – Sistema de limpador de para-brisa com acionamento automático através de bomba de vácuo. .................................................................................................. 17

Figura 4 – Sistema de limpador de para-brisas com acionamento por motor elétrico. .................................................................................................................................. 18

Figura 5 – Resolução Americana FMVSS 104 .......................................................... 20

Figura 6 – Zona de limpeza “A” ................................................................................. 21

Figura 7 – Zona de limpeza "B" ................................................................................. 21

Figura 8 – Mecanismo Acionador e suas Partes ....................................................... 22

Figura 9 – Ângulo de ataque da Palheta ................................................................... 23

Figura 10 – Motor de Acionamento ........................................................................... 24

Figura 11 – Braço do Limpador ................................................................................. 25

Figura 12 – Palheta do Limpador de Para-brisas. ..................................................... 26

Figura 13 – Secção transversal da lâmina de borracha. ........................................... 27

Figura 14 – Diagrama esquemático de um servomotor ............................................. 30

Figura 15 – Aumento do comportamento oscilatório com aumento de Kp ................ 33

Figura 16 – Aumento do comportamento oscilatório com aumento de Ki ................. 34

Figura 17 – Tendência de amplificar sinal em alta frequência .................................. 35

Figura 18 – Definição formal conjunto fuzzy.............................................................. 45

Figura 19 – Representação esquemática de um controlador fuzzy ........................... 46

Figura 20 – Deslocamento negativo dos polos com aumento do ganho integral Ki .. 52

Figura 21 – Layout do controle fuzzy ........................................................................ 52

Figura 22 – Controlador fuzzy com as variáveis de entrada e saída ......................... 53

Figura 23 – Regras do Fuzzy .................................................................................... 55

Figura 24 – Universo de discurso para a variável “Erro” ........................................... 56

Figura 25 – Universo de discurso para a variável “Variação do Erro” ....................... 56

Figura 26 – Universo de discurso para a variável “Saída” ......................................... 57

Figura 27 – Processo de Defuzzificação ................................................................... 57

Figura 28 – Mapeamento de Polos e Zeros do Controle PID .................................... 58

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Percentual Mínimo de Limpeza de acordo com a FMVSS 104 ............... 20

Tabela 2 – Erro Estacionário em Função do Ganho K .............................................. 43

Tabela 3 – Combinação das Regras Fuzzy............................................................... 54

Tabela 4 – Comparação do Controle PID com o Controle Fuzzy .............................. 59

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................10

1.1 TEMA ................................................................................................................11

1.1.1 Delimitação do Tema ..................................................................................11

1.2 PROBLEMA ......................................................................................................11

1.3 HIPÓTESE ........................................................................................................12

1.4 OBJETIVOS ......................................................................................................12

1.4.1 Objetivo Geral .............................................................................................12

1.4.2 Objetivos Específicos .................................................................................12

1.5 JUSTIFICATIVA ................................................................................................13

1.6 ESCOPO DO TRABALHO ................................................................................13

2 REVISÃO DA LITERATURA ...............................................................................15

2.1 A INVENÇÃO E EVOLUÇÃO DO LIMPADOR DE PARA-BRISA .................15

2.2 LEGISLAÇÃO PARA O SISTEMA LIMPADOR DE PARA-BRISAS .............19

2.3 PARTES CONSTITUINTES DO SISTEMA LIMPADOR DE PARA-BRISAS 22

2.3.1 Mecanismo Acionador ................................................................................22

2.3.2 Motor de Acionamento ................................................................................23

2.3.3 Braço do Limpador .....................................................................................25

2.3.4 Palheta .......................................................................................................26

2.3.5 Lâmina de Borracha ...................................................................................27

2.4 TECNOLOGIA DE SENSORES DE CHUVA ................................................27

2.4.1 Sensor de Imagem CMOS ..........................................................................28

2.4.2 Sensor Sonoro ............................................................................................28

2.4.3 Sensor Capacitivo.......................................................................................29

2.4.4 Sensor de Chuva Óptico .............................................................................29

2.4.5 Sensor de Chuva Omnidirecional ...............................................................29

2.5 MODELAGEM DO MOTOR DE ACIONAMENTO ........................................30

2.6 CONTROLE DO SERVOMOTOR .................................................................31

2.7 CONTROLE PROPORCIONAL INTEGRAL E DERIVATIVO .......................32

2.7.1 Erro ao Degrau ...........................................................................................39

2.7.2 Erro a Rampa .............................................................................................40

2.7.3 Erro a Parábola...........................................................................................41

2.7.4 Ação do Ganho Integral no Erro Estacionário ............................................43

2.8 CONTROLE FUZZY .....................................................................................44

2.8.1 Lógica Fuzzy versus Modelagem Matemática ............................................44

2.8.2 Fundamentos da Lógica Fuzzy ...................................................................46

2.8.2.1 Fuzzificação ................................................................................................48

2.8.2.2 Inferência ....................................................................................................48

2.8.2.3 Defuzzificação ............................................................................................48

2.8.2.4 Variáveis linguísticas ..................................................................................49

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2.8.2.5 Função de pertinência ................................................................................49

2.8.2.6 Regras Fuzzy .............................................................................................50

3 DESENVOLVIMENTO DO CONTROLE DO LIMPADOR DE PARA-BRISAS ...51

3.1 CONTROLADOR PID........................................................................................51

3.2 CONTROLADOR FUZZY ..................................................................................52

3.2.1 Regras do Controle Fuzzy ..............................................................................54

3.2.2 Universo de Discurso das Regras para as Entradas e Saída do Sistema ......55

4 RESULTADOS OBTIDOS ..................................................................................58

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................60

REFERÊNCIAS .......................................................................................................61

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10

1 INTRODUÇÃO

Os veículos em geral, sejam de carga ou de passeio, são peças importantes

no desenvolvimento da humanidade. Proporcionam maior conforto e rapidez no

transporte de cargas ou pessoas substituindo o uso da força animal.

Desde o lançamento do primeiro automóvel, modificações e melhorias no

projeto inicial foram feitas com o objetivo de proporcionar mais conforto, aumentar a

segurança, melhorar a autonomia e o design do veículo. A indústria automobilística

pode ser considerada como grande desenvolvedora de novas tecnologias e a

incorporação disso nos automóveis é notável ao longo dos anos.

Uma das tecnologias de grande importância é o limpador de para-brisas

veicular, desenvolvido por Mary Anderson em 1903 (MACIEL, 2010 apud UNITED

STATES PATENT AND TRADE MARK OFFICE). Este item é encontrado nos veículos

até nos dias atuais, pelo fato de ser um item de segurança. O limpador de para-brisas

tem sofrido melhorias a fim de aumentar a eficiência na limpeza e a segurança dos

passageiros do veículo. Inicialmente ele funcionava de forma manual, ou seja, o

motorista realizava a limpeza do vidro quando julgava necessário. Atualmente, em

veículos de mais modernos e sofisticados o limpador de para-brisas tem acionamento

automático de acordo com a intensidade da chuva ou presença de sujeira.

As inovações no sistema de limpador de para-brisas passam pela forma de

acionamento do motor, melhorias na forma construtiva da palheta, uso de novos

materiais para confecção das palhetas, entre outros (GOES, 2003).

Quanto ao motor de acionamento, Goes (2003) cita que motores com sentido

de rotação eletronicamente reversível permite o funcionamento a uma velocidade

continuamente regulável, e com o auxílio de um sensor de chuva, a velocidade é

adaptada automaticamente à precipitação corrente. Cita ainda que as unidades de

acionamento eletronicamente controladas permitem ainda que durante a operação de

limpeza, o sentido de rotação do motor seja invertido, desta forma elimina-se a

necessidade de uma área reservada para movimentação da articulação do

mecanismo que transmite o movimento aos braços limpadores. Outra vantagem é

permitir a regulagem continua da velocidade do limpador através de um comando ou

botão interno no veículo.

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1.1 TEMA

O objetivo do trabalho é avaliar as técnicas de controle proporcional integral

derivativa (PID) e fuzzy para um limpador de para-brisas veicular automático, a fim de

verificar qual técnica apresenta melhor comportamento no domínio do tempo.

1.1.1 Delimitação do Tema

Dentro das diversas técnicas de controle, neste trabalho será realizada a

comparação de duas técnicas (controle PID e fuzzy) com o intuito de verificar qual

técnica de controle apresenta melhor resposta para o acionamento automático do

limpador de para-brisas veicular.

1.2 PROBLEMA

Segundo dados da Polícia Rodoviária Federal brasileira (2014), no ano de 2014

foram registrados 168.593 acidentes em rodovias federais nacionais, que deixaram

100.396 pessoas feridas e levaram a 8.227 óbitos. A Polícia Rodoviária Federal (2014)

cita que grande parte dos acidentes está relacionado ao comportamento humano,

dados apontam que 32% dos acidentes que levaram a morte foram causados por falta

de atenção dos condutores.

Esse índice de acidentes precisa ser reduzido, e é nisso que as autoridades e

a comunidade científica devem focar. Muitos acidentes poderiam ser evitados através

de uma maior conscientização das pessoas no trânsito, redobrar a atenção na direção,

melhorar a condição das vias, contar com o uso de novas tecnologias que venham

facilitar a condução do veículo pelo motorista, entre outras atitudes.

É neste contexto de novas tecnologias implantadas nos veículos que visam aprimorar

a segurança do condutor e dos passageiros que este trabalho será desenvolvido. O

ato do motorista acionar o limpador de para-brisas e definir a velocidade que melhor

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se adapte à condição climática vigente, desvia a atenção do condutor por alguns

segundos, e estes podem ser essenciais para se de evitar um acidente. Estudos e

cálculos realizados mostram que desviar a atenção do motorista por alguns segundos

faz com que o veículo percorra determinada distância de acordo com a velocidade

atual sem a devida vigilância e percepção necessária para a condução do automóvel.

Além disso, a percepção da intensidade de chuva pelo motorista pode ser lenta e

assim a visibilidade da rodovia fique prejudicada (Woodworth: 1869-1962).

1.3 HIPÓTESE

Através de referências textuais, foi observado que é possível fazer

comparações das técnicas de controle do limpador de para-brisas utilizando-se o

software MATLAB da MathWorks a fim de simular a condição real.

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo Geral

Pesquisar e analisar as técnicas de controle PID e fuzzy, a fim de verificar qual

delas apresenta melhor resultado no acionamento automático do limpador de para-

brisas veicular.

1.4.2 Objetivos Específicos

a) Pesquisa bibliográfica sobre funcionamento dos limpadores de para-brisa;

b) Desenvolvimento de um modelo matemático do motor elétrico do limpador de

para-brisas;

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13

c) Elaboração e projeto dos controladores PID e fuzzy para o modelo matemático

da planta;

d) Simulação dos controladores com o uso do MATLAB/Simulink;

e) Comparação dos resultados obtidos por meio das simulações, verificando-se

as vantagens e desvantagens no uso destas técnicas de controle para esta

aplicação.

1.5 JUSTIFICATIVA

O limpador de para-brisas veicular é um item de segurança e obrigatório em

todos os veículos. Desde sua criação até os dias atuais, melhorias significativas

aconteceram, seja no desenvolvimento de novos materiais aumentando sua

eficiência, formas de acionamento (manual ou automático) e diferentes configurações

com o mesmo objetivo.

O acionamento automático do limpador de para-brisas através de sensores

que fazem a leitura da intensidade da chuva é um componente que busca aumentar

a segurança durante a condução do veículo. A falta de atenção ao dirigir é algo

extremamente grave, pois um carro a 100 km/h em 1 segundo percorre

aproximadamente 28 metros. Suficiente para ocasionar um acidente. Portanto, se o

acionamento do limpador de para-brisas for automático evitará que o condutor do

veículo se distraia a fim de acionar e ajustar a frequência da limpeza do vidro de forma

mais eficiente. Outro fator positivo para o acionamento automático do limpador de

para-brisas e de um controle mais eficiente de seu motor de acionamento é o ganho

na limpeza do para-brisa proporcionando um aumento na visibilidade do motorista.

1.6 ESCOPO DO TRABALHO

Este trabalho está organizado da seguinte forma:

No capítulo 2 é apresentada uma revisão da literatura que contempla a história

da criação do limpador de para-brisas, bem como a legislação que rege seu projeto e

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14

uso, as partes constituintes do sistema, a tecnologia dos sensores utilizados, a

modelagem e controle do motor e uma abordagem sobre o controle PID e fuzzy.

No capítulo 3 é abordado o desenvolvimento do trabalho em termos do

controle PID e fuzzy.

No capítulo 4 apresenta-se e discute-se os resultados dos controles PID e

fuzzy para o sistema limpador de para-brisas.

E finalmente, no capítulo 5 apresenta-se uma breve conclusão sobre os 2 tipos

de controle estudados.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

A indústria automobilística é o berço de grandes desenvolvimentos

tecnológicos ao longo da história. Muitos equipamentos, processos, técnicas e

modelos de gestão fabril utilizados amplamente na indústria em geral, foram

desenvolvidos pela indústria automobilística no decorrer dos anos.

Segundo Maciel (2010), a indústria automobilística sofre grande influência de

forma positiva devido as variações de consumo, resultado da crise econômica que

atingiu o mercado nos últimos anos. Novos investimentos e pesquisas tornam-se

estratégicos e fundamentais para a sobrevivência de montadoras e fornecedores,

principalmente em mercados emergentes.

Os veículos automotores fazem uso de diversos dispositivos eletrônicos,

sejam eles para segurança, comodidade ou melhoria de processo. Um desses

dispositivos é o limpador de para-brisas, muitas vezes esquecidos pelos motoristas,

mas é um item essencial nos veículos e considerado como um item de segurança.

O limpador de para-brisas só é lembrado pelos motoristas quando começa a

chover ou algo suja o para-brisas. É nessa hora que precisamos dele e seu mal

funcionamento pode ocasionar um acidente grave.

2.1 A INVENÇÃO E EVOLUÇÃO DO LIMPADOR DE PARA-BRISA

De acordo com Maciel (2010 apud UNITED STATES PATENT AND TRADE

MARK OFFICE), a invenção do limpador de para-brisas foi concedida a Mary

Anderson no dia 10 de novembro de 1903 sob a patente n° 743.801. Na Figura 1 a

seguir observa-se o dispositivo de limpeza de janelas.

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16

Figura 1 – Patente do Primeiro Sistema Limpador de Para-brisa

Fonte: Estados Unidos da América Patente Nº US743801 A (1903)

Conforme pode ser observado na Figura 1, o dispositivo criado é composto

por uma alavanca metálica acionada manualmente, internamente ao veículo. Esta

alavanca aciona um braço oscilante que, por sua vez, articulava uma lâmina de

borracha sobre o vidro. Alguns equipamentos semelhantes haviam sido criados

anteriormente, mas este foi o primeiro a realizar a tarefa com eficiência (MACIEL, 2010

apud MASSACHUSETTS INSITUTE OF TECHNOLOGY Website).

A invenção de Mary Anderson realizava a limpeza do para-brisa e auxiliava a

condução do veículo em dias chuvosos, porém era acionado de forma manual o que

ocasionava cansaço ao motorista e exigia com que o condutor dirigisse apenas com

uma das mãos, tornando-se bastante perigoso. Na Figura 2, observa-se o sistema

limpador de para-brisa com acionamento manual.

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17

Figura 2 – Limpador de Para-brisas manual

Fonte: Maciel (2010)

Foi então que em 1919, o inventor William M. Folberth solicitou a patente de

um limpador de para-brisas automático. Esta solicitação foi atendida em 1922,

tornando-se o primeiro dispositivo automático a realizar esta função. Este sistema

fazia uso do acionamento através de uma bomba de vácuo, este sistema tornou-se

padrão nos automóveis até aproximadamente 1960. Na Figura 3 é apresentado o

sistema criado por William M. Folberth (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA PATENTE

Nº US1797977 A, 1924).

Figura 3 – Sistema de limpador de para-brisa com acionamento automático através de bomba de vácuo.

Fonte: Maciel (2010)

A invenção de William Folberth solucionou os problemas de seu antecessor,

porém tinha como deficiência o fato que sua velocidade de funcionamento era alterada

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18

de acordo com a rotação do motor. Para solucionar esta falha, os fabricantes deste

produto passaram a desenvolver o acionamento do limpador de para-brisas com

motores elétricos. Esta forma de acionamento é basicamente utilizada até os dias

atuais. Na Figura 4 é apresentado um sistema de limpador de para-brisas com

acionamento por motor elétrico.

Figura 4 – Sistema de limpador de para-brisas com acionamento por motor elétrico.

Fonte: Maciel (2010)

Um item de extrema importância nos limpadores de para-brisa são as

palhetas. Essas palhetas ficam em contato direto com o vidro e visam a remoção de

água e sujeira do para-brisa. Juntamente com a forma de acionamento do limpador

de para-brisas, este item passou por constante desenvolvimento com o objetivo de

obter melhor distribuição de pressão da lâmina de borracha sobre o para-brisa através

da força aplicada pelo braço no centro da mesma. Basicamente, a evolução deste

material aconteceu na forma geométrica, material utilizado e forma de fixação no

braço do limpador de para-brisas.

Todos os itens e sistemas presentes nos veículos passam por rigorosos testes

de qualidade e segurança, devendo cumprir determinações legais de durabilidade e

segurança. Isso é válido também para o limpador de para-brisa. Este sistema deve

cumprir as determinações legais de manter a visibilidade através do para-brisa. As

normas legais definem a área mínima de abrangência do sistema de para-brisas

(MACIEL, 2010).

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19

Como requisitos legais, o sistema limpador de para-brisa deve cumprir

efetivamente os seguintes itens (BOSCH, 2005):

Remoção de água e neve;

Remoção de sujeira mineral, orgânica e biológica;

Operação tanto em alta temperatura (+70°C) como em baixa

temperatura (-30°C);

Resistência a corrosão e a intempéries;

Prover durabilidade de 1,5 milhões de ciclos de limpeza para veículos

de passeio e 3 milhões para veículos utilitários;

Teste de bloqueio.

2.2 LEGISLAÇÃO PARA O SISTEMA LIMPADOR DE PARA-BRISAS

No Brasil está em vigor a resolução do CONTRAN 224/06. Esta resolução é

fundamentada com base regulamentação americana e sua última revisão em 2006,

passou a ser aperfeiçoada na diretiva europeia (CONSELHO NACIONAL DE

TRÂNSITO. Resolução n. 224, de 9 de fevereiro de 2006).

Alternativamente se admitirá a homologação de veículos que cumpram com

os sistemas de limpador e lavador do para-brisa que atendam a Diretiva Europeia

78/318/EEC, emendada pela Diretiva 94/68/EEC, ou a norma americana FMVSS 104,

de 24 de setembro de 1998 (CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO. Resolução n.

224, de 9 de fevereiro de 2006).

A principal preocupação destas legislações é com a área mínima de limpeza

que o sistema deve atender. No caso da FMVSS 104, valores mínimos de área de

limpeza através de planos projetados do campo de visão do motorista devem ser

atendidos. Estes planos determinam três áreas de limpeza distintas: A, B e C. Estes

planos podem ser vistos na Figura 5.

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20

Figura 5 – Resolução Americana FMVSS 104

Fonte: SAE J903, 1999

Para estes 3 planos apresentados, esta resolução determina um percentual

mínimo de limpeza que o sistema limpador de para-brisas deve realizar, conforme a

Tabela 1.

Tabela 1 – Percentual Mínimo de Limpeza de acordo com a FMVSS 104

Área Percentual de Limpeza da Área

A 80

B 94

C 99

Fonte: SAE J903, 1999

Já a diretiva europeia 78/318/EEC especifica apenas duas áreas de limpeza,

A e B, usando também planos projetados do campo de visão do motorista, com

critérios diferentes da regulamentação americana. A área mínima de limpeza na zona

A é de 98% e na zona B é de 80%. Estes planos são apresentados nas Figuras 6 e 7,

respectivamente.

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Figura 6 – Zona de limpeza “A”

Fonte: European Comission, 1978

Figura 7 – Zona de limpeza "B"

Fonte: European Comission, 1978

Em geral, os sistemas limpadores de para-brisa têm maior dificuldade de

atendimento das áreas de limpeza determinadas pela regulamentação americana do

que à diretiva europeia, principalmente para veículos que apresentam menor largura.

Isso ocorre devido ao percentual requisitado da área intermediária (área B) da lei

americana (MACIEL, 2010).

Além das áreas mínimas de limpeza, também é regulamentado requisitos de

velocidades de limpeza do sistema, desempenho à alta velocidade, durabilidade,

resistência a baixas e altas temperaturas, resistência mecânica e química.

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22

2.3 PARTES CONSTITUINTES DO SISTEMA LIMPADOR DE PARA-BRISAS

O sistema de limpador de para-brisas essencialmente é constituído por um

mecanismo acionador, um motor de acionamento, o braço do limpador, palheta e

lâmina de borracha. Cada um destes itens é composto por itens menores que serão

abordados em seguida.

2.3.1 Mecanismo Acionador

O mecanismo acionador é o sistema responsável por transmitir o movimento

de rotação do motor em um movimento de vai e volta do conjunto braço e palheta.

Este movimento é obtido através de um sistema de manivelas, onde a manivela do

motor gira 360º e aciona transmissões conectadas às manivelas acionadoras dos

eixos de acoplamento dos braços (MACIEL, 2010).

Na Figura 8 é mostrado o sistema do mecanismo acionador e suas partes

constituintes: mancal, manivela do motor, transmissões, eixo de acoplamento do

braço, manivela, coxim e motor elétrico.

Figura 8 – Mecanismo Acionador e suas Partes

Fonte: Maciel, 2010

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No desenvolvimento e projeto de um mecanismo acionador, existem dois

pontos principais de otimização do sistema que devem ser considerados: o primeiro

ponto é o movimento estável das palhetas, mantendo os valores extremos de

aceleração angular próximos do ponto de reversão da palheta; componente mais

importante do limpador é a borracha que é fixado através do engate no braço do

limpador de para-brisa para que a palheta esteja ligeiramente inclinada num ângulo

de aproximadamente 45°, afim de auxiliar o trabalho da inversão do lábio de limpeza

da lâmina de borracha, conforme pode ser observado na Figura 9 (BOSCH, 2000).

Figura 9 – Ângulo de ataque da Palheta

Fonte: SAE J903, 1999

2.3.2 Motor de Acionamento

O motor de acionamento é responsável pelo movimento do limpador de para-

brisas. De acordo com Bosch (2005), para o desempenho desta tarefa usualmente

são empregados motores de corrente contínua com imã permanente. Eles são

equipados com uma caixa redutora de sistema de engrenagem do tipo eixo sem-fim,

como na Figura 10.

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Figura 10 – Motor de Acionamento

Fonte: Bosch, 2005

O mesmo autor cita que a determinação da potência dos motores de

acionamento difere dos propulsores elétricos usuais. As regulamentações legais e as

especificações de uso geralmente estabelecem uma rotação de 45 rpm para a

frequência mais baixa e 65 rpm para a frequência mais alta da palheta. Do atrito

máximo entre a lâmina de borracha e o para-brisa, resulta o torque que o motor deve

fornecer para cada palheta na rotação mínima de 5 rpm.

Este torque é o chamado torque de arranque que é calculado com base nos

seguintes itens (BOSCH, 2005):

Força nominal de contato da palheta;

Coeficiente de máximo de atrito da lâmina de borracha com o para-

brisa no regime a seco;

Fator de atrito das articulações;

Fator de tolerância da força de contato da palheta;

Comprimento das palhetas;

Velocidade angular máxima da palheta;

Velocidade angular média da manivela do motor;

Grau de eficiência das transmissões;

Resistência do induzido aquecido pela operação normal;

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Resistência do induzido frio.

Para a concepção do motor, outro item a ser considerado é a resistência ao

curto-circuito. Ela é definida como o tempo em que o motor bloqueado, com tensão

total, deve resistir sem superaquecimento (BOSCH, 2005).

O torque operacional com o vidro molhado é equivalente a 0-20% do torque

de arranque (BOSCH, 2005).

2.3.3 Braço do Limpador

É responsável por fazer a ligação entre a palheta e o sistema acionador. Ele

é responsável por pressionar a palheta sobre o para-brisa, fornecendo a quantidade

de força necessária e o ângulo de ataque (BOSCH, 2000).

A fixação do braço é realizada por cone serrilhado, aplicado na união do eixo

do motor com a articulação do braço do limpador. O eixo em forma de cone serrilhado

e articulação do braço limpador com furo cônico serrilhado visa proporcionar uma

fixação eficiente e segura, evitando queda de torque e espanamento dos filetes de

rosca serrilhado. A outra extremidade possui um arame chato de aço curvado em

forma de gancho, que trava a palheta no braço. (INSTITUTO ALEMÃO PARA

NORMALIZAÇÃO 1997ii.)

O braço do limpador é constituído pela cabeça, dobradiça, mola, haste e

gancho, como observa-se na Figura 11.

Figura 11 – Braço do Limpador

Fonte: Grenouillat; Leblanc, 2002

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2.3.4 Palheta

A palheta tem como função principal sustentar a lâmina de borracha sobre o

para-brisa, direcionando o seu movimento, e transformando a força de contato do

braço em pressão distribuída da lâmina de borracha sobre o para-brisa. (MACIEL,

2010)

A paleta deve manter a pressão da borracha constante e uniforme sobre o

vidro e diminuir o efeito de levantamento sofrido devido aos efeitos aerodinâmicos do

vento que atingem o vidro em altas velocidades (BILLOT,2001)

A palheta é constituída pelo ponto de fixação, articuladores, adaptador,

garras, lâmina de borracha e suporte para borracha. Isso pode ser observado na

Figura 12.

Figura 12 – Palheta do Limpador de Para-brisas.

Fonte: Grenouillat; Leblanc, 2002

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2.3.5 Lâmina de Borracha

O perfil da lâmina de borracha, é formado pelo lábio de limpeza, que possui

as duas arestas de contato com o para-brisa (uma de cada lado), que por sua vez é

conectado com a parte superior da lâmina, através de um pescoço de articulação. A

parte superior, é destinada a fixar a lâmina de borracha com o suporte da borracha da

estrutura da palheta, como pode ser visto na Figura 13 a seguir (MACIEL, 2010).

Figura 13 – Secção transversal da lâmina de borracha.

Fonte: NWB Website

Quando pressionada sobre o para-brisa pelo suporte da borracha, a lâmina

de borracha para prover uma boa qualidade de limpeza, deve inclinar o lábio sobre o

para-brisa de forma a obter um ângulo aproximado de 45º, proporcionando um contato

superficial de 0,01 mm a 0,015 mm (BOSCH, 2005). Caso o ângulo formado pelo lábio

e o para-brisa, esteja acima do desejado, aumentará o contato superficial, causando

uma má qualidade de limpeza. A sensação deste efeito é de um para-brisa embaçado.

Já o contrário, ou seja, o ângulo esteja abaixo do desejado, o lábio de limpeza poderá

vibrar, causando uma má qualidade de limpeza e ruído. Esta má qualidade de limpeza

é chamada de trepidação (MACIEL, 2010).

2.4 TECNOLOGIA DE SENSORES DE CHUVA

O sensor, por definição, é um dispositivo que recebe estímulos físicos e

transmite um impulso correspondente. Neste caso, o sensor é empregado para

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detectar a intensidade da chuva no momento e enviar um sinal correspondente a esta

intensidade ao controlador a fim de estabelecer a velocidade dos limpadores de para-

brisa. O sensor empregado neste tipo de aplicação pode fazer uso de diferentes

tecnologias para fazer a detecção do estímulo físico. A seguir são abordadas algumas

das tecnologias mais utilizadas (ALAZZAWI e CHAKRAVARTY, 2015)

2.4.1 Sensor de Imagem CMOS

O sensor de imagem CMOS é um dispositivo semicondutor fabricado através

de processos de microeletrônica. Um sensor CMOS é constituído de uma matriz de

micros diodos fotossensíveis, isto é, um nano diodo em cada célula que é chamado

eletronicamente de píxel (SOSA CARDOZA, 2012). Quando uma gota de chuva cai

sobre um píxel deste sensor, um sinal de tensão é gerado que por sua vez gera um

sinal luminoso. Este sinal luminoso é convertido para o código gray e armazenado em

uma memória. Em seguida, os valores armazenados na memória são comparados e

analisados com os valores padrões da escala e desta forma é possível determinar a

intensidade da chuva.

Este tipo de sensor tem como problema para esta aplicação a característica

de que uma vez que os pixels estejam molhados, a sensibilidade do sensor é

diminuída podendo não detectar o próximo pingo de chuva. Outro ponto a se observar

é que o sensor cobre apenas uma região do para-brisas, desta forma ele não

apresenta a real condição do ambiente. Além do mais, o sensor não diferencia o objeto

detectado, logo pode ser uma gota de chuva, poeira ou folhas, o que diminui muito

sua efetividade (ALAZZAWI e CHAKRAVARTY, 2015).

2.4.2 Sensor Sonoro

A intensidade de chuva pode ser detectada através do uso de um microfone

instalado no carro a fim de captar o som criado pelo choque das gotas de chuva com

o material metálico do teto do veículo. Porém, o inconveniente deste tipo de sensor é

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29

a necessidade do uso de filtro seletor de frequências para eliminar o ruído ambiente

(ALAZZAWI e CHAKRAVARTY, 2015) e (JARAJREH et al., 2004).

2.4.3 Sensor Capacitivo

Este tipo de sensor tem uma patente registrada, pois a ideia é colocar um filme

do sensor capacitivo junto com a camada de laminado do para-brisa, desta forma o

sensor detectará a intensidade de chuva baseado na flutuação do sinal capacitivo e a

resistência devido a conexão dos eletrodos. As maiores dificuldades desta tecnologia

são: que nem todos os veículos possuem vidros laminados; os eletrodos necessitam

de conexão elétrica, o que dificulta e se torna oneroso; e quando os eletrodos estão

molhados, diminui a sensibilidade dos mesmos (ALAZZAWI e CHAKRAVARTY,

2015), (YISHAY, 2002), (MUKUL et al., 2013) e (KYOO, 2011).

2.4.4 Sensor de Chuva Óptico

O sensor de chuva óptico faz uso da teoria da reflexão luminosa. A partir de

uma fonte é emitida luz infravermelha no para-brisas, esta luz é absorvida por

fotodetector. Baseado na mudança angular da deflexão da luz, o sistema reconhece

a presença de gotas de chuva. Entretanto, este tipo de sensor sobre com a influência

de partículas indesejadas, como poeira, folhas e sujeira. Outro fator ser considerado

a sua aplicação é a sensibilidade a luz externa, o que atrapalha o sistema. Outro ponto

é a pequena área de atuação, devido ao uso de luz infravermelha (NICE, 2016).

2.4.5 Sensor de Chuva Omnidirecional

Este sensor funciona de forma muito semelhante ao sensor de chuva óptico,

a diferença é que a emissão dos feixes de luz infravermelha é feita em todas as

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direções. Esse sistema apresenta a vantagem de uma maior área de atuação, mas

também é ineficiente a objetos indesejados, como poeira, sujeira e folhas (KYOO,

2011).

2.5 MODELAGEM DO MOTOR DE ACIONAMENTO

Conforme mencionando anteriormente, o motor de acionamento do sistema

de limpador de para-brisas usualmente é feito por motores de corrente contínua com

imã permanente. Dentro desta classificação encontra-se o servomotor.

Segundo a definição de Rezende e Maitelli (1999), servomotor é um pequeno

motor de corrente contínua acoplado através de um sistema de engrenagens a uma

carga, sobre a qual é realizado o controle de posição. Para a aplicação deste trabalho,

esta característica do servomotor é de extrema importância devido à particularidade

do movimento do limpador de para-brisas que não realiza o ciclo de giro de 360°. Na

Figura 14 tem-se o diagrama esquemático do servomotor.

Figura 14 – Diagrama esquemático de um servomotor

Fonte: Rezende; Maitelli, 1999

Na Figura 14, as variáveis wm e wi representam as velocidades angulares do

motor e da carga, respectivamente. A relação entre essas rotações é dada pelo índice

kg, que é a relação entre o raio das engrenagens da carga e motor.

Os índices Jm e J1 são os momentos de inércia do eixo do motor e da carga,

respectivamente. Tm é o torque magnético que surge pela indução no rotor, To é o

torque que surge efetivamente sobre a carga, após as relações de engrenagens.

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Como variáveis elétricas, temos: Vin que é a tensão aplicada na entrada do rotor, Im é

a corrente que circula no rotor, Ra a resistência do rotor e Vb a força contra

eletromotriz, dada pela equação (1):

𝑉𝑏 = 𝐾𝑏 × 𝑤𝑚

(1)

Extraindo a função de transferência do sistema, tem-se a equação (2):

𝜃(𝑠)

𝑉𝑖𝑛(𝑠)=

1

𝑠 (𝑠𝑅𝑚𝐽𝑒𝑞

𝐾𝑚𝐾𝑔+ 𝐾𝑚𝐾𝑔)

(2)

Onde Jeq é o momento de inércia equivalente, dado pela equação (3):

𝐽𝑒𝑞 = 𝐾𝑔2𝐽𝑚 + 𝐽1 (3)

Considerando J1=0, os autores Rezende e Maitelli (1999) afirmam que a

função de transferência da planta é igual à apresentada nas equações (4) e (5):

𝜃(𝑠)

𝑉𝑖𝑛(𝑠)=

1

5𝑠(0,0026𝑠 + 0,1081) (4)

𝜃(𝑠)

𝑉𝑖𝑛(𝑠)=

1

(0,013𝑠2 + 0,5405𝑠) (5)

2.6 CONTROLE DO SERVOMOTOR

Para a aplicação em um limpador de para-brisas automático, o servomotor

possui as características ideais de um motor: dinâmica, controle de rotação, torque

constante e precisão de posicionamento (OTTOBONI, 2002).

O servomotor é um atuador rotativo com alta precisão de controle para

posicionamento angular. É composto por um motor acoplado a um sensor de posição

para feedback. Também faz uso de um servodrive, este drive utiliza o sinal de

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feedback do sensor para controlar a posição angular do motor de forma precisa. Isto

é chamado de controle de malha fechada (KOLLMORGEN, 2016).

No controle em malha fechada, utilizam-se sensores para medir e enviar ao

controlador sinais referentes a variável controlada por meio da realimentação ou

feedback. O sinal recebido é comparado com a referência do sistema, esta

comparação resulta em um sinal de erro. Por sua vez, este sinal de erro é analisado

pelo controlador a fim de corrigir a variável controlada. No caso do servomotor, a

variável controlada pode ser: corrente, posição, velocidade e torque (FITZGERALD,

1978).

2.7 CONTROLE PROPORCIONAL INTEGRAL E DERIVATIVO

Um controlador automático compara o valor real da grandeza de saída do

processo com a grandeza de referência (valor desejado), desta forma determina o erro

e produz um sinal de controle que reduzirá o desvio a zero ou a um valor pequeno

próximo de zero. A ação descrita realizada pelo controlador automático produz um

sinal de controle, chamado de ação de controle (OGATA, 2003).

O controlador Proporcional Integral e Derivativo (PID) faz parte de um grupo

de sistemas de controle de processos amplamente difundido no âmbito industrial.

Cada uma das letras que compõem a sigla PID representam uma ação de controle

desenvolvida por este controlador com características definidas e distintas entre si,

proporcionando um sinal de controle preciso.

A ação de controle Proporcional (Kp) essencialmente aplica uma ação de

amplificador com ganho ajustável. A relação entre o sinal de saída do controlador u(t)

e o sinal de erro atuante e(t) pode ser representado pela equação (6) (OGATA, 2003).

𝑢(𝑡) = 𝐾𝑝𝑒(𝑡) (6)

Onde Kp representa o ganho proporcional.

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Figura 15 – Aumento do comportamento oscilatório com aumento de Kp Fonte: Bazanella, 1999

Na Figura 15 fica evidente que com o aumento de Kp a tendência é a redução

do erro porem com o aumento demasiado de Kp o sistema tende a ficar cada vez mais

oscilatório.

A ação de controle Integral (Ki) atua no valor da saída do controlador u(t), de

forma que este varia segundo uma taxa proporcional ao sinal de erro atuante e(t),

conforme mostra a equação (7) (OGATA, 2003).

𝑢(𝑡) = 𝐾𝑖 ∫ 𝑒(𝑡)𝑑𝑡𝑡

0

(7)

Onde Ki é uma constante ajustável. Desta forma, se o valor de e(t) for

dobrado, então o valor de u(t) varia duas vezes mais rápido. Para erro atuante nulo, o

valor de u(t) permanece estacionário. A ação de controle integral também é

denominada controle de restabelecimento (reset) (OGATA, 2003).

Na Figura 16 observa-se que com o aumento do ganho integral Ki o sistema

torna-se cada vez mais oscilatório, numa tendência de instabilização, isso justifica-se

pelo fato que neste caso o zero do controlador começa a se afastar excessivamente

do polo na origem e o controlador tende a se comporta como um integrador puro.

Como a função soma dados instantâneos, o resultado do processo tende a exceder o

ponto desejado essa ultrapassagem do ponto desejado é denominada overshoot.

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Figura 16 – Aumento do comportamento oscilatório com aumento de Ki Fonte: Wescott, 2016

A ação de controle Derivativa (Kd) corresponde à aplicação de um sinal de

controle proporcional a derivada do sinal de erro, atuando no fornecimento de uma

correção antecipada ao erro e diminuindo assim o tempo de resposta para eliminar o

problema do overshoot (GUERRA, 2009).

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Figura 17 – Tendência de amplificar sinal em alta frequência Fonte: Bazanella, 1999

Na Figura 17 observa-se a tendência de amplificar sinais em alta frequência

para evitar essa amplificação indesejada a implementação da ação derivativa da se

com a introdução de um polo em alta frequência que este tem finalidade justamente

de limitar este ganho (Bazanella,1999).

Em suma, o controlador PID reúne em uma forma de controle o que há de

melhor nas três ações de controle. A ação proporcional elimina os ruídos do sistema,

a ação integral é responsável por eliminar o erro de off-set e a ação derivativa trabalha

fornecendo uma ação antecipada ao sistema (SOUZA; LOPES, 2012).

O controlador PID é definido matematicamente pela equação (8).

𝑢(𝑡) = 𝐾𝑝𝑒(𝑡) +𝐾𝑝

𝑇𝑖∫ 𝑒(𝑡)𝑑𝑡 + 𝐾𝑝𝑇𝑑

𝑑𝑒(𝑡)

𝑑𝑡

𝑡

0

(8)

Onde Kp representa o ganho proporcional, Td o tempo derivativo e Ti o tempo

integral (OGATA, 2003).

O controlador PID baseado no Método Analítico Lugar das Raízes (LGR)

determina o comportamento do sistema pela posição dos polos de malha fechada. O

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36

objetivo é projetar um controlador de modo que o sistema de malha fechada apresente

os polos desejados, os quais asseguram o desempenho desejado do sistema.

Neste método considera-se um sistema de malha fechada, onde a malha

aberta é formada por um controlador (K(s)) em série com a planta (P(s)) segundo a

equação (9).

𝐿(𝑠) = 𝐾(𝑠)𝑃(𝑠) (9)

Desta forma, um polo 𝑠𝐷 de malha fechada corresponde a uma raiz do

denominador, ou seja:

𝑇(𝑠) = 𝑌(𝑠)

𝑅(𝑠)=

𝐿(𝑠)

1 + 𝐿(𝑠) (10)

18011)(0)(1 DD sLsL (11)

O ganho de malha (L(s)), incluindo o controlador e a planta, é dado por:

))(()()()(s

KsKKsPsKsPsL i

dp

(12)

Para um polo 𝑠𝐷 qualquer no plano s, 𝑠𝐷 = 𝜎𝐷 + 𝑗𝜔𝐷, pode-se escrever para

a planta a equação (13).

Pj

PD emsP

)( (13)

Para esse ponto 𝑠𝐷 = 𝜎𝐷 + 𝑗𝜔𝐷, pode-se escrever para o controlador a

equação abaixo.

Kj

K

DD

ipDDdD em

j

KKjKsK

)()(

(14)

Considerando que 𝑠𝐷 = 𝜎𝐷 + 𝑗𝜔𝐷 representa o polo desejado, a equação a

seguir é válida.

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37

))()((1)(DD

iDDdpDDD

j

KjKKjPsL

(15)

E portanto,

)(

1 KPKP j

KP

j

K

j

P emmemem

(16)

A partir disso, chega-se assim a duas fórmulas básicas para a amplitude e a

fase do controlador.

KP

KPmm 1

(17)

Ou ainda, isolando os termos.

PK

K

Pm

m

1

(18)

Uma vez determinada a amplitude e a fase necessárias ao controlador para

𝑠𝐷 corresponder ao polo desejado, pode escrever o seguinte.

)sin(cos)()(

)(

2

KKK

j

K

DD

iDDpDDd

D jmemj

KjKjKsK K

(19)

)sin(cos)()()( 2

KKKDDiDDpDDd jmjKjKjK

(20)

)sincos(sincos

)2()( 22

KKDKKDKKDKKD

DpDDdiDpDDd

mmjmm

KKjKKK

(21)

Quando igualados os termos reais e imaginários das equações acima, obtém-

se as duas equações abaixo.

KKDKKDiDpDDd mmKKK sincos)( 22 (22)

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38

KKDKKDDpDDd mmKK sincos2 (23)

Essas equações podem ser simplificadas de forma a obter as equações a

seguir, respectivamente.

ipd KbKaK (24)

pd dKcK (25)

Onde as variáveis representam o seguinte.

KKDKKD

D

DD

mm

b

a

sincos

22

KKDKKD

D

DD

mm

d

c

sincos

2

(26)

Isolando Kp da equação (25) e substituindo na equação (24) obtém-se:

)**(

)***(

dabc

cKcaK i

p

(27)

Substituído Kp da equação (27) em (25) obtém-se Kd:

)**(

)***(

dabc

bdKdK i

d

(28)

Para determinação de Ki usou-se um método empírico, em que foi sendo

arbitrado valores de Ki de modo a se encontrar uma faixa de valores de Ki que

providencie uma melhor resposta do sistema.

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39

2.7.1 Erro ao Degrau

Segundo (OGATA, 2003) o erro estacionário à uma excitação devido a um

degrau unitário dá-se por:

𝑒𝑠𝑠 = lim𝑠→0

𝑠

1 + 𝐺(𝑠)

1

𝑠

(29)

Onde o coeficiente de erro estático de posição, 𝐾𝑃, é definido como:

𝐾𝑃 = lim𝑠→0

𝐺(𝑠)

(30)

Sendo assim, o erro estacionário em termos do coeficiente do erro estático de

posição, 𝐾𝑃, é expresso como:

𝑒𝑠𝑠 =1

1 + 𝐾𝑃

(31)

Para sistemas do tipo 0,

𝐾𝑃 =𝐾(𝑇𝑎𝑠+1)(𝑇𝑏𝑠+1)…

𝑠0(𝑇1𝑠+1)(𝑇2𝑠 +1)…=K

(32)

Para sistemas maiores ou iguais a do tipo 1,

𝐾𝑃 =𝐾(𝑇𝑎𝑠+1)(𝑇𝑏𝑠+1)…

𝑠𝑛(𝑇1𝑠+1)(𝑇2𝑠 +1)…=∞, Para n ≥ 1

(33)

Em uma excitação em degrau unitário, o erro estacionário pode ser resumido

em:

𝑒𝑠𝑠 =1

1+𝐾, para sistemas de tipo 0

(34)

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40

𝑒𝑠𝑠 = 0, para sistemas de tipo 1 ou superior

(35)

2.7.2 Erro a Rampa

Segundo (OGATA, 2003) o erro estacionário à uma excitação devido a uma

rampa unitária dá-se por:

𝑒𝑠𝑠 = lim𝑠→0

𝑠

1 + 𝐺(𝑠)

1

𝑠²

Onde o coeficiente de erro estático de posição, 𝐾𝑣, é definido como:

(36)

𝐾𝑣 = lim𝑠→0

𝑠𝐺(𝑠) (37)

Sendo assim, o erro estacionário em ternos do coeficiente do erro

estático de velocidade, 𝐾𝑣, é expresso como:

𝑒𝑠𝑠 =1

𝐾𝑉

(38)

Para sistemas de ordem 0,

𝐾𝑣 =𝑠𝐾(𝑇𝑎𝑠+1)(𝑇𝑏𝑠+1)…

(𝑇1𝑠+1)(𝑇2𝑠 +1)…=0, para n=0

(39)

Para sistemas de ordem 1,

𝐾𝑣 =𝑠𝐾(𝑇𝑎𝑠+1)(𝑇𝑏𝑠+1)…

𝑠(𝑇1𝑠+1)(𝑇2𝑠 +1)…=K, para n=1

(40)

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41

Para sistemas de ordem 2 ou superior,

𝐾𝑣 =𝑠𝐾(𝑇𝑎𝑠+1)(𝑇𝑏𝑠+1)…

𝑠𝑛(𝑇1𝑠+1)(𝑇2𝑠 +1)…=∞, para n ≥ 2

(41)

Em uma excitação em rampa, o erro estacionário pode ser resumido em:

𝑒𝑠𝑠 =1

𝐾𝑣= ∞, para sistemas de ordem zero

(42)

𝑒𝑠𝑠 =1

𝐾𝑣=

1

𝐾, para sistemas de primeira ordem

(43)

𝑒𝑠𝑠 =1

𝐾𝑣= 0, para sistemas de segundo ordem ou mais (44)

2.7.3 Erro a Parábola

O erro estacionário à uma excitação devido a uma parábola unitária dá-se por

(OGATA, 2003):

𝑒𝑠𝑠 = lim𝑠→0

𝑠

1 + 𝐺(𝑠)

1

𝑠³

Onde o coeficiente de erro estático de posição, 𝐾𝑎 , é definido como:

(45)

𝐾𝑎 = lim𝑠→0

𝑠²𝐺(𝑠) (46)

Sendo assim, o erro estacionário em ternos do coeficiente do erro

estático de aceleração, 𝐾𝑎, é expresso como:

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42

𝑒𝑠𝑠 =1

𝐾𝑎

(47)

Para sistemas de ordem 0,

𝐾𝑣 =𝑠²𝐾(𝑇𝑎𝑠+1)(𝑇𝑏𝑠+1)…

(𝑇1𝑠+1)(𝑇2𝑠 +1)…=0, para n=0

(48)

Para sistemas de ordem 1,

𝐾𝑣 =𝑠²𝐾(𝑇𝑎𝑠+1)(𝑇𝑏𝑠+1)…

𝑠𝑛(𝑇1𝑠+1)(𝑇2𝑠 +1)…=0, para n=1

(49)

Para sistemas de ordem 2 ou superior,

𝐾𝑣 =𝑠²𝐾(𝑇𝑎𝑠+1)(𝑇𝑏𝑠+1)…

𝑠𝑛(𝑇1𝑠+1)(𝑇2𝑠 +1)…=K, para n ≥ 2

(50)

Para sistemas de ordem 3 ou superior,

𝐾𝑣 =𝑠²𝐾(𝑇𝑎𝑠+1)(𝑇𝑏𝑠+1)…

𝑠𝑛(𝑇1𝑠+1)(𝑇2𝑠 +1)…=∞, para n ≥ 3

(51)

Em uma excitação em parábola, o erro estacionário pode ser resumido em:

𝑒𝑠𝑠 =1

𝐾𝑎= ∞, para sistemas de ordem zero e ordem 1

(52)

𝑒𝑠𝑠 =1

𝐾𝑎=

1

𝐾, para sistemas de segunda ordem

(53)

𝑒𝑠𝑠 =1

𝐾𝑎= 0, para sistemas de terceira ordem ou mais

(54)

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43

Na Tabela 2 abaixo tem-se uma síntese do apresentado acima com relação

ao erro estacionário em função do ganho K.

Tabela 2 – Erro Estacionário em Função do Ganho K

Entrada em

Degrau

Entrada em

Rampa

Entrada em

Aceleração

𝑟(𝑡) = 1 𝑟(𝑡) = 𝑡 𝑟(𝑡) = 1

2𝑡2

Sistema tipo 0 1

1 + 𝐾 ∞ ∞

Sistema tipo 1 0 1

𝐾 ∞

Sistema tipo 2 0 0 1

𝐾

Fonte: OGATA,2000, p. 231.

2.7.4 Ação do Ganho Integral no Erro Estacionário

Para eliminar o erro de off-set, desenvolveu-se uma unidade denominada

ação integral. A ação integral atua no processo ao longo do tempo enquanto existir

diferença entre o valor desejado e o valor adquirido. Assim, o sinal de correção é

integrado no tempo e por isto enquanto a ação proporcional atua de forma quase que

imediata quando ocorre um distúrbio em degrau, a ação integral vai atuar de forma

lenta até extinguir o erro. A grosso modo, o ganho integral atua melhorando a resposta

em regime permanente, tendendo a eliminar o erro de estado estacionário, entretanto

prejudica-se o regime transitório, pois acrescenta-se um polo ao sistema por

integrador adicionado tendendo a desestabilizar e com isso aumentar o tempo de

acomodação (OGATA,2003).

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44

2.8 CONTROLE FUZZY

Os sistemas de controle foram desenvolvidos para fornecem uma resposta a

uma determinada entrada de acordo com sua função de transferência. A denominação

de sistemas inteligentes é dada aos sistemas que fornecem respostas que solucionam

problemas, em situações até mesmo novas ou inesperadas, fazendo com que o

comportamento destes sistemas seja único, podendo até ser considerado criativo

(SIMÕES; SHAW, 2007).

Até os dias atuais, a capacidade criativa dos seres humanos está muito além

da possibilidade de solução de problemas das máquinas computacionais, isso devido

ao fato de que as pessoas raciocinam de forma incerta, imprecisa, difusa ou nebulosa,

enquanto que as máquinas e computadores são movidos por raciocínio preciso e

binário. A eliminação de tal restrição faria com que as máquinas fossem inteligentes,

isto é, pudessem raciocinar da mesma maneira imprecisa, como os seres humanos.

Tal forma de raciocínio é chamada em inglês por fuzzy e é utilizada como sinônimo

de incerto, impreciso, difuso ou nebuloso (OLIVEIRA, 2008).

A lógica fuzzy (também referida como lógica nebulosa e em alguns casos por

teoria de possibilidades) se diferencia das demais por representar de forma inovadora

o manuseio de informações imprecisas. O autor Oliveira (2008) comenta que a lógica

fuzzy provê um método de traduzir expressões verbais, vagas, imprecisas e

qualitativas, comuns na comunicação humana em valores numéricos. Tal

característica possibilita converter a experiência humana em uma forma

compreensível pelos computadores. Pensando de forma prática, a lógica fuzzy

possibilita incluir a forma de pensar do operador humano ou do especialista no

processo em um controlador computadorizado para realizar o controle do processo

(OLIVEIRA, 2008).

2.8.1 Lógica Fuzzy versus Modelagem Matemática

As técnicas tradicionais de controle focam-se em obter um modelo idealizado

do processo a ser controlado, geralmente fazendo uso de equações diferenciais na

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45

forma de transformadas de Laplace ou Z. Para obter modelos matemáticos mais

simples, adotam-se restrições ou particularidades ao sistema, como por exemplo, que

o processo é linear, ou seja, que variações nas entradas produzem variações

proporcionais nas saídas. Fazer o uso de tais restrições permite fazer o uso de

técnicas extremamente poderosas e conhecidas na área de engenharia e tecnologia,

com soluções analíticas ideais (OLIVEIRA, 2008).

Um conjunto fuzzy A definido no universo de discurso Z é caracterizado por

uma função de pertinência µA, a qual mapeia os elementos de X para o intervalo [0,1].

µA:X → [0,1] (55)

Desta forma, a função de pertinência associa a cada elemento x pertencente

a X, um número real µA(X) no intervalo [0,1], que representa o grau de pertinência do

elemento x ao conjunto A, insto é, o quanto é possível para o elemento x pertencer ao

conjunto A (PRATI, 2016).

Um conjunto fuzzy A em X é expresso como um conjunto e pares ordenados,

tal qual Figura 18 ilustra.

Figura 18 – Definição formal conjunto fuzzy Fonte: Prati (2016)

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46

2.8.2 Fundamentos da Lógica Fuzzy

A lógica fuzzy tem sido bastante utilizada no controle de processos

sofisticados, pois tem como vantagem tornar requerimentos complexos serem

implementados em controladores simples, de manutenção facilitada e custo baixo.

Torna-se ainda mais vantajoso o uso desta lógica quando o modelo matemático do

sistema é complexo e sujeito a incertezas (STUCK, 2006).

Sistemas fuzzy são conhecidos por aproximarem a decisão computacional da

decisão humana, permitindo a operação de dispositivos através de decisões tais como

“próximo de”, “em torno de”, “muito alto” ou “muito baixo”. Esses sistemas, por serem

baseados em regras linguísticas, são recomendados para a solução de problemas

que possam ser descritos qualitativamente. Outra vantagem de sua utilização está na

independência da modelagem matemática e na capacidade de aproximação de

modelos complexos não lineares sem a necessidade do uso de software sofisticados

e de alto custo (CORRÊA, 2013).

De acordo com Pedrycz e Gomide (1998), o controlador fuzzy pode ser

representado e subdividido, conforme mostrado na Figura 19.

Figura 19 – Representação esquemática de um controlador fuzzy Fonte: Corrêa (2013)

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47

Conforme a Figura 19, a descrição do diagrama esquemático é dada a seguir:

Interface de Fuzzificação: obtém os valores das variáveis de entrada,

faz um escalonamento para condicionar os universos de discurso,

transformando números em conjuntos fuzzy.

Base de Conhecimento: consiste de uma base de regras,

caracterizando a estratégia de estimação e suas metas.

Base de Dados: armazenam as definições necessárias sobre

discretização, definição de funções de pertinência e etc.

Procedimento de Inferência: processa os dados fuzzy de entrada,

juntamente com as regras, de modo a inferir as ações de saída fuzzy.

Interface de Defuzzificação: transforma as ações de saída fuzzy

inferidas em ações/respostas não fuzzy. Em seguida, efetua um

escalonamento de modo a compatibilizar os valores normalizados

vindos do passo anterior com os valores reais dos universos de

discurso das variáveis.

Processo: define-se como a planta que será empregado o controle

fuzzy.

Corrêa (2013) afirma que o controlador fuzzy permite a manipulação de

informações inexatas como também a modelagem de processos descritos

qualitativamente. Estas informações compõem uma família de conjuntos fuzzy que

representam as entradas e saídas do controle através de variáveis linguísticas. Em

geral, as principais características das variáveis linguísticas são:

Nome da variável linguística;

Os nomes dos termos linguísticos associados à variável: conjunto de

termos;

O domínio no qual cada variável linguística é definida: universo de

discurso;

Conjuntos fuzzy que representam cada valor pertencente aos

conjuntos de termos da variável linguística: função de pertinência.

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48

De acordo com Vidal et al. (2012), a lógica fuzzy é composta por três etapas:

fuzzificação, inferência e defuzzificação. A seguir será abordado cada uma delas.

2.8.2.1 Fuzzificação

A primeira etapa de implementação de um controle fuzzy é a fuzzificação, esta

converte os dados iniciais de entrada em suas respectivas variáveis linguísticas.

(VIDAL et al., 2012).

Fuzzificação pode ser definida como o pré-processamento de categorias ou

classes do sinal de entrada, diminuindo o número de valores a serem processados

(SIMÕES; SHAW, 2007).

2.8.2.2 Inferência

Nesta etapa de inferência é onde ocorre a tomada de decisão. Von Altrock

(1996) afirma que esta fase pode ser dividida em dois elementos: Agregação e

Composição. A agregação é o conjunto de regras “se” que regerão o processo de

inferência e a composição o conjunto de regras “se-então”.

2.8.2.3 Defuzzificação

Na defuzzificação o valor da variável linguística de saída inferida na etapa de

inferência será traduzido para um número com o objetivo de obter um valor numérico

que melhor represente os valores fuzzy (SIMÕES; SHAW, 2007).

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49

2.8.2.4 Variáveis linguísticas

As variáveis linguísticas assumem palavras representadas em conjuntos fuzzy

que representam seus valores. Um conjunto de variáveis linguísticas forma um

conjunto de termos. Como forma de ilustrar as variáveis linguísticas, usaremos o

exemplo da temperatura de determinado processo que pode ser uma variável

linguística assumindo valores: baixa, média e alta (VIDAL et al., 2012).

As variáveis linguísticas têm por objetivo sistematizar a caracterização

aproximada de fenômenos mal definidos, propiciando o processamento de sistemas

complexos para análise através de termos matemáticos (SIMÕES; SHAW, 2007).

2.8.2.5 Função de pertinência

Uma função de pertinência é uma curva que define o grau de pertinência (valor

entre 0 e 1) de cada entrada (OLIVEIRA, 2008). As funções de pertinência podem ter

diferentes formas, dependendo do conceito que se deseja representar e do contexto

que em que serão utilizadas (TANSCHEIT, 2016). Prati (2016) afirma que a função de

pertinência reflete o conhecimento que se tem em relação a intensidade com que o

objeto pertence ao conjunto fuzzy.

As funções de pertinência podem ser definidas a partir da experiência e da perspectiva

do usuário, mas usualmente utilizam-se as funções de pertinência padrão: triangular,

trapezoidal e Gaussiana (TANSCHEIT, 2016). De acordo com Simões (1999), os tipos

mais usuais na literatura de funções de pertinência associados aos conjuntos fuzzy

são triângulos e trapezóides, devido a serem gerados com facilidade. Existem também

as funções de pertinência do tipo Gaussiana e sigmóide, que são mais utilizadas em

casos onde um desempenho suave do controle é de importância crítica (CORRÊA,

2013).

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50

2.8.2.6 Regras Fuzzy

Suetake et al. (2010) comenta que as regras fuzzy podem ser implementadas

com base no conhecimento especialista do processo, as quais são tratadas de forma

linguística na estrutura “se-então”. Em decorrência a este fato dispensa-se de

conhecimentos detalhados, precisos e até mesmo do modelo matemático

representativo da planta de controle.

As regras fuzzy baseadas na estrutura “se-então” são a forma mais comum

e mais utilizadas no projeto deste tipo de controle. A regra funciona da seguinte

maneira:

Se <antecedente> Então <consequente>

De forma que o antecedente possui condições que, quando satisfeitas

(mesmo que parcialmente), determinam o processamento do consequente através de

um mecanismo de inferência difusa. O disparo de uma regra ocorre quando o

processamento do antecedente para as entradas atuais gerou graus de pertinência

não nulos (TEDESCO e VASCONCELOS, 2016).

Já o consequente é composto por ações ou diagnósticos que são gerados

com o disparo da regra. Os consequentes das regras disparadas são processados em

conjunto para gerar uma resposta determinística para cada variável de saída do

sistema (TEDESCO e VASCONCELOS, 2016).

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51

3 DESENVOLVIMENTO DO CONTROLE DO LIMPADOR DE PARA-BRISAS

Neste capítulo serão abordados os passos para o desenvolvimento dos

controladores PID e fuzzy aplicados no sistema limpador de para-brisas.

3.1 CONTROLADOR PID

O controle PID foi realizado através do software de simulação MATLAB

desenvolvido pela Mathworks. Para isso utilizou-se o método LGR (Lugar Geométrico

das Raízes). A planta a ser controlada foi definida através da função de transferência

do servomotor, já apresentada no capítulo 2 deste trabalho. O valor de 𝐾𝑖 foi alternado

de 0 a 800 para encontrar as melhores respostas do controlador aplicado na planta.

Como 𝐾𝑝 e 𝐾𝑑 são diretamente dependentes de 𝐾𝑖, a variação 𝐾𝑖 foi utilizada para

encontrar a região onde o PID tem melhor desempenho. Para isso, foi utilizado um

laço for para alternar os valores de 𝐾𝑖, consequentemente 𝐾𝑝 e 𝐾𝑑. Pois quanto maior

o valor de 𝐾𝑖 mais negativo se torna o polo e consequentemente o sistema obtém

uma melhor resposta. A seguir na Figura 20, demonstra-se o deslocamento dos polos

para a esquerda para o aumento dos valores de 𝐾𝑖.

A partir dos valores de 𝐾𝑖, das equações 27 e 28 apresentadas na seção 2.8

e dos critérios de projeto é possível determinar os valores de 𝐾𝑝 e 𝐾𝑑. Para cada valor

de 𝐾𝑖 gerado, os valores de 𝐾𝑝 e 𝐾𝑑 são modificados. O objetivo é fazer a análise

destes valores a fim de determinar a melhor resposta do sistema no domínio do tempo.

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52

Figura 20 – Deslocamento negativo dos polos com aumento do ganho integral Ki

3.2 CONTROLADOR FUZZY

O controle fuzzy foi simulado também por meio do Simulink/MATLAB. O

diagrama de blocos do sistema de controle fuzzy pode ser visto na Figura 21. Para

implementar o controlador fuzzy foi utilizado o bloco “Fuzzy Logic Controller with

Ruleviewer” presente na biblioteca do Simulink no item “Fuzzy Logic Toolbox”.

Figura 21 – Layout do controle fuzzy

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53

No bloco “Fuzzy Logic Toolbox” foram definidas duas entradas: o “Erro” e a

“Variação do Erro”. O “Erro” é a diferença entre a referência (neste caso, um degrau

unitário) e a saída do sistema. Já a “Variação do Erro” é gerada a partir da derivada

do “Erro”. Essa “Variação do Erro” tem como função indicar a tendência de

comportamento da variável “Erro”, ou seja, se a “Variação do Erro” tem valores

negativos indica que a saída do sistema é menor que o sinal de referência. Já o

contrário, “Variação do Erro” com valores positivos, indica que a saída do sistema é

maior que o sinal de referência. E a saída do controle foi definida como “Saída” e é a

atuação do controle na planta. Além disso, foi criada a variável “Controlador”, onde

foram definidas as regras. A implementação do controlador fuzzy usando o toolbox

pode ser vista na Figura 22.

Figura 22 – Controlador fuzzy com as variáveis de entrada e saída

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54

3.2.1 Regras do Controle Fuzzy

As regras utilizadas neste trabalho foram baseadas nos estudos conduzidos

por C. C. Lee em 1990 e são apresentadas na Tabela 3.

Tanto as entradas como a saída fuzzy foram organizadas em cinco termos

linguísticos que abrangem o universo de discurso: NG (Negativo Grande), NP

(Negativo Pequeno), Z (Zero), PP (Positivo Pequeno) e PG (Positivo Grande). A

combinação dos termos linguísticos para as duas entradas, “Erro” e “Variação do

Erro”, geram uma “Saída” com estes parâmetros. Por exemplo, se o “Erro” for NG e a

“Variação do Erro” for NG, então a “Saída” é NG. Os termos linguísticos definidos

foram criados a fim de melhor representar o universo de discurso em pequenas

seções.

Tabela 3 – Combinação das Regras Fuzzy

VARIAÇÃO DO ERRO

ERRO NG (--) NP (-) Z (0) PP (+) PG (++)

NG (--) -- -- -- - 0

NP (-) -- -- - 0 +

Z (0) -- - 0 + ++

PP (+) - 0 + ++ ++

PG (++) 0 ++ ++ ++ ++

A combinação das regras apresentadas acima resulta em um conjunto de 25

regras que abrangem todo o universo de discurso. A definição das regras na variável

criada denominada “Controlador” é apresentada na Figura 23. Essa definição foi

criada com base na verificação da ativação das regras durante a simulação e

baseadas também no trabalho publicado por KANTAWONG e JANEPUMISART

(2014).

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55

Figura 23 – Regras do Fuzzy

3.2.2 Universo de Discurso das Regras para as Entradas e Saída do Sistema

Para as duas entradas e a saída foram definidos intervalos numéricos em uma

escala para cada um dos cinco parâmetros criados (NG, NP, Z, PP e PG), isso é

denominado de universo de discurso. O ajuste do universo de discurso dos termos

linguísticas reflete na melhor definição do controle para a planta. Estes intervalos

foram ajustados de forma que o valor do erro em regime permanente seja nulo, da

mesma forma que acontece quando utilizado o controle PID.

Durante o projeto e ajuste dos termos linguísticas das entradas e saídas do

controle fuzzy, alguns comportamentos foram verificados durante a simulação. O

primeiro é que o sistema é extremamente sensível, logo, pequena alteração no valor

Regra 1. Se o erro é NG e a variação do erro é NG, então a saída é NG

Regra 2. Se o erro é NP e a variação do erro é NG, então a saída é NG

Regra 3. Se o erro é Z e a variação do erro é NG, então a saída é NG

Regra 4. Se o erro é PP e a variação do erro é NG, então a saída é NP

Regra 5. Se o erro é PG e a variação do erro é NP, então a saída é Z

Regra 6. Se o erro é NP e a variação do erro é NP, então a saída é NG

Regra 7. Se o erro é Z e a variação do erro é NP, então a saída é NP

Regra 8. Se o erro é NG e a variação do erro é NP, então a saída é NG

Regra 9. Se o erro é PP e a variação do erro é Z, então a saída é Z

Regra 10. Se o erro é PG e a variação do erro é Z, então a saída é PP

Regra 11. Se o erro é NG e a variação do erro é Z, então a saída é NG

Regra 12. Se o erro é NP e a variação do erro é Z, então a saída é NP

Regra 13. Se o erro é Z e a variação do erro é PP, então a saída é Z

Regra 14. Se o erro é PP e a variação do erro é PP, então a saída é PP

Regra 15. Se o erro é PG e a variação do erro é PP, então a saída é PG

Regra 16. Se o erro é NG e a variação do erro é PP, então a saída é NP

Regra 17. Se o erro é NP e a variação do erro é PP, então a saída é Z

Regra 18. Se o erro é Z e a variação do erro é PP, então a saída é PP

Regra 19. Se o erro é PP e a variação do erro é PP, então a saída é PG

Regra 20. Se o erro é PG e a variação do erro é PG, então a saída é PG

Regra 21. Se o erro é NG e a variação do erro é PG, então a saída é Z

Regra 22. Se o erro é NP e a variação do erro é PG, então a saída é PP

Regra 23. Se o erro é Z e a variação do erro é PG, então a saída é PG

Regra 24. Se o erro é PP e a variação do erro é PG, então a saída é PG

Regra 25. Se o erro é PG e a variação do erro é PG, então a saída é PG

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de um termo linguístico de uma entrada reflete no sistema como um todo alterando o

valor final do erro e no tempo de estabilização. O segundo comportamento é que

somente os valores exatos apresentados a seguir para os termos linguísticos das

entradas e saída produzem o valor de erro nulo, qualquer variação mínima que ocorra

resulta em um sinal de erro.

A definição do universo de discurso para a entrada denominada “Erro” é

apresentada na Figura 24.

Figura 24 – Universo de discurso para a variável “Erro”

A definição do universo de discurso para a entrada “Variação do Erro” é

apresentada na Figura 25.

Figura 25 – Universo de discurso para a variável “Variação do Erro”

Já o universo de discurso para a variável “Saída” é apresentado na Figura 26.

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57

Figura 26 – Universo de discurso para a variável “Saída”

O processo de defuzzificação, utilizando-se do método da centróide, é

apresentado na Figura 27.

Figura 27 – Processo de Defuzzificação

Na Figura 27 observa-se a ativação das 25 regras definidas para o sistema.

Na última linha da coluna referente a variável linguística saída tem-se o somatório das

regras ativadas no processo de inferência que será traduzido em um valor numérico

que melhor represente os valores fuzzy.

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4 RESULTADOS OBTIDOS

Nesta seção serão apresentados os resultados obtidos com o uso das duas

técnicas de controle. Com o objetivo de comparar a técnica de controle PID com o

fuzzy, têm-se interesse nos valores do tempo de subida, o tempo de estabilização do

sistema, o tempo de pico e o erro em estado estacionário, pois são parâmetros que

interferem diretamente na performance do sistema.

O controle PID está diretamente relacionado com a planta a ser controlada,

seu projeto depende exclusivamente do modelo matemático da mesma. Logo,

podemos dizer que seu projeto é exclusivo para esta planta de controle. Os

parâmetros de simulação observados neste trabalho para o controle PID são

apresentados na Tabela 4. Nela observa-se que o sistema responde de forma muito

positiva as ações de controle produzidas.

Na figura 28 observa-se o deslocamento do polo dominante cada vez mais ao

semi plano esquerdo, consequentemente afastando do eixo imaginaria esse

afastamento do eixo imaginário aumenta a resposta do sistema.

Figura 28 – Mapeamento de Polos e Zeros do Controle PID

No controle fuzzy, o resultado obtido para o sistema é tal que o valor do erro

em regime permanente ou estado estacionário é nulo da mesma forma que acontece

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com o controle PID. Por se tratar de um controle ajustado de forma empírica, o único

intervalo de valores no universo de discurso das variáveis linguísticas das entradas e

saídas do sistema que produzem o efeito de anular o erro de estado estacionário é o

exposto na seção 3.2.2.

Na Tabela 4 é comparada a resposta do controle PID com a do controle fuzzy

durante o controle do servomotor do limpador de para-brisas.

Tabela 4 – Comparação do Controle PID com o Controle Fuzzy

RESPOSTA DO SISTEMA CONTROLE

PID CONTROLE

FUZZY

Tempo de Subida [s] 0.0013 0,5729

Tempo de Estabilização [s] 0.0033 0,713

Tempo de Pico [s] 0.0166 0,7413

Erro em Estado Estacionário

0 0

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os autores concluem a partir do exposto nas seções anteriores que o controle

PID tem uma resposta consideravelmente mais rápida para o sistema quando

comparada com a resposta do controle fuzzy. Levanta-se a hipótese que isso

aconteceu devido a particularidade da planta controlada ser do tipo 0, que por sua vez

tem erro em regime estacionário nulo para qualquer valor de iK em resposta a uma

entrada de degrau unitário no controle PID. Isso permite que se utilize qualquer valor

de iK para obter os critérios de projeto e a melhor resposta do sistema. Portanto, a

aplicação do controle PID no servomotor é a mais adequada visto que o tempo de

resposta do sistema foi mais veloz e é uma técnica de controle amplamente utilizada

no meio industrial e bastante discutida no meio acadêmico, por causa de sua simples

implementação e grande aplicabilidade.

O controle fuzzy aqui projetado foi ajustado de forma empírica, ou seja, os

ajustes foram feitos de acordo com a percepção do projetista sobre a mudança no

universo de discurso de tal variável linguística produz uma melhor resposta ao

sistema. Porém, com a padronização de algum método de projeto ou até mesmo o

desenvolvimento de um algoritmo que automatize o projeto do controle fuzzy permite

testar novas configurações das variáveis linguísticas e obter novos resultados que

podem ser melhores para o sistema.

O limpador de para-brisas automático ainda é pouco difundido nos automóveis

brasileiros, é visto somente em versões de maior valor agregado. Acredita-se que isso

mude com o passar do tempo e possa se tornar item obrigatório em todos modelos

comercializados no país, visto que é um item de segurança e pode contribuir com a

redução nos índices de acidentes automobilísticos. Recentemente isso aconteceu

com os freios ABS e air bags.

Como sugestão de trabalhos futuros, os autores sugerem fazer a

implementação física do sistema a fim de comprovar os resultados. Também sugere-

se fazer uso de outras técnicas de controle como o fuzzy-PID.

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