estudo comparativo entre fachadas em alvenaria de bloco cerâmico

100
Universidade Federal do Rio de Janeiro ESTUDO COMPARATIVO ENTRE FACHADAS EM ALVENARIA DE BLOCO CERÂMICO REVESTIDAS COM ARGAMASSA E FACHADAS EXECUTADAS COM PLACAS CIMENTÍCIAS Jéssyca Corrêa Carvalho 2015

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Universidade Federal do Rio de Janeiro

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE FACHADAS EM

ALVENARIA DE BLOCO CERÂMICO REVESTIDAS COM

ARGAMASSA E FACHADAS EXECUTADAS COM

PLACAS CIMENTÍCIAS

Jéssyca Corrêa Carvalho

2015

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE FACHADAS EM

ALVENARIA DE BLOCO CERÂMICO REVESTIDAS COM

ARGAMASSA E FACHADAS EXECUTADAS COM

PLACAS CIMENTÍCIAS

Jéssyca Corrêa Carvalho

Projeto de Graduação apresentado ao curso

de Engenharia Civil da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro,

como parte dos requisitos necessários à

obtenção do título de Engenheiro.

Orientador: Jorge dos Santos

Rio de Janeiro

Agosto de 2015

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE FACHADAS EM

ALVENARIA DE BLOCO CERÂMICO REVESTIDAS COM

ARGAMASSA E FACHADAS EXECUTADAS COM PLACAS

CIMENTÍCIAS

Jéssyca Corrêa Carvalho

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO

RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA

OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinado por:

______________________________________ Prof. Jorge dos Santos, D. Sc., Orientador

______________________________________ Prof. Ana Catarina Evangelista, D. Sc.

______________________________________ Prof. Isabeth da Silva Mello, M. Sc.

______________________________________ Prof. Wilson Wanderley da Silva, Arq.

RIO DE JANEIRO – RJ – BRASIL

AGOSTO DE 2015

iv

Carvalho, Jéssyca Corrêa

Estudo comparativo entre fachadas em alvenaria de bloco

cerâmico revestidas com argamassa e fachadas executadas

com placas cimentícias/ Jéssyca Corrêa Carvalho – Rio de

Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2015.

XIV, p.86: il.; 29,7 cm.

Orientador: Jorge dos Santos

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de

Engenharia Civil, 2015.

Referências Bibliográficas: p. 81-86.

1. Fachadas 2. Alvenaria de Blocos Cerâmicos Revestida

com Argamassa 3. Placa cimentícia.

I. Santos, Jorge dos Santos; II. Universidade Federal do Rio

de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil; III.

Engenheira Civil

v

DEDICATÓRIA

Dedico essa monografia à minha Bisavó Neuza Pacheco Corrêa e ao

meu Bisavô Hilário Machado Corrêa (in memoriam) por tudo que sempre

fizeram por mim. Por estarem sempre presentes na minha vida, fazendo parte

dos meus estudos, minha educação e minha formação. Agradeço por todo

amor e carinho, por acreditarem e investirem no meu futuro. Por onde

estiverem, sei que estão comigo, para sempre! Amo vocês!

vi

AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, aos meus pais, João Carlos Carvalho e

Christiane Corrêa, por sempre me apoiarem, me incentivarem, por terem me

dado a oportunidade dos estudos e a educação importantíssima para me tornar

a pessoa que sou hoje.

À minha irmã, Vanessa Carvalho, pela paciência, pelo apoio, pela

compreensão durante a caminhada em busca desse objetivo.

Aos meus avós, George Pacheco e Sandra de Andrade, por todo o

carinho, dedicação e amor que sempre me deram. Obrigada por estarem

sempre presentes.

Aos meus avós, Mario Carvalho (in memoriam) e Therezinha Carvalho (in

memoriam), pelos momentos bons que passamos.

Ao meu namorado, André Freitas Freire, por estar ao meu lado em todos

os momentos e por confiar e me apoiar em qualquer circunstância. Te amo!

Às minhas amigas do Colégio Pedro II, Aninha, Bianca, Camila e

Fernanda, pelos quase 15 anos de amizade, pelos momentos de diversão e

união que provam que o tempo e a distância nunca vão nos separar.

Aos amigos que a faculdade me deu, obrigada por serem os melhores

companheiros nos momentos de alegria e angústia durante todos esses anos.

Em especial agradeço às amigas Érica Helena, Luiza Massari e Talita Mesquita

pelos momentos de confissão e ajuda mútua ao longo dessa jornada.

A todos aqueles que auxiliaram na conclusão desse trabalho. Agradeço

especialmente aos amigos Ruan Carvalhosa e Pedro Segadas pela

contribuição nesse estudo.

Ao meu orientador, Jorge dos Santos, por toda atenção, disponibilidade e

contribuição nesse trabalho final, agradeço também pelas aulas ministradas e

por todo conhecimento transmitido ao longo desses anos.

vii

Resumo do projeto de graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para obtenção do grau de Engenheiro Civil.

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE FACHADAS EM ALVENARIA DE BLOCO

CERÂMICO REVESTIDAS COM ARGAMASSA E FACHADAS EXECUTADAS COM

PLACAS CIMENTÍCIAS

Jéssyca Corrêa Carvalho

Agosto/2015

Orientador: Prof. Jorge dos Santos

Curso: Engenharia Civil

Com o desenvolvimento do setor imobiliário e a busca por processos que demandem

menor geração de resíduos, menos desperdícios, atendimento de prazo, desempenho

satisfatório e que sejam economicamente viáveis, novas técnicas construtivas vêm

surgindo no mercado mundial. Essa modernização do setor de construção civil

naturalmente vem atrelada à industrialização, com o intuito de mitigar etapas

construtivas no canteiro e garantir boa qualidade de execução. Nesse contexto, o

sistema de vedações verticais externas (SVVE) vem ganhando um papel de suma

importância em prol da racionalização. Este trabalho traz um estudo comparativo entre

uma tecnologia tradicional, fachadas em alvenaria revestidas com argamassa, muito

utilizada nas construções, mas que diversas vezes não é a solução mais racional, e

uma tecnologia nova no mercado, fachadas executadas com placas cimentícias, aos

poucos inserida nas construções, mas que ainda representa um choque cultural no

Brasil. No estudo, serão abordados aspectos de planejamento, produtividade, custo,

sustentabilidade e desempenho. O intuito é saber se essa alternativa é viável para

substituir tecnologias antiquadas, como o sistema de fachadas argamassadas, e se o

setor de construção civil caminha no sentido certo da modernidade, atendendo

requisitos de desempenho e racionalização.

Palavras-chave: alvenaria, argamassa, placa cimentícia, steel frame.

viii

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

COMPARATIVE STUDY BETWEEN MASONRY FACADES COATED WITH MORTAR

AND FACADES PERFORMED ON CEMENT SLABS.

Jéssyca Corrêa Carvalho

August/2015

Advisor: Prof. Jorge dos Santos

Course: Civil Engineering

With the development of the real estate sector and the search for processes that

require less waste generation, less natural resources consumption, further guaranties

of fulfilling the deadline, satisfactory performance and still are economically viable, new

construction techniques are emerging in the world market. This modernization of the

civil construction sector is naturally linked to industrialization, in order to mitigate

constructive steps in the construction site and ensure good execution quality. In this

context, the system of external vertical seals (SVVE) is gaining a role of paramount

importance for the sake of rationalization. This work presents a comparative study

between a traditional technology, masonry facade coated with mortar, widely used in

construction, which many times is not the most rational solution though, and a new

technology on the market, facade performed with cement slabs, gradually inserted in

construction, but still a cultural shock in Brazil. On this study, will be presented aspects

of planning, productivity, cost, sustainability and performance. The intention is to find

out whether this alternative is feasible to replace outdated technologies such as system

grouted facades, and whether the construction sector is moving in the right sense of m

eeting innovation performance and streamlining requirements.

Keywords: masonry, mortar, cement slabs, steel frame.

ix

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 01

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................... 01

1.2 JUSTIFICATIVAS ................................................................................................. 03

1.3 OBJETIVO ............................................................................................................ 04

2. CONTEXTUALIZAÇÃO DE FACHADAS ................................................................. 05

2.1 DEFINIÇÃO .......................................................................................................... 05

2.2 CLASSIFICAÇÃO ................................................................................................. 07

2.3 HISTÓRICO.......................................................................................................... 09

2.4 PATOLOGIAS ...................................................................................................... 11

2.5 PECULARIDADES DOS PROJETOS DE FACHADAS ......................................... 12

2.6 ASPECTOS AMBIENTAIS ................................................................................... 15

2.7 MANUTENÇÃO DE FACHADAS .......................................................................... 16

3. SISTEMA CONSTRUTIVO DE FACHADAS EM ALVENARIA DE BLOCOS

CERÂMICOS REVESTIDAS COM ARGAMASSA ...................................................... 18

3.1 DESCRIÇÃO ........................................................................................................ 18

3.2 COMPONENTES DO SISTEMA ........................................................................... 19

3.2.1 BLOCO CERÂMICO ..................................................................................... 19

3.2.2 ARGAMASSA ............................................................................................... 20

3.2.2.1 MATERIAIS CONSTITUINTES DA ARGAMASSA .............................. 22

3.2.3 TELA METÁLICA .......................................................................................... 25

3.3 EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS .................................................................. 25

3.4 TRANSPORTE, MANUSEIO E ARMAZENAMENTO ............................................ 26

3.4.1 BLOCOS CERÂMICOS ................................................................................. 27

3.4.2 AÇO .............................................................................................................. 28

3.4.3 CIMENTO, CAL E ARGAMASSA INDUSTRIALIZADA.................................. 28

3.4.4 AREIA ........................................................................................................... 28

3.5 ETAPAS EXECUTIVAS ........................................................................................ 28

3.5.1 EXECUÇÃO DO VEDO EM ALVENARIA DE BLOCO CERÂMICO .............. 28

3.5.2 EXECUÇÃO DO REVESTIMENTO EXTERNO ARGAMASSADO ................ 33

3.5.2.1 VERIFICAÇÃO DAS CONDIÇÕES INICIAIS ....................................... 33

3.5.2.2 MONTAGEM DE BALANCINS ............................................................ 34

3.5.2.3 PREPARO DA BASE .......................................................................... 34

3.5.2.4 LOCAÇÃO E DESCIDA DOS ARAMES .............................................. 36

3.4.2.4 MAPEAMENTO ................................................................................... 36

3.5.2.5 REPROJETO ...................................................................................... 37

x

3.5.2.6 TALISCAMENTO .......................................................................... 37

3.5.2.7 APLICAÇÃO DA ARGAMASSA .................................................... 37

3.5.2.8 EXECUÇÃO DO ACABAMENTO ................................................. 38

3.5.2.9 SARRAFEAMENTO ..................................................................... 39

3.5.2.10 DESEMPENAMENTO ................................................................ 39

3.6 CUSTO, QUALIDADE E PRODUTIVIDADE ......................................................... 39

3.7 PATOLOGIAS ...................................................................................................... 41

3.7.1 PATOLOGIAS EM SISTEMA DE ALVENARIA ............................................. 41

3.7.2 PATOLOGIAS EM SISTEMA DE REVESTIMENTO EM ARGAMASSA ........ 41

3.8 VANTAGENS E DESVANTAGENS ...................................................................... 42

4. SISTEMA CONSTRUTIVO DE FACHADAS COM PLACAS CIMENTÍCIAS ............ 44

4.1 DESCRIÇÃO ........................................................................................................ 44

4.2 COMPONENTES DO SISTEMA ........................................................................... 46

4.2.1 PLACA CIMENTÍCIA ..................................................................................... 46

4.2.2 GUIA E MONTANTE ..................................................................................... 48

4.2.3 BARREIRA IMPERMEÁVEL ......................................................................... 49

4.2.4 ABSORVENTES ACÚSTICOS ...................................................................... 50

4.2.5 CHAPAS DE GESSOS PARA DRYWALL ..................................................... 51

4.2.6 PERFIS EM PVC .......................................................................................... 52

4.2.7 ARGAMASSAS ............................................................................................. 53

4.2.8 COMPONENTES DE ACABAMENTO .......................................................... 54

4.2.8.1 FITA PARA TRATAMENTO DE JUNTAS INTERNAS ......................... 54

4.2.8.2 FITA PARA ISOLAMENTO (BANDA ACÚSTICA) .............................. 55

4.2.8.3 FITA PARA TRATAMENTO DE JUNTAS EXTERNAS ........................ 55

4.2.8.4 TELA PARA ACABAMENTO EXTERNO ............................................. 56

4.2.9 COMPONENTES DE FECHAMENTO .......................................................... 57

4.2.10 COMPONENTES FIXADORES ................................................................... 57

4.3 EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS .................................................................. 57

4.4 TRANSPORTE, MANUSEIO E ARMAZENAMENTO ............................................ 58

4.5 ETAPAS EXECUTIVAS ........................................................................................ 60

4.5.1 MAPEAMENTO DE ESTRUTURA ................................................................ 60

4.5.2 ESTRUTURAÇÃO – GUIAS E MONTANTES ............................................... 61

4.5.3 PLAQUEAMENTO EXTERNO ...................................................................... 61

4.5.4 PLAQUEAMENTO INTERNO ....................................................................... 62

4.5.5 TRATAMENTO DE JUNTAS E EXECUÇÃO DE ACABAMENTO ................. 62

4.6 CUSTO, QUALIDADE E PRODUTIVIDADE ......................................................... 62

4.7 PATOLOGIAS ...................................................................................................... 64

xi

4.8 VANTAGENS E DESVANTAGENS ...................................................................... 64

5. ESTUDO DE CASO .................................................................................................. 66

5.1 DESCRIÇÃO DO EMPREENDIMENTO ............................................................... 66

5.1.1 ASPECTOS GERAIS .................................................................................... 66

5.1.2 ASPECTOS TÉCNICOS ............................................................................... 67

5.2 JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA POR FACHADAS EXECUTADAS COM PLACA

CIMENTÍCIA ................................................................................................................. 68

5.3 TÉCNICAS CONSTRUTIVAS ............................................................................... 69

5.4. PLANEJAMENTO E CRONOGRAMA FÍSICO ..................................................... 70

5.5 BARREIRAS ENCONTRADAS ............................................................................. 72

5.6 CUSTOS INCORRIDOS E INVESTIMENTOS ...................................................... 72

5.6.1 COMPARATIVO DE CUSTO DIRETO .......................................................... 74

5.6.2 COMPARATIVO DE CUSTO INDIRETO....................................................... 74

5.6.3 COMPARATIVO DE CUSTO TOTAL ............................................................ 75

5.7 CANTEIRO DE OBRA E LOGÍSTICA ................................................................... 75

5.8 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO ESTUDO DE CASO ........................................... 75

5.8.1 GANHOS DE CUSTO E PRAZO ................................................................... 75

5.8.2 GANHOS EM SUSTENTABILIDADE ............................................................ 75

5.8.3 GANHOS DE ENGENHARIA ........................................................................ 77

5.8.4 GANHOS DE PRODUTO .............................................................................. 77

6. CONCLUSÕES ........................................................................................................ 79

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 81

xii

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. Exemplo de fachada com argamassa colante ................................................ 07

Figura 2. Fachada executada com placa cimentícia ..................................................... 07

Figura 3. Tipologias de vedações verticais sob o ponto de vista construtivo, e alguns

exemplos ...................................................................................................................... 09

Figura 4. Parâmetros e aspetos que devem ser considerados na concepção de uma

fachada ......................................................................................................................... 13

Figura 5. O avanço do empreendimento em relação à chance de reduzir o custo de

falhas do edifício ........................................................................................................... 14

Figura 6. Gráfico da queda de desempenho natural de uma edificação com o tempo .. 17

Figura 7. Evolução do desempenho da edificação após as atividades de manutenção. 17

Figura 8. Camadas do sistema de fachada tradicional. ................................................. 19

Figura 9. Representação dos blocos cerâmicos de vedação ........................................ 20

Figura 10. Camadas do revestimento de argamassa: emboço e reboco; massa única. 22

Figura 11. Tela eletrosoldada ....................................................................................... 25

Figura 12. Equipamentos auxiliares para a marcação e elevação das paredes ............ 26

Figura 13. Equipamentos para execução de revestimento de alvenarias externas ....... 26

Figura 14. Armazenamento – blocos cerâmicos ........................................................... 27

Figura 15. Marcação das paredes a partir dos eixos de referência ............................... 29

Figura 16. Execução de ligação entre alvenaria de fachada e alvenaria interna ........... 31

Figura 17. Exemplo de encunhamento em bloco cerâmico ........................................... 32

Figura 18. Esquema de alvenaria x pilar com a tela soldada ........................................ 32

Figura 19. Balancim e esquema de fixação .................................................................. 34

Figura 20. Tipos de chapiscos aplicados ...................................................................... 35

Figura 21. Locação e descida dos arames e pontos de mapeamento de fachadas ...... 36

Figura 22 Mapeamento e posição do arame na fachada. ............................................. 37

Figura 23. Reforço da argamassa ................................................................................. 38

Figura 24. Produtividade: em função das dificuldades do serviço ................................. 41

Figura 25. Desplacamento localizado no emboço ......................................................... 42

Figura 26. Estrutura básica do svve – fechamento interno com uma chapa de gesso –

perspectiva e corte ....................................................................................................... 44

Figura 27. Estrutura básica do svve – fechamento com duas chapas de gesso –

perspectiva e corte ....................................................................................................... 44

Figura 28. Estrutura básica do svve - dupla camada de perfis metálicos e chapa de

gesso entre essas camadas - perspectiva e corte ........................................................ 45

xiii

Figura 29. Estrutura básica do svve - com dupla camada de perfis metálicos sem

chapa de gesso entre essas camadas – perspectiva e corte ........................................ 45

Figura 30. Exemplo de placa cimentícia com reforço em tela ....................................... 47

Figura 31. Montante e guia, respectivamente. .............................................................. 49

Figura 32. Barreira impermeável de não-tecido posicionada entre a placa cimentícia e

a estrutura .................................................................................................................... 50

Figura 33. Exemplo de material absorvendo acústico: lã de rocha................................ 51

Figura 34. Tipos de placa de gesso tipo drywall ............................................................ 52

Figura 35. Pingadeira em pvc para proteção de fachada .............................................. 52

Figura 36. Fita para tratamento de juntas para drywall ................................................. 54

Figura 37. Fita para isolamento acústico entre os perfis perimetrais e a estrutura ........ 55

Figura 38. Fita para tratamento de juntas no sistema de placa cimentícia .................... 55

Figura 39. Tela para combater fissuras e aumentar a resistência, embutida na

argamassa. ................................................................................................................... 55

Figura 40. Recomendações para transporte de placa cimentícia .................................. 59

Figura 41. Recomendações para armazenamento de placa cimentícia ........................ 59

Figura 42. Recomendações para armazenamento de placa cimentícia ........................ 59

Figura 43. Fachada do empreendimento Wind ............................................................. 67

Figura 44. Esquema estrutural – Wind residencial ........................................................ 67

Figura 45. Gráfico comparativo de Resíduos Gerados .................................................. 70

Figura 46. Execução de fachadas com placa cimentícia – Wind Residencial ................ 76

Figura 47. Edifício residencial em Aquapanel (fachada em construção) ....................... 78

Figura 48. Edifício residencial em Aquapanel (construção) – Fachada principal ........... 78

xiv

ÍNDIDE DE TABELAS

Tabela 1. Sistema construtivo inovador ........................................................................ 04

Tabela 2. Classificação de técnicas construtivas para fachadas – Classificação .......... 09

Tabela 3. Relação de cimentos e suas respectivas normas específicas ....................... 23

Tabela 4. Influência da curva granulométrica nas propriedades das areias .................. 24

Tabela 5. Função de aditivos no emprego em argamassas .......................................... 24

Tabela 6. Composição básica do SVVE, sem função estrutural, em perfis leve de aço,

multicamadas, com fechamento em chapas delgadas .................................................. 46

Tabela 7. Caracterização da placa cimentícia utilizada nos svve .................................. 48

Tabela 8. Caracterização dos perfis metálicos utilizados nos svve ............................... 49

Tabela 9. Caracterização da barreira impermeável à água e permeável ao vapor de

água utilizada nos svve ................................................................................................. 50

Tabela 10. Caracterização do isolante (térmico/acústico) utilizado no svve .................. 51

Tabela 11. Caracterização de chapas de gesso ........................................................... 52

Tabela 12. Caracterização dos perfis de pvc utilizados no svve ................................... 53

Tabela 13. Caracterização da argamassa utilizada nos svve ........................................ 54

Tabela 14. Caracterização da massa para tratamento de junta da face interna do

SVVE ............................................................................................................................ 54

Tabela 15. Caracterização da fita para tratamento de junta da face interna do SVVE .. 55

Tabela 16. Caracterização da fita usada nas juntas dissimuladas externas do svve ..... 56

Tabela 17. Caracterização da tela usada junto à argamassa de revestimento do svve . 56

Tabela 18. Caracterização dos parafusos utilizados nos svve ...................................... 57

Tabela 19. Equipamentos utilizados para execução de fachadas em placa cimentícia . 58

Tabela 20. Premissas para equalização da vedação externa – Alvenaria ..................... 70

Tabela 21. Premissas para equalização da vedação externa – Aquapanel ................... 71

Tabela 22. Cronograma de vedação externa (Alvenaria x Aquapanel) ......................... 72

Tabela 23. Orçamento de Aquapanel ........................................................................... 73

Tabela 24. Orçamento de alvenaria .............................................................................. 73

Tabela 25. Comparativo de custo direto........................................................................ 74

Tabela 26. Custo indireto .............................................................................................. 74

Tabela 27. Comparativo de custo total .......................................................................... 75

Tabela 28. Ganhos em Sustentabilidade – Alvenaria e Aquapanel. .............................. 76

Tabela 29. Ganhos de engenharia – Alvenaria e Aquapanel ........................................ 77

1

1. INTRODUÇÃO

1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Durante muitos anos, os engenheiros civis se perguntaram se era possível que a

construção no Brasil deixasse seu caráter artesanal para seguir o caminho da

industrialização nos canteiros de obra. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, os

países desenvolvidos da América do Norte, Europa e Ásia passaram a se valer com

maior intensidade de sistemas construtivos prontos, pré-fabricados, que

proporcionassem maior produtividade e economia de mão de obra de custo muito alto

nessas regiões (FARIA, 2008).

A indústria de construção civil, em todo o mundo, encontra-se em um momento

visivelmente dedicado à busca e implantação de estratégias de modernização do

setor, e a racionalização construtiva tem um papel essencial neste sentido. A

tendência mais evidente para se conseguir isso, relaciona-se ao emprego de sistemas

total ou parcialmente pré-fabricados, capazes de elevar ao máximo o potencial de

racionalização introduzido nos processos construtivos (SILVA e SILVA, 2004).

Na avaliação de Thomaz (2012), as tecnologias estarão cada vez mais voltadas

à industrialização e otimização da construção, compreendendo uma vasta gama de

materiais, componentes e sistemas construtivos. Entre as tecnologias utilizadas com

maior frequência estão: as alvenarias racionalizadas e painéis portantes, estruturas

mistas aço-concreto, estruturas pré-moldadas de concreto armado e concreto

protendido, entre outras.

Para Giribola (2014), no entanto, o uso de muitas soluções ainda não está bem

difundido entre as construtoras no Brasil. Segundo Silva e Silva (2004), a construção

civil no país continua sinalizando um atraso no que se refere ao emprego de sistemas

racionalizados de vedação, enquanto que painéis pré-fabricados são frequentemente

utilizados pela construção civil na Europa, Estados Unidos e Canadá, como solução

para aliar racionalização à velocidade de produção do subsistema vedação. Conforme

Ceotto (2004), se a construção civil brasileira adotasse a industrialização em grande

escala, poderia se tornar um dos setores da economia a liderar o processo de

aumento da produtividade brasileira.

Em se tratando especificamente de vedações verticais externas, embora

diversas alternativas existam no mercado brasileiro, ainda há uma cultura construtiva

voltada para a alvenaria tradicional como solução de vedação, com elevado índice de

2

desperdício e retrabalho embutido (SILVA e SILVA, 2004). Na avaliação de Giribola

(2013), o desempenho das fachadas vai muito além da qualidade das argamassas e

envolve uma série de fatores que vão desde a preparação do substrato até a logística

de aplicação e a elaboração de um projeto de revestimento específico para cada

empreendimento. É nessas etapas que o mercado ainda precisa avançar.

Segundo Medeiros (1999), raramente a escolha da tecnologia construtiva é

baseada em critérios técnicos confiáveis, sendo mais comum considerar somente

aspectos estéticos e econômicos. A prática usual é a de selecionar o material de

revestimento de fachada apenas considerando a qualidade do material da camada

mais externa e algumas de suas características, facilidades de composição

arquitetônica, custo e disponibilidade de aquisição no mercado. Na verdade, vários

outros critérios devem ser levados em consideração no processo de especificação

como: custos, valores culturais dos usuários, disponibilidade e capacitação de mão de

obra local, características do meio ambiente, utilização de recursos da região e

produtividade.

Para Ceotto (2004), o dado contraditório é que a construção civil brasileira já tem

acesso a produtos e sistemas construtivos com tecnologia tão avançada quanto em

qualquer outro país, mas não os utiliza. Embora haja grandes vantagens em se

trabalhar com construção seca, ainda existe uma negação em adotá-la. Ainda para

Ceotto (2004), o principal advento contra a industrialização do setor está na própria

mentalidade. E essa mentalidade é reflexo de um histórico de mão de obra

desqualificada e barata no país. A produtividade está ligada diretamente a isso. É

importante que se tenha em mente o desenvolvimento do setor.

Com a mudança de mentalidade, aos poucos os canteiros de obra se

transformam, na verdade, em locais de montagem de sistemas e isso traz a vantagem

de se acabar com os improvisos e com os desperdícios, gerando maior velocidade de

execução, menores despesas e elevada produtividade na construção (GREVEN &

BALDAUF, 2007). Para Batista (2005), os elementos industrializados devidamente

controlados ao longo da sua produção, feitos com materiais de boa qualidade,

comprados de fornecedores reconhecidos e executados com mão de obra qualificada

são primordiais para uma obra mais organizada e segura.

Por fim, segundo Sabbatini (1989) (apud BRUMATTI 2008), “... evoluir no sentido

de aperfeiçoar-se como indústria é o caminho natural da construção civil”. Dessa

forma, a engenharia vem se aperfeiçoando, passando a necessitar-se de construções

cujos elementos chegam ao canteiro dependendo apenas de uma simples montagem.

3

1.2 JUSTIFICATIVAS

A construção civil tem sido considerada uma indústria atrasada quando

comparada a outros ramos industriais. A razão disso está no fato de ela apresentar, de

uma maneira geral, baixa produtividade, grande desperdício de materiais, morosidade

e baixo controle de qualidade (EL DEBS, 2000). A industrialização da construção

aporta benefícios que mesmo os métodos tradicionais de produção mais evoluídos

não conseguem alcançar, tais como a redução de desperdícios na obra, rapidez de

execução, maior controle dimensional e de qualidade de produtos e elementos

construtivos, bem como a sistematização e otimização dos processos envolvidos na

construção. Este tipo de industrialização gera um maior desenvolvimento do setor,

proporcionando mão de obra mais qualificada, maior conhecimento tecnológico, oferta

de equipamentos mais avançados e maior controle de qualidade, gerando produtos

com maior valor agregado (BARTH E VEFAGO, 2007).

Para Tomasi (2003), a Construção Civil é um setor que apresenta como traços

marcantes uma forte flexibilidade tecnológica e organizacional e uma grande

importância social e econômica. Conforme Rosso (1980 apud CILIANA, 2001), no

domínio da edificação pode se passar de uma produtividade de 80 homem hora/m² em

um processo artesanal primitivo, a uma de 10 homem hora/m² em um processo

industrializado. Picchi (1993 apud CILIANA, 2001) afirma que a produtividade no Brasil

é menor que um quinto da produtividade dos países industrializados.

Além disso, o sistema de fachadas possui uma posição de destaque na

composição de uma edificação: não somente protegem contra agentes externos, como

também são elementos de estética e constituem parte significativa dos custos. No

Brasil, a grande maioria das construções possui como método executivo a alvenaria

convencional, constituindo-se em grande demanda de mão de obra para execução de

assentamentos e elevações de paredes em blocos unidos entre si por argamassa,

tendo seu acabamento dado por chapisco, reboco/emboço. (MEDEIROS et al., 2014).

O resultado de um estudo realizado pela “Criactive” em parceria com a Editora

“O Nome da Rosa” mostrou que no que diz respeito a sistema construtivo inovador,

“92% das construtoras entrevistadas afirmam adotar sistemas inovadores ou

pretendem fazê-lo” (PENNA, 2014). Embora o sistema estrutural seja o item que

possui mais inovação (vide tabela 1), o acabamento externo ocupando a segunda

colocação já demonstra uma mudança de mentalidade positiva nesse seguimento.

4

Tabela 1: Sistema construtivo inovador.

Fonte: PENNA, 2014.

1.3 OBJETIVOS

O objetivo central deste trabalho é responder à seguinte questão: O sistema de

fachadas executadas com placa cimentícia utilizado como elemento de vedação é uma

alternativa viável do ponto de vista da qualidade, da produtividade e do custo para

substituir a fachada de alvenaria revestida com argamassa?

Para responder a esta pergunta foi realizada uma comparação com dois tipos de

sistemas de vedação vertical externa: o convencional (fachada em alvenaria de blocos

cerâmicos revestida com argamassa) e a fachada construída com o sistema composto

por placa cimentícia. Com o objetivo definido, as características de cada uma desses

dois métodos foram analisadas, ressaltando métodos construtivos, materiais utilizados,

equipamentos, logística de canteiro, custos, produtividade e desempenho.

Além disso, foi realizado um estudo de caso em uma obra na qual o novo

sistema de fachada com placa cimentícia está sendo aplicado em substituição à

alvenaria argamassada. Este estudo serve como base para responder a resposta do

objetivo central do trabalho.

5

2. CONTEXTUALIZAÇÃO DE FACHADAS

2.1 DEFINIÇÃO

Segundo a NBR 15575 (ABNT, 2013), o sistema de vedação vertical interno e

externo (SVVIE) traduz-se como partes da edificação habitacional que limitam

verticalmente a edificação e seus ambientes, como as fachadas e as paredes ou

divisórias internas.

Na composição desse sistema, é possível listar como elementos básicos:

a) Vedo: o elemento que caracteriza a vedação vertical;

b) Revestimento: elemento que possibilita o acabamento decorativo da vedação

(incluindo o sistema de pintura neste elemento).

c) Esquadria: permite o controle de acesso aos ambientes;

As fachadas compreendem as superfícies externas verticais (ou com inclinação

superior a 60º em relação à horizontal), incluindo as superfícies opacas, paredes,

translúcidas, transparentes e vazadas, como cobogós e vãos de entrada (INMETRO,

Portaria n.º 372). Dentre os subsistemas que compõem um edifício, pode-se afirmar

que as fachadas possuem grande relevância, sendo responsáveis por criar condições

de habitabilidade e ainda desempenhar um papel importante em relação à

sustentabilidade. O custo de execução e de manutenção é expressivo em relação ao

dos outros subsistemas (OLIVEIRA; MELHADO, 2008).

Ademais, é possível que as vedações verticais interfiram em diversas outras

etapas construtivas, uma vez que podem determinar as diretrizes para o planejamento

e programação da execução da obra, pois, segundo Sabbatini (2011), podem:

a) estar no caminho crítico da obra;

b) determinar o potencial de racionalização da produção, na medida em que

interferem com as instalações elétricas e hidráulicas e sanitárias, com as

esquadrias, com a impermeabilização e com os revestimentos;

c) ter forte relação com a ocorrência de problemas patológicos, como fissuras,

destacamento de revestimento, entre outros;

d) constituir, em muitos casos, a própria estrutura do edifício (alvenarias

estruturais ou painéis portantes).

e) Proteger o homem e suas atividades contra a ação de agentes externos,

provendo privacidade e criando ambientes com características e funções

6

específicas (FRANCO, 1994) as quais, segundo Barros et al. (2003), podem

se traduzir por determinadas propriedades ou requisitos de desempenho,

(denominados também requisitos funcionais), como desempenho térmico

(principalmente isolação), desempenho acústico (principalmente isolação);

estanqueidade à água, controle da passagem de ar, proteção e resistência

contra o fogo, desempenho estrutural (estabilidade, resistências mecânicas e

deformabilidade) controle de iluminação (natural e artificial) e de raios visuais

(privacidade), durabilidade, custos iniciais e de manutenção, padrões

estéticos (conforto visual) e facilidade de limpeza e higienização.

Além disso, as vedações verticais exteriores - as paredes externas - são o

suporte dos revestimentos e sofrem diferentes solicitações na sua vida útil e são

constituídas pelo substrato e a camada de revestimento, que envolvem a camada de

regularização, dependendo da situação isolamento termoacústico, camada de fixação

e de acabamento (FLAIN, 1995).

As fachadas são responsáveis por cerca de 15 a 40% do custo total da

construção, e podem tornar-se responsável por até 40% dos gastos energéticos no

período de vida útil do edifício. Atualmente, existe uma tendência para a

industrialização desse tipo de sistema e a coordenação modular começa a ser

utilizada na busca pela racionalização e diminuição do desperdício (SANTIAGO,

2007).

Tradicionalmente, o Brasil trabalha com a fachada revestida com argamassa

(SILVA e SILVA, 2004) (figura 1), mas a execução de fachadas com outras

tecnologias, como fechamento em paredes de concreto e placas cimentícias (figura 2)

são exemplos de alternativas novas que estão cada vez mais disponíveis no mercado.

Figura 1. Exemplo de fachada com argamassa colante.

Fonte: ANTUNES, 2010

7

Figura 2. Fachada executada com Placa Cimentícia.

Fonte: http://construcaoemtemporecorde.com.br – Acesso em: 25/06/2015.

Portanto, a vedação vertical externa possui relação de extrema importância com

o potencial de racionalização da produção e, de fato, determina grande parte do

desempenho do edifício, podendo alcançar níveis muito satisfatórios refletidos em

todos os componentes do resultado final.

2.2 CLASSIFICAÇÃO

Para Oliveira (2009), as fachadas podem ser classificadas em função de

determinados aspectos: quanto à densidade: leves e pesadas, e quanto ao

revestimento: incorporado, posteriormente aderido ou sem revestimento.

Complementando com Sabbatini (2002) ainda é possível classificá-las quanto à

estrutura: autoportante e estruturada, e quanto à continuidade superficial: visibilidade

das juntas: monolítica e modular.

a) Quanto à densidade superficial:

a.1) Leve: vedação vertical não estrutural, constituídas de elementos de

densidade superficial baixa, cujo limite aproximado é 100 kgf/m²;

a.2) Pesada: vedação vertical que pode ser estrutural ou não, constituída de

elementos de densidade superficial superior ao limite pré-determinado

de aproximadamente 100 kgf/m².

8

b) Quanto ao revestimento:

b.1) Vedação com revestimento incorporado: são as vedações verticais que

são posicionadas em seus lugares definitivos acabadas, sem a

necessidade de aplicação posterior de revestimentos. Exemplo: painéis

pré-moldados de concreto com granito aderido;

b.2) Vedação com revestimento posteriormente aderido: são as vedações

executadas em seus lugares definitivos, sem a aplicação prévia de

revestimentos. Como exemplo, temos as alvenarias comuns que

receberão revestimentos aderidos ou não aderidos;

b.3) Vedação sem revestimento: são as vedações verticais que não

necessitam de aplicação de revestimentos. Pode ser utilizada de forma

aparente, receber uma única pintura ou ainda ser uma fachada

envidraçada.

c) Quanto à estrutura:

c.1) Autoportantes: quando não possuem estrutura complementar, ou seja, a

própria vedação se sustenta; é o caso da alvenaria estrutural;

c.2) Estruturadas: quando a vedação necessita de uma estrutura reticulada

para suportar os componentes de vedação, por exemplo: vedação de

gesso acartonado, alvenaria de vedação.

d) Quanto à continuidade superficial:

d.1) Monolítica: é aquela sem juntas aparentes, como as vedações de

alvenaria e gesso acartonado;

d.2) Modular: é aquela que as juntas são aparentes, como por exemplo, os

painéis pré-fabricados de fachada.

Sob o ponto de vista construtivo também é possível classificar as tipologias de

edificações verticais externas por conformação ou por acoplamento a seco (LIU,

2010), como pode ser analisado na figura 3.

9

Figura 3. Tipologias de vedações verticais sob o ponto de vista construtivo, e alguns exemplos.

Fonte: LIU, 2010.

Para a análise comparativa em questão, temos a seguinte classificação para os

processos construtivos estudados (Tabela 2):

Tabela 2. Classificação de técnicas construtivas para fachadas – Classificação.

Fonte: O Autor, 2015.

2.3 HISTÓRICO

Segundo Ceotto, Banduk e Nakakura (2005), desde a Idade Média, a alvenaria

com revestimento argamassado é uma tecnologia construtiva que está inserida na

construção civil. Inicialmente, sua função não se restringia apenas à vedação (função

mais usual atualmente), mas também era um elemento estrutural, constituída, na sua

grande maioria, por tijolos cerâmicos assentados e revestidos com argamassa. Após o

surgimento do cimento Portland, as argamassas passaram a ter sua resistência

10

aumentada e a aderência às bases onde eram aplicadas passaram a ter um

desempenho muito melhor.

A partir da década de 30 (BARROS, 2003), com a invenção do concreto armado,

o sistema de construção mudou profundamente e as alvenarias deixaram de exercer

sua função estrutural, sendo utilizadas somente como elementos de vedação. Pouca

preocupação se passou a ter, uma vez que todas as suas imperfeições seriam

amenizadas pelas camadas de revestimento. (CEOTTO, BANDUK E NAKAKURA,

2005).

Surgiram então as patologias gerais nesse sistema. Ainda para Ceotto, Banduk e

Nakakura (2005), quando as alvenarias eram estruturais, as tensões eram

uniformemente distribuídas em todo o conjunto alvenaria/revestimento,

preponderantemente na direção vertical da edificação, provocadas pelo peso próprio

do edifício e suas cargas de utilização. Os movimentos higrotérmicos eram facilmente

dissipados nas grandes espessuras de argamassas usadas até então.

O uso de estruturas reticuladas de concreto armado, tal qual é conhecido hoje,

introduziu novos problemas e suas respectivas consequências. Primeiro, as cargas

que inicialmente eram uniformemente distribuídas nas paredes eram agora

transferidas para vigas, que, por sua vez, as conduziam aos pilares, ou seja, as cargas

eram desviadas horizontalmente por peças fletidas (vigas) para locais onde eram

concentradas, que passavam a ser chamados de pilares. As vigas transferem essas

cargas provocando deslocamentos verticais que chamamos de flechas. As paredes,

que, quando usadas como estruturas, eram uniformemente comprimidas, passavam

agora a sofrer outros tipos de tensões provocadas pelas vigas. As tensões de

compressão deixaram de ser preponderantes, e as de tração e cisalhamento

passaram a predominar. Como as alvenarias têm grande capacidade de resistência à

compressão e pouca capacidade à tração e ao cisalhamento, instalou-se potencial

para patologias. (CEOTTO, BANDUK E NAKAKURA , 2005).

Até 30 anos atrás, as estruturas de concreto possuíam vãos relativamente

pequenos (de 3,5 m a 5 m) com muitos pilares, com edifícios raramente ultrapassando

16 pavimentos e construídos num prazo relativamente longo (24 a 30 meses). Essas

condições faziam com que as tensões de tração e cisalhamento, embora maiores do

que na alvenaria estrutural, não fossem grandes, o que não provocava patologias

significativas. (CEOTTO, BANDUK E NAKAKURA , 2005).

11

Nos últimos 20 anos, a exigência por mais vagas de garagem cresceu muito,

bem como a necessidade de aumento da produtividade para se reduzirem custos de

produção. Além disso, o solo urbano teve seu preço demasiadamente majorado,

fazendo com que os edifícios, que antes possuíam 16 pavimentos, agora fossem

construídos com 30 pavimentos ou mais. Tudo isso somado tornou as estruturas de

concreto armado bem mais solicitadas do que na sua origem, aumentando

significativamente as deformações impostas à alvenaria. A consequência foi inevitável,

com um aumento muito grande nas patologias nesses últimos anos. Para agravar a

situação, para se conseguirem estruturas altas e com grandes vãos, foi necessário o

aumento da resistência à compressão do concreto, dos valores comumente usados no

passado, da ordem de 15 Mpa a 18 Mpa para os atuais 30 Mpa a 35 Mpa. Sabe-se

que, quanto mais resistente é o concreto, menor é a sua porosidade, o que dificulta

ainda mais a aderência dos revestimentos e das argamassas de fixação da alvenaria,

piorando a situação. (CEOTTO, BANDUK E NAKAKURA , 2005).

Os problemas surgiram e a tecnologia do sistema construtivo avançou

lentamente, sem que houvesse uma preocupação maior com a cadeia produtiva. Hoje

o setor industrial e as construtoras estão aos poucos se conscientizando da

necessidade de um planejamento das vedações verticais externas, criando uma

interação do processo produtivo.

2.4 PATOLOGIAS

Para Chaves (2010), patologias são todas as manifestações que, ao longo da

vida útil de determinado edifício, prejudicam o seu desempenho. É verdade que as

patologias em fachadas certamente estão entre os problemas mais temidos pelos

construtores. Importantes não só pelo aspecto visual, os revestimentos cumprem um

papel na durabilidade e proteção das edificações. Parece óbvio que essa fase de

construção mereça ser tratada com planejamento e cuidadosos procedimentos

executivos. Porém, só nos últimos anos as construtoras passaram a investir em

projeto de revestimento de fachada, acompanhando o movimento de racionalizar, de

forma geral, os serviços na construção (NAKAMURA, 2004).

Segundo Roscoe (2008), a origem das patologias pode ser dividida da seguinte

forma:

a) Congênitas – são aquelas originárias da fase do projeto, em função da não

observância das normas técnicas, ou de erros e omissões dos profissionais,

12

que resultam em falhas no detalhamento e concepção inadequada dos

revestimentos.

b) Construtivas – sua origem está relacionada à fase de execução da obra,

resultante do emprego de mão-de-obra despreparada, produtos não

certificados e ausência de metodologia para assentamento das peças.

c) Adquiridas – ocorrem durante a vida útil dos revestimentos, sendo resultado

da exposição ao meio em que se inserem, podendo ser naturais, decorrentes

da agressividade do meio, ou decorrentes da ação humana.

d) Acidentais – caracterizadas pela ocorrência de algum fenômeno atípico,

resultado de uma solicitação incomum.

As principais falhas que ocorrem nos revestimentos podem ser causadas por

deficiência de projeto, desconhecimento das características dos materiais utilizados

e/ou emprego de material inadequado, erro de execução, deficiência de mão de obra,

e ainda desconhecimento e não observância de normas técnicas e problemas de

manutenção. Para Bauer (1996), dentre essas falhas podem ser citadas:

eflorescência, bolor, vesículas, deslocamento com empolamento, deslocamento de

placas, deslocamento com pulverulência, fissuras horizontais, fissuras mapeadas,

fissuras geométricas, que serão estudadas mais adiante.

2.5 PECULARIDADES DOS PROJETOS DE FACHADAS

Para Medeiros et al. (2014), em termos gerais pode-se dizer que existem três

tipologias distintas de soluções construtivas para a vedação e revestimento de

fachadas de edifícios, a saber:

a) alvenaria de vedação e revestimento aderido com substrato de argamassa;

b) alvenaria ou divisória leve de vedação com revestimento tipo cortina ou

ventilado (conhecido em inglês como rain screen wall);

c) fachada cortina e seus subtipos como painéis de concreto, LSF com placas

cimentícias, pele de vidro, structural glazing e módulos de vidro unitizados.

Para qualquer projeto de fachada é importante que se atenda a requisitos e

aspectos primordiais (SACHT, 2010), como está esquematizado na Figura 3.

13

Figura 4. Parâmetros e aspetos que devem ser considerados na concepção de uma fachada.

Fonte: SACHT, 2010.

Podemos citar como principal característica desse tipo de trabalho o foco dado à

produção. Mais do que plantas e desenhos com detalhes construtivos, o projeto de

fachadas descreve como o revestimento deve ser realizado. Isso se justifica porque

grande parte das patologias que atinge as fachadas decorre de falhas durante a

execução. Dessa forma, o primeiro objetivo é oferecer todo o detalhamento construtivo

necessário para que as decisões sejam planejadas, em vez de serem tomadas no

canteiro. (NAKAMURA, 2004)

É preciso tratar minuciosamente os pontos que são focos em potencial de

patologias. O escopo varia muito em função do material escolhido. Quando se trata de

revestimentos convencionais, como cerâmicas, revestimentos argamassados, pinturas

e pedras assentadas, o projeto descreve todas as interferências existentes na

fachada, possíveis zonas de estrangulamento causado por tensões excessivas, locais

de enrijecimentos ou reforços de base, dimensionamento e posicionamento de juntas

de movimentação, traços, forma de assentamento.

Já em se tratando de sistemas afastados, “é preciso descrever as interferências,

tratamento das ligações, dimensionamento e características das pedras em função da

carga de vento, testes das peças metálicas de fixação e vedação da fachada.”

(NAKAMURA, 2004)

Há, portanto, constante interação com outros projetos. Muitas das

vulnerabilidades detectadas em fachadas poderiam ter sido solucionadas ainda na

14

concepção arquitetônica ou estrutural. O problema mais comum diz respeito aos frisos,

que precisam coincidir com as juntas de dilatação. Há, ainda, situações em que é

necessário elevar a rigidez de um ponto da estrutura para evitar fissuração. Da mesma

forma são importantes as interfaces com o sistema de alvenaria, caixilharia e

impermeabilização, pontos que devem receber telas de reforço ou outros dispositivos.

(NAKAMURA, 2004)

O uso sistemático de projeto de revestimento de fachadas, porém, ainda se

limita a um pequeno grupo de construtoras que priorizam o desempenho técnico de

suas construções, antes mesmo de custos. Até porque não é o objetivo desse tipo de

projeto agregar economia, nem aumentar a produtividade, mas evitar patologias.

Mesmo assim, alguns ganhos podem ser obtidos com a racionalização como por

exemplo, por meio da espessura do emboço, ou então, com melhor contratação dos

empreiteiros e a organização logística do canteiro.

Melhado (1994) expõe que o projeto pode assumir o encargo fundamental de

agregar eficiência e qualidade ao produto:

Figura 5 - O avanço do empreendimento em relação à chance de reduzir o custo de falhas do edifício.

Fonte: HAMMARLUND; JOSEPHSON (1992), apud PERALTA (2002).

A busca da eliminação das falhas se justifica porque, na maioria das vezes, elas

geram custos adicionais nas fases de execução ou de manutenção do

empreendimento, custos esses que poderiam ser eliminados ou reduzidos se tais

falhas fossem detectadas na fase de elaboração do projetos, como demonstra

Hmmarlund; Josephson (1992), apud Peralta (2002) na figura 5.

15

De acordo com Chalita (2010), “para que o projeto para produção de vedações

possa cumprir sua função de integrador dos demais subsistemas da obra e das

equipes de concepção, desenvolvimento de projetos e execução de obras, deve ser

inserido desde a fase inicial do ciclo de vida do empreendimento, isto é, na fase de

concepção do produto”. Ainda para Chalita (2010), é preciso realizar um escopo mais

completo e detalhado para os projetos de produção, salientando a necessidade de

incluir informações e dados mais precisos sobre o processo construtivo, as técnicas

construtivas, os materiais e componentes, o planejamento e logística de produção,

critérios de aceitação e procedimentos de gestão.

A verdade é que todos os cuidados na concepção do projeto e durante a

construção são indispensáveis. Não vale a pena colocar o sistema de revestimento em

risco.

2.6 ASPECTOS AMBIENTAIS

Para Sayegh (2008), a eficiência de uma fachada está atrelada à sua

capacidade de reduzir impactos ambientais no funcionamento do edifício como um

todo, e em sua própria construção. Para serem consideradas de baixo impacto

ambiental as fachadas desse tipo devem fazer parte de um macro sistema edificado

de alta eficiência energética. A aferição dos níveis de eficiência de uma envoltória só

pode ser feita em conjunto com o nível do desempenho ambiental de todos os

subsistemas que compõem o edifício.

O projeto de fachadas de baixo impacto deve levar em conta cinco pontos

básicos, que partem de um projeto integrado no qual se relacionam variáveis

climáticas, o entorno, o usuário e o edifício. As características físicas da construção,

como tipo de estrutura, forma, tipologia, orientação, pé-direito, mobiliário,

revestimentos etc. devem se alinhar com o uso do espaço, medido pelo período de

ocupação ao longo do dia, tempo de permanência, atividade desenvolvida, tipo e idade

dos usuários e demanda de equipamentos. (SAYEGH, 2008)

Além dos aspectos de conforto ambiental, para garantir maior sustentabilidade

na própria execução das fachadas devem ser empregados materiais que não resultem

em resíduos excessivos e entulhos não recicláveis, que não liberem no ar produtos

considerados danosos à natureza, como compostos de cloro e carbono, e que não

exijam para sua produção consumo excessivo de energia (SAYEGH, 2008).

16

2.7. MANUTENÇÃO DE FACHADAS

Sanvido e Riggs (1993) salientam que o gerenciamento adequado e o emprego

de métodos eficientes de ação são instrumentos importantes para que sejam

atenuados os problemas em atividades de manutenção, obtendo-se redução de custos

e prazos.

A NBR 5674 (ABNT, 2012) apresenta três tipos de manutenção necessários a

depender de cada caso, conforme se segue:

a) Manutenção rotineira: serviços rotineiros mais simples, executados com

pessoal e equipamento disponíveis na edificação, atendendo a um fluxo

constante.

b) Manutenção planejada: atividades programadas a partir da expectativa de

durabilidade dos materiais e componentes da edificação, de relatórios de

inspeção elaborados, ou mesmo de eventuais solicitações dos usuários.

c) Manutenção não planejada: intervenções de caráter imediato decorrente da

necessidade de se evitar graves riscos ou prejuízos pessoais ou patrimoniais

aos usuários ou proprietários, não previstos na manutenção planejada ou

rotineira.

Em virtude dessa clara difusão de conceitos, para o presente estudo a

abordagem realizada por Lichtenstein (1985) parece bastante aplicável, uma vez que

associa a manutenção com o desempenho dos componentes. Com o decorrer do

tempo, as partes da edificação, e por consequência o seu todo, apresentam uma

natural queda de desempenho, cujo comportamento varia conforme as características

dos componentes e a sua interação com o meio, as chamadas condições de

exposição. Caso se considere um patamar mínimo de desempenho abaixo do qual o

edifício não mais cumprirá de forma adequada as suas funções, deve-se então evitar

que a deterioração natural provoque uma queda suficiente para atingir esse nível

mínimo, conforme destacado na Figura 6. As intervenções servem para elevar o

patamar de desempenho, mesmo considerando as quedas residuais, retardando a sua

chegada ao patamar mínimo exigido.

17

Figura 6 - Gráfico da queda de desempenho natural de uma edificação com o tempo.

Fonte: LICHTENSTEIN, 1985.

Esses conceitos podem ser também discutidos observando a Figura 7,

igualmente adaptada de Lichtenstein (1985). A fim de evitar que a edificação atinja o

seu patamar mínimo estipulado de desempenho, são realizadas as atividades de

manutenção rotineiras (que podem ser classificadas também como regulares ou

preventivas), adotadas de forma programada. Entretanto, quando esse nível mínimo é

alcançado, são necessárias intervenções de recuperação (ou manutenção corretiva),

tomadas com o objetivo de retomar o desempenho a um patamar aceitável.

Por fim, há ainda situações em que a edificação já se encontra abaixo do nível

mínimo de desempenho antes mesmo da sua utilização, seja devido a deficiências de

projeto ou de execução. Nesses casos são realizadas atividades de reforço para

garantir o desempenho esperado.

Figura 7 - Evolução do desempenho da edificação após as atividades de manutenção.

Fonte: LICHTENSTEIN, 1985.

18

3. SISTEMA CONSTRUTIVO DE FACHADAS EM ALVENARIA DE BLOCOS

CERÂMICOS REVESTIDAS COM ARGAMASSA

3.1 DESCRIÇÃO

Dentre os métodos construtivos de execução de vedação vertical de fachadas

moldadas in loco, o tipo mais comum no Brasil é o de alvenaria com revestimento de

argamassa, com acabamento em pintura ou revestimento cerâmico (SABBATINI et al.,

1993).

Segundo Sabbatini (1984) a alvenaria pode ser entendida como “um

componente complexo, conformado em obra, constituído por tijolos ou blocos unidos

entre si por juntas de argamassa, formando um conjunto rígido e coeso”. De forma

análoga, Tauil E Nese (2010) chamam de alvenaria “o conjunto de peças justapostas

coladas em sua interface, por uma argamassa apropriada, formando um elemento

vertical coeso”. Para Bauer (2005), os substratos que compõem as fachadas podem

ser classificados de diferentes formas, são elas:

a) Pela natureza dos materiais constituintes: alvenaria de blocos cerâmicos,

blocos de concreto, blocos de concreto celular e os elementos estruturais em

concreto (pilar, vigas e lajes);

b) Pela função: elementos de vedação, estruturais;

c) Por suas características físicas: textura, porosidade, capacidade de sucção de

água (absorção capilar), propriedades mecânicas.

As propriedades mecânicas dos elementos que compõem alvenaria e a estrutura

são fundamentais para influência nas características de suporte e ancoragem para os

sistemas de revestimentos, por isso torna-se importante considerar a otimização de

suas características de deformabilidade (BAUER, 2005). O sistema de revestimento

deve ser compatível com a natureza do substrato, para o desenvolvimento da

aderência, pois a rugosidade superficial do mesmo permite um maior intertravamento

do revestimento à base, além de aumentar a superfície de contato, principalmente se a

superfície for rugosa e tiver poros abertos. Sabe-se que os substratos rugosos

possuem maior área de contato com a argamassa aplicada e os substratos lisos

devem ter as superfícies preparadas com o intuito de torná-las adequadamente

rugosas (ANTUNES, 2010).

19

Em suma, o método consiste no levantamento convencional de parede de blocos

cerâmicos procedida das etapas de chapisco, emboço e reboco, como indicado na

figura 8.

Figura 8. Camadas do sistema de fachada tradicional.

Fonte: www.construfacilrj.com.br – Acesso em: 24/07/2015

3.2 COMPONENTES DO SISTEMA

3.2.1 BLOCO CERÂMICO

Os blocos cerâmicos são definidos como sendo um componente de alvenaria em

forma de um prisma reto que possui furos prismáticos ou cilíndricos perpendiculares

às faces que os contém. Conforme Lima (2006), as alvenarias podem ter tamanhos

variados, a partir da quantidade de furos ou mesmo suas espessuras, 4, 6, 8 e 10

furos, ou espessuras de 8 cm, 10 cm, 15 cm e até 20 cm, entre outras.

Os blocos possuem como matéria prima a argila, um material inorgânico, não

metálico e cujas propriedades físicas são obtidas após a queima da mesma a uma

temperatura de 850ºC. Além disso, possuem uma densidade média de 1300 kg/m³ e

são assentados com mão de obra convencional. Suas faces passam por vitrificação

fazendo com que a argamassa tenha melhor aderência. Possuem variação

volumétrica baixa ao absorver e expelir água e fácil manuseio, mas tem como

inconveniente a necessidade de quebra do material. Um metro quadrado deste

elemento deve ser feito com 25 unidades de um tijolo.

Na execução das alvenarias de vedação em blocos cerâmicos, com ou sem

revestimentos, deve ser atendida a norma NBR 15270, a qual, além de definir termos,

fixa os requisitos dimensionais, físicos e mecânicos exigíveis no recebimento dos

20

blocos. Consideram-se dois tipos de blocos quanto ao direcionamento de seus furos

prismáticos, conforme ilustrado na Figura 9.

Figura 9: Representação dos blocos cerâmicos de vedação.

Fonte: CÓDIGO DE PRÁTICAS Nº01.

Segundo a NBR-7171 (ABNT, 1992), alguns aspectos são de suma importância

na escolha correta dos blocos:

a) Dimensões, desvios de forma e peso de cada bloco, que influenciam na

produtividade;

b) Condições de fornecimento: a paletização facilita o transporte até a obra,

dentro da obra e evita o desperdício;

c) Resistência mecânica;

d) Movimentações higroscópicas e térmicas;

e) Desempenho termo acústico.

3.2.2 ARGAMASSA

Argamassa é entendida como um material de construção constituído por uma

mistura homogênea de um ou mais aglomerantes (cimento ou cal), agregado miúdo

(areia) e água. Podem ainda ser adicionados alguns produtos especiais (aditivos ou

adições) com a finalidade de melhorar ou conferir determinadas propriedades ao

conjunto (ABNT, 2013).

Para o assentamento dos blocos, a argamassa pode ser industrializada ou

preparada em obra e deve atender aos requisitos estabelecidos na norma NBR 13281.

Suas funções básicas incluem solidarizar as unidades, transmitir e uniformizar as

21

tensões entre as unidades de alvenaria, absorver as pequenas deformações e

prevenir a entrada de vento e água nas edificações (RAMALHO, 2003).

Em se tratando de argamassa de revestimento, de acordo com a NBR 13529

(ABNT, 2013), dependendo das proporções entre os constituintes da mistura e sua

aplicação no revestimento, elas recebem diferentes nomes em seu emprego:

a) Chapisco

Camada de preparo da base, constituída de mistura de cimento, areia e aditivos,

aplicada de forma contínua ou descontínua, com a finalidade de uniformizar a

superfície quanto à absorção e melhorar a aderência do revestimento.

b) Emboço

Camada de revestimento executada para cobrir e regularizar a superfície da

base com ou sem chapisco, propiciando uma superfície que permita receber outra

camada de reboco ou de revestimento decorativo, ou que se constitua no acabamento

final.

c) Reboco

Camada de revestimento utilizada para o cobrimento do emboço, propiciando

uma superfície que permita receber o revestimento decorativo ou que se constitua no

acabamento final.

d) Massa Única (emboço paulista)

Revestimento executado numa camada única, cumprindo as funções do emboço

e reboco.

A figura 10 retrata a composição de uma fachada com camada de emboço e

reboco e como a mesma se constitui quando essas camadas são substituídas por

massa única.

22

Figura 10. Camadas do revestimento de argamassa: emboço e reboco; massa única.

Fonte: MACIEL et. al. (1998).

d) Argamassa Colante

A argamassa colante é um produto industrializado, à base de cimento, areia e

aditivos, cujo preparo em obra exige apenas a adição de água nas proporções

indicadas pelo fabricante, formando uma massa viscosa, plástica e aderente

empregada no assentamento de peças cerâmicas para revestimentos de paredes e

pisos (ANTUNES, 2010). A aplicação desse tipo de argamassa é em camada fina

entre 3 mm a 5 mm, com uso de uma desempenadeira denteada, formando cordões e

sulcos, criando uma boa aderência com o emboço e uma excelente trabalhabilidade.

3.2.2.1 MATERIAIS CONSTITUINTES DA ARGAMASSA

De acordo com a ABCP (2013), os constituintes da argamassa podem sem

listados em:

a) Cimento Portland

O cimento Portland possui propriedade aglomerante desenvolvida pela reação

de seus constituintes com a água, sendo assim denominado aglomerante hidráulico. A

contribuição do cimento nas propriedades das argamassas está voltada, sobretudo,

para a resistência mecânica. Além disso, o fato de ser composto por finas partículas

contribui para a retenção da água de mistura e para a plasticidade. Se, por um lado,

quanto maior a quantidade de cimento presente na mistura, maior é a retração, por

outro, maior também será a aderência à base. De acordo com suas características, os

cimentos são classificados em diferentes tipos por normas específicas, relacionadas

na tabela abaixo:

23

Tabela 3. Relação de cimentos e suas respectivas normas específicas.

Fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP, 2003.

b) Cal Hidratada

Numa argamassa onde há apenas a presença de cal, sua função principal é

funcionar como aglomerante da mistura. Neste tipo de argamassa, destacam-se as

propriedades de trabalhabilidade e a capacidade de absorver deformações.

Entretanto, são reduzidas as suas propriedades de resistência mecânica e aderência.

Em argamassas mistas, de cal e cimento, devido à finura da cal há retenção de água

em volta de suas partículas e consequentemente maior retenção de água na

argamassa. Assim, a cal pode contribuir para uma melhor hidratação do cimento, além

de contribuir significativamente para a trabalhabilidade e capacidade de absorver

deformações.

c) Água

A água confere continuidade à mistura, permitindo a ocorrência das reações

entre os diversos componentes, sobretudo as do cimento. A água, embora seja o

recurso diretamente utilizado pelo pedreiro para regular a consistência da mistura,

fazendo a sua adição até a obtenção da trabalhabilidade desejada, deve ter o seu teor

atendendo ao traço pré-estabelecido, seja para argamassa dosada em obra ou na

indústria. Considera-se a água potável como a melhor para elaboração de produtos à

base de cimento Portland. Não devem ser utilizadas águas contaminadas ou com

excesso de sais solúveis. Em geral, a água que serve para o amassamento da

argamassa é a mesma utilizada para o concreto e deve seguir a NBR NM 137.

d) Areia

As areias utilizadas na preparação de argamassas podem ser originárias de: rios,

cava ou britagem (areia de brita, areia artificial). O agregado miúdo ou areia é um

constituinte das argamassas de origem mineral, de forma particulada, com diâmetros

24

entre 0,06 e 2,0 mm. A granulometria do agregado tem influência nas proporções de

aglomerantes e água da mistura. Desta forma, quando há deficiências na curva

granulométrica (isto é, a curva não é contínua) ou excesso e finos, ocorre maior

consumo de água de amassamento, reduzindo a resistência mecânica e causando

maior retração por secagem na argamassa.

Tabela 4. Influência da curva granulométrica nas propriedades das areias.

Fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP, 2003.

e) Aditivos

Os aditivos são compostos adicionados em pequena quantidade à mistura, com

a finalidade de melhorar uma ou mais propriedades da argamassa no estado fresco e

no estado endurecido e sua quantidade é expressa em porcentagem do aglomerante.

Usualmente, através do uso de aditivos, procura-se diminuir a retração na secagem

(para diminuir fissuração), aumentar o tempo de pega e manter a plasticidade (para

facilitar a trabalhabilidade), aumentar a retenção de água e por fim, aumentar a

aderência da argamassa ao substrato.

Tabela 5. Função de aditivos no emprego em argamassas.

Fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP, 2003.

25

3.2.3 TELA METÁLICA

Recomenda-se que as telas utilizadas na ligação alvenaria – pilar sejam telas

metálicas eletrosoldadas, galvanizadas, e dotadas de fios com diâmetro em torno de 1

mm e malha quadrada de 15 mm, conforme figura 11. As telas devem atender às

especificações da norma NBR 10119 (CÓDIGO DE PRÁTICAS Nº01).

Figura 11. Tela eletrosoldada.

Fonte: www.telashop.com.br – Acesso em: 15/07/2015.

3.3 EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS

Para a elevação das alvenarias e execução do revestimento devem estar

disponíveis todos os equipamentos e ferramentas necessárias para o assentamento

dos blocos, incluindo colher de pedreiro, linha de nylon, lápis de carpinteiro, trena,

meia-cana, bisnaga, linha, esticadores de linha, réguas de alumínio, prumo de face,

escantilhões, broxa, nível de bolha e nível de mangueira, esquadros, furadeira elétrica,

pistola finca-pinos, etc.

Tomando por referência a primeira fiada, assentada com os cuidados

anteriormente mencionados, podem ser marcadas nos próprios pilares as cotas da

demais fiadas; é interessante contudo o emprego de escantilhões, suportados por

tripés ou introduzidos sob pressão no reticulado vertical da estrutura (escantilhão

telescópico). Alguns dessas ferramentas podem ser vistos nas figuras 12 e 13.

26

Figura 12. Equipamentos auxiliares para a marcação e elevação das paredes.

Fonte: CÓDIGO DE PRÁTICAS Nº 01.

Figura 13. Equipamentos para execução de revestimento de alvenarias externas.

Fonte: CICHINELLI (2013).

3.4 TRANSPORTE, MANUSEIO E ARMAZENAMENTO

Segundo o Código de práticas nº01, o transporte, manuseio e armazenamento

dos materiais constituintes do processo construtivo de fachadas argamassadas devem

seguir as boas práticas listadas nos itens seguintes.

27

3.4.1 BLOCOS CERÂMICOS

Os blocos cerâmicos devem ser estocados em pilhas com altura máxima de 1,80

m, apoiadas sobre superfície plana, limpa e livre de umidade ou materiais que possam

impregnar a superfície dos blocos. As pilhas não devem ser apoiadas diretamente

sobre o terreno, sugerindo-se o apiloamento do terreno e a execução de colchão de

brita ou o apoio sobre paletes. Quando a estocagem for feita a céu aberto, deve-se

proteger as pilhas de blocos contra as chuvas por meio de uma cobertura

impermeável, de maneira a impedir que os blocos sejam assentados com excessiva

umidade. Na formação da pilha, os blocos devem ser sobrepostos aos blocos

inferiores, com “juntas em amarração” conforme ilustrado na Figura 14.

Figura14. Armazenamento – Blocos Cerâmicos.

Fonte: CÓDIGO DE PRÁTICAS Nº 01.

É recomendável que os blocos sejam fornecidos em paletes, sendo os mesmos

embalados com o auxílio de fitas metálicas ou de plástico; dessa maneira os paletes

podem ser transportados em carrinhos porta paletes até o local de aplicação dos

blocos, com considerável redução na mão de obra e risco de quebra ou danos. É

recomendável que o fornecedor também disponha de plataformas acopláveis à

estrutura dos pavimentos, facilitando o transporte dos paletes por meio de gruas.

Qualquer que seja o sistema de transporte dos blocos cerâmicos, deve-se evitar que

os mesmos sofram impactos que venham a provocar lascamentos, fissuras, etc.

28

3.4.2 AÇO

O aço deve ser armazenado em local coberto, protegido de intempéries e

afastado do solo, para que não fique em contato com umidade. O armazenamento

deve ser feito em feixes separados para cada bitola, facilitando o uso.

3.4.3 CIMENTO, CAL E ARGAMASSA INDUSTRIALIZADA

O cimento, a cal hidratada e eventuais argamassas industrializadas, materiais

fornecidos em sacos, devem ser armazenados em locais protegidos da ação das

intempéries e da umidade do solo, devendo as pilhas ficarem afastadas de paredes ou

do teto do depósito. Não se recomenda a formação de pilhas com mais de 15 sacos.

No caso do emprego de cal virgem, recomenda-se sua extinção imediatamente após a

chegada à obra, podendo ser armazenada em tonéis ou no próprio “queimador”.

3.4.4 AREIA

A estocagem da areia deve ser feita em local limpo, de fácil drenagem e sem

possibilidade de contaminação por materiais estranhos que possam prejudicar sua

qualidade. As pilhas devem ser convenientemente cobertas ou contidas lateralmente,

de forma que a areia não seja arrastada por enxurrada.

3.5 ETAPAS EXECUTIVAS

3.5.1 EXECUÇÃO DO VEDO EM ALVENARIA DE BLOCO CERÂMICO

Segundo o Código de práticas nº01, para o início dos serviços de elevação das

alvenarias, todas as providências de logística devem ter sido tomadas, por exemplo,

instalação no andar de guarda-corpos ou bandejas de proteção, eventual fixação de

plataforma de recepção de blocos e outros materiais, disponibilidade de carrinhos

porta-paletes, esquema de distribuição e empilhamento dos blocos, forma de

transporte e preparação da argamassa de assentamento (argamassadeiras, caixotes

de massa sobre suporte com altura regulável, etc), disponibilidade de gabaritos para

os vãos de portas e janelas, disponibilidade de andaimes, prévio recorte de telas para

as ligações com pilares ou ligações entre paredes com juntas a prumo e outras.

Serviços iniciais, conforme Código de práticas nº01:

a) Marcação da primeira fiada

O assentamento da primeira fiada deve ser executado após rigorosa locação das

alvenarias, feita com base na transferência de cota e dos eixos de referência para o

29

andar onde estão sendo realizados os serviços, conforme pode ser observado na

figura 15; relativamente à cota, deve ser observada aquela prevista para o piso

acabado de cada pavimento, valendo em geral para os edifícios multipisos a cota das

soleiras das portas dos elevadores, com tolerância menor ou igual a 5 mm. A posição

de cada parede deve ser delimitada independentemente dos eventuais desvios da

estrutura. Caso o projeto de estrutura ou de alvenaria preveja a constituição de juntas

de dilatação ou de controle, a marcação da alvenaria deve respeitar com todo rigor o

posicionamento e a abertura das juntas. A modulação horizontal prevista para a

primeira fiada no projeto de alvenaria deve ser rigorosamente observada.

O assentamento da primeira fiada deve ser realizado com todo o cuidado,

utilizando-se equipamentos de precisão como teodolito ou nível lazer, trena metálica,

prumo de face (“fio de prumo”), régua de alumínio, esquadros de braços longos, prumo

de face / réguas com bolhas de nível nas duas direções, etc. Antes do assentamento

da primeira fiada devem ser rigorosamente conferidas a presença e o posicionamento

de eletrodutos, caixas de passagem, tubos de água, arranques de pilaretes

grauteados e outros. No caso de pilaretes grauteados, deve ser assentado na

correspondente posição bloco com abertura de janela, possibilitando a posterior

limpeza do furo e verificação do completo preenchimento do furo pelo lançamento do

graute.

Figura 15. Marcação das paredes a partir dos eixos de referência.

Fonte: CÓDIGO DE PRÁTICAS Nº01

b) Assentamento da alvenaria

Recomenda-se que as paredes do mesmo pavimento sejam executadas

simultaneamente, a fim de não sobrecarregar a estrutura de forma desbalanceada; é

aconselhável promover o levantamento de meia-altura da parede num dia e

30

complementá-la no dia seguinte, quando a primeira metade já ganhou certa

resistência. É aconselhável também iniciar-se a construção pelas paredes de fachada,

trecho inicial com 1m de altura, a fim de liberar bandejas, grades de proteção e outros.

Para as ligações das paredes de fachada com as respectivas paredes internas

recomenda-se que sejam simultaneamente construídos trechos das paredes internas

na forma de “escada”, desaconselhando-se a manutenção de vazios para posterior

amarração dos blocos das alvenarias internas, conforme Figura 16.

Recomenda-se facear os blocos pelo lado da parede que receberá o

revestimento menos espesso (exemplo: gesso de um lado e revestimento cerâmico do

lado oposto, facear pelo lado que recebe o gesso). No assentamento devem ser

criteriosamente observados todos os detalhes previstos no projeto da parede

correspondente, considerando caixas de elétrica, pontos de água, luz e gás, cintas de

amarração, vergas e contravergas, pilaretes, blocos mais estreitos nas primeiras

fiadas e outros detalhes. Trabalhando-se sempre com as lajes bem limpas, ou o piso

protegido com mantas de plástico, pode-se reaproveitar a argamassa que cair no chão

durante o assentamento.

Os blocos são assentados de maneira escalonada (juntas em amarração),

nivelados e aprumados com os blocos da primeira fiada; para a marcação da cota de

cada fiada são utilizadas linhas bem esticadas, suportadas lateralmente por

esticadores ou presas em escantilhões, que neste caso garante a altura da fiada e o

prumo da parede. Na ligação da alvenaria com os pilares, verificando-se inicialmente

se o chapisco está bem aderido com o concreto, deve-se encabeçar totalmente o

bloco cerâmico, pressionando-se o bloco contra o pilar de modo que a argamassa em

excesso reflua por toda a periferia do bloco.

A argamassa de assentamento deve ser estendida sobre a superfície horizontal

da fiada anterior e na face lateral do bloco a ser assentado, em cordões ou ocupando

toda a superfície, mas em quantidade suficiente para que certa porção seja expelida

quando o bloco é assentado sob pressão. O bloco é conduzido à sua posição definitiva

mediante forte pressão para baixo e para o lado, conforme figura 16; os ajustes de

nível, prumo e espessura da junta só podem ser feitos antes do início da pega da

argamassa, ou seja, logo após o assentamento do bloco.

31

Figura 16. Execução de ligação entre alvenaria de fachada e alvenaria interna.

Fonte: CÓDIGO DE PRÁTICAS Nº01

c) Encunhamento

Na região de contato entre a alvenaria de vedação e a estrutura do pavimento

superior há a ocorrência de fissuras, isso acontece devido à transmissão de alguns

esforços para a alvenaria. Portanto, As quatro últimas fiadas podem ser ajustadas para

garantir a espessura da junta de fixação (“encunhamento”) entre 1,5 e 3 cm. Caso

ocorram variações dimensionais da estrutura ou da própria alvenaria, correções

podem ser feitas com blocos compensadores, fornecidos com diferentes alturas (4 cm,

9 cm, etc.). A última fiada deve sempre constituir um espaço para a introdução do

material de fixação, devendo-se para tanto empregar meio-blocos, compensadores ou

blocos tipo canaleta com o fundo na parte superior. O material de fixação

(“encunhamento”) deve ser bem compactado no interior da junta, de forma a evitar-se

a ocorrência de destacamentos;

Os principais tipos de encunhamento são através de cunhas de concreto, tijolos

maciços e com argamassa aditivada com expansor. Na figura 17 é apresentado um

exemplo de encunhamento em bloco cerâmico. Em geral, principalmente em

estruturas mais flexíveis e deformáveis, não devem ser empregadas argamassas ricas

em cimento e/ou formuladas com aditivos expansores.

32

Figura 17. Exemplo de encunhamento em bloco cerâmico.

Fonte: www.forumdaconstrucao.com.br – Acesso em: 28/07/2015

d) Ligação de pilares e alvenaria

Os dispositivos de ligação dos pilares com as alvenarias (figura 18) devem ser

previamente providenciados, ou seja, marcação das fiadas, fixação de telas com finca-

pinos, introdução de ferros-cabelo ou ganchos nos pilares, etc. O lançamento de

chapisco nos pilares, lajes e vigas deve ter sido executado há pelo menos três dias. As

telas de arranque devem ser corretamente assentadas nas ligações com juntas a

prumo, resultando totalmente embutidas em argamassa bem compactada. (CÓDIGO

DE PRÁTICAS Nº01)

Figura 18. Esquema de alvenaria x pilar com a tela soldada.

Fonte: http://wwwo.metalica.com.br – Acesso em: 28/07/2015

Para o preparo da argamassa de assentamento, o Código de práticas nº01 diz

que o traço da argamassa deve ser estabelecido em função das diferentes exigências

de aderência, impermeabilidade da junta, poder de retenção de água, plasticidade

requerida para o assentamento e módulo de deformação (propriedade muito

importante nas alvenarias de vedação, frente ao risco de sobrecarga pelas

33

deformações impostas). Também devem ser consideradas as características dos

materiais a serem empregados em cada obra, incluindo-se aí os próprios blocos (com

diferentes rugosidades, absorção de água, etc.), e dos processos executivos a serem

adotadas (assentamento com colher de pedreiro, meia desempenadeira (“palheta”),

bisnaga, meia cana ou outras ferramentas, chapisco aplicado com colher, rolo,

desempenadeira de aço denteada, projetor ou outras ferramentas).

Para argamassas de assentamento industrializadas ou pré-dosadas, fornecidas

a granel, são válidas todas as indicações anteriores. Algumas argamassas são

dosadas sem a introdução de cal hidratada, compensando-se essa ausência com a

introdução de aditivos plastificante, incorporadores de ar e retentores de água. O

resultado final, em temos de aderência, módulo de deformação e outros requisitos,

deve ser o mesmo. (CÓDIGO DE PRÁTICAS Nº01).

3.5.2. EXECUÇÃO DO REVESTIMENTO EXTERNO ARGAMASSADO

A execução do revestimento externo em argamassa deve seguir atividades que

incluem: verificação das condições para início dos serviços, montagem de balancins,

preparo da base, locação e descida dos prumos, mapeamento, reprojeto,

taliscamento, aplicação da argamassa e execução do acabamento. (ABCP, 2003).

Abaixo segue a especificação de cada etapa segundo recomendação da

Associação Brasileira de Cimento Portland.

3.5.2.1 VERIFICAÇÃO DAS CONDIÇÕES INICIAIS

As condições prévias que devem ser atendidas para que se possa dar início à

sequência de execução são:

a) Todas as alvenarias devem estar concluídas há pelo menos 30 dias e fixadas

internamente há pelo menos 15 dias;

b) A estrutura deve estar concluída há pelo menos 120 dias, à exceção dos 3

últimos pavimentos onde se admite 60 dias;

c) Contramarcos e batentes (se for o caso) devem estar chumbados ou os

referenciais de vão devem estar definidos;

d) Quaisquer dutos que passem pelas alvenarias de fachada devem estar

fixados;

34

e) É recomendável que contrapisos e revestimentos verticais internos também

estejam concluídos.

Além disso, é necessário que procedimentos ligados ao planejamento, gestão

da qualidade e atendimento às normas de segurança sejam contemplados.

3.5.2.2 MONTAGEM DE BALANCINS

O fornecedor do balancim deve, em conjunto com a construtora e com o

empreiteiro de mão de obra, elaborar um projeto para a montagem do balancim. Sua

disposição pode interferir diretamente na produtividade. Assim, o posicionamento das

vigas metálicas de sustentação e sua fixação devem estar definidas e marcadas em

projeto.

As vigas metálicas devem ser fixadas em ganchos previamente chumbados à

estrutura. Os cabos de aço das catracas são fixados às vigas e descem até a bandeja

de proteção da obra onde os balancins e as catracas serão montados, conforme figura

19.

Figura 19. Balancim e esquema de fixação.

Fonte: ABCP 2013.

3.5.2.3 PREPARO DA BASE

O preparo da base envolve quatro atividades distintas, são elas:

a) Remoção de sujidades

A limpeza tem como objetivo eliminar os elementos que venham a prejudicar a

aderência da argamassa à base.

35

b) Remoção de irregularidades

Devem ser removidas todas as irregularidades localizadas que sobressaiam

mais de 10 mm (aproximadamente).

c) Preenchimento de furos

Todos os furos provenientes de rasgos, depressões localizadas, quebra parcial

para acerto da estrutura e falhas de concretagem devem ser preenchidos com

argamassa (dependendo da extensão e quantidade pode ser necessário haver uma

recuperação estrutural). Falhas nos elementos de vedação com profundidade superior

a 5 cm devem ser encasquilhadas. Os rasgos de tubulação que porventura aflorem na

fachada (o que deve ser evitado) devem ser tratados com tela de aço galvanizada.

Também nesta fase está o preenchimento da fixação da alvenaria à estrutura pelo

lado externo.

d) Chapiscamento

O chapisco pode ser realizado de diversas maneiras, que seguem:

Figura 20. Tipos de chapisco aplicados.

Fonte: CEOTTO, L. H.; BANDUK, R. C.; NAKAKURA, E. H., 2005.

36

3.5.2.4 LOCAÇÃO E DESCIDA DOS ARAMES

Os eixos principais, definidos no projeto estrutural, devem ser transferidos para a

cobertura e platibandas do edifício. Os arames de fachada devem estar a uma

distância máxima de 10 cm da platibanda, perfeitamente alinhados e dispostos a uma

distância de 1,5 m a 1,8 m entre eles (figura 21), sendo posicionados da seguinte

maneira:

a) De cada lado das janelas;

Nas quinas externas e cantos internos, deslocados de 10 a 15 cm do eixo, um

em cada face do diedro;

b) Nos eixos das juntas estruturais ou de outros detalhes alinhados.

Figura 21: Locação e descida dos arames e pontos de mapeamento de fachadas.

Fonte: ABCP, 2013.

3.5.2.5 MAPEAMENTO

Essa atividade envolve a medição das distâncias entre cada arame e a

superfície da fachada em pontos específicos como vigas, alvenaria (na meia distância

do pé direito do andar) e pilares (na meia distância do pé direito do andar). A figura 22

representa o mapeamento com o posicionamento das talistas e dos arames.

37

Figura 22. Mapeamento e posição do arame na fachada.

Fonte: ABCP, 2013.

3.5.2.5 REPROJETO

Observado o ponto de menor espessura, deve ser feito o reprojeto do

revestimento que deverá conter as novas espessuras de revestimento e

consequentemente os novos volumes de argamassa de projeto e eventual

reprogramação de execução.

3.5.2.6 TALISCAMENTO

O taliscamento é feito usualmente com cacos cerâmicos ou de azulejos, fixando-

os com a mesma argamassa que será utilizada no revestimento. As taliscas devem ser

espaçadas de 1,5 m a 1,8 m em ambas as direções, considerando o comprimento da

régua de alumínio e da altura do trecho sobre o balancim. Ao longo das quinas e vãos

devem ser posicionadas taliscas distanciadas de 10 a 15 cm dos eixos dos diedros e

dos vãos. As taliscas devem ser fixadas em toda a fachada, para apoiarem e servirem

de referência para a execução das mestras.

3.5.2.7 APLICAÇÃO DA ARGAMASSA

A aplicação da argamassa sobre a superfície deve ser feita por projeção

enérgica do material sobre a base, manual ou mecânica, não excedendo 3 cm de

espessura. Depois de aplicada a argamassa, nos trechos delimitados pelas mestras,

deve ser feita uma compressão com a colher de pedreiro, eliminando-se os espaços

vazios e alisando a superfície.

No caso de espessuras superiores a 3 cm, o revestimento deve ser executado

em etapas. Para espessuras entre 3 cm e 5 cm, a argamassa deve ser aplicada em

duas camadas; para espessuras entre 5 cm e 8 cm, a argamassa deve ser aplicada

em três camadas, encasquilhando-se as duas primeiras. Neste caso, deve-se prever

38

ainda, o uso de tela metálica para estruturar o revestimento (figura 23). Deve-se

aguardar um intervalo de pelo menos 16 horas entre as camadas (ou conforme

especificação do fabricante, no caso de argamassa industrializada), executando-se a

mestra imediatamente antes da última cheia.

Figura 23. Reforço da argamassa.

Fonte: ABCP, 2013.

3.5.2.8 EXECUÇÃO DO ACABAMENTO

Segundo a NBR 13529 (ABNT, 1995), o acabamento da argamassa de

revestimento pode ser:

a) Sarrafeado: acabamento áspero obtido quando a argamassa é regularizada

com réguas;

b) Desempenado: acabamento liso obtido quando a argamassa é sarrafeada e

alisada com desempenadeira;

c) Camurçado: acabamento obtido quando a argamassa é sarrafeada,

desempenada e a seguir alisada com esponja ou desempenadeira apropriada

de feltro ou similar;

d) Chapiscado: acabamento rústico obtido quando a argamassa é lançada sobre

a base através de peneira;

e) Imitação travertino: acabamento com sulcos, imitando a textura do mármore

travertino;

f) Lavado: acabamento granulado, imitando rocha, obtido com argamassa de

agregado apropriado e por processo de lavagem superficial adequada;

g) Raspado: acabamento rústico obtido quando a argamassa és arrafeada,

desempenada e raspada com ferramenta denteada.

39

3.5.2.9 SARRAFEAMENTO

Trata-se da atividade que irá definir o plano de revestimento, a partir das

taliscas e mestras previamente executadas. Consiste, assim, no aplainamento

revestimento, utilizando-se uma régua de alumínio apoiada em referenciais de

espessura, descrevendo um movimento de vaivém de baixo para cima.

3.5.2.10 DESEMPENAMENTO

Acabamento obtido através da movimentação circular de uma ferramenta de

madeira, denominada desempenadeira, sobre a superfície do revestimento,

imprimindo-se certa pressão. Essa operação pode exigir uma aspersão de água sobre

a superfície. O desempeno poderá ser grosso, fino ou camurçado, o que definirá será

o tipo de acabamento que se deseja.

3.6 CUSTO, QUALIDADE E PRODUTIVIDADE

No momento de escolha do método construtivo, certamente o custo é um dos

fatores de grande importância. Segundo Medeiros (1999), o empreendedor deve

considerar a tipologia de mercado em que se insere a edificação e quais as

implicações decorrentes de seu uso para o sucesso do empreendimento. Ainda

segundo o autor, os requisitos expostos na sequência mostram como os aspectos

econômicos e mercadológicos podem ser considerados de uma maneira genérica:

a) Oferecer disponibilidade de materiais e produtos no mercado;

b) Oferecer garantia de fornecimento conforme cronograma da obra;

c) Apresentar uniformidade no fornecimento;

d) Ser compatível com a normalização pertinente;

e) Valorizar economicamente a fachada;

f) Apresentar vida útil declarada e garantida;

g) Oferecer garantia de desempenho dentro de suas limitações;

h) Apresentar custos de aquisição e custos de manutenção compatíveis com o

empreendimento;

i) Possuir assistência técnica pós-venda adequada ao empreendimento.

40

Em se tratando de qualidade, segundo o Código de práticas nº01, o

desempenho das alvenarias está diretamente associado à perfeita coordenação

dimensional, à compatibilidade com outros projetos e à adoção de detalhes

construtivos apropriados. Em razão da pequena resistência a solicitações de tração,

torção e cisalhamento, as alvenarias devem ser convenientemente reforçadas com

telas, ferros corridos, vergas e outros dispositivos. No topo de muros de divisa, guarda

corpos de terraços e platibandas devem obrigatoriamente ser construídas cintas de

amarração.

Flain (1995) afirma que a durabilidade dos revestimentos, ou seja, a capacidade

do edifício manter seu desempenho de suas funções ao longo do tempo, é uma

propriedade complexa e depende de inúmeros fatores, tais como: etapa de projeto,

onde a adequação do material é analisada e é indispensável a correta especificação

do revestimento; da etapa de execução, em que são determinantes as características

dos materiais utilizados e as condições de execução dos serviços e da etapa de uso

em que o serviços de manutenção precisa ser automático e periódico.

No âmbito da produtividade, tem-se uma relação direta com o desempenho da

mão de obra envolvida, e a capacitação destes profissionais, à definição técnica de

assentamento (preparação e manuseio de materiais, correta utilização de juntas,

limpeza, entre outros), que resulta em aumento da produtividade, com consequente

diminuição de custos com perdas de material, manutenções e atrasos de cronograma.

A logística também tem grande importância, pois a definição dos serviços com uso de

ferramentas e outros equipamentos adequados, movimentação e fornecimento dos

materiais, a instalação de balancins e sua movimentação, acarreta na diminuição de

tempo de execução dos trabalhos, além da diminuição de perdas de material.

(KONDO, 2003)

Para Espinelli (2008), a produtividade do pedreiro que faz o revestimento é

melhor quando: o prédio tem poucas quinas e requadros; a espessura do revestimento

é baixa; utiliza equipamento para projetar a argamassa em vez de fazer manualmente;

não ocorre falta de material, de água ou energia e quando o mesmo operário faz a

obra até o fim. Na figura 24, é possível observar a produtividade do pedreiro (em

Hh/m² revestido) na execução de revestimentos básicos de fachada com argamassa, a

média varia de 0,40 min a 2,60 horas para executar 1 m² do revestimento.

41

Figura 24: Produtividade: em função das dificuldades do serviço.

Fonte: ESPINELLI, 2008.

3.7 PATOLOGIAS

As manifestações patológicas são consequências gradativas de atribuições de

fatores, ou seja, danos maiores de patologias é consequência de sobreposições de

efeitos (ANTUNES, 2010). Entre as principais manifestações patológicas em

revestimento de fachadas, cita-se fissuração nas alvenarias, eflorescência,

descolamento, destacamento do revestimento e trinca.

3.7.1 PATOLOGIAS EM SISTEMA DE ALVENARIA

A patologia em sistema de alvenaria relaciona-se com fissuração: interface

alvenaria/estrutura, nas proximidades de aberturas como janelas e portas, topos de

edifícios ou andares superiores (ANTUNES, 2010). A fissura na interface

alvenaria/estrutura se localiza paralelamente ao componente estrutural (pilar, viga ou

laje) aparecendo às fissuras horizontais ou verticais. A causa decorre de movimentos

diferenciais, seja pela deformação de estruturas devido às flechas excessivas em

vigamentos de vigas e lajes ou pela deficiência de ancoragem (ANTUNES, 2010). As

vergas e as contravergas em aberturas de portas e janelas têm função estrutural nas

tensões de cisalhamento ou tração, que evitam a fissuração na alvenaria “absorvendo”

e redistribuindo os esforços na região (FILHO e HELENE, 1998). Fissuras em topo de

edifícios são decorrentes de solicitação térmica, ou seja, dada juntas de materiais com

diferentes coeficientes de dilatação térmica, expostos a mesma variação de

temperatura (ANTUNES, 2010).

3.7.2 PATOLOGIAS EM SISTEMA DE REVESTIMENTO EM ARGAMASSA

Dentre as principais causas de patologias do sistema de revestimento de

argamassa citam-se eflorescência, descolamento, fissura na argamassa e falha de

juntas.

Segundo Carasek (2010) os revestimentos em argamassas, a aderência assume

grande importância, pois caso haja falha, podem ocorrer danos a vidas humanas pelo

descolamento e pela queda de pedaços de revestimento, a Figura 25 ilustra um

exemplo desse tipo de patologia.

42

Figura 25: Desplacamento localizado no emboço.

Fonte: http://www.aecweb.com.br – Acesso em: 30/07/2015.

A permeabilidade à água é a propriedade que relaciona a estanqueidade da

parede, portanto o revestimento tem a função de proteger o edifício da infiltração de

água. Caso haja umidade nas paredes, ocorrerão manifestações patológicas como

eflorescência, descolamento e manchas de bolor e mofo (CARASEK, 2010).

O revestimento em argamassa deve também apresentar a capacidade de

absorver pequenas deformações, para se deformar em ruptura ou por meio de

pequenas microfissuras, de maneira a não se comprometer sua aderência,

estanqueidade e durabilidade. Essa propriedade relaciona-se ao módulo de

elasticidade e à resistência mecânica da argamassa que poderá influenciar na

fissuração da mesma (CARASEK, 2010).

Segundo Bauer (2005), as juntas são elementos estratégicos para alívio de

esforços nos sistema de revestimento, ou seja, o papel da junta é conduzir a

fissuração potencial para uma região localizada na junta. Portanto falhas de juntas

manifestam patologias, e para se evitar esse tipo de problema devem atender às

características geométricas previstas em projeto, controle durante a execução das

juntas, escolha correta de materiais e o atendimento às normas vigentes (ANTUNES,

2010).

3.8 VANTAGENS E DESVANTAGENS

Embora o sistema de fachadas em blocos cerâmicos revestidas com argamassa

seja uma técnica construtiva desenvolvida há muito anos e que novas técnicas sejam

estudadas para a criação de uma técnica de maior racionalização, o sistema ainda é

muito utilizado. Baseado no que já foi exposto ao longo desse estudo e na avaliação

43

da “Comunidade da Construção” (www.comunidadedaconstrucao.com.br – Acesso

em: 27/07/2015), essa técnica construtiva apresenta muitas vantagens, como:

a) Grande disponibilidade de mão de obra para execução: os serviços de

argamassa são de fácil aprendizado, de forma que a ausência de mão de

obra pode ser rapidamente suprida pelo treinamento de novos operários.

b) Insumos acessíveis nas mais variadas regiões: argamassas usam

basicamente cimento e areia em sua composição. Quando for necessário o

uso da cal e esta não estiver disponível, pode-se usar outra adição, como por

exemplo o saibro.

c) Elevada durabilidade e resistência aos agentes agressivos: argamassas são

produtos minerais, o que lhes confere grande estabilidade química frente a

quase todos os agentes agressivos comuns; além disso, praticamente não

sofrem degradação quando expostas aos raios solares.

d) Conforto térmico por conta dos blocos cerâmicos, devido a sua inércia

térmica, sendo o calor e frio mais amenizados pelas paredes de blocos

cerâmicos;

e) Facilidade de execução e controle: uma vez que a mão de obra foi treinada e

possui certa habilidade na produção, os procedimentos de controle de

produção podem ser facilmente implantados, uma vez que não englobam

atividades complexas e sim técnicas de execução bastante difundidas.

f) Custo comercial dos blocos cerâmicos é, via de regra, inferior quando

comparado com outros materiais utilizados nas alternativas para execução de

alvenaria.

Em contrapartida, o sistema apresenta como desvantagem:

a) O desperdício de material tanto durante a aplicação de argamassa quanto no

assentamento de blocos;

b) Velocidade de execução e manutenção mais lenta quando comparada a

outros métodos executivos;

c) Sua execução implica em um canteiro de obra sujo;

d) Geração de grande volume de entulho devido aos cortes dos blocos e

abertura de espaço para as instalações.

44

4. SISTEMA CONSTRUTIVO DE FACHADAS COM PLACAS CIMENTÍCIAS

4.1 DESCRIÇÃO

O uso de placas cimentícias está associado ao sistema steel frame, que é uma

estrutura composta por perfis formados a frio de aço galvanizado, que constituem

painéis estruturais - verdadeiros esqueletos para edificação. Tendo essa moldagem,

as placas cimentícias são utilizadas como fechamento dessas estruturas, formando as

paredes da edificação (MARTINETTI, 2015).

Nas figuras 26, 27, 28 e 29 é possível observar formas de constituição de

estruturas básicas de um sistema de vedação vertical externa em placa cimentícia.

Figura 26. Estrutura básica do SVVE – fechamento interno com uma chapa de gesso.

Fonte: Diretrizes SINAT – nº 009 – 2012.

Figura 27. Estrutura básica do SVVE – fechamento com duas chapas de gesso.

Fonte: Diretrizes SINAT– nº 009 – 2012.

45

Figura 28. Estrutura básica do SVVE - dupla camada de perfis metálicos e chapa de gesso entre essas camadas.

Fonte: Diretrizes SINAT– nº 009 – 2012.

Figura 29. Estrutura básica do SVVE - com dupla camada de perfis metálicos sem chapa de gesso entre essas camadas.

Fonte: Diretrizes SINAT – nº 009 – 2012.

Na tabela 6 é possível ver um resumo das camadas componentes do sistema de

fachada em placa cimentícia.

46

Tabela 6. Composição básica do SVVE, sem função estrutural, em perfis leve de aço, multicamadas, com fechamento em chapas delgadas.

Fonte: Diretrizes SINAT - Diretrizes para avaliação técnica de produtos – nº 009 – 2012.

4.2 COMPONENTES DO SISTEMA

4.2.1 PLACA CIMENTÍCIA

As placas cimentícias surgiram no mercado nacional na década de 70. Sua

comercialização se intensificou após a década de 90, com o desenvolvimento do

mercado de construção seca e industrializada. São constituídas pela mistura de pasta

de cimento e agregados (agregados minerais leves, como a perlita), com reforço em

fibras, malhas ou telas (vide figura 31), podendo também conter aditivos. Essa

combinação de ingredientes a faz ser adequada tanto para áreas secas quanto

molhadas. O produto é bastante utilizado para revestimentos externos, como

fachadas, e também em áreas internas, como cozinhas e banheiros (MARTINETTI,

2015).

47

Figura 30. Exemplo de placa cimentícia com reforço em tela.

Fonte: o Autor, 2015.

Sua fixação à estrutura se dá por meio de parafusos. São reconhecidas por suas

características eficientes e de bom desempenho como resistência ao impacto, à

umidade, ser incombustíveis e de alta durabilidade. Além disso, elas também são

compatíveis com diversos acabamentos ou revestimentos, como pintura acrílica,

texturas, cerâmicas ou pastilhas, garantindo rapidez na execução e adequação a

qualquer tipo de projeto (SANTI, 2015).

Atualmente, as placas cimentícias são comercializadas em diferentes

tamanhos. A largura é fixa (1,20m) e o comprimento pode variar de 2,00 a 3,00

metros. A espessuras usuais são de 4,0 a 6,0mm para forros, 8,0mm para paredes

internas e de 10,0 a 12,0mm para paredes externas ou fachadas. (MARTINETTI,

2015).

É importante ressaltar que as placas devem atender aos requisitos da NBR

15575, que regulamenta edifícios habitacionais de até cinco pavimentos. Esta norma

estabelece os parâmetros mínimos de desempenho das paredes externas e internas

de edificações (SANTI, 2015). Na tabela 7, é possível observar os requisitos referentes

às placas cimentícias e seus respectivos indicadores de qualidade.

48

Tabela 7. Caracterização da placa cimentícia utilizada nos SVVE.

Fonte: Diretrizes SINAT – nº 009 – 2012.

4.2.2 GUIA E MONTANTE

Os montantes e guias utilizados nas construções em Steel Frame (figura 31) são

fabricados a partir de chapas de aço galvanizado que podem receber três tipos de

tratamento: zincado por imersão a quente, zincado por eletrodeposição e alumínio-

zinco por imersão a quente. Essas peças variam tanto na seção como na espessura,

de acordo com o fim a que se destina o elemento estrutural. Para as paredes, é

comum o uso de espessuras entre 0,95 e 3,0 mm. A galvanização permite garantir a

durabilidade das peças metálicas durante centenas de anos. A engenharia empregada

49

visa tornar a estrutura resistente a qualquer tipo de ação da natureza. (Catálogo

Eternit / http://www.eternit.com.br / Acesso em: 31/07/2015.)

Figura 31. Montante e guia, respectivamente.

Fonte: http://www.eternit.com.br / Acesso em: 31/07/2015.

A tabela 8 caracteriza os perfis metálicos e indica suas respectivas normas

brasileiras a fim de especificar a utilização em vedações externas.

Tabela 8. Caracterização dos perfis metálicos utilizados nos SVVE.

Fonte: Diretrizes SINAT - nº 009 – 2012.

4.2.3 BARREIRA IMPERMEÁVEL

A barreira impermeável (figura 32) constitui-se de um não tecido impermeável à

água e permeável ao vapor de água. Consiste em milhões de microfibras entrelaçadas

que formam um “labirinto” impermeável à umidade, permitindo que o vapor de água

passe pelos poros naturais de sua estrutura. (DUPONT TYVEK,

http://www2.dupont.com)

50

Essa barreira consiste em uma lâmina criada para os sistemas de placa de

cimento. São colocadas diretamente por trás das placas cimentícias como barreira de

água, para impermeabilizar a estrutura. A tabela 9 apresenta a caracterização da

barreira impermeável à água e permeável ao vapor de água.

Figura 32. Barreira de não tecido posicionada entre a placa cimentícia e a estrutura.

Fonte: O Autor, 2015.

Tabela 9. Caracterização da barreira impermeável à água e permeável ao vapor de água utilizada nos SVVE.

Fonte: Diretrizes SINAT - nº 009 – 2012.

4.2.4 ABSORVENTES ACÚSTICOS

Absorventes acústicos são materiais de baixa densidade, que se destacam por

absorver o som. Em geral, são materiais porosos (lã de vidro, lã de rocha (vide figura

33), poliuretano, fibras de madeira, vermiculita, fibras cerâmicas, cortiça, tecidos,

51

tapetes etc) (DIRETRIZES SINAT, 2012). Os isolantes acústicos podem ser

classificados conforme tabela 10.

Figura 33. Exemplo de material absorvente acústico: lã de rocha.

Fonte: www.fiberseals.com.br – Acesso em: 31/07/2015.

Tabela 10. Caracterização do isolante (térmico/acústico) utilizado no SVVE.

Fonte: Diretrizes SINAT - nº 009 – 2012.

4.2.5 CHAPAS DE GESSO PARA DRYWALL

A utilização das chapas de gesso na construção civil começou nos Estados

Unidos no início do século XX. A partir de 1920, as chapas de aço começaram a ser

utilizadas em larga escala e se espalhando pelo mundo em seguida. No Brasil, o

emprego da tecnologia teve início em 1972 com a fabricação das primeiras chapas de

gesso (REIS; MAIA; MELO, 2003).

As chapas de gesso para drywall, ilustradas pela figura 24 e caracterizadas na

tabela 11, são fabricadas industrialmente mediante um processo de laminação

contínua de uma mistura de gesso, água e aditivos, entre duas lâminas de cartão,

onde uma é virada sobre as bordas longitudinais e colada sobre a outra. (DIRETRIZES

SINAT, 2012)

52

Figura 34. Tipos de placa de gesso tipo drywall.

Fonte: www.bragips.com.br – Acesso em: 20/07/2015.

Tabela 11. Caracterização de chapas de gesso.

Fonte: Diretrizes SINAT – nº 009 – 2012.

4.2.6 PERFIS EM PVC

Perfis em PVC são peças cuja função é auxiliar no gerenciamento de água e

proteção da fachada. Usadas em juntas de dilatação, estruturas de reforço de cantos,

execução de acabamentos e pingadeiras (figura 35). É uma composição do

acabamento externo que desvia as águas das chuvas, impedindo que ela escorra ao

longo das paredes da fachada (DIRETRIZES SINAT, 2012). A caracterização dos

perfis pode ser observada na tabela 12.

53

Figura 35. Pingadeira em PVC para proteção de fachada.

Fonte: www.leroymerlin.com.br - Acesso em: 20/07/2015

Tabela 12. Caracterização dos perfis de PVC utilizados no SVVE.

Fonte: Diretrizes SINAT – nº 009 – 2012.

4.2.7 ARGAMASSAS

A argamassa para tratamento de juntas é à base de cimentos especiais, quartzo,

calcário e aditivos. É utilizada apenas para ser aplicada na região das juntas e

preenchimento de espaço entre as placas cimentícias (KNAUF - www.knauf.com.br -

Acesso em: 31/07/2015).

Para execução da regularização de fachadas em placas cimentícias é aplicada

uma massa denominada Base Coat e constitui-se de uma proteção do sistema à base

de cimento, reforçado com resina sintética, fibras e aditivos. Pode ser aplicada

manualmente ou com uma máquina de projeção de argamassa (DIRETRIZES SINAT,

2012). A tabela 13 mostra a caracterização da argamassa aplicada no sistema em

estudo.

Na face interior das fachadas, onde se tem placas de gesso, é utilizada massa

específica para drywall, criada para realizar tratamento de juntas e acabamento final.

As massas para tratamento devem ser utilizadas juntamente com fitas apropriadas

para juntas. (KNAUF - www.knauf.com.br - Acesso em: 31/07/2015). Na tabela 14, é

possível ver a caracterização dessa massa componente.

54

Tabela 13. Caracterização da argamassa utilizada nos SVVE – Placa cimentícia.

Fonte: Diretrizes SINAT – nº 009 – 2012.

Tabela 14. Caracterização da massa para tratamento de junta da face interna do SVVE.

Fonte: Diretrizes SINAT – nº 009 – 2012.

4.2.8 COMPONENTES DE ACABAMENTO

4.2.8.1 FITA PARA TRATAMENTO DE JUNTAS INTERNAS

As fitas são elementos essenciais no tratamento de juntas, proporcionando a

resistência e a elasticidade necessárias para que o acabamento se mantenha estável,

sem fissuras ou trincas. A fita para juntas, caracterizada na tabela 15, é utilizada no

tratamento de juntas em paredes, tetos e revestimentos, ficando embutida na massa

para tratamento de juntas dissimuladas da face interna do sistema (KNAUF -

www.knauf.com.br - Acesso em: 31/07/2015).

Figura 36. Fita para tratamento de juntas em drywall.

Fonte: www.leroymerlin.com.br – Acesso em 27/08/2015.

55

Tabela 15. Caracterização da fita para tratamento de junta da face interna do SVVE.

Fonte: Diretrizes SINAT – nº 009 – 2012.

4.2.8.2 FITA PARA ISOLAMENTO (BANDA ACÚSTICA)

Banda acústica constitui-se de uma fita à base de resina auto adesiva para

utilização em isolamento entre os perfis perimetrais e a estrutura (figura 37).

Figura 37. Fita para isolamento acústico entre os perfis perimetrais e a estrutura.

Fonte: www.construccionenseco-foro.com – Acesso em: 22/07/2015.

4.2.8.3 FITA PARA TRATAMENTO DE JUNTAS EXTERNAS

Trata-se de uma fita que ficará embutida na argamassa para tratamento de

juntas dissimuladas na face externa do sistema (figura 38). É composta por fibra de

vidro com tratamento, para combater possíveis fissuras. Na tabela 16, é possível

observar a caracterização da mesma.

Figura 38. Fita para tratamento de juntas no sistema de placa cimentícia.

Fonte: www.placlux.com.br – Acesso em: 25/07/2015.

56

Tabela 16. Caracterização da fita usada nas juntas dissimuladas externas do SVVE.

Fonte: Diretrizes SINAT – nº 009 – 2012.

4.2.8.4 TELA PARA ACABAMENTO EXTERNO

Consiste em uma malha de fibra de vidro com tratamento com o intuito de

oferecer reforço à camada de revestimento, e que deverá ficar embutida na

argamassa (vide figura 39 e tabela 17 de caracterização do componente).

Figura 39. Tela para combater fissuras e aumentar a resistência, embutida na argamassa.

Fonte: www.placlux.com.br – Acesso em: 25/07/2015.

Tabela 17. Caracterização da tela usada junto à argamassa de revestimento do SVVE.

Fonte: Diretrizes SINAT – nº 009 – 2012.

57

4.2.9 COMPONENTES DE FECHAMENTO

Fazem parte do fechamento do sistema as pinturas, sidings, cerâmicas e outros

materiais que não colaboram na estruturação das paredes, tendo funções estéticas e

de proteção do sistema construtivo. Esses componentes dão o acabamento final da

estrutura, mas não fazem parte do escopo desse estudo.

4.2.10 COMPONENTES FIXADORES

Além dos componentes já expostos, fazem parte de todo o sistema de

montagem os parafusos para fixação dos perfis e placas dispostos na tabela 18.

Tabela 18. Caracterização dos parafusos utilizados nos SVVE.

Fonte: Diretrizes SINAT – nº 009 – 2012.

4.3 EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS

Os principais equipamentos para execução de uma fachada em placa cimentícia

estão descritos conforme tabela 19.

58

Tabela 19. Equipamentos utilizados para execução de fachadas em placa cimentícia.

Fonte: Soluções construtivas Eternit - www.eternit.com.br – Acesso em: 29/07/2015.

4.4 TRANSPORTE, MANUSEIO E ARMAZENAMENTO

Segundo o Catálogo Técnico Eterplac (http://www.eternit.com.br - Acesso em:

30/07/2015) referente à placa cimentícia, as seguintes recomendações devem ser

seguidas:

a) As placas devem ser transportadas unitariamente, sempre na vertical, por dois

homens (figura 40);

b) A descarga é normalmente feita pela lateral do caminhão com os homens de

cima deslizando a placa sobre duas vigas encostadas à pilha, para que os

que estão embaixo a peguem, colocando-a sobre os suportes;

59

Figura 40. Recomendações para transporte de placa cimentícia.

Fonte: Soluções construtivas Eternit – www.eternit.com.br – Acesso em: 29/07/2015.

b) Para manter a boa aparência das placas cimentícias, recomenda-se o

armazenamento em ambiente fechado ou a cobertura das pilhas com lona ou

plástico (figura 41);

Figura 41. Recomendações para armazenamento de placa cimentícia.

Fonte: Soluções construtivas Eternit – www.eternit.com.br – Acesso em: 29/07/2015.

c) O local deve ser plano, firme e de fácil acesso para descarga;

d) As placas devem ser empilhadas e apoiadas sobre sarrafos de 7,5 x 7,5 cm,

nivelados e com distância máxima de 40 cm entre si, formando todos eles um

mesmo plano, ou em pranchas de madeira niveladas. Em ambos os casos,

não deverá haver balanços livres nas laterais das placas (figura 42).

Figura 42. Recomendações para armazenamento de placa cimentícia.

Fonte: Soluções construtivas Eternit – www.eternit.com.br – Acesso em: 29/07/2015.

60

e) Para o armazenamento e transporte, devem ser respeitadas as seguintes

quantidades:

Placas 06 mm: pilhas com 80 peças

Placas 08, 10 e 12 mm: pilhas com 50 peças

f) Para estocagem, é admitido o empilhamento máximo de quatro pilhas

sobrepostas;

g) Para acomodação sobre transporte (carreta/caminhão), o empilhamento

máximo é de duas pilhas.

4.5 ETAPAS EXECUTIVAS

O sistema consiste em uma estrutura metálica, composta por guias e montantes,

na qual serão aparafusadas chapas cimentícias (na face da parede voltada para o

exterior) e drywall (na face voltada para o interior). Dependendo da rigidez que se

queira atingir, são inseridas chapas de OSB na estrutura. Entre a camada de chapas

cimentícias e a estrutura, deverá ser colocada uma barreira impermeável. É também

essencial a colocação de um revestimento no interior da parede atendendo aos

requisitos de isolamento termoacústico vigente. (KNAUF - www.knauf.com.br - Acesso

em: 31/07/2015)

A instalação procede com o tratamento das juntas (massa e fita), aplicação de

massa superficial e colocação de malha de reforço. A parede finalizada está pronta

para receber qualquer tipo de revestimento ou acabamento (KNAUF -

www.knauf.com.br - Acesso em: 31/07/2015)

As etapas executivas dos itens que se seguem foram baseadas nas

recomendações KNAUF (www.knauf.com.br - Acesso em: 31/07/2015) e em técnicas

já utilizadas por construtoras que adotam esse sistema.

4.5.1 MAPEAMENTO DE ESTRUTURA

O mapeamento se dá através da descida de arames no perímetro das lajes

seguida da medição das distâncias da borda da laje até os arames. O resultado desta

etapa é uma planilha com os dados compilados onde se podem identificar os pontos

críticos da estrutura (variações no prumo e alinhamento).

Após mapeamento é aconselhável executar o sóculo no pavimento térreo, este

elemento trata-se de uma estrutura de concreto com a função de garantir a

estanqueidade no “pé da torre”.

61

As guias com a banda acústica devem ser fixadas em cima do sóculo, onde o

mesmo é composto por um rodapé moldado in loco. Sua geometria foi pensada

justamente para que a placa cimentícia cubra a junta entre sóculo e guia, garantindo

assim a estanqueidade do conjunto.

4.5.2 ESTRUTURAÇÃO – GUIAS E MONTANTES

Antes da fixação das guias é de suma importância a aplicação da banda

acústica, que é um elemento de vedação acústica do sistema, na face entre a guia e a

estrutura de concreto. Procede-se com a fixação das guias na laje, inferior e superior,

e em alguns casos, em pilares. Esta fixação é feita com pistolas “finca-pinos” ou

buchas e parafusos.

Destaca-se que as guias podem ser instaladas em “balanço” desde que o

mesmo seja de no máximo 1/3 de sua largura, proporcionando uma flexibilidade em

relação à adaptação com a estrutura de concreto armado, caso haja alguma variação

das bordas ou desaprumos. Essa possibilidade de correção em imperfeições da

estrutura é um grande diferencial do processo, garantindo um produto final de melhor

qualidade.

Os montantes devem respeitar a modulação de projeto e os detalhes de

montagem em relação à estruturação de vãos, reforços estruturais (montante duplo),

especificações de parafusos e seus respectivos pontos de fixação.

4.5.3 PLAQUEAMENTO EXTERNO

a) Membrana impermeável

A membrana impermeável é uma espécie de tecido composto por finas fibras

que, entrelaçadas, formam uma espessa e resistente estrutura. Essa membrana foi

especialmente projetada para impedir a entrada de água e ao mesmo tempo permitir a

saída do ar, evitando assim a condensação no interior da parede. Sua instalação

antecede o plaqueamento externo. (KNAUF - www.knauf.com.br - Acesso em:

31/07/2015)

b) Placa Cimentícia

O plaqueamento externo é executado com placas cimentícias que são

compostas de cimento Portland e agregados leves e possuem uma tela de reforço

embutida que lhes confere maior resistência à tração, e bordas arredondadas que

62

facilitam o tratamento de juntas. (KNAUF – www.knauf.com.br – Acesso em:

31/07/2015)

4.5.4 PLAQUEAMENTO INTERNO

a) Lã Mineral

O plaqueamento interno tem início com a instalação da lã de rocha seguida do

plaqueamento com chapas de OSB (utilizadas para o reforço das paredes do sistema,

um item opcional). Em seguida executa-se o plaqueamento com chapas de gesso

acartonado.

b) Placa OSB

Além de todos os componentes já citados, muitas vezes as empresas optam por

inserir uma placa OSB - Oriented Strand Board, em português Painel de Tiras de

Madeiras Orientadas, incorporado ao sistema visando maior resistência à face interna

da parede, além de contribuir com a vedação acústica do conjunto.

c) Placa Gesso Acartonado

Após fixação das placas OSB, são aparafusadas as placas de gesso

acartonado, de acordo com paginação especificada em projeto.

4.5.5 TRATAMENTO DE JUNTAS E EXECUÇÃO DE ACABAMENTO

Primeiramente, é executado o tratamento de juntas, aplicando massa nesta

região e preenchendo os espaços entre as placas cimentícias. Entre essa massa é

inserida uma fita, garantindo reforço suficiente (figura 38). Posteriormente, é realizado

o acabamento externo, utilizando-se a massa Base coat. O Base coat é aplicado de

modo a obter uma camada de aproximadamente 5 mm antes da colocação da malha

de reforço e de 2mm após esta colocação (figura 39). Do lado interno do sistema,

onde se encontram as placas de gessos acartonado, é feito o tratamento de juntas

entre as placas, o tratamento de encontros entre as chapas e o suporte (alvenarias ou

estruturas de concreto), além do tratamento das cabeças dos parafusos, utilizando-se

de massa e fita para drywall. Realizados os acabamentos interno e externo, a

estrutura está apta a receber o revestimento planejado.

4.6 CUSTO, QUALIDADE E PRODUTIVIDADE

O Sistema de fachadas executadas com placa cimentícia pode diminuir a equipe

efetiva de mão de obra. Um comparativo realizado pela revista CONSTRUÇÃO (2014)

63

apontou cerca de 4,5% de economia no método de fachada com placa cimentícia em

relação ao método tradicional de alvenaria e argamassa. “O tempo para executar essa

fachada é similar ao tempo da fachada convencional. Não tem os custos com

equipamentos porque são os mesmos, ao mesmo tempo. A grande vantagem é que se

faz com menos pessoas”. Ainda segundo a revista, “esse modelo tende a trabalhar

com menos pessoas e uma equipe mais especializada e também tem tudo a ver com a

sustentabilidade porque é um sistema industrializado”.

Para a revista “Construção” (2014), desperdiçar menos material é uma outra

grande vantagem. “A fachada executada da forma convencional tem desperdício de

material muito superior à de placas cimentícias. A falta de mão de obra vivida nos

últimos anos também não gerou preocupações neste caso, tendo em vista que o

número de profissionais para executar a fachada é menor.”

Apesar da aplicação recente dessa tecnologia, a expectativa é um aumento

rápido desse tipo de construção em virtude da demanda habitacional do país e da

velocidade de construção que esse produto confere. É um sistema limpo, uma vez que

reduz os desperdícios de materiais e otimiza o uso a mão de obra. Esses atributos

podem tornar a obra até 40% mais barata. É uma opção para construir com qualidade,

baixa geração de entulho e principalmente, com preocupação ambiental.

Abaixo, temos os requisitos de qualidade no que tange ao uso de placa

cimentícia para fachadas (KNAUF - www.knauf.com.br - Acesso em: 31/07/2015).

a) Desempenho térmico: o desempenho térmico das fachadas varia conforme o

sistema utilizado, podendo atingir isolamentos de até 0,18W/m²K.

b) Desempenho acústico: a performance acústica das paredes também varia

conforme o sistema utilizado, e alcança isolamentos Rw de 45dB a 65dB.

c) Resistência mecânica: as fachadas são dimensionadas para resistir a ventos

com intensidades de até 200km/h (que caracterizam furacões classe 3), além

de resistir aos impactos normais de corpo mole, corpo duro e carga suspensa.

d) Estanqueidade à água: o sistema é estanque à água proveniente de chuvas e

outras fontes, considerando-se a ação dos ventos com pressões estáticas

superiores a 50Pa, o que atende a todas às regiões do país.

e) Segurança ao fogo: as chapas são Incombustíveis, o TRRF (Tempo

Requerido de Resistência ao Fogo) do sistema pode variar de 30 a 120

minutos, dependendo do tipo utilizado.

64

4.7 PATOLOGIAS

Qualquer interferência do meio na construção que prejudique seu desempenho

esperado pode ser tratada como patologia. Muitas são as causas dessas patologias.

No entanto, grande parte das patologias construtivas e dos problemas executivos são

devidos à deficiência de projeto e de planejamento do processo de produção (SALES,

2001).

Em sistemas que utilizam o Light Steel Frame, por se tratar de um método

construtivo altamente industrializado, quando comparado a métodos mais usuais como

o da alvenaria convencional, naturalmente os níveis de precisão, principalmente na

fixação dos perfis e placas, são elevados. É necessária uma mão de obra de

qualidade para que sejam minimizados qualquer desfio executivo. Sendo assim, é

indiscutível que grande parte das patologias que possam existir estão relacionadas às

deficiências de execução do sistema LSF.

Muitas das patologias existentes estão relacionadas às bolhas nas junções das

placas cimentícias, a diferença de prumo na estrutura, a má qualidade do acabamento

das placas de fachada, as manchas nas placas causadas pela ação da chuva, os

problemas na fixação dos elementos devido à aplicação incorreta de proteção passiva

contra incêndio e selante adesivo nas juntas entre placas e, por fim, a fissuração na

junta entre as placas.

Esta última, aliada à própria fissuração no corpo da chapa com, inclusive,

possibilidade de destacamento das mesmas, pode ser colocada como a de maior

ocorrência no sistema LSF (FREITAS; CRASTO, 2006). Fissurações podem vir a

configurar patologias, ou simplesmente causar um desconforto visual para os usuários.

4.8 VANTAGENS E DESVANTAGENS

O sistema de fachadas executadas com placas cimentícias é uma alternativa às

opções tradicionais de execução de vedações vertical externa e possui vantagens e

desvantagens como qualquer outro sistema.

De acordo com “Soluções construtivas Eternit” (www.eternit.com.br – Acesso

em: 29/07/2015) e com base no que já foi exposto ao longo desse estudo, tem-se

como vantagens:

a) Como parede/fechamento, substitui o chapisco, emboço e reboco das

paredes convencionais;

b) Ótimo comportamento em relação à umidade: fator preponderante para uso

em áreas molhadas ou externas;

65

c) Possui grande durabilidade e resistência a impactos;

d) Possui uma superfície que aceita diversos tipos de revestimento, tais como

laminado melamínico, cerâmica, verniz acrílico e pintura e massa texturizada

com base acrílica;

e) A praticidade e a rapidez da montagem dos sistemas proporcionam redução

da mão de obra e do desperdício de materiais, agilizando os prazos de

entrega da obra;

f) As paredes/fechamentos permitem que seu interior possa receber diversos

isolamentos termoacústicos, tais como lã de rocha, lã de vidro, lã de PET,

EPS e PU, proporcionando conforto termoacústico ao ambiente.

g) As placas são leves e de fácil manuseio: paredes executadas com o material

podem chegar a 1/10 do peso de alvenarias tradicionais, com isso tem-se

redução de cargas nas estruturas e fundações, devido ao menor peso por m²

de parede acabada.

h) Ganho de área útil, em função da menor espessura das paredes;

i) Pequena geração de entulho;

j) São incombustíveis;

k) Chegam prontas para fixação e possuem qualidade de acabamento final;

Por outro lado, apresentam as seguintes desvantagens:

a) Choque cultural: todos são mais acostumados com sistema de blocos e

revestimento de massa externa, o preconceito com a nova tecnologia é uma

barreira a se enfrentar dentro e fora das empresas.

b) A execução obriga uma mão-de-obra bastante qualificada, a fim de minimizar

patologias executivas.

c) O custo depende muito do tipo da obra e do cliente, levando principalmente

em consideração o prazo para entrega. Em alguns casos, o sistema de Light

steel frame pode ser considerado menos vantajoso economicamente.

66

5. ESTUDO DE CASO

5.1 DESCRIÇÃO DO EMPREENDIMENTO

5.1.1 ASPECTOS GERAIS

O Wind Residencial é o empreendimento que serve de base para este estudo.

Planejado e desenvolvido por uma grande construtora do ramo de incorporação

imobiliária, o empreendimento esta localizado na Estrada dos Bandeirantes, na Zona

Oeste do Rio de Janeiro, região que é hoje um importante vetor de crescimento da

cidade e está passando por uma grande transformação, com investimentos públicos e

privados em infraestrutura urbana e melhoria das vias de acesso.

O projeto foi concebido a partir de um programa integrado de sustentabilidade

que abrange a gestão da água, eficiência energética e soluções de projeto voltadas

para mitigação de resíduos e maior performance acústica e térmica. O destaque está

na escolha dos sistemas construtivos que apresentam redução significativa de

resíduos no canteiro, redução de custo, aumento de produção, além da

industrialização do processo, visando mitigar a escassez de mão de obra identificada

na matriz de risco. Como exemplo, podemos citar o sistema de fachadas executadas

com placa cimentícia que é objeto de estudo deste trabalho, e a modulação da

estrutura visando otimização das etapas de obra e maior qualidade final do

empreendimento.

Dessa forma, a engenharia foi pensada em cada disciplina de projeto com o

objetivo de entregar um produto de excelência ao cliente e assim foi viabilizado um

sistema que permitisse melhores condições de segurança, sustentabilidade,

qualidade, atendendo todos os requisitos normativos como: desempenho térmico,

acústico, resistência mecânica, estanqueidade e por fim resistência à propagação do

fogo. Originou-se, então, a ideia de implementação do sistema de paredes externas

em placa cimentícia. (http://www.windresidencial.com.br/)

O condomínio é composto de 4 edifícios que abrigará 260 apartamentos que

apresentam área variando de 62 m² a 75 m². Além disso, ele oferece completa

infraestrutura para os moradores, contando com academia, salão de jogos, espaço

gourmet, salão de festas, sauna, espaço de repouso, brinquedoteca, home office,

piscina, churrasqueira, forno de pizza, redário, play infantil, mini camping, pet play e

por fim uma quadra poliesportiva.

O empreendimento apresenta um total de 23.350,85 m² de área construída e

17.625,50 m² de área privativa.

67

Figura 43. Fachada do Empreendimento Wind.

Fonte: http://www.windresidencial.com.br – Acesso: 31/07/2015.

5.1.2 ASPECTOS TÉCNICOS

No que tange a fundação, as torres apresentam radier armado. Já na

superestrutura, os edifícios apresentam estrutura modulada e são constituídos por

lajes planas e pilares esbeltos, sendo alguns deles do tipo pilar-parede, conforme

Figura 44.

Figura 44. Esquema Estrutural – Wind Residencial.

Fonte: Módulo Engenharia – Wind Residencial.

Em se tratando de vedações externas, escopo do presente estudo, o

empreendimento faz uso do sistema aquapanel, o sistema de placa cimentícia da

KNAUF, muito utilizado no exterior. Como já descrido nos capítulos anteriores, esse

sistema utiliza estrutura metálica do tipo steel frame (guias e montantes de aço

68

galvanizado), onde é fixada uma membrana específica e placas cimentícias. Estas

levam um tratamento com argamassas e telas de reforço que conferem à fachada um

desempenho de excelência e com uma velocidade de execução muito superior quando

comparada com os sistemas convencionais, além de possuir qualidade superior de

acabamento e considerável redução na geração de entulho.

Já para vedações internas, o empreendimento utiliza o sistema monolítico de

drywall preenchida com argamassa. Este sistema é constituído basicamente do

sistema de drywall preenchido com uma argamassa especial, e, em se tratando do

Wind Residencial, a argamassa utilizada é a Massa Crupe (argamassa leve

especialmente formulada para uso como enchimento ou revestimento de proteção

acústica, térmica e de fogo). O diferencial do sistema está primeiramente na

velocidade e facilidade de execução e seu desempenho muito satisfatório comparado

aos demais sistemas já conhecidos pelo mercado.

No que tange instalações prediais, tanto hidráulicas como elétricas, o

empreendimento faz uso do sistema Kanban¹, que permite agilizar a entrega e

instalações dos kits já pré-montados, além de diminuir significativamente o desperdício

de materiais.

Percebe-se então que o Wind é um empreendimento inovador no ramo da

incorporação imobiliário carioca e brasileira, visto que ele reúne uma série de

inovações em sistemas construtivos. Dessa forma, esse caso demonstra muito o

caminho à industrialização da construção civil, reduzindo cada vez mais o número de

operários e otimizando consideravelmente o uso de materiais e máquinas. O

pensamento voltado para racionalização na construção vem sendo refletido e

incorporado cada vez mais nos novos empreendimentos que se lançam.

5.2 JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA POR FACHADAS EXECUTADAS COM PLACA

CIMENTÍCIA

Tendo em vista a grande importância do sistema de vedação vertical externa

tanto durante a construção quanto na operação, e a necessidade de otimização e

melhoria de aspectos construtivos, os pensamentos voltados a novas alternativas que

1 Kanban é um termo de origem japonesa e significa literalmente “cartão” ou “sinalização”. É um conceito

relacionado com a utilização de cartões para indicar o andamento dos fluxos de produção em empresas. A utilização

de um sistema Kanban permite um controle detalhado de produção com informações sobre quando, quanto e o que

produzir.

69

substituíssem com excelência a tradicional foram estimulados. A tomada de decisão

foi estimulada por motivos internos e externos:

a) Interno

A busca de soluções inovadoras, com o objetivo de oferecer um produto

diferenciado e minimizar o efeito escassez de mão de obra tornou-se a premissa para

desenvolvimento e concepção do Wind. Partindo desse alinhamento, foram estudadas

tecnologias construtivas que atendessem a requisitos pré-estabelecidos. Desta

maneira, o sistema de vedações Aquapanel foi avaliado e desenvolvido pela equipe

para aplicação no contrato.

b) Externo

A consolidação do uso Sistema Aquapanel na Europa, particularmente na

Alemanha, em obras de grande porte, como por exemplo a Allianz Arena, despertou o

interesse pelo método construtivo. As principais fontes de conhecimento foram os

projetistas Inovatec e Knauf por já possuírem expertise no tema.

5.3 TÉCNICAS CONSTRUTIVAS

A técnica construtiva utilizada para execução das fachadas em placa cimentícia

é a desenvolvida ao longo do capítulo 4. Assim, a técnica para execução do sistema

de vedação vertical externa em placas cimentícias é completamente diferente daquela

para execução de alvenaria em blocos cerâmicos com revestimento em argamassa,

visto que o primeiro é um sistema mais industrializado, o qual sua execução não passa

de uma montagem (figura 45).

A mão de obra utilizada para a execução do sistema de fachadas executadas

com placa cimentícia é qualificada na fase de montagem e fixação dos perfis e placas.

Um ponto importante a se citar é o uso de placas OSB como uma das camadas do

sistema, utilizadas para o reforço das paredes do sistema. As placas OSB nem

sempre são utilizadas em outras obras.

Para execução da fachada foi utilizada uma placa cimentícia chamada

Aquapanel, criada pela empresa KAUF. Por isso, os dados expostos nos itens

seguintes são baseados na execução do plaqueamento utilizando componentes

específicos KNAUF.

70

Figura 45. Execução de fachadas com placa cimentícia – Wind Residencial.

Fonte: O Autor, 2015.

5.4 PLANEJAMENTO E CRONOGRAMA FÍSICO

Para dimensionamento das equipes e elaboração de um cronograma foram

adotadas premissas de produtividade baseadas em dados reais da obra, no caso do

Aquapanel, e dados de outros contratos da empresa, no caso da Alvenaria

Convencional. (Dados retirados de estudos da empresa e o empreendimento Wind

Residencial, vide tabelas 20 e 21)

a) Alvenaria Convencional

Tabela 20. Premissas para Equalização da Vedação Externa – Alvenaria.

Fonte: Módulo Engenharia – Wind Residencial.

71

b) Placa Cimentícia (adotada: aquapanel)

Tabela 21. Premissas para Equalização da Vedação Externa – Aquapanel.

Fonte: Módulo Engenharia – Wind Residencial.

Através dos dados de produtividade de cada sistema foi elaborado um

cronograma para a comparação do período de duração de cada um deles,

evidenciando o ganho no prazo final do projeto (tabela 22).

Como parâmetros para execução da vedação externa convencional em alvenaria

de Bloco, foi considerado o início da mesma a partir do pavimento 04 (liberação do

escoramento da super estrutura) e o aperto só se iniciando após a finalização de toda

a super estrutura de cada torre (com a liberação do escoramento). Além disso,

considerou-se o emboço externo começando apenas após a finalização de todo o

aperto da alvenaria externa.

A execução do Aquapanel, por sua vez, só é iniciada com a finalização da super

estrutura da respectiva torre. O prazo considerado de execução da super estrutura foi

o real da obra, entre Janeiro e Junho de 2014.

72

Tabela 22. Cronograma de Vedação Externa (Alvenaria x Aquapanel).

Fonte: Módulo Engenharia – Wind Residencial.

Analisando o cronograma apresentado na tabela 22, é possível concluir que

além da redução do efetivo da obra empregado no serviço de vedação externa, houve

ganho de 2 meses no prazo final da obra.

5.5 BARREIRAS ENCONTRADAS

Uma das barreiras encontradas na aplicação dessa tecnologia foi a necessidade

de capacitação da equipe. Além disso, houve uma necessidade maior de interação

com área de projetos, devido ao fato desses projetos possuírem um detalhamento

maior comparado a outros. Por ser um método novo, não existiam índices de

produtividade para serem utilizados como referência no planejamento das atividades.

5.6 CUSTOS INCORRIDOS E INVESTIMENTOS

Para analisar os custos diretos incorridos dos sistemas (tabelas 23 e 24) foi feito

um estudo comparativo no qual foram considerados todos os serviços e insumos

73

necessários para a execução da alvenaria convencional. Já para o Aquapanel foi

considerado o valor global do contrato com a empresa parceira, que tanto forneceu o

material como também a mão de obra para execução do sistema. A data base

utilizada para os insumos foi Junho/14.

Tabela 23. Orçamento de Aquapanel.

Fonte: Módulo Engenharia – Wind Residencial.

Tabela 24. Orçamento de Alvenaria.

Fonte: Módulo Engenharia – Wind Residencial.

74

5.6.1 COMPARATIVO DE CUSTO DIRETO

Analisando somente o custo direto dos sistemas, observa-se que o sistema

Aquapanel é mais caro que a alvenaria convencional, representando um acréscimo de

R$ 901.138,74 no orçamento de vedações externas, como pode ser visto na tabela 25.

Tabela 25. Comparativo de Custo Direto.

Fonte: Módulo Engenharia – Wind Residencial.

5.6.2 COMPARATIVO DE CUSTO INDIRETO

Conforme observado nos itens anteriores, a escolha do sistema Aquapanel

proporcionou um ganho de prazo de 2 meses, o que implica em uma economia no que

tange manutenção do canteiro, custo de mão de obra indireta e aluguel de andaime

fachadeiro, necessário para a execução da fachada.

Na tabela 26, tem-se os custos indiretos que seriam gastos nos 2 meses a mais

caso fosse adotada a técnica construtiva de fachadas em alvenaria argamassada. O

custo fixo indireto considerado para a manutenção do canteiro envolve gastos com

água, energia, telefonia, EPI, TI, vigilância, material de escritório, serviços de

canteiros, entre outros. Em se tratando do custo com mão de obra indireta, foi

considerado o gasto com salário e encargos de toda a equipe indireta da obra.

Tabela 26. Custo Indireto.

Fonte: Módulo Engenharia – Wind Residencial.

75

5.6.3 COMPARATIVO DE CUSTO TOTAL

Tabela 27. Comparativo de Custo Total.

Fonte: Módulo Engenharia – Wind Residencial.

Analisando todos os custos envolvidos na execução dos dois sistemas (tabela

27), conclui-se que o ganho de prazo final que a escolha do sistema Aquapanel

proporciona ao projeto o torna a melhor opção para vedações externas, mesmo

apresentando um custo direto mais alto.

5.7 CANTEIRO DE OBRA E LOGÍSTICA

Quando se compara o método construtivo de fachadas em Aquapanel ao

sistema com alvenaria de blocos cerâmicos, observa-se um canteiro mais bem

organizado, já que o primeiro é mais industrializado que o segundo. Além disso, a

geração de resíduos no primeiro caso também é menor, favorecendo para um canteiro

mais limpo.

5.8 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO ESTUDO DE CASO

Com a implantação do sistema Aquapanel o projeto obteve ganhos no que tange

custos, prazo, sustentabilidade, logística de canteiro, engenharia e produto final.

5.8.1 GANHOS DE CUSTO E PRAZO

Conforme observado nos itens anteriores, o ganho de prazo de obra foi de 2

meses enquanto a economia foi de R$ 649.582,81.

5.8.2 GANHOS EM SUSTENTABILIDADE

A alvenaria de blocos cerâmicos é o serviço que gera maior volume de resíduos

dentro da obra, tanto pela sua metodologia de execução como pela logística e

armazenamento que implicam em perda de materiais.

Já o Aquapanel é um sistema moderno e industrializado, o que implica não só

em um canteiro de obras mais limpo e organizado como também na redução

76

significativa de resíduos, como pode ser observado na tabela 28 e, graficamente, na

figura 46.

Tabela 28. Ganhos em Sustentabilidade – Alvenaria e Aquapanel.

Fonte: Módulo Engenharia – Wind Residencial.

Figura 46. Gráfico comparativo de Resíduos Gerados.

Fonte: Fonte: Módulo Engenharia – Wind Residencial.

Além disso, soluções pensadas pela Engenharia minimizaram ainda mais a

geração de resíduos, visto que as guias, montantes e placas utilizadas são fabricadas

de acordo com as dimensões de sua aplicação final. Há também projetos de

paginação de placas e montantes que visam o melhor aproveitamento do material.

Observa-se assim uma redução de 69% na geração de resíduos, o que

representa ganhos na questão de sustentabilidade para a comunidade, para o

integrante e também redução de gastos com a destinação adequada destes resíduos.

77

5.8.3 GANHOS DE ENGENHARIA

A adoção do sistema Aquapanel (figuras 47 e 48) implicou em uma redução de

28% das cargas transmitidas para as fundações, tornando viável a execução da

fundação direta do tipo Radier para as 4 torres do empreendimento. Na tabela 29, é

possível comparar o peso total por metro quadrado quando se opta por cada uma das

tecnologias.

Tabela 29. Ganhos de Engenharia – Alvenaria e Aquapanel.

Fonte: Módulo Engenharia – Wind Residencial.

A viabilização do Radier representou uma redução em torno de 20% com

fundações, que por sua vez represente em torno de 5% do custo de construção total.

Assim, obteve-se um ganho de aproximadamente 1% sobre o custo total de

construção.

5.8.3 GANHOS DE PRODUTO

a) Garantia de 100% no nivelamento, esquadro e alinhamento das paredes,

reduzindo assim consumo de material para pintura e qualidade final do

produto;

b) Elevado desempenho térmico, acústico e contra incêndio;

c) Infraestrutura das instalações elétricas e hidráulicas já embutidas;

d) Elevada rapidez na execução.

78

Figura 47. Edifício residencial em Aquapanel (fachada em construção).

Fonte: www.windresidencial.com.br / Acesso em: 01/08/2015.

Figura 48. Edifício residencial em Aquapanel (construção) – fachada principal.

Fonte: www.windresidencial.com.br / Acesso em: 01/08/2015.

79

6. CONCLUSÕES

O setor da construção civil, no Brasil e no mundo, passa, nos últimos anos, por

uma necessidade em investimentos significativos em novas tecnologias que propiciem

maior racionalização do canteiro de obras, o que inclui todo o processo construtivo. É

inteligível que essa racionalização seja buscada continuamente devido a questões

atuais relativas à matéria prima, economia, meio ambiente, entre outras.

Nesse sentido, um método racional certamente está atrelado à industrialização

das etapas executivas, considerando-se desde o uso de materiais e produtos prontos

que mitigam a necessidade de confecção no canteiro, até técnicas de execução que

otimizem tempo, custo e qualidade.

Em se tratando do escopo desse trabalho, embora a fachada em alvenaria de

blocos cerâmicos revestida com argamassa ainda seja uma técnica comumente

utilizada pelas construtoras, indubitavelmente se tornou sinônimo de desperdício e

baixa qualidade do produto final, muito se divergindo do entendimento de

racionalização. Por outro lado, a nova tecnologia executiva de fachadas com placas

cimentícias vem se mostrando uma alternativa viável e racional, tendo em vista os

números mostrados no estudo de caso, atrelado a características vantajosas em

comparação a métodos antiquados.

É comum o choque cultural em relação a novas tecnologias que dispensam o

uso de paredes maciças, mas é esperado que o reconhecimento do desempenho

trazido por esse tipo de fachada supere o preconceito existente, pois ao longo dos

capítulos foi visto que existem diversas maneiras de propiciar uma excelente qualidade

final, muitas vezes superior a outras opções de mercado.

Não considerando somente o fato de possuir um sistema de camadas que

chegam ao canteiro pronto, necessitando apenas de uma simples montagem, as

fachadas com placas cimentícias eliminam etapas que demandam tempo e mão de

obra, como o emboço e o reboco. Essa vantagem traz praticidade e rapidez na

montagem, refletindo em um tempo executivo menor e, em longo prazo, em um custo

benefício maior. Leves e de fácil manuseio, o sistema de placas cimentícias

possibilitam uma superfície final própria para vários revestimentos. Além disso, sua

montagem de precisão implica em um acabamento mais fino e padronizado,

significando menor necessidade de material para ajustamentos e retrabalhos.

80

Em contrapartida, no que se refere à mão de obra para executar o sistema de

fachadas com placas cimentícias, é necessária mão de obra específica para

montagem. Nos grandes centros, é certo que se encontre essa mão de obra mais

sofisticada, porém em áreas mais isoladas essa condição é escassa. Esse problema

pode se resolver com um treinamento específico, mas que, não sendo possível,

certamente irá inviabilizar o uso da técnica construtiva. Para o sistema de fachadas em

alvenaria revestidas com argamassa, por outro lado, a mão de obra é de fácil acesso e

menos específica.

A maioria das empresas de pequeno porte possui, naturalmente, certo receio em

utilizar o sistema de fachadas em placa cimentícias, principalmente por ser uma

tecnologia pouco inserida na cultura brasileira e por isso representar um risco

econômico considerável. Nesse sentido, cabe principalmente às empresas de grande

porte a tentativa de fazer dessa técnica construtiva uma alternativa mais utilizada e

aceita por todos, se adaptando gradativamente ao mercado.

É certo que os tipos de sistemas existentes devem ser balanceados, pois

dependem das características da obra, região de construção, compatibilidade com os

outros sistemas, particularidades do cliente, fornecimento de material e outros fatores

que simbolizam a não existência de um sistema melhor ou pior, apenas o mais

apropriado e que trará mais vantagens diante das circunstâncias. Seguindo esse

raciocínio, uma determinada técnica construtiva pode ser a melhor para um tipo de

projeto e inviável para outro.

Este estudo além de apresentar uma análise de custo, produtividade e

qualidade, serve também como ampliação das alternativas possíveis de fachadas.

Diante de uma análise de custo/benefício e sendo escolhido o sistema de fachadas em

placa cimentícia, com certeza os preconceitos a novas tecnologias serão minimizados

com o tempo e os cidadãos como um todo poderão observar que nem sempre um

sistema tradicional é aquele que representa maiores vantagens.

Por fim, é sugerido para trabalhos futuros um estudo de custo para uso de

placas cimentícias em uma residência e outros tipos de estabelecimentos ou estudos

que comparem esse sistema a outras tecnologias, incluindo aquelas novas no

mercado. Ainda é possível realizar um trabalho voltado para a utilização de placas

cimentícias como componente de outros sistemas e também um aprofundamento da

análise dos possíveis revestimentos utilizados nas fachadas que aderem a essa

tecnologia.

81

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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