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grande incêndio em um depósito de tintas é maior que em uma indústria de proces- samento de papel; Forma do edifício. Um edifício térreo com grande área de piso, sem compartimenta- ção, pode representar um risco maior de incêndio do que um edifício com diversos andares, de mesma atividade, subdivididos em muitos compartimentos, que confinarão o incêndio; Condições de ventilação do ambiente; Propriedades térmicas dos materiais constituintes das paredes e do teto; Sistemas de segurança contra incêndio (de- tectores de fumaça, chuveiros automáticos, brigada contra incêndio, compartimentação adequada, etc). Como aumentar a resistência ao fogo das estruturas de aço? Estratégias de dimensionamento das estruturas e a incorporação de material de revestimento contra fogo são algumas das soluções mais empregadas para adicionar resistência ao fogo às estruturas de aço. A especificação do tratamento a ser utilizado deve visar sempre garantir a segurança de- sejada com o máximo de economia. A busca pela melhor solução deve começar pelo estudo da ABNT NBR 14432 “Exigências de resistência ao fogo de elementos cons- trutivos – Procedimento”, bem como pela leitura das Instruções Técnicas emitidas pelo Corpo de Bombeiros do estado onde a obra será construída. Tais diretrizes indicarão o grau de risco da edificação e se há necessidade de aplicar alguma solução especial para elevar a resistência ao fogo dos elementos estruturais. Um dado importante é o TRRF (tempo requerido de Ainda que os incêndios sejam condições excepcionais que mereçam ser sempre evitadas, para a segurança das pessoas, é fundamental que as edificações sejam capazes de resistir ao calor. Isso pelo menos por um período de tempo suficiente para evitar que a estrutura entre em colapso antes de sua desocupação completa. Quando submetido a altas temperaturas, o aço, assim como ocorre com outros materiais estruturais, perde resistência e rigidez. Por isso, de acordo com a tipologia da estrutura, da ocupação e da altura do edifício, pode ser necessária a adoção de medidas para prover a estrutura de resistência adicional ao calor. O risco de início de incêndio, sua intensidade e duração estão associados a vários fatores, como: Atividade desenvolvida no edifício, tipo e quantidade de material combustível pre- sente. Por exemplo, o risco de ocorrer um Estruturas de aço e a resistência ao fogo informe publicitário Foto: Divulgação Materiais de proteção térmica mais utilizados 1) Fibras e argamassas projetadas Jateadas diretamente sobre a peça de aço, resultam em uma superfí- cie rugosa, mais apropriada para elementos acima de forros ou para ambientes menos exigentes. Pre- cisam apresentar índice zero de combustibilidade e propagação de chamas. As fibras e argamassas projetadas devem trabalhar mono- liticamente com a estrutura e acom- panhar seus movimentos, sem que ocorram fissuras ou desprendimento. 2) Placas São elementos pré-fabricados fixados na estrutura por meio de pinos ou perfis leves de aço. Podem ser de gesso acartonado, de lã de rocha e de lã cerâmica. 3) Pintura intumescente Trata-se de uma película fina que intumesce (aumenta de volume) quando sujeita à ação do calor e forma uma camada de proteção tér- mica no aço. É aplicada por meios convencionais, pistola ou rolo. Tem textura, aparência e cores similares às pinturas convencionais. Este material faz parte do Programa “Aço Construindo a COPA 2014” promovido pelo CBCA - Centro Brasileiro da Construção em Aço. Confira mais detalhes em: www.cbca-iabr.org.br/copa2014 Prédio do Itaú Cultural em São Paulo. Estrutura de aço recebeu pintura intumescente Foto: Divulgação Perfilor Na construção do Shopping Metrô Santa Cruz em São Paulo, as vigas de aço receberam tratamento com argamassa projetada para aumentar a resistência ao fogo Gestor: Para saber mais sobre esse assunto, consulte “Resistência ao Fogo das Estruturas de Aço”, de Mauri Vargas e Valdir Pignatta e Silva. A publicação faz parte da Série Manual de Construção em Aço, editada pelo CBCA. resistência ao fogo), ou seja, o tempo mínimo de resistência ao fogo de um elemento construtivo, quando sujeito a um incêndio padrão. Para valores baixos de TRRF, por exemplo, inferiores a 20 minutos, possibilidade de a própria estrutura de aço resistir ao aquecimento dispensando o revestimento contra fogo. Já quando o TRRF é maior, haverá necessidade de incluir re- vestimento contra fogo, como argamassas Ocupação/Uso Altura da Edificação Classe P1 h < 6m Classe P2 6m < h < 12m Classe P3 12m < h < 23m Classe P4 23m < h < 30m Classe P5 h > 30m Residencial 30 30 60 90 120 Hotel 30 60 (30) 60 90 120 Supermercado 60 (30) 60 (30) 60 90 120 Escritório 30 60 (30) 60 90 120 Shopping 60 (30) 60 (30) 60 90 120 Escola 30 30 60 90 120 Hospital 30 60 60 90 120 Igrejas 60 (30) 60 60 90 120 projetadas, placas e pinturas intumescentes. A determinação da espessura desse re- vestimento poderá ser feita por meio de métodos analíticos ou por resultados de ensaios. Os métodos analíticos podem ser empregados, desde que o comportamento em incêndio do elemento estrutural reves- tido tenha sido testado em laboratórios reconhecidamente idôneos. 1 - Para subsolos com h > 10 m - 90 minutos; h < 10 m -60 minutos, não podendo ser inferior ao TRRF dos pavimentos acima do solo; 2 - Os TRRF entre parênteses são aplicados para edificações em que cada pavimento acima do solo tenha área inferior a 750 m². O comportamento ao fogo é motivo para deixar de se construir com aço? O engenheiro Valdir Pignatta e Silva, professor da Escola Politécnica da USP, diz que não e explica os motivos. Pela legislação brasileira, todas as estruturas, independentemente do material de que são constituídas, devem ser verificadas em incêndio. O custo do revestimento, desde que adequadamente dimensionado, não trará impacto considerável no orçamento da construção como um todo. Ele lembra, contudo, que o projeto arquitetônico é funda- mental para otimizar os custos com revestimentos. Estruturas em contato com alvenarias, por exemplo, têm a quantidade de revestimento reduzida. Outra medida positiva é a inclusão de forro falso sob as vigas, solução que permite a utilização de revestimentos mais baratos, sem a preocupação estética. Exigências de TRRF (min) segundo a ABNT NBR 14432

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grande incêndio em um depósito de tintas

é maior que em uma indústria de proces-

samento de papel;

• Forma do edifício. Um edifício térreo com

grande área de piso, sem compartimenta-

ção, pode representar um risco maior de

incêndio do que um edifício com diversos

andares, de mesma atividade, subdivididos

em muitos compartimentos, que confinarão

o incêndio;

• Condições de ventilação do ambiente;

• Propriedades térmicas dos materiais

constituintes das paredes e do teto;

• Sistemas de segurança contra incêndio (de-

tectores de fumaça, chuveiros automáticos,

brigada contra incêndio, compartimentação

adequada, etc).

Como aumentar a resistênciaao fogo das estruturas de aço?

Estratégias de dimensionamento das

estruturas e a incorporação de material de

revestimento contra fogo são algumas das

soluções mais empregadas para adicionar

resistência ao fogo às estruturas de aço. A

especificação do tratamento a ser utilizado

deve visar sempre garantir a segurança de-

sejada com o máximo de economia. A busca

pela melhor solução deve começar pelo

estudo da ABNT NBR 14432 “Exigências

de resistência ao fogo de elementos cons-

trutivos – Procedimento”, bem como pela

leitura das Instruções Técnicas emitidas

pelo Corpo de Bombeiros do estado onde

a obra será construída. Tais diretrizes

indicarão o grau de risco da edificação

e se há necessidade de aplicar alguma

solução especial para elevar a resistência

ao fogo dos elementos estruturais. Um dado

importante é o TRRF (tempo requerido de

Ainda que os incêndios sejam condições

excepcionais que mereçam ser sempre

evitadas, para a segurança das pessoas,

é fundamental que as edificações sejam

capazes de resistir ao calor. Isso pelo

menos por um período de tempo suficiente

para evitar que a estrutura entre em colapso

antes de sua desocupação completa.

Quando submetido a altas temperaturas, o

aço, assim como ocorre com outros materiais

estruturais, perde resistência e rigidez. Por

isso, de acordo com a tipologia da estrutura,

da ocupação e da altura do edifício, pode ser

necessária a adoção de medidas para prover

a estrutura de resistência adicional ao calor.

O risco de início de incêndio, sua intensidade

e duração estão associados a vários fatores,

como:

• Atividade desenvolvida no edifício, tipo

e quantidade de material combustível pre-

sente. Por exemplo, o risco de ocorrer um

Estruturas de aço ea resistência ao fogo

informe publicitário

Foto

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Materiais de proteçãotérmica mais utilizados

1) Fibras e argamassas projetadasJateadas diretamente sobre a peça de aço, resultam em uma superfí-cie rugosa, mais apropriada para elementos acima de forros ou para ambientes menos exigentes. Pre-cisam apresentar índice zero de combustibilidade e propagação de chamas. As fibras e argamassas projetadas devem trabalhar mono-liticamente com a estrutura e acom-panhar seus movimentos, sem que ocorram fissuras ou desprendimento.

2) PlacasSão elementos pré-fabricados fixados na estrutura por meio de pinos ou perfis leves de aço. Podem ser de gesso acartonado, de lã de rocha e de lã cerâmica.

3) Pintura intumescenteTrata-se de uma película fina que intumesce (aumenta de volume) quando sujeita à ação do calor e forma uma camada de proteção tér-mica no aço. É aplicada por meios convencionais, pistola ou rolo. Tem textura, aparência e cores similares às pinturas convencionais.

Este material faz parte do Programa “Aço Construindo a COPA 2014” promovido pelo CBCA - Centro Brasileiro da Construção em Aço.

Confira mais detalhes em:www.cbca-iabr.org.br/copa2014

Prédio do Itaú Cultural em São Paulo. Estrutura de aço recebeu pintura intumescente

Foto

: D

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o Pe

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r

Na construção do Shopping Metrô Santa Cruz emSão Paulo, as vigas de açoreceberam tratamento com argamassa projetada paraaumentar a resistência ao fogo

Gestor:

Para saber mais sobre esse assunto, consulte “Resistência ao Fogo das Estruturas de Aço”, de Mauri Vargas e Valdir Pignatta e Silva. A publicação faz parte da Série Manual de Construção em Aço, editada pelo CBCA.

resistência ao fogo), ou seja, o tempo

mínimo de resistência ao fogo de um

elemento construtivo, quando sujeito a

um incêndio padrão. Para valores baixos de

TRRF, por exemplo, inferiores a 20 minutos,

há possibilidade de a própria estrutura de

aço resistir ao aquecimento dispensando o

revestimento contra fogo. Já quando o TRRF

é maior, haverá necessidade de incluir re-

vestimento contra fogo, como argamassas

Ocupação/Uso

Altura da EdificaçãoClasse P1

h < 6mClasse P2 6m < h <

12m

Classe P3 12m < h <

23m

Classe P4 23m < h <

30m

Classe P5 h > 30m

Residencial 30 30 60 90 120

Hotel 30 60 (30) 60 90 120

Supermercado 60 (30) 60 (30) 60 90 120

Escritório 30 60 (30) 60 90 120

Shopping 60 (30) 60 (30) 60 90 120

Escola 30 30 60 90 120

Hospital 30 60 60 90 120

Igrejas 60 (30) 60 60 90 120

projetadas, placas e pinturas intumescentes.

A determinação da espessura desse re-

vestimento poderá ser feita por meio de

métodos analíticos ou por resultados de

ensaios. Os métodos analíticos podem ser

empregados, desde que o comportamento

em incêndio do elemento estrutural reves-

tido tenha sido testado em laboratórios

reconhecidamente idôneos.

1 - Para subsolos com h > 10 m - 90 minutos; h < 10 m -60 minutos, não podendo ser inferior ao TRRF dos pavimentos acima do solo; 2 - Os TRRF entre parênteses são aplicados para edificações em que cada pavimento acima do solo tenha área inferior a 750 m².

O comportamento ao fogo é motivo para deixar de se construir com aço?O engenheiro Valdir Pignatta e Silva, professor da Escola Politécnica da USP, diz que não e

explica os motivos. Pela legislação brasileira, todas as estruturas, independentemente do

material de que são constituídas, devem ser verificadas em incêndio. O custo do revestimento,

desde que adequadamente dimensionado, não trará impacto considerável no orçamento

da construção como um todo. Ele lembra, contudo, que o projeto arquitetônico é funda-

mental para otimizar os custos com revestimentos. Estruturas em contato com alvenarias, por

exemplo, têm a quantidade de revestimento reduzida. Outra medida positiva é a inclusão de

forro falso sob as vigas, solução que permite a utilização de revestimentos mais baratos, sem

a preocupação estética.

Exigências de TRRF (min) segundo a ABNT NBR 14432