estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

59
ESTUDO COMPARATIVO DE CONSUMO ENERGÉTICO DE UMA MOTOBOMBA CENTRÍFUGA COM O CONTROLE DA VAZÃO NA FORMA TRADICIONAL E COM A UTILIZAÇÃO DO INVERSOR DE FREQUÊNCIA Gabriel Fonseca de Mesquita Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Prof. Reinaldo de Falco RIO DE JANEIRO MAIO DE 2015

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Page 1: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

ESTUDO COMPARATIVO DE CONSUMO ENERGÉTICO DE UMA

MOTOBOMBA CENTRÍFUGA COM O CONTROLE DA VAZÃO NA FORMA

TRADICIONAL E COM A UTILIZAÇÃO DO INVERSOR DE FREQUÊNCIA

Gabriel Fonseca de Mesquita

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientador: Prof. Reinaldo de Falco

RIO DE JANEIRO

MAIO DE 2015

Page 2: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Departamento de Engenharia Mecânica

DEM/POLI/UFRJ

ESTUDO COMPARATIVO DE CONSUMO ENERGÉTICO DE UMA

MOTOBOMBA CENTRÍFUGA COM O CONTROLE DA VAZÃO NA FORMA

TRADICIONAL E COM A UTILIZAÇÃO DO INVERSOR DE FREQUÊNCIA

Gabriel Fonseca de Mesquita

PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO

DE ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE

ENGENHEIRO MECÂNICO.

Aprovado por:

________________________________________________

Prof. Reinaldo de Falco (Orientador)

________________________________________________

Prof. Fábio Luiz Zamberlan

________________________________________________

Prof. Fernando Augusto de Noronha Castro Pinto

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

MAIO DE 2015

Page 3: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

Fonseca de Mesquita, Gabriel

Estudo comparativo de consumo energético de uma

motobomba centrífuga com o controle da vazão na forma

tradicional e com a utilização do inversor de frequência/

Gabriel Fonseca de Mesquita – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola

Politécnica, 2015.

VIII, 58 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Reinaldo de Falco

Projeto de Graduação – UFRJ/ POLI/ Engenharia

Mecânica, 2015.

Referências Bibliográficas: p. 59.

Page 4: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

1

RESUMO

O desenvolvimento econômico mundial e o crescente aumento populacional

dependem cada vez mais da água. Este bem natural não está mais tão acessível quanto

no século passado. Isto vem exigindo a utilização, cada vez mais frequente, de

equipamentos capazes de captar esta água de fontes longínquas e reservatórios

subterrâneos. Estes equipamentos são as bombas hidráulicas que por sua vez são

movimentadas por motores elétricos, meio mais econômico, e por isso mais utilizado.

O custo da energia elétrica, fundamental para movimentar os motores elétricos,

tem aumentado significativamente nos últimos anos e o seu desperdício cada vez menos

aceito pela sociedade nos faz procurar meios que racionalizem o seu uso, aumentando a

eficiência dos equipamentos.

Este trabalho relata a realização de um teste de bancada buscando a eficiência

energética através da utilização de um inversor de frequência na variação da velocidade

de um motor elétrico que movimenta uma bomba hidráulica. Através desta bancada

montada em laboratório, foram levantadas algumas medições durante os testes que

permitiram a análise da viabilidade operacional dos inversores de frequência para esta

aplicação.

Page 5: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

2

ABSTRACT

World economic development and the increasing population growth increasingly

demand more water. This natural asset is no longer as accessible as in the last century.

This has required the use, increasingly frequent, equipment able to capture this water

from distant sources and underground reservoirs. These devices are hydraulic pumps

which in turn are moved by electric motors, means cheaper, and therefore more used.

The cost of electricity, which is essential to move the electric motors, has

increased significantly in recent years and their waste less and less accepted by society

makes us look for ways to rationalize its use, increasing equipment efficiency.

This paper describes the realization of a bench test seeking energy efficiency

through the use of a frequency inverter in varying the speed of an electric motor that

drives a hydraulic pump. Through this bench, mounted laboratory measurements have

been raised during the tests which allowed the analysis of the operational viability of the

frequency converter for this application.

Page 6: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

3

ÍNDICE ....................................................................................................................................................... 0

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 8

1.1. OBJETIVO ....................................................................................................................... 8

2. PRINCÍPIOS BÁSICOS DA HIDRÁULICA ................................................................................. 10

2.1. FLUIDO ......................................................................................................................... 10

2.1.1. Líquido Perfeito: .................................................................................................. 10

2.1.2. Peso Específico ( : ............................................................................................. 10

2.1.3. Massa Específica ( ): ........................................................................................... 10

2.1.4. Viscosidade Dinâmica ou Absoluta (µ): ............................................................... 11

2.2. PRESSÃO ...................................................................................................................... 11

2.2.1. Princípio de Pascal: .................................................................................................. 12

2.2.2. Teorema de Stevin: ............................................................................................. 12

2.2.3. Pressão Absoluta (Pabs): ..................................................................................... 12

2.2.4. Pressão Manométrica (Pman): ............................................................................ 12

2.3. EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE .................................................................................... 13

2.4. ENERGIA ...................................................................................................................... 13

2.4.1. Energia de Posição ou Geométrica (Z): ............................................................... 14

2.4.2. Energia de pressão: ............................................................................................. 14

2.4.3. Energia Cinética ou de Velocidade (m): .............................................................. 14

2.5. TEOREMA DE BERNOUILLI ........................................................................................... 15

4. BOMBA HIDRÁULICA ........................................................................................................... 16

4.1. CARCAÇA ..................................................................................................................... 17

4.2. ROTOR ......................................................................................................................... 17

4.3. SELO MECÂNICO .......................................................................................................... 18

4.4. FUNCIONAMENTO ....................................................................................................... 18

4.5. ALTURA MANOMÉTRICA TOTAL (AMT) ....................................................................... 18

4.6. RENDIMENTO DO CONJUNTO MOTOBOMBA ............................................................. 19

4.7. POTÊNCIA HIDRÁULICA ............................................................................................... 19

5. MOTOR ELÉTRICO ................................................................................................................ 20

5.1. TIPOS ........................................................................................................................... 20

5.2. MONOFÁSICOS ............................................................................................................ 21

5.2.1. Split-phase: .......................................................................................................... 21

5.2.2. Capacitor permanente: ....................................................................................... 21

5.2.3. Capacitor de partida: ........................................................................................... 21

Page 7: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

4

5.2.4. Dois capacitores: ................................................................................................. 21

5.3. TRIFÁSICOS .................................................................................................................. 22

5.4. VELOCIDADE DE ROTAÇÃO DO MOTOR ...................................................................... 22

6. INVERSOR DE FREQUÊNCIA ................................................................................................. 24

6.1. FUNCIONAMENTO DE INVERSOR DE FREQUÊNCIA..................................................... 25

6.2. PROCESSAMENTO (PID) .............................................................................................. 28

6.3. PARÂMETROS .............................................................................................................. 30

6.3.1. Parâmetros de Leitura: ........................................................................................ 31

6.3.2. Parâmetros de Regulação: .................................................................................. 31

6.3.3. Parâmetros de Configuração: .............................................................................. 32

6.3.4. Parâmetros do Motor: ......................................................................................... 32

6.3.5. Parâmetros das Funções Especiais: ..................................................................... 32

7. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ........................................................................................ 33

7.1. ESQUEMA DA INSTALAÇÃO DOS TESTES ..................................................................... 33

7.3. SELEÇÃO DO CONJUNTO MOTOBOMBA ..................................................................... 37

7.4. SELEÇÃO DO INVERSOR DE FREQUÊNCIA ................................................................... 37

7.5. SELEÇÃO DOS PARÂMETROS ....................................................................................... 38

7.6. DEMAIS INSTRUMENTOS UTILIZADOS ........................................................................ 39

7.7. EXECUÇÃO DOS TESTES ............................................................................................... 42

8. ANÁLISE DOS DADOS EXPERIMENTAIS ................................................................................ 44

8.1. TESTE #1 – BOMBA SEM INVERSOR DE FREQUÊNCIA ................................................. 44

8.2. TESTE #2 – BOMBA COM INVERSOR DE FREQUÊNCIA ................................................ 45

8.3. COMPARAÇÃO DAS DUAS CONFIGURAÇÕES DE ATUAÇÃO DA BOMBA .................... 46

9. CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 48

10. APÊNDICE ............................................................................................................................ 49

10.1. Memória de cálculo do NPSH ...................................................................................... 49

10.2. Relatório dos Testes .................................................................................................... 52

10.2.1. Teste da motobomba se controle do Inversor de frequência ............................. 52

10.2.2. Teste da motobomba com controle do Inversor de Frequência......................... 52

10.3. Dados do motor acoplado às bombas ......................................................................... 53

10.4. Dados de catálogo da bomba selecionada .................................................................. 54

11. BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................. 56

Page 8: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

5

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Pincípio de Pascal ........................................................................................................ 12

Figura 2 - Teorema de Stevin ...................................................................................................... 12

Figura 3 – Continuidade dos fluidos em escoamento interno .................................................... 13

Figura 4 - Teorema de Bernouilli ................................................................................................. 15

Figura 5 - Tipos de bombas ......................................................................................................... 16

Figura 6 - Partes de uma bomba ................................................................................................. 17

Figura 7 - Tipos de rotores .......................................................................................................... 17

Figura 8 - Sucção de uma bomba ................................................................................................ 18

Figura 9 - Componentes de um motor elétrico ........................................................................... 20

Figura 10 - Tipos de motores elétricos ........................................................................................ 20

Figura 11 - Diagrama de blocos de um inversor de frequência .................................................. 25

Figura 12 - Controle de um inversor de frequência .................................................................... 26

Figura 13 - Controle do motor pelos transistores ....................................................................... 27

Figura 14 - Lógica do controlador para fornecer corrente alternada ao motor ......................... 27

Figura 15 - Geração dos pulsos quadrados ................................................................................. 28

Figura 16 - Controle PID .............................................................................................................. 28

Figura 17 - Esquema da instalação de teste com controle de vazão por estrangulamento da

tubulação. 1) Quadro elétrico; 2) Medidor de vazão; 3) Válvula de estrangulamento; 4)

Motobomba; 5) Transdutor de pressão; 6) Manovacuômetro ................................................... 34

Figura 18 - Esquema da instalação de teste com controle de vazão por inversor de frequência.

1) Quadro elétrico; 2) Medidor de vazão; 3) Inversor de frequência; 4) Motobomba; 5)

Transdutor de pressão; 6) Manovacuômetro ............................................................................. 34

Figura 19 - Motobomba CAM-W21 de 2,0cv .............................................................................. 37

Figura 20 - Quadro de comando com o inversor de frequência CFW500 ................................... 38

Figura 21 - Medidor de vazão Krohne ......................................................................................... 39

Figura 22 - Bancada de controle elétrico .................................................................................... 40

Figura 23 - Transdutor de pressão .............................................................................................. 40

Figura 24 - Manovacuômetro e mostrador de vácuo ................................................................. 41

Figura 25 - Tacômetro ................................................................................................................. 41

Figura 26 - Dados do motor utilizado nos testes ........................................................................ 53

Figura 27 - Dados técnicos da bomba (1) .................................................................................... 54

Figura 28 - Dados técnicos da bomba (2) .................................................................................... 55

Page 9: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

6

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Conversão de unidades de pressão ............................................................................ 11

Tabela 2 - Dados da boba sem controle de inversor de frequência ........................................... 44

Tabela 3 - Dados da bomba com controle do inversor de frequência ........................................ 45

Tabela 4 - Planilha de teste da motobomba sem controle do Inversor de Frequência .............. 52

Tabela 5 - Planilha de teste da motobomba com controle do Inversor de Frequência .............. 52

Page 10: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

7

ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Variação da curva com a rotação .............................................................................. 42

Gráfico 2 - AMT e Potência da bomba sem controle do inversor de frequência ........................ 44

Gráfico 3 - AMT e Potência da bomba com controle do inversor de frequência ....................... 45

Gráfico 4 - Comparativo das curvas ............................................................................................ 46

Gráfico 5 - Economia de energia ................................................................................................. 46

Page 11: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

8

1. INTRODUÇÃO

O crescente mercado mundial de bombas industriais movimentou em 2006 cerca

de US$ 30 bilhões, em 2013 está na ordem de US$ 38 bilhões e estima-se na ordem de

US$ 49 bilhões em 2016.

Segundo estudo da FAO (Food and Agriculture Organization) – agência das

Nações Unidas para a agricultura e alimentação, dentro de 20 anos por volta de dois

terços da população mundial enfrentará escassez de água. Essa projeção alarmante, por

outro lado, resultará num crescimento anual no mercado de bombas em torno de 5%, em

função da necessidade de retirar águas de reservatórios subterrâneos cada vez mais

profundos e deslocamentos mais longos entre a fonte e os principais centros

consumidores.

O consumo de água em processos industriais também não pode ser deixado de

fora deste contexto. Estima-se que é necessário 1,44 bilhão de litros de água para

produzir um dia de papel para a imprensa mundial e 9400 litros para produzir quatro

pneus de automóvel.

O crescimento mundial da demanda de energia e, por consequência, o aumento

do seu custo nos últimos anos, tem exigido dos fabricantes de turbomáquinas uma

constante evolução energética dos seus produtos.

De acordo com estudos da Eletrobrás, 2,5% do consumo total de energia elétrica

no Brasil, o equivalente a 9,3 bilhões de kWh/ano, é consumido por prestadores de

serviços de água e esgotamento sanitário.

Existem várias formas de aumentar a racionalidade no uso da energia em um

sistema de bombeamento e neste trabalho será analisada a aplicação dos inversores de

frequência para este fim.

1.1. OBJETIVO

Este trabalho tem como objetivo demonstrar, através de simulação em

laboratório, a economia de energia alcançada utilizando um Inversor de Frequência para

controle de vazão comparado ao método tradicional, estrangulamento da válvula na

tubulação.

Serão levantadas as curvas características da bomba nas duas situações e

posteriormente comparadas. Com os dados de vazão, pressão, corrente e potência

consumida, haverá a análise onde serão confrontados, de forma direta, o consumo de

Page 12: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

9

energia a fim de demonstrar a eficácia do inversor de frequência como controle de

vazão.

Page 13: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

10

2. PRINCÍPIOS BÁSICOS DA HIDRÁULICA

Inicialmente serão apresentadas algumas definições e considerações necessárias

para o entendimento do estudo proposto neste trabalho.

2.1. FLUIDO

O fluido é uma substância capaz de escoar e cujo volume toma a forma de seu

recipiente. Quando em equilíbrio, os fluidos não suportam forças tangenciais ou

cisalhantes. Todos os fluidos possuem certo grau de compressibilidade e oferecem

pequenas resistências à mudança de forma.

Os fluidos podem ser divididos em líquidos e gases. As principais diferenças

entre eles são: a) os líquidos são praticamente incompressíveis, ao passo que os gases

são compressíveis e muitas vezes devem ser assim tratados e b) os líquidos ocupam

volumes definidos e tem superfícies livres ao passo que uma dada massa de gás

expande-se até ocupar todas as partes do recipiente. Tais características são válidas

quando nas CNTP (Condições Normais de Temperatura e Pressão).

2.1.1. Líquido Perfeito:

Será considerado como fluido de trabalho o líquido perfeito, ou seja, fluido

ideal (ausência de tensões de cisalhamento entre as camadas de fluido), incompressível,

perfeitamente móvel, contínuo e de propriedades homogêneas.

2.1.2. Peso Específico ( :

O peso específico de uma substância é a razão entre o seu peso e o volume

por ele ocupado.

Onde

w – Peso da substância

V – Volume ocupado pela substância

- Peso específico (kgf/m³; kgf/dm³; N/m³ (SI); lbf/ft³)

2.1.3. Massa Específica ( ):

A massa específica de uma substância é a razão entre a sua massa e o

volume por ele ocupado.

Page 14: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

11

Onde

m – Massa da substância

V – Volume ocupado pela substância

- Massa específica (kg/m³ (SI); kg/dm³; lb/ft³)

2.1.4. Viscosidade Dinâmica ou Absoluta (µ):

Exprime a medida das forças internas de atrito do fluido e é o coeficiente de

proporcionalidade entre a tensão de cisalhamento e o gradiente de velocidade.

A sua unidade no Sistema Internacional é o Pascal segundo (Pa.s).

2.2. PRESSÃO

Pressão é a razão entre a força exercida e a área de aplicação desta força.

Onde

F – Força

A – Área

- Pressão

Segue abaixo uma tabela com as principais unidades de pressão utilizadas.

Atmosfera Pascal Bar milibar ou hect

opascal mmHg mH2O kgf/cm²

Unidade Atm Pa Bar mBar / hPa mmHg mH2O kgf/cm²

Atmosfera 1 1,01325×105 1,01325 1013,25 760 10,33 1,033

Pascal 9,869×10-6

1 10/mai 0,01 7,501×10-3

1,020×10-4

1,019×10-5

Bar 0,9869 100000 1 1000 750,1 10,2 1,02

mBar ou hPa

9,869×10-4

100 0,001 1 0,7501 1,020×10-2

10,2

mmHg 1,316×10-3

133,3 1,333×10-3

1,333 1 1,360×10-2

13,6

mH2O 9,678×10-2

9807 9,807×10-2

98,06 73,56 1 0,1

kgf/cm² 0,968 9,810×104 0,981 981 735,8 10 1

Tabela 1 - Conversão de unidades de pressão

A unidade utilizada no Sistema Internacional é Pascal (Pa)

Page 15: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

12

2.2.1. Princípio de Pascal:

“A pressão aplicada sobre um fluido contido em um recipiente fechado age

igualmente em todas as direções do fluido e perpendicularmente às paredes deste

recipiente.”

Figura 1 - Pincípio de Pascal

2.2.2. Teorema de Stevin:

“A diferença de pressão entre dois pontos de um fluido em equilíbrio é igual

ao produto do peso específico do fluido pela diferença de cota entre os dois pontos.”

Figura 2 - Teorema de Stevin

2.2.3. Pressão Absoluta (Pabs):

A pressão absoluta é a pressão medida em relação ao vácuo. Todos os

valores que expressam pressão absoluta são obrigatoriamente positivos.

2.2.4. Pressão Manométrica (Pman):

A pressão manométrica é a pressão que excede a pressão atmosférica no

local da medição, medida por um manômetro, também sendo chamada de pressão

efetiva ou relativa.

Page 16: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

13

O manômetro registra a pressão manométrica positiva enquanto o

vacuômetro registra valores de pressão manométrica negativas; o manovacuômetro

registra tanto pressões manométricas positivas quanto negativas. Estes instrumentos

registram zero quando abertos à atmosfera, assim, tem como referência (zero da escala)

a pressão atmosférica local de onde está sendo realizada a medição.

2.3. EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE

Considerando o escoamento em regime permanente no interior de uma

tubulação, temos que a vazão volumétrica (m³/h) que entra na seção 1 é igual à vazão

volumétrica que sai na seção 2. Como a vazão é o produto entre a velocidade de

escoamento e a área da seção transversal da tubulação, temos que

Logo

Figura 3 – Continuidade dos fluidos em escoamento interno

2.4. ENERGIA

A energia não pode ser criada nem destruída, mas apenas transformada, ou seja,

a energia global é constante.

Para a hidráulica três são as principais formas de energia:

Page 17: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

14

2.4.1. Energia de Posição ou Geométrica (Z):

Esta é a energia potencial de um fluido em um ponto definida como a altura

deste ponto em relação a um determinado plano de referência.

2.4.2. Energia de pressão:

É a energia de pressão em um ponto de um determinado fluido, é definida

como

Onde

Hpr – Energia de pressão (m)

P – Pressão atuante em um determinado ponto (Pa)

γ – Peso específico do fluido (N/m³)

2.4.3. Energia Cinética ou de Velocidade (m):

É a energia cinética de um determinado fluido em um ponto, é definida

como

Onde

Hv – Energia cinética ou de velocidade (m)

v – Velocidade de escoamento do fluido (m/s)

g – Aceleração da gravidade (m/s²)

A energia do fluido em determinado ponto se dá pela soma destas três energias

(energia de posição, energia de pressão e energia cinética) e tem o nome de energia

mecânica total (H):

Page 18: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

15

2.5. TEOREMA DE BERNOUILLI

Este teorema é um dos mais importantes da hidráulica e representa um caso

particular do Princípio da Conservação de Energia.

Figura 4 - Teorema de Bernouilli

A linha piezométrica é determinada pela soma das energias de cada ponto como

segue.

A energia de posição somada à energia de pressão e energia cinética do fluido

em um ponto 1 é igual à energia de posição somada à energia de pressão e energia

cinética do mesmo fluido no ponto 2.

Com o estudo deste capítulo é possível entender como são traçadas as curvas

características das bombas apresentadas no capítulo 6 e 7 deste trabalho.

Linha Piezométrica

Page 19: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

16

4. BOMBA HIDRÁULICA

Existem, hoje, inúmeros tipos de bombas hidráulicas que se dividem,

basicamente, em dois grandes grupos: bombas dinâmicas (ou turbobombas) e bombas

volumétricas (ou de deslocamento positivo). Segue abaixo um quadro da classificação

dos principais tipos de bombas pela forma com que é fornecida energia do fluido que é

transportado.

Figura 5 - Tipos de bombas

Apesar da grande quantidade de tipos de bombas para as mais variadas

aplicações, a bomba centrífuga é a mais difundida pela alta vazão e pressão

considerável. Por tal motivo, o tipo de bomba abordado neste trabalho é a bomba

centrífuga.

BOMBAS

DINÂMMICAS OU TURBOBOMBAS

CENTRÍFUGAS

PURAS OU RADIAIS

TIPO FRANCIS

FLUXO MISTO

FLUXO AXIAL

PERIFÉRICAS OU REGENERATIVAS

VOLUMÉTRICAS OU DESLOCAMENTO

POSITIVO

ALTERNATIVAS

PISTÃO

ÊMBULO

DIAFRAGMA

ROTATIVAS

ENGRENAGENS

LÓBULOS

PARAFUSOS

PALHETAS DELIZANTES

Page 20: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

17

As bombas centrífugas são compostas basicamente por uma carcaça (ou

voluta), um rotor (ou impelidor) e um selo mecânico.

Figura 6 - Partes de uma bomba

4.1. CARCAÇA

A carcaça é responsável pela contenção do fluido bombeado, pela conversão da

energia cinética contida no fluido em energia de pressão e pelo direcionamento do

fluido para a descarga da bomba.

4.2. ROTOR

Rotor é o componente giratório, dotado de pás, que tem a função de

transformar a energia mecânica em energia cinética e de pressão que é transferida ao

fluido.

Existem basicamente três tipos de rotores: Aberto; Semi-aberto; Fechado

Figura 7 - Tipos de rotores

Carcaça (ou voluta)

Rotor (ou impelidor)

Selo

mec

Page 21: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

18

4.3. SELO MECÂNICO

O selo mecânico deixa a parte hidráulica totalmente estanque evitando

vazamentos. Mais utilizado quedo o fluido bombeado é inflamável, tóxico, corrosivo ou

quando o vazamento não é permitido.

Embora os selos mecânicos possam diferir em alguns aspectos físicos, todos

têm o mesmo princípio de funcionamento. As superfícies de selagem são localizadas em

um plano perpendicular ao eixo e consistem de duas partes adjacentes altamente

polidas, uma superfície ligada ao eixo e a outra à parte estacionária da bomba.

4.4. FUNCIONAMENTO

O rotor, quando girando em alta velocidade, diminui a pressão no seu centro e

a pressão atmosférica empurra a água para dentro do rotor. Ao entrar no rotor, a água é

imediatamente expulsa para sua periferia pelas pás até se chocarem com a cercaça que

direciona o fluxo até a descarga da bomba.

Figura 8 - Sucção de uma bomba

4.5. ALTURA MANOMÉTRICA TOTAL (AMT)

A Altura Monométrica Total é a energia que o sistema solicita para transportar

o fluido do reservatório de sucção ao reservatório de descarga com uma determinada

vazão.

Podemos calcular a AMT da seguinte forma:

Page 22: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

19

Onde

H – AMT (m)

– Pressão de descarga ou recalque (m)

– Pressão de sucção (m)

– Velocidade de escoamento do fluido na descarga ou recalque (m/s)

– Velocidade de escoamento do fluido na sucção (m/s)

– Altura do ponto de medição na descarga ou recalque (m)

– Altura do ponto de medição na sucção (m)

4.6. RENDIMENTO DO CONJUNTO MOTOBOMBA

O rendimento do conjunto motobomba é calculado de forma indireta.

Onde

– Rendimento

– Potência Hidráulica (kW)

– Potência Elétrica Absorvida Pelo Conjunto Motobomba (kW)

A potência elétrica é um dado coletado no momento em que a motobomba está

em teste e é capturado por instrumentos elétricos.

4.7. POTÊNCIA HIDRÁULICA

Onde

– Potência Hidráulica (kW)

– Massa Específica (kg/m³)

– Aceleração da gravidade (m/s²)

– Vazão (m³/s)

– Altura Manométrica Total (m)

Page 23: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

20

5. MOTOR ELÉTRICO

Motores são equipamentos responsáveis por transformar formas de energia. O

motor elétrico transforma energia elétrica em energia mecânica.

Os componentes básicos do motor elétrico são carcaça, estator e rotor, como

seguem as imagens, respectivamente.

Figura 9 - Componentes de um motor elétrico

5.1. TIPOS

Os motores elétricos são classificados segundo a sua forma construtiva se

dividindo em dois grandes grupos: Motores de corrente contínua – CC – e motores de

correte alternada – AC – segundo o organograma abaixo.

Figura 10 - Tipos de motores elétricos

Page 24: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

21

Os motores mais utilizados quando se fala em acionamento hidráulico são os

assíncronos do tipo gaiola de esquilo.

5.2. MONOFÁSICOS

Os motores monofásicos têm por característica a presença do capacitor, exceto

nos motores tipo Split-phase, baixa eficiência, baixo torque de partida e necessidade de

enrolamento auxiliar para criar o campo girante, pois o enrolamento principal não

consegue dar partida sozinho.

5.2.1. Split-phase:

Sem capacitor e com enrolamento auxiliar necessário para aumentar o torque

de partida, sendo o mesmo desligado pelo mecanismo composto de centrífugo e

platinado quando a rotação atingir 85% da nominal. Utilizado em potência de até 1,0

CV e com torque de partida igual ao torque nominal.

5.2.2. Capacitor permanente:

Presença de capacitor permanente sempre ligado à rede e ao enrolamento

auxiliar sem a presença de platinado ou centrífugo. Comumente utilizado até 1,0 CV

podendo chegar a 3,0 CV, com torque de partida entre 0,4 e 1,0 vez o torque nominal.

Permite reversão imediata.

5.2.3. Capacitor de partida:

Presença de capacitor de partida ligado ao enrolamento auxiliar sendo o mesmo

desligado pelo mecanismo composto de centrífugo e platinado quando a rotação atingir

85% da nominal. Torque de partida de 2,0 a 3,5 vezes o torque nominal não permitindo

reversão imediata. Utilizado até 3,0 CV, limitado a 10 partidas/hora para que haja o

equilíbrio térmico do capacitor.

5.2.4. Dois capacitores:

Por ter os dois capacitores presentes, suas características são uma mistura dos

atributos de cada um deles como torque de partida de 2, a 3,5 vezes o torque nominal,

limitado a 10 partidas/hora, utilizado em potências acima de 1,0 CV. O capacitor de

partida é desligado pelo centrífugo e platinado quando a rotação do eixo atingir 85% da

nominal permanecendo o capacitor permanente ligado à rede.

Page 25: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

22

5.3. TRIFÁSICOS

Os motores trifásicos têm por característica a sua alta eficiência, alto torque de

partida sem a necessidade de capacitores ou enrolamento auxiliar ficando menos

susceptíveis a problemas, pois com menos mecanismos, menor é o desgaste e a possível

manutenção. Utilizado em uma gama grande de potências. É menor que os motores

monofásicos com a mesma potência acarretando um custo mais baixo.

5.4. VELOCIDADE DE ROTAÇÃO DO MOTOR

Os motores síncronos têm este nome devido ao rotor do motor acompanhar o

campo eletromagnético girante gerado pelo estator, ou seja, ficam em sincronia

mantendo o torque independentemente da carga movimentada.

A velocidade desenvolvida pelo motor síncrono depende de dois fatores:

Número de polos e Frequência de alimentação. Conseguimos notar tal influência

quando mostrado matematicamente pela seguinte fórmula:

Onde

N – Velocidade do motor (RPM)

f – Frequência de alimentação do motor (Hz)

P – Número de polos do motor

Os motores assíncronos têm este nome devido ao rotor do motor não

acompanhar o campo eletromagnético girante do estator, havendo uma defasagem entre

os dois, chamado escorregamento. Têm a sua velocidade dependente da carga

movimentada e varia de 3% a 5% da velocidade do motor síncrono. Quanto maior é a

potência do motor, menor é o escorregamento.

Com isto, o motor de 2 polos tem a rotação nominal de 3500 rpm enquanto que

o de 4 polos tem a metade desta rotação nominal, 1750 rpm.

Com relação às bombas, uma hidráulica instalada num motor 4 polos fornece

uma menor vazão e menor pressão quando comparado à mesma hidráulica instalada

num motor 2 polos, porém desenvolve um torque maior, devido à Lei de Semelhança de

bombas que relaciona a velocidade com a vazão, pressão e potência como segue abaixo.

Page 26: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

23

Onde:

N - Velocidade

Q - Vazão

H - Pressão

Pot - Potência

Com isto entendemos melhor a relação da velocidade do motor e a curva

característica da bomba ao analisarmos os dois testes nos capítulos seguintes.

Page 27: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

24

6. INVERSOR DE FREQUÊNCIA

O Inversor de Frequência é um dispositivo de controle da velocidade e torque

de um motor de corrente alternada por um comando eletrônico. Este equipamento tem

sido bastante utilizado nas mais variadas áreas como elevadores, máquinas-ferramenta,

bombas, tração mecânica, etc.

O Inversor de Frequência possui internamente um controlador proporcional

integral derivativo (PID) o qual permite que o equipamento seja programado para

acionar o motor de forma controlada mantendo a variável de processo sempre estável e

foram desenvolvidos para trabalhar com motores de corrente alternada (ca).

Ele é um dos principais dispositivos de automação industrial e a sua evolução

tem contribuído para a otimização das plantas fabris tanto nos processos ditos contínuos

como nas manufaturas.

A razão para tal é a facilidade de utilização de motores de corrente alternada

visto que é nesta forma que a energia é distribuída.

Pode-se resumir as vantagens do uso de inversores no acionamento de motores

de corrente alternada em cinco grupos:

1) OTIMIZAÇÃO DO PROCESSO:

O inversor contribui para a redução das taxas de rejeição (perdas) e

consumo de material na produção;

2) SUAVIZAÇÃO DE OPERAÇÃO DE MÁQUINAS:

O número de partidas e paradas bruscas é sensivelmente reduzido.

Através de rampas de aceleração e frenagem o impacto direto sobre os

componentes mecânicos é minimizado, o que aumenta a vida útil do

equipamento;

3) MENOR MANUNTENÇÃO:

Toda a tecnologia em corrente alternada dispensa manutenção

preventiva. Como não há comutação entre escovas e coletor, típicas de

motores de corrente contínua, a vida útil é maior;

4) ECONOMIA DE ENERGIA:

O inversor economiza energia elétrica. Dois clássicos exemplos são

bombas e ventiladores em que o consumo é reduzido ao cubo. Um motor

deste tipo, quando ligado a um inversor a meia velocidade, gasta apenas

12,5% do que consumiria se estivesse ligado diretamente à rede elétrica.

Page 28: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

25

5) MELHORA NAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS:

A redução do ruído é uma vantagem do inversor em relação aos sistemas

mecânicos de variação de velocidade.

6.1. FUNCIONAMENTO DE INVERSOR DE FREQUÊNCIA

Conforme foi visto no capítulo anterior, a velocidade de rotação de um motor

de corrente alternada depende da frequência da sua alimentação. Quanto maior for a

frequência maior será a rotação e vice-versa, considerando que o número de polos seja

constante.

Onde

N – Velocidade do motor (RPM)

F – Frequência de alimentação do motor (Hz)

P – Números de polos do motor

Tendo o número de polos do motor fixo (determinado na sua construção),

variando a frequência de alimentação muda proporcionalmente a velocidade de rotação.

De forma aproximada, pode-se dizer que o inversor de frequência é uma fonte de

tensão alternada de frequência variável. Por isso o nome, “Inversor de Frequência”.

Apesar de cada fabricante utilizar sua própria tecnologia, o diagrama de blocos

ilustrado abaixo descreve bem grande parte dos Inversores encontrados no mercado.

Figura 11 - Diagrama de blocos de um inversor de frequência

Page 29: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

26

De acordo com a figura 10, o Inversor de Frequência pode ser dividido em

quatro partes principais:

1) CPU – Central Processing Unit (Unidade Central de Processamento): Pode

ser formada por um microprocessador ou um microcontrolador. Isto

depende apenas do fabricante. De qualquer forma, é neste bloco que todas

as informações (parâmetros e dados do sistema) estão armazenadas, visto

que uma memória está integrada a este conjunto.

2) IHM – Interface Homem Máquina: É através deste dispositivo que se pode

visualizar o que ocorre com o Inversor de Frequência e parametrizá-lo de

acordo com a aplicação.

3) Interface: É composta por entradas digitais e analógicas, que podem ser

utilizadas para receber ou fornecer sinais de comando ao Inversor de

Frequência. É neste bloco que ocorre a comunicação externa ao dispositivo.

4) Bloco de Potência: É constituído de um circuito retificador capaz de

transformar a corrente alternada que entra no Inversor de Frequência em

corrente contínua e posteriormente em corrente alternada novamente com a

frequência controlada.

A interação do bloco CPU responsável pelo controle do dispositivo com o

bloco de Potência é detalhada abaixo por se tratar das partes principais do Inversor de

Frequência.

Figura 12 - Controle de um inversor de frequência

A primeira etapa do circuito é formada por uma ponte retificadora trifásica e

dois capacitores de filtro. Este circuito forma uma fonte DC (corrente contínua)

Page 30: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

27

simétrica, pois há um ponto de terra como referência. Têm-se uma tensão contínua +V/2

e uma tensão contínua –V/2 em relação ao terra, formando o “Barramento DC”.

O barramento DC alimenta a segunda etapa constituída de seis transistores (do

tipo IGBT) e, com uma lógica de controle (terceira etapa) “liga e desliga” os transistores

de modo a alternarem o sentido de corrente da circula pelo motor.

Para facilitar a explicação, será utilizado um modelo monofásico onde são

quatro os transistores IGBT’s controlados que alternam o sentido da corrente no motor.

Figura 13 - Controle do motor pelos transistores

O circuito lógico de controle faz a alternância entre duas configurações: 1ª –

Transistores T1e T4 fechados e T2 e T3 abertos forçando a passagem da corrente pelo

motor em um determinado sentido; 2ª – Transistores T2 e T3 fechados e T1 e T4 abertos

forçando a passagem da corrente no outro sentido.

Figura 14 - Lógica do controlador para fornecer corrente alternada ao motor

É na frequência com que ocorre esta alternância que o Inversor de Frequência

atua.

Como os transistores funcionam como chaves liga/desliga, a forma da onda de

tensão de saída do inversor é sempre quadrada como é notado na imagem a seguir.

Page 31: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

28

Figura 15 - Geração dos pulsos quadrados

6.2. PROCESSAMENTO (PID)

Apresentar um processo de parametrização que sirva em todos os Inversores de

Frequência não é possível, pois o endereço dos parâmetros e a sua lógica de

programação mudam conforme o fabricante, assim como uma nova versão do mesmo

produto. Sendo assim, será apresentado apenas o procedimento lógico de como ocorre o

controle internamente.

O procedimento consiste em fazer com que o Inversor de Frequência opere em

malha fechada, ou seja, possuir um valor de referência programado pelo usuário,

receber um sinal de realimentação do sensor de medição da variável de processo e

possuir um sistema de controle de modo a manter a variável do processo no valor

desejado, como mostrado na figura 16. Este controle é realizado pelo controlador PID

que atua sobre o erro do sistema (diferença entre dois sinais de referência e

realimentação), de forma a mantê-lo próximo do zero, o que se efetiva indiretamente

pela variação da frequência de operação do Inversor de Frequência.

Figura 16 - Controle PID

Page 32: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

29

A fórmula do controle PID é dada por:

( ( ∫ (

(

Onde

u(t) – Saída em relação ao tempo

e(t) – Entrada menos o erro em relação ao tempo

Kp – Constante proporcional

Ki – Constante integral

Kd – Constante derivativa

Para a aplicação estudada neste trabalho, a variável de processo é a pressão na

descarga do sistema de bombeamento.

Ao contrário do sinal de referência, onde existe um parâmetro para selecionar o

seu valor, o sinal de realimentação é proveniente de um sensor que monitora o

comportamento do sistema, o qual fornece um sinal analógico de corrente entre 4 e 20

mA em corrente contínua, que para o Inversor de Frequência equivale à faixa de 0 a

100% do funcho de escala do transdutor de pressão. Este sinal de realimentação deve

ser conectado a uma das entradas analógicas do Inversor de Frequência, o qual deve ser

habilitado para receber o sinal de corrente.

Além deste parâmetro, é importante a seleção das rampas de aceleração e

desaceleração, com o objetivo de não sobrecarregar a tubulação do sistema com o

aumento repentino da pressão caso a bomba fosse acionada instantaneamente. Estas

rampas são controladas segundo a sintonia de cada um dos parâmetros do PID (ganho

proporcional Kp, tempo integral Ti e tempo derivativo Td).

Esses controladores PID calculam um erro entre o valor medido na saída e o

valor desejado no processo. Assim o controlador tenta diminuir o erro que foi gerado

pela saída, ajustando suas entradas.

FUNÇÃO PROPORCIONAL [ ( ]

Essa função do controlador PID produz um valor na saída proporcional ao erro

obtido na Realimentação. A resposta proporcional pode ser ajustada a partir da

Page 33: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

30

constante de ganho Kp. Quanto maior a constante Kp, maior será o ganho do erro e

mais instável será o sistema. Mas se a constante Kp for muito pequeno, menor será o

seu tempo de resposta.

FUNÇÃO INTEGRAL [ ∫ (

]

A função integral soma todos os erros instantâneos e a somatória é multiplicada

pela constante Ki. A função integral do controlador PID acelera o movimento do

processo até o ponto desejado e elimina o erro que ocorre na função anterior. Como a

função soma dados instantâneos, o resultado do processo pode ultrapassar o ponto

desejado. Essa consequência se chama "overshoot".

FUNÇÃO DERIVATIVA [

( ]

A função derivativa retarda a taxa de variação de saída do controlador. Essa

função diminui o "overshoot" da função anterior e melhora a estabilidade do

controlador. Por outro lado, a função derivativa causa um retardo na resposta e é muito

suscetível aos ruídos. Isto acontece porque essa função amplifica o ruído e caso o ruído

e o ganho Kd forem muito grandes, podem causar instabilidade no controlador.

6.3. PARÂMETROS

Um Inversor de Frequência é projetado para operar em diversas aplicações,

desde um elevador até uma máquina operatriz. Seu desempenho deve se adequar à

necessidade, e isto é feito pela sua parametrização.

Isto só é conseguido através da parametrização do Inversor de Frequência, ou

seja, configurando o inversor para que o motor se comporte de forma controlada e

previsível, ajustada para determinada aplicação. É através destes parâmetros que o

controlador PID processa as informações provenientes dos sensores domina o

funcionamento do motor.

Os parâmetros são divididos em blocos, para facilitar a programação pelo

usuário.

- Parâmetros de leitura;

- Parâmetros de regulação;

- Parâmetros de configuração;

- Parâmetros de motor;

- Parâmetros de funções especiais.

Page 34: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

31

6.3.1. Parâmetros de Leitura:

Os parâmetros de leitura, como o nome indica, permitem a visualização dos

valores programados nos parâmetros de regulação, de configuração, do motor e de

funções especiais.

Estes parâmetros não permitem a edições dos valores programados, somente a

sua visualização.

Seguem alguns exemplos.

P0001 – Referência de velocidade.

Valor de referência de velocidade antes da rampa.

P0002 – Velocidade do motor.

Indica o valor da velocidade real do motor, em RPM.

P0003 – Corrente do motor.

Indica a corrente de saída do inversor, em amperes.

P0005 – Frequência aplicada ao motor.

Valor de referência de saída do inversor, em Hz.

P0009 – Torque do motor.

Indica a parcela da corrente atual que é proporcional ao torque, em %.

6.3.2. Parâmetros de Regulação:

São parâmetros ajustáveis a serem utilizados pelas funções do inversor.

Seguem alguns exemplos.

P0100 e P0101 – Tempo de aceleração e desaceleração, respectivamente.

Definem os tempos para acelerar linearmente de 0 até a velocidade

máxima, ou desacelerar linearmente da velocidade máxima até 0.

Estes tempos suavizam ou intensificam a rampa de aceleração/desaceleração.

Quanto maior é o tempo configurado, melhor é para o sistema pois minimiza os golpes

na tubulação, quando se trata de acionamento com bombas.

P0133 e P0134 – Referência de velocidade mínima e máxima, respectivamente.

Define os valores máximo/mínimo de velocidade na saída quando o

inversor é habilitado.

Page 35: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

32

6.3.3. Parâmetros de Configuração:

Definem as características do inversor, as funções a serem executadas bem

como as funções das entradas e saídas.

- Frenagens;

- Rampas de desaceleração;

- Injeção de corrente contínua;

- Partida com motor girando;

- Compensação de escorregamento;

- Etc.

6.3.4. Parâmetros do Motor:

Estes parâmetros caracterizam o motor que será controlado pelo inversor de

frequência para que as proteções internas possam proteger o motor, como proteção

contra sobrecorrente.

P0400 – Tensão nominal do motor;

P0401 – Corrente nominal do motor;

P0402 – Velocidade nominal do motor;

P0403 – Frequência nominal do motor;

P0404 – Potência nominal do motor;

P0405 – Fator de potência do motor.

6.3.5. Parâmetros das Funções Especiais:

Inclui os parâmetros relacionados ao ciclo automático, regulador PID e

regulador de velocidade. Os parâmetros deste bloco são modificados apenas por pessoas

capacitadas.

A partir da leitura deste capítulo conseguimos entender como o inversor de

frequência interpreta a informação enviada do transdutor de pressão e controla a

velocidade do motor.

Page 36: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

33

7. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Neste capítulo será detalhado o procedimento para realização dos testes na

bancada do laboratório com as duas configurações: a) Motobomba ligada diretamente

em 60Hz (utilizada como referência) e b) Motobomba acionada por um Inversor de

Frequência.

Inicialmente foi tomada a curva da motobomba com rotação referente a 60Hz

para usar como base de comparação com a curva com rotação reduzida.

A tomada dos pontos de trabalho é feita através do estrangulamento da

descarga da bomba ou pela variação da rotação do motor.

Para que fossem realizados os experimentos a fim de obter os dados para

análise neste trabalho foram selecionados alguns equipamentos e configurações

específicos que serão detalhados neste capítulo.

7.1. ESQUEMA DA INSTALAÇÃO DOS TESTES

Os testes foram realizados com a motobomba acima do reservatório d’água

com o seu recalque retornando para o mesmo tanque como o esquema abaixo

demonstra.

Os testes foram realizados de forma similar, com um transdutor

manovacuômetro realizando a leitura da pressão de sucção, um transdutor de pressão

realizando a leitura da pressão de recalque, um medidor de vazão e o quadro elétrico

que realiza a leitura dos dados elétricos como corrente e potência consumida.

O que difere os dois testes é o tipo de controle de vazão e o acionamento

elétrico. No controle de vazão por estrangulamento da tubulação a motobomba é

acionada diretamente pelo quadro elétrico que a alimenta com corrente alternada a 60

Hz constantemente. No controle de vazão por inversor de frequência, a motobomba é

acionada pelo inversor de frequência que é alimentado pelo quadro elétrico.

Page 37: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

34

Figura 17 - Esquema da instalação de teste com controle de vazão por estrangulamento da tubulação. 1) Quadro elétrico;

2) Medidor de vazão; 3) Válvula de estrangulamento; 4) Motobomba; 5) Transdutor de pressão; 6) Manovacuômetro

Figura 18 - Esquema da instalação de teste com controle de vazão por inversor de frequência. 1) Quadro elétrico; 2)

Medidor de vazão; 3) Inversor de frequência; 4) Motobomba; 5) Transdutor de pressão; 6) Manovacuômetro

Page 38: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

35

7.2. RELAÇÃO DAS VARIÁVEIS MEDIDAS

Para tomada da curva característica da bomba e da curva de consumo

energético foram medidos os dados hidráulicos e elétricos como segue:

Vazão: Q

Q [m³/h] – Vazão medida no dispositivo através da aquisição de dados.

Altura Manométrica Total: H

(

)

Onde

H [m] – Altura total de elevação;

( [m] – Pressão no transdutor na saída da bomba;

( [m] – Pressão no manovacuômetro na entrada da bomba;

[m/s] – Velocidade de escoamento na saída da bomba;

[m/s] – Velocidade de escoamento na entrada da bomba;

Page 39: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

36

[m] – Diâmetro interno na posição 1;

[m] – Diâmetro interno na posição 2.

[m] – Altura entre o eixo da bomba e a lâmina d’água;

[m] – Altura entre o ponto de medida de recalque e a lâmina d’água

Segue uma tabela com os valores dos diâmetros e as alturas em relação à

lâmina d’água:

Sucção (1) Recalque (2)

Diâmetro interno (D) 0,0635 m 0,0508 m

Altura com relação à lâmina d’água (Z) 0,4 m 1,4 m

Corrente: I

I [A] – Corrente absorvida pelo conjunto motobomba no caso do controle de

vazão pelo estrangulamento da tubulação; e corrente absorvida pelo conjunto

motobomba e inversor de frequência no caso de controle de vazão pelo mesmo.

Potência: Pot

Pot [W] – Potência absorvida pelo conjunto motobomba no caso do controle de

vazão pelo estrangulamento da tubulação; e potência absorvida pelo conjunto

motobomba e inversor de frequência no caso de controle de vazão pelo mesmo.

Os dados elétricos foram registrados automaticamente pelo quadro elétrico.

NPSHreq:

O NPSH requerido é a diferença da pressão atmosférica local e a altura

máxima de sucção.

A altura máxima de sucção da motobomba é calculada através de alguns

fatores como pressão de vapor da água, perda de carga, etc. E estes dependem de alguns

outros como será descrito abaixo.

Onde

– Pressão atmosférica local [mca];

– Altura de sucção máxima [mca].

Page 40: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

37

A memória de cálculo do NPSHreq está no apêndice A.

Rotação: N

N [RPM] – Rotação do motor. Esta rotação é registrada para que seja

normalizada a curva característica da bomba para 3500 rpm ou 1750 para motores de 2

ou 4 polos respectivamente.

7.3. SELEÇÃO DO CONJUNTO MOTOBOMBA

Para seleção da motobomba, levei em consideração as características de

motobombas largamente utilizadas no mercado que é centrífuga de simples estágio com

rotor do tipo fechado. Com relação à bomba propriamente dita, tomei como base uma

que tivesse a curva característica mais longa, onde eu pudesse alterar a vazão com mais

facilidade sem modificar tanto a altura da bomba.

Com isto, o modelo da bomba é CAM-W21 da fabricante DANCOR S.A. com

a sucção de 2,5 polegadas e descarga de 2,0 polegadas, flangeadas com o objetivo de

facilitar a montagem. No apêndice consta maiores detalhes desta motobomba como

curva de seleção, tabela de seleção, dimensionais, etc.

Figura 19 - Motobomba CAM-W21 de 2,0cv

O motor utilizado é de 2,0cv com corrente máxima de 6,0A da fabricante

WEG.

7.4. SELEÇÃO DO INVERSOR DE FREQUÊNCIA

O Inversor de Frequência utilizado é o modelo CFW500 com programação e

interface computacional voltada para a aplicação multibombas.

Page 41: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

38

Figura 20 - Quadro de comando com o inversor de frequência CFW500

7.5. SELEÇÃO DOS PARÂMETROS

Para fazer a seleção dos parâmetros a serem configurados no Inversor de

Frequência, foi tomada como base a pressão de 2,0 bar.

Segue a parametrização do Inversor de Frequência. Aqui serão apresentados os

principais parâmetros configurados, no entanto constará no apêndice a parametrização

completa.

P0100 – Tempo de aceleração (s)

Tempo da rampa de aceleração linear;

Valor configurado: 2,0

P0101 – Tempo de desaceleração (s)

Tempo da rampa de desaceleração linear quando o motor for desligado;

Valor configurado: 2,0

P0133 – Limite de referência de Velocidade Mínima (Hz)

Frequência mínima desejada para o motor;

Valor configurado: 40,0

P0134 – Limite de Referência de Velocidade Máxima (Hz)

Frequência máxima desejada para o motor;

Valor configurado: 60,0

Page 42: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

39

P1011 – Setpoint para controle de pressão de saída (bar)

Setpoint de pressão de controle;

Valor configurado: 2,0

P1028 – Escala do sensor da variável de controle

Fundo de escala do sensor de pressão utilizado;

Valor configurado: 10

P1033 – Ação do controle PID

Definição da ação do controlador PID (Direto (0) ou Inverso (1))

Valor configurado: 0

P1034 – Ganho Proporcional do PID

Valor configurado: 4

P1035 – Ganho Integral do PID

Valor configurado: 35

P1036 – Ganho Derivativo do PID

Valor configurado: 0

Os valores dos parâmetros P1034, P1035 e P1036 foram configurados de forma

empírica, ou seja, na tentativa e erro, até que o sistema permanecesse estável.

7.6. DEMAIS INSTRUMENTOS UTILIZADOS

- Medidor de vazão:

Medidor de vazão KROHNE IFC 010 D com medição máxima de 40m³/h.

Figura 21 - Medidor de vazão Krohne

Page 43: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

40

- Bancada de Medição Elétrica (Quadro elétrico)

Esta bancada é o local onde são medidos os parâmetros elétricos (tensão,

corrente, potência, etc.) através do multimedidor KRON MKM-D. Também contém o

display NOVUS N480-I de temperatura da água e de pressão no transdutor.

Figura 22 - Bancada de controle elétrico

- Transdutor de Pressão e Manovacuômetro

O transdutor de pressão é da fabricante Tecnotron com medição de 0 a 10bar.

Figura 23 - Transdutor de pressão

Page 44: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

41

O transdutor manovacuômetro é fabricado pela Wika com medição de -1 a 1

bar.

Figura 24 - Manovacuômetro e mostrador de vácuo

- Tacômetro

Tacômetro de contato Minipa MDT-2245A com leitura de 0 a 9999 rpm.

Figura 25 - Tacômetro

Page 45: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

42

7.7. EXECUÇÃO DOS TESTES

De forma geral, os testes foram realizados da seguinte forma:

- Acionamento da bomba;

- Espera até a estabilização do sistema (vazão e pressão);

- Tomada dos dados elétricos e hidráulicos no ponto de maior vazão (H =

0mca);

- Estrangulamento da descarga;

- Repetição do ciclo estrangulando a descarga até Shut off da bomba (vazão =

zero).

Na tomada da curva da bomba controlada pelo inversor de frequência há a

parametrização do inversor antes do acionamento da bomba.

Como visto nas seções anteriores, a curva da bomba sofre mudanças drásticas

com a simples alteração da rotação do motor a ela acoplada. O Inversor de Frequência

controla a pressão do sistema através da manipulação da rotação do motor por meio da

mudança da frequência de alimentação do mesmo.

Sendo assim, a figura que segue é a exemplificação do que ocorre com a curva.

Gráfico 1 - Variação da curva com a rotação

Para cada rotação diferente da bomba há uma curva que a especifique e seguem

sempre a lei de semelhança de bombas que relaciona a vazão, pressão e potência à sua

rotação.

0

5

10

15

20

25

30

0 5 10 15 20 25 30

AMT (mca)

Vazão (m³/h)

3500 rpm (60Hz) 3300 rpm (55Hz) 3250 rpm (54Hz) 3200 rpm (53Hz) 3050 rpm (50Hz)

Page 46: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

43

Nos pontos de atuação do Inversor de Frequência a fim de manter a pressão do

sistema constante, há a mudança da rotação do motor fazendo com que sejam tomados

os pontos de curvas paralelas à da bomba, porém com rotações inferiores.

Os testes foram realizados da seguinte forma:

1º) Foram capturados os dados da bomba CAM-W21 sem a utilização do

Inversor de Frequência e plotada a sua curva característica, assim como as curvas de

potência consumida e rendimento do conjunto motobomba;

2º) Foram capturados os dados da bomba CAM-W21 com a utilização do

Inversor de Frequência, assim como as curvas de potência consumida e rendimento do

arranjo de motobombas;

Page 47: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

44

8. ANÁLISE DOS DADOS EXPERIMENTAIS

Neste capítulo serão apresentados os dados coletados nos dois testes e as suas

análises.

Os dados detalhados dos testes se encontram no apêndice deste trabalho.

8.1. TESTE #1 – BOMBA SEM INVERSOR DE FREQUÊNCIA

Neste teste foram coletados todos os pontos do funcionamento da bomba

CAM-W21 sem o controle do Inversor de Frequência para plotagem da curva

característica da bomba e os dados elétricos do mesmo para futura comparação.

PONTO DE TESTE 1 2 3 4 5 6 7

Q - Vazão(m3/h) 26,99 24,67 21,92 19,24 15,75 11,12 0,00

AMT (mca) 7,8 10,1 12,9 15,5 18,2 20,9 24,5

POTÊNCIA (kW) 2,71 2,65 2,52 2,41 2,24 1,95 1,19

Tabela 2 - Dados da boba sem controle de inversor de frequência

Gráfico 2 - AMT e Potência da bomba sem controle do inversor de frequência

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

2,2

2,4

2,6

2,8

0

5

10

15

20

25

30

0 5 10 15 20 25 30

Potência (kW) AMT (mca)

Vazão (m³/h)

AMT e Potência

Page 48: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

45

8.2. TESTE #2 – BOMBA COM INVERSOR DE FREQUÊNCIA

Neste teste foram coletados todos os pontos do funcionamento da bomba

CAM-W21 com o controle do Inversor de Frequência para plotagem da curva

característica da bomba e os dados elétricos do mesmo para futura comparação.

PONTO DE TESTE 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Q - Vazão(m3/h) 27,15 24,31 21,60 18,81 15,35 13,54 10,15 8,74 7,27 5,56 4,07 0,00

AMT (mca) 8,1 10,7 13,5 16,1 18,8 19,7 19,6 19,5 19,6 19,6 19,6 19,6

POTÊNCIA (kW) 2,74 2,63 2,53 2,40 2,21 2,08 1,71 1,57 1,43 1,30 1,17 0,93

Tabela 3 - Dados da bomba com controle do inversor de frequência

Gráfico 3 - AMT e Potência da bomba com controle do inversor de frequência

Nos pontos formadores da reta horizontal, nota-se que o Inversor de Frequência

controla a rotação da motobomba fazendo com que a pressão se mantenha constante

apesar da variação da vazão.

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

0

5

10

15

20

25

0 5 10 15 20 25 30

Potência (kW) AMT (mca)

Vazão (m³/h)

AMT e Potência

Page 49: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

46

8.3. COMPARAÇÃO DAS DUAS CONFIGURAÇÕES DE ATUAÇÃO DA

BOMBA

Gráfico 4 - Comparativo das curvas

Nota-se que o consumo elétrico da motobomba que é ligada ao Inversor de

Frequência é menor enquanto a vazão requerida estiver abaixo de 13 m³/h, ou seja,

enquanto a frequência do motor estiver abaixo de 60 Hz como mostrado no gráfico

abaixo.

Gráfico 5 - Economia de energia

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

0

5

10

15

20

25

30

0 5 10 15 20 25 30

Potência (kW) AMT(mca)

Vazão (m³/h)

Comparativo

AMT - Sem inversor

AMT - Com inversor

Pot. Sem inversor

Pot. Com inversor

-4,9% -3,2% -2,7% -2,1% -1,2%

0,3%

9,3%

12,6%

15,8%

17,9%

21,0% 21,8%

-10,0%

-5,0%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

0 5 10 15 20 25 30

Eco

no

mia

(%

)

Vazão (m³/h)

Page 50: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

47

Com isto conseguimos uma economia de aproximadamente 21% na utilização

do inversor de frequência para controle de vazão. O consumo é maior a partir de 13

m³/h em decorrência do consumo energético do inversor de frequência para realizar o

chaveamento.

Page 51: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

48

9. CONCLUSÃO Com a exigência da sociedade por menor consumo de energia, a busca para tal

objetivo se faz mais que necessária, e sim obrigatória.

Os testes comprovaram claramente a proposta deste trabalho que é demonstrar,

através de medições em laboratório, a diminuição do consumo de energia e as

limitações dos motores quando acionados através de Inversores de Frequência e

operando em capacidade reduzida.

A economia chegou próximo de 21% em relação ao controle tradicional da

vazão que se dá pelo estrangulamento da tubulação.

Para a simulação realizada, foi claramente vantajosa a utilização do inversor de

frequência em substituição do método tradicional. Porém, o percentual de economia

varia conforme a característica da carga e, por isto, cada situação deve ser analisada

criteriosamente para definir se a instalação deste tipo de equipamento é

economicamente viável.

A aplicação do inversor de frequência para controle de vazão é

economicamente viável quando há um superdimensionamento da motobomba e para

sistemas onde a vazão requerida não seja fixa.

Há a possibilidade de estudos futuros para o controle de mais de uma bomba,

simultaneamente, pelo inversor de frequência e o controle para frequências de

alimentação do motor maiores que 60 Hz.

Page 52: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

49

10. APÊNDICE

10.1. Memória de cálculo do NPSH

- Viscosidade ( ) - [ ⁄ ]

(

)

Onde

– Temperatura da água [K]

- Densidade (ρ) - [ ⁄ ]

Onde

– Temperatura da água [°C]

- Pressão de Vapor da Água ( ) - [ ⁄ ]

A equação foi gerada a partir da curva gerada pelos pontos da tabela de pressão

de vapor da água que segue.

Page 53: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

50

Após a tomada da curva de pressão de vapor da água, fez-se a curva de

tendência com um polinômio de quinto grau que representou com fidelidade a

curva de pressão de vapor.

Onde

– Temperatura da água [°C]

- Número de Reynolds ( )

Onde

– Densidade [ ⁄ ];

– Velocidade da água na sucção da bomba [m/s];

– Diâmetro de sucção da bomba [m];

– Viscosidade [ ⁄ ].

- Perda de Carga ( ) – [m]

Onde

– Fator de atrito;

– Comprimento equivalente da tubulação [m];

– Velocidade da água na sucção da bomba [m/s];

– Diâmetro da sucção da bomba [m].

- Fator de atrito ( )

√ *

(

)+

Onde

Page 54: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

51

– Fator de entrada na tubulação;

– Diâmetro da sucção da bomba [m];

– Número de Reynolds;

- Altura máxima de sucção ( ) – [m]

[

[ ( ]]

Onde

– Pressão atmosférica [mca];

– Pressão de vapor da água [mca];

– Pressão de sucção [mca];

– Densidade [ ⁄ ];

– Perda de carga [m].

- Altura máxima de sucção ( ) – [m]

A pressão atmosférica varia com a altitude segundo a tabela:

Como a pressão atmosférica varia pouco com a altitude, estou considerando

que a pressão atmosférica, ao nível do mar, é de 10 mca.

Page 55: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

52

10.2. Relatório dos Testes

10.2.1. Teste da motobomba se controle do Inversor de frequência

PONTO DE TESTE 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Q - Vazão(m3/h) 26,99 24,67 21,92 19,24 15,75 11,12 0,00

P2 - Descarga (mca) 5,42 8,03 11,13 14,02 17,01 20,03 23,90

P1 - Sucção (mca) -1,63 -1,39 -1,17 -0,95 -0,71 -0,47 -0,27

v2/2g 0,41 0,34 0,27 0,21 0,14 0,07 0,00

AMT (mca) 8,5 10,8 13,6 16,2 18,9 21,6 25,2

AMPERAGEM (A) 9,37 10,02 9,31 8,91 8,36 7,33 4,83

FASE 1 9,89 10,54 9,73 9,45 9,00 7,81 5,41

FASE 2 9,24 9,91 9,22 8,66 8,29 7,32 4,72

FASE 3 8,96 9,60 8,96 8,62 7,79 6,87 4,35

POTÊNCIA 2,71 2,65 2,52 2,41 2,24 1,95 1,19

FASE 1 0,97 0,92 0,88 0,85 0,81 0,70 0,45

FASE 2 0,89 0,89 0,85 0,79 0,75 0,66 0,39

FASE 3 0,85 0,84 0,79 0,77 0,68 0,60 0,35

NPSH 1,93 1,61 1,31 1,02 0,70 0,38 0,10

RPM BOMBA 3270 3315 3316 3308 3323 3390 3463

Tabela 4 - Planilha de teste da motobomba sem controle do Inversor de Frequência

10.2.2. Teste da motobomba com controle do Inversor de Frequência

PONTO DE TESTE 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Q - Vazão(m3/h) 27,15 24,31 21,60 18,81 15,35 13,54 10,15 8,74 7,27 5,56 4,07 0,00

P2 - Descarga (mca) 5,01 8,01 11,08 14,03 17,03 18,00 18,10 18,15 18,20 18,25 18,28 18,31

P1 - Sucção (mca) -1,65 -1,37 -1,15 -0,88 -0,68 -0,59 -0,43 -0,35 -0,35 -0,31 -0,29 -0,28

v2/2g 0,42 0,33 0,26 0,20 0,13 0,10 0,06 0,04 0,03 0,02 0,01 0,00

AMT (mca) 8,1 10,7 13,5 16,1 18,8 19,7 19,6 19,5 19,6 19,6 19,6 19,6

AMPERAGEM (A) 10,34 9,91 9,67 8,98 8,64 8,02 6,69 6,39 5,89 5,50 5,11 4,28

FASE 1 11,09 10,76 10,56 9,68 9,44 8,85 7,44 7,33 6,82 6,43 6,10 5,25

FASE 2 10,38 10,00 9,68 8,93 8,55 7,91 6,67 6,30 5,87 5,56 5,25 4,49

FASE 3 9,54 8,98 8,77 8,31 7,93 7,28 5,96 5,55 4,97 4,51 3,98 3,10

POTÊNCIA 2,74 2,63 2,53 2,40 2,21 2,08 1,71 1,57 1,43 1,30 1,17 0,93

FASE 1 0,97 0,95 0,92 0,86 0,80 0,77 0,63 0,61 0,56 0,52 0,49 0,41

FASE 2 0,93 0,89 0,85 0,81 0,74 0,69 0,57 0,51 0,47 0,43 0,39 0,31

FASE 3 0,84 0,79 0,75 0,73 0,67 0,62 0,50 0,45 0,39 0,34 0,30 0,22

NPSH 2,08 1,71 1,41 1,07 0,79 0,67 0,46 0,36 0,35 0,29 0,26 0,24

RPM BOMBA 3324 3325 3336 3349 3367 3368 3274 3243 3204 3190 3182 3115

Tabela 5 - Planilha de teste da motobomba com controle do Inversor de Frequência

Page 56: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

53

10.3. Dados do motor acoplado às bombas

Figura 26 - Dados do motor utilizado nos testes

Page 57: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

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10.4. Dados de catálogo da bomba selecionada

Figura 27 - Dados técnicos da bomba (1)

Page 58: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

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Figura 28 - Dados técnicos da bomba (2)

Page 59: estudo comparativo de consumo energético de uma motobomba

56

11. BIBLIOGRAFIA

[1] FOX, Robert W. Introdução à mecânica dos fluidos. 7ª Ed. Rio de Janeiro:

LTC, 2010.

[2] PFLEIDERER, Carl. Máquinas de fluxo. 4ª Ed. Rio de Janeiro: Livros

Técnicos e Científicos, 1979.

[3] MATTOS, Edson E. Bombas industriais. 2ª Ed. Rio de Janeiro:

Interciância, 1998.

[4] MACINTYRE, Archibald, J. Bombas e instalações de bombeamento. 2ª Ed.

Rio de Janeiro: LTC, 2012.

[5] SOUZA, Zulci. Projetos de máquinas de fluxo: Tomo II, bombas

hidráulicas com rotores radiais e axiais. 1ª Ed. Rio de Janeiro: Acta, 2011.

[6] CAPELLI, Alexandre. Automação industrial: controle do movimento e

processos contínuos. 2ª Ed. São Paulo: Érica, 2008.