estudo da eficiência dos contraventamentos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS DEPERTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL MESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL MODALIDADE ESTRUTURAS ESTUDO DA EFICIÊNCIA DOS CONTRAVENTAMENTOS TRELIÇADOS EM EDIFÍCIOS COM ESTRUTURA DE AÇO por MARCELO PESSOA DE AQUINO FRANCA Orientador: Prof. Doutor Romilde Almeida de Oliveira

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

    CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCINCIAS

    DEPERTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

    MESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL

    MODALIDADE ESTRUTURAS

    ESTUDO DA EFICINCIA DOS CONTRAVENTAMENTOS

    TRELIADOS EM EDIFCIOS COM ESTRUTURA DE AO

    por

    MARCELO PESSOA DE AQUINO FRANCA

    Orientador: Prof. Doutor Romilde Almeida de Oliveira

  • iv

    RESUMO

    FRANCA, M. P. de A. (2003). Estudo da Eficincia dos Contraventamentos

    Treliados em Edifcios com Estrutura de Ao. Recife, 2003, 333 p. Dissertao

    (Mestrado) Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

    Contraventamento treliado um dos sistemas de resistncia a cargas laterais

    mais utilizado em edifcios de andares mltiplos estruturados em ao. Diversas so as

    possibilidades de uso deste tipo de contraventamento, podendo ser empregado

    satisfatoriamente tanto em edifcios de pequena quanto de elevada altura, como nos

    altos arranha-cus com estruturas tubulares treliadas.

    O presente trabalho tem como objetivo realizar um estudo comparativo das

    diversas possibilidades de utilizao deste sistema de resistncia a cargas laterais.

    Diversos aspectos foram analisados. Entre outros, podemos citar a esbeltez do

    contraventamento, o tipo de treliamento, a contribuio da rigidez axial dos elementos

    da trelia nos deslocamentos da estrutura, a posio do contraventamento em relao ao

    centro de rotao da edificao, a variao do contraventamento ao longo da altura da

    edificao, a associao entre contraventamentos, o posicionamento dos

    contraventamentos ao longo da altura e o tamanho dos mdulos do treliamento.

    Foi realizada uma anlise numrica utilizando o mtodo dos elementos finitos,

    sendo os elementos estruturais pr-dimensionados de acordo com as prescries da

    NBR-8800. Para as vigas e as lajes foi adotado o sistema misto, no escorado, onde as

    propriedades geomtricas da seo mista foram obtidas por homogeneizao terica da

    seo.

    Palavras chaves: Estruturas de Ao, Edifcios Altos, Sistemas de Contraventamento,

    Contraventamentos Treliados.

  • vi

    NDICE

    RESUMO

    ABSTRACT

    LISTA DE FIGURAS

    CAPTULO I

    1.1. Os Edifcios de Andares Mltiplos

    1.2. As estruturas de ao no Brasil

    1.3. Motivao do Trabalho

    1.4. Objetivo

    1.5. Contedo

    CAPTULO II

    2.1. Sistemas estruturais para edifcios em ao

    2.2. Principais sistemas estruturais para edifcios de andares mltiplos

    2.2. Contraventamentos treliados

    CAPTULO III

    3.1. Descrio da estrutura

    3.2. Aes consideradas

    3.3. Combinaes de aes

    3.4. Modelagem dos elementos estruturais

    3.5. Efeitos de segunda ordem

    3.6. Consideraes sobre a anlise estrutural

    3.7. Recomendaes quanto ao comportamento da estrutura

    iv

    v

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    57

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    77

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  • vii

    CAPTULO IV

    4.1. Anlise dos resultados quanto aos diferentes tipos de contraventamento

    4.2. Anlise dos resultados quanto a contribuio da rigidez axial dos pilares,

    vigas e diagonais, nos deslocamentos laterais da estrutura

    4.3. Anlise dos resultados quanto ao posicionamento dos contraventamentos em

    diferentes vos ao longo da altura da edificao

    4.4. Anlise dos resultados quanto associao em linha dos contraventamentos

    4.5. Anlise dos resultados quanto ao posicionamento dos contraventamentos em

    relao ao centro de rotao da edificao

    4.6. Anlise dos resultados quanto esbeltez do contraventamento

    4.7. Anlise comparativa quanto ao tamanho dos mdulos dos

    contraventamentos

    4.8. Anlise dos resultados quanto diminuio do contraventamento ao longo da

    altura da edificao

    4.9. Anlise dos resultados quanto interao entre contraventamentos em nico

    vo e em grande escala

    CAPTULO V

    5.1. Concluso

    5.2. Sugestes para futuros trabalhos

    APNDICE I

    APNDICE II

    APNDICE III

    BIBLIOGRAFIA

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    332

  • viii

    LISTA DE FIGURAS

    - Figura I.1 - Edifcio Guinle em So Paulo

    - Figura II.1 - Fbrica de Chocolate sobre o Rio Marne

    - Figura II.2 - Detalhe das ligaes Momento Resistentes das estruturas de prticos

    rgidos

    - Figura II.3 - Interao entre prticos rgidos e ncleos estruturais

    - Figura II.4 - Exemplo de transio em estruturas tubulares

    - Figura II.5 - Ed. John Hancock Building

    - Figura II.6 - Estrutura com paredes de cisalhamento

    - Figura II.7 - Estrutura com ncleo e trelias transversais

    - Figura II.8 - Exemplo de sistema estrutural hbrido composto por tubo aporticado,

    ncleo de rigidez e trelias transversais

    - Figura II.9 - Contraventamento de tringulos totais

    - Figura II.10 - Contraventamento de tringulos parciais

    - Figura II.11 - Contraventamento em grande escala

    - Figura II.12 - Edifcios Mercantile Tower e Alcan Building

    - Figura II.13 - Esquema do caminhamento das cargas horizontais nos elementos dos

    contraventamentos

    - Figura II.14 - Esquema do caminhamento das cargas gravitacionais nos elementos dos

    contraventamentos

    - Figura II.15 - Configurao de flexo dos contraventamentos treliados

    - Figura II.16 - Contraventamento em nico vo e em vrios vos

    - Figura III.1 - Planta Baixa do edifcio modelo

    - Figura III.2 - Elevao do edifcio modelo de 30 pavimentos

    - Figura III.3 - Elevao do edifcio modelo de 50 pavimentos

    - Figura III.4 - Tipos de treliamento utilizados no contraventamento

    - Figura III.5 - Localizao em planta dos sistemas de contraventamento

    - Figura III.6 - Contraventamentos posicionados em diferentes vos

    - Figura III.7 - Contraventamentos associados em linha

    - Figura III.8 - Contraventamento nas fachadas

    - Figura III.9 - Contraventamento X posicionado nas fachadas e contraventamento

    Y interno

    - Figura III.10 - Contraventamentos em X e em Y internos

    - Figura III.11 - Contraventamentos com diferentes valores de esbeltez

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  • ix

    - Figura III.12 - Detalhe do contraventamento

    - Figura III.13 - Variao do contraventamento ao longo da altura da edificao

    - Figura III.14 - Interao entra contraventamentos em nico vo e contraventamentos

    em grandes mdulos

    - Figura III.15 - Consumo de ao x n de andares

    - Figura III.16 - Velocidade do vento x Altura da edificao, para terrenos com

    diferentes graus de rugosidade.

    - Figura III.17 - Contribuio dos elementos estruturais e no estruturais no

    deslocamento lateral para edificaes tradicionais

    - Figura III.18 - Contribuio dos elementos estruturais e no estruturais no

    deslocamento lateral para edificaes modernas

    - Figura III.19 - Vista geral de uma laje Steel Deck MF-75

    - Figura III.20 - Representao do diafragma rgido

    - Figura III.21 - Seo homogeneizada para clculo em regime elstico

    - Figura III.22 - Tipos de perfis para contraventamento

    - Figura III.23 - Diagrama momento /rotao para diferentes tipos de ligaes

    - Figura III.24 - Exemplo de ligao flexvel, semi-rgida e rgida [22]

    - Figura III.25 - Diagrama tenso-deformao do ao ASTM-A36

    - Figura III.26 - Diagrama corroso-exposio do ao em atmosfera industrial

    - Figura III.27 - Diagrama corroso-exposio do ao em atmosfera marinha

    - Figura III.28 - Considerao do efeito P-delta

    - Figura III.29 - Efeito P-delta em edifcios

    - Figura IV.1 - Deslocamentos na direo "Y" x Altura da edificao para a estrutura

    com contraventamento em X

    - Figura IV.2 - Deslocamentos na direo "X" x Altura da edificao para a estrutura

    com contraventamento em X

    - Figura IV.3 - Deslocamentos na direo "Y" x Altura da edificao para a estrutura

    com contraventamento em V

    - Figura IV.4 - Deslocamentos na direo "X" x Altura da edificao para a estrutura

    com contraventamento em V

    - Figura IV.5 - Deslocamentos na direo "Y" x Altura da edificao para a estrutura

    com contraventamento em V invertido

    - Figura IV.6 - Deslocamentos na direo "X" x Altura da edificao para a estrutura

    com contraventamento em V invertido

    - Figura IV.7 - Deslocamentos na direo "Y" x Altura da edificao para a estrutura

    com contraventamento em diagonais no mesmo sentido

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    38

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  • x

    - Figura IV.8 - Deslocamentos na direo "X" x Altura da edificao para a estrutura

    com contraventamento em diagonais no mesmo sentido

    - Figura IV.9 - Deslocamentos na direo "X" x Altura da edificao para a estrutura

    contraventada com diagonais em sentido contrrio

    - Figura IV.10 - Deslocamentos na direo "X" x Altura da edificao para a estrutura

    contraventada com diagonais em sentido contrrio

    - Figura IV.11 - Deslocamentos na direo "Y" x Altura da edificao para os diferentes

    tipos de contraventamento

    - Figura IV.12 - Deslocamentos na direo "X" x Altura da edificao para os diferentes

    tipos de contraventamento

    - Figura IV. 13 - Comportamento dos contraventamentos com diagonais no mesmo

    sentido

    - Figura IV.14 - Consumo de ao por metro quadrado para os diferentes tipos de

    contraventamento

    - Figura IV.15 - Comportamento dos contraventamentos em V e V invertido

    - Figura IV.16 - Deslocamento lateral na direo Y x Altura da edificao, para

    diferentes valores de rigidez axial dos pilares

    - Figura IV.17 - Deslocamento lateral na direo X x Altura da edificao, para

    diferentes valores de rigidez axial dos pilares

    - Figura IV.18 - Deslocamento lateral na direo Y x Altura da edificao, para

    diferentes valores de rigidez axial das diagonais

    - Figura IV.19 - Deslocamento lateral na direo X x Altura da edificao, para

    diferentes valores de rigidez axial das diagonais

    - Figura IV.20 - Deslocamento lateral na direo Y x Altura da edificao, para

    diferentes valores de rigidez axial das vigas

    - Figura IV.21 - Deslocamento lateral na direo X x Altura da edificao, para

    diferentes valores de rigidez axial das vigas

    - Figura IV.22 - Deslocamento lateral na direo Y devido aos pilares, vigas e

    diagonais x Altura da edificao

    - Figura IV.23 - Deslocamento lateral na direo X devido aos pilares, vigas e

    diagonais x Altura da edificao

    - Figura IV.24 - Deslocamento lateral na direo X x Rigidez axial dos pilares

    - Figura IV.25 - Deslocamentos na direo Y x Altura da edificao para a estrutura

    de 30 pavimentos com contraventamentos ao longo de um nico vo juntos

    - Figura IV.26 - Deslocamentos na direo X x Altura da edificao para a estrutura

    de 30 pavimentos com contraventamentos ao longo de um nico vo juntos

    90

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    112

  • xi

    - Figura IV.27 - Deslocamentos na direo Y x Altura da edificao para a estrutura

    de 50 pavimentos com contraventamentos ao longo de um nico vo

    - Figura IV.28 - Deslocamentos na direo X x Altura da edificao para a estrutura

    de 50 pavimentos com contraventamentos ao longo de um nico vo

    - Figura IV.29 - Deslocamentos na direo Y x Altura da edificao para a estrutura

    de 30 pavimentos e contraventamentos posicionados em trs vos adjacentes

    - Figura IV.30 - Deslocamentos na direo X x Altura da edificao para a estrutura

    de 30 pavimentos e contraventamentos posicionados em trs vos adjacentes

    - Figura IV.31 - Deslocamentos na direo Y x Altura da edificao para a estrutura

    de 50 pavimentos e contraventamentos posicionados em trs vos adjacentes

    - Figura IV.32 - Deslocamentos na direo X x Altura da edificao para a estrutura

    de 50 pavimentos e contraventamentos posicionados em trs vos adjacentes

    - Figura IV.33 - Deslocamentos na direo Y x Altura da edificao para a estrutura

    de 30 pavimentos e contraventamentos em vos adjacentes

    - Figura IV.34 - Deslocamentos na direo X x Altura da edificao para a estrutura

    de 30 pavimentos e contraventamentos em vos adjacentes

    - Figura IV.35 - Deslocamentos na direo Y x Altura da edificao para a estrutura

    de 50 pavimentos e contraventamentos em vos adjacentes

    - Figura IV.36 - Deslocamentos na direo X x Altura da edificao para a estrutura

    de 50 pavimentos e contraventamentos em vos adjacentes

    - Figura IV.37 - Deslocamentos na direo "Y" x Altura da edificao de 30 pavimentos

    para os diferentes posicionamentos dos contraventamentos

    - Figura IV.38 - Deslocamentos na direo "X" x Altura da edificao de 30 pavimentos

    para os diferentes posicionamentos dos contraventamentos

    - Figura IV.39 - Deslocamentos na direo "Y" x Altura da edificao de 50 pavimentos

    para os diferentes posicionamentos dos contraventamentos

    - Figura IV.40 - Deslocamentos na direo "X" x Altura da edificao de 50 pavimentos

    para os diferentes posicionamentos dos contraventamentos

    - Figura IV.41 - Esquema de propagao do corte horizontal atravs dos pilares

    - Figura IV.42 - Consumo de ao por metro quadrado da estrutura de 30 pavimentos

    para os diferentes posicionamentos dos contraventamentos

    - Figura IV.43 - Consumo de ao por metro quadrado da estrutura de 50 pavimentos para os diferentes posicionamentos dos contraventamentos

    - Figura IV.44 - Deslocamentos na direo Y x Altura da edificao para a estrutura

    de 30 pavimentos contraventada com duas trelias juntas

    - Figura IV.45 - Deslocamentos na direo X x Altura da edificao para a estrutura

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  • xii

    de 30 pavimentos contraventada com duas trelias juntas

    - Figura IV.46 - Deslocamentos na direo Y x Altura da edificao para a estrutura

    de 50 pavimentos contraventada com duas trelias juntas

    - Figura IV.47 - Deslocamentos na direo X x Altura da edificao para a estrutura

    de 50 pavimentos contraventada com duas trelias juntas

    - Figura IV.48 - Deslocamentos na direo Y x Altura da edificao para a estrutura

    de 30 pavimentos contraventada com trelias separadas

    - Figura IV.49 - Deslocamentos na direo X x Altura da edificao para a estrutura

    de 30 pavimentos contraventada com trelias separadas

    - Figura IV.50 - Deslocamentos na direo Y x Altura da edificao para a estrutura

    de 50 pavimentos contraventada com trelias separadas

    - Figura IV.51 - Deslocamentos na direo X x Altura da edificao para a estrutura

    de 50 pavimentos contraventada com trelias separadas

    - Figura IV.52 - Deslocamentos na direo Y x Altura da edificao para a estrutura

    de 30 pavimentos com contraventamentos interligados

    - Figura IV.53 - Deslocamentos na direo X x Altura da edificao para a estrutura

    de 30 pavimentos com contraventamentos interligados

    - Figura IV.54 - Deslocamentos na direo Y x Altura da edificao para a estrutura

    de 50 pavimentos com contraventamentos juntos

    - Figura IV.55 - Deslocamentos na direo X x Altura da edificao para a estrutura

    de 50 pavimentos com contraventamentos juntos

    - Figura IV.56 - Deslocamentos na direo "Y" x Altura da edificao de 30 pavimentos

    para as trs diferentes formas de associaes dos contraventamentos

    - Figura IV.57 - Deslocamentos na direo "X" x Altura da edificao de 30 pavimentos

    para as trs diferentes formas de associaes dos contraventamentos

    - Figura IV.58 - Deslocamentos na direo "Y" x Altura da edificao de 50 pavimentos

    para as trs diferentes formas de associaes dos contraventamentos

    - Figura IV.59 - Deslocamentos na direo "X" x Altura da edificao de 50 pavimentos

    para as trs diferentes formas de associaes dos contraventamentos

    - Figura IV.60 - Esquema de contraventamentos treliados

    - Figura IV.61 - Esquema da deformada de contraventamentos sem e com trelia

    horizontal

    - Figura IV.62 - Momentos fletores Mx no lineares geomtricos, atuantes no pilar 23,

    na estrutura de 50 pavimentos, utilizando contraventamentos interligados

    - Figura IV.63 - Consumo comparativo de ao por metro quadrado da estrutura de 30

    pavimentos utilizando diferentes associaes de contraventamento

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    160

  • xiii

    - Figura IV.64 - Consumo comparativo de ao por metro quadrado da estrutura de 50

    pavimentos utilizando diferentes associaes de contraventamento

    - Figura IV.65 - Deslocamentos na direo Y x Altura da edificao para a estrutura

    com todos os contraventamentos nas fachadas

    - Figura IV.66 - Deslocamentos na direo X x Altura da edificao para a estrutura

    com todos os contraventamentos nas fachadas

    - Figura IV.67 - Deslocamentos na direo Y x Altura da edificao para a estrutura

    de 50 pavimentos e com contraventamentos na fachada na direo "X" e internos na

    direo "Y"

    - Figura IV.68 - Deslocamentos na direo X x Altura da edificao para a estrutura

    de 50 pavimentos e com contraventamentos na fachada na direo "X" e internos na

    direo "Y"

    - Figura IV.69 - Deslocamentos na direo Y x Altura da edificao para a estrutura

    de 50 pavimentos com todos os contraventamentos internos

    - Figura IV.70 - Deslocamentos na direo X x Altura da edificao para a estrutura

    de 50 pavimentos com todos os contraventamentos internos

    - Figura IV.71 - Deslocamentos na direo "Y" x Altura da edificao para os diferentes

    posicionamentos de contraventamento em relao ao C.G. da estrutura

    - Figura IV.72 - Deslocamentos na direo "X" x Altura da edificao para os diferentes

    posicionamentos de contraventamento em relao ao C.G. da estrutura

    - Figura IV.73 - Consumo de ao por metro quadrado da estrutura de 50 pavimentos

    para as diferentes posies de contraventamentos em relao ao C.G da estrutura

    - Figura IV.74 - Deslocamentos na direo Y x Altura da edificao para a estrutura

    de 50 pavimentos com contraventamentos com um vo de largura

    - Figura IV.75 - Deslocamentos na direo X x Altura da edificao para a estrutura

    de 50 pavimentos com contraventamentos com um vo de largura

    - Figura IV.76 - Deslocamentos na direo Y x Altura da edificao para a estrutura

    de 50 pavimentos e contraventamentos com dois vos de largura

    - Figura IV.77 - Deslocamentos na direo X x Altura da edificao para a estrutura

    de 50 pavimentos e contraventamentos com dois vos de largura

    - Figura IV.78 - Deslocamentos na direo Y x Altura da edificao para a estrutura

    de 50 pavimentos e contraventamentos com trs vos de largura

    - Figura IV.79 - Deslocamentos na direo X x Altura da edificao para a estrutura

    de 50 pavimentos e contraventamentos com trs vos de largura

    - Figura IV.80 - Deslocamentos na direo "Y" x Altura da edificao de 50 pavimentos

    para os diferentes valores de esbeltez

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    181

  • xiv

    - Figura IV.81 - Deslocamentos na direo "X" x Altura da edificao de 50 pavimentos

    para os diferentes valores de esbeltez

    - Figura IV.82 - Contraventamento em X: momento de inrcia do contraventamento

    - Figura IV.83 - Consumo de ao por metro quadrado para a estrutura de 50 pavimentos

    utilizando contraventamentos com diferentes valores de esbeltez

    - Figura IV.84 - Deslocamentos na direo Y x Altura da edificao para a estrutura

    de 30 pavimentos e contraventamentos com pequenos mdulos

    - Figura IV.85 - Deslocamentos na direo X x Altura da edificao para a estrutura

    de 30 pavimentos e contraventamentos com pequenos mdulos

    - Figura IV.86 - Deslocamentos na direo Y x Altura da edificao para a estrutura

    de 50 pavimentos e contraventamentos com mdulos pequenos

    - Figura IV.87 - Deslocamentos na direo X x Altura da edificao para a estrutura

    de 30 pavimentos e contraventamentos com mdulos pequenos

    - Figura IV.88 - Deslocamentos na direo Y x Altura da edificao para a estrutura

    de 30 pavimentos e contraventamentos com grandes mdulos

    - Figura IV.89 - Deslocamentos na direo X x Altura da edificao para a estrutura

    de 30 pavimentos e contraventamentos com grandes mdulos

    - Figura IV.90 - Deslocamentos na direo Y x Altura da edificao para a estrutura

    de 50 pavimentos e contraventamentos com grandes mdulos

    - Figura IV.91 - Deslocamentos na direo X x Altura da edificao para a estrutura

    de 50 pavimentos e contraventamentos com grandes mdulos

    - Figura IV.92 - Deslocamentos na direo "Y" x Altura da edificao de 30 pavimentos

    para os diferentes tamanhos dos mdulos

    - Figura IV.93 - Deslocamentos na direo "X" x Altura da edificao de 30 pavimentos

    para os diferentes tamanhos dos mdulos

    - Figura IV.94 - Deslocamentos na direo "Y" x Altura da edificao de 50 pavimentos

    para os diferentes tamanhos dos mdulos

    - Figura IV.95 - Deslocamentos na direo "X" x Altura da edificao de 50 pavimentos

    para os diferentes tamanhos dos mdulos

    - Figura IV.96 - Consumo de ao por metro quadrado da estrutura de 30 pavimentos

    com contraventamentos de pequenos e grandes mdulos

    - Figura IV.97 - Consumo de ao por metro quadrado da estrutura de 50 pavimentos

    com contraventamentos de pequenos e grandes mdulos

    - Figura IV.98 - Deslocamentos na direo Y x Altura da edificao para a estrutura

    de 30 pavimentos utilizando dois contraventamentos juntos

    - Figura IV.99 - Deslocamentos na direo X x Altura da edificao para a estrutura

    182

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  • xv

    de 30 pavimentos utilizando dois contraventamentos juntos

    - Figura IV.100 - Deslocamentos na direo Y x Altura da edificao para a estrutura

    de 50 pavimentos utilizando dois contraventamentos juntos

    - Figura IV.101 - Deslocamentos na direo X x Altura da edificao para a estrutura

    de 50 pavimentos utilizando contraventamentos juntos

    - Figura IV.102 - Deslocamentos na direo Y x Altura da edificao para a estrutura

    de 30 pavimentos com dois contraventamentos juntos

    - Figura IV.103 - Deslocamentos na direo X x Altura da edificao para a estrutura

    de 30 pavimentos com trs contraventamentos juntos

    - Figura IV.104 - Deslocamentos na direo Y x Altura da edificao para a estrutura

    de 50 pavimentos com trs contraventamentos juntos

    - Figura IV.105 - Deslocamentos na direo X x Altura da edificao para a estrutura

    de 50 pavimentos com trs contraventamentos juntos

    - Figura IV.106 - Deslocamentos na direo Y x Altura da edificao para a estrutura

    de 30 pavimentos com contraventamento escalonado

    - Figura IV.107 - Deslocamentos na direo X x Altura da edificao para a estrutura

    de 30 pavimentos com contraventamento escalonado

    - Figura IV.108 - Deslocamentos na direo Y x Altura da edificao para a estrutura

    de 50 pavimentos com contraventamento escalonado

    - Figura IV.109 - Deslocamentos na direo X x Altura da edificao para a estrutura

    de 50 pavimentos com contraventamento escalonado

    - Figura IV.110 - Deslocamentos na direo "Y" x Altura da edificao de 30

    pavimentos utilizando contraventamentos escalonados e contnuos

    - Figura IV.111 - Deslocamentos na direo "X" x Altura da edificao de 30

    pavimentos utilizando contraventamentos escalonados e contnuos

    - Figura IV.112 - Deslocamentos na direo "Y" x Altura da edificao de 50

    pavimentos utilizando contraventamentos escalonados e contnuos

    - Figura IV.113 - Deslocamentos na direo "X" x Altura da edificao de 50

    pavimentos utilizando contraventamentos escalonados e contnuos

    - Figura IV.114 - Consumo de ao por metro quadrado da estrutura de 30 pavimentos

    para os diferentes tipos de contraventamento

    - Figura IV.115 - Consumo de ao por metro quadrado da estrutura de 50 pavimentos

    para os diferentes tipos de contraventamento

    - Figura IV.116 - Deslocamentos na direo Y x Altura da edificao para a estrutura

    de 30 pavimentos com contraventamentos ao longo de nico vo

    - Figura IV.117 - Deslocamentos na direo X x Altura da edificao para a estrutura

    211

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  • xvi

    de 30 pavimentos com contraventamentos ao longo de um nico vo

    - Figura IV.118 - Deslocamentos na direo Y x Altura da edificao para a estrutura

    de 50 pavimentos com contraventamentos ao longo de um nico vo

    - Figura IV.119 - Deslocamentos na direo X x Altura da edificao para a estrutura

    de 50 pavimentos com contraventamentos ao longo de um nico vo

    - Figura IV.120 - Deslocamentos na direo Y x Altura da edificao para a estrutura

    de 30 pavimentos com contraventamentos em grande escala

    - Figura IV.121 - Deslocamentos na direo X x Altura da edificao para a estrutura

    de 30 pavimentos com contraventamentos em grande escala

    - Figura IV.122 - Deslocamentos na direo Y x Altura da edificao para a estrutura

    de 50 pavimentos com contraventamentos em grande escala

    - Figura IV.123 - Deslocamentos na direo X x Altura da edificao para a estrutura

    de 50 pavimentos com contraventamentos em grande escala

    - Figura IV.124 - Deslocamentos na direo Y x Altura da edificao para a estrutura

    de 30 pavimentos com contraventamentos em nico vo e em grande escala

    - Figura IV.125 - Deslocamentos na direo X x Altura da edificao para a estrutura

    de 30 pavimentos com contraventamentos em nico vo e em grande escala

    - Figura IV.126 - Deslocamentos na direo Y x Altura da edificao para a estrutura

    de 50 pavimentos com contraventamentos em nico vo e em grande escala

    - Figura IV.127 - Deslocamentos na direo X x Altura da edificao para a estrutura

    de 50 pavimentos com contraventamentos em nico vo e em grande escala

    - Figura IV.128 - Deslocamentos na direo "Y" x Altura da edificao de 30

    pavimentos para as trs formas de contraventamento

    - Figura IV.129 - Deslocamentos na direo "X" x Altura da edificao de 30

    pavimentos para as trs formas de contraventamentos

    - Figura IV.130 - Deslocamentos na direo "Y" x Altura da edificao de 50

    pavimentos para as trs formas de associaes

    - Figura IV.131 - Deslocamentos na direo "X" x Altura da edificao de 50

    pavimentos para as trs formas de associaes

    - Figura IV.132 - Consumo de ao por metro quadrado da estrutura de 30 pavimentos

    para as diferentes formas de posicionamento dos contraventamentos

    - Figura IV.133 - Consumo de ao por metro quadrado da estrutura de 50 pavimentos

    para as diferentes formas de posicionamento dos contraventamentos

    235

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  • 1

    CAPTULO - I

    1.1. OS EDIFCIOS DE ANDARES MLTIPLOS

    A construo civil um dos parmetros indicadores do sucesso econmico de

    uma nao. Os edifcios elevados esto intimamente relacionados com o crescimento

    populacional urbano, sendo a sada natural para a escassez de edificaes. A pequena

    disponibilidade de terrenos nas proximidades dos grandes centros urbanos serve como

    combustvel engenharia estrutural na conquista pelo topo do mundo.

    A histria mostra que o homem, a fim de demonstrar a sua capacidade

    tecnolgica ou econmica, sempre estimulou a construo de estruturas de grande

    altura. Entre estas estruturas podemos destacar a pirmide de Quops no Egito, que com

    sua geometria estaticamente favorvel, chegou a atingir 146,6 metros de altura. Sua

    estrutura era praticamente macia, com reduzidas reas teis, j que toda a construo

    era utilizada para transmitir seu peso prprio ao cho.

    No entanto, s aps o desenvolvimento de materiais mais resistentes e resolvido

    o problema do transporte vertical, comearam a surgir os primeiros arranha-cus. Entre

    os mais imponentes podemos citar o Empire State, construdo em Nova Iorque no ano

    de 1929, com 102 pavimentos e 381m de altura, tornando-se um marco para a poca.

    Podemos citar ainda as Torres Sears em Chicago, com seus imponentes 442m, e as

    Torres Petronas em Kuala Lampur, atualmente o edifcio mais alto do planeta, com

    452m.

    O Brasil no ficou fora desta competio. Com os edifcios A Noite e Martinelli,

    com 102,0 e 105,65m de altura respectivamente, concludos no final da dcada de 20, o

    Brasil chegou a ostentar o recorde mundial de altura para edifcios em concreto armado,

    perdendo apenas para os arranha-cus americanos em ao [1].

    A tendncia atual aponta para a construo de edifcios cada vez mais altos.

    Notcias de que arranha-cus esto sendo projetados aparecem com freqncia,

    mostrando que a corrida ao topo do cu parece no ter fim.

    Os desafios na construo de edifcios elevados so conhecidos pela engenharia

    estrutural atual, mas problemas relativos ao ser humano decorrente do seu isolamento,

    da falta de relacionamento e da perda de contato com a vida nas ruas ainda esto por

    resolver [2].

  • 2

    1.2. AS ESTRUTURAS DE AO NO BRASIL

    Apesar das inmeras vantagens da construo em ao, nosso pas tem

    privilegiado o concreto armado como principal componente das estruturas de suas

    edificaes. Este fato nos remete a um exame histrico, com vistas compreenso das

    razes de tal direcionamento.

    Aquilo que compreendemos como contemporaneidade, tem incio, segundo os

    historiadores, no ano de 1789, com a tomada da Bastilha, fortaleza e priso smbolo do

    absolutismo de Luiz XVI, e a conseqente irrupo da Revoluo Francesa, marco

    divisrio no campo das idias e das cincias sociais.

    Segundo CHAU [3], revolues histricas acontecem quando longos e quase

    invisveis processos de transformao das relaes econmicas tornam-se visveis em

    instantes de fulgurao poltica nos quais reconhecido o advento de uma nova

    sociedade como obra de seus prprios sujeitos. A Revoluo Francesa representa o

    instante de fulgurao poltica, mas no seio da Revoluo Industrial que se inserem

    as transformaes econmicas que modificaram profundamente a sociedade europia

    nos sculos XVIII e XIX e cujos efeitos se fizeram sentir de modo ntido na Inglaterra.

    Apesar do ferro acompanhar a humanidade desde os tempos primitivos, foi

    somente a partir das grandes transformaes no campo material e de bens de produo

    ocorridas naquele perodo que se tornou possvel a produo em massa de ao e, como

    conseqncia, a construo de mquinas e equipamentos em grande escala. A inveno

    da mquina a vapor pelo ingls James Watt, em 1776, revoluciona a produo com o

    acionamento de mquinas e equipamentos.

    Tanto a moderna siderurgia como a mquina a vapor, possuem como principal

    combustvel a hulha, ou seja, o carvo mineral, fonte poderosa de energia que passa a

    dominar a civilizao. At ento a produo do ferro se dava com a queima do minrio

    atravs do carvo vegetal. Em 1558 com a proibio pela Rainha Elizabeth I do uso do

    carvo vegetal na produo de ao, surgiu em 1648 a idia de se queimar carvo

    mineral, produto extremamente abundante quela poca na Inglaterra. A princpio a

    hulha no se prestou para a produo de ferro. Quase um sculo depois se consegue

    destilar a hulha resultando da o coque, um material de alto poder calorfico. No entanto,

    apenas em 1750 que Abraham Derby II consegue industrializar o processo, dando incio

    produo do ferro e ao em escala industrial.

  • 3

    A partir desta poca os pases desprovidos de depsitos de hulha,

    permaneceriam margem da civilizao industrial.

    Os Estados Unidos, ainda dominados pela Inglaterra, possuam grandes jazidas

    de hulha da melhor qualidade e, em 1853, com instalao do primeiro alto forno a coque

    naquele pas a industrializao se expande rapidamente. Comea a surgir a partir da, na

    segunda metade do sculo XIX, a grande potncia industrial que dominaria o mundo no

    sculo XX.

    O Brasil por no possuir hulha de boa qualidade, aliado a uma poltica

    exploratria portuguesa, no conseguiu entrar no rol das naes industrializadas,

    permanecendo como nao essencialmente agrcola.

    A cincia da construo, baseada, claro, na matemtica e nas leis da mecnica,

    evoluiu rapidamente desde o fim da Idade Mdia. Hooke, Bernoulli, Coulomb, Navier

    so apenas alguns dos grandes nomes que impulsionaram a moderna engenharia das

    construes.

    Com a moderna siderurgia o ferro passa a se incorporar arte da construo. A

    pedra, a madeira e o tijolo passam a contar com este novo material, rgido e verstil,

    revolucionando as tcnicas construtivas.

    Entre 1777 e 1779, foi construda a primeira estrutura metlica da histria, uma

    ponte sobre o rio Severn, na cidade de Coalbrookdale, na Inglaterra. Sua estrutura

    possua mais de 300 toneladas de ferro.

    Como j se havia dito, o Brasil teve seu processo de industrializao retardado

    por, entre outros motivos, no possuir hulha de boa qualidade. A coroa portuguesa

    desenvolveu esforos nesse sentido, mas no obteve sucesso. Em 1590, Afonso

    Sardinha instala dois engenhos de ferro na Capitania de So Vicente, mas no logrou

    xito. Em 1682 e 1689 duas novas tentativas de produzir ferro custeadas pelo Rei

    D.Pedro II de Portugal fracassaram. S em 1891, com o avano da qumica se descobre

    que o motivo pelos sucessivos fracassos a m qualidade do carvo, que dificultava a

    sua fuso.

    S em 1943 com a instalao da usina siderrgica de Volta Redonda, que

    trabalhava com 70% de carvo mineral importado e 30% nacional, que finalmente o

    pas ingressa na civilizao do ao.

    Esse atraso na siderurgia concorre para a valorizao do concreto armado, que

    surgiu em 1850 como soluo para a habitao vertical no Brasil.

  • 4

    Em 1913, se instala no Brasil a firma Wayss & Freytag, especializada em

    concreto armado e uma das maiores construtoras do mundo. O concreto armado, ento,

    comea a ganhar espao nacional. Em 1912, Hyplipo Gustavo Pujoul Jnior, se prope

    a erigir o primeiro arranha cu do Brasil, um prdio de oito andares em So Paulo, com

    estrutura de concreto armado. A obra se desenvolve de 1913 a 1916, nascendo ento o

    Edifcio Guinle (figura - I.1).

    Figura I.1 - Edifcio Guinle em So Paulo

    A partir da dcada de 1920, comearam a surgir os primeiros prdios no Brasil,

    em geral com seis pavimentos e com suas fachadas ricamente trabalhadas em relevo. O

    problema do transporte vertical j havia sido resolvido com a inveno do elevador em

    Nova York no ano de 1857, por E. G. Otis.

    Paralelamente, as melhorias nas condies de vida aceleraram um crescimento

    populacional nas cidades. Em So Paulo o ndice demogrfico passa de 80.000

    habitantes em 1896 para 200.000 em 1907, provocando o deslocamento das pessoas da

    regio central. Nessa poca havia cerca de 39100 habitaes em So Paulo, mas apenas

    159 possuam mais de dois andares [4]. J naquele tempo se iniciavam as primeiras

    preocupaes com o custo dos terrenos, e nascia, ento, a necessidade de edificaes de

    mltiplos andares.

  • 5

    O atraso na produo de ao, aliado a uma abundante mo-de-obra barata e

    desprovida de maiores qualificaes, acaba contribuindo para que o Brasil

    desenvolvesse uma forte tradio na construo de edificaes de andares mltiplos

    estruturadas em concreto armado, ao contrrio, por exemplo, dos Estados Unidos que,

    devido abundante produo de ao, direcionou sua atividade construtiva para

    edificaes estruturadas com esse material. Apesar destes inconvenientes, com o

    processo de industrializao da construo civil e com o aumento dos custos referentes

    mo-de-obra o ao surge como importante alternativa em nosso pas.

    1.3. MOTIVAO DO TRABALHO

    A tendncia atual dos grandes centros urbanos que os edifcios sejam cada vez

    mais altos e esbeltos, em decorrncia de vrios fatores como: terrenos caros e escassos,

    infra-estrutura urbana localizada, proximidade dos grandes centros comerciais, etc.

    Sabemos que a definio de edifcio alto no pose ser universalmente aplicada.

    Como explica TARANATH [5], uma edificao pode ser chamada de alta para uma

    determinada regio, como Recife, mas pode ser de mdia ou at mesmo baixa altura se

    comparada com as edificaes existentes em Chicago ou Nova Iorque.

    Com a evoluo da engenharia estrutural, o aumento do custo com a mo-de-

    obra e o encarecimento do valor dos terrenos prximos aos centros urbanos, natural

    que as estruturas tambm sofram um processo de mudana. Na dinmica de

    transformao das estruturas, algumas alteraes podem ser observadas, como a reduo

    na quantidade de pilares, aumento no nmero de pavimentos e alterao no sistema de

    vedao vertical, que deixa de ser a alvenaria, a qual proporcionava grande contribuio

    rigidez da estrutura, passando-se a utilizar divisrias leves e pouco rgidas. Estas

    mudanas cada vez mais solicitam das estruturas melhores sistemas de

    contraventamento.

    Na cidade do Recife, a altura mdia das edificaes consideradas como altas

    passaram de 15 a 20 pavimentos nas dcadas de 1970 e 1980 para 30 a 50 pavimentos

    atualmente. O sistema estrutural aporticado, comumente utilizado nas estruturas de

    concreto armado da nossa regio, torna-se pouco eficiente medida que aumenta a

    quantidade de pavimentos e sua esbeltez.

    Tendo em vista a grande utilizao das estruturas de ao nos pases de primeiro

    mundo e sua boa aplicabilidade para edifcios de grande altura, resolveu-se neste

  • 6

    trabalho estudar as edificaes de andares mltiplos de ao na faixa dos 30 aos 50

    pavimentos, em especial a eficincia do seu sistema de contraventamento.

    Edifcios em ao so pouco difundidos no Brasil, sendo o Concreto de Alto

    Desempenho a sada quase que automtica quando se pretende atingir maiores alturas.

    Como se sabe, muitas vantagens tambm podem ser obtidas com as edificaes em ao,

    especialmente no que se refere s estruturas para edifcios altos. Dentre as vantagens

    obtidas com a utilizao do ao como principal componente das estruturas podemos

    citar o menor prazo de execuo, maior aproveitamento em rea til, liberdade no

    projeto de arquitetura, alvio nas cargas das fundaes, preciso construtiva, antecipao

    do ganho, compatibilidade com outros materiais, racionalizao de materiais e mo-de-

    obra, organizao do canteiro de obras e garantia de qualidade.

    O ao um dos materiais estruturais com caractersticas mais bem definidas;

    sendo praticamente isotrpico, as teorias de clculo aplicam-se a ele com bom grau de

    exatido.

    Os edifcios altos estruturados em ao, devido ao seu menor peso e s suas

    ligaes geralmente rotuladas, esto bem mais susceptveis aos carregamentos laterais

    necessitando, por esta razo, de um eficaz sistema de contraventamento. A fim de se

    atender demanda de edifcios altos em ao, diversos estudos foram e vm sendo

    desenvolvidos visando obteno de sistemas eficientes de resistncia a cargas laterais.

    A ao do vento sobre as estruturas sempre foi fonte de preocupao para os

    profissionais da engenharia estrutural, pois medida que a edificao adquire altura o

    efeito do vento torna-se determinante na escolha do sistema estrutural.

    Segundo o estudo de MARGARIDO [6], para edificaes de 30 a 45 pavimentos

    o sistema estrutural de resistncia a cargas laterais mais indicado o contraventamento

    com trelias. SALES [7], lembra que, em qualquer caso, um contraventamento em ao

    , na maioria dos projetos, a soluo mais econmica para dar estabilidade a uma

    edificao.

    Na concepo de um sistema de resistncia a cargas laterais deve haver no

    apenas a preocupao com a segurana e a estabilidade da estrutura, mas tambm com o

    conforto dos ocupantes quanto s vibraes e a integridade dos elementos no

    estruturais. Este tipo de preocupao se faz necessrio devido ao risco de danos

    materiais como, por exemplo, trincas em alvenarias, mau funcionamento de elevadores,

    vazamentos em tubulaes, entre outros.

  • 7

    1.4. OBJETIVO

    Tendo em vista a evoluo na quantidade de pavimentos sofrida pelas

    edificaes na regio de Recife, o presente trabalho tem como objetivo geral estudar

    alguns aspectos relacionados aos edifcios de andares mltiplos em ao para a faixa de

    altura, entre 30 e 50 pavimentos. Dentre estes aspectos podemos citar o campo de

    aplicao para as estruturas deste porte, os sistemas estruturais mais comumente

    utilizados, os sistemas de vedao mais adequados, etc.

    O objetivo especfico deste trabalho realizar um estudo comparativo da

    eficincia dos sistemas de contraventamento formados por septos treliados, sob

    diversos aspectos, apresentando solues orientadoras para aqueles que venham a fazer

    uso deste tipo de sistema de resistncia a cargas laterais.

    1.5. CONTEDO

    No captulo I foi realizado um breve histrico acerca da evoluo do ao no

    Brasil, foram descritas as motivaes que levaram a realizar este trabalho e

    apresentados os seus objetivos.

    No captulo II foi realizada uma reviso bibliogrfica acerca dos sistemas de

    contraventamento para as edificaes em ao, alm de uma reviso bibliogrfica mais

    especfica abordando os contraventamentos treliados.

    No captulo III so apresentados os modelos de discretizao propostos para os

    edifcios, suas caractersticas, as aes consideradas, a modelagem dos elementos

    estruturais, alm de consideraes acerca da anlise e do comportamento da estrutura.

    No captulo IV so apresentados os resultados obtidos das diversas anlises

    realizadas.

    No captulo V, so apresentadas as concluses oriundas das anlises efetuadas

    alm de algumas sugestes para futuros trabalhos.

    Nos apndices 1 e 2 so apresentados dois programas computacionais

    elaborados para o clculo das vigas mistas ao/concreto e de pilares submetidos flexo-

    compresso respectivamente.

    No apndice 3 esto apresentadas todas as tabelas resultantes das anlises das

    estruturas apresentadas neste trabalho.

  • 8

    CAPTULO - II

    2.1. SISTEMAS ESTRUTURAIS PARA EDIFCIOS EM AO

    De maneira simplificada podemos dizer que a estrutura de um edifcio alto em

    ao composta por pilares, vigas, lajes e pelos sistemas de contraventamento.

    associao destes elementos para a formao de uma edificao damos o nome de

    sistema estrutural. A funo do sistema estrutural de um edifcio de resistir s foras

    laterais, gravitacionais e demais aes para as quais a obra se destina, de forma segura e

    to econmica quanto possvel.

    Do ponto de vista da engenharia de estruturas, a escolha do sistema estrutural de

    um edifcio alto deveria envolver apenas aspectos relacionados seleo e ao arranjo

    dos elementos estruturais destinados a resistir aos esforos verticais e horizontais. No

    entanto, os sistemas estruturais para edifcios altos so fortemente influenciados por

    uma gama de fatores, nem todos de cunho estrutural. Dentre estes fatores podemos citar

    o mtodo construtivo, o tratamento arquitetnico, os sistemas de instalaes prediais, a

    natureza e a intensidade do carregamento horizontal, a altura e a esbeltez do edifcio,

    entre outros. Sabe-se que quanto mais alto e esbelto um edifcio, maior a importncia

    dos fatores estruturais, com a necessidade de uma escolha mais apropriada da forma

    estrutural.

    Edifcios de andares mltiplos projetados para uma mesma finalidade, pode ter

    sua eficincia estrutural comparada a grosso modo em funo do peso da estrutura por

    unidade de rea de pavimento. Em edifcios usuais de at 10 pavimentos, que no sejam

    particularmente esbeltos, o peso do pavimento fortemente influenciado pelos vos do

    pavimento, enquanto o peso das colunas aproximadamente proporcional altura do

    edifcio. Para edifcios com mais de 10 pavimentos, a quantidade adicional de material

    requerido para a resistncia dos esforos laterais, aumenta de forma no-linear com a

    sua altura, de modo que para edifcios com cerca de 50 pavimentos a seleo de um

    sistema estrutural adequado pode ser decisiva para a economia e viabilidade da

    edificao [9].

    Outro importante parmetro que afeta a escolha do sistema estrutural o tipo de

    ocupao que o edifcio ter, a saber:

  • 9

    - edifcios residenciais

    - edifcios comerciais

    - edifcios de uso misto

    - edifcios garagem

    Edifcios comerciais modernos possuem grandes reas livres de pilares no

    pavimento, para que possam ser subdivididas com divisrias leves formando escritrios.

    Desse modo os componentes verticais principais da estrutura so organizados, dentro do

    possvel, claro, ao longo do permetro da edificao, e interiormente, ao redor dos

    elevadores e reas de servio. Os sistemas de servio so distribudos horizontalmente

    em cada nvel e ficam escondidos em forros nos tetos. O espao extra requerido para

    tanto causa um aumento na altura mdia do p-direito dos andares.

    Em hotis ou edifcios de apartamentos as acomodaes so geralmente

    dispostas repetitivamente ao longo dos pavimentos. Os sistemas de servio podem ser

    distribudos verticalmente, em colunas adjacentes s paredes. Desta forma torna-se

    desnecessrio uma altura maior para o pavimento, e a laje de piso de um pavimento

    funciona como laje de coberta para o pavimento inferior.

    Edifcios garagem onde a necessidade de um p-direito de pequena altura fator

    fundamental para facilitar a circulao vertical dos veculos conduzem a edifcios de

    menor altura quando comparado aos edifcios residenciais e comerciais de mesmo

    nmero de pavimentos.

    Podemos ento perceber que a altura de um edifcio comercial de 50 pavimentos

    significativamente superior altura de um edifcio residencial de 50 pavimentos, que

    por sua vez superior altura de um edifcio garagem de mesmo nmero de

    pavimentos.

    Com respeito ao carregamento lateral, um edifcio uma espcie de balano

    vertical. Este balano vertical pode incluir um ou mais balanos agindo

    individualmente, como as paredes estruturais, todas fletindo harmoniosamente pela

    rigidez do plano horizontal das lajes de piso. Alternativamente os sistemas estruturais

    podem trabalhar atravs da unio de vigas e pilares formando prticos. Estes vrios

    sistemas bsicos podem ter sua rigidez lateral aumentada caso estes sistemas bsicos

    tenham caractersticas diferentes de deslocamento livre.

    indiscutvel o papel do ao estrutural na histria dos edifcios altos.

    Apropriado para vrias alturas de edificao, este material devido a sua alta resistncia

  • 10

    um dos mais utilizados para a construo dos arranha-cus. Permite a possibilidade de

    maiores vos de vigamento e, devido a sua pr-fabricao, proporciona execuo mais

    rpida.

    Descreveremos a seguir alguns sistemas estruturais usuais em edifcios de

    andares mltiplos.

    2.2. PRINCIPAIS SISTEMAS ESTRUTURAIS PARA EDIFCIOS DE

    ANDARES MLTIPLOS

    Em meio aos diversos tipos de sistemas estruturais, alguns so mais apropriados

    para edifcios conformados em ao, outros para concreto armado, muitos podem ser

    utilizados satisfatoriamente para qualquer material, e alguns exigem a combinao de

    ao e concreto na mesma estrutura.

    Dentre os sistemas estruturais mais utilizados em edifcios de andares mltiplos,

    podemos citar os seguintes:

    2.2.1. ESTRUTURAS CONTRAVENTADAS

    Diversas so as maneiras de se contraventar uma estrutura de edifcio para

    resistir s cargas laterais. No entanto, o termo estrutura contraventada aplicado para

    se referir quelas estruturas que utilizam sistemas treliados como a tcnica primeira de

    contraventamento, para garantir a estabilidade lateral da edificao.

    Figura II.1 - Fbrica de Chocolate sobre o Rio Marne [7]

  • 11

    Recomendaes para se obter uma estrutura realmente eficiente com a utilizao

    de diagonais, j constavam em publicaes do ano de 1890 [7]. Neste sentido podemos

    citar o edifcio de uma fbrica de chocolate, uma das obras mais antigas a utilizar o

    contraventamento treliado, sendo construdo sobre quatro pilares de uma antiga ponte

    sobre o rio Marne, nos arredores de Paris, no ano de 1872 (figura II.1). As estruturas

    contraventadas sero tratadas com mais detalhe no captulo 2.3.

    2.2.2. ESTRUTURA DE PRTICOS RGIDOS

    Este sistema estrutural bastante conhecido e seu estudo parte integrante do

    currculo de qualquer curso de graduao de engenharia. Prticos rgidos consistem em

    vigas e pilares convenientemente dispostos, unidos atravs de conexes resistentes a

    momentos. Desta forma, a rigidez lateral do chamado prtico rgido depende

    diretamente da resistncia ao momento fletor das vigas, das colunas e de suas ligaes.

    No Brasil este sistema estrutural utilizado na maioria dos edifcios em concreto

    armado, e sua vantagem principal se encontra no seu arranjo retangular aberto, o que

    permite grande liberdade arquitetnica. Os prticos rgidos so mais interessantes para

    edifcios em concreto armado devido rigidez inerente s suas conexes. No entanto,

    prticos rgidos podem ser uma boa opo para edifcios em ao que no sejam muito

    altos ou particularmente esbeltos. Para construes com cerca de quatro pavimentos este

    sistema estrutural bastante empregado. Nestes casos, a maioria das construes no

    possui elevadores, o que dificultaria a criao de ncleos rgidos, quer com

    contraventamentos quer com paredes de concreto.

    Uma das desvantagens na utilizao do sistema aporticado para estruturas

    metlicas, encontra-se no alto custo das conexes resistentes a momentos (figura II.2).

    Outra desvantagem que as dimenses das colunas e das vigas de um determinado

    pavimento so influenciadas diretamente pela magnitude do carregamento de corte

    externo naquele nvel da estrutura, aumentando na proporo de sua aproximao com a

    base. Por conseguinte, os pavimentos tipo destas estruturas nem sempre podem ser

    repetidos ao longo da altura da edificao, trazendo um prejuzo particular para as

    edificaes em ao, que visa racionalizao do processo construtivo atravs de uma

    maior quantidade de peas repetidas.

  • 12

    Figura II.2 - Detalhe das ligaes momento resistentes das estruturas de prticos rgidos

    2.2.3. ESTRUTURA COM NCLEOS OU PAREDES ESTRUTURAIS:

    Este sistema estrutural consiste na utilizao de grandes ncleos de concreto

    com rigidez bastante considervel, trabalhando isoladamente ou em conjunto com os

    prticos rgidos da estrutura. As paredes ou os ncleos so geralmente formados pelos

    poos de elevadores e escadas. Este conceito tem sido utilizado com muita freqncia

    nos ltimos anos para edifcios na faixa de 20 a 35 pavimentos. Situaes bastante

    econmicas podem ser criadas quando o projeto arquitetnico se desenvolve nutrindo,

    desde o incio, a preocupao com a disposio dos ncleos e das paredes estruturais.

    Os ncleos de concreto, devido grande rigidez lateral, possibilitam a

    construo de edifcios de grande altura at mesmo quando a contribuio do prtico

    pequena, como no caso de edifcios que utilizam lajes cogumelo.

    Os ncleos de concreto comportam-se essencialmente como vigas em balano

    engastadas na fundao, deformando-se numa configurao predominantemente de

    flexo com pequena contribuio do modo de corte. Este comportamento limita o seu

    campo de aplicao, haja vista que o deslocamento lateral mximo no topo, nestes

    casos, funo cbica da altura [8]. Quando as paredes estruturais so combinadas com

    prticos rgidos o resultado bastante interessante. Os prticos de concreto tendem a se

    deformar numa configurao de corte, e sua utilizao conjunta com os ncleos de

    concreto resulta numa proveitosa interao fazendo com que ambos possuam uma

    deformao comum (figura II.3). Esta interao tem como resultado uma estrutura mais

    rgida com menores deslocamentos, especialmente no topo da estrutura. A rigidez

    lateral do conjunto superior soma da rigidez isolada dos prticos e das paredes

    estruturais, o que torna este tipo de soluo apropriada para edificaes de 40 a 60

    pavimentos, bem alm do que aqueles que utilizam apenas prticos rgidos ou ncleos.

  • 13

    Figura II.3 - Interao entre prticos rgidos e ncleos estruturais

    Muito embora as paredes estruturais estejam associadas ao material concreto

    armado, paredes em ao com espessuras de 10 a 32 milmetros ou ncleos em ao

    constitudos de trelias (quadros contraventados) comportam-se de forma semelhante

    aos ncleos de concreto armado, com benefcios semelhantes de interao horizontal

    quando da associao com os prticos rgidos [9].

    Quando da utilizao dos ncleos de concreto com prticos de ao, deve ser

    dada especial ateno velocidade de execuo do ncleo, para que no venha a ocorrer

    atraso na montagem da estrutura em virtude da espera pela cura do concreto.

    Vale a pena lembrar que a eficincia das paredes estruturais em grande parte

    afetada pela sua localizao em planta na estrutura. Ncleos dispostos simetricamente

    na periferia da edificao tm sua resistncia toro bastante aumentada.

    2.2.4. ESTRUTURAS TUBULARES

    Neste sistema estrutural as colunas externas e as vigas com pequenos

    espaamentos formam um conjunto que funciona como tubo em balano, engastado no

    solo. o sistema mais empregado atualmente para prdios de grande altura, acima de 50

    pavimentos.

    Os prticos sejam eles rgidos ou contraventados, so trazidos para as faces

    externas do edifcio, ao longo de toda a altura e todo o permetro, obtendo-se na forma

    final um grande tubo altamente resistente flexo e toro.

    As cargas gravitacionais so geralmente compartilhadas entre as colunas

    interiores e exteriores, enquanto o carregamento lateral absorvido em sua maioria

    pelas colunas e vigas situadas no permetro do edifcio. Quando da ao do

  • 14

    carregamento lateral, as paredes externas dos tubos situadas na direo do carregamento

    agem como a alma de uma viga, enquanto as paredes perpendiculares ao carregamento

    agem como os flanges.

    O pequeno espaamento das colunas ao nvel do trreo torna-se inaceitvel, o

    que torna bastante comum a adoo de grandes vigas de transio para facilitar as

    aberturas (figura II.4).

    Figura II.4 - Exemplo de transio em estruturas tubulares [9]

    A forma tubular foi desenvolvida originariamente para edifcios de planta

    retangular e, provavelmente, seu uso mais eficiente est para edificaes com este

    formato [7]. Porm, apropriado para outras disposies em planta, como, por exemplo,

    triangulares e circulares.

    Embora o sistema tubular tenha sido desenvolvido originariamente para os

    edifcios em concreto armado, a sua introduo nos edifcios em ao foi feita por quem

    o desenvolveu, no caso o engenheiro Fazlu R. Kan, scio da Skidmore e Associados [7].

    O sistema tubular comporta-se satisfatoriamente tanto para estruturas em ao como para

    estruturas de concreto.

    As estruturas tubulares treliadas so altamente eficientes com potencial para

    edificaes ainda mais altas do que as tubulares aporticadas. Este arranjo foi utilizado

    pela primeira vez em 1969, no John Hancock Building (figura II.5) em Chicago [9].

    Com o treliado de ao as colunas podem possuir maiores espaamentos, permitindo

    maiores aberturas de portas e janelas do que em estruturas tubulares convencionais.

    Outra vantagem nas estruturas tubulares treliadas que o treliamento contribui na

    distribuio da carga gravitacional entre as colunas, transferindo o carregamento axial

    das colunas mais solicitadas para as menos solicitadas [9].

  • 15

    Figura II.5 - Ed. John Hancock Building [9]

    2.2.5. ESTRUTURAS COM PAREDES DE CISALHAMENTO:

    Nestes casos a rigidez lateral da estrutura garantida atravs de paredes de

    concreto armado ou alvenaria, construdas nos vos entre vigas e colunas, em cada

    andar (figura II.6).

    As paredes podem servir simultaneamente como elementos de vedao e

    elementos resistentes a cargas laterais. A sua alta rigidez responsvel pela resistncia

    lateral do edifcio. As paredes comportam-se como se fossem as trelias verticais de um

    prtico contraventado. Devido rigidez horizontal resultante, paredes de cisalhamento

    tornam-se um atraente sistema de resistncia a cargas laterais, do ponto de vista

    econmico, para edificaes com at 30 pavimentos de altura.

    Diferentemente dos prticos rgidos, as estruturas com paredes de cisalhamento

    dificultam a circulao, tornando-se uma soluo mais adequada para edificaes

    residenciais e de hotis, onde a repetio dos pavimentos permite a locao mais fcil e

    contnua das paredes ao longo da altura da edificao.

    O comportamento um tanto complexo destas paredes e a possibilidade de sua

    remoo inconsciente por parte do usurio da edificao so fontes de preocupao para

    projetistas.

    Este sistema conduz a uma estrutura final leve, com as vigas rotuladas nas

    colunas, o que permite que o restante da estrutura seja projetado apenas para resistir

    carga gravitacional.

  • 16

    Figura II.6 - Estrutura com paredes de cisalhamento [9]

    2.2.6. ESTRUTURAS COM NCLEOS E TRELIAS TRANSVERSAIS OU

    OUTRIGGER

    Esta forma estrutural bastante eficiente consiste em um ncleo central, seja ele

    de concreto armado ou treliado, com trelias horizontais que se conectam s colunas

    exteriores. A unio elimina a ao independente do ncleo e do quadro, diminuindo

    consideravelmente os deslocamentos horizontais. Quando da ao das cargas laterais, as

    rotaes do ncleo so contidas pela trelia horizontal atravs da transferncia de

    tenses de trao para as colunas de barlavento, e compresso para as colunas de

    sotavento, conforme podemos verificar na figura II.7. Com a utilizao dos outrigger

    tem-se um aumento significativo na rigidez lateral da edificao.

    As colunas da periferia que no esto conectadas diretamente ao outrigger

    podem participar desta ao quando da utilizao de trelias horizontais ou vigas

    mestras na fachada ao redor do edifcio.

    Figura II.7 - Estrutura com ncleo e trelias transversais [9]

  • 17

    Embora a utilizao de outrigger traga estrutura um grande aumento na sua

    rigidez s cargas laterais, nota-se, porm que esse ganho de rigidez diminui medida

    que se acrescenta mais outrigger, de forma que o limite econmico se situa entre quatro

    a no mximo cinco trelias [9].

    2.2.7. ESTRUTURAS COM SISTEMAS HBRIDOS

    Muitos arranjos estruturais previamente descritos so particularmente

    satisfatrios para edificaes com formas prismticas, uma vez que podem ser

    completamente estruturadas atravs de um nico sistema. No entanto, h de se

    considerar que os arquitetos cada vez mais projetam estruturas menos repetitivas e

    montonas, e as formas irregulares por eles propostas desafiam a habilidade dos

    engenheiros estruturais.

    Edifcios de forma no prismtica muitas vezes no se aplicam satisfatoriamente

    a uma nica forma de sistema estrutural, tendo ento o engenheiro que improvisar,

    desenvolvendo uma soluo satisfatria. Nestes casos pode-se abrir mo da utilizao

    de dois ou mais sistemas de resistncia a cargas laterais como podemos observar na

    figura II.8.

    Figura II.8 - Exemplo de sistema estrutural hbrido composto por tubo aporticado,

    ncleo de rigidez e trelias transversais [9]

  • 18

    Atualmente, com a disponibilidade de potentes computadores e avanados

    softwares de anlise, um engenheiro, com um adequado conhecimento, poder

    solucionar o sistema estrutural de edifcios com alto grau de irregularidade.

    2.3. CONTRAVENTAMENTOS TRELIADOS:

    O contraventamento treliado um mtodo altamente eficiente de resistncia aos

    esforos horizontais nos sistemas estruturais de edifcios. Pilares, vigas e diagonais so

    conectados para que o conjunto forme uma espcie de trelia vertical em balano. As

    diagonais e as vigas agem como a malha da trelia enquanto os pilares os seus banzos.

    As estruturas contraventadas possuem um comportamento bem mais eficiente

    em relao s estruturas puramente aporticadas devido eliminao dos momentos nas

    ligaes entre vigas e colunas. Esta eliminao dos momentos conseguida atravs da

    insero de barras diagonais no interior dos quadros aporticados. Desta maneira o corte

    devido carga lateral absorvido primeiramente pelas diagonais e no mais pelas vigas.

    Todos os elementos que formam este treliamento praticamente ficam sujeitos apenas a

    esforos axiais, o que torna este sistema estrutural particularmente eficiente. Esta

    eficincia pode ser explicada pelo fato de as barras trabalharem predominantemente sob

    esforos axiais de trao e compresso, bem mais favorveis que, por exemplo, os

    esforos de flexo, resultando em elementos estruturais de menores dimenses, e com

    adequada rigidez ao corte horizontal.

    Este sistema de resistncia a cargas laterais quando utilizado em edifcios em

    conjunto com diafragmas horizontais, geralmente formados pelas lajes, torna-se uma

    soluo bastante atraente em termos de custo. MELO NETO [30] explica que os

    contraventamentos em trelia so os mais econmicos e eficazes sistemas de resistncia

    a cargas laterais, desde que no haja conflito com a disposio dos espaos internos do

    edifcio.

    2.3.1- TIPOS DE CONTRAVENTAMENTO:

    Qualquer configurao racional de contraventamento pode ser utilizada para

    sistemas de contraventamento treliado [5]. Em geral se o ao for a possvel soluo

    para a estrutura de um edifcio de andares mltiplos, possivelmente o sistema de

    resistncia a cargas laterais pode ser um contraventamento treliado.

  • 19

    Os contraventamentos treliados podem ser extremamente obstrutivos para a

    arquitetura embaraando a organizao interna dos espaos e da circulao. Desta

    maneira, estes sistemas devem ser posicionados de modo a causar o mnimo de

    obstruo enquanto satisfaz suas funes estruturais. Como se v, a seleo do tipo de

    contraventamento no apenas funo da rigidez requerida, mas tambm

    freqentemente influenciado pela disponibilidade de vos que no venham a obstruir a

    circulao interior do edifcio.

    Devido a requisitos arquitetnicos, algumas vezes h apenas alguns poucos vos

    ao redor dos elevadores e dependncias de servio que so passveis de

    contraventamentos. Em algumas ocasies pode ser possvel contraventar maiores

    pores do edifcio sem comprometer a arquitetura. Uma extrapolao destes sistemas

    treliados, quando o contraventamento empacota o exterior do edifcio, d origem a um

    sistema tridimensional muito eficiente comumente conhecido como sistema tubular

    contraventado.

    Algumas vezes o tipo de contraventamento tem que ser escolhido primeiramente

    visando a abertura dos vos, em sacrifcio da eficincia na resistncia dos esforos

    laterais. Em edifcios de baixa e mdia altura, e que no so particularmente esbeltos,

    geralmente possvel para o engenheiro posicionar o sistema de contraventamento sem

    que o arquiteto tenha que consider-lo durante a fase de projeto. Em edifcios esbeltos

    de mdia altura e em edifcios verdadeiramente altos, a localizao do sistema de

    contraventamento ganha fundamental importncia, sendo realmente determinante na

    viabilidade da estrutura.

    Os mais eficientes, mas tambm mais obstrutivos tipos de contraventamento, so

    aqueles que formam trelias verticais com tringulos totais em cada tramo [9]. Estes

    incluem o treliamento com diagonais simples, treliamento em X, em V e V

    invertido (figura II.9). Estes treliamentos devido ao seu alto grau de obstruo so

    posicionados onde a circulao no requerida, como por exemplo, nos poos de

    elevadores e reas de servio e fachadas.

  • 20

    (a) (b) (c) (d) (e) (f)

    Figura II.9 - Contraventamento de tringulos totais

    Outros tipos de contraventamentos, menos obstrutivos, que permitem a abertura

    de portas e janelas, so aqueles em que o treliamento no forma tringulos completos,

    tambm conhecido como contraventamentos excntricos, e que devido a essa

    excentricidade respondem ao carregamento lateral com momentos nas barras (figura

    II.10).

    Em um sistema de contraventamento excntrico as conexes das diagonais so

    deliberadamente afastadas das conexes entre as vigas e as colunas. Este sistema,

    embora originalmente concebido para satisfazer os requisitos de ductibilidade em zonas

    ssmicas, pode convenientemente ser empregado em aplicaes no ssmicas [9].

    Mantendo-se as conexes entre diagonais e vigas prximo s colunas, a rigidez do

    sistema pode ser feita muito prxima de um contraventamento concntrico.

    Geralmente estes contraventamentos so menos rgidos aos esforos laterais e,

    conseqentemente, menos eficientes em relao queles formados por tringulos

    completos, onde a estrutura responde aos carregamentos laterais apenas com esforos

    axiais em seus membros.

    (a) (b) (c) (d) (e) (f)

    Figura II.10 - Contraventamento de tringulos parciais

    Uma vantagem adicional na utilizao de contraventamentos com painis

    formados por tringulos totais que o momento fletor e o esforo cortante nas vigas e

  • 21

    lajes no so influenciados significativamente pelo esforo lateral atuante na estrutura.

    Diante disto, as vigas e lajes de um pavimento que, neste caso, so projetadas para

    resistir apenas carga gravitacional, pode ser repetida atravs da altura da edificao

    com economia no projeto e na construo.

    Nos sistemas de contraventamento cujas diagonais conectam-se s vigas a uma

    grande distncia dos seus extremos (figura II.9.d e II.9.e) a viga pode ser projetada

    como contnua atravs da conexo diminuindo assim o custo com ligaes. Segundo

    SMITH e COULL [9] os mais vantajosos tipos de contraventamento so aqueles que

    possuem algum dos seus extremos conectados em vigas relativamente flexveis

    verticalmente, no atraindo desta forma significante esforos quando do encurtamento

    das colunas.

    Como dito anteriormente, os contraventamentos que no formam tringulos

    cheios podem ser usados para projetar estruturas dcteis, mais interessantes em

    regies suscetveis a sismos. A rara ocorrncia de efeitos ssmicos em nosso territrio

    fez com que estes tipos de sistemas de contraventamento no sejam objeto do nosso

    estudo.

    Encontrar um eficiente e econmico sistema de contraventamento para um

    edifcio alto representa para o engenheiro estrutural uma excelente oportunidade para

    utilizar inovadores conceitos de projeto. Entretanto, disponibilidade de larguras

    apropriadas para contraventamentos treliados freqentemente uma considerao

    bastante rara. Como um guia preliminar, uma relao altura-largura entre 8 e 10

    considerada razovel para se obter um contraventamento eficiente [9]. Achar espaos

    para as tais larguras timas de contraventamento, sem entrar em conflito com o

    planejamento arquitetnico, pode nem sempre ser possvel, forando o engenheiro

    estrutural a usar sistemas de contraventamento menos timos.

    2.3.3. UTILIZAO DE CONTRAVENTAMENTOS DE GRANDES MDULOS

    Outra soluo de contraventamento muito utilizada e bastante eficiente a

    adoo de treliamentos em grande escala ou em grandes mdulos. Esta soluo

    consiste em utilizar trelias cujos mdulos englobam dois ou mais andares da edificao

    (figura II.11).

  • 22

    (a) (b) (c)

    Figura II.11 - Contraventamento em grande escala

    De acordo com SMITH e COULL [9] durante as ltimas dcadas o aumento da

    eficincia dos contraventamentos tem sido obtido com a utilizao das trelias de

    grandes mdulos.

    Como exemplo de estruturas que utilizam estas trelias podemos citar o edifcio

    americano Mercantile Tower, localizado no estado do Missouri, com 35 pavimentos e

    um contraventamento formado por quatro trelias com diagonais em V invertido,

    englobando trs pavimentos por mdulo (figura II.12.a). Outro exemplo o Alcan

    Building, em Chicago com 27 pavimentos, que utiliza trelias com mdulos de seis

    pavimentos de altura e treliamento com duplas diagonais (figura II.12.b).

    (a) (b)

    Figura II.12 - Edifcios Mercantile Tower e Alcan Building [9]

  • 23

    Vale lembrar que qualquer modelo razovel de contraventamento pode ser

    projetado, contanto que o corte provocado pelas foras laterais seja resistido em todos

    pavimentos.

    2.3.3. COMPORTAMENTO DO CONTRAVENTAMENTO TRELIADO:

    O carregamento lateral aos quais as edificaes esto sujeitas so reversveis,

    ocasionando nos contraventamentos a alternncia entre esforos de trao e compresso.

    Esta alternncia concorre para que as barras que compem os contraventamentos sejam

    dimensionadas para suportar o esforo de compresso. Por esta razo, sistemas de

    contraventamento com barras de pequeno comprimento podem ser mais interessantes,

    devido menor susceptibilidade flambagem por compresso.

    A funo dos elementos que compem um contraventamento na resistncia aos

    esforos laterais podem ser entendida atravs do caminhamento do corte horizontal

    (figura II.13) e das foras gravitacionais (figura II.14) atravs dos pavimentos da

    estrutura.

    (a) (b) (c)

    Figura II.13 - Esquema do caminhamento das cargas horizontais nos elementos dos contraventamentos

    Na figura II.13.a as diagonais esto comprimidas e as vigas tracionadas,

    ocasionando o encurtamento das diagonais e o alongamento das vigas, dando origem

    deformao por corte. Na figura II.13.b, as foras nos contraventamentos conectados

    nos extremos de cada barra so equilibradas horizontalmente, com as vigas sujeitas a

    um insignificante esforo axial. Na figura II.13.c a metade de cada viga est sujeita

    compresso e a outra metade trao. Com a inverso no sentido da fora horizontal

    que atua na estrutura as aes e deformaes em cada elemento do contraventamento

    sero tambm invertidos.

  • 24

    O caminhamento das foras gravitacionais de compresso transferidas s

    diagonais de contraventamento, enquanto os pilares da estrutura encurtam

    verticalmente, podem ser traados similarmente.

    (a) (b) (c) (d) Figura II.14 - Esquema do caminhamento das cargas gravitacionais nos elementos dos

    contraventamentos

    Enquanto as colunas da figura II.14.a e II.14.b encurtam, as diagonais ficam

    sujeitas compresso, que podem ser desenvolvidas devido ao efeito de amarrao

    provocado pelas vigas. Na figura II.14.d os pontos das vigas onde as diagonais se

    encontram no apresentam grandes restries ao deslocamento vertical atravs da

    rigidez flexo das colunas. Conseqentemente, as diagonais no atrairo foras

    gravitacionais significantes.

    2.3.4. COMPORTAMENTO DO CONTRAVENTAMENTO FLEXO:

    Sistemas estruturais formados por pilares e vigas formando elementos verticais e

    horizontais isolados so estveis apenas para cargas gravitacionais. Estes sistemas

    precisam ser contraventados para as cargas laterais. Basicamente so trs as maneiras de

    se conseguir isto, a saber:

    - atravs de painis de corte,

    - atravs de ligaes resistentes a momentos entre as vigas e os pilares,

    - atravs de trelias.

    A trelia usualmente formada por insero de diagonais em vos retangulares

    da estrutura. Se uma diagonal simples for utilizada ela precisa servir a uma funo

    dupla: agir trao para combater o esforo lateral em uma direo e agir compresso

    para combater o esforo na direo inversa. Devido aos elementos tracionados serem

    mais eficientes do que os elementos comprimidos dos contraventamentos, seu projeto

  • 25

    deve preferencialmente trabalhar com suas diagonais se cruzando. Em qualquer caso o

    treliamento gera apenas cargas axiais nas suas barras, e seu comportamento para as

    cargas laterais se assemelha ao comportamento de uma estrutura com ncleo rgido.

    Um contraventamento submetido flexo comporta-se como uma trelia vertical

    em balano. As colunas agem como os banzos conduzindo o momento externo, com

    trao nas colunas de barlavento e compresso nas colunas de sotavento. As diagonais e

    as vigas agem como a malha da trelia, absorvendo o corte horizontal, com as diagonais

    tracionadas ou comprimidas, em funo da direo do carregamento. As vigas so

    solicitadas axialmente e em alguns casos a momento fletor tambm.

    O efeito de deformao axial das colunas causa na estrutura uma configurao

    fletida com a concavidade voltada para sotavento, e deslocamento mximo no topo

    (figura II.15.a). O efeito de deformao axial nas diagonais e vigas causa na estrutura

    uma configurao de corte, isto , com a concavidade voltada para barlavento e

    deslocamentos relativos entre pavimentos mximos na base e zero no topo (figura

    II.15.b). O formato final da estrutura um efeito combinado das curvas de flexo e

    corte, com uma configurao resultante dependendo da magnitude relativa de cada um

    dos efeitos (figura II.15.c).

    (a) (b) (c)

    Figura II.15 - Configurao de flexo dos contraventamentos treliados [9]

    Contraventamentos que so erguidos ao longo de um nico vo (figura II.16.a),

    o carregamento horizontal causa trao mxima na base da coluna de barlavento e

    compresso na de sotavento. Quanto mais delgada for a trelia formada, maiores sero

  • 26

    estas a foras de trao e compresso. Dependendo da magnitude das cargas mortas

    transferidas para estas colunas, a fora de trao pode ser parcial ou totalmente

    suprimida. Relaes entre altura e largura do contraventamento maiores que 10 podem

    gerar foras extremamente altas. Este problema pode ser evitado atravs do

    posicionamento sucessivo de contraventamentos em diferentes vos (figura II.16.b).

    Neste tipo de arranjo a fora axial nas colunas causadas pelo carregamento lateral ser

    significativamente menor.

    (a) (b)

    Figura II.16 - Contraventamento em nico vo e em vrios vos

    2.3.5. PLANEJAMENTO DE SISTEMAS DE CONTRAVENTAMENTO

    TRELIADOS:

    Durante a fase de projeto e de execuo de uma estrutura que utiliza

    contraventamentos como o seu sistema estrutural de resistncia aos esforos laterais

    deve-se ficar atento s consideraes abaixo apresentadas a fim de que se possa obter

    um melhor desempenho com este sistema AMBROSE [10]:

    - As diagonais precisam ser posicionadas de modo a no interferir com os

    sistemas habitacionais da estrutura ou outras funes do edifcio. Se os

    membros de contraventamentos so projetados essencialmente como

    membros submetidos a tenses axiais, estes precisam ser executados de

    modo a evitar solicitaes diferentes daquelas previstas para seu

    funcionamento.

    - A reversibilidade da carga lateral precisa ser considerada. Tal considerao

    requer que as diagonais sejam projetadas para trao ou compresso. Pode-se

  • 27

    ainda colocar diagonais redundantes (como um contraventamento em X),

    com parte das diagonais trabalhando a trao para a carga atuando em uma

    direo e a outra parte trabalhando para cargas na direo inversa.

    - Embora elementos diagonais freqentemente funcionem apenas para cargas

    laterais, as barras horizontais e verticais precisam ser dimensionadas para as

    vrias possibilidades de combinao de cargas laterais e gravitacionais. A

    estrutura deve ser analisada para todas as possveis combinaes de

    carregamento, e cada elemento precisa ser projetado para uma combinao

    crtica que represente a resposta de pico.

    - Nas barras longas e esbeltas deve ser considerado o peso prprio causando

    flexo.

    - As conexes das estruturas treliadas precisam ser apertadas, devendo-se

    evitar ligaes que tendem progressivamente a se deformar.

    - Para se evitar carregamentos gravitacionais nas diagonais, suas conexes so

    algumas vezes executadas apenas aps a estrutura estar pelo menos

    parcialmente carregada.

    - Na maioria dos casos no necessrio contraventar todos os vos de uma

    estrutura. Pode-se contraventar apenas poucos vos ou apenas um nico vo,

    ao longo de toda a altura da edificao, com os demais agindo em comboio.

  • 28

    CAPTULO - III

    3.1. DESCRIO DA ESTRUTURA

    As edificaes analisadas no presente estudo possuem as mesmas caractersticas

    arquitetnicas, diferindo apenas na quantidade de pavimentos, 30 e 50 respectivamente.

    Ambas possuem um p-esquerdo de 2,85 metros, o que resulta em uma altura de 85,5 e

    142,5 metros cada. A esbeltez das edificaes, ou seja, a relao entre a sua altura e as

    dimenses em planta so:

    Para a edificao de 30 pavimentos :

    x = H / Lx = 85.5 / 28 = 3.053 y = H / Ly = 85.5 / 36 = 2.375

    Para a edificao de 50 pavimentos :

    x = H / Lx = 142.5 / 28 = 5.089 y = H / Ly = 142.5 / 36 = 3.958

    Como pode ser visto na planta baixa esquematizada na figura III.1, a estrutura

    formada por pilares regularmente espaados a cada 9m na direo X e a cada 8m na

    direo Y, unidos por vigas formando um prtico tridimensional. De acordo com

    SALLES [7], os vos econmicos para as vigas metlicas so de 9 a 12 metros para as

    principais e de 6 a 9 metros para as secundrias, evitando-se assim grandes dimenses

    de lajes. Com base nestas recomendaes as vigas principais foram posicionadas de

    modo a coincidir com os pilares, ou seja, com um vo de 8 metros e regularmente

    espaadas a cada 9 metros, enquanto as vigas secundrias possuem vos de 9 metros

    espaadas a cada 4 metros.

  • 29

    V-1040

    0

    P-19 V-7 P-20 P-21 P-22 P-23

    400

    V-9

    V-8

    V-11

    V-12

    V-6

    P-14 V-5 P-15 P-16 P-17 P-18

    400

    P-13P-12P-11V-4

    400

    400

    P-6 V-3 P-7 P-8 P-9 P-10

    V-1

    400

    V-2

    P-1 P-2 P-3 P-4 P-5

    900 900 900900

    Figura III.1 - Planta Baixa do edifcio modelo

    3 PAV2 PAV1 PAV

    900

    12 PAV

    4 PAV5 PAV6 PAV7 PAV8 PAV9 PAV10 PAV11 PAV

    13 PAV14 PAV15 PAV16 PAV17 PAV18 PAV19 PAV20 PAV21 PAV

    900 900 900 800 800 800

    22 PAV23 PAV24 PAV25 PAV26 PAV27 PAV28 PAV29 PAV30 PAV

    8550X

    Z

    Y

    Z

    Figura III.2 - Elevao do edifcio modelo de 30 pavimentos

  • 30

    Z

    1 PAV

    10 PAV

    6 PAV5 PAV4 PAV3 PAV2 PAV

    9 PAV8 PAV7 PAV

    15 PAV14 PAV13 PAV

    11 PAV12 PAV

    19 PAV18 PAV17 PAV16 PAV

    900 900 900 900

    X

    38 PAV

    29 PAV

    24 PAV23 PAV22 PAV21 PAV20 PAV

    27 PAV26 PAV25 PAV

    28 PAV

    33 PAV32 PAV31 PAV30 PAV

    37 PAV36 PAV35 PAV34 PAV

    43 PAV42 PAV41 PAV40 PAV39 PAV

    47 PAV46 PAV45 PAV44 PAV

    50 PAV49 PAV48 PAV

    Z

    800 800 800

    1425

    0

    Y

    Figura III.3 - Elevao do edifcio modelo de 50 pavimentos

    3.1.1. DESCRIO DOS CONTRAVENTAMENTOS ANALISADOS

    Diversas solues utilizando os contraventamentos treliados foram analisadas

    neste trabalho, as quais esto apresentadas a seguir.

  • 31

    3.1.1.1. Anlise quanto ao tipo do contraventamento

    Foram empregados na edificao da figura III.2 os tipos mais usuais de

    contraventamentos treliados utilizados nos edifcios estruturados em ao (figura III.4),

    a saber:

    - Contraventamento em X

    - Contraventamento em V

    - Contraventamento em V invertido

    - Contraventamento com diagonais no mesmo sentido

    - Contraventamento com diagonais em sentido contrrio

    O comportamento da estrutura para os diversos tipos de treliamento foi

    avaliado com base nas suas deformaes, no consumo de ao e nas verificaes de

    conforto humano.

    Para compor o sistema de contraventamento foram utilizadas dez trelias, sendo

    seis na direo Y e quatro na direo X como ilustra a figura III.4.

    (d)

    800 800 800

    (a)800800 800

    800

    800 800800

    ( )

    800

    (b)

    800 800

    (c)800 800

    Figura III.4 - Tipos de treliamento utilizados no contraventamento

  • 32

    400

    V-10

    P-20V-7P-19 P-23P-22P-21

    400

    V-8

    V-9

    V-12

    V-11

    V-6

    P-18P-17P-16P-15V-5P-14

    400

    P-11 P-12 P-13V-4

    400

    400

    P-7V-3P-6 P-10P-9P-8

    V-1

    400

    V-2

    P-2P-1 P-5P-4P-3

    900900 900 900

    Contraventamento Contraventamento

    ContraventamentoContraventamento

    Figura III.5 - Localizao em planta dos sistemas de contraventamento

    3.1.1.2. Anlise quanto contribuio dos pilares, das vigas e das diagonais nos

    deslocamentos finais da estrutura.

    Os deslocamentos finais das estruturas com contraventamentos treliados so

    resultantes basicamente das deformaes axiais das barras que fazem parte do sistema

    de contraventamento.

    A contribuio dos pilares, das vigas e das diagonais no contraventamento da

    estrutura foram verificados atravs de incrementos sucessivos na rigidez axial destes

    elementos. Foram verificados, tambm, os deslocamentos laterais das estruturas

    provocados unicamente pela deformao de cada um destes elementos. Estas anlises

    foram realizadas para as estruturas com 30 e 50 pavimentos, sendo utilizado um

    contraventamento em X anlogo ao utilizado na figura III.6.a.

  • 33

    3.1.1.3. Anlise quanto ao posicionamento dos contraventamentos em diferentes

    vos ao longo da altura da edificao

    Foram realizadas trs modelagens utilizando contraventamentos posicionados de

    diferentes formas ao longo da altura da estrutura.

    900900 900 900 800 800 800 900 900 900 900 800 800800 900900 900900 800 800 800

    (a) (b) (c)

    Figura III.6 - Contraventamentos posicionados em diferentes vos

    No primeiro caso o sistema de contraventamento foi posicionado ao longo da

    altura da edificao atravs de um nico vo (figura III.6.a). No segundo caso o

    contraventamento foi posicionado ao longo de trs vos (figura III.6.b). No ltimo caso

    o contraventamento foi posicionado diagonalmente ao longo dos vos adjacentes (figura

    III.6.c). Estas trs solues foram analisadas para as edificaes com 30 e 50

    pavimentos, estando em todos os casos os sistemas de contraventamento posicionados

    nas fachadas.

    3.1.1.4. Anlise quanto associao dos contraventamentos em linha

    Foram analisadas trs situaes para a associao em linha de

    contraventamentos. Na primeira modelagem foram empregados dois contraventamentos

    posicionados lado a lado (figura III.7.a). Na segunda modelagem os contraventamentos

    foram posicionados defasados um do outro (figura III.7.b). Na terceira modelagem,

    optou-se por utilizar trs trelias horizontais formando uma espcie de prtico

    treliado, de modo a impor uma interao entre os treliamentos (figura III.7.c). Estas

  • 34

    solues foram empregadas para as edificaes com 30 e 50 pavimentos. No caso da

    utilizao das trelias horizontais, estas foram posicionadas nos seguintes pavimentos:

    Quadro III.1 - Posio das trelias horizontais

    EDIFICIO DE 30 PAVIMENTOS

    EDIFICIO DE 50 PAVIMENTOS

    1 Trelia horizontal 7 e 8 PAV 13 e 14 PAV

    2 Trelia horizontal 15 e 16 PAV 25 e 26 PAV

    3 Trelia horizontal 23 e 24 PAV 37 e 38 PAV

    A escolha da quantidade de trelias e de seu posicionamento ao longo da altura

    da edificao foram baseadas nas recomendaes para estruturas com outrigger.

    800 900 900900 900900 800 800 800900 900 900 800 800 800900900 900 900 800 800

    (a) (b) (c)

    Figura III.7 - Contraventamentos associados em linha

    3.1.1.5. Anlise quanto ao posicionamento dos contraventamentos em