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1Acadêmico de Engenharia Civil, da Universidade Paranaense, Campus Toledo. E-mail: [email protected] 2 Prof. Orientador, do curso de Engenharia Civil, da Universidade Paranaense, Campus Toledo. E-mail: [email protected]
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GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL UNIVERSIDADE PARANAENSE, CAMPUS DE TOLEDO/PR
TRABALHO FINAL DE CURSO - TFC
ESTUDO DE COMPATIBILIZAÇÃO DO PROJETO DE ESPAÇO EDUCATIVO
URBANO - PADRÃO FNDE
Jhonata Bruno Fucks1
Thiago Augusto Bertuzzo2
RESUMO
A compatibilização de projetos é um tema muito recorrente no mercado da construção civil,
tendo em vista a grande quantidade de obras e os prazos de execução reduzidos, podendo gerar
um grande número de incompatibilidades e falhas. Problemas que poderiam ser evitados já na
fase de projeto. Sabe-se que uma boa compatibilização pode ter melhor delimitação de prazos
e a qualidade da obra aumentada, assim como a redução do seu custo. A compatibilização
contribui para a melhoria contínua e retroalimentação dos processos de projeto e de construção,
garantindo que a edificação seja construída conforme o projeto aprovado, pois evita alterações
na obra por divergências de informações entre os demais projetos. Este trabalho conceitua a
definição de projeto, bem como a compatibilização, sua importância, e atesta vantagens geradas
pela compatibilização de projetos na construção civil, como também faz a análise de um projeto
de uma escola padrão do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) de seis
salas de aula. Ao longo da análise foram encontradas algumas inconsistências entre os projetos
complementares e arquitetônico, que estão descritas ao longo do trabalho, sendo encontradas
cerca de 37 incompatibilidades, como pilares não representados, eletrodutos em regiões de
pilares, entre outros.
Palavras-chave: Gerenciamento de projetos. Execução. Planejamento. FNDE.
ABSTRACT
The compatibility of projects is a very recurrent theme in the construction market, due to the
large number of works and reduced execution times, which can generate a large number of
incompatibilities and failures. Problems that could be avoided already in the design phase. It is
known that a good compatibility can have better delimitation of terms and the quality of the
work increased, as well as the reduction of its cost. The compatibility contributes to the
continuous improvement and feedback of the design and construction processes, ensuring that
the building is built according to the approved project, as it avoids changes in the work due to
divergences of information between the other projects. This work conceptualizes the project
definition, as well as the compatibility, its importance, and attests the advantages generated by
the compatibility of projects in the civil construction, as well as the analysis of a project of a
standard school of the National Fund for the Development of Education (FNDE) of six
classrooms. Throughout the analysis, some inconsistencies were found among the
complementary and architectural projects, that are described throughout the work, being found
about 37 incompatibilities, such as not represented pillars, conduits in pillared regions, among
others.
Keywords: Project management. Execution. Planning. FNDE.
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1 INTRODUÇÃO
Um projeto é elaborado para se ter uma previsão de como um determinado
empreendimento deve se comportar, porém muitas vezes, pela complexidade, quantidade de
pessoas envolvidas, entre outros, podem vir a ocorrer pequenas incompatibilidades entre os
projetos arquitetônico, estrutural, elétrico, hidráulico e todos os demais projetos necessários,
que por vezes só são percebidas durante a execução. Problemas estes que poderiam ser
resolvidos se houvesse um estudo de compatibilização na faze de desenvolvimento do projeto.
Para Nascimento (2015), na compatibilização partes de alguma coisa devem ocupar o
mesmo espaço de maneira harmoniosa sem que ocorram conflitos entre eles, e as informações
precisam ser consistentes e terem confiabilidade a fim de que tudo ocorra com transparência
até a entrega da obra e durante a utilização e manutenção da edificação.
Nakamura (2011) afirma que a compatibilização de projetos é importante para evitar
erros devido a interferências entre projetos das diferentes especialidades e minimizar o
retrabalho, reduzindo prazos de projeto e execução, desperdícios e custos.
A compatibilização é um tema que vem sendo discutido, pela grande quantidade de
obras que vem apresentando esses problemas na fase de execução, como observado nas Figuras
de 1 a 4, onde elas mostram situações que podem vir a ocorrer pela falta de compatibilização.
Na Figura 1, podemos ver uma incompatibilidade entre projetos hidráulico e estrutural, com
tubulações atravessando uma viga, que caso não tenha sido realizado um estudo, pode causar
problemas estruturais por aparentarem ser esperas em excesso. Na Figura 2 podemos ver uma
incompatibilidade entre o projeto estrutural e arquitetônico, onde um pilar acaba invadindo uma
região de esquadria. Na Figura 3 vemos uma incompatibilidade entre projetos elétrico e de
combate à incêndio, onde a tubulação dos hidrantes teve que desviar dos eletrodutos do projeto
elétrico. Na Figura 4 vemos um eletroduto atravessado uma região de pilar, gerando assim uma
assim uma incompatibilidade entre projetos elétrico e estrutural.
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Figura 1. Incompatibilidade entre
projetos hidráulico e estrutural
Fonte: KIRSTEN (2017).
Figura 2. Pilar invadindo região da
esquadria
Fonte: KIRSTEN (2017).
Figura 3. Incompatibilidade entre projetos
elétrico e de combate à incêndio
Fonte: KIRSTEN (2017).
Figura 4. Incompatibilidade entre
projetos elétrico e estrutural
Fonte: KIRSTEN (2017).
Obras públicas acabam sendo as mais afetadas pela falta de compatibilização dos
projetos, visto o pouco tempo para realização dos mesmos, limites monetários aplicados as
obras, entre outros. Essas falhas muitas vezes acabam por gerar aumento de tempo na execução,
como também aumento no custo das mesmas.
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A compatibilização de projetos é um instrumento muito importante para os projetistas,
pois ajuda a identificar falhas e erros antes da execução da obra, reduz o custo e o tempo, bem
como melhorar a qualidade da obra.
Como objeto de estudo, será analisado o projeto arquitetônico com os projetos
complementares de uma edificação de seis salas de aula padrão do Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE).
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 PROJETO
A Norma Brasileira (NBR) 13.531, que aborda as atividades técnicas na elaboração de
projetos de edificações, define a elaboração de um projeto de uma edificação, a determinação e
a representação prévias dos atributos de elementos a construir, pré-fabricar, montar, ampliar,
reduzir, modificar ou recuperar, abrangendo os ambientes exteriores e interiores e os projetos
de elementos da edificação e instalações prediais. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, ABNT, 1995)
Para o Project Management Institute (PMI, 2014) projeto é um esforço temporário
empreendido para criar um produto, serviço ou resultado único. Já para o Conselho Federal de
Engenharia e Agronomia (CONFEA, 2015) projeto é a somatória do conjunto de todos os
elementos conceituais, técnicos, executivos e operacionais abrangidos pelas áreas de atuação,
pelas atividades e pelas atribuições dos profissionais da Engenharia.
O projeto de uma edificação é a junção de outros pequenos projetos, que quando
diversificados em escritórios diferentes, devem ser homogeneizadas para que haja uma sintonia
durante o gerenciamento dessas informações, porém caso essas informações não forem
processadas corretamente, poderão ocorrer problemas na concepção do produto, surgindo
dificuldades de planejamento, orçamento, gasto excessivo de material e outros
(NASCIMENTO, 2015).
Keeling e Branco (2014) afirmam que os projetos possuem muitas formas e tamanhos,
podendo ser de curta duração, onde eles são baratos, duram apenas alguns dias e necessitam de
recursos mínimos, ou de médio e longo prazo, que podem ser ambiciosos e chegam a se estender
por muitos anos. Estes requerem grandes recursos financeiros e materiais, nível elevado de
habilidade técnica e cientifica, e administração complexa.
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A NBR 13.532, que fala sobre elaboração de projetos de arquitetura de edificações,
determina que as representações gráficas da configuração arquitetônica da edificação devem
ser concebidas mediante a coordenação e a orientação geral dos projetos dos elementos da
edificação, das instalações prediais, dos componentes construtivos e dos materiais de
construção. (ABNT, 1995)
Nakamura (2011) afirma que é função de um coordenador de projetos, por exemplo,
conseguir as informações de todas as especialidades envolvidas para compatibilizar o projeto
de arquitetura com os demais, antes de começar a execução da obra.
2.2 COMPATIBILIZAÇÃO
A compatibilização pode ser definida como o atributo do projeto, onde os componentes
dos sistemas ocupam espaços e não conflitam entre si, como também até o final do processo de
projeto e obra todos os dados compartilhados possuam consistência e confiabilidade.
(GRAZIANO, 2003)
Para Goes (2011) a compatibilização contribui para a melhoria contínua e
retroalimentação dos processos de projeto e de construção. Ela é uma atividade que visa à
racionalização do emprego de tempo e materiais, bem como das manutenções posteriores,
objetivando a redução das possíveis falhas que podem ocorrer, desde a concepção até execução.
Melhado (2005) afirma que a compatibilização de projetos é a atividade que integra
todos os projetos da edificação, com o objetivo de ter um perfeito ajuste entre eles, obtendo
assim um padrão de controle de qualidade total da obra, onde é feita uma sobreposição de
projetos de áreas diferentes, tendo o objetivo de verificar as interferências e problemas, para
solucioná-los. A compatibilização deve ser feita depois dos projetos serem concebidos, com um
“pente fino”, para detectar possíveis erros.
Nóbrega (2017) e Araújo (2015) afirmam que no decorrer de todo o processo de
concepção, a compatibilização é responsável pela diminuição dos erros e por procurar
antecipadamente respostas, gerando assim grande economia de tempo e dinheiro, bem como
eliminar os problemas que surgem no canteiro de obras, como interferências físicas e perda de
funcionalidade.
Para fazer a compatibilização dos projetos o investimento será em torno de 1% a 2% do
custo do empreendimento, porém a solução de conflitos ainda na fase de elaboração do projeto
reduz em cerca de 5% a 8% do custo da construção (CHIPPARI, 2014 apud ARAÚJO, 2015).
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Nascimento (2015) afirma que quando a fase de projeto é pouco explorada os projetos
são entregues para fase construtiva com deficiência de informações, o que ocasiona perda da
eficiência na execução e prejuízos nas características do produto que foram idealizadas, o que
causa um grande número de patologias.
Para Hirt (2014) o gasto futuro será elevado em muitas obras para que a vida útil de
edificações atinja o tempo para as quais elas foram projetadas, haja vista a quantidade de reparos
por problemas de execução, entre eles as falhas de projeto, já no início de seu uso.
Na compatibilização, projetos de diferentes especialidades são sobrepostos de modo que
as interferências entre eles sejam detectadas e, assim, resolvidas, normalmente, pelo
coordenador de projetos (NAKAMURA, 2011).
Para Gonçalves Júnior (2016) existem quatro formas de fazer compatibilização de
projetos na construção civil, sendo elas:
1. Manual com projetos impressos: maneira bem tradicional, muito utilizada no
passado. As pranchas são impressas, comparadas e analisadas a olho nu. Esta
forma além de demorada, possui alto risco de erros, pela grande quantidade de
volume de informação a ser verificada;
2. Com programas de Computer Aided Design (CAD) 2D (duas dimensões): é uma
forma um pouco menos demorada, continua limitada e ineficiente na detecção
de interferências dos projetos prediais estruturais e complementares;
3. Com modelos 3D (três dimensões): é uma evolução do processo 2D, mas ainda
é limitado apenas ao desenho, sem garantir a visualização e o estudo das
informações de cada projeto;
4. Com modelagem de informação: esta forma é possível com a concepção de
projetos em Building Information Model (BIM), onde além do desenho em 3D,
ele une o desenho aos dados necessários para se avaliar interferências,
antecipando problemas e garantindo a execução correta do projeto.
De acordo com o National Institute of Building Sciences (NIBS, 2007) o BIM é como
um produto ou representação digital inteligente de dados sobre uma instalação, com um
processo colaborativo de informações, como também uma ferramenta de gerenciamento do
ciclo de vida das instalações, trocando informações bem compreensíveis, fluxos de trabalho e
procedimentos que as equipes usam como um ambiente baseado em informações que podem
ser repetidas, verificáveis, transparentes e sustentáveis durante todo o ciclo de vida do edifício.
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Para Araújo (2015) compatibilização é a garantia de que a edificação seja construída
conforme o projeto aprovado, pois evita alterações na obra por divergências de informações
entre os demais projetos. Ainda de acordo com a autora ela faz uma interface entre os projetos,
procurando solucionar interferência que não dever ser resolvidas durante a execução da obra.
2.3 OBRAS PÚBLICAS
De acordo com Pierdoná (2014) as obras públicas sofrem pela falta de colaboração de
uma pessoa especializada em compatibilização de projetos, principalmente por causa do tempo
que se tem para a elaboração, pois quanto maior o tempo para estudos e detalhamento dos
projetos, menor serão as interferências construtivas em obras. O baixo detalhamento nos
projetos executivos revela a baixa qualidade das obras públicas no Brasil, onde muitas das
vezes, as dúvidas construtivas são resolvidas na própria obra.
Uma característica muito notável é ausência de encontros entre os projetistas, como
também a falta de um compatibilizador de projetos, que pode ser uma característica dos
pequenos empreendimentos, onde pequenos escritórios independentes, compostos com poucos
profissionais que se envolvem em projetos de menor porte e também pela pouca remuneração
deste serviço por parte do cliente, que não vê os benefícios do trabalho de compatibilização na
execução do edifício, principalmente por parte dos órgãos públicos. (SANTOS; BRANCO;
ABREU FILHO, 2013)
Outra característica a ser observada é a contratação de um projeto com prazo político,
onde é exigido o início do projeto antes de coletados os dados indispensáveis para implantação
da obra, em que a data da entrega final do projeto para execução é fixada antes mesmo de
conhecer as dificuldades a serem vencidas, o que resultará no projeto sendo feito às pressas
para atender o tempo estimado no contrato. (VASCONCELOS, 2014 apud NASCIMENTO,
2015)
Pierdoná (2014) afirma que a baixa qualidade dos projetos de obras públicas tem por
consequência a sua mudança no momento execução. Determinado item que não era planejado
agora deverá ser realizado para conformar o projeto à execução, importando em aditivos, a gerar
prejuízo tanto financeiro como temporal, aditivos estes que não agregam valor ao produto final
porque não se cuidam de melhorias das obras, mas sim na possibilidade de executar o que foi
mal planejado.
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3 METODOLOGIA
Para a análise foi escolhida a forma de compatibilização com programas CAD 2D como
também a análise dos projetos em arquivos de Portable Document Format (PDF), por eles
serem disponibilizados nesse formato, como também por questões financeiras. Durante o estudo
de compatibilização os dados que foram coletados foram elaborados em planilhas e verificados
manualmente. Porém indica-se a utilização de software BIM para fazer a compatibilização.
Será apresentada a análise dos projetos arquitetônico, estrutural, elétrico e
hidrossanitário. Para a análise inicial será utilizado primeiramente a primeira versão do projeto,
lançada em 2007, para comparar com a nova revisão lançada em 2014.
3.1 PROJETO ANALISADO
O projeto em estudo é disponibilizado pelo Fundo Nacional do Desenvolvimento da
Educação e foi elaborado no ano de 2007 para execução em várias localidades, portanto como
o próprio memorial descritivo aponta, trata-se de “um projeto piloto, com repetição de
construção, foi concebido de uma forma simples e ao mesmo tempo arrojada, de modo a se
conseguir o máximo em termos de flexibilidade na implantação das salas de aula, além de se
adaptar facilmente à maioria dos terrenos”. (FNDE, 2007)
Figura 5. Fachada da edificação
Fonte: FNDE, 2007.
Ainda, como o próprio memorial descritivo aponta “a premissa básica foi a de criar uma
linguagem ao mesmo tempo moderna e brasileira, mostrando as tradições arquitetônicas e
espaciais de nosso país, adaptada às nossas condições climáticas e culturais” com visto na
fachada da edificação na Figura 5. (FNDE, 2007)
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Figura 6. Esquema da edificação
Fonte: FNDE, 2007.
Como demonstrado na Figura 6 a configuração adotada foi a de um hexágono, em forma
de tenda, na qual as atividades irão se acoplando ao corpo principal como edificações
autônomas, sem, contudo, perder sua ligação física. Dois blocos menores acolhem as atividades
administrativas e de serviços, e um bloco maior acolhe as atividades pedagógicas. Todos são
ligados por pequenas passarelas em duas águas. Possuindo cerca de 851,63 m² e área de
construção.
O projeto já passou por uma revisão lançada em 2014, onde foram corrigidas algumas
falhas, e uma revisão de orçamento lançada em 2017.
Sendo que está disponível para download no site do FNDE através do link:
<http://www.fnde.gov.br/programas/par/eixos-de-atuacao/infraestrutura-fisica-
escolar/item/5956-projeto-espa%C3%A7o-educativo-urbano-e-rural-6-salas>
4 RESULTADOS
4.1 PROJETO DE 2007
Percebe-se que o projeto arquitetônico foi elaborado dividido em partes, com o
dimensionamento dos blocos pedagógico, administrativo, de serviço e o pátio em separado. O
que ocasionou algumas divergências na junção dos blocos, principalmente com as passarelas.
Sendo que, essas divergências acabaram sendo repassadas para os projetos complementares,
que seguiram o mesmo critério de dimensionamento.
Bloco Pedagógico
Bloco Administrativo Bloco de Serviço
Pátio
10
Também pode-se perceber divergências em detalhes dos próprios projetos em separado,
quando em algumas pranchas ele se apresenta de um jeito e em outras diferente, como por
exemplo pilares circulares e quadrados em pranchas diferentes.
Verificou-se também alguns erros de geração do arquivo PDF que foi distribuído para
a execução, com algumas falhas, tais como textos inelegíveis.
4.2 REVISÃO DE 2014
Na revisão lançada no ano de 2014 percebe-se que algumas inconsistências, que serão
apresentadas ao longo do artigo, foram resolvidas, com também pode ser citado que a revisão
foi lançada no formato de CAD 2D, facilitando muito a visualização de determinados dados
que antes eram inelegíveis por estarem em arquivo PDF com baixa resolução.
4.3 PROJETO ARQUITETÔNICO E PROJETO ESTRUTURAL
4.3.1 Projeto de 2007
Ao todo foram encontradas 16 inconsistências entre os projetos, sendo elas, problemas
de representação de pilares, como também pilares não previstos em circulações como observado
no Apêndice 01.
Como pode ser visto na Gráfico 1, cerca de 15 pilares não possuem representação em
algumas pranchas do Projeto Arquitetônico, sendo eles os pilares P32, P2, P4, P6, P8, P11, P13,
P15, P27, P30, P32, P34, P37, P39 e P41 do Bloco Pedagógico, Estes Pilares são em forma de
T, o que ocasiona um ressalto na parede, mostrado nas Figuras 11 e 12 do Apêndice 01. Pilar
P50 se encontra no meio de uma circulação como visto na Figura 13 do Apêndice 01.
Não foi encontrado P29 do Bloco Pedagógico, porém por não ser um problema de
compatibilização e sim de projeto, não levou-se em conta nas estatísticas.
Outra falha encontrada como pode ser visualizada na Figura 14 e Figura 15 do Apêndice
01 é que em algumas pranchas os pilares das passarelas estão representados com seção quadrada
e em outras com seção circular.
11
Gráfico 1. Inconsistências entre Projeto Arquitetônico e Projeto Estrutural
Fonte: O Autor, 2018.
4.3.2 Revisão 2014
Na revisão lançada em 2014 percebe-se que as inconsistências foram resolvidas, como
também revisadas as numerações dos pilares e retirada dos pilares da circulação.
4.4 PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E PROJETO ESTRUTURAL
4.4.1 Projeto de 2007
Verifica-se que o projeto possui cerca de 19 inconsistências entre os projetos, sendo elas
eletrodutos atravessando regiões de pilares, como observado na Figura 8, e também tomadas
instaladas em regiões de pilares, segundo demonstrado na Figura 7.
15
1
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Pilares não representados Pilar em circulação
12
Figura 7. Tomada em região de
pilar
Fonte: FNDE, 2007.
Figura 8. Eletroduto em região de
pilar
Fonte: FNDE, 2007.
Como observa-se no Gráfico 2, foram encontradas cerca de 12 tomadas instaladas em
região de pilares, assim também cerca de 7 eletrodutos atravessando pilares da estrutura.
O projeto encontra-se com pouca resolução, o que fez com que ele ficasse inelegível em
alguns pontos. Outro problema notado, foi a falta de um projeto elétrico com instalação de 220
V, sendo ofertado apenas um projeto para 110 V.
Gráfico 2. Inconsistências entre Projeto de Instalações Elétricas e Projeto Estrutural
Fonte: O Autor, 2018.
12
7
0
2
4
6
8
10
12
14
Tomadas em Região de Pilares Eletrodutos em Pilares
13
4.4.2 Revisão 2014
Na revisão lançada em 2014 percebe-se que as inconsistências foram resolvidas, assim
como não foram encontradas novas inconsistências.
Verificou-se também a presença de 2 projetos, sendo eles de 127 V e 220 V para regiões
com predominância dessas tensões elétricas.
4.5 PROJETO HIDROSSANITÁRIO – ÁGUA FRIA
4.5.1 Projeto de 2007
O Projeto Hidrossanitário de Água Fria encontra-se pouco detalhado, sendo encontrado
apenas um erro de projeto onde existe uma tubulação que não possui função, como observa-se
na Figura 9. Em virtude disso, não foi considerado para as estatísticas.
Figura 9. Tubulação sem função
Fonte: FNDE, 2007.
4.5.2 Revisão 2014
Na revisão lançada em 2014 percebe-se que o erro foi corrigido, porém verificou-se a
presença de duas torneiras adicionadas em salas de aula em região de pilares, como pode ser
observado na Figura 10.
14
Figura 10. Torneira e, consequentemente, sua tubulação em região com Pilar
Fonte: FNDE, 2014.
4.6 PROJETO HIDROSSANITÁRIO – ESGOTO
4.6.1 Projeto de 2007
O Projeto Hidrossanitário de Esgoto encontra-se pouco detalhado, baixa resolução e
com alguns erros de representação, porém não foram encontradas incompatibilidades com
outros projetos.
4.6.2 Revisão 2014
Na revisão lançada em 2014 percebe-se que alguns erros de representação foram
corrigidos, mas ainda persistem alguns erros, porém não foram encontradas incompatibilidades
com outros projetos.
4.7 RESULTADO FINAL
Como pode-se visualizar no Gráfico 3 existem um total de 35 incompatibilidades no
projeto de 2007 e duas na revisão lançada em 2014, sendo uma diminuição de 94%.
15
Gráfico 3. Comparação de incompatibilidades
Fonte: O Autor, 2018.
No Gráfico 4 pode-se observar o número de incompatibilidades existentes no Projeto de
2007, sendo cerca de 16 incompatibilidades no projeto estrutural e 19 no projeto elétrico. Não
foram encontradas outras incompatibilidades entre os outros projetos.
Figura 13. Comparação de incompatibilidades do Projeto de 2007
Fonte: O Autor, 2018.
Carreira (2017) realizou um estudo em uma edificação residencial tipo sobrado que
possui uma área de construção de cerca de 231,01 m², onde em seu estudo, chegou a um total
de 40 incompatibilidades, o qual é um número muito próximo de incompatibilidades
encontradas neste trabalho, porém numa área menor, o que pode-se esperar por ser uma
edificação residencial.
35
2
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Projeto de 2007 Revisão de 2014
16
19
14,5
15
15,5
16
16,5
17
17,5
18
18,5
19
19,5
Projeto Estrutural Projeto Elétrico
16
5 CONCLUSÃO
Através da análise de projetos executada, pode-se perceber falhas de compatibilização
simples no projeto, que com algumas verificações poderiam ser resolvidas. Incompatibilidades
que podem gerar dúvidas e possíveis falhas de execução. Pode-se notar que a obra não contou
com a colaboração de uma pessoa especializada em compatibilização de projetos, pelas
divergências encontradas.
Muitas obras públicas sofrem com isso, gerando problemas de execução, como também
atrasos e gastos elevados com aditivos.
Além disso, pode-se relatar o fato de que as obras públicas sofrem muito com a falta de
tempo para elaboração de projetos, pois quanto mais tempo é dado para os estudos e
detalhamento dos projetos, poucas serão as interferências necessárias.
Outro ponto a ser destacado é o baixo nível de detalhamento dos projetos, bem como
erros de projeto que foram encontrados, com divergências em pranchas, além disso falhas de
geração em arquivos importantes.
Ainda, independente da obra, pública ou privada, a compatibilização de projetos é uma
etapa que não pode ser esquecida para se ter um produto de qualidade. Ademais, deve-se
esquecer a ideia de que ela é apenas um aumento no custo do empreendimento e sim uma parte
muito importante do desenvolvimento do projeto.
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REFERÊNCIAS
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19
APÊNDICES
20
APÊNDICE 01 – INCONSISTÊNCIAS PROJETO ARQUITETÔNICO E PROJETO
ESTRUTURAL
Figura 11. Falta de representação do pilar no Layout Geral
Fonte: FNDE, 2007.
Figura 12. Representação do Pilar na Planta Baixa
Fonte: FNDE, 2007.
21
Figura 13. Pilar P50
Fonte: FNDE, 2007.
Figura 14. Pilares com seção quadrada
Fonte: FNDE, 2007.
Figura 15. Pilares com seção circular
Fonte: FNDE, 2007.
22
ANEXOS
23
ANEXO 01 – PROJETO ARQUITETÔNICO - PLANTA BAIXA
24
ANEXO 02 – PROJETO ESTROTURAL – ADMINISTRATIVO – PROJETO 2007
25
ANEXO 03 – PROJETO ESTRUTURAL – PÁTIO CENTRAL – PROJETO 2007
26
ANEXO 04 – PROJETO ESTRUTURAL – BLOCO DE PEDAGÓGICO – PROJETO
2007
27
ANEXO 05 – PROJETO ESTRUTURAL – BLOCO DE SERVIÇO – PROJETO 2007
28
ANEXO 06 – PROJETO ELÉTRICO – PROJETO 2007
29
ANEXO 07 – PROJETO HIDROSSANITÁRIO – ÁGUA FRIA – PROJETO 2007
30
ANEXO 08 – PROJETO HIDROSSANITÁRIO – ÁGUA FRIA – REVISÃO 2014
31
ANEXO 09 – PROJETO HIDROSSANITÁRIO – ESGOTO – PROJETO 2007
32
ANEXO 10 – PROJETO HIDROSSANITÁRIO – ESGOTO – REVISÃO 2014