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Estudo da Pedra Aplicada na Igreja da Senhora da Conceição (Porto) Ana Sofia Pinto Moreira Mestrado em Geomateriais e Recursos Geológicos Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território 2013 Orientador Maria Ângela de Carvalho Fernandes Almeida, Professora Auxiliar, Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

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Estudo da Pedra Aplicada na Igreja da Senhora da Conceição (Porto)

Ana Sofia Pinto Moreira

Mestrado em Geomateriais e Recursos Geológicos

Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território 2013

Orientador

Maria Ângela de Carvalho Fernandes Almeida, Professora

Auxiliar, Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

Todas as correções determinadas pelo júri, e só essas, foram efetuadas.

O Presidente do Júri,

Porto, ______/______/_________

i

Agradecimentos

Um trabalho não é obra de uma só pessoa, mas sim o resultado de um esforço

desenvolvido com o apoio e incentivo de muitas pessoas. Foram vários os

intervenientes do processo que culminou neste trabalho. E por isso, desejo expressar

o meu reconhecimento e agradecimento às pessoas ou entidades, que das mais

variadas formas contribuíram para que fossem atingidos os objetivos propostos.

À Professora Doutora Maria Ângela Almeida, por quem tive o privilégio de ser

orientada. Expresso o meu agradecimento pelas críticas e sugestões que contribuíram

para este trabalho. Agradeço ainda a paciência, o interesse e o apoio demonstrados.

À Professora Doutora Isabel Fernandes pela simpatia, disponibilidade,

colaboração e esclarecimento de dúvidas, essenciais para a execução e interpretação

dos resultados dos ensaios mecânicos.

Ao Doutor Vergílio Seisdedos, zelador da Igreja da Senhora da Conceição, pela

simpatia, disponibilidade, interesse e colaboração, contribuindo deste modo com

importantes dados, sem esquecer as facilidades concedidas aquando das visitas à

igreja.

À Cooperativa dos Pedreiros, em especial ao Doutor Fernando Martinho, pela

enorme disponibilidade e interesse em colaborar com este estudo e ainda ao Doutor

Engenheiro Floriano Santos, pela disponibilidade no decurso da visita ao estaleiro,

sem esquecer que sem as amostras por ele fornecidas este trabalho não se teria

concretizado desta forma, e por isso agradeço a colaboração e paciência

demonstradas.

À D. Irene, do Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do

Território da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, pelo cumprimento das

suas funções profissionais, contribuindo deste modo, com a elaboração das lâminas

delgadas e corte dos blocos para os ensaios mecânicos.

Ao meu colega de Mestrado Fábio Loureiro, pela simpatia e ajuda prestada na

elaboração dos ensaios mecânicos.

ii

À minha família, por todo o apoio, paciência e incentivo manifestados,

inalcançáveis. Obrigada pela ajuda, não só nesta dissertação mas também ao longo

de todo este percurso académico.

A todos os meus amigos, aqueles que me apoiaram, e nunca duvidaram de

mim. Obrigado pelos momentos de descontração e por me fazerem sorrir mesmo nas

horas mais difíceis. Agradeço em especial à minha querida amiga e companheira nos

bons e maus momentos, Sara Leal. Obrigada pela paciência e incentivo que me

ajudaram a não desistir e a dar o melhor de mim. E ainda ao meu fiel amigo, André

Vieira, pelo companheirismo e cumplicidade que sempre demonstrou.

A todos eles dedico o resultado deste trabalho.

iii

Resumo

A Igreja da Senhora da Conceição, localizada na cidade do Porto, no NW de

Portugal é um edifício cuja génese se reporta ao século XX. Na sua construção foram

utilizados dois tipos de granito que afloram na região, ambos pertencentes ao

denominado Granito do Porto. É através destes, que surge o tema desta dissertação,

Estudo da Pedra Aplicada na Igreja da Senhora da Conceição (Porto).

Através da aquisição de amostras dos dois tipos de granito representativos da

igreja, foi permitida a elaboração de um trabalho prático mais pormenorizado.

Recorreu-se primeiramente à técnica experimental da microscopia ótica de luz

polarizada. Determinaram-se algumas características petrofísicas do granito,

realizando-se para esse efeito ensaios de velocidade de propagação dos ultra-sons,

carga pontual e resistência à compressão uniaxial.

A análise petrográfica revelou aspetos de alteração hidrotermal e meteórica,

com a presença de minerais secundários e de fissuras intra e intergranulares. Os

ensaios apresentaram valores que permitem distinguir os dois tipos de granito

utilizados.

Pode concluir-se, através dos resultados práticos obtidos que ambos os

granitos já apresentavam fenómenos de alteração herdados das pedreiras, ou seja,

estes granitos encontravam-se meteorizados aquando da sua aplicação, uma vez que

as amostras usadas nesta análise não foram exemplares retirados diretamente da

igreja. Este facto, associado ao aumento da poluição atmosférica e às condições

climatéricas da região pode contribuir para o aumento substancial da velocidade de

deterioração da pedra da Igreja da Senhora da Conceição.

Com o presente estudo pretende-se divulgar o património construído através

da elaboração de trabalhos que realçam o valor das rochas utilizadas na construção.

Neste caso concreto, a ideia é valorizar e divulgar o granito da região do Porto, como

um inestimável património natural, arquitetónico e cultural da cidade.

Palavras-Chave: Geomateriais; Património; Granito; Alteração.

iv

v

Abstract

The Church of Senhora da Conceição, located in the city of Porto, in the

northwest of Portugal, is a building whose genesis refers to the twentieth century. In its

construction two types of the granite outcrop in the region were used, both belonging to

the so called Granite of Porto. It is based on these granites that arises the theme of this

dissertation, Study of the Stone Applied in the Church of Senhora da Conceição

(Porto).

Through the acquisition of two types of samples representative of the granite

church, the development of a more detailed practical work was permitted. Initially it was

used the experimental technique of polarized light microscopy. Some petrophysical

characteristics of the granite have been determined using the ultrasonic velocity test,

point load test and the uniaxial compressive strength.

The petrographic analysis revealed aspects of hydrothermal and meteoric

alterations with the presence of secondary minerals and intra and intergranular

fractures. The tests showed values that distinguish the two types of granite used.

It can be concluded, through the practical results obtained that both granites

already presented alteration phenomena inherited from the quarry, in other words.,

these granites were weathered in its application, since the samples used in this

analysis were not taken directly from specimens of the church. This fact, associated

with the increase of the atmospheric pollution and climatic conditions of the region may

contribute to the substantial increase in the speed of the stone deterioration in the

Church of Senhora da Conceição.

With the present study it is intended to promote the built heritage through the

elaboration of papers that highlight the value of the rocks used in construction. In this

case, the idea is to enhance and promote the granite of Porto region, as an invaluable

natural, architectural and cultural heritage of the city.

Key-Words: Geomaterials; Heritage; Granite; Alteration.

vi

vii

Índice

Agradecimentos ............................................................................................................. i

Resumo ........................................................................................................................ iii

Abstract ........................................................................................................................ v

Índice ........................................................................................................................... vii

Lista de Quadros ......................................................................................................... xi

Lista de Figuras .......................................................................................................... xiii

Capítulo 1 - Introdução ................................................................................................. 1

1.1. Importância do Tema.......................................................................................... 3

1.2. Objetivos do Estudo ........................................................................................... 7

1.3. Estrutura da Dissertação .................................................................................... 9

1.4. Geomateriais na Construção ............................................................................ 11

1.5. Estado da Arte.................................................................................................. 15

Capítulo 2 - A Cidade do Porto ................................................................................... 17

2.1. Introdução ........................................................................................................ 19

2.2. Localização Geográfica e Geomorfologia ......................................................... 21

2.3. Caracterização Climática .................................................................................. 23

2.4. Enquadramento Geológico ............................................................................... 25

2.5. Granito do Porto ............................................................................................... 27

2.6. Tectónica e Sismicidade ................................................................................... 31

Capítulo 3 - Igreja da Senhora da Conceição ............................................................. 33

3.1. Introdução ........................................................................................................ 35

3.2. Localização Geográfica .................................................................................... 39

3.3. Enquadramento Geológico ............................................................................... 41

viii

Capítulo 4 - Granito de S. Gens .................................................................................. 43

4.1. Introdução ........................................................................................................ 45

4.2. Localização Geográfica .................................................................................... 47

4.3. Enquadramento Geológico ............................................................................... 49

4.4. Utilização na Indústria ...................................................................................... 51

Capítulo 5 - Processos de Alteração do Granito ......................................................... 53

5.1. Introdução ........................................................................................................ 55

5.2. Alteração Tardi-a Pós-Magmática do Granito ................................................... 57

5.3. Meteorização do Granito .................................................................................. 59

5.3.1. Meteorização Química ............................................................................... 61

5.3.2. Meteorização Física ................................................................................... 62

5.3.3. Meteorização Físico-Química ..................................................................... 63

5.3.4. Comportamento dos Minerais Face à Meteorização .................................. 64

5.4. Deterioração das Pedras de Granito ................................................................ 67

5.4.1. Tipos de Deterioração ................................................................................ 70

5.5. Influência da Água ............................................................................................ 73

5.6. Influência Atmosférica ...................................................................................... 75

Capítulo 6 - Estudo do Granito Utilizado na Construção da Igreja da Senhora da

Conceição ................................................................................................................... 77

6.1. Introdução ........................................................................................................ 79

6.2. Análise Macroscópica ....................................................................................... 81

6.2.1. Descrição Macroscópica da Amostra AA_1 ............................................... 81

6.2.2. Descrição Macroscópica da Amostra AA_2 ............................................... 82

6.3. Descrição das Deteriorações Visíveis .............................................................. 85

6.4. Análise Microscópica ........................................................................................ 87

6.4.1. Descrição Microscópica da Amostra AA_1 ................................................. 88

6.4.2. Descrição Microscópica da Amostra AA_2 ................................................. 92

ix

6.5. Ensaio de Velocidade de Propagação dos Ultra-Sons ...................................... 95

6.5.1. Resultados ................................................................................................. 97

6.5.2. Discussão dos Resultados ....................................................................... 100

6.6. Ensaio de Carga Pontual ................................................................................ 101

6.6.1. Resultados ............................................................................................... 103

6.6.2. Discussão dos Resultados ....................................................................... 105

6.7. Ensaio de Resistência à Compressão Uniaxial ............................................... 107

6.7.1. Resultados ............................................................................................... 108

6.7.2. Discussão dos Resultados ....................................................................... 109

Considerações Finais ............................................................................................... 111

Referências Bibliográficas ........................................................................................ 117

x

xi

Lista de Quadros

Quadro 1: Resultados do ensaio de velocidade de propagação dos ultra-sons, usando

o método direto. .......................................................................................................... 99

Quadro 2: Resultados do ensaio de velocidade de propagação dos ultra-sons, usando

o método indireto. ....................................................................................................... 99

Quadro 3: Resultados do ensaio de carga pontual. .................................................. 105

Quadro 4: Classificação do índice de resistência à carga pontual. Retirado de Nilsen &

Palmstrom, 2000. ...................................................................................................... 105

Quadro 5: Resultados do ensaio de resistência à compressão uniaxial. ................... 108

Quadro 6: Classificação das rochas a partir da sua resistência à compressão simples.

Retirado de González De Vallejo, 2002. ................................................................... 109

xii

xiii

Lista de Figuras

Fig. 1: Zonas paleogeográficas e tectónicas do Maciço Ibérico, segundo o Mapa

Tectónico da Península Ibérica, modificado. (Julivert et al. 1974 in:

http://geopraialavadores.jimdo.com/contexto-geotectónico/). ...................................... 26

Fig. 2: Extrato da folha 1 da Carta Geológica de Portugal à escala 1/200.000, com a

localização da região do Porto. ................................................................................... 29

Fig. 3: Construção da igreja, onde é possível distinguir o arco do cruzeiro e a base das

duas torres. Imagem retirada de http://www.p-conceicao-porto.org/Historia/Hist.html. 35

Fig. 4: Aspeto atual da Igeja da Senhora da Conceição. ............................................. 36

Fig. 5: Vista geral do interior da igreja da Senhora da Conceição. .............................. 37

Fig. 6: Extrato da folha 122 - Porto da Carta Militar de Portugal à escala 1/25.000, com

a localização da igreja da Senhora da Conceição. ...................................................... 39

Fig. 7: Extrato da folha 9-C Porto da Carta Geológica de Portugal à escala 1/50.000,

indicando a localização da Igreja da Senhora da Conceição. ..................................... 41

Fig. 8: Pedreira de granito no monte de S. Gens (Vasconcelos, 2008. In:

htt://custoias.planetaclix.pt/inicio.htm). ........................................................................ 46

Fig. 9: Pedreira no monte de S. Gens, evidenciando a linha férrea. Retirado de

http://joseaugustomendonca.blogspot.pt/2013/04/lendas-do-leito-do-rio-leca-foz.html.

................................................................................................................................... 46

Fig. 10: Extrato da folha 122 - Porto da Carta Militar de Portugal à escala 1/25.000,

com indicação da localização de S. Gens. .................................................................. 47

Fig. 11: Extrato da folha 9-C Porto da Carta Geológica de Portugal à escala 1/50.000,

com a localização das pedreiras existentes em S. Gens. É possível observar também,

explorações mineiras de caulino ao redor desta região. ............................................. 49

Fig. 12: Câmara Municipal do Porto. Fotografia retirada de

http://coopedreiros.blogspot.pt/p/obras.html. .............................................................. 51

Fig. 13: Igreja das Antas no Porto. Fotografia retirada de

http://coopedreiros.blogspot.pt/p/obras.html. .............................................................. 52

Fig. 14: Porto de Leixões. Fotografia retirada de

http://www.hipersuper.pt/2013/06/06/dst-constroi-dois-novos-armazens-no-porto-de-

leixoes/. ...................................................................................................................... 52

Fig. 15: Amostra AA_1. ............................................................................................... 81

Fig. 16: Amostra AA_2. ............................................................................................... 82

Fig. 17: Ocorrência de alguns megacristais de feldspato potássico. .......................... 83

Fig. 18: Alinhamentos de biotite (estruturas de fluxo). ................................................. 83

xiv

Fig. 19: Alteração do granito, pela oxidação do ferro presente na biotite, conferindo-lhe

uma coloração amarelo escuro. .................................................................................. 85

Fig. 20 e 21: Fraturas presentes nos muros laterais da escadaria da igreja. ............... 86

Fig. 22: Desagregação granular presente num dos muros. ......................................... 86

Fig. 23: Microscópio utilizado na análise petrográfica das amostras. .......................... 87

Fig. 24: Cristais de quartzo (Qtz) com bordos ondulados. Na parte inferior da imagem é

visível um cristal de feldspato potássico (FK) caulinizado. Imagem em NX (Nicóis

Cruzados) ................................................................................................................... 89

Fig. 25: Mirmequites. Imagem em NX. ........................................................................ 89

Fig. 26: Cristais de plagioclase (Plg) e de feldspato potássico (microclina). Imagem em

NX. ............................................................................................................................. 90

Fig. 27: Plagioclase (Plg) sericitizada exibindo macla polissintética característica.

Imagem em NX. .......................................................................................................... 90

Fig. 28: Cristal de moscovite primária (Mo), com vísivel aspeto de moscovitização

(Mosc) nos bordos. Imagem em NX. ........................................................................... 90

Fig. 29: Cloritização da biotite e inclusões de apatite e zircão, com visíveis halos

pleocróicos. Imagem em N// (Nicóis Paralelos). .......................................................... 91

Fig. 30 e 31: Plagioclase (Plg) exibindo macla polissintética, com inclusões de

moscovite secundária (moscovitização) e cristal de feldspato potássico (FK)

intensamente caulinizado. Na Fig. 31 é vísivel um aspeto de sericitização (Serc) e

moscovitização da plagioclase, em que a moscovite se desenvolve ao longo das suas

clivagens. Imagens em NX. ........................................................................................ 93

Fig. 32: Macla em xadrez da microclina. Imagem em NX. .......................................... 93

Fig. 33: Microclina com vénulas de albite (pertites). Imagem em NX. ......................... 93

Fig. 34 e 35: Cristais de biotite (Bt) com visíveis halos pleocróicos, e de moscovite

(Mo). Substituíção da biotite pela moscovite (moscovitização). Imagem em N// (Fig. 34)

e em NX (Fig. 35). ...................................................................................................... 94

Fig. 36 e 37: Biotite (Bt) intensamente cloritizada. Imagem em NX (Fig. 36) e em N//

(Fig. 37) ...................................................................................................................... 94

Fig. 38: Equipamento de medição da velocidade de propagação dos ultra-sons.

Retirado de Controls Instruction Manual. .................................................................... 96

Fig. 39: Possíveis posições dos transdutores. a) transmissão direta, b) transmissão

semi-direta e c) transmissão indireta. Retirado de Controls Instruction Manual. ......... 96

Fig. 40: Provetes usados no ensaio. ........................................................................... 98

Fig. 41: Ensaio, usando transmissão direta. ............................................................... 98

Fig. 42: Ensaio, usando transmissão indireta. ............................................................. 99

Fig. 43: Equipamento usado no ensaio de carga pontual .......................................... 102

xv

Fig. 44: Provetes cúbicos usados no ensaio. ............................................................ 103

Fig. 45 e 46: Aspetos da realização do ensaio. ......................................................... 104

Fig. 47: Ensaio considerado válido. .......................................................................... 104

Fig. 48: Equipamento usado no ensaio de resistência à compressão uniaxial. ......... 107

Fig. 49, 50 e 51: Aspetos observados ao longo do ensaio. ....................................... 108

xvi

Capítulo 1 Introdução

FCUP Estudo da Pedra Aplicada na Igreja da Senhora da Conceição (Porto)

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1.1. Importância do Tema

Inicialmente com o intuito de se realizar uma caracterização de todos os

materiais presentes na Igreja da Senhora da Conceição, verificou-se que tal

investigação não seria possível, uma vez que surgiram dificuldades relacionadas com

dados da origem e proveniência desses materiais. Este contratempo, levou a que o

tema fosse repensado, no sentido de se caracterizar as litologias presentes na

construção da igreja, com especial incidência no seu exterior. Elaborou-se um estudo,

cuja primeira etapa consistiu numa extensa pesquisa bibliográfica, com o principal

objetivo de dispor do máximo de informação sobre o tema abordado.

Desde o início da sua presença no nosso Planeta, o Homem, tem explorado os

recursos naturais, muito em particular os recursos geológicos, na elaboração de

utensílios para a sua sobrevivência e defesa, na construção de abrigos, estradas,

pontes, monumentos, entre outras aplicações, cuja diversidade de materiais foi

descobrindo, ao mesmo tempo que evoluiu a sua adaptação ao longo da História.

No nosso país, assim como por todo o mundo, o envolvimento de um

determinado conjunto arquitetónico deve muito do seu carácter ao uso da pedra local.

Neste facto reside a grande importância da vasta ocorrência de diferentes litologias,

refletindo a complexidade de processos geológicos que através do tempo têm

moldado o território português, continental e insular, verificando-se deste modo, uma

grande diversidade da pedra, que está ilustrada tanto na grandiosidade de

monumentos como na singeleza dos muros, abrigos e habitações, em qualquer

contexto, rural e urbano (Almeida, 2010a).

A alteração de monumentos e de esculturas em pedra natural ou em materiais

inorgânicos porosos produzidos pelo Homem é um problema que vem sendo

reconhecido desde a Antiguidade (Almeida, 2009). É um dado adquirido que as rochas

com o tempo se alteram. No entanto, no passado século e atualmente essa alteração

tem-se vindo a intensificar, fruto dos crescentes e cada vez mais acentuados níveis de

poluição (Machado, 2006). Com o aumento dramático da deterioração na estrutura do

património edificado, tem-se receado uma destruição alargada predominantemente

devida a fatores ambientais, antropogénicos e antropomórficos.

Para além destes há ainda a considerar a natureza da própria rocha, ou seja, a

sua composição mineralógica e as suas características físicas. Contudo, estes fatores

intrínsecos, não são os únicos a influenciar a capacidade de um material rochoso se

alterar. Desde que a rocha sai da pedreira, sofre primariamente uma modificação

devido à descompressão, seguem-se os constrangimentos relativos à extração e talha

FCUP Estudo da Pedra Aplicada na Igreja da Senhora da Conceição (Porto)

4

das pedras até que estas passam a ser parte integrante de um edifício, estando aí

sujeitas à ação dos agentes meteóricos (precipitação, temperatura, humidade,

exposição solar, vento), à precipitação de sais, à poluição, à ação dos seres vivos e à

ação do Homem (Salavessa, 1996; Antão e Rodrigues, 2000; Almeida e Begonha,

2008; Machado, 2012). De salientar ainda a importância dos geomateriais de

construção, pois uma má seleção destes, pode facilitar os processos de deterioração.

O património construído em pedra natural é o mais antigo de todos os

patrimónios, sendo simplesmente o património geológico trabalhado e transformado

pelo Homem (Almeida, 2010a). A pedra natural, utilizada na construção das nossas

cidades e vilas, constitui um acessível e inestimável recurso para o reconhecimento da

importância da relação entre o património geológico, o património arquitetónico e o

desenvolvimento urbanístico e social. A paisagem urbana pode ser considerada como

um museu natural no qual a história geológica de uma região é mostrada e contada

nas formas topográficas, nos edifícios, e nos afloramentos da rocha local que em

algumas cidades ainda se encontram acessíveis à observação (Almeida, 2010b).

Numa cidade, em lugar dos afloramentos, os edifícios e as pedras para

construção constituem uma excelente articulação entre o património natural e o

património edificado, podendo ser utilizadas para estimular o interesse pela Geologia a

partir da identificação da pedra com as fácies das pedreiras mais próximas. Este

interesse ultrapassa a fronteira da cidade em direção ao conhecimento da paisagem

natural, reforçando a grande importância da Geologia Urbana, reconhecida

internacionalmente (Robbins e Welter, 2001; Feely, 2002; McFayden, 2004; Almeida,

2006, 2010b; Almeida e Begonha, 2010).

Por detrás de cada pedra de um edifício está uma pedreira. Pode-se mesmo

afirmar com grande aproximação que a pedra natural cujo afloramento ocorre numa

determinada região constitui o principal componente dos materiais de construção

aplicados nessa região, até pelo menos às primeiras décadas do século XX, antes da

expansão comercial que tem ultimamente caracterizado o intercâmbio de materiais

(Almeida, 2010a). No entanto, atualmente já se começa a assistir a um crescente

reconhecimento da importância da pedra local na reabilitação de monumentos antigos,

através da seleção da rocha mais adequada para substituir segmentos deteriorados de

um edifício. Este procedimento atinge resultados excelentes nos casos em que é

possível recorrer a pedreiras da mesma rocha ainda em elaboração.

É notória a crescente preocupação em preservar o património construído, uma

vez que este faz parte da história de um povo. Essa preocupação tem fundamento,

atendendo a que fatores externos à rocha têm vindo a provocar a degradação dos

edifícios que, em muitas situações, constitui um processo de difícil solução ou até

FCUP Estudo da Pedra Aplicada na Igreja da Senhora da Conceição (Porto)

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irreversível, conduzindo ao desmoronamento parcial ou total das estruturas. Segundo

Siegesmund et al. (2002), a proteção da herança arquitetónica reveste-se de

importância cultural e histórica, bem como de valor económico e geoecológico.

Nesse sentido trabalhos como este têm-se vindo a realizar. São cada vez mais

frequentes os estudos que envolvem o estado atual da pedra natural usada na

construção, possibilitando deste modo, a conservação dos edifícios e as intervenções

e restauros necessárias à sua preservação.

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1.2. Objetivos do Estudo

A presente dissertação, tem como principal objetivo uma investigação, o mais

aprofundada que nos foi possível realizar, do granito usado na construção da igreja da

Senhora da Conceição no Porto. De forma geral, pretendeu-se atingir os seguintes

objetivos:

Descrever e caracterizar, resumidamente, o contexto histórico da Igreja da

Senhora da Conceição;

Conhecer aspetos relevantes da região do Porto, tais como o clima, a

geomorfologia, a tectónica e a geologia, na tentativa de compreender os

fatores aos quais a igreja está exposta;

Apresentar o enquadramento geológico dos granitos usados na construção da

Igreja da Senhora da Conceição, contribuindo deste modo, para entender

certos aspetos de alteração e resultados obtidos na parte prática do trabalho;

Identificar o granito aplicado na Igreja da Senhora da Conceição;

Caracterizar macroscopicamente as fácies de granito aplicadas;

Descrever, se existentes, aspetos de deterioração, presentes no edifício em

estudo;

Estudar os granitos identificados, em termos petrográficos;

Determinar algumas propriedades mecânicas, recorrendo a ensaios de

velocidade de propagação dos ultra-sons, carga pontual e resistência à

compressão uniaxial.

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1.3. Estrutura da Dissertação

Esta dissertação está estruturada em seis capítulos, aos quais se seguem as

considerações finais e as referências bibliográficas.

No capítulo 1 é feita uma introdução sobre a temática em estudo e a sua

importância, mencionando-se também os objetivos da investigação, a estrutura da

dissertação, os geomateriais mais utilizados na construção e o estado da arte.

O Capítulo 2 incide sobre a cidade do Porto, uma vez que a igreja em estudo

está localizada nesta região, referindo aspetos que enquadram a zona a nível

geográfico, climático, geomorfológico, geológico e tectónico.

O capítulo 3, faz referência à Igreja da Senhora da Conceição, mencionando-se

aspetos sobre a sua história e enquadrando o monumento no contexto geográfico e

geológico.

No capítulo 4, é feita uma abordagem sobre o granito de S. Gens, incidindo em

dados históricos e enquadrando o granito a nível geográfico e geológico. É ainda

mencionada a utilização do mesmo na indústria.

No capítulo 5, é abordado o conceito de alteração, com referência a processos

e fatores de alteração do granito e ainda aos tipos de deterioração da pedra mais

frequentes em monumentos.

Com o propósito de caracterizar mineralogicamente e mecanicamente o granito

aplicado na construção da igreja, apresentam-se e discutem-se no capítulo 6, os

métodos e os resultados obtidos a partir das técnicas experimentais utilizadas:

microscopia ótica de luz polarizada, ensaios de velocidade de propagação dos ultra-

sons, carga pontual e resistência à compressão uniaxial. É feita uma descrição

macroscópica do granito e referidas as poucas formas de deterioração visíveis na

Igreja da Senhora da Conceição.

Por último apresentam-se as considerações finais e as referências

bibliográficas.

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1.4. Geomateriais na Construção

Define-se como material de construção todo o produto destinado a ser

incorporado na construção, obtido na natureza ou mediante um processo industrial ou

artesanal, quer seja utilizado isoladamente, quer seja misturado ou conjugado com

outro (Teixeira e Belém, 1998). Com base nesta definição, e de acordo com os

autores, além da pedra natural consideram-se como materiais os tijolos, telhas e

azulejos (a partir da argila), a taipa e o adobe (fabricados com terra), os aviamentos

(cal e gesso), os revestimentos (reboco, estuque e tintas) e as madeiras. O betão, por

vezes designado por cimento armado com ferro, é um material muito utilizado desde o

início do século XX, cuja produção exige alta tecnologia e grande consumo de energia.

A grande diversidade de rochas que caracterizam o nosso país, conduz a uma

vasta utilização de diferentes tipos de pedra natural, de acordo com a distribuição

geográfica das litologias mais comuns e abundantes, salientando-se por isso, a

aplicação do granito, calcário, mármore, arenito, conglomerado, xisto, sienito, gabro e

basalto, referindo-se também a combinação de componentes geológicos no fabrico de

argamassas, agregados (betões) e na reconstituição de pedra.

Tendo em conta as condições petrogenéticas da rocha original que constituí a

pedreira, a pedra natural dela extraída apresentará propriedades físico-químicas

específicas que a tornarão mais adequada à sua aplicação como material de

construção. A natureza da pedra é um fator essencial no estilo arquitetónico ao longo

da História, sendo do conhecimento geral que as rochas relativamente mais brandas

são as selecionadas, para erguer as grandiosas catedrais góticas e monumentos

exibindo ornamentos mais elaborados (Almeida, 2010a). Segue-se uma descrição das

rochas mais frequentemente utilizadas no património construído português.

O granito, é uma rocha muito abundante particularmente no norte do país, nas

Beiras e no Alentejo, sendo utilizado tanto como pedra de construção como pedra

ornamental. É importante referir a existência de diferentes tipos de granito,

considerando-se deste modo, dois grupos essenciais: os granitos de duas micas e os

granitos biotíticos com plagioclase cálcica. Cada grupo exibe propriedades petrofísicas

distintas que decorrem em primeira instância do contexto tectónico da sua formação e

instalação, acentuadas por posteriores processos geológicos, em particular

deformação por cisalhamento e alteração química. Estas propriedades são tidas em

consideração em função da aplicação a que se destinam. Assim, o granito de duas

micas, que no norte do país se instalou no quadro da orogenia Hercínica em

condições sin- a tardi-tectónicas relativamente a D3 (terceira fase de deformação

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12

dúctil), afetado por importantes zonas de cisalhamento e exibindo fenómenos de

alteração tardi e pós-magmática, trata-se da escolha mais apropriada para a

construção de edifícios, monumentos, balaustradas e peças de escultura. Na região do

Porto, nomeadamente na Senhora da Hora, a alteração do granito de duas micas

esteve na origem da ocorrência de importantes jazidas de caulino, de excelente

qualidade, cuja exploração foi intensamente ativa até início dos anos 90. Por seu lado,

o granito biotítico, em particular as fácies pós-tectónicas relativamente a D3, exibe

propriedades que lhe conferem um carácter mais duro e resistente que o tornam mais

favorável para o fabrico de brita, perpianho, esteios, guias de passeios e pavimentos.

No seu conjunto, todas as características são determinantes na seleção dos tipos mais

adequados aos diversos fins, tendo ainda em conta uma outra propriedade,

igualmente interessante, que é a cor do granito, e que está intrinsecamente associada

à composição e ao estado de alteração, podendo variar entre fácies de cor cinzenta,

amarela e rósea.

Os calcários encontram-se no nosso país com idades desde o Pré-Câmbrico

ao Quaternário e são explorados em todas as regiões onde existem terrenos desta

natureza. Segundo Aires-Barros (2001), é sobretudo em formações mesozóicas, do

Jurássico e do Cretácico, que se localizam as principais explorações, em particular

nos distritos de Lisboa, Coimbra, Aveiro, Leiria, Santarém, Setúbal e Faro. Portugal

Continental possui dos monumentos mais notáveis construídos em calcário e que

mereceram a nomeação de Património da Humanidade: Mosteiro dos Jerónimos,

Torre de Belém, Convento de Cristo, Mosteiro de Alcobaça e Mosteiro da Batalha.

Além destes exemplos é ainda de salientar a sua utilização na típica calçada à

portuguesa.

Relacionado com o calcário, pela atuação de agentes de metamorfismo, o

mármore constitui um recurso geológico de extrema importância económica. As

jazidas ocorrem em extensas áreas do Alto Alentejo, mas o seu uso ultrapassa as

fronteiras do nosso país. As variedades mais apreciadas são os mármores brancos,

cinzentos e róseos. De referir ainda os afloramentos de mármore que ocorrem no

nordeste do país, de cor branca e por vezes de grande pureza, muito utilizados em

estatuária.

O xisto tem a sua aplicação materializada em qualquer construção erigida no

âmbito da sua ocorrência natural, com maior notoriedade nas regiões do Douro e das

Beiras. Verifica-se a sua utilização sobretudo em habitações, muros e calçadas.

A ardósia portuguesa de melhor qualidade aplicada na construção civil é

extraída dos xistos da região de Valongo, no Porto, representando uma importante

componente da indústria extrativa nacional e com grande implantação nos mercados

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13

internacionais. Em consequência da sua estrutura planar, é largamente utilizada em

revestimentos, pavimentos, telhados, soleiras e mesas de bilhar, sendo pelo contrário

pouco utilizada em alvenaria.

Por se tratar de uma rocha de grande valor estético e de ocorrência única no

país, selecionou-se o exemplo da brecha da Arrábida para ilustrar a aplicação deste

tipo de rocha como rocha ornamental. Como o próprio nome o indica, a brecha foi até

há algumas décadas explorada na Serra da Arrábida. É constituída por fragmentos

carbonatados de diversas tonalidades (branco, vermelho, amarelo, cinzento), no seio

de uma matriz argilosa vermelha, que lhe conferem uma beleza particular.

Como exemplos da aplicação de arenitos ou grés, apresenta-se o característico

grés de Silves de cor avermelhada, aplicado precisamente no castelo e na Sé de

Silves, assim como no castelo de Penela, em Coimbra, implantado num aforamento

deste importante grupo de rochas.

Até agora foram dados exemplos de rochas cuja proveniência e aplicação

incide essencialmente em Portugal Continental. Contudo, é de referir rochas como o

basalto e o tufo de lapilli, cuja aplicação é típica no património edificado encontrado

nos arquipélagos da Madeira e dos Açores. Em praticamente todas as ilhas, os

edifícios históricos contêm na sua estrutura rocha vulcânica revestida por outros

materiais, nomeadamente argamassas de cal e areia, pintadas de branco, numa

tentativa de imitar rochas ornamentais carbonatadas inexistentes nas ilhas (Gomes e

Silva, 1997). No arquipélago da Madeira distinguem-se dois tipos de rocha vulcânica

aplicada à construção: a cantaria mole e a cantaria rija, respetivamente

correspondentes a tufos de lapilli e a traquiandesitos basálticos, enquanto que no

arquipélago dos Açores, para além do basalto, ocorrem também traquitos, ignimbritos,

escórias e lapilli (bagacina). Devido à sua abundância, às suas características

geotécnicas e à sua grande amplitude de aplicações, as escórias e os lapilli basálticos

constituem um recurso litológico dos mais importantes do arquipélago, nomeadamente

em obras de construção civil, na regularização do solo de fundação de edifícios, em

terraplanagens, na pavimentação de estradas municipais e regionais, na construção

de blocos de betão e no enchimento de alvenarias. O basalto, apesar da relativa

abundância, é um material difícil de trabalhar, apresentando má aderência às

argamassas (Teixeira e Belém, 1998). Por sua vez, o ignimbrito proporciona um

trabalho mais fácil e de excelentes resultados, sendo utilizado na maior parte dos

imóveis visíveis na Ilha Terceira.

Merece ainda salientar que no continente, na região de Mafra, encontram-se

afloramentos do importante complexo basáltico de Lisboa que está na origem da

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14

exploração de pedreiras e de onde se extraiu basalto para construção de muros,

calcetamento de ruas e fabrico de britas para tapetes de estradas.

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15

1.5. Estado da Arte

A utilização de rochas como material de construção em monumentos foi uma

constante ao longo dos tempos. Dada a sua elevada abundância relativa à superfície

da Terra, bem como a facilidade no corte, as rochas sedimentares, como o calcário e o

arenito, foram as mais usadas. Contudo, o granito, sendo um material nobre e

duradouro, acabou por ser, grande parte das vezes, a opção escolhida para garantir

um maior tempo de vida à obra (Delgado Rodrigues e Costa, 2002). A abundância

desta matéria prima, um pouco por todo o território português, mas sobretudo no norte

do país (Vasconcelos et al., 2003), também determinou esta escolha.

Há muito que as rochas deixaram de ser consideradas estruturas inalteradas,

pois apesar de serem materiais rígidos e aparentemente estáveis tem-se verificado

que a deterioração do património edificado sofreu uma aceleração, por culpa não só

de agentes naturais, mas devido a mudanças ambientais, de natureza antropogénica,

registados nos últimos anos (Machado, 2012).

A importância da preservação de edifícios históricos, assim como a

transversalidade da investigação da temática a geólogos, mineralogistas, químicos,

físicos, biólogos, geógrafos, engenheiros civis, arquitetos, historiadores e

restauradores/conservadores, conduziu ao aparecimento de vários estudos quer a

nível nacional, quer a nível internacional.

Em Portugal, trabalhos que procurem estudar aspetos relacionados com a

pedra utilizada em edifícios e monumentos foram realizados por Begonha e Sequeira

Braga (1993), Delgado Rodrigues et al. (1994), Begonha (1997, 2001) no Hospital de

Santo António, Torre dos Clérigos e Igreja do Carmo no Porto; Aires-Barros e Maurício

(1992), no Mosteiro dos Jerónimos em Lisboa; Alves e Sequeira Braga (1993), Alves

(1997), Matias e Alves (2001) em monumentos graníticos da cidade de Braga, como o

Edifício do Largo do Paço, também estudado por Magalhães (2000) e o Museu dos

Biscaínhos; Aires-Barros e Basto (1997, 1998) na Sé Velha e Igreja de Santa Cruz de

Coimbra; Ascaso et al. (1998) na Torre de Belém em Lisboa; Aires-Barros (2001), em

vários monumentos portugueses, alguns dos quais, já anteriormente mencionados;

Oliveira (2001), Begonha e Almeida (2003), Almeida (2009), naquela que outrora foi a

Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, atual edifício da Reitoria da

Universidade do Porto; Aires-Barros e Dionísio (2002), na Sé de Lisboa; Alves et al.

(2002), no Mosteiro de S. Martinho de Tibães em Braga; Delgado Rodrigues e Costa

(2002), no claustro do Mosteiro de S. Salvador de Grijó em Vila Nova de Gaia, no

Porto; Girbal et al. (2002), na Sé da Guarda; Mouga e Proença (2002), na Porta

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16

Especiosa da Sé Velha de Coimbra; Schiavon (2002), na Igreja do Carmo e na Torre

dos Clérigos; Moreno et al. (2003) na Igreja de Tibães em Braga; Silva (2005), na

Igreja de Santa Maria de Leça do Mosteiro de Leça do Balio em Matosinhos, no Porto;

Fojo (2006), na Igreja Matriz de Caminha; Machado (2006), na Sé Catedral de Vila

Real; Moreno et al. (2006) na Igreja Matriz de Torre de Moncorvo; Alves e Pamplona

(2007), na Igreja e Mosteiro de Salzedas em Tarouca; Marques (2007), na Igreja do

Mosteiro de S. João de Tarouca; Begonha (2008), na Igreja de Nossa Senhora da

Lapa; Cardoso (2008), na Igreja de Paço de Sousa; Leite (2008), na Igreja de Santa

Clara no Porto; Lobo (2008), Lobo e Almeida (2010), no Farol de São Miguel-o-Anjo no

Porto; Oliveira (2008), na Igreja da Venerável Ordem Terceira de S. Francisco no

Porto; Begonha (2009), na Igreja de S. Pedro de Rates e na Igreja de S. Gonçalo;

Costa (2009), no Convento de S. Francisco de Mesão Frio; Marques et al. (2010), no

Mosteiro de S. João de Tarouca; Sequeira Braga e Begonha (2010), na Sé de Évora,

na Igreja Matriz de Caminha e na Igreja de Nossa Senhora da Lapa; Slezakova et al.

(2011), no Mosteiro da Serra do Pilar; Machado (2012), na Sé de Lamego.

A título de exemplo, para completar a resenha de publicações sobre a

aplicação da pedra natural em monumentos e edifícios com valor histórico cita-se por

último uma seleção de trabalhos realizados a nível internacional: Chang-tai-Hung

(2001), elaborou um estudo sobre as pedras utilizadas na edificação do monumento

na Praça Tiananmen, em Pequim, inaugurado a 1 de maio de 1958; Feely (2002)

apresenta alguns dos monumentos históricos da região de Galway no enquadramento

da geologia da cidade e descreve todos os tipos de rochas aplicadas na catedral ,

incluindo granitos e mármores de Portugal; Jacob (2005) faz uma exaustiva descrição

das pedras aplicadas nas diferentes fases da construção do monumento Washington,

designadas por pedras comemorativas, e a respetiva proveniência; Dolores Pereira e

Barry J. Cooper (2013), realizaram um estudo sobre monumentos edificados com um

tipo único de granito denominado "Piedra Pajarilla" em Salamanca, Espanha.

Capítulo 2 A Cidade do Porto

FCUP Estudo da Pedra Aplicada na Igreja da Senhora da Conceição (Porto)

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2.1. Introdução

Situada na margem direita do rio Douro, no NW de Portugal, a cidade do Porto

assenta sobre um maciço granítico cujos afloramentos, forneceram a pedra para a

edificação da cidade ao longo da sua história. Considerada uma das cidades mais

antigas da Europa, o seu património remonta aos tempos pré-romanos, existindo

indícios de que as construções graníticas mais antigas se localizam no morro da Pena

Ventosa (local onde se situa a atual Sé). Apesar de se atribuírem vários significados

diferentes ao nome inicial de Portucale (primeira designação da região do Porto), este

pode ser interpretado como: o nome romano Portus, ao qual se adicionou a palavra

Cale (Cal) que significa pedra, rocha, lugar elevado e rochoso que se situava junto ao

rio Douro, na foz do rio de Vila (Almeida e Begonha, 2010). A conquista do designado

Portucale, no ano de 868, é vista como um dos acontecimentos mais importantes da

história antiga da cidade. No entanto, depois de 868, tornou-se o centro do movimento

da reconquista cristã na Península Ibérica e desde o século XII transformou-se numa

importante urbe, que se tem desenvolvido ao longo das escarpas graníticas do rio

Douro (Lobo, 2008).

Não poderíamos ainda deixar de referir a construção do sistema defensivo do

Porto, pois, para além de indiscutivelmente ligado à história da cidade, trata-se de

duas obras em granito que marcam dois momentos distintos: a antiga muralha em

volta do povoado castrense no morro da Pena Ventosa (cerca velha), durante muito

tempo considerada de origem sueva (havendo atualmente indicações de origem

romana) e cujos vestígios reconstruídos se podem observar na zona da Vandoma, e

ainda a muralha (cerca nova) iniciada no reinado de D. Afonso IV e terminada por D.

Fernando, no século XIV, que ficou até aos nossos dias conhecida como muralha

Fernandina, da qual são ainda visíveis admiráveis fragmentos e alguns vestígios das

suas portas (Almeida e Begonha, 2010).

A zona histórica da cidade, face ao seu espólio arquitetónico e histórico,

conduziu ao seu reconhecimento como Património Mundial da UNESCO em 1996.

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20

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21

2.2. Localização Geográfica e Geomorfologia

A cidade do Porto localiza-se no norte de Portugal, no noroeste da Península

Ibérica, na margem direita do rio Douro e incluindo a sua Foz. Exibe uma forma

alongada na direcção E-W, entre os paralelos 41º8‟ N e 41º11‟ N e entre os meridianos

8º33‟ W e 8º41‟ W de Greenwich (Monteiro, 1997) e ocupa uma área de cerca de 42

Km2. Ergue-se sobre uma série de colinas de topo aplanado que evidenciam uma

extensa plataforma de erosão que se prolonga para norte e que está ligeiramente

inclinada para o oceano Atlântico, formada por uma sucessão de superfícies dispostas

em escadaria (Carríngton da Costa e Teixeira, 1957; Monteiro, 1997; Almeida e

Begonha, 2010). O ponto mais alto encontra-se no vértice geodésico da Areosa, com

163 m de cota, correspondendo deste modo, à mais alta superfície de aplanação

existente na região portuense, segundo Carríngton da Costa e Teixeira (1957).

A geomorfologia da cidade não pode deixar de estar ligada aos sistemas de

fraturação gerados aquando dos movimentos hercínicos e dos muitos rejogos que as

fraturas então geradas sofreram até aos nossos dias. Isto é, a morfologia da cidade tal

como hoje a temos não é mais do que o resultado de uma muito longa modelagem

que teve o seu início, logo a seguir ou já mesmo no fim da orogenia Hercínica, já lá

vão cerca de 270 Ma (Noronha, 2005), sendo por isso, determinada, de acordo com

Brum Ferreira (1983, 2004), pela associação de fatores de natureza litológica,

estrutural e climática.

Em termos geomorfológicos regionais, a região do Porto corresponde a uma

área aplanada, inclinando ligeiramente para os quadrantes sul e oeste. Existem

evidências ubíquas de atividade neotectónica, tais como: a) falhas geológicas

abundantes (principalmente inversas) que afetam os depósitos mais elevados desta

plataforma litoral; b) os mesmos níveis marinhos parecem ocorrer a diferentes

altitudes, desenvolvendo-se um padrão irregular com uma ligeira inclinação de norte

para sul (Araújo et al., 2003; Noronha, 2005).

Verifica-se na região que as orientações dos principais alinhamentos de

fraturas são ENE-WSW a NW-SE, bem como as orientações mais tardias NNE-SSW a

NS que são as mais marcadas. Medições do diaclasamento nos afloramentos

graníticos revelam como sistemas principais os de orientação NE-SW (N30° a N60°E),

que é o mais marcado, e ENE-WSW a NW-SE (N100° a N140°E) (Carta Geotécnica

do Porto, 2003). Terão sido estes os alinhamentos preferenciais para a referida

modelagem da morfologia do Porto. A linha de costa é subparalela ao grande acidente

NNW-SSE que é a falha Porto-Tomar.

FCUP Estudo da Pedra Aplicada na Igreja da Senhora da Conceição (Porto)

22

A cidade foi-se desenvolvendo entre o vale encaixado do rio Douro, a sul, e o

rio Leça, a norte, erguendo-se dos morros de granito assumindo uma vasta

diversidade de formas ao longo dos tempos. O Douro corta abruptamente o

prolongamento natural daquela plataforma, deixando a descoberto imponentes

escarpas graníticas e é o responsável pelo vale estreito e profundo visível em toda a

marginal e que se prolonga até à Foz, com vertentes íngremes e elevadas que

apresentam em alguns pontos altitudes da ordem dos 80 metros, como na zona da

ponte de D. Maria I, e de 70 metros nas proximidades da ponte da Arrábida, factos que

não são normais para um rio já próximo da sua foz (Carta Geotécnica do Porto, 2003).

Três importantes vales surgem totalmente encaixados no terreno granítico da

cidade e estão, na atualidade, totalmente encanados ou cobertos por fortes aquedutos

sobre os quais passam algumas ruas da cidade, sendo eles: o antigo vale do rio da

Vila, entre os morros da Sé e da Vitória, atualmente coberto pela rua Mouzinho da

Silveira; o vale do rio Frio ou ribeira das Virtudes, sobre o qual se construiu o Hospital

de Santo António, entre as Virtudes e os altos de Monchique; a ribeira da Granja que

atravessa toda a cidade, até ao Fluvial; da ribeira de Massarelos foi aproveitada uma

parte do seu traçado retilíneo para a abertura da Rua D. Pedro V (Almeida e Begonha,

2010). Os fortes declives de toda a margem sul da cidade, área compacta de ruas

muito estreitas, edifícios antigos e altos, e a oposição morfológica evidente entre a

metade oriental e ocidental, ajudam-nos a compreender, também, as “nuances” em

termos de tipologia de ocupação do espaço urbano (Monteiro, 1997).

Mas a caracterização morfológica da cidade do Porto torna-se bastante difícil,

não só devido às suas características próprias, uma vez que não são evidentes formas

de relevo significativas (a cidade apresenta na sua maior parte um relevo suave,

sendo as áreas de maior declive a da zona oriental e a localizada na marginal), mas

também porque corresponde a uma área intensamente ocupada, em que as

características naturais foram fortemente alteradas pela ação do Homem (veja-se o

caso dos afluentes do Douro encanados) (Carta Geotécnica do Porto, 2003).

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23

2.3. Caracterização Climática

Portugal pertence à zona de clima mediterrâneo. Todas as estações

meteorológicas põem em evidência uma estação seca de verão que, no entanto, é

encurtada na sua duração pela exposição da faixa territorial à ação do Atlântico. Ação

esta, que se reflete também, por sua vez, na estação invernosa, amenizando-a (Aires-

Barros, 2001). Segundo o autor, a cidade do Porto integra a chamada região norte

atlântico. Esta região é fortemente húmida, caracterizada por intensas chuvas e em

que são predominantes as influências oceânicas. A profusão de chuvas deve-se à

topografia abundante da região – a barreira montanhosa da vertente atlântica causa a

ascensão do ar quente e húmido, de origem atlântica, que gera fenómenos de

condensação com a consequente forte precipitação atmosférica. São as chamadas

chuvas de relevo.

De acordo com um estudo realizado pelo Professor Doutor Armando Coelho da

Silva (1994) intitulado "Origens do Porto" é possível descrever genericamente, as

principais características do clima da cidade do Porto. Assim, segundo a classificação

climática de Köppen (1932), a cidade do Porto apresenta um clima do tipo Csb, uma

vez que as temperaturas médias estão compreendidas entre os 3ºC e os 22ºC,

recebendo o mês mais seco menos de um terço da precipitação do mês mais húmido.

Em janeiro ocorrem as temperaturas médias mais baixas, rondando os 8,7ºC e

em julho surgem-nos as mais altas, numa média de 19,7ºC. E porque a este facto não

é alheia a proximidade do Atlântico, a temperatura média é de cerca de 14ºC. Mas não

se pode ocultar a existência de valores extremados de temperatura, pois existem

registos de dias com temperaturas médias inferiores a 0ºC (nos meses de janeiro e de

fevereiro) e de temperaturas máximas que atingem valores superiores a 30ºC durante

os meses de julho e agosto.

A precipitação é uma marca da cidade do Porto, uma vez que o número de dias

com precipitação é relativamente elevado (cerca de 150), apresentando valores

médios sempre superiores a 1200 mm/ano. É nos meses de outono e de inverno que,

regra geral, se registam os valores mais elevados, enquanto que nos meses de verão,

especialmente em julho e agosto, se obtém as percentagens mais baixas (Botelho,

2004).

O relevo é, sem dúvida, um dos fatores que mais influência exerce sobre a

distribuição da precipitação. Mesmo nas áreas de baixa altitude, a rugosidade da

superfície terrestre provoca, no seio das massas de ar, turbulências que podem

originar movimentos ascendentes e subsidentes que, conforme as suas

FCUP Estudo da Pedra Aplicada na Igreja da Senhora da Conceição (Porto)

24

características, podem gerar ou não queda pluviométrica. É no Atlântico que têm

origem as massas de ar que nesta área provocam a pluviosidade – o litoral funciona

como uma primeira barreira ao seu deslocamento, modificando, nomeadamente, as

suas características térmicas e de humidade, assim como a sua direção e velocidade

(Botelho, 2004). A parte alta da cidade apresenta-se mais pluviosa que a parte mais

litoral. No que respeita à frequência dos nevoeiros, outro elemento característico da

cidade do Porto, Botelho (2004) refere que o número médio anual de dias em que este

fenómeno ocorre é superior a 120, sendo a sua distribuição, no entanto, quase

uniforme ao longo do ano (com um ligeiro mínimo nos meses de maio a junho e dois

máximos, um em agosto e o outro em dezembro). A origem deste fenómeno é diversa.

No entanto, pode-se explicar a sua frequência pela proximidade do oceano Atlântico e

do rio Douro, ambos criadores de condições para a sua ocorrência.

Quanto ao rumo dos ventos e à sua distribuição mensal, são visíveis variações

ao longo do ano. Assim, de abril a agosto, é evidente a importância dos quadrantes

marítimos WNW e NW, verificando-se nos restantes a predominância dos meses de

quadrante este. Estes fatores podem ocorrer devido à influência geral da circulação

atmosférica, à orientação do vale do Douro e ao efeito da barreira da Serra de Valongo

de direção aproximada NW-SE (Botelho, 2004).

FCUP Estudo da Pedra Aplicada na Igreja da Senhora da Conceição (Porto)

25

2.4. Enquadramento Geológico

A área urbana do Porto está localizada num domínio geotectónico complexo do

Maciço Ibérico (Ribeiro et al., 1990), isto é, na faixa de cisalhamento Porto - Coimbra -

Tomar (Chaminé et al., 2003). O substrato rochoso cristalino da cidade do Porto é

constituído essencialmente por granitos e parte do "Complexo Xisto-Grauváquico" na

zona oriental e por um complexo de gnaisses e micaxistos na região ocidental

(Marques et al., 2000).

Segundo Sharpe (1849); Barata (1910); Rosas da Silva (1936); Carríngton da

Costa (1938, 1958); Chaminé (2000); Almeida (2001) e Chaminé et al. (2003) o

enquadramento geotectónico regional da área urbana do Porto compreende um

substrato cristalino fortemente deformado com uma complexa história

tectonometamórfica do Proterozóico Superior/Paleozóico. O granito do Porto é um

granitóide de duas micas, de grão médio ou médio a fino, cinzento, apresentando-se

bege amarelado quando está alterado. Este granito encontra-se, geralmente,

meteorizado em diferentes graus, desde rocha sã a solo residual, exibindo condições

geotécnicas muito variáveis, resultante especialmente da arenização e caulinização,

as quais podem atingir profundidades superiores a 100 m (Begonha e Sequeira Braga,

1995; Begonha, 2001; Gaj et al., 2003). A paleoalteração química ocorreu durante a

era Cenozóica, sob condições climáticas tropicais a subtropicais (Araújo et al., 2003).

Na zona ocidental da cidade do Porto, na estreita orla litoral entre a foz do rio

Douro e o Castelo do Queijo, formando o chamado "Complexo da Foz do Douro"

encontram-se magníficos afloramentos de variadas rochas metassedimentares, com

metamorfismo de alto grau, especialmente associadas a diferentes tipos de rochas

ortognáissicas e anfibolitos (Carta Geotécnica do Porto, 2003). Estes afloramentos

contrastam com os da zona oriental onde os ortognaisses e anfibolitos estão ausentes

e em que micaxistos e metagrauvaques, constituindo uma sequência relativamente

monótona e menos metamorfizada, são recortados por granitos hercínicos (Carta

Geotécnica do Porto, 2003).

Toda a plataforma litoral, sobre a qual assenta a cidade do Porto, desenvolve-

se em rochas do Maciço Antigo, que corresponde a um soco Pré-Câmbrico e hercínico

(+/- 300 Ma), muito fraturado pelas diversas fases orogénicas, nomeadamente pela

tectónica terciária e quaternária.

A cidade do Porto assenta essencialmente na Zona Centro-Ibérica (ZCI) (Fig.

1). Mas, dada a possibilidade da sutura Porto-Tomar passar pela Foz do Douro,

marcando o limite entre a ZCI e a Zona de Ossa Morena (ZOM), pode-se considerar

FCUP Estudo da Pedra Aplicada na Igreja da Senhora da Conceição (Porto)

26

que o Porto se encontra no limite entre aquelas duas zonas (Julivert et al., 1974;

Ribeiro et al., 1979; Almeida, 2001). De facto, e segundo as zonas demarcadas por

Lotze em 1945 para o Maciço Hespérico, modificadas mais tarde por Julivert et al. em

1972 a Zona Centro-Ibérica, que corresponde ao chamado "Complexo Xisto-

Grauváquico", compreende principalmente os granitóides, das séries alcalinas e

calcoalcalina, e subordinadamente rochas básicas (Aires-Barros, 2001).

O enquadramento geológico da cidade do Porto compreende essencialmente

três tipos de formações: sedimentos de superfície, formações metamórficas e

formações ígneas (Carta Geotécnica do Porto, 2003), sendo o grupo mais significativo,

o das formações ígneas, particularmente o das rochas graníticas, de idade varisca.

De facto, o substrato litológico em que assenta a cidade do Porto é

essencialmente constituído por rochas graníticas e xistosas da era primária e por

alguns depósitos quaternários que se situam sobre as primeiras como fruto da inter-

relação da dinâmica fluvial e oceânica. As rochas mais antigas pertencem ao

"Complexo Xisto-Grauváquico", segundo Silva (2000) e localizam-se na zona oriental

da cidade. Conforme o autor, este complexo é considerado ante-Ordovícico (no qual

assentam, em discordância estratigráfica, as séries do Silúrico, Devónico e Carbónico,

que se encontram já fora da plataforma litoral inseridas na estrutura do anticlinal de

Valongo).

Fig. 1: Zonas paleogeográficas e tectónicas do Maciço Ibérico, segundo o

Mapa Tectónico da Península Ibérica, modificado. (Julivert et al. 1974 in:

http://geopraialavadores.jimdo.com/contexto-geotectónico/).

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27

2.5. Granito do Porto

A cidade do Porto assenta sobre aquilo a que se pode chamar, uma grande

mancha granítica. Segundo a classificação de Ferreira et al. (1987) podem-se

distinguir na área da cidade dois grupos de granitos: granitos biotíticos com

plagioclase cálcica e granitos de duas micas. Os autores referem ainda que, tendo em

consideração a relação temporal entre estes granitos e a terceira fase de deformação

da orogenia Hercínica, D3, é ainda possível distinguir duas séries no grupo dos

granitos biotíticos: uma série precoce constituída por granitos deformados ante-a sin-

tectónicos e uma série tardi-a pós-tectónica. De acordo com Noronha et al. (1979);

Ferreira et al. (1987); Simões (1992) e Beetsma (1995) os granitos de duas micas

exibem características estruturais e petrográficas de granitos sin-tectónicos

relativamente à fase D3.

Embora se verifique a existência de diferentes tipos de granitos, como se pode

observar anteriormente, ganha especial importância o granito de duas micas,

denominado Granito do Porto, uma vez que representa o grupo de granitos mais

extenso do substrato da cidade e ainda constitui o material de construção mais

utilizado na edificação do centro histórico cujos alicerces estão implantados

precisamente sobre estes granitos. Este granito foi utilizado como pedra de

construção, na igreja da Senhora da Conceição (objeto deste estudo) e por isso lhe

daremos mais atenção.

O Granito do Porto corresponde a uma mancha quase contínua, que começa

na margem sul do Douro, estendendo-se para SE até Oliveira do Douro, e que se

prolonga para NW até Labruge (Vila do Conde). No seu conjunto este maciço define,

assim, um alinhamento NW-SE devido às estruturas hercínicas e está envolvido pelos

já referidos terrenos metamórficos que a nordeste pertencem ao Complexo Xisto-

Grauváquico (CXG) e a sudoeste ao Complexo Metamórfico da Foz do Douro (CMFD),

segundo Noronha (1994); Noronha e Leterrier (1995); Marques et al. (2000); Almeida

(2001) e Almeida et al., (2003).

Carríngton da Costa e Teixeira (1957) classificam o Granito do Porto, na notícia

explicativa da folha 9-C Porto da Carta Geológica de Portugal à escala 1/50.000,

como um granito alcalino, de grão médio a grosseiro, leucocrata, de duas micas,

tendo-lhe atribuído o símbolo γm. Torre de Assunção (1962) classifica-o como um

granito leucocrata, de duas micas, de grão médio, por vezes grosseiro, raramente com

tendência porfiróide. Na notícia explicativa da folha 1 da Carta Geológica de Portugal à

escala 1/200.000, Simões (1992) classifica o Granito do Porto como sin-tectónico

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28

relativamente a D3, alóctone e de grão médio de duas micas, referenciando-o com o

símbolo γ'3 (Fig. 2).

Noronha et al. (1979); Ferreira et al. (1987) e Dias (2001) classificam o Granito

do Porto como granito sin-tectónico relativamente à terceira fase de deformação da

orogenia Hercínica (D3). Esta orogenia exerceu uma forte influência na Zona Centro-

Ibérica (ZCI) devido à atuação das três fases de deformação que impuseram

condições à instalação das massas de granitos. O Granito do Porto, define, tal como

os outros granitos da ZCI, alinhamentos bem identificados, correspondentes a

estruturas quer contemporâneas da sedimentação na respetiva bacia que antecedeu a

orogenia Hercínica, quer contemporâneas da orogénese (Ferreira et al., 1987).

Vários estudos foram realizados com o intuito de datar o Granito do Porto.

Priem et al. (1967) obtiveram, pelo método Rb-Sr, idades compreendidas entre 305 ±

10 Ma a 307 ± 10 Ma, isto é, uma idade intra-Vestefaliana de acordo com a escala do

tempo geológico de Harland et al. (1989).

Mais recentemente, através de dados petrográficos, geoquímicos e

geocronológicos pelo método de U-Pb em duas frações de zircão e uma de monazite,

Almeida (2001) obteve e idade de 318 ± 2 Ma para a instalação do granito. Segundo a

autora, trata-se até ao momento, do estudo que atribui uma idade mais recente e mais

provável da instalação do granito, estando de acordo com a idade Namuriana Superior

a Vestefaliana Inferior sugerida pelo enquadramento tectónico.

Embora possa ostentar pequenas variações, no que diz respeito às

características petrográficas, o Granito do Porto corresponde a um granito de duas

micas, com predomínio da moscovite sobre a biotite, de grão médio, por vezes

ligeiramente orientado segundo N130ºE (Carta Geotécnica do Porto, 2003). É

predominantemente não porfiróide podendo revelar-se localmente com uma tendência

porfiróide e com uma granularidade variando de média a grosseira ou de fina a média.

Segundo o trabalho de Almeida (2001), a análise petrográfica do Granito do

Porto revelou quartzo xenomórfico quer em grãos de dimensões médias exibindo

extinção ondulante, quer em aglomerados de pequenos cristais recristalizados. O

feldspato potássico mais abundante é a ortoclase seguido da microclina, por vezes

pertítico e de dimensões levemente maiores do que as dos restantes minerais. São

frequentes aspetos de intensa caulinização do feldspato potássico. É também de

assinalar processos de albitização a partir do desenvolvimento das pertites que por

vezes se insinuam ao longo do plano de macla Carlsbad. A plagioclase é uma

oligoclase-albite, frequentemente sericitizada e moscovitizada. A biotite é o mineral

máfico mais representativo, exibindo cor castanha e fortemente pleocróicos, com

abundantes inclusões de zircão e, mais raramente, de apatite, com halos pleocróicos.

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29

A moscovite é sempre mais abundante do que a biotite, ocorrendo quer em placas

bem desenvolvidas de moscovite primária quer em grande parte como o resultado da

moscovitização da biotite e da plagioclase ou em associações simplectíticas com o

quartzo. Os minerais acessórios são raros, tendo-se assinalado a presença esporádica

de opacos, turmalina e granada.

Fig. 2: Extrato da folha 1 da Carta Geológica de Portugal à escala 1/200.000, com a localização da região do Porto.

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31

2.6. Tectónica e Sismicidade

A unidade hercínica da Península Ibérica é caracterizada pela existência de

várias Zonas Geotectónicas, com características paleogeográficas, tectónicas,

metamórficas e plutónicas distintas, que se dispõem paralelamente às linhas

estruturais da cadeia hercínica (Julivert et al., 1974).

Como refere Noronha (2005) e já anteriormente mencionado, a cidade do

Porto, situa-se essencialmente na Zona Centro-Ibérica. Contudo, como o que se

designa por ZCPT (Zona de Cisalhamento Porto-Tomar), que marca o limite entre a

Zona Centro-Ibérica (ZCI) e a Zona de Ossa Morena (ZOM), passa pela zona da Foz

do Douro, geologicamente considera-se que a cidade se situa no limite entre aquelas

duas zonas. Na área da cidade, devido ao seu posicionamento geotectónico só são

cartografáveis as estruturas relacionadas com a primeira e terceira fases da orogenia

Hercínica (Noronha et al., 1979).

O estado atual dos conhecimentos da geologia regional levaram a considerar

as rochas metamórficas distribuídas por dois conjuntos distintos: "Complexo

Metamórfico da Foz do Douro" (CMFD) (Noronha, 1994; Noronha e Leterrier, 1995;

Marques et al., 2000) e "Complexo Xisto-Grauváquico" (CXG) (Carríngton da Costa e

Teixeira, 1957).

Segundo Leterrier e Noronha (1998), o Complexo Metamórfico da Foz do

Douro (CMFD), pode, no seu conjunto, considerar-se no essencial, constituído por

duas unidades tectono-estratigráficas distintas: a "Unidade dos gnaisses da Foz do

Douro" (UGFD) (Borges et al., 1985, 1987; Marques et al., 2000) e uma unidade

essencialmente constituída por metassedimentos (Borges et al., 1985; Noronha e

Leterrier, 1995; Leterrier e Noronha, 1998; Noronha, 1994, 2000), a "Unidade de

Lordelo do Ouro" (ULO). Há por isso que distinguir os terrenos pertencentes à ZCI e os

da ZOM separados pela Zona de Cisalhamento Porto-Tomar (ZCPT), ativa desde a

primeira fase de deformação hercínica (D1) e que durante D3 (terceira

fase de

deformação hercínica) deu lugar a um desligamento direito (Ribeiro et al., 1980). Na

área correspondente à cidade do Porto os metassedimentos da ULO registam as

deformações da ZOM e os metassedimentos do CXG as da ZCI.

De referir que nos terrenos da ZOM, que são representados pelo que se

designou por "Complexo Metamórfico da Foz do Douro" é possível reconhecer efeitos

de deformações ante-hercínicas quer nos metassedimentos quer nos ortognaisses,

além dos efeitos devidos às ações de D1 e D3 (Noronha et al., 1979). Estas últimas são

responsáveis, respetivamente, pela foliação N120°E subvertical que corresponde a

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32

uma clivagem de plano axial de dobras cujo eixo tem uma orientação WNW, com

pendor variável, e por cisalhamentos N120°E a N130°E, mais marcado nos gnaisses

leucocratas ocelados.

Concretamente e no que diz respeito à fase D3 da deformação hercínica

(Noronha et al., 1979), fase que correspondeu a tensões compressivas máximas

orientadas NE-SW, além de responsável por dobramentos e pelos cisalhamentos NW-

SE e ENE-WSW, esta implicou também fendas de tração NE-SW e NNE-SSW

registadas nomeadamente nos maciços graníticos de duas micas sin-tectónicos

relativamente a D3. Nestas últimas instalaram-se, por exemplo, os filões

aplitopegmatíticos. Posteriormente a D3 atuaram as fases terminais hercínicas, sob a

ação de uma tensão compressiva máxima N-S que implicou o rejogo das fraturas

geradas, principalmente, durante o período terminal de D3. Foi neste período que o

sistema frágil NNE-SSW atingiu maiores proporções (Ribeiro e Pereira, 1992).

Os registos da sismicidade histórica e instrumental mostram que a cidade do

Porto se situa numa região de sismicidade moderada a baixa. O potencial para a

rotura sísmica de uma falha à superfície é um fator importante, na medida em que a

maioria das estruturas não suporta eventuais deslocamentos de ordem decimétrica a

métrica, impostos pelo movimento de uma falha no maciço de fundação. Por outro

lado, considerando que as taxas de deslizamento sísmico das falhas ativas em

Portugal (Cabral, 1993, 1995; Noronha, 2005) se situam entre valores da ordem de

0,01 a 0,001 mm/ano, estima-se que um sismo de magnitude 6 teria na região do

Porto um intervalo de recorrência entre 10 000 e 100 000 anos. O que significa que é

muito reduzida a probabilidade de ocorrência de um sismo de magnitude 6 na região

do Porto e ainda mais reduzida a probabilidade desse sismo provocar um

deslocamento da respetiva falha à superfície.

Capítulo 3 Igreja da Senhora da Conceição

FCUP Estudo da Pedra Aplicada na Igreja da Senhora da Conceição (Porto)

35

3.1. Introdução

De acordo com dados históricos obtidos através do autor Seisdedos (1997),

segue-se uma nota introdutória sobre a fundação da igreja da Senhora da Conceição.

Em 1937, a urgência de um lugar mais espaçoso onde a comunidade, que

desde 1927 se ia formando, devido à criação por D. António Barbosa Leão (Bispo do

Porto) da Paróquia da Senhora da Conceição da cidade e diocese do Porto, se

pudesse reunir e celebrar, fez com que o padre Matos Soares (pároco da comunidade

desde 1936) se lançasse na aventura de uma nova igreja, situada na Praça do

Marquês de Pombal, no Porto.

Edificada com o propósito de ser uma igreja de referência, a elaboração do

projeto foi entregue a um monge beneditino e arquiteto, Paul Louis Denis Bellot, com

obras já realizadas em vários países da Europa, África e América. Depois de muitos

contratempos, e apesar da colocação da primeira pedra para a nova igreja ser lançada

em dezembro de 1938, foi em fevereiro de 1939, que foi celebrada a escritura de

aquisição do terreno no qual seria então construída aquela que hoje conhecemos

como Igreja da Senhora da Conceição. Contudo, o início das obras datam do ano

seguinte (1939), como é possível observar na figura 3. Com o decorrer das mesmas,

Paul Bellot desloca-se ao Canadá, ficando depois impossibilitado de regressar ao

continente europeu com o deflagrar da II Guerra Mundial. Devido a esta

impossibilidade e com a sua morte em 1944, a responsabilidade da obra foi assumida

pelo arquiteto portuense Rogério de Azevedo que a concluiu e lhe introduziu algumas

alterações.

Fig. 3: Construção da igreja, onde é possível distinguir o arco do

cruzeiro e a base das duas torres. Imagem retirada de

http://www.p-conceicao-porto.org/Historia/Hist.html.

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36

Depois de diversos contratempos e adiamentos foi sagrada, a 8 de dezembro

de 1947, a igreja cujo nome é dedicado à padroeira, a Igreja da Senhora da Conceição

(Fig. 4).

Numa breve descrição da igreja, com base na informação recolhida através de

Seisdedos (2007), começando pela entrada, o acesso é feito através de um portão, em

cujo chão se pode observar a típica calçada à portuguesa, seguida de uma série de

degraus em granito ladeados por muretes do mesmo material. São visíveis quatro

estátuas também elas em granito, e a ladear a fachada estão duas torres com alturas

e contornos diferentes. Do lado esquerdo, encontra-se a torre sineira (torre maior) e do

lado direito a torre mais pequena. Analisando a imagem anterior (Fig. 4) observa-se de

um modo geral, que o material usado na parte exterior da igreja é o granito cuja

coloração é mais amarelada. O nartex é constituído por paredes com mármore

amarelo e o pavimento recoberto com aquele que o autor designa por mármore de

Lioz, mas que se verificou ser calcário de Lioz, adornado com mármore rosa.

Fig. 4: Aspeto atual da Igeja da Senhora da

Conceição.

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37

No interior, para além dos habituais frescos, pinturas, azulejos, vitrais e

estátuas comuns em igrejas, os principais materiais de decoração visíveis são os

mármores de cores variadas, desde branco, rosa, roxo, cinza, amarelo e preto e a

pedra de Ançã (pedra calcária), que aparecem normalmente nas paredes e chão,

podendo ainda observar-se materiais como o ferro e o bronze (Fig. 5).

O projeto inicial da obra, tinha outras ideias sobre a decoração interior, uma

vez que Paul Bellot utilizava muito o tijolo policromado. O próprio exterior deveria ser

em tijolo e não em granito. Este foi fornecido pela Cooperativa dos Pedreiros, que

interveio na construção da igreja em 1939 e que em 1937 introduziu em Portugal a

indústria dos granitos polidos.

Fig. 5: Vista geral do interior da Igreja da Senhora da Conceição.

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3.2. Localização Geográfica

A Igreja da Senhora da Conceição está localizada na Praça do Marquês de

Pombal, na freguesia de Santo Ildefonso no Porto. A área por ela abragida encontra-

se retratada na folha 122 - Porto da Carta Militar de Portugal à escala 1/25.000, como

se pode observar na figura 6.

Fig. 6: Extrato da folha 122 - Porto da Carta Militar de Portugal à escala 1/25.000, com a localização da Igreja da

Senhora da Conceição.

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41

3.3. Enquadramento Geológico

A área onde se situa a Igreja da Senhora da Conceição é essencialmente

constituída pelo chamado Granito do Porto, já anteriormente referido no capítulo 2, e

encontra-se cartografado na folha 9-C Porto da Carta Geológica de Portugal à escala

1/50.000 (Fig. 7), cujos autores, Carríngton da Costa e Teixeira (1957), o classificam

como um granito alcalino, de grão médio a grosseiro, leucocrata, de duas micas. Na

folha 1 da Carta Geológica de Portugal à escala 1/200.000, Simões (1992) classifica

este granito como sin-tectónico relativamente a D3, alóctone e de grão médio de duas

micas.

Legenda:

Fig. 7: Extrato da folha 9-C Porto da Carta Geológica de Portugal à escala 1/50.000, indicando a localização da Igreja da Senhora

da Conceição.

Capítulo 4 Granito de S. Gens

FCUP Estudo da Pedra Aplicada na Igreja da Senhora da Conceição (Porto)

45

4.1. Introdução

Desde sempre, a região do Porto estabeleceu uma forte ligação com o seu

património litológico, tendo-se desenvolvido à custa da sua exploração e posterior

utilização. Todo o concelho de Matosinhos e cidade do Porto assentam num maciço

granítico que se inicia a oeste de Valongo e se alonga até ao oceano Atlântico, para

norte e sul do rio Douro, algumas vezes interrompido por antigos xistos, pertencentes

ao período Pré-Câmbrico, ou então coberto por depósitos sedimentares do período

Terciário e Quaternário, mais recentes.

O Monte de S. Gens, possante afloramento granítico, foi um local marcante na

história do concelho de Matosinhos, que desde a civilização castreja foi usado como

posto de vigia e defesa dos povos que circundavam a população, uma vez que do alto

dos seus 448 metros se avistava uma panorâmica que se estendia do monte de

Valongo até à foz do rio Leça, permitindo observar a aproximação do inimigo ou

qualquer tipo de embarcação suspeita que se aproximasse do litoral (Vasconcelos,

2008). De facto, existem registos deste ponto alto, usado como posto de vigia, que

datam de 1484. Mais tarde no cimo deste monte foi construída uma capelinha onde se

celebrava a festa de Nossa Senhora de S. Gens. Encontramo-nos numa época em

que conhecidas as potencialidades litológicas da zona, a exploração de pedreiras era

uma das suas mais importantes atividades, e por este motivo a imagem da Nossa

Senhora de S. Gens, agora designada por Nossa Senhora da Nazaré passou para

uma nova capela.

Após várias negociações a posse das pedreiras do monte de S. Gens foi

conseguida pela Câmara de Matosinhos para dele extrair a pedra para a construção

do Porto de Leixões. Em 1884 as pedreiras de S. Gens eram ligadas a Leixões por

via-férrea, para o transporte direto da pedra, transformando-se mais tarde em

transporte de passageiros (Fig. 8 e 9). Com a aplicação da rocha nesta obra de grande

envergadura, essencial para o desenvolvimento de Matosinhos, foi destruído o monte

de S. Gens e com ele todos os vestígios da atalaia e da velha capelinha (Vasconcelos,

2008).

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Fig. 8: Pedreira de granito no monte de S. Gens (Vasconcelos, 2008. In:

htt://custoias.planetaclix.pt/inicio.htm).

Fig. 9: Pedreira no monte de S. Gens, evidenciando a linha férrea. Retirado de

http://joseaugustomendonca.blogspot.pt/2013/04/lendas-do-leito-do-rio-leca-foz.html.

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4.2. Localização Geográfica

O granito utilizado como material de construção na obra da Igreja da Senhora

da Conceição é proveniente de S. Gens, localidade esta, pertencente à freguesia de

Custóias, concelho de Matosinhos, no distrito do Porto. Na figura 10 encontra-se a sua

localização geográfica, representada na folha 122 - Porto da Carta Militar de Portugal

à escala 1/25.000.

Fig. 10: Extrato da folha 122 - Porto da Carta Militar de Portugal à escala 1/25.000, com indicação da localização de S.

Gens.

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4.3. Enquadramento Geológico

A área onde se situam as pedreiras de granito de S. Gens, encontra-se

cartografada na folha 9-C Porto da Carta Geológica de Portugal à escala 1/50.000,

(Fig. 11) e na folha 1 da Carta Geológica de Portugal à escala 1/200.000. Mais uma

vez trata-se de uma zona constituída pelo designado Granito do Porto, já

anteriormente referido.

No concelho de Matosinhos predominam dois tipos de granito: o da pedreira de

S. Gens, de grão médio a grosseiro, de duas micas (biotite e moscovite) e o da Boa

Nova constituído por granitos porfiróides com biotite (Vasconcelos, 2008). O granito

não se apresenta com o mesmo aspeto em todo o concelho, facto este que pode ser

comprovado através das duas amostras fornecidas para este estudo, pois, apesar de

serem provenientes de duas pedreiras diferentes, ambas pertencem a S. Gens.

Fig. 11: Extrato da folha 9-C Porto da Carta Geológica de Portugal à escala 1/50.000, com a localização das pedreiras

existentes em S. Gens. É possível observar também, explorações mineiras de caulino ao redor desta região.

Legenda:

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4.4. Utilização na Indústria

O sector das rochas ornamentais tem vindo a ter grande importância em

Portugal, sendo a rocha ornamental, ou pedra natural, aplicada essencialmente na

construção civil, em edifícios, monumentos, no revestimento de superfícies, em

estatuária e em campas de cemitério (Lopes Velho, 2005).

O granito é uma das rochas mais utilizadas como material de construção de

inúmeros edifícios e monumentos históricos, muito devido à sua abundância na

superfície terrestre, resistência e durabilidade, mas também devido à diversidade de

cores e texturas que possibilitam diversas aplicações (Machado, 2006). A nível

comercial uma rocha ornamental classificada como granito inclui todas as rochas

feldspáticas com grão visível, com ou sem textura gnaissica, e inclui litologias como o

sienito, gabro, anortosito, gnaisse e outras rochas (Lopes Velho, 2005). O noroeste de

Portugal e a região centro são as principais fontes de granitos como rocha ornamental.

Usado na construção de edifícios e suas fachadas, a aplicação do granito de S.

Gens é visível em alguns locais da cidade do Porto. A título de exemplo, e para além

da Igreja da Nossa Senhora da Conceição, é de citar a Câmara Municipal do Porto

(Fig. 12) e a Igreja das Antas (Fig. 13), todas elas obras da Cooperativa dos Pedreiros.

É ainda de referir o Porto de Leixões (Fig. 14), já anteriormente mencionado, que

utilizou o granito das pedreiras de S. Gens e é o grande responsável pelo seu

desmantelamento.

Fig. 12: Câmara Municipal do Porto. Fotografia retirada

de http://coopedreiros.blogspot.pt/p/obras.html.

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Fig.13: Igreja das Antas no Porto. Fotografia retirada de

http://coopedreiros.blogspot.pt/p/obras.html.

Fig.14: Porto de Leixões. Fotografia retirada de http://www.hipersuper.pt/2013/06/06/dst-

constroi-dois-novos-armazens-no-porto-de-leixoes/.

Capítulo 5 Processos de Alteração do Granito

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5.1. Introdução

A pedra natural é um dos geomateriais de construção mais antigos, e é

frequentemente olhada como um símbolo de permanência. No entanto, ela não é

absolutamente durável e a exposição ao ambiente, ao longo de muitos milhares de

anos, provoca o aparecimento de uma eventual degradação. A velocidade com que

essa desintegração ocorre varia de acordo com o tipo de pedra e com as condições

ambientais, pelo que deve ser recordado que cortar e colocar uma pedra numa

edificação não a imuniza contra os processos naturais de degradação ambiental.

As modificações que ocorrem nas rochas e que não estão incluídas no domínio

da diagénese ou do metamorfismo, designam-se por alteração, da qual resulta a

desagregação e a decomposição da rocha por transformação dos minerais que a

constituem, verificando-se que as redes cristalinas destes são destruídas e os catiões

presentes se deslocam para outras estruturas mais abertas (Aires-Barros, 1991,

2001). Quando expostos a novas condições ambientais, os minerais existentes em

dada rocha tendem a ajustar-se aos novos fatores, procurando um novo equilíbrio e

estabilidade com o meio ambiente, em função dos agentes físicos, químicos e

biológicos. Estes agentes vão obrigar a rocha e respetivos minerais a sofrer

transformações que a alteram até surgir uma nova rocha.

As pedras naturais são caracterizadas pela sua composição químico-

mineralógica, pela textura e também pela heterogeneidade e anisotropia do fabric

(textura, relação geométrica entre os grãos cujo aspeto traduz o percurso da sua

formação, ilustrando as condições da sua génese). O fabric particular de cada rocha

determina a variabilidade nas meteorizações observadas e nos padrões e processos

de deterioração, pois é um fator intrínseco da rocha (Almeida, 2009).

Embora os fatores intrínsecos às características dos materiais sejam em parte

responsáveis pelo seu comportamento face à meteorização, a verdade é que atuam

sob estreita dependência das condições ambientais. Com efeito, são elas que

definem, em termos globais, os processos de alteração que vão dominar em dada

área, a velocidade das reações envolvidas, a intensidade da alteração resultante, bem

como a profundidade que atinge (Lobo, 2008). Apesar destas características

resultarem de uma ação combinada entre todos os elementos que definem o meio, o

clima parece exercer um papel decisivo, até pelo facto de condicionar as outras

variáveis. Segundo o autor, tanto a drenagem como a topografia e a vegetação

tendem a impor "variações de detalhe", contribuindo principalmente para atenuar ou

acelerar os mecanismos desencadeados pelas condições climáticas.

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56

Podemos considerar que o clima, através dos valores de precipitação e

temperatura, controla de forma vincada a velocidade da alteração e a consequente

remoção dos produtos dela derivados. Deste balanço resulta uma determinada

intensidade de alteração e ritmo erosivo, tanto mais forte quanto mais fácil a libertação

dos produtos alterados e consequente exposição de minerais frescos (Begonha,

1989).

Um outro fator a ter em conta, é que, embora a maior parte dos edifícios

históricos esteja construída com pedra natural como principal material de construção,

outros materiais, tais como, argamassas, cerâmica ou tijolo, podem interferir e reagir

com a pedra do edifício. Estes materiais, se não forem escolhidos corretamente,

podem eventualmente também ser fonte de deterioração.

Minerais originados sob condições físico-químicas diversas, como sucede com

os minerais constituintes do granito, têm diferentes alterabilidades, isto é, diferentes

suscetibilidades relativamente à alteração em qualquer momento do seu processo de

evolução, reagindo de forma distinta na procura de novo equilíbrio face às novas

condições ambientais a que estão sujeitos (Silva, 2005).

Como se pode verificar, são vários os fatores que contribuem para a alteração

das rochas e como tal, um correto conhecimento das propriedades dos materiais

geológicos, dos seus processos de meteorização e das alterações subsequentes,

assim como da intervenção do próprio meio ambiente e o seu clima, constitui um

requisito indispensável para a compreensão dos mecanismos complexos envolvidos

numa futura deterioração. Segue-se uma descrição mais detalhada, dos processos e

fatores que condicionam a alteração das rochas usadas como pedra de construção em

monumentos.

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57

5.2. Alteração Tardi-a Pós-Magmática do

Granito

A alteração tardi-a pós-magmática produz-se em ambiente endógeno e resulta

de fatores intrínsecos como as condições petrogenéticas, a composição químico-

mineralógica, a textura (heterogeneidade) e o estado inicial de alteração (Almeida,

2007). Assim, decorrentes da aquisição ou troca de substâncias pela rocha, ocorre

uma transformação gerada nos estádios mais tardios da consolidação magmática,

surgindo deste modo, minerais primários alterados juntamente com minerais

secundários formados em condições de pressão e temperatura ainda elevadas (Silva,

2005). Estes fenómenos originam reações químicas entre os minerais originais e as

substâncias que entram de novo na rede cristalina.

Assunção (1962); Dias (1987); Sequeira Braga (1988); Brilha (1992); Almeida

(1994, 2000, 2001); Noronha (1994, 2000); Begonha (1997, 2001) e Begonha e

Sequeira Braga (2002) mencionam diversos aspetos associados a alterações tardi-a

pós-magmáticas sofridas pelo Granito do Porto. Estes autores referem que os

fenómenos tardi-a pós-magmáticos são responsáveis pela moscovitização da

plagioclase, feldspato potássico (microclina) e biotite, assim como, pela albitização do

feldspato potássico (microclina) e pela cloritização da biotite de que resultam

respetivamente, a formação de várias gerações de micas dioctaédricas por vezes

associadas à fibrolite, a formação de plagioclase secundária responsável pela

pertitização da microclina e formação da clorite à qual se associam o rútilo e a

leucoxena. Estes fenómenos estão associados à formação de raros interestratificados

expansivos clorite/esmectite e de uma fase esmectítica pura (Begonha, 1997, 2001;

Begonha e Sequeira Braga, 2002).

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5.3. Meteorização do Granito

O Granito do Porto aparece sempre mais ou menos meteorizado à superfície,

não tendo sido referidas amostras de rocha sã em trabalhos publicados anteriormente.

O estudo da meteorização de granitos do noroeste Peninsular, onde se inclui o granito

do Porto, foi tema de investigação por parte de vários autores, nomeadamente, Cotelo

Neiva e Castro (1950); Cotelo Neiva et al. (1965); Bisdom (1967a, 1967b); Sanches

Furtado (1973, 1981-82); Brum Ferreira (1979); Macias Vazquez e Guitian Ojea

(1980); Mouraz Miranda (1985); Sequeira Braga (1983-85, 1988); Sequeira Braga e

Paquet (1987); Sequeira Braga et al. (1989, 1990); Begonha (1989, 1991); Brilha

(1992) e Ferreira Gomes et al. (1995). Os estudos da meteorização do Granito do

Porto são escassos e de carácter pontual, sendo de referir os realizados por Begonha

e Sequeira Braga (1993, 1995) e Santos (1995). Existem ainda, estudos de

caracterização geotécnica desenvolvidos por Silva Cardoso (1986); Teixeira Duarte

(1986); Begonha (1989); Viana da Fonseca (1989, 1993); Viana da Fonseca et al.

(1994); Santos (1995); Santos e Silva Cardoso (1995) e Begonha e Sequeira Braga

(1995).

As rochas formam-se, na generalidade dos casos, em condições de

temperatura e pressão muito diferentes das existentes próximo ou à superfície da

Terra. A adaptação e a busca pelo equilíbrio perante as novas condições ambientais a

que passam a estar sujeitas na zona superficial constitui a meteorização.

Ocorrendo em ambiente exógeno e sob influência de agentes da geodinâmica

externa, a meteorização manifesta-se por transformações mineralógicas, químicas e

estruturais determinantes das características físicas e geotécnicas das rochas, solos e

maciços (Begonha, 1997), através de processos de meteorização destrutivos, de

natureza física, química e biológica.

A meteorização é o conjunto de processos que originam a desintegração e a

decomposição das rochas e dos seus minerais por ação dos agentes atmosféricos e

biológicos. A compreensão dos mecanismos de meteorização das rochas e respetivos

minerais tem sido objeto de estudo de vários autores (Wieland et al., 1988; Acker e

Bricker, 1992; White e Brantley, 1995; Stefánsson et al., 2001), principalmente a

relação entre o ciclo geoquímico dos elementos da biosfera e os minerais,

considerando-se que é através deste ciclo que os constituintes químicos intervenientes

no processo de meteorização entram nas soluções. No entanto, algumas dificuldades

perduram, apesar dos estudos já publicados, sendo difícil de quantificar os fatores que

interferem no processo e de definir qual o real contributo de cada um deles para a

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60

destruição das rochas. A diversidade deste conjunto de processos admite a existência

do conceito de grau de meteorização, que corresponde ao estádio de evolução do

processo de meteorização da rocha em determinado momento, em função das

propriedades físicas, químicas, mineralógicas e geotécnicas que esta apresenta

(Begonha, 1997; Silva, 2005; Lobo, 2008). Surge ainda o conceito de alterabilidade,

que consiste na maior ou menor facilidade com que dada rocha se altera, isto é, a

suscetibilidade que a rocha apresenta, em qualquer momento do seu processo de

evolução, em relação à alteração (Begonha, 1997).

Segundo Aires-Barros (1991), o grau de meteorização de uma rocha é função

de fatores intrínsecos, dependentes do tipo de rocha (textura e composição) e de

fatores extrínsecos determinados pelo meio em que se processa a alteração. Acresce

que, dentro de um mesmo maciço rochoso, diferentes afloramentos podem exibir

diversos graus de meteorização, resultado, não do fator tempo mas de fatores

intrínsecos e extrínsecos a esse maciço, como por exemplo, distintos graus de

fissuração e de fraturação.

As modificações químicas e mineralógicas, que se verificam durante o

processo de meteorização, vão depender sobretudo das condições climáticas do local,

pois resultam, do facto de os meios exógenos serem meios hídricos oxigenados onde

predomina a ação da água, do oxigénio e do dióxido de carbono que por sua vez,

atuam sobre as rochas endógenas geradas em ambientes redutores, a elevadas

pressões e temperaturas (Silva, 2005; Lobo, 2008).

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61

5.3.1. Meteorização Química

Os processos químicos mais importantes são a hidrólise, a dissolução, a

desidratação e hidratação, as soluções, as reações de oxidação-redução e a

carbonatação. Kühnel (2003) afirma que as reações químicas são facilitadas pelas

ações físicas que promovem a ocorrência de movimentos migratórios e um aumento

da superfície de reação.

Minerais com diferentes alterabilidades reagem de maneira distinta perante os

agentes de meteorização. Pode haver remoção e destruição total de um mineral ou

somente transporte e deposição, mantendo-se, neste caso, a estrutura cristalina

original. Como exemplo, perante as mesmas condições ambientais, o quartzo,

formado a pressões e temperaturas inferiores às da cristalização dos feldspatos, é

praticamente insolúvel, enquanto que os feldspatos sofrem hidrólise e transformam-se

em minerais de argila ou mesmo em gibsite, minerais secundários que estão

identificados nos granitos meteorizados do noroeste da Península Ibérica (Sequeira

Braga, 1988; Brilha, 1992; Begonha, 1997, 2001; Sequeira Braga et al., 2002;

Begonha e Sequeira Braga, 2002).

Todos os estudos experimentais apontam para que os minerais constituintes

das rochas reajam quimicamente com a perda de catiões. No inicio do processo de

meteorização, dá-se em primeiro lugar a lixiviação do Na+, Ca+ e K+, seguida da do

Mg2+ e Fe2

+ e, por fim, a da sílica e do Al3+.

Quando os minerais primários são afetados por transformações químicas,

surgem minerais de meteorização ou minerais secundários de menor densidade,

verificando-se um aumento da porosidade da rocha.

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5.3.2. Meteorização Física

Os principais processos de meteorização física são: a ação das águas de

circulação, as variações volumétricas devido a efeitos térmicos, a expansão por

descompressão, a expansão por congelação da água retida nos poros e fissuras, a

expansão resultante da cristalização de minerais de sais solúveis na rede porosa e as

ações mecânicas exercidas pelos seres vivos (Silva, 2005; Lobo, 2008).

Como resultado destes processos, a rocha sofre uma fragmentação

progressiva preferencialmente ao longo de superfícies anisotrópicas como, por

exemplo, juntas, fissuras intra, inter e transcristalinas, planos de clivagem dos minerais

(feldspatos e micas nos granitos) e planos de macla. A meteorização física traduz-se,

consequentemente, num aumento de porosidade e de variação no volume que leva a

uma diminuição das resistências mecânicas.

Devido às altas pressões a que as rochas magmáticas intrusivas, como os

granitos, foram sujeitas durante o processo de arrefecimento e cristalização do

magma, a porosidade tende a ser mais baixa do que nas rochas sedimentares e

metamórficas. Contudo, no granito, a meteorização é rápida, consequência de uma

drenagem eficaz no interior dos maciços rochosos, devido à existência não só de um

sistema de diaclasamento do maciço, mas também de uma rede porosa da rocha,

essencialmente constituída por microfissuras homogéneas e bem interligadas,

proporcionando o contacto direto de um elevado número de minerais com os agentes

de lixiviação (Silva, 2005; Lobo, 2008).

No noroeste da Península Ibérica, à drenagem interna dos maciços acresce

uma forte drenagem exterior dos mesmos, em resultado das características

topográficas e climáticas da região. Efetivamente, e de acordo com Sequeira Braga

(1988); Sequeira Braga et al. (1989) e Sequeira Braga et al. (2002) a existência de

uma forte pluviosidade e de um relevo caracterizado por uma rede hidrográfica densa

estabelecida em vales abertos, intercalados com elevações de declive acentuado,

conduziu a maciços rochosos intensamente meteorizados e perfis de meteorização

que atingem frequentemente os 40 metros de profundidade.

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5.3.3. Meteorização Físico-Química

A evolução físico-química dos granitos em climas temperados (caso do

noroeste peninsular) traduz-se, em geral numa desagregação forte (arenização)

devido à alteração diferencial dos minerais constituintes, não se verificando

modificações na estrutura original da rocha ou do maciço rochoso. Sequeira Braga

(1988) designou por arena o produto final da alteração meteórica in situ do granito,

caracterizada por uma meteorização do tipo esquelética e que apresenta a estrutura

da rocha-mãe conservada, comportando-se, por isso, como solos residuais graníticos

ou saprólitos.

Os perfis de meteorização dos granitos desta região caracterizam-se por uma

grande heterogeneidade vertical e horizontal independente do tipo de granito, umas

vezes com rocha compacta na base e arenas no topo, ou arenas na base e rocha

compacta no topo, ou ainda, arenas com blocos de granito compacto no seu interior

(Sequeira Braga, 1988; Begonha, 1997, 2001; Sequeira Braga et al., 2002; Almeida,

2007). Uma outra característica que comprova a heterogeneidade dos perfis do granito

é a variação da densidade aparente que se situa entre 1.33 e 1.96 nas amostras de

arenas com a estrutura conservada, 2.22 e 2.62 na rocha meteorizada compacta e

entre 2.63 e 2.65 na rocha sã (Begonha, 1997; Almeida, 2007). A frente de

meteorização na base dos perfis é muito irregular e não é paralela à superfície

topográfica. A espessura das arenas apresenta uma grande variabilidade, diferindo de

local para local.

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64

5.3.4. Comportamento dos Minerais Face à Meteorização

A plagioclase é o mineral que mais rápida e profundamente é meteorizado no

granito. Inicialmente, alguns cristais apresentam macla de albite bem evidenciada e , a

meteorização traduz-se na fragmentação e por vezes na anastomose dos cristais,

ocorrendo ainda o empoeiramento generalizado devido à corrosão intensa das

superfícies, nomeadamente do tipo buracos e sulcos prismáticos de corrosão,

referidos por Baynes e Dearman (1978a, 1978b) e à formação de caulinite. Nos

estádios mais avançados de meteorização as maclas de albite deixam de ser

observáveis ou são unicamente visíveis nos bordos dos cristais. Verifica-se que as

arenas apresentam cristais de plagioclase reduzidos e pequenos fragmentos corroídos

e rodeados por caulinite ou cristais totalmente meteorizados (Begonha, 1997; Silva,

2005; Lobo, 2008).

Os feldspatos potássicos são mais resistentes à meteorização do que a

plagioclase, exibindo de início apenas o desenvolvimento progressivo de um sistema

de microfraturas e um reduzido aumento do empoeiramento da superfície dos cristais

(Silva, 2005; Lobo, 2008). Nas arenas, os grãos de feldspato potássico apresentam-se

muito fraturados e as maclas de Carlsbad ou as maclas polissintéticas de albite e

periclina só são observáveis em alguns dos cristais. Os feldspatos potássicos

transformam-se em caulinite durante o processo de meteorização química.

A biotite é menos resistente à meteorização do que a moscovite em virtude de

a cristalização da biotite se processar sob condições físico-químicas de maior

desequilíbrio do que as da cristalização da moscovite (Silva, 2005; Lobo, 2008).

Ambos os minerais sofrem dissolução, ou na superfície basal paralela à clivagem ou

nos contornos destas (Nagy, 1995). A evolução do processo é feita inicialmente nas

orlas dos grãos passando nas fases seguintes para a zona central. A separação entre

as camadas vai aumentando, permitindo trocas iónicas. Num estado já muito

avançado, surgem partículas de argila que vão ocupar estes espaços (Fordham,

1990). Sequeira Braga e Paquet (1987); Sequeira Braga (1988); Begonha (1997,

2001) e Sequeira Braga et al. (2002) observaram que, durante o processo de

meteorização dos granitos da região noroeste de Portugal, os cristais de biotite

apresentavam afastamento gradual dos folhetos seguido de enrolamento e

encurvadura dos cristais em forma de amêndoa. Verificaram ainda que a biotite se

meteoriza por dois processos distintos, transformando-se diretamente em caulinite ou

em gibsite, ou transformando-se primeiro em caulinite, a qual posteriormente evolui

para gibsite. Begonha (1997, 2001) e Sequeira Braga et al. (2002) observaram o

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65

afastamento gradual dos folhetos de cristais de moscovite em arenas de Granito do

Porto, bem como os dois processos de evolução mineralógica anteriormente descritos

para a biotite.

Quando sujeito a condições termais ou tectónicas, o quartzo, considerado

como um mineral quase inerte quimicamente, sofre alterações. É normalmente muito

resistente à lixiviação por não conter na sua rede cristalina, tetraédrica fechada, os

catiões Na+ , K+

ou Ca2+

. Tal como acontece nos minerais anteriores, o mecanismo de

dissolução é controlado por reações superficiais, aumentando a sua taxa de

dissolução com a diminuição do pH da solução, exibindo nesse caso figuras típicas de

corrosão (Silva, 2005; Lobo, 2008). Durante a meteorização, os cristais de quartzo

desenvolvem uma rede de fraturas cada vez mais intensa.

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5.4. Deterioração das Pedras de Granito

A deterioração ou degradação desenvolve-se nas pedras utilizadas nos

edifícios, como resultado dos efeitos das técnicas de extração nas pedreiras, da ação

de fatores de natureza antropogénica como a poluição atmosférica e a contaminação

das águas freáticas e da ação de agentes climáticos, principalmente a chuva, a

temperatura e a humidade relativa do ar. Estes processos afetam diversos tipos de

pedra, com particular incidência nas pedras carbonatadas, como o calcário e o

mármore, no granito e no arenito. A construção em pedra implica a existência de

superfícies interiores e exteriores sujeitas a diferentes concentrações de humidade,

temperaturas, deformações, tensões, influências físico-químicas dos materiais de

construção e diferentes graus de poluição atmosférica (Zehnder, 1979). Depois de

transformadas e aplicadas em obra, as rochas passam a sofrer a ação de agentes de

deterioração, designadamente quando aplicadas em exteriores onde se fazem sentir

os efeitos das chuvas ou do gelo, das amplitudes térmicas, da ascensão de soluções

salinas por capilaridade, do nevoeiro salino, do vento e onde se intensificam os efeitos

dos agentes poluentes como as chuvas ácidas existentes na atmosfera das áreas

urbanas e industriais.

Segundo Delgado Rodrigues (1989), este processo é contínuo, complexo e

inexorável, dependente da natureza e da localização da pedra. Pequenas diferenças

nas condições ambientais ou nas características da pedra podem provocar alterações

no mecanismo e velocidade do processo de degradação.

Simão (2003) refere que as rochas aplicadas em interiores são consideradas

como inalteráveis, excetuando os casos de elevada e contínua circulação de pessoas

e/ou veículos, bem como os casos onde se verifica o ataque por agentes químicos

agressivos como detergentes de limpeza e produtos químicos.

O estudo da deterioração da pedra pode ser subdividido em diversos domínios

de investigação, nomeadamente, as causas, processos e tipos de degradação;

avaliação da qualidade e do estado de conservação da pedra; condições ambientais

em que se inserem os edifícios ou construções em pedra; estudo e resultados de

métodos e técnicas laboratoriais; estudo dos métodos e produtos de limpeza;

conservação e tratamento da pedra com o objetivo de minimizar ou mesmo impedir os

processos de deterioração (Silva, 2005; Lobo, 2008).

Qualquer intervenção num edifício ou monumento deverá ser precedida de um

diagnóstico do estado de conservação da pedra que inclua pesquisas para

determinação das propriedades dos materiais geológicos e dos processos de

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68

deterioração. É um requisito indispensável para entender os complexos mecanismos

atuais envolvidos nas deteriorações. Em edifícios graníticos, o estudo das

propriedades da rocha deverá ainda incluir os diferentes graus de meteorização, uma

vez que as pedras utilizadas nas construções apresentavam sistematicamente

meteorização herdada das pedreiras (Casal Porto, 1989; LNEC, 1990, 1991; Delgado

Rodrigues, 1993a, 1993b, 1996; Sequeira Braga et al., 1993; Begonha e Sequeira

Braga, 1993, 2002; Alves e Sequeira Braga, 1995; Vicente, 1996; Delgado Rodrigues

e Costa, 1996; Alves et al., 1996; Begonha 1997, 2000, 2001, 2004a, 2004b; Alves,

1997; Oliveira, 2001; Simão, 2003). Efetivamente, a exploração de pedreiras de

granito com vista à edificação de monumentos históricos incidia em zonas superficiais,

mais acessíveis, nas quais a rocha já se encontrava moderadamente meteorizada,

permitindo uma maior facilidade no seu trabalho pelos artífices e mestres pedreiros.

Este facto explica a razão pela qual, na maioria dos casos estudados, as pedras

utilizadas em construção já possuem diversos graus de meteorização herdados das

pedreiras, exibindo uma alterabilidade e uma suscetibilidade ao eventual

desenvolvimento de patologias da pedra (Almeida, 2006).

Nascimento (1970) refere que a alterabilidade das rochas aplicadas em

edifícios é um parâmetro que deve ser considerado por ter efeitos negativos na

segurança, economia e estética destes. Estudos de deterioração realizados em rochas

ígneas (Silva e Simão, 1995; Simão, 2003) demonstraram que, mesmo rochas

aparentemente pouco suscetíveis à alteração, podem apresentar problemas de

degradação rápida quando submetidas a ambientes poluídos quimicamente

agressivos. Estas modificações traduzem-se essencialmente na perda de qualidade da

rocha, considerando-se aconselhável que este tipo de estudos represente um

indicador de qualidade da rocha ornamental ou de construção e que, sempre que

possível, seja incluído entre os parâmetros de caracterização da rocha e nas

recomendações de utilização e aplicação.

O Granito do Porto ocorre em diferentes estados de alteração, conduzindo a

modificações petrográficas e químicas do material rochoso, assim como a alterações

do comportamento físico, em termos de densidade, porosidade e resistência. No

maciço rochoso granítico verifica-se que a alteração é mais intensa ao longo das

descontinuidades (diaclases abertas, falhas e/ou zonas tectonicamente afetadas).

Segundo Begonha (1989), o grau de fraturação de uma rocha desempenha o principal

papel na evolução do processo de alteração do Granito do Porto.

As cores predominantes do Granito do Porto são as cores cinzentas,

correspondendo à rocha sã, e a cor bege amarelado, correspondendo à rocha mais

alterada. A zona de alteração estende-se até uma profundidade aproximada de 40

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69

metros segundo Begonha (2001), a partir da qual o granito tende a apresentar uma

coloração cinzenta.

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70

5.4.1. Tipos de Deterioração

As agressões atmosféricas e ambientais têm causado uma acentuada

degradação do granito particularmente verificada nas patologias exibidas em edifícios

da cidade do Porto e na instabilidade das escarpas das margens do Douro. De um

modo geral, da diversidade de aspetos de deterioração do granito, destacam-se a

desagregação granular, a formação de placas, plaquetas, crostas negros, filmes

negros, eflorescências, fissuração e colonização biológica. Segue-se uma rápida

descrição de cada um dos tipos de deterioração anteriormente referidos, segundo

trabalhos realizados por Begonha (1997); Oliveira (2001); Silva (2005) e Lobo (2008).

A desagregação granular trata-se de um processo de arenização caracterizado

pela perda de material resultante do desengaste dos grãos, geralmente de feldspato,

ficando uma superfície rugosa devido à presença dominante de grãos salientes de

quartzo.

A formação de placas, acompanham a superfície exterior da pedra, sendo

delimitadas por duas superfícies paralelas, constituindo formações pouco espessas (5

mm em média) que se destacam da pedra deixando marcas onde se observa

desagregação granular.

Da transição entre a desagregação granular e as placas, ocorrem as

plaquetas, de forma planar e pequena espessura, este tipo de deterioração apresenta

menores dimensões do que as placas.

As crostas negras são formadas por depósitos de cor negra com pequena

espessura, geralmente não ultrapassando 2 mm, que cobrem a superfície das pedras

e das argamassas e também a superfície exterior das placas e das plaquetas.

Os filmes negros correspondem a formações superficiais muito finas de cor

negra ou castanha escura depositadas na superfície da pedra, incluindo as superfícies

exteriores de placas e plaquetas, fortemente aderentes e deixando observar-se a

rugosidade da pedra. Apresentam um carácter hidrófugo, aparentando proteger a

pedra. Contudo, não impedem a queda de material quando se depositam sobre placas

e plaquetas.

Do desenvolvimento de cristalização de sais solúveis sobre a superfície de

meios porosos, tais como pedras de granito e argamassas, as eflorescências têm

geralmente o aspeto de um pó branco ou muito claro, sendo facilmente removidas

com um pincel. Encontram-se frequentemente em pedras afetadas intensamente por

desagregação granular forte.

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A fissuração corresponde a pequenas fendas que ocorrem devido à

concentração de tensões em determinados pontos, sobretudo nas arestas e vértices

das pedras, por vezes com a formação de cunhas que se separam e caem. Em

pedras de granito mais meteorizado ou deteriorado parecem estar associadas à

utilização recente de argamassas de cimento Portland em juntas, mais resistentes e

menos deformáveis do que as tradicionais argamassas de cal.

Com o desenvolvimento de plantas (geralmente, musgos, algas e líquenes) em

áreas húmidas e sombrias onde se verifica maior escorrência ou permanência de

humidade, ocorre um outro tipo de deterioração, designado por colonização biológica.

Os tipos de patologias exibidos em monumentos graníticos, não diferem, de

um modo geral dos que podem ser encontrados em monumentos edificados com

calcários, mármores ou arenitos. Assim sendo, todos os tipos de deterioração

anteriormente referidos podem ser observados em qualquer tipo de monumento,

construído em pedra natural. Contudo, é ainda de salientar que em monumentos de

rochas carbonatadas pode ocorrer um tipo de patologia que lhe é característico,

designado por dissolução. Esta, tem um efeito corrosivo e está associada a chuvas

ácidas em zonas de escorrência.

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5.5. Influência da Água

Por ser o fator ambiental causador dos mais importantes processos químicos,

físicos e biológicos de deterioração que afetam os monumentos, a ação da água tem

sido o principal agente, no qual todas as medidas de conservação têm incidido.

A água ocorre sob diversas formas, como água líquida proveniente da chuva,

do solo e de condensações, em soluções salinas, gelo e ainda vapor de água. Por

estar permanentemente presente, apenas variando o seu estado físico e a quantidade,

função do equilíbrio com o meio envolvente, a água é um elemento a ter sempre em

atenção nos estudos sobre a deterioração das rochas. O meio poroso da rocha e a

quantidade de água existente nessa mesma rocha facilitam o aparecimento das

diferentes deteriorações que podem afetar as pedras usadas na construção dos

monumentos. No processo de degradação a água pode atuar de duas maneiras

diferentes. Como um reagente químico, participando nas reações e conduzindo à

formação de minerais hidratados ou como um fluído, promovendo a mobilidade dos

iões intervenientes nas reações químicas (Silva, 2005; Lobo, 2008).

A omnipresença da água acaba por se manifestar na deterioração, induzindo

reações de hidratação, ciclos de gelo/degelo, cristalização de minerais de sais solúveis

quando estão presentes soluções salinas e colonização biológica, incluindo

microorganismos que podem dar origem a ácidos que atacam a pedra. Para a

deterioração presente nos monumentos da cidade do Porto, Begonha et al. (1995) e

Sequeira Braga et al. (1996) referem a água da chuva como a principal fonte de halite

e gesso.

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5.6. Influência Atmosférica

Um dos maiores problemas ambientais que presentemente enfrentamos, e

sobre o qual tem havido um intenso debate, assim como sobre as respetivas causas, é

o problema da chuva ácida. Geralmente tem-se concentrado a atenção sobre os

efeitos adversos da queda de chuva acidificada sobre os solos, as árvores, os rios e

os lagos. Atualmente, verifica-se uma maior preocupação relativamente à degradação

da pedra usada em monumentos, e uma das causas será então a poluição atmosférica

que dará origem não só a chuvas ácidas mas também a outros gases responsáveis

por acelerar o processo de deterioração.

Um composto capaz de produzir alterações na composição normal do ar e que

se traduz em prejuízo para os materiais, independentemente da quantidade em que se

encontre, recebe a designação de poluente (Silva, 2005). A sua concentração e

dispersão variam de local para local em função da fonte de poluição, das condições

meteorológicas, como a temperatura e o vento, e da topografia. É de grande

importância a avaliação da dispersão dos poluentes através do conhecimento da

direção dos ventos que condicionam a localização dos episódios de poluição e o

impacto que daí advém na deterioração das construções em pedra.

A poluição atmosférica é essencialmente promovida pela contaminação

urbano-industrial, com o aumento de certos componentes no ar, como é o caso do

dióxido de enxofre, que em combinação com o vapor de água origina a chuva ácida, o

óxido de azoto que permite a formação de "smog" fotoquímico e também a

acidificação da chuva, o monóxido e dióxido de carbono, que possibilitam as

modificações climáticas, o ozono que diminui a filtragem às radiações ultravioletas,

entre outros gases bastante prejudiciais (Begonha, 2001).

Segundo Aires-Barros (1991), a chuva ácida é o principal responsável pela

aceleração da degradação da pedra, ocorrendo quando certos poluentes,

principalmente óxidos de enxofre provenientes da queima do carvão e do petróleo

para fins domésticos e industriais, e óxidos de azoto provenientes dos escapes dos

veículos, se combinam à luz do sol com a humidade atmosférica para formarem uma

mistura de químicos que inclui os ácidos sulfúrico e azótico. Para esta chuva ácida

também podem contribuir partículas poluentes (partículas de carvão não queimado e

de cinzas volantes) que caem no terreno sob a forma de "deposição seca", a reação

de gases com a pedra molhada e a chamada "deposição oculta" consequente do

orvalho e do gelo. Todos eles se combinam para criarem o fenómeno da deposição

ácida. A deposição oculta é particularmente importante para os edifícios, porque é

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tipicamente mais ácida do que a própria chuva ácida, podendo atacar as zonas

resguardadas que não são atingidas pela queda da chuva e porque podem ser

produzidos sais potencialmente prejudiciais pela sua reação com a pedra, os quais

não são facilmente removidos por lavagem (Begonha, 2001).

A influência da contaminação atmosférica no processo de degradação das

pedras de construção é difícil de quantificar, pois outros fatores, como por exemplo o

envelhecimento natural, podem mascarar essa influência. Os iões presentes na

atmosfera mais importantes na deterioração das pedras são o SO42-, presente nos

aerossóis, o dióxido de carbono (CO2), os óxidos de azoto (NOx) e o ião amónia

(NH4+). Todos estes iões anteriormente referidos afetam diversos tipos de pedra como

o calcário, o mármore, o granito e o arenito, sendo a sua ação controlada por múltiplos

fatores inerentes à natureza da própria rocha, incluindo a sua heterogeneidade natural

e variabilidade, e também pelo ambiente em que a rocha se encontra exposta,

designadamente condições atmosféricas locais como a poluição do ar e a proximidade

do oceano (Begonha, 2001).

A poluição atmosférica com origem na queima dos combustíveis fósseis,

carvão e petróleo, na indústria e nos motores dos veículos provocou a acidificação do

ar que contribuiu para a deterioração acelerada da pedra a partir de meados do século

XX (Camuffo e Bernardi, 1990). A progressiva degradação do património construído

verificada a partir de então, por ação da poluição atmosférica, conduziu a uma

chamada de atenção a nível mundial para a necessidade de se tomarem medidas de

conservação do património cultural edificado em pedra natural, uma vez que, a

expectativa de vida natural da pedra pode ficar drasticamente reduzida desde os

milhares de anos para apenas dezenas, em certos casos e em certos ambientes

urbanos.

Klemm e Stieger (2002), referem os fatores antropogénicos como a fonte dos

sulfuretos, substâncias que levam à formação de sais de sulfato presentes na poluição

atmosférica através das chuvas. Lefèvre e Ausset (2002) quantificam os efeitos da

poluição atmosférica nas pedras e a presença de SO2, assim como os seus efeitos,

referindo o comportamento do gesso na interface entre os materiais pétreos e a

atmosfera. Reconhecem que apesar dos grandes avanços nos últimos anos, muito

pouco se sabe ainda sobre a influência dos poluentes atmosféricos nos materiais

pétreos.

Capítulo 6 Estudo do Granito Utilizado na Construção da Igreja da Senhora da Conceição

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79

6.1. Introdução

Com o intuito de realizar um estudo aprofundado sobre o granito usado na

construção da Igreja da Senhora da Conceição, e uma vez que se trata de um edifício

cuja recolha de amostra se tornou impossível, foi necessário recorrer à Cooperativa

dos Pedreiros, a qual foi responsável pela obra da igreja, fornecendo deste modo, a

pedra que a edifica.

As amostras usadas neste estudo, consistiram em dois blocos de dois tipos

diferentes de granito, provenientes da mesma região (S. Gens) e comercialmente

conhecidos como Branco Porto (Casal Moura et al., 2000; Lopes Velho, 2005), que

constituiu a estrutura interna do edifício e Amarelo Porto (Lopes Velho, 2005), usado

no exterior da igreja, tanto nas suas fachadas, como nos muros e escadaria. Este

segundo apresenta propriedades e características muito semelhantes ao Amarelo Vila

Real (Casal Moura et al., 2000). Segundo Lopes Velho (2005), o granito Branco Porto

possuí grão médio, duas micas, foliação evidente e cor cinzenta clara, existindo

fraturação, por vezes densa e oblíqua, que dificulta a obtenção de bloco ornamental.

Quanto ao granito Amarelo Porto, este autor refere a sua ocorrência na zona de

alteração superficial do granito Branco Porto, possuindo textura idêntica e coloração

amarelo acastanhado, devido à impregnação dos feldspatos com óxidos de ferro

limoníticos derivada da desferrificação das biotites.

A partir destas amostras foram elaboradas duas lâminas delgadas,

possibilitando assim, a análise petrográfica, e ainda se procedeu ao corte dos blocos

com determinadas dimensões, de maneira a facilitar ensaios de resistência à

compressão uniaxial, de carga pontual e de velocidade de propagação dos ultra-sons.

Apesar da impossibilidade de recolha de amostra na igreja, uma vez que se

trataria de uma recolha destrutiva, o estudo macroscópico não podia deixar de se

realizar. Ainda que, as amostras fornecidas fossem representativas do edifício, uma

visão in situ do mesmo foi importante para uma análise mais detalhada do estado atual

da pedra, e para consolidação de alguns pormenores observados nas amostras.

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80

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81

6.2. Análise Macroscópica

Nesta análise recorreu-se, à observação das amostras fornecidas pela

Cooperativa dos Pedreiros, designadas por, AA_1 e AA_2, e ainda aos blocos que

edificam a igreja no seu todo.

6.2.1. Descrição Macroscópica da Amostra AA_1

Trata-se de um granito de duas micas, de grão médio, leucocrata, de cor

branco acinzentado (Fig. 15).

A rocha apresenta uma textura fanerítica, onde é possível distinguir cristais de

quartzo, feldspato potássico, moscovite e biotite (em proporções idênticas),

aproximadamente do mesmo tamanho (equigranulares).

A nível geral, mas não de grande importância, uma vez que não se verifica uma

estrutura orientada (anisotrópica), a amostra aparenta ter em alguns locais uma

orientação preferencial dos minerais de biotite.

Fig. 15: Amostra AA_1.

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6.2.2. Descrição Macroscópica da Amostra AA_2

Trata-se de um granito de duas micas, de grão médio ou médio a grosseiro,

leucocrata, de cor amarelo esbranquiçado a amarelo acastanhado (Fig. 16).

A amostra evidencia uma textura fanerítica onde é possível distinguir cristais

aproximadamente do mesmo tamanho de quartzo, feldspato potássico e biotite em

proporções ligeiramente superiores às da moscovite. Contudo, o facto de se ter uma

superfície maior no edifício permitiu identificar uma textura porfiróide, que não é

reconhecível à escala da amostra, em que, dispersos ao longo de uma matriz de

textura fanerítica, se verifica a ocorrência de alguns megacristais de feldspato

potássico (Fig. 17).

Apresenta ligeira alteração resultante da oxidação do ferro presente na biotite,

que aparenta ter em alguns locais uma ligeira orientação preferencial dos seus

minerais, observando-se ainda alguns alinhamentos desta mica (estruturas de fluxo)

nos muros laterais da escadaria principal de acesso à igreja, como mostra a figura 18.

Fig. 16: Amostra AA_2.

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Fig. 17: Ocorrência de alguns megacristais de feldspato potássico.

Fig. 18: Alinhamentos de biotite (estruturas de fluxo).

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85

6.3. Descrição das Deteriorações Visíveis

A Igreja da Nossa Senhora da Conceição, cuja construção e inauguração

datam do século XX, trata-se de um edifício relativamente recente. Deste modo, foram

poucos os aspetos de deterioração encontrados no seu exterior. Para além da

evidente coloração de amarelo escuro típica do granito quando está mais alterado,

devido à oxidação do ferro presente na biotite, e que era visível principalmente nos

degraus de acesso à igreja (Fig. 19), os principais tipos de deterioração encontrados

foram a fissuração (Fig. 20 e 21) e a desagregação granular (Fig. 22). Estas patologias

foram observadas essencialmente nos muros laterais da escadaria de acesso à

entrada principal da igreja.

As fissuras ou fraturas correspondem a linhas de rotura, associadas à

concentração de tensões num determinado ponto, que surgem sobretudo, nas arestas

e vértices das pedras. A desagregação granular é responsável pelo aumento da

rugosidade das superfícies devido à presença de grãos minerais salientes,

principalmente dos grãos mais resistentes como o quartzo e pela perda por queda dos

minerais menos resistentes, como por exemplo, os de feldspato.

Fig. 19: Alteração do granito, pela oxidação do ferro presente na biotite,

conferindo-lhe uma coloração amarelo escuro.

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Fig. 20 e 21: Fraturas presentes nos muros laterais da escadaria da igreja.

Fig. 22: Desagregação granular presente num dos muros.

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6.4. Análise Microscópica

O estudo realizado permitiu uma caracterização mineralógica e microtextural

das amostras, assim como uma avaliação da deformação e do estado de alteração

destas, e para tal, foi utilizado um microscópio petrográfico de luz polarizada

transmitida (Fig. 23), da marca NIKON (modelo ECLIPSE E400 POL). Durante a

observação das lâminas, foram utilizadas diferentes objetivas (ampliações de 5x, 10x,

20x e 50x), sendo ainda possível a obtenção de registos fotográficos. Para isso,

recorreu-se a uma máquina fotográfica digital da marca ZEISS (modelo AxioCam

MRC), que se encontra montada no tubo do microscópio. As fotografias obtidas foram

registadas em formato digital, através do recurso a um “software” de apoio (AxioVision

3.1 da ZEISS).

Fig. 23: Microscópio utilizado na análise petrográfica das amostras.

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6.4.1. Descrição Microscópica da Amostra AA_1

A amostra é holocristalina, de grão médio, textura hipidiomórfica granular e

encontra-se ligeiramente microfraturada.

Mineralogicamente é constituída por cristais de quartzo, plagioclase sódica

(albite e oligoclase), feldspato potássico (microclina e ortoclase) moscovite e biotite,

tendo como minerais acessórios zircão, apatite e minerais opacos.

O quartzo apresenta-se em mais do que uma geração, pois alguns cristais

estão inclusos nos feldspatos. Este mineral ocorre maioritariamente sob a forma

anédrica, apresentando forte extinção ondulante e bordos irregulares com junções

intergranulares onduladas (Fig. 24). Por vezes são visíveis algumas mirmequites

(intercrescimentos de quartzo e plagioclase no contacto com o feldspato potássico que

formam uma espécie de rendilhado) como é possível observar na figura 25.

O feldspato potássico aparece sob a forma de ortoclase e microclina. A

ortoclase é anédrica, por vezes maclada segundo a lei de Carlsbad, apresenta

extinção ondulante e alguns aspetos micropertíticos de albitização. A microclina é

anédrica com maclas em xadrez característica (Fig. 26). Segundo Silva (1995), para

dados de análise química no Granito do Porto, trata-se de microclina, com % Or

(molécula de ortoclase) entre 85 e 97%. São ainda frequentes aspetos de

caulinização, como se pode observar na figura 24.

A plagioclase (Fig. 26) surge sob a forma subédrica, maclada

polissintéticamente segundo a lei da albite e por vezes segundo o complexo albite-

Carlsbad. Encontra-se muito sericitizada (Fig. 27). Pelas suas propriedades óticas e

através da classificação das plagioclases, segundo o método de Michel-Lévy, trata-se

de albite e oligoclase. De acordo com dados de análise química obtidos por Silva

(1995) relativamente ao Granito do Porto, a % An (molécula de anortite), está

compreendida entre 1 e 27% . A composição da plagioclase situa-se entre a albite

pura e a oligoclase. Os cristais de plagioclase ocorrem em maior quantidade do que o

feldspato potássico, não se verificando zonamento da plagioclase, uma vez que não

existiram variações da sua composição à medida que o cristal se desenvolveu durante

o arrefecimento.

A moscovite é subédrica com hábito lamelar e raras faces de clivagem, ocorre

no preenchimento de microfraturas e ainda paralelamente à biotite ou em substituição

desta. Podemos admitir a existência de distintas gerações de moscovite, a moscovite

primária (Fig. 28), a moscovite que pode ter tido origem na moscovitização da biotite e

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89

plagioclase (Fig. 28) e ainda os intercrescimentos simplectíticos de moscovite no

contacto com o quartzo.

A biotite está presente sob a forma de cristais de tendência subédrica com

hábito lamelar, de forte pleocroismo (y = β = castanho avermelhado; α = amarelo-

palha). Por vezes ocorre ligeiramente cloritizada (Fig. 29), e quando este tipo de

alteração se verifica é normal a existência de cristais de rútilo acicular inclusos na

biotite. Para além deste, são visíveis cristais de zircão e de apatite com halos

pleocróicos (Fig. 29). Apesar de ser um mineral incluso na biotite, a apatite mostra-se

por vezes individualizada, sob a forma subédrica.

Fig. 24: Cristais de quartzo (Qtz) com bordos ondulados. Na

parte inferior da imagem é visível um cristal de feldspato

potássico (FK) caulinizado. Imagem em NX (Nicóis Cruzados).

Qtz

FK

Fig. 25: Mirmequites. Imagem em NX.

Mirmequites

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Fig. 28: Cristal de moscovite primária (Mo), com vísivel aspeto

de moscovitização (Mosc) nos bordos. Imagem em NX.

Plg

Qtz

Mosc

Plg

Microclina

Fig. 26: Cristais de plagioclase (Plg) e de feldspato

potássico (microclina). Imagem em NX.

Fig. 27: Plagioclase (Plg) sericitizada exibindo macla

polissintética característica. Imagem em NX.

MO

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Bt

Fig. 29: Cloritização da biotite e inclusões de apatite e zircão,

com visíveis halos pleocróicos. Imagem em N// (Nicóis

Paralelos).

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92

6.4.2. Descrição Microscópica da Amostra AA_2

A amostra é holocristalina, de grão médio, textura hipidiomórfica irregular, com

leve tendência porfiróide e encontra-se bastante mais microfraturada e alterada,

quando comparada com a lâmina AA_1.

A associação mineralógica presente é constituída por cristais de quartzo,

plagioclase sódica (albite e oligoclase), feldspato potássico (microclina), moscovite e

biotite, tendo como minerais acessórios zircão, apatite e minerais opacos.

O quartzo apresenta-se em mais do que uma geração, sendo certo, que a

maioria é anédrica a subédrica com bordos irregulares. Apresenta forte extinção

ondulante e alguma fraturação.

A plagioclase surge sob a forma subédrica, maclada polissintéticamente

segundo a lei da albite e por vezes segundo o complexo albite-Carlsbad (Fig. 30 e 31).

Aparece bastante mais sericitizada que a lâmina anterior. Pelas suas propriedades

óticas trata-se de albite e oligoclase, como foi possível confirmar segundo o método de

Michel-Lévy e ainda segundo Silva (1995). Os cristais de plagioclase ocorrem em

maior quantidade do que o feldspato potássico e não é visível zonamento da

plagioclase.

O fesdpspato potássico aparece sob forma de microclina. Esta é anédrica, com

maclas bem definidas e o axadrezamento característico como é evidente na figura 32.

Trata-se de uma microclina pertítica, em que a pertite se desenvolveu da albitização

do feldspato potássico e por vezes apresenta vénulas de albite aparentemente

sericitizadas (Fig. 33). São ainda visíveis aspetos de intensa caulinização deste

mineral, como se pode observar na figura 30.

A moscovite é subédrica, com raras faces de clivagem, ocorre no

preenchimento de microfraturas e ainda paralelamente à biotite ou em substituíção

desta (Fig. 34 e 35). Para além de moscovite primária, é notória a existência de

moscovite com origem na moscovitização da biotite (Fig. 34 e 35) e plagioclase, em

que a moscovite se desenvolve ao longo das suas clivagens (Fig. 30 e 31) e ainda, os

já anteriormente referidos intercrecimentos simplectíticos de moscovite no contacto

com o quartzo, admitindo-se deste modo, três gerações distintas deste mineral.

A biotite está presente sob a forma de cristais de tendência anédrica, de forte

pleocroismo (y = β = castanho avermelhado; α = amarelo-palha). Encontra-se

intensamente cloritizada (muito mais do que a lâmina anterior) (Fig. 36 e 37), e

inclusos, são vísiveis cristais de zircão e apatite com halos pleocróicos.

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Plg

Bt

FK

Serc

Fig. 30 e 31: Plagioclase (Plg) exibindo macla polissintética, com inclusões de moscovite secundária (moscovitização) e cristal de

feldspato potássico (FK) intensamente caulinizado. Na Fig. 31 é vísivel um aspeto de sericitização (Serc) e moscovitização da

plagioclase, em que a moscovite se desenvolve ao longo das suas clivagens. Imagens em NX.

Fig. 32: Macla em xadrez da microclina. Imagem em NX.

Fig. 33: Microclina com vénulas de albite (pertites). Imagem

em NX.

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Mo

Bt

Bt

Mo

Fig. 34 e 35: Cristais de biotite (Bt) com visíveis halos pleocróicos, e de moscovite (Mo). Substituíção da biotite pela moscovite

(moscovitização). Imagem em N// (Fig. 34) e em NX (Fig. 35).

Bt

Bt

Fig. 36 e 37: Biotite (Bt) intensamente cloritizada. Imagem em NX (Fig. 36) e em N// (Fig. 37).

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95

6.5. Ensaio de Velocidade de Propagação dos

Ultra-Sons

O ensaio de ultra-sons consiste na determinação da velocidade de propagação

dum impulso ultra-sónico, entre dois pontos, tendo em vista a obtenção da informação

sobre as características dos elementos ensaiados (Mendonça, 2007). Trata-se de um

ensaio bastante proveitoso, pois permite avaliar as características dos materiais de

forma não destrutiva, sendo por isso, muito utilizado na caracterização petrofísica das

rochas, uma vez que é extremamente sensível à porosidade, à fissuração e ao grau de

interligação entre os poros e as fissuras, sendo indicado para a previsão dos

resultados de outros ensaios e para a estimativa do grau de meteorização.

Baseia-se no princípio da propagação das ondas elásticas, segundo o qual a

sua velocidade de propagação depende das propriedades elásticas do meio (Gomes,

1995). Esta velocidade de propagação é tanto maior quanto mais denso for o material,

uma vez que a onda se propaga por vibração das partículas sólidas que o constituem.

Assim, é possível detetar alterações significativas nas características dos materiais

ensaiados, através da variação da velocidade de transmissão.

O ensaio é realizado com a emissão de vibrações acústicas da mesma

natureza que o som, mas com uma frequência superior (acima de 20 kHz), que

atravessam os materiais. Apesar de serem produzidas ondas de compressão (P),

ondas de corte (S) e ondas de superfície (R), são as primeiras as que permitem tirar

conclusão, pois propagam-se bastante mais rapidamente que as outras e provocam

deslocamentos nas partículas segundo a sua direção de propagação (Brito, 1987).

A aplicação da determinação da velocidade de propagação dos ultra-sons aos

materiais rochosos, tal como sugerido pela ISRM "International Society for Rock

Mechanics" (1978), foi realizada com um equipamento da marca CONTROLS, modelo

58-E0048 (Fig. 38) que emite um impulso elétrico de baixa frequência ultra-sónica.

Este impulso é conduzido a um transmissor emissor e depois de atravessar o corpo

ensaiado, é captado por outro transmissor recetor, onde é transformado novamente

num impulso elétrico e conduzido de volta à unidade central. O ensaio inicia-se com a

colocação dos transdutores em contacto com o material a ensaiar, que por sua vez,

podem ser aplicados em três posições diferentes: transmissão direta, transmissão

semi-direta e transmissão indireta, como é possível observar na figura 39.

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96

Normalmente, a transmissão direta é a mais adequada uma vez que a máxima

energia do impulso é transmitida segundo a direção normal ao transdutor emissor e o

comprimento do percurso pode ser medido com maior precisão (Nepomuceno, 1999).

No caso da aplicação em revestimentos de paredes, esta não é, obviamente, uma

situação possível, pelo que se adota normalmente o método indireto, embora conduza

a uma maior incerteza nos resultados (Santos et al., 2003). Neste caso, a velocidade

de propagação das ondas é uma velocidade “aparente”, uma vez que o percurso das

ondas está sujeito a maior incerteza e se aceita geralmente para o mesmo a distância

entre transdutores. Para a elaboração deste ensaio utilizaram-se as posições de

transmissão direta e indireta.

Fig. 39: Possíveis posições dos transdutores. a) transmissão direta, b) transmissão semi-direta e c) transmissão

indireta. Retirado de Controls Instruction Manual.

Fig. 38: Equipamento de medição da velocidade de propagação dos ultra-sons.

Retirado de Controls Instruction Manual.

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O tempo gasto no percurso é medido pela unidade central, permitindo assim

calcular a velocidade através da equação: V = L

T , em que V é a velocidade aparente

de propagação (m/s), L é a distância entre transdutores (m) e T é o tempo de transição

entre transdutores (s). Os resultados devem ser arredondados aos 0,01 m/s.

6.5.1. Resultados

O ensaio realizou-se em quatro provetes como é possível observar na figura

40. Dois representativos da amostra AA_1 e dois de AA_2. Como já foi referido

anteriormente, foram submetidos a posições de transmissão direta e indireta, através

das quais se obteve valores diferentes de T. Quanto a L , para o método direto bastou

uma medição do comprimento dos provetes, uma vez que os transdutores iriam ser

colocados nos seus extremos (Fig. 41). Para o método indireto, a distância entre

transdutores foi calculada entre o ponto médio de cada um, sendo certo, que estes

foram colocados numa das faces do provete como mostra a figura 42.

Obteve-se assim os seguintes resultados, de acordo com os quadros 1 e 2.

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Fig. 41: Ensaio, usando transmissão direta.

Fig. 40: Provetes usados no ensaio.

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Quadro 1: Resultados do ensaio de velocidade de propagação dos ultra-sons, usando o método direto.

Quadro 2: Resultados do ensaio de velocidade de propagação dos ultra-sons, usando o método indireto.

Amostras AA_1 AA_2

AA_1 a AA_1 b AA_2 a AA_2 b

L (m) 0,194 0,194 0,194 0,194

T (s) 3,10 x 10-5

3,04 x 10-5

3,91 x 10-5

3,91 x 10-5

V (m/s) 625,81 638,16 496,16 496,16

Amostras AA_1 AA_2

AA_1 a AA_1 b AA_2 a AA_2 b

L (m) 0,150 0,150 0,150 0,150

T (s) 2,67 x 10-5

2,67 x 10-5

3,82 x 10-5

3,82 x 10-5

V (m/s) 561,80 561,80 392,67 392,67

Fig. 42: Ensaio, usando transmissão indireta.

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100

6.5.2. Discussão dos Resultados

Os valores obtidos para este ensaio, quando comparados, por exemplo, com

estudos sobre o Granito do Porto realizados por Begonha (1997, 2001), que obteve

valores de velocidade de propagação dos ultra-sons entre 2090 m/s a 3570 m/s, os

resultados aqui obtidos são muito baixos. Esta incoerência pode ser explicada pelo

facto de o tamanho dos provetes ensaiados ser ligeiramente inferior ao diâmetro dos

transdutores, dando origem a que as ondas emitidas circulassem para fora do provete,

provocando esta discrepância. Uma outra explicação, poderá estar relacionada com o

tipo de acoplamento entre os transdutores e o provete, o que veio a resultar numa

variação dos resultados obtidos. Contudo, é notória a diferença de resultados entre os

dois tipos de granito, podendo concluir-se e comprovar-se que AA_1 se encontrava

menos alterada que AA_2. A velocidade de propagação dos ultra-sons é maior em

AA_1, o que indica uma densidade igualmente maior, quando comparada com AA_2.

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101

6.6. Ensaio de Carga Pontual

A determinação da resistência à compressão simples da rocha recorrendo a

ensaios de compressão uniaxial é uma tarefa que requer especiais e morosos

cuidados na preparação das amostras e condução dos ensaios. Em certos casos, o

número de ensaios requeridos para determinar as propriedades dum vasto leque de

tipos de rocha referentes a um projeto pode assumir um valor extremamente elevado.

Existem outros casos em que a resistência à compressão simples e o comportamento

tensão-deformação não necessita de ser estudado em detalhe, bastando o

conhecimento aproximado do valor da resistência. Nestas circunstâncias, haverá

vantagem em recorrer a ensaios bastante mais simples e económicos que o ensaio de

compressão uniaxial, desde que os resultados destes ensaios possam fornecer

índices correlacionáveis com a resistência à compressão das rochas.

Um método alternativo de aferir a resistência à compressão simples das rochas

consiste na determinação do índice de resistência ou índice de carga pontual através

do ensaio de carga pontual também conhecido por ensaio Franklin. O ensaio tem um

procedimento sugerido pela ISRM (1985) e consiste em provocar a rotura de amostras

de rochas, aplicando uma força pontual crescente, usando-se para esse efeito um

equipamento da marca Controls, modelo 45-D0550/D (Fig. 43). A amostra de rocha é

comprimida entre duas ponteiras cónicas de metal duro, que provocam a rotura por

desenvolvimento de fissuras de tração paralelas ao eixo da carga, sendo registado o

valor da carga P (Força máxima aplicada em KN) que provoca a rotura, mas antes é

ainda medida a distância D entre as ponteiras. Com este ensaio, obtém-se a

resistência à carga pontual Is (50), valor que é um índice de resistência que permite

prever certos parâmetros, com ele relacionados, como são os casos das resistências à

tração e à compressão uniaxiais (Bastos de Pinho, 2003).

Como padrão, o índice de carga pontual é definido para o ensaio realizado

sobre provetes cilíndricos de rocha com diâmetro D igual a 50 mm, em que a aplicação

da carga P é feita na direção diametral, no entanto podem ainda ser testados não só

provetes cilíndricos comprimidos diametralmente, mas também axialmente, e ainda

provetes com outras formas, regulares ou irregulares. Para estes casos será

necessário definir um diâmetro equivalente De correspondente a uma secção circular

com área igual à da secção transversal do provete ensaiado, sendo o índice de carga

pontual normalizado calculado a partir desse valor.

A resistência à carga pontual não corrigida Is é calculada por P/De2 em que P é

a força aplicada na rotura e De é o diâmetro equivalente do tarolo que em ensaios

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102

diametrais é dado por De2 = D2 e em ensaios axiais, de blocos e massas irregulares é

dado por De2 = 4 A/ π em que A = W D (mínima área de secção transversal de um

plano que passa pelos pontos de contacto das ponteiras cónicas).

O índice de resistência à carga pontual corrigido Is (50), é definido como o valor

de Is que teria sido determinado num ensaio diametral com D = 50 mm ou próximo.

Pelo motivo de Is variar em função de D é necessário fazer a correção da grandeza

quando a amostra tiver um diâmetro diferente de 50 mm, obtendo-se desse modo, um

valor normalizado para o ensaio que poderá ser utilizado para classificar a resistência

do material rochoso. Esta correção é feita através da expressão Is (50) = F x Is em que F

é o fator de correção da grandeza que é calculado por F =(D/50)0,45.

Fig. 43: Equipamento usado no ensaio de carga

pontual.

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103

6.6.1. Resultados

Este ensaio incidiu sobre quatro provetes cúbicos como é possível observar na

figura 44. Dois representativos da amostra AA_1 e dois de AA_2. As amostras foram

então inseridas entre as ponteiras cónicas do equipamento, realizando-se o ensaio tal

como mostram as figuras 45 e 46, e foram medidas as dimensões necessárias para

cálculos posteriores e obtidos os valores da força máxima aplicada (P), representados

no quadro 3.

O ensaio só é válido se o plano de rotura passar pelos dois pontos de

aplicação de carga, facto este que se verificou, como mostra a figura 47. Para que os

ensaios sejam representativos, devem ser realizados pelo menos 10 ensaios por

amostra, calculando-se o valor representativo da resistência à carga pontual, em que é

usual eliminarem-se os dois resultados mais elevados e os dois mais baixos, após o

que se determina a média com os restantes 6 valores. Este parâmetro não se verifica

no caso em estudo, uma vez que não havia amostra suficiente que permitisse essa

quantidade de ensaios.

Fig. 44: Provetes cúbicos usados no ensaio.

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104

Fig. 47: Ensaio considerado válido.

Fig. 45 e 46: Aspetos da realização do ensaio.

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105

6.6.2. Discussão dos Resultados

Segundo a classificação do quadro 4, para o índice de resistência à carga

pontual, a amostra AA_1 apresenta uma resistência elevada, enquanto AA_2

apresenta uma resistência baixa. Os valores obtidos encontram-se de acordo com as

características do material que cada um dos dois tipos de granito tem vindo a exibir.

Amostras AA_1 AA_2

AA_1 a AA_1 b AA_2 a AA_2 b

D (m) 0,051 0,051 0,049 0,049

W (m) 0,048 0,048 0,054 0,054

P (KN) 17,72 14,86 3,74 5,52

Pmédio (KN) 16,29 4,63

Is (KPa) 5091 1362

Is (50) (KPa) 5381 1460

Quadro 3: Resultados do ensaio de carga pontual.

Amostras AA_1 AA_2

AA_1 a AA_1 b AA_2 a AA_2 b

D (m) 0,051 0,051 0,049 0,049

W (m) 0,048 0,048 0,054 0,054

P (KN) 17,72 14,86 3,74 5,52

Pmédio (KN) 16,29 4,63

Is (KPa) 5091 1362

Is (50) (KPa) 5381 1460

Quadro 4: Resultados do ensaio de carga pontual

Quadro 4: Classificação do índice de resistência à carga pontual. Retirado de Nilsen & Palmstrom, 2000.

Quadro 4: Resultados do ensaio de carga pontual

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106

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107

6.7. Ensaio de Resistência à Compressão

Uniaxial

A resistência à compressão uniaxial (σ) é uma propriedade caracterizada pela

tensão de rotura à compressão e que é influenciada por fatores de natureza interna,

tais como a textura, a mineralogia, o grau de meteorização, o grau de deterioração, a

porosidade e a anisotropia da rocha, assim como a quantidade de água presente. E

ainda fatores externos como a geometria do provete (forma, relação altura/diâmetro,

tamanho), a velocidade de deformação, as condições ambientais (temperatura,

humidade relativa, etc.) e o atrito entre os pratos da prensa e os topos do provete.

Este ensaio consiste em aplicar a um provete de rocha de geometria regular,

previamente preparado, uma força axial compressiva, entre os pratos de uma prensa,

até o levar à rotura, obtendo-se assim, o valor máximo de rotura.

Trata-se de um parâmetro fundamental na classificação de maciços rochosos,

que segundo Teles e Begonha (1998), aumenta com a existência de quartzo na rocha

e diminui com a presença das micas devido à sua clivagem pronunciada. De acordo

com o ISRM (1979), o ensaio foi realizado com um equipamento da marca

CONTROLS, modelo 50-C56L2, com uma prensa de controle hidráulico com

capacidade máxima de 3000 KN, um controlador digital Data Log e um painel de

controlo Wizard (Fig. 48).

Fig. 48: Equipamento usado no ensaio de

resistência à compressão uniaxial.

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108

6.7.1. Resultados

O ensaio realizou-se nos mesmos quatro provetes utilizados no ensaio de

velocidade de propagação dos ultra-sons. A elaboração deste ensaio permitiu

comparar os valores da resistência à compressão uniaxial (σ) obtidos, não sendo

possível calcular outros parâmetros mecânicos, tais como, as constantes elásticas do

material (módulo de deformabilidade ou módulo de Young, E, e o coeficiente de

Poisson, v), pois não foi utilizada a instrumentação específica necessária para esse

efeito. Nas figuras 49, 50 e 51 podemos observar alguns aspetos do ensaio, do qual

se obteve os resultados expressos no quadro 5.

Quadro 5: Resultados do ensaio de resistência à compressão uniaxial.

Amostras AA_1 AA_2

AA_1 a AA_1 b AA_2 a AA_2 b

σ (MPa) 119,7 114,1 74,8 73,7

Fig. 49, 50 e 51: Aspetos observados ao longo do ensaio.

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109

6.7.2. Discussão dos Resultados

Segundo a classificação das rochas a partir da sua resistência à compressão

(Quadro 6), verificamos para AA_1, que se trata de um granito muito resistente

segundo o ISRM “International Society for Rock Mechanics” (1981) enquanto AA_2 é

apenas resistente. Mais uma vez é notória a diferença entre os dois tipos de granitos

ensaiados, concluindo-se que AA_1 se encontra menos alterada que AA_2.

Quadro 6: Classificação das rochas a partir da sua resistência à compressão simples. Retirado de González De Vallejo,

2002.

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110

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111

Considerações Finais

Na sequência da exposição detalhada do trabalho que consta dos capítulos

anteriores, apresentam-se neste ponto as principais conclusões que dele foi possível

extrair, a seguir expostas.

Situada na margem direita do rio Douro, no norte de Portugal, no noroeste da

Península Ibérica, a cidade do Porto assenta sobre um maciço granítico cujos

afloramentos, fornecem a pedra para a edificação da cidade ao longo da sua história.

Situada nesta região, mais precisamente na Praça do Marquês de Pombal e assente

sobre esse mesmo maciço está a Igreja da Senhora da Conceição. Este monumento,

cuja edificação remonta ao século XX, foi construído principalmente com pedras de

dois tipos de granito, ambos pertencentes ao reconhecido e denominado Granito do

Porto, classificado no geral como um granito de duas micas, grão médio a grosseiro,

leucocrata e rara tendência porfiróide.

No sentido de caracterizar as litologias presentes na construção da igreja, com

especial incidência no seu exterior, realizou-se um pormenorizado estudo do granito.

Contudo, e apesar da impossibilidade de estudar outros materiais existentes, devido a

dificuldades relacionadas com dados da sua origem e proveniência, é de salientar a

predominância de materiais como calcários e mármores no interior da igreja.

Era esperado que os granitos utilizados na construção da igreja,

apresentassem as mesmas características referidas anteriormente, facto que se veio a

verificar aquando do estudo macroscópico. Apesar das semelhanças, observa-se uma

diferença na cor. Deste modo, um dos granitos apresenta cor branca acinzentada e o

outro, uma cor amarela esbranquiçada a amarela acastanhada. Ambos estão

designados comercialmente por Branco Porto e Amarelo Porto respetivamente,

verificando-se que a divergência de cor pode relacionar-se com a alteração na zona

superficial sofrida pelo granito Branco Porto, uma vez que os dois são provenientes da

mesma região (S. Gens). Através da observação da igreja e de alguns dados

fornecidos concluiu-se que no seu exterior foi utilizado sobretudo o granito Amarelo

Porto, enquanto na sua estrutura interna foi mais utilizado o tipo Branco Porto.

Da análise petrográfica, vemos que o granito é constituído essencialmente por

quartzo, plagioclase sódica, microclina, moscovite e biotite, tendo-se observado zircão

e apatite como os minerais acessórios mais frequentes. Mais uma vez, esta

associação mineralógica e as características petrográficas permitem considerá-lo

semelhante ao Granito do Porto. Verifica-se através desta análise, que ambos os tipos

FCUP Estudo da Pedra Aplicada na Igreja da Senhora da Conceição (Porto)

112

de granito apresentam sinais de alteração herdados da pedreira, e que se traduzem

em fenómenos de alteração hidrotermal, designadamente a caulinização e albitização

do feldspato potássico, a moscovitização da plagioclase e da biotite, a cloritização da

biotite e a sericitização da plagioclase. Estes fenómenos de alteração são mais

intensos no granito Amarelo Porto. O facto de as pedras utilizadas na edificação da

Igreja da Senhora da Conceição já se encontrarem meteorizadas, é usual nos

monumentos construídos em granitos de duas micas do norte de Portugal, referido por

diversos autores em estudos anteriores.

Com o estudo e determinação de parâmetros físicos como a velocidade de

propagação dos ultra-sons, a carga pontual e a resistência à compressão uniaxial,

foram retiradas algumas conclusões. No ensaio de velocidade de propagação dos

ultra-sons, os valores alcançados foram relativamente baixos, não sendo possível

correlacioná-los com os valores obtidos por Begonha (1997, 2001). Este facto pode

derivar do tamanho dos provetes ser ligeiramente menor que o tamanho dos

transdutores, levando a que as ondas emitidas circulassem para fora do material

ensaiado. Outra explicação poderá estar relacionada com o modo de acoplamento

entre os transdutores e o provete. Este tipo de fatores pode ter influenciado os

resultados e por isso se obteve valores mais baixos que os esperados. Futuramente e

para avaliar a veracidade destes resultados, servindo ainda como comparação dos

mesmos, o ensaio poderá ser realizado na pedreira de onde foram extraídas as

amostras (S. Gens) e na Igreja da Senhora da Conceição. Neste estudo foram usados

dois métodos de realizar o ensaio de velocidade de propagação dos ultra-sons e

obtiveram-se valores de 626 m/s e 638 m/s no granito Branco Porto, e 496 m/s no

granito Amarelo Porto para o método direto. Quanto ao método indireto os valores

foram de 562 m/s no granito Branco Porto e 393 m/s no granito Amarelo Porto. Na

carga pontual obtiveram-se valores de 5381 KPa para o granito Branco Porto e 1460

KPa para o granito Amarelo Porto. A resistência à compressão uniaxial está

compreendida entre 114 MPa e 120 MPa para o granito Branco Porto e entre 73 MPa

e 74 MPa para o granito Amarelo Porto.

Confirma-se com estes ensaios o grau de alterabilidade dos dois tipos de

granito. Tal como esperado, o granito branco acinzentado encontra-se menos alterado

e portanto oferece valores maiores de resistência à compressão, carga pontual e

velocidade de propagação dos ultra-sons. O contrário se verificou para o granito

amarelo esbranquiçado a amarelo acastanhado, uma vez que este se encontra

bastante mais alterado.

Pode concluir-se, através dos resultados práticos obtidos que ambos os

granitos já apresentavam fenómenos de alteração herdados das pedreiras, ou seja,

FCUP Estudo da Pedra Aplicada na Igreja da Senhora da Conceição (Porto)

113

estes granitos encontravam-se meteorizados aquando da sua aplicação, uma vez que

as amostras usadas nesta análise não foram exemplares retirados diretamente da

igreja. De facto, a exploração de pedreiras com vista à edificação de monumentos

históricos, particularmente de granito, incidia em zonas superficiais mais acessíveis

nas quais a rocha já se encontrava moderadamente alterada permitindo maior

facilidade no seu trabalho pelos artífices e pedreiros, razão pela qual, na maioria dos

casos estudados, as pedras utilizadas em construção já possuem diversos graus de

meteorização herdados das pedreiras. Estes efeitos podem ser muito significativos

para as propriedades dos materiais e processos de alteração que a pedra

eventualmente exibirá a partir do momento em que é incorporada na obra de

alvenaria.

No monumento, para além da visível coloração de amarelo escuro relativa à

oxidação do ferro presente na biotite, foram poucos os aspetos de deterioração

encontrados, apenas se observando alguma fissuração e desagregação granular.

Estes tipos de patologias foram observados essencialmente nos muros laterais da

escadaria de acesso à entrada principal da igreja. Não foi possível um estudo mais

aprofundado sobre esta temática, devido principalmente à impossibilidade de recolha

de amostra no edifício e também porque se verificou uma idade muito recente da

igreja, facto que se demonstrou na falta de aspetos relevantes de deterioração, por

comparação com outros estudos anteriormente realizados, em que foram detetados

vários tipos de patologias, permitindo assim, a realização de uma cartografia das

litologias e deteriorações presentes.

O estudo da deterioração de diversos monumentos graníticos da cidade do

Porto já foi tema de vários trabalhos que têm permitido confirmar os seguintes

aspetos: os minerais de sais solúveis, cuja principal fonte são as águas da chuva e a

poluição do ar, derivada essencialmente das indústrias e do tráfego automóvel

constituem a principal causa de deterioração dos monumentos graníticos do Porto; a

cristalização de minerais de sais solúveis em áreas de forte evaporação causam o

desenvolvimento de tensões responsáveis pela deterioração da pedra, sendo este

mecanismo por sua vez responsável pela génese da desagregação granular, placas e

plaquetas; a deposição a seco de poluentes do ar é responsável pela génese de filmes

negros e de crostas negras, que se formam respetivamente em áreas expostas e em

áreas abrigadas das fachadas dos edifícios; as crostas negras formam-se quando os

minerais de sais solúveis cristalizam na superfície exterior das pedras, contribuindo

essencialmente para o aspeto inestético do edifício sendo basicamente constituídas

por cristais de gesso e partículas do ar; os filmes negros são desprovidos de sais

solúveis ou exibem pequenas quantidades de gesso.

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114

Daqui se conclui, que os tipos de deterioração da pedra mais frequentes no

património construído encontram-se relacionados com fatores extrínsecos (climáticos,

ambientais, antropogénicos) e intrínsecos (petrogenéticos, texturais, composicionais)

As agressões atmosféricas e ambientais têm acelerado a degradação da pedra dos

monumentos do centro histórico da cidade e, na generalidade, dos monumentos

nacionais.

Os processos de deterioração podem ser minimizados, retardados ou mesmo

eliminados se se atender aos resultados dos estudos que têm vindo a ser efetuados. A

determinação das características petrográficas e petrofísicas (com ensaios físicos em

amostras de afloramentos semelhantes aos tipos de pedras utilizados nas obras) é

muito importante, pois permite o estudo das propriedades físicas dos materiais de

forma indireta, tendo em consideração as fortes restrições colocadas ao processo de

amostragem.

O estabelecimento de um inventário relacional do património construído com a

jazida de origem da sua pedra é importante ser efetuado. Esta situação favorecerá o

restauro e conservação por substituição direta de certos elementos de pedra. Permitirá

ainda executar prioridades, ou fazendo estudos sobre alterabilidade de vários tipos de

rocha quer em ambientes naturais quer em ambientes artificiais em laboratório que

simulem em ritmo acelerado certos cenários ambientais da atualidade, de modo a

efetuar melhores previsões de manutenção/conservação do património construído.

Esta dissertação faz referência a uma temática cada vez mais abordada,

devido à importância da preservação do património construído, contribuindo assim,

para divulgar à sociedade o granito da região do Porto como um inestimável

património arquitetónico e cultural . A geologia urbana é retratada neste estudo

realizado num edifício da cidade do Porto, como tantos outros já anteriormente

realizados, e que procura realçar a caracterização geológica, petrográfica e petrofísica

do Granito do Porto, tendo como exemplo, o granito utilizado no exterior da Igreja da

Senhora da Conceição, permitindo deste modo, compreender a razão da aplicação

deste tipo de granito ao longo da história e evolução da própria cidade.

Este estudo, pode ainda ser alvo de consulta, num trabalho futuro, que procure

avaliar aspetos relacionados com outros materiais aplicados principalmente no interior

do edifício, uma vez que foi feita uma recolha de dados, que podem servir de base em

caso de posteriores estudos.

O facto de monumentos terem sobrevivido ao desaparecimento das civilizações

que os construíram, revela a resistência e durabilidade da pedra como material de

construção. No entanto, o decaimento do material pétreo é um problema real, atual e

de enorme relevância social. Edifícios como a Igreja da Senhora da Conceição

FCUP Estudo da Pedra Aplicada na Igreja da Senhora da Conceição (Porto)

115

representam marcos ímpares na vida das cidades onde se localizam, pois para além

da sua singular beleza, encerram também aspetos religiosos, históricos, culturais e

geológicos. O desafio da geração presente é estar à altura da difícil tarefa de

preservar o património edificado, para que este possa vir a ser também desfrutado

pelas gerações futuras.

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116

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