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MÓDULO II ESTUDO DE CASOS CASE III Rua Barão do Serro Azul, 199 – Centro – Curitiba-Paraná – Fone: 41 3323-1717 www.portalciveltrabalhista.com.br

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MÓDULO II

ESTUDO DE CASOS

CASE III

Rua Barão do Serro Azul, 199 – Centro – Curitiba-Paraná – Fone: 41 3323-1717 www.portalciveltrabalhista.com.br

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Sumário 

1 - CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES .................................................................. 3 

2 - CAPA DO PROCESSO .............................................................................................. 4 

3 - PETIÇÃO INICIAL ................................................................................................... 5 

4 - Recibos de Pagamentos ............................................................................................. 10 

5 - CONTESTAÇÃO ..................................................................................................... 13 

6 - SENTENÇA DE 1O GRAU ..................................................................................... 17 

7 - COMENTÁRIOS ...................................................................................................... 21 

8 - RECURSO ORDINÁRIO ......................................................................................... 22 

9 – DESPACHO DETERMINANDO A ELABORAÇÃO DE CÁLCULOS ............... 23 

10 - COMENTÁRIOS .................................................................................................... 24 

11 – APRESENTAÇÃO DOS CÁLCULOS PELO PERITO JUDICIAL..................... 25 

12 – PRAZO PARA EMBARGOS/IMPUGNAÇÃO AOS CÁLCULOS ..................... 35 

13 - CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 36 

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 1   ‐   CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES 

Estudo de casos é um instrumento pedagógico, idealizado pela equipe de profissionais da empresa Portal Cível & Trabalhista, com o propósito de fortalecer e contribuir para o processo de aprendizagem dos alunos que participam do curso de Cálculos Trabalhistas oferecido por nossa empresa. Os processos são analisados, passo a passo, desde a petição inicial até a conclusão dos cálculos, possibilitando ao aluno ter uma visão ampla de todos os procedimentos realizados nos autos. Os estudos são realizados por meio de “CASES”, reproduzidos e extraídos de casos reais, os quais são analisados através de vídeo-aulas, onde o professor faz uma série de comentários e explicações sobre as particularidades do processo trabalhista examinado. Estudo de casos oportuniza ao aluno observar a aplicação das matérias teóricas na reprodução de casos reais, em todas as suas fases. O presente caso envolve uma reclamatória da categoria dos “BANCÁRIOS”: 1. Cargo de Confiança; 2. Equiparação Salarial; 3. Horas Extras e Reflexos; 4. Adicional de Risco e Reflexos; 5. Adicional por Tempo de Serviço; 6. Auxílio Alimentação e Ticket Refeição; 7. Participação nos Lucros e Resultados (PL); 8. FGTS 11,2% Sobre Verbas Deferidas; 9. Multa Convencional.

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 2 ‐ CAPA DO PROCESSO 

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO

PROCESSO No.: 1.000/2012

1a Vara do Trabalho de XXXXXXXXX

Autor.........: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX Advogado .: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

Réu ...........: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX Advogado .: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

A U T U A Ç Ã O

Em 13 de março de 2012, na secretaria da 1ª Vara do Trabalho de XXXXXX, autuo a petição inicial que segue, com --- folhas de documentos. Eu ___________________________ ,diretor de secretaria assino este termo.

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 3 ‐  PETIÇÃO INICIAL 

EXMO. SR. DR. JUÍZ TITULAR DA __ VARA DO TRABALHO DE XXXXXX

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, brasileiro, casado, RG x.xxx.xxx-x, CPF xxx.xxx.xxx-xx, residente e domiciliado à rua barão do cerro azul xxx, Curitiba/Pr., por seu advogado qualificado no presente caso, vem à presença de V. Exa., para propor:

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA contra XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, pessoa

jurídica de direito privado, estabelecido à Rua Marechal Deodoro, No. XXX, Centro, Curitiba – Paraná, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

1. CONTRATO DE TRABALHO:

O autor foi admitido pelo réu em 01 de julho de

2010 para exercer a função de gerente na agência central do banco. A demissão foi efetivada em 31 de agosto de 2011.

2. EQUIPARAÇÃO SALARIAL O reclamante começou a trabalhar na função de

gerente junto com seu colega de trabalho, Sr. João .... O Paradigma (João) desempenhava a mesma função do autor com a mesma perfeição técnica, entretanto, recebia remuneração 50% superior à do reclamante.

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Requer-se que o réu seja intimado a apresentar nos

autos os recibos de pagamentos do paradigma, para a comprovação do ora alegado pelo reclamante.

Face ao exposto, requer-se a equiparação salarial

com o paradigma indicado, devendo o réu apresentar os documentos ora requeridos para o confronto das alegações, sob pena de se considerar a diferença na ordem de 50% sobre o total da remuneração paga ao reclamante no período contratual.

Reflexos sobre adicional de risco, horas extras, PL,

aviso prévio, 13º salários, férias, terço de férias e FGTS 11,2%. 3. CARGO DE CONFIANÇA

Embora contratado para a função de gerente

bancário, o reclamante não detinha poderes de mando outorgado pelo réu. Com respaldo especialmente na prova oral produzida ficou evidenciado que o reclamante não era detentor de qualquer fidúcia diferenciada, pelo contrário, suas atividades eram essencialmente técnicas, eis que apenas elaborava relatórios, sendo que os gerentes é que possuíam alçada para liberar créditos, e não o autor. Além disso, entendeu-se que não houve comprovação nos autos de que o autor tivesse subordinados, e sequer se mencionou a possibilidade de o obreiro assinar documentos em nome do réu ou ter alçada para realizar negócios. Deste modo, está absolutamente claro que o reclamante não estava enquadrado na exceção prevista no artigo 224, § 2º, da CLT. Em face do exposto, requer-se a desconsideração do cargo de confiança.

4. HORAS EXTRAS E REFLEXOS:

Laborava das 08h00min às 17h00min, com 01 hora

de intervalo, de segunda a sexta-feira. Em razão da desconsideração do cargo de confiança,

requer-se como extras a 7ª e 8ª horas laboradas, ou seja, todas as excedentes da 6ª diária, considerando a jornada informada acima, praticada por todos os funcionários da agencia central.

As horas extras são devidas com o adicional

constitucional de 50% e divisor 180.

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Habituais, geram diferenças reflexas sobre os

repousos semanais remunerados e com estes, sobre: aviso prévio, 13os. Salários, férias, abono de férias e fgts.

Base de cálculo: salário mensal, gratificação de

função, ats e adicional de risco. 5. ADICIONAL DE RISCO:

O reclamante realizava o transporte de numerários

para clientes especiais do banco, transportando por vezes quantias elevadas aos referidos clientes, quando administrava as contas particulares destes. Fazia o transporte do numerário em pelo menos três vezes por semana.

Em razão do risco e do desvio de função, requer-se o

adicional de risco na ordem de 30% da remuneração com reflexos sobre todas as parcelas de caráter salarial: horas extras, aviso prévio, 13º salários, férias, terço de férias e fgts 11,2%.

6. ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO:

O banco não pagou ao reclamante o ATS devido,

após o primeiro ano de trabalho, nos termos da cláusula ... da CCT ora juntada em anexo.

Requer-se o pagamento da parcela, nos termos da

cláusula convencional, com reflexos sobre: horas extras, aviso prévio, 13º salário, férias, terço de férias e fgts 11,2%.

7. AUXÍLIO ALIMENTAÇÃO E TICKET

REFEIÇÃO: As CCT´s colacionadas aos autos determinam

expressamente o pagamento mensal das parcelas em epígrafe. Os valores a título de alimentação e ticket refeição

não foram quitados pela empresa no período contratual. Requer-se o pagamento das referidas parcelas.

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8. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS: Todos os demais gerentes da agência receberam a

PL no período de 2010 e2011. A PL não foi paga ao reclamante no período

compreendido entre 2010 e 2011. Requer-se o pagamento da parcela. 9. FGTS 11,2%:

Requer-se o pagamento do FGTS 11,2% sobre todas

as parcelas salariais ora requeridas. 10. MULTA CONVENCIONAL

Em face das diferenças requeridas na presente

reclamatória, requer-se o pagamento de uma multa convencional.

11. DIANTE DO EXPOSTO REQUER-SE: a. Desconsideração do cargo de confiança;

b. Horas extras excedentes da 6ª diária, ou,

consideração da 7ª e 8ª horas trabalhadas, como extras, com adicional de 50% e divisor 180; reflexos sobre: rsr´s, aviso prévio, 13º salário, férias, terço de férias e FGTS 11,2%;

c. Adicional de Risco na ordem de 30% sobre a

remuneração, com reflexos sobre: horas extras, aviso prévio, 13os. Salários, férias e abono de férias;

d. ATS com reflexos sobre: horas extras, aviso prévio, 13os. Salários, férias e abono de férias;

e. Auxílio Alimentação e Ticket Refeição;

f. Participação nos Lucros e Resultados;

9

g. FGTS 11,2% sobre todas as verbas de caráter

salarial ora reclamadas nos itens anteriores; h. Multa convencional.

12. REQUERIMENTOS FINAIS: Requer seja a reclamada notificada, para que,

querendo, conteste a presente reclamatória, sob pena de confissão e revelia. Protesta pela produção de todas as provas admitidas

em direito, sem exceção. Requer, finalmente, seja a presente reclamatória

julgada procedente, condenando-se a reclamada no pagamento dos pedidos, acrescidos de juros e correção monetária, custas processuais e honorários profissionais.

Dá-se à presente causa, para efeitos fiscais e de

alçada, o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Nestes termos Pede deferimento. Curitiba, 30 de Janeiro de 2012. XXXXXXXXXXXXXXXXXX

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 4 ‐ Recibos de Pagamentos 

Recibo de Pagamento Recibo de Pagamento Funcionário: XXXXXXX Mês..: jul-2010 Funcionário: XXXXXXX Mês ..: ago-2010

Descontos Descontos Salário Base: 1.600,00 INSS..…….: 381,41 Salário Base.: 1.600,00 INSS......….: 381,41Com. Cargo.: 1.400,00 IRRF ……..: 169,38 Com. Cargo..: 1.400,00 IRRF.……..: 169,38 Soma: 550,79 Soma: 550,79

Soma……: 3.000,00 Líquido ..….: 2.449,21 Soma ...…: 3.000,00 Líquido……: 2.449,21

FGTS 8%....: 240,00 FGTS 8%....: 240,00

Recibo de Pagamento Recibo de Pagamento

Funcionário: XXXXXXX Mês ..: set-2010 Funcionário: XXXXXXX Mês ..: out-2010

Descontos Descontos Salário Base.: 2.000,00 INSS…….: 381,41 Salário Base.: 2.000,00 INSS…….: 381,41Com. Cargo..: 1.800,00 IRRF……..: 349,38 Com. Cargo..: 1.800,00 IRRF……..: 349,38 Soma: 730,79 Soma: 730,79

Soma…: 3.800,00 Líquido ….: 3.069,21 Soma …: 3.800,00 Líquido …: 3.069,21

FGTS 8%..: 304,00 FGTS 8% .: 304,00

Recibo de Pagamento Recibo de Pagamento

Funcionário.: XXXXXXX Mês ..: nov-2010 Funcionário..: XXXXXXX Mês ..: dez-2010

Descontos Descontos Salário Base.: 2.000,00 INSS …….: 381,41 Salário Base..: 2.000,00 INSS …….: 381,41Com. Cargo..: 1.800,00 IRRF ...…..: 349,38 Comissões ...: 1.800,00 IRRF ...…..: 349,38 Soma: 730,79 Soma: 730,79

Soma …: 3.800,00 Líquido ...: 3.069,21 Soma…: 3.800,00 Líquido …: 3.069,21

FGTS 8%..: 304,00 FGTS 8%...: 304,00

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Recibo de Pagamento Recibo de Pagamento

Funcionário: XXXXXXX Mês..: jan-2011 Funcionário: XXXXXXX Mês ..: fev-2011

Descontos Descontos Salário Base: 2.000,00 INSS..…….: 405,86 Salário Base.: 2.000,00 INSS......….: 405,86Com. Cargo.: 1.800,00 IRRF ……..: 326,63 Com. Cargo..: 1.800,00 IRRF.……..: 326,63 Soma: 732,49 Soma: 732,49

Soma……: 3.800,00 Líquido ..….: 3.067,51 Soma ...…: 3.800,00 Líquido……: 3.067,51

FGTS 8%....: 304,00 FGTS 8%....: 304,00

Recibo de Pagamento Recibo de Pagamento

Funcionário: XXXXXXX Mês ..: mar-2011 Funcionário: XXXXXXX Mês ..: abr-2011

Descontos Descontos Salário Base.: 2.000,00 INSS…….: 405,86 Salário Base.: 2.000,00 INSS…….: 405,86Com. Cargo..: 1.800,00 IRRF……..: 326,63 Com. Cargo..: 1.800,00 IRRF……..: 326,63 Soma: 732,49 Soma: 732,49

Soma…: 3.800,00 Líquido ….: 3.067,51 Soma …: 3.800,00 Líquido …: 3.067,51

FGTS 8%..: 304,00 FGTS 8% .: 304,00

Recibo de Pagamento Recibo de Pagamento

Funcionário.: XXXXXXX Mês ..: mai-2011 Funcionário..: XXXXXXX Mês ..: jun-2011

Descontos Descontos Salário Base.: 2.000,00 INSS …….: 405,86 Salário Base..: 2.000,00 INSS …….: 405,86Com. Cargo .: 1.800,00 IRRF ...…..: 326,63 Com. Cargo ..: 1.800,00 IRRF ...…..: 326,63 Soma: 732,49 Soma: 732,49

Soma …: 3.800,00 Líquido ...: 3.067,51 Soma…: 3.800,00 Líquido …: 3.067,51

FGTS 8%..: 304,00 FGTS 8%...: 304,00

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Recibo de Pagamento RESCISÓRIAS

Funcionário: XXXXXXX Mês..: jul-2011 Funcionário: XXXXXXX Mês ..: ago-2011

Descontos Descontos Salário Base: 2.000,00 INSS..…….: 405,86 Aviso Prévio.: 3.800,00 INSS......….: 406,09Com. Cargo : 1.800,00 IRRF ……..: 326,63 IRRF.……..: 2.527,16 13º Salário 08/12: 2.533,33 Soma: 732,49 Férias Vencidas: 3.800,00 Soma: 2.933,25 Férias - 01/12 : 316,67 1/3 de Férias : 1.372,22

Soma……: 3.800,00 Líquido ..….: 3.067,51 Soma ...…: 11.822,22 Líquido……: 8.888,97

FGTS 8%....: 304,00 FGTS 8%....: 506,67

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 5 ‐ CONTESTAÇÃO 

EXMO. SR. DR. JUÍZ TITULAR DA _ VARA DO TRABALHO DE XXXXXXX

Autos RT 1.000/2012 XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX (reclamado), pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPL/MF xx.xxx.xxx/xxxx-xx, com sede na rua xxxxxxxxxxx, cidade xxxxx, estado xxxxx, neste ato representado por seu procurador, vem respeitosamente perante Vossa Excelência para apresentar CONTESTAÇÃO em resposta a reclamatória que lhe move XXXXXXXXXXXXXXX (Reclamante), anteriormente qualificado nos autos em epígrafe, pelas razões a seguir aduzidas: MÉRITO

1. CONTRATO DE TRABALHO Foi contratado para a função de gerente de relacionamentos, exercendo cargo de confiança na empresa. A admissão ocorreu em 01/07/2010 e a demissão em 31/08/2011.

2. CARGO DE CONFIANÇA - HORAS EXTRAS E REFLEXOS O reclamante foi contratado com gerente de relacionamentos, exercendo cargo de confiança na empresa desde a sua admissão. Detinha poderes de mando e gestão dentro do setor de relacionamento com clientes e recebia comissão de cargo, na ordem 85% sobre o salário base e não tinha horário fixo na agência.

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Há que se fazer uma distinção "funções diretivas" e "cargos de confiança". "Enquanto as funções diretivas se identificam pela ascensão hierárquica em relação a empregados de menor categoria funcional, os cargos de confiança se singularizam pelo elemento fiduciário, representado pela delegação de atribuições de maior ou menor relevo inerentes à estrutura administrativa da agência". Por esse motivo, é possível que o bancário exerça cargo de confiança sem que tenha subordinados, ao passo que esse elemento é necessário para caracterizar a função diretiva. "Por conta disso não é exigível relativamente às funções diretivas e aos cargos de confiança que os seus ocupantes detenham poderes de mando e representação tão destacados que os igualem ao empregador, nem é exigível relativamente aos cargos de confiança, diferentemente do que se exige para as funções diretivas, a existência de empregados subalternos". A distinção é importante para esclarecer em quais dos artigos da CLT (artigo 62 ou artigo 224) devem ser enquadrados esses profissionais. O gerente-geral de agência, por exemplo, se sujeita ao artigo 62 da CLT, que exclui da jornada diária de oito horas os gerentes que se equiparam a diretores e chefes de departamento ou filial. "A gerência-geral ou principal é cargo de confiança imediata do empregador, com poderes que a habilitam administrar a unidade descentralizada, ao passo que as gerências setoriais são cargos de confiança mediata, com poderes secundários de gestão, sem desfrutar da representação do empregador". O reclamante recebia gratificação de cargo superior a um terço do salário e que isso é suficiente para caracterizar o cargo de confiança, que afasta a sujeição à jornada de seis horas de trabalho. Em face do exposto, não há como prosperar o pedido formulado pelo reclamante a título de descaracterização do cargo de confiança bem como horas extras e reflexos, nos termos requeridos na exordial. Pela rejeição da matéria. 3. EQUIPARAÇÃO SALARIAL Não há como prosperar o pedido do reclamante com relação à equiparação salarial com o paradigma Sr. João... Ambos trabalhavam em setores distintos da agência, embora exercessem cargo de gerência. Não havia identidade técnica na realização dos trabalhos. Isto posto requer-se a rejeição do pedido proposto pelo reclamante a título de equiparação salarial bem como os reflexos sobre as demais parcelas. 4. ADICIONAL DE RISCO O reclamante não fazia o transporte de numerários aos clientes da agência, mas, apenas havia a entrega personalizada de cartões de crédito e débito, ou outros documentos

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inerentes às operações relativas ao movimento bancário de cada cliente de forma exclusiva. Não havia risco algum em tal procedimento. Jamais o réu determinou ou autorizou que tal procedimento fosse realizado para os clientes especiais da agência. Em razão do exposto, não merece ser acolhido o pedido do reclamante. 5. ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO O reclamante não tinha direito a receber o ATS em face do tempo de serviço prestado na empresa. Impugna-se a pretensão do autor, neste sentido. 6. AUXÍLIO ALIMENTAÇÃO E TICKET REFEIÇÃO A empresa sempre pagou as referidas parcelas ao reclamante, efetuando o depósito dos valores diretamente na conta corrente do mesmo. Impugna-se. 7. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS A PLR é paga anualmente aos funcionários, entretanto, tal pagamento é realizado em função da avaliação do desempenho do setor ou da agência. No período informado, o desempenho da agência onde o autor trabalhava, foi bem aquém do esperado, gerando um escore negativo quando comparado com as demais agências do grupo. Em face do exposto, não merece prosperar a pretensão do reclamante. Rejeite-se. 8. FGTS 11,2% Uma vez indevidas as parcelas principais inexiste o FGTS 11,2% requerido pelo reclamante na petição inicial. Pela rejeição da matéria. 9. MULTAS CONVENCIONAIS A empresa não reconhece nenhuma das verbas requeridas na presente reclamatória, restando indevida a multa pleiteada pela parte autora.

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REQUERIMENTO Nessas condições, requer seja julgado improcedente a reclamatória proposta pela reclamante. Requer, por derradeiro, provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente oitiva de testemunhas, juntadas de novos documentos, depoimento pessoal do reclamante sob pena de confissão quanto à matéria de fato.

Nestes termos Pede deferimento. XXXXXXXX, 20 de fevereiro de 2012. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

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6 ‐ SENTENÇA DE 1O GRAU 

P O D E R J U D I C I Á R I O JUSTIÇA DO TRABALHO

1a VARA DO TRABALHO DE XXXXXX/XX. PROCESSO No. RT 1.000/2012

Termo de Audiência

Aos 10 dias do mês de Setembro de 2012, às 14h40min, na sala de audiência desta vara do trabalho, sob a presidência do Exmo. Sr. Juiz do Trabalho Dr. XXXXXXXXX, foram apregoados os litigantes: XXXXXXXXXXXXXX, reclamante e XXXXXXXXXXXXXX, reclamada.

S E N T E N Ç A

Vistos e examinados os autos, decide-se:

1. CARGO DE CONFIANÇA: Conforme se nota nas informações trazidas aos autos, o reclamante

foi contratado para o cargo de gerente de relacionamentos da agência central, não tendo horário fixo e, segundo os documentos colacionados aos autos, recebia comissão de cargo superior a 1/3 do salário base.

Entendo que, por mais que o autor não tivesse plenos poderes

para exercer integralmente mando e gestão na agência, não tendo poderes para admitir ou demitir, havia sim uma delegação de poderes e confiança, além do recebimento da gratificação de cargo superior a um terço do salário, que é suficiente para caracterizar o cargo de confiança, que afasta a sujeição à jornada de seis horas de trabalho, pois, o valor pago a tal título substitui integralmente o valor devido a título de horas extras, lembrando, ainda, que o mesmo era dispensado de controle de horário.

Em razão do exposto, resta mantido o cargo de confiança. Rejeito a pretensão do autor, neste sentido.

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2. HORAS EXTRAS E REFLEXOS: Como foi mantido o cargo de confiança exercido pelo reclamante

no período contratual, e, não tendo o reclamante comprovado jornada superior a oito horas, restam indevidas as horas extras requeridas (7ª e 8ª diária como extras).

Isto posto, indefere-se o pedido de horas extras bem como os

reflexos decorrentes. 3. EQUIPARAÇÃO SALARIAL O reclamante comprovou haver identidade nas ações praticadas

entre ele e o paradigma. Segundo as provas testemunhais, não havia distinção entre as

funções desempenhadas. Ambos foram contratados na mesma época, e, portanto, não havia diferença com relação ao período de trabalho.

Por outro lado, o réu não trouxe aos autos a documentação

(recibos de pagamentos e ficha funcional) do paradigma, para contrapor o pedido autoral.

Deste modo, defere-se em favor do reclamante, as diferenças

salariais requeridas, na base de 50% sobre o salário mensal acrescido das comissões de cargo.

As diferenças deferidas geram diferenças reflexas sobre: aviso

prévio, 13º salários, férias, terço de férias e FGTS 11,2% (exceto férias indenizadas). 4. ADICIONAL DE RISCO: A atividade descrita na exordial deixa claro que houve risco à

vida do autor, não tendo a reclamada se desvencilhado a contento das alegações autorais, no sentido de levar pessoalmente aos clientes, por diversas vezes, numerários, quando solicitado por estes.

Isto posto, fixo o risco na ordem de 30% sobre o total da

remuneração (salário + comissão de cargo) e reflexos sobre: aviso prévio, 13º salários, férias, terço de férias e FGTS 11,2%.

Defiro a pretensão autoral.

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5. ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO: De acordo com os documentos colacionados aos autos, o autor

completou um ano de trabalho na agência no dia 01/07/2011, tendo direito ao ATS a partir de tal data, conforme determinam as CCTS acostadas aos autos.

Defere-se, portanto, o adicional por tempo de serviço para os

meses de julho e agosto de 2011, com reflexos sobre: aviso prévio, 13º salário, férias, terço de férias e FGTS 11,2%.

6. AUXÍLIO ALIMENTAÇÃO E TICKET REFEIÇÃO: O réu afirmou ter quitado mensalmente as parcelas requeridas

pelo autor sob os títulos em epígrafe, entretanto, em momento algum nos autos efetuou a comprovação dos depósitos realizados no período contratual em favor do reclamante.

Isto posto, defere-se o pagamento das parcelas requeridas na

exordial a título de Auxilio Alimentação e Ticket Refeição, em todo o período contratual imprescrito.

7. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS: O réu alegou não ser devida a PL em favor do reclamante, sob a

argumentação de que a agência teve desempenho pífio no período de 2010 e 2011. Disse, ainda, que a PL é paga aos funcionários em função dos

resultados obtidos por cada agência ou setor do banco. Não houve comprovação de forma documental que a agência não

foi produtiva no período 2010-2011, mas sim meras alegações com relação a improdutividade do setor.

Por outro lado, através das provas testemunhais, verificou-se que,

todos os demais funcionários receberam a PL no período, caindo por terra a tese patronal com relação ao desempenho do setor.

Isto posto, defiro a PL requerida pelo reclamante na petição

inicial, nos termos determinados nas cláusulas convencionais. 8. MULTA CONVENCIONAL: Em razão das diferenças ora deferidas em favor da parte autora,

defiro o pagamento da multa convencional.

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9. ABATIMENTO DOS VALORES PAGOS: Todos os valores pagos a iguais títulos deferidos nos itens

anteriores deverão ser compensados dos cálculos. 10. JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA: Juros de mora na forma da Lei. Correção monetária pelos fatores de atualização pelo critério da

época própria, de acordo com os índices consignados na tabela fornecida pela Assessoria Econômica do TRT XX região.

CONCLUSÃO

Ante o exposto, decidiu a XX Vara do Trabalho de XXXXX,

ACOLHER TOTALMENTE os pedidos formulados por XXXXXXXXXXXX, reclamante, e, desta forma, condenar, XXXXXXXXXXXXXXXX, reclamada, a pagar, no prazo legal, conforme fundamentação que passa a fazer parte integrante deste dispositivo, bem como todas as diretrizes nela traçadas, para todos os efeitos legais, as verbas e determinações deferidas:

1. equiparação salarial e reflexos; 2. adicional de risco e reflexos; 3. ats e reflexos; 4. auxílio alimentação e ticket refeição; 5. participação nos lucros e resultados; 6. fgts 11,2% sobre verbas deferidas; 7. multa convencional; 8. abatimento de valores pagos; 9. Juros de mora e correção monetária.

LIQUIDAÇÃO POR CÁLCULOS. Custas pela reclamada no importe de R$ 50,00, calculadas sobre

o valor provisoriamente arbitrado à condenação de R$ 2.500,00, sujeitas à complementação.

INTIMEM-SE AS PARTES. Cumpra-se no prazo legal. Nada mais. XXXXXXXXXXXXXXXXXXX Juiz Presidente

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7 ‐ COMENTÁRIOS 

Esta fase é chamada de fase de instrução ou conhecimento, onde o reclamante apresentou seu pedido e o réu apresentou sua contestação/defesa. Nesta fase são apresentadas as provas, documentos, recibos de pagamentos, recibos de férias, recibos de 13º salários, rescisão contratual, comprovação de depósitos fundiários, demonstrativos de diferenças salariais, horas extras e outras diferenças que se façam necessárias. Na audiência inaugural a reclamada deverá apresentar sua defesa/contestação e a carta de preposição; Em caso de audiência una, o reclamante tem 20 minutos para manifestar-se sobre a defesa e documentos juntados pela reclamada. O reclamante, o representante legal da empresa bem como as testemunhas de ambas as partes, são ouvidas pelo Juízo, podendo as testemunhas que moram em outras comarcas serem ouvidas por carta precatória. As partes têm prazo legal de 10 dias para impugnar documentos ou diferenças apresentadas pela parte contrária. Por último são apresentadas as razões finais (reclamante e reclamado): - Por memoriais = escritas; - Remissivas = ao contido na inicial ou na defesa; - Orais = 20 minutos diante do Juízo. Reunidos todos os dados e fatos, o caso será analisado pelo Juízo para a prolação da sentença. Encerra-se a fase de instrução e após a prolação da sentença começa a fase recursal.

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 8 ‐ RECURSO ORDINÁRIO 

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA XX REGIÃO

CERTIDÃO DE JULGAMENTO Processo TRT-XX-RO-1000/2012 CERTIFICO que, em sessão realizada nesta data, sob a presidência do

Exmo. Juiz XXXXXXXXXXXXXX, presentes os senhores Juízes: XXXXXXXXXXXX, XXXXXXXXXXX, XXXXXXXXXXXXX e o Representante do Ministério Público do Trabalho, Dr. XXXXXXXXXXXXX, RESOLVEU a 4a Turma do Tribunal Regional do Trabalho, por unanimidade de votos, CONHECER DOS RECURSOS ORDINÁRIOS PROPOSTOS PELO RECLAMANTE E RECLAMADO para, no mérito, sem divergência de votos, DAR PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO DO RECLAMANTE para descaracterizar o cargo de confiança exercido pelo reclamante no período contratual e acrescer à condenação, como extras, a 7ª e 8ª horas, durante toda a contratualidade, ou seja, restam devidas 02 (duas) horas extras diárias, de segunda a sexta-feira, com reflexos sobre: RSR´s, aviso prévio, 13º salários, férias, terço de férias e FGTS 11,2%. Adicional de 50% e divisor 180. Base de cálculo: salário + equiparação salarial + comissão de cargo + adicional de risco + ATS, e, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DO RECLAMADO.

Certifico e dou fé. Curitiba, 31 de janeiro de 2014. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX Secretário da 4a Turma

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 9 – DESPACHO DETERMINANDO A ELABORAÇÃO DE CÁLCULOS 

P O D E R J U D I C I Á R I O JUSTIÇA DO TRABALHO 1a VARA DO TRABALHO DE XXXXXX/XX. PROCESSO No. RT 1.000/2012

Em face do trânsito em julgado do presente caso, nomeio o Perito ....., para que em 10 dias apresente os cálculos de liquidação.

Juiz do Trabalho. xxxxxxxxxxxxxxxxxxx

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 10 ‐ COMENTÁRIOS 

Após o trânsito em julgado da sentença, finda-se a fase recursal e inicia-se a fase de liquidação de sentença. Esta é a fase da apresentação dos cálculos trabalhistas, fase da quantificação do valor devido ao reclamante. Neste momento do processo o Juiz poderá remeter o caso ao reclamante para que apresente seus cálculos, abrindo prazo ao reclamado para conferir a conta e impugná-la, de forma fundamentada, se considerá-la incorreta. O Juiz poderá também enviar o caso diretamente a um perito por ele designado, abrindo prazo para as partes efetuarem a conferência dos cálculos, podendo cada uma das partes (reclamado e reclamante) apresentarem sua manifestação contrária aos cálculos periciais, de forma fundamentada. O presente caso foi enviado ao perito do Juízo para a elaboração da conta. O cálculo foi homologado pelo Juízo que abriu prazo para as partes apresentarem embargos ou impugnação aos cálculos.

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 11 – APRESENTAÇÃO DOS CÁLCULOS PELO PERITO JUDICIAL 

EXMO. SR. DR. JUÍZ TITULAR DA __ VARA DO TRABALHO DE XXXXXX

AUTOS.: 1.000/2012

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, Perito designado para a realização dos cálculos de liquidação, vem à presença de V. Exa., seguindo o que restou determinado no despacho de fls. ... dos autos, apresentar seus cálculos de liquidação de acordo com as diretrizes traçadas nos autos.

Requer, ainda, sejam arbitrados os honorários. Em 31 de agosto de 2015. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

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12 – PRAZO PARA EMBARGOS/IMPUGNAÇÃO AOS CÁLCULOS 

P O D E R J U D I C I Á R I O JUSTIÇA DO TRABALHO

1a VARA DO TRABALHO DE XXXXXX/XX. PROCESSO No. RT 1.000/2012

Prazo para embargos à execução 5 dias a contar da garantia do Juízo. Após, ao reclamante para contraminutar os embargos do réu e, se for o caso, que apresente sua impugnação aos cálculos ofertados pelo Perito. As partes devem observar os prazos Legais.

Juiz do Trabalho. xxxxxxxxxxxxxxxxxxx

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13   ‐   CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Após o trânsito em julgado da decisão, o Juiz determina a apresentação dos cálculos de liquidação, remetendo o caso ao Perito Judicial por ele indicado. Após a apresentação dos cálculos pelo Perito, abre-se prazo para que as partes se manifestem sobre a feitura da conta, e, neste caso, se o réu não concordar com os cálculos, poderá apresentar Embargos à Execução, apontando os equívocos por ventura existentes. O mesmo prazo terá o reclamante para apresentar Impugnação à Sentença de Liquidação. Como no presente caso houve a concordância aos cálculos apresentados pelo Perito Judicial, a conta restou homologada pelo Juízo, encerrando o caso. O valor apresentado pelo Perito é atualizado pela Vara até a data do saque, se houver diferença o réu deverá complementar o pagamento. Este é um caso bem comum na esfera trabalhista. Ele demonstra claramente que, se um processo trabalhista não for acompanhado e analisado adequadamente por um profissional especializado em cálculos, as partes podem sofrer grandes prejuízos. Com isso queremos ressaltar a importância de se contratar um profissional experiente para os casos mais complexos, pois, atentando para detalhes técnicos importantes, e colocando a matéria de forma clara, objetiva e detalhada para o Juízo, a possibilidade de êxito será muito boa. Para os profissionais que estão ingressando na área, a sugestão é que estejam sempre se reciclando, observando as jurisprudências que envolvem cada assunto, tendo sempre ao lado uma CLT comentada e atualizada, ferramentas adequadas à realização dos cálculos, sites de informações, sistemas que auxiliem e agilizem na confecção dos cálculos. O bom profissional deve interagir sempre com a parte que o contratou, seja ele o advogado, o reclamante, a empresa ou até mesmo o Juiz (perito).