estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

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Universidade Federal do Rio de Janeiro ESTUDO DAS DIRETRIZES DO PMI NA GESTÃO DE PROJETOS DE EMPREENDIMENTOS DE EDIFICAÇÕES Pedro Luis Saldanha Franchin do Amaral 2014

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Page 1: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

Universidade Federal do Rio de Janeiro

ESTUDO DAS DIRETRIZES DO PMI NA GESTÃO DE PROJETOS

DE EMPREENDIMENTOS DE EDIFICAÇÕES

Pedro Luis Saldanha Franchin do Amaral

2014

Page 2: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  ii  

ESTUDO DAS DIRETRIZES DO PMI NA GESTÃO DE PROJETOS

DE EMPREENDIMENTOS DE EDIFICAÇÕES

Pedro Luis Saldanha Franchin do Amaral

Rio de Janeiro

Agosto de 2014

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Civil da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientador : Jorge dos Santos

Page 3: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  iii  

ESTUDO DAS DIRETRIZES DO PMI NA GESTÃO DE PROJETOS

DE EMPREENDIMENTOS DE EDIFICAÇÕES

Pedro Luis Saldanha Franchin do Amaral

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO

RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A

OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinado por:

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

AGOSTO de 2014

_____________________________________

Prof. Jorge dos Santos, D.Sc.

Prof. Adjunto, D.Sc., EP/UFRJ

(Orientador)

_____________________________________

Prof. Ana Catarina Jorge Evangelista, D.Sc.

Prof. Associada, D.Sc., EP/UFRJ

_____________________________________

Prof. Isabeth Mello, M.Sc.

Prof. Convidada, M.Sc., EP/UFRJ

_____________________________________

Prof. Wilson Wanderley da Silva.

Prof. Convidado., EP/UFRJ

Page 4: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  iv  

Amaral, Pedro Luis Saldanha Franchin do

Estudo das diretrizes do PMI na gestão de projetos de

empreendimentos de edificações / Pedro Luis Saldanha

Franchin do Amaral – Rio de Janeiro: UFRJ / ESCOLA

POLITÉCNICA, 2014

XIII, 77 p. : il.; 29,7 cm.

Orientador: Jorge dos Santos

Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica / Curso

de Engenharia Civil, 2014.

Referências Bibliográficas: p. 89-90.

1. Gerenciamento de Projetos. 2. Edificações. 3. PMBOK

- PMI

I. Dos Santos, Jorge. II. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III.

Estudo das diretrizes do PMI na gestão de projetos de

empreendimentos de edificações

Page 5: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  v  

Dedico este trabalho para todos aqueles que acreditam que “O único

lugar em que o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário.”

(Albert Einstein)

Page 6: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  vi  

AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus por todas as bênçãos recebidas até hoje.

A toda minha família e especialmente a minha mãe Sandra Franchin, meu pai

Luis do Amaral e aos meus irmãos pelo amor e pelo suporte necessário para a

conclusão desse curso que exige habilidades muito além das acadêmicas.

A minha namorada Thamiris Okamoto e sua família pelo seu carinho, amizade

e por estarem presentes em momentos importantes da minha formação.

A todos os meus amigos que me ajudaram nessa trajetória e especialmente

aos amigos Alexandre Morgani e Ruan Carvalhosa por estarem presentes não

só nos momentos de descontração, mas também no meu crescimento

intelectual e moral.

Aos profissionais da RJZ Cyrela que participaram deste trabalho e me

orientaram para meu desenvolvimento profissional e conhecimento transmitido.

Ao meu orientador Jorge Santos pela colaboração para a realização deste

trabalho.

Page 7: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  vii  

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica / UFRJ como

parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

ESTUDO DAS DIRETRIZES DO PMI NA GESTÃO DE PROJETOS DE

EMPREENDIMENTOS DE EDIFICAÇÕES

Pedro Luis Saldanha Franchin do Amaral

Agosto / 2014

Orientador: Jorge dos Santos

Curso: Engenharia Civil

O setor da construção civil possui uma grande importância no cenário

econômico e social brasileiro. Associado ao crescimento do setor dos últimos anos,

algumas dificuldades são reveladas e o gerenciamento de projetos aparece como uma

ferramenta de planejamento e controle dos processos envolvidos nos

empreendimentos de edificações.

Com o desenvolvimento do setor imobiliário e o surgimento de novas

empresas, a boa gestão dos projetos se configura como um diferencial estratégico

para as organizações que pretendem continuar no mercado. Os gerentes de projetos

precisam estar cada vez mais preparados para as mudanças que estão acontecendo

no mercado nos últimos anos.

O presente trabalho tem como objetivo estudar as diretrizes apontadas pelo

PMI – Project Management Institute e sua aplicação prática em empreendimentos de

edificações, tendo como referência o Project Management Body of Knowledge

(PMBOK, 2014).

Palavras chaves: Gerenciamento, Projetos, PMBOK-PMI, Edificações

Page 8: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  viii  

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI / UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Civil Engineer.

STUDY OF PMI CONCEPTS ON PROJECT MANAGEMENT OF BUILDINGS

Pedro Luis Saldanha Franchin do Amaral

August / 2014

Advisor: Jorge dos Santos

Course: Civil Engineering

The construction industry has a great importance in the Brazilian economic and

social scenario. Associated with the growth of the sector in recent years, some

difficulties are revealed and the project management appears as a tool for planning

and control of processes involved in building projects.

With the development of real estate industry and the emergence of new

enterprises, a well-done management of projects is set up as a strategic differentiator

for organizations wishing to remain on the market. Project managers need to be

increasingly prepared for the changes that are happening in the market in recent years.

The present work aims to study the guidelines outlined by PMI - Project

Management Institute and its practical application in buildings, with reference to the

Project Management Body of Knowledge (PMBOK, 2014).

Keywords: Management, Projects, PMBOK-PMI, Buildings

Page 9: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  ix  

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1

1.1. A IMPORTÂNCIA DO TEMA .................................................................................... 1

1.2. OBJETIVO ........................................................................................................... 2

1.3. METODOLOGIA .................................................................................................... 3

1.4. ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................................................. 4

2. GERENCIAMENTO DE PROJETOS ...................................................................... 6

2.1. CONCEITOS ........................................................................................................ 6

2.2. EVOLUÇÃO DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS ................................................... 7

2.3. DEFINIÇÕES ...................................................................................................... 11

2.4. BENEFÍCIOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS ............................................... 13

2.5. DIFICULDADES DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS ............................................ 14

3. PRÁTICAS DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS EM EDIFICAÇÕES ........... 17

3.1. O SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL E O GERENCIAMENTO DE PROJETOS ................. 17

3.2. PRINCIPAIS INFLUÊNCIAS NA GESTÃO DE PROJETOS ........................................... 19

3.2.1. A Terceirização ......................................................................................... 19

3.2.2. Cronograma .............................................................................................. 22

3.2.3. A Padronização dos materiais .................................................................. 23

3.2.4. EAP – Estrutura Analítica de Projeto ........................................................ 26

4. VISÃO GERAL DO GUIA PMBOK ....................................................................... 29

4.1. GERENCIAMENTO DA INTEGRAÇÃO .................................................................... 33

4.2. GERENCIAMENTO DO ESCOPO ........................................................................... 34

4.3. GERENCIAMENTO DO TEMPO ............................................................................. 35

4.4. GERENCIAMENTO DOS CUSTOS ......................................................................... 37

4.5. GERENCIAMENTO DA QUALIDADE ....................................................................... 38

4.6. GERENCIAMENTO DOS RECURSOS HUMANOS .................................................... 39

4.7. GERENCIAMENTO DAS COMUNICAÇÕES ............................................................. 40

4.8. GERENCIAMENTO DOS RISCOS .......................................................................... 41

4.9. GERENCIAMENTO DAS AQUISIÇÕES .................................................................... 42

4.10. GERENCIAMENTO DAS PARTES INTERESSADAS ................................................... 44

5. APLICAÇÃO DO PMBOK EM PROJETOS DE EDIFICAÇÕES .......................... 46

5.1. VISÃO GERAL DA APLICABILIDADE DO MODELO DO PMBOK ............................... 46

5.2. PRINCIPAIS DIFICULDADES DA UTILIZAÇÃO DA METODOLOGIA DO PMBOK ........... 47

5.3. PRINCIPAIS GANHOS DA UTILIZAÇÃO DA METODOLOGIA DO PMBOK .................... 49

Page 10: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  x  

5.4. VISÃO ESPECÍFICA DA APLICAÇÃO DO PMBOK DE ACORDO COM AS ÁREAS DE

CONHECIMENTO. ......................................................................................................... 52

5.4.1. Gerenciamento da Integração .................................................................. 53

5.4.2. Gerenciamento do Escopo ....................................................................... 54

5.4.3. Gerenciamento do Tempo ........................................................................ 54

5.4.4. Gerenciamento do Custo .......................................................................... 55

5.4.5. Gerenciamento da Qualidade ................................................................... 55

5.4.6. Gerenciamento dos Recursos Humanos .................................................. 56

5.4.7. Gerenciamento da Comunicação ............................................................. 57

5.4.8. Gerenciamento dos riscos ........................................................................ 57

5.4.9. Gerenciamento das Aquisições ................................................................ 58

6. GUIA PMBOK EM EMPREENDIMENTOS DE EDIFICAÇÕES – ESTUDO DE

CASO ........................................................................................................................... 59

6.1. TEMPO E ESCOPO ............................................................................................. 59

6.2. CUSTO .............................................................................................................. 62

6.3. QUALIDADE ....................................................................................................... 64

6.4. RECURSOS HUMANOS ....................................................................................... 67

6.5. COMUNICAÇÃO ................................................................................................. 69

6.6. RISCOS ............................................................................................................. 70

6.7. AQUISIÇÕES ...................................................................................................... 71

6.8. PARTES INTERESSADAS - STAKEHOLDERS ......................................................... 72

7. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 74

REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 76

   

 

 

Page 11: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  xi  

LISTA DE FIGURAS

   Figura 2.1 – Exemplo De Gráfico De Gantt .................................................................... 9

Figura 2.2 – Exemplo De Diagrama Pert ...................................................................... 10

Figura 2.3 – Conceito De Gerenciamento .................................................................... 11

Figura 3.1 – Exemplo De Estrutura Analítica De Projeto ............................................. 27

Figura 4.2 - Grupos De Processos De Gerenciamento De Projetos ............................ 32

Figura 5.1 – Principais Objetivos Da Utilização Da Metodologia Do Pmbok ................ 46

Figura 5.2 – Principais Dificuldades Para Aplicação Da Metodologia Do Pmbok ........ 48

Figura 5.3 – Custo X Benefício da utilização do gerenciamento de projetos ............... 51

Tabela 5.2 – Característica Das Empresas Pesquisadas ............................................ 52

Figura 5.4 – Certificação Das Empresas Pesquisadas ................................................ 52

Figura 5.5 – Custo Das Obras Gerenciadas ................................................................ 53

Figura 6.1 – Fluxograma De Acompanhamento Das Obras ........................................ 63

Figura 6.2 – Fluxograma Do Sistema De Gestão De Recursos Humanos .................. 68

Page 12: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  xii  

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 - Utilização De Metodologias De Gerenciamento De Projetos ................... 14  

Tabela 2.2 - Principais Problemas Em Projetos ........................................................... 16  

Tabela 3.2 - Redução Dos Desperdícios Na Padronização De Azulejos. .................... 25  

Tabela 4.1 - Processos Relacionados Ao Gerenciamento Da Integração. .................. 34  

Tabela 4.2 - Processos Relacionados Ao Gerenciamento Do Escopo ........................ 35  

Tabela 4.3 - Processos Relacionados Ao Gerenciamento Do Tempo ......................... 36  

Tabela 4.4 - Processos Relacionados Ao Gerenciamento Dos Custos ....................... 37  

Tabela 4.5 - Processos Relacionados Ao Gerenciamento Da Qualidade. ................... 39  

Tabela 4.6 - Processos Relacionados Ao Gerenciamento Dos Recursos Humanos ... 40  

Tabela 4.7 - Processos Relativos Ao Gerenciamento Das Comunicações. ................. 41  

Tabela 4.8 - Processos Relativos Ao Gerenciamento Dos Riscos. .............................. 42  

Tabela 4.9 - Processos Relativos Ao Gerenciamento Das Aquisições. ....................... 43  

Tabela 4.10 - Processos Relativos Ao Gerenciamento Das Partes Interessadas. ...... 45  

Tabela 5.1 - Vantagens Do Uso Das Recomendações Do Pmbok .............................. 50  

Tabela 5.3 - Gerenciamento Da Integração Dos Projetos ............................................ 54  

Tabela 5.4 - Gerenciamento Do Escopo Dos Projetos ................................................. 54  

Tabela 5.5 - Gerenciamento Do Tempo Dos Projetos ................................................. 55  

Tabela 5.6 - Gerenciamento Do Custo Dos Projetos ................................................... 55  

Tabela 5.7 - Gerenciamento Da Qualidade Dos Projetos ............................................ 56  

Tabela 5.8 - Gerenciamento Dos Recursos Humanos Dos Projetos ........................... 56  

Page 13: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  xiii  

Tabela 5.9 - Gerenciamento Da Comunicação Dos Projetos ....................................... 57  

Tabela 5.10 - Gerenciamento Dos Riscos Dos Projetos .............................................. 57  

Tabela 5.11 - Gerenciamento Das Aquisições Dos Projetos ....................................... 58

                                                                           

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  1  

1. Introdução  

1.1. A Importância do Tema

O setor da construção civil possui uma extrema importância na economia

brasileira, segundo o IBGE (2013) a participação desse setor no Produto Interno Bruto

(PIB) represente cerca de 15% do somatório de todas as riquezas produzidas no país.

Nos últimos anos esse setor tem apresentado um elevado crescimento decorrente da

maior oferta de crédito, incentivos governamentais objetivando a diminuição do déficit

habitacional brasileiro, aumento dos prazos para pagamento, além da demanda de se

construir novos locais para acomodar os visitantes que virão para os grandes eventos

sediados no país nos próximos anos.

Atrelado ao crescimento desse setor, está o aumento da concorrência entre as

construtoras e incorporadoras. Com o aumento da competitividade, as empresas estão

percebendo cada vez mais a necessidade de modernização e otimização dos

processos para que estejam dentro do mercado e conquistem o cliente que por sua

vez tem se mostrado mais exigente a cada dia.

Com o objetivo de obter um diferencial para mensurar resultados e aumentar o

controle interno, as empresas estão investindo em ferramentas de gerenciamento de

projetos para que seus empreendimentos atendam a determinados requisitos dentre

eles: conclusão dentro do prazo e do custo, qualidade do produto final e segurança.

Neste contexto, o gerenciamento de projetos surge como uma ferramenta de

gestão alternativa que permite as empresas otimizarem seus projetos do ponto de

vista do prazo, do custo, da qualidade e da segurança. Com isso o gerenciamento de

projetos vem se fortalecendo cada vez mais. As organizações precisam gerenciar

projetos para obterem sucesso.

Dentre diversas metodologias, o Guia PMBOK (PMI, 2014), elaborado e

divulgado como a metodologia de gerenciamento de projeto do PMI - Project

Management Institute, no Brasil assume posição de destaque como uma das

Page 15: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  2  

metodologias mais utilizadas. O PMI estima que aproximadamente 25% do PIB

mundial são gastos em projetos e que cerca de 16,5 milhões de profissionais estão

envolvidos diretamente com gerência de projetos no mundo. Este volume de projetos

e as mudanças no cenário mundial, cada vez mais competitivo, geram a necessidade

de resultados mais rápidos, com qualidade maior e custo menor (Dinsmore e Cavalieri,

2003).

Do ponto de vista da indústria da construção, este cenário também se

materializa. O aumento do poder aquisitivo das classes D1 e C2 promovendo a busca

na aquisição da casa própria; eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas

produziram um infinidade de empreendimentos com vínculos direto ou indireto aos

eventos, tornando as cidades envolvidas em grandes canteiros de obras; programas

do governo, como o "Minha Casa Minha Vida" estabelecido para redução do déficit

habitacional, dentre outros.

De uma forma mais específica, com essa intensa busca pela otimização de

processos algumas falhas podem ocorrer, principalmente no setor de construção de

empreendimentos imobiliários, pois apesar da modernização desse setor, ainda é uma

indústria altamente artesanal e precisa de um planejamento cada vez mais preciso.

Portanto, o gerenciamento dos projetos de edificações, deve ser muito bem

concebido para que os problemas construtivos possam ser mitigados e assim obter-se

uma efetiva melhora no aspecto final da construção e um produto final com uma boa

terminabilidade.

1.2. Objetivo A partir da filosofia de gerenciamento de projetos está o Project Management

Body of Knowledge - PMBOK (PMI, 2014) que é um conjunto de práticas de gestão de                                                                                                                1  Classe  D  –  Renda  entre  2  e  4  salários  mínimos  (IBGE,  2014)  2  Classe  C  –  Renda  entre  4  e  10  salários  mínimos  (IBGE,  2014)    3  Stakeholder  –  Pessoa  ou  organização  que  tenha  interesse,  ou  seja  afetado  pelo  projeto.  Pode  ser  representado  também  pelo  proprietário  das  ações  da  organização  ou  patrocinador  do  projeto.  (FREEMAN,  1984)  

Page 16: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  3  

projetos e tem por objetivo apresentar as áreas de conhecimento e exemplos de

padrões para uma otimização de gestão e as consequências do uso desses

mecanismos.

Esse trabalho tem como objetivo principal, realizar um estudo das diretrizes do

PMI e pesquisar o que vem sendo utilizado da filosofia de gerenciamento de projetos

aplicado em empreendimentos de edificações, uma vez que o uso dessa ferramenta

se torna cada vez mais necessária para o crescimento das empresas.

O principal motivo para escolha desse tema como projeto final foi a

possibilidade de aprofundamento em um tópico que é abordado de uma maneira

generalista durante a graduação e perceber a valorização que é dada no setor da

construção civil para os profissionais que possuem conhecimentos em gestão e os

aplicam de forma prática.

Ao final, esse tema tem grande importância para o desenvolvimento do setor e

do Brasil, uma vez que o mercado tem exigido profissionais cada vez mais completos

e aptos a gerenciar novos projetos. Esses profissionais devem ter claramente a real

necessidade de se utilizar as diretrizes de gerenciamento e as vantagens e

desvantagens de seu uso.

1.3. Metodologia O conteúdo disponível sobre gerenciamento de projetos é altamente

disseminado e estudado em diversas formas. Atualmente existem cursos de pós

graduação especializados nesse tema que permite aos participantes os

conhecimentos necessários para a aplicação da metodologia de gerenciamento de

projetos em empreendimentos em desenvolvimento. Entretanto, na graduação da

Engenharia Civil, a abordagem desse tema, de forma geral, ainda deixa a desejar. A

abordagem abrange esse tema de uma maneira mais holística, gerando portanto uma

demanda para capacitar engenheiros civis que desejem atuar neste seguimento,

inclusive buscando a certificação internacional na gerência de projetos.

Page 17: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  4  

No meio universitário, existem diversos pesquisadores e professores com

experiência nesse tema. Em diversas organizações, os profissionais mais capacitados

são valorizados por terem esse conhecimento no currículo. Ao longo do trabalho foi

feita uma pesquisa exploratória com profissionais consultados e ouvidos para agregar

mais conhecimento no escopo desse projeto (ANPAD 2012).

A base teórica foi construída através de pesquisa a teses, dissertações, livros

especializados, artigos em revistas e internet e opiniões de estudiosos desse assunto

foram consultadas com o objetivo de tornar o trabalho mais completo. Ilustrações e

tabelas foram incluídas para auxiliar na visualização de teorias e facilitar o

entendimento .

1.4. Estrutura do Trabalho Este trabalho é formado por sete capítulos. O primeiro capítulo é a introdução,

onde foi apresentado o tema, descrito o objetivo, a importância, a justificativa da

escolha desse tema e a metodologia de desenvolvimento do trabalho.

No segundo capítulo é apresentada uma contextualização para que possa ser

apresentada uma definição formal do gerenciamento de projetos, a abrangência, as

aplicações, o histórico e as tendências desse assunto.

O terceiro capítulo são apresentadas as práticas de gerenciamento de projetos

de edificações, de forma a explorar a utilização dessa metodologia pelas construtoras,

como são executados e gerenciados os projetos, os cronogramas, a terceirização e a

influência da padronização de materiais .

O capítulo quatro é responsável por apresentar o PMI e suas diretrizes. O

PMBOK e suas particularidades são apresentados, com intuito de descrever como o

instituto funciona no Brasil, no mundo e quais são as áreas de conhecimento e seus

processos.

No capítulo cinco é abordada a aplicação da metodologia PMBOK em projetos

de edificações, através de pesquisa a literaturas e entrevistas com profissionais para a

Page 18: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  5  

obtenção de relatos dos envolvidos no gerenciamento de projetos, os principais

processos utilizados, suas vantagens e desvantagens.

No capítulo seis é mostrado um estudo de caso prático do PMBOK em uma

empresa que gerencia projetos em empreendimentos de edificações, a estrutura

organizacional da empresa envolvida, a aplicação das áreas de conhecimento, os

resultados obtidos e os indicadores utilizados.

Na conclusão (capítulo sete) são feitas as considerações finais sobre o

trabalho, resultados obtidos da analise das ferramentas de gerenciamento de projetos

e as sugestões para continuação do estudo desse tema.

Page 19: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  6  

2. Gerenciamento de Projetos

2.1. Conceitos Esse capítulo tem como objetivo contextualizar o tópico Gerenciamento de

Projetos, introduzir os principais conceitos que serão desenvolvidos ao longo do

trabalho, apresentar um breve histórico sobre esse assunto e definir o tema com

auxílio de autores capacitados a dissertar sobre o tema.

O termo Gerenciamento deve ser exposto de forma clara, de acordo com os

dicionários da língua portuguesa esse termo tem como significado: ato de gerir, dirigir,

administrar (HOUAISS 2012).

O conceito de Projeto é traduzido segundo Vargas (2005) como sendo um

esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo.

A sua natureza temporária indica um início e um término definidos. O término é

alcançado quando os objetivos tiverem sido atingidos ou quando se concluir que esses

objetivos não serão ou não poderão ser atingidos e o projeto for encerrado, ou quando

o mesmo não for mais necessário.

Quando se aplica o verbete temporário, é comum se ter em mente o conceito

de curta duração, porém, esse termo não é aplicado ao produto, serviço ou resultado

criado pelo projeto, pois a maioria dos projetos é realizado para criar um resultado

duradouro, principalmente no setor da construção civil, onde prédios e casas são

construídos para durar décadas.

Ainda de acordo com o PMI (PMBOK, 2014) um esforço de trabalho contínuo é

geralmente um processo repetitivo porque segue os procedimentos existentes de uma

organização. Por outro lado, devido à natureza exclusiva dos projetos, pode haver

incertezas quanto aos produtos, serviços ou resultados criados pelo projeto.

Além disso, outro conceito ligado ao trabalho que deve ser introduzido é a

Tarefa, cujo significado e a colocação dentro de um plano estruturado de um trabalho

do projeto varia de acordo com a área de aplicação, setor e até mesmo a marca do

Page 20: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  7  

software de gerenciamento de projeto utilizado. Se as tarefas forem novas para a

equipe, será demandado uma maior dedicação quando comparado a um trabalho

rotineiro.

Vale ressaltar que os projetos devem ser concebidos em todos os níveis

organizacionais para se obter um maior planejamento e gestão. Além disso, os

projetos podem envolver uma única pessoa ou uma única ou múltiplas unidades

organizacionais.

De acordo com Vargas (2005), a abrangência de um projeto é ampla e será

exemplificada abaixo, para que seja notória a utilização dessa ferramenta não

somente no setor da construção civil mas em diversos setores da economia:

a) Criação de um novo produto ou um componente de outro item;

b) Efetuar uma mudança de estrutura, de pessoal ou de estilo de uma

organização;

c) Elaborar um documento ou um resultado de uma pesquisa de benfeitoria;

d) Projeto de um empreendimento de construção civil;

e) Implementação de um novo procedimento ou progresso de negócio capaz de

realizar um serviço para dar suporte a produção ou distribuição.

2.2. Evolução do Gerenciamento de Projetos Ao longo do tempo o gerenciamento de projetos teve um papel importante no

desenvolvimento das civilizações, sendo possível constatar essa ferramenta antes das

construções das pirâmides. Olhando para as grandes pirâmides, sob a ótica do

gerenciamento de projetos, pode-se identificar diversos obstáculos: A força de

trabalho foi um problema, além da dificuldade de se transportar material e a forma

arquitetônica desenvolvida nas pirâmides.

Na era medieval o Reino Unido trouxe um novo conceito para o papel de

gerente de projeto, que na época era desempenhado por trabalhadores da construção

civil. Os gerentes de projeto daquela época tinham que saber como fortificar as

Page 21: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  8  

fortalezas através de elementos arquitetônicos que pudessem dificultar ou impedir a

entrada de invasores (OLIVEIRA, 2003).

No século XIX, durante a primeira revolução industrial, os projetos de

construção eram considerados como uma forma de arte tornando-se mais importantes

a medida que as fábricas precisavam de grandes espaços para locar trabalhadores,

produtos e maquinários. Durante esse tempo, enquanto a tecnologia avançava

rapidamente, as ferramentas para projetos permaneceram praticamente as mesmas

(KERZNER, 2009).

Por outro lado, a necessidade de um responsável por organizar e assumir o

controle dos projetos tomou a forma de supervisores de projetos que tinham um

conhecimento maior em matemática e sabiam ler e escrever, sendo percussores de

uma nova era que incorporava negócios, finanças e habilidades gerenciais.

De acordo com OLIVEIRA (2003) O século XX foi palco de enormes mudanças

no gerenciamento de projetos, Frederick Taylor usou o raciocínio para quebrar os

elementos de um processo para melhorar a produtividade criando as tarefas

específicas e aplicou suas teorias em atividades na indústria do aço.

O sócio de Taylor, Henry Gantt, por outro lado criou a técnica de traçar a

sequencia e a duração das tarefas, criando assim o Gráfico de Gantt como ilustrado

na figura 2.1., no eixo das abscissas é representado o tempo em meses e no eixo das

ordenadas as atividades. Essa ferramenta é utilizada até hoje, além de ser um recurso

indispensável na maioria dos softwares de gerenciamento de projetos. Além de

permitir visualizar as tarefas ao longo dos meses permite também visualizar o início e

término de cada atividade, as atividades predecessoras e sucessoras e

consequentemente realizar replanejamento quando necessário uma vez que o

caminho crítico das atividades fica evidente.

Page 22: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  9  

Figura 2.1 – Exemplo de gráfico de Gantt (Autor, 2014)

 A segunda revolução industrial introduziu os motores movidos a combustão e a

eletricidade que influenciaram as tecnologias de produção em massa, nesse período

também foram desenvolvidas e adaptadas as técnicas de coordenação que deram aos

gerentes de projeto mais controle sobre o andamento dos projetos. O Empire State

Building é uma prova disso, pois havia um cronograma que envolviam diversos tipos

de profissionais e houve a sobreposição de tarefas objetivando a otimização do tempo.

Nas décadas seguintes, diversas estratégias foram utilizadas para o

desenvolvimento das técnicas de gerenciamento. Em 1955 os militares dos EUA

inventaram o PERT (Program Evaluation and Review Technique), como apresentado

na figura 2.2 onde as atividades se conectam através da relação dos predecessores e

sucessores e dessa forma, poder determinar o tempo que se levava para completar

uma tarefa e identificar o tempo mínimo necessário para completar um projeto.

Posteriormente foi criado o método do caminho crítico - CPM (Critical Path Method)

para lidar com diversas tarefas e interações de um projeto (KERZNER, 2009).

Page 23: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  10  

Figura 2.2 – Exemplo de diagrama PERT (Autor, 2014)

 A defesa dos EUA também introduziu ferramentas de projeto tais como a

estrutura de divisão de trabalho que organiza o escopo de um projeto agrupando

elementos de trabalho do projeto conhecido como WBS (Work Breakdown Structure).

Na década de 70 o gerenciamento de projetos tornou-se uma ferramenta amplamente

utilizada.

O PMI (Project Management Institute) foi criado na década de 70 como uma

instituição internacional dedicada à disseminação do conhecimento e ao

aprimoramento das atividades de gestão profissional e de projetos, introduzindo

assim, os conceitos de tempo, custo e qualidade. Na década de 80 houve a

incorporação da gestão de riscos para o gerenciamento de projetos e na década de 90

foram introduzidas as certificações profissionais em gerenciamento de projetos

(OLIVEIRA, 2003).

Em 2013 foi criada a área de conhecimento que ser preocupa exclusivamente

com a gestão dos investidores ou Stakeholders3, reforçando a importância do bom

gerenciamento de todas as partes interessadas no projeto. Atualmente, o

gerenciamento de projetos é levado a sério nas empresas, pois possui um papel

estratégico e como consequência a figura do gestor profissional de projetos também é

valorizada.                                                                                                                3  Stakeholder  –  Pessoa  ou  organização  que  tenha  interesse,  ou  seja  afetado  pelo  projeto.  Pode  ser  representado  também  pelo  proprietário  das  ações  da  organização  ou  patrocinador  do  projeto.  (FREEMAN,  1984)  

Page 24: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  11  

2.3. Definições Com o objetivo de apresentar os pontos de vista de alguns estudiosos sobre

gerenciamento de projetos, esse tópico irá abordar os conceitos e definições sobre

esse tema.

Para Harold Kerzner, considerado um grande estudioso do gerenciamento de

projetos e um grande autor na área, gerenciamento de projetos é planejamento,

organização, direção e controle de uma série de tarefas integradas, levando-se em

conta tempo, custo e desempenho estimados, de forma a atingir seus objetivos com

êxito. Caso o projeto esteja sendo executado com o acompanhamento de um cliente

externo, também deve ser considerada a preocupação em manter boas relações em

como atender o cliente. (KERZNER, 2009)

Figura 2.3 – Conceito de gerenciamento

Vale ressaltar ainda, conforme Kerzner (2009), as organizações devem

perceber que apenas a “experiência” não basta para garantir o sucesso de um

administrador de projetos. As empresas que adotarem uma filosofia e uma prática

maduras de gerência de projetos estarão mais capacitadas ao sucesso na corrida pelo

mercado do que aquelas que continuam com as velhas práticas. O alcance da

excelência só será possível após um processo repetitivo que possa ser utilizado em

cada projeto, esse processo repetitivo é a metodologia de gerenciamento de projetos.

Page 25: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  12  

Para Vargas (2005), projeto é um empreendimento não repetitivo,

caracterizado por uma sequencia lógica e clara de eventos, com início, meio e fim, e

que se destina a atingir um objetivo claro e definido. O autor ressalta também que um

projeto é sempre conduzido por pessoas e regulado por parâmetros pré-definidos de

tempo, custo, recursos e qualidade.

Outro ponto destacado por Vargas é a abrangência do gerenciamento de

projetos que pode ser aplicado em praticamente todas as áreas do conhecimento

humano, incluindo os trabalhos administrativo, estratégico e operacional, bem como a

vida pessoal de cada um. As seguintes áreas de aplicabilidade se destacam como os

principais utilizadores da técnica de gerenciamento de projetos:

a) Engenharia e construção civil;

b) Estratégia militar;

c) Administração de empresas;

d) Marketing e publicidade;

e) Pesquisa e desenvolvimento;

f) Manutenção de planta e equipamentos.

Outro autor que se destaca quando o assunto é gestão de projetos é Baguley

(2008) que traduz o gerenciamento como a capacidade de organizar pessoas e coisas

de modo a gerar resultados requeridos. Com uma visão mais capitalista e prática,

encontra-se também nas empresas a definição de gerenciamento como uma técnica

para atingir objetivos internos e externos das mesmas, quais sejam, possibilitar a

medição e melhoria dos resultados, compará-los com as metas e com os

concorrentes, e satisfazer as expectativas dos investidores, acionistas e clientes.

Além disso, Baguley (2008) considera um projeto como uma sequência de

eventos interligados, que são conduzidos dentro de um período de tempo limitado,

cujo objetivo é alcançar um único e bem definido resultado. Outro aspecto salientado

por Baguley é a classificação dos projetos, de acordo com o objetivo, custo e

independência de suas dimensões:

Page 26: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  13  

a) Ser sobre qualquer coisa que se queira e se possa fazer;

b) Criar coisas que podem ser tangíveis ou intangíveis;

c) Ser pequeno ou grande – ou qualquer dimensão intermediária;

d) Durar por décadas – ou ser completado em alguns dias;

e) Consumir qualquer quantia de recursos e dinheiro – de dezenas a bilhões;

f) Envolver qualquer número de indivíduos – de uma só pessoa até uma nação.

2.4. Benefícios do Gerenciamento de Projetos De uma maneira global, o gerenciamento de projetos proporciona inúmeras

vantagens. Vargas (2005) destaca as principais vantagens do gerenciamento de

projetos:

a) Permite desenvolver diferenciais competitivos e novas técnicas, uma vez que

toda a metodologia está sendo estruturada;

b) Evita surpresas durante a execução dos trabalhos;

c) Antecipa as situações desfavoráveis que poderão ser encontradas, para que

ações preventivas e corretivas possam ser tomadas antes que essas

situações se consolidem como problemas;

d) Adequa os trabalhos ao mercado consumidor e ao cliente;

e) Disponibiliza os orçamentos antes do início dos gastos;

f) Agiliza as decisões, já que as informações estão estruturadas e

disponibilizadas aos envolvidos;

g) Aumenta o controle gerencial de todas as fases a serem implementadas

devido ao detalhamento ter sido realizado;

h) Facilita e orienta as revisões da estrutura do projeto que forem decorrentes de

modificações no mercado ou no ambiente competitivo, melhorando a

capacidade de adaptação do projeto;

i) Otimiza a alocação de pessoas, equipamentos e materiais necessários;

j) Documenta e facilita as estimativas para futuros projetos.

Page 27: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  14  

De uma maneira mais específica, existem pesquisas que apresentam a relação

entre a utilização das metodologias de gerenciamento e o sucesso das empresas. Um

demonstrativo dessa relação é apresentado na tabela 2.1. Com dados levantados pelo

PMI-Rio (2008) que comprova a real necessidade de utilização dessas metodologias

para a perenização dos negócios.

Tabela 2.1 – Utilização de metodologias de gerenciamento de projetos (PMI-Rio 2008) Diante desses dados é nítido que a utilização de ferramentas de

gerenciamento colaboram para o sucesso das empresas, por esse motivo que o

investimento nesse conhecimento deve ser fomentado dentro das corporações.

2.5. Dificuldades do Gerenciamento de Projetos A quantidade de benefícios trazidos com as práticas de gerenciamento de

projetos é alta, porém, as diretrizes de gerenciamento são uma filosofia relativamente

nova, por esse motivo, ainda há uma demanda por aperfeiçoamento constante.

Inerente a esse processo de desenvolvimento estão as diversas falhas que podem

levar ao fracasso do projeto ou o não atingimento do resultado esperado.

As organizações procuram satisfazer o cliente, entregando o resultado

esperado, no entanto, as falhas que diversas vezes são cometidas, podem ser de

responsabilidade dos gerentes de projeto ou podem estar fora do controle dos

mesmos, as seguintes falhas, segundo Vargas (2005), exemplificam esse último tipo:

1) Complexidade encontrada no projeto não prevista durante sua incorporação;

2) Riscos elevados no meio ambiente;

3) Mudanças inesperadas na tecnologia utilizada no mercado;

4) Evolução nos preços e prazos atrelados ao desempenho da economia local;

5) Mudança na estrutura organizacional da empresa.

Utilização de metodologias de Gerenciamento de Projeto Insucesso (%) Sucesso (%)

Empresas que não utilizam metodologia de GP 51 49

Empresas que utilizam metodologia de GP 24 76

Page 28: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  15  

Por outro lado, muitas dessas falhas podem ser previstas e evitadas, pois

muitas vezes os problemas surgem por erros dos gerentes de projeto, falta de retro

alimentação de projetos anteriores ou projetos mal definidos. Podem ser considerados

problemas típicos de gestão:

1) Metas e os objetivos mal estabelecidos;

2) Projeto inclui muitas atividades e muito pouco tempo para realizá-las;

3) Estimativas financeiras incompletas ou mal elaboradas;

4) Projeto baseado em dados insuficientes ou inadequados;

5) Falta de liderança representada pelo líder de projeto;

6) Projeto estimado baseado na experiência empírica ou feeling dos envolvidos,

deixando em segundo plano os dados históricos de projetos similares, ou até

mesmo análises estatísticas efetuadas;

7) Falta de conhecimento das necessidades de pessoal, equipamentos e

materiais;

8) Desconhecimento dos pontos chave ou caminho crítico do projeto;

9) Falta de experiência dos envolvidos no planejamento e execução do projeto;

10) Excesso de conflitos entre membros da equipe de projeto.

De uma maneria geral, essas falhas não são cometidas de forma isolada, é

comum haver uma associação de problemas. Por outro lado, pode acontecer de uma

falha acarretar na ocorrência de outras e assim comprometer o sucesso do projeto.

Page 29: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  16  

De acordo com um estudo de benchmarking em gerenciamento de projetos

feito pelo PMI (PMI-Rio 2009), os problemas mais frequentes foram listados e

representados na Tabela 2.2. O maior problema é referente a comunicação (76%),

seguido de problemas de adequação do cronograma (71%) e escopo (70%).

Tabela 2.2 – Principais problemas em projetos (PMI-Rio, 2009)

Alguns dos problemas geralmente ocorrem concomitantemente, como por

exemplo, se o projeto não cumpre os prazos, o custo com a mão de obra fixa irá se

estender mais do que o previsto e assim provavelmente ele não irá cumprir o

orçamento previsto.

Através desse estudo pode ser concluído que as falhas ocorrem por motivos

variados. Para que esses problemas possam ser mitigados, a presença de

profissionais com experiência e certificação em gerenciamento de projetos se torna

cada vez mais necessária para o bom andamento do projeto e a obtenção do

resultado esperado.

Problemas que ocorrem com mais frequência nos projetos de uma organização

Page 30: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  17  

3. Práticas de gerenciamento de projetos em edificações

3.1. O setor da construção civil e o gerenciamento de projetos Como apresentado no capítulo anterior, o gerenciamento de projetos é uma

ferramenta de administração e planejamento cada vez mais utilizada nos dias de hoje.

As práticas e metodologias desenvolvidas nos últimos anos principalmente por

institutos como o PMI tem sido utilizadas em grande escala em projetos de qualquer

natureza, principalmente no setor da construção civil.

Com o advento destas boas práticas de gerenciamento de projetos está sendo

possível preencher uma lacuna nos projetos de edificações, que era exatamente como

geri-los de forma a garantir a eficácia e por consequência a lucratividade das

organizações. Como visto anteriormente, no início somente projetos de maior porte

como os de infraestrutura tinham a necessidade de um gerenciamento mais efetivo,

posteriormente o setor da construção civil também incorporou essas técnicas no

escopo dos projetos.

A entrada de investidores estrangeiros no país corroborou com o aumento do

grau de fiscalização, objetivando melhores resultados dos projetos de edificações em

termos de prazos mais exíguos, custos que viabilizem financeiramente os negócios e

das questões ambientais mais complexas e restritivas.

Apesar do desenvolvimento da metodologia de gerenciamento, de acordo com

Lopes (2014) o mercado ainda necessita do ponto de equilíbrio entre a experiência

adquirida por profissionais, a expertise das empresas em projetos de edificações e a

utilização das boas práticas de gerenciamento de projetos. Este ponto de equilíbrio

deve atingir os principais personagens do processo, que são o empreendedor, a

gerenciadora, a construtora e os projetistas, sem exceção. Cada um deles dentro de

suas responsabilidades deve atuar de modo a garantir um entendimento uniforme do

empreendimento.

É uma boa prática o empreendedor ou cliente entender a necessidade que haja

Page 31: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  18  

um gerenciamento moderno, principalmente no tópico de gerenciamento de prazos,

para que a pressa de se obter o resultado final não gere malefícios no futuro. Também

deve ser atribuição do empreendedor garantir que o gerenciamento já se inicie nas

suas fases primordiais. É importante ter uma visão ampla e ter com clareza o que se

espera no empreendimento e quais etapas precisam ser cumpridas.

O projetista deve ter em mente que a realização de um empreendimento de

sucesso começa por bons projetos e para tanto requer um cuidado especial na

contratação das empresas projetistas terceirizadas. Nos dias de hoje esse setor não é

responsável apenas por idealizar o projeto, mas representam a imagem da empresa

para os clientes e para isso os profissionais devem ser preocupados, engajados e

alinhados com o contexto mais amplo dos empreendimentos e qual legado o projeto

vai deixar para a ambiente no qual a edificação vai estar inserida (LOPES, 2014).

O setor da produção que cabe a construtora não deve se limitar a somente

executar a obra, mas garantir que as demandas de gestão do empreendimento estão

sendo atendidas. Como a maioria delas subcontrata quem efetivamente irá executar

os serviços, o papel de gestora das empresas subcontratadas está cada vez mais

presente na rotina das empresas.

A empresa gerenciadora que pode, ou não, ser a mesma que participa das

etapas anteriores é a responsável por administrar os demais envolvidos. As

gerenciadoras não devem ficar somente analisando custos incorridos, adicionais de

contrato que surgem ou controlando financeiramente o empreendimento. O que elas

devem fazer é estar um passo a frente, ou seja, o planejamento deve ser constante,

de forma ampla, desde a fase de concepção do empreendimento pelo cliente,

passando pela elaboração dos projetos preliminares e projetos executivos, pelo

processo de concorrências para contratação de empresas terceirizadas e pela

execução da obra. Devem se preocupar em agregar valor aos empreendedores na

maximização dos resultados do empreendimento e não apenas em ser um fiscalizador

de obras (LOPES, 2014).

Page 32: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  19  

3.2. Principais Influências na gestão de projetos No tópico anterior foi apresentada uma visão geral do processo de

gerenciamento de projetos de empreendimentos de edificações, nesse tópico é feita

uma análise mais específica de alguns fatores que influenciam diretamente o processo

de planejamento e por conseguinte o processo da gestão dos projetos.

O processo de terceirização, utilizado por diversas construtoras, a importância

de um cronograma bem estruturado para o sucesso de um projeto, a influência da

padronização dos materiais utilizados e a sua relação com o custo e a produtividade,

além da estrutura analítica do projeto são os tópicos abordados para uma análise mais

profunda das consequências (vantagens ou desvantagens) da utilização da filosofia de

gerenciamento de projetos de edificações.

3.2.1. A Terceirização Objetivando um aumento de competitividade e produtividade, as organizações

tem procurado novas formas de gestão. Com esse fim, observa-se uma tendência

crescente dos baixos níveis de integração vertical nas empresas, que tem

desencadeado grande atenção para o processo de terceirização e subcontratação.

O setor da construção civil pode ser citada como um dos exemplos

contemporâneos mais significativos onde a terceirização e a subcontratação são

partes integrantes do processo produtivo.

De acordo com o DIEESE (2003) os principais motivos para a terceirização na

construção civil são: a diversificação de técnicas utilizadas nos projetos; a

descontinuidade e natureza do processo produtivo; o caráter temporário dos projetos

que requerem uma demanda variável de mão-de-obra; a industrialização e

modernização do processo construtivo; a flexibilização dos contratos de trabalho.

Para uma análise mais completa, devem ser analisadas as vantagens e

desvantagens desse mecanismo, Vieira (2006) aponta uma série delas como:

Page 33: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  20  

Vantagens:

1) Possibilidade de melhora na qualidade dos serviços especializados, e assim no

produto final;

2) Aumento da produtividade nos serviços especializados;

3) Redução dos custos fixos das empresas

4) Ganho tecnológico sem custos extras;

5) Maior facilidade de controle de custos;

6) Concentração e foco nas atividades mais estratégicas da empresa;

7) Diminuição dos custos de manutenção e avarias de equipamentos;

8) Maior possibilidade de crescimento sem grandes investimentos.

Desvantagens:

1) Aumento da dependência de outras empresas;

2) Aumento de riscos relativos a fornecedores não qualificados;

3) Dificuldade de obtenção de parceiro ideal e de formulação de contrato com o

mesmo.

De acordo com uma pesquisa realizada por Brandli (1999) com mais de 50

empresas no Brasil, foram apresentados os serviços mais subcontratados na

construção civil. De acordo com a figura 3.1, a pesquisa aponta o serviço mais

terceirizado como os projetos (98%). Os serviços de Instalações (76%), acabamentos

(71%) e estrutura (69%) seguem com um alto percentual de terceirização.

Page 34: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  21  

Tabela 3.1. Frequência das atividades terceirizadas e subcontratadas na construção civil. (Brandli et al 1999)

Os dados obtidos no estudo de caso confirmam a acentuada tendência de

terceirização e subcontratação no setor da construção civil. As empresas deste setor

possuem estruturas flexíveis, para que possam responder as mudanças de mercado e

as diferentes propostas existentes entre projetos.

Para o sucesso de um projeto, diversos aspectos devem ser analisados e

planejados. A terceirização se apresenta como uma importante personagem nesse

setor, pois além da gestão dos processos internos da empresa, os gerentes de

projetos devem estar atentos às empresas subcontratadas.

A terceirização deve estar inserida no escopo do projeto, pois não é raro

verificar uma situação onde o gerente de projeto irá administrar a presença de outras

empresas dentro dos empreendimentos e como gestor, ele deve controlar o prazo, o

custo e a qualidade para que a escolha da subcontratação seja viável e eficiente.

Page 35: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  22  

3.2.2. Cronograma Uma ferramenta de gestão largamente utilizada em projetos de edificações é o

cronograma, podendo ser utilizado para o acompanhamento físico, financeiro e até

mesmo para o controle de mão de obra. A elaboração dessa ferramenta tem uma

importância considerável, uma vez que é responsável pela exibição da necessidade

de recursos ao longo do ciclo do projeto.

De acordo com Limmer (2003), o cronograma é a representação gráfica da

execução de um projeto, indicando os prazos em que deverão ser executadas as

atividades necessárias. Deve ser mostrado de forma lógica, para que o projeto termine

dentro de condições previamente estabelecidas, uma vez que as atividades de um

projeto consomem recursos de mão de obra, materiais e equipamentos distribuídos ao

longo do tempo.

O estilo visual de cronograma mais utilizado é o gráfico de Gantt (figura 2.1)

onde são colocadas as atividades na coluna (vertical) e suas respectivas durações

representadas por barras horizontais. De acordo com Martines (2006), se for feito um

estudo prévio de produtividade individual, descrição do serviço e levantamento do

quantitativo nas atividades, o gerenciamento da mão de obra também poderá ser feito

através dessa ferramenta.

O cronograma de materiais e equipamentos tem como objetivo antecipar o

departamento de suprimentos, para que seja feito um planejamento da contratação

para o fornecimento dos insumos necessários para a execução das atividades de

projeto.O seguinte roteiro pode ser seguido para a elaboração de um cronograma

(MARTINES, 2006):

1) Relacionar todas as atividades inerentes ao projeto;

2) Relacionar todos os tipos de materiais e suas quantidades por atividade;

3) Dimensionamento da equipe para o projeto;

4) Distribuir a quantidade de cada tipo de material para suas atividades;

5) Relacionar os prazos e o histograma de mão de obra para composição do

Page 36: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  23  

cronograma;

6) Montar o cronograma, indicando os períodos de consumo, as datas de início e

término das atividades e os ciclos envolvidos.

Com o passar do tempo, a experiência da equipe de planejamento irá colaborar

para a criação de um banco de dados que poderá ser utilizado para um

dimensionamento mais fiel a realidade, com prazos mais precisos, custos atualizados,

índices de produtividade acurados e controle de perdas de materiais balanceados.

Para empreendimentos com um grau elevado de repetitividade de atividades,

podem ser utilizados os conceitos de lean construction4. De acordo com Bernardes

(2003), essa técnica visa explicitar os ritmos de produção e os fluxos de trabalho,

conferindo assim, maior visibilidade ao processo produtivo, pois é possível identificar

interferências do fluxo de mão de obra ao longo do processo produtivo. Um exemplo é

a aplicação de revestimento externo em um prédio de vários pavimentos iguais.

Portanto, o cronograma exerce um papel de elevada importância dentro do

aperfeiçoamento das ferramentas de gerenciamento de projetos, pois é responsável

por analisar as múltiplas atividades de diversos setores e interliga-las de maneira a

relacionar as suas interdependências e representar o ciclo de vida do projeto de uma

maneira única, organizada, facilitando a compreensão e o acompanhamento dos

prazos do projeto.

3.2.3. A Padronização dos materiais A padronização dos materiais é uma forma procurada pelas organizações para

otimizar a produtividade nos projetos e tentar garantir um melhor resultado final dos

produtos no contexto da qualidade. No setor da construção civil, onde muitas

atividades são feitas de maneira repetitiva e sequencial, a padronização se torna uma

ferramenta de redução de improvisações e desperdícios.

                                                                                                               4  Lean  Construction  -­‐  Produção  Enxuta.  Filosofia  de  geração  de  valores  em  uma  produção  sem  geração  de  estoques  e  desperdícios.  (MATOS,  2006)  

Page 37: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  24  

A Construção Civil tem sido considerada uma indústria atrasada quando

comparada a outros ramos industriais, por apresentar, de maneira geral, baixa

produtividade, grande desperdício de materiais, morosidade e baixo controle de

qualidade (EL DEBS, 2000).

Pinto (1995) identifica que os acréscimos nos custos da construção, advindos

do desperdício, são de 6% e os acréscimos no volume de materiais atingem os 20%.

O mesmo autor afirma que: na Bélgica, o acréscimo nos custos globais analisando

custos diretos e indiretos advindos do desperdício é de 17%; na França de 12%; e, no

Brasil, de cerca de 30%.

Estes dados representam uma realidade apontada pelas pesquisas já feitas no

setor da construção civil e que estão sendo complementadas com pesquisas mais

abrangentes, desenvolvidas com a colaboração conjunta de diversos centros de

pesquisa do país.

De uma maneira geral, os desperdícios se originam nas diversas etapas do

processo da construção civil: Planejamento, Fabricação de Materiais e Componentes,

Execução e Uso, Projeto e Manutenção. Por esse motivo, a gestão do processo

construtivo deve ser meticulosa para mitigar essas perdas.

Apresentada como uma ação que vai no sentido oposto a esse cenário é a

padronização dos materiais como uma forma de reduzir o desperdício e, quando bem

projetado aproveita ao máximo o potencial da padronização.

Um exemplo de padronização é a utilização de cerâmica de piso combinada

com os blocos de alvenaria, isso pode ser feito através da modulação de ambientes

em função dos materiais empregados. Os fabricantes podem definir um padrão para

seu produto seguindo as especificações dos clientes, sem se dissociar das normas

técnicas vigentes.

Vale ressaltar que o gerenciamento dessas atividades deve ser feito por

profissionais capacitados a treinar não só os envolvidos no planejamento dos projetos,

mas também os responsáveis pela execução da obra, que são aqueles que irão

Page 38: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  25  

materializar esse aproveitamento definido em projeto.  

Tabela 3.2 Redução dos desperdícios na padronização de azulejos. (ARAÚJO, 1996)

Uma pesquisa feita por Araújo (1996) apresenta a redução dos desperdícios

após o gerenciamento do projeto e a aplicação de cerâmicas condizentes com as

dimensões dos ambientes aplicados. Através da tabela 3.2 é possível perceber que a

redução de azulejo pode representar 4% do total de material dentro desse estudo. O

excedente que antes não era racionalizado e virava entulho, hoje representa uma

economia para os projetos.

A partir do momento em que é feita a escolha por implantar um sistema de

padronização, pode haver uma expectativa de que todos os ganhos aconteçam de

forma rápida e com a elaboração de padrões simples, porém, de acordo com Meira

(2007), o processo de padronização alcança os seus objetivos finais de redução de

desperdícios de materiais e recursos humanos através da redução da variabilidade

dos processos envolvidos no setor da construção civil. Por outro lado, esses

resultados estão diretamente relacionados com a qualidade dos padrões elaborados,

com a sua adequada utilização e com a perfeita integração entre os diversos padrões

de uma empresa.

A qualidade dos padrões depende, fundamentalmente, da participação e do

envolvimento dos gerentes de projeto que contribuem com a realização das

atividades, pois eles que detêm o conhecimento e, consequentemente têm melhores

condições de detalhá-la e sugerir ações de melhoria. Nesse sentido, é importante que

estas pessoas além de serem orientadas para a elaboração do documento em

questão, tenham o real conhecimento da importância da sua participação no processo

e dos ganhos advindos desta participação.

Page 39: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  26  

A padronização constitui-se, portanto, em uma forma de se promover um

benefício na utilização de mecanismos para uma otimização na gestão dos custos,

prazos e da qualidade no processo de gerenciamento de projetos de edificações.

Dessa forma, essa ferramenta não deve ser encerrada com a determinação de um

único padrão, ela deve ser desenvolvida constantemente para mitigar as perdas e

controlada para sua correta aplicação no desenvolvimento das atividades.

3.2.4. EAP – Estrutura Analítica de Projeto

O gerenciamento do escopo do projeto é necessário para garantir que os

múltiplos elementos possam ser adequadamente coordenados. De acordo com

Vargas (2005), EAP significa Estrutura Analítica de Projeto, também conhecida como

WBS - Work Breakdown Struture. Esta ferramenta é utilizada no apoio ao

gerenciamento do escopo do projeto. Cada nível descendente do projeto representa

um aumento no nível de detalhamento do projeto, como um organograma.

A EAP é uma decomposição hierárquica orientada a entrega do trabalho a ser

executado pela equipe de projeto, para atingir os objetivos do projeto e criar as

entregas necessárias. Com a EAP o projeto pode ser dividido, através da técnica de

decomposição, em seus principais componentes conforme apresentado na figura 3.2.

Nota-se que de uma maneira generalista, o projeto pode ser composto por

outros subprojetos e que existe uma interdependência entre os pacotes de trabalho,

produto no nível mais baixo na EAP, para se obter as entregas desejadas. Esse

exemplo de EAP apresentado, pode ser utilizado para um melhor gerenciamento do

escopo do projeto e entendimento das etapas percorridas para o resultado desejado.

Page 40: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  27  

Figura 3.1. – Exemplo de Estrutura Analítica de Projeto – (VARGAS, 2005)

De acordo com Xavier (2006) a Estrutura Analítica de Projeto deve seguir estes

dez mandamentos:

1- Cada elemento deve representar um resultado tangível e verificável.

2- Todos os resultados principais devem estar explicitamente incluídos na EAP.

3- Os resultados principais devem ser claramente definidos para que fique bem

explícito o trabalho a ser realizado.

4- Os resultados principais devem ser decompostos até um nível de detalhe que

permita o planejamento e gerenciamento do trabalho necessário para sua entrega.

5- A decomposição não deve ser demasiada de forma que o custo de controle não

traga o benefício necessário.

6- Cada elemento deve contribuir para o elemento ao qual está subordinado.

7- Ao descer um nível da EAP, a soma dos resultados subordinados corresponde ao

resultado do elemento ao qual está subordinado.

Page 41: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  28  

8- Um elemento da EAP não pode ter um único subordinado, pois será igual ao

elemento ao qual está subordinado.

9- Um elemento não pode estar subordinado a mais de um elemento.

10- Os resultados principais necessários (atas de reuniões, relatórios) devem ser

incluídos na EAP.

O planejamento de uma EAP apresenta uma prática de gerenciamento de

projetos de valiosa utilidade em edificações pois delimita o escopo e aumenta o grau

de detalhamento no planejamento. De acordo com Carvalho (2010) a EAP deve

acompanhar todo o ciclo de vida do projeto pois:

a) Fornece uma visão gráfica global do escopo do projeto, com atividades e

atribuições bem definidas;

b) As subdivisões asseguram que o plano de gerenciamento do projeto cumprirá

o escopo aprovado e irá atender aos os objetivos globais do projeto;

c) Auxilia na decomposição de projetos complexos em elementos simples;

d) Auxilia na designação de responsabilidades de execução ou de contratação

dos serviços;

e) Fornece uma base segura para estimativas de custo, tempo e recursos;

f) Previne o esquecimento e a falta entendimento sobre as atividades;

g) Facilita a comunicação entre níveis e atividades;

h) Auxilia na previsão de recursos e equipamentos necessários a execução de

cada trabalho;

i) Auxilia na demonstração dos resultados obtidos aos interessados;

j) Fornece informações para avaliar impacto de mudanças de escopo.

Page 42: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  29  

4. Visão geral do guia PMBOK

Dentre o vasto material disponível sobre gerenciamento de projetos, pode-se

destacar o PMI (Project Management Institute - Pennsylvania/EUA), criado em 1969

como uma associação profissional sem fins lucrativos, foi o primeiro órgão que

agrupou e consolidou em um só documento diversos conceitos, técnicas e

ferramentas de gestão de projetos.

As diretrizes abordadas pelo PMI já vinham sendo utilizadas por inúmeros

profissionais, porém de maneira informal, às vezes inconscientemente e sobretudo

não estruturada. Este documento, mais conhecido como PMBOK (Project

Management Body of Knowledge), é divulgado pelo PMI desde 1987 e até a última

versão, a de 2014 (5ª edição), os voluntários de diferentes áreas de atuação, têm

contribuído com sugestões e atualizações nas mais modernas técnicas utilizadas em

gerenciamento de projetos.

O PMBOK abrange diversas áreas de conhecimento em gerenciamento de

projetos e apresenta para cada processo as habilidades, ferramentas e técnicas que

aumentam a chance de sucesso de um projeto. O guia PMBOK (2014) pode ser

subdividido em três partes:

Parte 1: Introdução ao guia PMBOK, definições de projetos e o gerenciamento

de projetos (capítulo 1). As influências organizacionais, a equipe do projeto e o ciclo

de vida do mesmo são analisadas no capítulo 2.

Os dois primeiros capítulos oferecem uma base para que as diretrizes de

gerenciamento de projetos possam ser abordadas, além de demonstrar

comparativamente a diferença entre o gerenciamento de projetos, de programas e de

portfólios. Outro ponto importante é a seção onde são definidas as competências e

habilidades necessárias para o gerente de projeto.

Page 43: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  30  

Figura 4.1 - Fases do ciclo de vida de um projeto. (VARGAS, 2005)

De acordo com Vargas (2005), as fases de um projeto apresentadas na figura

4.1 podem ser analisadas por:

a) Fase de Definição: É a fase inicial do projeto, quando uma determinada

necessidade é identificada e transformada em um problema estruturado a ser

resolvido pelo projeto. Nessa fase, a missão e o objetivo do projeto são

definidos.

b) Fase Estratégica: É a fase responsável por identificar e selecionar as

melhores formas de condução do projeto, gerando a maior quantidade

possível de alternativas viáveis para o seu desenvolvimento.

c) Fase de Planejamento Operacional: Após a escolha da forma com que o

projeto será conduzido, realiza-se um detalhamento de tudo aquilo que será

realizado, incluindo cronogramas, interdependências entre atividades,

alocação dos recursos envolvidos, análise de custos, para que, no final da

fase de planejamento operacional, o projeto esteja suficientemente detalhado

para ser executado sem dificuldades e imprevistos.

Page 44: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  31  

d) Fase de Execução: É a fase que materializa tudo aquilo que foi planejado

anteriormente. Qualquer erro cometido nas fases anteriores fica evidente

durante essa fase. Se, por exemplo, a equipe da estrutura planejou que

realizaria o ciclo da laje em 7 dias durante a fase de planejamento e, sem que

tenha ocorrido nenhum imprevisto relevante durante a execução dos

trabalhos, a execução durou 10 dias, houve um erro de estimativa que foi

detectado apenas na realização do trabalho, podendo até ter prejudicado o

cronograma do projeto.

e) Fase de Controle: É a fase que acontece paralelamente ao planejamento

operacional e à execução do projeto. Tem como objetivo acompanhar e

controlar aquilo que está sendo realizado pelo projeto, de modo a propor

ações corretivas e preventivas no menor espaço de tempo possível, após a

detecção da anormalidade. O objetivo do controle é comparar o status atual do

projeto com o status previsto pelo planejamento, tomando ações corretivas em

caso de desvio.

f) Fase de Finalização: É a fase quando a execução dos trabalhos é avaliada

através de uma auditoria interna ou externa (terceiros), os livros e documentos

do projeto são encerrados e todas as falhas ocorridas durante o projeto são

discutidas e analisadas para que erros similares não ocorram em novos

projetos (aprendizado).

Parte 2: Processos de Gerenciamento de projetos. A figura 4.2 ilustra os

grupos de processos: A iniciação do projeto, passando pelo Planejamento e Execução

do projeto, esses inseridos no processo de Monitoramento e controle e por fim, o

processo de encerramento e conclusão do projeto. Além de apresentar a importância

das áreas de conhecimento (capítulo 3).

Page 45: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  32  

Figura 4.2 - Grupos de processos de gerenciamento de projetos (PMBOK, 2014)

Parte 3: Descreve as áreas de conhecimento em gerenciamento de projetos,

listando os processos envolvidos, as entradas, as ferramentas, as técnicas e as saídas

de cada área (capítulos 4 ao 13). O guia mapeia 47 processos de gerenciamento de

projetos nos 5 grupos de processos de gerenciamento de projetos e cada capítulo é

abordada uma das 10 áreas de conhecimento:

1) Integração do projeto;

2) Escopo do projeto;

3) Tempo;

4) Custos;

5) Qualidade;

6) Recursos humanos;

7) Comunicações;

8) Riscos;

9) Aquisições;

10) Partes interessadas

Page 46: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  33  

4.1. Gerenciamento da Integração O gerenciamento da integração do projeto inclui os processos e atividades para

identificar, definir, combinar, unificar e coordenar atividades dentro dos grupos de

processos de gerenciamento do projeto. No contexto de gerenciamento de projetos,

integração inclui características de unificação, consolidação, comunicação e ações

integradoras que são essenciais para a execução controlada do projeto até a sua

conclusão, a fim de gerenciar com sucesso as expectativas das partes interessadas, e

atender aos requisitos.

De acordo com Oliveira (2003) de todas as áreas, esta é talvez a que mais

exige uma visão sistêmica e global por parte do gerente de projetos. E também é a

que mais exige qualidades diplomáticas e de estrategista, uma vez que para um bom

resultado, será necessário angariar a confiança e a cooperação de todos e com o

mínimo de conflitos. É a integração que faz com que todas as partes distintas do

projeto formem um conjunto único e evoluam uniformemente rumo a um objetivo

comum. De um modo geral, quanto maior o projeto, mais pessoas envolvidas e maior

é a necessidade e a importância de uma boa integração. Os processos de

gerenciamento da integração incluem (PMBOK, 2014):

a) Desenvolver o termo de abertura do projeto - Autoriza formalmente um projeto;

b) Desenvolver o plano de gerenciamento do projeto - Documentação das ações

necessária para definir, preparar, integrar e coordenar todos os planos

auxiliares;

c) Orientar e gerenciar a execução do projeto – Realização do trabalho definido

no plano de gerenciamento de projetos;

d) Monitorar e controlar o trabalho do projeto – Acompanhamento, revisão e

regulação do progresso para atender aos objetivos de desempenho definidos

no plano de gerenciamento do projeto;

e) Realizar o controle integrado de mudanças – Revisão de todas as solicitações

de mudança, aprovação de mudanças e gerenciamento de mudanças nas

Page 47: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  34  

entregas, ativos de processo organizacionais, documentos de projeto e plano

de gerenciamento do projeto;

f) Encerrar o projeto ou fase – Finalização de todas as atividades de todos os

grupos de processos de gerenciamento do projeto para terminar formalmente

o projeto ou a fase.

Gerenciamento da Integração

Iniciação Planejamento Execução Monitoramento e

controle Encerramento

§ Desenvolver o termo de abertura

do projeto.

§ Desenvolver o plano de

gerenciamento do projeto.

§ Orientar e gerenciar o

trabalho do projeto.

§ Monitorar e controlar

o trabalho do projeto; § Realizar o controle

integrado de mudanças.

§ Encerrar o projeto ou fase.

Tabela 4.1 – Processos relacionados ao gerenciamento da Integração. (PMBOK, 2014)

4.2. Gerenciamento do Escopo

O gerenciamento do escopo do projeto inclui os processos necessários para

assegurar que o projeto inclui todo o trabalho necessário, e apenas o necessário, para

terminar o projeto com sucesso. O gerenciamento do escopo do projeto está

relacionado principalmente com a definição e controle do que está e do que não está

incluso no projeto. Os processos de gerenciamento do escopo do projeto incluem

(PMBOK, 2014):

a) Planejar o gerenciamento do escopo - O processo de criar um plano de

gerenciamento do escopo do projeto que documenta como tal escopo será

definido, validado e controlado.

b) Coletar os requisitos - O processo de determinar, documentar e gerenciar as

necessidades e requisitos das partes interessadas a fim de atender aos

objetivos do projeto.

c) Definir o escopo - O processo de desenvolvimento de uma descrição

detalhada do projeto e do produto.

d) Criar a EAP - O processo de subdivisão das entregas e do trabalho do projeto

Page 48: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  35  

em componentes menores e mais facilmente gerenciáveis.

e) Validar o escopo - O processo de formalização da aceitação das entregas

concluídas do projeto.

f) Controlar o escopo - O processo de monitoramento do andamento do escopo

do projeto e do produto e gerenciamento das mudanças feitas na linha de

base do escopo.

Gerenciamento do Escopo

Iniciação Planejamento Execução Monitoramento e

controle Encerramento

§ Planejar o gerenciamento do escopo;

§ Coletar os requisitos; § Definir o escopo;

§ Criar a EAP.

§ Validar o escopo;

§ Controlar o escopo.

Tabela 4.2 - Processos relacionados ao Gerenciamento do Escopo. (PMBOK, 2014)

4.3. Gerenciamento do Tempo

O gerenciamento do tempo do projeto inclui os processos necessários para

gerenciar o término pontual do projeto. Trata-se do planejamento e monitoramento das

ações a serem tomadas ao longo do projeto. Como, em alguns mercados, tempo e

prazo de entrega são prioritários sobre qualquer outra característica do projeto, esta é

uma área que vem se tornando cada vez mais vital no Gerenciamento de Projetos.

Para Oliveira (2003), o gerenciamento de tempo se inicia junto à confecção da

EAP, onde as atividades e entregas a serem efetuadas recebem períodos de duração

(estimados). Para a estimativa de duração de cada atividade da EAP existem vários

métodos: dados históricos, estatísticos, simulações e julgamentos especializados.

Estas estimativas normalmente são feitas pelos líderes de cada equipe ou pelos

gerentes de projeto que devem analisa-las baseado na sua experiência e em dados

históricos. Os processos de gerenciamento do tempo incluem (PMBOK, 2014):

a) Planejar o gerenciamento do cronograma - O processo de estabelecer as

políticas, os procedimentos e a documentação para o planejamento,

Page 49: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  36  

gerenciamento, execução e controle do cronograma do projeto.

b) Definir as atividades - O processo de identificação e documentação das ações

específicas a serem realizadas para produzir as entregas do projeto.

c) Sequenciar as atividades - O processo de identificação e documentação dos

relacionamentos entre as atividades do projeto.

d) Estimar os recursos das atividades - O processo de estimativa dos tipos e

quantidades de material, recursos humanos, equipamentos ou suprimentos

que serão necessários para realizar cada atividade.

e) Estimar as durações das atividades - O processo de estimativa do número de

períodos de trabalho que serão necessários para terminar atividades

específicas com os recursos estimados.

f) Desenvolver o cronograma - O processo de análise das sequências das

atividades, suas durações, recursos necessários e restrições do cronograma

visando criar o modelo do cronograma do projeto.

g) Controlar o cronograma - O processo de monitoramento do andamento das

atividades do projeto para atualização no seu progresso e gerenciamento das

mudanças feitas na linha de base do cronograma para realizar o planejado.

Tabela 4.3 - Processos relacionados ao Gerenciamento do Tempo. (PMBOK, 2014)

Gerenciamento do Tempo

Iniciação Planejamento Execução Monitoramento e

controle Encerramento

§ Planejar o gerenciamento do cronograma;

§ Definir as atividades; § Sequenciar as atividades;

§ Estimar os recursos das atividades;

§ Estimar as durações das atividades;

§ Desenvolver o cronograma.

§ Controlar o

cronograma.

Page 50: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  37  

4.4. Gerenciamento dos Custos O gerenciamento dos custos do projeto inclui os processos envolvidos em

planejamento, estimativas, orçamentos, financiamentos, gerenciamento e controle dos

custos, de modo que o projeto possa ser terminado dentro do orçamento aprovado. Os

processos de gerenciamento de custos incluem (PMBOK, 2014):

a) Planejar o gerenciamento dos custos é o processo de estabelecer as políticas,

os procedimentos e a documentação para o planejamento, gestão, despesas e

controle dos custos do projeto.

b) Estimar os custos é o processo de desenvolvimento de uma estimativa de

custos dos recursos monetários necessários para terminar as atividades do

projeto.

c) Determinar o orçamento é o processo de agregação dos custos estimados de

atividades individuais ou pacotes de trabalho para estabelecer uma linha de

base dos custos autorizada.

d) Controlar os custos é o processo de monitoramento do andamento do projeto

para atualização no seu orçamento e gerenciamento das mudanças feitas na

linha de base de custos.

Gerenciamento dos Custos

Iniciação Planejamento Execução Monitoramento e

controle Encerramento

§ Planejar o gerenciamento dos

custos; § Estimar os custos;

§ Determinar o orçamento.

§ Controlar os

custos.

Tabela 4.4 - Processos relacionados ao Gerenciamento dos Custos. (PMBOK, 2014)

Esta é considerada por muitos como uma das áreas mais difíceis e essenciais

ao Gerenciamento de Projetos. Junto com o Gerenciamento de Tempo, forma a base

que originou os conceitos do GP. Embora haja outros parâmetros igualmente

importantes no sucesso de um projeto, o bom ou mau desempenho do Gerenciamento

de Custos é o primeiro a ser avaliado e o que, em geral, causa maior impacto no

Page 51: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  38  

resultado final (OLIVEIRA, 2003).

De acordo com VARGAS (2005) as maiores causas de falhas no

gerenciamento de custos podem ser atribuídas a elementos externos ao processo

isolado de custos. São elas: interpretação errada, por parte dos executores, do

trabalho a ser realizado; omissão na definição do escopo do trabalho; cronograma

pobremente definido ou excessivamente otimista; fracasso na avaliação de riscos;

estrutura analítica do projeto (EAP) mal definida; parâmetros de qualidade mal

estabelecidos; fracasso na estimativa dos custos indiretos e administrativos do projeto.

4.5. Gerenciamento da Qualidade O gerenciamento da qualidade do projeto inclui os processos e as atividades

da organização executora que determinam as políticas de qualidade, os objetivos e as

responsabilidades, de modo que o projeto satisfaça às necessidades para as quais foi

empreendido. O gerenciamento da qualidade do projeto usa as políticas e

procedimentos para a implementação, no contexto do projeto, do sistema de

gerenciamento da qualidade da organização e, de maneira apropriada, dá suporte às

atividades de melhoria do processo contínuo como empreendido no interesse da

organização executora. O gerenciamento da qualidade do projeto trabalha para

garantir que os requisitos do projeto, incluindo os requisitos do produto, sejam

cumpridos e validados. Estão no escopo do gerenciamento da qualidade as seguintes

atividades (PMBOK, 2014):

a) Planejar o gerenciamento da qualidade - O processo de identificação dos

requisitos e/ou padrões da qualidade do projeto e suas entregas, além da

documentação de como o projeto demonstrará a conformidade com os

requisitos e/ou padrões de qualidade.

b) Realizar a garantia da qualidade - O processo de auditoria dos requisitos de

qualidade e dos resultados das medições do controle de qualidade para

garantir o uso dos padrões de qualidade e das definições operacionais

Page 52: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  39  

apropriadas.

c) Controlar a qualidade - O processo de monitoramento e registro dos

resultados da execução das atividades de qualidade para avaliar o

desempenho e recomendar as mudanças necessárias.

Tabela 4.5 - Processos relacionados ao Gerenciamento da Qualidade. (PMBOK, 2014)

Vale ressaltar que os custos utilizados para o gerenciamento da qualidade

(treinamento, controle e auditorias) e as consequências de não se gerir de forma

adequada como o retrabalho, as perdas, os reparos e os atrasos devem ser

apontados e registrados para que se tenha um banco de dados e um histórico para

uma retroalimentação e uma melhora contínua. Esses dados também contribuem para

a viabilização de novos projetos e a manutenção da imagem e longevidade da

empresa no mercado.

4.6. Gerenciamento dos Recursos Humanos O gerenciamento dos recursos humanos do projeto inclui os processos que

organizam, gerenciam e guiam a equipe do projeto. A equipe do projeto consiste das

pessoas com papéis e responsabilidades designadas para completar o projeto. Os

membros da equipe do projeto podem ser acrescentados ou removidos da equipe à

medida que o projeto progride. A participação dos membros da equipe durante o

planejamento agrega seus conhecimentos ao processo e fortalece o compromisso

com o projeto. Os processos de gerenciamento de recursos humanos incluem

(PMBOK, 2014).

a) Planejar o gerenciamento dos recursos humanos - O processo de identificação

Gerenciamento da Qualidade

Iniciação Planejamento Execução Monitoramento e

controle Encerramento

§ Planejar o gerenciamento da

qualidade.

§ Realizar a garantia da

qualidade.

§ Controlar a

qualidade.

Page 53: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  40  

e documentação, responsabilidades, habilidades necessárias, relações

hierárquicas, além da criação de um plano de gerenciamento do pessoal.

b) Mobilizar a equipe do projeto - O processo de confirmação da disponibilidade

dos recursos humanos e obtenção da equipe necessária para terminar as

atividades do projeto.

c) Desenvolver a equipe do projeto - O processo de melhoria de competências,

da interação da equipe e do ambiente geral da equipe para aprimorar o

desempenho do projeto.

d) Gerenciar a equipe do projeto - O processo de acompanhar o desempenho

dos membros da equipe, fornecer feedback, resolver problemas e gerenciar

mudanças para otimizar o desempenho do projeto.

Gerenciamento dos Recursos humanos

Iniciação Planejamento Execução Monitoramento

e controle Encerramento

§ Planejar o gerenciamento

dos recursos humanos.

§ Mobilizar a equipe do projeto; § Desenvolver a equipe do

projeto; § Gerenciar a equipe do projeto.

Tabela 4.6 - Processos relacionados ao Gerenciamento dos Recursos humanos. (PMBOK, 2014)

4.7. Gerenciamento das Comunicações O gerenciamento das comunicações do projeto inclui os processos necessários

para assegurar que as informações do projeto sejam planejadas, coletadas, criadas,

distribuídas, armazenadas, recuperadas, gerenciadas, controladas, monitoradas e

finalmente dispostas de maneira oportuna e apropriada. Os gerentes de projetos

passam a maior parte do tempo se comunicando com os membros da equipe e outras

partes interessadas do projeto, quer sejam internas (em todos os níveis da

organização) ou externas à organização. A comunicação eficaz cria uma ponte entre

as diversas partes interessadas do projeto, que podem ter diferenças culturais e

organizacionais, diferentes níveis de conhecimento, e diversas perspectivas e

interesses que podem impactar ou influenciar a execução ou resultado do projeto. Os

Page 54: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  41  

processos de gerenciamento das comunicações incluem (PMBOK, 2014):

a) Planejar o gerenciamento das comunicações - O processo de desenvolver

uma abordagem apropriada e um plano de comunicações do projeto com base

nas necessidades de informação e requisitos das partes interessadas, e nos

ativos organizacionais disponíveis.

b) Gerenciar as comunicações - O processo de criar, coletar, distribuir,

armazenar, recuperar e de disposição final das informações do projeto de

acordo com o plano de gerenciamento das comunicações.

c) Controlar as comunicações - O processo de monitorar e controlar as

comunicações no decorrer de todo o ciclo de vida do projeto para assegurar

que as necessidades de informação das partes interessadas do projeto sejam

atendidas.

Gerenciamento das Comunicações

Iniciação Planejamento Execução Monitoramento e

controle Encerramento

§ Planejar o gerenciamento das

comunicações.

§ Gerenciar as

comunicações.

§ Controlar as

comunicações.

Tabela 4.7 - Processos relativos ao gerenciamento das comunicações. (PMBOK, 2014)

4.8. Gerenciamento dos Riscos

O Gerenciamento dos riscos do projeto inclui os processos de planejamento,

identificação, análise e controle de riscos de um projeto. Os objetivos do

gerenciamento dos riscos do projeto são aumentar a probabilidade e o impacto dos

eventos positivos e reduzir a probabilidade e o impacto dos eventos negativos no

projeto. Os processos de gerenciamento dos riscos incluem (PMBOK, 2014):

a) Planejar o gerenciamento dos riscos - O processo de definição de como

conduzir as atividades de gerenciamento dos riscos de um projeto.

b) Identificar os riscos - O processo de determinação dos riscos que podem

afetar o projeto e de documentação das suas características.

Page 55: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  42  

c) Realizar a análise qualitativa dos riscos - O processo de priorização de riscos

para análise ou ação posterior através da avaliação e combinação de sua

probabilidade de ocorrência e impacto.

d) Realizar a análise quantitativa dos riscos - O processo de analisar

numericamente o efeito dos riscos identificados nos objetivos gerais do

projeto.

e) Planejar as respostas aos riscos - O processo de desenvolvimento de opções

e ações para aumentar as oportunidades e reduzir as ameaças aos objetivos

do projeto.

f) Controlar os riscos - O processo de implementar planos de respostas aos

riscos, acompanhar os riscos identificados, monitorar riscos residuais,

identificar novos riscos e avaliar a eficácia do processo de gerenciamento dos

riscos durante todo o projeto.

Gerenciamento dos Riscos

Iniciação Planejamento Execução Monitoramento e

controle Encerramento

§ Planejar o gerenciamento dos riscos;

§ Identificar os riscos; § Realizar a análise qualitativa dos

riscos; § Realizar a análise quantitativa dos

riscos; § Planejar as respostas aos riscos.

§ Controlar os

riscos.

Tabela 4.8 - Processos relativos ao gerenciamento dos riscos. (PMBOK, 2014)

Os riscos envolvem a imagem da empresa e a reputação dos Stakeholders,

dessa forma, os riscos devem ser conhecidos, mapeados para que possam ser

mitigados. Os riscos podem ser mensurados de acordo com a probabilidade de

ocorrência e o custo inerente à consequência do sinistro.

4.9. Gerenciamento das aquisições

O gerenciamento das aquisições do projeto inclui os processos necessários

Page 56: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  43  

para comprar ou adquirir produtos, serviços ou resultados externos à equipe do

projeto. A organização pode ser tanto o comprador quanto o vendedor dos produtos,

serviços ou resultados de um projeto. Os seguintes itens fazem parte do escopo do

gerenciamento das aquisições (PMBOK, 2014):

a) Planejar o gerenciamento das aquisições - O processo de documentação das

decisões de compras do projeto, especificando a abordagem e identificando

fornecedores em potencial.

b) Conduzir as aquisições - O processo de obtenção de respostas de

fornecedores, seleção de um fornecedor e adjudicação de um contrato.

c) Controlar as aquisições - O processo de gerenciamento das relações de

aquisições, monitoramento do desempenho do contrato e realizações de

mudanças e correções nos contratos, conforme necessário.

d) Encerrar as aquisições - O processo de finalizar cada uma das aquisições do

projeto.

Gerenciamento das Aquisições

Iniciação Planejamento Execução Monitoramento e

controle Encerramento

§ Planejar o

gerenciamento das aquisições.

§ Conduzir as aquisições .

§ Controlar as aquisições.

§ Encerrar as aquisições.

Tabela 4.9 - Processos relativos ao gerenciamento das aquisições. (PMBOK, 2014) O controle das contratações deve ser feito de forma intensa, uma vez que para

o controle dos custos, o gerente de contratos deve ter acesso ao histórico de

contratações da organização para saber se houve algum aumento significativo do

preço sem justificativa plausível. Além disso, é recomendável que haja uma boa

relação entre a contratada e a contratante a fim de garantir uma parceria com maior

longevidade e reduzir as falhas de contratação de empresas apenas pelo menor preço

que possam não atender aos requisitos de documentação, qualidade e prazo.

Page 57: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  44  

4.10. Gerenciamento das partes interessadas O gerenciamento das partes interessadas do projeto inclui os processos

exigidos para identificar todas as pessoas, grupos ou organizações que podem

impactar ou serem impactados pelo projeto, analisar as expectativas das partes

interessadas e seu impacto no projeto, e desenvolver estratégias de gerenciamento

apropriadas para o engajamento eficaz das partes interessadas nas decisões e

execução do projeto. O gerenciamento das partes interessadas também se concentra

na comunicação contínua com as partes interessadas para entender suas

necessidades e expectativas, abordando as questões conforme elas ocorrem,

gerenciando os interesses conflitantes e incentivando o engajamento das partes

interessadas com as decisões e atividades do projeto. A satisfação das partes

interessadas deve ser gerenciada como um objetivo essencial do projeto. Os

processos de gerenciamento das partes interessadas incluem (PMBOK, 2014):

a) Identificar as partes interessadas - O processo de identificar pessoas, grupos

ou organizações que podem impactar ou serem impactados por uma decisão,

atividade ou resultado do projeto e analisar e documentar informações

relevantes relativas aos seus interesses, nível de engajamento,

interdependências, influência, e seu impacto potencial no êxito do projeto.

b) Planejar o gerenciamento das partes interessadas - O processo de

desenvolver estratégias apropriadas de gerenciamento para engajar as partes

interessadas de maneira eficaz no decorrer de todo o ciclo de vida do projeto,

com base na análise das suas necessidades, interesses e potencial impacto

no sucesso do projeto.

c) Gerenciar o engajamento das partes interessadas - O processo de se

comunicar e trabalhar com as partes interessadas para atender às suas

necessidades/expectativas deles, abordar as questões à medida que elas

ocorrem, e incentivar o engajamento apropriado das partes interessadas nas

atividades do projeto, no decorrer de todo o ciclo de vida do projeto.

Page 58: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  45  

d) Controlar o engajamento das partes interessadas - O processo de monitorar

os relacionamentos das partes interessadas do projeto em geral, e ajustar as

estratégias e planos para o engajamento das partes interessadas.

Gerenciamento das Partes Interessadas

Iniciação Planejamento Execução Monitoramento e

controle Encerramento

Ø Identificar as

partes interessadas.

§ Planejar o gerenciamento

das partes interessadas.

§ Gerenciar o engajamento das

partes interessadas.

§ Controlar o engajamentos das

partes interessadas.

Tabela 4.10 - Processos relativos ao gerenciamento das partes interessadas. (PMBOK, 2014)

Page 59: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  46  

5. Aplicação do PMBOK em projetos de edificações  

5.1. Visão Geral da Aplicabilidade do Modelo do PMBOK Com a disseminação da utilização das diretrizes do PMI, um número cada vez

maior de empresas e profissionais adotam o PMBOK para auxiliar na gestão de

projetos. O uso dessa ferramenta de gestão gera vantagens e desvantagens que

dependem da metodologia aplicada. Diversas organizações, solicitam que a gestão do

projeto de uma edificação seja seguida baseada nas boas práticas do PMI.

De acordo com Hozumi (2006), os principais objetivos apontados pelas

organizações para se utilizar as diretrizes do PMBOK em seus projetos podem ser

vistos na figura 5.1. A redução dos erros executivos corresponde ao principal objetivo

para se utilizar as diretrizes do PMBOK para 68% das organizações, a redução dos

custos aparece como o fator mais importante para 21% das organizações, seguido da

satisfação dos Stakeholders (7%) e não menos importante, a redução dos riscos do

projeto se apresenta como o principal objetivo para 4% das empresas consultadas.

Figura 5.1 – Principais objetivos da utilização da metodologia do PMBOK (HOZUMI, 2006)  

68%  

21%  

4%  7%  

PRINCIPAIS OBJETIVOS

REDUÇÃO DOS ERROS EXECUTIVOS

REDUÇÃO DOS CUSTOS DO PROJETO

REDUÇÃO DOS RISCOS DO PROJETO

SATISFAÇÃO DOS STAKEHOLDERS

Page 60: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  47  

No entanto, de acordo com Lopes (2014) percebe-se que em algumas

construtoras há um excesso de formulários, relatórios e modelos a serem preenchidos

com justificativas de serem ferramentas de gestão. Esses mecanismos utilizados

passam ao mercado uma visão deturpada que o gerenciamento dentro das práticas do

PMBOK é sinônimo de burocracia que engessa a gestão com pouca utilidade prática.

Talvez tal percepção seja alimentada por parte dos gestores que agem desta forma

por não ter o conhecimento em como aplicar adequadamente as diretrizes de

gerenciamento.

Outro aspecto que pode ocorrer é a existência de um hiato entre correntes de

gestão adotadas. Por um lado, algumas organizações gerenciam os seus

empreendimentos de forma empírica não estruturada, ou seja, gerencia a execução

dos projetos (design) e da obra através de sucessos ou fracassos passados e não se

empenham em desenvolver um modelo de gerenciamento aplicado a todo o ciclo de

vida do projeto. Por outro lado tem-se organizações que buscam a gestão estruturada

por modelos, tal como o do PMBOK, mas que peca pelo uso excessivo de caráter

mais teórico, o que não traz o benefício esperado no gerenciamento prático de uma

maneira global.

5.2. Principais dificuldades da utilização da metodologia do PMBOK A partir desse cenário existente entre esses extremos, ou seja, a não utilização

das boas práticas do PMI ou a utilização de forma excessivamente teórica dessas

técnicas, pode-se listar o que não se deve fazer na utilização do PMBOK e também

como se pode valer dos benefícios dessas diretrizes (LOPES 2014).

O que não se deve fazer na utilização do PMBOK:

1. Utilizá-lo como um amontoado de formulários e apenas preenche-los.

2. Não ter a aderência à cultura da empresa em sua utilização.

3. Utilização total sem a distinção do porte do projeto e sem tomar conhecimento

de qual é o nível de maturidade da empresa em gestão de projetos.

Page 61: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  48  

4. Sobrepor a importância dos processos de gestão de projetos em detrimento

aos processos relacionados ao produto, ou seja, os processos técnicos de engenharia.

5. Utilização dos processos de gestão de projetos somente por pessoas sem

conhecimento técnico em engenharia e construção, o conhecimento técnico é

condição básica para gerir projetos dessa natureza.

6. Que o excesso na utilização destes processos de gestão de projetos possa

tirar a capacidade de entrega do empreendimento, seja pelo cliente, pela

gerenciadora, pelos projetistas ou pelas construtoras. Este é o caso típico em que há o

engessamento dos processos de gerenciamento de projetos dentro das empresas,

prejudicando ao alcance dos objetivos estabelecidos para o empreendimento.

De acordo com Hozumi (2006) foi feita uma pesquisa com vinte e oito

empresas gerenciadoras de projetos de engenharia civil do Rio de Janeiro utilizando

os fluxos de processos recomendados pelo PMI. Após a realização da pesquisa foram

apontadas algumas restrições na utilização das diretrizes de gestão de projetos

baseado no PMBOK (Figura 5.2).

Figura 5.2 – Principais dificuldades para aplicação da metodologia do PMBOK (HOZUMI, 2006)

FALTA  DE  TEMPO  43%  

FALTA  DE  RECURSOS  

29%  

PROJETOS  INDEFINIDOS  

14%  

FALTA  DE  FEEDBACK  DOS  EXECUTORES  

14%  

PRINCIPAIS DIFICULDADES

Page 62: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  49  

O maior ponto restritivo para que não sejam utilizadas as diretrizes do PMBOK

foi a baixa disponibilidade de tempo para a implantação desse modelo de

gerenciamento dentro da empresa por ser muito extenso e detalhado. Além disso, foi

constatado que há uma deficiência de profissionais dedicados exclusivamente a

aplicação desses procedimentos dentro da empresa, por outro lado, a contratação de

uma empresa de consultoria externa, especializada em gerenciamento, encarece o

custo do projeto podendo até inviabilizar o empreendimento.

Outro aspecto apontado pelas empresas é a falta de feedback dos executores

dos projetos, fato que prejudica a atualização de indicadores produtivos, desta forma,

questões ou problemas sem respostas rápidas dificultam a eficácia dos trabalhos de

gerenciamento. Além disso, existe o problema da indefinição dos projetos, com

constantes alterações e complementações que induzem à gastos extras e

prolongamento dos prazos.

5.3. Principais ganhos da utilização da metodologia do PMBOK Por outro lado, se tem algumas formas de boa utilização dos benefícios do

PMBOK segundo Lopes (2014):

1. Adoção das boas práticas de forma progressiva a partir das técnicas, conceitos

e ferramentas de gestão de projetos, tais como definição da EAP (Estrutura Analítica

de Projeto), cronograma com caminho crítico, orçamento detalhado, plano de garantia

da qualidade e o plano do projeto.

2. Disseminar o ponto mais importante que é a visão integrada de todas as áreas

de conhecimento no gerenciamento do projeto.

3. Ter o conhecimento de toda a terminologia e técnicas apresentadas no

PMBOK, garantindo assim uma convergência nas discussões acerca das formas de

gerenciar projetos entre os principais envolvidos.

4. Deve ser realizado por toda a equipe do projeto e não isoladamente por alguns

poucos profissionais. A participação deve ser conjunta e sendo assim a

Page 63: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  50  

responsabilidade pelo gerenciamento passa a ser de todos, objetivando uma maior

motivação da equipe.

5. Garantir a integração do conhecimento técnico em engenharia e construção

com as boas práticas propostas no PMBOK. Não existe solução única, cada empresa

deve atingir este ponto de equilíbrio entre a prática e os processos de gestão de

projetos.

Após a realização da pesquisa por Hozumi (2006) foi elaborada uma Tabela

5.1 com as principais vantagens de utilização das diretrizes de gestão de projetos,

apontadas pelas organizações, divididas pelas áreas de conhecimento do PMBOK:

Tabela 5.1 Vantagens do uso das recomendações do PMBOK (HOZUMI,2006)   Objetivando mais uma forma de aperfeiçoamento dos processos e dos

produtos finais, diversas organizações buscam atender aos requisitos da ABNT NBR

ISO 9001 onde são apresentados os requisitos para o sistema de gestão de qualidade

(SGQ) de uma organização. Nessa norma são expostos os procedimentos

necessários à padronização e eficiência de suas atividades produtivas.

Page 64: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  51  

Para realizar uma análise do custo para compor o preço dos serviços de

gerenciamento de projetos devem estar inclusos, entre outras atividades, a

capacitação dos profissionais, o comprometimento dos gestores com resultados, a

eficiência, a estrutura física e a organização da empresa gerenciadora.

Pensa-se muitas vezes que os trabalhos desenvolvidos pelas gerenciadoras de

projetos são custos adicionais que a empresa contratante terá em seu negócio ou

empreendimento. A pesquisa demonstrou que seu custo é de até 3% do projeto para

46% dos entrevistados, ou ainda, de até 6% para os demais 54% dos gestores

pesquisados (HOZUMI, 2006).

Por outro lado, os trabalhos de gerenciamento têm por objetivo principal a

redução dos erros do projeto que, por conseguinte, promovem redução expressiva nos

seus custos executivos: até 6% de redução para 25% das organizações, de 6% a 8%

de redução para 57% e acima de 8% chegando até 20% de redução desses custos

para 18% dos gestores pesquisados. Conclui-se, desta forma, que o custo do

gerenciamento de projetos traz vantagens financeiras aos empreendedores.

Figura 5.3 –Custo X Benefício da utilização do gerenciamento de projetos (HOZUMI,2006). Vale ressaltar que as boas práticas analisadas acima podem ser aplicadas em

diversos tipos de projetos de edificações. A partir da aplicação prática dessa

metodologia, os resultados poderão ser mensurados para que haja uma

retroalimentação de dados e dessa forma, o processo de aperfeiçoamento possa ser

contínuo como um verdadeiro ciclo de gestão de projetos.

25%  

57%  

11%  7%  

REDUÇÃO DE CUSTOS

ATÉ 6% DO PROJETO

DE 6% A 8% DO PROJETO

DE 8% A 12% DO PROJETO

DE 12 A 20% DO PROJETO

46%  

54%  

CUSTO

ATÉ 3% DO PROJETO

ATÉ 6% DO PROJETO

Page 65: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  52  

5.4. Visão específica da aplicação do PMBOK de acordo com as áreas de conhecimento.

De acordo com uma pesquisa realizada por Hozumi (2006) objetivando um

maior entendimento da aplicação das diretrizes do PMBOK no setor da construção

civil, foi feita uma análise para saber quais são os processos mais importantes do

PMBOK em diversas áreas do conhecimento dentro do setor da engenharia civil.

Para caracterizar o mercado das empresas gerenciadoras de projetos de

engenharia civil com sede no Rio de Janeiro, a pesquisa procurou diversificar os

ramos de atuação dos profissionais. A pesquisa foi ao encontro de organizações que

desenvolvem projetos residências (68%) , comerciais (71%), industriais (68%) e de

infra estrutura e especiais (64%) como pode ser visto na tabela 5.2. A atuação dessas

empresas abrangem o país, e em diversos casos, o exterior.

ATIVIDADE NÚMERO DE EMPRESAS

RESIDENCIAL 19 (68%)

COMERCIAL 20 (71%)

INDUSTRIAL 19 (68%)

OUTRAS 18 (64%)

Tabela 5.2 – Característica das Empresas Pesquisadas (HOZUMI, 2006)

 Outro ponto que foi verificado para elaboração da pesquisa foi a relação das

empresas com a certificação de gestão da qualidade, onde 54% das empresas

possuem a certificação0 ISO 9001 e 46% não possuem a certificação nesse sistema

de gestão.

Figura 5.4 - Certificação das empresas pesquisadas (HOZUMI,2006)

SIM 54%

NÃO 46%

CERTIFICAÇÃO ISO 9001

Page 66: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  53  

De acordo com Hozumi (2006), procurou-se focar a pesquisa em

gerenciadoras de projetos vultuosos, pois os conflitos ou tomada de decisões nestes

projetos exigem maior habilidade de seus gestores. Desta forma, 46% das empresas

pesquisadas gerenciam projetos na ordem de US$ 5.000.001 (cinco milhões e hum

dólares) à US$ 40.000.000 (quarenta milhões de dólares) anuais; e as demais

empresas gerenciadoras (54%) têm projetos com custos acima de US$ 40.000.000

(quarenta milhões de dólares). Esta escolha deu-se em virtude de identificarem-se as

melhores práticas de gerenciamento por elas desenvolvidas, de forma a contribuir

para a gestão de projetos de mesma desenvoltura e, principalmente, aqueles de

médio e pequeno porte, os quais podem, a partir dos dados apurados, trabalharem de

forma sistêmica e eficaz (Figura 5.5).

Figura 5.5 - Custo das obras gerenciadas (HOZUMI, 2006)

5.4.1. Gerenciamento da Integração

De acordo com a pesquisa realizada por Hozumi (2006), as gerenciadoras

conseguem executar seus projetos com 88% de eficácia em sua realização, ou seja, a

relação entre o que foi previsto e o que foi efetivamente executado apresenta um

resultado satisfatório. A tabela abaixo (Tabela 5.3) demonstra quais os processos mais

utilizados pelas empresas quando aplicadas em projetos de engenharia civil.

54%

46%

CUSTO DAS OBRAS GERENCIADAS

MAIOR QUE US$40.000.000

DE US$5.000 ATÉ US$40.000.000

Page 67: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  54  

Processo do PMBOK Empresas que utilizam o processo

Desenvolver termo de abertura 28 (100%)

Desenvolver declaração de escopo preliminar 25 (89%)

Desenvolver plano de gerenciamento 27 (96%)

Orientar e gerenciar a execução 26 (93%)

Monitorar e controlar o trabalho 27 (96%)

Controlar forma integrada de mudanças 24 (86%)

Encerrar projeto 26 (93%)

Outros procedimentos 5 (18%)

Tabela 5.3 - Gerenciamento da integração dos projetos (HOZUMI, 2006)

5.4.2. Gerenciamento do Escopo Percebe-se que as ferramentas para o gerenciamento do escopo do projeto

são amplamente utilizadas, isso ocorre pois a adoção desses processos facilitam a

condução do projeto e dessa forma as fases ficam claras e objetivas, facilitando o

controle e coordenação como pode ser visto na tabela 5.4.

Processo do PMBOK Empresas que utilizam o processo

Desenvolve planejamento 24 (86%)

Define escopo 28 (100%)

Cria EAP 25 (89%)

Procede verificação 28 (100%)

Controla o escopo 28 (100%)

Outros procedimentos 1 (4%)

Tabela 5.4 - Gerenciamento do escopo dos projetos (HOZUMI, 2006)

5.4.3. Gerenciamento do Tempo O gerenciamento do tempo dos projetos são auxiliados através de ferramentas

como os softwares de elaboração de cronogramas (MS Project, Primavera...).

Atualmente, os cronogramas são amplamente utilizados, pode ser verificado pela

tabela 5.5, pois possibilitam uma visão macro do projeto e podem ser associados aos

recursos necessários para a realização das atividades.

Page 68: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  55  

Processo do PMBOK Empresas que utilizam o processo

Define as atividades 28 (100%)

Desenvolve a sequência das atividades 27 (96%)

Desenvolve estimativa de recursos 25 (89%)

Desenvolve estimativa de duração 26 (93%)

Desenvolve cronograma 28 (100%)

Controla cronograma 28 (100%)

Tabela 5.5 - Gerenciamento do tempo dos projetos (HOZUMI, 2006)

5.4.4. Gerenciamento do Custo

De acordo com a pesquisa, o desenvolvimento de um orçamento detalhado é

visto como uma grande vantagem para os gestores das empresas entrevistadas

(Tabela 5.6). De acordo com os entrevistados, existe uma relação direta entre o

detalhamento, a precisão do orçamento e a facilidade de controle e gerenciamento

dos custos dos empreendimentos.

Um orçamento bem executado e controlado, alinhado com uma política

econômica equilibrada, diminui a quantidade de imprevistos e gastos extras advindos

de aditivos de contratos.

Processo do PMBOK Empresas que utilizam o processo

Desenvolve estimativa de custo 27 (96%)

Desenvolve um orçamento 28 (100%)

Controla os custos do projeto 27 (96%)

Outros procedimentos 2 (7%)

Tabela 5.6 - Gerenciamento do custo dos projetos (HOZUMI, 2006)

5.4.5. Gerenciamento da Qualidade

Percebe-se que os padrões de gestão da qualidade recomendados pelo PMI

são seguidos pelas empresas pesquisadas; 89% desenvolvem planejamento da

qualidade, 79% realizam garantia de qualidade e 93% controlam a qualidade de seus

projetos (Tabela 5.7). O atendimento ao cliente, cada vez mais exigente, é a razão

Page 69: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  56  

mais latente para se utilizar as ferramentas de gestão da qualidade. A consequência

de se utilizar esses mecanismos é a redução dos custos, riscos e principalmente

redução dos erros executivos.

Processo do PMBOK Empresas que utilizam o processo

Desenvolve planejamento da qualidade 25 (89%)

Realiza garantia da qualidade 22 (79%)

Realiza o controle da qualidade 26 (93%)

Outros procedimentos 1 (4%)

Tabela 5.7 - Gerenciamento da Qualidade dos projetos (HOZUMI, 2006)

5.4.6. Gerenciamento dos Recursos Humanos

Após desenvolver a equipe de gerenciamento de projetos através de dinâmicas

e treinamentos específicos, as gerenciadoras mobilizam suas equipes objetivando

atender as demandas do projeto, como pode ser visto na tabela 5.8. De forma

sistêmica, as organizações controlam e gerenciam suas equipes de trabalho, repondo

“peças” quando necessário a condução eficaz de seu gerenciamento. 100% dessas

empresas possuem sistemas próprios de gestão para condução de seus trabalhos

(HOZUMI, 2006). O controle da motivação dos funcionários é importante para a

perenização das organizações e para um melhor andamento dos projetos, com baixa

rotatividade de profissionais.

Processo do PMBOK Empresas que utilizam o processo

Desenvolve planejamento 24 (86%)

Controla e mobiliza a equipe 26 (93%)

Desenvolve a equipe 23 (82%)

Gerencia a equipe 28 (100%)

Outros procedimentos 1 (4%)

Tabela 5.8 - Gerenciamento dos Recursos Humanos dos projetos (HOZUMI, 2006)

Page 70: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  57  

5.4.7. Gerenciamento da Comunicação

A importância do gerenciamento da comunicação se dá pela rapidez das

informações necessária para o bom andamento dos projetos. Um planejamento

adequado, através de canais de comunicações diretos com os stakeholders e

relatórios de desempenhos atualizados auxiliam na melhora dos trabalhos, pela tabela

5.9 pode ser evidenciado a aderência das organizações nesses processos.

Processo do PMBOK Empresas que utilizam o processo

Desenvolve planejamento 24 (86%)

Distribuir informações 28 (100%)

Realizar relatórios de desempenho 23 (82%)

Gerenciar partes interessadas 26 (93%)

Outros procedimentos 1 (4%)

Tabela 5.9 - Gerenciamento da comunicação dos projetos (HOZUMI, 2006)

5.4.8. Gerenciamento dos riscos

Apenas 4% das gerenciadoras pesquisadas tem na redução do risco seu

objetivo principal de trabalho. Percebe-se que essa área de conhecimento ainda tem

muito para ser explorada e desenvolvida, como mostra os percentuais da tabela 5.10

que são bem inferiores quando comparados aos percentuais das outras tabelas. Este

processo deve ser monitorado por sistemas próprios de gestão e as ações preventivas

devem ser tomadas objetivando uma diminuição desses riscos.

Processo do PMBOK Empresas que utilizam o processo

Desenvolve planejamento 17 (61%)

Identificar os riscos do projeto 20 (71%)

Desenvolver análise qualitativa 15 (54%)

Desenvolver análise quantitativa 15 (54%)

Desenvolver planejamento de respostas 13 (46%)

Monitorar e controlar riscos 16 (57%)

Outros procedimentos 2 (7%)

Tabela 5.10 - Gerenciamento dos riscos dos projetos (HOZUMI, 2006)

 

Page 71: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  58  

5.4.9. Gerenciamento das Aquisições

A relação: gerenciador / clientes / fornecedor é de extrema parceria onde

cadastros em seus sistemas de gestão possibilitam respostas rápidas as suas

necessidades gerenciais. As gerenciadoras executam planejamento de compras e

contratações, através de rigoroso e eficaz processo de seleção e cadastro. Desta

forma, administram os contratos amplamente especificados e quantificados. Assim,

não encontram deficiência em controlá-los nem tão pouco encerrá-los no momento

certo de sua conclusão. Pôde-se captar, nesta gestão a interligação de todos os

stakeholders do processo de gerenciamento satisfeitos nesta área de conhecimento

do PMBOK (HOZUMI, 2006).

Processo do PMBOK Empresas que utilizam o processo

Planejar compras e aquisições 27 (96%)

Planejar contratações 28 (100%)

Solicitar resposta de fornecedores 25 (89%)

Selecionar fornecedores 28 (100%)

Administrar contratos 27 (96%)

Proceder ao encerramento do contrato 27 (96%)

Outros procedimentos 1 (4%)

Tabela 5.11 - Gerenciamento das aquisições dos projetos (HOZUMI, 2006)

Após essa pesquisa foi verificado que as empresas apresentam, de uma

maneira geral, uma boa aderência aos padrões estabelecidos pelo Project

Management Institute (PMI). Além disso, pôde ser verificado que a utilização das

áreas de conhecimento como forma de gerir os empreendimentos no setor da

engenharia civil se apresenta como uma vantagem no resultado final do projeto.

Page 72: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  59  

6. Guia PMBOK em empreendimentos de edificações – Estudo de Caso

Os capítulos iniciais foram responsáveis pela apresentação do tema

Gerenciamento de Projetos, posteriormente foram introduzidos os conceitos do

PMBOK (2014) e as áreas de conhecimento. Uma análise dos ganhos, dificuldades e

processos do guia PMBOK (2014) mais utilizados em empresas que gerenciam

diversos empreendimentos de edificações foi feita no capítulo anterior.

Neste capítulo, foi desenvolvido um estudo de caso em uma empresa que

utiliza as diretrizes do PMBOK para gerenciar seus projetos de empreendimentos de

edificações. Esse estudo foi feito passando por diversas áreas do conhecimento, a

maneira como é aplicada e o resultado obtido.

Já consolidada há mais de 50 anos como umas das mais destacadas

empresas da construção civil no país, a empresa estudada está presente em mais 60

cidades, apresentou um lucro liquido de mais de 700 milhões de reais em 2013

atuando nos segmentos de baixo, médio e alto padrão, sendo premiada como uma

das empresas mais admiradas do setor. A empresa segue as seguintes normas para o

sistema de gestão de qualidade de seus projetos:

1) NBR ISO 9001– Sistema de Gestão da Qualidade

2) Nível A do SiAC – Sistema de Avaliação da Conformidade de empresas de

serviços e obras da construção civil do PBQP-H – Programa Brasileiro da

Qualidade e Produtividade no Habitat.

6.1. Tempo e Escopo Apresentado de forma mais ampla nas seções 4.2 e 4.3, o Gerenciamento do

Tempo engloba sete processos: Planejar o Gerenciamento do Cronograma, Definir as

Atividades, Sequenciar as Atividades, Estimar os Recursos das Atividades,

Desenvolver o Cronograma e Controlar o Cronograma. O gerenciamento do tempo do

Page 73: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  60  

projeto se preocupa em garantir o término pontual do projeto por esse motivo, é

responsável pela estimativa adequada de duração das atividades do projeto para

criação e controle do cronograma do projeto. É uma das áreas de grande evidência

dentro do projeto de edificações por ser bastante visível e sofrer influência de diversas

outras áreas do projeto.

O Gerenciamento do Escopo engloba seis processos: Planejar o

Gerenciamento do Escopo, Coletar Requisitos, Definir Escopo, Criar EAP, Verificar o

Escopo e Controlar o Escopo. Basicamente, esta área de conhecimento se preocupa

com o trabalho que é necessário para completar o projeto e em garantir que será feito

apenas o necessário para sua conclusão.

A empresa analisada procura compartilhar o gerenciamento do tempo e do

escopo de seus empreendimentos de forma a reunir os principais envolvidos nesses

processos para mitigar as interferências entre essas duas áreas de conhecimento,

uma vez que essas áreas se correlacionam com muita frequência. O objetivo dos

setores é padronizar a gestão dos canteiros de obras, através de uma ferramenta de

gerenciamento e controle de atividades, buscando minimizar e identificar os

imprevistos que possam vir a prejudicar o prazo da obra.

Com base nos projetos aprovados na prefeitura planeja-se a logística do

canteiro e na criação da Estrutura Analítica de Projeto (EAP), em alguns casos, é

utilizada uma EAP de um projeto já realizado que possui as mesmas características do

novo empreendimento. Após a realização dos vínculos entre atividades e o cálculo das

quantidades de cada uma delas, realiza-se a inclusão da duração dos serviços.

Posteriormente é feita uma análise critica de acordo com a dificuldade do serviço a ser

realizado, para que seja avaliado se o tempo estimado realmente irá ser cumprido na

prática durante a obra.

Nessa etapa pode-se planejar quantas equipes serão necessárias para

executar cada frente de serviço e atingir uma duração desejada com base nos índices

de produtividade predefinidos. A alteração dos índices de produtividade só poderá ser

Page 74: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  61  

realizada por algum gestor do banco de dados a fim de manter a padronização do

cronograma. Todos os processos que ocorrem no desenvolvimento do escopo é

documentado, assinado pelos principais envolvidos e arquivado para que se possa ter

o histórico do andamento do projeto.

O escopo do projeto deve ser analisado de forma minuciosa para que o

número de atividades seja dimensionado de forma correta e a estimativa de duração

das atividades seja compatível com o prazo final do projeto. Como exemplo pode ser

citada a duração da execução da fundação de um empreendimento, o detalhamento

deve ser feito no escopo para o dimensionamento correto do maquinário e da equipe

necessária, com essas definições a duração dessa atividade pode ser prevista de

maneira mais assertiva.

Os softwares de gerenciamento de tempo de projetos ajudam a empresa a

determinar as datas de entregas dos subprojetos e aumentar o controle de seus

empreendimentos. Para uma comunicação mais efetiva entre os envolvidos e para

uma melhor determinação do escopo do projeto é feito um acompanhamento mensal

dos cronogramas, pois proporciona uma visão geral para quem não está vivenciando

de perto o andamento de cada atividade e objetiva o controle do escopo do projeto,

desde o lançamento, passando pela execução, até a conclusão.

Nos empreendimentos de edificações, a experiência dos profissionais

envolvidos nessa área é de grande valor, pois o desenvolvimento do cronograma tem

de ser feito de forma cuidadosa analisando cada parâmetro na avaliação dos recursos

necessários, sequenciamento e paralelismo das  atividades e restrições. A utilização de

ferramentas como o gráfico de Gantt, consolidado no MS Project e a utilização de

técnicas de precedência na sua elaboração, como o método do caminho crítico, são

elementos que auxiliam na sua formulação final.

Após a elaboração do Cronograma Meta são feitos acompanhamentos de

Page 75: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  62  

desempenho com demonstrações do status para que se possa comparar o que foi

realizado com o que foi previsto. As variações (positivas ou negativas) são formas de

se controlar um cronograma e incentivar os colaboradores na realização de suas

tarefas dentro do prazo.

Os principais resultados alcançados com o gerenciamento do tempo e do

escopo são:

a) Quanto mais detalhadas as atividades, menos imprevistos e erros

executivos irão ocorrer, assim, o custo e a chance de se ultrapassar o

prazo serão reduzidos;

b) Com a utilização de roteiros de atividades padronizados, ocorre um ganho

de tempo no planejamento de novos empreendimentos;

c) O cumprimento dos prazos do projeto garante novos negócios e lucro para

a empresa.

6.2. Custo

O Gerenciamento dos Custos do Projeto engloba os custos desembolsados e o

orçamento previsto, estando presentes quatro processos: Planejar o Gerenciamento

dos Custos, Estimar os Custos, Determinar o Orçamento e Controlar os Custos.

As atividades desta área de conhecimento estabelecem estimativas e controle

dos custos e do orçamento do projeto objetivando assegurar que o projeto permaneça

dentro do orçamento aprovado. Na empresa estudada, existe um setor responsável

exclusivamente para o acompanhamento e controle dos custos dos empreendimentos.

O processo de planejamento se inicia com a elaboração do orçamento inicial

do empreendimento. As seguintes etapas são seguidas para o cumprimento dessa

ferramenta de previsão de gastos:

1) O setor de projetos disponibiliza o projeto e o memorial descritivo do

empreendimento;

Page 76: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  63  

2) As quantidades dos materiais são levantados pela Área de Orçamento,

conforme os documentos entregues;

3) São feitas cotações para atualização de valores históricos e multiplicados pelas

quantidades unitárias para se compor o orçamento;

4) Após a validação do orçamento, o caderno é disponibilizado para as áreas

envolvidas, conforme solicitação.

Dados como quadro de áreas, especificações de materiais, histograma de mão

de obra e resumo de levantamentos estão inseridos no caderno de orçamento inicial.

Uma reunião é feita para apresentar o orçamento para a equipe da obra.

Além da elaboração do orçamento inicial, é feito um acompanhamento dos

custos do empreendimento, na empresa analisada segue o seguinte fluxograma

(Figura 6.1):

Figura 6.1 – Fluxograma de acompanhamento das obras (RJZ Cyrela, 2014)

Page 77: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  64  

Após a entrega do orçamento inicial do empreendimento, deve ser feita uma

conferência das quantidades levantadas para mitigar os erros decorrentes de

alterações nas revisões de projeto. Caso haja alguma alteração nas quantidades ou

alguma variação nos preços unitários, o setor de orçamento deve ser notificado para

que seja feita a alteração necessária.

O acompanhamento financeiro do empreendimento é feito mensalmente com

a equipe de obra, objetivando um maior controle dos gastos, análise dos saldos de

contrato e eventuais aditivos. O consumo dos principais materiais como concreto, aço

e ensacados, assim como os valores das contas de consumo também são

apresentados mensalmente.

Os principais resultados obtidos com o gerenciamento dos custos são:

a) Quanto maior o detalhamento do orçamento, menos riscos, imprevistos e

aditivos ocorrem, reduzindo assim, o custo final do projeto;

b) A rotina de se ter uma lista de verificações e acompanhamento dos custos

dos projetos garante a padronização dos processos e redução do valor

desembolsado pela empresa;

c) Um aumento da eficácia na gestão de custos, com a adoção do sistema

próprio de gestão que controla todas as etapas do projeto.

6.3. Qualidade Esta área de conhecimento é composta por três processos: Planejar a

Qualidade, Realizar a Garantia da Qualidade e Controlar a Qualidade. Como

apresentado na seção 4.5, o gerenciamento da qualidade do Projeto assegura que o

projeto cumpra com os requisitos que se propõe a produzir, comparando aos padrões

de qualidade definidos no processo de planejamento de acordo com o Sistema de

Gestão da Qualidade da empresa, a fim de satisfazer o cliente final.

A empresa estudada é certificada de acordo com a norma NBR ISO 9001 e

atende ao Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat – PBQP-H.

Page 78: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  65  

São realizadas vistorias para certificação que os padrões de qualidade, estabelecidos

de acordo com os procedimentos internos, estão sendo seguidos. O acompanhamento

da qualidade é separado de acordo com os seguintes módulos:

a) Canteiro - O objetivo é prover e manter a infraestrutura necessária para a

obtenção da conformidade do produto (infraestrutura), conforme as normas e

diretrizes da empresa.

b) Administração - São avaliados os itens como gestão de documentação de

empresas subcontratadas, diretrizes de administração de obra e controle de

portaria.

c) Almoxarifado - São avaliados os critérios de recebimento, controle e

armazenamento dos materiais utilizados no empreendimento. O objetivo é

assegurar que o produto adquirido atenderá aos requisitos de aquisição

especificados, assim como assegurar que a medição e o monitoramento sejam

realizados de uma maneira coerente com os seus requisitos (controle de

dispositivos de medição e monitoramento).

d) Produção - Avaliar a execução dos serviços de acordo com o procedimento

interno, bem como o acompanhamento, controle e validação dos serviços,

considerando as ações tomadas sempre que necessário para corrigir algum

desvio ou mesmo implantar alguma melhoria. O objetivo é assegurar que a

obra planeje e realize a produção sob condições controladas.

e) Terminalidade de Serviços - Avaliar a terminalidade dos serviços acabados,

considerando a limpeza, organização, os arremates e a boa condição para o

início do próximo serviço. O objetivo é preservar a conformidade dos serviços

já executados, em todas as etapas do processo produtivo.

f) Controle Tecnológico - Avaliar os critérios de cumprimento do procedimento

interno de Controle Tecnológico para Alvenaria Estrutural e Concreto e as

ações tomadas em caso de resultado de resistências abaixo do definido em

projeto.

Page 79: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  66  

g) Gestão de Resíduos - Avaliar a disponibilização e identificação dos dispositivos

para segregação dos resíduos, as licenças dos transportadores e destinatários

de resíduos, o controle de saída de resíduos e o planejamento.

O Sistema de Gestão da Qualidade da empresa estudada apresenta como

principais características:

a) Projetar e construir de forma planejada e controlada, assegurando prazos e

custos adequados;

b) Buscar qualidade nas relações com os fornecedores, através de empresas

subcontratadas previamente qualificadas;

c) Buscar melhoria contínua dos processos, produtos e serviços;

d) Direcionar os esforços para monitorar a satisfação e atender as expectativas

dos clientes;

e) Atendimento das normas e princípios legais referentes a segurança e meio

ambiente;

f) Desenvolver e qualificar os colaboradores preparando-os para o desempenho

de suas funções.

Os principais resultados obtidos pela empresa através do gerenciamento da

qualidade são:

a) Uma maior confiança na garantia de qualidade do produto final, pois sabe-se

que a compra de uma unidade não representa uma compra cotidiana, mas sim

a realização de um projeto de vida familiar;

b) Melhor relacionamento pós venda com os clientes uma vez que, cliente

satisfeito traz retornos imensuráveis a empresa;

c) Melhora na avaliação dos resultados de indicadores de desempenho na

gestão da qualidade. A utilização de um sistema próprio de gestão da

qualidade baseado nas normas ISO melhora o controle de todas as etapas do

projeto.

Page 80: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  67  

6.4. Recursos Humanos

Esta área de conhecimento é composta por quatro processos: Desenvolver o

Plano de Recursos Humanos, Mobilizar a Equipe do Projeto, Desenvolver a Equipe do

Projeto e Gerenciar a Equipe do Projeto. O Gerenciamento dos Recursos Humanos do

Projeto envolve todos os aspectos da gestão de pessoas e interação pessoal, visando

garantir que a equipe adequada estará preparada para realizar o trabalho do projeto.

Na empresa estudada, o gerenciamento dos recursos humanos possui as

seguintes atribuições de acordo com a Figura 6.2:

1. Inicialmente ocorre a definição dos objetivos e estratégia do negócio para

que se inicie um planejamento de demanda de colaboradores;

2. A Área de recursos humanos analisa a estratégia do negócio e implementa

a estrutura organizacional a ser adotada na regional e realiza as alterações

necessárias;

3. Para o desenvolvimento do sistema de gestão o RH cria mecanismos de

conscientização e motivação dos colaboradores;

4. Avaliar os resultados obtidos e promover ações necessárias, também são

responsabilidades do RH;

5. Auxiliar a organização do gerenciamento da comunicação interna;

6. A adequação da estrutura organizacional deve ser feita sempre que haja

alteração na estratégia do negocio.

Para a seleção e admissão de novos colaboradores alguns requisitos de

qualificação profissional precisam ser atendidos, de acordo com cada cargo, além

disso, a contratação de um novo funcionário deve estar prevista no histograma de

custo do projeto do empreendimento para um maior controle de custo e quantitativo de

funcionários. Para a conclusão do processo de contratação, o colaborador deve

apresentar a documentação obrigatória e ser encaminhado para exame médico.

Page 81: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  68  

Figura 6.2 – Fluxograma do sistema de gestão de recursos humanos (RJZ Cyrela, 2014)

Os principais resultados obtidos pela organização são: Melhor

dimensionamento das equipes através da experiência adquirida por dados históricos,

Retenção de talentos e criação de programas de treinamento para desenvolver os

profissionais da empresa.

Page 82: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  69  

6.5. Comunicação Como apresentado na seção 4.7, esta área de conhecimento é composta por

três processos: Planejar as Comunicações, Gerenciar as Comunicações e Controlar

as Comunicações. O Gerenciamento da Comunicação do Projeto busca assegurar

que toda a informação do projeto seja coletada e documentada. Este processo

também assegura que a informação seja distribuída e compartilhada com as partes

interessadas apropriadas.

De acordo com a empresa analisada a área de Comunicação Interna

Corporativa, que integra a Diretoria de Recursos Humanos, alinha o processo de

comunicação com os colaboradores para garantir um padrão e o alinhamento de

informações nos locais em que a empresa atua. O trabalho da área precisa estar

condizente com a estratégia e a cultura da organização e deve ser pautado pela

clareza e transparência.

A comunicação oficial é feita a partir de cada setor, diretamente com os

Stakeholders. Os principais objetivos incluem: Padronizar as informações e garantir

que elas sejam divulgadas da melhor forma; Estimular o diálogo entre os Stakeholders

e Gerir os canais internos de comunicação da empresa. Sistemas digitais internos são

utilizados para acelerar a comunicação pois, o dinamismo da troca de informações é

essencial para o sucesso do negócio em um empreendimento de edificações.

Vale ser ressaltado que os projetos são realizados por pessoas, que

necessitam da comunicação para compreender como devem realizar tarefas e cumprir

os objetivos estabelecidos, portanto, a informação tem que chegar de forma clara e

rápida. Em empreendimentos de edificações, os projetos englobam diversas

empresas subcontratadas responsáveis pelas mais diversas funções que, em sua

maioria, dependem da informação concebida por alguma outra, denotando um fluxo

bem dinâmico. Um exemplo da necessidade de informação é quando há uma

alteração em algum projeto ou procedimento interno, todos os envolvidos são

avisados imediatamente para que não ocorra uma execução não conforme com os

Page 83: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  70  

padrões necessários.

Os principais resultados obtidos pela organização são: Maior clareza na

informações transmitida; Aumento do alinhamento dos colaboradores com a cultura da

empresa e Dinamismo da transmissão das informações necessárias durante o projeto.

6.6. Riscos De acordo com o PMBOK (2014), esta área de conhecimento é composta por

seis processos: Planejar o Gerenciamento dos Riscos, Identificar os Riscos, Realizar a

Análise Qualitativa dos Riscos, Realizar a Análise Quantitativa dos Riscos, Planejar

Resposta aos Riscos, e Controlar os Riscos. O Gerenciamento de Riscos do Projeto

se preocupa em identificar os riscos e planejar, no sentido de se preparar, para os

riscos potenciais que possam causar algum impacto no projeto.

Visando o cumprimento dos requisitos legais vigentes, além da preservação da

integridade física e saúde dos trabalhadores, a empresa define diretrizes a serem

cumpridas através de procedimentos internos. Os procedimentos definem as diretrizes

para a execução de proteções coletivas das obras, além de descrever os processos

relacionados às atividades da equipe de segurança do trabalho voltadas para a

conscientização dos trabalhadores, rotina de trabalho, bem como as diretrizes de

planejamento de obra, como instalação de máquinas e equipamentos.

Na empresa analisada, são avaliados os itens referentes à segurança do

trabalho no canteiro de obra, tais como a gestão operacional dos processos,

Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), área de vivência, instalações elétricas

provisórias, equipamentos elétricos e a gestão dos programas obrigatórios como:

1) Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO

2) Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA

3) Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da

Construção – PCMAT

O objetivo apontado pela empresa é estabelecer procedimentos documentados

Page 84: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  71  

de inspeção e verificação do canteiro, a fim de avaliar e assegurar o cumprimento das

normas regulamentadoras do ministério do trabalho.

Os riscos externos do empreendimento como a saúde financeira dos

fornecedores, parceiros ou empresas subcontratadas, riscos políticos, econômicos e

tributários são monitorados de perto pela diretoria da empresa.

A análise quantitativa dos riscos é feita através de relatórios de vistorias,

elaborados pela equipe de segurança nos empreendimentos, eles revelam o número

de acidentes ou riscos potenciais e geram indicadores para que seja feita uma análise

qualitativa verificando se as medidas tomadas para mitiga-los está surtindo o efeito

desejado. De acordo com a empresa estudada, essa metodologia tem gerado um

resultado satisfatório, e assim é feito o monitoramento e controle da eficácia do

gerenciamento dos riscos.

6.7. Aquisições Esta área de conhecimento é composta por quatro processos: Planejar as

Aquisições, Conduzir as Aquisições, Administrar as Aquisições e Encerrar as

Aquisições. O Gerenciamento de Aquisições do Projeto está relacionado às aquisições

de produtos ou serviços de fornecedores externos necessários para realizar o trabalho

do projeto.

As informações de aquisição dentro da empresa analisada são divulgadas

através do sistema interno de comunicação. As informações como o cadastro de

materiais e serviços, especificações técnicas de materiais e de contratos de prestação

de serviços incluem, quando necessário, os seguintes itens:

1) Requisitos de aprovação de produtos, procedimentos, processos e

equipamentos;

2) Requisitos de qualificação necessária de pessoal;

3) Requisitos de gestão da qualidade.

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  72  

O processo de aquisições é detalhado da seguinte maneira:

1) Elaboração do levantamento dos quantitativos de material e/ou serviço

2) Seleção de fornecedores cadastrados para as concorrências de serviços

3) Aprovação da contratação pelos responsáveis técnicos do empreendimento

4) Realização de estudo comparativo com os valores praticados no mercado e em

outros empreendimentos

5) Realização das negociações finais pela equipe de contratações

6) Elaboração do contrato de prestação de serviço

Os materiais e serviços somente são adquiridos de fornecedores qualificados,

ou seja, antes de iniciarem o fornecimento, os mesmos são selecionados com base na

sua capacidade de atendimento aos requisitos da empresa.

Ao longo do fornecimento de material ou serviço, os fornecedores são

constantemente avaliados. Essa avaliação possibilita a tomada de ações para garantir

o prazo e a qualidade do serviço prestado. Ao final da aquisição o contrato deve ser

finalizado para garantir a quitação por ambas as partes.

6.8. Partes Interessadas - Stakeholders De acordo com a última edição do PMBOK (2014) esta área de conhecimento

engloba quatro processos: Identificar as Partes Interessadas, Planejar o

Gerenciamento das Partes Interessadas, Gerenciar o Engajamento das Partes

Interessadas e Controlar o Engajamento das Partes Interessadas. O Gerenciamento

das Partes Interessadas do Projeto se refere à identificação de pessoas, grupos ou

organizações que podem impactar ou serem impactadas pelo projeto, além de

procurar compreender suas necessidades e expectativas.

Para a empresa do estudo de caso em questão, a natureza do negócio

promove relacionamentos de longo prazo com diversos públicos, cada um com sua

importância e intensidade. Acredita-se na importância de cuidar das relações de longo

prazo e, principalmente, entender e atender os clientes, realizando pesquisas de

Page 86: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  73  

satisfação em diversos momentos. São considerados Stakeholders para a empresa:

1) Fornecedores - São os parceiros com quem se relacionam em busca da

execução serviços. Eles traduzem as necessidades e desejos em novos

materiais e inovações de toda natureza.

2) Investidores – São os que acreditam nos valores do grupo e acompanham o

desenvolvimento da companhia.

3) Clientes - São aqueles que buscam um imóvel diferenciado com a qualidade

atendendo às expectativas.

4) Comunidade - São todas as pessoas que interagem com a organização.

5) Consultores de venda – São os profissionais dedicados a entender a essência

dos produtos e vender os imóveis para os clientes.

6) Colaboradores - São a base da empresa, trabalham e contribuem para o

crescimento da empresa.

Após a identificação das partes interessadas, os setores mais envolvidos com

cada parte é acionado para planejar um modelo de gerenciamento de engajamento

dos Stakeholders, e dessa forma são feitos ajustes durante o ciclo de vida do projeto

para garantir a motivação desses envolvidos.

O resultado final esperado com a incorporação dessa área de conhecimento no

gerenciamento de projetos é que os fornecedores cresçam e se profissionalizem junto

com a empresa, os investidores confiem na empresa e acreditem no futuro da

empresa, os clientes se fidelizem e saiam satisfeitos com o atendimento recebido, a

empresa agregue valor a comunidade, os consultores de venda se motivem para

continuar colaborando com o crescimento da empresa e os colaboradores trabalhem

motivados para a perenização da empresa.

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  74  

7. Conclusão

Ao longo desse trabalho foi apresentada uma visão geral das ferramentas de

gerenciamento de projetos baseada em definições de estudiosos, práticas de

mercado, posteriormente foi feita uma análise de alguns dos principais fatores que

influenciam o gerenciamento de projetos em empreendimentos de edificações como a

terceirização na mão de obra, a padronização dos materiais adotados nos projetos, o

cronograma e por fim uma análise dos principais ganhos e dificuldades na utilização

das ferramentas de gerenciamento de projetos.

As diretrizes do PMI foram abordadas para elucidar o contexto como uma das

metodologias mais adotadas no mundo no tema gerenciamento de projetos. Após

esse capítulo foi pesquisado quais são as principais vantagens e desvantagens da

aplicação dessas diretrizes em empreendimentos de edificações, além de ser

esmiuçado os principais processos do PMBOK (2014) utilizados na construção civil.

Para finalizar, foi feito um estudo de caso apresentando como as áreas de

conhecimento do PMBOK (2014) são utilizadas por uma empresa de grande porte e

os resultados obtidos com essa utilização. Foi observado que a utilização dessa

metodologia apresenta, de uma forma geral, como uma vantagem competitiva no

mercado pois reflete em uma redução dos custos do empreendimento como um todo,

ratificado no capítulo 5.

Durante a elaboração do presente estudo de caso foram observadas algumas

dificuldades de se gerenciar projetos em empreendimentos de edificações,

principalmente pela escassez de mão de obra e a falta de qualificação profissional

encontrada no mercado brasileiro. Outro ponto de atenção observado no estudo de

caso são os riscos associados ao setor da construção civil, que precisam ser

acompanhados de forma intensa para que seja feita a prevenção dos acidentes e a

gestão dos riscos de forma global dentro de uma organização.

Para o sucesso de um empreendimento em uma grande empresa, os setores

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  75  

envolvidos precisam estar alinhados com o objetivo final do projeto, portanto, a adoção

de padrões e procedimentos internos nas empresas se apresentam como uma

ferramenta de grande utilidade para mitigar os erros e garantir um sistema de gestão

eficiente presente ao longo de todo o processo produtivo.

O tripé Tempo, Custo e Qualidade que se apresentou durante muito tempo

como um modelo de gerenciamento de projetos bem sucedido, hoje percebe-se a

importância de se ter outras variáveis inclusas nesse processo. Esse fato é

comprovado pela adição de uma nova área de conhecimento, Gerenciamento das

Partes Interessadas, na última edição do PMBOK (2014) reforçando a importância da

boa relação dos envolvidos no projeto.

A disseminação da utilização de alguns fundamentos apresentados pelo

PMBOK (2014), na empresa analisada no estudo de caso e os bons resultados

apresentados por essa empresa em termos de lucratividade e rentabilidade se

configuram como um fator motivador para que outras organizações se baseiem nessa

metodologia para gerenciar seus empreendimentos.

Vale ressaltar que o treinamento dos profissionais envolvidos no

gerenciamento de projetos deve ser atualizado e estimulado, objetivando uma

melhoria continua dos processos e o crescimento das empresas. No setor da

construção civil essa reciclagem se torna cada vez mais necessária pois, novos

métodos construtivos se apresentam e novas ferramentas de otimização de processos

produtivos surgem ao encontro dos responsáveis pelo gerenciamento dos

empreendimentos de edificações.

Por fim, o principal objetivo desse estudo de apresentar o que vem sendo

utilizado das diretrizes do PMI e suas vantagens e desvantagens foi atendido. No

decorrer do desenvolvimento do trabalho, foi percebido que algumas questões ainda

podem ser aprofundadas em trabalhos futuros como: A importância das competências

apontadas no PMBOK no gerenciamento de projetos de edificações e uma atualização

das pesquisas dos processos do PMBOK mais utilizados em construtoras do mercado.

Page 89: estudo das diretrizes do pmi na gestão de projetos de

  76  

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