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Universidade São Francisco Curso de Fisioterapia ESTUDO DE CASO: USO DO TENS DE BAIXA FREQÜÊNCIA EM PACIENTE COM DOR ONCOLÓGICA EM USO DE DROGA OPIÓIDE Bragança Paulista 2007

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Universidade São Francisco

Curso de Fisioterapia

ESTUDO DE CASO: USO DO TENS DE BAIXA FREQÜÊNCIA

EM PACIENTE COM DOR ONCOLÓGICA EM USO DE

DROGA OPIÓIDE

Bragança Paulista

2007

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Josie Cristina Tristão

R.A. 001200400099

Vanessa Cristina da Silva

R.A. 001200400352

ESTUDO DE CASO: USO DO TENS DE BAIXA FREQÜÊNCIA

EM PACIENTE COM DOR ONCOLÓGICA EM USO DE

DROGA OPIÓIDE

Bragança Paulista

2007

Monografia apresentada à disciplina Trabalho de Conclusão de Curso, do Curso de Fisioterapia da Universidade São Francisco, sob a orientação da Profª. Ms Katiuscia Rosette Scasni Menon, como exigência parcial para conclusão do curso de graduação.

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TRISTÃO, Josie Cristina; SILVA, Vanessa Cristina. Estudo de Caso: Uso do TENS de Baixa Freqüência em Paciente com Dor Oncológica em Uso de Droga Opióide. Monografia defendida e aprovada na Universidade São Francisco em 04 de Dezembro de 2007 pela banca examinadora constituída pelos professores

__________________________________________

Profª Ms. Katiuscia Rosette Scasni Menon

USF – orientadora

__________________________________________

Profª Drª Rosimeire Simprini Padula USF – examinadora

__________________________________________ Profº Ms. Rafael Davini USF – examinador

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Aos nossos familiares, em especial, nossos pais

Por possibilitarem que mais uma etapa fosse cumprida em nossas vidas, através de

grandes esforços e dificuldades ultrapassadas por todos nós como família e amigos. Por

compreenderem nossas constantes ausências, nos encorajando a continuar a trilhar esse

caminho, mesmo quando tudo parecia tão difícil e distante. Enfim, obrigada por

acreditarem em nós!

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar gostaríamos de agradecer a Deus, uma vez que sem Ele nada

disso seria possível. Por abrir portas que pareciam se fechar a cada instante, por nos

guiar e nos abençoar, nos proporcionando consolo e alívio nos momentos em que nos

sentimos cansadas e desamparadas, nos envolvendo em seus braços e nos carregando

quando não podíamos mais prosseguir.

À nossa orientadora Profª Ms Katiuscia Rosette Scasni Menon, que de forma

particular nos fez crescer como pessoas e profissionais, nos incentivando a transgredir

os desafios.

Aos funcionários do Centro de Oncologia da Universidade São Francisco, em

especial ao médico e professor Dr. Darwin Pinheiro Machado Zacharias que nos deu

abertura, proporcionando a interação entre a Clínica Escola de Fisioterapia da

Universidade São Francisco com o Centro de Oncologia.

A IBRAMED que nos cedeu o equipamento para realização do estudo, em

especial ao Profº Ms. Rafael Davini, por concretizar essa ligação entre nós e a

IBRAMED e por nos auxiliar contribuindo com o enriquecimento desse estudo.

À Profª Dra. Rosimeire Simprini Padula e ao Profº Carlos Alberto Fontes de

Souza que carinhosamente nos guiaram e nos incentivaram ao longo dessa etapa, sendo

um exemplo para nós como, pessoas, profissionais e mestres.

Em especial ao sujeito M. C. O. D., que nos recebeu em sua casa num momento

tão delicado e doloroso compartilhando conosco suas angústias e sua experiência de

vida, estabelecendo um importante vínculo terapêutico. A ele e a todos os pacientes que

passam por essa mesma provação, agradecemos o carinho e a confiança depositados em

nós.

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“Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração

humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam”.

(1º Coríntios 2.9)

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TRISTÃO, Josie Cristina; SILVA, Vanessa Cristina. Estudo de Caso: Uso do TENS

de Baixa Freqüência em Paciente com Dor Oncológica em Uso de Droga Opióide,

2007. 61 f. Monografia (Bacharel em Fisioterapia) – Curso de Fisioterapia da Unidade

Acadêmica da Área de Saúde da Universidade São Francisco, Bragança Paulista.

Resumo

Introdução: A dor experimentada pelos pacientes oncológicos, leva a limitações de suas atividades e ao afastamento do convívio social resultando numa alteração de seu estilo de vida, sendo geralmente mais temida que a própria morte.Objetivos: Avaliar a variação da intensidade da dor, da ingesta de opióide e da qualidade de vida após a aplicação do TENS de baixa freqüência. Métodos: M. C. O. D., 61 anos, diagnóstico de CA de laringe, estadiamento clínico II (T2N0M0), o qual recebeu aplicação do TENS de baixa freqüência todos os dias, exceto sábado e domingo, durante duas semanas consecutivas (10 dias), duas vezes ao dia com intervalo de 5 horas. Todo atendimento foi iniciado e concluído com aplicação da Escala Visual Numérica de Dor (EVND), sendo também realizada a aplicação do protocolo SF-36 antes da primeira intervenção, no final do 5º e do 10º dia de intervenção. Foram posicionados dois eletrodos na emergência da raiz nervosa de C3 correspondente ao dermátomo da laringe, utilizando freqüência de 10 Hz, duração de pulso 150µs, estimulação sensorial forte e tempo de 30 minutos. Resultados: Praticamente não houve diferença entre as médias de ENVD antes e após a aplicação do TENS, porém houve uma redução importante na ENVD do 7º ao 10º dia quando comparada aos primeiros dias. A média de ingesta de opióide foi menor do 6º ao 10º dia (12±8,37mg) quando comparada do 1º ao 5º dia (26±8,94mg). Porém, a ingesta de Diclofenaco foi inversamente proporcional a de opióide, sendo que o seu pico ocorreu no 7º dia, mesmo dia em que o sujeito permaneceu com dor de baixa intensidade e sem ingesta de opióide. Com relação ao SF-36 foi verificada uma pequena melhora em alguns domínios, com outros se mantendo inalterados, ocorrendo uma melhora expressiva no domínio aspecto emocional. Conclusão: Por tratar-se de um estudo de caso, outros fatores além do TENS podem ter influenciado na melhora da intensidade da dor e diminuição da ingesta de opióide. Para esta informação serão necessários novos estudos. Em relação à qualidade de vida houve uma mínima influência do TENS de baixa freqüência, levando-nos a crer que a dor não é o aspecto determinante da qualidade de vida nesse caso, e sim a somatória dos aspectos biopsicossociais.

Palavras chaves: CÂNCER, DOR, TENS, OPIÓIDE.

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ABSTRACT

The pain suffered, by oncologic patients, limitates their social activities and leads them far from the social environment/involvement, resulting in alterations of their way of life. This pain, generally, is more frightened than death itself. Objectives: to evaluate the variations of the pain intensity, the intake of opioid and quality of life when under Low Frequency TENS application. Methods: MCOD, 61 years old, diagnosed with laringeal cancer clinical staging II (T2N0M0), who received application of low frequency TENS everyday except Saturdays and Sundays, during two weeks non-stop(10 days in total), twice a day with five hours break. Every attendance began and finished with the Analogue Verbal Pain Scale (AVPS) application. The SF-36 protocol was also applied before the first intervention of the 5th day and the 10th day of intervention. two electrodes were placed in the nervous emergency root of C3, corresponding to laryngeal dermatome, using 10Hz frequency, 150µs pulse length and hard sense stimulation during 30 minutes. Results: Practically there was no difference between the VNPS means before and after TENS application, but there were an important reduction in VNPS from the 7th day to the 10th day when compared to the first days. Mean of the intake of opioid was lower from the 6th to 10th day (12±8,37mg) when compared to the first to 5th day (26±8,94mg). But the intake of Diclofenac followed by the inverse ratio of the intake of the opioid, as it’s peak occurred in the 7th day, the same day that the patient remained with low intensity pain and without any intake of opioid. Relating to SF-36 a small improvement in some domains, with the others remaining unaltered, occurring an expressive improvement in the emotional issues. Conclusion: Considering this as a case study, other factors beyond TENS may have cooperated in the improvement of pain intensity and the reduction of intaking opioid. New studies are needed in order to collect relevant information which may contributed to improvement of pain in this population. Related to quality of life, there were a restrict influence by the low frequency TENS, leading us to believe that pain is not the main point of quality of life in this case but the sum of all biopsychosocial aspects.

Key words: CANCER, PAIN, TENS, OPIOID.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS, GRÁFICOS E TABELA.................................................................9

1. INTRODUÇÃO..............................................................................................................10

2. OBJETIVOS ..................................................................................................................18

2.1 Geral .............................................................................................................................18

2.2 Específicos....................................................................................................................18

3. MÉTODOS.....................................................................................................................19

3.1 Sujeito...........................................................................................................................19

3.2 Materiais e equipamentos..............................................................................................19

3.2.1 Neurodyn Portable.....................................................................................................20

3.3 Procedimentos...............................................................................................................20

4. ANÁLISE DE DADOS..................................................................................................23

5. RESULTADOS...............................................................................................................24

6. DISCUSSÃO..................................................................................................................29

7. CONCLUSÃO................................................................................................................41

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................42

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................43

10. ANEXOS......................................................................................................................48

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LISTA DE FIGURAS, GRÁFICOS E TABELA

FIGURA 1 – Materiais e Equipamentos.............................................................................20

FIGURA 2 – Posicionamento dos eletrodos.......................................................................22

FIGURA 3 – Corte Sagital da Laringe................................................................................24

FIGURA 4 – Corte Transversal da Laringe........................................................................24

GRÁFICO 1 – Comparação da média diária da EVND pré e pós aplicação do

TENS...................................................................................................................................25

GRÁFICO 2 – Dosagem diária em miligramas (mg) de Morfina utilizada pelo sujeito do

1º ao 10º atendimento..........................................................................................................26

GRÁFICO 3 – Ingesta de comprimidos de Morfina X Diclofenaco realizada pelo sujeito

do 1º ao 10º atendimento.....................................................................................................27

TABELA 1 – Escores do questionário SF-36 previamente a aplicação do TENS, após a 1º

semana e após a 2º semana..................................................................................................27

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1. INTRODUÇÃO

Entre 1979 e 2003, o câncer no Brasil causou um aumento de 30% no índice de

mortalidade, registram-se mais de 470 mil novos casos e 130 mil óbitos anuais. O câncer

corresponde ao segundo lugar no ranking de mortes mais freqüente no país, superado apenas

pelas doenças cardiovasculares (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).

Para o ano de 2006, foi estimados 472.050 novos casos de neoplasias malignas,

independente do local do tumor primário, em ambos os sexos em todo o Brasil (INCA, 2005).

Perante o diagnóstico de câncer, o paciente e seus familiares experimentam uma sensação de

ansiedade frente à perspectiva do sofrimento causado pela evolução da doença e o tratamento

empregado (ALVES, 2004). Sendo um dos sintomas mais preocupantes aos pacientes, a dor,

temida mais do que a própria morte (GONÇALVES, 2002).

Um conceito relacionado a dor é a dor total, que constitui na interação de vários fatores,

entre eles: físico, mental, social e espiritual. Os pacientes oncológicos vivenciam várias

situações que resultam nas sensações de perda, já que muitas vezes, a conformidade

anatômica da região de instalação do tumor fica comprometida, existe a sensação de que a

saúde se dissipou e a perspectiva de futuro se perdeu. A dor experimentada por esses

pacientes, leva a limitações de suas atividades, com isso ocorre o afastamento do convívio

social resultando numa alteração de seu estilo de vida. Sendo assim, a dor do paciente

oncológico não se limita exclusivamente ao físico, mas sim ao social, emocional e espiritual,

portanto, para que seu alívio seja efetivo, todos esses fatores devem ser abordados no

percorrer do tratamento (INCA, 2001).

A dor em doentes oncológicos pode ocorrer pelo próprio tumor: por meio de processo

inflamatório acionado por infiltração tumoral óssea, infiltração e/ou compressão de estruturas

nervosas como sistema nervoso central (SNC), e sistema nervoso periférico (SNP), infiltração

e oclusão de vasos sanguíneos e linfáticos, obstrução de vísceras ocas ou de sistema ductais,

vísceras sólidas, tumefação e edema em estruturas revestidas por fáscia, periósteo ou outras

estruturas nociceptivas, necrose, infecção, inflamação e ulceração de membranas mucosas e

outras estruturas nociceptivas, ou ainda pela presença de metástase. Também pode ocorrer

pelos procedimentos terapêuticos e diagnósticos adotados, como a radioterapia, a

quimioterapia e processo cirúrgico, ou ainda não relacionada diretamente a neoplasia

(PAVANI, 2000; ALTIERI et al., 2004).

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Dessa forma, a dor oncológica pode ser classificada em: nociceptiva, neuropática e

ainda idiopática (GONÇALVES, 2002). Embora a dor oncológica seja geralmente mista,

ocorre um predomínio do aumento da nocicepção. A dor nociceptiva é a melhor percebida

pelo paciente, familiares e médicos, já que a maioria das pessoas vivenciou esse tipo de dor

(OLIVEIRA JR et al., 2002). Nos diversos tecidos cutâneos e profundos como pele, músculo,

tecido conjuntivo, osso e vísceras torácicas e abdominais existem nociceptores que atingem

alto limiar de excitabilidade, que quando são ativados por estímulos lesivos causados por

processo inflamatório ou infiltração tumoral, geram estímulos aferentes, provocando a dor

(PAVANI, 2000).

A dor neuropática é causada pela hipoatividade do sistema supressor ou inibitório da

dor, resultante da lesão do mesmo e/ou das vias neurais sensoriais pela infiltração tumoral,

substâncias químicas liberadas pelo tumor que geram respostas inflamatórias ou ainda devido

ao tratamento empregado a essa doença. Sendo assim, a dor ocorrerá sem estímulo lesivo. As

terminações nervosas periféricas têm como função codificar os estímulos aferentes e

transmiti-los ao corno posterior da medula espinhal sem qualquer modificação. Esse estímulo

é transmitido ao sistema nervoso central onde a dor é processada, por meio de sinapses que

ocorrem na medula espinhal (PAVANI, 2000; ALTIERI et al., 2004).

A dor sem a presença de estímulo nociceptivo, ocorre devido à modificação na função

das terminações nervosas periféricas, vias de condução ou de processamento central da

informação nociceptiva (PAVANI, 2000; ALTIERI et al., 2004). Porém, parece existir uma

susceptibilidade genética para o desenvolvimento da dor neuropática, já que não são todos os

doentes com lesão no sistema nervoso central e sistema nervoso periférico que desenvolvem-

na (OLIVEIRA JR et al., 2002).

De acordo com o local lesado, a dor poderá ser talâmica, mesencefálica, pontina,

bulbar, mielopática, radiculopática, plexopática, neuropática periférica e outras (OLIVEIRA

JR et al., 2002).

As características da qualidade da dor em queimação, contínua e mal delimitada em

determinado segmento do corpo, são queixas encontradas na dor neuropática (ALTIERI,

2004). Conhecer sua modalidade é fundamental para seu adequado tratamento, visto que um

dos métodos utilizados é a lesão do sistema nervoso para interromper as vias nociceptivas

(OLIVEIRA JR et al., 2002).

Por fim, a dor idiopática gera muitas vezes alterações afetivas e do comportamento do

paciente. Ela é causada por fatores psicológicos que resultam na percepção exacerbada deste

sintoma frente à doença (PORTENOY apud GONÇALVES, 2002).

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Independente da classificação ou origem da dor oncológica, terapias antineoplásicas

como a quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia e imunoterapia têm contribuído para

minimizar a dor através da redução total ou parcial do tumor.

A quimioterapia é uma terapia antineoplásica sistêmica já que atua sobre as células

normais e tumorais, sendo que nestas últimas, possui maior agressividade. Consiste na

utilização de compostos químicos que atuam nas diversas fases do ciclo celular alterando sua

função e proliferação. Geralmente são utilizados mais de um composto químico

(poliquimioterapia) para maior efetividade do tratamento. Pode ser classificada de acordo com

sua finalidade em curativa, adjuvante, neoadajuvante e paliativa (INCA, 1999; ANELLI,

2002).

Na quimioterapia curativa, o quimioterápico é o principal recurso adotado, tendo como

objetivo o controle completo do tumor, mesmo em casos mais avançados da doença, sendo

que a adjuvante, é aplicada após cirurgia curativa objetivando a destruição de células residuais

ou circulantes, diminuindo a incidência de metástase. Já a neoadjuvante ou prévia, tem como

objetivo reduzir parcialmente o tumor, antes da cirurgia e/ou radioterapia e, a paliativa, busca

a diminuição da massa tumoral mesmo em casos de neoplasias não operáveis, melhorando a

qualidade de vida do paciente (MURAD, 1996; INCA, 1999).

A quimioterapia irá atuar também sobre as células da medula óssea, fâneros e mucosa

do tubo digestivo, por isso é necessário que sua aplicação seja em fase ou periódica, para

reparação das mesmas. Possui vários efeitos tóxicos dependentes do tempo de exposição

tumoral, orgânico e da concentração plasmática dos quimioterápicos, além do tecido e da

droga utilizada (INCA, 1999).

Outro fato importante é a resistência aos quimioterápicos, que é caracterizada pela nova

codificação genética das células tumorais, ou ainda, o desenvolvimento de novas vias

metabólicas através da síntese de novas enzimas. A resistência pode ser desenvolvida quando

o tratamento é suspenso com o tumor ainda sensível a droga, aplicações irregulares ou ainda

em doses inadequadas (INCA, 1999).

Os principais medicamentos quimioterápicos são: alquilantes que impedem replicação

celular; antimetabólitos que inibem a biossíntese de purinas, ácido timidílico e ácidos

nucléicos; antibióticos que inibem a síntese de ácidos e proteínas e os inibidores mitóticos,

que interrompem a divisão celular agindo sobre a proteína tubulina; e outros agentes que não

podem ser agrupados de acordo com a ação farmacológica, como por exemplo, dacarbazina e

novos quimioterápicos inibidores de topoisomerase, antimetabólicos e micelâneos. A

quimioterapia auxilia a dor através da descompressão, obtida pela diminuição do tamanho do

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tumor. A melhor vantagem é obtida com a quimioterapia iniciada em população tumoral

pequena e fração de crescimento grande (INCA, 1999).

Uma outra terapêutica usada no combate tumoral é a radioterapia, no qual se utiliza

radiação ionizante de alta energia podendo ser ondas eletromagnéticas de raio-X e raios-gama,

ou partículas subatômicas. Ocorre a penetração em diferentes profundidades do tecido de

acordo com o seu tipo de energia e natureza física. A radiação iônica produz dano direto ou

indireto ao DNA. Na interação direta, a molécula do DNA sofrerá interação da partícula

resultante da absorção da radiação, modificando sua estrutura. Já na indireta ocorre uma

interação da partícula com a molécula de água, produzindo assim radicais livres que

danificam o DNA. Esse processo é totalmente dependente da concentração do oxigênio do

meio (ILLIDGE & HAMILTON, 1999; SALVAJOLI & SANTOS, 2002).

O dano ao DNA interfere na divisão da célula, porém esse processo não é seletivo,

afetando células tumorais e normais. O sucesso da radioterapia depende: da resposta celular

que está ligada a radiossensibilidade da mesma, sendo que esta é dependente do ciclo celular,

oxigenação, capacidade do reparo do DNA e do tempo de duplicação celular; quanto à

radiação aplicada, deve-se ter um cuidadoso planejamento do tratamento e da prescrição da

dose, para minimizar danos ao tecido normal; e quanto ao paciente, pois o tratamento deve ser

individualizado, considerando-se as variações anatômicas a localização do tumor, relação

anatômica com os tecidos normais e a tolerância do paciente aos danos pela radiação, em

certos órgãos (ILLIDGE & HAMILTON, 1999; SALVAJOLI & SANTOS, 2002; ROSAL et

al., 2002).

A radioterapia pode ser classificada de acordo com o seu objetivo em: curativa, em que

a única terapêutica empregada é a radioterapia, na tentativa de erradicar o tumor; remissiva,

utilizada na fase pré-operatória para reduzir o tamanho do tumor e facilitar a sua ressecção;

profilática, realizada após a cirurgia com objetivo de eliminar qualquer célula neoplásica que

ainda possa existir; paliativa, busca remissão dos sintomas, por exemplo, a diminuição da dor;

e por fim a ablativa, objetivando a supressão da função de algum órgão (INCA, 1999).

Geralmente a cura é atingida em tumores radiossensíveis quando a quantidade de

radiação aplicada é suficiente para eliminar as células tumorais, com menor dano possível a

células normais. Podem ocorrer efeitos adversos em função da radioterapia, podendo ser

imediatos em células com grande capacidade proliferativa, e tardios que embora sejam raros,

podem se manifestar através de atrofia ou fibroses, resultantes do excesso de radiação

ultrapassando o limite de tolerância do tecido normal. Busca-se, portanto, a cura com o

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mínimo de efeitos colaterais e seqüelas possíveis (INCA, 1999; SALVAJOLI & SANTOS,

2002).

Assim como a quimioterapia, a radioterapia resulta na diminuição da dor oncológica,

devido à diminuição do tamanho do tumor. Na busca do controle e no aumento da taxa de

sobrevida, essas terapias podem ser usadas em associação, adicionando-se ainda a cirurgia,

para tratamento da neoplasia (INCA, 1999; ALVES, 2004).

O método mais utilizado para alívio da dor oncológica é a farmacoterapia analgésica, já

que é um método efetivo, não oneroso e com baixo risco. Para um adequado tratamento é

importante a avaliação do tipo de dor relacionada, além da intensidade e estado físico do

paciente (OLIVEIRA JR et al., 2002).

Segundo a OMS (1996), existem seis fatores que devem ser respeitados como princípios

para alívio da dor no câncer, sendo eles: via de administração preferencialmente oral, os

intervalos estabelecidos para administração do fármaco devem ser respeitados rigorosamente

evitando sua administração somente nos momentos em que a dor se apresenta, a determinação

do tipo de fármaco deve seguir a escada analgésica de três degraus, além de ser

individualizada de acordo com a necessidade de cada paciente, fármacos adjuvantes devem

ser usados e, aspectos práticos, como o horário de administração precisam ser observados

cuidadosamente para que não ocorra a perturbação do sono do paciente.

A escada analgésica constituída por três degraus relaciona a intensidade e os efeitos da

dor aos analgésicos a serem indicados, como: degrau 1: para dores leves à moderadas, deve-se

indicar analgésicos não opióides, mais fármacos adjuvantes; degrau 2: para dores moderadas,

analgésicos não opióides, opióides fracos mais fármacos adjuvantes; e no degrau 3: em dores

intensas, indica-se opióides fortes mais fármacos adjuvantes (OMS, 1996; GONÇALVES,

2002).

Os fármacos adjuvantes não atuam diretamente no controle da dor, mas auxiliam no

rendimento do tratamento analgésico, psicológico, apetite e sono do paciente. Entre os

principais fármacos utilizados estão os antidepressivos, anticonvulsivantes, neurolépticos,

ansiolíticos, relaxantes musculares, anestésicos locais, inibidores da reabsorção óssea,

bloqueadores do fluxo axonal, moduladores adrenérgicos e inibidores dos receptores N-metil-

D-aspartato (NMDA) (ALVES, 2004).

Os analgésicos não opióides são constituídos por antiinflamatórios hormonais e

analgésicos antiinflamatórios não esteróides (AINEs). Os antiinflamatórios hormonais

controlam a velocidade de síntese das proteínas. Essa é a única classe de medicamentos que

resulta em aumento de apetite e ganho de peso. Tem ação imunossupressora, antiinflamatória

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e analgésica. Os AINEs reduzem a concentração de prostaglandinas e seus efeitos

algiogênicos por meio da atuação sobre o metabolismo do ácido aracdónico, não causam

dependência física e sua eficácia é limitada pelo efeito teto, sendo que após um certo nível, o

aumento da dosagem não é proporcional a analgesia. Tem ação antiinflamatória, analgésica e

antipirética (GONÇALVES, 2002; OLIVEIRA JR et al., 2002).

Os analgésicos opióides são os principais no tratamento da dor oncológica de

intensidade moderada a severa, destacando-se a dor por excesso de nocicepção. Sua ação

ocorre sobre os receptores opióides distribuídos por todo o organismo, destacando os

presentes na substância cinzenta do corno dorsal da medula espinhal e os receptores no SNC.

Age também no estresse subjetivo psico-afetivo, reduzindo sofrimento e a sensação de

incomodo, além de agir inibindo as respostas neurovegetativas frente a um estímulo

nociceptivo. Apresenta também efeito sedativo, e ansiolítico, além de alto poder analgésico.

Tem como principal efeito colateral a depressão respiratória, porém esse efeito depende da

meia-vida e tempo de uso do opióide (OLIVEIRA JR et al., 2002).

Os opióides podem ser divididos em fracos e fortes. Os opióides fracos são usados

quando a intensidade da dor for moderada, sendo estes, a codeína, a di-hidrocodeína, o

dextropropoxifeno e o tramadol. Já os opióides fortes são indicados nos casos em que a dor é

intensa, sendo estes, a morfina, o fentanil (GONÇALVES, 2002), além da metadona (INCA,

2001).

Os principais efeitos temidos no uso de opióides como a morfina é a dependência física

e psicológica, além do desenvolvimento de tolerância ao fármaco. No caso da dependência,

ela pode ser evitada mantendo certa dose do opióide, mesmo após o alívio completo da dor. A

tolerância não é um fenômeno observado em pacientes com câncer, já que esses necessitam de

pequenos ajustes quanto à dose. Tem como principal efeito adverso a obstipação

(GONÇALVES, 2002).

Além do uso consagrado na literatura da terapêutica farmacológica como recurso

conservador do controle da dor, a fisioterapia também atua no controle da dor oncológica por

meio de recursos como a termoterapia, eletroterapia, massoterapia entre outros. A maior parte

desses recursos atua na modulação da dor pela teoria da comporta (STARKEY, 2001).

A teoria da comporta descrita por Melzack e Wall, em 1965, consiste no bloqueio da

transmissão do estímulo nociceptivo por meio de um estímulo não doloroso (MELZACK &

WALL apud STARKEY, 2001). Acredita-se que a percepção da dor é controlada por uma

comporta que pode ser aberta ou fechada através de impulsos gerados pelo sistema nervoso

central ou sistema nervoso periférico, diminuindo ou aumentando a dor. Na pele existem

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mecanoceptores de baixo limiar e grande calibre - fíbras Aβ (Beta) – que sobem até a medula

em sua coluna posterior, sem fazer sinapses. Essas fibras emitem colaterais e vão de encontro

com as fibras nociceptoras Aβ e C nas lâminas no corno posterior. A excitabilidade das fibras

nociceptivas Aβ e C podem, portanto, ser reduzidas por meio de estímulos das fibras Aβ

resultando na diminuição da dor através da inibição pré-sináptica ou segmentar (LOW &

REED, 2001).

Um recurso fisioterapêutico extensamente usado para analgesia é a modulação da dor

pela Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea (TENS). Essa estimulação ocorre a nível

sensorial, sendo acima ou no limiar sensorial e, abaixo do limiar motor (SNYDER-

MACKLER, 2001). O TENS, é indicado no controle das dores neuropáticas, musculares,

viscerais, pós-cirúrgicas, pós-fraturas e pode ser utilizado no controle da náusea em pacientes

em quimioterapia. A modulação da dor pelo TENS ocorre por meio de vários mecanismos,

tais como: a inibição pré-sináptica do corno dorsal na medula espinal (teoria da comporta);

pela liberação endógena de endorfinas, encefalinas e dinorfinas; pela inibição direta da

excitação anormal do nervo e pela restauração do impulso aferente (KAYE, 2005).

A duração de pulso possui uma variação entre 10 e 400 microssegundos e a freqüência

de 2 a 200 Hertz (LOW & RED, 2001). Existe, portanto, o TENS de alta freqüência (>50 Hz)

e o TENS de baixa freqüência (<10 Hz), ambos têm seus efeitos mediados pelos receptores δ

(Delta) e µ (Mu), respectivamente no SNC (CHANDRAN & SLUKA, 2003).

O TENS de alta freqüência, inibe a dor através da teoria da comporta. Já o TENS de

baixa freqüência, inibe a dor através de liberação endógena de endorfinas, encefalinas e

dinorfinas. O estímulo de baixa freqüência atua na fibra Aδ no corno posterior da medula,

essa estimula interneurônios da substância gelatinosa (lâmina II) que produzem encefalina que

inibe a fibra C. Associada a esse mecanismo, a fibra Aδ, gera impulsos ao mesencéfalo, e

esses, retornam a medula espinal e inibem neurônios nociceptores caracterizando o sistema

descendente de supressão da dor. A fibra Aδ, também emite colaterais para a substância

cinzenta periaquedutal no mesencéfalo, sendo que dessa região partem vias descendentes para

o bulbo ventral rostral e daí para o corno dorsal da medula, liberando então encefalina na

substância gelatinosa. O TENS de baixa freqüência é desconfortável e não tolerável por

alguns pacientes, isso ocorre devido a sua alta intensidade (LOW & REED, 2001; KAYE,

2005).

Em estudo realizado com pacientes em pós-operatório de cirurgia abdominal baixa, foi

verificado que após a estimulação com o TENS de alta freqüência, baixa freqüência e ambos

simultaneamente na região do dermátomo da incisão cirúrgica associados a analgesia através

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de fármacos, houve diminuição da dor, da sensação de desconforto, do tempo de uso do

fármaco e da náusea (HAMZA et al., 1999).

Portanto, visto que mesmo com o tratamento para a ressecção ou redução do tumor e o

uso de analgésico opióide a dor oncológica poderá persistir, este estudo pretende verificar a

efetividade do TENS de baixa freqüência na dor oncológica, já que esse atua na modulação da

dor através da liberação endógena de endorfina o que poderá potencializar o efeito do opióide

exógeno utilizado na analgesia desses pacientes. Sendo assim, busca-se uma melhora na

qualidade de vida desses pacientes, amenizando ao máximo os desconfortos sofridos por eles

no curso doloroso da luta contra o câncer.

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2. OBJETIVOS

2.1 Geral

Verificar a variação da intensidade da dor oncológica persistente no sujeito em uso

de fármaco opióide, por meio da aplicação do TENS de baixa freqüência.

2.2 Específicos

• Avaliar a variação da ingesta de drogas opióides após a intervenção.

• Avaliar a melhora da qualidade de vida ao fim da intervenção.

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3. MÉTODOS

3.1 Sujeito

Foi selecionado um sujeito do sexo feminino, com 61 anos, apresentando neoplasia de

Laringe-Supraglote, estando fora de proposta terapêutica, realizando apenas o controle da dor

por meio de droga opióide, porém sem redução completa da dor. Seu acompanhamento

clínico era realizado no Centro de Oncologia do Hospital Universitário São Francisco. Não

foram incluídos na triagem os sujeitos que estavam em tratamento radioterápico, ou que

fizeram tratamento fisioterapêutico prévio para o alívio da dor oncológica.

3.2 Materiais e equipamentos

• Quatro eletrodos de silicone-carbono,

• Gel hidrossolúvel,

• Fita adesiva,

• Aparelho de barbear,

• Termo de Consentimento Livre Esclarecido (Anexo 1),

• Ficha de Avaliação (Anexo 2),

• Escala Visual Numérica de Dor - EVND (Anexo 3),

• Questionário de Qualidade de Vida SF – 36 (Anexo 4)

• Protocolo de Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (Anexo 5).

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3.2.1 Neurodyn portable

• O Neurodyn portable consiste em um equipamento de eletroterapia, cujo gerador de

pulso produz ondas de TENS e FES, contendo dois canais com controle independente

de intensidade, modulação em burst e frequência, duração de pulso máxima de 400

microssegundos e freqüência máxima de 250 Hertz (Figura 1).

Figura 1: Materiais e equipamentos.

3.3 Procedimentos

O projeto foi enviado ao Comitê de Ética e após a aprovação (protocolo CAAE:

0029.0.142.000-07 – Anexo 5) foi selecionado um sujeito que após leitura e compreensão,

assinou o Termo de Consentimento Livre Esclarecido, sendo que essa seleção foi feita no

Centro de Oncologia do Hospital Universitário São Francisco. Foram preenchidas: Ficha de

Avaliação, Escala Visual Numérica de Dor e o questionário de qualidade de vida SF-36

(WARE et al., 1996), foi realizado também o monitoramento da ingesta de medicamentos

analgésicos pelo sujeito que foi posteriormente informado as pesquisadoras.

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No primeiro dia de intervenção, foi entregue a Ficha de Avaliação ao sujeito contendo

uma figura do corpo humano na visão anterior e posterior para que esse marcasse com uma

caneta as regiões de dor, e relatasse se essa dor era considerada por ele como dor referente ao

tumor ou a outro motivo qualquer, e ainda caracterizasse através de algum adjetivo a dor

sentida. Essa ficha ainda continha alguns questionamentos realizados pela avaliadora quanto à

localização da dor.

Para preenchimento do SF-36, foi realizada uma leitura do questionário pela avaliadora

e as respostas do sujeito foram anotadas também pela avaliadora. A leitura foi única e

exclusivamente do texto que constava no questionário, sem que houvesse qualquer

interferência.

O questionário de qualidade de vida SF-36 apresenta trinta e seis perguntas relacionadas

à saúde do entrevistado. Essas questões recebem uma pontuação que varia de 1 a 5 pontos,

sendo que para se obter o resultado final do questionário, as perguntas são agrupadas em oito

domínios de forma pré determinada pelo instrumento. Os domínios são: capacidade funcional,

aspectos físicos, dor, estado geral de saúde, vitalidade, aspectos sociais, aspecto emocional e

saúde mental. Após o agrupamento das perguntas em seus respectivos domínios, é realizado

um cálculo também pré-determinado pelo instrumento, sendo que a pontuação final varia

entre 0 (pontuação mínima que indica qualidade de vida ruim) e 100 (pontuação máxima que

demonstra melhor resposta em relação a qualidade de vida).

O sujeito selecionado recebeu a aplicação do TENS de baixa freqüência todos os dias,

exceto sábado e domingo, durante duas semanas consecutivas (10 dias), duas vezes ao dia

com intervalo entre o primeiro atendimento para o segundo de cinco horas. Todo atendimento

foi iniciado e concluído com aplicação da EVND e o questionário de qualidade de vida SF-36

foi aplicado no primeiro dia (antes da intervenção), após a última sessão da primeira semana

de intervenção (5ºdia) e no último dia (10º dia) após a última intervenção.

Após responder a EVND, foi realizada uma tricotomia da região cervical e em seguida

foram posicionados dois eletrodos na emergência da raiz nervosa de C3 (Figura 2). Como o

sujeito não tinha feito a cirurgia ablativa para ressecção do tumor primário, foram

posicionados dois eletrodos na região do dermátomo correspondente ao tumor primário, que

no caso foi posicionado na emergência da raiz nervosa de C3, já que o tumor primário do

sujeito selecionado era de laringe que corresponde ao dermátomo de C3.

Não foram posicionados dois eletrodos na região de dor, que no caso seria a região

anterior de pescoço, pois nessa área estão presentes baroceptores que perante a passagem da

corrente do TENS de baixa freqüência poderiam sofrer alteração do seu funcionamento

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resultando em alterações hemodinâmicas do sujeito. O posicionamento dos eletrodos foi

mantido no mesmo local desde o inicio ao final da sessão (1º ao 10º dia). Foi usado gel

hidrossolúvel como interposição entre eletrodo e pele, e sua fixação foi feita com fita adesiva.

Figura 2: Posicionamento dos eletrodos.

O TENS de baixa freqüência foi programado de acordo com os seguintes parâmetros:

freqüência de 10 Hertz, duração de pulso 150 microssegundos, modulação presente no

aparelho sendo essa em variação de intensidade e freqüência, dosagem por meio da

intensidade sensorial forte em mili-Ampere (de acordo com o relato do sujeito) e tempo de

aplicação de 30 minutos. Após a intervenção a EVND foi novamente aplicada. O sujeito foi

atendido em seu domicilio pela dificuldade de transporte.

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4. ANÁLISE DE DADOS

Os dados foram transcritos para um programa de base de dados (Excel), posteriormente

foram calculadas as médias e freqüências e os dados foram expostos por meio de gráficos e

tabelas.

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5. RESULTADOS

Sujeito M. C. O. D., 61 anos, sexo feminino, tabagista desde os 5 anos de idade,

fumando aproximadamente dois maços de cigarro por dia e ex-etilista (ingerindo

aproximadamente uma garrafa de aguardente por dia durante 30 anos). Residente em

Bragança Paulista, em acompanhamento médico no Centro de Oncologia do Hospital

Universitário São Francisco. Apresenta diagnóstico clínico de Neoplasia de Laringe-

Supraglote, estadiamento clínico II (T2N0M0) em 01/06/2006, ou seja, tamanho do tumor de

2 a 4 cm sem comprometimento de nódulos linfáticos regionais e sem metástase à distância,

tipo histológico Carcinoma Epidermóide grau 2 com áreas de células fusiformes.

Como tratamento foi realizado radioterapia com finalidade curativa no período de

20/09/2006 à 24/11/2006 (39 sessões, com dosagem de aproximadamente 4500 Gy), com

irradiação das áreas cérvico facial e fossas supraclaviculares. No período do início de coleta

dos dados, sujeito estava aguardando o laudo de tomografia computadorizada de pescoço,

realizada em 16/03/2007, para possível realização de quimioterapia paliativa. Em consulta

com o médico oncologista em 25/04/2007 o laudo da tomografia solicitada, apresentou

espessamento das pregas ariepiglóticas com espessamento da parede da hipofaringe e do ádito

da laringe, com obliteração do seio piriforme à direita, parede lateral da glote, prega vocal

falsa até a região do vestíbulo.

Figura 3: Corte sagital da laringe.

Figura 4: Corte transversal da laringe.

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Em avaliação fisioterapêutica pré-intervenção, sujeito relatou fazer uso de Dolo Moff

(Sulfato de Morfina 10 mg) e Diclofenaco Sódico 50 mg como analgésicos ingeridos na

presença de dor e Corticorten (Prednisona 20 mg), Asmapen (Aminofilina 100 mg), Furp

(Cimitidina 200 mg) e Salbutamol para asma. Também relatou dor na região de cabeça e

pescoço (mandíbula, fronte, região anterior de pescoço, região occipital predominantemente

do lado esquerdo) e em região toracolombar, sendo a dor de cabeça e pescoço caracterizada

quanto à qualidade como dor desesperadora e amenizada com o uso da Morfina. O sujeito

atribui a dor toracolombar à disfunção ortopédica não relacionada ao tumor. Relatou não

haver realizado cirurgia para ressecção do tumor devido risco anestésico cirúrgico elevado

pela presença da asma e ter até o momento passado apenas pelo tratamento radioterápico.

Para a análise dos resultados foi considerado do primeiro ao quinto dia de atendimento

correspondendo a primeira semana de intervenção e do sexto ao décimo dia de atendimento

correspondendo a segunda semana de intervenção.

O Gráfico 1 apresenta a comparação das médias diárias dos valores da Escala Visual

Numérica de Dor (EVND) pré e pós aplicação do TENS durante os dez dias de atendimento.

Conforme observado no Gráfico 1, não houve variação entre as médias dos valores

encontrados na EVND pré e pós aplicação do TENS, com exceção do primeiro dia de

atendimento, em que ocorreu uma discreta diminuição da EVND pós aplicação do TENS

quando comparada à média pré aplicação.

012345678910

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º

1ª Semana 2ª Semana

Número de Atendimentos

EVND Pré Aplicação

Pós Aplicação

Gráfico 1: Comparação da média diária da EVND pré e pós aplicação do TENS.

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Nesse mesmo gráfico pode ser verificado que, embora do segundo ao décimo

atendimento a média diária pós aplicação do TENS se mantivesse a mesma quando

comparada a média pré aplicação, houve expressiva diminuição da EVND em relação aos

valores encontrados na primeira semana quando comparados aos valores da segunda

semana. Essa diminuição ocorreu de forma mais acentuada a partir do sétimo dia de

atendimento, no qual as médias das EVNDs permaneceram com intensidade 1, enquanto na

primeira semana e no sexto dia de atendimento as médias das EVNDs foram maiores.

Em relação ao uso de analgésicos, o Gráfico 2 apresenta a dosagem diária de Morfina

em miligramas utilizada pelo sujeito durante os dez dias de atendimento.

Foi observado que na primeira semana, o sujeito ingeriu um total de 130 mg de

Morfina, resultando em uma média diária de 26 ± 8,94 mg, comparada a segunda semana, em que apresentou um total de 60 mg e uma média diária de 12 ± 8,37 mg, considerando-se que

um comprimido de Morfina é equivalente a 10 mg. Essa diminuição na ingesta de Morfina

entre a primeira e a segunda semana não ocorreu de forma progressiva, sendo que no quarto e

no quinto atendimento houve um pico na ingesta da Morfina, já no sétimo atendimento não

houve nenhuma ingesta (Gráfico 2).

Foi realizada também pelo sujeito a anotação da dosagem de analgésicos ingeridos no

sábado e domingo entre a primeira e a segunda semana de intervenção, sendo que, no sábado

foram ingeridos 30 mg de Morfina e 50 mg de Diclofenaco e no domingo 20 mg de Morfina e

50 mg de Diclofenaco.

01020304050

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º

1ª Semana 2ª Semana

Número de Atendimentos

mg Dosagem

Gráfico 2: Dosagem diária em miligramas (mg) de Morfina utilizada pelo sujeito

do 1º ao 10º atendimento.

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Quando considerada a dosagem de Diclofenaco Sódico, houve uma relação inversa

comparada a Morfina, sendo que na primeira semana a dosagem total de Diclofenaco foi de

200 mg, obtendo uma média diária de 40 ± 41,83 mg, e na segunda semana a dosagem total

foi de 400 mg, resultando em uma média diária de 80 ± 57,01 mg, considerando-se que um

comprimido de Diclofenaco é equivalente a 50 mg.

No Gráfico 3 observa-se a ingesta de Morfina comparada a ingesta de Diclofenaco

Sódico em comprimidos, realizada pelo sujeito durante os dez dias de atendimento.

De acordo com o Gráfico 3 no quinto atendimento em que houve um pico de dosagem

de Morfina, não houve nenhuma ingesta de Diclofenaco. Já no sétimo atendimento em que

não houve nenhuma ingesta de Morfina ocorreu um pico máximo da ingesta de Diclofenaco.

Em nenhum dos dias avaliados o sujeito deixou de ingerir medicação analgésica, seja o

Diclofenaco ou a Morfina.

Para análise dos resultados obtidos em relação a qualidade de vida do sujeito, foi usado

o questionário SF-36, representados na Tabela 1. Nesta tabela estão contidos os escores

encontrados previamente a aplicação do TENS, após a primeira semana e após a segunda

semana de aplicação do TENS, sendo que o questionário SF-36 possui um valor de escore que

varia de 0 a 100, em que 100 indica o valor máximo em relação a qualidade de vida e 0 o

valor mínimo, ou seja quanto maior a pontuação melhor a qualidade de vida.

0

1

2

3

4

5

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º

1ª Semana 2ª Semana

Número de Atendimentos

Número de

Comprimidos

Morfina

Diclofenaco

Gráfico 3: Ingesta de comprimidos de Morfina X Diclofenaco realizada pelo sujeito do 1º ao

10º atendimento.

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Tabela 1: Escores do questionário SF-36 previamente a aplicação do TENS, após a 1ª

semana e após a 2ª semana.

Foi observado que em relação aos aspectos físicos e dor, o sujeito não apresentou

alteração na pontuação encontrada durante os três momentos de aplicação do questionário

(previamente a aplicação do TENS, após primeira semana e após a segunda semana).

Nos domínios de: capacidade funcional, estado geral de saúde, vitalidade, aspecto

emocional e saúde mental, o sujeito apresentou melhora, mesmo que pequena com exceção do

domínio aspecto emocional que apresentou uma melhora expressiva.

Esse domínio apresentou pontuação 0 previamente e após a primeira semana de

aplicação do TENS progredindo para 66,7 de pontuação após a segunda semana de aplicação,

demonstrando melhora da qualidade de vida do sujeito em relação ao aspecto emocional.

Houve um mesmo padrão de melhora, dos domínios capacidade funcional e vitalidade.

Sendo observado que a pontuação encontrada após a primeira semana foi maior que na pré-

aplicação se mantendo após a segunda semana de aplicação. O domínio saúde mental

apresentou uma melhora gradativa durante os três momentos do estudo (pré-aplicação, após

primeira semana e após segunda semana). Esse mesmo padrão de melhora não foi observado

no domínio estado geral de saúde, em que houve uma melhora em relação à pré-aplicação

com a aplicação após a primeira semana, porém a pontuação encontrada após a segunda

semana foi menor que a encontrada após a primeira semana. Mesmo assim, sua pontuação

final foi maior em relação à pré-aplicação.

Em relação aos aspectos sociais, o sujeito apresentou uma piora, quando comparado o

valor encontrado na pré-aplicação com o valor encontrado após a primeira semana de

aplicação. Houve uma melhora após a segunda semana de aplicação comparada a primeira

semana, entretanto, ainda assim, o valor final foi menor que o encontrado previamente ao

início do protocolo.

Pré-aplicação Após 1ª semana Após 2ª semana Capacidade Funcional 35 40 40 Aspectos Físicos 0 0 0 Dor 22 22 22 Estado Geral de Saúde 20 35 25 Vitalidade 25 35 35 Aspectos Sociais 50 12,5 37,5 Aspecto Emocional 0 0 66,7 Saúde Mental 36 40 44

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6. DISCUSSÃO

No presente estudo foi verificado que o sujeito do sexo feminino, apresentou neoplasia de laringe supra-glótica relatando como

sintomas odinofagia, alteração da qualidade da voz, disfagia leve e posteriormente sensação de caroço na garganta. Tais sintomas são

condizentes com a literatura pesquisada (INCA, 2001).

Sabe-se que o câncer de laringe representa cerca de 25% dos tumores malignos de

cabeça e pescoço e 2% de todas as doenças malignas no Brasil, sendo que 2/3 desses tumores

aparecem na região de glote e 1/3 acometem a laringe supra-glótica (INCA, 2001). O câncer

de laringe é mais prevalente no sexo masculino e em idades superiores a 50 - 60 anos

(MENEZES et al., 2002).

Os principais fatores de risco para a incidência de câncer de cabeça e pescoço, em

especial o câncer de laringe, são o tabagismo e o alcoolismo crônico (YEOLE et al., 2000;

FRANZI et al., 2003). Sendo relatado pelo sujeito, tabagismo desde os 5 anos de idade,

iniciado pela influência do pai com consumo do fumo de corda. Aos 25 anos passou a

consumir aproximadamente dois maços/dia de cigarro industrializado, e após receber o

diagnóstico de câncer reduziu o consumo para um maço e meio/dia, mantendo esse hábito até

o presente momento.

Em estudo realizado por Sartor et al. (2007) foi verificado que o tabagismo apresenta

risco crescente para o aparecimento do câncer de laringe de acordo com o número de maços

por ano, sendo que os tabagistas apresentam risco quadruplicado em relação aos não

tabagistas e a exposição ao fumo em geral eleva duas vezes e meia o risco de

desenvolvimento de câncer de laringe.

Um fator importante a ser considerado é o aspecto biopsicossocial relacionado ao

tabagismo uma vez, que esse, segundo estudo, inicia-se geralmente por influência direta dos

familiares que residem na mesma casa, geralmente pelos pais e irmãos, assim como o

etilismo, e normalmente estão associados à baixa escolaridade. Sendo que embora os

tabagistas saibam da relação entre o tabaco e o câncer, geralmente possuem pouca informação

quanto aos órgãos alvos e sobre a prevenção desse vício durante a idade escolar (FRANZI et

al., 2003).

Em relação ao alcoolismo, o sujeito relatou iniciar o consumo de álcool por volta dos 23

anos se estendendo até os 52 anos, totalizando em média uma história de 30 anos de etilismo.

Salientou que consumia em média um litro de aguardente por dia, e que normalmente o

consumo se iniciava logo pela manhã ao acordar. Relatou ter sido internada durante 45 dias

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para desintoxicação, porém após esse período continuou com o vício inclusive durante os

períodos gestacionais. O cessar do vício foi espontâneo conforme relato.

De acordo com a literatura, o consumo de 1.940 gramas/ano de álcool aumenta o risco

de desenvolvimento de câncer de laringe em 3.7 vezes quando comparados aos indivíduos que

não possuem esse hábito (SARTOR et al., 2007).

Foi verificado que o alto índice de câncer de laringe no Brasil ocorre principalmente na

região Sul e Sudeste em que o consumo de álcool e tabaco é muito grande, exigindo uma

política de redução no consumo dessas substâncias para que a exposição aos fatores

carcinogênicos também seja reduzida (WUNSCH FILHO, 2004).

Outro fator de risco relatado pela literatura para o desenvolvimento do câncer de laringe

é o papiloma vírus (HPV), que apresenta alto risco oncogênico com possível associação de

malignidade na região de orofaringe e cordas vocais (SCULLY, 2002).

A infecção da laringe por HPV resulta em papiloma laríngeo, sendo esse, enquadrado

dentro das papilomatoses respiratórias recorrentes, representados por: papiloma laríngeo de

início juvenil e papiloma laríngeo de início na idade adulta (AALTONEN et al., 2002).

O papiloma laríngeo juvenil é comumente transmitido via vertical da mãe para o filho

durante o parto com o bebê entrando em contato com a infecção anogenital ativa ou latente da

mãe. Esses HPVs estimulam o crescimento de papilomas na laringe, porém sua transformação

maligna é rara (CONEJO et al., 2001).

Os papilomas laríngeos de início na idade adulta ocorrem geralmente em indivíduos que

apresentam um maior número de parceiros sexuais e maior freqüência de contatos orogenitais,

levantando-se a hipótese de preferência do vírus pelo epitélio da laringe ao invés do epitélio

bucal pela semelhança do epitélio da laringe com o epitélio da cérvice uterina (AALTONEN

et al., 2002).

Apesar do HPV ser um fator de risco relatado em literatura, não foi possível saber se o

sujeito entrou em contato com o vírus em alguma fase de sua vida.

Com relação ao tratamento clínico adotado, para o tipo histológico e estadiamento

clínico do sujeito está condizente com a literatura, uma vez que, segundo sugestões realizadas

pelo INCA (2001) lesões pequenas de laringe sem o comprometimento de linfonodos

regionais devem ser tratadas por radioterapia ou cirurgia exclusiva. A determinação da

localização e da dose de radiação a ser utilizada é feita de acordo com a localização e o

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tamanho do tumor primário e para a determinação da cirurgia devem ser verificadas as

comorbidades principalmente em relação a capacidade respiratória e a idade do paciente.

Como efeitos colaterais ao tratamento, a cirurgia apresenta a alteração das cordas vocais

e a radioterapia apresenta como comprometimento o edema e fibrose da região de laringe e

faringe, atrofia e necrose de tecidos, xerostomia, saliva pegajosa, pele ressecada, dificuldade

no paladar, odinofagia entre outros (INCA, 2001; SAWADA et al., 2006).

Em contrapartida, em um estudo realizado por Manfro et al. (2006), foi verificado que

pacientes tratados com cirurgia, cirurgia concomitante a radioterapia ou ainda radioterapia

associada à quimioterapia, apresentaram um maior tempo livre da doença quando comparados

aos pacientes submetidos à radioterapia exclusiva.

Conforme já discutido anteriormente, o sujeito encontrava-se em tratamento apenas da

dor oncológica, sendo, portanto considerado fora de proposta terapêutica. É sabido que a dor

muitas vezes é apresentada como uma das principais queixas referidas pelos pacientes

oncológicos sendo mais intensa na última etapa de evolução da doença, podendo apresentar

diversas origens.

O sujeito referiu em sua primeira avaliação uma dor classificada como qualidade

desesperadora com intensidade 7 na Escala Visual Numérica de Dor (EVND), fazendo uso de

Morfina e Diclofenaco Sódico como analgésicos.

Em relação à análise da dor referida pelo sujeito, foi verificado que as médias diárias

das EVNDs antes e após a aplicação do TENS não apresentaram variação, com exceção do

primeiro dia de intervenção. Esse fato pode ser justificado, pois, a EVND foi colhida antes e

imediatamente após o término da aplicação e de acordo com a literatura, o TENS de baixa

freqüência tem seu efeito analgésico iniciado após cerca de 20 a 40 minutos do término da

passagem da corrente perdurando por um período de 30 minutos a até uma hora (JOHNSON

et al., 1991; STARKEY, 2001).

Outra justificativa apresentável pode ser o efeito Hawthorne, que consiste na mudança

das atitudes do indivíduo quando esse está sendo observado, podendo resultar dentro de uma

pesquisa na manipulação dos dados pelo sujeito (McCARNEY et al., 2007).

Porém, embora não tenha existido diferença entre as médias antes e após a aplicação do

TENS, houve uma expressiva redução dessas médias a partir do 7º dia de intervenção

perdurando até o 10º dia. Essa redução pode ter ocorrido devido ao melhor acoplamento dos

eletrodos permitindo uma melhor abrangência da emergência da raiz nervosa de C3, uma vez

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que no 6º dia de intervenção foi realizada uma nova tricotomia na região cervical próximo a

protuberância occipital externa.

Associado a esse fato, o sujeito relatou no 6º dia de intervenção que no sábado sentiu

um novo desconforto em região traqueal, referindo uma sensação de caroço na garganta com

aumento da viscosidade e alteração da cor da saliva, estando essa mais esbranquiçada, além

do aumento da salivação associado a uma intensa dor na região traqueal e em cabeça somada

a presença de tosse.

Segundo Bender et al. (2002), a redução da dor pode ser obtida através de técnicas de

distração da dor, que consiste na retirada do foco de atenção do paciente do ponto de dor

direcionando-o para outro estímulo, seja esse estímulo interno ou externo. No caso do sujeito

de pesquisa, esse novo desconforto pode ter permitido a mudança do foco de atenção da dor

do sujeito, uma vez que quando questionado, relatou que esse novo desconforto era mais

intenso que a dor monitorada na pesquisa.

A Morfina e o Diclofenaco Sódico foram os medicamentos utilizados pelo sujeito para o

controle da dor sendo referido o uso de Diclofenaco Sódico para controle da dor relatada em

região toracolombar referente a disfunção ortopédica da coluna.

Conforme descrito anteriormente, a Morfina representa um opióide forte e normalmente

é usada em situações de dores de moderada à severa, principalmente em pacientes

oncológicos, sendo que seus receptores encontram-se distribuídos por todo o organismo e

principalmente na substância cinzenta do corno dorsal da medula e no SNC (OMS, 1996;

OLIVEIRA JR et al., 2002).

Estudos demonstram a existência de três tipos de receptores opióides, denominados Mu

(µ), Delta (δ) e Kappa (κ), que são mediadores dos principais efeitos farmacológicos dos

opóides (DHAWAN et al.,1996). Os opióides são classificados como agonistas, antagonistas,

agonistas parciais e agonistas antagonistas mistos, sendo que cada um deles possui maior

afinidade a um determinado receptor. A Morfina classificada como opióide agonista puro

apresenta maior afinidade pelo receptor µ e menor afinidade pelos receptores δ e κ (RANG et

al., 2001).

Em estudo recente, foi verificado que o uso crônico de Morfina em ratos com

osteossarcoma auxiliou na redução do crescimento de células tumorais e na reabsorção óssea,

porém ainda não se sabe ao certo qual o mecanismo de atuação para a obtenção desses efeitos.

Cogita-se a possibilidade da Morfina atuar inibindo os componentes responsáveis pela

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proliferação das células tumorais, ou ainda através da liberação de sinais pelos receptores µ-

opióides que induzem a apoptose celular, porém muitas questões ainda se encontram sem

respostas (MOUEDDEN & MEERT, 2007).

Seus efeitos colaterais são principalmente a depressão respiratória, obstipação intestinal,

náuseas, vômito, prurido, delirum, sonolência, constrição da pupila, dependência e tolerância,

e seu efeito tem duração de 4 – 5 horas (SILVA et al., 2004).

O Diclofenaco Sódico faz parte do grupo de antiinflamatórios classificados como

antiinflamatórios não esteróides (AINEs), que se apresentam eficazes contra a dor associada a

inflamação ou a lesão tecidual, diminuindo a produção das prostaglandinas que sensibilizam

os nociceptores a mediadores inflamatórios. Sua concentração máxima é atingida de 10 a 30

minutos após sua ingesta e sua meia vida de eliminação ocorre de duas a três horas. Como

efeitos colaterais os AINEs podem apresentar: distúrbios gastrointestinais, lesões cutâneas,

insuficiência renal aguda em pacientes susceptíveis, pode levar ainda com menor incidência a

distúrbio da medula óssea e distúrbio hepático (RANG et al., 2001).

Em relação a ingesta de Morfina, foi verificado que houve uma diminuição de

aproximadamente 46% na sua ingesta quando compara a primeira e a segunda semana de

intervenção. Porém essa diminuição não ocorreu de forma gradativa, havendo um pico de

ingesta no 4º e 5º dia, sendo justificado através do relato do sujeito de intensa dor em região

lombar e na cabeça. Essa dor intensa precedeu o aparecimento do novo sintoma em região de

traquéia, já descrito, levantando-se a hipótese desse novo incômodo vir se instalando desde o

4º e 5º dia, porém sua percepção pelo sujeito só tornou-se consciente após o aparecimento da

sensação de caroço na garganta e das alterações na salivação.

Em contrapartida, no 7º dia de intervenção o sujeito não ingeriu nenhuma dose de

Morfina, o que é justificável pela EVND de intensidade 1 nesse dia, com o sujeito não

necessitando portanto da ingesta de opióide.

Entretanto, quando são comparadas a ingesta de Morfina com a do Diclofenaco Sódico,

houve uma relação inversa na ingesta, sendo observado um aumento de aproximadamente

50% na ingesta de Diclofenaco Sódico quando comparada a primeira e a segunda semana de

intervenção.

Esse fato pode ter ocorrido, uma vez que Rang et al. (2001), descreve que o uso de

AINEs potencializa o efeito analgésico dos opióides podendo reduzir em até 1/3 a necessidade

de sua ingesta. Compartilhando dessa mesma opinião, Mercadante (2001) descreve que os

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AINEs melhoram a analgesia e evitam o aumento da dosagem de opióide, uma vez que a

associação desses dois tipos de medicamentos pode ser realizada, visto que, os AINEs

possuem ação periférica e os opióides apresentam ação central.

Em estudo realizado com o uso de Metadona, opióide agonista puro, associado ao uso

de Diclofenaco em sujeitos com dor oncológica foi verificado que o uso do Diclofenaco

proporcionou uma redução no consumo e na concentração plasmática do Metadona,

resultando em melhor controle da dor e menor ocorrência de efeitos adversos do opióide

(MERCADANTE et al., 1997).

Diferente dos opióides, os AINEs apresentam efeito teto, não sendo, portanto dose-

dependentes, não provocando a tolerância. Dessa forma não é necessário o ajuste de sua

dosagem e seu uso associado aos opióides diminui o risco de desenvolvimento da tolerância

causada pelo uso crônico do opióide. Cabe ressaltar que, somente um pequeno número de

pessoas acabam desenvolvendo reações adversas no uso dos AINEs (STILLMAN &

SCHLESINGER, 1990).

Com relação à tolerância ao opióide, caracterizada como a necessidade de doses cada

vez maiores para a obtenção do efeito analgésico, foi verificada que ela ocorre em todos os

pacientes que fazem uso crônico desse tipo de droga, podendo ser desenvolvida mais

rapidamente em alguns casos de acordo com o opióide utilizado (DELGADO, 2000).

Além da tolerância, o uso crônico de opióides pode resultar ainda no desenvolvimento

da hiperalgesia que se manifesta através de uma resposta nocipectiva exagerada à estimulação

dolorosa (MAO et al., 1995). Porém cabe ressaltar que o sujeito de pesquisa não apresentava

uso crônico de Morfina, uma vez que havia iniciado sua ingesta há aproximadamente um mês.

Quando analisado o padrão de ingesta de Morfina, pôde-se verificar uma variação

intensa justificada pelo seu uso quando necessário, ou seja, na presença de dor, relatada pelo

sujeito. Esse padrão de ingesta é resultante tanto da maneira como os opióides são prescritos

pelos médicos assim como pelo próprio medo que os pacientes apresentam de desenvolver

tolerância e dependência, sendo esses dois últimos também referidos pelo sujeito.

A maneira mais adequada de prescrição de opióides descrita pela literatura é através do

estabelecimento de intervalos fixos de ingesta, para que não ocorram flutuações nas

concentrações plasmáticas da droga, resultando em momentos de dor severa intercalados por

momentos de analgesia completa observada pelo uso apenas na presença de dor. A prescrição

de ingesta apenas na presença de dor pode ser resultante do déficit na formação acadêmica

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dos médicos em relação aos opióides. Porém, muitas vezes a prescrição por parte dos médicos

ocorre através de intervalos fixos, entretanto, os pacientes apresentam medo intenso do

desenvolvimento de tolerância e dependência usando o opióide apenas na presença de dor

(DAUDT et al., 1998).

Sendo assim, quando confrontada a literatura pesquisada em relação a associação do uso

de opióides e AINEs, pode-se verificar que essa associação traz benefícios ao paciente, uma

vez que além de promover a analgesia, pode ainda prolongar o tempo de desenvolvimento à

tolerância ao opióide, sendo necessários ajustes esporádicos de sua dosagem. A melhor

analgesia e a diminuição da dosagem de Morfina visualizada nesse estudo pode ser também

conseqüência não apenas do uso associado de Morfina e Diclofenaco Sódico, mas, também da

associação dessas duas drogas com a aplicação do TENS de baixa freqüência.

Em estudos analisados, foi verificado que o TENS apresenta seu efeito analgésico por

meio de sua ação sobre alguns receptores específicos, sendo que o TENS de alta freqüência

atua sobre o receptor δ e o TENS de baixa freqüência sobre o receptor µ, ou seja, o mesmo

receptor da Morfina. Dessa forma, foi verificado em diferentes estudos realizados em ratos

tolerantes a Morfina submetidos a aplicação do TENS de alta e de baixa freqüência, que o

melhor efeito analgésico e de redução da hiperalgesia foi verificado na aplicação do TENS de

alta freqüência, uma vez que esse não compete com o receptor da Morfina (SLUKA et al.,

2000; RESENDE et al., 2006).

Em contrapartida, Hamza et al.(1999) analisou a aplicação do TENS de alta freqüência,

TENS de baixa freqüência e TENS com freqüência alternada (alta e baixa freqüência) em

pacientes no pós-operatório imediato de cirurgia abdominal baixa que faziam uso de PCA

(analgesia controlada pelo paciente) por meio de Morfina e se necessário o uso de Morfina

extra-PCA. Foi verificado que os pacientes que receberam o TENS alternado apresentaram

melhor analgesia, diminuição da quantidade de Morfina através do PCA e menor dosagem de

Morfina extra-PCA, além da redução da vertigem, efeito colateral da Morfina. Somou-se o

fato positivo de que todos os pacientes que receberam a aplicação do TENS apresentaram

diminuição dos efeitos colaterais da Morfina como: náusea, prurido e tontura.

Já Chandran & Sluka (2003), verificaram em estudo realizado com ratos tolerantes a

Morfina que apresentavam inflamação do joelho e receberam a aplicação de TENS de alta e

de baixa freqüência, desenvolveram tolerância ao TENS, uma vez que seu uso repetido, assim

como, o uso repetido de opióide, provocou o aumento da ativação de receptores de CCK-8

(octopeptídeo colecistoquinina), um neuropeptídeo liberado no sistema nervoso central, que é

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um antagonista opióide endógeno, que pode levar a reversão do efeito analgésico do TENS ou

ainda de drogas opióides.

Em nosso estudo foi verificado que o sujeito apresentou uma redução da dor e da

dosagem de Morfina com a aplicação do TENS de baixa freqüência o que se opõe aos estudos

realizados por Sluka et al. (2000) e Resende et al. (2006), entretanto diferente da amostra

utilizada em ambos os estudos, nosso sujeito de pesquisa não apresentava tolerância a

Morfina, o que pode ter minimizado a concorrência da Morfina e do TENS pelo receptor µ.

Também foi verificado no estudo que a analgesia e a redução da dosagem de Morfina

ocorreu de forma mais expressiva na segunda semana de intervenção, principalmente a partir

do 7º dia, esse fato se contrapõe ao relatado por Chandran & Sluka (2003), uma vez que de

acordo com esse estudo o sujeito de pesquisa deveria apresentar uma diminuição da dor e da

dosagem de Morfina mais expressiva nos primeiros dias de intervenção, sendo esse efeito

reduzido ao longo da aplicação do TENS, fato justificado pelos autores citados, por meio do

desenvolvimento de tolerância ao TENS através da ativação de receptores de CCK-8. Esse

fato pode não ter ocorrido em nosso estudo pelo melhor acoplamento do eletrodo na segunda

semana, já discutido anteriormente, talvez não sendo possível em apenas cinco dias

proporcionar a tolerância ao TENS.

De acordo com os estudos supracitados, a Morfina e o TENS de baixa freqüência

utilizam o mesmo receptor (µ), competindo entre si, favorecendo, portanto, o

desenvolvimento de forma mais acelerada da tolerância a opióides endógenos e exógenos,

entretanto foi verificado a existência de um subtipo do receptor µ-opióide, o µ3, que está

localizado em células nervosas, vasculares e imunes, e que reconhece somente a Morfina e

não os peptídeos opióides endógenos (GLATTARD et al., 2006), portanto a Morfina possuiria

seu próprio receptor µ3, que não competiria com o receptor do TENS de baixa freqüência.

Esse fato foi confirmado por Cheng et al. (2007) que realizou um estudo com moluscos

M. edullis nos quais eram aplicados o TENS de baixa freqüência e TENS de freqüência

alternada, sendo verificado que quando ocorre a ligação dos opióides endógenos e exógenos

em seus respectivos receptores, há a liberação do gás óxido nítrico que funciona como uma

molécula sinalizadora e também apresenta propriedades neurotransmissoras. Dessa maneira

na tentativa de demonstrar a existência do receptor µ3, os pesquisadores aplicaram Naloxone

(bloqueador seletivo de receptor opióide) nos moluscos e em seguida realizaram o protocolo

do TENS, sendo esperada a não liberação de óxido nítrico. Porém, houve liberação desse gás,

levantando-se a hipótese da liberação endógena de Morfina por células imunes. Sendo que,

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essa Morfina endógena se ligou ao receptor µ3 liberando assim o óxido nítrico. Uma vez que,

o Naloxone havia bloqueado os receptores opióides responssivos ao TENS não sendo possível

à liberação do óxido nítrico por parte desses receptores, justificando a hipótese da liberação da

Morfina endógena e a existência de um receptor específico (µ3).

Dessa forma o efeito analgésico da Morfina exógena poderia ser potencializado pela

aplicação do TENS, uma vez que ambos se ligam a receptores distintos.

Entretanto, considerando os achados de Chandran & Sluka (2003), ainda assim, o uso

crônico do TENS de baixa freqüência proporcionaria o desenvolvimento da tolerância ao

TENS através da ativação dos receptores de CCK-8. Porém, esse fato poderia não ocorrer se

ao invés do uso unicamente do TENS de baixa freqüência fosse utilizado o TENS com

freqüência alternada conforme descrito por Hamza et al. (1999), resultando talvez num

aumento do tempo necessário ao desenvolvimento da tolerância ao TENS.

O TENS através de sua ação analgésica pode contribuir com uma melhora da qualidade

de vida dos pacientes oncológicos, uma vez que quando se fala em qualidade de vida, essa

engloba o indivíduo como um todo (sua saúde e bem estar), e sua relação com o meio

ambiente e com a sociedade.

Na análise dos resultados obtidos referentes ao questionário SF-36 foi visualizado em

relação aos domínios piora, manutenção e melhora de alguns deles. Uma vez que a proposta

desse estudo consistia de uma intervenção unicamente no controle da dor, sendo objetivado a

visualização da co-relação entre a dor e a qualidade de vida.

Considerando que o ser humano é caracterizado como um ser biopsicossocial, ou seja,

que o indivíduo é resultante da inter-relação dos fatores biológicos, psicológicos e sociais,

sendo indissociável a mente do corpo físico. Dessa forma seria superestimar que a abordagem

focal e objetiva no controle da dor traria grande melhora na qualidade de vida do sujeito, uma

vez que o indivíduo se faz tão complexo e susceptível, sendo necessário uma abordagem que

corresponda a sua complexibilidade, ou seja, uma abordagem interdisciplinar envolvendo

corpo, mente e espírito. Somente dessa forma obteríamos uma real melhora da qualidade de

vida do indivíduo.

Assim, é aceitável que em domínios como: capacidade funcional, aspectos físicos,

estado geral de saúde e vitalidade tenha ocorrido a manutenção ou mesmo uma pequena

melhora, uma vez que esses domínios estão relacionados a abordagem física do indivíduo

através de exercícios que buscam a melhora do condicionamento cardiovascular, a

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funcionalidade do indivíduo, consciência corporal, entre outros. Porém esses aspectos não

foram trabalhados no estudo uma vez que não faziam parte dos objetivos propostos.

Com relação aos domínios aspectos sociais, saúde mental e aspecto emocional pode ser

visualizado uma pequena melhora nos dois primeiros citados e uma melhora considerável em

relação ao aspecto emocional.

Esse fato pode ser justificado uma vez que, no contexto social, o sujeito apresentou-se

viúva, morando em sua casa juntamente com dois filhos, uma nora e um neto recém-nascido,

fruto do relacionamento de seu filho mais jovem com uma adolescente. Seu outro filho

segundo relato, era alcoólatra proporcionando ao sujeito um grande desgaste físico e

emocional nos momentos em que se encontrava alcoolizado, uma vez que freqüentemente

urinava em lugares impróprios e muitas vezes provocava desentendimentos com o sujeito e os

moradores da casa ocorrendo até mesmo luta corporal no ambiente familiar.

O sujeito tinha ainda outras duas filhas que embora perante os pesquisadores se

mostrassem dedicadas e solidárias a sua condição de saúde, foi relatado pelo sujeito que

ambas não prestavam a atenção desejada por esse.

Somado a esse fato, o bairro em que o sujeito residia estava repleto de usuários e

traficantes de entorpecentes, sendo sua rua conhecida na cidade como o principal ponto de

tráfico, sendo relatado pelo sujeito que nem mesmo a polícia entrava na rua após um certo

horário, geralmente no entardecer. Entretanto o sujeito referiu que em vários momentos que

necessitou de medicamento durante a madrugada, foram os próprios traficantes que

compraram e lhe deram o medicamento.

Em relação à condição econômica do sujeito, essa relatou receber uma pequena

aposentadoria que era complementada pela venda de doces, salgados e cigarro em sua própria

casa, sendo diversas vezes realizada troca de produtos, como mantimento em troca de cigarro,

sendo que os filhos a ajudavam com as despesas da casa.

Com relação a manutenção de sua saúde, como consultas e exames, o sujeito recebia

atendimento público, o que demandava longas esperas na obtenção de consultas e exames,

necessitando as vezes de empréstimos bancários para a realização de exames particulares que

considerava importantes e não poderiam ser esperados pelo sistema público de saúde.

Sendo assim, a condição social do sujeito, limitava sua qualidade de vida, não sendo

apenas a dor um fator desencadeador de uma baixa qualidade.

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Em relação ao aspecto emocional do sujeito houve uma expressiva melhora quando

comparada ao início da intervenção, essa melhora pode ter ocorrido uma vez que a

intervenção foi realizada por duas pesquisadoras que permaneciam na casa do sujeito durante

aproximadamente uma hora, duas vezes ao dia, sendo desenvolvido nesse período um vínculo

entre as pesquisadoras e o sujeito.

Por meio desse vínculo, o sujeito demonstrou confiar nas pesquisadoras relatando fatos

de sua vida. Esses momentos de diálogo, com freqüentes desabafos do sujeito, podem ter

contribuído com uma melhora nos aspectos emocionais, uma vez que o sujeito pôde dividir

suas angústias com as pesquisadoras, tendo a certeza que essas tinham como objetivo a

melhora de sua condição.

Na avaliação do domínio dor, embora pela EVND tenha sido observada grande redução

da intensidade da dor, na avaliação pelo questionário SF-36, esse domínio se manteve

inalterado do início ao fim do tratamento. Isso mostra mais uma vez que a dor sozinha não foi

um fator determinante na qualidade de vida desse sujeito, uma vez que outros fatores se

mostravam mais importantes na interferência com a qualidade de vida.

O próprio câncer e sua progressão são fatores que podem culminar em enfrentamentos

contínuos do sujeito consigo mesmo, resultando em alterações do humor, desânimo e fadiga.

Uma vez que, durante o período de intervenção o sujeito estava passando por consultas

médicas freqüentes com o oncologista, onde havia a possibilidade da realização de

quimioterapia paliativa. Porém, a junta médica optou pela não realização da quimioterapia

devido às condições gerais de saúde do sujeito, e pela baixa responssividade ao tratamento,

podendo expor o sujeito a um tratamento agressivo sem que fosse necessariamente eficaz,

resultando em sofrimento e redução intensa da qualidade de vida, sem a certeza de um bom

prognóstico.

Dessa maneira, o sujeito percebeu que sua terapêutica deixou de ser curativa e passou a

ser paliativa, buscando apenas o controle da dor. Esse fato pode ter sido decisivo no

estabelecimento de uma piora intensa da qualidade de vida principalmente pelo fato do sujeito

ter passado por todo esse processo sem ter apoio psicológico ou ainda familiar.

Outro fato que deve ser salientado em relação aos resultados encontrados pelo

questionário SF-36 foi a dificuldade de entendimento quanto às perguntas que fazem parte do

protocolo por parte do sujeito, verificada pelas pesquisadoras durante a aplicação do

protocolo. Essa dificuldade pode ser conseqüência da baixa escolaridade do sujeito, sendo

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esse protocolo, portanto considerado pouco eficiente para indivíduos que apresentam uma

baixa escolaridade.

Sendo assim, pode-se perceber que a qualidade de vida do sujeito se manteve quase que

inalterada do início ao fim do protocolo, demonstrando, uma forte necessidade de uma

intervenção mais abrangente, que envolva desde assistente social, médicos, psicólogos,

fisioterapeutas que unidos possam entender quais são as necessidades desse sujeito e busquem

a melhor forma de proporcionar a ele uma boa qualidade de vida, assim como a muitos

indivíduos que se encontram em situação semelhante e que sofrem em seus domicílios sem

auxílio.

Após o término do estudo, o sujeito foi encaminhado para atendimento fisioterapêutico

na Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade São Francisco, já que existia um grupo

formado por pacientes oncológicos no qual o objetivo fisioterapêutico era proporcionar uma

melhor qualidade de vida aos pacientes através de exercícios físicos para melhora da

funcionalidade, relaxamento além de proporcionar a interação social, e momentos de

descontração e compartilhamento de experiências. Porém, o sujeito embora de início tenha se

mostrado interessado, não compareceu aos atendimentos agendados, estando hoje recebendo

apenas acompanhamento médico oncológico para controle da dor estando com prescrição

médica de um comprimido de Sulfato de Morfina de 30 mg a cada 12 horas.

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7. CONCLUSÃO

Através do presente estudo, pode-se concluir que o uso do TENS de baixa freqüência

proporcionou diminuição expressiva da intensidade da dor, assim como uma intensa

diminuição na dosagem de ingesta de droga opióide, porém com aumento na ingesta de

analgésico não opióide.

Em relação à melhora da qualidade de vida houve uma mínima influencia do uso do

TENS de baixa freqüência, levando-nos a crer que a dor não é o aspecto determinante da

qualidade de vida nesse caso, e sim a somatória dos aspectos biopsicossociais.

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8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Futuramente um novo estudo pode ser realizado com um maior número de voluntários e

melhor controle das variáveis, que compare diferentes freqüências do TENS (alta freqüência,

baixa freqüência e freqüência alternada) em pacientes que apresentem o uso crônico de droga

opióide, e que assim tenham desenvolvido tolerância à Morfina.

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9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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10. ANEXOS

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ANEXO 1

TERMO DE CONSENTIMENTO CÔMITE DE ÉTICA EM PESQUISA – CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA

SAÚDE

ESTUDO DE CASO: USO DO TENS DE BAIXA FREQÜÊNCIA EM

PACIENTE COM DOR ONCOLÓGICA EM USO DE DROGAS

OPIÓIDES

Responsáveis:Profª Ms. Katiuscia Rosette Scasni Josie Cristina Tristão Vanessa Cristina da Silva

Esse documento foi impresso em duas vias, sendo que ambas devem ser assinadas pelo voluntário e pelas responsáveis, ficando cada um com uma via. O abaixo-assinado declara que é de livre e espontânea vontade que está participando como voluntário do projeto de pesquisa supra-citado, de responsabilidade do pesquisador. O abaixo-assinado está ciente que: I - O objetivo da pesquisa é verificar a efetividade do TENS de baixa freqüência no controle da dor oncológica em sujeitos em uso de drogas opióides que apresente dor oncológica persistente. II - Durante o estudo, será realizado o preenchimento do questionário de qualidade

de vida SF-36 (no primeiro, no quinto e no último dia) e da escala visual numérica de

dor (diariamente antes e após a aplicação do TENS) seguida da aplicação do TENS

de baixa freqüência através de dois eletrodos posicionados na raiz nervosa referente

à localização do tumor primário e dois eletrodos na região de dor, ou na região da

metástase de maior dor e em sua raiz nervosa.

III - O estudo terá duração de duas semanas consecutivas, com exceção dos sábados, domingos e feriados, e serão realizadas duas intervenções diárias de 30 minutos com intervalo de 5 horas entre elas. IV - A participação neste estudo não poderá lhe acarretar nenhum malefício terapêutico. V - Obteve todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre a participação do referido ensaio clínico. VI - Está livre para interromper a participação no ensaio clínico a qualquer momento.

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VII - A interrupção não causará prejuízo ao seu atendimento, cuidado e tratamento pela equipe do HUSF. VIII – Autorizo o contato telefônico após a primeira falta durante o estudo. IX - Os resultados obtidos durante este ensaio serão mantidos em sigilo, e o HUSF não identificará o voluntário por ocasião da exposição e/ou publicação dos mesmos. X - Poderá contactar o Comitê de Ética em Pesquisa para apresentar recursos ou reclamações em relação ao ensaio clínico (fone 11 - 4034-8028). XI - É condição indispensável para participação no ensaio clínico que esteja em uso de droga analgésica opióide e que tenha persistência da dor. XII - Poderá contactar os responsáveis pelo estudo, sempre que necessário pelo telefone (11) 4034-3133 / 4034-2850 ambos ramal 35, (11) 9755-4822, ou ainda (19) 9261-8635. Bragança Paulista, de de 2007. Voluntário:___________________________________________________________ Idade:______________________RG nº:___________________________________ Endereço:___________________________________________________________ Fone:___________________________Fone recado:_________________________ Profª Ms. Katiuscia Rosette Scasni _________________________________ Josie Cristina Tristão Vanessa Cristina da Silva _________________________________ _______________________________

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ANEXO 2

FICHA DE AVALIAÇÃO Pesquisa nº:________ IDADE: SEXO: ETNIA: Tumor Primário: Estadiamento – Ano: ( ) T: N: M: Metástase: M0 ( ) M1 ( ) Localização:

Localização da Dor:

Localização da dor categorizada: ( ) MMII ( ) MMSS ( ) Tronco Ant. ( ) Cabeça e Pescoço ( ) MI ___ ( ) MS___ ( ) Tronco Post. ( ) Pescoço Opiáceo: Dosagem: Tempo Início: Outros Medicamentos: Dosagem: Após 10º dia de intervenção: Opiáceo: Dosagem: Outros Medicamentos: Dosagem: Quimioterápico: 1ª Linha ( ) 2ª Linha( ) 3ª Linha ( ) Outros ( ) Via de Administração: Dosagem: Freqüência: Data de Início: Final Previsto: Efeito colateral ao quimioterápico:

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Náusea: ( ) Sim ( ) Não Após 10º dia de intervenção: Com relação ao primeiro dia de atendimento, como considera a nâusea hoje: ( ) muito melhor ( )moderadamente melhor ( ) pouco melhor ( ) sem melhoras ( ) pior Uso de hormonioterapia ( ) Sim ( ) Não Qual? Dosagem: Data de Início: Final Previsto: Cirurgia para ressecção do tumor primário ( ) Sim ( ) Não Tempo: Ressecção Total ( ) Ressecção Parcial ( ) Quimioterapia prévia: ( ) Sim ( ) Não Radioterapia prévia: ( ) Sim ( ) Não Observação:____________________________________________________________ ______________________________________________________________________

TENS DE BAIXA FREQÜÊNCIA

Localização do eletrodo Tumor Primário: Raiz nervosa: Região dermátomo do tumor primário:

DATA SESSÃO EVND inicial

EVND final SF36 DOR INT.(mA)

1ª 2ª

3ª 4ª

5ª 6ª

7ª 8ª

9ª 10ª

11ª 12ª

13ª 14ª

15ª 16ª

17ª 18ª

19ª 20ª

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Local de metástase de maior importância da dor: Raiz nervosa: Região dermátomo do tumor primário: ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- Pesquisa nº:______ Nome:_________________________________________________________________ Endereço:______________________________________________________________ Telefone:__________________________________Data de Nasc:____/_____/______

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ANEXO 3

ESCALA VISUAL NUMÉRICA DE DOR:

O sujeito foi orientado a classificar a intensidade de sua dor de 0 a 10 sendo que, 0 é a

ausência de dor e 10 a dor máxima sentida.