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  Estudo aos Grêmios JANEIRO DE 2003 Grêmio Livre Estudantil do Cefet-MG    Gestão 2001/2002

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Estudo aos Grêmios EstudantisO objetivo deste estudo decorre da observação de problemas relativos aos Grêmios em geral que vêm se repetindo todos os anos. A grande causa dessa ciclicidade é a rotatividade de estudantes, que entram no Grêmio, cometem erros que já foram cometidos nos anos anteriores, por ingenuidade ainda e, quando as pessoas pegam o jeito, elas saem e entram outros, que vão ter grande probabilidade de fazer o mesmo. A rotatividade é natural das escolas e o objetivo não é mudar o sistema de ensino, mas nesse caso não deixa de ser um grande problema.“Um grupo de alunos acha que o grêmio não faz nada e resolve fazer uma ‘Revolução’ no grêmio, se candidatando como chapa. Ganham a eleição com ótimas propostas e tomam posse cheios de vontade e de disposição. Só que os projetos começam a não sair como planejado, então muitos resolvem sair porque é mais difícil (e talvez mais chato) do que esperavam. Os poucos que ficam então têm que trabalhar igual loucos e quase não sai nada. Só no final da gestão que começam a pegar o jeito, os macetes, e então sai algo proveitoso.Só que os outros alunos que não viram o grêmio fazer nada o ano inteiro falam que agora só está fazendo porque a eleição está próxima, e então os ingênuos estudantes resolvem fazer uma ‘Revolução’ no grêmio, se candidatando...”Essa historinha não é uma crítica a Grêmios e nem tem, nem de longe, a pretensão de fazer os que restaram no grêmio desistirem. O papel dos grêmios e associações comunitárias é importantíssimo na sociedade. Infelizmente, uma história parecida com essa tem se repetido em milhares de lugares pelo Brasil, provavelmente pelo mundo, e é para tentar quebrar esses ciclos que esse tratado está sendo escrito.A esperança é que, ao ler, cada grêmio possa melhorar em sua luta pela comunidade dos estudantes (e, porque não, pela sociedade inteira, inseridos os alunos), analisando as experiências anteriores, e que grêmios iniciantes talvez já comecem a gestão um pouco mais maduros. Esperamos que seja uma semente de continuidade nesse universo estranho que é um grêmio estudantil.Sumário: • Dos Motivos do Estudo• Estudo Psicológico, Ideológico e Histórico• Organização Administrativa• Projetos• Propostas para o Problema Levantado• Anexos

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Estudo aos Grêmios

JANEIRO DE 2003

Grêmio Livre Estudantil do Cefet-MG  – Gestão 2001/2002

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Sumário:

  Dos Motivos do Estudo  Estudo Psicológico, Ideológico e Histórico  Organização Administrativa  Projetos  Propostas para o Problema Levantado  Anexos

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Dos Motivos do Estudo:

O objetivo deste estudo decorre da observação de problemas relativos aos Grêmios emgeral que vêm se repetindo todos os anos. A grande causa dessa ciclicidade é a rotatividade deestudantes, que entram no Grêmio, cometem erros que já foram cometidos nos anos

anteriores, por ingenuidade ainda e, quando as pessoas pegam o jeito, elas saem e entramoutros, que vão ter grande probabilidade de fazer o mesmo. A rotatividade é natural dasescolas e o objetivo não é mudar o sistema de ensino, mas nesse caso não deixa de ser umgrande problema.

“Um grupo de alunos acha que o grêmio não faz nada e resolve fazer uma ‘Revolução’no grêmio, se candidatando como chapa. Ganham a eleição com ótimas propostas e tomamposse cheios de vontade e de disposição. Só que os projetos começam a não sair comoplanejado, então muitos resolvem sair porque é mais difícil (e talvez mais chato) do queesperavam. Os poucos que ficam então têm que trabalhar igual loucos e quase não sai nada.Só no final da gestão que começam a pegar o jeito, os macetes, e então sai algo proveitoso.

Só que os outros alunos que não viram o grêmio fazer nada o ano inteiro falam queagora só está fazendo porque a eleição está próxima, e então os ingênuos estudantes resolvemfazer uma ‘Revolução’ no grêmio, se candidatando...” 

Essa historinha não é uma crítica a Grêmios e nem tem, nem de longe, a pretensão defazer os que restaram no grêmio desistirem. O papel dos grêmios e associações comunitárias éimportantíssimo na sociedade. Infelizmente, uma história parecida com essa tem se repetidoem milhares de lugares pelo Brasil, provavelmente pelo mundo, e é para tentar quebrar essesciclos que esse tratado está sendo escrito.

A esperança é que, ao ler, cada grêmio possa melhorar em sua luta pela comunidadedos estudantes (e, porque não, pela sociedade inteira, inseridos os alunos), analisando asexperiências anteriores, e que grêmios iniciantes talvez já comecem a gestão um pouco mais

maduros. Esperamos que seja uma semente de continuidade nesse universo estranho que é umgrêmio estudantil.

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Estudo Psicológico, Ideológico e Histórico

Este tópico deste estudo vem tratar do ramo de ação do grêmio, analisando a situaçãopresente da sociedade e também do passado.

Primeiramente, para que serve um grêmio?

Essa é a pergunta mais básica. Pegar um grêmio não é agir em proveito próprio, maspara que se possa melhorar a vida de outras pessoas. E olha que o individualismo, seguido aum passo do egoísmo e da ambição desenfreada (onde os outros podem se fuder), é um dospilares da sociedade moderna. Aí entra o primeiro problema de qualquer grêmio: tentar fazeruma ação contra o que dita a mentalidade da maioria das pessoas. Ao contrário de quandovocê estuda, trabalha e segue o que o sistema te diz, fazer algo contra a situação atual domundo é como remar contra a maré, cansa muito mais. Sempre vão existir muito maisobstáculos para quem insistir em não ser o “padrão de cidadão da nossa soc iedade capitalista‘democrática’ ”.

A princípio, o grêmio é uma entidade que representa os estudantes, lutando pelos seusdireitos e deveres, suas opiniões e representando-os perante a comunidade externa (inclusiveperante o colégio). Como o grêmio vai fazer isso já é outra história. Desde festas eentretenimento até trabalho voluntário e luta política são caminhos seguidos com freqüência.Outras iniciativas serão abordadas no tópico Projetos, e o importante é o grêmio não perder oseu papel de agir em conjunto com os estudantes pelos seus interesses (dos estudantes - e nãousar o grêmio para se ajudar).

Muitos grêmios abrem suas atividades não mais para ajudar apenas os alunos, mas asociedade como um todo. Os alunos fazem parte da sociedade, então eles também serãoajudados. É muito boa a tentativa de mudar a cabeça dos estudantes (que normalmentecostumam “bitolar” nos estudos), para que eles passem a olhar e agir do lado de fora docolégio. Mas muitos grêmios, ao abrirem demais seu campo de reivindicações, acabam

deixando de resolver os problemas internos dos alunos; é preciso ter cuidado.Atualmente, e desde muito tempo, partidos políticos fazem parte do dia-a-dia demuitos grêmios. No caso de um partido pegar o grêmio, então ele passa a agir de acordo comseus objetivos. Botando em termos práticos, quando grande parte dos integrantes de umgrêmio é de um partido, mesmo que o grêmio em si não seja, suas ideias acabamtransparecendo nos ideais da entidade. Além disso, é preciso ficar claro para os estudantes adiferença entre partido e grêmio. Ë comum que porque integrantes do grêmio usem camisa departidos e fazem propaganda político partidária, os estudantes achem que a entidade (grêmio)esteja assumindo tais posições. Infelizmente, política não costuma ser muito popular entrealunos, e sempre há um certo índice de rejeição.

Isso não significa que seja ruim. Integrantes com experiência política costumam ser

bons em organizar movimentos e quase sempre apresentam uma garra muito grande em horascríticas em que muitos tremem. A política inclusive é um campo que influencia a sociedade enão deve ser esquecido.

Pena que nem tudo são flores e muitos partidos políticos utilizam os grêmios paraaumentar o seu poder e arrebanhar militantes, quando deveriam estar agindo na transformaçãoda sociedade. Partidos costumam perder mais tempo brigando entre si (como, por exemplo,no controle de grêmios), do que tentando melhorar a situação do mundo. Fora os inúmeroscasos de grêmios que desviam seus fundos arrecadados para os partidos controladores.Independente do campo político-ideológico de cada um, dentro do grêmio todos deveriam seunir para lutar por ideais nobres. É inaceitável que se pratiquem atos inescrupulosos dentro deuma entidade como um grêmio.

Outras vezes um oposto acontece. Quando um grupo de pessoas que detestam acombatividade típica de grêmios políticos sobe, é comum aparecer o “Grêmio Sandy &

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Junior”, com todo mundo com carinha feliz e cantando, mas sem resolver problema algum. Ogrêmio fica amistoso e arrumadinho, mas perde o seu papel de ação. E junto a suaconsciência, se tornando alienado. Há uma tendência muito grande para isso, visto que essetipo de grêmio se adequa ao padrão que o sistema espera de nós.

Muitos adultos que mexem com política reclamam que a cada geração os jovens estão

menos politizados. Sempre é evocada a imagem da geração de 68, que lutava contra ditadurasob ferro e fogo. De certa forma, essa despolitização dos jovens e da sociedade em geral nãodeixa de ser um reflexo do que nos é incutido pela mídia, pelo consumismo e peloindividualismo egoísta que são o estilo de vida atual. Mas não é só isso. Hoje ainda há muitaspessoas que estão a fim de fazer algo para melhorar a sociedade, só que elas se desencantaramcom a política. Em seus argumentos dizem que a política já virou uma corporação tão grandeque não se sabe mais com segurança para quem e para quê você está agindo, tamanha é a redede interesses e “politicagens” em jogo. Outro ponto é que já se criou todo um sistema p araabafar qualquer possível transformação vinda do campo político, com a mídia, as elites, asforças amadas e tudo mais colaborando entre si contra qualquer ameaça à ordem vigente.Muitas dessas pessoas, aliás, já se envolveram em partidos políticos e ou se desiludiram ou se

desgastaram ao limite sem conseguir resultados.Então, muitas vezes, esse grupo de pessoas resolve se dedicar a atividades como

ecologia, trabalho voluntário e eventos culturais. O bom é que se consegue ver na prática,com segurança, o fruto do trabalho que foi investido, ali na frente. Essas pessoas se imbuemde um importante papel de mudar a mentalidade das pessoas, principalmente pelo exemplo,fazendo crescer a ideia e por fim mudando a sociedade.

O problema é que o governo tem o grande poder de cagar tudo. Quando se vê que umainiciativa pode mudar a sociedade, os que estão por cima tremem, e, como mandam nogoverno, baixa-se uma lei que bota tudo abaixo. Um bom exemplo disso foi Canudos. Pareceaté uma situação meio desesperadora: o governo cagando tudo e a gente limpando asbostinhas, um bocado de formiguinhas reconstruindo o que o gigante vai destruindo. Não dápara pensar em continuar assim para sempre. Talvez a solução seja que a mudança dementalidade atinja também as elites, tirando-as de sua ambição e egoísmo, mudando os seusprojetos de vida. Quem sabe.

Outro problema é que se as pessoas vão largando a política, o governo vai ficando semoposição e então passa a fazer o que bem entender, tirando os poucos benefícios que o povotem, sob a justificativa do progresso, que só é repartido entre os que estão no poder. Se nãohouvesse oposição, mesmo com todos os problemas do nosso sistema político, medidas comoa flexibilização da CLT virariam rotina.

Nessa corrente que não concorda com o sistema político-partidário, um ponto positivoé que, por não haver um enfrentamento muito grande, os envolvidos acabam tendo maior

possibilidade de ação. Uma estratégia que pode unir os dois pontos é a de eventos culturaisque fazem as pessoas pensarem sobre política, pois muita gente tem um preconceito queimpede de conhecer ou até mesmo pensar em política.

Apesar de toda a diversidade de objetivos e maneiras em movimentos como umgrêmio, ele não deve escolher um ou outro. Um grêmio nunca deve fechar as portas paraalunos ou outras pessoas que querem ajudar, mesmo que seja de uma maneira diferente. Emum movimento forte, cada um ajuda do seu jeito e a luta passa a ser mais completa,abrangendo várias áreas. Grupos de alunos com interesses diferentes têm que se sentir àvontade para tocar projetos paralelos junto ao grêmio.

Antes de dispensar gente, um grêmio sempre se depara com a falta de “efetivo”. Já foicitado o comportamento de muita gente perante dificuldades: pular fora. Ainda mais na

 juventude, com tanta coisa para fazer a nossa volta, parece besteira ficar batendo cabeça nogrêmio sem conseguir metade do que se planejou. Já foi feita uma pesquisa de âmbito

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psicológico envolvendo ativistas, psiquiatras e outros indivíduos que interagem de formacontínua a ambientes carregados e a constantes fracassos, e poucos aguentavam passar dosprimeiros anos, a cabeça não aguentava. A grande maioria dos que continuava tinha algumaatividade paralela na qual se recuperava das “nabas” que levava na outra. Outros recorriam aocinismo ou se tornavam “frios”, congelando suas emoções para que elas não os

atrapalhassem. Além disso, é preciso ter uma vontade muito forte de continuar, tem queacreditar na importância do que se faz.

O segundo grau de um colégio possui 3 anos, mas a maioria dos participantes dogrêmio só tem tempo para participar do grêmio um ano. O mais comum dos colégios é que aschapas para grêmios sejam formadas basicamente, ou em sua maioria, por alunos do 3º anocolegial, o que vem agravar ainda mais o nosso problema da ciclicidade. A experiênciaacumulada em um ano não passa para os outros, porque a maioria do pessoal forma. Já noperíodo de eleição, no início do outro ano, o grêmio está quase deserto. Muitos alunos dosanos mais novos se sentem um pouco intimidados com o terceiro ano, ou não se sentem tãopreparados ou maduros quanto eles. Muitos, mesmo quando entram no grêmio, se sentemmeio perdidos, meio inseguros para agir em alguma coisa e grande parte acaba largando já no

início, sem perceber que no começo é assim mesmo e que depois vai se pegando as manhas.Grêmios mais receptivos dão mais liberdade de chegada aos alunos mais inseguros.

Por algum motivo biológico, psicológico ou social, é no 3º ano que grande parte dosestudantes resolve entrar no grêmio. Parece que aos 17 ou 18 anos, aliado ao fato de serem osalunos mais velhos do colégio, bate uma vontade de participar de uma coisa maior, de não sededicar apenas ao estudo, ou talvez por uma necessidade de autoafirmação ou de fazeralguma coisa pelos outros e contribuir para o mundo. O fato é que isso parece ser uma coisanatural e que acontece em cada lugar do mundo onde as condições são parecidas.

Natural porque é o comum, mas não significa que é o certo. Um grêmio com umaexperiência de 3 anos seria muito mais forte, erraria muito menos em coisas bobas. Um dosmeios de corrigir isso é fazer uma campanha intensiva com os alunos mais novos na formaçãode chapas e depois, durante a gestão.

É comum também que alguns alunos queiram se juntar ao grêmio durante o ano.Espera-se que nenhuma gestão seja boba o suficiente para restringir o grêmio aos alunos quetomaram posse na eleição. Alguns falam que é uma forma de trapaça com os alunos, pois elesvotaram em alguns e outros estão participando, só que o objetivo de um grêmio é que todomundo esteja participando mesmo. Aí alguém pergunta: “Então, para que serve eleição?”Uma eleição de grêmio, do contrário do que se pensa à primeira vista, serviria mais paradefinir quais são os objetivos que os estudantes querem, qual a linha que o grêmio devetrilhar. Sob essa nova maneira de encarar as eleições de grêmio, um plano de ação (e não umgrupo de alunos) é que seria eleito e todos os alunos que quiserem segui-lo podem então

entrar para o grêmio e representar a entidade. Corretíssimo, e deveria ser quase obrigatório, éa chapa vencedora abrir o grêmio para que todas as chapas que perderam possam se juntar.Chapas que possuem essa proposta durante as eleições também costumam ganhar muitosvotos, pois é uma decisão sensata. Outras chapas se recusam a aceitar certos alunos ou chapasdizendo que eles não são a favor da linha proposta pela chapa e iriam desvirtuar omovimento. A exclusão é sempre pior, ainda mais que se criam duas oposições que ficarãobrigando entre si (o que desperdiça as ações que deveriam estar voltadas para outrosproblemas) e na eleição do outro ano a chapa que perdeu tentará se reeleger deixando a outrana oposição e cria-se mais um ciclo, de intrigas e desgastes desnecessários.

Além disso, as eleições são um importante momento onde todos os alunos passam apensar mais no grêmio. É também uma hora de renovação, quando muitas pessoas resolvem

se candidatar e posteriormente atuar no grêmio.

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Eleições costumam ser um período crucial, quando mudanças que já estavam seconfigurando no colégio e nos alunos sobem a tona e podem mudar de uma vez as linhas queeram adotadas pelos grêmios anteriores. E isso pode ser tanto para o bem quanto para o mal.O marketing pode eleger não a melhor chapa, mas a que fala o que o aluno quer ouvir, assimcomo acontece nas eleições da política de nosso país. Um grêmio que só quer fazer festas e

diz que não vai mexer nessas coisas podres de política, hoje em dia, consegue a simpatia demuitos estudantes, porque se adequa à mentalidade comum, mesmo que ela seja fruto de umamanipulação profunda do sistema. Muitas diretorias também ajudam essa ou aquela chapaque se encaixa melhor em seus interesses, e isso pode ser um problema quando os interessesdos alunos batem contra os interesses da direção da escola.

Para contextualizar melhor esse embate entre alunos e diretorias de colégios, é precisover um pouquinho da história da educação e dos fatores que com ela interagem:

A educação está passando por um momento de transição no mundo. Aliás, é difícilachar alguma coisa que não esteja mudando. Com a consolidação do capitalismo comocorrente política hegemônica mundial e dentro dele a supremacia da corrente neoliberal (àqual o Brasil vem se dirigindo sob o governo de Fernando Henrique) exerce-se grande

influência nas relações não só econômicas, mas principalmente sociais, alterando o papel doindivíduo na sociedade, os seus objetivos de vida e a sua percepção do mundo em si.

Tudo, em decorrência disso, é e caminha cada vez mais para um grandeindividualismo e egoísmo. Em uma sociedade fundada na competição, alguns sobem ao podere não pensam, em nenhuma hipótese, em dispensar o que têm por uma melhoria geral. Enunca eles tiveram tanta tecnologia para se manter lá em cima.

A educação seria uma forma de estabelecer uma igualdade entre todos. Pelo menosuma igualdade de oportunidade, e a partir daí cada um seguiria por merecimento próprio. Masnão é interesse de quem manda que isso ocorra.

Assim se arquiteta um sistema de educação que é apenas para manter o “Status Quo”,a ordem vigente. As poucas chances que os pobres tinham vão sendo podadas. As escolasparticulares mantêm a classe média e alta enquanto a escola pública é sucateada para que osmais pobres não ascendam socialmente e compitam com os filhos dos ricos. E a subordinaçãoda educação a essa mentalidade de egoísmo e ambição acolhe como objetivo principal odinheiro, ao qual tudo na sociedade passa a girar e a se guiar.

Deveríamos lutar contra isso, mas como eu disse, o individualismo prevalece. Paraquê lutar pelos outros se eu posso ganhar mais dinheiro se investir esse tempo em mim?

As empresas ganham cada vez mais poder e não existe mais ética, apenas se tenta sedar melhor, ser mais rico. A própria escola passa a agir como empresa, se assemelhando aelas em suas ações e objetivos.

Além disso, tanto o governo quanto a escola e a própria sociedade, todos os três já

dominados pela mentalidade egoísta-capitalista, definem os novos rumos do conteúdoeducacional que será oferecido aos alunos. A educação não busca mais uma consciênciacrítica dos alunos, nem uma preparação para a sua vida adulta, de tanto que se perdeu em seupróprio sistema. Tanto que, depois que sair do colégio, praticamente tudo que foi aprendido éesquecido pela pessoa, porque é inútil em sua vida. Quando há uma real capacitação do aluno,ela costuma vir ausente de conteúdo ético, e esse “poder” que é dado ao estudante facilmenteé usado para fins nefastos e egoístas, como manipulação e exploração de outras pessoas, aoinvés de utilizar seu conhecimento para ajudar o mundo.

Como a nova geração poderá melhorar a humanidade se está sendo ensinada a cometeros mesmos erros das gerações anteriores? Um movimento social de verdade deve batalharacima de tudo para mudar uma mentalidade social, em vez de mudar quem está por cima ou

por baixo e continuar a mesma prática de dominação e exploração.

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- Ensino PrivadoAs escolas particulares, por terem um dono e estrutura semelhante às empresas,

têm como objetivo o lucro. Algumas vão com muita ‘sede ao pote’ e exageram nasmensalidades, não oferecendo um ensino adequado.

Além disso, existe a famosa “Fórmula da Felicidade”: Os pais querem que os

alunos tirem notas altas no boletim e a direção quer que os pais continuem pagando.Então ela faz provas facílimas para os alunos, para as quais eles nem precisam estudar.Com as notas altas de seus filhos, os pais continuam felizes pagando as mensalidades,a direção fica feliz por estar recebendo dinheiro e o aluno fica feliz porque não precisaestudar. Todo mundo fica feliz, mas a educação vai por água abaixo.

Existem também os colégios “PPP” (Papai pagou, passou), para onde os alunosque vão tomar bomba se transferem no final do ano. Esses colégios, mediante umasoma em dinheiro, dão o diploma de conclusão do ano para o aluno, que então podevoltar para o seu colégio anterior no início do próximo ano. Essas práticas antiéticasde educação prejudicam o próprio estudante, que no final sempre termina semaprender o que precisava.

Um grêmio estudantil consciente teria que alertar os alunos para os problemasda escola, por sinal, reflexos do capitalismo. Então, haveria um embate. De um lado,alunos com consciência política e um pouco de bom senso. De um outro, a Diretoria,pregando que o colégio é bom e não é caro, lógico que usando de sua bem aparelhadamáquina administrativa. Vale lembrar ainda que, nesse tipo de instituição, professorese funcionários são meio que impedidos de ser contra a Diretoria, que é chefe, senão,rua mesmo. Da mesma forma que é muito fácil expulsar certos alunos “problema”. 

Ao invés de fazer um movimento que bata de frente com a direção, em relaçãoaos muitos problemas da educação particular, talvez seja mais eficaz investir namudança de mentalidade capitalista, que normalmente já está profundamenteenraizada nos alunos, pais e funcionários da escola. Projetos que estimulem valorescomo solidariedade e combatam o individualismo, egoísmo e ambição típicos docapitalismo são bons para isso, tais como trabalho voluntário, doações, projetosecológicos e atividades de integração com os alunos. Para problemas em que é precisoencarar a diretoria de frente, é uma boa estratégia usar a Associação de Pais docolégio, se houver. Caso não haja, é um bom projeto puxar a sua formação.

- Ensino PúblicoA princípio, instituições idôneas, bem administradas por governos que querem

o bem comum (Há! Há! Há! Há! Há!).O que se observa no Brasil é um verdadeiro sucateamento do Ensino Público.

As verbas são cada vez menores, não há material nem professores em quantidade equalidade suficientes. Tudo porque é interessante para quem domina que o povo sejaburro e continue elegendo essa gente.

E dar diploma a rodo rende prêmio da UNICEF. Esse é o caso da EscolaPlural, que foi adotada na rede municipal e que, por não poder reprovar o aluno, nãotem como cobrar dele que aprenda a matéria. O resultado são alunos com diploma de2º grau que mal sabem escrever. Para impelir a implantação do sistema plural nasescolas, a prefeitura oferece uma verba a mais para as escolas que a adotarem. Tem-semuito medo de esse sistema ser adotado nas escolas estaduais (o que já está paraacontecer) e, logo depois, nas federais.

Como se não bastasse, algumas escolas têm seus diretores nomeados pelos

governantes. Estes, que deveriam ir à secretaria de Educação ou ao Ministério buscar

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o bem da escola passam a ser apenas fantoches dos governantes. Isso em troca debenefícios e promessas de maiores cargos.

Assim, alunos que sejam cientes de que não há verbas para a escola ou mesmoque esta não é bem vista pelo governo, não são só inimigos desta, mas também dadiretoria do colégio. Tornam-se vítimas de perseguição na escola e, se são poucos, a

naba entra mesmo.Em ambos os casos, a diretoria faz propaganda do colégio para os alunos e

consegue iludir grande parte. É meio injusto, os estudantes precisam estudar e aindalutar pelos seus direitos, mas a direção da escola pode contratar pessoas para ficarem otempo todo ferrando os alunos do grêmio...

Comentário: hoje em dia não é tão fácil para o estudante perceber todo esseesquema de manipulação, porque o inimigo não ‘põe a cara’. No tempo da ditadura,havia um inimigo exposto e a luta era clara. Hoje, com a chamada “ditadura sutil”,para alguém lutar contra o sistema é mais difícil e mais complicado ainda é convencero colega que se senta ao seu lado que o mundo não é tão perfeito como a imagem quevendem dele.

- Educação TécnicaA educação profissionalizante capacita o estudante a um serviço específico,

normalmente dentro da área industrial. No capitalismo, quem realmente manda cadavez mais são as empresas. E se elas acham que a educação técnica pode dar a elasmais lucro, elas resolvem mandar nela a partir de então, financiando-a, desde que essaeducação obedeça as suas condições e interesses.

O estudante técnico passa então a ter cada vez menos conhecimento teórico desua área e menos consciência crítica, se tornando um “apertador de parafuso”, umamão de obra barata que só repete e nem entende direito o que está fazendo. Se aempresa muda o seu sistema de produção por um mais moderno, então o ex-estudantenão tem mais onde se empregar. Em alguns lugares do país, esse poder das empresas

 já está tão explícito que os cursos se chamam Ford-I, Ford-II, Ford-III, etc... Deobjetivo público, a educação passa a atender objetivos privados.

Os colégios secundários técnicos e universitários federais foram por muitotempo um reduto de educação pública de qualidade, onde os alunos de escolaspúblicas brigavam para passar em um apertado exame de seleção para poder usufruirdessa educação.

Então o Governo Federal lançou a Reforma da Educação, para corrigir umafalha que era imperdoável: os pobres estavam entrando nas universidades, e através do2º grau dos colégios técnicos. Com a Reforma, os colégios não produziriam mais

conhecimento, só trabalhadores. São planos dessa reforma:  Diminuir o ensino teórico e aumentar a prática “burra” nos cursos técnicos.   Aumentar o financiamento e o gerenciamento do currículo dos cursos pelas

empresas privadas.  Sucatear e, posteriormente, extinguir o ensino médio das instituições federais,

seja reduzindo a qualidade, o número de vagas ou não repondo os professores queforem se aposentando (ou então os substituindo por professores contratadostemporariamente, em condições trabalhistas bem piores).

Essa reforma se apóia na LDB, Lei de Diretrizes e Bases, aprovada pelogoverno, e só não foi totalmente implementada ainda devido à luta organizada dosprofessores, funcionários e estudantes contra essas mudanças. Hoje a qualidade do

ensino federal já caiu dramaticamente, mas o alto nível dos alunos, devido à prova deseleção, ainda segura o nível dos colégios.

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Organização Administrativa:

Nesse tópico trataremos das diversas formas de organização dentro de um grêmio,abrangendo funções, estruturas de poder, comunicação entre os membros, reuniões einfraestrutura. É essa organização que possibilitará uma coesão e harmonia entre os membros,

potencializando da melhor forma possível a ação do grêmio.Existem várias formas de organização para entidades estudantis, e estudaremos

algumas, pois cada uma adequa-se melhor a um ou outro caso. O que é bom citar é quenenhuma estrutura é impassível de alterações durante uma gestão, já que os grêmios sofremtransformações. Pelo contrário, elas devem ser flexíveis para que não se impeça o trabalho dealguém por causa de ‘burocracia’. 

- 1ª Forma – PresidencialistaEmbora não seja o modo mais recomendado de gerir um grêmio, é o mais encontrado.

Tem em seu centro a figura do Presidente do Grêmio, rodeado pela Diretoria Executiva(tesoureiro, secretário, etc.).

Demasiadamente centralizadora, a estrutura presidencialista depende demais do Sr.Manda-Chuva, ficando todo o Grêmio, bem como os demais alunos, à mercê de sua boa-vontade. Recomendada apenas para casos em que falta iniciativa, sendo necessário quehaja alguém para designar as tarefas.

- 2ª Forma - LiberalOcorre geralmente onde o presidencialismo sofreu um grande desgaste. Nesse grêmio,

cada um faz o que pensa, sem uma avaliação de atitudes.É interessante observar que uma chapa vence por propor ideias e coisas a fazer.

Empossada, passa a fazer isso, mas cada um vê uma forma de fazer. Quando esse

desencontro é exagerado, e as reuniões não conseguem chegar a um consenso, há aestrutura liberal, cada um faz força para um lado e o barco não anda. Sem falar que causadivisões no Grêmio.

- 3ª Forma - ColegiadaUma espécie de meio termo entre as duas primeiras. Não há uma figura central, mas

há uma coalizão de atitudes. Emprega-se o que for escolhido pela maioria. Nota-se que ogrêmio não deve perder o seu caráter voluntário, então ninguém é obrigado a participar dealgo que não queira, mas o bom senso prevalece e normalmente as pessoas concordam emagir pelo conjunto.

Recomendada para entidades compostas por estruturas heterogêneas, onde há muita

discussão. Nas reuniões, os assuntos são discutidos e votadas as propostas.Torna-se frágil quando um determinado grupo com segundas intenções consegue ter amaioria nas reuniões, desvirtuando o Grêmio de seus objetivos.

- 4ª Forma - ComissionalNeste tipo de estrutura os integrantes dividem-se por áreas de atuação (política,

organização de eventos, jornal...). Cada área fica responsável pela execução dosrespectivos projetos, de acordo com o gosto pessoal de cada integrante.

Se mal sedimentados, os grupos ficam sem interação entre si e quando uma comissãoprecisar de ajuda de outras pessoas, as pessoas das outras comissões podem não ajudar.Isso causa uma segmentação muito ruim no grêmio.

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Podem aparecer junto a qualquer uma das outras três formas administrativas, e valelembrar que as comissões são referências, não ficando as pessoas presas a suas áreas.Todos podem atuar em qualquer projeto, se necessário.

Fundação de um Grêmio

Este tópico destina-se a ajudar as pessoas que pretendem criar um Grêmio em umaescola, com alguns passos importantes e detalhes que não podem ser esquecidos.

Geralmente a criação de um Grêmio se dá por insatisfação dos alunos com algumasituação em específico, por exemplo, o fechamento do Centro de Esportes do colégio. Nocaso exemplificado, os alunos se organizariam com o fim de manter o Centro de Esportes, eesta mobilização poderia originar um Grêmio Estudantil que, certamente, tornaria a luta maisforte.

Neste caso é importante ter cuidado, pois a diretoria da escola pode ver esta iniciativacom maus olhos e arrumar meios de impedir a criação do Grêmio. Pode usar de artifícioscomo, por exemplo, colocar os pais contra a Comissão Pró-Grêmio através da APM

(Associação de Pais e Mestres). Ou então pode querer 'adotar' o Grêmio, transformando-o emum órgão dependente da Diretoria, um Grêmio Sandy e Júnior.

Outro caso relevante é a retomada de funcionamento de Grêmios em escolas. Issoocorreu em muitos lugares após o fim do regime militar, em que os Grêmios eram fechados.Acontece também em escolas que possuem uma diretoria antidemocrática ao extremo, queimpediu o funcionamento do Grêmio, forçando uma 're-fundação'.

Independente do motivo pelo qual se pretende fundar um Grêmio, são necessáriasalgumas providências, dentre as quais: fazer um abaixo assinado para provar que os alunosestão mesmo interessados em fundar o Grêmio, e convocar uma reunião (de preferência umaAssembleia dos Alunos, senão uma reunião de representantes de turma) para criar a ComissãoPró-Grêmio. Esta Comissão terá a função de elaborar uma proposta de Estatuto para oGrêmio (há um modelo de Estatuto em anexo) e convocar a Assembleia de Fundação.

Nela, será apresentada a proposta de Estatuto aos alunos, que podem fazer sugestões eirão votá-lo. Devem ainda ser decididas as questões relativas ao período transitório - enquantonão há Diretoria de Grêmio eleita - como, por exemplo, a escolha da Comissão Eleitoral doGrêmio e um esboço de Calendário Eleitoral. É importante sejam feitas atas oficiais,assinadas pelos presentes, tanto na assembleia de criação da Comissão Pró-Grêmio quanto naAssembleia de Fundação.

Uma coisa importante é saber que existe a lei que regulamenta a existência deGrêmios Estudantis. Ela diz que eles não dependem de autorização da escola para funcionar egarante que a escola deve ceder o espaço para o Grêmio. Diz ainda que o Grêmio deve ser

independente da diretoria da Escola, bem como de qualquer outro poder.No caso da fundação de um Grêmio, é necessário um cuidado especial com asEntidades Estudantis. Elas costumam se aproveitar de estudantes inexperientes com omovimento para poderem controlar o Grêmio em função de interesses próprios nem sempreidôneos.

Vale lembrar que para se conseguir o registro do Grêmio em cartório é importantelevar a ata da Assembleia de Fundação e o estatuto aprovado, bem como a ata de posse daprimeira Diretoria do Grêmio.

Comunicação interna do Grêmio:

É uma das questões que sempre pegam no Grêmio, pois se não se está conseguindoconversar internamente para se tirar quais as atividades que irão ser feitas, provavelmente não

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chegará quase nenhuma proposta aos alunos. Sabendo disso, uma boa comunicação internaentre os integrantes do grêmio e as pessoas que nele circulam permite, com certeza, umamelhor representatividade da entidade. Quando se está afinado com as causas do Grêmio,todos os integrantes geralmente se mantêm informados, não esperando que as reuniões eoutros encontros informem o que está acontecendo.

Encontros periódicos com todo o grupo do Grêmio permitem que as pessoas seposicionem diante dos fatos e avaliem o movimento que está sendo feito, além de ser ummomento onde todos estão juntos (é o grupo por uma causa comum, e isso é uma grandefonte de motivação). Esse entrosamento interno é muito importante, caso o contrário, nasreuniões com os representantes de turma ou outros indivíduos, podem sair brigas entre ospróprios participantes do grêmio, o que desgasta quem está assistindo e passa uma imagemruim da entidade. Também é necessário que os integrantes se mantenham informados para ocaso de algum aluno ou qualquer indivíduo ou entidade chegar ao Grêmio para pedirinformações sobre algo, principalmente se for a posição do grêmio sobre determinadoassunto. É possível (e natural) ter divergências, mas não desgastar o movimento.

Meios para comunicação interna

Achamos importante, por exemplo, existir um mural, bem simples, dentro do grêmio, já quevárias pessoas passam no grêmio e nem sempre existe alguém para atender telefones, deixarrecados ou dar informações. O uso do mural interno tem se mostrado muito eficiente, já queas reuniões, as decisões, os projetos em andamento e os recados têm sido pregados no mural eisso mantém os interessados informados das decisões do Grêmio. Além disso, através dessesrecados muitos estudantes novos entraram para o grêmio, por se interessar pelos assuntos queestavam ali pregados.

Outras estratégias de comunicação interna seriam:-  Caderno de ata de reuniões, onde são anotados, sucintamente, os assuntos

debatidos em cada reunião e as decisões que foram tomadas, sendo bompara ser consultado por quem não pode estar presente, ou para se certificarda posição do grêmio sobre um assunto.

-  Arquivo com os nos de telefone, e-mail e endereço de cada participante,para comunicação em caso de urgência.

Reuniões internas

O grêmio precisa ter pelo menos uma reunião geral semanal, em dia e horário fixos, deoutra forma é muito difícil manter um movimento estudantil coeso. A duração da reunião

pode variar, possuir uma duração fixa ou ser definida no início de cada encontro (aconcentração mental sempre vai diminuindo ao longo da reunião, além do que muita gentepode ter horário de ir embora). Alguém deve ficar responsável de anotar os pontosimportantes da reunião (como assuntos, decisões e argumentos), para um balanço e umaconclusão ao final. De preferência, as reuniões devem ser abertas a quem quiser participar,com direito de voz e voto (caso seja estudante, ou se participar do grêmio mesmo assim).

Além das reuniões semanais, reuniões extras devem ser marcadas sempre quenecessário, e principalmente em relação a assuntos de urgência. Quando apenas algunsintegrantes do grêmio estão envolvidos em um projeto, também é bom que marquem reuniõesseparadas para discutir o projeto que lhes diz respeito.

Existem diferentes tipos de reunião, mas todas costumam ter em comum um ou mais

assuntos para serem discutidos e sobre os quais é necessário tomar decisões e planejar a açãodo grêmio até a próxima reunião. No princípio, enquanto as pessoas ainda estão chegando,

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escolhe-se alguém para ir anotando o que for importante ao longo da reunião, e começa-se atirar os temas a serem discutidos e a ordem em que serão abordados. É comum começar areunião com informes dos diferentes integrantes sobre fatos relevantes ao grêmio e sobre oque foi feito no grêmio desde a última reunião.

Existem reuniões diretas, onde as pessoas levantam as mãos para falar ou, em caso de

necessidade, cortam a fala de alguém para fazer comentários. Quando essas reuniõesenvolvem muita gente e começam a ficar bagunçadas, é comum decidir que quem quiser falardeve colocar o nome em um papel e esperar a sua vez. É aí que mora o perigo, muitasreuniões resultaram em fracasso quando se faz isso. Quando há pessoas de opiniões contrárias(principalmente se são de correntes ideológicas diferentes e não estão dispostas a abrir mãodelas ou a considerar a opinião do outro), é de praxe que comecem a se inscrever várias vezesna reunião para fazer discursos repetitivos que todo mundo está cansado de saber, e a reuniãosegue indefinidamente. Como normalmente o tempo é curto porque os estudantes têm suasoutras obrigações, acaba-se perdendo muito tempo por nada. Em situações como essa, deve-se fazer uma intervenção dura repreendendo os dois que estão discutindo para ver se criamvergonha na cara. Lembre-se que as reuniões têm como objetivo discutir e decidir algo, e

quebrar as normas combinadas sobre a reunião por um motivo nobre é muito justo.Outro problema comum é quando o tempo é curto e há muitas coisas para serem

decididas. Nesses casos o que não é prioridade precisa ser descartado, pelo menostemporariamente. Quando a reunião envolve uma ampla discussão sobre o contexto de umaação do grêmio, é preciso limitar o tempo da discussão para que a reunião não termine semque as decisões necessárias sejam tomadas. É melhor combinar uma ação com uma discussãorápida do que não combinar ação nenhuma; o grêmio é para ajudar os estudantes e não paraque meia dúzia de alunos fique tendo aula de sociologia. Cabe aos integrantes do grêmioconversar com quem gosta de falar muito e agir pouco, e infelizmente há muita gente assim,para que a pessoa entenda, mude seu comportamento e o grêmio funcione melhor.

No fim da reunião, deve-se rever todas as decisões tomadas e planejar o que cadapessoa vai fazer até a próxima reunião. Cada pessoa deve assumir seus compromissos porvontade própria, mas deve ser cobrado que quem assumir algo deve fazer mesmo, senão asreuniões acabam sem sentido. Algumas pessoas gostam de terminar reuniões estressantesindo para barzinhos ou fazendo alguma atividade em conjunto para relaxar.

Comunicação externa

A comunicação do grêmio com os estudantes é importante tanto no sentido de mantê-los informados de coisas de seu interesse, quanto para saber as suas opiniões, quanto para quecontinuem lembrando que existe um grêmio onde se pode lutar pelos seus interesses. Existem

vários meios, como: mural externo, jornalzinho, jornal-mural, faixas, cartazes, etc.Sempre que for necessário uma comunicação e discussão com os estudantes, o grêmiodeve fazer uso das reuniões do Conselho de Representantes de Turma (CRT) e dasAssembleias Gerais.

As reuniões de CRT são boas para recolher opinião dos alunos e discutir certos temas.Também são muito úteis para passar uma comunicação a todos os alunos, pois cadarepresentante pode passar o recado em sua respectiva sala. Para uma boa reunião é preciso:

-  Preparar o(s) tema(s) a ser(em) discutido(s), material impresso (talvez umresumo com os tópicos a serem discutidos), local e horário, para umareunião organizada. Uma reunião interna do grêmio é uma boa, para sepreparar para um CRT; é preciso de pessoas por dentro do assunto para

conduzir a reunião.

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-  Espalhar avisos em locais estratégicos do colégio ao menos 1 ou 2 diasantes.

-  Avisar em todas as salas um dia antes, ou ao menos chamar cadarepresentante de turma e, se for de extrema importância, também avisar nodia da reunião. (avisar em cada sala é muito cansativo, mas muito eficaz).

Comumente as reuniões de CRT são realizadas nos horários de intervalo (recreio) decada turno. É uma boa estratégia abrir a reunião para qualquer aluno que esteja interessado,para ampliar a discussão. Durante a reunião, deve-se fazer uma lista de presença, pois casotenha sido tirada uma atividade ou decisão, são essas pessoas presentes que fundamentam aação.

Já para se tomar uma decisão importante em nome de todos os alunos, é realizada aAssembleia Geral. Todos os alunos devem ser convocados, com cartazes, panfletos, passagemdentro das salas de aula, panfletagem e divulgação por aparelhagem sonora. O tema deve serdiscutido, os alunos devem ter direito de voz e a decisão é feita mediante votação. Deve-se

 passar uma lista de presença, como nos CRT’s. Em situações emergenciais em que uma informação precisa ser massivamente

divulgada, solta-se um panfleto, para que o maior número de pessoas seja atingido. Panfletosde meio papel ofício, imprimidos frente-e-verso, tem uma boa visualização e sãorelativamente mais baratos.

Desde a época da ditadura que os panfletos de grêmio, movimentos estudantis e políticos seguem uma “linha de abordagem motivacional” para com o leitor. Nesse tipo depanfleto é muito comum o uso de palavras de ordem (Fora FHC! Fora FMI! Fora Alca!), deslogans e jargões (‘Para um movimento combativo e atuante’, ‘contra o neoliberalismo’,‘companheiros’), de gerúndios (‘estar organizando, para estar conscientizando, para estarcombatendo’, tudo em seqüência na mesma frase ou em vários pontos do texto), além de umuso excessivo de ordens aos alunos acompanhadas de pontos de exclamação (Lute! Rebele-se! Diga não!). Parece que o grêmio está gritando com o aluno para que ele acorde, ou paraque ele obedeça sem pensar. E normalmente o mesmo estilo de expressão do panfletocostuma ser repetidos nos discursos públicos.

Se o sistema dominante se utiliza de slogans e jingles (musicas de comercial ecampanha política) para manipular as pessoas, o grêmio não precisa seguir o mesmo caminho.Algumas entidades já perceberam isso e têm melhorado os seus discursos e panfletos.Folhetos mais explicativos e menos apelativos, que, através de um papo mais cabeça,mostram argumentativamente ao leitor certo ponto de vista, tratando-o com muito maisrespeito. Então, se o leitor achar que esses argumentos são realmente válidos, ele passa aparticipar do movimento, e de uma forma muito mais consciente.

Para elaborar o texto, é mais eficaz que uma ou duas pessoas redijam para depois ser

apreciado e modificado pelo restante do grêmio, porque é difícil e vagaroso elaborar um bomtexto com muitas pessoas ao mesmo tempo.

Infraestrutura

A função do grêmio é executar uma ação, normalmente no meio estudantil, que podeser de diferentes naturezas. Mas sempre com o intuito de ajudar o mundo. A infraestrutura éimportantíssima para potencializar essa ação.

Um grêmio deve possuir uma estrutura básica, usualmente fornecida pela escola, e, senão possuir, é preciso batalhar por ela. É bom que o grêmio tenha:

-  Uma sala específica, de fácil acesso a todos os estudantes.

-  Um arquivo, para guardar documentos importantes, textos, projetos e outrospapéis. Esse arquivo deve estar sempre bem organizado e seu acesso deve ser

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limitado a integrantes do grêmio (pessoas que não participam do grêmio só devemter acesso a ele se alguém do grêmio estiver olhando). A divisão de pastas porassunto deve ser clara (política, comunicação, projetos administração, cultura,atas, etc) e deve ser respeitada.-  Cadeiras e mesas, para reuniões e uso cotidiano.

-  Um ou mais armários, para guardar o material do grêmio. É bom que haja umarmário trancado à chave para guardar objetos de maior valor. É comum deixaralgum armário ou espaço para os estudantes deixarem suas coisas, como umguarda-volume de objetos de pouco valor, mesmo que ninguém se responsabilizepor objetos extraviados.-  Telefone para se comunicar e, principalmente, para poder ser acessado porestudantes, pais, escola, instituições e comunidade externa.-  Material escolar, inclusive tinta e cartolina, para fazer cartazes. Esse materialescolar deve ser bem guardado, porque é muito fácil de ser perdido, ainda mais emuma comunidade de estudantes.-  Infraestrutura de informática (computador, impressora, internet, scanner), que

aumenta em muito o poder de ação e de prestação de serviços do grêmio.-  Xerox, para os estudantes e como forma de renda para o grêmio.-  Espaço reservado em um mural do colégio, para comunicação com osestudantes.-  Aparelhagem de som (principalmente microfone e caixas de som deslocáveis),para comunicação com os estudantes e para promover música nos intervalos. Umamesa de som também é importante.-  Uma máquina fotográfica e filme, imprescindível para registrar momentos deimportância coletiva (manifestações, festas, campeonatos, etc.), incentivandomobilizações futuras e registrando a história do grêmio.-  Estrutura de lazer para os estudantes, como TV, vídeo, videogame, mini-system, fitas, cd’s, lp’s, bolas, baralho, sinuca e outros. Alem de ser função de ogrêmio proporcionar entretenimento e qualidade de vida aos alunos, é um bommeio de atrair novas pessoas para o grêmio. Deve-se apenas tomar cuidado paraque os integrantes do grêmio não deixem de fazer o que devem para ficarbrincando. Na época da ditadura, as estruturas de lazer nos grêmio e organizaçõesestudantis universitárias foram incentivadas pelo governo, desviando os objetivosda organização estudantil, e não podemos cometer os mesmos erros.-  Mural interno do grêmio para comunicação interna.-  Carimbo oficial par autenticar documentos, cartazes e folhetos. (Isso deve ficarbem guardado)

A conservação e aparência do grêmio e de sua infraestrutura é importante para deixá-lo sempre convidativo aos estudantes. Além disso, convidados de externos “maisfresquinhos” que venham a ser convidados para participar de reuniões no grêmio costumamser meio chatos em relação ao cenário.

Por último, é preciso relembrar que o objetivo do grêmio é uma ação, e ainfraestrutura é apenas um meio de ajudá-la, e não a finalidade última da entidade. Muitosintegrantes de grêmios dão muita importância ao material (e isso tem sido muito vistoprincipalmente em relação a computadores e à estrutura de informática) e acabam ficando otempo todo por conta disso enquanto poderiam ser muito úteis em outras ocupações.

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Projetos

 Registro do Grêmio

 Exibições culturais

 Bandas

 Curta-metragens

 Animes

 Processos e Ações Judiciais

 Taxa de matrícula

 Coleta seletiva de lixo

 Jornal

 Jornal-mural

 Festas

 Computador

 Xerox Biblioteca

 Venda de uniformes

 Abaixo-assinados

 Rádio Comunitária

 Prestação de contas

 Representação estudantil

 Eventos culturais gratuitos

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Registro do Grêmio

É importantíssimo que o grêmio seja registrado, apesar da gigantesca burocracia quese enfrenta para fazer isso. Sem estar registrado judicialmente o grêmio não pode representaros alunos judicialmente e muitas instituições (inclusive a própria escola) podem não

reconhecer o grêmio como representante válido dos estudantes.O grêmio, como é uma entidade, deve ser registrado no cartório Ger Oliva da cidade.

São documentos exigidos para registra-lo: Estatuto aprovado em assembleia, ata de posse eata de fundação também aprovada em assembleia. A assistência de um advogado éimprescindível na obtenção destes documentos e em todo o processo de registro, pois umafalha pode fazer ter que começar tudo de novo. Como obter ajuda de um advogado serátratado no tema “Processos e Ações Judiciais”. 

Nota: Mesmo não podendo agir judicialmente, o grêmio é obrigado a responder judicialmente por seus atos.

Exibições Culturais

As exibições, além de serem entretenimento, devem servir como formadores decaráter e moral dos alunos. Filmes que agucem a consciência crítica, bandas e grupos dedança que não participem da mídia comum são bons exemplos. Exibições sempre têm boaaceitação dos alunos e do colégio. Sempre costuma haver integrantes do grêmio que gostammais de mexer nessa área, podendo ser uma boa ideia deixá-los por conta disso.

Bandas

Shows nos finais de aula ou na hora do almoço. É de bom hábito incentivar aapresentação de bandas dos próprios alunos, professores e funcionários. Deve-se evitar que oshow entre no horário de aulas, para evitar reclamações de professores e diretoria por causado barulho ou por prende os alunos. Variação de estilos de apresentação em apresentação éimportante para atingir os diversos grupos de estudantes.

Uma iniciativa que tem se mostrado proveitosa é a do “Violão e Voz”, nos intervalos efins de aula. É fornecido aparelhagem de som e violão e os alunos que sabem tocar ou cantarsobem para apresentar. É bem informal e as pessoas costumam gostar.

Curtas-metragens

Curtas-metragens são filmagens de curta duração, normalmente filmadas por

cinegrafistas independentes ou amadores. Atualmente estão fazendo sucesso pelos roteirosinteligentes e linguagens não convencionaisPor ser uma concepção diferente de fazer filme em relação aos convencionais que se

vê na praça, causa um estranhamento no início (e depois também). Como não se tem apretensão de produzir o curta para lotar salas de cinema e ganhar dinheiro, geralmente, asproduções são bastante diversificadas, criativas e críticas. Pra lotar cinemas, no geral, é sófalar o que o grande público supostamente anseia. No fim, os produtores só queriam vender enem se preocupam com o objetivo passado. O curta vai bem além desse objetivo.

Além da exibição no colégio, podem-se fazer oficinas relacionadas ao cinema(inclusive cinema amador).

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Animes

Animes são desenhos animados japoneses ou que seguem esse estilo, e criaram umacomunidade cultural espalhada pelo mundo inteiro. É preciso saber que existem animes devários estilos, desde os críticos ou introspectivos até os de violência gratuita, pornográficos e

infantis, portanto é bom selecionar bem o que se vai passar. Existem diversos clubes de fãs deanimes, normalmente intitulados clãs.

Processos e ações judiciais

É normal que entidades que lutam pelos interesses dos alunos acabem em alguma horase deparando com a justiça, ou por serem processados ou por que entrar com um processo é aúltima opção que restou, após diálogo e pressão.

Toda pessoa ou entidade tem direito à acessória de um advogado público(gratuitamente), para entrar com um processo. O problema é que esse advogado não costumaser especialista na área do direito aplicado à educação. Pode-se procurar um advogado

especializado no assunto no sindicato de professores, nas entidades estudantis, em partidospolíticos onde há militância estudantil O grêmio pode entrar com um processo pelo ministériopúblico. Ações ganhas no ministério público têm validade permanente, mas costumamdemorar vários anos tramitando de tribunal em tribunal até que um lado ganhe.

Uma alternativa mais rápida é o mandato de segurança. Assim que é dada a entrada noprocesso, o juiz precisa dar uma liminar em 48 horas, que é um parecer que deverá serobedecido até que o processo receba uma decisão final. O problema do mandato de segurançaé que ele só é válido para uma situação específica, e se essa situação ocorrer de novo algumtempo depois, ou com outras pessoas, é preciso entrar com outro mandato de segurança.

Se o grêmio não for registrado, é preciso reunir uma certa porcentagem do totalde estudantes do colégio para entrar com um processo em nome de todos os estudantes.Lembramos também que um grêmio não registrado continua obrigado a responder

 judicialmente por seus atos.

Taxa de matrícula

É dever dos governos municipais, estaduais e federais fornecer ao povo uma educaçãopública, gratuita e de qualidade. Infelizmente não é o que ocorre, mas é dever de cadaestudante, professor e cidadão do país lutar e exigir os seus direitos.

Por lei, nenhuma escola pública (incluindo as universidades), pode obrigar o estudantea pagar taxas, e muitos menos impedi-lo de estudar no estabelecimento no caso do não

pagamento. Mas o que se vê é que cada vez mais escolas estão cobrando taxas dos alunos,para atendimento médico, uso de biblioteca, para matrícula e também para sua renovação aolongo dos anos em que o aluno estuda.

O diálogo com o colégio é importante, porque, embora comumente não resolva, antesde se tomar uma decisão mais drástica é preciso haver tentado resolver por todos os outroscaminhos. Os alunos também podem pressionar o colégio através de assembleias, abaixo-assinados, passeatas e cartazes.

A técnica normal é a de combinar um boicote com os estudantes e, ao mesmo tempo,entrar com um processo na justiça. Entrar apenas com o processo é ruim porque não envolveos estudantes de forma participativa, pois é preciso lembrar ao aluno que ele deve lutar pelosseus direitos, além de que a justiça pode ser lenta e não dar para impedir a cobrança a tempo.

(Mandatos de segurança são bons porque a liminar é dada em 48 horas).

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Muitos colégios falam que o dinheiro da cobrança da taxa é usado na assistênciaestudantil, mas não é o aluno que deve dar assistência a ele mesmo, e sim o governo que develiberar a verba para tanto. Além disso, a maioria das escolas não presta conta do uso que fazdesse dinheiro, simplesmente porque boa parte é desviada no meio do caminho.

Coleta seletiva de lixo

Campanhas ecológicas são boas porque não encontram muita resistência das pessoas,e principalmente da direção da escola. É comum que participantes do grêmio que não gostamde se envolver em questões de enfrentamento se sintam mais à vontade para se envolvernesses projetos, e também é uma boa hora para chamar novos alunos para participar dogrêmio.

A coleta seletiva de lixo é uma das formas mais simples de ajudar o meio ambiente.Consiste em implantar lixeiras de coleta seletiva espalhadas pela escola, que terão o lixorecolhido pelos funcionários do colégio. Esse lixo deve ser colocado em um “container decoleta seletiva” (que é uma lixeira maior, feita especialmente para isso), de onde será

recolhido pela(s) empresa(s) de coleta seletiva. Existem várias entidades que fazem coletaseletiva de lixo. Pode-se também vender cada parte do lixo reciclado (papel, latas, plástico,vidro, matéria orgânica) para empresas especializadas.

Um jogo de lixeira de coleta seletiva (com uma para cada tipo de lixo) sai de 100 a500 reais nas lojas especializadas, enquanto o container sai por volta de 1000 reais. Existemlixeiras com alguns defeitos, como vazamento de chorume e disseminação do mosquito dadengue. Não costuma ser difícil conseguir financiamento (inclusive do colégio), paraimplantar a coleta. É bom que os containers fiquem próximos à saída ou à garagem docolégio, para que o caminhão de coleta seletiva possa descarregá-los de forma mais eficiente.Se os containers ficarem do lado de fora do colégio, mas ainda sim perto da portaria ougaragem, é melhor ainda, pois podem servir de LEV’s (Locais de Entrega Voluntária).

Jornal

O jornalzinho do Grêmio é uma prática comum em várias escolas, embora, devido aosproblemas básicos que todo grêmio enfrenta, o nº de edições não costume passar de 1 ou 2.

O ideal é que as matérias do jornal sejam feitas com a participação dos alunos, mas, amaioria das vezes, se os participantes do grêmio não botarem a mão na caneta e escreveremmuitas das reportagens, o jornal não sai. Mesmo assim, se for preciso, deve-se atrasar umpouco a edição do jornal para ele seja melhor elaborado. Entre as matérias do jornal podehaver notícias do cotidiano da escola, informes sobre eventos que aconteceram ou vão

acontecer no colégio, textos de opinião dos alunos, dicas de programação cultural da cidade,charges, poesias, além da comunicação do grêmio com os estudantes sobre o que ele estáfazendo e sobre como os estudantes podem ajudar.

É melhor que o jornal seja gratuito, através de patrocínios, de preferência se forem deentidades e associações de ideais parecidos com o do grêmio.

Jornal-Mural

Murais pelo colégio são uma ótima forma de estabelecer comunicação entre o grêmioe os alunos, embora na maioria dos colégios esse recurso esteja sendo subutilizado. É muitoútil o grêmio ter também um mural próprio, específico para o seu uso.

Um ótimo hábito é o jornal-mural, com um espaço reservado em que as matérias, deinteresse dos alunos, sejam renovadas de tempos em tempos. Um integrante do grêmio deve

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ficar responsável pelo jornal, selecionando as matérias, escrevendo e administrando o projeto.Pode-se e deve-se haver um intercâmbio de reportagens publicadas no jornal mural e no

 jornal impresso do grêmio.

Festas

Festas são muitos populares entre os estudantes e o entretenimento destes é tambémfunção do grêmio. Shows e outros tipos de festa são uma boa hora par renovar o caixa dogrêmio, além de tornar o grêmio mais popular entre os estudantes.

Para realizar este tipo de evento, é útil fazer parceria com alguma empresa promotorade eventos, que consegue com muito mais facilidade o material, os artistas e o que mais fornecessário, embora cobre uma fatia do lucro. Pode-se faze parcerias com as comissões deformatura dos últimos anos de colégio, oferecendo ingressos e o direito de montarbarraquinhas de comida e bebida no show, em troca da comissão se comprometer a venderum número X de ingressos. Também é preciso tomar cuidado para o evento não virar umafurada e dar prejuízo no caixa.

Embora possam não ser os mais populares, o grêmio deve sempre que possívelpreferir artistas de qualidade ideológica, com trabalhos que estimulem a consciência críticaem relação com nossa realidade, ao contrário de vários grupos comerciais que participamdessa massificação e alienação promovidas pela mídia. Bons critérios de seleção de bandassão um meio de unir o lazer com uma boa ação social.

Computador

Um computador é muito útil tanto par o uso interno do grêmio quanto para prestarserviço aos estudantes.

Internamente, serve como banco de dados de documentos e textos. O computadortambém é bom para elaborar textos em conjuntos devido à facilidade de apagar, alterar emover certos trechos, além de já ficarem prontos para imprimir, o que evita de alguém ter quelevar o texto escrito à mão para alguém digitar em casa. No caso do grêmio adquirir umaimpressora, a situação se torna melhor ainda. Um computador e uma impressora facilitam aemissão de documentos urgentes e a comunicação com os alunos através de folhetos afixadospelo colégio. O scanner também é uma ferramenta muito útil.

Se for possível a instalação de internet no computador, o grêmio pode se comunicarpor e-mail com outras entidades, adquirir informações até manter um site no ar.

Externamente, o grêmio pode ceder o uso do computador para os alunos fazerem seustrabalhos e, se houver impressora, imprimi-los. Impressoras matriciais ou que funcionam

alimentadas por fita são mais baratas para recarregar de tinta do que as a jato de tinta e laser,além de serem mais baratas. É preciso ter muito cuidado ao deixar que estudantes que nãopertençam ao grêmio utilizem o computador, para que arquivos do grêmio não sejamapagados e para que não estraguem o computador.

Existem também, no domínio da informática, muitos campos de ação de cunho social,como softwares abertos (ex: Linux), doações por um click (www.clickarvore.com.br, www.thehungersite.com, entre outros), ativismo hacker e difusão de informações pelainternet, e essas atitudes podem ser promovidas e/ou incentivadas pelo grêmio.

Xerox

Em vários lugares grêmios têm feito parcerias com empresas de xerox, para elasprestarem esse serviço aos alunos no espaço do grêmio. A empresa cede uma máquina e um

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empregado para permanecer tirando xerox e o grêmio recebe uma remuneração mensal fixaou uma porcentagem do lucro faturado. O grêmio também passa a ter direito a um número Xde cópias por mês.

Dentro de muitos colégios há o monopólio do xerox (além de outros, como o dacantina, refeitório, ou venda de uniforme). Essa situação acaba resultando em altos preços, e a

concorrência feita pelo grêmio pode abaixar esse preço, ajudando muito os alunos.É preciso, no entanto, manter a papelada do contrato com a empresa de xerox sempre

em dia, por prevenção para eventuais problemas.

Biblioteca do Grêmio

A grande dificuldade de fazer uma biblioteca, videoteca ou arquivo musical em umgrêmio é controlar a entrada e saída do material, para que não terminem vazias, devido acalotes. O material, que pode ser doado ou comprado, deve ficar trancado à chave e só deveser aberto pelo(s) indivíduo(s) que assumir(em) a responsabilidade pela administração.Identificação, telefone e endereço são fundamentais para contatar alunos que estiverem em

atraso. Multas por atraso em dinheiro devem ser simbólicas (na casa de centavos) e pode-seproibir o aluno de pegar empréstimos por algum tempo.

Normalmente os grêmios não possuem material para consulta dos estudantes e dospróprios integrantes do grêmio. Acontece geralmente que os integrantes do grêmio possuemlivros, fitas, etc, para seus usos próprios, mas não o deixam no grêmio, por razões diversas.

Seria interessante, então, criar uma biblioteca com os possíveis itens:  Livros

o  Relacionados ao movimento estudantilo  As condições sócio-econômicas do paíso  A situação da Educaçãoo 

Os movimentos sociais (ong’s, MST, movimento negro, índio, Greenpeace,etc...)  Cultura

o  Aspectos da cultura brasileirao  Movimentos artísticos, musicais, etc.

  Arteo  Arte produzida pelos próprios alunoso  Livros de arte

  Partituras/Cifras/LetrasÉ tradição em colégios que os estudantes toquem música no hall, pátio ou área

comum, e geralmente formem grupos nos intervalos, troca de horários ou mesmo no horário

de aula. Isso constitui uma forma de estar em grupo, principalmente hoje, onde se incentivaficar em grupo só para mostrar-se superior aos outros. Essas pequenas reuniões possibilitamdiscussões talvez impossíveis dentro das salas de aula. Dessa forma, poderia se incentivarpara que os alunos continuem tocando. Uma forma é oferecer cursos, por exemplo, de violão.Algo que também ajudaria seria a reunião em uma pasta com partituras e/ou cifras e letras.Isso aumentaria o contato dos alunos com o Grêmio e a freqüência, além de ser uma medidabem prática para aglutinar a gente. (Essa pasta ficaria para consulta no grêmio).

  Discos/Fitas/CD’s A música sempre aglutinou pessoas e isso não é diferente no grêmio. Comumente

pessoas vão ao grêmio para ouvir um disco e isso é uma boa forma de manter os alunos doque está acontecendo e aumentar a sua afinidade com a instituição. Lembrando sempre que amúsica e a arte em geral sempre contribuíram para as mudanças de atitude. O problema é

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conseguir uma forma de fazer as pessoas conservarem o acervo musical do grêmio sem deixarde usá-lo.

Venda de uniformes

O grêmio pode começar a vender o uniforme padrão do colégio, que é uma forma deganhar algum dinheiro para entidade. Mais importante que o lucro é o efeito da concorrênciacom outro(s) ponto(s) de venda, abaixando o preço para os estudantes. Principalmente quandoessa venda é monopolizada.

Quando o fabricante de camisa se recusa a fornecer o uniforme ao grêmio, pode-sepegar um uniforme e levar para outro fabricante, que facilmente copia o modelo de formaidêntica.

Abaixo-assinados

Quando o colégio ou outra instituição contesta que uma decisão do grêmio não condiz

com a opinião dos alunos, pode-se comprovar a visão do grêmio organizando-se um abaixoassinado, com nome, assinatura e R.G dos estudantes. Os abaixo-assinados devem ser sempreoficializados (por protocolo ou por recibo) para que o destinatário não alegue que não orecebeu. Não é preciso a assinatura de todos, pois uma grande quantidade já exerce umapressão considerável. Abaixo-assinados com reivindicações dos alunos à escola e/ou aogoverno também são bons. Apesar do poder desses documentos, geralmente não resolvemnenhum problema sozinhos, sem a mobilização e o acompanhamento dos interessados.

A adesão do grêmio abaixo-assinados de fatores externos aos estudantes, recolhendoassinaturas no colégio, é uma boa ação de cunho social. Hoje a população pode proporprojetos de lei se conseguir colher um número de assinaturas requisitado e a ajuda dosgrêmios faz diferença.

Rádio Comunitária

A radiofusão comunitária é um movimento que tem crescido no Brasil e no mundo eestá dando muita dor de cabeça nas empresas de mídia detentoras do monopólio dainformação. Por ser uma tecnologia acessível e relativamente barata, milhares de bairros eassociações já têm a sua própria rádio.

As vantagens das rádios locais de pequeno porte são várias, como valorização dacultura regional, divulgação de informações específicas, relevantes às comunidades do local,liberdade de expressão de ideias e divulgação para a população de coisas importantes que o

governo ou os donos das grandes emissoras não querem que se espalhe. Ao contrário, o atualsistema de mídia tem servido para massificar opiniões visando o lucro e não a formaçãocrítica.

As grandes empresas de telecomunicação estão fazendo de tudo para que a radiofusãocomunitária (e também as TV’s comunitárias) seja barrada a qualquer custo. Para isso elasexercem controle sobre o Ministério das Telecomunicações e usam de seu poder para atenderseus interesses. Atendendo a seus pedidos, foi decretada a lei das rádios comunitárias, nº9612, que contém:

-  Limitação para a potência das rádios comunitárias para no máximo 25 KW, para umraio de no máximo 3 km de sinal transmitido.

-  Obrigação de todas as rádios comunitárias de funcionar no mesmo sinal, 87,9 em BH,

além de proibir que exista mais de uma rádio comunitária dentro de cada área de 3quilômetros.

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-  Proibição de uma rádio comunitária de passar um programa que foi feito em outrarádio comunitária, ou de retransmitir o sinal de outra rádio.

-  Obrigação de retransmitir a Hora do Brasil e o Horário Político.-  Proibição de usar materiais de rádio que não sejam autorizados pela Anatel.-  Toda uma burocracia que torna quase impossível o registro legal de uma Rádio

Comunitária.Paralelamente a criação dessa lei, o governo criou o Projeto Alvorada, que é a sua versão

de rádio comunitária. Com dinheiro da ONU, concedeu rádios de pequeno porte para umnúmero gigantesco de políticos filiados aos seus partidos de direita. Essas milhares de rádios,que já estão espalhadas por todas as grandes cidades do Brasil, ficam fechadas durante todo otempo e abrem na época das eleições, funcionando como uma imensa rede de alto-falantesfazendo propaganda eleitoral para os partidos do governo. Na prática, o governo não tinhacomo fiscalizar as rádios e quando elas mandavam o pedido de autorização para o Ministériodas Telecomunicações o governo olhava o endereço e acionava a polícia para fechar a estaçãode rádio.

A constituição garante alguns direitos às rádios, mas a polícia só lembra-se deles se o

pessoal da rádio mostrar que sabe deles. Primeiro, algo que não tenha autorização do governonão é necessariamente ilegal, só se contrariar alguma lei ou causar dano a alguém (a rádiocomunitária não faz nada disso). Segundo, a polícia não pode apreender o material, só lacrar arádio, e precisa da decisão judicial, mas se o pessoal da rádio não se lembrar disso, eles levammesmo.

Como não há meios de fiscalização, o normal é montar a rádio e por ela funcionando, emum sinal que esteja vago, assim como todo mundo faz. Em várias escolas e universidades osestudantes já montaram suas rádios, algumas inclusive com caixas de som espalhadas pelassalas e corredores da instituição.

O equipamento básico para uma rádio é um microfone, um aparelho de som, umtransmissor de sinal e uma antena, e todos juntos cabem e numa mala grande. Outrosaparelhos dão uma qualidade melhor ao som e podem ser comprados com o tempo, como ogerador de estéreo e os eliminadores de ruído. Uma rádio nova sai de R$3.000,00 àR$5.0000,00, mas é muito comum haver rádios comunitárias inativas que vendem,emprestam e até doam o seu material. Colégios técnicos e universidades também podemconstruir ou aperfeiçoar seus equipamentos, pois a tecnologia é bem simples. Telefonescelulares e um computador com estrutura de som aumentam muito o poder de uma rádio,também.

Uma rádio comunitária deve ser sem fins lucrativos e pertencer à comunidade ondeespalha seu sinal, incluindo tanto os estudantes do colégio como professores, funcionários,diretoria e moradores do bairro. Ela costuma sobreviver de comerciais (na forma de apoio

cultural de pequenas lojas do local) e o trabalho nela normalmente é voluntário.A ABRAÇO (Associação Brasileira das Rádios Comunitárias) oferece assistência gratuitae é de fundamental importância para quem queira montar ou participar de uma rádiocomunitária. A ajuda pode ser na esfera burocrática, administrativa, cultural, jurídica e atématerial. Ela tem sido a entidade que mais protege as rádios comunitárias das grandesempresas e do governo. Atualmente ela precisa de pessoal, de preferência de árias deconhecimento específico (por exemplo: eletrônica e informática).

Para fundar uma rádio comunitária é preciso fazer uma Assembleia de Fundaçãoconvidando a comunidade e nela aprovar um estatuto geral. Toda entidade deve ser registradano cartório Ger Oliva da cidade.

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Prestação de Contas

Em uma situação ideal, uma boa escola deve ser transparente quanto à sua política emrelação aos alunos, e essa transparência também deve ser demonstrada em seu setorfinanceiro. Os alunos e pais têm direito de saber como está sendo aplicado o dinheiro

destinado à sua educação. A partir disso poderia então haver uma melhor discussão entrealunos, pais, professores e administração quanto à escola em si, com um ganho para todos,inclusive para uma maior consciência do processo educativo para pais e estudantes, quecostumam ficar alheios a ele.

Ao contrário, nós temos escolas que relutam em prestar suas contas. Partindo do princípio de que “quem não deve, não teme”, começa-se a desconfiar que as contas não sejamprestadas porque têm alguma coisa errada que não se quer que os alunos descubram. Todomundo sabe que a corrupção infelizmente é bem comum no Brasil, e em um setoradministrativo, normalmente bem burocrático, de uma escola não é difícil desviar uma grana.Quando esse dinheiro é desviado justamente pelas pessoas que controlam as contas, ou pelascabeças maiores da escola, aí é que não se quer mostrar as contas mesmo. A prestação de

contas se torna um bom tema de campanha para um grêmio exercer seu papel de ajudar osalunos. Como ajuda, a lei assegura que toda instituição pública deve prestar suas contas aqualquer cidadão, se solicitada. Pode-se entrar com uma ação judicial caso uma escolapública se negue a fazer isso.

Uma prestação de contas deve abranger os diversos setores do colégio, inclusivebiblioteca, refeitório, assistência estudantil médica e social, insumos de uniformes, xerox,cantina e obras. Também é preciso ficar atento a fraudes na prestação de contas, indo conferirem cada setor se os valores condizem com a realidade. Oficialmente, a prestação de contasdeve ser prestada por um contador profissional credenciado, e é bom que o grêmio tambémcontrate um, para avaliar de forma segura as contas.

Representação Estudantil

A participação dos estudantes no que condiz ao seu processo educacional é importantepara um planejamento melhor da escola e para o crescimento dos alunos que passam aaprender com as novas responsabilidades. Nos dias de hoje, é muito comum os funcionários,mesmo os administrativos, e mesmo professores, se preocuparem não com os alunos e com aeducação, mas só em receber o seu salário no fim do mês, e os alunos, em situações comoessas, precisam ter poder de voz para impor seus pontos de vista e suas reivindicações.

Essa participação deve se dar tanto no planejamento cotidiano (calendário, data deprovas, atividades extracurriculares), quanto nos mais profundos, como elaboração de regras

disciplinares, reformas de infraestrutura e política externa. Essa representação costuma ser naforma de uma fração das vagas dos conselhos escolares (dos professores, de ensino, dediretores e quantas mais houver), reservada para os alunos, mediante indicação do grêmio ouvotação entre os estudantes (forma mais ética e que envolve mais os estudantes na questão darepresentatividade, embora seja mais trabalhoso). Deve ser informado aos alunos, por meio depassagem em sala e/ou panfletos nos murais, quais são os seus representantes e os seussuplentes nos conselhos e para que serve cada conselho.

Uma jogada de baixo nível por parte da escola é conceder representatividade para osestudantes e não chamá-los para as reuniões. Outra baixeza é pedir o telefone e endereço dosrepresentantes e depois ligar para seus pais dizendo que eles não estão estudando porqueficam o dia inteiro mexendo com o grêmio e com os movimentos de estudantes. Quando há

enfrentamento entre diretoria e estudantes, é sempre bom ficar atento.

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Eventos Culturais Gratuitos

Os meios de comunicação e cultura “alternativos” têm crescido muito em todo oBrasil, o que é muito bom como alternativa ao que nos é oferecido massivamente pela mídiapadrão. Essa forma de contracultura costuma apresentar como frutos trabalhos conscientes e

de excelente qualidade.Cada vez mais cresce o número de espetáculos e eventos culturais gratuitos,

financiados por apoios culturais, pelo incentivo cultural do governo ou feitos sem finslucrativos mesmo. Essa forma de oferecer cultura ajuda a quebrar com a visão capitalista depagar por tudo e ainda é uma grande chance para quem não tem dinheiro para pagarespetáculos similares.

Esses eventos costumam se concentrar em Centros Culturais dos bairros, além deocorrerem em praças e espaços públicos. Infelizmente, por serem gratuitos, não há apossibilidade de uma divulgação do evento para a população. A forma encontrada é a decolocar os poucos panfletos rodados em outros centros-culturais. O resultado é que só quemvai a um evento gratuito é que fica sabendo do próximo, pois a divulgação praticamente só

ocorre nesse momento. Acaba que quem vai aos espetáculos gratuitos é sempre um mesmogrupinho de pessoas, porque são as únicas a saber.

É interessante para o Grêmio divulgar esses eventos para os alunos, possibilitando quetenham acesso à cultura e também que possam espalhar a divulgação para outras pessoas.Calendários de eventos culturais gratuitos da cidade podem ser feitos pelo grêmio e pregadosnos murais, além de serem incluídos nas edições do jornalzinho do grêmio.

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Propostas para o problema levantado

Para concluir nossa obra, é preciso voltar ao problema inicial e pensar se, apósdiscorrer sobre todos estes assuntos ao longo deste livro, é possível chegar a algumasconclusões e propostas que nos ajudem a resolver nossa questão. Com certeza não é possívelacabar com os problemas cíclicos nos grêmios estudantis, pois a ciclicidade é natural doscolégios (sempre vai haver gente saindo e entrando). Porém talvez seja possível diminuirestes problemas ao máximo, de modo que haja uma transmissão mais eficaz das experiênciasvividas em uma gestão para os que vão iniciar a nova.

Este próprio livro é uma das propostas para se fazer isso, visto que ele não faz mais doque disseminar experiências vividas pelos seus autores em meio ao movimento estudantil. Aoler este material, esperamos que os leitores possam refletir e chegar às suas própriasconclusões que devem ajudá-lo em sua vivência no movimento estudantil. A tempo, nada doque foi escrito deve ser encarado como verdade absoluta, que não possa ser contestada. É adiscussão que deve existir sim e que sempre leva a um crescimento.

Mas vamos nos voltar agora a propostas e atitudes que podem ser tomadas em relaçãoà atitude e projetos do grêmio. Muitas gestões reclamam que a culpa de não haver saído tudocomo o esperado não é delas, mas dos alunos da escola que deviam participar maisativamente do grêmio. Ocorre que os alunos, envolvidos em seus estudos e atividadesparalelas, muitas vezes nem chegam a pensar em participar do grêmio, não porque discordamdele, mas porque, envolvidos em suas atividades cotidianas, não tem nenhum estímulo pararefletir se entram ou não no movimento estudantil. Atitudes simples de um grêmio, comocolocar panfletos nos murais lembrando os alunos de que o grêmio está aberto para todos quequiserem participar, e enfatizando a importância de fazer algo pelo coletivo e mostrando queno grêmio se aprende muita coisa e não apenas na sala de aula, além de reafirmar o convite acada evento musical e/ou cultural, já são um estímulo para fazer os alunos pensarem no

assunto.No tópico  Estudo Psicológico, Ideológico e Histórico foram discutidas algumasideias. Recapitulando:

-  Incentivando os alunos mais novos a participar dos grêmios, para que jápossam ir aprendendo e acumulando experiência.

-  Realizando as reuniões do grêmio em horário conhecido por todos osalunos. Essas reuniões devem ser abertas a todos os alunos, com direito de voz e voto.

-  Passar para os alunos uma ideia amigável de grêmio, no qual eles se sintamà vontade para participar. É preciso tirar o estereótipo de “movimento estudantil de cara feia”(não só do movimento estudantil mas dos movimentos de oposição como um todo). Épossível se indignar e agir contra a situação sem precisar ser agressivo, principalmente para

com os estudantes.-  No período das eleições, procurar não criar um clima ruim entre os

integrantes das diversas chapas. Por causa de briguinhas e trocas de acusações na época daseleições é que muita gente capaz deixa de participar do grêmio por causa de rixas com achapa que ganhou. Excluir estudantes que poderiam estar agindo e adquirindo experiênciapara os próximos anos só agrava o nosso problema.

Uma questão mais profunda que vem sendo percebida é a da relação que os alunostêm para com o grêmio. Mesmo quando entendem a função de um grêmio estudantil e achamisso importante, o que se tem observado é uma concepção paternalista do grêmio, tanto porparte dos alunos quanto pelos próprios participantes da entidade. O grêmio é visto como umgrande paizão dos alunos, que vem lutar pelos seus direitos, mas os alunos não percebem quesão eles que devem lutar. Quando o colégio piora, é fácil falar: “A culpa é do grêmio, quedeveria ajudar os estudantes e não faz nada!”, mas o aluno que fala isso esquece que o grêmio

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é de todos os alunos e não só de uma diretoria, então se ele não está fazendo a sua parte, deveassumir a culpa por isso também. Mesmo nos grêmios muito ativos, é preciso ter cuidado paranão acostumar os alunos a ficarem só esperando o grêmio resolver os problemas. Antes demais nada, uma diretoria de grêmio tem a função é de organizar os estudantes para eleslutarem por seus próprios direitos.

Outra maneira de estimular a troca de experiências e opiniões no movimentoestudantil é promovendo o contato entre os vários grêmios. Infelizmente, as atuais entidadesestudantis regionais, como UNE, UBES, UMES, etc... não têm cumprido eficazmente o seupapel (aliás, faz muito tempo que se tornaram quase que unicamente vendedoras decarteirinhas que desviam o dinheiro para os partidos que as dirigem, principalmente o PC doB). Acaba que a iniciativa para que esses contatos ocorram deve partir dos própriosintegrantes do grêmio, e deve-se tomar cuidado para que os contatos não sejam perdidos ouesquecidos na troca de gestões. Greves são um bom momento para iniciar um intercâmbioentre grêmios, devido a um maior tempo livre.

Um modo de se fazer isso seria criando um site na internet, independente dasentidades estudantis regionais, onde pudesse se discutir sobre o movimento estudantil. Esse

site poderia conter um chat, um fórum de discussões, textos concernentes ao movimentoestudantil, notícias importantes para a área e várias outras funções que já são disponíveisgratuitamente na internet. Fica aí a ideia, para os leitores que se interessarem.

O momento mais crítico em um grêmio é na passagem de uma gestão para a próxima.É a hora em que muitos projetos são interrompidos por causa do fim da gestão e por causa doperíodo eleitoral. Outro agravante é que, se as eleições são no início do ano (o que é bom,porque envolve os calouros que estão entrando no colégio), provavelmente grande parte dosintegrantes (que já estavam no último ano) já formou, o que faz o grêmio ficar praticamenteabandonado. É extremamente importante que uma gestão, em seus últimos meses, prepare umhistórico sobre o que fez, um balanço sobre a gestão e um relato do andamento de cadaprojeto inacabado, para que a nova gestão possa dar continuidade ao que já foi feito. Se cadagestão tiver que começar os projetos do início e não termina-los, então realmente a eficáciados grêmios cai para muito pouco.

O objetivo deste livro é ser um empurrão inicial para um maior amadurecimento dosmovimentos sociais estudantis. A ideia é que cada grêmio leia e reflita sobre o que foiabordado, acrescente ou modifique o que achar necessário e repasse para quantos grêmios forpossível, preferivelmente os que ainda não receberam este material, para que essa ideia vácada vez mais longe.

Aos futuros movimentos, que as lembranças, (re)interpretações e a efervescênciacontinuem vivos como nunca. E que recebam os parabéns todos que já estão empenhados emcriar um mundo melhor. Boa batalha.