estudo conceptual dos_servicos_dos_crtic_chaves ii

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1 Centro de Recursos de Tecnologias de Informação e Comunicação para as Necessidades Educativas Especiais CRTIC Chaves CENTRO DE RECURSOS TIC PARA A EDUCAÇÃO ESPECIAL DE CHAVES Estudo Conceptual dos Serviços dos CRTIC (II) Julho 2011

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Centro de Recursos de Tecnologias de Informação e Comunicação para as

Necessidades Educativas Especiais

CRTIC Chaves

CCEENNTTRROO DDEE RREECCUURRSSOOSS TTIICC PPAARRAA AA EEDDUUCCAAÇÇÃÃOO EESSPPEECCIIAALL DDEE CCHHAAVVEESS

EEssttuuddoo CCoonncceeppttuuaall ddooss SSeerrvviiççooss ddooss CCRRTTIICC

((IIII))

Julho 2011

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Índice

Breve Introdução …………………………………………..………………………………. …….......…. 3

Capitulo I A utilização das TIC na Educação de Alunos com NEEcp …… …………….... 4

Capitulo II AS TIC na Educação de Alunos com NEE …………………………. ……………… 7

Capitulo III TIC e os Produtos de Apoio …………………………………………... ……………… 11

Capitulo IV Software especial para a acessibilidade …………………………. ……………… 15

Capitulo V Formação dos Docentes de Educação Especial, o GRID2 …………....... 17

Conclusão ……………………………………………………………………………………. ……………… 20

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Introdução

No ano lectivo transacto iniciou-se a descrição do sistema de prestação de serviços dos

CRTIC, numa perspectiva conceptual.

Foi deste modo que se iniciou um estudo teórico do funcionamento dos CRTIC,

tentando pôr em evidência áreas chave para o desenvolvimento do funcionamento

destes serviços. Na tentativa de se dar continuidade ao trabalho anterior e numa

perspectiva de continuidade surge este ano lectivo 2010/2011 uma abordagem que,

julgamos, ser o complemento do anterior trabalho.

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Capitulo I

A utilização das TIC na Educação de Alunos com NEEcp

A dimensão tecnológica, a qual não podemos ignorar, com ramificações para quase

todos os aspectos da vida quotidiana e, consequentemente, na educação, não pode

ser ignorada. Hoje, as crianças e jovens crescem em ambientes altamente mediados

pela tecnologia (Sancho & Hernandéz, 2006). As crianças são atraídas pelas tecnologias

de forma quase impulsiva (Valente e Osório, 2007). Salienta-se que este paradigma

nem sempre é aproveitado pela Escola para integrar outras aprendizagens, apesar dos

alertas integradores de alguns investigadores do conhecimento.

No entanto a formação dos docentes é frequentemente apontada como uma das

principais barreiras à implementação das TIC nas práticas educativas. A ausência de

treino apropriado na utilização das tecnologias nos programas de formação inicial e na

formação em serviço, dos professores, é a barreira mais comummente citada

relativamente ao uso das tecnologias na sala de aula (Colburn, 1998 cit in Hasselbring

& Glaser, 2000; Brodin & Lindstrand, 2003; Paiva, 2003; Sancho & Hernández, 2006).

Ao nível nacional as preocupações e implicações subjacentes a nível de estratégias

pedagógicas e formação dos agentes educativos na utilização educativa das TIC, são

alvo de discussão assim como os novos papéis da escola e do professor.

No caso específico da utilização das tecnologias com alunos com NEEcp e à luz da

perspectiva inclusiva, existem várias questões que poderiam ser alvo de discussão:

Como estamos no que toca à implementação das tecnologias específicas para o apoio

aos alunos com NEE? Qual é a prioridade dada à formação em TIC aplicada às NEE aos

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agentes educativos com responsabilidades no terreno? Estarão conscientes e

informados sobre as oportunidades que estas ferramentas podem proporcionar aos

alunos que se debatem com problemas na aprendizagem? Como estão a adoptar estas

tecnologias os professores de Educação Especial? Terão as competências necessárias

para o uso das TIC na educação de alunos com NEE?

Numa escola dita inclusiva, os modernos sistemas educacionais advogam não se

reportar apenas aos alunos, mas sim a todos os agentes educativos que de algum

modo se cruzam no caminho desses alunos as competências necessárias à utilização

destas tecnologias. Supõe-se que exista uma escola para todos, adaptada à medida de

cada um. Com esta abordagem queremos confirmar que não existem escolas

específicas, devendo cada aluno ser incorporando na sala de aula regular, com os

professores do ensino regular, e frequentar a escola mais próxima da sua área de

residência. A actual legislação que regulamenta os apoios especializados determina

que os alunos com NEEcp devem fazer as suas aprendizagens no meio menos restritivo

possível. Assim, o princípio que está em causa é que o aluno deveria fazer as suas

aprendizagens em conjunto com os seus pares. Tudo isto tornou-se um desafio para o

professor ao qual foi delegado o dever de promover experiências de aprendizagem

bem sucedidas para qualquer aluno, tenha ele NEEcp ou não. Esta questão levanta a

problemática da formação dos professores que, embora não tenha a obrigatoriedade

de um conhecimento específico sobre Necessidades Educativas Especiais, porque a lei

ainda não o determina, devem compreender a natureza das problemáticas e estar

preparados para acolher e educar qualquer aluno que esteja na sala de aula. Quanto a

este factor poderíamos falar, também, dos alunos com problemas de aprendizagem, os

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quais poderão não necessitar de serviços de educação especial (Nielsen, 1999),

segundo a nova legislação, mas poderão necessitar de estratégias bastante

diferenciadas. A inovação tecnológica e dos apoios prestados a alunos com NEEcp

necessitam de estudos constantes e permanentes que investiguem em que ponto

estes dois campos do saber se poderão unir num tronco comum para que a promoção

do acesso e sucesso educativo destes alunos seja uma realidade.

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Capitulo II

AS TIC na Educação de Alunos com NEE

O uso do computador e das novas tecnologias apresenta-se como uma mais-valia para

o processo de ensino-aprendizagem. Existe a possibilidade de comunicação e uma

inovadora forma de transmissão de conhecimentos, mas também uma grande

bagagem motivacional que está constantemente presente nesta sociedade abismada

pela tecnologia.

Com a finalidade de aumentar o acesso, a eficiência e a qualidade do processo de

ensino-aprendizagem, as TIC são utilizadas a nível internacional e nos diferentes níveis

de ensino. As vantagens que as TIC trazem ao processo de ensino-aprendizagem estão

comprovadas em vários estudos e relatórios internacionais e nacionais, apontando-se

como principais benefícios os proveitos em termos de motivação e desempenho,

promovendo-se assim, cada vez mais a sua utilização (Balanskat, Blamire & Kefala,

2006; Becta, 2007; IICD, 2008; Gutterman, Rahman, Supelano, Thies & Yang, 2009).

As vantagens da utilização das TIC estendem–se aos alunos com NEE e estão descritas

em vários estudos (BECTA, 2003; Balanskat, Blamire & Kefala, 2006; Williams, Jamali &

Nicholas, 2006; BECTA, 2007; Liu, Cornish & Clegg, 2007), tirando-se a ilação de que os

benefícios obtidos na educação destes alunos tendem a ser superiores aos que não

beneficiam delas, tendo estes as mesmas condições nas suas limitações. A educação,

quando auxiliada pelas novas tecnologias, provou ser mais eficaz e eficiente,

verificando-se quando comparada com a educação tradicional. Presume-se que é

devido à acrescida motivação incrementada pela interacção com o computador

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(Kirinić, Vidaček-Hainš & Kovačić, 2009), que disponibiliza outras possibilidades no que

refere à acessibilidade e à participação destes alunos ao currículo, quer formal quer

específico.

Existe, de facto, um potencial inclusivo na utilização das TIC. As investigações

realizadas, testemunhos de professores e dos próprios alunos com NEE, comprovam a

vasta amplitude da aplicação das TIC, quer como produtos de apoio, quer como

instrumento pedagógico, como potencial de resolução de problemas nas várias

dificuldades que estes alunos apresentam, fruto das limitações, percorrendo um

espectro que vai desde a deficiência física mais visível, até aos problemas emocionais e

comportamentais.

Quase todos os professores são adeptos da utilização das TIC na educação para a

inclusão. O potencial das TIC no favorecimento da inclusão é impossível de negar uma

vez que apresentam numerosas vantagens para os alunos com NEE, promovendo a

igualdade de oportunidades e a participação activa destes alunos no seu processo de

aprendizagem. Enquanto produtos de apoio constituem uma ferramenta que pode

auxiliar na transposição de barreiras no acesso à educação e como instrumento

pedagógico fomentam novas possibilidades e estratégias educativas capazes de obter

mais sucesso se tivermos em conta os métodos tradicionais de ensino. Constata-se que

as TIC podem auxiliar o processo de ensino e de aprendizagem dos alunos com NEE de

várias formas:

- Desenvolvendo a motivação;

- Possibilitando e melhorando a acessibilidade;

- Melhorando o desempenho;

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- Aumentando expectativas;

- Facilitando a diferenciação;

- Providenciando alternativas;

- Promovendo o envolvimento com o mundo real;

- Facilitando o acompanhamento e avaliação pelo professor;

- Apoiando o trabalho administrativo;

- Promovendo a ligação com o lar e a comunidade.

Mas atenção, não é a simples introdução do computador em sala de aula que produz

efeitos automaticamente benéficos para o processo de ensino e de aprendizagem

(Ponte, 1997; Paiva, 2003; Sancho e Hernández, 2006). É necessária a implementação

de metodologias pedagógicas que rentabilizem o grande potencial que as TIC

possuem.

Presentemente, com o PTE, verifica-se uma corrida ao apetrechamento informático

das escolas e à certificação dos docentes em TIC, assistindo-se ao lançamento de

directivas, políticas e projectos que procuram combater a infoexclusão e o

analfabetismo informático, assim como potenciar a utilização das TIC como

instrumento pedagógico. No entanto nem sempre os meios estão disponíveis ou são

adequados às reais necessidades dos alunos, com ou sem necessidades educativas

especiais e/ou de aprendizagem. Não se podem entender os meios apenas como os

equipamentos (hardware) e os programas informáticos (software), nesta vertente

também temos de integrar os profissionais da educação e questionar se eles serão,

efectivamente, capazes extrair os benefícios da utilização das novas tecnologias,

“…mesmo quando motivados para o uso dos computadores e da Internet, os

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professores deparam-se com grandes dificuldades, sobretudo porque não tiveram a

preparação específica e adequada para o fazerem, dificilmente conseguindo

concretizar propostas para além do que habitualmente fazem com os seus alunos”

(Costa 2007: 15). Normalmente este aproveitamento resume-se à utilização dos

programas de software mais usuais: Word, Excel e PowerPoint.

Também sabemos que muitos dos computadores existentes nas escolas acabam por

não ser utilizados, ou pelo menos não lhe é retirada a máxima rentabilidade, pela falta

de informação e formação dos professores na área das TIC, sobretudo no que respeita

ao software mais específico.

No caso específico do apoio a alunos com NEE podem apontar-se evidentes

necessidades de formação geral em TIC e, em particular, na formação TIC

especialmente orientada para as NEE de profissionais da linha frente na educação

destes alunos. A falta de formação e treino adequados, tem um impacto

particularmente preponderante nos alunos com limitações porque, frequentemente, a

utilização da tecnologia é uma componente crucial no planeamento e implementação

de um programa educacional para estes alunos Nesta perspectiva, a formação de

todos aqueles que trabalham com alunos com NEE deve, portanto, assumir-se como

uma prioridade em prol do acesso e sucesso educativo e social destes alunos.

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Capitulo III

TIC e os Produtos de Apoio

Conforme destacou Vygostsky, é sumamente relevante para o desenvolvimento

humano o processo de apropriação, por parte do indivíduo, das experiências presentes

na sua cultura. O autor enfatiza a importância da acção, da linguagem e dos processos

interactivos na construção das estruturas mentais superiores (VYGOTSKY, 1987). O

acesso aos recursos oferecidos pela sociedade, escola, tecnologias, etc., influencia

determinantemente nos processos de aprendizagem da pessoa.

Entretanto, as limitações do indivíduo com deficiência tendem a tornarem -se uma

barreira para as aprendizagens. Desenvolver recursos de acessibilidade seria uma

maneira concreta de neutralizar as barreiras causadas pela deficiência e inserir os

indivíduos portadores de limitações em ambientes ricos para a aprendizagem,

proporcionados pela cultura.

Outra dificuldade que as limitações nas interacções trazem consigo são os

preconceitos a que o indivíduo portador de deficiência está sujeito. Desenvolver

recursos de acessibilidade também pode significar combater esses preconceitos, pois,

no momento em que lhe são dadas as condições para interagir e aprender,

explicitando o seu pensamento, o deficiente mais facilmente será tratado como um

igual, ou seja, "diferente" pela sua condição de pessoa com deficiência, mas ao mesmo

tempo igual porque interage, relaciona-se e pode até competir no seu meio com

recursos mais poderosos, proporcionados pelas adaptações de acessibilidade de que

dispõe. É visto como igual, porque as suas diferenças passam a ser semelhantes às

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diferenças intrínsecas existentes entre todos os seres humanos. Assim poderá dar

passos maiores em direcção à diluição das discriminações e como consequência terá o

respeito conquistado através da convivência com os pares, aumentando sua auto-

estima, porque passa a poder explicitar melhor seu potencial e seus pensamentos.

É sabido que as TIC se vêm tornando, de forma crescente, importantes instrumentos

da nossa cultura, e o acesso a estas, um meio concreto de inclusão e interacção com o

mundo, "Para as pessoas sem deficiência, a tecnologia torna as coisas mais fáceis.

Para as pessoas com deficiência, a tecnologia torna as coisas possíveis" (Radabaugh,

1993).

Nesses casos, as TIC são utilizadas como Produtos de Apoio, através de hardware e

software muito específico.

Os Produtos de Apoio são uma área do conhecimento de característica interdisciplinar,

que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que

objectivam promover a funcionalidade, relacionada à actividade e participação de

pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua

autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social.

São considerados Produtos de Apoio, artefactos simples, como uma colher adaptada,

uma bengala ou um lápis com uma empunhadura mais grossa para facilitar a preensão,

até sofisticados sistemas computadorizados, utilizados com a finalidade de

proporcionar uma maior independência e autonomia à pessoa com deficiência.

A diferente maneira de utilizar as TIC como produto de apoio tem sido sistematizada e

classificada das mais variadas formas, dependendo da ênfase que cada investigador

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lhe dá. Podemos optar por apresentar uma classificação que divide essa utilização em

quatro áreas (SANTAROSA, 1997):

a) As TIC como sistemas auxiliares ou prótese para a comunicação: talvez esta

seja a área onde as TIC tenham possibilitado avanços mais significativos. Em

muitos casos o uso destas tecnologias têm-se constituído na única maneira

pela qual diversas pessoas podem comunicar-se com o mundo exterior,

podendo explicitar os seus desejos e pensamentos. Estas tecnologias têm

possibilitado a optimização da utilização de Sistemas Alternativos e

Aumentativos de Comunicação (SAAC), bem com a informatização dos

métodos tradicionais de comunicação alternativa, como os sistemas Bliss,

PCS ou PIC, entre outros.

b) As TIC utilizadas para controlo do ambiente: as TIC, como Produto de Apoio,

também são utilizadas para controlar do ambiente, possibilitando à pessoa

com comprometimento motor possa comandar remotamente aparelhos,

electrodomésticos, acender e apagar luzes, abrir e fechar portas, enfim, ter

um maior controlo e independência nas actividades da vida diária.

c) As TIC como ferramentas ou ambientes de aprendizagem: as dificuldades de

muitas pessoas com necessidades educativas especiais no seu processo de

desenvolvimento e aprendizagem têm encontrado uma ajuda eficaz na

utilização das TIC como ferramenta ou ambiente de aprendizagem.

Diferentes pesquisas têm demonstrado a importância dessas tecnologias no

processo de construção do conhecimento desses alunos.

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d) As TIC como meio de inserção no mundo do trabalho profissional: pessoas

com grave comprometimento motor podem tornar-se cidadãos activos e

produtivos, em vários casos garantindo o seu próprio sustento, através do

uso das TIC.

Normalmente estas quatro áreas relacionam-se entre si, podendo determinada pessoa

utilizar as TIC em duas ou mais destas áreas. É o caso, por exemplo, de uma pessoa

com problemas de comunicação e linguagem que utiliza o computador como produto

de apoio à comunicação e, ao mesmo tempo, como livro e caderno digital noutras

actividades escolares ou no mundo laboral.

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Capitulo IV

Software Especial para a Acessibilidade

Alguns dos recursos mais úteis e mais facilmente disponíveis, porém muito poucas

vezes utilizados e desconhecidos, são as "Opções de Acessibilidade" do Windows .

Diversas modificações podem ser feitas nas configurações do computador, adaptando-

o a diferentes necessidades dos alunos. No caso dos alunos com dificuldades de

coordenação motora e que não conseguem utilizar o rato mas podem digitar no

teclado, a ocorrência mais frequente, pode configurar o computador, através das

Opções de Acessibilidade, para que a parte numérica realize todos os mesmos

comandos que o apontador do rato.

Além do rato, outras configurações podem ser feitas, como o tamanho da letra, o

contraste do ecrã, no caso de pessoas com dificuldades visuais e ainda outras opções.

Outro software específico e de acessibilidade são os simuladores de teclado e de rato.

Todas as opções do teclado ou as opções de comando e movimento do rato, podem

ser exibidas no ecrã e seleccionadas, ou de forma directa, ou por meio de varrimento.

Para as necessidades da maior parte dos alunos com NEEcp, encontramos na Internet

o “sites” com software livre, como por exemplo a “site” espanhol de Jordi Lagares, no

qual é disponibilizado para download diverso freeware por ele desenvolvido. Trata-se

de simuladores que podem ser operados de forma bem simples, além de serem

programas muito "leves", ocupando pouco espaço no disco rígido. Com os simuladores

de teclado e os simuladores de rato, pode começar-se a utilizar o computador e

mostrar melhor o potencial cognitivo, iniciando a aprendizagem da leitura e da escrita.

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Com recursos de acessibilidade tão simples como estes, abrem-se novos horizontes ao

aluno com deficiência motora, possibilitando que a sua capacidade cognitiva, muitas

vezes aprisionada num corpo com graves limitações, encontre novos canais de

expressão e desenvolvimento.

Estes simuladores podem ser accionados através de sopro, mas também por pequenos

ruídos ou pequenos movimentos voluntários feitos por diversas partes do corpo, e até

mesmo por piscadelas ou somente o movimento dos olhos.

Existem outros sites na Internet que disponibilizam gratuitamente outros simuladores

e programas especiais de acessibilidade.

Como softwares especiais para a comunicação, existem as versões computadorizadas

dos sistemas tradicionais de comunicação alternativa como o Bliss, o PCS ou o PIC.

Para pessoas com deficiência visual existe também software que "faz o computador

falar", os digitalizadores de fala e os terminais Braille, que substituem o teclado

convencional. Para os cegos existem programas como o DOSVOX, o Virtual Vision,

Bridge, Jaws e muitos outros.

Existe ainda outra dimensão da acessibilidade, a Acessibilidade Física, que estuda as

barreiras arquitectónicas para os portadores de deficiência e as formas de evitá-las.

Outro conceito novo é o conceito de Acessibilidade Virtual, que estuda as melhores

maneiras de tornar a Internet acessível a todas as pessoas.

É importante ressaltar que as decisões sobre os recursos de acessibilidade que serão

utilizados com os alunos têm que partir de um estudo pormenorizado e individual,

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com cada aluno. Deve começar com uma análise detalhada e estudo aprofundado das

suas necessidades, para, a partir daí, se optar pelos recursos que melhor respondem às

suas reais necessidades. Este estudo deverá ser feito por um conjunto de diferentes

profissionais, como terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e ou outros que se

revelem necessários, antes da decisão sobre a melhor adaptação.

Capitulo V

Formação dos Docentes de Educação Especial, o GRID2

Um dos programas bastante utilizado com alunos portadores de deficiência motora é o

GRID2. No nosso caso concreto foi elaborado um programa de formação para os

professores que trabalham com este programa na construção do saber dos seus

alunos:

CURSO GRID 2 (NIVEL INICIADO)

Além do sistema de teclados no ecrã para a comunicação e acesso ao computador, o

programa GRID 2 inclui várias áreas de trabalho. Um navegador de Internet, acesso

directo a envio/recepção de emails e SMS, acesso ao Skype, Media Player e DVD, são

algumas das ferramentas para a Comunicação Aumentativa.

Com o GRID2, o utilizador pode trabalhar no computador sem precisar de utilizar o

rato ou o teclado. Os teclados virtuais do GRID2 podem ser acedidos através do rato

ou de qualquer outro dispositivo apontador: tracker, trackball, ou outros dispositivos

apontadores, ou ainda através de um ou mais manípulos, por processos de varrimento

totalmente controlado pelo utilizador. O programa contém ainda um sintetizador em

português de elevada qualidade, que possibilita aos seus utilizadores expressarem-se

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através deste sistema de conversão texto-fala. Esta solução possibilita ao seu utilizador

expressar-se e comunicar de forma autónoma, utilizar o computador e os programas

nele contidos, e também controlar totalmente o seu ambiente físico (abertura e fecho

de portas e janelas, acesso autónomo ao telefone, TV, equipamento de áudio e vídeo,

etc.), caso seja necessário.

Objectivo Geral: Capacitar o professor no uso das técnicas do Software GRID, no que

respeita à qualidade do software, transmitindo não apenas a teoria do seu

funcionamento, mas o conhecimento prático e imediatamente aplicável.

Objectivos específicos:

-Aprender as funções elementares do programa;

-Compreender as potencialidades do GRID2 nas diferentes vertentes de utilização;

-Dar formação para a autonomia e para a exploração e adaptação dos teclados às

necessidades de cada utilizador.

Destinatários:

Profissionais com intervenção nas áreas da Educação (professores).

Conteúdos

- O que permite o GRID2;

- Breve explicação sobre as potencialidades do GRID 2

- Destinatários do software;

- Comunicar com o GRID 2;

- Explorar teclados pré – concebidos;

- Perceber a sua concepção (modo edição);

- Criar um utilizador;

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- Conceber teclados tendo em atenção o utilizador;

- Duplicar teclados;

- Alterar teclados já construídos;

- Adaptar teclados existentes às necessidades dos utilizadores;

- Conceber a área de trabalho dentro de um teclado;

- Criar células;

- Construir células de texto e símbolos:

- Copiar e colar células;

- Conceber mais do que um teclado e interligá-los entre si;

- Utilizar células de falar, apagar, saltar para, antes e depois;

- Imprimir teclados em Word e PDF;

- Importar e exportar teclados.

- Explorar as configurações do utilizador.

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CONCLUSÃO

Na utilização dos produtos de apoio é fundamental o trabalho em equipa, a

multidisciplinariedade e o envolvimento de todos os profissionais, os familiares das

pessoas com limitações e o envolvimento dos utilizadores finais.

Para uma avaliação eficaz dos produtos a serem adquiridos ou utilizados, é necessário

o conhecimento, a experiência de todos os profissionais envolvidos de modo a que se

opte pelo produto de apoio mais adequado ao caso específico de cada utilizador. O

processo, porque é um processo, nunca é definitivo e não culmina na selecção do

produto de apoio é necessário e fundamental o acompanhamento e a avaliação dos

efeitos da utilização de um determinado produto de apoio na pessoa com limitações e,

se for necessário, reiniciar o processo para que haja uma plena utilização do produto

de modo a tornar a vida destas pessoas o mais próximo da normalidade.

As reavaliações são sempre uma necessidade a considerar. Na área da educação,

nomeadamente na área dos produtos de apoio, existe a ideia de que estes são a

solução para tudo, supera-se todo um conjunto de limitações através destes produtos.

Esta ideia, só por si, não é de todo verdade. A solução dos problemas, se não existirem

serviços de avaliação e acompanhamento da utilização de um determinado produto

não é de todo eficaz, nem a sua eficácia é permanente.

O processo de selecção de um produto de apoio é importante mas a eficácia da sua

utilização é ainda mais importante.

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Professores:

Adalgisa Babo

Virgílio Ribeiro