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ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL DO PROJETO DOS POÇOS GEOTÉRMICOS CL8, CL9 E CL10 PARA PRODUÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA NA CENTRAL GEOTÉRMICA DA RIBEIRA GRANDE RESUMO NÃO TÉCNICO NOVEMBRO 2015 PROFICO AMBIENTE E ORDENAMENTO, LDA. Morada: Rua Alfredo da Silva 11-B 1300-040 Lisboa E-mail: [email protected] Tel.: (+351) 21 361 93 60 Fax: (+351) 21 361 93 69 www.proficoambiente.pt

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ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL DO PROJETO DOS POÇOS GEOTÉRMICOS CL8, CL9 E CL10 PARA PRODUÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA NA CENTRAL GEOTÉRMICA DA

RIBEIRA GRANDE

RESUMO NÃO TÉCNICO NOVEMBRO 2015

PROFICO AMBIENTE E ORDENAMENTO, LDA. Morada: Rua Alfredo da Silva 11-B 1300-040 Lisboa E-mail: [email protected] Tel.: (+351) 21 361 93 60 Fax: (+351) 21 361 93 69 www.proficoambiente.pt

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PROFICO AMBIENTE E ORDENAMENTO, LDA. Morada: Rua Alfredo da Silva 11-B 1300-040 Lisboa E-mail: [email protected] Tel.: (+351) 21 361 93 60 Fax: (+351) 21 361 93 69 Capital social: 30 000,00 € Contribuinte Nº: 505 198 290 COM O AMBIENTE NA LIDERANÇA Estudos de Impacte Ambiental Avaliação Ambiental Estratégica Auditorias Ambientais Gestão / Desempenho Ambiental Acompanhamento de Obras - Ambiente e Segurança Planos e Relatórios Ambientais de Sustentabilidade

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ÍNDICE

1. O QUE É O RESUMO NÃO TÉCNICO ........................................................................ 1

2. PORQUÊ UM ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL? PARA QUE SERVE? ...................... 1

3. QUEM PROPÕE O PROJETO E QUEM O VAI LICENCIAR? .......................................... 2

4. QUAL A IMPORTÂNCIA DO PROJETO PARA A REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES (RAA)? ..................................................................................................... 2

5. QUAL A LOCALIZAÇÃO DO PROJETO E AS SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS ........ 3 5.1. LOCALIZAÇÃO ....................................................................................................... 3 5.2. DESCRIÇÃO GERAL................................................................................................. 5 5.3. PLATAFORMA DE PERFURAÇÃO E ACESSO NORTE .................................................. 8 5.4. POÇOS GEOTÉRMICOS ........................................................................................... 9 5.5. ACESSO SUL ........................................................................................................ 14 5.6. ÁGUA, EQUIPAMENTOS, ENERGIA, ÁGUAS RESIDUAIS, RESÍDUOS PRODUZIDOS ... 16 5.7. PROGRAMAÇÃO TEMPORAL – CONSTRUÇÃO, EXPLORAÇÃO ................................ 17

6. QUAIS SÃO AS CARACTERÍSTICAS ATUAIS DO LOCAL ONDE O PROJETO SERÁ CONSTRUÍDO? .................................................................................................... 18

7. QUE EFEITOS (IMPACTES) O PROJECTO PODERÁ PROVOCAR NO AMBIENTE? ........ 24

8. QUE MEDIDAS SE PREVEEM PARA GARANTIR UM MELHOR ENQUADRAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO .................................................................................... 29

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 5.1 – Programa de perfuração do poço geotérmico CL8 ....................................... 11 Tabela 5.2 – Principais características de cada uma das alternativas de projeto consideradas – Solução A, Solução B e Solução C ............................................................. 14

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 5.1 – Localização do Projeto dos Poços Geotérmicos CL8, CL9 e CL10 para Produção de Energia Elétrica na CGRG .......................................................................... 4 Figura 5.2 – Sistema binário de Produção de energia elétrica da CGRG ....................... 5 Figura 5.3 – Projeto dos Poços Geotérmicos CL8, CL9 e CL10 e respetivos Acessos (norte e sul) ................................................................................................................... 7 Figura 5.4 – Sonda de perfuração instalada na plataforma dos poços CL4 e CL4-A ..... 8 Figura 5.5 – Área da Mata do Botelho no setor de Cachaços - Lombadas; A – Local para a perfuração do poço CL8; B – Zona alvo para a perfuração do poço CL9; C ou D – Zona alvo para a perfuração do poço CL10 .............................................................. 10 Figura 6.1 – Poços geotérmicos (CL) existentes e a construir para alimentar a CGRG, nascentes e captações presentes na envolvente da área a intervencionar pelo Projeto ..................................................................................................................................... 20 Figura 6.2 – Recursos hídricos superficiais – enquadramento do projeto .................. 21

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1. O QUE É O RESUMO NÃO TÉCNICO

O presente Resumo Não Técnico é um volume independente que integra o Estudo de Impacte Ambiental do Projeto dos Poços Geotérmicos CL8, CL9 e CL10 para Produção de Energia Elétrica na Central Geotérmica da Ribeira Grande e destina-se, como o nome indica, a ser um documento de grande divulgação, escrito em linguagem acessível a todos. Caso pretenda obter informações mais aprofundadas sobre os efeitos que o Projeto terá sobre o Ambiente deve consultar o Relatório Técnico do Estudo de Impacte Ambiental (EIA), disponível nas Bibliotecas Públicas e Arquivos Regionais e na Direção Regional do Ambiente da Região Autónoma dos Açores (DRA – RAA).

2. PORQUÊ UM ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL? PARA QUE SERVE?

Realizou-se um Estudo de Impacte Ambiental (EIA) para analisar os efeitos diretos e indiretos (impactes) no Ambiente, resultantes da execução do Projeto, em cumprimento da legislação ambiental aplicável. A compreensão destes efeitos ajuda a implementar o projeto, para que se reduza, no possível, a afetação dos valores ambientais locais importantes. Permite, ainda, compreender e evidenciar, os aspetos ambientais positivos que proporciona.

Este Projeto está sujeito a Avaliação de Impacte Ambiental (procedimento AIA) porque está abrangido pelo Decreto Legislativo Regional nº 30/2010/A, de 15 de novembro, nomeadamente:

alínea c) Furos geotérmicos de alta entalpia (T > 150 °C) em campos geotérmicos já em exploração (Áreas sensíveis - Todos), do n.º 7 – Perfurações, poços e furos, com exceção dos destinados a estudos geotécnicos do Anexo II, do referido diploma legal;

alínea d) Estradas de qualquer tipo, caminhos agrícolas, caminhos florestais e caminhos de penetração (Áreas sensíveis - Todos), do n.º 16 – Projetos de Infraestruturas do Anexo II, do referido diploma legal.

Os requisitos de conteúdo constantes da referida legislação foram criteriosamente seguidos para o caso em estudo, identificando-se, para além das medidas minimizadoras dos efeitos negativos potencialmente significativos, as medidas do âmbito da monitorização ambiental que garantirão o adequado enquadramento ambiental do Projeto e a sua pós-avaliação, conforme previsto na lei.

O EIA foi realizado entre maio e agosto de 2015 e analisou os seguintes descritores ambientais: i) Clima, ii) Geomorfologia, Geologia e Sismotectónica, iii) Solos e Capacidade de Uso do Solo, iv) Recursos Hídricos Superficiais e Subterrâneos, v) Flora, Vegetação e Habitats, vi) Fauna Terrestre e seus Habitats de Suporte, vii) Paisagem, viii) Uso do Solo e Ordenamento do Território, ix) Qualidade do Ar Ambiente, x) Ambiente Sonoro, xi) Socioeconomia e xii) Património.

Foi ainda realizada uma Análise de Riscos do Projeto e uma análise comparativa de alternativas para as diferentes soluções previstas no Projeto (como se explica mais adiante o projeto prevê três alternativas para a execução do acesso sul).

Para a análise dos diversos aspetos foi realizada a uma visita ao local de interesse para cada especialidade, no âmbito do respetivo trabalho de campo.

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3. QUEM PROPÕE O PROJETO E QUEM O VAI LICENCIAR?

O proponente do Projeto é a empresa EDA - RENOVÁVEIS, S.A., designada daqui em diante como EDA Renováveis, empresa pertencente ao Grupo EDA – Eletricidade dos Açores, S.A., com sede na Rua Francisco Pereira Ataíde, n.º 1 – 9504 – 535 Ponta Delgada, sendo o telefone geral: 296 202 374 o fax: 296 283 851 e o email: [email protected].

A entidade licenciadora do Projeto é a Direção Regional de Apoio ao Investimento e Competitividade (DRAIC) e a Autoridade Ambiental é a Direção Regional do Ambiente da Região Autónoma dos Açores (DRA – RAA).

4. QUAL A IMPORTÂNCIA DO PROJETO PARA A REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES (RAA)?

A EDA Renováveis detém os direitos de exploração de recursos geotérmicos, concedidos através de um Contrato de Concessão de exploração de recursos geotérmicos, celebrado entre a Região Autónoma dos Açores (RAA) e a SOGEO – Sociedade Geotérmica dos Açores (atual EDA Renováveis, após reestruturação das empresas do Grupo EDA, com a fusão da SOGEO – Sociedade Geotérmica dos Açores, S. A. e da EEG – Empresa de Electricidade e Gaz, Lda.), em 14 de julho de 1995 e alterado em 23 de novembro de 1998.

O contrato tem por objeto a concessão à EDA Renováveis da exploração económica dos recursos geotérmicos na zona situada no concelho da Ribeira Grande, numa área de cerca de 30,6 quilómetros quadrados (km

²), por um período de 25 anos, permitindo à concessionária a

exploração de recursos geotérmicos tendo em vista o seu aproveitamento integral, em especial para a produção de energia elétrica.

Atualmente esse aproveitamento de recursos geotérmicos para a produção de eletricidade é assegurado através de duas instalações: a Central Geotérmica da Ribeira Grande (CGRG) e a Central Geotérmica do Pico Vermelho (CGPV), que se localizam, ambas, no Campo Geotérmico da Ribeira Grande, onde se situam também um conjunto de nove poços geotérmicos de produção e cinco poços de injeção, distribuídos entre dois setores do campo:

O setor de Cachaços – Lombadas, onde se localiza a CGRG de 13 megawatts (MW) de potência instalada – poços geotérmicos de produção CL1, CL5, CL6 e CL7 e poços de injeção CL4 e CL4-A;

O setor de Pico Vermelho, onde se localiza a CGPV, de 10 MW de potência instalada – poços geotérmicos de produção PV2, PV3, PV4, PV7 e PV8 e poços de injeção PV9, PV10 e PV11.

A CGRG tem uma potência instalada de 13 megawatt (MW), mas produz, em média, apenas 9 megawatt (MW), uma vez que os poços geotérmicos atualmente em exploração não permitem saturar a capacidade desta Central. Face ao cenário de potência instalada mas não saturada da Central, a EDA Renováveis pretende executar um conjunto de três novos poços geotérmicos de produção (CL8, CL9 e CL10), com vista a disponibilizar fluido geotérmico adicional àquela central geotérmica.

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O Projeto agora proposto irá permitir responder às necessidades crescentes de procura de energia elétrica e contribuirá para atingir os objetivos estratégicos da RAA de maximizar o aproveitamento das fontes de energia endógenas do Arquipélago e minimizar os efeitos (impactes) ambientais associados à produção de energia elétrica a partir de combustíveis fósseis.

Refira-se que em 2014, 63,8% da energia elétrica produzida na RAA foi de origem térmica e 36,2% de origem renovável: hídrica - 3%, eólica - 10% e geotérmica - 23,2%.

No contexto da ilha de São Miguel, em 2014, 45,1% da energia elétrica produzida foi de origem térmica e 54,9% de origem renovável: hídrica – 5,5%, eólica – 5,2%, outras renováveis – 0,2% e geotérmica - 44,0% (tendo representado um acréscimo de cerca de 5% face ao ano de 2013).

A execução de poços adicionais ao longo da vida de uma central geotérmica constitui uma medida aplicada por todos os operadores que exploram recursos geotérmicos, com o objetivo de responder ao declínio natural dos poços geotérmicos de produção observado ao longo da exploração do recurso.

Em suma o presente Projeto tem como objetivo captar o fluido geotérmico no Reservatório Geotérmico da Ribeira Grande, de modo a saturar a capacidade instalada da CGRG, permitindo ainda prolongar a sua vida útil.

A utilização da energia geotérmica, para produção de energia elétrica, apresenta inúmeras vantagens comparativamente a outras fontes de energia:

Permite a produção de energia com menor emissão de poluentes atmosféricos, quando comparada com centrais que utilizam combustíveis fósseis;

Permite a produção de energia ao longo de todo o ano, contrariamente ao que se verifica nas centrais hidroelétricas;

Não requer a existência de instalações de transporte ou armazenamento de combustíveis, reduzindo assim os riscos de ocorrência de incêndio e de contaminação de solos e recursos hídricos (por ocorrência de derrames);

Minimiza a produção de resíduos, nomeadamente resíduos de combustão, como cinzas e escórias.

5. QUAL A LOCALIZAÇÃO DO PROJETO E AS SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

5.1. LOCALIZAÇÃO O Projeto em análise localiza-se na vertente norte do Vulcão do Fogo, na Serra da Água do Pau, na Mata do Botelho, no Campo Geotérmico da Ribeira Grande (setor Cachaços-Lombadas), a cerca de 700 metros da CGRG, na freguesia de Conceição, concelho da Ribeira Grande, na ilha de São Miguel, Arquipélago dos Açores.

Insere-se ainda na Área Protegida para a Gestão de Habitats ou Espécies da Serra de Água de Pau, que integra o Parque Natural da Ilha de São Miguel, criado pelo Decreto Legislativo Regional nº 19/2008/A, de 8 de junho. Na Figura seguinte apresenta-se a localização do Projeto em análise.

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Figura 5.1 – Localização do Projeto dos Poços Geotérmicos CL8, CL9 e CL10 para Produção de Energia Elétrica na CGRG

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O acesso ao terreno onde se prevê a construção dos poços geotérmicos realiza-se pela estrada regional ER 5-2, que liga a cidade da Ribeira Grande (localizada no setor norte da ilha de São Miguel) à cidade de Lagoa (situada no setor sul da ilha de São Miguel). A partir desta estrada é possível aceder, entre outros, à CGPV, à Central Hidroelétrica do Salto do Cabrito (acesso no qual irá entroncar o caminho norte a beneficiar pelo Projeto em análise), ao Monumento Natural da Caldeira Velha, à CGRG e à Lagoa do Fogo.

A área de implantação do Projeto está inserida na área de concessão para exploração de recursos geotérmicos na Ribeira Grande (ver Figura anterior), cujo contrato concede à EDA Renováveis, conforme já referido, os direitos de exploração de recursos geotérmicos dentro do perímetro da área definida.

5.2. DESCRIÇÃO GERAL O Projeto dos Poços Geotérmicos CL8, CL9 e CL10 será executado em duas fases e engloba a construção de um acesso norte, a plataforma de perfuração e o poço CL8 (1ª fase – fase de projeto de execução) e a construção dos poços CL9 e CL10 e do acesso sul (2ª fase – fase de estudo prévio). No âmbito do EIA realizado foram estudadas três alternativas de traçado para o acesso sul (Soluções A, B e C). Os três poços geotérmicos - CL8, CL9 e CL10 – serão ligados à CGRG.

A energia geotérmica é, de uma forma geral, o calor existente no interior da Terra, que se manifesta mais intensamente em determinadas zonas da Terra, como é o caso de algumas regiões dos Açores. No caso da CGRG, o fluido geotérmico utilizado existente no reservatório subterrâneo atinge temperaturas suficientes para o seu aproveitamento para produção de energia elétrica. Nesta Central, a tecnologia do equipamento de produção é baseada num sistema binário (segundo o ciclo de Rankine) que utiliza um fluido de trabalho, o pentano, para o qual há transferência de calor do fluido geotérmico.

Figura 5.2 – Sistema binário de Produção de energia elétrica da CGRG

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O sistema de funcionamento pode ser descrito da seguinte forma:

O fluido geotérmico entra no separador, que separa a água geotérmica (Brine) do vapor e gases não condensáveis, que são então transportados através de duas condutas distintas até à Central;

O vapor geotérmico entra no vaporizador e sobreaquece o pentano;

O vapor geotérmico condensado é conduzido para o pré-aquecedor, junta-se à água geotérmica e aquece o pentano;

O pentano vaporizado é dirigido para a turbina, onde se expande e aciona-a;

O pentano é arrefecido, no aerocondensador, após ter permutado calor no recuperador com o próprio fluido de trabalho no início de um novo ciclo;

Após aproveitamento do calor o fluido geotérmico é conduzido para os poços de injeção, onde regressa ao reservatório geotérmico.

Além dos três poços referidos (CL8, CL9 e CL10), o Projeto inclui, conforme já referido, a

construção da plataforma de perfuração e de dois acessos (um norte e um sul) (ver Figura 5.3).

Está prevista a execução do projeto em duas fases:

1ª Fase

• Beneficiação do acesso pelo Norte; • Construção de plataforma de perfuração com uma cave para a execução do poço

CL8; • Execução e ensaio do poço CL8; • Avaliação da viabilidade de execução dos poços CL9 e CL10;

2ª Fase

• Construção de duas caves na mesma plataforma para execução dos poços CL9 e CL10;

• Construção de um acesso pelo Sul, incluindo um viaduto, para passagem das condutas de transporte do fluido geotérmico até CGRG e passagem de viaturas ligeiras; o acesso pelo Sul será construído a partir de uma solução selecionada entre três alternativas (na condição de Estudo Prévio), a estudar no âmbito do EIA.

O Projeto proposto engloba então 3 alternativas (Soluções A, B e C), todas respeitantes à execução do acesso sul.

Todas as soluções de acesso propostas preveem o atravessamento da ribeira das Roças. No caso das Soluções B e C o atravessamento da referida ribeira será assegurado através de viaduto (embora a extensão e cota do tabuleiro seja variável entre uma e outra solução, conforme descrito mais adiante).

No caso da Solução A, o atravessamento da ribeira das Roças será assegurado através de passagem hidráulica.

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Figura 5.3 – Projeto dos Poços Geotérmicos CL8, CL9 e CL10 e respetivos Acessos (norte e sul)

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5.3. PLATAFORMA DE PERFURAÇÃO E ACESSO NORTE A execução de poços geotérmicos implica a construção de uma plataforma de perfuração nivelada com área suficiente para acomodar o equipamento de perfuração (sonda de perfuração, ver Figura seguinte), equipamento auxiliar, ferramentas, materiais e veículos, durante a operação de perfuração.

Figura 5.4 – Sonda de perfuração instalada na plataforma dos poços CL4 e CL4-A

O acesso à plataforma de construção dos poços CL8, CL9 e CL10 será assegurado através da beneficiação de um acesso já existente e que se interliga com as vias e caminhos existentes na envolvente da área onde se pretende a construção do Projeto. A via de acesso principal a partir da qual se acederá à plataforma é a ER 5-2.

O acesso norte apresenta uma extensão de cerca de 836 m, com um declive médio de cerca de 15% (variação de cotas altimétricas entre 305 metros e 430 metros). O declive máximo previsto é de 22,8%, numa extensão de aproximadamente 386 metros. O acesso norte será executado essencialmente em escavação.

Estão previstos dois tipos de pavimento para este acesso: i) em betão e ii) em bagacinas avermelhadas. Os tipos de pavimentos adotados são distintos e prendem-se com as inclinações naturais dos terrenos a vencer, para se efetuar a ligação desde o caminho existente até à plataforma de perfuração, que se pretende construir, bem como com o tipo de trânsito previsto na execução da empreitada e na fase seguinte de perfuração.

Prevê-se ainda melhorar as condições estruturais de uma passagem hidráulica existente num caminho que serve o acesso a executar, pretendendo-se que a acessibilidade à plataforma se faça sem condicionalismos importantes. A passagem hidráulica existente será demolida, prevendo-se a instalação de dois coletores de betão armado de 2 metros de diâmetro, o que permitirá aumentar a secção de escoamento da atual passagem hidráulica.

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A plataforma de perfuração ocupará uma área total de 3 952 metros quadrados e terá uma geometria retangular (76 metros por 52 metros). A plataforma será executada praticamente toda em escavação, envolvendo um volume reduzido de aterros.

A plataforma contemplará as seguintes áreas funcionais/infraestruturas:

Plataforma para instalação da sonda de perfuração (em betão armado com 44 metros por 15 metros);

Cave da cabeça do poço geotérmico (uma para cada poço);

Reservatório de rejeição de resíduos de perfuração (“tanque enterrado e moldado pelo terreno”, caracterizado por uma geometria retangular com uma área superficial de 475 metros quadrados e com 4 metros de profundidade, revestido com uma tela de polietileno de alta densidade de 2 milímetros de espessura (fundo e taludes);

Dispositivo de ligação da plataforma para instalação da sonda ao reservatório de rejeição de resíduos de perfuração;

Plataforma de instalação de tanques de combustíveis e lubrificantes;

Dreno de ligação do reservatório de rejeição de resíduos ao tanque de decantação que está ligado ao poço sumidouro 1;

Tanque de decantação ligado ao poço sumidouro 1;

Poço sumidouro 1;

Dreno de ligação do fundo da cave do poço ao poço sumidouro 2;

Poço sumidouro 2;

Tanque separador de óleos ligado ao poço sumidouro 2;

Dreno de ligação da plataforma dos reservatórios de combustíveis e lubrificantes ao tanque separador de óleos.

Os solos provenientes da escavação do acesso norte e da plataforma de perfuração totalizam cerca de 57 000 metros cúbicos. Estes serão, em parte, utilizados no enchimento e reperfilamento de terrenos na área envolvente de implantação do acesso norte e plataforma dos poços geotérmicos CL8, CL9 e CL10 (32 300 metros cúbicos). Estão previstos quatro locais enquadrados na paisagem e dotados de drenagem eficaz, que proteja os mesmos da ação mecânica das águas pluviais, para a colocação destes materiais.

Prevê-se ainda a utilização de cerca de 4 7500 metros cúbicos como material de aterro/enchimento dos reservatórios de rejeição de resíduos dos poços geotérmicos das bacias do CL4-A, CL7, PV9, PV10, PV11 e RG5.

É ainda equacionada a possibilidade dos restantes cerca de 20 000 metros cúbicos poderem vir a ser reutilizados na construção civil (os tufos enegrecidos de natureza predominantemente arenosa são muito utilizados na construção civil, atividade muito enraizada no concelho de Ribeira Grande). Caso tal não a venha a ser possível, os materiais sobrantes serão encaminhados para locais devidamente licenciados.

5.4. POÇOS GEOTÉRMICOS O poço geotérmico CL8 será o primeiro a ser executado, com um perfil vertical até uma profundidade máxima de 1 500 m (Alvo A assinalado na Figura seguinte).

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Figura 5.5 – Área da Mata do Botelho no setor de Cachaços - Lombadas; A – Local para a perfuração do poço CL8; B – Zona alvo para a perfuração do poço CL9; C ou D – Zona alvo para a perfuração do poço CL10

Os alvos do reservatório geotérmico que se pretendem intersetar com os poços CL9 e CL10 não se encontram no alinhamento vertical dos mesmos, tratando-se por isso de poços direcionais. O alvo que se pretende atingir com o poço CL9 é o Alvo B, e o alvo do poço CL10 terá duas orientações alternativas - Alvo C ou Alvo D, a definir após a execução e ensaio do poço geotérmico CL9.

A perfuração e revestimento do poço CL8 consiste, fundamentalmente: i) em destruir mecanicamente as formações geológicas no diâmetro e profundidade desejados para cada segmento (o diâmetro do poço vai sendo reduzido por segmentos, à medida que a profundidade aumenta); ii) na remoção do material cortado; iii) na colocação de revestimentos (constituídos por tubos de aço); iv) e na aplicação de cimento que ancora o referido revestimento e impermeabiliza as paredes do poço.

A técnica de perfuração a utilizar na abertura dos poços geotérmicos será à rotação com trépano tricónico de perfuração, utilizando preferencialmente argilas bentoníticas para auxiliar na circulação do material cortado (recortes), com exceção da primeira secção, até cerca dos 150-160 m de profundidade, que será perfurada com recurso a água e polímero biodegradável. Pretende-se com esta técnica minimizar o potencial de perturbação e contaminação de eventuais aquíferos de água subterrânea que possam ser intersetados.

Durante a execução dos novos poços geotérmicos no setor de Cachaços-Lombadas será dada a maior atenção à presença de nascentes de água que abastecem o concelho da Ribeira Grande. A EDA Renováveis implementará medidas de mitigação, como sejam a solicitação da desativação das nascentes com potencial de serem afetadas pela execução dos poços. Serão ainda utilizados fluidos de perfuração à base de água e polímeros biodegradáveis. Estas medidas têm-se revelado totalmente adequadas e eficazes, minimizando o risco de turvação da água das nascentes durante a execução dos poços geotérmicos.

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De referir que a utilização de um fluido de perfuração é fundamental em operações de perfuração desta natureza, pois o fluido serve diversos propósitos importantes, em particular os seguintes:

• Lubrificação do trépano de perfuração e de outras ferramentas de perfuração; • Arrefecimento das varas de perfuração e das paredes do furo; • Remoção dos detritos rochosos para a superfície; • Manutenção das paredes do furo em boas condições de estabilidade, evitando o

desmoronamento das mesmas.

Na Tabela seguinte sistematiza-se resumidamente o programa de perfuração do poço geotérmico CL8.

Tabela 5.1 – Programa de perfuração do poço geotérmico CL8

SECÇÕES DE PERFURAÇÃO

DESCRIÇÃO DA EXECUÇÃO TEMPO DE EXECUÇÃO

PRIMEIRA SECÇÃO DIÂMETRO 26 “

Nesta primeira etapa a perfuração terá o diâmetro de 26” e prolongar-se-á até cerca dos 150-160 m de profundidade com recurso a trépano tricónico com o mesmo diâmetro. O fluido de perfuração a utilizar será à base de água e polímero biodegradável. Após a perfuração será descido o revestimento de aço de 18-5/8’’ de diâmetro. De seguida, será cimentado o espaço anelar existente entre o poço de 26’’ e o revestimento de aço de 18-5/8’’, com calda de cimento Portland, classe B, que deverá secar durante algumas horas antes de se prosseguir a perfuração.

11 dias

SEGUNDA SECÇÃO DIÂMETRO 17-1/2”

A segunda etapa compreende a perfuração, num diâmetro de 17-1/2’’, com argila bentonítica, desde os 150-160 m até cerca dos 700 m, ou seja, a profundidade à qual se estima que será atingido o topo do reservatório geotérmico. A esta profundidade é descido o revestimento de 13-3/8’’ de diâmetro e procede-se à cimentação do espaço anelar utilizando calda de cimento preparada com cimento classe G com 40% de pó de sílica. Nesta etapa, assim como durante a perfuração da 1ª secção podem ocorrer perdas de circulação de fluido geotérmico para as formações atravessadas pela perfuração. Neste caso utilizam-se materiais naturais selantes como a casca de noz moída ou mica (mineral) que são adicionados ao fluido de perfuração de modo a que as fraturas das formações intersetadas pela perfuração possam ficam preenchidas e restituir a circulação no interior do poço.

16 dias

TERCEIRA SECÇÃO DIÂMETRO 12-1/4

Na terceira etapa, desde cerca dos 700 m até ao fundo do poço que, no máximo, será de cerca de 1 500 m, efetua-se a perfuração com um diâmetro de 12-1/4’’, no interior do reservatório. A perfuração será efetuada essencialmente com água atendendo a que se espera a presença de perda total de circulação. O revestimento utilizado será de 9-5/8’’ de diâmetro, com ranhuras que permitem a passagem do fluido geotérmico, ao mesmo tempo que confere suporte às paredes do poço. Este revestimento ranhurado será sobreposto ao anterior e continuará até ao fim do poço.

8 dias

TOTAL 35 dias

Considerando a execução do poço CL8 com uma profundidade de cerca de 1 500 m, estima-se uma quantidade de fragmentos de rocha produzidos até 195 metros cúbicos.

O programa das atividades de perfuração dos poços geotérmicos CL9 e CL10, incluindo as atividades de revestimento e cimentação, é em tudo semelhante ao descrito acima para o poço CL8, apenas com a diferença do troço compreendido entre os 150-160 m e os 700 m de profundidade em que será construído o desvio da vertical, segundo o ângulo pretendido para o perfil do poço.

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Por esta razão o período de execução dos poços CL9 e CL10 será superior aos 35 dias indicados para o poço CL8. A perfuração da primeira secção terá uma duração de 14 dias, a da segunda secção de 13 dias e a da terceira secção de 18 dias, perfazendo um total de 45 dias de execução.

O volume de rocha resultante da execução destes dois poços será de cerca de 390 metros cúbicos.

Resumindo, os trabalhos de construção de poços geotérmicos justificam a adoção de um conjunto de medidas importantes e imprescindíveis, cujo objetivo é evitar potenciais efeitos negativos decorrentes da execução dos trabalhos de perfuração. Estas medidas têm vindo a ser adotadas pela EDA Renováveis na execução deste tipo de trabalhos:

• Medidas para minimizar a eventual turvação e aumento de temperatura da águas das nascentes, alimentadas pelas formações situadas ente os 0 – 160 m:

o Utilização de fluido de perfuração à base de água e polímero biodegradável para atribuir alguma viscosidade à água;

o Solicitação à Câmara Municipal da Ribeira Grande para desativação das nascentes durante o período de perfuração;

o O dimensionamento do poço geotérmico prevê a colocação e cimentação de dois troços de revestimento em aço que dão estabilidade ao poço e permitem isolar as formações e aquíferos de água superiores à medida que a perfuração avança. Nota: Durante a perfuração da 1ª secção não é expectável surgirem zonas com fluidos sobre pressão ou bolsas de gás. No entanto, o equipamento “Rotating Head” (cabeça rotatória) permite suster uma pressão elevada, que eventualmente provenha do interior do poço.

• Medidas para minimizar eventuais perdas de fluido de perfuração para as formações atravessadas pela perfuração (0 – 700 metros)

o Pequenas perdas de fluido (na ordem de 1-5 litros por segundo) - adição ao fluido de perfuração de materiais contra a perda de circulação como casca de noz moída ou mica (mineral), que preenchem as fraturas nas rochas, reduzindo ou mesmo eliminando as perdas;

o Perdas de circulação superiores - avalia-se a magnitude da perda e pode-se optar por interromper a perfuração e injetar tampões de cimento para assegurar a integridade e a estabilidade do poço e permitir o avanço da perfuração. Após a cura do cimento, este é perfurado, e é retomada a perfuração da frente do poço.

• Interceção de bolsas de vapor e gás e/ou erupção espontânea de fluido geotérmico durante a perfuração (160 – 1 500 metros):

o Durante a perfuração da 2ª secção (160 – 700 metros), assim como da 3ª secção (700 – 1 500 metros) do poço, na cabeça deste é instalado um conjunto de válvulas isoladoras que fecham o poço em poucos segundos, impedindo a libertação do fluido geotérmico à superfície

Válvula que secciona/corta a vara de perfuração, selando completamente o poço

Válvula que fecha ao redor da vara de perfuração

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Válvula que fecha ao redor de qualquer elemento da combinação de perfuração e do revestimento em aço

o Monitorização das concentrações de gás sulfídrico, através de detetores instalados e mantidos durante todo o período de perfuração, em vários pontos da plataforma, em particular na cave do poço, por ser uma depressão mais fechada.

Após a execução do poço CL8 prevê-se a montagem um conjunto de válvulas na cabeça do poço para a realização de ensaio deste poço (ensaio de injetividade). Em função dos resultados desse teste simples (conclusão da 1ª Fase do Projeto) será tomada a decisão de avançar com um possível teste de produtividade do poço e posteriormente com a execução dos poços CL9 e CL10 e com a construção do acesso sul.

Só após a fase de ensaios se prevê a montagem dos equipamentos definitivos a instalar na plataforma para exploração dos poços. O período mínimo de vida útil estimado para os poços geotérmicos é de 25 anos.

Em cada um dos poços serão instalados os seguintes equipamentos/condutas:

• Sistema de adição de inibidor químico de carbonato de cálcio; • Separador atmosférico de fluido geotérmico (bifásico); • Reservatório de água geotérmica (tanque acumulador de Brine); • Conduta de transporte de vapor; • Conduta de transporte de Brine.

Conforme referido anteriormente, após aproveitamento do calor, o fluido geotérmico é conduzido para os poços de injeção, onde regressa ao reservatório geotérmico. Durante a exploração dos poços geotérmicos, poderá existir o risco de ocorrer uma eventual perfuração do revestimento em aço dos poços utilizados para a injeção do fluido geotérmico.

Como forma de minimizar esse risco, o revestimento em aço utilizado nos poços geotérmicos dispõe de alguma resistência à corrosão e tem em conta uma sobrespessura para minimizar este efeito, sendo este material adquirido a fornecedores especializados da indústria da perfuração, devidamente certificado para o uso em ambiente de alta temperatura e inspecionado por uma entidade certificadora e independente.

Para além deste aspeto, ao longo da vida útil de um poço geotérmico são realizadas inspeções de avaliação da integridade mecânica do revestimento em aço, utilizando calibradores que permitem identificar a variação da espessura do revestimento em todo o comprimento do revestimento de produção.

Caso seja identificada uma perda significativa de material do revestimento, e de modo a evitar a perfuração da parede, o poço é alvo de uma reparação mecânica, na qual se substitui o revestimento existente ou coloca-se e cimenta-se um novo revestimento de menor diâmetro internamente ao revestimento danificado.

Por último refere-se que a desativação dos poços consistirá em restabelecer, tanto quanto possível, as condições iniciais das formações rochosas que se verificavam antes da existência do poço. Assim, o procedimento passa por preencher a secção mais profunda do poço com material granular (ex. gravilha fina), mantendo-se a permeabilidade original existente no interior do reservatório geotérmico, e injetar cimento no interior do poço desde o topo da gravilha, que corresponde ao limite do reservatório, até à superfície. Desta forma, evita-se a possibilidade de interação entre o reservatório geotérmico e outros aquíferos superficiais, bem como a hipótese de comunicação entre o reservatório profundo e a superfície.

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Na fase de desativação, será ainda efetuado o desmantelamento dos vários equipamentos de exploração dos poços geotérmicos CL8, CL9 e CL10.

5.5. ACESSO SUL O acesso sul a construir, destina-se a garantir a acessibilidade de serviço para a fase de exploração dos poços geotérmicos, uma vez que constituirá a plataforma para a instalação das condutas de transporte de fluidos geotérmicos, entre o local de execução dos poços e a CGRG.

Os poços geotérmicos CL8, CL9 e CL10 serão executados numa elevação marginada por linhas de água bastante cavadas, pretendendo-se efetuar a ligação dessa elevação com outra elevação onde se situa a Central.

O Projeto em análise equacionou 3 soluções alternativas, que envolvem o atravessamento da linha de água que separa as duas elevações, através das suas margens, esquerda (a poente) e direita (a nascente), por obra de arte que se adeque ao traçado escolhido para cada uma das soluções.

Na Tabela seguinte apresentam-se as principais características de cada uma das alternativas de projeto consideradas.

Tabela 5.2 – Principais características de cada uma das alternativas de projeto consideradas – Solução A, Solução B e Solução C

ELEMENTOS DE REFEREÊNCIA SOLUÇÃO A SOLUÇÃO B SOLUÇÃO C

TRAÇADO

INÍCIO Entre os poços CL4/CL4A e CL3

Adjacente ao poço CL7

Entre os poços CL4/CL4A e CL3

CONFIGURAÇÃO Muito sinuoso Sinuoso Pouco sinuoso

COTA ALTIMÉTRICA (INÍCIO – MARGEM POENTE)

460,70 486,50 463,00

COTA ALTIMÉTRICA (FINAL – MARGEM NASCENTE)

415,00 430,00 430,00

EXTENSÃO (m) 800,00 420,00 360,00 DECLIVE MÁXIMO NA MARGEM POENTE (%)

24,8 22,3 19,4

DECLIVE MÁXIMO NA MARGEM NASCENTE (%)

24,4 18,8 6,8

ATRAVESSAMENTO DA LINHA DE ÁGUA

TIPO PH Viaduto Viaduto COTA ALTIMÉTRICA (m) 360,00 420,00 428,00

VÃO A VENCER (m) 34,00 60,00 70,00 ALTURA LIVRE 5,00 50,47 57,00

ÁREA DE DESMATAÇÃO (m2) 25 000 5 000 4 000 ESCAVAÇÃO (m3) 320 000 90 000 22 000

A Solução A apresenta a particularidade de evitar a construção de um viaduto em betão armado fazendo-se o atravessamento da linha de água por uma passagem hidráulica de conceção simples.

Envolve movimentos excessivos de escavações, área de desmatação considerável e face ao corredor que percorre obriga à execução de taludes excessivamente altos que potenciarão maior volume de escavação para estabilização e drenagem dos mesmos.

Esta solução potencia alterações significativas nos terrenos associados às duas margens da linha de água.

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O traçado (800 m) exibe-se praticamente em trincheira, com taludes de escavação em alguns casos muito elevados, tornando-o pouco aberto. Este facto, aliado às características geomorfológicas dos terrenos envolvidos, requer um sistema de drenagem eficiente que proteja os taludes marginais.

A Solução B distingue-se da anterior por apresentar um traçado com atravessamento da linha de água através de um viaduto em betão armado, tornando o desenvolvimento do acesso mais curto (800 m para 400 m).

Envolve movimentos expressivos de escavações, embora significativamente mais reduzidos que os da Solução A e área de desmatação significativamente mais reduzida. Face ao corredor que percorre obriga ainda à execução de taludes consideravelmente altos (cerca de 30 m) que necessitarão de estabilização e/ou drenagem adequada.

Esta solução teve como objetivo eliminar a solução da passagem hidráulica com a integração de um viaduto, para não potenciar alterações significativas nos terrenos associados às margens da linha de água.

Neste caso apenas a margem esquerda é alvo de movimentos expressivos de terras, mas com muito menor expressão que a Solução A. Esta solução permite implantar a plataforma de perfuração a uma cota considerada equilibrada, tendo em atenção a geomorfologia dos terrenos existentes na sua área de implantação.

Os troços em trincheira, com taludes de escavação elevados são consideravelmente mais reduzidos que no caso da Solução A.

A Solução C apresenta um traçado equilibrado em termos de extensão, escavações gerais, inclinações da via e inserção nas margens da linha de água.

Tem a particularidade, como a Solução B, de incluir a construção de um viaduto em betão armado para o atravessamento da linha de água, tornando o desenvolvimento do acesso o mais curto das três soluções (360 m em detrimento de 800 m para a Solução A e 400 m para a Solução B).

É a solução que envolve os menores movimentos de terras e as menores áreas de desmatação e face ao corredor que percorre obriga à execução de taludes razoáveis em troço pontual e pouco extenso (alturas próximas de 16 m) que necessitarão de estabilização e/ou drenagem adequada.

De salientar que a Solução C teve como objetivo minimizar alterações significativas nos terrenos associados às margens da linha de água.

Apenas a margem esquerda é alvo de movimentos de terras razoáveis, muito menos expressivos que os das Soluções A e B. Para além disso, como na Solução B, a plataforma situa-se a uma cota considerada equilibrada tendo em atenção a geomorfologia dos terrenos existentes na sua área de implantação.

O traçado exibe-se com menos expressão em trincheira e apenas na margem esquerda da linha de água, em determinado troço, e abre-se no restante traçado de modo a proporcionar uma solução equilibrada em termos de circulação rodoviária.

Em qualquer uma das soluções, o volume de materiais sobrantes provenientes das escavações a realizar é expressivo.

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A solução para a gestão destes solos passa pela sua utilização no enchimento e reperfilamento de terrenos na área envolvente de implantação do acesso sul e plataformas dos poços geotérmicos já existentes (CL3, CL4/CL4-A, CL5, CL6 e CL7) – cerca de 16 100 metros cúbicos.

Considerando que a Solução C prevê um volume de escavação geral de cerca de 22 000 metros cúbicos, os restantes 6 000 metros cúbicos dos materiais a escavar poderão vir a ser reutilizados na construção civil (os tufos enegrecidos de natureza predominantemente arenosa são muito utilizados na construção civil, atividade muito enraizada no concelho de Ribeira Grande). Caso tal não a venha a ser possível os materiais sobrantes serão encaminhados para locais devidamente licenciados.

Para as Soluções B e C os volumes a reutilizar/encaminhar para locais devidamente licenciados serão muito superiores aos indicados para a Solução C.

5.6. ÁGUA, EQUIPAMENTOS, ENERGIA, ÁGUAS RESIDUAIS, RESÍDUOS PRODUZIDOS

Durante a perfuração de cada poço geotérmico - fase de construção - estima-se que seja necessário um caudal de água de aproximadamente 36 metros cúbicos por hora, sendo que, em casos esporádicos, poderá atingir um máximo de 60 a 80 metros cúbicos por hora.

O fornecimento de água far-se-á a partir da captação de água superficial localizada na ribeira da Ribeira Grande (CA/2009/7), por intermédio de uma tubagem da EDA Renováveis especificamente construída para este fim (conduta em alumínio), com o auxílio de bombas elevatórias.

Serão utilizados diversos equipamentos, nomeadamente, retroescavadoras, bulldozers, máquina de lâminas, pás-carregadoras, dumpers, cilindros compressores, silos para cimento, autobetoneiras, betoneiras, bombas, camiões, sonda perfuradora, geradores, entre outros.

Para a perfuração dos poços geotérmicos estima-se que a mão-de-obra necessária envolva cerca de 52 postos de trabalho.

Na fase de construção será utilizada energia elétrica para a iluminação da área da obra, a partir de um gerador alimentado a gasóleo. Este será também o combustível utilizado pela maquinaria e restantes equipamentos afetos à obra.

Serão produzidos diversos tipos de resíduos, nomeadamente: resíduos provenientes das operações de desmatação (plataforma e acessos), materiais resultantes das perfurações (fluidos de perfuração), resíduos de betão, resíduos de soldadura, óleos usados e resíduos de combustíveis líquidos, resíduos metálicos, resíduos de embalagens, absorventes, panos de limpeza, materiais filtrantes e vestuário de proteção, resíduos urbanos e equiparados. O projeto prevê a adequada gestão deste tipo de resíduos e o sue encaminhamento para destino final adequado.

No que respeita aos fluidos de perfuração estes serão encaminhados para uma bacia de deposição temporária dos resíduos de perfuração. A bacia será revestida com membrana impermeável (geomembrana em polietileno de alta densidade), para evitar a infiltração e consequente contaminação dos solos.

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Durante a fase de construção serão ainda produzidas águas residuais domésticas, prevendo-se a instalação na obra de sanitários portáteis com tratamento químico, equipados com depósitos para recolha e armazenamento temporário dos efluentes produzidos durante esta fase. A manutenção destes sanitários será realizada por empresa devidamente licenciada, que garantirá o esvaziamento periódico destes depósitos através de viatura devidamente equipada para o efeito e o seu posterior encaminhamento para tratamento adequado numa Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR).

Na fase de exploração apenas será utilizada energia elétrica proveniente da rede para iluminação do local do Projeto. Nesta fase não se prevê a afetação específica de postos de trabalho à exploração desta plataforma e dos novos 3 poços geotérmicos, na medida em que a sua exploração será integrada na exploração dos restantes poços associados à CGRG.

A produção de resíduos será reduzida e afeta apenas às operações de manutenção. Em termos de águas residuais não se prevê a sua produção nesta fase.

Relativamente à fase de desativação os resíduos produzidos corresponderão essencialmente aos resultantes dos trabalhos de desmantelamento dos equipamentos instalados na plataforma e selagem dos poços geotérmicos. Na generalidade serão semelhantes aos produzidos na fase de construção: resíduos de betão, resíduos de óleos usados e resíduos de combustíveis líquidos, resíduos metálicos, resíduos de embalagens, absorventes, panos de limpeza, materiais filtrantes e vestuário de proteção, resíduos urbanos e equiparados.

Em termos de águas pluviais o Projeto prevê a sua adequada gestão, quer na fase de construção, quer na fase de exploração. Está prevista a execução de caleiras em meia manilha de betão de 500 mm na plataforma e caleiras em meia manilha de betão de 300 mm nos taludes. O Projeto prevê ainda a execução de uma vala retangular para encaminhamento das águas pluviais drenadas da plataforma para a linha de água mais próxima. Esta vala será executada do lado poente da plataforma de perfuração.

No que se refere ao acesso sul está prevista a execução de valetas de plataforma de largura variável para recolha das águas pluviais drenadas pela plataforma de circulação.

5.7. PROGRAMAÇÃO TEMPORAL – CONSTRUÇÃO, EXPLORAÇÃO

No que respeita à fase de construção prevê-se o seguinte faseamento:

1ª Fase

• 3 a 4 meses para execução do acesso norte e plataforma de perfuração, dependente das condições climatéricas que se farão sentir durante a fase de construção;

• 1 mês para a execução do poço CL8;

2ª Fase

• 10 a 12 meses englobando a construção do acesso sul, incluindo viaduto e a execução dos poços CL9, CL10 e instalação das condutas de transporte de vapor e água geotérmica. O prazo de execução estará dependente do tipo de fundação a realizar, assim como das condições climatéricas que se farão sentir durante a fase de construção.

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6. QUAIS SÃO AS CARACTERÍSTICAS ATUAIS DO LOCAL ONDE O PROJETO SERÁ CONSTRUÍDO?

A região onde se insere a localização Projeto apresenta um clima temperado (temperatura do ar média anual de 14,8°C), oceânico (amplitude térmica de 7,9°C), húmido (humidade relativa média às 9 horas de 88%) e chuvoso (precipitação anual média de 1 665,5 mm).

Quanto à sua geomorfologia, geologia e sismotectónica, o Arquipélago dos Açores localiza-se numa zona de fronteira entre placas tectónicas e é constituído por 9 ilhas vulcânicas. Apresenta uma elevada intensidade sísmica, observando-se geralmente a ocorrência de eventos com magnitudes inferiores ao limiar da sensibilidade humana, que por vezes precedem e/ou seguem um evento principal de grande intensidade. A ilha da São Miguel apresenta um índice de sismicidade elevado nas regiões central e oriental, nomeadamente nos sistemas vulcano-tectónicos do Fogo, Congro e Furnas. O Projeto localizar-se-á na vertente norte do vulcão do Fogo (ou de Água de Pau), que se situa na parte central da ilha de São Miguel e corresponde a um vulcão central com caldeira, constituído por acumulação de depósitos vulcaniclásticos e escoadas lávicas produzidas no decurso da sua história eruptiva.

O reservatório geotérmico da Ribeira Grande, presente na vertente norte do Vulcão do Fogo, é um reservatório de alta entalpia com temperaturas entre 220°C e 240°C, possuindo uma forma alongada na direção Noroeste - Sudeste. O fluido geotérmico captado é predominantemente água no estado líquido, observando-se em algumas áreas do campo geotérmico a existência de uma zona de vapor ou de duas fases no topo do reservatório, que se forma pela ocorrência de ebulição no seu interior, sendo esta claramente identificada no setor de Cachaços - Lombadas. Em termos geoquímicos, o fluido geotérmico caracteriza-se por apresentar elevada alcalinidade e baixa concentração de cálcio.

O contexto tectónico e vulcânico do Arquipélago dos Açores remete para a implementação de um plano de monitorização adequado, que seja composto pelas componentes de geofísica, geodesia e geoquímica. Atualmente já existe um sistema de monitorização ao nível da ilha de São Miguel, com uma incidência significativa no vulcão do Fogo, e que engloba as três componentes científicas acima referidas. Este programa é desenvolvido pelo Centro de Vulcanologia e Avaliação de Riscos Geológicos da Universidade dos Açores (CVARG), que integra o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA), com o qual a EDA Renováveis, enquanto empresa detentora dos direitos de exploração de recursos geotérmicos no Campo Geotérmico da Ribeira Grande, estabeleceu um contrato que visa a monitorização associada à área do Campo Geotérmico da Ribeira Grande. Os resultados obtidos deste plano de monitorização são reportados anualmente às entidades oficiais.

Os resultados das monitorizações efetuadas até à data têm revelado valores considerados normais para a região em causa e semelhantes aos registados em anos anteriores.

Na área de implantação do Projeto os solos são do tipo Andossolos Insaturados Normais, derivados de materiais piroclásticos de projeção, sendo por isso muito porosos (elevada suscetibilidade à contaminação), de baixa densidade, de consistência granulosa, de difícil dispersão, elevada capacidade de retenção de água, boa drenagem, apresentam alterações irreversíveis após a secagem, grande capacidade de fixação de fosfatos e baixo teor em bases. Os solos apresentam uma capacidade de uso para pastagem melhorada (classe V) e pastagem natural e/ou floresta (classe VI).

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Relativamente aos recursos hídricos subterrâneos, na vertente norte do Vulcão do Fogo existem três sistemas aquíferos: um sistema aquífero suspenso, um sistema aquífero de base e um reservatório geotérmico subjacente. Os sistemas aquíferos base e suspenso, são predominantemente constituídos por água doce fria. Entre os sistemas aquíferos de água doce (suspenso e base) e o geotérmico existe uma zona impermeável ou de muito baixa permeabilidade que forma o teto do reservatório geotérmico de alta temperatura.

Na área de implantação do projeto e sua envolvente próxima os aquíferos mais importantes são o suspenso e o geotérmico.

A presença de um reservatório geotérmico de alta temperatura no designado Campo Geotérmico da Ribeira Grande é confirmada pela existência de várias manifestações superficiais, tais como nascentes termais e fumarolas, e pelos trabalhos geotérmicos já efetuados na região, nomeadamente os oito poços realizados (CL1, CL2, CL3, CL4, CL4-A, CL5, CL6, CL7 na zona de Cachaços-Lombadas (CL) e que permitem a exploração comercial de eletricidade através da CGRG.

O aquífero suspenso é revelado pela ocorrência de várias nascentes (algumas delas com caudal apreciável) a diversas altitudes.

A área de implantação do Projeto insere-se na Bacia Hidrográfica (BH) da Ribeira Grande, Massa de Agua (MA) “Água de Pau”. O sistema aquífero superficial de água doce alimenta a maioria das nascentes da região, sendo as captações com maior expressão para abastecimento público no concelho da Ribeira Grande próximas da área em estudo as seguintes: Cachaços, Chá Canto e José do Canto/Bandeirinha. Parte da água proveniente destas nascentes é encaminhada diretamente para Rabo de Peixe (zona alta), local onde é posteriormente adicionado hipoclorito de sódio antes de se proceder à distribuição da água pela população. A restante água é encaminhada para reservatórios de água localizados próximos da CGPV onde se procede também à desinfeção da água antes da sua distribuição à população.

Existem ainda duas outras nascentes próximas da área de implantação do Projeto, as quais não têm como finalidade o abastecimento público, nomeadamente: Loreto (que corresponde efetivamente a um conjunto de nascentes que emergem ao longo da linha de água), utilizada pela fábrica de laticínios da BEL, situada na Ribeira Grande (antiga Lacto Açoreana); e Boca da Furna, para a qual não foi possível obter qualquer informação relativa à sua eventual utilização.

Embora o sistema aquífero superficial e o reservatório geotérmico profundo sejam individualizados, observa-se, pontualmente, a ascensão de vapor, levando ao aquecimento do aquífero superficial. Este fenómeno é comprovado pela ocorrência, à superfície, de nascentes termais, como a nascente da Caldeira Velha, e nascentes gaso-carbónicas, como a nascente da Água das Lombadas.

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Figura 6.1 – Poços geotérmicos (CL) existentes e a construir para alimentar a CGRG, nascentes e captações presentes na envolvente da área a intervencionar pelo Projeto

Ao nível dos recursos hídricos superficiais, a área de implantação do Projeto situa-se na região hidrográfica RH9, que corresponde à Região Autónoma dos Açores, e em particular na Bacia Hidrográfica (BH) da Ribeira Grande, que constitui na ilha de São Miguel um importante curso de água permanente. Esta BH é constituída por quatro Massas de Águas (MA) individualizadas no âmbito da Diretiva Quadro da Água (DQA): MA da Ribeira Grande, MA das Lombadas, MA das Roças/Salto do Cabrito e MA da Pernada/Teixeira. Das massas de água referidas, as últimas três correspondem aos afluentes principais da Ribeira Grande, são as ribeiras: das Lombadas, da Pernada ou Teixeira e das Roças/Salto do Cabrito. A BH da Ribeira Grande apresenta um elevado risco de cheia natural, sendo contudo de salientar que o Projeto em análise apresenta cotas de implantação não suscetíveis de serem afetadas por fenómenos de cheias.

De referir ainda que, esta BH apresenta, no geral, uma suscetibilidade alta à erosão hídrica (processo natural que pode causar a perda de solo e consequentemente a redução da infiltração e retenção de água, com a diminuição na capacidade de absorção de água da chuva por parte do solo, que leva a um aumento do escoamento e diminuição da quantidade de água disponível para o coberto vegetal).

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Figura 6.2 – Recursos hídricos superficiais – enquadramento do projeto

Genericamente, os cursos de água no Arquipélago dos Açores apresentam regime temporário e torrencial, com valores de caudal relativamente elevados no inverno e praticamente nulos no verão, admitindo-se que as linhas de água não apresentem caudal o ano inteiro. As intervenções previstas no Projeto em análise afetam diretamente a MA das Roças/Salto do Cabrito e a MA da Pernada/Teixeira.

Na MA das Roças/Salto do Cabrito, próximo da área de implantação do Projeto, está localizada a Central Hídrica do Salto do Cabrito, bem como a captação de água superficial do Salto do Cabrito, pertencente à Câmara Municipal da Ribeira Grande e à qual a mesma recorre em situações de insuficiência dos caudais das nascentes para garantir o abastecimento à totalidade da população, o que se verifica sobretudo no verão. A água captada é tratada na Estação de Tratamento de Água (ETA) do Pico Vermelho.

A EDA Renováveis é titular da Captação de Água/2009/7, a partir da qual será captada a água a utilizar na fase de construção e exploração dos poços geotérmicos CL8, CL9 e CL10.

Relativamente à qualidade da água das massas de água onde se insere a área de implantação do Projeto, os dados de monitorização recolhidos nas proximidades da área a intervencionar mostram que, a MA das Roças/Salto do Cabrito apresenta uma classificação de Bom Estado Ecológico e a MA da Pernada/Teixeira uma classificação de Razoável Estado Ecológico.

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A área em estudo é caracterizada em termos de flora, vegetação e habitats, por um coberto vegetal sensivelmente uniforme e constituído por vegetação resultante em estrutura e composição da ação humana sobre a vegetação espontânea, o que resulta no empobrecimento das comunidades vegetais espontâneas e na introdução de plantas cultivadas ou facilitação de instalação de plantas ruderais ou invasoras, que se tornam dominantes. Ainda assim, alguns elementos florísticos correspondentes à flora indígena ou endémica açoriana, isto é, originárias dos Açores, estão ainda presentes de forma dispersa, ocasional e dominada, não apresentando contudo valor de conservação relevante, atribuindo-se à generalidade da área um valor de conservação baixo.

Relativamente à fauna terrestre e seus habitats de suporte, é possível afirmar que, genericamente, a fauna ocorrente é relativamente comum, tendo em conta a fauna dos Açores, e que corresponde à existente na maioria dos ecossistemas e regiões muito transformados pelas atividades humanas neste arquipélago. São dadas para a área de estudo pelo menos trinta e cinco espécies, sendo que vinte e sete são aves, seis mamíferos e duas são anfíbios e quase um terço delas são introduzidas. No que respeita a espécies com estatuto de proteção apenas o Morcego-dos-Açores (considerado Em Perigo (EN) (IUCN, 2014)) ocorre efetivamente na área de estudo, embora em número reduzido, de acordo com as informações disponíveis. Os levantamentos de campo do presente estudo detetaram doze espécies de aves e duas de mamíferos.

Nos habitats de suporte existentes na área de implantação do Projeto predominam espécies exóticas e a vegetação autóctone apresenta-se sob a forma de elementos isolados.

Na área de implantação do Projeto, foram identificadas as seguintes classes de uso do solo: floresta exótica, prados, matos, infraestruturas de produção de energia e pedreiras. Quanto ao ordenamento do território, são aplicáveis à área a intervencionar pelo Projeto: o Plano Regional de Ordenamento do Território dos Açores, o Plano de Ordenamento Turístico da Região Autónoma dos Açores, o Plano Regional da Água, o Plano de Gestão da Região Hidrográfica dos Açores, a Estratégia Regional para as Alterações Climáticas, o Plano Estratégico para a Energia nos Açores, o Plano de Ação para a Energia Sustentável e o Plano Diretor Municipal do concelho da Ribeira Grande. Em termos de condicionantes, servidões e restrições de utilidade pública foram identificadas as seguintes: Reserva Ecológica Regional, Rede Regional de Áreas Protegidas nos Açores, Domínio Público Hídrico, Nascentes, Infraestruturas de Saneamento Básico.

De salientar que, nos instrumentos de gestão territorial para a ilha de São Miguel, e em particular para a área em questão, está previsto o aproveitamento dos recursos energéticos existentes.

Relativamente à paisagem, a área definida para a análise da morfologia apresenta cotas que variam entre o nível do mar e os 947 metros; hidrografia dominada pela lagoa do Fogo, e pelas ribeiras, em particular a Ribeira Grande; declives predominantemente muito elevados, cerca de 70% da área corresponde às classes de declives 15 a 30 % e acima de 30%. A área prevista para implantação do Projeto situa-se na unidade de paisagem “Serra de Água de Pau”, na subunidade “Encosta Norte” e está muito relacionada com a unidade “Zona Agrícola Capelas/Ribeirinha”. Embora globalmente a unidade de paisagem “Serra de Água de Pau” apresente um elevado valor cénico e paisagístico a área onde se prevê a implantação do Projeto classifica-se como de qualidade paisagística baixa a média, capacidade de absorção variável (predominando as classes de média e muito elevada) e sensibilidade predominantemente baixa e média, pontualmente elevada.

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No que respeita à qualidade do ar ambiente o uso dos fluidos geotérmicos pela CGRG implica a libertação de gases não condensáveis para a atmosfera. Destes, o CO2 é o predominante. Emite também outros gases residuais, entre os quais se destaca o sulfureto de hidrogénio (H2S), por ser um poluente que, se existir em concentrações elevadas na atmosfera, pode produzir efeitos negativos na saúde humana. Este composto é também caracterizado por apresentar um odor intenso com implicações ao nível de incomodidade de odor.

Na área a intervencionar pelo projeto e sua envolvente próxima foram identificadas as seguintes fontes emissoras: CGRG, atividade vulcânica, vias de tráfego e Tufeira da Bandeirinha, explorada pela empresa Albano Vieira, S.A..

Com base em dados disponibilizados pela EDA Renováveis, foi possível estimar que durante o ano 2014, a CGRG emitiu 20 256 toneladas de CO2, o que corresponde a 242,2 toneladas por gigawatt hora (GWh) produzido pela instalação. Este valor enquadra-se no valor de emissões de CO2 típico para este tipo de instalações (centrais geotérmicas), que varia entre cerca de 10 - 400 toneladas por gigawatt.hora (t.GWh-1). As emissões de CO2 das centrais geotérmicas são comparáveis às emissões das hidroelétricas (0 – 450 t.GWh-1) e bastante inferiores às emissões provenientes de centrais com recurso a gás natural (450 – 1250 t.GWh-1), fuelóleo (690 – 900 t.GWh-1) e carvão (850 – 1290 t.GWh-1).

De salientar que a CGRG tem um peso pouco significativo para as emissões globais da ilha de São Miguel, para as quais contribuem outras fontes, como a atividade de exploração pecuária, a atividade vulcânica e as unidades industriais que consomem combustíveis fósseis.

Ainda com base nos dados fornecidos pela EDA Renováveis foi possível estimar que, atualmente, as concentrações máximas diárias de sulfureto de hidrogénio (H2S), emitidas pela Central, atingem os níveis mais elevados no interior da mesma e na sua envolvente mais próxima, sem atingirem o valor limite recomendado pela OMS para a proteção da saúde humana (150 microgramas por metro cúbico).

De referir ainda que, com base em dados de monitorização da cidade da Ribeira Grande, verifica-se que os valores máximos horários e médios anuais de 2013 para os compostos dióxido de azoto (NO2), dióxido de enxofre (SO2), partículas (PM10, PM2,5), monóxido de carbono (CO) e ozono (O3) são inferiores aos respetivos valores limite.

Quanto ao ambiente sonoro, foram identificados como recetores sensíveis potencialmente afetáveis, direta ou indiretamente (tráfego de acesso) pelo Projeto, os edifícios envolventes à EN5-2A e o edifício existente entre a ER 5-2 e a via de acesso ao “Salto do Cabrito e a Tufeira da Bandeirinha, explorada pela empresa Albano Vieira S.A..

Foram realizadas medições acústicas em vários pontos: PM01 - junto à EN5-2A para caracterizar o ambiente sonoro na imediata envolvente desta via; PM02 - junto à via de acesso a “Salto do Cabrito” e que pretende caracterizar o ambiente sonoro na proximidade da moradia mais próxima do projeto e PM’01 a PM’04 - medições na envolvente do poço geotérmico CL7 (existente) para caracterizar a emissão sonora típica dos futuros novos poços.

De referir que foi solicitada informação à Câmara Municipal da Ribeira Grande sobre a Classificação Acústica existente no concelho, informação que não foi rececionada até à data de conclusão do EIA. Dependendo da Classificação Acústica existente para um determinado local, os limites a cumprir são:

• Zonas Sensíveis: Lden ≤ 55 dB(A); Ln ≤ 45 dB(A); • Zonas Mistas: Lden ≤ 65 dB(A); Ln ≤ 55 dB(A); • Recetores Sensíveis, até existir classificação: Lden ≤ 63 dB(A); Ln ≤ 53 dB(A).

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Os níveis sonoros obtidos durante as medições realizadas permitiram concluir que, no ponto PM01, são cumpridos os limites para Zona Mista e o limite transitório para Recetores Sensíveis até existir classificação. No caso do ponto PM02 são cumpridos os limites para Zona Sensível, para Zona Mista e o limite transitório para Recetores Sensíveis até existir classificação.

Relativamente à socioeconomia, a freguesia da Conceição, onde se localizará o Projeto, apresenta uma densidade populacional de 70,4 habitantes por quilómetro quadrado. Apresenta para os grandes grupos etários os seguintes valores: 18,8% para 0-14 anos; 14,4% para 15-24 anos; 58,6% para 25-64 anos; e 8,2 para >= 65 anos. Com um total de 2 425 habitantes, na freguesia de Conceição, 21,9% da população tem o 1º ciclo de escolaridade, 12,4% o ensino secundário e 12,6% o ensino superior, possuindo em 2011 uma taxa de analfabetismo de 3,7%. Nesta freguesia o Setor Terciário, Secundário e Primário empregam, respetivamente, cerca de 76,3%, 20,6% e 3,1% da população. Em 2011 a taxa de desemprego era de 10%.

Estima-se no futuro um aumento da procura turística para a Região Autónoma dos Açores, e particularmente para a ilha de São Miguel, o que implica a necessidade de garantir disponibilidades energéticas na ilha para os consumos esperados. Assim, o atual Projeto pode contribuir, à sua escala, para o reforço da produção energética da ilha de São Miguel.

Quanto ao estado do setor energético, a geotermia tem um peso relevante na estrutura da produção em São Miguel, correspondendo a 23,2% (182,870 gigawatt hora (GWh)) dos recursos utilizados pela EDA. Em 2014, 45,1% da energia produzida foi de origem térmica (fuelóleo), 44,0% geotérmica, 5,5% hídrica, 5,2% eólica e 0,1% mini/microgeração e outras energias renováveis.

O acesso à área de estudo é realizado através da estrada regional ER 5-2, que liga a Ribeira Grande a Lagoa, no setor norte e sul da ilha de São Miguel, respetivamente, constituindo uma importante via de comunicação entre o norte e o sul da ilha. Na localização da plataforma para execução dos poços e envolvente próxima, não se observa ocupação humana com caráter permanente, tendo o reconhecimento local evidenciado a utilização de pastagens com gado e não se tendo observado outra utilização agrícola dos terrenos.

No que respeita ao património cultural, no decurso da prospeção arqueológica realizada não foram identificados vestígios arqueológicos nem estruturas com interesse arquitetónico e/ou etnológico. Assim, a área a área a intervencionar e sua envolvente próxima caracteriza-se pela ausência de ocorrências de interesse cultural e nulo potencial arqueológico.

7. QUE EFEITOS (IMPACTES) O PROJECTO PODERÁ PROVOCAR NO AMBIENTE?

Destacam-se como efeitos positivos mais relevantes do Projeto, relacionados com os aspetos socioeconómicos, o aproveitamento da capacidade instalada na CGRG, de modo a compensar o declínio natural dos poços atualmente em funcionamento, e o aumento da capacidade de produção de energia elétrica na ilha de São Miguel, a partir de fontes renováveis, aproveitando um recurso endógeno.

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Por outro lado, o aumento de produção elétrica a partir de uma fonte de energia renovável produz um efeito positivo na qualidade do ar da ilha de São Miguel, pois permite reduzir o recurso a outras fontes de produção de energia que impliquem a queima de combustíveis fósseis, com emissões significativas de gases com efeito de estufa (GEE) e de outros gases de combustão como os óxidos de azoto (traduzidos em dióxido de azoto), o monóxido de carbono ou os óxidos de enxofre (traduzidos em dióxido de enxofre).

De salientar ainda que a execução do Projeto em análise contribuirá para a implementação do disposto nos planos estratégicos que se debruçam sobre áreas ligadas, direta ou indiretamente, ao setor energético, assim como nos planos de ordenamento de nível regional e municipal, uma vez que permitirá aumentar a contribuição da fonte geotérmica na produção de energia elétrica da ilha de São Miguel.

Há ainda outros aspetos positivos do Projeto a assinalar, nomeadamente a criação de emprego, embora reduzido, e a dinamização da atividade económica associada aos setores da construção civil e metalomecânica, na fase de construção, que vêm de algum modo contribuir para inverter o ciclo de estagnação que se tem vivido nos últimos anos.

Os efeitos negativos do Projeto em análise estão associados sobretudo à fase de construção e relacionam-se essencialmente com os fatores ambientais, recursos hídricos (superficiais e subterrâneos), uso do solo e ordenamento do território, paisagem e geologia, geomorfologia e sismotectónica.

No que respeita à geomorfologia, geologia e sismotectónica os principais efeitos na fase de construção encontram-se associados às movimentações de terras, que por sua vez têm implicações na alteração das formas naturais (impacte que se inicia na fase de construção e se prolonga na fase de exploração). Na fase de exploração, para além das alterações da morfologia do local há ainda que ter em atenção à estabilidade dos taludes, a qual está muito relacionada com a eficiência dos sistemas de drenagem instalados. É muito importante a manutenção deste sistema de drenagem, assegurando-se a limpeza das valetas por forma a não criar obstáculos ao escoamento. De acordo com a avaliação realizada não são previsíveis quaisquer eventuais assentamentos na fase de exploração, se forem respeitadas as características geomecânicas dos terrenos ocorrentes e monitorizados os sistemas de drenagem instalados.

Os efeitos nos solos manifestam-se sobretudo na fase de construção pela decapagem da sua camada superficial. Contudo, como os solos serão reutilizados no recobrimento das áreas de deposição de terras sobrantes, este efeito negativo não incide nos solos enquanto recurso natural mas sim na sua capacidade produtiva local (pastagens). As medidas de minimização propostas no EIA poderão reduzir este efeito negativo.

Os solos também poderão ser afetados, tanto na fase de construção como de exploração, por eventual ocorrência de derrames acidentais de substâncias poluentes como óleos, combustíveis, resíduos, etc. No entanto, de acordo com as medidas de minimização previstas considera-se que a probabilidade de ocorrência de derrames é reduzida, sendo ainda de salientar que uma eventual contaminação será prontamente detetada, contida e removida a camada de solo afetada.

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Os efeitos negativos sobre os recursos hídricos subterrâneos estão essencialmente associados a uma eventual percolação dos fluidos de perfuração (durante os trabalhos de perfuração), através das formações que alimentam as nascentes utilizadas para abastecimento público e industrial, situadas na envolvente do Projeto (Cachaços/Ribeira do Teixeira, José do Canto/Bandeirinha, Chá Canto e conjunto de nascentes de Loreto), com consequente afetação da água dessas nascentes. Salientam-se as medidas previstas a implementar pela EDA Renováveis, descritas no Capítulo 5.4 deste RNT (e já adotadas anteriormente em trabalhos da mesma natureza) para minimizar este efeito negativo, considerado por isso pouco significativo: desativação das nascentes referidas (a solicitar à CM da Ribeira Grande e à BEL), durante todo o período de perfuração, utilização de fluidos de perfuração à base de água e produtos biodegradáveis e monitorização dos parâmetros físico-químicos da água dessas nascentes durante os trabalhos de perfuração.

No que respeita à fase de exploração foi considerado como de reduzida probabilidade de ocorrência um eventual derrame ou fuga de substâncias poluentes utilizadas nas operações de manutenção dos poços geotérmicos, durante o seu transporte, manuseamento e armazenamento, atendendo a todas as medidas de minimização previstas no Projeto, pelo que os efeitos ao nível das águas subterrâneas consideram-se pouco significativos.

Ao nível dos recursos hídricos superficiais os efeitos negativos estão maioritariamente associados à potencial ocorrência de obstrução e assoreamento das linhas de água próximas da área de implantação do Projeto, nomeadamente, a ribeira das Roças que desagua na Ribeira Grande, por aumento da erosão e do seu teor em sólidos suspensos durante a fase de construção. Este aumento dos sólidos suspensos pode ainda contribuir para uma diminuição da qualidade da água nas linhas de água, prevendo-se no entanto, que este efeito seja temporário, restrito àquela fase e minimizável.

Outro dos efeitos identificados (ainda que considerado pouco significativo) encontra-se associado aos trabalhos de perfuração, que implicam um consumo de água relativamente elevado, embora não seja previsível que possam existir problemas relativamente à disponibilidade de água para o uso pretendido. A EDA Renováveis prevê realizar os trabalhos de perfuração no inverno, de modo a garantir uma maior disponibilidade de água para os trabalhos a executar e a ausência de conflito com as necessidades de abastecimento de água à população.

Na fase de exploração há que salientar que, se for adotada a Solução A, que prevê a execução de uma passagem hidráulica a construir sobre a ribeira das Roças, não se prevê que a sua construção venha a constituir um obstáculo ao escoamento da referida linha de água. No entanto, em caso de acontecimento de um fenómeno anormal não previsto, ou da colmatação desta passagem hidráulica, esta poderá representar, sobre a ribeira das Roças, um efeito negativo.

Referem-se ainda os efeitos ao nível da flora e vegetação. Apesar de na área de estudo a vegetação presente corresponder a vegetação alterada, em comparação com a potencialidade de habitat, existem alguns elementos dispersos com valor de conservação e que requerem atenção. Por esta razão foram propostas um conjunto de medidas minimizadoras e compensatórias.

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No que respeita à fauna e seus habitats de suporte os efeitos negativos previsíveis do Projeto são genericamente pouco significativos, quer para a fase de construção, quer para a fase de exploração, atendendo a que, a área a afetar é pouco expressiva, não se prevendo afetação de habitats naturais (apenas formações vegetais exóticas) e que a maioria das espécies da fauna presentes ser comum, algumas até exóticas, e não ameaçadas. A exceção cabe ao Morcego-dos-Açores, espécie endémica dos Açores considerada como Criticamente em Perigo (CR) em Portugal e Em Perigo (EN) em termos globais. Contudo, perante as informações atuais disponíveis – observação de poucos indivíduos na área envolvente (CCPA, 2014; presente estudo) -, não parece existir algum abrigo importante utilizado pela espécie nas áreas a afetar, sabendo-se mesmo que este morcego muda de abrigo com alguma frequência (Leonardo e Medeiros, 2011), pelo que os efeitos do Projeto a nível desta espécie também deverão ser reduzidos e pouco significativos.

Salienta-se a importância das medidas minimizadoras previstas, nomeadamente que as movimentações de máquinas, de pessoal e de materiais se restrinjam às áreas a afetar e a construir, de modo a minimizar os efeitos da destruição e perturbação, e que as áreas utilizadas para a colocação dos solos provenientes da escavação da plataforma e acessos sejam rearborizadas com espécies arbóreas e arbustivas da flora da Laurissilva.

Ao nível do uso do solo e ordenamento do território, os efeitos identificados são de reduzida a média importância. O projeto seguirá as diretrizes definidas na RER, na Área Protegida para a Gestão de Habitats ou Espécies da Serra de Água de Pau, no DPH e no PDM da CM da Ribeira Grande, nomeadamente nas ações que estejam condicionadas e sujeitas a pareceres das respetivas entidades competentes (os quais serão obtidos no âmbito do presente procedimento AIA).

Ao nível paisagístico a implementação do Projeto em estudo traduz-se, essencialmente, na alteração da morfologia do terreno na sua área de implantação e na substituição da paisagem atual, de caráter essencialmente rural, por um cenário que engloba algumas infraestruturas de caráter industrial. As alterações estruturais e de ocupação do solo serão sentidas apenas localmente e não terão consequências de maior, no que respeita à paisagem, para além dos seus limites físicos.

As alterações cénicas, pelo contrário, serão sentidas em toda a envolvente, na área a partir da qual será possível observar as estruturas que serão construídas. No entanto, este efeito negativo pode ser facilmente minimizado: por um lado, as estruturas a instalar desenvolvem-se pouco em altura; por outro, a paisagem envolvente combina áreas abertas (de pasto) com sebes arbóreas e áreas de vegetação florestal densa. Deste modo, a criação de sebes arbóreas junto às áreas de instalação de novas estruturas é uma forma eficaz de diminuir o seu impacte cénico, diluindo-se facilmente na paisagem.

Em síntese, embora tenham sido identificados efeitos negativos na paisagem com alguma importância, estes podem ser facilmente minimizados.

No que respeita à qualidade do ar ambiente, e considerando as concentrações estimadas para o cenário “normal”, nas condições atuais de operação da CGRG, as concentrações diárias de sulfureto de hidrogénio (H2S) são inferiores ao recomendado pela Organização Mundial de Saúde (150 microgramas por metro cúbico), o mesmo acontecendo com o aumento da capacidade de produção elétrica na Central, apesar de se verificar um acréscimo dos valores de concentração máximos diários de H2S estimados, no interior e envolvente próxima da Central.

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Durante a construção do Projeto, prevê-se um aumento temporário de emissões de partículas e gases de combustão, que produzirão um efeito pouco significativo e ainda minimizável se forem adotadas as medidas propostas - humedecimento das zonas em intervenção (se coincidir com período seco), manutenção dos equipamentos, planeamento das obras de modo a otimizar percursos e selecionar períodos mais favoráveis, entre outras.

Em termos de ambiente sonoro, verifica-se apenas a existência de uma habitação mais próxima (mais de 1 500 metros de distância) da zona de intervenção, onde os níveis sonoros são essencialmente influenciados pelo ruído do tráfego rodoviário da EN5-2A e da Ligação Pedreira/Salto Cabrito.

As previsões para a situação futura, quer para as fases de construção/desativação, quer para a fase de exploração, assumindo o adequado e típico condicionamento acústico das atividades e equipamentos a utilizar, revelaram ser provável a não ultrapassagem dos limites acústicos legais, pelo que não se preconizaram quaisquer medidas de minimização específicas, apenas as medidas genéricas, nem qualquer Plano de Monitorização, apenas a sua definição caso ocorram reclamações ou o não cumprimento das premissas de emissão sonora do EIA.

Ao nível socioeconómico, os efeitos negativos estão associados ao transporte de terras sobrantes que induzirão maior tráfego nas vias de comunicação e um maior risco de perturbação da população utilizadora dessas vias.

No que respeita ao clima e ao património a execução e funcionamento dos poços não é suscetível de induzir efeitos negativos.

De referir ainda que, no âmbito do EIA realizado, foi elaborada uma análise de riscos passíveis de ocorrer na fase de construção e exploração do Projeto. Concluiu-se que os possíveis perigos identificados e os resultados obtidos são de níveis de magnitude e consequência médios, ficando, em princípio, caso ocorram, limitados à zona de execução dos trabalhos e da plataforma dos poços geotérmicos. A existência de Plano de Emergência Interno (PEI) integrado no Plano de Segurança Interno, com as medidas preventivas e de atuação aquando da ocorrência de situações de emergência, a formação e treino, a manutenção e revisão periódica às máquinas, equipamentos, tubagens e viaturas, a monitorização da qualidade da água ao nível dos locais de intervenção, permitirão reduzir o nível de risco associado à atividade das instalações de exploração de energia geotérmica.

Relativamente às três soluções de acesso em análise (Soluções A, B e C), verificou-se que, em termos de níveis e aceitabilidade dos riscos identificados, sob o ponto de vista da segurança, a Solução A (prevê o atravessamento da ribeira das Roças através de passagem hidráulica) é a que se caracteriza por um número menor de situações de risco classificadas como de risco médio. As Soluções B e C (preveem o atravessamento da ribeira das Roças através de viaduto) implicam a execução de um maior número de trabalhos de construção civil, acrescendo ainda o facto de estes serem de maior complexidade, o que se reflete na avaliação de risco, uma vez que o risco é mais agravado sob o ponto de vista da segurança (e idêntico para estas duas soluções).

Globalmente, concluiu-se que o Projeto tem um efeito global positivo associado superior aos efeitos negativos esperados para todas as fases – construção, exploração e desativação.

O Projeto irá permitir responder às necessidades crescentes de procura de energia elétrica e contribuirá para atingir os objetivos estratégicos da RAA em maximizar o aproveitamento das fontes de energia endógenas do Arquipélago e minimizar os efeitos ambientais associados à produção de energia elétrica a partir de combustíveis fósseis.

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No que respeita ao Acesso Sul a análise comparativa efetuada permitiu concluir que a Solução C é que apresenta menos efeitos negativos, sendo a Solução A a mais impactante, devido à sua maior extensão, maior área a decapar e desmatar, e ao elevado movimento de terras associado. Na fase de construção os efeitos da Solução C consideram-se globalmente negativos, pouco significativos e minimizáveis.

Para a fase de exploração do Acesso Sul, verificou-se que não existem diferenças significativas entre as várias soluções, sendo a fase diferenciadora a fase de construção.

Desta forma, e numa perspetiva global, a Solução C é a que se apresenta como a mais favorável em termos de impacte global incluídos que foram os riscos na avaliação.

8. QUE MEDIDAS SE PREVEEM PARA GARANTIR UM MELHOR ENQUADRAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO

No sentido de garantir um melhor enquadramento ambiental do Projeto foram previstas medidas de dois tipos:

a) “medidas minimizadoras ou mitigadoras” - medidas e ações que poderão contribuir para reduzir/atenuar os efeitos negativos identificados;

b) “programas de monitorização” – com o objetivo de avaliar a eficácia das medidas previstas no procedimento de AIA, e permitir a eventual reformulação das medidas minimizadoras adotadas, caso se justifique. Uma vantagem indireta será o estabelecimento de um registo histórico de valores de parâmetros indicadores ambientais, que poderá ser útil localmente para outras finalidades e/ou fornecer informações que possam ser úteis em processos futuros de AIA de projetos similares.

Foram também consideradas para a execução do Projeto as Boas Práticas Ambientais para a fase de obra, as quais devem ser cumpridas nas fases de construção, exploração e desativação do Projeto, quando aplicáveis. Quanto às medidas de minimização propostas, salientam-se as seguintes:

Fase de Construção

o Previamente à elaboração do Projeto de Execução do Acesso Sul, será elaborado de estudo geotécnico detalhado do local de implantação do viaduto, caso venha a ser a Solução B ou C a solução escolhida; deverá ter-se em consideração a proximidade da nascente da Boca da Furna, de modo a garantir a sua não afetação;

o Será garantida a medição de todos os parâmetros essenciais ao controlo dos trabalhos de perfuração, através da instrumentação existente na sonda de perfuração. Estas medições permitirão detetar uma eventual perda de fluido de perfuração para as formações, bem como eventuais variações de temperatura no fluido de perfuração que ascende à superfície;

o Na cabeça do poço em perfuração será assegurada a instalação do conjunto de válvulas isoladoras previstas no Projeto, as quais permitem o fecho do poço em pouco segundos, por forma a minimizar os riscos relativos à libertação de fluido geotérmico à superfície aquando da perfuração do poço;

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o Será solicitado atempadamente à CM da Ribeira Grande e à BEL Portugal, a desativação, durante toda a fase de perfuração dos poços geotérmicos CL8, CL9 e CL10, das nascentes mais próximas utilizadas para abastecimento público - Cachaços/Ribeira do Teixeira, Chá Canto e Bandeirinha - e industrial – conjunto de nascentes de Loreto;

o Será salvaguarda a alternativa de alimentação de água durante a fase de perfuração dos poços, aquando do período de desativação temporária das nascentes de Cachaços/Ribeira do Teixeira, Chá Canto, José do Canto/Bandeirinha e conjunto de nascentes do Loreto, por forma a não perturbar o abastecimento público do concelho de Ribeira Grande nem o funcionamento da fábrica de laticínios da BEL Portugal.

Nesse sentido, proceder-se-á à execução dos trabalhos de perfuração, de preferência durante o inverno, e articular-se-á esse período com a CM da Ribeira Grande para que esta possa proceder ao uso de fontes de abastecimento alternativas, à semelhança do sucedido durante a realização de outras campanhas de perfuração (reforço da captação superficial do Salto do Cabrito e em último caso, recurso ao antigo sistema de abastecimento de Ponta Delgada); adotar-se-á o mesmo procedimento relativamente à BEL Portugal. As medidas compensatórias serão acordadas entre a EDA Renováveis e a CM da Ribeira Grande, assim como no caso da BEL.

o Durante todo o período de perfuração dos poços geotérmicos serão instalados, conforme previsto no Projeto, detetores de sulfureto de hidrogénio (H2S), em particular na cave dos poços, na cabeça de rotação, na cabeça do poço e no final da linha de descarga;

o Proceder à inspeção regular e, sempre que necessário, à limpeza do sistema de drenagem e tratamento (reservatório de rejeição de resíduos de perfuração, decantador e separador de óleos) previsto na plataforma de perfuração, para evitar derrames de potenciais contaminantes para os terrenos e linhas de água adjacentes à referida plataforma;

o A trasfega de resíduos de óleos do separador de óleos para um tanque adequado, será realizada por uma empresa certificada para o tratamento deste tipo de resíduo;

o As ações de desmatação e preparação do terreno serão reduzidas ao mínimo estritamente necessário à construção da obra e decorrerão, de preferência, durante o mais curto período de tempo possível, evitando-se períodos de maior precipitação, de forma a minimizar a erosão do solo e o arraste de sólidos para as linhas de água;

o Serão salvaguardados todos os exemplares arbóreos e arbustivos que não perturbem a execução da obra; quando próximos de áreas intervencionadas, devem ser devidamente sinalizados.

o Proceder-se-á à recuperação e integração paisagística da área afetada pelo projeto dos Poços Geotérmicos CL8, CL9 e CL10, após a conclusão das obras de construção;

o Todas as áreas afetadas temporariamente, incluindo todas as áreas envolventes perturbadas durante a obra e os taludes criados pela mesma, serão recuperadas procedendo-se à criação de condições para a regeneração natural da vegetação. Caso seja necessário recorrer a hidrossementeiras, de modo a garantir a retenção das terras nos primeiros anos, enquanto a vegetação natural não regenera, deverá atender às seguintes questões:

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As espécies a usar na estabilização de taludes e integração paisagística deverão ser, tanto quanto possível, espécies de árvores, arbustos e herbáceas autóctones, para um maior sucesso das sementeiras e plantações a executar, tal como referido nas medidas de minimização propostas para a Flora e Vegetação;

Excluir do enquadramento paisagístico quaisquer espécies exóticas que sejam invasoras, mesmo que se tratem de plantas vulgares em São Miguel;

o Como forma de minimizar o impacte cénico global decorrente da presença das infraestruturas associadas ao aproveitamento do potencial geotérmico na Ribeira Grande, deverá ser equacionada a possibilidade de criação de maciços arbóreos na proximidade das mesmas, de forma a isolá-las visualmente da estrada que liga Ribeira Grande à Lagoa do Fogo;

o Sempre que possível deverá ser utilizada mão de obra local na fase de construção beneficiando a população residente na freguesia/concelho da área de estudo (Conceição/Ribeira Grande);

o Nos lugares atravessados pelos veículos afetos às obras deve reduzir-se, se possível, a utilização de sinais sonoros com vista à minimização da perturbação da população residente nesses lugares, com destaque para a população residente ao longo da Estrada Regional ER 5-2 na proximidade de Conceição e de Ribeira Seca;

Fase de Exploração

o Durante a fase de exploração, o fluido geotérmico captado é encaminhado para a CGRG. Após a utilização, este fluido é injetado e devolvida a mesma quantidade equivalente ao que foi captado, evitando-se a libertação do fluido para a superfície, conforme previsto no Projeto. Esta medida para além de ser ambientalmente favorável permite devolver ao reservatório geotérmico o suporte de pressão necessário à sustentabilidade da exploração e evita a ocorrência de fenómenos de subsidência;

o Tal como na fase de construção, será realizada uma inspeção regular aos motores e aos tanques dos veículos e equipamentos que utilizem combustíveis e/ou outros produtos perigosos, identificando e reparando eventuais fugas de produtos e contaminantes;

o Proceder-se-á ao controlo e manutenção das condutas de transporte do fluido geotérmico, sendo também realizadas inspeções à integridade mecânica do revestimento em aço dos poços geotérmicos, utilizando calibradores que permitem indicar a variação da espessura do revestimento;

o Na eventualidade de ocorrer um derrame acidental será imediatamente removida a camada de solo afetada, se necessário com o auxílio de um produto absorvente adequado, e armazenada e encaminhada para tratamento em instalações devidamente licenciadas, ou promovida a sua recolha por operador licenciado. Desta forma evita-se a contaminação das camadas de solo subjacentes e a penetração em profundidade das substâncias envolvidas, bem como o alcance das águas superficiais e subterrâneas;

o Será assegurada a manutenção regular dos sistemas de drenagem projetados para o acesso norte, plataforma de perfuração e acesso sul. Para tal deverá ser implementado um plano de operação/manutenção que garanta a limpeza regular e

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PROFICO AMBIENTE E ORDENAMENTO, LDA. ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL DOS POÇOS GEOTÉRMICOS CL8, CL9 E CL10 Resumo Não Técnico – Novembro 2015

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verificação do estado de funcionamento e conservação das estruturas de drenagem superficial e enterrada;

o Será garantida a manutenção da vegetação instalada no âmbito da recuperação e integração paisagística, nomeadamente no que respeita às cortinas arbóreas. Neste âmbito, deverá ser verificado o sucesso da instalação dos exemplares arbóreos plantados no final da fase de construção e realizada a sua repicagem, se necessário.

No que diz respeito aos programas de monitorização propostos, estes abrangem os descritores geomorfologia, geologia e sismotectónica, recursos hídricos subterrâneos e superficiais:

o Geomorfologia, Geologia e Sismotectónica: não se considera necessário fazer alterações ao programa de monitorização já existente na ilha de São Miguel, que engloba as componentes da geofísica, geodesia e geoquímica e tem incidência sobre o complexo vulcânico do Fogo, onde está inserida a área de implantação do Projeto. No âmbito do EIA recomenda-se a manutenção do programa de monitorização em curso com eventual ajustamento das atuais redes de monitorização, de modo a ter em conta os novos poços geotérmicos;

o Recursos Hídricos Subterrâneos: no âmbito do Plano de Monitorização da qualidade das águas superficiais e subterrâneas na envolvente da CGPV e da CGRG, em curso atualmente da responsabilidade da EDA Renováveis, são já monitorizadas as nascentes Cachaços/Ribeira do Teixeira, José do Canto/Bandeirinha e Chá Canto, propondo-se que sejam adicionalmente monitorizadas as nascentes de Boca da Furna e o conjunto de nascentes do Loreto. Propõe-se a medição de parâmetros físico-químicos, durante as diferentes fases do Projeto, em campanhas expeditas/pontuais ou alargadas. Propõe-se ainda a monitorização, apenas durante a fase de construção, da nascente da Caldeira Velha, com medição local dos parâmetros pH, temperatura, condutividade e caudal (apenas se se verificar que esta medição é passível de ser executada de forma expedita e através de solução de fácil implementação no local).

o Recursos Hídricos Superficiais: é proposta a monitorização periódica das linhas de água que poderão ser diretamente afetadas pela implementação do Projeto, ou seja, a ribeira das Roças, a ribeira da Pernada/Teixeira e a linha de água localizada a este da área de implantação da plataforma. As primeiras duas linhas de água referidas são já monitorizadas no âmbito do Plano de Monitorização em curso da qualidade das águas superficiais e subterrâneas na envolvente da CGPV e da CGRG, da responsabilidade da EDA Renováveis, pelo que se propõe apenas a introdução, no Plano de Monitorização já em curso, de um ponto de amostragem adicional, na linha de água localizada a este da área de implantação da plataforma de perfuração. Os parâmetros a monitorizar, a respetiva periodicidade de amostragem e os requisitos relativos aos relatórios de monitorização são idênticos aos adotados para as restantes linhas de água já monitorizadas pela EDA Renováveis.

No caso do ambiente sonoro, e embora não tenha sido proposto qualquer programa de monitorização, recomenda-se a sua definição, caso ocorram reclamações devido ao ruído e/ou caso se verifique que as premissas do EIA não estão a ser cumpridas.

Considera-se o Projeto dos Poços Geotérmicos CL8, CL9 e CL10 para Produção de Energia Elétrica na Central Geotérmica da Ribeira Grande viável do ponto de vista ambiental, com inúmeras vantagens, nomeadamente ao nível socioeconómico. Salienta-se ainda a importância de aplicação das medidas de minimização e programas de monitorização propostos.

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