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Estudo Comparativo dos Modelos de Estimação do Custo do Capital Próprio em
Companhias Abertas Brasileiras
LUCIA AIKO SHICHIJO
Universidade de São Paulo
TATIANA ALBANEZ
Universidade de São Paulo
Resumo
O cálculo do custo do capital próprio é parte importante para o processo de valuation
que guia as tomadas de decisões da empresa e tem como objetivo encontrar o preço justo das
ações, a busca da riqueza dos acionistas e a maximização dos lucros. Com o fim de descobrir
o custo para o financiamento das atividades da companhia, existem diversos modelos para
estimação dessa taxa. O trabalho testa diversos modelos de estimação de custo de capital
próprio: CAPM, Gordon, Ohlson-Juettner, APT e algumas variações destes modelos e busca
verificar se existem diferenças estatisticamente significativas entre as taxas de desconto
encontradas, no período de 2011 a 2014. Utiliza-se como amostra 33 companhias não-
financeiras que fizeram parte do Ibovespa em 03/07/2016 e estavam disponíveis na base
Economática® e na Thomson One Analytics®. Para verificação da hipótese deste estudo
aplicaram-se os testes de Kolmogorov-Smirnov e, o teste de Levene. Com a rejeição da
normalidade e homogeneidade das variâncias, decidiu-se utilizar testes não-paramétricos para
k amostras independentes e emparelhados: o teste de Kruskal Wallis e o teste de Wilcoxon. O
software SPSS foi utilizado para gerar os resultados dos procedimentos estatísticos e as
evidências sugerem que há diferenças estatisticamente significativas entre os resultados para o
custo de capital próprio a partir de diferentes teorias. Todos os modelos possuem alguma
fragilidade em sua elaboração, seja a sensibilidade aos fatores contábeis, aos dividendos ou
aos fatores de sua elaboração. Dessa forma, as metodologias para predição de retornos
esperados no mercado brasileiro não conseguem descrever de forma razoavelmente
satisfatória o comportamento dos títulos. Assim, percebe-se que ainda há espaço para
pesquisas e análises dos modelos existentes.
Palavras chave: Custo de capital próprio, CAPM, Modelo APT, Modelo de Ohlson-Juettner,
Modelo de Gordon.
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1. Introdução
O processo de valuation é usado para tomadas de decisões e tem como objetivo
encontrar o preço justo das ações, a busca da riqueza dos acionistas e a maximização dos
lucros. Segundo Almeida, Brito, Batistella e Martins (2012), dentre os modelos de avaliação
de empresas, destaca-se o Fluxo de Caixa Descontado (FCD), que se baseia na somatória dos
fluxos futuros de caixa calculados a valor presente para a obtenção do valor justo de uma
empresa, partindo da premissa de que o valor da empresa deve ser obtido por meio de sua
potencialidade em gerar caixas futuros e cujo sucesso de implantação dependerá da
determinação da taxa de desconto.
O cálculo do Custo Médio Ponderado de Capital, em inglês Weighted Average Cost of
Capital (WACC), revela quanto custa para a empresa financiar suas atividades, usando como
fontes o capital próprio e o de terceiros. Porém a sua determinação não pode ser realizada de
forma direta, uma vez que não existe uma regra para se determinar com exatidão o custo do
capital dos acionistas.
Para Assaf Neto, Lima e Araújo (2008), o custo total de capital de uma empresa
representa as expectativas mínimas de remuneração das diversas fontes de financiamento
(próprias e de terceiros) lastreando suas operações. É um conceito essencial para toda decisão
financeira e pode ser entendido como o retorno médio exigido para toda a empresa. O custo
de capital para uma empresa pode ser usado como uma medida de avaliação da atratividade
econômica de um investimento, de referência para a análise de desempenho e viabilidade
operacional, e de definição de uma estrutura ótima de capital.
Para se estimar o custo médio ponderado de capital pode-se utilizar diversas
metodologias e independente do modelo utilizado, o resultado alcançado deve representar a
realidade com mais precisão possível. O custo de financiamento de terceiros (credores) é
facilmente encontrado, pois a taxa desconto utilizada está evidente para o setor financeiro da
empresa, visto que eles sabem qual a taxa que pagam em suas linhas de crédito. O desafio
vem da determinação do custo de capital próprio (acionistas), reforçado por Assaf Neto et al.
(2008) em razão de não existir uma maneira explícita de indagar diretamente ao acionista qual
a taxa mínima de remuneração desejada para aplicação de seus fundos na empresa (aquisição
de suas ações).
De acordo com Cabral, Cunha, Machado e Rech (2014) um fator que potencializa o
interesse sobre o assunto é o fato de que as metodologias aplicadas na mensuração das taxas
de desconto e na valoração de empresas são originadas nos mercados desenvolvidos.
Sabe-se que o modelo CAPM considera um mercado eficiente e não obtém resultados
tão precisos em países emergentes, uma vez que ainda se discute a eficiência desses
mercados. Assim, os determinantes da estrutura de capital para os países da América Latina,
por exemplo, são diferentes daqueles considerados em países desenvolvidos, como analisado
por Espinosa, Maquiera, Vieito e Gonzalez (2012). Por isso, vários trabalhos visaram verificar
a aplicabilidade e comparação dos modelos adaptados aos mercados emergentes, como foi
feito no Brasil por Martins, Galdi, Lima, Necyk e Abe (2006), que buscou analisar as
evidências empíricas de modelos de estimação do custo do capital próprio utilizando testes
emparelhados encontrando que há diferenças significativas entre as médias apuradas para
cada tipo de modelo. Também por Girioli e Ribeiro (2011) que aplicou a ideia comparando o
CAPM Não-Condicional e CAPM-Condicional e concluiu que em todas as empresas o beta
condicional é estatisticamente mais significante do que o beta não-condicional. Utilizando o
CAPM Global, CAPM Local, CAPM Local Ajustado, Modelo de Lessard e Modelo G-E,
Fellet, Cunha e Iara (2014) concluíram que a escolha do modelo interfere no custo de capital
próprio estimado, colocando em evidência a questão de mensuração do custo do capital
próprio em mercados emergentes.
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Portanto, este estudo visa responder ao seguinte problema de pesquisa:
Existem diferenças estatisticamente significativas entre as metodologias para
estimação do custo de capital próprio de companhias abertas brasileiras?
Tem-se como objetivo principal examinar se existem diferenças estatisticamente
significativas entre o valor estimado para o custo de capital próprio de companhias abertas
brasileiras de diferentes setores com a aplicação dos modelos: i) Gordon; ii) Capital Asset
Pricing Model – CAPM; iii) Arbitrage Pricing Model – APM; e iv) Ohlson-Juettner – OJ,
dando continuidade ao trabalho de Martins et al. (2006), utilizando-se outras ferramentas
estatísticas, outras variáveis e uma amostra mais ampla no período 2010-2015.
Tendo como base a questão investigada, tem-se a seguinte hipótese de pesquisa: não há
diferenças estatisticamente significativas entre o custo de capital próprio de companhias
abertas brasileiras estimado pelos diferentes modelos, pois os modelos deveriam descrever
razoavelmente o comportamento dos títulos e sendo assim, os valores encontrados pelos
modelos seriam estatisticamente iguais.
A importância desse trabalho está na atualização da pesquisa na área de aplicação de
vários métodos de estimação de custo de capital próprio, uma vez que essa escolha
influenciará a determinação do valor de mercado de uma empresa. Desta forma, as evidências
encontradas neste estudo podem contribuir para empresários e acionistas (ao estimar uma taxa
de desconto apropriada permite medir o desempenho e remunerar melhor os executivos, assim
alinhando a estratégia da empresa e melhorando a organização de criação de valor acionista),
credores, investidores em geral e reguladores (ao evidenciar o que impacta o custo de capital
próprio), pesquisadores e professores (ao ser uma pesquisa atualizada sobre o assunto que
pode servir de base para outros trabalhos sobre a mensuração de custo de capital próprio).
Além deste capítulo introdutório, este trabalho será dividido da seguinte forma: no
capítulo 2, apresenta-se o referencial teórico com a teoria de base que fundamentou a
pesquisa. O tópico 3 apresenta o método de pesquisa, definindo a amostra, as metodologias
utilizadas, as ferramentas estatísticas utilizadas, as variáveis escolhidas e o tratamento de
dados. Na seção 4 analisa-se os resultados obtidos. Por fim, no capítulo 5, o trabalho é
concluído.
2. Referencial Teórico
2.1. Modelos de Precificação
2.1.1. Modelo de Gordon
O modelo de Gordon (1962) é o método que se baseia nos descontos dos fluxos de
dividendos e tem a premissa de crescimento constante dos dividendos. Propõe que o retorno
esperado de uma ação é dado pela taxa de desconto que torna igual o preço da ação ao seu
fluxo futuro de dividendos. Conforme a fórmula abaixo:
(1)
em que:
= preço por ação na data atual (t = 0);
= dividendo por ação esperado na data t (t≥1);
= = custo de capital próprio, ou fator de desconto;
= taxa de crescimento positiva e constante para dividendos.
Obtém-se o custo de capital próprio em:
(2)
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Gordon (1993) substituiu o crescimento esperado dos dividendos pelo crescimento
esperado dos lucros, que é apropriado apenas quando a relação dividendos-preço da ação é
constante ao longo do tempo.
Segundo Martins et al. (2006) a principal fraqueza da abordagem acima é a hipótese de
crescimento constante dos dividendos e o relacionamento direto entre o crescimento dos
dividendos e do lucro. Gordon e Gordon (1997) tentaram contornar esta deficiência
desenvolvendo uma abordagem com horizonte finito do modelo de Gordon. Vários autores
argumentam que uma empresa não pode esperar um crescimento alto ou baixo para sempre.
Portanto, há um número finito de períodos em que o crescimento pode ser anormal, depois do
qual se assume que o acionista se contenta em receber o equivalente ao retorno sobre o
patrimônio. Com estas premissas, menos restritivas que a anterior, a equação aperfeiçoada,
que considera a possibilidade de um crescimento diferenciado nos fluxos futuros de
dividendos, o modelo se transforma em:
(3)
em que:
= duração da fase de crescimento “anormal” do lucro em anos;
= lucro por ação esperado na data t + 1 (quando o lucro deixa de ter crescimento
anormal).
2.1.2. O Modelo CAPM
Outra metodologia para determinar o custo do capital próprio é o Capital Asset Pricing
Model (CAPM), que segundo Garrán e Martelanc (2007), é o modelo mais utilizado para
precificação de ativos no Brasil. A versão tradicional do modelo proposta por Sharpe (1964),
Lintner (1965) e Mossin (1966), desenvolvido a partir da teoria de portfólio de Markowitz
(1959), relaciona o retorno esperado de um ativo, em mercado de equilíbrio, com seu risco
não diversificável. Ou seja, há sensibilidade do ativo, à medida que o risco aumenta o retorno
também deve aumentar.
Há, no entanto, várias suposições restritivas sobre o funcionamento do mercado: valor
esperado e na variância das taxas de retorno, ativos individuais são infinitamente divisíveis,
existe uma taxa livre de risco, custos de transação e impostos são irrelevantes e há perfeita
informação entre os investidores. Que tornam o modelo limitado. O modelo pode ser expresso
pela seguinte expressão:
(4)
em que:
= custo de capital próprio;
= retorno do ativo livre de risco;
β = coeficiente beta, taxa de retorno esperada sobre o portfólio geral do mercado;
= retorno da carteira de mercado.
O custo de capital próprio aumenta linearmente em função do risco não diversificável.
O prêmio relativo ao risco de mercado é a diferença entre a taxa de retorno da carteira de
mercado e a taxa de retorno do ativo livre de risco.
Uma variante que visa minimizar os problemas do CAPM em sua forma tradicional para
os mercados emergentes é o CAPM Global por O’Brien (1999), sendo sua formulação a
seguinte:
(5)
em que:
= retorno do ativo livre de risco global;
β = coeficiente beta local, taxa de retorno esperada sobre o portfólio geral do mercado;
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= retorno da carteira de mercado global.
2.1.3. O Modelo APT
Oriundo do estudo de Ross (1976), criou-se um novo enfoque para precificar ativos.
Segundo Rogers e Securato (2009), a visão alternativa da relação entre risco e retorno,
apresentada por esse autor, consubstancia-se nos argumentos de arbitragem. A Teoria de
Formação de Preços por Arbitragem (Arbitrage Pricing Theory – APT) baseia-se na lei de
preço único: dois ativos idênticos não podem ser vendidos a preços diferentes. Segundo o
método, o retorno esperado dos ativos com risco resultaria de uma combinação linear de “k”
fatores, sem determinação exata de quais e quantos fatores. Ainda, de acordo com Rogers e
Securato (2009), as evidências empíricas sobre a APT sugerem que fatores que mensuram
respostas sistemáticas a variáveis macroeconômicas, tais como inflação, taxas de juros,
produto interno bruto, câmbio etc.; e relacionadas às características das empresas, tais como
tamanho, relação valor contábil / valor de mercado (book-to-market), índice preço / lucro etc.,
são muito relevantes para explicar retornos esperados.
Damodaran (1997, p. 98) entende que:
“Se os investidores podem investir livre de risco e ganhar mais do que na taxa livre de
risco, então eles encontraram uma oportunidade de arbitragem. A premissa da teoria de
precificação por arbitragem (APT) é que os investidores aproveitam tais oportunidades de
arbitragem, e no processo, as eliminam. Se dois portfolios possuem a mesma exposição de
risco, mas oferecem taxas de retorno distintas, os investidores comprarão a carteira que tem a
maior taxa de retorno esperada, venderão o portfólio com menor taxa de retorno e ganharão a
diferença como lucro livre de risco. ”
A formulação da APT é tal:
(6)
em que:
= taxa de retorno observada de retorno no período;
= parcela esperada de retorno;
= coeficiente que determina a sensibilidade da taxa de retorno para cada risco
sistemático; e
= risco específico de uma empresa.
Como premissas básicas têm-se que: os retornos são gerados de acordo com um modelo
linear de “k” fatores; as expectativas dos investidores são homogêneas; o número de ativos
tende ao infinito e a carteira de mercado não é essencial para o modelo, pois considera-se que
tal portfolio não é necessariamente eficiente. Sendo assim, a equação que dá o prêmio pelo
risco da ação é:
(7)
Onde para calcular o custo do capital próprio, basta somar o prêmio pelo risco da ação
pela taxa do ativo livre de risco, como segue:
(8)
2.1.4. O modelo de Ohlson-Juettner Naurot
O modelo de Ohlson e Juettner-Nauroth (2005) é um modelo de lucros e dividendos
pelo qual estima-se o valor de uma empresa e se baseia no crescimento anormal de lucros
(Abnormal Earnings Growth – AEG) se aproximando à prática utilizada pelo mercado. Esse
modelo difere do modelo anterior de Ohlson (1995) que utiliza dados contábeis para a
avaliação de empresas, se baseando nos lucros residuais (Residual Income Value – RIV).
Segundo Ohlson e Juettner-Nauroth (2005) na prática do mercado, considera-se o lucro
por ação esperado (eps) e seu subsequente crescimento para avaliar uma empresa, por isso,
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seu modelo pode ser mais facilmente utilizado nos mercados. Ressaltam, porém, que os
dividendos esperados por ação (dps) não podem ser esquecidos pois as taxas de crescimento
do lucro por ação esperado e dividendos esperados por ação interagem. Ainda, defendem que
nos livros-texto tradicionais, a abordagem assume que há uma relação constante entre os dois
e que crescem à mesma taxa, enquanto seu modelo assume que os valores presentes dos
dividendos esperados por ação determinam o preço, mas não restringe como a sequência dos
dividendos esperados por ação continue a crescer. O modelo OJ determina que o valor de
mercado da empresa é função do lucro por ação esperado do próximo período, do crescimento
a curto e longo prazo do lucro por ação esperado e do custo de capital.
O modelo é uma alternativa a seu modelo de Ohlson (1995) na medida que visa
diminuir os problemas que o método baseado no Residual Income Value apresentava como a
exigência do lucro limpo (Clean Surplus Reation – CSR). Também difere do modelo de
Residual Income Value ao não fazer referência ao book value e se firmar nas expectativas dos
lucros esperados por ação. Para entender o modelo de OJ é necessário, inicialmente, entender
o precedente de Ohlson (2005) que considera que a política de dividendos irrelevante, é
conhecido como Abnormal Earnings Growth (AEG):
(9)
em que:
= ;
= ;
= preço por ação na data atual (t = 0);
= lucro por ação esperado na data t =1;
= lucro por ação esperado na data t +1;
= dividendo por ação esperado na data t = 1;
= custo de capital próprio, ou fator de desconto.
Segundo Ohlson e Lopes (2007) o Abnormal Earnings Growth focaliza nos lucros
esperados no próximo período, e seu subsequente crescimento (ajustado pelos dividendos) é
consistente com a visão dos analistas e então o Residual Income Value nunca atingirá o status
de estrutura de avaliação principal pelo fato de que ela focaliza, essencialmente, o patrimônio
líquido corrente e seu subsequente crescimento. Concluem que o importante é realmente o
lucro e seu crescimento e não o patrimônio.
O custo de capital pela seguinte formulação:
(10)
De acordo com Martins et al. (2006), apesar de a equação mostrar-se complexa, esta
depende apenas das variáveis: preço atual, dividendo por ação esperado ao final do período 1,
lucro por ação esperado ao final do período 1, do crescimento esperado do lucro do período 1
em relação ao lucro do período 2 e do parâmetro γ.
A seguir, a tabela apresentando as vantagens e desvantagens das metodologias
utilizadas.
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Tabela 1 - Vantagens e Desvantagens dos métodos utilizados
Modelo Vantagens Desvatagens
Gordon 1. Facilidade de entendimento e implementação (modelo
simples).
1. Premissa de uma taxa de crescimento de dividendos fixa (modelo
simples) tem pouca correspondência na prática (BOTOSAN e
PLUMLEE, 2000, p13).
2. Premissa de que a expectativa de retorno dos acionistas após o
período de crescimento anormal (modelo estendido) será sempre
equivalente ao retorno, e sobre o patrimônio também nem sempre se
verifica na prática (BOTOSAN e PLUMLEE, 2000, p13).
3. Hipóteses bastante simplificadas com relação ao comportamento
futuro das empresas (MARTINS, 2001, p212).
4. Como este modelo (ampliado) foi desenvolvido de forma ex-post,
sem formulação analítica e sem resposta fechada, deve-se resolver por
método numérico (BOTOSAN e PLUMLEE, 2000, p13).
CAPM 1. Modelo mais difundido no mercado.
2. Tem forte fundamentação econômica.
1. De acordo com Roll (1997), há incapacidade no modelo de ser
testado empiricamente, pois não é possível o conhecimento do retorno
esperado da carteira de mercado, que deve representar todos ativos
da economia.
2. Subjetividade na estimação do retorno esperado da carteira de
mercado.
3. A premissa de mercado eficiente, hoje, bastante criticada.APM 1. Adição de mais fatores que influenciam o retorno dos
ativos que o CAPM.
2. Intuição do modelo semelhante à do CAPM.
3. Não necessita de hipóteses sobre a distribuição dos
retornos dos ativos nem sobre a estrutura de preferências
dos indivíduos (SCHOR, BONOMO e PEREIRA,
1. Não existe uma teoria econômica que diga quais fatores podemos
correlacionar na equação observada e verificarmos que aquela
equação realmente identifica os fatores desejáveis.
OJ 1. Desenvolvimento analítico do modelo. (OHLSON e
JUETTNER-NAUROTH, 2005).
2. Depende de menos premissas que os outros modelos.
3. Utiliza variáveis contábeis em sua formulação.
(LOPES e MARTINS, 2006).
1. Depende das expectativas, e para isso utiliza como proxy as
projeções dos analistas do mercado.
2. Por utilizar projeções de analistas, que são comprovadamente
otimistas, pode-se ter um viés no resultado encontrado.
Fonte: Martis et al. (2006, p.145)
2.2. Evidências Empíricas no Brasil
No Brasil, diversos trabalhos buscaram estimar o custo de capital próprio e para isso
testaram diversas metodologias em busca de entender quais modelos se podem se adequar ao
mercado brasileiro.
Martins et al. (2006) têm a hipótese que não há preocupação em selecionar o modelo de
estimação do custo de capital próprio, pois todos os modelos demonstram taxas de desconto
iguais. Assim analisam se existem diferenças estatisticamente significativas entre os valores
estimados para o custo de capital próprio de empresas brasileiras. Como amostra inicial,
utilizaram parte da carteira teórica do IBOVESPA em 29/12/2005 e tendo como amostra final
após ir à procura de dados, 34 empresas a partir da base de dados da ThomsonOneAnalytics.
Como variáveis utilizaram os 4 modelos e suas variantes: APM, Gordon, Ohlson-Juettner e
CAPM e correlações de Pearson para entender o relacionamento entre as variáveis analisadas.
Apuram-se as diferenças entre as estimativas de custo de capital obtidos a partir do teste
Kruskal-Wallis (não-paramétrico) e o teste de aderência Kolmogorov-Smirnov para verificar
a normalidade com o objetivo de checar se é adequada aplicação do teste paramétrico de
médias emparelhadas.
Conclui-se que a hipótese foi rejeitada, uma vez que os resultados encontrados
demonstram que os modelos apresentam taxas de desconto diferentes no total, assim, a
escolha do modelo de estimação do custo de capital não é indiferente. Perceberam também
que há diferenças significativas entre as médias apuradas para cada tipo de modelo. Por
exemplo, os modelos APM e CAPM por possuírem valores subjetivos muito fortes e um
mercado não eficiente como o Brasil, tornam-se mais sensíveis com relação às variações em
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sua formulação, em especial o segundo. Os modelos baseados em projeções de lucros e
dividendos como OJ e de Gordon, resultaram em valores médios equivalentes entre si quando
as premissas utilizadas são as mesmas e foram os que mais se igualaram em relação aos
outros. Terminaram por ressaltar a superioridade teórica do modelo OJ, pois este utiliza um
número menor de premissas e de maneira analítica, com relação ao modelo de Gordon e de
Gordon & Gordon.
Girioli e Ribeiro (2011) analisou o custo do capital próprio no Brasil por meio dos
modelos CAPM Não-Condicional e CAPM Condicional conforme metodologia de cálculo de
Bonomo e Garcia (2001) para uma amostra de empresas brasileiras. No trabalho, os autores
explicam que o CAPM condicional é uma forma conveniente de incorporar variâncias e
covariâncias que se modificam ao longo do tempo, o que empiricamente verifica-se em séries
temporais em finanças. A pesquisa experimental manipulou e observou as variáveis,
especificamente as empresas da carteira do IBOVESPA prevista para o quadrimestre de
setembro-dezembro/2007, conforme disponibilizadas no site da BOVESPA e no software
Economática®.
A hipótese do trabalho de que existiria uma diferença significativa entre os resultados
obtidos pelos modelos CAPM Não-Condicional e CAPM Condicional quando aplicados a
uma amostra de empresas brasileira não foi rejeitada, pois concluiu-se que em todas as
empresas o beta condicional é estatisticamente mais significante do que o beta não-
condicional. Perante isso, tem-se que o modelo CAPM Condicional é mais aderente à
realidade desta amostra das empresas brasileiras.
Fellet, Cunha e Iara (2014) analisaram se o custo de capital próprio estimado através das
adaptações do modelo CAPM aos mercados emergentes, é influenciado pela escolha do
modelo. Compararam e verificaram a aplicabilidade das diversas metodologias propostas
derivadas do Capital Asset Pricing Model (CAPM) adaptadas aos mercados emergentes,
sendo elas: CAPM Global (O’BRIEN et al, 1999) CAPM Local (PEREIRO, 2001), CAPM
Local Ajustado (PEREIRO, 2001), Modelo de Lessard (LESSARD, 1996) e Modelo G-E
(GODFREY; ESPINOSA, 1996). Estimaram o custo de capital próprio em 46 empresas
dentre as 60 de maior liquidez no mercado acionário brasileiro, comparando por meio do teste
ANOVA One-Way Within-Subjects e confirmado através de um teste não paramétrico.
No artigo foi verificada a existência de diferença significativa entre as médias estimadas
pelos modelos, em seguida foi utilizado o teste de Bonferroni para identificação de quais
médias diferem entre si. Concluiu-se que a escolha do modelo interfere no custo de capital
próprio estimado, colaborando com os questionamentos acerca da mensuração do Custo de
Capital Próprio através da adoção do modelo CAPM e suas variações em mercados
emergentes.
Assim, percebe-se que ainda há espaço para pesquisas e análises dos modelos
existentes. Dessa forma, o trabalho testa modelos diferentes a fim de verificar a seguinte
hipótese metodológica: os modelos para mensuração do custo de capital próprio devem obter
taxas de desconto iguais, uma vez que as metodologias conseguem descrever de forma
razoavelmente satisfatória o comportamento dos títulos.
3. Procedimentos Metodológicos
3.1. Amostra
Para escolha da amostra, utiliza-se a liquidez corrente dos papéis como filtro de dados.
Considera-se as ações das companhias de capital aberto negociadas na Bolsa de Valores,
Mercadorias e Futuros de São Paulo (BM&FBOVESPA S.A.) que possuem índice de liquidez
anual maior que 0,001% do índice correspondente à companhia com ações mais líquidas nos
anos de 2011 a 2014. O critério para liquidez utilizado é justificado por Silveira, Barros, Famá
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(2003) de que a escolha de uma faixa de corte para a construção das amostras, ao invés da
coleta de dados de todas as companhias abertas, deve-se
à suposição de que as empresas com liquidez muito baixa possuem uma probabilidade
menor de terem suas cotações adequadas a seu verdadeiro valor de mercado.
A amostra foi selecionada a partir da carteira teórica de 03/07/2016 do IBOVESPA, o
principal índice da bolsa paulista, que tem como objetivo ser o indicador de desempenho
médio das cotações dos ativos de maior negociabilidade e representatividade do mercado de
ações brasileiro. Foram escolhidos para a composição do índice 59 ativos, conforme a tabela a
seguir:
Tabela 2 - Amostra de Pesquisa
Nº Código Ação TipoPart.
(%)Nº Código Ação Tipo
Part.
(%)
1 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN ED N1 10,2% 31 BRML3 BR MALLS PAR ON NM 0,9%
2 ABEV3 AMBEV S/A ON 8,7% 32 PCAR4 P.ACUCAR-CBD PN N1 0,8%
3 BBDC4 BRADESCO PN EJ N1 7,8% 33 SANB11 SANTANDER BR UNT 0,8%
4 PETR4 PETROBRAS PN 4,5% 34 CPFE3 CPFL ENERGIA ON NM 0,7%
5 BRFS3 BRF SA ON NM 4,1% 35 TIMP3 TIM PART S/A ON NM 0,7%
6 PETR3 PETROBRAS ON 3,7% 36 CMIG4 CEMIG PN N1 0,6%
7 BVMF3 BMFBOVESPA ON NM 3,6% 37 FIBR3 FIBRIA ON NM 0,6%
8 CIEL3 CIELO ON NM 3,6% 38 GGBR4 GERDAU PN N1 0,6%
9 ITSA4 ITAUSA PN N1 3,3% 39 CSNA3 SID NACIONAL ON 0,6%
10 UGPA3 ULTRAPAR ON NM 3,0% 40 RENT3 LOCALIZA ON EJ NM 0,6%
11 VALE5 VALE PNA N1 2,9% 41 CSAN3 COSAN ON NM 0,6%
12 VALE3 VALE ON N1 2,8% 42 BRKM5 BRASKEM PNA N1 0,6%
13 KROT3 KROTON ON NM 2,6% 43 MULT3 MULTIPLAN ON EJ N2 0,5%
14 VIVT4 TELEF BRASIL PN EJ 2,4% 44 SUZB5 SUZANO PAPEL PNA N1 0,5%
15 BBAS3 BRASIL ON NM 2,4% 45 NATU3 NATURA ON NM 0,5%
16 BBSE3 BBSEGURIDADE ON NM 2,1% 46 ESTC3 ESTACIO PART ON NM 0,5%
17 BBDC3 BRADESCO ON EJ N1 1,8% 47 ENBR3 ENERGIAS BR ON NM 0,5%
18 JBSS3 JBS ON NM 1,8% 48 QUAL3 QUALICORP ON NM 0,4%
19 LREN3 LOJAS RENNER ON EJ NM 1,7% 49 RUMO3 RUMO LOG ON NM 0,4%
20 CCRO3 CCR SA ON NM 1,7% 50 MRVE3 MRV ON NM 0,3%
21 EMBR3 EMBRAER ON NM 1,5% 51 CPLE6 COPEL PNB N1 0,3%
22 RADL3 RAIADROGASIL ON EJ NM 1,4% 52 SMLE3 SMILES ON NM 0,3%
23 CTIP3 CETIP ON NM 1,3% 53 CYRE3 CYRELA REALT ON NM 0,3%
24 SBSP3 SABESP ON NM 1,1% 54 CESP6 CESP PNB N1 0,2%
25 EQTL3 EQUATORIAL ON NM 1,1% 55 MRFG3 MARFRIG ON NM 0,2%
26 HYPE3 HYPERMARCAS ON NM 1,0% 56 BRAP4 BRADESPAR PN N1 0,2%
27 LAME4 LOJAS AMERIC PN 1,0% 57 ECOR3 ECORODOVIAS ON NM 0,2%
28 KLBN11 KLABIN S/A UNT N2 0,9% 58 GOAU4 GERDAU MET PN N1 0,1%
29 WEGE3 WEG ON EJ NM 0,9% 59 USIM5 USIMINAS PNA N1 0,1%
30 TBLE3 TRACTEBEL ON NM 0,9%
Fonte: BM&FBOVESPA (2016)
Dentre estes papéis, optou-se então por utilizar as companhias não-financeiras que
estavam disponíveis na base Economática® e na Thomson One Analytics® com a série
temporal completa de 4 anos no período de 2011-2014 que possuíam disponibilidade de dados
para a construção das variáveis utilizadas na pesquisa. Houve uma redução da amostra com a
retirada das empresas financeiras, e com a disponibilidade de dados para o período analisado,
mas principalmente com a construção das variáveis utilizadas nos modelos Ohlson-Juettner e
Gordon, pois estes consideram as projeções de dividendos como principal fator para sua
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formulação, descartando as empresas com prejuízo líquido no período de análise e não há
distribuição de dividendos, assim totalizando 33 empresas no final.
3.2. Definição das Variáveis
Após estimar os modelos analisados, são apresentadas as médias, desvios-padrões,
medianas, valores máximos e valores mínimos na tabela 3. As variáveis são as seguintes:
1. “capm” é a aplicação da fórmula do CAPM, expressa na equação (4)
considerando a taxa livre de risco o índice SELIC e a taxa de mercado o retorno da
IBOVESPA;
2. “capmglobal” é a aplicação da fórmula do CAPM Global, expressa na equação
(5) considerando a taxa livre de risco o título do tesouro americano (T-Bonds) de 10 anos), a
taxa de mercado o retorno do índice S&P500 e o coeficiente beta médio de uma amostra de
empresas americanas do mesmo setor da companhia em análise encontrado no base de dados
do site do Damadoran e o prêmio pelo risco Brasil utilizou-se o Embi+BR;
3. “apttbond” é a aplicação da fórmula do APT, expressa na equação (8)
utilizando como taxa livre de risco o T-Bonds de 10 anos, como fatores, foram utilizados os
retornos de mercado (Ibovespa, IBRX, Dow Jones), inflação, taxa de câmbio e taxa de juros
DI;
4. “aptbr” é a aplicação da fórmula do APT, expressa na equação (8) utilizando
como taxa livre de risco o índice SELIC e os mesmos fatores citados na variável “apttbond”;
5. “aptpoupa” é a aplicação da fórmula do APT, expressa na equação (8)
utilizando como taxa livre de risco a poupança e os mesmos fatores citados na variável
“apttbond”;
6. “gordon” é a aplicação da fórmula do modelo de Gordon, expressa na equação
(2), tendo sido considerada como taxa de crescimento de longo prazo 6% ao ano;
7. “oj” é o resultado da estimação realizada a partir da equação (10),
considerando-se como taxa de crescimento de longo prazo 6% ao ano.
Tabela 3 - Estatística Descritiva para os custos de capital calculados
Variável Média Desvio-Padrão Mediana Mínimo Máximo
CAPM 0,19376 0,03313 0,19000 0,03000 0,29000
CAPMGLOBAL 0,13135 0,03058 0,13000 0,08000 0,28000
Ohlson 0,22984 0,08150 0,23000 0,01000 0,56000
GORDON 0,13094 0,20272 0,09000 0,02000 1,37000
APTTBOND 0,24311 0,11826 0,24000 0,03000 0,54000
APTBR 0,23375 0,13630 0,22000 0,04000 0,59000
APTPOUPA 0,33212 0,14372 0,31500 0,05000 0,70000
Observa-se na Tabela 3 que o maior desvio foi o do modelo de “gordon” e os menores
desvios são apresentados pelos modelos “capm” e capmglobal”. Também verifica-se que o
modelo “aptpoupa” apresentou a maior média e “gordon” a menor média.
3.3. Tratamento dos dados
A hipótese metodológica da pesquisa é a de que não existem diferenças estatisticamente
significativas na mensuração do custo de capital próprio quando calculado através dos
diversos modelos de precificação de ativos.
Os testes estatísticos utilizados nesse trabalho são os testes de hipótese de diferença de
múltiplas médias. Será utilizado o programa SPSS para testar estatisticamente com 95% de
confiança, caso seja encontrado um p-value maior que 5%, a hipótese nula não pode ser
rejeitada, concluindo-se que os valores de médias são estatisticamente diferentes. No caso do
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p-value ser menor que 5%, a hipótese nula pode ser rejeitada, ou seja, as médias são iguais e
não há diferença na escolha dos modelos para o cálculo do custo de capital próprio.
Os testes paramétricos são aplicados em situações em que se conhece a distribuição que
melhor representa os dados analisados. Em muitos casos, supõe-se que as amostras sejam
retiradas de populações normais (Fávero, Belfiore, Silva & Chan, 2009). Para tanto, testa-se a
aderência à normalidade com o teste de Kolmogorov-Smirnov, indicado para distribuições
contínuas para amostras de dimensão igual ou superior a 30 e a homogeneidade de variâncias
pelo teste de Levene. Em caso do comprometimento dos pressupostos de normalidade e
homogeneidade das variâncias, o teste não-paramétrico é utilizado, também chamado de teste
livre de distribuição, pois não exigem suposições numerosas ou restringentes em relação à
distribuição de dados (Fávero et al., 2009). Nesse estudo, usa-se o teste de Kruskal-Wallis,
indicado para K amostras independentes. Para uma comparação par a par, utiliza-se o teste de
Wilcoxon.
Tabela 4 - Teste de Normalidade das variáveis (Kolmogorov-Smirnov)
CAPM CAPMGLOBAL Ohlson GORDON APTTBOND APTBR APTPOUPA
p-value 0,000 0,000 0,000 0,000 0,011 0,001 0,085
Os resultados do teste de Kolmogorov-Smirnov apontam para a rejeição da normalidade
das variáveis para a maioria dos modelos, com exceção do modelo “aptpoupa” com 5% de
significância.
Tabela 5 - Teste de Homogeneidade das variâncias (Levene)
P-value
Ke Com base em média 0.000
Com base em mediana 0.000
Com base em mediana e com df ajustado 0.000
Com base em média aparada 0.000
Com os resultados do teste de Levene pode-se concluir pela desigualdade das variâncias
entre grupos, uma vez que o valor de significância do experimento foi inferior à 5%.
4. Resultados
Testa-se com o Kruskal-Wallis se as taxas médias obtidas pelos modelos de Gordon,
CAPM, APT e OJ são estatisticamente iguais. A hipótese nula é de que a distribuição das k
amostras são iguais. Tabela 6 – Teste de Kruskal-Wallis
Estatísticas do Teste (a,b)
ke
Qui-quadrado 299.675
g.1. 6
p-value 0.000
Não se pode afirmar que as taxas médias das amostras são iguais com os resultados
apresentados acima. Será realizada, então, uma análise não-paramétrica de amostras
emparelhadas, de novo um teste não-paramétrico, pois a maioria dos modelos não foram
aceitos pelo teste de normalidade e de homogeneidade das variâncias. O teste de Wilcoxon
para dados emparelhados, ao invés de considerar apenas o sinal das diferenças entre os pares,
considera o valor dessas diferenças.
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Será analisado 21 combinações entre as variáveis, uma vez que o número de variáveis
em análise é 7, será feita a combinação de .
Tabela 7 – Teste de Wilcoxon
Pares Z P-value
CAPMGLOBAL - CAPM -7,321 ,000
Ohlson - CAPM -6,358 ,000
GORDON1B - CAPM -7,044 ,000
APTTBOND - CAPM -4,503 ,000
APTBR - CAPM -3,144 ,002
APTPOUPA - CAPM -8,243 ,000
Ohlson - CAPMGLOBAL -8,279 ,000
GORDON1B - CAPMGLOBAL -5,286 ,000
APTTBOND - CAPMGLOBAL -7,823 ,000
APTBR - CAPMGLOBAL -6,536 ,000
APTPOUPA - CAPMGLOBAL -8,786 ,000
GORDON1B - Ohlson -7,89 ,000
APTTBOND - Ohlson -0,465 ,642
APTBR - Ohlson -0,301 ,763
APTPOUPA - Ohlson -5,381 ,000
APTTBOND - GORDON1B -6,88 ,000
APTBR - GORDON1B -6,476 ,000
APTPOUPA - GORDON1B -7,695 ,000
APTBR - APTTBOND -0,368 ,713
APTPOUPA - APTTBOND -9,064 ,000
APTPOUPA - APTBR -8,097 ,000
A análise de amostras emparelhadas entre os modelos APTTBOND e Ohlson, APTBR e
Ohlson e APTBR e APTTBOND apresentaram p-value maior que 1%. Pode-se sugerir que
são equivalentes para o cálculo da taxa de desconto, uma vez que não se pôde atribuir uma
diferença estatística significante (a 1% de significância) entre seus resultados médios.
Para todas as outras comparações das amostras par a par, as médias das taxas de
desconto são significativamente diferentes, sendo o p-value menor que 1%, assim é rejeitada a
hipótese das médias serem iguais.
Assim como na pesquisa de Girioli e Ribeiro (2011) que ao testar a aplicabilidade dos
modelos CAPM Não-Condicional e CAPM Condicional de Bonomo e Garcia (2001)
verificou-se a existência de uma diferença significativa entre os resultados obtidos pelos
modelos aplicados a uma amostra de empresas brasileiras, as metodologias utilizadas nesse
trabalho também apresentaram diferenças estatisticamente significativas nas taxas de desconto
encontradas.
Os resultados do estudo reforçaram também a comparação das médias estimadas pelas
propostas derivadas do modelo CAPM adaptadas aos mercados emergentes: CAPM Global
(O’BRIEN et al, 1999) CAPM Local (PEREIRO, 2001), CAPM Local Ajustado (PEREIRO,
2001), Modelo de Lessard (LESSARD, 1996) e Modelo G-E (GODFREY; ESPINOSA, 1996)
do estudo de Fellet, Cunha e Iara (2014) que também apresentaram existência de diferença
significativa entre as taxas estimadas pelos modelos.
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5. Considerações Finais
Este trabalho comparou as taxas de desconto utilizando os principais modelos para
estimação de custo de capital próprio: CAPM, OJ, Gordon, APT e algumas variações dos
modelos CAPM e APT. O objetivo era analisar se há diferentes estatisticamente significativas
entre a escolha do modelo utilizado para a estimação da taxa comparando-o com os resultados
obtidos no trabalho de Martins et al. (2006), dando continuidade à pesquisa.
Com a rejeição da normalidade e homogeneidade das variâncias, decidiu-se utilizar
testes não-paramétricos para k amostras independentes e emparelhados. Os resultados levaram
à rejeição da hipótese nula, ou seja, a escolha do modelo para estimação do custo de capital
próprio não é indiferente, uma vez que as taxas encontradas foram diferentes no total.
O modelo CAPM que apresenta uma formulação mais subjetiva, sofre menos variações
entre os resultados dentro do modelo, mas é frágil pois é mais sensível aos fatores de sua
formulação. Apesar do modelo de APT também possuir formulação mais subjetiva, ao
acrescentar mais fatores na análise consegue-se diminuir um pouco sua sensibilidade ao
resultado.
Os modelos de OJ e Gordon sofrem maiores variações pois consideram fatores
contábeis de cada uma das empresas. O modelo de Gordon é frágil por considerar as
projeções de dividendos como principal fator para sua formulação, sendo descartado ao
calcular empresas quando há prejuízo líquido e a empresa não distribui dividendos.
Os resultados encontrados reforçam os resultados do trabalho comparado de Martins, et
al. (2006), apontando que há diferenças significativas entre as médias para cada modelo.
Este trabalho contribui com a atualização da pesquisa dos métodos de estimação de
custo de capital próprio em companhias brasileiras. Assim, as evidências e indícios fornecidas
neste estudo contribuem para empresários e acionistas (ao estimar uma taxa de desconto
apropriada permite medir o desempenho e remunerar melhor os executivos, assim melhorando
a criação de valor acionista), credores, investidores em geral e reguladores (ao evidenciar o
que impacta o custo de capital próprio), pesquisadores e professores (ao ser uma pesquisa
atualizada sobre o assunto que pode servir de base para outros trabalhos sobre a mensuração
de custo de capital próprio).
Novos estudos são possíveis, uma vez que existem limitações do trabalho, dado que as
conclusões obtidas na pesquisa estão limitadas aos métodos utilizados, à amostra usada e às
ferramentas estatísticas. Sugere-se, portanto, para pesquisas futuras, a análise de modelos
adicionais, a seleção de outras variáveis e outras ferramentas.
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