estudo da estabilidade de compostos bioativos do fruto e da polpa de acerola submetidos a processos...

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  • 7/24/2019 Estudo da estabilidade de compostos bioativos do fruto e da polpa de acerola submetidos a processos de congela

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    ESTUDO DA EST

    FRUTO E DA P

    SUBMETID

    A

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE S

    R -REITORIA DE PS-GRADUA O

    ROGRAMA DE P S-GRADUAO ETECNOLOGIA DE ALIMENT

    ABILIDADE DE COMPOSTOS BI

    LPA DE ACEROLA (Malpighia em

    OS A PROCESSOS DE CONGELA

    CRIOGNICO E MECNICO

    a Carolina Moura de Sena Aquino

    SO CRISTVO-SE

    Novembro/2009

    RGIPE

    E PESQUISA

    CI NCIA EOS

    OATIVOS DO

    arginataD.C.)

    MENTO

  • 7/24/2019 Estudo da estabilidade de compostos bioativos do fruto e da polpa de acerola submetidos a processos de congela

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    ESTUDO DA EST

    FRUTO E DA P

    SUBMETID

    A

    Orientador: Prof. Dr.

    Agncia Financiadora:

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE S

    R -REITORIA DE PS-GRADUA O

    ROGRAMA DE P S-GRADUAO ETECNOLOGIA DE ALIMENT

    ABILIDADE DE COMPOSTOS BI

    LPA DE ACEROLA (Malpighia em

    OS A PROCESSOS DE CONGELA

    CRIOGNICO E MECNICO

    a Carolina Moura de Sena Aquino

    Dissertao apresentada ao Progra

    em Cincia e Tecnologia de Alim

    parcial obteno do ttulo de ME

    E TECNOLOGIA DE ALIMENTO

    lessandra Almeida Castro

    APITEC-SE

    SO CRISTVO-SE

    Novembro/2009

    RGIPE

    E PESQUISA

    CI NCIA EOS

    OATIVOS DO

    arginataD.C.)

    MENTO

    a de Ps-Graduao

    ntos como requisito

    TRE EM CINCIA

    .

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    i

    DEDICOA meu marido Tiago, pelo apoioinestimvel para a concretizao

    deste trabalho.

    VITAE DO CANDIDATO

    Engenheira de Alimentos pela Universidade Federal de Sergipe (2007).

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    ii

    AGRADECIMENTOS

    A meu Deus, Senhor da minha vida, por permitir que tudo isso fosse possvel e me darforas a todo instante para persistir nos meus sonhos... A Ele toda Glria, Honra e

    Louvor!

    A meu amado marido Tiago, aquele que mais me apoiou e me incentivou a buscar os

    meus sonhos, e que no mediu esforos para me acompanhar nessa jornada. Te amo!

    queles to importantes na minha vida: minha me Rose Mary, meu pai Evnio, meus

    irmos Luiza e Andr, minha tia Rilza, pelo apoio incondicional.

    A meu sobrinho Lucas, que recentemente trouxe uma luz especial e intensa para meuviver.

    minha orientadora, Profa. Dra. Alessandra Almeida Castro, pela confiana e por

    todos os ensinamentos. Muito obrigada!

    Ao Prof. Dr. Paulo Srgio Marcellini, pela colaborao na realizao e orientao das

    anlises sensoriais.

    A todos os professores do NUCTA, especialmente ao Prof. Dr. Marcelo Augusto

    Gutierrez Carnelossi pela colaborao para realizao dos experimentos.Aos colegas de laboratrio, Raisa, Flvia, Karina, Ncia, Mariana, Julianna, Joice e

    Andr (na busca pelo nitrognio), pela ajuda e apoio, sem os quais tudo seria mais

    difcil. Em especial, s colegas Aline e Izabel pela realizao, sem medir esforos, das

    tantas anlises sensoriais. Minha eterna gratido a todos!

    A minha querida amiga Moema Florzona pelas palavras de carinho e incentivo para

    continuar a caminhada.

    A todos os colegas de mestrado pela convivncia e contribuio para meu crescimento

    profissional.

    FAPITEC-SE pela concesso da bolsa.

    banca examinadora, pelas correes e sugestes.

    A melhor recompensa ao realizar uma tarefa sentir que o possvel foi feito, e no

    final a sensao do dever cumprido.Agradeo a todos, que de alguma forma contriburam para a realizao desse

    trabalho.

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    iii

    SUMRIO

    NDICE DE FIGURAS .................................................................................................. vii

    NDICE DE TABELAS .................................................................................................... x

    NDICE DE NOMENCLATURA ................................................................................ xiv

    RESUMO GERAL ........................................................................................................ xv

    GENERAL ABSTRACT ............................................................................................. xvii

    INTRODUO GERAL .................................................................................................. 1

    CAPTULO 1 ESTUDO DA ESTABILIDADE DE FRUTOS DE ACEROLA

    (Malpighia emarginata D.C.) CONGELADOS POR MTODOS CONVENCIONAL E

    CRIOGNICO .................................................................................................................. 3

    RESUMO .............................................................................................................. 3

    ABSTRACT .......................................................................................................... 4

    1.

    INTRODUO ...................................................................................................... 5

    2. REVISO BIBLIOGRFICA ................................................................................ 7

    2.1. Acerola ........................................................................................................... 7

    2.2. Compostos bioativos .................................................................................... 10

    2.3. cido ascrbico ............................................................................................ 11

    2.4. Pigmentos naturais em frutas ....................................................................... 14

    2.5. Cor instrumental ........................................................................................... 14

    2.6. Congelamento ............................................................................................... 15

    2.6.1. Congelamento criognico ................................................................. 18

    3. MATERIAL E MTODOS ................................................................................. 20

    3.1. Processo de obteno e conservao das amostras ........................................ 20

    3.2. Curvas de congelamento dos frutos de acerola .............................................. 24

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    iv

    3.3. Caracterizao fsica dos frutos...................................................................... 25

    3.4. Anlises fsico-qumicas e qumicas dos frutos de acerola ........................... 25

    3.5. Anlises microbiolgicas .............................................................................. 28

    3.6. Anlise estatstica dos resultados ................................................................... 28

    4. RESULTADOS E DISCUSSO .......................................................................... 29

    4.1. CARACTERIZAO FSICA DOS FRUTOS DE ACEROLA ................... 29

    4.2. CURVAS DE CONGELAMENTO DOS FRUTOS DE ACEROLA ........... 30

    4.3. CARACTERIZAO FSICO-QUMICA E QUMICA DOS FRUTOS DEACEROLA ............................................................................................................ 32

    4.4. ESTUDO DA ESTABILIDADE DOS FRUTOS DE ACEROLA ................ 34

    4.4.1. pH ......................................................................................................... 34

    4.4.2. Acidez total titulvel ............................................................................ 35

    4.4.3. Slidos solveis .................................................................................... 37

    4.4.4. Umidade ............................................................................................... 38

    4.4.5. cido ascrbico ................................................................................... 38

    4.4.6. Carotenides totais ............................................................................... 40

    4.4.7. Antocianinas totais ............................................................................... 42

    4.4.8. Cor instrumental ................................................................................... 44

    4.4.9. Anlises microbiolgicas ..................................................................... 47

    5. CONCLUSES ..................................................................................................... 49

    6. SUGESTES PARA PESQUISAS FUTURAS ................................................. 50

    CAPTULO 2 ESTUDO DA ESTABILIDADE DE POLPA DE ACEROLA

    (Malpighia emarginata D.C.) CONGELADA POR MTODOS CONVENCIONAL E

    CRIOGNICO ................................................................................................................ 51

    RESUMO ............................................................................................................ 51

    ABSTRACT ........................................................................................................ 52

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    v

    1. INTRODUO .................................................................................................... 53

    2. REVISO BIBLIOGRFICA.............................................................................. 55

    2.1. Polpa de acerola .......................................................................................... 55

    2.2. Carotenides ................................................................................................ 56

    2.3. Antocianinas ................................................................................................ 57

    2.4. Congelamento de polpa de frutas ................................................................ 59

    2.4.1. Congelamento criognico .............................................................. 60

    2.5. Anlise sensorial ......................................................................................... 60

    3. MATERIAL E MTODOS ................................................................................. 62

    3.1. Processo de obteno e conservao das amostras ........................................ 63

    3.2. Curvas de congelamento das polpas de acerola ............................................. 66

    3.3. Anlises fsica, fsico-qumicas e qumicas da polpa de acerola .................. 67

    3.4. Anlises microbiolgicas .............................................................................. 69

    3.5. Anlise sensorial ........................................................................................... 69

    3.6. Anlise estatstica dos resultados ................................................................... 71

    4. RESULTADOS E DISCUSSO .......................................................................... 73

    4.1. CURVAS DE CONGELAMENTO DA POLPA DE ACEROLA .............. 73

    4.2. ANLISES FSICAS, FSICO-QUMICAS DA POLPA DE ACEROLAIN

    NATURA 76

    4.3. ESTUDO DA ESTABILIDADE DA POLPA DE ACEROLA................... 78

    4.3.1. pH ................................................................................................... 78

    4.3.2. Acidez total titulvel ...................................................................... 79

    4.3.3. Slidos solveis ............................................................................. 81

    4.3.4. Densidade ....................................................................................... 81

    4.3.5. Umidade ......................................................................................... 83

    4.3.6. cido ascrbico ............................................................................. 84

    4.3.7. Carotenides totais ......................................................................... 85

    4.3.8. Antocianinas totais ......................................................................... 88

    4.3.9. Cor instrumental ............................................................................. 91

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    4.3.10.Anlises microbiolgicas ............................................................... 96

    4.3.11.Anlise sensorial ............................................................................ 98

    5.

    CONCLUSES .................................................................................................. 1066. SUGESTES PARA PESQUISAS FUTURAS ................................................ 107

    CONCLUSO GERAL ................................................................................................ 108

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ......................................................................... 109

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    vii

    NDICE DE FIGURAS

    Figura 1.1. Fruto de acerola maduro 7Figura 1.2. Mecanismo de converso do cido ascrbico (I) em cido

    dehidroascrbico (II) e este em cido 2,3-dicetogulnico (III) 12

    Figura 1.3. Espao de cor CIELAB 15

    Figura 1.4. Curva de temperatura para um produto durante o congelamento 16

    Figura 1.5. Fluxograma de obteno e conservao das amostras de frutos de

    acerola 21

    Figura 1.6. Amostras de frutos de acerola antes da etapa de congelamento 22Figura 1.7. Esquema de botijo criognico para congelamento dos frutos de

    acerola por imerso em vapor de nitrognio 23

    Figura 1.8. Esquema de botijo criognico para congelamento dos frutos de

    acerola por imerso em nitrognio lquido 23

    Figura 1.9. Curva de congelamento de fruto de acerola por frio mecnico a -

    22,1C 30

    Figura 1.10. Curva de congelamento de fruto de acerola por imerso em vaporde nitrognio a -180,9C 31

    Figura 1.11. Curva de congelamento de fruto de acerola por imerso em

    nitrognio lquido a -196,2C 32

    Figura 1.12. Reduo de carotenides totais dos frutos de acerola

    armazenados por 60 dias a -22,1C aps o mtodo de

    congelamento: (A) convencional a -22,1C, (B) por imerso em

    vapor de N2 a -180,9C e (C) por imerso em N2 lquido a -196,2C 41

    Figura 1.13. Reduo de antocianinas totais dos frutos de acerola

    armazenados por 60 dias a -22,1C aps o mtodo de

    congelamento: (A) convencional a -22,1C, (B) por imerso em

    vapor de N2 a -180,9C e (C) por imerso em N2 lquido a -

    196,2C 43

    Figura 1.14. Alteraes nos parmetros de cor (A) a*, (B) b* e (C) L* dos

    frutos de acerola congelados por diferentes mtodos em funo

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    viii

    do tempo de armazenamento a -22,1C 45

    Figura 1.15. Alteraes nos parmetros de cor (A) C* (chroma) e (B) h

    (ngulo hue) dos frutos de acerola congelados por diferentesmtodos em funo do tempo de armazenamento a -22,1C 46

    Figura 2.1 Estrutura da antocianina cianidina 3-glucosdeo 58

    Figura 2.2. Frutos de acerola utilizados neste estudo 62

    Figura 2.3. Fluxograma de obteno e conservao das amostras de polpa de

    acerola 63

    Figura 2.4. Amostras de polpas de acerola antes da etapa de congelamento 64

    Figura 2.5. Esquema de botijo criognico para congelamento das polpas deacerola por imerso em vapor de nitrognio 65

    Figura 2.6. Esquema de botijo criognico para congelamento das polpas de

    acerola por imerso em nitrognio lquido 65

    Figura 2.7. Teste de aceitao com escala hednica de nove pontos e teste de

    inteno de compra com escala de cinco pontos 70

    Figura 2.8. Curva de congelamento de polpa de acerola por frio mecnico a -

    22,1C 73

    Figura 2.9. Curva de congelamento de polpa de acerola por imerso em

    vapor de nitrognio a -178,6C 74

    Figura 2.10. Curva de congelamento de polpa de acerola por imerso em

    nitrognio lquido a -195,1C 75

    Figura 2.11. Variao da densidade (g.cm- ) em polpas de acerola, congeladas

    por diferentes mtodos, em funo do tempo de armazenamento

    a -22,1C 83

    Figura 2.12. Reduo de carotenides totais das polpas de acerola

    armazenadas por 120 dias a -22,1C aps o mtodo de

    congelamento: (A) convencional a -22,1C, (B) por imerso em

    vapor de N2 a -178,6C e (C) por imerso em N2 lquido a -

    195,1C 87

    Figura 2.13. Reduo de antocianinas totais das polpas de acerola

    armazenadas por 120 dias a -22,1C aps o mtodo de

    congelamento: (A) convencional a -22,1C, (B) por imerso em

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    ix

    vapor de N2 a -178,6C e (C) por imerso em N2 lquido a -

    195,1C 89

    Figura 2.14. Amostras de polpas de acerola, aps 120 dias de armazenamentoa -22,1C, congeladas pelo mtodo (A) convencional a -22,1C,

    (B) por imerso em vapor de N2 a -178,6C e (C) por imerso

    em N2 lquido a -195,1C 90

    Figura 2.15. Alteraes nos parmetros de cor (A) a*, (B) b* e (C) L* das

    polpas de acerola congeladas por diferentes mtodos em funo

    do tempo de armazenamento a -22,1C 92

    Figura 2.16. Alteraes nos parmetros de cor (A) C* (chroma) e (B) h(ngulo hue) das polpas de acerola congeladas por diferentes

    mtodos em funo do tempo de armazenamento a -22,1C 93

    Figura 2.17. Modelo cintico (A) de ordem zero e (B) de primeira ordem da

    variao do parmetro de cor a* nas polpas de acerola

    congeladas por diferentes mtodos e armazenadas a -22,1C por

    120 dias 94

    Figura 2.18. Modelo cintico de ordem zero da diferena total de cor (E*)

    nas polpas de acerola congeladas por diferentes mtodos em

    funo do tempo de armazenamento a -22,1C 96

    Figura 2.19. Percentual de inteno de compra para os sucos de acerola

    elaborados com polpas congeladas por diferentes mtodos e

    armazenadas a -22,1C nos tempos (A) 0, (B) 30, (C) 60, (D) 90

    e (E) 120 dias de armazenamento. 1 certamente no compraria,

    2 provavelmente no compraria, 3 tenho dvida se compraria

    ou no, 4 provavelmente compraria e 5 certamente compraria 102

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    x

    NDICE DE TABELAS

    Tabela 1.1. Pigmentos naturais em frutas e vegetais ......................................... 14

    Tabela 1.2. Comparao entre o congelamento com o nitrognio lquido e

    com o frio mecnico ....................................................................... 19

    Tabela 1.3. Caracterizao fsica dos frutos de acerola ................................... 29

    Tabela 1.4. Caracterizao fsico-qumica e qumica dos frutos de acerola .... 33

    Tabela 1.5. Valores de pH das amostras de frutos de acerola submetidos a

    diferentes mtodos de congelamento em funo do tempo dearmazenamento a -22,1C ............................................................. 35

    Tabela 1.6. Valores de acidez total titulvel (% de cido mlico) das

    amostras de frutos de acerola submetidos a diferentes mtodos de

    congelamento em funo do tempo de armazenamento a -22,1C 36

    Tabela 1.7. Valores de acidez total titulvel (% de cido ctrico) das amostras

    de frutos de acerola submetidos a diferentes mtodos de

    congelamento em funo do tempo de armazenamento a -22,1C 37

    Tabela 1.8. Valores de slidos solveis (Brix) das amostras de frutos de

    acerola submetidos a diferentes mtodos de congelamento em

    funo do tempo de armazenamento a -22,1C ............................. 37

    Tabela 1.9. Valores de umidade (%) das amostras de frutos de acerola

    submetidos a diferentes mtodos de congelamento em funo do

    tempo de armazenamento a -22,1C .............................................. 38

    Tabela 1.10. Teores de cido ascrbico (mg.100g- ) das amostras de frutos de

    acerola submetidos a diferentes mtodos de congelamento em

    funo do tempo de armazenamento a -22,1C ............................. 39

    Tabela 1.11. Teores de carotenides totais (g.100g- ) das amostras de frutos

    de acerola submetidos a diferentes mtodos de congelamento em

    funo do tempo de armazenamento a -22,1C ............................. 40

    Tabela 1.12. Teores de antocianinas totais (mg de cianidina 3-glicosdeo.100g-

    1) das amostras de frutos de acerola submetidos a diferentes

    mtodos de congelamento em funo do tempo de

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    xi

    armazenamento a -22,1C ............................................................. 42

    Tabela 1.13. Diferena total de cor (E*) em relao ao padro dos frutos de

    acerola congelados por diferentes mtodos e armazenados por 60dias a -22,1C ................................................................................ 47

    Tabela 1.14. Avaliao microbiolgica dos frutos de acerola congelados por

    diferentes mtodos em funo do tempo de armazenamento a -

    22,1C ............................................................................................ 48

    Tabela 2.1. Caracterizao fsica, fsico-qumica e qumica da polpa de

    acerola in natura............................................................................. 76

    Tabela 2.2. Valores de pH das amostras de polpas de acerola submetidas adiferentes mtodos de congelamento em funo do tempo de

    armazenamento a -22,1C ............................................................. 78

    Tabela 2.3. Valores de acidez total titulvel (% de cido mlico) das

    amostras de polpas de acerola submetidas a diferentes mtodos

    de congelamento em funo do tempo de armazenamento a -

    22,1C ............................................................................................ 80

    Tabela 2.4. Valores de acidez total titulvel (% de cido ctrico) das amostras

    de polpas de acerola submetidas a diferentes mtodos de

    congelamento em funo do tempo de armazenamento a -22,1C 80

    Tabela 2.5. Valores de slidos solveis (Brix) das amostras de polpas de

    acerola submetidas a diferentes mtodos de congelamento em

    funo do tempo de armazenamento a -22,1C ............................. 81

    Tabela 2.6. Valores de densidade (g.cm-3) das amostras de polpas de acerola

    submetidas a diferentes mtodos de congelamento em funo do

    tempo de armazenamento a -22,1C .............................................. 82

    Tabela 2.7. Valores de umidade (%) das amostras de polpas de acerola

    submetidas a diferentes mtodos de congelamento em funo do

    tempo de armazenamento a -22,1C .............................................. 84

    Tabela 2.8. Teores de cido ascrbico (mg.100g- ) das amostras de polpas de

    acerola submetidas a diferentes mtodos de congelamento em

    funo do tempo de armazenamento a -22,1C ............................. 85

    Tabela 2.9. Teores de carotenides totais (g.100g- ) das amostras de polpas

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    xii

    de acerola submetidas a diferentes mtodos de congelamento em

    funo do tempo de armazenamento a -22,1C ............................. 86

    Tabela 2.10. Teores de antocianinas totais (mg de cianidina 3-glicosdeo.100g-

    1) das amostras de polpas de acerola submetidas a diferentes

    mtodos de congelamento em funo do tempo de

    armazenamento a -22,1C ............................................................. 88

    Tabela 2.11. Parmetros cinticos e estatsticos da variao de a* nas polpas

    de acerola congeladas por diferentes mtodos e armazenadas por

    -22,1C .......................................................................................... 94

    Tabela 2.12. Diferena total de cor (E*) em relao ao padro das polpas deacerola congeladas por diferentes mtodos em funo do tempo

    de armazenamento a -22,1C ......................................................... 95

    Tabela 2.13. Avaliao microbiolgica das polpas de acerola congeladas por

    diferentes mtodos e armazenadas por 120 dias a -22,1C ........... 97

    Tabela 2.14. Notas sensoriais de aceitao da aparncia para os sucos de

    acerola elaborados com polpas congeladas por diferentes

    mtodos e armazenadas por 120 dias a -22,1C ............................ 98

    Tabela 2.15. Notas sensoriais de aceitao do aroma para os sucos de acerola

    elaborados com polpas congeladas por diferentes mtodos e

    armazenadas por 120 dias a -22,1C .............................................. 99

    Tabela 2.16. Notas sensoriais de aceitao do sabor para os sucos de acerola

    elaborados com polpas congeladas por diferentes mtodos e

    armazenadas por 120 dias a -22,1C .............................................. 99

    Tabela 2.17. Notas sensoriais de aceitao da consistncia para os sucos de

    acerola elaborados com polpas congeladas por diferentes

    mtodos e armazenadas por 120 dias a -22,1C 100

    Tabela 2.18. Notas sensoriais de aceitao da impresso global para os sucos

    de acerola elaborados com polpas congeladas por diferentes

    mtodos e armazenadas por 120 dias a -22,1C 100

    Tabela 2.19. Percentuais dos atributos que o provador mais gostou nos sucos

    de acerola elaborados com polpas de acerola congeladas por

    diferentes mtodos e armazenadas a -22,1C por 120 dias 103

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    xiii

    Tabela 2.20. Percentuais dos atributos que o provador menos gostou nos sucos

    de acerola elaborados com polpas de acerola congeladas por

    diferentes mtodos e armazenadas a -22,1C por 120 dias 104

  • 7/24/2019 Estudo da estabilidade de compostos bioativos do fruto e da polpa de acerola submetidos a processos de congela

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    xiv

    NDICE DE NOMENCLATURA

    L* Coordenada de luminosidade do sistema CIELAB ............. adimensional

    a* Coordenada de cromaticidade do sistema CIELAB ............. adimensional

    b* Coordenada de cromaticidade do sistema CIELAB ............. adimensional

    E* Diferena total de cor ............................................................ adimensional

    C* Chroma (saturao da cor) ................................................... adimensional

    h Hue angle (ngulo de tonalidade da cor) .............................

    T Temperatura do processo ...................................................... C

    P Desvio relativo mdio ........................................................... %

    R Coeficiente de determinao ................................................. %

    k Constante da reao .............................................................. dia-

    t1/2 Tempo de meia vida dia

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    xv

    ESTUDO DA ESTABILIDADE DE COMPOSTOS BIOATIVOS DOFRUTO E DA POLPA DE ACEROLA (Malpighia emarginataD.C.)

    SUBMETIDOS A PROCESSOS DE CONGELAMENTOCRIOGNICO E MECNICO

    ____________________________________________________________

    RESUMO GERAL

    A acerola (Malpighia emarginataD.C.) uma fruta bastante apreciada pela sua

    cor e tambm pelo seu alto teor de vitamina C, j estando entre os principais produtos

    visados para exportao da fruticultura brasileira. A mudana de cor, que passa do

    vermelho para amarelo, uma das principais alteraes observadas durante o

    armazenamento congelado de frutos de acerola. A criogenia se mostra vantajosa em

    relao ao congelamento convencional, pois a gua contida nas clulas ao se congelar

    rapidamente assegura a formao de cristais muito pequenos que produzem um menor

    dano na estrutura celular permitindo melhor manuteno da qualidade do produto. O

    Captulo 1 tratou do estudo da estabilidade de frutos inteiros de acerola congelados por

    mtodos convencional (frio mecnico a -22,1C) e criognicos (por imerso em vapor

    de nitrognio a -180,9C, N2(v) e em nitrognio lquido a -196,2C, N2(l)) durante o

    armazenamento a -22,1C por 60 dias. Os tempos mdios totais de congelamento dos

    frutos de acerola por frio mecnico, por N2(v) e por N2(l) foram, respectivamente, 3,5

    horas, 14 minutos e 4,5 minutos. Os mtodos criognicos propiciaram uma maior

    reteno de carotenides totais em relao ao frio mecnico, aps 60 dias, pois os frutos

    de acerola apresentaram redues de 7,64%, 5,20% e 4,75%, respectivamente, para as

    amostras congeladas convencionalmente, por N2(v) e por N2(l), respectivamente. At o60 dia, o mtodo convencional foi o que propiciou a maior reduo (16,64%) no teor

    de antocianinas totais dos frutos. Foram observados decrscimos dos parmetros a*, b*

    e C*, e aumento de L* e h, dos frutos de acerola, para todos os mtodos de

    congelamento, ao longo do armazenamento, sendo esses maiores para os frutos

    congelados convencionalmente. As amostras congeladas por N2(v) e N2(l) apresentaram

    os menores valores de E* em relao ao padro, ou seja, menor alterao na cor aps

    os 60 dias de armazenamento a -22,1C. No Captulo 2 avaliou-se o efeito do friomecnico (convencional a -22,1C) e de mtodos criognicos (imerso em N2(v) a -

  • 7/24/2019 Estudo da estabilidade de compostos bioativos do fruto e da polpa de acerola submetidos a processos de congela

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    xvi

    178,6C e imerso em N2(l)a -195,1C) na estabilidade de polpa de acerola durante o

    armazenamento por 120 dias a -22,1C. Os tempos mdios de congelamento da polpa de

    acerola por frio mecnico a -22,1C, por N2(v)a -178,6C e por N2(l)a -195,1C foram,respectivamente, 3,8 horas, 20 minutos e 3 minutos. Os teores de cido ascrbico se

    mantiveram estveis para todos os mtodos de congelamento, no entanto aps 90 dias

    de armazenamento, as polpas congeladas convencionalmente, por N2(v) e por N2(l)

    apresentaram redues de carotenides totais de 16,45%, 11,48% e 6,60%,

    respectivamente. Uma menor diferena de cor (E*) foi verificada para a amostra

    congelada por vapor de N2, sendo que a polpa congelada por N2(v)apresentou a maior

    reteno dos teores de antocianinas (91,50%) at o final do experimento, enquanto que aamostra imergida em N2(l)apresentou a menor reteno desses pigmentos (71,54%). Em

    relao aos resultados microbiolgicos, todas as amostras se encontravam de acordo

    com os valores mximos permitidos pela legislao vigente. Quanto ao teste de

    aceitao, os diferentes mtodos de congelamento no comprometeram a aceitabilidade

    dos sucos elaborados com as polpas. Diante dos resultados, o congelamento criognico

    por vapor de nitrognio se apresentou como boa alternativa para maior reteno dos

    pigmentos responsveis pela cor e bioatividade da polpa de acerola. A aplicao do

    congelamento criognico, tanto por imerso em vapor de N2como por N2lquido, antes

    do frio mecnico se mostrou vantajosa durante o armazenamento dos frutos de acerola,

    j para as polpas o vapor de nitrognio foi o melhor mtodo, pois propiciou uma maior

    manuteno dos seus pigmentos e tambm componentes bioativos.

    Palavras-chave: Malpighia emarginata D.C., congelamento, criogenia, polpa,

    bioatividade

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    xvii

    STUDY OF BIOACTIVES COMPOUNDS STABILITY OF THEFRUIT AND PULP ACEROLA (Malpighia emarginataD.C.)

    SUBJECT TO PROCESSES OF FREEZING CRYOGENIC ANDMECHANICAL

    ___________________________________________________________

    GENERAL ABSTRACT

    Acerola (Malpighia emarginataD.C.) is a fruit much valued for its color and

    also for its high vitamin C content, as being among the main Brazilian products targeted

    for export. The color change, going from red to yellow, is one of the main changesobserved during storage of frozen acerola fruits. Cryogenic shown an advantage over

    the conventional freezing because the water content of the cells to freeze quickly

    ensures the formation of very small crystals that produce less damage to cell structure

    allowing better maintenance of product quality. The Chapter 1 did the stability study of

    the whole acerola fruits frozen by conventional methods (mechanical cold at -22.1C)

    and cryogenic (by immersion in nitrogen vapor at -180,9C, N2(v) and in liquid nitrogen

    at -196,2C, N2(l)) during storage at -22.1C for 60 days. The mean times of freezing ofthe acerola fruits by cold mechanical, N2(v)and N2(l)were, respectively, 3.5 hours, 14

    minutes and 4.5 minutes. The cryogenic methods resulted in increased retention of

    carotenoids in relation to the mechanical cold, after 60 days, as the acerola fruits

    reductions of 7.64%, 5.20% and 4.75% respectively for samples frozen conventionally,

    for N2(v) and N2(l), respectively. Until the 60th day, the conventional method was that

    provided the greatest reduction (16.64%) of total anthocyanins of fruits. Decreases were

    observed for the parameters a*, b* and C*, and increases to L* and h, for all methods offreezing during storage, these being higher for conventionally frozen fruit. Frozen

    samples by N2(v)and N2(l) had the lowest E * values in relation to the standard, in other

    words, less change in color after 60 days of storage at -22.1 C. In Chapter 2 was

    evaluated the effect of mechanical freezing (conventional at -22.1C) and cryogenic

    methods (immersion in N2(v) at -178.6C and immersion in N2(l) at -195.1C) in the

    stability of the pulp acerola during storage for 120 days at -22.1C. The mean times of

    freezing of the pulp acerola by mechanical cold at -22.1C, for N2(v)at -178.6C and for

    N2(l) at -195.1C were, respectively, 3.8 hours, 20 minutes and 3 minutes. The levels of

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    xviii

    ascorbic acid were stable for all methods of freezing, but after 90 days of storage, the

    pulp frozen conventionally, for N2(v)and N2(l)showed reductions in total carotenoids of

    16.45%, 11.48% and 6.60% respectively, compared to the standard and these weresustained until the 120th day. The smallest difference in color (E*) was observed for

    the sample frozen by vapor of N2, and this had the highest retention of anthocyanins

    (91.50%) by the end of the experiment, while the sample immersed in N2(l) had the

    lowest retention of these pigments (71.54%). For microbiological results, all samples

    were under the maximum allowed by law. For the acceptance test, the different methods

    of freezing did not affect the acceptability of juices made from the pulp. On the results,

    the cryogenic freezing in nitrogen vapor is presented as a good alternative to higherretention of the pigments that give color and bioactivity of the acerola pulp. The

    application of cryogenic freezing, either by immersion in vapor as in liquid N2before

    the cold mechanical proved advantageous for the storage of the acerola fruits, however

    for the pulp, the freezing by nitrogen vapor was the best method, because it propitiated

    greater maintenance of its pigments and also bioactive components.

    Key words:Malpighia emarginataD.C., freezing, cryogenic, pulp, bioactivity

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    1

    INTRODUO GERAL

    A acerola (Malpighia emarginata D.C.) uma fruta tropical originria da

    Amrica Central, que possui um grande apelo nutricional devido a seu elevado teor de

    cido ascrbico. Na indstria alimentcia, a polpa de acerola tem sido utilizada para

    enriquecer os sucos e nctares de outras frutas com menor teor de cido ascrbico.

    O contnuo crescimento no consumo de frutas, associado s contnuas melhorias

    que esto sendo introduzidas na qualidade dos alimentos, indicam que as polpas

    congeladas de frutas tropicais devem continuar ganhando mercado. Entretanto, os

    consumidores esto colocando um novo padro de convenincia nos alimentos, sendo

    que a qualidade e o valor nutricional devem ser preservados, devido tendncia cada

    vez maior de se consumir alimentos processados com as caractersticas sensoriais do

    alimento in natura.

    Mesmo sendo fonte de muitos constituintes nutricionais, no se acredita no

    potencial de comercializao da acerola fresca, mas sim no processamento e

    conservao de sua polpa e na produo do seu suco, pois a qualidade da fruta diminui

    rapidamente aps a colheita. No entanto, o processamento afeta o contedo, a atividade

    e a biodisponibilidade dos componentes bioativos, tendo como exemplos destes, o cido

    ascrbico, os carotenides e as antocianinas.

    Na acerola, a colorao amarela conferida pelos carotenides mascarada pela

    presena de antocianinas vermelhas; embora os frutos de colorao amarela tenhamcaractersticas fsico-qumicas equivalentes aos vermelhos, esses so os preferidos pelos

    produtores e consumidores.

    A cor um dos atributos sensoriais que mais influenciam na qualidade dos

    produtos elaborados com a polpa; alm de ser um dos primeiros aspectos qualitativos

    observados pelo consumidor, a colorao uma caracterstica utilizada no controle do

    processamento de polpas de frutas. Muitos pigmentos naturais so destrudos pelo

    aquecimento durante o processamento e armazenamento, pela alterao de pH ou

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    2

    oxidao de compostos. Como resultado, os alimentos processados podem perder a sua

    cor caracterstica e, consequentemente, seu valor comercial.

    As indstrias de processamento de polpa de acerola tm enfrentado o problema

    da instabilidade trmica dos pigmentos do fruto. H uma mudana de vermelho-

    brilhante para amarelo-plido aps a pasteurizao, chegando a uma colorao

    amarronzada aps meses de armazenamento temperatura ambiente.

    Embora o congelamento possa ser considerado o mtodo mais recomendado

    para preservar alimentos por longos perodos, suas vantagens podem ser afetadas pelos

    efeitos deletrios ao produto, cuja severidade tanto menor quanto mais rpida a

    remoo do calor. Considerando a alta velocidade de congelamento, diferentes mtodos

    podem ser utilizados; dentre eles, a utilizao de lquidos criognicos tem se mostrado

    vantajosa em relao ao convencional, pois a rpida reduo da temperatura permite

    maior manuteno da qualidade do produto. Ainda, neste mtodo, o alimento encontra-

    se em atmosfera inerte ficando menos susceptvel s oxidaes superficiais.

    Como se trata de um fruto de alta perecibilidade ps-colheita torna-se necessrio

    o desenvolvimento de tcnicas que permitam uma conservao aceitvel para colocao

    e manuteno da acerola nos mercados importadores.

    Diante do exposto e pela escassez de trabalhos sobre a aplicao do congelamento

    criognico em frutas, o objetivo deste foi realizar o estudo da estabilidade fsica, fsico-

    qumica, qumica (principalmente dos pigmentos e compostos bioativos), sensorial e

    microbiolgica da polpa e do fruto de acerola submetidos a diferentes tcnicas de

    congelamento: por frio mecnico (convencional) e criognico (imerso em vapor de

    nitrognio e em nitrognio lquido) durante o armazenamento a -22,1C.

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    3

    CAPTULO 1

    ESTUDO DA ESTABILIDADE DE FRUTOS DE ACEROLA(Malpighia emarginataD.C.) CONGELADOS POR MTODOS

    CONVENCIONAL E CRIOGNICO____________________________________________________________

    RESUMO

    Uma das principais alteraes observadas durante o armazenamento congelado

    de frutos de acerola a mudana de cor, que passa do vermelho para amarelo,

    descaracterizando a colorao dos produtos fabricados a partir desta, principalmentequando se trata de polpas ou sucos. O objetivo deste trabalho foi realizar o estudo da

    estabilidade de frutos inteiros de acerola congelados por mtodos convencional (frio

    mecnico a -22,1C) e criognicos (por imerso em vapor de nitrognio a -180,9C,

    N2(v)e em nitrognio lquido a -196,2C, N2(l)) durante o armazenamento a -22,1C por

    60 dias. Os tempos mdios totais de congelamento dos frutos de acerola por frio

    mecnico, por N2(v) e por N2(l) foram, respectivamente, 3,5 horas, 14 minutos e 4,5

    minutos. Os mtodos criognicos propiciaram uma maior reteno de carotenidestotais em relao ao frio mecnico, aps 60 dias, pois os frutos de acerola apresentaram

    redues de 7,64%, 5,20% e 4,75%, respectivamente, para as amostras congeladas

    convencionalmente, por N2(v) e por N2(l), respectivamente. At o 60 dia, o mtodo

    convencional foi o que propiciou a maior reduo (16,64%) no teor de antocianinas

    totais dos frutos. Foram observados decrscimos dos parmetros a*, b* e C*, e aumento

    de L* e h, dos frutos de acerola, para todos os mtodos de congelamento, ao longo do

    armazenamento, sendo esses maiores para os frutos congelados convencionalmente. Asamostras congeladas por N2(v) e N2(l) apresentaram os menores valores de E* em

    relao ao padro, ou seja, menor alterao na cor aps os 60 dias de armazenamento a -

    22,1C. A aplicao do congelamento criognico antes do frio mecnico se mostrou

    vantajosa durante o armazenamento dos frutos de acerola, pois propiciou uma maior

    manuteno dos pigmentos responsveis pela cor, alm da bioatividade relacionada a

    estes.

    Palavras-chave: congelamento, criogenia,Malpighia emarginataD.C., bioatividade

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    STUDY OF STABILITY OF ACEROLA (Malpighia emarginataDC)FRUITS FROZEN BY CONVENTIONAL AND CRYOGENIC

    METHODS

    ABSTRACT

    One of the main changes observed during storage of frozen acerola fruits is the

    color change, going from red to yellow, that kime the color of products made from it,

    especially when it comes to pulp or juice. The objective of this work was to study the

    stability of the whole acerola fruits frozen by conventional methods (mechanical cold at

    -22.1C) and cryogenic (by immersion in nitrogen vapor at -180,9C, N2(v) and in liquid

    nitrogen at -196,2C, N2(l)) during storage at -22.1C for 60 days. The mean times of

    freezing of the acerola fruits by cold mechanical, N2(v)and N2(l)were, respectively, 3.5

    hours, 14 minutes and 4.5 minutes. The cryogenic methods resulted in increased

    retention of carotenoids in relation to the mechanical cold, after 60 days, as the acerola

    fruits reductions of 7.64%, 5.20% and 4.75% respectively for samples frozen

    conventionally, for N2(v) and N2(l), respectively. Until the 60th day, the conventional

    method was that provided the greatest reduction (16.64%) of total anthocyanins of

    fruits. Decreases were observed for the parameters a*, b* and C*, and increases to L*

    and h, for all methods of freezing during storage, these being higher for conventionally

    frozen fruit. Frozen samples by N2(v)and N2(l) had the lowest E * values in relation to

    the standard, in other words, less change in color after 60 days of storage at -22.1 C.

    The application of cryogenic freezing before the mechanic cold has proved

    advantageous for the storage of the acerola fruits, because it propitiated a higher

    maintenance of pigments responsible for color as well as the bioactivity related to these.

    Key words:freezing, cryogenic,Malpighia emarginataD.C., bioactivity

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    1. INTRODUO

    A acerola (Malpighia emarginataD.C.) uma fruta bastante apreciada por seuaroma e sua cor (BOULANGER & CROUZET, 2001), como tambm pelo seu alto teor

    de vitamina C e de outros compostos bioativos, estando includa na pauta de exportao

    da fruticultura brasileira. A acerola a mais rica fonte natural conhecida de vitamina C

    (1000 a 4500 mg de vitamina C por 100g de fruta), que at 90 vezes o teor de vitamina

    C de laranjas (LEUNG & FOSTER, 1996). Devido a este aspecto, o cultivo e o

    consumo deste fruto representam uma fonte atrativa de renda.

    Apesar dos efeitos positivos do congelamento em relao manuteno daqualidade de acerola, podem ocorrer alteraes na qualidade de acerolas conservadas

    desta forma, principalmente as relacionadas com a cor e o teor de vitamina C. Uma das

    principais alteraes observadas pelos produtores, processadores e distribuidores da

    fruta so as alteraes indesejveis na cor, que passa do vermelho para amarelo

    (BLEINROTH et al., 1996 e SEMENSATO, 1997). Esta mudana descaracteriza

    completamente a colorao natural da mesma e consequentemente a dos produtos

    fabricados a partir desta, principalmente quando se trata de polpas ou sucos.

    A colorao vermelha forte um fator importante na qualidade dos frutos de

    acerola e seus produtos, sendo afetada pelo contedo total de antocianinas e sua

    distribuio. A estabilidade dos carotenides difere bastante nos alimentos, mesmo

    quando submetidos a processamento e condies de estocagem idnticas, sendo a

    oxidao (enzimtica ou no-enzimtica) a principal causa de destruio dos

    carotenides (LOPES et al., 2005). O processo de congelamento, especialmente o

    congelamento rpido, e a estocagem sob temperaturas de congelamento geralmentepropiciam a reteno dos carotenides nos alimentos (RODRIGUEZ-AMAYA, 1999).

    A velocidade de congelamento um dos fatores mais importantes, pois, de uma

    maneira geral, os frutos tm um contedo de gua elevado e o tamanho e a forma dos

    cristais de gelo dependem das velocidades de congelamento. Segundo Gruda e Postolski

    (1996), a forma dos cristais de gelo dependem da temperatura de congelamento de um

    produto e, quanto menor a temperatura de congelamento, mais arredondada ser a forma

    dos cristais de gelo, perdendo a forma pontiaguda dos cristais de gelo formados no

  • 7/24/2019 Estudo da estabilidade de compostos bioativos do fruto e da polpa de acerola submetidos a processos de congela

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    interior do fruto, quando este congelado temperatura em torno de -20 C. Quanto

    menor a temperatura, menor o tamanho dos cristais de gelo que se formam no interior

    da fruta.

    Considerando a alta velocidade de congelamento, diferentes mtodos podem ser

    utilizados, dentre eles, a utilizao de lquidos criognicos tem se mostrado vantajosa

    em relao ao congelamento convencional, pois a rpida reduo da temperatura

    permite melhor manuteno da qualidade do produto. Ainda, neste mtodo o alimento

    encontra-se em atmosfera inerte ficando menos susceptvel s oxidaes superficiais

    (GEORGE, 1997; BARUFFALDI & OLIVEIRA, 1998).

    Como se trata de um fruto de alta perecibilidade ps-colheita, torna-se

    necessrio o desenvolvimento de tcnicas de congelamento que permitam uma

    conservao aceitvel para ampliao e manuteno da acerola nos mercados

    importadores, preservando, principalmente, seus compostos bioativos, decorrente de

    uma maior estabilidade de suas caractersticas fsicas, fsico-qumicas, qumicas e

    microbiolgicas.

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    2. REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1. Acerola

    Na moderna nomenclatura adotada pelo Conselho Internacional de Recursos

    Genticos Vegetais, a aceroleira cultivada comercialmente pertence espcieMalpighia

    emarginata DC; todavia, alguns autores a designam por Malpighia glabra L. ou

    Malpighia punicifolia L. O seu fruto (Figura 1.1) uma drupa, carnosa, ovide,

    variando na forma, tamanho e peso (INSTITUTO CENTRO DE ENSINO

    TECNOLGICO, 2004).

    Figura 1.1. Fruto de acerola maduro (ALMEIDA, 2008).

    Em relao sua origem, pode-se admitir que por terem sido encontradas

    vegetaes espontneas na regio do Caribe, norte da Amrica do Sul, na Amrica

    Central ou nas ndias Ocidentais, na poca do descobrimento da Amrica, essa seja sua

    origem e de disperso natural. Acredita-se que a fruta foi introduzida na Flrida, na

    Amrica do Norte, proveniente de Cuba, no sculo XIX (MOSCOSO, 1956).

    H frutos arredondados, ovalados ou mesmo cnicos (GONZAGA NETO &

    SOARES, 1994). O tamanho dos frutos pode variar de 1 a 2,5 cm, o dimetro de 1 a 4

    cm e o peso de 2 a 15 g (ALVES & MENEZES, 1995). Esta afirmao est de acordo

    com os resultados obtidos por Nunes et al.(2002), Gomes et al. (2000), Moura et al.

    (2002) e Frana e Narain (2003).

  • 7/24/2019 Estudo da estabilidade de compostos bioativos do fruto e da polpa de acerola submetidos a processos de congela

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    8

    um fruto climatrico, com elevado pico de taxa respiratria, mas com uma

    baixa produo de etileno, o que est de acordo com sua alta perecibilidade

    (CARRINGTON & KING, 2002).

    Devido a seus elevados teores de vitamina C dispersou-se para outras regies do

    mundo, estabelecendo-se particularmente em ecossistemas tropicais e subtropicais do

    continente americano. No Brasil, a introduo dessa fruteira ocorreu na dcada de 50,

    havendo controvrsias com respeito ao ano e local originais. Seus plantios, porm,

    ganharam expresso econmica somente a partir da dcada de 90, com o aumento da

    demanda do produto tanto pelo mercado interno como externo, estando hoje difundidos

    em praticamente todo o territrio nacional, exceo de regies de clima subtropicale/ou de altitude sujeitas a baixas temperaturas (OLIVEIRA & SOARES FILHO, 1998).

    O Brasil apresenta condies ideais para o cultivo da acerola, sendo um dos

    maiores produtores mundiais desta fruta, com parte de sua produo comercializada na

    forma de polpa (MATSUURA, 2001). De acordo com Arajo e Minami (1994) e Tittoto

    et al.(1998) o Brasil o maior produtor, consumidor e exportador de acerola do mundo.

    Os frutos so transformados em diversos produtos de exportao, compreendendo polpa

    integral, polpa concentrada, acerola em p (14% de vitamina C) e acerola ultra-filtrada

    (7% de vitamina C), sendo essa produo absorvida principalmente pelos Estados

    Unidos da Amrica, Alemanha, Frana, Japo e Pases Baixos (OLIVEIRA & SOARES

    FILHO, 1998).

    Apesar de a maior parte da produo encontrar-se vinculada ao setor

    agroindustrial (COELHO et al., 2003), com vistas ao aproveitamento dos frutos, parte

    considervel no aproveitada devido alta perecibilidade dos frutos, estimando-se em

    40% as perdas ps-colheita, e quanto ao destino da produo, cerca de 60%

    permanecem no mercado interno e 40% vo para o mercado externo (OLIVEIRA &

    SOARES FILHO, 1998).

    A composio qumica, inclusive a distribuio de componentes do aroma,

    dependente das espcies, condies ambientais e, tambm, do estdio de maturao da

    fruta (VENDRAMINI & TRUGO, 2000).

    Caractersticas atribudas qualidade da acerola, tais como colorao, peso etamanho dos frutos, teor de slidos solveis totais e pH do suco, como tambm o teor de

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    vitamina C, alm de serem afetadas pela variabilidade gentica dos pomares, sofrem

    influncia de vrios outros fatores, tais como precipitaes pluviais, temperatura,

    altitude, adubao, irrigao e a ocorrncia de pragas e doenas (NOGUEIRA et al.2002).

    A acerola muda de tonalidade com a maturao, passando do verde ao amarelo,

    laranja, vermelho ou roxo (PORCU & RODRIGUEZ-AMAYA, 2003) devido,

    sobretudo, degradao da clorofila e sntese de antocianinas e carotenides. Alm de

    pr-vitamina A, os carotenides so, tambm, pigmentos responsveis pela cor de

    muitas frutas (AGOSTINI-COSTA et al., 2003). Na acerola, a colorao amarela

    conferida pelos carotenides mascarada pela presena de antocianinas vermelhas(FREITAS et al., 2006).

    A importncia da acerola est relacionada a seu carter nutricional, representado

    pelo elevado teor de vitamina C (SEMENSATO & PEREIRA, 2000), alm de fenlicos

    e carotenides, que motivou a crescente demanda pela fruta e o interesse de produtores

    e pesquisadores em todos os continentes. Diversos estudos tm demonstrado que o

    consumo de substncias antioxidantes na dieta diria pode produzir uma ao protetora

    efetiva contra os processos oxidativos que naturalmente ocorram no organismo.

    Pesquisas vm comprovando os benefcios da acerola para a sade, por meio da

    observao que o consumo de suco de acerola (500 mg de vitamina C) durante 20 dias

    foi satisfatrio para a normalizao dos nveis sricos de vitamina C em idosos

    (ARANHA et al., 2004), aumento significativo nos nveis sricos mdios de vitamina C

    e de hemoglobina em crianas com anemia, suplementadas com suco de acerola,

    sugerindo-se assim a incluso da acerola em programas de alimentao para populaes

    de alto risco para a anemia (COSTA et al., 2001).

    Perdas no teor de cido ascrbico podem variar de acordo com o processo e

    equipamentos utilizados (YAMASHITA et al., 2003; MATSUURA et al., 2002).

    Porm, segundo Semansato (1997) mesmo aps o processamento da acerola, os

    produtos ainda retm um alto contedo de vitamina C, desde que a matria-prima

    utilizada seja fonte desta vitamina.

    Devido perecibilidade da acerola aps a colheita e durante o perodo decomercializao e pela caracterstica de a planta apresentar de 4 a 6 picos de produo

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    em diversos meses do ano, juntamente com a necessidade da preservao de suas

    qualidades nutritivas, torna-se necessrio o desenvolvimento de tecnologia para a

    produo de produtos de boa qualidade tanto no aspecto sensorial como nutritivo eeconmico (JESUS et al., 2003).

    Para atender a um dos objetivos do processamento, que o de minimizar ao

    mximo as reaes que concorrem para a diminuio do valor nutritivo e de outros

    atributos de qualidade dos alimentos (SGARBIERI, 1986), vrios estudos tm sido

    direcionados ao desenvolvimento de novos produtos a partir da acerola (SOARES et al.,

    2001), enquanto outros se concentram no aperfeioamento das tcnicas atualmente

    empregadas para a preservao e o processamento dessa fruta. Logo, todos estes estudosso imprescindveis para a elaborao de produtos de acerola com qualidade qumica,

    nutritiva e sensorial preservadas de forma vivel e econmica.

    2.2. Compostos bioativos

    A dieta habitual fornece, alm dos macro e micronutrientes essenciais, alguns

    compostos qumicos, presentes, em sua maioria, em frutas e hortalias, que exercemuma potente atividade biolgica, comprovada por vrios pesquisadores. Esses

    compostos so chamados de compostos bioativos ou, algumas vezes, de fitoqumicos e

    podem desempenhar diversos papis em benefcio da sade humana (CARRATU &

    SANZINI, 2005).

    Compostos bioativos so constituintes extranutricionais e ocorrem tipicamente

    em pequenas quantidades nos alimento. Estudos epidemiolgicos, que abordam

    principalmente uma dieta rica em alimentos de origem vegetal, apresentam resultados

    interessantes, sugerindo que esses alimentos so capazes de exercer influncia na

    reduo do risco do desenvolvimento de doenas crnicas no-transmissveis, como

    cardiovasculares, cnceres, distrbios metablicos, doenas neurodegenerativas e

    enfermidades inflamatrias (CARRATU & SANZINI, 2005).

    Essas substncias exercem vrias aes do ponto de vista biolgico, como

    atividade antioxidante, modulao de enzimas de destoxificao, estimulao do

    sistema imune, reduo da agregao plaquetria, modulao do metabolismo

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    hormonal, reduo da presso sangnea, e atividade antibacteriana e antiviral (HOF et

    al., 1999).

    Os compostos bioativos so, em sua maioria, metablitos secundrios.

    Geralmente, esto relacionados com os sistemas de defesa das plantas contra a radiao

    ultravioleta ou as agresses de insetos ou patgenos (MANACH et al., 2004).

    Os pigmentos naturais, tais como antocianinas e carotenides, proporcionam cor

    aos alimentos, contribuindo para o seu aspecto visual, atributo este de fundamental

    importncia na aceitao e escolha de um alimento por seus consumidores.

    Concomitante, estes pigmentos possuem importantes funes e aes biolgicas,

    podendo ser considerados promotores da sade humana. reconhecida a associao

    entre a ingesto de frutas e vegetais e a diminuio do risco de desenvolvimento de

    diversas desordens crnico-degenerativas, sendo os pigmentos um dos grupos de

    compostos bioativos aos quais so atribudas tais aes (DE ROSSO, 2006).

    2.3. cido ascrbico

    O termo vitamina C refere-se ao cido L-ascrbico (AA), e ao seu produto deoxidao inicial, o cido L-dehidroascrbico (DHAA), pois ambos apresentam atividade

    vitamnica, a qual perdida quando o cido dehidroascrbico se transforma pela

    compresso irreversvel do anel lactnico em cido 2,3-dicetogulnico (ADG) (Figura

    1.2). Itoo et al.(1990)relatam que a proporo de cido ascrbico na acerola de 90%,

    em relao ao teor de vitamina C total, ocorrendo uma diminuio da proporo desse

    cido em frutos com maior grau de maturao.

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    Figura 1.2. Mecanismo de converso do cido ascrbico (I) em cido dehidroascrbico

    (II) e este em cido 2,3-dicetogulnico (III) (SNEHALATHA, 1997).

    A vitamina C tem mltiplas funes no organismo, sendo necessria para a

    produo e manuteno do colgeno; responsvel pela cicatrizao de feridas, fraturas,

    contuses e sangramentos gengivais; e reduz a suscetibilidade infeco, desempenha

    papel na formao de dentes e ossos, aumenta a absoro de ferro e previne o escorbuto.

    Desse modo, a vitamina C importante no desenvolvimento e manuteno do

    organismo humano (COMBS, 2003).Os teores de vitamina C encontrados na acerola podem variar de 695 a 4827

    mg.100g-1 (ASENJO & GUZMAN, 1946; SINGH-DHALIWAL & TORRES-

    SEPLVEDA, 1962; MEDEIROS, 1969; FONSECA et al., 1972; SANTOS et al.,

    1999; GOMES et al., 2000).

    Simo (1971) menciona que variedades de acerola mais cidas apresentam teores

    mais altos de vitamina C. Este fato foi constatado por Lima et al. (2002a), que

    caracterizando acerolas maduras encontraram teor de cido ascrbico variando de

    1066,66 a 1845,79 mg.100mL-1de polpa, e frutos menos cidos com menores teores de

    vitamina C.

    Aldrigue (1998) quantificou o cido dehidroascrbico (DHAA) na acerola em

    funo do estdio de maturao, e verificou variao de 2 a 20% do total de vitamina C,

    tendo seus nveis mais elevados em frutos com grau de maturao intermedirio, ou de

    vez.

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    Itoo et al. (1990) compararam os teores de cido ascrbico de frutos de

    aceroleiras cultivadas em trs diferentes regies do Japo, colhidos em trs estgios de

    maturao (com colorao verde-clara imaturos; vermelho-clara de vez evermelho-intensa maduros) e observaram que o teor de cido ascrbico dos frutos

    imaturos foi o mais alto encontrado (3200 mg.100g-1 de polpa), diminuindo com o

    amadurecimento dos frutos. A regio de cultivo teve influncia na concentrao de

    cido ascrbico dos frutos.

    A degradao oxidativa da vitamina C ocorre tanto em condies anaerbias

    quanto aerbias. O primeiro caso caracterizado pela oxidao do cido ascrbico

    sendo formado o cido dehidroascrbico, que ento irreversivelmente convertido acido 2,3-dicetogulnico, um composto sem atividade vitamnica. Posteriormente, o

    cido 2,3- dicetogulnico tende a sofrer descarboxilao e essa reao promove a

    formao de furfural e CO2. Em condies aerbicas, a oxidao da vitamina C tambm

    leva formao de furaldedos, que facilmente sofrem polimerizao, produzindo

    pigmentos escuros (TANNEMBAUM, 1976; LEE & KADER, 2000).

    A determinao do teor de cido ascrbico muito importante, pois alm de seu

    papel fundamental na nutrio humana, sua degradao pode favorecer o escurecimento

    no enzimtico e causar aparecimento de sabor estranho. Alm disso, o cido ascrbico

    um importante indicador da sua qualidade, pois sendo a vitamina mais termolbil, sua

    presena no alimento indica que, provavelmente, os demais nutrientes tambm esto

    sendo preservados (UDDIN et al., 2002).

    Camargo et al.(1984) recomendam, para melhor conservao da vitamina C nos

    alimentos, o armazenamento em baixa temperatura, rpido pr-aquecimento (para

    destruir as enzimas oxidantes), alm do mnimo contato com o oxignio atmosfrico.

    Esses autores relatam ainda que os sucos de citros e de tomate enlatados ou congelados

    contm os mesmos teores de vitamina C das frutas in natura.

    Yamashita et al. (2003), estudando a estabilidade do cido ascrbico em

    produtos de acerola, determinaram perdas de aproximadamente 3% em polpas de

    acerola armazenadas a -12 e -18 C durante um perodo de quatro meses, bem inferiores

    s encontradas por Arajo et al. (2004) de 2,77 a 17,88% em quatro diferentes clones de

    aceroleira, armazenadas por 12 meses.

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    2.4. Pigmentos naturais em frutas

    A cor natural da maioria das frutas e vegetais proporcionada pela presena de

    clorofilas, antocianinas, carotenides e betalanas (Tabela 1.1), e tais pigmentos so

    muito susceptveis oxidao e outras alteraes que resultam em mudanas de

    colorao (LOPES, 2005).

    Tabela 1.1. Pigmentos naturais em frutas e vegetais (LOPES, 2005).

    Pigmentos Cor Solubilidade

    Clorofilasverde-amarelado, verde-

    azuladolipossolvel

    Carotenides vermelho, alaranjado,amarelo

    lipossolvel

    Antocianinasvermelho, alaranjado,

    violeta, azulhidrossolvel

    Betalanas vermelho hidrossolvel

    Fonte: Gross, 1987; Iaderoza e Draetta, 1991.

    Duas importantes classes de pigmentos so encontradas na acerola, as

    antocianinas e os carotenides. Tais pigmentos so muito susceptveis oxidao e

    outras alteraes que resultam em mudanas de colorao.

    2.5. Cor instrumental

    A cor um fenmeno fsico-sensorial que est diretamente relacionado ao objeto

    em questo ou pigmento, fonte iluminadora e ao observador. Para a descrio

    detalhada da colorao de um objeto, necessria a anlise de trs atributos da cor: a

    sua tonalidade (vermelha, verde, azul, etc), luminosidade (clara e escura) e saturao

    (pureza da cor). O acompanhamento das alteraes da cor atravs das medidas

    colorimtricas torna-se importante porque esto livres de erros inerentes s

    interpretaes visuais, como o efeito da mudana de fonte e de observador (DE ROSSO,

    2006).

    Em 1931 a CIE (Commission Internationale de lEclairage), com o objetivo de

    normalizar a medio da cor, adotou os seguintes mtodos para medio e especificao

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    de cor: uso de fontes de luz-padro definidas pela CIE, condies exatas para

    observao ou medio da cor, uso de unidades matemticas apropriadas para expressar

    a cor e definio do observador-padro (JIMNEZ & GUTIRREZ, 2001).

    Em 1976, a CIE recomendou o uso da escala de cor CIE L*a*b*, ou CIELAB

    (Figura 1.3). O mximo valor de L* (luminosidade) 100, e representa uma perfeita

    reflexo difusa, enquanto que o valor mnimo zero e constitui o preto. Os eixos a* e

    b* no apresentam limites numricos especficos. A coordenada a* varia do vermelho

    (+a*) ao verde (-a*), e a coordenada b* do amarelo (+b*) ao azul (-b*). Os valores delta

    (L*, a* e b*) indicam o quanto a amostra diferiu do padro para L*, a* e b*, e so

    freqentemente utilizados no controle de qualidade e ajustes de formulao, alm deserem utilizados para o clculo da diferena total de cor (E*) (HUNTERLAB, 1996).

    Os valores de C* (chroma) se referem saturao da cor e h (hue angle) ao ngulo de

    tonalidade da cor, que um valor expresso em graus. O valor de h igual a 0 equivale ao

    vermelho (a*), 90 ao amarelo (b*), 180 ao verde (-a*) e 270 ao azul (-b*).

    Figura 1.3. Espao de cor CIELAB (HUNTERLAB, 1996).

    2.6. Congelamento

    Para Powrie (1973), embora o congelamento possa ser considerado o mtodomais recomendado para preservar alimentos por longos perodos, suas vantagens podem

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    ser afetadas pelos efeitos deletrios ao produto, cuja severidade tanto menor quanto

    mais rpida a remoo do calor.

    Segundo o Instituto Internacional do Frio citado por Neves Filho (1991), durante

    o processo de congelamento, diferentes regies do produto passaro atravs de vrios

    estgios a diferentes tempos. Considerando-se uma regio ou um ponto do produto, trs

    estgios de alteraes ou temperaturas podero ser definidos (Figura 1.4).

    Figura 1.4. Curva de temperatura para um produto durante o congelamento(ARAJO et al., 2000).

    Inicialmente, h o estgio de resfriamento, compreendendo o perodo decorrido

    entre o incio do processo, com o produto a uma alta temperatura, at que se atinja a

    temperatura na referida regio onde comea a cristalizao da gua. Em seguida, tem-se

    o estgio de congelamento, perodo no qual a temperatura sofre pequena variao, onde

    a maior parte da gua muda de fase, transformando-se em gelo. Finalmente, tem-se o

    perodo de reduo da temperatura na qual a maior parte da gua j foi convertida em

    gelo, at atingir uma temperatura final, considerada como a temperatura em qualquer

    parte do produto, inclusive seu centro trmico (ARAJO et al., 2000).

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    O congelamento um dos mtodos mais bem sucedidos para a preservao por

    longo tempo dos atributos naturais de qualidade de alimentos perecveis. Entretanto, os

    cristais de gelo que so formados podem tambm causar considervel perda porexsudao, perda de textura, cor e modificaes sensoriais aps descongelamento. Com

    o congelamento, as membranas celulares perdem seu poder osmtico e sua

    semipermeabilidade. O sistema metablico do tecido da planta interrompido, o

    deslocamento do sistema enzimtico ocorre e a clula perde seu turgor, alm de uma

    mudana dramtica na textura do tecido, e as reaes bioqumicas de deteriorao so

    altamente provveis (TALENS et al., 2003).

    Alves (1999) cita que, em funo da vida til ps-colheita da acerola serrelativamente curta sob refrigerao, mesmo quando associada ao uso de embalagens

    que modificam a atmosfera, o congelamento tem sido utilizado como principal

    alternativa para armazenamento, seja como matria-prima para o processamento

    industrial seja para o transporte e distribuio.

    Segundo Gruda e Postolski (1986), a forma dos cristais de gelo dependem da

    temperatura de congelamento de um produto, e quanto menor a temperatura de

    congelamento, mais arredondada ser a forma dos cristais de gelo, perdendo a forma

    aclea dos cristais de gelo formados no interior do fruto, quando este congelado

    temperatura em torno de -20C. Os autores ainda relatam que, quanto menor a

    temperatura, menor o tamanho dos cristais de gelo que se formam no interior da fruta.

    Carneiro (1997) cita que, nas condies usuais (-18C) para armazenamento de

    produtos congelados, a atividade microbiana praticamente impedida, tendo em vista

    que a maioria dos microrganismos no se desenvolve em temperatura inferior a -10 C.

    Alm disso, a transio gua-gelo ainda apresenta a vantagem de fixar a estrutura do

    tecido e a gua, sob a forma de cristais, indisponibilizando-a como solvente e/ou como

    reativo. Assim, a difuso de compostos qumicos no tecido muito lenta, o que,

    associado diminuio na temperatura, contribui para o decrscimo na velocidade da

    maioria das reaes.

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    2.6.1. Congelamento criognico

    Uma tcnica emergente o congelamento criognico, pois a mesma permite a

    conservao original dos alimentos, sem agregao de aditivos qumicos (CASTRO,

    2004).

    A palavra criogenia deriva do grego crios que significa frio e genia que

    significa nascimento. Na prtica, a criogenia, de acordo com Vicente et al. (1994),

    define-se como a cincia dedicada produo de baixas temperaturas, sendo que o

    adjetivo criognico utilizado para denominar gases como nitrognio onde, em estado

    lquido, a sua temperatura muito baixa (- 196C).

    Segundo Ferreira et al. (2000) trabalhos tm sido realizados, atualmente, com

    congelamento ultra-rpidos a temperaturas criognicas com o intuito de preservar a

    qualidade dos alimentos e aprisionar aromas volteis que se perdem durante um

    processamento prolongado.

    Quando liquefeitos, gases como o nitrognio e o hlio so usados em muitas

    aplicaes criognicas. O nitrognio lquido o elemento mais usado na criogenia e

    comprado legalmente em todo o mundo. O nitrognio se expande ao passar de lquido a

    gs at 696,5 vezes seu volume, cedendo seu calor latente (47,74 kcal.kg-1) no processo

    (VICENTE, 1994).

    Na Tabela 1.2 so apresentadas algumas vantagens do congelamento com o

    nitrognio lquido quando comparadas com o frio mecnico (VICENTE et al., 1994).

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    Tabela 1.2. Comparao entre o congelamento com o nitrognio lquido e com o friomecnico (VICENTE et al., 1994).

    Elemento de comparao Nitrognio Frio Mecnico Vantagem para

    1. Perdas de peso 0,10% 2,5 3,2% N2= menos perda

    2. Velocidade de

    congelamento3 a 15 min. 20 a 180 min. N2= congelamento mais rpido

    3. Fluido refrigerante N2 (-196 C) Ar (-25 / -40 C) N2= temperatura mais baixa

    4. Preo do tnel 1 4 6

    N2= menos custo de

    equipamento inicial

    5. Manuteno 1% 4 6%N2= menos custo de

    manuteno

    6. Gastos anuais

    X pts / kg congelado 1,4 X pts / kg N2= menos gastos anuais

    (fixo + variveis)

    7. Qualidade

    microbiolgica

    Deteno rpida do

    crescimentobacteriano

    Deteno mais lenta

    N2= melhor qualidade

    microbiolgica

    8. Qualidade fsicaSem exsudado,

    inertizao

    Exsudado, cor,

    inertizao por arN2= melhor qualidade fsica

    Segundo Vicente et al. (1994) o congelamento criognico com nitrognio

    lquido apresenta uma srie de vantagens, tais como menor desidratao do alimento

    durante o processo de congelamento, menores perdas de peso do produto ao proceder o

    seu descongelamento (menor reteno da gua), melhor caracterstica organolptica

    (cor, odor, sabor e textura), com a cor e o odor mais parecidos ao que tinha o produto

    inicialmente, melhor qualidade microbiolgica (deteno do desenvolvimento

    microbiano e enzimtico), deteno dos processos de oxidao e rancificao

    provocados pelo oxignio e pelo desenvolvimento bacteriano.

    Congelar criogenicamente um produto antes de armazen-lo sob congelamento

    mecnico, poder trazer algumas vantagens, dentre as quais se pode citar: evitar perda

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    de peso excessiva e pegajosidade no produto, possibilitar a variao da capacidade de

    produo de uma instalao e aliviar o equipamento de congelamento mecnico, uma

    vez que o produto ser armazenado j congelado (MADRID VICENTE et al., 1994).

    3. MATERIAL E MTODOS

    Foram utilizados frutos de acerola in naturaclassificados quanto aos estgios de

    maturao em semi-maduros (os que apresentaram mais que 75% da casca com

    colorao alaranjada) e maduros (os que apresentaram mais que 75% da casca com

    colorao vermelha) (CARVALHO & MANICA, 1994), provenientes do Centro de

    Abastecimento (CEASA) da cidade de Aracaju-Sergipe.

    3.1. Processo de obteno e conservao das amostras

    A Figura 1.5 mostra o fluxograma das operaes realizadas para a obteno e

    armazenamento das amostras de frutos de acerola.

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    Figura 1.5. Fluxograma de

    Os frutos foram

    retirar pedaos de galho

    inadequado.

    Aps a seleo,

    corrente em abundncia

    acerolas foram sanitiza

    obteno e conservao das amostras de frut

    inicialmente selecionados manualmente, c

    de plantas, folhas, frutos estragados e em e

    os frutos passaram por uma pr-lavagem

    para retirada das impurezas macroscpicas

    as por imerso em uma soluo de hipocl

    21

    s de acerola.

    m a finalidade de

    tdio de maturao

    com gua potvel

    . E, em seguida, as

    rito de sdio a 30

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    ppm por 20 minutos e ento, novamente lavados com gua potvel para retirada do

    cloro. Os equipamentos e utenslios foram previamente lavados com gua e detergente,

    sanitizados com soluo de hipoclorito de sdio a 200 ppm por 30 minutos e novamentelavados com gua para retirada do cloro (LOPES, 2005).

    Os frutos foram ento caracterizados fisicamente e em seguida acondicionados

    em sacos de polietileno transparente (Figura 1.6), tipo nylon poli, com dimenses de 16

    x 4,5 cm, os quais so caracterizados como alta barreira ao oxignio (10 cm.dia -1) e ao

    vapor dgua (5 m.dia-1), e selados em seladora da marca Tecmaq, modelo AP-500.

    Figura 1.6. Amostras de frutos deacerola antes da etapa decongelamento.

    Os frutos foram ento submetidos aos diferentes mtodos de congelamento:

    convencional por frio mecnico, criognico por imerso em vapor de nitrognio, N2(v)e

    criognico por imerso em nitrognio lquido, N2(l).

    O congelamento convencional consistiu em armazenar as amostras em freezer

    vertical 173L, marca Electrolux modelo FE22, temperatura de -22,1C. As amostras

    criocongeladas temperatura de -180,9C (Figura 1.7) foram imersas com o auxlio de

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    um cnister em botijo criognico contendo vapor de nitrognio e as criocongeladas

    temperatura de -196,2C (Figura 1.8) foram imersas em um botijo contendo nitrognio

    lquido. Aps criocongeladas, as amostras foram armazenadas em freezer temperaturade -22,1C.

    Figura 1.7.Esquema de botijo criognico para congelamento dos

    frutos de acerola por imerso em vapor de nitrognio.

    Figura 1.8.Esquema de botijo criognico para congelamento dos

    frutos de acerola por imerso em nitrognio lquido.

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    Para a realizao das anlises a cada 15 dias de armazenamento, as amostras

    foram submetidas ao descongelamento em gua corrente.

    3.2. Curvas de congelamento dos frutos de acerola

    Aps a embalagem, foram obtidas as curvas de congelamento dos frutos de

    acerola em trs temperaturas: 22,1C (mtodo mecnico), 180,9C (mtodo

    criognico por imerso em vapor de nitrognio) e 196,2C (mtodo criognico por

    imerso em nitrognio lquido) em funo do tempo.

    A curva temperatura de 22,1C foi obtida atravs de um termopar colocado

    no centro de um fruto de acerola (na metade de sua altura, 11,53 mm) mantido em um

    freezer vertical, sendo a temperatura do freezer monitorada por um termopar instalado

    prximo ao fruto. Procederam-se s leituras em intervalos de 10 minutos at se atingir a

    estabilizao das temperaturas do freezer e do fruto.

    A curva de congelamento temperatura de 180,9C foi obtida colocando-se a

    embalagem com um fruto de acerola em um botijo contendo vapor de nitrognio, com

    o auxlio de um cnister. A temperatura do fruto foi monitorada por um termopar

    colocado no centro do mesmo (na metade de sua altura, 10,02 mm). A leitura de

    temperatura do fruto foi realizada de 1 em 1 minuto at se conseguir a estabilizao da

    temperatura do vapor de nitrognio com a temperatura do fruto.

    Para obteno da curva de congelamento por imerso em nitrognio lquido a

    196,2C, uma embalagem contendo um fruto de acerola foi imersa no nitrognio

    lquido contido no botijo. Um termopar foi fixado no centro do fruto (na metade da sua

    altura, 10,14 mm) e outro no nitrognio lquido para monitorar a temperatura do meio.

    A leitura da temperatura do fruto foi realizada de 10 em 10 segundos at que se

    conseguisse a estabilizao com a temperatura do nitrognio lquido (-196,2 C).

    O comportamento das curvas foi representado em razo de temperatura (RT -

    adimensional) versustempo (segundos). A razo de temperatura foi calculada a partir da

    Equao (1.1).

    (1.1)meiodoinicial

    meiodomomentocada

    T-T

    T-T=RT

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    3.3. Caracterizao fsica dos frutos

    Foram escolhidos aleatoriamente 30 frutos de acerola, nos quais foram

    realizadas as avaliaes a seguir descriminadas, a fim de caracterizar a matria-prima

    utilizada neste estudo.

    Massa: as massas de matria fresca de cada fruto inteiro foram determinadas com o

    auxlio de balana de preciso, marca Tecnal, modelo 210A, com preciso de 0,0001 g

    e capacidade para 210g. Os resultados foram expressos em gramas (g).

    Dimenses: as medidas relacionadas ao dimetro e ao comprimento dos frutos foram

    realizadas com o auxlio de um paqumetro digital da marca Mitutoyo, com resoluode 0,01mm e exatido de 0,03mm. Os resultados foram expressos em centmetro (cm).

    Para a mensurao do dimetro, uma das faces do paqumetro foi fixada numa

    reentrncia formada pela unio de dois lbulos do fruto e a outra na metade do lbulo

    oposto, no sentido transversal. O comprimento foi medido fixando-se as duas faces do

    paqumetro em uma das reentrncias no sentido longitudinal do fruto, tomando-se

    como base o seu pednculo.

    Volume: foi determinado por imerso de cada fruto em gua contida em uma proveta

    graduada, sendo obtido atravs da diferena de altura da coluna lquida aps a imerso

    do referido fruto. Os resultados foram expressos em centmetro cbico (cm3).

    Densidade do fruto: esta varivel foi determinada atravs da relao entre o peso de

    cada fruto e o volume de gua deslocado, sendo expressa em g.cm-3.

    3.4. Anlises fsico-qumicas e qumicas dos frutos de acerola

    Durante o perodo de 2 meses (60 dias) de armazenamento, foram retiradas

    amostras a cada 15 dias para as seguintes determinaes:

    pH: medido em potencimetro da marca Tecnopon, modelo MPA-210, calibrado com

    solues-tampo nos pHs 4 e 7 a 20C, segundo mtodo n 981.12 da AOAC (1997);

    Slidos solveis (como Brix): baseado na leitura direta dos graus Brix da amostra a

    20C em refratmetro de bancada da marca Abb;

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    Umidade: realizada pelo mtodo gravimtrico de volatilizao, por secagem direta em

    estufa a 105C, 012-IV (IAL, 2005);

    Acidez total titulvel (ATT): segundo mtodo n 942.15 da AOAC (1997), e expressa

    em porcentagem de cido mlico e de cido ctrico;

    cido ascrbico: determinado pelo mtodo padro, n 43.065, da AOAC (1984)

    modificado por Benassi e Antunes (1988), no qual se substitui o solvente extrator

    cido metafosfrico por cido oxlico, que se baseia na reduo de 2,6-

    diclorofenolindofenol-sdico (DCFI) pelo cido ascrbico.

    Amostras de 2g de acerola foram homogeneizadas com 50 mL de soluo

    extratora (cido oxlico 2%) por dois minutos. Uma alquota de 20 mL foi tomada e

    diluda com a mesma soluo empregada para extrao para 50 mL em balo

    volumtrico. Uma alquota de 2 mL dessa soluo com 5mL da soluo de extrao foi

    titulada com soluo padronizada de 2,6-diclorofenolindofenol, sendo o ponto de

    viragem detectado visualmente. O resultado foi expresso em mg de cido

    ascrbico.100g-1do produto.

    Antocianinas totais: para esta quantificao, os frutos foram homogeneizados comsoluo extratora (etanol 95% : HCl 1,5N 85:15 v/v) e armazenados por 12h a 4C.

    As amostras foram filtradas e os resduos lavados exaustivamente com a soluo

    extratora at a remoo completa dos pigmentos. A determinao das antocianinas foi

    efetuada em triplicata pelo mtodo de pH diferencial, conforme descrito por Giusti e

    Wrolstad (2001). Os extratos aquosos foram apropriadamente diludos em dois

    tampes: cloreto de potssio 0,025 M, pH 1 e acetato de potssio 0,4 M, pH 4,5. Aps

    15 min de repouso temperatura ambiente (22 2 C), foram feitas as medidas de

    absorbncia a 510 nm e 700 nm em espectrofotmetro (Micronal modelo B582), em

    cubetas de 1 cm de largura. O teor dos pigmentos foi calculado considerando a

    absortividade molar () de 26900 L.cm1.mol1, massa molecular de 449,2 g.mol1da

    cianidina 3-glicosdeo e os resultados expressos como mg de cianidina 3-

    glicosdeo.100 g1de polpa, utilizando a Equao (1.2).

    Antocianinas monomricas =AMMFD1000

    1

    (1.2)

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    onde:

    A = (Avis-max A700)pH 1,0 (A vis-max A700)pH 4,5

    MM = massa molecular (g.mol1

    );FD = fator de diluio (nmero de vezes que a concentrao da soluo diminuiu);

    = absortividade molar (L.cm1.mol1).

    Carotenides totais: foram avaliados pelo mtodo proposto por Lichtenthaler (1987).

    Foram pesados 2g de material vegetal e colocados em almofariz. Adicionou-se 0,2 g

    de carbonato de clcio e 7 mL de acetona 80%. Filtrou-se o extrato diretamente num

    balo volumtrico de 25 mL envolto por papel alumnio. O resduo do papel de filtrofoi lavado 2 vezes com acetona 80% e completou-se o volume do balo com acetona

    80%. O teor de carotenides foi estimado a partir da leitura do extrato filtrado em

    espectrofotmetro da marca Micronal, modelo B582 a 646,8, 663,2 e 470nm. A

    concentrao foi estimada de acordo com a Equao (1.3).

    Carotenides = {1000 x A470 [(1,82 x Ca) (104,96 x Cb)]} / 198 (1.3)

    onde:

    Ca(clorofila a) = 12,25 x A663,2 2,79 x A646,8

    Cb(clorofila b) = 21,50 x A646,8 5,10 x A663,2

    Determinao instrumental de cor: para a determinao da cor das amostras foi

    utilizado um colormetro (Minolta, modelo CR-10), calibrado de fbrica, que fornece

    os parmetros L*, que indica luminosidade (claro/escuro); a*, que indica a

    cromaticidade no eixo da cor verde (-) para vermelha (+); e b*, que indica acromaticidade no eixo da cor azul (-) para amarela (+), do sistema CIELAB. Os

    parmetros C* (chroma), h (ngulo hue) e E* (diferena total de cor) foram

    calculados usando as equaes (1.4), (1.5) e (1.6).

    C* = [ (a*) + (b*) ] (1.4)

    h = arctan (b* / a*) (1.5)

    E* = [ (L*)2+ (a*)2+ (b*)2 ] (1.6)

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    onde a diferena entre cada parmetro de cor da amostra padro (in natura) e das

    amostras armazenadas nos diversos tempos.

    3.5. Anlises microbiolgicas

    As anlises microbiolgicas foram realizadas a cada 15 dias, segundo as

    metodologias American Public Health Association (APHA, 2001), que uma das

    metodologias sugeridas para anlise de alimentos pela Resoluo RDC, n.12 (BRASIL,

    2001). Foram realizadas as seguintes anlises: determinao do nmero mais provvel

    (NMP.g-1) de coliformes totais e termotolerantes, contagem padro de bactrias aerbias

    psicrotrficas (UFC.g-1), bolores e leveduras (UFC.g-1).

    3.6. Anlise estatstica dos resultados

    A anlise estatstica dos dados foi feita utilizando-se o delineamento

    inteiramente casualizado, com trs repeties e por Anlise de Varincia (ANOVA),

    usando-se o programa computacional Assistat, verso 7.5 beta.A comparao entre mdias foi realizada pelo teste de Tukey, a nvel de 5% de

    probabilidade.

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    4. RESULTADOS E DISCUSSO

    4.1. CARACTERIZAO FSICA DOS FRUTOS DE ACEROLA

    Os resultados das anlises fsicas dos frutos de acerola utilizados nesse

    experimento esto apresentados na Tabela 1.3.

    Tabela 1.3. Caracterizao fsica dos frutos de acerola.

    Massa (g) Dimetro (cm) Comprimento (cm) Volume (cm) Densidade (g.cm-3)

    7,12 1,18 2,36 0,14 2,02 0,14 7,40 1,33 0,966 0,069

    * Mdia de 30 repeties Desvio Pa