estudo de caso - fibrilhação auricular

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  ESTUDO DE CASO: FIBRILHAÇÃO AURICULAR REALIZADO POR: Ângela Faria a27395 Patrícia Castanheira a27418 Sandra Ribeiro a27419 Póvoa de Varzim, Janeiro de 2015 Licenciatura de Enfermagem - 4º Ano Centro Hospital da Póvoa de Varzim e Vila do Conde

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A fibrilhação auricular é um distúrbio da frequência e do ritmo do coraçãocaraterizada pela contração rápida e descoordenada das aurículas e dos ventrículos, poralteração do funcionamento do sistema de condução elétrica do coração.

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  • ESTUDO DE

    CASO:

    FIBRILHAO

    AURICULAR

    REALIZADO POR:

    ngela Faria a27395

    Patrcia Castanheira a27418

    Sandra Ribeiro a27419

    Pvoa de Varzim, Janeiro de 2015

    Licenciatura de Enfermagem - 4 Ano

    Centro Hospital da Pvoa de Varzim e Vila do Conde

  • ESTUDO DE CASO:

    FIBRILHAO

    AURICULAR

    Pvoa de Varzim, Janeiro de 2015

    Ensino Clnico IV

    Cuidados de Sade Diferenciados

    Orientador:

    Professor Andr Novo

    Enfermeiros:

    Alice Costa

    Joana Correia

    Snia Torro

    Trabalho elaborado pelas

    discentes:

    ngela Faria a27395

    Patrcia Castanheira a27418

    Sandra Ribeiro a27419

  • Estudo de Caso: Fibrilhao Auricular

    Ensino Clnico IV: Cuidados de Sade Diferenciados Pgina 1

    ndice

    1. Introduo ............................................................................................................. 4

    2. Fundamentao Terica......................................................................................... 5

    2.1. Fibrilhao Auricular ...................................................................................... 5

    2.1.1. Classificao................................................................................................ 6

    2.1.2. Epidemiologia ............................................................................................. 6

    2.1.3. Fatores de Risco .......................................................................................... 7

    2.1.4. Manifestaes Clnicas ................................................................................ 7

    2.1.5. Riscos da Fibrilhao Auricular ................................................................... 8

    2.1.6. Diagnstico ................................................................................................. 8

    2.1.6.1 Exames Complementares de Diagnstico ............................................... 9

    2.1.7. Tratamento ................................................................................................ 10

    2.1.8. Prognstico ................................................................................................ 10

    3. Estudo de Caso do doente com Fibrilhao Auricular .......................................... 11

    4. Intervenes de Enfermagem em doentes com Fibrilhao Auricular .................. 12

    5. Concluso ........................................................................................................... 14

    6. Referncias Bibliogrficas ................................................................................... 15

    7. Anexos ................................................................................................................ 17

  • Estudo de Caso: Fibrilhao Auricular

    Ensino Clnico IV: Cuidados de Sade Diferenciados Pgina 2

    ndice de Figuras

    Figura 1 Comparao dos Impulsos eltricos ............................................................. 5

    Figura 2 Tira de ritmo: Fibrilhao Auricular ............................................................ 8

    Figura 3 Ablao por Cateter................................................................................... 10

    Figura 4 Cardioverso Eltrica ................................................................................ 10

  • Estudo de Caso: Fibrilhao Auricular

    Ensino Clnico IV: Cuidados de Sade Diferenciados Pgina 3

    Lista de Abreviaturas

    AIT - Acidente Isqumico Transitrio

    AVC Acidente vascular cerebral

    CHPVVC Centro Hospitalar da Pvoa de Varzim e Vila do Conde

    DM Diabetes Mellitus

    Dx Glicose sangunea

    EAM Enfarte Agudo do Miocrdio

    ECG - Eletrocardiograma

    FA Fibrilhao Auricular

    FC Frequncia cardaca

    HTA Hipertenso Arterial

    P Pulso

    SatO2 Saturaes de oxignio

    SU Servio de Urgncias

  • Estudo de Caso: Fibrilhao Auricular

    Ensino Clnico IV: Cuidados de Sade Diferenciados Pgina 4

    1. Introduo

    Este trabalho foi realizado no mbito do Ensino Clnico IV, Cuidados de Sade

    Diferenciados, a decorrer no Servio de Urgncias do Centro Hospitalar da Pvoa de

    Varzim e Vila de Conde (CHPVVC) sob a orientao do Professor Andr Novo e das

    Enfermeiras Alice Costa, Joana Correia e Snia Torro.

    Ser abordado o estudo de caso de um paciente de sexo masculino, de 64 anos de

    idade, com diagnstico mdico de Fibrilhao Auricular (FA).

    A Fibrilhao auricular (FA) a arritmia mais prevalente na prtica clinica, afetando

    cerca de 1% da populao; a partir dos 50 anos a sua incidncia duplica em cada

    dcada, afetando cerca de 5% da populao com mais de 65 anos. A importncia da FA

    resulta, por outro lado, da significativa morbilidade e mortalidade cardiovascular e

    cerebrovascular.

    A metodologia de trabalho utilizada foi a pesquisa bibliogrfica de livros e

    artigos cientficos, consulta do processo clnico, dos registos hospitalares e observao

    direta da doente.

    O trabalho encontra-se dividido em 3 partes:

    Fundamentao terica do caso clnico;

    Estudo de caso com apresentao e histria clnica da doente, diagnsticos e

    intervenes de enfermagem e avaliao das intervenes.

    Concluso onde ser feita uma anlise geral do estudo de caso e das

    dificuldades mais evidentes para a realizao do mesmo.

  • Estudo de Caso: Fibrilhao Auricular

    Ensino Clnico IV: Cuidados de Sade Diferenciados Pgina 5

    2. Fundamentao Terica

    2.1. Fibrilhao Auricular

    A fibrilhao auricular um distrbio da frequncia e do ritmo do corao

    caraterizada pela contrao rpida e descoordenada das aurculas e dos ventrculos, por

    alterao do funcionamento do sistema de conduo eltrica do corao.

    Os impulsos eltricos desencadeados nas

    aurculas so transmitidos de um modo irregular

    aos ventrculos, levando as cavidades do corao

    a contrarem-se de forma acelerada e irregular.

    Os ventrculos, responsveis pela ejeo de

    sangue para as artrias, podem no conseguir

    suprir as necessidades de sangue ao organismo,

    podendo gerar-se a descompensao do

    funcionamento de alguns rgos importantes. A

    frequncia cardaca encontra-se normalmente

    entre os 60 e os 100 batimentos por minuto,

    enquanto na fibrilhao auricular pode atingir

    valores entre os 100 e os 175 batimentos por

    minuto.

    A causa da FA no ainda totalmente

    compreendida, mas desenvolve-se muitas vezes

    em doentes com doenas cardacas comuns como

    elevao da presso arterial, doena coronria, doena das vlvulas cardacas. Pode

    associar-se a alteraes do funcionamento da glndula tiride, ingesto exagerada de

    lcool e infees pulmonares. Em muitas pessoas com FA no se encontra uma causa,

    sendo designada por FA isolada.

    Figura 1 Comparao dos Impulsos eltricos

  • Estudo de Caso: Fibrilhao Auricular

    Ensino Clnico IV: Cuidados de Sade Diferenciados Pgina 6

    2.1.1. Classificao

    De modo a facilitar a comunicao entre os clnicos e a apresentao de

    resultados, em 2003 foi proposto um novo esquema para classificar os diferentes tipos

    de FA. Esta pode ser classificada em:

    Fibrilhao Auricular Paroxstica - define-se como recorrente com

    uma periodicidade de dois ou mais episdios em sete dias, convertendo-se

    espontaneamente;

    Fibrilhao Auricular detetada pela primeira vez - no tem

    patologia subjacente, pois desconhece-se a existncia de episdios prvios;

    Fibrilhao Auricular Persistente - dura mais de sete dias ou menos,

    mas necessita de teraputica farmacolgica ou cardioverso eltrica;

    Fibrilhao Auricular Permanente - define-se como a arritmia que

    dura h mais de um ano, no respondendo s tentativas teraputicas farmacolgicas e de

    cardioverso, que permitiriam restaurar o ritmo sinusal no paciente.

    Etiologicamente, esta arritmia tambm pode ser dividida em:

    Fibrilhao Auricular primria, ou seja, na ausncia de doena

    orgnica subjacente;

    Fibrilhao Auricular secundria, sendo a cardiopatia hipertensiva,

    doena das coronrias, valvulopatia reumatismal ou hipertiroidismo as causas mais

    comuns.

    2.1.2. Epidemiologia

    Num estudo realizado na Esccia nos anos 70 pode-se concluir que a FA tem uma

    incidncia entre os 0,9 por 1000 pessoas/ano, relativamente ao sexo masculino, e 0,25

    por 1000 pessoas/ano em relao ao sexo feminino. Em indivduos com idades entre os

    45 e os 64 anos estima-se que a FA atinge aproximadamente 9,9 por cada 1000

    pessoas/ano, segundo um estudo realizado em Roterdo. (Daniel Bonhorst, 2010)

    Em Portugal a prevalncia de FA no est claramente definida. Num estudo realizado

    entre Junho e Novembro de 2003, no mbito da Rede Mdicos-Sentinela, a prevalncia

    de FA foi globalmente de 0,53% numa populao de 32.185 utentes dos Centros de

    Sade includos. Esta prevalncia, mais baixa que a descrita na literatura, aumentava

    progressivamente com a idade: 0,02%. (Coordenao Nacional para as Doenas

    Cardiovasculares, 2009).

  • Estudo de Caso: Fibrilhao Auricular

    Ensino Clnico IV: Cuidados de Sade Diferenciados Pgina 7

    2.1.3. Fatores de Risco

    A FA est comummente associada a outras comorbilidades cardiovasculares,

    nomeadamente hipertenso arterial (HTA), diabetes mellitus (DM), doena cardaca

    valvular, cardiomiopatia dilatada ou hipertrfica ou doena vascular perifrica. Outros

    fatores podem tambm contribuir para o aparecimento da FA, nomeadamente

    tireotoxicose, sndrome de hipopneia, obesidade ou etanol. Alguns doentes podem

    tambm apresentar alguma suscetibilidade gentica para esta arritmia (Alison Reis,

    2014).

    No entanto, a maioria dos estudos revela que a idade um dos maiores fatores

    para se adquirir a FA, dado que por cada dcada de idade a prevalncia e a incidncia da

    FA duplica. O envelhecimento est associado a muitas alteraes cardacas incluindo

    perda gradual de fibras nodais, fibrose e acumulo de tecido adiposo no n sinusal,

    diminuio da distensibilidade ventricular. Tudo isto predispe ao desenvolvimento de

    FA.

    2.1.4. Manifestaes Clnicas

    Os sintomas da fibrilhao auricular dependem da frequncia com que se

    contraem os ventrculos. Se esta for pouco rpida (menos de 120 batimentos por

    minuto), por norma no se produziro sintomas, enquanto frequncias mais elevadas

    provocam palpitaes ou dor no peito.

    A FA provoca irregularidade do ritmo ventricular e compromete e enchimento

    ventricular, que normalmente ocorre com as contraes auriculares sncronas (estmulo

    auricular) diminuindo, assim, o dbito cardaco. As alteraes hemodinmicas podem

    produzir: (1) dispneia paroxstica que pode levar a insuficincia cardaca, (2) angina, (3)

    fadiga, (4) tonturas ou (5) sncope. A sncope uma manifestao incomum, que pode

    surgir em pessoas com disfuno do n sinusal, frequncias ventriculares rpidas em

    doentes com cardiomiopatia hipertrfica e estenose artica valvular.

    Em contexto de urgncia, a principal sintomatologia resume-se a dor no peito,

    dispneia e palpitaes.

    Na fibrilhao auricular, as aurculas no bombeiam o sangue por completo para

    ventrculos, pelo que o sangue estagnado no seu interior pode imobilizar-se e coagular.

    Os trombos formados podem mobilizar-se para o interior do ventrculo, penetrar na

    circulao geral e chegar a uma artria mais pequena e obstru-la (embolia).

  • Estudo de Caso: Fibrilhao Auricular

    Ensino Clnico IV: Cuidados de Sade Diferenciados Pgina 8

    A gravidade dos sintomas, a instabilidade hemodinmica e o risco de embolia vo

    orientar as formas de tratamento.

    Algumas pessoas com FA no referem sintomas sendo a situao descoberta numa

    consulta mdica de rotina, (Aliana Arritmica, 2007).

    2.1.5. Riscos da Fibrilhao Auricular

    O risco principal associado FA a possibilidade de ocorrncia de um acidente

    vascular cerebral (AVC). Isto ocorre porque a aurcula est a fibrilhar no se contraindo

    de forma coordenada. Como resultado, o sangue fica estagnado na aurcula no

    circulando pelo corao de forma fluida. Daqui resulta que as clulas sanguneas se

    agreguem umas s outras formando um cogulo, o qual se pode deslocar at ao crebro,

    resultando um AVC (uma embolia).

    2.1.6. Diagnstico

    O diagnstico da FA baseado na clnica e exame fsico e confirmado com um

    eletrocardiograma (ECG).

    A primeira avaliao de um

    doente com fibrilhao auricular

    suspeita ou provada inclui a

    caracterizao do padro de

    arritmia, determinao da causa e

    investigao de fatores cardacos

    ou extra-cardacos associados (Fuster, Rydn, et. Al, 2006).

    A histria clinica deve definir a presena ou no e natureza dos sintomas, o tipo

    clnico de FA, a data do primeiro episdio sintomtico, a frequncia, durao, fatores

    precipitantes e modos de trmino dos episdios, a resposta a qualquer frmaco que

    tenha sido administrado, a presena de doena cardaca ou outras condies reversveis

    (anexo 1).

    O exame fsico pode revelar um pulso irregular, pulsaes jugulares irregulares,

    variao da audibilidade do primeiro som cardaco.

    A suspeita clinica de um paciente com FA requer o pedido de um

    eletrocardiograma (ECG). Para diagnstico necessrio o registo, em pelo menos uma

    derivao, durante a disritmia. Se os episdios so frequentes a monitorizao por

    Holter pode ser utilizada.

    Figura 2 Tira de ritmo: Fibrilhao Auricular

  • Estudo de Caso: Fibrilhao Auricular

    Ensino Clnico IV: Cuidados de Sade Diferenciados Pgina 9

    2.1.6.1 Exames Complementares de Diagnstico

    Eletrocardiograma - Qualquer suspeita de FA requer um pedido de

    eletrocardiograma. Para o diagnstico necessrio o registo eletrocardiogrfico em

    pelo menos uma derivao durante a disritmia. Se os episdios forem frequentes, a

    monitorizao por Holter 24 horas pode ser a utilizada. Se forem raros deve ser

    usado um gravador de ECG porttil, que grava os episdios de disritmia.

    Raio x - Radiografia ao trax pstero-anterior tambm pode ser requerida para

    determinao de um possvel aumento da cavidade cardaca, cardiomegalia e

    insuficincia cardaca, deteo de patologia pulmonar intrnseca e avaliao da

    vascularizao pulmonar.

    Ecocardiografia Transtorcica - A Ecocardiografia transtorcica bidimensional

    essencial para determinar as dimenses de ambas as cavidades esquerdas, espessura

    da parede ventricular esquerda, e funo, bem como na excluso de doena valvular

    pericrdica e miocardiopatia hipertrfica. Podem ainda ser visveis trombos na

    aurcula esquerda.

    Exame analtico sanguneo - As anlises clnicas de rotina atentam funo

    tiroideia, nveis eletrolticos e hemograma.

    Holter de Stress - Podem ainda ser pedidos outros exames particulares como

    Holter de Stress, onde melhor avaliado o controlo da frequncia do que num ECG

    em repouso.

    Provas de Esforo - Devem ser feitas se houver suspeita de isquemia miocrdica

    ou se teraputica antiarrtmica estiver a ser utilizada.

    Ecocardiograma Transesofgico - Este tipo de exame a informao acerca da

    estrutura e funo cardaca mais objetiva. o exame mais especfico no que diz

    respeito a deteo de mecanismos potenciais de embolia cardiognica e usado na

    FA para estratificao de doentes no que diz respeito ao risco tromboemblico e

    como guia de avaliao antes de cardioverso.

  • Estudo de Caso: Fibrilhao Auricular

    Ensino Clnico IV: Cuidados de Sade Diferenciados Pgina 10

    2.1.7. Tratamento

    No tratamento de um doente com FA crucial a remoo dos fatores precipitantes,

    quer cardiovasculares, como o controlo de uma hipertenso arterial ou o tratamento de

    uma valvulopatia mitral.

    O seu tratamento pode ser dividido de duas formas: tratamento farmacolgico ou no

    farmacolgico. Na primeira inclui-se o uso de antiarrtmicos, de frmacos, que

    deprimem a conduo aurculo-ventricular e de anticoagulantes.

    No tratamento no farmacolgico incluem-se a cardioverso eltrica e a ablao por

    cateter. A cardioverso eltrica consiste na utilizao de desfibrilhadores externos

    bifsicos com colocao dos eltrodos em posio anteroposterior (mais eficaz do que

    na posio anterolateral). A cardioverso eltrica pode estar associada a eventos

    tromboemblicos e arritmias, bem como aos riscos inerentes prpria anestesia geral. O

    tratamento prvio com frmacos antiarrtmicos pode aumentar a probabilidade de

    converso a ritmo sinusal.

    A ablao por cateter consiste na introduo de um cateter na aurcula esquerda e que

    posicionado de maneira a isolar as veias pulmonares, com o objetivo de destruir o

    foco e o circuito de reentrada responsveis pelo incio e manuteno da arritmia.

    2.1.8. Prognstico

    Quando uma causa de fibrilhao auricular identificada e tratada, a arritmia

    frequentemente eliminada. A fibrilhao auricular tem uma menor probabilidade de

    desaparecer nas pessoas que tm uma doena cardaca reumtica de longa durao ou

    qualquer situao na qual as aurculas esto aumentadas de tamanho. Quando a

    Figura 4 Ablao por Cateter Figura 3 Cardioverso Eltrica

  • Estudo de Caso: Fibrilhao Auricular

    Ensino Clnico IV: Cuidados de Sade Diferenciados Pgina 11

    fibrilhao auricular no desaparece ou recidiva com frequncia, o risco de um acidente

    vascular cerebral ou de outra complicao pode ser reduzido atravs da utilizao de

    medicamentos anticoagulantes. (Portal da Sade, 2011)

    3. Estudo de Caso do doente com Fibrilhao Auricular

    Doente do sexo masculino, com nome de D. M. M., 64 anos, de nacionalidade

    portuguesa caucasiana, a residir na cidade da Pvoa de Varzim. Previamente

    independente para as atividades de vida diria (AVDS), cognitivamente bem.

    Antecedentes de sndrome de apneia obstrutiva do sono, diabetes, obesidade,

    refluxo gastro esofgico e asma brnquica.

    Medicado habitualmente com Alopurinol, cido acetilsaliclico, Naproxeno,

    Ebastina, Indapamida, Bromazepam, Omeprazol e Metformina.

    Foi trazido ao servio de urgncia (SU) no dia 8 de Janeiro de 2015, pelas

    12horas e 54minutos, por palpitaes e acompanhado de carta mdica.

    chegada ao SU apresentava-se consciente, orientado e colaborante (Escala de

    Glasgow 15). Estava corado e hidratado. Apresentava-se eupneico, com uma

    frequncia cardaca arrtmica e acelerada a 148 bat/min, tenso arterial de 129/86

    mmHg e temperatura timpnica de 36,6C. Tinha ligeiro edema nos membros inferiores.

    Segundo a Triagem de Manchester, o senhor D.M.M., tem prioridade Laranja

    (muito urgente) e foi encaminhado para a sala de emergncia sendo colocado numa

    maca. De seguida, foi monitorizado e puncionado com cateter venoso perifrico. Fez

    colheita de sangue e de urina para anlises. Por esse motivo, foi explicado ao doente que

    iria ser algaliado. Foi introduzida uma sonda vesical n16, de modo a realizar uma

    colheita de urina e a monitorizar com maior preciso o dbito urinrio. Todos os

    doentes adultos devem excretar pelo menos 0,5 ml/Kg/h, pois esta uma indicao de

    perfuso adequada, se no tima dos tecidos.

    s 14horas e 15minutos, apresentava uma hipertenso diastlica (TA

    129/91mmHg), taquicrdico (FC 130bat/min), com SpO2 de 99% com ar atmosfrico.

    O eletrocardiograma (ECG) revelou uma fibrilao auricular com resposta

    ventricular rpida (FC a 150bat/min).

    Foi administrado de seguida medicao prescrita, 300mg de Amiodarona a

    200ml/h por via EV. Aps blus de Amiodarona o senhor D.M.M. mantm uma FC de

    120bat/min pelo que inicia perfuso de 600 mg de Amiodarona a 21ml/h na tentativa de

  • Estudo de Caso: Fibrilhao Auricular

    Ensino Clnico IV: Cuidados de Sade Diferenciados Pgina 12

    cardioverso qumica. A Amiodarona um antiarrtmico que quando eficaz tem a

    vantagem de atuar num prazo muito curto. Esta medicao bloqueia os canais de

    potssio para o exterior ou facilita a corrente de sdio lenta para o interior, prolonga o

    perodo refratrio. Deprime o automatismo do ndulo SA e a conduo do ndulo AV.

    Tem como efeitos secundrios hipotenso e bradicardia.

    Por volta das 15H, por se manter estvel sob o ponto de vista hemodinmico foi

    transferido para OBS o senhor D. M. M..

    4. Intervenes de Enfermagem em doentes com

    Fibrilhao Auricular

    O objetivo da assistncia de enfermagem num doente com FA consiste no

    cuidado cardaco, regulao hemodinmica, manuseamento de medicamento,

    oxigenioterapia, monitorizao respiratria e monitorizao de sinais vitais. Assim, o

    papel do enfermeiro baseia-se na promoo, manuteno e restaurao da sade do

    doente.

    Quando o doente entra na sala de Emergncia, posicionado em Fowler alto

    (diminui o trabalho respiratrio) e realizado monitorizao dos sinais vitais do doente

    (monitorizao da TA, FC, Pulso, FR, SpO2, Dx e T). O enfermeiro garante acessos

    venosos para administrao de teraputica e realiza colheita de sangue e de urina para

    anlise (para isso aplica a tcnica de algaliao, explicando de forma clara e simples

    este e qualquer procedimento ao doente).

    Outra das intervenes de enfermagem proporcionar suporte das vias areas

    atravs da administrao de oxignio (conforme o indicado) e avaliar continuamente o

    nvel de conscincia.

    Um dos tratamentos da FA o tratamento farmacolgico. Assim sendo,

    realizado a administrao de medicamentos prescritos pelo mdico. Para tal, o

    enfermeiro deve estar ciente dos efeitos colaterais dos medicamentos utilizados, uma

    vez que estes afetam o sistema cardiovascular (podendo causar alteraes

    hemodinmicas).

    Aps a cardioverso qumica, o enfermeiro deve monitorizar os sinais vitais e

    deve ter em ateno a frequncia cardaca e o ritmo.

    Se utilizado uma cardioverso eltrica, alm da monitorizao dos sinais vitais, o

    enfermeiro deve proporcionar medidas de conforto como o reposicionamento do doente,

  • Estudo de Caso: Fibrilhao Auricular

    Ensino Clnico IV: Cuidados de Sade Diferenciados Pgina 13

    administrao de um analgsico leve e compressas quentes no peito para ajudar a aliviar

    o desconforto pois o doente pode ter o peito dolorido.

    A realizao de ensinos num paciente com FA fundamental. Um dos ensinos

    realizados sobre os efeitos secundrios da medicao e se forem anticoagulantes

    devem ser realizados tambm ensinos sobre sinais e sintomas de hemorragia. O tabaco e

    o lcool devem ser anulados e o nvel de stress controlado pois mesmo com

    anticoagulantes o risco de AVC alto nestes doentes.

  • Estudo de Caso: Fibrilhao Auricular

    Ensino Clnico IV: Cuidados de Sade Diferenciados Pgina 14

    5. Concluso

    Conclui-se, ento, que a Fibrilhao auricular a principal causa de acidente

    vascular cerebral, devido elevada probabilidade de formao de trombos na aurcula

    que acabam por se deslocar para o ventrculo e entrar na circulao sangunea,

    obstruindo artrias. Deste modo, necessria uma correta e eficaz trombofilaxia de

    doentes com FA, de modo a diminuir a incidncia de doena cardiovascular.

    A FA ocorre quando se desenvolve uma atividade eltrica catica nas aurculas,

    inibindo completamente o ndulo sinusal. Daqui resulta que a aurcula deixa de se

    contrair de forma organizada e bombeia o sangue de forma menos eficiente.

    Como tambm tivemos oportunidade de averiguar, a principal sintomatologia

    resume-se a dor no peito, dispneia e palpitaes.

    So vrios os exames complementares de diagnstico a que se pode recorrer, no

    entanto, um exame eletrocardiogrfico confirma a presena de FA. Deste modo,

    importante um rpido diagnstico para que se escolham as formas de tratamento

    adequadas a cada caso em especifico.

    O tratamento da FA baseia-se em duas formas possveis: o tratamento farmacolgico

    que consiste no uso de antiarrtmicos, de frmacos, que deprimem a conduo aurculo-

    ventricular e de anticoagulantes; e o tratamento no farmacolgico que inclui a

    cardioverso eltrica e a ablao por cateter. No caso do Sr. D.M.M o tratamento,

    farmacolgico, com a amiodarona (antiarrtmico) foi suficiente para reverter a situao.

    Com a elaborao deste trabalho adquirimos conhecimentos sobre a FA, e

    sobretudo alcanmos confiana para lidar com situaes semelhantes.

    Julgamos assim ter atingido os objetivos a que nos propusemos inicialmente

    durante este trabalho.

  • Estudo de Caso: Fibrilhao Auricular

    Ensino Clnico IV: Cuidados de Sade Diferenciados Pgina 15

    6. Referncias Bibliogrficas

    Aliana Arrtmica (2007). Fibrilhao Auricular Informao aos Doentes. Acedido

    entre 15 de Dezembro e 11 de Janeiro de 2015 em http://portugal.arrhythmia-

    europe.eu/docs/FA%20Booklet%20-%20Portuguese.pdf12.12.07wjh.pdf

    Bonhorst D.(s/d). Fibrilhao Auricular: Clnica e Teraputica. Acedido entre 4 e

    18 de Janeiro de 2015 em http://www.spc.pt/DL/RFR/artigos/59.pdf

    Bonhorst D., Miguel M., Pedro A., Joo De S., Joo P., Eva L., Pedro R. (2010).

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  • Estudo de Caso: Fibrilhao Auricular

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  • Anexos

  • Estudo de Caso: Fibrilhao Auricular

    Ensino Clnico IV: Cuidados de Sade Diferenciados Pgina 18

    Anexo 1: Avaliao Clnica dos Pacientes com Fibrilhao Auricular (Adaptado de

    ACC/AHA/ESC Practice Guidelines Fuster, Rydn, et al., 2006)

    Avaliao Clnica dos Pacientes com Fibrilhao Auricular

    Avaliao Mnima

    Anamnese e Exame Fsico:

    Presena e natureza dos sintomas associados;

    Tipo clnico de FA (paroxstica, persistente, permanente);

    Apresentao do 1 episdio sintomtico ou data de diagnstico;

    Frequncia, durao, fatores precipitantes e modos de terminao dos episdios de FA;

    Resposta a agentes teraputicos administrados;

    Presena de qualquer doena cardaca de base ou outras condies reversveis (hipertiroidismo, alcoolismo, etc.)

    Eletrocardiograma:

    Ritmo;

    Hipertrofia do ventrculo esquerdo;

    Durao da onda P e morfologia ou ondas fibrilhatrias;

    Pr-excitao;

    Bloqueio do ramo;

    EAM prvio;

    Outras arritmias supraventriculares;

    Medies R-R, QRS, intervalo QT. Ecocardiograma transtorcico:

    Doena cardaca valvular;

    Tamanho de aurcula direita e esquerda;

    Tamanho e funo do ventrculo esquerdo;

    Presso ventricular direita (Hipertenso pulmonar);

    Hipertrofia do ventrculo esquerdo;

    Trombos na aurcula esquerda (baixa sensibilidade);

    Doena pericrdica. Analtica: funo tiroideia, renal e heptica:

    Num 1 episdio de FA, quando a frequncia ventricular difcil de controlar.

    Avaliao Adicional

    (podem ser

    necessrios um ou

    mais exames)

    Teste de marcha dos seis minutos:

    Se est em dvida o controlo da frequncia ventricular; Prova de Esforo:

    Se est em dvida o controlo da frequncia ventricular;

    Para reproduzir uma FA induzida por exerccio fsico;

    Para excluso de isquemia antes do incio de tratamento. Holter:

    Para clarificar tipo de arritmia em questo quando h dvida;

    Como meio de avaliao do controlo de frequncia cardaca. Ecocardiograma transesofgico:

    Para identificao de trombos;

    Como guia da cardioverso. Estudo Eletrofisiolgico:

    Para clarificar o mecanismo de taquicardia de complexos QRS largos;

    Para identificar uma arritmia predisponente como Flutter auricular ou taquicardia supraventricular paroxstica;

    Na localizao de locais de possvel ablao curativa ou de bloqueios de conduo AV.

    Radiografia de trax:

    Parnquima pulmonar, quando h sugesto clinica de alteraes;

    Vascularizao pulmonar, quando h sugesto clinica de alteraes;