estruturação musical e harmonia - notas de tensão

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Page 1: Estruturação Musical e Harmonia - Notas de Tensão

ETE – Curso Técnico em Música (Ourinhos – SP) – Prof. Marcelo Mello http://www.marcelomelloweb.cjb.net Apostila - Estruturação Musical e Harmonia 2 (2010)

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ligação entre as duas tonalidades, de três maneiras: diatônica (com acordes comuns aos campos

harmônicos das duas tonalidades), enarmônica (usando as possibilidades de ambigüidade dos acordes

diminutos) e cromática (alterando uma ou mais notas de um acorde da escala de forma a se tornar um

acorde de outra escala).

8. NOTAS DE TENSÃO

Uma tensão é uma nota que adicina colorido e tensão harmônica a um acorde sem confundir o

qualidade do acorde. Podem ser aplicadas tensões à harmonia verticalmente e horizontalmente. Isto

significa que em uma determinada estrutura de acordes podemos acrescentar as tensões ao resto ou em lugar das notas básicos que compõem o acorde. Este é pensamento vertical: as notas do acorde e

mais qualquer outra tensão estarão soando simultaneamente. O pensamento horizontal é orientado

basicamente para a escala musical. Também pode-se insinuar outras escalas e harmonias através da

superposição e aproximação cromática da estrutura.

Maj 7 - 9,#11, 13 Min 7 - 9, 11, 13 Dom7 - 9, n9, #9, #11, 13, n13

Maj 7 (#5) -9, #11 Min 7 5 -9, 11, 13 7#5 -9, #11

Maj 7 (b5) -9, 13 Min (Ma7) - 9, 11, #11,

13 7( 5) -9, 13

Dim7 - 9, 11, 13, n7 7sus4 - 9, 9, 13, 13 10, 10

Maj 7 - 9,#11, 13 Min 7 - 9, 11, 13 Dom7 - 9, n9, #9, #11, 13, n13

Cifra em inglês: Maj = Maior/ Min = menor / Dim = diminuto / Dom = dominante

Esta também é uma orientação diferente da teoria musical tradicional, de acordes básicos da

escala, que utiliza as tensões disponíveis nas escalas diatônicas primárias. Algumas de nossas tensões, sonoramente “coloridas”, violam regras tradicionais ou seriam consideradas "não-diatônicas" em alguns

casos. Assim, algumas das tensões que usaremos aqui seriam consideradas "erradas" ou "indisponíveis"

em colocações mais acadêmicas, pelo menos nas aplicações mais primárias.

A listagem das tensões para acordes particulares reflete a maneira com que estas tensões são

usadas na tradição da harmonização do jazz e da música popular desenvolvida em geral. Lembre-se,

estes sons são um ponto de início, e ajudam a adquirir bons resultados musicalmente. É necessário escutar as canções e arranjos destes gêneros e entender a história do uso destes elementos. Sempre

deixe seus ouvidos terem o julgamento final. Não tenha medo de experimentar!

9. Harmonização, Rearmonização, Arranjo, Composição

Se harmonia é tensão e relaxamento, a harmonização é a explicitação das tensões e

relaxamentos implícitos num trecho musical. Isso deve nortear a harmonização mais que quaisquer

outros fatores: notas da melodia X notas do acorde (ex. como no capítulo Erro! Fonte de referência não

encontrada.); progressões de acordes ou funções específicas (ex. tônica-subdominante-dominante, por

exemplo); problemas instrumentais (ex. tessitura das vozes ou dos instrumentos, dissociação de grupos

instrumentais – cordas X sopros etc.) ou composicionais (ex. ênfase em notas ou linhas melódicas específicas, repetições etc.)

Assim, em primeiro lugar temos as funções harmônicas, os níveis de tensão, encontráveis por “dicas” da melodia e dos acordes, mas de certa maneira independentes deles.

Essas funções podem ser representadas por acordes diferentes da escala

Cada acorde desse pode, por sua vez, ser enriquecido com notas dissonantes, com acordes de funções secundárias, ou com homônimos ambíguos (empréstimo modal,

acorde diminuto etc.)

As funções e os acordes são inter-relacionados. Os acordes não são meras representações

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das funções; eles também são capazes de transformá-las. Assim, os acordes podem ser

enriquecidos com notas dissonantes, e as funções podem se “sofisticar” com a inclusão

de mais acordes, mas elas também podem ser mudadas, dependendo do acorde utilizado.

10. BIBLIOGRAFIA PROPOSTA

10.1. Sobre princípios cognitivos (tensão e relaxamento)

Bharucha J.J., Krumhansl C.L. (1983). “The representation of harmonic structure in

music: hierarchies of stability as a function of context”. Cognition 13: pp

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Bigand E., Parncutt R., Lerdhal F. (1996). “Perception of musical tension in short

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Voisin F. (1994). “Le status des consonances naturelles: le point de vue d’un

ethnomusicologue”. ESCOM Newsletter 06; 1994.

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10.2. Harmonia funcional

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Editora.

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Janeiro: Lumiar.

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harmônicas. São Paulo: Ricordi.

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Koellreutter H.J.(1960).Jazz harmonia. São Paulo: Ricordi.

Oliveira O.O., Oliveira J.Z. (1978). Harmonia funcional. São Paulo: Cultura Musical.

Moreno, Luíz. “Lições básicas (guitarra)”. Documento online http://www.luismoreno.com/pt_basiclessons.htm

(Acessado em 2006-mar-06).

10.3. Harmonia tradicional