estudo da sinterizaÇÃo de resÍduo odontolÓgico ... · a efetiva utilização dos recursos...

92
LARISSA BEZERRA DA SILVA ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO MICROPARTICULADO DO SISTEMA CERAMICO ZrO 2 -Y 2 O 3 Natal/RN, Agosto de 2014 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS

Upload: dobao

Post on 01-Dec-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

LARISSA BEZERRA DA SILVA

ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO

MICROPARTICULADO DO SISTEMA CERAMICO ZrO2-Y2O3

Natal/RN, Agosto de 2014

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E

ENGENHARIA DE MATERIAIS

Page 2: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

LARISSA BEZERRA DA SILVA

ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO

MICROPARTICULADO DO SISTEMA CERÂMICO ZrO2-Y2O3

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte como

parte dos pré-requisitos para obtenção do Título de

Mestre em Ciência e Engenharia de Materiais.

Área de Concentração: Materiais Cerâmicos.

Orientador: Prof. Dr. Wilson Acchar

Natal/RN, Agosto de 2014

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E

ENGENHARIA DE MATERIAIS

Page 3: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

Dedico esta dissertação de mestrado à minha

família pela formação e aos meus amigos pela

constante dedicação.

Page 4: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Dr. Wilson Acchar, por sua constante disposição e empenho na orientação

deste trabalho.

Ao Programa de Pós Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais - PPGCEM, pela

oportunidade de realizar este trabalho.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES, pelo apoio

financeiro durante o trabalho.

Aos amigos do Laboratório de Propriedades Físicas dos Materiais Cerâmicos, Cláwsio

Cruz, Antonio Carlos, Paulo Chibério, Pedro Lima, Yankel Bruno, Ana Paula Peres,

Prof. Sheyla Karolina, Prof. Vamberto Monteiro, Micheline Reis, Prof. Joel Nogueira e

Prof. Ilder Bastos, pela alegre convivência e pela amizade. A vocês, obrigada por tudo!

Aos grandes amigos Laurenice Martins, Lívia Cristina, Rodolfo Luiz, Heloísa Pimenta e

Bismarck Luiz por estarem presente nos momentos importantes na minha vida

acadêmica, pela ajuda e companheirismo.

A meu amigo Tibério César, pelo apoio, incentivo, amor e compreensão durante todos

esses anos.

Em geral, a todos os que contribuíram para a realização deste trabalho.

A todos, muito obrigada.

Page 5: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

RESUMO

A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico

resulta no aumento contínuo de resíduos industriais, e para suprimir estes resíduos, um

processo de reciclagem é de preferência uma solução atraente. Durante a usinagem dos

blocos de zircônia para diversos tipos de implantes odontológicos, grande parte do

material é desprendida na forma de pó, que posteriormente é descartado. A zircônia

tetragonal estabilizada com 3% em mol de ítria (Y-TZP) possui uma variedade de

aplicações na área de engenharia e biomédica devido à sua ótima combinação de

resistência, tenacidade à fratura, condutividade iônica e baixa condutividade térmica.

Além do dano para o meio ambiente, o desperdício deste material resulta em prejuízo

financeiro, refletindo em elevado custo final no tratamento para os pacientes. Os

materiais de partida utilizados neste trabalho foram dois diferentes pós do sistema

cerâmico ZrO3-Y2O3: zircônia comercial nanoparticulada e resíduo de zircônia

microparticulado. Os pós foram conformados por prensagem uniaxial e isostática e em

seguida sinterizadas a 1500, 1550 e 1600 °C, durante 1 hora. As técnicas de

granulometria a laser, difração de raios X (DRX), e dilatometria foram utilizadas para

caracterização do pó. Após sinterizados, foram realizados ensaios de densidade e

porosidade, difração de raios X (DRX), resistência mecânica à flexão, microdureza

Vickers, análise de tenacidade à fratura, e microscopia eletrônica de varredura (MEV).

As amostras compactadas via prensagem isostática apresentaram valores de porosidade

inferiores a 0,78% e demostraram maior efetividade de compactação comparada à via

uniaxial. Foi observado nos difratogramas de raios X, com o aumento da temperatura, a

intensidade dos picos da fase monoclínica diminuiu. A temperatura de sinterização

influenciou de forma moderada a microdureza das amostras, demostrando pequenos

acréscimos da dureza até a temperatura de 1600°C. A resistência à flexão do resíduo de

zircônia aumenta com o aumento da temperatura de sinterização, para ambas as vias de

compactação, apresentando melhores valores por via isostática.

Palavras-Chave: zircônia, resíduo, uniaxial, isostática, resistência mecânica,

sinterização

Page 6: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

ABSTRACT

The actual use of natural resources on accelerated economic growth, resulting in

continuous increase of industrial waste, and to remove these residues, a recycling

process is preferably an attractive solution. During the machining of blocks of zirconia

to several types of dental implants, most of the material is loosened as a powder, which

is subsequently discarded. The stabilized tetragonal zirconia with 3% yttria (Y-TZP)

mol boasts a variety of applications in engineering, and biomedical, because of its great

combination of strength, fracture toughness, ionic conductivity and low thermal

conductivity. Besides the damage to the environment wasting of the material resulting

in financial loss, reflecting the high final cost of medical treatment for patients. The

starting materials used in this work were two different powders ZrO3-Y2O3 ceramic

system: commercial zirconia nanoparticulate and microparticulate zirconia residue. The

powder was uniaxially and isostatically pressed and then sintered at 1500, 1550 and

1600 ° C for 1 hour. The techniques of laser granulometry, X-ray diffraction (XRD) and

dilatometry were used for powder characterization. After sintering were performed

density and porosity tests, X-ray diffraction (XRD), Flexural strength, microhardness

and fracture toughness analysis, and scanning electron microscopy (SEM). Samples

compacted via isostatic pressing showed values less than 0.78% porosity and

demonstrated greater effectiveness compared to uniaxial compression. Was observed in

X-ray diffraction, that with increasing temperature, the intensity of the peaks of

monoclinic phase is decreased. The sintering temperature moderately has influenced on

the microhardness of samples, showing small increases in hardness to temperature of

1600 ° C. The flexural strength of zirconia residue increases with increasing sintering

temperature for both routes of compression, showing the best values for isostatic

compression.

Key words: zirconia, residue, uniaxial, isostatic, mechanical strength, sintering

Page 7: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 - DRX das amostras (a) Amostra comercial do pó de 3Y-TZP sinterizado a 1450 °C

durante 2 h. (b) Amostra do pó reciclado por via hidrotermal a 200 °C por 48 h. (c) Pó reciclado

da amostra de 3Y-TZP sinterizado a 1450 °C durante 2 h. ......................................................... 19

Figura 2.2 - MEV do pó reciclado por via hidrotermal a 200 °C por 48 h da amostra de 3Y-TZP

sinterizado a 1450 °C durante 2 h. .............................................................................................. 19

Figura 2.3 - Variação do tamanho de grão em função da temperatura. Amostra comercial

(quadrado sólido■), amostra reciclada (quadrado□). .................................................................. 20

Figura 2.4 - Variação de tenacidade em função da temperatura. Amostra comercial (quadrado

sólido■), amostra reciclada (quadrado□). ................................................................................... 20

Figura 2.5 - Variação da dureza vickers em função da temperatura. Amostra comercial

(quadrado sólido■), amostra reciclada (quadrado□). .................................................................. 21

Figura 2.6 - (a) Amostra comercial sinterizada a 1450 °C por 2 h. (b) Amostra reciclada

sinterizada (1450 °C por 2 h) da amostra comercial sinterizada. ................................................ 21

Figura 2.7 - Fases cristalinas da zircônia em função da temperatura .......................................... 23

Figura 2.8 - Configuração da célula unitária estabilizada de acordo com o diagrama de fases da

ZrO2 e Y2O3.. ............................................................................................................................... 25

Figura 2.9 - No mecanismo de tenacificação, a trinca que se segue provoca alteração nas

partículas de zircônia a partir da configuração da fase tetragonal para uma fase monoclínica. .. 26

Figura 2.10 - Estágios da compactação: (a) Enchimento; (b) Fechamento; (c) Prensagem; (d)

Ejeção. ......................................................................................................................................... 29

Figura 2.11 - Esquemática do processo CIP tipo úmido. ............................................................ 30

Figura 2.12 - Estágios de sinterização por fase sólida. ............................................................... 32

Figura 2.13 - Modelo de duas esferas para estudo da sinterização em fase sólida: a) estágio

inicial – mecanismo de transporte de massa na evaporação condensação; b) estágio final –

formação de pescoço entre as duas esferas. (Níquel sinterizado a 1030°C, por 30 minutos). .... 33

Figura 2.14 - Diagrama esquemático ilustrando diferentes temperaturas de início de sinterização

de pós nanoestruturadose de pós microestruturados. .................................................................. 34

Figura 3.1 - Fluxograma de atividades para elaboração deste trabalho. ..................................... 36

Figura 3.2 - Ciclo de sinterização. ............................................................................................... 42

Figura 3.3 - Visão esquemática do ensaio de flexão em três pontos ........................................... 44

Figura 3.4 - Indentações Vickers aceitáveis conforme norma ASTM E384. .............................. 45

Figura 4.1 - Gráfico de Distribuição do Tamanho de Partícula (µm) para o material resíduo de

zircônia. ....................................................................................................................................... 50

Page 8: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

Figura 4.2 - Micrografia representativa da morfologia dos aglomerados de pó de zircônia: (a)

resíduo aumento 10000x; (b) resíduo aumento 1200x; (c) comercial aumento 10000x; (d)

comercial aumento 1200x. .......................................................................................................... 51

Figura 4.3 - Retração térmica linear em função da temperatura para os compactados de zircônia

comercial e resíduo, durante o ensaio de dilatometria. ............................................................... 52

Figura 4.4 - Difratogramas de raios X do pó de zircônia (b) comercial, e (a) resíduo, onde os

picos representam as fases cristalinas, tetragonal e monoclínica da zircônia. ............................ 54

Figura 4.5 - Gráficos de densidade relativa (a) e porosidade (b) dos corpos de prova em função

da temperatura de sinterização do resíduo de zircônia. ............................................................... 55

Figura 4.6 - Gráficos da densidade relativa (a) e porosidade (b) dos corpos de prova em função

da temperatura de sinterização da zircônia comercial. ................................................................ 57

Figura 4.7 - Difratogramas das amostras de resíduo de zircônia após sinterização em (a) 1500,

(b) 1550 e (c) 1600° C/ 1h prensadas pela rota via uniaxial. ...................................................... 59

Figura 4.8 - Difratogramas das amostras de resíduo de zircônia após sinterização em (a) 1500,

(b) 1550 e (c) 1600° C/ 1h prensadas pela rota via isostática. .................................................... 60

Figura 4.9 - Valores obtidos de resistência à flexão em função da temperatura de sinterização

para o resíduo de zircônia............................................................................................................ 62

Figura 4.10 - Valores obtidos de resistência à flexão em função da temperatura de sinterização

para a zircônia comercial............................................................................................................. 63

Figura 4.11 - MEV de indentação Vickers para amostras do resíduo (a) IR01 e (b) UR01

(Aumento 1800x). ....................................................................................................................... 65

Figura 4.12 - MEV da superfície da trinca para as amostras, comercial 1500° C (a) aumento

x450 e (b) (Aumento 5000x), e resíduo (c) 1500° C (aumento 450x) (d) 1600° C (Aumento

450x). .......................................................................................................................................... 68

Figura 4.13 - MEV mostrando a propagação da trinca em (a) IC01, (b) UC03 (Aumento

1000x).. ....................................................................................................................................... 69

Figura 4.14 - Micrografias da superfície de fratura após ensaio de flexão nas amostras de

resíduo sinterizadas por 1h a (a) 1500° C compressão uniaxial; (b) 1500° C comprassão

isostática; e (c) 1600° C compressão isostática. (Aumento 5000x). ........................................... 70

Figura 4.15 - Micrografias da superfície de fratura após ensaio de flexão na amostra comercial

sinterizadas por 1h a (a) 1500° C compressão uniaxial; (b) 1500° C compressão isostática; e (c)

1600° C compressão isostática (Aumento 5000x). ..................................................................... 71

Figura 4.16 - Micrografias representativas das amostras de resíduo sinterizadas durante 1h

prensadas via isostática (a) 1500° C, (b) 1600° C, e via uniaxial (c) 1500° C (d) 1600° C

(Aumento 10000x). ..................................................................................................................... 72

Page 9: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

Figura 4.17 - Micrografias representativas da amostra comercial sinterizada durante 1h

prensadas via isostática (a) 1500° C, (b) 1600° C, e via uniaxial (c) 1500° C (d) 1600° C

(Aumento 10000x). ..................................................................................................................... 73

Figura 4.18 - A relação do tamanho do grão e a temperatura de sinterização a) prensagem via

isostática b) via uniaxial. ............................................................................................................. 74

Page 10: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 - Propriedades de zircônia reciclada a varias temperaturas de sinterização por 2h ... 18

Tabela 3.1 - Dados característicos das cerâmicas utilizadas para preparação dos corpos de

provas fornecidos pelos respectivos fabricantes e literatura. ...................................................... 37

Tabela 3.2 - Teor dos óxidos presentes no pó de zircônia parcialmente estabilizada com de 3%

em mol de ítria (TZ-3Y). ............................................................................................................. 37

Tabela 3.3 - Teor de óxidos presentes no pó de zircônia reciclado obtido por fluorescência de

raios X. ........................................................................................................................................ 38

Tabela 3.4 - Denominações adotadas para os corpos de prova após sinterizados. ...................... 38

Tabela 4.1 - Parâmetros de confiabilidade obtidos pelo método Rietveld. ................................. 53

Tabela 4.2 - Valores médios de microdureza Vickers ................................................................. 64

Tabela 4.3 - Valores de tenacidade e razão c/a. .......................................................................... 66

Page 11: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

°C Graus Celsius

µm Micrômetros

ρágua Densidade da água

CAD/CAM Computer Aided Design/Computer Aided Manufacturing

CIP Compactação isostática a frio

D Densidade calculada pelo método de Arquimedes

DT Densidade teórica do material

DR Densidade relativa

DRX Difração de raios X

F Força

GPa Giga Pascal

HP Prensagem Uniaxial a Quente

HV Dureza Vickers

Kgf Quilograma força

KIC Tenacidade à fratura

Mesh Unidade de granulação

MEV Microscopia eletrônica de varredura

Mi Massa dos corpos imersos

min Minutos

Page 12: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

mm Milímetros

MPa Mega Pascal

Ms Massa dos corpos de prova secos

Mu Massa dos corpos úmidos

N Newton

nm Nanômetros

PSZ Zircônia parcialmente estabilizada

TG Análise Termogravimétrica

TRF Teste de resistência à fratura

TZP Zircônia tetragonal policristalina

Y-TZP Zircônia tetragonal policristalina estabilizada com ítria

Ρ Porosidade

P Carga de indentação

σ Tensão Resistência à flexão

Page 13: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 13

1.1 OBJETIVOS ......................................................................................................................... 15

1.1.1 Objetivos Específicos ............................................................................................ 15

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................................... 17

2.1 RESÍDUO ODONTOLÓGICO – ZrO2 ................................................................................. 17

2.2 PROPRIEDADES DE ZIRCÔNIA ....................................................................................... 22

2.2.1 Estabilização da Zircônia ...................................................................................... 23

2.2.2 Aumento de Tenacidade da Zircônia ..................................................................... 25

2.2.3 Zircônia Tetragonal Policristalina ......................................................................... 27

2.3 CONFORMAÇÃO DE PÓS CERÂMICOS ......................................................................... 28

2.3.1 Prensagem Uniaxial ............................................................................................... 28

2.3.2 Prensagem Isostática ............................................................................................. 29

2.4 SINTERIZAÇÃO .................................................................................................................. 31

2.4.1 Sinterização Via Fase Sólida ................................................................................. 31

2.4.2 Sinterização de Pó Nanoestruturado ...................................................................... 33

3 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................................... 36

3.1 MATERIAIS UTILIZADOS ................................................................................................ 36

3.2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ................................................................................ 39

3.2.1 Caracterização dos Pós .......................................................................................... 39

3.2.1.1 Distribuição Granulométrica ................................................................. 39

3.2.1.2 Difração de Raios X .............................................................................. 39

3.2.1.3 Caracterização microestrutural .............................................................. 40

3.2.2 Preparação do Corpo Verde................................................................................... 40

3.2.2.1 Prensagem Uniaxial ............................................................................... 40

3.2.2.2 Prensagem Isostática.............................................................................. 40

3.2.3 Caracterização do corpo de prova a verde ............................................................. 41

3.2.3.1 Dilatometria ........................................................................................... 41

3.2.3.2 Sinterização ........................................................................................... 41

3.2.4 Caracterização das propriedades físicas das cerâmicas sinterizadas ..................... 42

3.2.4.1 Determinação de densidade relativa e porosidade ................................. 42

Page 14: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

3.2.4.2 Ensaio de Resistência à Flexão (TRF) ................................................... 43

3.2.4.3 Teste de Microdureza Vickers ............................................................... 45

3.2.4.4 Tenacidade à Fratura ............................................................................. 46

3.2.4.5 Caracterização Microestrutural das amostras sinterizadas .................... 47

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................. 50

4.1 CARACTERIZAÇÕES DOS PÓS ....................................................................................... 50

4.1.1 Distribuição Granulométrica ................................................................................. 50

4.1.2 Dilatometria ........................................................................................................... 52

4.1.3 Difração de Raios X (DRX) da Matéria Prima...................................................... 53

4.2 CARACTERIZAÇÃO DAS AMOSTRAS SINTERIZADAS ............................................. 55

4.2.1 Densidade e Porosidade ......................................................................................... 55

4.2.2 Difração de Raios X das Amostras Sinterizadas .................................................. 58

4.2.3 Resistência à Flexão ............................................................................................. 62

4.2.4 Dureza Vickers ...................................................................................................... 64

4.2.5 Tenacidade à Fratura ............................................................................................. 66

4.2.6 MEV das Superfícies de Fratura ............................................................................ 69

4.2.7 Caracterização Microestrutural e Tamanho de Grão ............................................. 71

5 CONCLUSÕES ........................................................................................................................ 77

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 79

Page 15: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

12

Capítulo 1 – INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

Page 16: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

13

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, os esforços tecnológicos têm sido concentrados nas ações de

produção de tecnologia limpas, que possibilitem a eliminação dos resíduos gerados

durante a produção, quando não é possível a eliminação destes dentro do próprio

processo produtivo. Por força de legislação os geradores de resíduos são cada vez mais

responsabilizados a assumir uma eliminação controlada e a desenvolver uma gestão

ambiental dos seus resíduos.

O tratamento e/ou redução de volume de resíduos produzidos apresenta limites

técnico-operacionais e as alternativas de reciclagem ou reutilização são as estratégias

mais adequadas no gerenciamento destes, existindo, inclusive, neste enfoque, uma

busca de comercialização de resíduos, tendo como premissas: política de reduzir,

reciclar, reutilizar; agregar valores ao resíduo; redução de custo de tratamento e

disposição final; orientação quanto ao manejo adequado do resíduo; busca de melhoria

contínua (EVANGELISTA, 2011).

O crescente interesse dos materiais cerâmicos a base de zircônia vem se

destacando em grandes aplicações na área cientifica. Em particular, a zircônia apresenta

características importantes adicionais, tais como uma boa combinação de tenacidade à

fratura e resistência mecânica, além de excelentes propriedades elétricas, alta

estabilidade química, permitindo o seu uso tanto em ferramentas de corte, refratários,

abrasivos quanto em sensores de oxigênio.

Estas são algumas das razões para a crescente utilização de zircônia tetragonal

policristalina dopada com 3% mol de ítria Y2O3 (3Y-TZP) na fabricação de restaurações

dentárias. Fundamentado nessas características, estudos sobre as propriedades da

zircônia são de interesse para a comunidade acadêmica de forma a propiciar maior

confiança de seu uso em indústrias, em clínicas e laboratórios (MAGNANO et al.,

2013).

Durante a usinagem dos blocos de zircônia em laboratório de odontologia para

preparo dos diversos tipos de prótese, grande parte do material é desprendida na forma

de pó, que posteriormente é descartado. O desperdício deste material resulta em prejuízo

financeiro, devido ao preço destes blocos, refletindo em elevado custo final no

Page 17: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

14

tratamento para os pacientes, além de prejuízo para o meio ambiente, devido aos

processos envolvidos na fabricação e descarte da cerâmica.

Tendo em vista a necessidade do reaproveitamento deste resíduo proveniente de

laboratórios odontológicos, a presente pesquisa tem como objetivo fazer um estudo

comparativo deste resíduo microparticulado e de um material comercial nanoparticulado

com a finalidade de avaliar o processo de sinterização de sistemas cerâmicos à base de

zircônia tetragonal policristalina estabilizada com ítria através de diferentes rotas de

conformação, via uniaxial e isostática.

Page 18: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

15

1.1 OBJETIVOS

O presente trabalho tem como objetivo fazer o reaproveitamento do resíduo da

cerâmica ZrO2-Y2O3 e avaliar os efeitos da temperatura de sinterização na

microestrutura (densificação e no crescimento de grão) e nas propriedades físicas e

mecânicas através de dois métodos de conformação: prensagem uniaxial e isostática.

1.1.1 Objetivos Específicos

Estudar a sinterização de resíduo de zircônia;

Avaliar o comportamento físico e mecânico de cerâmicas de zircônia parcialmente

estabilizada com ítria, através dos ensaios de densidade e porosidade, resistência

mecânica à flexão, dureza Vickers e tenacidade à fratura, correlacionando com sua

rota de processamento;

Analisar a microestrutura das amostras sinterizadas através de microscopia

eletrônica de varredura e difração de raios X, estudando a influencia destas

características nas propriedades obtidas.

Page 19: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

16

Capítulo 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Page 20: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

17

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 RESÍDUO ODONTOLÓGICO – ZrO2

O uso ilimitado de recursos para atender a demanda da população resulta no

aumento contínuo de resíduos industriais, costituindo um dos principais problemas

ambientais em todo o mundo. Para eliminar resíduos industriais, processos de

reciclagem configuram-se como uma solução atraente, pois a disponibilidade de aterros

sanitários é limitada. De um ponto de vista de sustentabilidade socioeconômica, a

reciclagem de resíduos cerâmicos tem sido observada uma prática notável. De acordo

com Ashby, 2009 o aumento da dependência de materiais não renováveis e a quantidade

de materiais necessários para satisfazer as necessidades da sociedade.

Os principais resíduos de clínicas odontológicas são classificados em três

grupos, tais como: 1- Resíduos infecciosos e potencialmente infecciosos, 2-resíduos

químicos e 3-resíduos gerais ou resíduos do tipo doméstico. Apesar de clínicas dentárias

gerarem quantidades relativamente pequenas de resíduos sólidos, em comparação com

os outros centros médicos, um aumento significativo de resíduos sólidos gerados em

clínicas tem ocorrido ao longo das últimas décadas. (AMOUEI, 2013; OZBEK, 2004).

Devido ao caráter inovador, há uma dificuldade em encontrar na literatura trabalhos

abordando o assunto referente à reciclagem de zircônia.

Silva, 2014 estudou o de reaproveitamento de resíduos de pó de zircônia para a

obtenção de um novo bloco de zircônia compactado e comprovou a viabilidade do

processo de reciclagem do material coletado.

Ogata et al., 2005 avaliaram a reciclagem de cerâmicas de zircônia tertragonal

policristalina estabilizada com ítria (Y-TZP), recuperando um produto usado como um

novo produto cerâmico. A cerâmica Y-TZP utilizada foi tratada hidrotermicamente

numa autoclave a 200° C durante 66 h ou 162 h. Os pós obtidos foram pulverizados,

prensados e, em seguida, sinterizados a 1400, 1450 e 1500° C durante 2 h. Na Tabela

2.1 mostra as propriedades da zircônia reciclada em várias temperaturas de sinterização,

demonstrando a viabilidade deste processo.

Page 21: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

18

Tabela 2.1 - Propriedades de zircônia reciclada a varias temperaturas de sinterização por 2h.

1400° C 1450° C 1500° C

Densidade (g/cm3) 5,85 6,02 6,04

Tamanho de Grão

(µm)

0,26±3 0,32±0,03 0,47±0,04

Resistência à Flexão

(MPa)

900±88,4 945±123,1 834±84,3

Dureza (GPa) 10,9±0,1 12,4±0,1 12,4±0,4

Tenacidade à Fratura

(MPa.m1/2

)

5,38±0,16 5,26±0,12 5,32±0,15

Fonte: Ogata, 2005.

Masahiro et al. (2007), reciclaram amostras sinterizadas de zircônia tetragonal

estabilizada com 3 mol% ítria (3Y-TZP) através do processo hidrotermal.

Experimentalmente, o pó comercial de zircônia (TZ-3Y, Tosoh, Tokyo, Japan) com

tamanho de partícula de 40 nm e área de superfície de 16 ± 3 m2/g foi prensado

uniaxialmente e sinterizado (1450°–1550 °C) para obtenção dos corpos densos. As

amostras foram imersas em água destilada e aquecidas em autoclave (200 a 240 °C)

durante 12 h e 48 h. Durante esse tratamento hidrotermal, as partículas das amostras

sinterizadas são conduzidas espontaneamente a desintegração. As amostras

desintegradas foram coletadas por filtração, secas a 50 °C, moídas em moinho rotatório

durante 5 h e peneiradas em malha de 100 µm para remoção de grandes aglomerados de

partículas. O pó peneirado foi prensado uniaxialmente (200 MPa) e resinterizado a

1400°–1600°C durante 2 h para obtenção dos corpos reciclados.

Os resultados obtidos pelo ICP-AES mostrou que houve menos de 0,5 % de

dissolução de ítria nas amostras recicladas sem dissolução da zircônia. A Figura 2.1

mostra a análise do DRX das amostras recicladas que apresentaram 86 vol% da fase

monoclínica, indicando que o tratamento hidrotermal induziu a degradação intrínseca a

baixa temperatura, onde a fase tetragonal foi transformada em monoclínica

espontaneamente. Entretanto, o decréscimo do tamanho de grão da zircônia promove a

formação de uma fase tetragonal, mais estável até mesmo nas faixas de temperaturas

favoráveis a fase monoclínica.

Page 22: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

19

Figura 2.1 - DRX das amostras (a) Amostra comercial do pó de 3Y-TZP sinterizado a 1450 °C durante 2

h. (b) Amostra do pó reciclado por via hidrotermal a 200 °C por 48 h. (c) Pó reciclado da amostra de 3Y-

TZP sinterizado a 1450 °C durante 2 h.

Fonte: Masahiro Kamiya et al., 2007.

As imagens do MEV apresentadas na Figura 10, do pó reciclado da amostra de

3Y-TZP sinterizado a 1450 °C durante 2 h mostram as partículas primárias e agregadas

firmemente unidas. Microtrincas são visíveis nas regiões intergranulares das partículas

primárias formadas no processo de degradação a baixa temperatura devido ao aumento

de volume.

Figura 2.2 - MEV do pó reciclado por via hidrotermal a 200 °C por 48 h da amostra de 3Y-TZP

sinterizado a 1450 °C durante 2 h.

Fonte: Masahiro Kamiya et al., 2007.

Os autores obtiveram como resultados da análise dos tamanhos de grãos das

amostras recicladas: 0,30 (1450 °C), 0,42 (1500 °C), e 0,53 μm (1550 °C) como visto na

Figura 2.3. O aumento do tamanho de grão das amostras recicladas diminui a

sinterabilidade da zircônia em comparação com o pó inicial comercial.

Inte

nsi

dad

e (a

.u.)

(a) baixa magnificação (b) alta magnificação

Page 23: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

20

Figura 2.3 - Variação do tamanho de grão em função da temperatura. Amostra comercial (quadrado

sólido■), amostra reciclada (quadrado□).

Fonte: Masahiro Kamiya et al., 2007.

Em ambas as amostras, comercial e reciclada, os valores de tenacidade obtidos,

ver Figura 2.4, foram menores do que os reportados na literatura, provavelmente devido

ao processo de usinagem submetido nessas amostras induzido a transformação de fase

nas superfícies dos corpos sinterizados. Durante o tratamento hidrotermal, a fase

tetragonal transformou-se em monoclínica acarretando um aumento de volume, o

mesmo não aconteceu com a fase cúbica. Esses eventos resultam na desintegração do

corpo sinterizado e na formação de partículas agregadas na região de fase cúbica.

Figura 2.4 - Variação de tenacidade em função da temperatura. Amostra comercial (quadrado sólido■),

amostra reciclada (quadrado□).

Fonte: Masahiro Kamiya et al., 2007.

Tam

anh

o m

édio

de

grã

o (

µm

)

Temperatura de Sinterização (° C)

Temperatura de Sinterização (° C)

Ten

acid

ade

à F

ratu

ra (

MP

a.m

1/2

)

Page 24: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

21

A dureza Vickers e a tenacidade foram medidas através de indentação. Para

todas as amostras, com o aumento da temperatura de sinterização, consequentemente da

densidade e tamanho de grão (maior habilidade de transformação da fase tetragonal para

monoclínica), houve aumento da dureza (Figura 2.5) e tenacidade. Acima de 1500 °C, a

resistência à fratura da zircônia diminui gradativamente devido ao fechamento dos

poros os quais dissipam a energia proveniente da propagação das trincas.

Figura 2.5 - Variação da dureza vickers em função da temperatura. Amostra comercial (quadrado

sólido■), amostra reciclada (quadrado□).

Fonte: Masahiro Kamiya et al., 2007.

A Figura 2.6 mostra as imagens do MEV da amostra comercial e reciclada após

polimento e ataque térmico da superfície, onde a amostra reciclada apresenta boa

densificação, porém com tamanho de grãos relativamente maiores, segundo os autores.

Figura 2.6 - (a) Amostra comercial sinterizada a 1450 °C por 2 h. (b) Amostra reciclada sinterizada (1450

°C por 2 h) da amostra comercial sinterizada.

Fonte: Masahiro Kamiya et al., 2007.

Temperatura de Sinterização (° C)

Du

reza

Vic

ker

s (G

Pa)

Page 25: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

22

Os autores demostraram com os resultados obtidos que não houve diminuição

significativa das propriedades mecânicas e microestruturais da zircônia nas amostras

recicladas e que o processo de reciclagem apresentado se mostrou efetivo e com

possibilidade de aperfeiçoamento com a melhora no processo de moagem.

2.2 PROPRIEDADES DE ZIRCÔNIA

O óxido de zircônia (ZrO2), conhecido usualmente como zircônia, é uma

cerâmica que vem se destacando não só na engenharia como também na área biomédica,

por apresentar elevadas propriedades mecânicas, alta estabilidade química e térmica,

biocompatibilidade e adequada aparência estética. Ele apresenta altos valores de

resistência à fratura (> 1000 MPa) e tenacidade (5-10 MPa m0.5

), em comparação com

outras cerâmicas tradicionais (CASTRO et al., 2012).

Quase 80% da produção mundial de zircônia é usada para aplicações

convencionais tais como materiais estruturais, refratários, pigmentos, opacificantes,

vitrificadores, abrasivos e etc. Os números crescentes de aplicações conduziram no

desenvolvimento de tecnologias avançadas para processar nano pós de zircônia. As

aplicações avançadas de nano pós de zircônia estão incluindo dispositivos ópticos

transparentes, eletrodos de capacitores eletroquímicos, sensores de oxigênio, células de

combustível e catalisadores incluindo fotocatalisador (RASHAD & BAIOUMY, 2008).

Além disso, a zircônia na fase cúbica tem um alto índice de refração, semelhante ao do

diamante, sendo usada na fabricação de joias (HEUER & HOBBS, 1984; STEVENS,

1986).

Os óxidos de zircônia são encontrados principalmente na forma de minerais,

como zirquita e badeleíta (ZrO2) ou como zircão (ZrSiO4). É praticamente insolúvel em

água(LUGHI & SERGO, 2010). A maioria dos materiais contendo zircônia, usados em

cerâmica e são extraídos quimicamente do minério, como por exemplo, para separar a

ZrO2 do SiO2 são necessários processos como fusão alcalina, cloração, entre outros.

Todas as zircônias comerciais costumam ter 2% de háfnio na forma óxido (HfO2), que

devido a similaridade a zircônia em estrutura e propriedades químicas, não há efeitos

depreciativos de suas propriedades significativos (STEVENS, 1986).

Page 26: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

23

A zircônia apresenta três formas polimórficas definidas, que são a monoclínica,

a tetragonal e a cúbica; existindo também, sob alta pressão, a forma ortorrômbica. A

pressão de 1 atmosfera, tem-se: monoclínica (m-ZrO2, estável até 1170° C), tetragonal

(t-ZrO2, estável entre 1170° C e 2370° C) e cúbica (c-ZrO2, acima de 2370° C até a

fusão). As fases cristalinas da zircônia estão representadas na Figura 2.7

(HALMENSCHLAGER, 2009; STEVENS, 1986).

Figura 2.7 - Fases cristalinas da zircônia em função da temperatura.

Fonte: Adaptado de Halmenschlager, 2009.

2.2.1 Estabilização da Zircônia

A presença da fase tetragonal em temperaturas inferiores a 1170° C é possível

quando à zircônia é adicionado algum dopante com estrutura cúbica como Y2O3, MgO,

CaO, ou óxido de terras-raras. Essa fase tetragonal da zircônia (t-ZrO2) é usada em

várias aplicações tecnológicas como, por exemplo, reforço estrutural, revestimento

óptico, barreiras térmicas, uso odontológico, entre outros (HOLGADO et al., 2001). No

entanto, algumas dessas aplicações dependem da transformação de fase tetragonal para

monoclínica, que é acompanhada por uma variação de volume (de 3 a 5%), por meio de

uma transformação martensítica espontânea induzida por tensão, quando resfriada de

uma temperatura elevada até à temperatura ambiente (HSU et al., 2011).

A adição de óxidos estabilizantes com estrutura cúbica permite a estabilidade

cristalográfica da zircônia desde a temperatura ambiente até próximo ao ponto de fusão.

Isso, consequentemente, evita a expansão de volume que ocorre na transformação

Page 27: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

24

martensítica, que é prejudicial na fabricação de componentes de zircônia causando

danos irreversíveis, devido à falha espontânea que ocorre no resfriamento pós-

sinterização quando o material passa pela temperatura de transformação. A solubilidade

do íon estabilizante na matriz, em conjunto com valores adequados de raios iónicos, são

pré-requisitos para o desenvolvimento das fases tetragonal e cúbica. Existem muitos

elementos na tabela periódica que preenchem o critério do raio iónico, porém em

relação à zircônia isto não é simples, devido à cristalografia irregular e ao número de

coordenação envolvido (LEITÃO, 2002).

O óxido de ítrio (Y2O3), denominado usualmente de ítria, é o dopante mais

comum usado para estabilizar a fase cúbica ou tetragonal da zircônia a temperatura

ambiente. Quando se adiciona 3% em mol de ítria na zircônia, estabiliza-se a fase

tetragonal. Com 7% em mols desse dopante tem-se 9% de fase cúbica e 5% de fase

tetragonal (BOULC’H & DJURADO, 2003). Com concentrações baixas de dopantes

(abaixo de 3% mol) “ilhas” de zircônia tetragonal ficam retidas na matriz cúbica. Nesse

caso a zircônia é parcialmente estabilizada (PSZ: Partially Stabilized Zirconia) e

apresenta um aumento de tenacidade associado às ilhas tetragonais (HEUER et al.,

1984). Essa propriedade permite aplicações de zircônia PSZ em ambientes onde ela

pode sofrer variações térmicas (BOULC’H & DJURADO, 2003). A característica mais

importante do sistema ZrO2-Y2O3 é o decréscimo da temperatura de transformação

tetragonal-monoclínica com o aumento da quantidade de ítria produzindo menos

deformação térmica. Com isso, partículas maiores de zircônia estabilizada podem ficar

retidas na forma tetragonal metaestável. Entretanto, a expansão de volume da

transformação tetragonal para monoclínica pode ser usada como vantagem para

aumentar tanto a tenacidade à fratura, quanto à resistência mecânica (STEVENS, 1986).

A Figura 2.8 apresenta um diagrama de fases da zircônia estabilizada com ítria,

mostrando igualmente a configuração da célula cristalina estabilizada

(HALMENSCHLAGER, 2009). A observação mais importante sobre o diagrama de

fases da zircônia com ítria é o declínio da temperatura na transformação tetragonal para

monoclínica com o aumento da concentração de ítria. Uma quantidade de 3% em mol

de ítria proporciona segurança contra a instabilidade da homogeneidade química,

quando uma transformação espontânea para a forma monoclínica pode ocorrer levando-

se a uma degradação das propriedades mecânicas, enquanto uma concentração inferior a

Page 28: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

25

2% parece oferecer queda na tenacidade à fratura devido à transformação de fase

tetragonal para monoclínica (NETTLESHIP & STEVENS, 1986).

Figura 2.8 - Configuração da célula unitária estabilizada de acordo com o diagrama de fases da ZrO2 e

Y2O3.

Fonte: Adaptado de Halmenschlager, 2009.

Devido a diferença de valência desses íons usados como dopantes (Mg +2

, Ca +2

,

Y +3

, Zr +4

), vacâncias de oxigênio são geradas na matriz da zircônia, necessária para o

balanço das cargas elétricas (LUCCHESE, 2006). A presença de óxido de ítrio na

zircônia aumenta a concentração de vacâncias, melhorando a sua condutividade iônica

(BOULC’H & DJURADO, 2003).

2.2.2 Aumento de Tenacidade da Zircônia

O potencial da zircônia por aumentar tanto a resistência, quanto a tenacidade, se

caracteriza pela utilização da transformação de fase de partículas induzidas para

interromper a propagação de trincas, aumentando assim a tenacidade do material. A

mudança de volume e a consequente deformação cisalhante desenvolvida na reação

martensítica foram reconhecidas por agir em oposição à abertura de uma trinca e ainda

Page 29: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

26

aumentar a resistência do corpo cerâmico a propagação da trinca (EVANS & FABER,

1984).

A estabilização parcial da zircônia através de óxidos como a cálcio (CaO),

magnésio (MgO), ítrio (Y2O3) e cério (CeO2) permite mantê-la na fase tetragonal

metaestável em condições ambientes. A expansão volumétrica (3% a 5%) e a

deformação cisalhante (1% a 7%) desenvolvida durante a transformação resultam em

uma deformação compressiva na matriz. Tais tensões fecham a trinca e agem como

uma barreira energética para o crescimento da mesma. Como esses fenômenos

ocorrem associados à trinca em propagação, uma energia extra é requerida para

propagar a trinca através da microestrutura cerâmica, o que se traduz em um aumento

da tenacidade e da resistência mecânica. Este mecanismo de tenacificação está ilustrado

na Figura 2.9 (PINHEIRO, 2008).

Figura 2.9 - No mecanismo de tenacificação, a trinca que se segue provoca alteração nas partículas de

zircônia a partir da configuração da fase tetragonal para uma fase monoclínica.

Fonte: Adaptado de Helvey, 2008.

Page 30: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

27

2.2.3 Zircônia Tetragonal Policristalina

O fenômeno de aumento da tenacidade pela transformação martensítica induzida

por tensão na zircônia permite o desenvolvimento de materiais cerâmicos de elevada

tenacidade. Em relação aos demais esses materiais possuem também alta resistência

mecânica e relativa tolerância quanto às dimensões das falhas de processamento. A

Zircônia Tetragonal Policristalina (TZP-Tetragonal Zirconia Polycrystals) pode ser

definida como um material predominantemente monofásico com grãos que não se

transformam espontaneamente na temperatura ambiente, devido à adição de óxidos

estabilizantes e à constrição imposta pelos grãos uns em relação aos outros (BASANI,

1992). Uma zircônia tetragonal policristalina é constituída pela fase tetragonal com uma

concentração baixa de aditivos estabilizadores na faixa de menos que 3 % mol para ítria,

por exemplo (ESQUIVIAS et al., 1996). A temperatura de sinterização exerce uma

grande influência no tamanho de grãos formados neste tipo de material, sendo assim

quando sinterizados em temperaturas mais baixas, grãos menores poderão ser obtidos

(DENRY & KELLY, 2007). Entre os sistemas estabilizados, zircônia estabilizada com

ítria (Y-TZP) é a mais comum. A estrutura cristalina da zircônia, com resfriamento

adequado, pode ser mantida à temperatura ambiente como tetragonal com a adição de

cerca de 3% em mols de Y2O3, enquanto adições de adições até 8% molar de Y2O3

promove a estabilização da fase da forma cúbica à temperatura ambiente (KUO et al.,

2005).

A zircônia tetragonal policristalina dopada com 3% molar de ítria (3Y-TZP) é

um material cerâmico muito atraente para aplicações estruturais, uma vez que associa

grande resistência e boa tenacidade à fratura, além de excelente biocompatibilidade. Há

duas décadas, seu uso foi estendido para o campo biomédico, como parte de próteses de

quadril e joelho, e mais recentemente em odontologia para restaurações dentárias e

implantes (LUGHI & SERGO, 2010).

Page 31: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

28

2.3 CONFORMAÇÃO DE PÓS CERÂMICOS

A prensagem é uma etapa do processamento em que se consegue

simultaneamente, a conformação e a compactação do pó cerâmico. A conformação no

processo cerâmico é de fundamental importância, onde ocorre basicamente o rearranjo e

a deformação das partículas, produzindo, desta forma, ligações mecânicas entre elas

(OLIVEIRA et al., 2000).

Os métodos de conformação mais utilizados para a conformação da zircônia são

as prensagens uniaxial, isostática e extrusão.

As propriedades finais da zircônia dependem fortemente das etapas de produção

e processamento. Defeitos de processamento relacionados à cerâmica 3Y - TZP pode

reduzir os limites de fadiga, resistência à fratura e a de confiabilidade dos produtos

obtidos (DAKSKOBLER et al., 2007; GALUSEK et al., 1999 e SCHERRER et al.,

2011) . Defeitos típicos de processamento, como trincas ou regiões porosas, são

causados por vazios durante a compactação do pó, como também na extração dos

ligantes durante a sinterização (QUINN, 2007).

2.3.1 Prensagem Uniaxial

A prensagem uniaxial a seco é um dos processos mais simples e mais utilizado e

consiste na aplicação da pressão uni ou bidirecional sobre o pó. É um processo

relativamente de baixo custo e pode ser utilizado para a obtenção de cerâmicas de

formas variadas em alta escala de produção. São três os estágios de compactação:

consistindo nas seguintes etapas (Figura 2.10): Preenchimento da matriz, compactação e

conformação, e por fim a ejeção (REED, 1995). O pó cerâmico preenche um molde

metálico ao qual é aplicada uma determinada pressão, através de um punção, para a

formação do compacto a verde. O tempo de prensagem varia desde fração de segundos

para peças pequenas até alguns minutos para peças maiores. A deformação das

partículas pode ser tanto plástica como elástica, esta última sendo recuperada quando da

remoção da tensão de compressão e na ejeção da matriz.

Page 32: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

29

Figura 2.10 - Estágios da compactação: (a) Enchimento; (b) Fechamento; (c) Prensagem; (d) Ejeção.

Fonte: Reed, 1995.

A pressão aplicada é unidirecional, o que causa grande atrito entre o pó e as

paredes da matriz, dificultando a movimentação do pó e distribuindo de forma irregular

a pressão. Este efeito pode fornecer compactos com densidade não uniforme e como

consequência, introduzir defeitos no compactado.

2.3.2 Prensagem Isostática

Várias concepções de prensas isostáticas foram desenvolvidas ao longo dos

anos, e as principais são a prensa isostática a frio (cold isostatic pressing - CIP) e a

prensa isostática a quente (hot isostatic pressing - HIP). A prensagem isostática a frio é

o processo comumente empregado por apresentar uma configuração mais simples e

utilizar-se de fluidos líquidos pressurizados à temperatura ambiente (HASEGAWA,

2007).

Compactação isostática a frio (CIP) compreende uma operação onde um

material granulado é moldado por compressão uniformemente aplicada por toda sua

superfície, através de um meio de pressurização. Materiais produzidos por esta técnica

possuem, como principais características, a possibilidade de produção em larga escala,

baixa retração após secagem. Ainda permite a produção de compactos verdes com

elevado grau de densificação e com formas relativamente complexas, principalmente

quando comparadas com as obtidas pela prensagem uniaxial. Utiliza-se um molde de

elastômero flexível que é preenchido com o pó cerâmico e este conjunto, após selagem

é imerso em um fluido que é pressurizado gradativamente por uma prensa, até atingir a

Page 33: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

30

pressão desejada. Este processo que pode trabalhar valores de pressão da ordem de 500

MPa (CANTO, 2002).

Um líquido é normalmente o fluido utilizado como meio de pressurização para a

moldagem por CIP. Ele não deve tornar-se excessivamente viscoso ou solidificar na

faixa de pressão utilizada e, para a sua escolha, leva-se em consideração: a sua

compressibilidade, facilidade de manipulação, preço e compatibilidade com o vaso de

pressão, com os selos e com os moldes de borracha.

Existem duas variantes do processo CIP, dependendo da forma como o molde de

elastômero é utilizado. O tipo úmido (wet bag) proposto por Madden e o tipo seco (dry

bag) proposto por Jeffrey (KOIZUMI & NISHIHARA, 1992). No processo tipo seco, o

molde de elastômero é fixo ao recipiente de pressão e o equipamento é concebido para

uma elevada taxa de produção de peças pequenas mais tipicamente em cerâmica que em

metais. No processo de tipo úmido, o molde é preenchido no exterior do recipiente,

transferido na pressão compactada, e removido. Neste processo, vários moldes podem

ser processados simultaneamente, de acordo com o tamanho do recipiente de pressão. O

processo tipo úmido está ilustrado esquematicamente na Figura 2.11 (LEE et al., 1998).

Figura 2.11 - Esquemática do processo CIP tipo úmido.

Fonte: Lee et al., 1998.

As principais características da CIP são: alta densidade das peças moldadas em

comparação com outros métodos de moldagem, para uma mesma pressão, facilitando a

sua manipulação antes da sinterização. Homogeneidade das peças moldadas no que

reduz o empenamento ou deformação durante a sinterização, redução na adição de

Page 34: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

31

aditivos de moldagem. Menores restrições de tamanho e da razão h/d (altura/diâmetro)

da peça moldada, desde que o objeto possa ser acomodado dentro do vaso de pressão.

Baixo custo dos moldes (LIBERATI, 2001).

2.4 SINTERIZAÇÃO

O objetivo do processo de sinterização, em geral, é a produção de um corpo

denso (a partir de corpos verdes) com microestrutura controlada, em alguns casos, com

porosidade controlada. A importância da teoria da sinterização e sua análise é prever o

caminho do desenvolvimento da microestrutura e sua dependência de parâmetros

controláveis, como por exemplo, temperatura, tempo e tamanho de partícula (BANSAL

& BOCCACCINI, 2012).

A sinterização é uma etapa do processo de preparação do material baseado na

difusão da matéria, que leva à consolidação através de ligação das partículas e

eliminação de porosidade em temperaturas abaixo do seu ponto de fusão. Durante o

tratamento térmico, grandes alterações microestruturais ocorrem, levando a densificação

e crescimento de grãos (GERMAN, 1996; BERNARD et al., 2005).

As principais variáveis do processo são ligadas ao material de partida, tais como:

composição química, tamanho do pó e distribuição granulométrica do pó inicial, outras

ligadas à variáveis do processo, atmosfera de sinterização, tempo, temperatura e taxa de

aquecimento. Em relação aos materiais cerâmicos, a sinterização pode ser dividida em:

i) sinterização no estado sólido; ii) sinterização via fase líquida; e iii) sinterização

viscosa (MOLISANI, 2009; COSENTINO, 2006). Como o processamento utilizado neste

trabalho ocorreu por sinterização no estado solido, o mesmo será mais detalhado a

seguir.

2.4.1 Sinterização via Fase Sólida

A sinterização no estado sólido pode ser dividida em três estágios como

mostrado na Figura 2.12, que são caracterizados por mudanças na microestrutura

durante o processo de densificação.

O primeiro estágio é caracterizado pelo crescimento de pescoço e formação de

um contorno de grão na região de contato entre as partículas. A movimentação de

material para a região do pescoço acontece por diferentes mecanismos de transporte de

Page 35: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

32

matéria. O segundo estágio, intermediário, permanece ativado durante a maior parte do

processo de sinterização. A microestrutura é caracterizada pela presença de canais

contínuos de poros situados ao longo das junções de três grãos. Há o alargamento dos

pescoços, canais de poros são fechados e os poros se tornam esféricos. A porosidade

aberta praticamente desaparece. No terceiro e último estágio, a microestrutura é

caracterizada pela presença de poros isolados, cuja morfologia varia em função da sua

disposição na microestrutura, ocorrendo o isolamento e eliminação gradual dos poros

residuais (MOLISONI, 2009).

Figura 2.12 - Estágios de sinterização por fase sólida.

Fonte: Reed, 1995; Palmeira, 2012.

No processo de sinterização por fase sólida costuma-se analisar o efeito do calor

sobre duas partículas em contato, pela formação de um pescoço, gerando uma interface,

com consequente diminuição da área superficial total, conforme ilustrado na Figura

2.13a. O mesmo efeito pode ser extrapolado para o caso de contato entre mais de duas

partículas, conforme ilustra a Figura 2.13b.

Page 36: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

33

Figura 2.13 - Modelo de duas esferas para estudo da sinterização em fase sólida: a) estágio inicial –

mecanismo de transporte de massa na evaporação condensação; b) estágio final – formação de pescoço

entre as duas esferas. (Níquel sinterizado a 1030°C, por 30 minutos).

Fonte: Palmeira, 2012.

A sinterização é a etapa mais importante no processamento de materiais

cerâmicos. É nesta etapa que a massa de partículas já conformada ganha resistência

mecânica e adquire quase todas suas propriedades finais. O estudo desta etapa consiste

em relacionar o aspecto estrutural da peça sinterizada (porosidade residual, fases

presentes, tamanho médio de grão e distribuição de tamanho de grão, homogeneidade

estrutural, etc.) às características dos pós usados (tamanho médio e distribuição de

tamanho de partículas),considerando também as condições de sinterização, tais como

temperatura, tempo e atmosfera de sinterização.

2.4.2 Sinterização de Pó Nanoestruturado

Em relação ao processo convencional, as partículas de tamanhos micrométricos

ou submicrometricos possuem comportamento de densificação notavelmente diferente

das partículas nanoestruturadas durante a sinterização, no que diz respeito à taxa de

densificação e do intervalo de temperatura em que a densificação ocorre. A densificação

de pós nanoestruturados é fortemente afetada pela aglomeração de partículas, poros e

variáveis de processamento, tais como temperatura, tempo, pressão e ambiente. Embora

muitos desses fatores também afetem a sinterização de partículas de tamanho

micrométrico convencionais, os efeitos são mais drásticos e ampliados no caso de

estruturas manométricas (PALMEIRA, 2012).

Notavelmente, a sinterização das estruturas nanométricas ocorre a temperaturas

mais baixas do que a sinterização das de tamanho micrométrico convencional ou de pós

(a) (b)

Page 37: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

34

de tamanho submicrométrico, como mostrado esquematicamente na Figura 2.14. A

energia de ativação para crescimento de grão em partículas de menores tamanhos é

maior, apresentando assim baixa fusão e temperaturas de sinterização.

Figura 2.14 - Diagrama esquemático ilustrando diferentes temperaturas de início de sinterização de pós

nanoestruturadose de pós microestruturados.

Fonte: Fang et al., 2008; Palmeira, 2012.

Com base no comportamento experimental típico, a temperatura de partida pode

ser definida como a temperatura à qual a fase de densificação rápida inicia, tal como

indicada na Figura 2.14. Em geral, a densidade relativa versus temperatura (temperatura

mais baixa) desloca a curva para a esquerda quando pós nanométricos são usados em

vez de pós micrométricos. Como exemplo, estudos sobre a sinterização de nano zircônia

estabilizada com ítria têm mostrado que a temperatura de sinterização de pós

nanoestruturados ZrO2 inicia a uma temperatura de 200 graus menor do que os pós

microcristalinos (LEE et al., 1992; HAHN, 1993; SKANDAN; 1995). Diferenças de

temperatura ainda maiores de sinterização, até 400°C, foram relatados por Mayo

(MAYO, 1993) em pós nanométricos de titânio em comparação a pós comerciais.

Resultados semelhantes foram observados em pós quando sinterização de CeO2

nanoestruturada (ZHOU et al., 1993) e pós de nitreto de titânio nanoestruturado (RABE

et al., 1995; PALMEIRA, 2012).

Page 38: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

35

Capítulo 3 – MATERIAIS E MÉTODOS

Page 39: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

36

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Neste capítulo são descritas as matérias-primas e etapas de processamento

empregadas na obtenção dos corpos de prova estudados. Além disso, os procedimentos

adotados para a sua caracterização e os respectivos equipamentos utilizados serão

abordados neste capítulo. Na Figura 3.1 é apresentado um fluxograma que detalha as

rotas de desenvolvimento do presente estudo.

Figura 3.1 - Fluxograma de atividades para elaboração deste trabalho.

Fonte: Próprio autor

3.1 MATERIAIS UTILIZADOS

Os materiais de partida utilizados neste trabalho foram pó de zircônia comercial

dopado com 3 % em mol de ítria (Tosoh Corporation, Tóquio, Japão) e resíduo de

zircônia formado durante a usinagem de blocos cerâmicos Zirkonzahn® pré-

sinterizados de fábrica durante a confecção vários tipos de prótese dentária, este resíduo

foi peneirado através de uma malha de 200 MESH de aço inoxidável para remoção de

Seleção dos materiais

Resíduo de zircônia

Zircônia comercial

Caracterização do Pó

Granulometria

Dilatometria

DRX

MEV

Conformação dos corpos de prova

Prensagem Uniaxial

Prensagem Isostática

Sinterização

1500, 1550 e 1600 °C/1h

10 °C/min

Caracterização dos corpos de prova

Densidade e Porosidade

DRX

Resistência à flexão a três pontos

Dureza Vickers

Tratamento térmico/ contorno de grão

MEV

Tenacidade à fratura

Page 40: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

37

partículas grosseiras. Amobos materiais são comercialmente disponíveis, e apresentam

especificações do fabricante nas Tabelas 3.1 e 3.2.

Tabela 3.1 - Dados característicos das cerâmicas utilizadas para preparação dos corpos de provas

fornecidos pelos respectivos fabricantes e literatura.

TOSOH TZ-3Y

(nanoparticulado

comercial)

ZIRKONZAHN®

(Resíduo

microparticulado)

% ZrO2 >99,8 > 94,80

%Y2O3 (em peso) 5,15±0,20 5,20±0,20

% Outros Óxidos ≤0,04 < 0,02

Tamanho de partícula (nm) 40 -

Temperatura de sinterização

sugerida pelo fabricante (°C)

1300 e 1400 1500

Resistência à Flexão (MPa) 1200 -

Microdureza (Hv 10) 1250 -

Densidade (g/m3) após sinterização 6,05

Fonte: Tosoh Corporation; Silva, 2009.

Tabela 3.2 - Teor dos óxidos presentes no pó de zircônia parcialmente estabilizada com de 3%

em mol de ítria (TZ-3Y).

Óxidos Especificações (% em peso)

Y2O3 5,15±0,20

Al2O3 ≤0,1

SiO2 ≤0,02

Fe2O3 ≤0,01

Na2O ≤0,04

Fonte: Tosoh Corporation.

Na Tabela 3.3 mostra o resultado da análise por fluorescência de raios X do pó

reciclado. O Ti e o Hf são os principais elementos de impureza proveniente dos

reagentes químicos utilizados no processo de separação do óxido de zircônia. Essas são

impurezas do minério e são difíceis de serem totalmente removidas devido às suas

semelhanças atômicas com o elemento Zr. Esse resultado comprova a eficácia do

processo de descontaminação do material coletado. Na Tabela 3.4 encontram-se as

denominações adotadas para as amostras utilizadas nesta pesquisa após conformadas e

sinterizadas.

Page 41: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

38

Tabela 3.3 - Teor de óxidos presentes no pó de zircônia reciclado obtido por fluorescência de

raios X.

Óxidos Especificações (%)

Y2O3 3,30

Al2O3 0,28

SiO2 0,15

HfO2 0,87

TiO2 0,3

Fonte: Silva, 2014.

Tabela 3.4 - Denominações adotadas para os corpos de prova após sinterizados.

DENOMINAÇÃO

DA

AMOSTRA

Conformação Temperatura de

Sinterização (° C)

Material

UR01

UNIAXIAL

1500 Resíduo

UR02 1550

UR03 1600

UC01 1500 Comercial

UC02 1550

UC03 1600

IR01

ISOSTÁTICA

1500 Resíduo

IR02 1550

IR03 1600

IC01 1500 Comercial

IC02 1550

IC03 1600

Fonte: Próprio autor.

Page 42: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

39

3.2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.2.1 Caracterização dos pós

3.2.1.1 Distribuição Granulométrica

A avaliação do tamanho de partícula e sua distribuição foram realizadas por

difração de raios laser em equipamento CILAS ANALYZER 1090 SECO do LABCIM

(Laboratório de Cimentos)/UFRN, sendo a faixa granulométrica do equipamento de

0.10 µm - 500.00 µm.

A técnica consiste na medição de difração de raio laser, sendo que este ângulo é

relacionado ao diâmetro da partícula com boa exatidão. Um feixe de laser é enviado em

direção à amostra em meio aquoso, a ser analisada. Quando o feixe colimado encontra

as partículas, parte do laser é difratado e focado por meio de lentes no detector. Quanto

menor o tamanho de partícula maior será o ângulo de difração.

3.2.1.2 Difração de Raios X

Todo sólido possui um único padrão de difração, definido pelos valores do

espaçamento interplanar e pelas intensidades relativas dos picos. Dessa forma, mesmo

em uma mistura de sólidos cristalinos cada fase produz um padrão de difração

independente o que torna possível caracterizar esse sólido A técnica de difração de raios

X (DRX), baseada na Lei de Bragg (WOOLFSON, 1998), foi utilizada para a

identificação das fases cristalinas presentes nos pós e nas cerâmicas sinterizadas. O

equipamento utilizado foi um difratômetro de raios X da marca Rigaku, modelo

Miniflex II, no Laboratório de Materiais Magnéticos/DFTE/UFRN. As condições

estabelecidas para a obtenção dos difratogramas foram: radiação CuKα obtida em 30 kV

(com corrente de filamento em 15 mA), intervalo de medição de 20o < 2θ< 90

o, e

varredura com passo angular de 0,01o.

Esta identificação foi feita pela comparação dos dados obtidos nos difratogramas

com os dados tabelados nas fichas JCPDS (International Centre for Difraction Data)

(JCPDS, 1978). Para o refinamento estrutural, e percentual das fases, foram

determinados mediante refinamento pelo método Rietveld (RIETVELD, 1969), E foi

utilizado o programa MAUD versão 2.33, que faz a simulação e refinamento dos

parâmetros de rede. O termo refinamento pelo método Rietveld refere-se ao processo de

Page 43: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

40

ajuste do modelo de parâmetros utilizados no cálculo de um padrão de difração, o mais

próximo possível do observado. Este programa usa os parâmetros “Sig” e “R-w” como

indicativo do grau de ajuste de um padrão aos resultados experimentais de difração de

raios X da amostra analisada. Ao final do processo de refinamento, de acordo com as

especificações do programa, estes parâmetros devem apresentar valores característicos

que permitam medir a qualidade do refinamento. O valor do “Sig” deve estar mais

próximos de 1. Já o “R-w” deve assumir valores entre 10 e 20, sendo que quanto mais

próximo de 10 melhor é o refinamento.

3.2.1.3 Caracterização microestrutural

A microscopia eletrônica de varredura foi realizada em um equipamento da

marca Shimadzu, modelo SSX-550, onde as amostras foram preparadas com a

utilização do equipamento Metalizador Shimadzu IC-50, do Laboratório de Ensaios de

Materiais do CTGÁS (Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis)-Natal/RN.

As matérias-primas foram observadas em MEV como recebidas, sem nenhum tipo de

tratamento prévio.

3.2.2 Preparação do Corpo verde

A etapa de preparação do corpo verde inclui a prensagem uniaxial e isostática do

material. Foram confeccionados 36 corpos verdes em formato de barras cerâmicas.

3.2.2.1 Prensagem Uniaxial

Para a confecção das barras foi utilizada uma quantidade de 1 grama de pó para

cada amostra, pesados em uma balança de precisão digital Mettler Toledo Modelo

Al204. As prensagens uniaxiais dos pós foram feitas utilizando uma matriz de aço

obtendo-se compactados a verde na forma de barras com dimensões de 5 mm x 5 mm x

22,5 mm. A pressão aplicada foi de 30 MPa. As amostras foram compactadas usando

uma prensa hidráulica manual de 15 toneladas de capacidade (MPH-15, Marcon

Indústria e Metalúrgica Ltda, São Paulo, Brasil), no LaPFiMC (Laboratório de

Propriedades Físicas dos Materiais Cerâmicos)/DFTE/UFRN. O método de prensagem

uniaxial utilizado foi o de ação única.

Page 44: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

41

3.2.2.2 Prensagem Isostática

Para prensagem isostática outros corpos de prova foram confeccionados via

compactação uniaxial e em seguida foram submetidos à prensagem isostática à frio, com

introdução do pó compactado em um molde de elastômero selado a vácuo, imerso em

um líquido aquoso, onde sofreu uma pressão aproximada de 100 MPa. Esta pressão foi

determinada a partir do estudo de compactibilidade dos pós, proporcionando a obtenção

de compactos homogeneamente densos e sem efeitos de gradientes de densidade

minimizados. A prensagem foi feita utilizando dispositivo desenvolvido em laboratório

utilizando uma máquina universal de ensaios mecânicos da marca Shimadzu, modelo

AG-X 300 kN, com força máxima de 200 kN, taxa de 150 N/s, e pressão aproximada de

100 MPa na câmara do dispositivo.

3.2.3 Caracterização do corpo de prova a verde

3.2.3.1 Dilatometria

Os comportamentos de densificação dos compactados durante a sinterização

foram investigados pelo uso de ensaios de dilatometria. Neste ensaio é observada a

retração linear característica da amostra em função da temperatura e do tempo de

sinterização, sendo confiável e eficiente na definição de parâmetros para a sinterização.

Os corpos de prova foram compactados em prensa uniaxial na pressão de 30 MPa e

foram submetidos a uma taxa de aquecimento e posterior resfriamento de 10ºC/min em

atmosfera ambiente. Os ensaios dilatométricos foram realizados em dilatômetro da

marca Netzsch, modelo DIL 402PC, pertencente ao Departamento de Engenharia de

Materiais - DeMat/UFRN, obtendo-se curvas de retração linear e velocidade de retração

em função da temperatura.

3.2.3.2 Sinterização

A escolha dos ciclos térmicos para ssinterização da zircônia com ítria foram

determinadas com ajuda das curvas de dilatometria bem como com as informações de

sinterização fornecidas pelos próprios fabricantes. Os corpos verdes foram então

sinterizados em um forno (HT 17/04, Nabertherm, Lilienthal / Bremen, Alemanha) com

uma taxa constante de aquecimento de 10 °C / min e para efeitos comparativos, as

temperaturas de 1500, 1550 e 1600 °C, permanecendo a estas temperaturas durante 60

Page 45: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

42

minutos e depois resfriados a uma taxa constante de 10 °C / min até à temperatura

ambiente dentro do forno, estando o ciclo térmico está representado na Figura 3.2.

Figura 3.2 - Ciclo de sinterização.

Fonte: Próprio autor

3.2.4 Caracterização das propriedades físicas das cerâmicas sinterizadas

Após a sinterização, os corpos de prova foram caracterizados através da análise

de Difração de Raio X, Densidade e Porosidade, e análise dos resultados de Ensaios

Mecânicos (Resistência à Flexão, Microdureza Vickers e Tenacidade).

3.2.4.1 Determinação de densidade relativa e porosidade

A densidade e porosidade das cerâmicas sinterizadas foram determinadas a partir

das dimensões e da massa das amostras. Para a medição das dimensões do corpo

cerâmico foi utilizado um paquímetro de precisão 0,02 mm. A massa foi medida com o

uso de uma balança analítica. O valor da densidade representa a média das medições de

3 amostras. O método utilizado foi de acordo com o princípio de Arquimedes (ASTM

B962 - 08). Esta técnica consiste na medição da massa dos corpos de prova secos (Ms),

da massa dos corpos de prova úmidos em água destilada por 24 horas (Mu), e da massa

dos corpos imersos em água destilada (Mi) para utilizá-los nas equações (1) e (2).

-

(1)

-

- (2)

Page 46: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

43

Onde:

D: densidade (g/cm3)

P: porosidade (%)

ρágua: densidade da água

A densidade relativa das amostras foi medida através da seguinte equação (3):

(3)

Onde:

D: densidade calculada pelo método de Arquimedes;

DT: densidade teórica do material;

DR: densidade relativa (%).

Os valores de densidade teórica utilizados para o cálculo de densidade relativa

das amostras foram 6,05 g/cm3, retirados do fabricante de cada material.

3.2.4.2 Ensaio de Resistência à Flexão (TRF)

O teste de resistência à fratura mais utilizado em materiais cerâmicos é o ensaio

de flexão, pois submete o material ao estado de tração e compressão. Ele consiste na

aplicação de uma carga P compressiva na direção perpendicular ao eixo longitudinal do

corpo de prova, apoiado em dois pontos, com o objetivo de avaliar sua resistência à

deflexão (deformação elástica). A carga aplicada parte de um valor inicial igual a zero e

aumenta lentamente até a ruptura do corpo de prova. O valor da carga aplicada versus o

deslocamento do ponto central é a resposta do ensaio, onde consegue-se determinar: o

limite de resistência à flexão, módulo de elasticidade e rigidez do material

(REED,1995).

Se no ensaio for utilizada uma barra biapoiada com aplicação de carga no centro

da distância entre os apoios, ou seja, se existir em três pontos de carga, o ensaio é

chamado de ensaio de flexão a três pontos. Se o ensaio consistir em uma barra biapoiada

com a aplicação de carga em dois pontos equidistantes dos apoios, ou seja, se existirem

Page 47: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

44

quatro pontos de carga, o ensaio será chamado de ensaio de flexão em quatro pontos

(REED 1995).

As amostras geralmente são barras de sessão retangular com os cantos

chanfrados ou arredondados. Como desvantagem deste ensaio é a relativa dificuldade

para obtenção e preparação dos corpos de prova, qualquer defeito superficial de

fabricação no corpo de prova pode comprometer a confiabilidade do ensaio.

A técnica a ser utilizada neste trabalho é a do ensaio em três pontos, realizado

com base na norma ASTM C1161 - 13, com velocidade de aplicação da carga de 0,5

mm/min e distância entre os rolos inferiores de 12 mm, a temperatura ambiente.

De forma ilustrativa, a Figura 3.3 mostra um esquema do sistema utilizado para

os ensaios de flexão a três pontos.

Figura 3.3 - Visão esquemática do ensaio de flexão em três pontos

Fonte: Adaptado de Rodrigues et al., 2000.

A tensão de ruptura é calculada pelo computador, através da equação (4):

(4)

Onde:

σ: é a resistência a flexão do material em MPa;

P: é a carga aplicada em N;

Page 48: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

45

L: é a distância entre os pontos de apoio (mm);

b: é a espessura (mm);

h: altura dos corpos de prova retangulares (mm).

O ensaio foi realizado na máquina para Ensaio Mecânico da marca

ZWICK/ROEL do laboratório LaPFiMC PPGCEM/UFRN.

3.2.4.3 Teste de Microdureza Vickers

A dureza superficial das amostras foi determinada pelo uso da técnica de

microdureza Vickers. A dureza Vickers se baseia na resistência que o material oferece à

penetração de uma pirâmide de diamante de base quadrada e ângulo entre faces de 136°,

sob uma determinada carga. Foi utilizada uma carga de 1000 gramas (1kgf), durante 30

segundos para cada impressão (indentação). O equipamento utilizado para a medição da

Microdureza Vickers foi um microdurômetro da Marca Panambra, modelo HVS10Z. A

norma utilizada foi ASTM E384. As amostras estavam embutidas em resina, um de

cada material, e foram previamente lixadas e polidas, procedimento este que irá ser

descrito posteriormente. As impressões (indentações) obtidas foram observadas em

microscópio óptico no próprio microdurômetro. Somente as diagonais de impressão

consideradas aceitáveis (Figura 3.4) dentro dos padrões da norma foram medidas.

Figura 3.4 - Indentações Vickers aceitáveis conforme norma ASTM E384.

Fonte: ASTM E384.

O valor da Microdureza Vickers (HV) foi então calculado através da equação 5

descrita abaixo;

Page 49: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

46

HV = F/A = 1,8544 F/d2 (5)

Considerando-se que o ângulo entre as faces opostas do diamante é de 136°.

Onde;

HV = Microdureza Vickers

F = Força aplicada (kg)

A = Área da impressão produzida,

d = comprimento das diagonais (mm)

3.2.4.4 Tenacidade à Fratura

Para a determinação da tenacidade à fratura das cerâmicas sinterizadas foi

utilizado o método da impressão Vickers. Este método permite a avaliação da

tenacidade da superfície do material. No ensaio, um penetrador Vickers é empregado

para produzir trincas radiais à impressão feita na superfície da cerâmica. A metodologia

utilizada para a determinação da tenacidade à fratura por indentação Vickers das

amostras segue a norma ASTM C1421 - 10, a qual fornece o método de teste padrão

para a obtenção da tenacidade à fratura de cerâmicas avançadas em temperatura

ambiente.

Medindo-se o comprimento de trinca em cada vértice das indentações piramidais

foi levantado o comprimento médio das trincas para obtenção da tenacidade das

amostras (KIC), utilizando a Equação (6) que fora escolhida devido ao valor da relação

c/a < 2,5, onde a é a semidiagonal da indentação e c é a soma do comprimento da trinca

com a semidiagonal de indentação. (SILVA, 2009; ZANOTTO, 1991)

K C=0,016 (

)

1 2 P

b3 2 (6)

KIC: Tenacidade à fratura (MPa. m1/2

);

E: Módulo de elasticidade (GPa);

b: Comprimento da trinca (m);

Page 50: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

47

P: Carga de indentação (MPa);

HV: Dureza Vickers (GPa), calculada segundo a Equação (5).

O valor do módulo de elasticidade utilizado nas equações para o cálculo da

tenacidade à fratura foi retirado da literatura. O valor usado foi 200 GPa (ACCHAR,

2000). Conforme descrito no item 3.4.3, foram realizadas 3 impressões Vickers nas

superfícies de cada uma das amostras, as quais já estavam embutidas e polidas. Cada

impressão apresentava dois pares de trincas radiais, o que gerou um total de 6 pares de

trincas.

3.2.4.5 Caracterização Microestrutural das amostras sinterizadas

Esta análise foi realizada de duas formas distintas: os aspectos morfológicos das

superfícies de fratura dos corpos-de-prova submetidos a ensaio de flexão em três

pontos, com o objetivo de analisar a região onde ocorreu à fratura no material; e

também foram realizadas análises das superfícies polidas com pastas de diamante e

atacadas termicamente, com o objetivo de avaliar tamanho e crescimento de grão. As

amostras sinterizadas, tiveram um preparo preliminar para as observações

microestruturais. Os detalhes dos equipamentos e procedimentos realizados são

apresentados a seguir:

a) Lixamento e Polimento

As amostras sinterizadas foram cortadas em cortadeira automática LabCut 1010,

utilizando disco diamantado, e a seção transversal foi submetida à preparação com

lixamento e polimento.

Após embutimento das amostras em resina, foi realizado o desbaste automático

em lixas diamantadas de até 18µm, e obtenção de uma superfície plana para posterior

polimento. Após o lixamento, as amostras foram polidas com pastas de diamante em

diferentes faixas granulométricas, na seguinte sequência de 15, 9, 6, 3 e 1µm. Os

tempos de lixamento e polimento variaram em função da evolução do processo. As

amostras polidas, devidamente identificadas, foram então retiradas do embutimento e

lavadas, e imersas em acetona por 5 minutos, visando retirada de sujeiras e impurezas

provenientes do processo de polimento.

Page 51: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

48

b) Tratamento térmico

Após limpeza superficial, as amostras foram novamente para forno de

sinterização onde sofreram ataque térmico para revelar os contornos de grãos. As

amostras foram aquecidas com taxa de aquecimento de 10° C/min, com temperaturas

que variaram entre 30 e 70° C abaixo da temperatura de sinterização, durante 1 hora, e

em seguida resfriadas retiradas do forno e resfriadas ao ar até a temperatura ambiente. O

forno utilizado para o ataque foi o da marca Nabertherm modelo HT 04/17 do

laboratório LaPFiMC / PPGCEM / UFRN.

c) Avaliação microestrutural

Os valores de tamanho de grão para os dois grupos de amostras foram obtidos

através do método de interseções lineares, segundo a equação 7. Para tanto, foram

utilizadas imagens de microscopia eletrônica de varredura com mesmo aumento (10.000

X) para cada amostra preparada e termicamente atacada. A análise foi feita no programa

NIH ImageJ de processamento de imagem de domínio público e distribuição gratuita.

As áreas foram selecionadas aleatoriamente, e para contagem dos grãos cada imagem

recebeu 6 linhas retas de mesmo tamanho.

TG = Li / i (7)

Onde:

TG = tamanho de grão;

Li = comprimento das linhas usadas pelo método quantitativo;

i = o número de interceptos ao longo da Li

Page 52: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

49

Capítulo 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

Page 53: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

50

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 CARACTERIZAÇÕES DOS PÓS

4.1.1 Distribuição Granulométrica

Nos resultados de granulometria para o pó de resíduo de zircônia foram

observados valores de diâmetros D10 = 0,42 µm e D90 = 55,76 µm, que estão

relacionados aos diâmetros curva de distribuição acumulada em 10% e 90%,

respectivamente, enquanto que, o parâmetro D50, relacionado à mediana da distribuição

culmulativo, apresentou D50 = 17,79 µm, e diâmetro médio DM = 23,03 μm. Como

pode ser observada no gráfico da Figura 4.1 uma distribuição bimodal foi verificada

para o material microparticulado. Na análise dos resultados fornecidos através desta

técnica deve-se considerar que o equipamento não faz distinção entre partículas

primárias, aglomerados e agregados que possam estar presentes no pó em estudo.

Figura 4.1 - Gráfico de Distribuição do Tamanho de Partícula (µm) para o material resíduo de zircônia.

Fonte: Próprio autor

A natureza do pó utilizado, obtido a partir de Microscopia Eletrônica de

Varredura, pode ser vista a partir da Figura 4.2.

Page 54: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

51

Figura 4.2 - Micrografia representativa da morfologia dos aglomerados de pó de zircônia: (a) resíduo

aumento 10000x; (b) resíduo aumento 1200x; (c) comercial aumento 10000x; (d) comercial aumento

1200x.

Fonte: Próprio autor.

A análise por MEV mostrou aglomerados de partículas finas e partículas grandes

como observado na Figura 4.2. Estas partículas, menores que 1 µm (Fig. 4.2a),

formaram agregados maiores de 10 µm (Fig.4.2b) de tamanho.

A Figura 4.2 (d) apresenta uma imagem maior magnitude do pó comercial, onde

se observa a presença de grânulos com forma esférica. Diversos autores (PALMEIRA,

2012; FANG et al., 2008; MAYO, 1996; e GROZA, 1999), asseguram que a

aglomeração dos pós nanoestruturados tem ação negativa sobre a sua sinterização dos

mesmos. O tamanho extremamente fino e forte força de interação entre as partículas

levam as nanoestruturas a formar aglomerados de difícil dispersão.

(a) (b)

(c) (d)

Page 55: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

52

4.1.2 Dilatometria

Inicialmente foi feita a análise de dilatometria para a determinação do perfil de

aquecimento dos corpos cerâmicos. A Figura 4.3 apresenta as curvas de retração em

função da temperatura dos compactos cerâmicos.

Figura 4.3 - Retração térmica linear em função da temperatura para os compactados de zircônia comercial

e resíduo, durante o ensaio de dilatometria.

Fonte: Próprio autor.

Sob aquecimento, a sinterização do material cerâmico ocorre em vários estágios

que estão estreitamente relacionadas com a transformação de fase. O primeiro estágio

compreende desde o início do aquecimento até o início da retração, em torno de 1100 ºC

para o resíduo (curva verde) e 1000° C para o pó comercial (curva vermelha). Este

estágio é caracterizado pelo rearranjo das partículas onde se inicia transferência de

matéria entre as partículas vizinhas, contato formado na etapa de compactação, com a

formação dos “pescoços” (GERMAN, 1996).

A temperatura de sinterização do pó comercial foi estimada em 1350 °C,

sugerida pelo fabricante como também encontrado na literatura (COURTIN et al.,

2012), enquanto que a temperatura de sinterização do resíduo foi de cerca de 1400 ° C.

Além disso, o valor retração linear foi mais elevado para o pó comercial (25%)

do que para o resíduo (22,5 %), devido ao menor tamanho de partícula da amostra

Resíduo

Comercial

Temperatura ° C

Page 56: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

53

comercial. Isto está de acordo com as observações feitas por Muccillo et al. (2013) que

estudou a evolução de retração de curvas dilatométricos do sistema comercial

ZrO2:Y2O3(YSZ) compactadas uniaxialmente (20 MPa) a frio e posteriormente via

isostática (210 MPa), onde a retração final atingida foi cerca de 25% a 1500 ° C.

Outros estudos como Courtin et al. (2012) e Boaro et al. (2003) também

observaram retração linear de zircônia estabilizada com ítria comercial a 1500° C com

retração total de 21 e 26%, respectivamente.

4.1.3 Difração de raios X (DRX) da matéria prima

As fases presentes nos pós de partida foram identificadas e quantificadas pelo

método de Rietveld. Os picos representativos foram identificados, através de

comparação com microfichas do arquivo JCPDS. A Figura 4.4 apresenta os

difratogramas do pó cerâmico, identificando as fases tetragonal e monoclínica. Os picos

de difração de raios X característicos da fase tetragonal foram indexados com o auxílio

da microficha JCPDS 079197 e JCDPS 80094, para a fase monoclínica. Os indicadores

do refinamento obtidos pelo método de Rietveld (R-W e Sig), constantes na Tabela 4.1.

Tabela 4.1 – Parâmetros de confiabilidade obtidos pelo método Rietveld.

Amostras Indicadores

R-W Sig

Pó Comercial 13,35 1,11

Resíduo 12,15 1,25 Fonte: Próprio autor.

Page 57: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

54

Figura 4.4 - Difratogramas de raios X do pó de zircônia (b) comercial, e (a) resíduo, onde os picos

representam as fases cristalinas, tetragonal e monoclínica da zircônia.

20 30 40 50 60 70 80

(b)

**

**

* * **

*

*

*

*

*

*

* ZrO2 (M)

* Zr0.935

Y0.065

O1.968

(T)

2

Inte

ns

ida

de

/ c

.p.s

.

Experimental

Calculado

20 30 40 50 60 70 80

* **

*

*

*

*

*

*

*

* ZrO2 (M)

* Zr0,935

Y0,065

O1,968

(T)

Inte

ns

ida

de

/ c

.p.s

.

2

Experimental

Calculado

(a)

Fonte: Próprio autor.

A partir dos difratogramas apresentados na Figura 4.4, pode ser observado que

nos pós cerâmicos utilizados, estão presentes as fases zircônia (ZrO2) tetragonal,

majoritária, e monoclínica (badeleita) em menor quantidade.

Page 58: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

55

Os cálculos do percentual de fase monoclínica presente nestes pós indicaram que

cerca de 23,33% e 21,87%, ambos em volume, de fase monoclínica foram

encontrados nos pós comercial e resíduo, respectivamente. A fase monoclínica não é

desejada em maiores quantidades, por causar grande distorção na rede cristalina, esta

reduz a densidade da zircônia estabilizada e aumenta a capacidade de deformação

plástica do material (SHINMI et al., 2010; YOON et al., 2013).

4.2 CARACTERIZAÇÃO DAS AMOSTRAS SINTERIZADAS

4.2.1 Densidade e Porosidade

Os resultados de densidade relativa e porosidade em função da temperatura para

os corpos sinterizados são apresentados nas Figuras 4.5 e 4.6, respectivamente, para a

zircônia comercial e o resíduo, para cada temperatura foi comparado os resultados

obtidos para cada método de compactação. Para o cálculo foi utilizada a massa

específica teórica do ZrO2 (3%mol Y2O3), fornecida pelos fabricantes e igual a 6,05

g/cm3.

Figura 4.5 - Gráficos de densidade relativa (a) e porosidade (b) dos corpos de prova em função da

temperatura de sinterização do resíduo de zircônia.

(a)

Page 59: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

56

(b)

Fonte: Próprio autor

Os gráficos de densidade mostram um aumento gradativo da densidade relativa,

proporcional à temperatura de sinterização para o resíduo de zircônia (Figura 4.5 a),

para as duas vias de compactação, destacando-se a via isostática com maiores valores de

densidade relativa. Porém, nas amostras sinterizadas a 1600° C, compactadas

isostaticamente, houve uma pequena diminuição da densidade relativa em relação às

amostras prensadas uniaxialmente. Este fenômeno foi relatado (EICHLER et al. 2007;

TRUNEC, 2008), onde alguns estudos mostram que a zircônia estabilizada com 3% de

ítria prensadas isostaticamente a frio em 300 MPa, quando sinterizada sob elevada

temperatura, tem sua densidade diminuída nas cerâmicas (TRUNEC et al., 2009).

Eichler et al. (2007) estudaram zircônia estabilizada com tamanho de grão de 36

nm e obtiveram valores de 92,1 a 97,8 % de densidade relativa, em amostras

sinterizadas de 1100 a 1600° C. Ramanathan et al. (2011) encontraram valores de

densidade acima de 95% a 1350 °C. Durá et al. (2008) também determinaram valores

de densidade relativa para amostras de tamanho de grão de 100 nm e compactados via

uniaxial, que variavam entre 90,1 e 92,7 %, alterando temperatura de sinterização, 950 e

1150° C, respectivamente. Uma densidade relativa de 96% em relação à densidade

teórica foi obtida por WU et al., (2004), a partir de pós de zircônia estabilizada com ítria

(a)

Page 60: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

57

em sinterização até 1400°C por 1 hora, com tamanho de partícula inicial de 80-200 nm

(0,08 – 0,20 µm).

As amostras compactadas via prensagem isostática apresentaram valores de

porosidade inferiores a 0,78% (Figura 4.5 b) e demostram a maior efetividade da

compactação através da prensagem isostática comparada a uniaxial. Essa diferença é

resultado da pressão distribuída uniformemente por toda a superfície do compacto,

minimizando o gradiente de pressão e proporcionando uma densidade maior e uma

homogeneidade melhor do corpo compactado (REED, 1995).

Figura 4.6 - Gráficos da densidade relativa (a) e porosidade (b) dos corpos de prova em função da

temperatura de sinterização da zircônia comercial.

(a)

Page 61: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

58

(b)

Fonte: Próprio autor

Observa-se que as amostras de zircônia comercial alcançam altos valores de

densidade relativa na menor temperatura de sinterização 1500° C, para as duas vias de

compactação, como mostrado na Figura 4.6 (a), indicando o favorecimento do uso de

pós nanoestruturados para a densificação em baixas temperaturas.

Foi verificado que o resíduo não apresentou diferença maior que 2%, em relação

à zircônia comercial, em ambas as vias de compactação, para todas as temperaturas,

mostrando assim valores muitos próximos de densidade relativa.

Amostras cerâmicas sinterizadas com maior densidade relativa exibem melhores

propriedades mecânicas. Os poros funcionam como concentradores de tensões e, além

disso, há redução da área resistente (GERMAN, 1994). Todavia, existe sempre a

influência da uniformidade da microestrutura sobre as propriedades mecânicas, que

deverá ser considerada.

4.2.2 Difração de Raios X (DRX) das amostras sinterizadas

Os difratogramas obtidos para as amostras de resíduo após sinterização são

ilustrados nas Figuras 4.7 e 4.8 a seguir. Para a identificação das fases foram utilizadas

como referências as cartas padrões ICSD 75309, ICSD 72951, ICSD 2300297, ICSD

Page 62: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

59

72701, para a fase tetragonal, ICSD 72954, ICSD 72697, ICSD 72696, ICSD 62993

para a fase monoclínica.

Figura 4.7 - Difratogramas das amostras de resíduo de zircônia após sinterização em (a) 1500, (b) 1550 e

(c) 1600° C/ 1h prensadas pela rota via uniaxial.

20 30 40 50 60 70 80

*

**

*

UR01

1500° C/1h

** *

*

*

*

*

*

*

*

* Zr0,97

Y0,O3

O1,985

(T)

* ZrO1,96

(T)

* Zr0,936

O2 (M)

inte

ns

iad

e/ u

.a.

2()

(a)

20 30 40 50 60 70 80

**

*

*

UR02

1550° C/1h

** *

*

*

*

*

*

* Zr0,97

Y0,O3

O1,985

(T)

* ZrO1,96

(T)

* Zr0,93

O2 (M)

inte

ns

iad

e/ u

.a.

2()

(b)

Page 63: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

60

20 30 40 50 60 70 80

*

*

*

UR03

1600° C/1h

**

*

*

*

*

*

**

* Zr0,97

Y0,O3

O1,985

(T)

* Zr0,936

O2 (M)

inte

ns

iad

e/ u

.a.

2()

(c)

Fonte: Próprio autor.

Figura 4.8 - Difratogramas das amostras de resíduo de zircônia após sinterização em (a) 1500, (b) 1550 e

(c) 1600° C/ 1h prensadas pela rota via isostática.

20 30 40 50 60 70 80

**

*

*

*

*

*

***

*

*

*

* Zr0,9

Y0,1

O1,95

(T)

* Zr0,93

O2 (M)

inte

ns

iad

e/ u

.a.

2

IR01

1500° C/1h

(a)

Page 64: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

61

20 30 40 50 60 70 80

**

* ** **

*

*

*

*

*

* Zr0,97

Y0,O3

O1,985

(T)

* Zr0,936

O2 (M)

Inte

ns

ida

de

/ c

.p.s

.

2()

IR02

1550° C/1h

(b)

**

**

**

*

* *

*

*

* Zr0,97

Y0,O3

O1,985

(T)

* Zr0,936

O2 (M)

2()

IR03

1600° C/1h

20 30 40 50 60 70 80

inte

ns

iad

e/ u

.a.

(c)

Fonte: Próprio autor.

A partir dos resultados apresentados na Figura 4.7 e 4.8, verificam-se ambas as

fases, monoclínica e tetragonal, no resíduo conformado via uniaxial e isostática.

Conforme observado nos difratogramas, com o aumento da temperatura, a intensidade

dos picos da fase monoclínica diminui.

Page 65: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

62

Mishra et al. (2012) estudaram a evolução de fase em filmes finos de zircônia,

prensados uniaxialmente com pressão 10 MPa, e a partir da fração de volume de

zircônia tetragonal determinado por raios X, observaram a diminuição da intensidade da

fase monoclínica com o aumento da temperatura, que indica a transformação parcial

para a fase tetragonal.

4.2.3 Resistência à Flexão

As amostras sinterizadas, tanto o resíduo de zircônia quanto a zircônia

comercial, foram submetidas ao ensaio de resistência à flexão pelo método de flexão em

três pontos (Figura 4.9 e 4.10).

Figura 4.9 - Valores obtidos de resistência à flexão em função da temperatura de sinterização para o

resíduo de zircônia.

Fonte: Próprio autor.

A resistência à flexão do resíduo de zircônia aumenta com o aumento da

temperatura de sinterização, para ambas as vias de compactação, apresentando melhores

valores por via isostática (Figura 4.9). Valores de resistência à flexão ≥ 247 MPa ± 66

MPa podem ser obtidos quando a temperatura de sinterização é superior a 1500 ° C para

as duas vias de compactação. O valor máximo 461 MPa ± 39 MPa foi obtido a 1600° C

para o resíduo.

Page 66: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

63

Figura 4.10 - Valores obtidos de resistência à flexão em função da temperatura de sinterização

para a zircônia comercial.

Fonte: Próprio autor.

Com base nos dados de resistência à flexão da amostra comercial, observado na

Figura 4.10, o grupo de amostras prensado via uniaxial não obteve significativas

variações com o aumento da temperatura de sinterização. A 1500° C mostrou a

resistência à flexão média de 341 ±19 MPa. Comparando-se ao grupo de amostras

prensadas via isostática, este apresentou maiores valores de resistência (454 ± 24 MPa).

Os pós de partida das amostras comerciais apresentam em sua microestrutura

granulação homogênea e menor tamanho de partícula, comparado ao resíduo (Figura

4.2).

Os resultados encontrados na literatura para testes de resistência à flexão variam

muito de acordo com o tipo de ensaio realizado, tempo e temperatura de sinterização.

Doi et al. (2011) estudaram a influência de pré-tratamentos (térmico e desgaste por

jateamento) em zircônia com 3% de ítria sobre a resistência à flexão, onde amostras de

zircônia foram prensadas uniaxialmente a 70 MPa e, posteriormente sinterizados ao ar a

1350 ° C durante 2 h, onde sem tratamento obtiveram 1169, 6 MPa, e com tratamento

1095,4 MPa (desgaste por jateamento) e 1056, 2 MPa (tratamento térmico). İşeri et al.

(2012) compararam a resistência à flexão biaxial de zircônia após diferentes

procedimentos de moagem e encontraram resultados entre 680 MPa e 1083 MPa.

Page 67: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

64

4.2.4 Dureza Vickers

Na Tabela 4.2 observam-se os valores de microdureza Vickers obtidos nas

amostras com 1 kgf de carga.

Tabela 4.2 – Valores médios de microdureza Vickers.

DENOMINAÇÃO

DA

AMOSTRA

HV (GPa)

UR01 12,56

UR02 11,76

UR03 11,81

UC01 13,33

UC02 12,31

UC03 13,51

IR01 11,70

IR02 12,12

IR03 12,19

IC01 12,95

IC02 12,76

IC03 12,36

Fonte: Próprio autor.

Os resultados indicam que a temperatura de sinterização influenciou de forma

moderada a Microdureza das amostras, demostrando pequenos acréscimos da dureza até

a temperatura de 1600°C como mostrado na Tabela 4.2. A porosidade produz efeitos

adversos nas propriedades mecânicas, pois a existência de poros pode resultar no

decréscimo da dureza. Quando há diminuição dos poros, o penetrador possui maior

dificuldade de indentar em regiões totalmente densas (YANG e WEI, 2000).

Silva, 2014 apresentou em seu trabalho valores de microdureza para amostras de

resíduo de zircônia, pré sinterizadas a 1250° C, e prensadas via uniaxial (20 e 30 MPa) e

isostática (100 MPa), 13, 28 GPa e 14,63 GPa, respectivamente. Onde o trabalho cita o

valor informado pelo fabricante do sistema Zirkonzahn® para a cerâmica Ice zirconia

Prettau é de 11,7 GPa. O resíduo com valores ligeiramente maiores que o indicado pelo

fabricante.

Page 68: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

65

A Figura 4.11 mostra a morfologia da superfície sob a indentação com carga de

9,8 N, para amostras IR01 e UR01 (densidade relativa 93,69 % e 96,33%,

respectivamente).

Figura 4.11 - MEV de indentação Vickers para amostras do resíduo (a) IR01 e (b) UR01 (Aumento

1800x).

(a) (b)

Fonte: Próprio autor.

Page 69: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

66

4.2.5 Tenacidade à Fratura

Medições precisas de tenacidade à fratura (KIC) são relativamente difíceis para a

maioria dos materiais cerâmicos. Os principais problemas são tentar reproduzir um

acentuado nível de confiabilidade, a validade das equações, eliminação de tensões

residuais e controle da propagação de trincas. Como consequência, os valores de

resistência à fratura podem apresentar pouca reprodutibilidade e alta dispersão, mesmo

quando se utilizam as mesmas técnicas (MUKHOPADHYAY et al., 1999; ROCHA &

COSTA, 2006).

Para distinguir o sistema de trincas provocadas pela indentação, a literatura

mostra uma relação entre o comprimento médio das trincas radiais (c), dividida pela

metade da diagonal da impressão do indentador (a), e se estiverem dentro da faixa de

0,25 < c/a < 2,50, estas trincas radiais superficiais apresentam-se do tipo Palmqvist

(NIIHARA et al., 1982; PONTON & RAWLINGS, 1989). A Tabela 4.3 ilustra a

relação c/a e os valores calculados de tenacidade à fratura para as amostras nas

diferentes condições estudadas.

Tabela 4.3 - Valores de tenacidade e razão c/a.

DENOMINAÇÃO

DA

AMOSTRA

Tenacidade (MPa√m) Razão c/a

UR01 4,21 0,49

UR02 3,40 0,69

UR03 2,95 0,56

UC01 8,84 0,29

UC02 3,99 0,74

UC03 2,59 0,92

IR01 5,24 0,45

IR02 5,20 0,45

IR03 2,64 0,67

IC01 7,90 0,48

IC02 5,36 0,43

IC03 2,65 0,41

Fonte: Próprio autor.

Page 70: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

67

De acordo com os valores obtidos na Tabela 4.3 constatou-se que todas as

amostras apresentaram trincas radiais do tipo Palmqvist, na qual a razão c/a para todas

as amostras foi inferior a 2,5.

A tabela 4.3 também apresenta os valores calculados da tenacidade à fratura para

os dois materiais, comercial e resíduo. Em geral, os valores médios da tenacidade à

fratura diminuíram com o aumento da temperatura de sinterização, para as duas vias de

compactação. No entanto, a resistência à fratura da amostra comercial, é maior do que a

do resíduo. Contudo, o valor obtido para a amostra comercial prensada isostaticamente a

1500° e 1550° C, de 5,24 e 5,20 MPa . m ½, respectivamente, não difere dos valores

citados na literatura.

Triwatana et al., 2013 compararam testes de resistência à fratura utilizando

cerâmica odontológica, a zircônia tetragonal policristalina estabilizada com ítria (Y-

TZP), onde blocos de zircônia foram sinterizados a 1450 ° C durante 2 horas. A média

KIC obtida foi 5,4 ± 1,6 MPa . m ½ e 6,3 ± 1,6 MPa . m

½ , para os diferentes métodos.

Lin et al., 2003 também fizeram testes de tenacidade a fratura para cerâmicas de

zircônia dopada com ítria prensados uniaxialmente (80 MPa) e, em seguida,

isostaticamente (200 MPa), sinterizados a 1500 ° C por 2 h. Obtiveram cerca de 5,3±0.2

MPa . m ½

a esta temperatura. E observou-se que, quando a temperatura tal como ou

tetragonalidade aumenta até um valor específico, o KIC aumenta abruptamente.

A Figura 4.12 (a) - (d) mostra a morfologia da superfície de trincas para as

amostras IC01, UR01 e UR03 (densidade relativa 97,26 %, 93,68 % e 98,56 %

respectivamente), a partir do qual a trinca tipo Palmqvist pode ser observada sob carga

de indentação de 98,9 N, na direção da diagonal na impressão do indentador.

Page 71: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

68

Figura 4.12 - MEV da superfície da trinca para as amostras, comercial 1500° C (a) aumento x450 e (b)

(Aumento 5000x), e resíduo (c) 1500° C (aumento 450x) (d) 1600° C (Aumento 450x).

Fonte: Próprio autor.

Como pode ser visto na Figura 4.13, as trincas induzidas nas amostras por meio

do penetrador Vickers, desviam-se levemente de uma linha reta através dos contornos

de grão, indicando que elas se propagam intergranularmente (Fig. 4.14a) assim como

transgranular (Fig 4.13b). Estudos demonstram que o modo de fratura intergranular

aumenta a energia necessária para a propagação da trinca, resultando em valores

elevados de KIC (SILVA, 2000).

(a) (b)

(c) (d)

Page 72: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

69

Figura 4.13 - MEV mostrando a propagação da trinca em (a) IC01, (b) UC03 (Aumento 1000x).

Fonte: Próprio autor.

4.2.6 MEV das Superfícies de Fratura

Para as análises de imagens foram escolhidas amostras UR01, IR01, IR03, IC01,

IC03, visando ilustrar o aspecto da superfície de fratura em função da temperatura de

sinterização e tipo de compactação. A Figura 4.14 e 4.15 mostram as morfologias de

fratura das amostras após teste de flexão três pontos, para as amostras de resíduo e

comercial, respectivamente.

(a)

(b)

Page 73: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

70

Figura 4.14 - Micrografias da superfície de fratura após ensaio de flexão nas amostras de resíduo

sinterizadas por 1h a (a) 1500° C compressão uniaxial; (b) 1500° C comprassão isostática; e (c) 1600° C

compressão isostática. (Aumento 5000x).

Fonte: Próprio autor.

De acordo com as micrografias apresentadas na Figura 4.14, as amostras testadas

confirmam a presença de micro defeitos e poros fechados provenientes da etapa

sinterização. Imagens da superfície na Figura 4.14 (a) (UR01) contendo poros, os

menores valores de resistência à flexão encontrados para esta amostra comparados aos,

cerca de 247,25 ± 33,77 MPa (Figura 4.9), confirmaram que estes agem como defeitos

que limitam a resistência. Entretanto, a amostra IR03 (367,44 ± 53, 03 Mpa) (Figura

4.14c), apresentou maiores regioes densificação, devido a maior temperatura de

sinterização utilizada (1600° C).

(a) (b)

(c)

Page 74: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

71

Figura 4.15 - Micrografias da superfície de fratura após ensaio de flexão na amostra comercial

sinterizadas por 1h a (a) 1500° C compressão uniaxial; (b) 1500° C compressão isostática; e (c) 1600° C

compressão isostática (Aumento 5000x).

Fonte: Próprio autor.

A observação das superfícies de fratura de acordo com as Figuras 4.14 e 4.15

mostrou que o modo de fratura é misto, isto é, parte transgranular e parte intergranular,

mas predominantemente transgranular.

4.2.7 Caracterização Microestrutural e Tamanho de Grão

A Figura 4.16 mostra micrografias representativas obtidas por microscopia

eletrônica de varredura, das amostras do resíduo após a sinterização, em patamar de 1

hora, compactadas via uniaxial e isostática.

(a) (b)

(c)

Page 75: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

72

Figura 4.16 - Micrografias representativas das amostras de resíduo sinterizadas durante 1h prensadas via

isostática (a) 1500° C, (b) 1600° C, e via uniaxial (c) 1500° C (d) 1600° C (Aumento 10000x).

Fonte: Próprio autor

Das micrografias apresentadas na Figura 4.16, nota-se uma microestrutura

composta por grãos em formas de poliedros com tamanhos não uniformes. Observa-se

também que á medida que a temperatura de sinterização aumenta, há um aumento no

tamanho médio de grão, para ambas as vias de compactação.

A Figura 4.17 apresenta micrografias representativas para a amostra comercial

sinterizada a 1500ºC e 1600 °C, por diferentes vias de compactação.

(a) (b)

(c) (d)

Page 76: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

73

Figura 4.17 - Micrografias representativas da amostra comercial sinterizada durante 1h prensadas via

isostática (a) 1500° C, (b) 1600° C, e via uniaxial (c) 1500° C (d) 1600° C (Aumento 10000x).

Fonte: Próprio autor.

Para amostra comercial (Fig.4.17), não são observados grão grosseiros e o

tamanho de grão é razoavelmente uniforme, comparando-se as micrografias do material

comercial com o resíduo. Este efeito pode estar relacionado com o tamanho de partícula

inicial do pó (Chaim, 2008; Ruiz et al., 1996).

Na figura 4.18, é apresentada a distribuição de tamanhos de grão, para cada lote

de amostras sinterizadas em função das temperaturas de sinterização, após tratamento

por um software de análise e processamento de imagens (NIH ImageJ).

(a) (b)

(c) (d)

Page 77: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

74

Figura 4.18 - A relação do tamanho do grão e a temperatura de sinterização a) prensagem via

isostática b) via uniaxial.

(a)

(b)

Fonte: Próprio autor

Com base na Figura 4.18 o tamanho de grão, como esperado, cresce com o

aumento da temperatura, para os dois materiais estudados. A Figura 4.18 (a) mostra

valor de tamanho médio de grão para as amostras prensadas via isostática, onde o

resíduo aumenta de 0,44 µm para 0,93 μm, 1500 e 1600° C, respectivamente. Tal

comportamento é equivalente ao material comercial, que obteve tamanho médio de grão

de 0,54 µm a 1500° C. A temperatura de sinterização influencia diretamente no

Page 78: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

75

tamanho de grão, sendo esperado um aumento no tamanho de grão quando se utiliza

temperaturas mais elevadas (DENRY e KELLY, 2008; PALMEIRA, 2012).

As amostras prensadas via uniaxial (Fig.4.18b) apresentaram maiores valores de

tamanho de grão a menores temperaturas de sinterização. O resíduo obteve tamanho

médio de 0,62 μm a 1500° C e a cerâmica comercial 0,57 µm a mesma temperatura.

Silva, 2014 também analisou em sua tese o tamanho médio de amostras de

resíduo de zircônia, pré sinterizadas a 1250° C, e prensadas via uniaxial (20 e 30 MPa) e

isostática (100 MPa), encontrando valores de 0,51 µm para as amostras prensadas via

uniaxial, e 0,52 µm via isostática.

Li e Gao, 2001 observaram o comportamento da sinterização de nano pós de

zircônia, onde após compactação isostática (450 MPa) foram sinterizados de 900° C até

1500° C durante 2 horas, obtendo 0,50 µm de tamanho de grão a 1500° C.

Chaim, 2008 estudou a energia de ativação e crescimento de grãos em

nanocristais de cerâmica Y-TZP, prensados a quente via isostática, a 1250 ° C durante 2

h. O estudo resultou em tamanhos de grão médios de 0,65 e 1,23 µm, para temperaturas

de sinterização de 1550 e 1650° C, respectivamente.

Zhao et al., 1998 estudaram o crescimento de grão de zircônia estabilizada com

3% de ítria, onde usaram uma pressão uniaxial de 33 MPa, e posteriormente prensagem

isostática a frio, com pressão abaixo de 100 MPa. O tamanho de grão médio obtidos

para 1500 e 1600° C, foram 0,53 µm e 0,81 µm, respectivamente, para 5 horas de

patamar de sinterização.

Page 79: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

76

Capítulo 5 – CONCLUSÕES

Page 80: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

77

5 CONCLUSÕES

Os pós de partida, a partir por análise de MEV, mostraram aglomerados de

partículas finas e partículas grandes. Partículas menores que 1 µm, que por sua vez

formaram aglomerados maiores de 10 µm de tamanho.

O resíduo de zircônia não apresentou diferença maior que 2% de densidade

relativa, em relação à zircônia comercial, em ambas as vias de compactação, para todas

as temperaturas estudadas.

As amostras compactadas via prensagem isostática apresentaram valores de

porosidade inferiores a 0,78% e demostraram a maior efetividade de compactação

comparada a uniaxial.

Conforme observado nos difratogramas de raios X, com o aumento da

temperatura, a intensidade dos picos da fase monoclínica diminuiu, transformação e

estabilização da fase tetragonal.

A resistência à flexão do resíduo de zircônia aumenta com o aumento da

temperatura de sinterização, para ambas as vias de compactação, apresentando melhores

valores por via isostática.

A temperatura de sinterização influenciou de forma moderada a Microdureza das

amostras, demostrando pequenos acréscimos da dureza até a temperatura de 1600°C,

sem grande influencia.

Constatou-se que todas as amostras apresentaram trincas radiais do tipo

Palmqvist e os valores médios da tenacidade à fratura diminuíram com o aumento da

temperatura de sinterização, para as duas vias de compactação.

A observação das superfícies de fratura mostrou que o modo de fratura é misto,

isto é, parte transgranular e parte intergranular, mas predominantemente transgranular.

O tamanho de grão aumentou com o aumento da temperatura de sinterização,

para os dois materiais estudados, em ambas as vias de compactação, onde o resíduo

mostrou comportamento equivalente à zircônia comercial estudada. Ao se aumentar a

temperatura de sinterização, devido ao maior graude densificação, a energia fornecida

Page 81: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

78

ao sistema irá promover um maior crescimento de grão do que a sinterização do

material.

Avalia-se que o resíduo apresentou algumas propriedades semelhantes ao

material comercial estudado, como também a alguns resultados encontrados na

literatura, tais como densidade, dureza, tenacidade e tamanho de grão.

Embora o presente estudo sugira a necessidade da realização de avaliações mais

abrangentes para diversas aplicações deste material, um fato importante é que, o resíduo

de zircônia que ainda hoje é descartado pelas empresas de odontologia, pode ser visto

como matéria prima promissora na indústria em geral, ou até pelas mesmas empresas

geradoras. Tal fato contribui de maneira positiva para a diminuição dos impactos

negativos causados pelos descartes deste material, além de contribuir para a diminuição

do inativo das empresas.

Page 82: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

79

REFERÊNCIAS

ACCHAR, W. Materiais Cerâmicos; caracterização e aplicações. Ed. EDUFRN,

2006.

AMOUEI A.; KHOSRAVI M.; ASGHARNIA H.; GHANBARI H.; FARAJI H.

Evaluation of Quality and Quantity of Solid Wastes in Babol Dental Faculty–North

of Iran. CJDR; 2 (1):36-41, 2013.

ASHBY, M.F. Materials and the environment: eco-informed material choice.

Elsevier, Canada, 2009.

ASTM B962 - 08: Standard Test Methods for Density of Compacted or

Sintered Powder Metallurgy (PM) Products Using Archimedes’ Principle. 6p.

American Society for Testing and Materials, West Conshohocken, Pennsylvania, 2008.

ASTM C1161 - 13: Standard Test Method for Flexural Strength of Advanced

Ceramics at Ambient Temperature. 19p. American Society for Testing and Materials,

West Conshohocken, Pennsylvania, 2013.

ASTM C1421 - 10: Standard Test Methods for Determination of Fracture

Toughness of Advanced Ceramics at Ambient Temperature. 31p. American Society

for Testing and Materials, West Conshohocken, Pennsylvania, 2010.

ASTM E384 - 11e1: Standard Test Method for Knoop and Vickers Hardness of

Materials. 43p. American Society for Testing and Materials, West Conshohocken,

Pennsylvania, 2011.

BANSAL, N.P.; BOCCACCINI, A. R. Ceramics and Composites Processing

Methods. Sintering: Fundamentals and Practice. First Edition. The American

Ceramic Society. 596 p. John Wiley & Sons, Inc. 2012.

BASANI, H. Influência da microestrutura na tenacidade à fratura e resistência à

flexão da zircônia tetragonal policristalina com adições de ítria. Dissertação de

Mestrado. Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, São Paulo, 1992.

BERNARD, D.; GENDRON, D.; HEINTZ, J.M.; BORDÈRE, S.; ETOURNEAU, J.

First direct 3D visualisation of microstructural evolutions during sintering through

Page 83: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

80

X-ray computed microtomography, Acta Materialia, Volume 53, Issue 1, 3 January

2005, Pages 121-128.

BOARO, M.; VOHS, J. M.; GORTE, R. J. Synthesis of Highly Porous Yttria-

Stabilized Zirconia by Tape-Casting Methods, Journal of the American Ceramic

Society, Volume 86, Issue 3, pages 395–400, 2003.

BOULC’H, F.; DJURADO, E. Structural changes of rare-earth-doped,

nanostructured zirconia solid solution, Solid State Ionic, v. 157, p. 335-340, 2003.

CANTO, R.B., Projeto e caracterização de moldes para prensagem isostática

utilizando tecnologias cad/cae e prototipagem rápida, 2002, Dissertação (Mestrado

em Engenharia Mecânica) Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São

Paulo, São Carlos, 2002.

CASTRO, H.L.; CORAZZA, P.H.; PAES-JÚNIOR, T.A.; DELLA BOM, A. Influence

of Y-TZP ceramic treatment and different resin cements on bond strength to

dentin, Dental Materials, v. 28, n. 11, p. 1191-1197, 2012.

CHAIM, R. Activation energy and grain growth in nanocrystalline Y-TZP

ceramics, Mater. Sci. Eng. A 486, 439-446, 2008.

CHEVALIER, J. What future for zirconia as a biomaterial?, Biomaterials, Volume

27, Issue 4, February, p. 535-543, 2006.

COSENTINO, P. A. S. L. O efeito de carbetos metálicos na sinterização do carbeto

de boro por prensagem a quente, 2006, (Tese de Doutorado em Engenharia

Metalúrgica e de Materiais) Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2006.

COURTIN, E.; BOY, P.; PIQUERO, T.; VULLIET, J.; POIROT, N.; LABERTY-

ROBERT, C. A composite sol–gel process to prepare a YSZ electrolyte for Solid

Oxide Fuel Cells. Journal of Power Sources, Volume 206, 15 May 2012, Pages 77-83.

DAKSKOBLER, A.; JEVNIKAR, P.; OBLAK, C.; KOSMAC, T. The processing-

related fracture resistance and reliability of root dental posts made from Y-TZP.

Journal of the European Ceramic Society, v. 27, p. 1565–1570, 2007.

DENRY, I.; KELLY, J.R. State of the art of zirconia for dental applications.

Journal of Dental Material, v. 24, p. 299-307, 2007.

Page 84: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

81

DURÁ, O. J.; LÓPEZ DE LA TORRE, M. A. X-ray diffraction line profile analysis

of mechanically alloyed nanocrystalline YSZ. Journal of Physics D: Applied Physics

v. 41 n.4, 2008.

EICHLER, J.; RÖDEL, J.; EISELE, U.; HOFFMAN, M. Effect of grain size on

mechanical properties of submicrometer 3Y-TZP: Fracture strength and

hydrothermal degradation (2007) Journal of the American Ceramic Society, 90 (9),

pp. 2830-2836.

ELIAS, C.N.; LOPES, H.P. Materiais Dentários – Ensaios Mecânicos. 1 ed. Brasil,

Editora Santos, 2007.

ESQUIVIAS, L.; BARRERA-SOLANO, C.; PINERO, M.; PRIETO, C. Short-range

order of yttria doped zirconia powders studied by X-ray absorption (II). Journal of

Alloys and Compounds, v. 239, n. 1, p. 71-76, 1996.

EVANGELISTA, N. Estudo da utilização dos resíduos industriais de lã cerâmica e

lã de vidro em argamassas e concretos. Tese (Doutorado), Universidade Federal de

Ouro Preto. Escola de Minas, Ouro Preto, MG, 165f. 2011.

EVANS, A. G.; FABER, K. T. Crack-growth resistance of microcracking brittle

materials, Journal of the American Ceramic Society, v.67, n.4, p.255-260, 1984.

FANG, Z. Z.; WANG, H. Densification and grain growth during sintering of

nanosized particles. International Materials Reviews, New York, v. 53, n. 6, p. 326-

352, 2008.

GALUSEK, D.; ZNASIK, P; MAJLING, J. The influence of cold isostatic pressing on

compaction and properties of Mg-PSZ ceramics. Journal of Materials Science

Letters, v.18, p. 1347–1351, 1999.

GERMAN, R. M. Powder Metallurgy Science, 2° ed., 1994, metal powder industries

federation, Princeton, NJ, USA.

GERMAN, R. M. Sintering theory and practice. New York: John Wiley & Sons,

1996. XV, 550 p.

GROZA, J. R. Nanosintering. Nanostructured Materials. New York, v. 12, n. 5-8, p.

987-992, 1999.

Page 85: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

82

HAHN, H. Microstructure and properties of nanostructured oxides.

Nanostructured Materials, v. 2, n. 3, p. 251-265, 1993.

HALMENSCHLAGER, C. M. Obtenção e caracterização de filmes de zircônia

estabilizada por Ítria através da técnica de spray-pirólise. Dissertação (Mestrado em

engenharia) – Escola de Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto

Alegre. 2009.

HELVEY, G. A. Zirconia and Computer-aided Design/Computer-aided

Manufacturing (CAD/CAM) Dentistry, Inside Dentistry, v. 4, n. 4, 2008.

HEUER, A. H.; HOBBS, L. W. Science and technology of zirconia, Advances in

ceramic, vol. 3, 1984.

HOLGADO, J. P.; ESPINÓS, J. P.; YUBERO, F.; JUSTO, A.; OCAÑA, M.;

BENÍTEZ, J.; GONZALEZ-ELIPE, A. R. Ar stabilisation of the cubic/tetragonal

phases of ZrO2 in thin films prepared by ion beam induced chemical vapour

deposition, Thin solid Films, v. 389, p. 34-42, 2001.

HSU, Y.; YANG, K.; CHANG, K.; YEH, S.; WANG, M. Synthesis and

crystallization behavior of 3 mol% yttria stabilized tetragonal zirconia polycrystals

(3Y-TZP) nanosized powders prepared using a simple co-precipitation process,

Journal of Alloys and Compounds, v. 509, n. 24, p. 6864-6870, 2011.

İŞER , U.; ÖZKURT, Z.; YALNZ, A.; KAZAZOĞLU, E. Comparison of different

grinding procedures on the flexural strength of zirconia, The Journal of Prosthetic

Dentistry, Volume 107, Issue 5, May 2012, Pages 309-315.

JCPDS. Selected powder diffraction data for metals and alloys. Newton Square, PA:

Joint Committee on Powder Diffraction Standards, 1978.

Jyung-Dong Lin, Jenq-Gong Duh, Fracture toughness and hardness of ceria- and

yttria-doped tetragonal zirconia ceramics, Materials Chemistry and Physics, Volume

78, Issue 1, 3 February 2003, Pages 253-261

KAMIYA, M.; MORI, Y.; KOJIMA, T.; SASAI, R.; ITOH, H. Recycling process for

yttria-stabilized tetragonal zirconia ceramics using a hydrothermal treatment, J

Mater Cycles Waste Manag, 9: 27–33, 2007.

Page 86: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

83

KOIZUMI, M.; NISHIHARA, M. Isostatic Pressing Technology and Applications.

London, Elsevier Applied Science, 360p,1992.

KUO, C.W.; LEE, Y.H.; FUNG, K.Z.; WANG, M.C. Effect of Y2O3 addition on the

phase transition and growth of YSZ nanocrystallites prepared by a sol–gel process,

Journal of Non-Crystalline Solids, v. 351, n. 4, p. 304-311, 2005.

LEE, H.-Y.; RIEHEMANN, W.; MORDIKE, B. L. Sintering of nanocrystalline

ZrO2 and zirconia toughened alumina (ZTA). Journal of the European Ceramic

Society, London, v. 10, n. 3, p. 245-253, 1992.

LEE, P.W. ; TRUDEL, Y.; IACOCCA, R.; GERMAN, R.M.; FERGUSON, B.L.;

EISEN, W.B.; MOYER, K.; MADAN, D.; SANDEROW, H.: Cold Isostatic Pressing,

ASM Handbook, Volume 7: Powder Metal Technologies and Applications, p 382-388,

1998.

LEITÃO, F. Obtenção de pós de zircônia estabilizada com ítria com diferentes

teores de sílica. Dissertação (Mestrado em Ciências na área de Tecnologia Nuclear

Materiais) - Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, Universidade de São Paulo,

São Paulo. 2002.

LI, W.; GAO, L. Compacting and sintering behavior of nano ZrO2 powders. Scripta

Mater. 44 (2001), pp. 2269–2272.

LUCCHESE, M. M., Nucleação e crescimento de filmes de diamante em substratos

de zircônia parcialmente estabilizada, Tese (Doutorado em Ciências) Instituto de

Física, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 2006.

LUGHI, V.; SERGO, V. Low temperature degradation -aging- of zirconia: A

critical review of the relevant aspects in dentistry, Dental Materials, v. 26, n. 8, p.

807-820, 2010.

MAGNANO, RO; SCHETINNO, RM; MARCZUK, VC; SILVA JR, RB; MOREIRA,

CCA; SANTOS, C. Avaliação das propriedades de uma zircônia estabilizada com

ítria (ZrO2-Y2O3) de uso odontológico. Full Dent. Sci. v. 17, p. 17-122, 2013.

MAYO, M. J. Processing of nanocrystalline ceramics from ultrafine particles.

International Materials Reviews, New York, v. 41, n. 3, p. 85-115 , 1996.

Page 87: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

84

MAYO, M. J. Synthesis and applications of nanocrystalline ceramics. Materials &

Design, v. 14, p. 323–329, 1993.

MINEIRO, S. L. Processamento e caracterização física e mecânica de cerâmicas de

zircônia ítria total e parcialmente nanoestruturadas. 140p. Tese (Doutorado em

Engenharia Aeronáutica e Tecnologia Espaciais/Ciência e Tecnologia de Materiais e

Sensores) – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE, São José dos Campos,

2007.

MISHRA, M.; P. KUPPUSAMI, P.; AKASH SINGH, A.; S. RAMYA, S.; V.

SIVASUBRAMANIAN, V.; E. MOHANDAS, E. Phase evolution in zirconia thin

films prepared by pulsed laser deposition, Applied Surface Science, Volume 258,

Issue 12, 1 April 2012, Pages 5157-5165.

MOLISANI, A. L. Sinterização e caracterização de propriedades mecânicas de

cerâmicas de nitreto de alumínio. 2009. Tese (Doutorado em Engenharia Metalúrgica

e de Materiais) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.

MONTANARO, L.; FERRONI, L.; PAGLIOLICO, S. Influence of calcination

temperature on the microstructure and mechanical properties of a gel-derived and

sintered 3 mol% Y-TZP material. Journal of the American Ceramic Society, v.79,

n.4, p.1034-1040, 1996.

MORAES, M.C.C.S.B. Microestrutura e propriedades mecânicas de compósitos

alumina-zircônia para próteses dentárias; Tese de Doutorado. Rio de Janeiro.

Instituto Militar de Engenharia, 2004.

MUCCILLO, R.; MUCCILLO, E.N.S. An experimental setup for shrinkage

evaluation during electric field-assisted flash sintering: Application to yttria-

stabilized zirconia, Journal of the European Ceramic Society, Volume 33, Issue 3,

March 2013, Pages 515-520.

MUKHOPADHYAY A; DATTA S, CHAKRABORTY D. Fracture toughness of

structural ceramics. Ceramics International. 25:447-454. 1999.

NETTLESHIP, I., STEVENS, R., 1987, Tetragonal Zircônia Polycrystal (TZP) - A

review, International Journal of High Technology Ceramics, v. 3, pp.1-32.

NIIHARA, K.; MORENA, R.; HASSELMAN, D.P.H., Evaluation of KIC of Brittle

Page 88: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

85

Solid by the Identation Method with Low Crack- to - Ident Ratios, Journal of

Materials Science, v.1, p.13-16, 1982.

OGATA, T.; MATSUBARA, T.; NAKANO, H.; URABE, K.; NISHIDA, T. Recycle of

Y-TZP Ceramics. Journal of the Ceramic Society of Japan, v. 113, i. 10, p. 674–677,

2005.

OLIVEIRA, I.R; STURDAT, A.R.; PILEGGI, R.G.; PANDOLFELLI, V.C. Dispersão

e empacotamento de partículas: princípios e aplicações em processamento

cerâmico. Fazendo arte editorial. 2000.

OZBEK, M.; SANIN, F.D. A study of the dental solid waste produced in a school of

dentistry in Turkey, Waste Management, v. 24, i. 4, p. 339-345, 2004.

PALMEIRA, A. P. Estudo comparativo da sinterização de pós nanoestruturados e

microestruturados de ZrO2 tetragonal estabilizado com Y2O3. 2012. 165p. Tese

(Doutorado em Ciências) – Escola de Engenharia de Lorena. Universidade de São

Paulo. Lorena. 2012.

PINHEIRO, T. B. Processamento e Caracterização da Microestrutura e de algumas

Propriedades Mecânicas da Zircônia Parcialmente Estabilizada com Ítria e da

Parcialmente Estabilizada com Magnésia. Dissertação (Mestrado em Engenharia

Metalurgica de Materiais) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

2008.

PONTON, C.B., RAWLINGS, R.D., Vickers indentation fracture toughness test,

Part 1: Application and evaluation of standardized indentation toughness

equations, Materials Science and Technology, v. 5, pp. 961-976, 1989.

QUINN, G.D. Fractography of ceramics and glasses: a NIST recommended

practice guide. Special Publication 960-16. National Institute of Standards and

Technology, Washington, DC, 2007.

RABE, T.; WÄSCHE, R. Sintering behaviour of nanocrystalline titanium nitride

powders. Nanostructured Materials, v. 6, p. 357–360, 1995.

RAMANATHAN, S.; KAKADE, M.B. Aqueous slurry processing of monolithic

films for SOFC – YSZ, LSM and YSZ–NiO systems. International Journal of

Hydrogen Energy, Volume 36, Issue 22, November 2011, Pages 14956-14962.

Page 89: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

86

RASHAD, M.M., BAIOUMY, H.M. Effect of thermal treatment on the crystal

structure and morphology of zirconia nanopowders produced by three different

routes, Journal of Materials Processing Technology, v. 195, p. 178-185, 2008.

REED, J. S.; Principle of Ceramics Processing, 2 edição, 1995.

RIETVELD, H. M. A profile refinement method for nuclear and magnetic

structures. Journal of Applied Crystallography, v. 2, p. 65-71, 1969.

ROCHA, C. V.; COSTA, C. A.. Fracture toughness of Si3N4 processed by gas

pressure sintering and hot pressing. Mat. Res., São Carlos , v. 9, n. 2, June 2006 .

RODRIGUES, J. A.; PANDOLFELLI, V. C. Comportamento de curva-R de

refratários de MgO-C. Cerâmica (online). 2000, vol.46, n.297 (cited 2014-04-05), pp.

40-47, 2000.

RUIZ, L.; READEY, M.J. Effect of Heat Treatment on Grain Size, Phase

Assemblage, and Mechanical Properties of 3 mol% Y-TZP. J. Am. Ceram. Soc., 79

(1996), pp. 2331–2340.

SANTOS, H. E. S. Propriedades mecânicas da zircônia tetragonal policristalina

estabilizada por ítria submetida à degradação hidrotérmica. Dissertação de

mestrado. Instituto Militar de Engenharia, Rio de Janeiro 2012, 139p.

SATO, T.; ENDO, T.; SHIMADA, M. Postsintering hot isostatic pressing of ceria-

doped tetragonal zirconia alumina composites in an argon–oxygen gas atmosphere.

Journal of the American Ceramic Society, 72 (1989), pp. 761–764.

SCHERRER, S.S.; CATTANI-LORENTE, M.; VITTECOQ, E.; MESTRAL, F.;

GRIGGS, J.A.; WISKOTT, H.W. Fatigue behavior in water of Y-TZP zirconia

ceramics after abrasion with 30 μm silica-coated alumina particles. Dental

Materials, 27 (2011), pp. e28–e42.

SHINMI, A.; ZHAO, X.; XIAO, P. Mechanical and electrical characterisation of a

phase transformation in thermal barrier coatings. Surface and Coatings Technology,

Volume 205, Issue 7, 25 December 2010, Pages 2678-2686.

Page 90: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

87

SILVA, C. C. G.: Estudo de sinterização de nitreto de silício com adições dos óxidos

de lantânio, gadolínio e alumínio. Dissertação (Metrado), Instituto de Pesquisas

Energéticas e Nucleares, SP, 2000, 93f.

SILVA, C. P. Caracterização Mecânica de Cerâmicas à Base de ZrO2 (3%Y2O3)

Nano e Microparticuladas. Dissertação de Mestrado em Ciências Mecânicas,

Publicação ENM.DM-142A/2009, Departamento de Engenharia Mecânica,

Universidade de Brasília, Brasília, DF, 115p.

SILVA, Y. B. F. Estudo da viabilidade do processo de reciclagem do material

descartado do sistema zirkonzahn® de produção de próteses dentárias. Tese

(Doutorado), Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, 2014, 113 f.

SILVA, Y. B. F. Estudos da zircônia reforçada com alumina e carbetos mistos,

Dissertação (Mestrado), Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN,

2008, 93 f.

SKANDAN, G. Processing of nanostructured zirconia ceramics. Nanostructured

Materials, v. 5, p. 111-126, 1995.

SPEAKMAN, S. A. Basics of X-Ray Powder Diffraction. Massachusetts-USA, 2011.

Disponível em: http://prism.mit.edu/xray/Basics%20of%20X-

Ray%20Powder%20Diffraction.pdf . Acessado em 29 de abril de 2014.

STEVENS, R. An introduction to zirconia: Zirconia and zirconia ceramics, United

Kington: Magnesium Electron Publication, 1986. 56 p.

SURZHIKOV AP, GYNGAZOV SA, FRANGULJYAN TS. A dilatometric study of

the effect of pressing on the kinetics of compression of ultrafine zirconium dioxide

powders under thermal annealing. Russian Physics Journal, Vol. 55, p. 345–52, 2012.

TOSOH CORPORATION. Disponível em: <http://www.tosoh.com >. Acesso em: 28

Jan. 2014.

TRIWATANA, P.; SRINUAN, P.; SUPUTTAMONGKOL, K. Comparison of two

fracture toughness testing methods using a glass-infiltrated and a zirconia dental

ceramic. Journal of Advanced Prosthodontics, 2013, Vol.5(1), pp.36-43.

TRUNEC, M., Effect of powder treatment on injection moulded Zirconia

Page 91: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

88

Ceramics. Ceramics. v. 52, pp. 165-174, 2008.

TRUNEC, M.; CHLUP, Z. Higher Fracture Toughness of Tetragonal Zirconia

Ceramics Through Nanocrystalline Structure, Scripta Materialia, v. 61, pp. 56-59,

2009.

WOOLFSON, M. M. An introduction to X-ray crystallography. 2. ed., Cambridge:

Cambridge University Press, 1997.

WU, Y., BANDYOPADHYAY, A., BOSE, S. Processing of alumina and zirconia

nanopowders and compacts. Materials Science and Engineering,A, v. 380 pp. 349-

355.

YANG, C.C.T., WEI, W.C.J., Effects of Material Properties and Testing Parameters

on Wear Properties of Fine-Grain Zirconia (TZP), Wear, v. 242, pp. 97-104, (2000).

YANG, H.; OUYANG, J.; ZHANG, X.; WANG, N.; DU, C. Synthesis and optical

properties of yttria-doped ZrO2 nanopowders, Journal of Alloys and Compounds, v.

458, n. 1–2, p. 474-478, 2008.

YOON, S.; NOH, T.; KIM, W.; CHOI, J.; LEE, H. Structural parameters and oxygen

ion conductivity of Y2O3–ZrO2 and MgO–ZrO2 at high temperature. Ceramics

International, Volume 39, Issue 8, December 2013, Pages 9247-9251.

ZANOTTO, E.D.; MIGLIORE A.R. Propriedades mecânicas de materiais

cerâmicos: Uma Introdução. Revista Cerâmica. V. 37, p. 247, 1991.

ZHANG, X.; LIN, B.; LING, Y.; DONG, Y.; FANG, D.; MENG, G.; LIU, X. Highly

permeable porous YSZ hollow fiber membrane prepared using ethanol as external

coagulant, Journal of Alloys and Compounds, Volume 494, Issues 1–2, 2 April 2010,

Pages 366-37.

ZHAO, J.; IKUHARA, Y.; SAKUMA. T. Grain Growth of Silica-Added Zirconia

Annealed in the Cubic/Tetragonal Two-Phase Region. J. Am. Ceram. Soc., 81

(1998), pp. 2087–2092.

ZHOU, Y. C.; RAHAMAN, M. N. Hydrothermal synthesis and sintering of ultrafine

CeO2 powders. Journal of Materials Research, v.8, p. 1680-1696, 1993.

Page 92: ESTUDO DA SINTERIZAÇÃO DE RESÍDUO ODONTOLÓGICO ... · A efetiva utilização dos recursos naturais diante o acelerado crescimento econômico ... Figura 2.4 - Variação de tenacidade

89