estrutura, desenvolvimento, histoquímica e atividade...

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Rosana Aparecida Gabriel Adamowicz Estrutura, desenvolvimento, histoquímica e atividade antioxidante dos órgãos vegetativos de Mart & Zucc. (Nymphaeaceae) procedente do Pantanal/ MS, Brasil. Nymphaea amazonum Campo Grande 2007

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Rosana Aparecida Gabriel Adamowicz

Estrutura, desenvolvimento,histoquímica e atividade

antioxidante dos órgãos vegetativosde Mart &

Zucc. (Nymphaeaceae) procedentedo Pantanal/ MS, Brasil.

Nymphaea amazonum

Campo Grande2007

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Rosana Aparecida Gabriel Adamowicz

Estrutura, desenvolvimento, histoquímica e atividade antioxidante

dos órgãos vegetativos de Nymphaea amazonum Mart & Zucc.

(Nymphaeaceae) procedente do Pantanal/ MS, Brasil

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul como um dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Biologia Vegetal junto ao Centro de Ciências Biológicas e da Saúde.

Orientadora: Dra. Edna Scremin Dias

Campo Grande

2007

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Ficha Catalográfica _________________________________________________________________________

i

Adamowicz, Rosana Aparecida Gabriel

Estrutura, desenvolvimento, histoquímica e atividade antioxidante dos órgãos vegetativos de Nymphaea amazonum Mart & Zucc. (Nymphaeaceae) procedente do Pantanal/ MS, Brasil. 62p

Dissertação (Mestrado) – Laboratório de Botânica – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

1. Nymphaea 2. Anatomia 3. Histoquímica I. Laboratório de Botânica – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________

Prof. Dr. Luiz Antônio de Souza

Universidade Estadual de Maringá - UEM

___________________________________

Prof. Dr. Rosani do Carmo de Oliveira Arruda Universidade Federal do Estado do Rio de

Janeiro -

_____________________________________

Profa. Dra. Edna Scremin-Dias (Orientadora)

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS

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ii

Ao Márcio, meu companheiro de todas as horas. Por tudo que representa na minha vida.

Obrigada pelo apoio, compreensão e carinho que foram fundamentais para a conclusão dessa etapa.

Com amor, dedico.

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iii

AGRADECIMENTOS Aos meus pais, João Maria e Tereza, por terem dedicado suas vidas em prol da minha

educação, por todo o incentivo e apoio, que mesmo à distância, foi fundamental nos

momentos difíceis.

Às minhas irmãs Rosângela e Lucélia pela torcida e incentivo, acrescentando força e

energia a este desafio.

À Professora Edna pela acolhida, motivação, pelo exemplo de ética e competência, pela

amizade e por todo o carinho que sempre recebi, “You are the best”.

À amiga Kasinha pelo apoio técnico, pela amizade e por todos os momentos divertidos que

passamos juntas.

À Ana Lúcia pelo auxílio nas análises histoquímicas e por todos os momentos agradáveis e

divertidos que tivemos durante a minha passagem pelo laboratório, adorei conhecer você.

À Seloi por todo o “socorro” prestado nos momentos que eu não sabia mais o que fazer,

pela motivação e conselhos sábios.

À querida Joelma pelo carinho sempre que eu precisei de ajuda e pelas sugestões que muito

colaboraram para o fechamento desse trabalho.

À Zildamara por sua alegria, entusiasmo e pela ajuda nas coletas.

À Cris Kalife pela tradução dos resumos, por sua amizade e por nossas ricas conversas nos

momentos de descontração no laboratório.

Ao técnico Fábio pelo auxílio na edição das fotos e por todos os momentos que

prontamente ajudou a resolver problemas com o computador.

À Joicy Lugnani pelas sugestões e auxilio na revisão do texto.

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iv

Aos estagiários do Laboratório de Botânica, em especial à Silvana, Tamires, Mariana, Jane

pelo apoio técnico e pela amizade firmada durante o tempo que convivemos, valeu meninas

vocês moram no meu coração.

Ao Thales pela correção das referências bibliográficas.

Ao Fernando Belan pelo auxílio nas dúvidas nas análises anatômicas.

Ao técnico João do Laboratório de Farmacognosia pelo auxílio na preparação de soluções

para as análises histoquímicas.

Ao Laboratório de Pesquisa do Departamento de Química pelo apoio nas análises

fitoquímicas em especial à Professora Neli pela orientação e atenção dedicada.

Ao Laboratório de Pesticidas Naturais, em especial à Vanderléia e ao Euclésio pelo auxílio

nas análises de atividade antioxidante.

A FUNDECT pela bolsa de Mestrado concedida e recursos financeiros para a pesquisa.

A Rede de Sementes do Pantanal pelo empréstimo da caminhonete para as viagens de

coleta.

Aos amigos do mestrado pelo incentivo e amizade.

A todos os citados e aqueles que, direta ou indiretamente colaboraram de alguma forma

com a conclusão deste trabalho, MUITO OBRIGADA!!!

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v

SUMÁRIO

RESUMO-----------------------------------------------------------------------------------------------1

ABSTRACT--------------------------------------------------------------------------------------------2

INTRODUÇÃO GERAL---------------------------------------------------------------------------- 4

OBJETIVOS--------------------------------------------------------------------------------------8

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS--------------------------------------------------------9

FIGURAS--------------------------------------------------------------------------------------- 12

CAPÍTULO I – Estrutura, histoquímica e atividade antioxidante da folha e do caule

de Nymphaea amazonum Mart & Zucc. (Nymphaeaceae) procedente do Pantanal/ Ms,

Brasil. --------------------------------------------------------------------------------------------------14

INSTRUÇÕES AOS AUTORES – Acta Botanica Brasilica.----------------------------15

RESUMO----------------------------------------------------------------------------------------18

ABSTRACT-------------------------------------------------------------------------------------18

INTRODUÇÃO-------------------------------------------------------------------------------- 19

MATERIAL E MÉTODOS-------------------------------------------------------------------21

RESULTADOS E DISCUSSÃO-------------------------------------------------------------23

Caule-----------------------------------------------------------------------------------------23

Limbo foliar e pecíolo---------------------------------------------------------------------25

Análises histoquímicas e fitoquímicas--------------------------------------------------28

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS-------------------------------------------------------30

FIGURAS E LEGENDAS-------------------------------------------------------------------- 34

CAPÍTULO II – Estrutura, desenvolvimento e histoquímica da raiz de Nymphaea

amazonum Mart & Zucc. (Nymphaeaceae)---------------------------------------------------- 46

INSTRUÇÕES AOS AUTORES – Brazilian Archives of Biology and Technology--47

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vi

ABSTRACT-------------------------------------------------------------------------------------49

INTRODUÇÃO--------------------------------------------------------------------------------49

MATERIAL E MÉTODOS-------------------------------------------------------------------50

RESULTADOS E DISCUSSÃO-------------------------------------------------------------52

RESUMO----------------------------------------------------------------------------------------59

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS-------------------------------------------------------59

CONSIDERAÇÕES FINAIS----------------------------------------------------------------------61

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Resumo Geral __________________________________________________________

1

O Pantanal é um dos biomas brasileiros mundialmente conhecido por sua beleza cênica,

representada principalmente pela diversidade de macrófitas aquáticas, as quais têm grande

importância ecológica e econômica. Nymphaea amazonum Mart & Zucc. (Nymphaeaceae)

amplamente distribuída no Pantanal Matogrossense, pode ser encontrada em lagoas e

cursos d’água com baixa correnteza. Além da sua importância ecológica pelo fato de ser

utilizada por vários animais como alimento, abrigo e local de desova, também tem sido

utilizada como planta medicinal pela população ribeirinha. O Capítulo I desta dissertação

apresenta dados sobre a anatomia, histoquímica e atividade antioxidante do caule e das

folhas, com o intuito de evidenciar as características adaptativas ao ambiente aquático bem

como sua composição química geral. No capítulo II são descritos aspectos estruturais,

ontogenéticos e histoquímicos das raízes evidenciando características que permitem seu

desenvolvimento em solos com baixa quantidade de oxigênio em decorrência do

permanente alagamento. Este trabalho apresenta contribuições importantes para o

entendimento da biologia de N. amazonum, bem como descreve a potencialidade

antioxidante desta espécie, indicando-a como foco para estudos mais aprimorados em

fitoquímica e filogenia.

Palavras-chave: Nymphaea amazonum, anatomia, histoquímica, atividade antioxidante.

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Abstract __________________________________________________________

2

Pantanal is one of the Brazilian biomes worldly known by its scenic beauty, represented

mainly by the diversity of aquatic macrophytes, that have great ecological and economic

importance. Nymphaea amazonum Mart & Zucc. (Nymphaeaceae) widely distributed in

Pantanal Matogrossense, can be found in lakes and watercourses of slow flow. Besides its

ecological importance as food, shelter and spawning place to many animals, it has been

used as medicinal plant to riverine people. The chapter I of this dissertation presents data

about anatomy, histochemistry and antioxidant activity of steam and leaves, with the aim of

evidencing the adaptive characteristics to aquatic environment as well as its general

chemical composition. In chapter II structural, ontogenetic and histochemical aspects of the

roots are described, evidencing characteristics that allow their development in soils with

low oxygen supply due to permanent flooding. This work presents important contributions

to the understanding of the biology of N. amazonum, as well as describes the antioxidant

potentiality of these species, indicating it as a focus to deeper studies in phytochemistry and

phylogeny.

Key-words: Nymphaea amazonum, anatomy, histochemistry, antioxidant activity.

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_________________________________________________________________________

INTRODUÇÃO GERAL

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Introdução Geral __________________________________________________________

4

O Brasil abriga em seu território cerca de 50-56 mil (20-22%) das 250 mil espécies

de Angiospermas existentes na superfície terrestre, sendo considerado o país com a maior

diversidade vegetal do planeta (Peixoto & Thomas 2005). Abrange seis biomas

continentais, representados pela Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e

Pampa. De acordo com pesquisa realizada pelo IBGE (2006) o Pantanal é o bioma com

menor área territorial, no entanto, apresenta uma das maiores concentrações de vida

silvestre no planeta (Consevation International do Brasil 2006), e tem sua importância

reconhecida internacionalmente, sendo considerado Patrimônio da Humanidade e Reserva

Nacional da Biosfera. Este bioma abriga diversas unidades de paisagens, diferenciadas pela

intensidade e regularidade do pulso de inundação a que estão submetidas (Pozer &

Nogueira 2004). Sofre influências de outros Biomas como Cerrado, Amazônia, Mata

Atlântica e o Chaco paraguaio (Lange & Freitas 2004), formando um mosaico de paisagens

(GEF 2004). Possui dois terços de sua área no estado de Mato Grosso do Sul, e um terço

em Mato Grosso, sendo dividido em 11 sub-regiões (Figura 1).

A influência da Amazônia no Pantanal é exercida principalmente em matas ciliares

do rio Paraguai (Prance & Schaller 1982; Adámoli 1987) e seus tributários servem como

rota de migração dessa flora (Pennington et al. 2000; Spichiger et al. 2004), fato que pode

ser verificado pela presença de elementos da vegetação amazônica no Pantanal, tais como

as macrófitas aquáticas Victoria amazônica (Poepp.) Sowerby e Nymphaea amazonum

Mart. & Zucc. (Adámoli 1987; Pott 1998).

Segundo Pott & Pott (1994), ocorrem no Pantanal pelo menos 1700 espécies de

vegetais superiores (fanerógamas), representando a maior planície inundável do mundo,

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Introdução Geral __________________________________________________________

5

com aproximadamente 150.355 km² (IBGE 2006), tendo sido indicado como um dos quatro

centros de diversidade de macrófitas aquáticas do Brasil (Pedralli 1992). O termo

macrófitas aquáticas foi primeiramente mencionado por Weaner & Clements (1938)

definindo-as como plantas herbáceas que crescem na água, em solos cobertos por água ou

em solos saturados por esta. Irgang& Gastal Jr. (1996) adotaram conceito mais amplo,

descrevendo-as como “vegetais visíveis a olho nu, cujas partes fotossintetizantes ativas

estão permanentemente por diversos meses ou todos os anos, total ou parcialmente

submersas em água doce ou salobra, ou ainda, flutuantes na mesma”.

Em ecossistemas aquáticos, as macrófitas aquáticas são consideradas importantes

componentes estruturais por fornecerem a base da cadeia alimentar desses ambientes. Elas

fazem da produção primária, que entra na cadeia trófica, servindo de alimento para peixes e

outros organismos aquáticos. Muitas plantas aquáticas despertam interesse econômico

sendo utilizadas como apícola, ornamental, têxtil, alimentar, forrageiro, medicinal,

despoluidoras entre outros. Além disso, está comprovado que essas plantas também são

capazes de descontaminar a água de microorganismos patogênicos os quais poderiam

causar doenças em peixes ou mesmo no homem (Pott & Pott 2000a; Marquina et al. 2005).

O conhecimento das relações entre as plantas aquáticas e os tipos de ambientes é

importante para o manejo e a conservação desses recursos naturais, bem como para várias

áreas de conhecimento como pecuária, ictiologia, limnologia e ecologia (Pott & Pott 2000a;

Pompêo & Mosquini 2003).

As atuais plantas aquáticas desenvolveram, ao longo do curso evolutivo, várias

características anatômicas que minimizam os efeitos dos diversos fatores ambientais aos

quais estão submetidas, sendo o sucesso da colonização destas espécies no ambiente,

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Introdução Geral __________________________________________________________

6

determinado por estas características (Sculthorpe 1967; Scremin-Dias et al. 1999; Cronk &

Fennessy 2001).

Além das adaptações morfológicas e anatômicas, a interação do ambiente com os

mecanismos fisiológicos das plantas resulta no estímulo da síntese de metabólitos especiais,

denominados metabólitos secundários. Esses compostos são componentes importantes para

a sobrevivência e reprodução dos vegetais, podendo estar relacionados tanto com respostas

aos fatores bióticos como abióticos, sendo que alguns deles podem ser expressos

constitutivamente e outros, como as fitoalexinas, sintetizados em resposta ao ataque de

herbívoros ou patógenos (Castro et al. 2004; Santarém 2006). Dessa forma, estudos

detalhados que caracterizem a morfologia, anatomia e a composição química, permitem um

melhor entendimento das adaptações dessas plantas ao ambiente aquático.

A família Nymphaeaceae é constituída por herbáceas aquáticas de distribuição

cosmopolita, incluindo seis gêneros e cerca de 60 espécies (Lorenzi & Souza 2005), sendo

descrito para o Pantanal a ocorrência de sete espécies de Nymphaea e uma espécie de

Victoria. (Pott 1998; Pott & Pott 2000a). Esta família está enquadrada dentro do complexo

“paleoervas” pelo fato de seus representantes possuírem sistema vascular difuso, ausência

de câmbio vascular, sistema de raízes adventícias e ausência de óleos etéreos (Judd et al.

1999). Segundo este autor, dados moleculares e morfológicos suportam sua posição como

grupo parafilético dentro da divisão das angiospermas. Contudo, sua posição taxonômica

ainda não está bem definida, o que tem despertado maior interesse sobre o estudo de

representantes dessa família nas últimas décadas (Marquina et al., 2005).

Dentre as espécies de Nymphaeaceae que ocorrem no Pantanal, ressalta-se

Nymphaea amazonum que possui ampla distribuição na América tropical, do México e

Guianas ao Paraná e também no Pantanal Matogrossense (Pott & Pott 2000a). É conhecida

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Introdução Geral __________________________________________________________

7

popularmente como lírio d’água, camalote da meia-noite, dama da noite, batata-d’água

(Pott 1998; Crispim 2002) e, além de ser utilizada por vários animais como alimento,

abrigo e local de desova, também tem sido utilizada como planta medicinal pela população

ribeirinha, que usa suas folhas como cicatrizantes de feridas e úlceras e o suco da raiz é

usado em banho, cataplasma e emplasto para hemorróidas (Balbach 1969; Pott & Pott

2000b).

N. amazonum caracteriza-se como planta herbácea aquática, flutuante fixa, com

folhas levemente peltadas com limbo simples, inteiro, geralmente com manchas

avermelhadas, nervuras radiais salientes (Figura 2 e 3) e um anel de pêlos no ápice do

pecíolo (Pott, 1998). É típica de lagoas permanentes (Figura 4) sendo perene enquanto

houver água suficiente, pois é restritamente aquática (Pott & Pott 2000a). Suas folhas têm a

superfície encerada para repelência de água com a função de proteger os estômatos contra o

filme de água que pode se formar diminuindo a capacidade de absorção de CO2 pelos

mesmos (Barthlott & Neinhuis 1997; Pott & Pott 2000a). Além disso, estruturas de

repelência de água presentes na superfície de folhas, principalmente em plantas aquáticas,

facilitam a remoção de partículas de pó, esporos e conídios de fungos por gotículas de água

da chuva ou orvalho, sendo esse processo conhecido como “efeito Lótus” (Barthlott &

Neinhuis 1997).

As flores são solitárias, bissexuadas com um longo pedicelo e usualmente

flutuantes, abrem e fecham-se diariamente durante a noite (Judd et al.1999). Estas exalam

odor parecido com acetona ou éter atraindo besouros polinizadores (Figura 6) que ficam

presos durante o dia comendo os apêndices carpelares, ricos em amido (Pott & Pott 2000a).

Atualmente, investigações que caracterizem a morfologia e a composição química,

bem como a anatomia das estruturas secretoras presentes nos órgãos vegetativos por meio

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Introdução Geral __________________________________________________________

8

da histoquímica, são escassas para a maioria das espécies brasileiras e, principalmente em

macrófitas aquáticas. E mesmo com o crescente interesse em Nymphaeaceae, são raros

estudos com N. amazonum, sendo inexistentes trabalhos sobre anatomia, morfologia,

histoquímica ou fitoquímica para todo o corpo vegetativo da planta.

Neste sentido, o presente trabalho caracteriza a anatomia, a histoquímica e a

atividade antioxidante dos órgãos vegetativos, bem como descreve a presença de algumas

classes de metabólitos secundários nestes, por meio da fitoquímica. Também são

apresentados aspectos ontogenéticos do caule e da raiz de N. amazonum evidenciando as

adaptações que permitem seu perfeito estabelecimento em solos permanentemente alagados

sob condições de baixa concentração de oxigênio.

As informações estruturais obtidas nesse estudo podem contribuir para o

conhecimento dos locais de síntese e acúmulo das substâncias produzidas por N. amazonum

distribuída na região do Pantanal de Miranda e Abobral, além de subsidiar trabalhos futuros

que visam à exploração econômica desta espécie, bem como contribuir com informações

para a conservação da mesma no Pantanal.

Objetivos

• Descrever a constituição anatômica de Nymphaea amazonum e relacioná-la com

adaptações da espécie ao ambiente;

• Caracterizar alguns aspectos da ontogênese dos tecidos da raiz e do caule desta

espécie;

• Realizar testes histoquímicos nos órgãos vegetativos para evidenciar in situ os

principais grupos de metabólitos secundários produzidos;

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Introdução Geral __________________________________________________________

9

• Contribuir com informações sobre as potencialidades da espécie estudada visando

sua conservação e exploração econômica.

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Figura 1. Mapa evidenciando as diferentes sub-regiões do Pantanal.

12

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4

6

Figura 2-5 2 e 34 5.

6.

. Mart & Zucc. . Detalhe de evidenciando o hábito e a morfologia..Lagoa mostrando ampla distribuição em águas paradas. Detalhe do cormo com raízes contráteis

(setas). Flor sendo visitada por polinizadores durante a noite.

Nymphaea amazonum

13

5

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_______________________________________________________________________CAPITULO I Estrutura, histoquímica e atividade antioxidante da folha e do caule de Nymphaea amazonum Mart & zucc. (Nymphaeaceae) procedente do Pantanal/MS, Brasil.

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NORMAS GERAIS PARA PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS NA ACTA BOTANICA BRASILICA 1.A Acta Botanica Brasilica publica artigos originais em todas as áreas da Botânica, básica ou aplicada, em Português, Espanhol ou Inglês. Os trabalhos deverão ser motivados por uma pergunta central que denote a originalidade e o potencial interesse da pesquisa, de acordo com o amplo espectro de leitores nacionais e internacionais da Revista, inserindo-se no debate teórico de sua área. 2. Os artigos devem ser concisos, em quatro vias, com até 25 laudas, seqüencialmente numeradas, incluindo ilustrações e tabelas (usar fonte Times New Roman, tamanho 12, espaço entre linhas 1,5; imprimir em papel tamanho A4, margens ajustadas em 1,5 cm). A critério da Comissão Editorial, mediante entendimentos prévios, artigos mais extensos poderão ser aceitos, sendo o excedente custeado pelo(s) autor(es). 3. Palavras em latim no título ou no texto, como por exemplo: in vivo, in vitro, in loco, et al. devem estar em itálico. 4. O título deve ser escrito em caixa alta e baixa, centralizado, e deve ser citado da mesma maneira no Resumo e Abstract da mesma maneira que o título do trabalho. Se no título houver nome específico, este deve vir acompanhado dos nomes dos autores do táxon, assim como do grupo taxonômico do material tratado (ex.: Gesneriaceae, Hepaticae, etc.). 5. O(s) nome(s) do(s) autor(es) deve(m) ser escrito(s) em caixa alta e baixa, todos em seguida, com números sobrescritos que indicarão, em rodapé, a filiação Institucional e/ou fonte financiadora do trabalho (bolsas, auxílios etc.). Créditos de financiamentos devem vir em Agradecimentos, assim como vinculações do artigo a programas de

pesquisa mais amplos, e não no rodapé. Autores devem fornecer os endereços completos, evitando abreviações, elegendo apenas um deles como Autor para correspondência. Se desejarem, todos os autores poderão fornecer e-mail. 6. A estrutura do trabalho deve, sempre que possível, obedecer à seguinte seqüência: -RESUMO e ABSTRACT (em caixa alta e negrito) – texto corrido, sem referências bibliográficas, em um único parágrafo e com cerca de 200 palavras. Deve ser precedido pelo título do artigo em Português, entre parênteses. Ao final do resumo, citar até cinco palavras-chave à escolha do autor, em ordem de importância. A mesma regra se aplica ao Abstract em Inglês ou Resumen em Espanhol. -Introdução (em caixa alta e baixa, negrito, deslocado para a esquerda): deve conter uma visão clara e concisa de: a) conhecimentos atuais no campo específico do assunto tratado; b) problemas científicos que levou(aram) o(s) autor(es) a desenvolver o trabalho; c) objetivos. -Material e métodos (em caixa alta e baixa, negrito, deslocado para a esquerda): deve conter descrições breves, suficientes à repetição do trabalho; técnicas já publicadas devem ser apenas citadas e não descritas. Indicar o nome da(s) espécie(s) completo, inclusive com o autor. Mapas - podem ser incluídos se forem de extrema relevância e devem apresentar qualidade adequada para impressão. Todo e qualquer comentário de um procedimento utilizado para a análise de dados em Resultados deve, obrigatoriamente, estar descrito no item Material e métodos. -Resultados e discussão (em caixa alta e baixa, negrito, deslocado para a esquerda): podem conter tabelas e figuras (gráficos, fotografias, desenhos, mapas e

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pranchas) estritamente necessárias à compreensão do texto. Dependendo da estrutura do trabalho, resultados e discussão poderão ser apresentados em um mesmo item ou em itens separados. As figuras devem ser todas numeradas seqüencialmente, com algarismos arábicos, colocados no lado inferior direito; as escalas, sempre que possível, devem se situar à esquerda da figura. As tabelas devem ser seqüencialmente numeradas, em arábico com numeração independente das figuras. Tanto as figuras como as tabelas devem ser apresentadas em folhas separadas (uma para cada figura e/ou tabela) ao final do texto (originais e 3 cópias). Para garantir a boa qualidade de impressão, as figuras não devem ultrapassar duas vezes a área útil da revista que é de 17,5´23,5 cm. Tabelas - Nomes das espécies dos táxons devem ser mencionados acompanhados dos respectivos autores. Devem constar na legenda informações da área de estudo ou do grupo taxonômico. Itens da tabela, que estejam abreviados, devem ter suas explicações na legenda. As ilustrações devem respeitar a área útil da revista, devendo ser inseridas em coluna simples ou dupla, sem prejuízo da qualidade gráfica. Devem ser apresentadas em tinta nanquim, sobre papel vegetal ou cartolina ou em versão eletrônica, gravadas em .TIF, com resolução de pelo menos 300 dpi (ideal em 600 dpi). Para pranchas ou fotografias - usar números arábicos, do lado direito das figuras ou fotos. Para gráficos - usar letras maiúsculas do lado direito. As fotografias devem estar em papel brilhante e em branco e preto. Fotografias coloridas poderão ser aceitas a critério da Comissão Editorial, que deverá ser previamente consultada, e

se o(s) autor(es) arcar(em) com os custos de impressão. As figuras e as tabelas devem ser referidas no texto em caixa alta e baixa, de forma abreviada e sem plural (Fig. e Tab.). Todas as figuras e tabelas apresentadas devem, obrigatoriamente, ter chamada no texto. Legendas de pranchas necessitam conter nomes dos táxons com respectivos autores. Todos os nomes dos gêneros precisam estar por extenso nas figuras e tabelas. Gráficos - enviar os arquivos em Excel. Se não estiverem em Excel, enviar cópia em papel, com boa qualidade, para reprodução. As siglas e abreviaturas, quando utilizadas pela primeira vez, devem ser precedidas do seu significado por extenso. Ex.: Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV). Usar unidades de medida de modo abreviado (Ex.: 11 cm; 2,4 µm), o número separado da unidade, com exceção de percentagem (Ex.: 90%). Escrever por extenso os números de um a dez (não os maiores), a menos que seja medida. Ex.: quatro árvores; 6,0 mm; 1,0-4,0 mm;125 exsicatas. Em trabalhos taxonômicos o material botânico examinado deve ser selecionado de maneira a citarem-se apenas aqueles representativos do táxon em questão e na seguinte ordem: PAÍS. Estado: Município, data, fenologia, coletor(es) n úmero do(s) coletor(es) (sigla do Herbário). Ex.: BRASIL. São Paulo: Santo André, 3/XI/1997, fl. fr., Milanez 435 (SP). No caso de mais de três coletores, citar o primeiro seguido de et al. Ex.: Silva et al. (atentar para o que deve ser grafado em CAIXA ALTA, Caixa Alta e Baixa, caixa baixa, negrito, itálico). Chaves de identificação devem ser, preferencialmente, indentadas. Nomes de autores de táxons não devem aparecer.

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Os táxons da chave, se tratados no texto, devem ser numerados seguindo a ordem alfabética. Ex.: 1. Plantas terrestres 2. Folhas orbiculares, mais de 10 cm diâm.................................2. S. orbicularis 2. Folhas sagitadas, menos de 8 cm compr................................. 4. S. sagittalis 1. Plantas aquáticas 3. Flores brancas .............1. S. albicans 3.Flores vermelhas.........3. S. purpurea O tratamento taxonômico no texto deve reservar o itálico e o negrito simultâneos apenas para os nomes de táxons válidos. Basiônimo e sinonímia aparecem apenas em itálico. Autores de nomes científicos devem ser citados de forma abreviada, de acordo com índice taxonômico do grupo em pauta (Brummit & Powell 1992 para Fanerógamas). Ex.: 1. Sepulveda albicans L., Sp. pl. 2: 25. 1753. Pertencia albicans Sw., Fl. bras. 4: 37, t. 23, f. 5. 1870. Fig. 1-12 Subdivisões dentro de Material e métodos ou de Resultados e/ou discussão devem ser escritas em caixa alta e baixa, seguida de um traço e o texto segue a mesma linha. Ex.: Área de estudo - localiza-se ... Resultados e discussão devem estar incluídos em conclusões. -Agradecimentos (em caixa alta e baixa, negrito, deslocado para a esquerda): devem ser sucintos; nomes de pessoas e Instituições devem ser por extenso, explicitando o porquê dos agradecimentos. -Referências bibliográficas - Ao longo do texto: seguir esquema autor, data. Ex.: Silva (1997), Silva & Santos (1997), Silva et al. (1997) ou Silva (1993; 1995), Santos (1995; 1997) ou (Silva 1975; Santos 1996; Oliveira 1997).

- Ao final do artigo: em caixa alta e baixa, deslocado para a esquerda; seguir ordem alfabética e cronológica de autor(es); nomes dos periódicos e títulos de livros devem ser grafados por extenso e em negrito. Exemplos: Santos, J. 1995. Estudos anatômicos em Juncaceae. Pp. 5-22. In: Anais do XXVIII Congresso Nacional de Botânica. Aracaju 1992. São Paulo, HUCITEC Ed. v.I. Santos, J.; Silva, A. & Oliveira, B. 1995. Notas palinológicas. Amaranthaceae. Hoehnea 33(2): 38-45. Silva, A. & Santos, J. 1997. Rubiaceae. Pp. 27-55. In: F.C. Hoehne (ed.). Flora Brasilica. São Paulo, Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo. Para maiores detalhes consulte os últimos fascículos rescentes da Revista, ou os links da mesma na internet: www.botanica.org.br. ou ainda artigos on line por intermédio de www.scielo.br/abb. Não serão aceitas Referências bibliográficas de monografias de conclusão de curso de graduação, de citações resumos simples de Congressos, Simpósios, Workshops e assemelhados. Citações de Dissertações e Teses devem ser evitadas ao máximo; se necessário, citar no corpo do texto. Ex.: J. Santos, dados não publicados ou J. Santos, comunicação pessoal.

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________________________________________________________________________________________

1 Parte da Dissertação de Mestrado da primeira Autora 2 Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/ Bolsista Fundect 3 Docente Orientadora, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Departamento de Biologia C. Postal 549, CEP 79070-900 Campo Grande, MS, Brasil 4 Docente Colaboradora, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Departamento de Química 2, 3 Autores para correspondência: [email protected]

Estrutura, histoquímica e atividade antioxidante da folha e do

caule de Nymphaea amazonum Mart. & Zucc. procedente do

Pantanal/MS, Brasil1

Rosana Aparecida Gabriel Adamowicz2, Edna Scremin Dias3 e Neli K. Honda4

RESUMO - (Estrutura, histoquímica e atividade antioxidante da folha e do caule de Nymphaea amazonum Mart. & Zucc.

procedente do Pantanal/MS, Brasil) A estrutura, histoquímica e atividade antioxidante de folhas e do cormo de Nymphaea

amazonum são descritas, evidenciando adaptações ao solo alagado sob condições de déficit de oxigênio. O ápice meristemático

situa-se na porção superior do cormo. Na base dos pecíolos, dispostos em espiral, ocorrem numerosos tricomas tectores. O

revestimento do cormo desenvolvido é multiestratificado, contém suberina, compostos fenólicos gerais e taninos. O sistema

vascular é difuso com longas traqueídes e com floema bem densevolvido. O córtex, com espaços intercelulares evidentes, é

rico em amiloplastos. As folhas são flutuantes fixas e apresentam cloroplastos e estômatos na epiderme da face adaxial,

hidropótios na epiderme da face abaxial do limbo e no pecíolo. O mesofilo é dorsiventral, com várias camadas de parênquima

paliçádico e parênquima esponjoso com lacunas aeríferas e astroesclereídes. Compostos fenólicos gerais foram encontrados na

epiderme do limbo e do pecíolo, no parênquima paliçádico, na região da nervura mediana e no parênquima do pecíolo.Taninos

ocorrem na epiderme do limbo, nas células do parênquima do pecíolo, próximo aos feixes vasculares centrais. Lignina foi

observada apenas nas esclereídes e nas traqueídes. Testes fitoquímicos revelaram taninos em maior concentração, e

esteróis/triterpenos em menor concentração tanto nas folhas quanto no cormo, além de alta atividade antioxidante.

Palavras –Chave: Pantanal, anatomia, histoquímica, atividade antioxidante, macrófitas aquáticas.

ABSTRACT – (Structure, histochemistry and antioxidant activity of the leaf and stem of Nymphaea amazonum Mart. &

Succ. proceeding from Pantanal/MS, Brazil). Structure, histochemistry and antioxidant activity of leaves and rhizome of

Nymphaea amazonum are described, making evident the adaptations to flooded soil under conditions of oxygen deficiency.

The meristematic apex is located in the superior portion of the circular corm. Plentiful trichomes occur at the insertion of

petioles disposed in a spiral. The revetment of developed corm is multistratified, has suberin, general fenolic compounds and

tannins. The vascular system is diffused with long tracheids and a well developed phloem. The cortex, with evident

intercellular spaces is rich in amyloplasts. The leaves are floating and fixed and present chloroplasts in adaxial face of

epidermis, and hydropotes in abaxial face of epidermis of leaf blade and petiole. The mesophyll is dorsiventral, with several

layers of palisade parenchyma and spongy parenchyma with air lacunae and astrosclereids. General fenolic compounds were

found in the epidermis of blade and petiole, in palisade parenchyma, in the region of mean vein and in the parenchyma of

petiole, near to central vascular bundles. Lignin was observed only in sclereids and tracheids. Phytochemical tests showed

higher concentration of tannins, and sterols/triterpens in lower concentration either in leaves as in corm, besides the high

antioxidant activity. Key-words: Pantanal, anatomy, histochemistry, antioxidant activity, aquatic macrophytes.

; [email protected]

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19Introdução

A conquista do ambiente terrestre pelas plantas vasculares foi um grande avanço em termos

evolutivos. A adaptação dos órgãos vegetativos ao ambiente seco e, principalmente, a possibilidade de

realizar a fertilização sem depender da água, propiciaram a vasta dispersão das plantas vasculares,

principalmente das angiospermas predominantes na atualidade. Contudo, algumas poucas briófitas,

pteridófitas e angiospermas, principalmente as herbáceas, retornaram ao ambiente aquático. Na água elas

passaram a viver e se reproduzir, estando em parte ou totalmente submersas. No retorno ao ambiente

primitivo, as atuais plantas aquáticas desenvolveram, ao longo do curso evolutivo, várias características

anatômicas que minimizam os efeitos dos diversos fatores ambientais aos quais estão submetidas. O

sucesso da colonização destas espécies no ambiente aquático é determinado por estas características

(Scremin-Dias et al., 1999; Sculthorpe, 1967; Cronk & Fennessy, 2001).

Células epidérmicas com cutícula delgada e brilhante, hidropótios (estruturas epidérmicas que

realizam absorção de água e sais), redução dos tecidos de condução e sustentação, presença de

parênquima aerífero bem desenvolvido distribuído nas raízes, caules e folhas, as quais permitem a

flutuação e o armazenamento de oxigênio, são algumas características relacionadas a evitar os efeitos dos

fatores extremos que o ambiente aquático impõe as macrófitas aquáticas (Scremin-Dias et al., 1999).

Publicações clássicas relacionam uma série de estruturas e/ou mecanismos que as plantas aquáticas

possuem e que estão associados a sua adaptação e sobrevivência no ambiente aquático (Sculthorpe,

1967). Dentre essas características ressalta-se o alongamento dos pecíolos logo após a subida do nível da

água (Scremin-Dias, 2000) e desenvolvimento de caules com numerosas raízes adventícias, com a função

de ancorar a planta ao solo alagado (Sculthorpe, 1967; Scremin-Dias et al., 1999).

A interação do ambiente com os mecanismos fisiológicos das plantas promove o estímulo da síntese

de compostos especiais, os metabólitos secundários. Estes são componentes importantes para a

sobrevivência e reprodução dos vegetais, podendo estar relacionados tanto com respostas aos fatores

bióticos como abióticos. Tais compostos podem ser sintetizados em resposta ao ataque de herbívoros ou

patógenos, como as fitoalexinas, ou serem expressos constitutivamente (Castro et al, 2004; Santarém,

2006).

Segundo Visser et al. (2003) a baixa concentração de oxigênio e a re-oxigenação que ocorre com a

retirada de água do solo alagado no período de seca, juntos, promovem a geração de espécies de oxigênio

reativo (ROS), os quais são possíveis fitotoxinas que afetam os tecidos de plantas de áreas alagáveis.

Mecanismos de proteção contra ROS envolvendo produção de compostos com atividade antioxidante, são

características essenciais para plantas tolerantes ao alagamento, ajudando a proteger os lipídios e

macromoléculas contra os efeitos dos danos oxidativos (Visser et al., 2003).

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20Os radicais livres, presentes também no organismo humano, são gerados por diversas reações

biológicas, capazes de danificar biomoléculas vitais que mantém a integridade celular, podendo acelerar o

desenvolvimento de patologias como câncer, doenças cardiovasculares e neurodegenerativas. (Fan et al.,

2006; Nabasree, 2006). Estudos recentes revelam que compostos presentes em vegetais como ácido

ascórbico, vitamina E, flavonóides, taninos e outros compostos fenólicos, apresentam potencial

antioxidante. Estes têm despertado grande interesse na área médica, devido à habilidade de estabilizar as

moléculas dos radicais livres, reduzindo os danos associados às doenças acima citadas (Gil et al., 2005;

Nabasree, 2006; Siddhuraju & Becker, 2006). De acordo com pesquisa realizada por Gil et al. (2005),

plantas que se desenvolvem em áreas alagadas, solos arenosos e elevada incidência luminosa, como é o

caso do Pantanal, apresentam características geralmente associadas à produção de fitoantioxidantes.

A família Nymphaeaceae destaca-se no Pantanal por sua ampla distribuição e é representada por

espécies de hábito flutuante fixo, com folhas flutuantes conectadas ao órgão submerso por longos

pecíolos (Cronk & Fennessy, 2001). As espécies com órgãos flutuantes, como as folhas de N. amazonum,

exibem características morfológicas e anatômicas que permitem grande estabilidade e resistência contra

dilaceração provocada pelo movimento da água e imersão causada pelo vento e pela chuva. Isso é

decorrente da presença de folha peltada, circular com a margem inteira e superfície repelente à água, além

do pecíolo flexível (Sculthorpe, 1967).

Nymphaea amazonum Mart. & Zucc., de distribuição neotropical, conhecida popularmente como

lírio d’água, camalote-da-meia-noite, dama da noite, batata-d’ água, é herbácea aquática, flutuante fixa,

com folhas levemente peltadas, geralmente com manchas avermelhadas, nervuras radiais salientes e com

anel de pêlos no ápice do pecíolo (Pott, 1998).

Além de ser utilizada por vários animais como alimento, abrigo e local de desova, também tem sido

utilizada como planta medicinal pela população ribeirinha (Pott & Pott, 2000). As folhas de N. amazonum

são utilizadas como cicatrizantes de feridas e úlceras, o suco da raiz é usado em banho, cataplasma e

emplasto para hemorróidas (Balbach, 1969; Pott & Pott, 2000).

Marquina et al. (2005) ressaltam que o interesse sobre o estudo de representantes da família

Nymphaeaceae aumentou nas últimas décadas devido ao fato da sua posição taxonômica não estar bem

definida. Segundo Judd et al. (1999), esta família está enquadrada dentro do grupo das “paleohervas” e,

análises cladísticas baseadas em dados moleculares e morfológicos suportam sua posição como grupo

parafilético dentro da divisão das angiospermas.

Investigações que caracterizam a morfologia e a composição química, assim como a anatomia dos

tecidos e demais estruturas secretoras presentes nos órgãos vegetativos por meio da histoquímica, são

escassas para a maioria das espécies brasileiras e, principalmente, em macrófitas aquáticas.

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21Conhecimentos em diferentes escalas, abordagens e ecossistemas permitem ampliar a visão da

função das macrófitas aquáticas, de sua biologia e ecologia, demonstrando seu potencial de uso em

sistemas naturais, contribuindo para o manejo e conservação desses ambientes (Pott & Pott, 2000;

Pompêo & Moschini-Carlos, 2003).

O presente trabalho descreve os aspectos estruturais e histoquímicos das folhas e cormo de

Nymphaea amazonum Mart. & Zucc., seu potencial antioxidante e evidencia as adaptações que permitem

seu perfeito estabelecimento em solos permanentemente alagados sob condições de baixa concentração de

oxigênio.

Material e métodos

Folhas e cormos completamente desenvolvidos de N. amazonum foram coletados no Pantanal nas

áreas de influência dos rios Miranda e Abobral, em lagoas e caixas de empréstimo ao longo da Estrada

Parque Pantanal e nas adjacências da Base de Estudos do Pantanal (BEP) da Universidade Federal do

Mato Grosso do Sul (S19°25’30.8” W57°02’50.2”), nos meses de maio e junho do ano de 2005 e em abril

e junho de 2006. Nos períodos de maio e abril o nível da água apresentou-se mais elevado e, em

detrimento a isso, observou-se maior abundância na distribuição de N. amazonum. Nos meses de junho de

2005 e 2006 houve diminuição do nível da água em decorrência do escoamento que ocorre anualmente

nesse período na região, acarretando em menor quantidade de indivíduos da espécie em estudo. Segundo

informações descritas por Cardoso et al. (2000), o Pantanal possui clima tropical subúmido (Aw), com

médias anuais de chuva em torno de 1.100 mm, sendo a estação chuvosa de outubro a março e

relativamente seca de abril a setembro, podendo variar anualmente. A temperatura média anual é de

25,5°C, oscilando entre 20,7°C e 28,0°C, onde a média anual da temperatura máxima é de 31,5°C, sendo

que as máximas absolutas no período de setembro a janeiro ultrapassam 40°C (Soriano et al., 1997).

O material coletado foi fixado em formalina neutra tamponada (Kraus & Arduin, 1997) por 24

horas, lavado abundantemente em água corrente e posteriormente conservados em álcool 70%.

Para a confecção de lâminas permanentes, o cormo foi desidratado em série alcoólica ascendente,

mantido em bomba á vácuo e, posteriormente, emblocado em parafina e cera de abelha a 6%, de acordo

com técnicas usuais. Secções transversais e longitudinais do material emblocado foram feitas em

micrótomo rotatório e, posteriormente, afixadas em lâmina com gelatina glicerinada de Bissing. Após

desparafinização e desidratação em série alcoólica, o material passou por dupla coloração com azul de

astra e safranina, sendo montadas lâminas com resina Entellan (Kraus & Arduin, 1997). O bordo, a região

mediana e o pecíolo foram emblocados em historesina e as lâminas, montadas a partir de secções

transversais feitas em micrótomo rotatório, foram posteriormente coradas com azul de toluidina.

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22Para os cortes à mão livre, após diafanização em solução de hipoclorito de sódio a 20% e dupla

coloração (azul de astra e safranina), as lâminas foram montadas em glicerina e lutadas com esmalte de

unha incolor.

Os testes histoquímicos foram realizados a partir das folhas e cormo recém coletados, seguindo as

seguintes técnicas:

1. Lactonas sesquiterpênicas: Os cortes foram diretamente montados em ácido sulfúrico (Geissmen

& Griffin, 1971).

2. Terpenóides com grupos carbonila: Os cortes foram colocados em solução saturada de 2,4

dinitrofenilhidrazina em HCl (Ganter & Jollés, 1970).

3. Compostos fenólicos: foi aplicado nas amostras Cloreto de Ferro III a 10% (Johansen, 1940).

4. Alcalóides: foi aplicado às amostras o reagente de Wagner (Furr & Mahlber, 1981).

5. Taninos: os cortes foram tratados com vanilina a 0,5% em ácido clorídrico a 9% (Mace &

Howell, 1974).

6. Lignina: foi aplicado às amostras, floroglucinol em ácido clorídrico a 20% ( Johansen, 1940).

7. Suberina: as amostras foram tratadas com Sudam III em etanol 80% durante 25 minutos ( Kraus

& Arduin, 1997).

A análise e ilustração do material foram realizadas em microscópio Leica – DM LB acoplado ao

sistema de captura de imagens e fotografia, sendo projetadas as escalas micrometradas correspondentes.

Além dos testes histoquímicos foi realizada também triagem fitoquímica e cromatográfica, segundo

técnicas descritas por Matos (1988), como análise complementar dos dados microquímicos. Para tal, as

folhas e caule de N. amazonum foram coletados e desidratados à temperatura ambiente. Após a secagem,

foram triturados e moídos em processador Walita. A extração foi feita a partir de 40 gramas do pó, sob

refluxo, com etanol, por duas horas e filtrado em papel de filtro. O volume foi acertado para 200 mL. Os

compostos pesquisados foram:

a) Esteróides/triterpenóides: o teste foi realizado por reação de Liebermann-Buchard.

b) Alcalóides: os testes foram realizados com os reativos de Mayer, Dragendorff e Bouchardat.

c) Taninos: sua presença foi pesquisada por meio de reações com solução de cloreto de ferro III a

2% em água, e com solução de gelatina a 0,5%.

d) Saponinas: a pesquisa foi feita por meio da observação da formação e persistência de espuma,

após agitação.

O extrato bruto foi cromatografado em placa de sílica gel eluída com acetato de etila: n-propanol :

H2O (80:18:2 v/v). A revelação foi realizada com solução de metanol contendo 10% de ácido sulfúrico.

Após o aparecimento das manchas foi aplicado sobre a placa solução sulfúrica de p-anisaldeído (Stahl,

1969).

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23A atividade seqüestradora de radical livre para os extratos etanólicos foi determinada utilizando o

teste com o radical livre DPPH (difenilpicrilhidrazina), em uma série de diluições, misturando-se 5ml de

solução de DPPH (0,004 % em etanol) com quantidades apropriadas do extrato bruto de N. amazonum

(concentrações variando entre 0,3mg/ml – 10mg/ml). Após 30 minutos, a quantidade dos radicais de

DPPH foi registrada em UV visível no comprimento de onda 517mm. Foi utilizado como padrão o

antioxidante sintético BHA (hidroxibutilanisol) com IC50 de 0,17mg/ml). A eficiência antiradicalar foi

estabelecida utilizando a análise de regressão linear obtido por meio do programa Exell. Os resultados

foram expressos pelo valor da IC50 (Concentração Inibitória de 50%) que representa a concentração da

amostra necessária para seqüestrar 50% dos radicais de DPPH (Silva et al., 2006).

Resultados e discussão

Caule: o caule de N. amazonum é um cormo na forma circular, tendo na porção superior, ao nível da

superfície do solo, o ápice meristemático e, ao redor deste, a inserção de pecíolos dispostos em espiral

(Fig.1). O comprimento dos pecíolos varia no mesmo indivíduo e entre indivíduos diferentes, tendo sido

observados variações entre 30cm a 2,15m de comprimento, dependendo do nível da lâmina da água.

Grande parte da circunferência do cormo é ocupada pelas bases dos pecíolos e escapos florais. Na base do

pecíolo há grande quantidade de tricomas tectores pluricelulares e unisseriados. Weidlich (1976),

estudando espécies de três subgêneros de Nymphaea, observou características anatômicas semelhantes ao

caule de N. amazonum que, aparentemente, é padrão para as espécies. .

Em indivíduos adultos, pode ocorrer o desenvolvimento de gema axilar que origina um estolho (Fig.

1). Este é desprovido de tricomas e possui crescimento limitado – aproximadamente 10 cm. Não há

articulação de nós e entrenós e a nova planta é emitida no ápice do estolho, permanecendo por algum

tempo, ainda conectada ao cormo da planta mãe (Fig. 1). A propagação vegetativa por meio de estolhos,

pode ocorrer a partir de cormos velhos – sem a presença de folhas -, ou de cormos jovens ainda em

atividade. Weidlich (1976) denominou esta estrutura de “tubérculos horizontais” presente em espécies do

gênero Nymphaea, cuja origem está relacionada com a dormência em decorrência da sazonalidade –

diminuição do nível da água ou período de seca. A gema apical está disposta na região superior do cormo,

totalmente protegida pelas bases dos pecíolos e pelos tricomas unisseriados multicelulares, visíveis a olho

nu. Numerosas raízes adventícias estão dispostas ao longo de todo o perímetro do cormo, inclusive entre

os pecíolos, sendo algumas contráteis, o que mantém o caule em um nível constante no substrato (Fig. 1).

O cormo da planta adulta possui coloração castanho-escura com sistema de revestimento de superfície

áspera recoberto por tricomas tectores longos e persistentes (Fig 1).

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24Envolvendo o meristema apical em formato de domo, há uma região plana e rica em tricomas

(Fig. 2). As iniciais meristemáticas são em número restrito, não sendo possível visualizar a organização

da túnica e corpo no promeristema. Esta organização do meristema apical introduzida por Schimidt em

1924, é descrita com sendo comum para maioria das angiospermas. No entanto, a organização do

meristema apical de angiospermas pode variar dependendo da fase ontogenética da planta, diferir entre

meristemas apicais e laterais em uma mesma planta, ou ainda em decorrência das alterações que as

flutuações sazonais causam no crescimento da planta (Martin & Tucker 1985; Hara 1962). Logo abaixo

das células iniciais meristemáticas podem ser distintas as derivadas imediatas, que sofrem divisões

predominantemente anticlinais, (Fig. 2). Bem próximo ao promeristema já são distintos os cordões

procambiais envoltos por meristema fundamental, cuja vacuolização é bem evidente (Fig. 2). Esta espécie

apresenta quatro cordões de procâmbio os quais, ao se desenvolverem, se anastomosam e ramificam

dando origem aos traços foliares e do escapo floral, além de se direcionarem para as raízes adventícias.

As unidades vasculares posicionadas no centro do cormo (Fig. 3) são predominantemente anficrivais (Fig.

4), podendo ocorrer unidades vasculares colaterais ao longo do órgão.

No cormo completamente desenvolvido, o sistema vascular é complexo, tendo unidades vasculares

distribuídas de forma concêntrica na região central do caule e envoltas por parênquima medular (Fig. 3).

Elementos do xilema constituídos por traqueídes com espessamento helicoidal (Fig. 5), em geral são

margeadas por floema com elementos de tubo crivado de lume amplo com placas crivadas evidentes e

transversas (Fig. 6). As observações do sistema vascular desta espécie foram feitas por meio de

microscopia óptica, a qual apresenta certas limitações na visualização de detalhes das estruturas. Ressalta-

se aqui a necessidade do estudo de ultraestrutura dos elementos traqueáreos do xilema, tanto no caule

como na folha, para a obtenção de dados mais consistentes sobre a organização da estrutura destes.

Weidlich (1976) apresentou amplo estudo sobre a organização do sistema vascular de três subgêneros de

Nymphaea elucidando a complexa rede formada pelas unidades vasculares do caule, bem como sua

constituição nos traços de folha, escapo floral e raízes. Este autor denomina os feixes procambiais centrais

de feixes axiais, que são envoltos por feixes satélites colaterais. No presente trabalho, elaborado com N.

amazonum, não foi empregada a mesma técnica utilizada por Weidlich (1976), no entanto, com base neste

autor, acredita-se que os feixes colaterais observados correspondem aos feixes satélites citados.

O caule adulto é inicialmente recoberto por epiderme com numerosos tricomas tectores

pluricelulares unisseriados e visíveis a olho nu (Fig. 2 e 7). Bem próximo do meristema apical notam-se

divisões periclinais, aparentemente de derivadas imediatas da protoderme (Fig. 7) formando, no cormo

adulto, a parte mais externa do sistema de revestimento, a qual é persistente (Fig. 8 e 9). Concomitante às

divisões das células epidérmicas, a camada subjacente, caracterizada pela parte mais externa do córtex,

também sofre divisões periclinais, originando várias camadas de células que são suberizadas quando

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25diferenciadas, além de numerosas esclereídes no limite entre o que constitui o sistema de revestimento

adulto e as células corticais ( Fig. 8 e 9), formando assim, o que Raven et al. (2001) definem como

epiderme multiestratificada. Nessa espécie a origem do sistema de revestimento pode ser considerada

mista, não sendo possível distinguir um felogênio típico. Segundo Metcalf & Chalk (1979) é difícil obter

a distinção entre epiderme multiestratificada de uma hipoderme ontogeneticamente formada por divisões

das camadas subepidérmicas.

Cutter (1987) cita que algumas Monocotiledôneas apresentam súber estratificado que não é

originado pelo felogênio e sim por divisões periclinais das células superficiais do parênquima, formando

fileiras radiais de células suberizadas, semelhante ao que ocorre com Nymphaea que não forma felogênio

típico, tendo o sistema de revestimento do caule adulto pluriestratificado.

O córtex externo consiste de parênquima com células estreladas com braços curtos presentes nas

regiões de onde partem as bases dos pecíolos. As células parenquimáticas da medula e do córtex interno

apresentam paredes finas com espaços intercelulares bem evidentes e grandes quantidades de

amiloplastos (Fig. 7 e 8).

Secções transversais do estolho demonstram numerosas lacunas aeríferas onde se observa a

presença de astroesclereídes, principalmente nas células próximas aos feixes vasculares O estolho possui

de 4 - 5 feixes vasculares colaterais (Fig. 10), entre os quais um deles possui maior quantidade de floema

que os demais (Fig. 11) e cada feixe é envolvido por endoderme com estrias de Caspary (Fig. 13),

caracterizando um monostelo. Albiero et al (2005) citam que a presença de monostelos é comum em

Piperaceae e também em monocotiledôneas.

Limbo foliar e pecíolo - a epiderme do limbo foliar de N. amazonum é unisseriada com raros

cloroplastos (Fig. 14), células de altura regular e contorno variando de retangular à quadrangular em

secção transversal (Fig. 14). As paredes anticlinais são sinuosas nas regiões internervurais e retas sobre as

nervuras, quando observadas em secção paradérmica (Fig. 15). A cutícula delgada é conspícua na

superfície adaxial (Fig. 14) quando comparada com a abaxial. As células da epiderme do pecíolo

apresentam paredes retas e são mais longas que largas em secção paradérmica (Fig. 16). Em secção

transversal seguem o mesmo padrão descrito para a epiderme do limbo. A presença de cutícula

ligeiramente espessa e brilhante na face adaxial auxilia na repelência da água em folhas flutuantes

(Gonzalez, 2002) e, segundo Fahn (1990), a epiderme recoberta por cutícula fina, não desempenha a

função de proteção contra a transpiração em plantas aquáticas, mas sim facilita a absorção de nutrientes –

face abaxial -, e trocas gasosas, visto que essas plantas não sofrem com o problema da dessecação.

Hidropótios, distribuídos aleatoriamente, ocorrem na epiderme do pecíolo e na face abaxial do

limbo, sendo constituídos por três células – uma basal ao nível das demais células epidérmicas, uma

mediana cuja parede periclinal interna é mais espessada, e a apical cuja extremidade é arredondada. Esta

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26célula e a célula mediana produzem mucilagem quando jovem (Fig. 17, 18) e, a célula basal possui

maior número de cloroplastos, quando comparada com as demais células epidérmicas. Geralmente em

material preparado de folhas adultas, a célula apical é eliminada tanto nas folhas como nos pecíolos,

restando somente a célula basal e a célula mediana, que possui formato côncavo e espessamento

acentuado da parede periclinal interna (Fig. 17, 18).

Solereder (1908) já havia descrito a presença de pêlos mucilaginosos na epiderme das folhas de

espécies deste gênero, utilizando como exemplo, ilustrações de tricomas que se assemelham aos

hidropótios observados em N. amazonum e Gonzalez (2002) descreve a constituição dos hidropótios de N.

amazonum com três células concordando com o descrito neste trabalho. Também Metcalfe & Chalk

(1979) ao conceituar hidropótios ilustram estas estruturas em espécies de Nymphaea como tendo três

células, no hidropótio adulto. Ressalta-se aqui a necessidade do estudo da ultraestrutura dos hidropótios,

tanto em folhas jovens quanto adultas, para obtenção de dados conclusivos para saber se a abscisão da

célula apical torna o hidropótio não funcional, haja vista que a mínima manipulação das folhas,

principalmente as adultas, promove a separação da célula apical das demais constituintes dos hidropótios

(Fig. 17).

Os hidropótios têm sido citados por vários autores como estruturas que facilitam o transporte de

água e íons para dentro da planta, os quais são translocados por meio do sistema vascular no mesofilo

(Sculthorpe, 1967; Fahn, 1990; Greulich et al., 2001; Lavid et al., 2001a).

Tricomas tectores unisseriados, pluricelulares, robustos, de tamanhos variados, são bem evidentes

tanto na base do limbo quanto na base do pecíolo (Fig. 19 e 20). As células que compõem estes tricomas

têm contorno retangular e evidentemente são mais alongadas na base dos pecíolos quando comparadas

com as da região da junção do limbo com o pecíolo (Fig. 19 e 20). O anel de tricomas muito alongados na

base do limbo e visível a olho nu é importante caráter para a identificação da espécie estudada (Pott

1998).

Estômatos anomocíticos, dispostos ao nível das células epidérmicas, estão presentes apenas na face

adaxial das folhas (Fig. 15), corroborando com a descrição de Mauseth (1988) e Gonzalez (2002) para o

gênero, e Solereder (1908) para a família Nymphaeaceae. A parede periclinal externa das células

oclusoras se projeta acima da superfície epidérmica formando crista estomática. A câmara subestomática

interrompe uma ou mais camadas de células do parênquima paliçádico (Fig. 21). A presença de estômatos

na superfície adaxial das folhas flutuantes de plantas aquáticas permite a perda de vapor de água, além de

facilitar a absorção de oxigênio e dióxido de carbono (Sculthorpe, 1967). A manutenção do fluxo hídrico

em plantas aquáticas, proporcionada pela alta densidade de estômatos que se mantêm abertos

constantemente, é muito importante para a absorção de nutrientes que se encontram dissolvidos no solo

alagado (Sculthorpe, 1967).

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27O mesofilo dorsiventral possui parênquima paliçádico com três a quatro estratos de células

alongadas de tamanhos variados (Fig. 21, 22 e 23) e ricas em cloroplastos, corroborando o descrito por

Gonzalez (2002) para esta espécie. Pode-se observar a presença de células coletoras entre as células do

parênquima paliçádico e esponjoso, cujo formato é bem variado (Fig. 22).

O aerênquima de amplas lacunas se estende ao longo do pecíolo e do limbo formando uma rede

poligonal de células volumosas (Fig. 23 e 24), que no limbo constitui o parênquima esponjoso, formando

uma malha de grandes canais de ar. No pecíolo, as maiores lacunas aeríferas estão distribuídas no centro e

diminuem à medida que se aproximam da periferia do órgão (Fig. 24). Diafragmas interrompendo as

lacunas têm distribuição restrita, sendo observados somente na região da junção do pecíolo com o limbo

foliar (Fig. 25). A presença de diafragma nas folhas de N. amazonum é descrição inédita para esta espécie,

e consiste em importante característica adaptativa das plantas que habitam ambiente aquático. Sculthorpe

(1967) relata que o número e tamanho das lacunas aeríferas variam de acordo com a idade, a natureza do

órgão e a espécie. Conard (1905) descreve que o padrão das lacunas para o gênero Nymphaea é variável

nas diversas espécies. Dalla Vecchia et al. (1999) e Coan et al. (2002) descrevem que a presença de

tecido aerenquimatoso altamente compartimentado em plantas aquáticas é uma adaptação importante,

pois dessa forma, elas conseguem estocar um mínimo de oxigênio requerido nesse tipo de ambiente e o

transportam das folhas até a raiz.

O bordo foliar é agudo, onde se observa nítida redução do número de células do parênquima

paliçádico em direção a este, possui duas camadas de parênquima regular, sem parênquima esponjoso e

tecido de sustentação (Fig. 26), seguindo o padrão descrito por Esau (1976) e Fahn (1990) para as plantas

aquáticas em geral, e para N. amazonum por Gonzales (2002).

Esclereídes no formato de astroesclereídes ocorrem principalmente entre as células que limitam

longitudinalmente as lacunas aeríferas do limbo e pecíolo. No parênquima paliçádico as esclereídes

possuem formato laminar e algumas delas se ramificam para dentro da lacuna aerífera (Fig. 27 e 28). Sua

origem ocorre tardiamente por meio da diferenciação de uma célula do meristema fundamental, quando as

lacunas aeríferas já estão desenvolvidas. Estas características já foram descritas por Gonzalez (2002) para

esta espécie e, Gaudet (1960), estudando a ontogênese de esclereídes em folhas de Nymphaea odorata

Aiton, observou desenvolvimento semelhante ao encontrado N. amazonum. Segundo Sculthorpe (1967),

essas células especializadas dão suporte mecânico e aparecem em uma ontogenia tardia dos órgãos

quando os tecidos aumentam de volume.

Ao final da diferenciação, as esclereídes possuem paredes fortemente lignificadas com cristais de

oxalato de cálcio (Fig. 27). Incrustações de oxalato de cálcio foram citadas por Fahn (1990) como sendo

comuns às esclereídes de espécies de Nymphaea. Para este autor, a localização, tipo e aparência dos

cristais de oxalato de cálcio, comuns em células vegetais, são importantes na delimitação das espécies.

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28Gaudet (1960) descreve que cristais aparecem entre a parede primária e secundária, durante a fase final

do processo de maturação das esclereídes de folhas de N. odorata.

Os três feixes vasculares que ocorrem na região da nervura mediana do limbo, dispostos

paralelamente à maior superfície foliar, possuem tamanhos distintos sendo o maior localizado próximo à

face abaxial, enquanto o de menor porte, está próximo à face adaxial (Fig. 29). Todas as unidades

vasculares do limbo são colaterais, ocorrendo maior número de células de floema, quando comparado

com o xilema (Fig. 30). Algumas unidades vasculares menores possuem somente floema e as lacunas de

protoxilema são menores quando comparadas com aquelas do pecíolo.

A nervura mediana e as laterais de maior porte são bem proeminentes e possuem toda a sua

extensão preenchida por aerênquima, tendo na face abaxial colênquima angular típico (Fig 31). Na face

adaxial o parênquima paliçádico é interrompido por poucas células de parênquima (Fig. 29). As unidades

vasculares do mesofilo distribuem-se na interface parênquima paliçádico e parênquima esponjoso, sendo

os feixes internervurais menores que aqueles da nervura central com feixes colaterais abertos (Fig. 23 e

30).

No pecíolo as unidades vasculares são caracterizadas por possuírem grande lacuna de protoxilema.

Estas se originam por processo esquizógeno, são circundadas por células de parênquima, cujas paredes

periclinais internas são mais espessas e revestidas por substâncias de caráter lipídico (Fig. 32). O pecíolo

possui dois feixes vasculares maiores, que podem ser bicolaterais ou colaterais abertos (Fig. 33 e 34),

dispostos abaixo do parênquima cortical, na região mediana e em posição oposta um a outro (Fig.24).

Estes possuem uma grande lacuna de protoxilema central, tendo elementos de tubo crivado com lume

muito amplo. Entre estas unidades vasculares, e posicionados no centro do pecíolo, ocorrem dois feixes

colaterais menores, cujo xilema é constituído somente pela lacuna de protoxilema, ou ainda só possuir

somente cordões de floema (Fig. 24 e 35). As demais unidades vasculares (15-17) estão distribuídas na

periferia do pecíolo, sempre ocorrendo unidades maiores e menores intercaladas. Na maioria das unidades

menores não ocorre lacuna de protoxilema e sim o elemento traqueal persistente, semelhante ao que

ocorre nas unidades vasculares do limbo (Fig.30). O córtex do pecíolo possui 2 a 3 camadas de células de

colênquima posicionadas logo abaixo da epiderme seguidas pelo parênquima regular e, ao centro, as

amplas lacunas de ar, concordando com o descrito por Gonzalez (2002) para esta espécie.

De acordo com Sculthorpe (1967) e Goremykin et al. (2004), vasos são ausentes em muitos gêneros

de Nymphaeaceae, e os elementos condutores são longas traqueídes com espessamento anelar ou

espiralado, alguns ou todos eventualmente desorganizados, partindo de um xilema lacunar e um cordão de

floema em cada feixe.

Análises histoquímicas e fitoquímicas: os testes histoquímicos realizados na folha de N. amazonum

revelaram a presença de compostos fenólicos gerais na epiderme, no parênquima paliçádico e na região

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29da nervura mediana. No pecíolo estes compostos foram observados na epiderme, em algumas células

parenquimáticas que limitam as lacunas aeríferas e nas células parenquimáticas próximas aos feixes

vasculares (Fig. 34). No caule os compostos fenólicos foram observados no sistema de revestimento e em

algumas células do córtex. Taninos foram observados na epiderme do limbo, nas células do parênquima

do pecíolo, principalmente próximo aos feixes vasculares centrais (Fig 36) e nas células do sistema de

revestimento do caule.

Os fenóis pertencem a uma classe de compostos que possuem pelo menos um anel aromático, no

qual, ao menos, um hidrogênio é substituído por uma hidroxila, sendo amplamente distribuídos no reino

vegetal (Simões et al, 1999). Segundo esses autores, os compostos fenólicos abrangem metabólicos

secundários como taninos, ligninas, alcalóides e terpenóides, além de fazerem parte de moléculas

estruturais como as proteínas. Vários autores descrevem que muitos derivados de fenóis apresentam

atividade cicatrizante, antisséptica, desinfetante, anestésica, na inibição de síntese de melanina

(hidroquinona) e que a presença desses compostos em plantas, na maioria dos estudos, está relacionada

com estresse metabólico, composição da parede celular e exsudados de raízes e sementes. Eles agem

também na proteção do vegetal contra pragas, doenças e como compostos alelopáticos. (Castro et al.,

2004; Simões et al., 1999). Lignina foi detectada, como era de se esperar, somente nas esclereídes e

traqueídes. Suberina foi observada nas paredes das células do sistema de revestimento do caule.

A reação dos tecidos submetidos ao ácido sulfúrico concentrado para a detecção de lactonas

sesquiterpênicas nas folhas foi considerada não conclusiva. Houve a desintegração da maior parte dos

tecidos, mas na região da epiderme as células apresentaram seqüência de coloração similar esperada para

tais compostos. O teste para evidenciar terpenóides também foi considerado não conclusivo, talvez pela

baixa concentração destes compostos nessa espécie. Não foi detectada a presença de alcalóides em N.

amazonum.

Os estudos fitoquímicos direcionados para três principais metabólitos secundários, revelaram a

presença de taninos, em maior concentração, e esteróis/triterpenos em menor concentração nas folhas de

N. amazonum. Os testes para detectar a presença de saponinas e alcalóides nesta espécie foram negativos.

Fahn (1990) cita que os taninos são um grupo heterogêneo derivado dos compostos fenólicos que,

em secções microscópicas, usualmente aparecem como massas granulares ou corpos coloridos amarelos,

vermelhos ou marrons, podendo ser encontrados no citoplasma, no vacúolo ou na forma de gotículas, e

algumas vezes penetram na parede celular. Segundo esse autor, podem ocorrer em diferentes partes da

planta, especialmente em folha, periderme, no tecido vascular, em frutos verdes, em cascas de sementes,

em tecidos produzidos pela ação de patógenos e têm a função de proteger a planta contra desidratação,

apodrecimento e danos causados por animais.Taninos são usados comercialmente, especialmente em

indústrias de curtume de couro (Castro et al., 2004).

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30Lavid et al. (2001b) relaciona a alta concentração de taninos na folha, a presença de esclereídes e

a sua co-existência com fenol-oxidases para o gênero Nymphaea, com a habilidade de ligação com metais

pesados. Segundo esses autores isso ocorre provavelmente nas mesmas rotas metabólicas que envolvem a

produção de taninos, que também conduzem ao desenvolvimento de esclereídes.

A atividade antiradicalar do extrato etanólico de N. amazonum teve valor de 1,8mg/ml (1800 µg),

considerada bem significativa quando comparado com o padrão (BHA com IC50.= 0,17 mg/ml). Esse

resultado pode estar relacionado com a presença de compostos fenólicos em todos os órgãos vegetativos

desta espécie, pois estudos recentes revelam que estes compostos apresentam grande potencial

antioxidante (Nabasree, 2006).

Os resultados da análise química aqui apresentados apontam para a necessidade da realização de

testes farmacológicos para esta espécie, haja vista a utilização terapêutica desta espécie com base em

conhecimento empírico dos ribeirinhos pantaneiros (Pott & Pott, 2000).

A análise do cormo desta espécie é bem peculiar, principalmente quanto ao sistema vascular e de

revestimento. Apesar de Weidlich (1976) apresentar ampla revisão e um trabalho de ontogênese e

organização tridimensional do sistema vascular de três espécies de Nymphaea, trabalhos de ontogênese

com outras espécies do gênero e demais gêneros da família Nymphaeaceae seriam importantes para

entender a filogenia do grupo. Estes estudos, aliados aos filogenéticos, poderiam auxiliar no entendimento

da origem e evolução das Angiospermas.

Agradecimentos

Agradecimento especial à Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia

do Estado de Mato Grosso do Sul (FUNDECT), pela concessão da bolsa de Mestrado à primeira autora e

pelo financiamento do projeto. Aos estagiários do Laboratório de Botânica, em especial à Jane Rodrigues

Silva, Mariana Carolina Souza, Silvana C. H. de Medeiros e Tamires Soares Yule. Ao Laboratório de

Pesquisa do Departamento de Química (UFMS) pelo apoio nas análises fitoquímicas e ao Laboratório de

Pesticidas Naturais (UFMS) pelo auxílio nas análises de atividade antioxidante.

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34Figura 1- Detalhe do cormo desenvolvido de Nymphaea amazonum Mart. & Zucc., evidenciando o estolho

(Es), os numerosos tricomas (Tr), a organização dos pecíolos (Pe) e as raízes adventícias (Ra). (Barra= 3

cm).

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35

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36Figuras 2 - 13. Caule de Nymphaea amazonum Mart. & Zucc. 2. Secção longitudinal do meristema apical

do cormo evidenciado sua organização e a presença de numerosos tricomas (Tr). 3. Secção transversal do

cormo jovem indicando as unidades vasculares difusas e os feixes procambiais centrais (setas). 4. Detalhe do

feixe anficrival central da foto anterior. 5. Traqueídes helicoidais do feixe vascular adulto (setas). 6.

Elemento de tubo crivado curto com lume amplo (Ec), placa crivada (setas) e células do parênquima

associado ao feixe vascular (Pa). 7. Fase inicial da ontogênese do sistema de revestimento e do córtex

aerenquimatoso (Ct), observar a protoderme em divisão (seta). 8 e 9 . Secções transversais do sistema de

revestimento do cormo jovem (8), com seqüência de células provenientes de divisões da protoderme e córtex

externo rico em amiloplastos (seta); em 9 o sistema de revestimento do cormo adulto indicando a presença de

tricoma (Tr) e a camada limitante do sistema de revestimento (Sr) com esclereídes (Es). 10. Secção

transversal do estolho com os feixes vasculares (setas). 11 e 12. Detalhes evidenciando os feixes vasculares

do estolho. 13. Feixe colateral com estrias de Caspary (Ec) na endoderme. (Cp = cordões procambiais, Fl=

floema, Lpx = lacuna de protoxilema, Mf = meristema fundamental, Mx = metaxilema, Px = protoxilema).

(Barras figuras: 4, 5, 6 = 30 µm; 2,11,12,13= 50 µm; 7;8, 9 = 100 µm; 3, 10 = 200 µm).

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Lpx

FlFl

11

4

PxMx

FlFl

Fl

12

Fl

3

Es

Sr

Tr

9

8

13

Fl

Lpx

Cp

MF Mf

2

Tr

Mf

Tr

Ec

6

Ct

7

10

37

5

Pa

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38Figuras 14-20. Nymphaea amazonum Mart. & Zucc. 14. Secção transversal da face adaxial do limbo

evidenciando a cutícula (Ct). 15. Secção paradérmica do limbo mostrando a organização dos estômatos e das

demais células epidérmicas. 16. Secção paradérmica do pecíolo com hidropótios (setas). 17. Detalhe do

hidropótio no limbo. 18. Secção longitudinal da folha jovem mostrando hidropótio com mucilagem (seta).

19. Tricomas tectores da região da junção do pecíolo com o limbo. 20. Detalhe do tricoma da foto anterior.

(Ca = célula apical, Cb = célula basal, Cm = célula mediana, Ep = epiderme, Es = esclereíde, Fv = feixe

vascular, In = região internervura, La = lacuna aerífera, N = região sobre as nervuras, Pp = parênquima

paliçádico). (Barra figuras: 14, 16, 17, 18, 20 = 30 µm; 15 = 50 µm; 19 = 100 µm).

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15

N

In

16

La

Fv

Es

Ca

Cb

Cm

17

18 19

20

39

14

Ep

Pp

Ct

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40Figuras 21-26. Limbo e pecíolo de Nymphaea amazonum Mart. & Zucc. 21. Secção transversal do limbo

indicando estômato na face adaxial, crista estomática (Ce) e câmara subestomática (Cs). Notar a variação no

tamanho das células do parênquima paliçádico (Pp). 22. Secção transversal do limbo evidenciando a presença

de célula coletora (Cc). 23. Organização dorsiventral da folha onde se observa a presença de hidropótios

(setas) na face abaxial. 24. Secção transversal do pecíolo. 25. Detalhe do diafragma encontrado na base do

limbo. 26. Secção transversal do bordo, notar hidropótios. (Ep = epiderme). (Barra figuras = 21,25 = 30 µm;

22 = 50 µm; 23,26 = 100 µm; 24 = 200 µm).

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21

Ce

Cs

Pp

Ep

22

Cc

23

Pp

La

Fv FvFv

25

24

26

Es

Fv

Fv

41

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42Figuras 27-32. Secções transversais do limbo de Nymphaea amazonum Mart. & Zucc. 27 e 28.

Astroesclerídes com cristais de oxalato de cálcio (Cr) entre as células do parênquima paliçádico. 29. Nervura

mediana do limbo, notar a distribuição dos feixes vasculares colaterais, a interrupção do parênquima

paliçádico por células de parênquima regular, e os hidropótios (setas). 30. Feixe vascular colateral de menor

calibre. 31. Detalhe do feixe vascular da nervura mediana. 32. Secção transversal do pecíolo mostrando a

ampla lacuna de protoxilema, revestidas por substâncias de natureza lipídica nas paredes internas das células

parenquimáticas e a bainha do feixe. (Bf). (Col = colênquima, Tr = traqueíde). (Barra figuras: 27 = 30 µm;

28,30,32 = 50 µm; 29,31 = 100 µm).

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30

Tr

32

Bf

Lpx

31

Bf

ColCol

29

La

Pp

Fv

Fv

Fv

27

Cr

28

43

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44Figuras 33-36.Secções transversais do pecíolo de Nymphaea amazonum Mart. & Zucc. 33. Feixe vascular

bicolateral aberto evidenciando a ampla lacuna de protoxilema (Lpx) e os elementos de tubo crivado (setas).

34. Feixe vascular colateral e riqueza de amiloplastos (seta) na bainha e idioblasto (Id) nas células do

aerênquima com compostos fenólicos. 35. Detalhe de um feixe colateral menor com um amplo elemento de

tubo crivado (Ec) e ausência de lacuna de protoxilema. 36. Tecido parenquimático evidenciando idioblasto

taninífero (seta). (La = lacuna aerífera). (Barra figuras: 35, 36 = 50 µm; 33, 34 = 100 µm).

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3635

Ec

33La

La

La

Lpx

34

Id

45

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CAPITULO II: Estrutura, desenvolvimento e histoquímica da raiz de Nymphaea amazonum Mart & Zucc. (Nymphaeaceae).

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Submission of papers Brazilian Archives of Biology and

Technology publishes original research papers, Short notes and Review articles in English in the interdisciplinary areas of biological sciences and engineering/technology. Submission of paper implies that it has not been published or being considered for publication elsewhere. Care should be taken to prepare a compact manuscript with precision in presentation, which will help authors in its acceptance. All the papers are subjected to review by referees.

Manuscript

Three copies of the single-spaced typed

manuscript (maximum 12 pages for original and review articles and 2-4 pages for short notes) on a high grade A-4 size paper (210x297 mm), with margins (left 25, right 20, superior and inferior 30 mm) should be prepared. This should be divided under the following headings: ABSTRACT, INTRODUCTION, MATERIALS AND METHODS, RESULTS, DISCUSSION, ACKNOWLEDGEMENTS, RESUMO, REFERENCES. These headings should be typed in bold upper case (12 font). For review articles, authors should make their own headings along with Abstract and Introduction.

Title

The title (18 font, bold) of the paper

should clearly reflect its contents. It should be followed by the name(s) of author(s) with expanded initials (12 font, bold) and the address(s) (italic, 10 font) of the institution(s) where the work has been carried out.

ABSTRACT

Each paper should be provided with an abstract (italic) of 100-150 words, describing briefly on the purpose and results of the study. It should be prepared as concisely as possible.

Key words

Authors should provide three to six key words that will be used in indexing their paper.

INTRODUCTION

This should describe the background and relevant information about the work. It should also state the objective of the work.

MATERIALS AND METHODS

Authors must take care in providing

sufficient details so that others can repeat the work. Standard procedures need not be described in detail.

RESULTS AND DISCUSSION

Results and Discussion may be

presented separately or in combined form (authors may decide easier way for them). Preliminary work or less relevant results are not to be described. The reproducibility of the results, including the number of times the experiment was conducted and the number of replicate samples should be stated clearly.

RESUMO

An abstract of the paper should also be prepared in Portuguese and placed before the list of References. Authors from other than Latin American countries can seek the help of Editor's office to prepare Portuguese resumo of their papers.

REFERENCES

References in the text should be cited at the appropriate point by the name(s) of the author(s) and year (e.g. Raimbault & Roussos, 1996; Raimbault et al., 1997). A list of references, in the alphabetic order (10 font), should appear at the end of the manuscript. All references in the list should be indicated at some point in the text and vice versa. Unpublished results should not be included in the list. Examples of references are given below.

In journals

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48

Pandey, A. (1992), Recent developments in solid state fermentation. Process Biochem., 27, 109-117 Thesis: Chang, C. W. (1975), Effect of fluoride pollution on plants and cattle. PhD Thesis, Banaras Hindu University, Varanasi, India

In books: Tengerdy, R. P. (1998), Solid substrate

fermentation for enzyme production. In-Advances in Biotechno-logy, ed. A. Pandey. Educational Publishers & Distributors, New

Delhi, pp. 13-16 Pandey, A. (1998), Threads of Life. National Institute of Science Communication, New Delhi

In conferences: Davison, A. W. (1982), Uptake,

transport and accumulation of soil and airborne fluorides by vegetation. Paper presented at 6th International Fluoride Symposium, 1-3 May, Logan, Utah Tables and Figures

Tables and figures, numbered

consecutively with Arabic numerals must be inserted at appropriate place in the text. These should be used to present only those data, which can not be described in the text. Units and Abbreviations

The SI system should be used for all

experimental data. In case other units are used, these should be added in parentheses. Only standard abbreviations for the units should be used. Full stop should not be included in the abbreviation (e.g. m, not m. or rpm, not r.p.m.). Authors should use '%' and '/' in place of 'per cent' and 'per'. INSTRUCTIONS FOR AUTHORS Manuscript lay-out

It is suggested that authors consult a recent issue of the journal for the style and layout. Except the title, abstract and key words, entire text should

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Estrutura, desenvolvimento e histoquímica da raiz de Nymphaea amazonum Mart. & Zucc. (Nymphaeaceae)1

Rosana Ap. Gabriel Adamowicz¹, Edna Scremin-Dias² e Neli K. Honda3

2. Programa de Pó –Graduação em Biologia Vegetal do Departamento de Biologia da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Av. Costa e Silva, S/N, Campo Grande, MS, CEP 79070-900. E-mail: [email protected] 3. Professora adjunta do Departamento de Biologia da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Av. Costa e Silva, S/N, Campo Grande, MS, CEP 79070-900. E-mail: [email protected] 4. Professora do Departamento de Química da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Av. Filinto Muller, 1555, Campo Grande, MS, CEP 79074-460. E-mail: [email protected]

ABSTRACT Structure, ontogenesis and histochemistry of roots of Nymphaea amazonum Mart. & Zucc. are described. They were collected in Pantanal Sulmatogrossense, and showed adaptations that allow their establishment in flooded soil and medicinal potential. Apical meristem has open organization, protoderm and exodermis have their origin in the same meristematic initial cells, similar to monocotyledons. The cortex is formed by an honeycomb-shaped aerenchyma, with astrosclereids. Air lacunae extend from exodermis to endodermis being interrupted by diaphragms. In developed root, uniseriate epidermis has rare root hairs and they were observed at 5 cm from the apex. Vascular system is polyarch, with protoxylem elements interrupting the uniseriate pericycle. Similar to monocotyledons, the formation of vascular cambium does not occur in this species. Lateral roots arise at 300 µm from the root apex. It was verified the presence of lignin and suberin in Casparian strips of endodermis. Tannins and terpens were found in low concentration.

KEY-WORDS: Nymphaeaceae, Nymphaea amazonum, anatomy, histochemistry INTRODUÇÃO

Nymphaea amazonum Mart. & Zucc., pertencente à família Nymphaeaceae, conhecida popularmente como lírio d’água, camalote-da-meia-noite, dama da noite, batata-d’ água, possui ampla distribuição no Pantanal Matogrossense. É uma planta herbácea aquática, flutuante fixa, com folhas levemente peltadas, conectadas ao cormo por meio de longos pecíolos (Pott, 1998). Apresenta numerosas raízes adventícias as quais fixam fortemente a planta ao solo alagado. A formação de raízes adventícias em plantas herbáceas está geralmente associada à ambientes com baixa quantidade de oxigênio em solos alagados (Bonna & Morretes, 2003). Além de N. amazonum ser utilizada por vários animais como alimento, abrigo e local de desova, também tem sido utilizada como planta medicinal pela população ribeirinha (Pott & Pott, 2000).

Nymphaeaceae atualmente é enquadrada como “paleoherva” (Judd et al., 1999) e possui várias características semelhantes às Monocotiledôneas. Esta proximidade com as Monocotiledôneas é evidenciada pela presença de meristema aberto nas raízes, e epiderme originada de iniciais meristemáticas comuns àquelas do córtex em várias espécies de Nymphaeaceae (Clowes, 2000).

Em ambientes alagáveis o desenvolvimento e a sobrevivência da flora depende da sua capacidade de responder fisiológica ou morfologicamente ao estresse determinado pelas variações ambientais (Scremin-Dias, 2000a), sendo o déficit de oxigênio nos solos alagados o principal fator ambiental limitante imposto às plantas aquáticas ou de áreas úmidas. A baixa concentração de oxigênio nesse tipo de solo surge do desequilíbrio entre a lenta difusão de gases na água, comparada com o ambiente aéreo, o consumo do estoque de oxigênio por

1 Parte da Dissertação de Mestrado da primeira autora Autor para correspondência: [email protected], [email protected]

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microrganismos e pela respiração celular dos tecidos das raízes das plantas. As respostas para reduzir os efeitos causados por esse tipo de rstrição, muitas vezes, podem ser encontradas atuando em conjunto, como por exemplo, modificações morfológicas e bioquímicas, as quais podem ser encontradas naturalmente na planta ou induzidas pelo evento do alagamento (Visser et al., 2003).

As raízes são órgãos essencialmente aeróbicos e a baixa quantidade de oxigênio disponível em solos alagados pode ser fatal para tecidos aeróbicos, pois quando cessa a respiração aeróbica, ocorre um declínio na captura e transporte de íons (Visser et al., 2003). Além do déficit de oxigênio, o alagamento do solo reduz a concentração de nutrientes como nitrato e fosfato, por diluição. A restrição de oxigênio nas raízes estimula a produção de etileno que, devido à inundação das raízes, deixa de ser eliminado radialmente ficando acumulado no órgão (Armstrong & Jackson, 1999). Numerosas plantas aquáticas toleram a influência desses fatores restritivos por meio de adaptações estruturais (Soukup et al., 2002; Scremin-Dias, 2000a). Essas adaptações envolvem o estabelecimento de contínuo sistema de lacunas de ar, o qual cria uma rede de baixa resistência para o transporte de oxigênio que é difundido das folhas para o caule e raízes (Scremin-Dias, 2000b; Visser et al., 2000). As lacunas permitem também a flutuação das partes aéreas e oferece resistência mecânica para as partes submersas das plantas (Scremin-Dias, 2000b).

Além das adaptações morfológicas e anatômicas, a interação do ambiente com os mecanismos fisiológicos das plantas resulta no estímulo da síntese de metabólitos especiais, denominados metabólitos secundários. Esses compostos são componentes importantes para a sobrevivência e reprodução dos vegetais, podendo estar relacionados tanto com respostas aos fatores bióticos como abióticos, sendo que alguns deles podem ser expressos constitutivamente e outros, como as fitoalexinas, sintetizados em resposta ao

ataque de herbívoros ou patógenos (Santarém, 2006; Castro et al, 2004).

Investigações que caracterizem a morfologia e a composição química, assim como a anatomia das estruturas secretoras presentes nos órgãos vegetativos por meio da histoquímica, são escassas para a maioria das espécies brasileiras e, principalmente, em macrófitas aquáticas.

Neste trabalho são apresentados os aspectos estruturais, ontogenéticos e histoquímicos das raízes de Nymphaea amazonum Mart. & Zucc. evidenciando as adaptações que permitem seu perfeito estabelecimento em solos permanentemente alagados sob condições de baixa concentração de oxigênio.

MATERIAL E MÉTODOS

Ápices meristemáticos e raízes

completamente desenvolvidas (a partir de 4cm do ápice) de N. amazonum foram coletadas no Pantanal, nas áreas de influência dos rios Miranda e Abobral, nas adjacências da Base de Estudos do Pantanal (BEP) da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (S19°25’30.8” W57°02’50.2”). O material coletado foi fixado em formalina neutra tamponada (Kraus & Arduin, 1997) por 24 horas, lavado abundantemente em água corrente e posteriormente conservados em álcool 70%.

Para a confecção de lâminas permanentes as raízes foram desidratadas em série alcoólica ascendente, mantidas em bomba a vácuo e, posteriormente, emblocadas em parafina e cera de abelha a 6% e em historesina, de acordo com técnicas usuais. As secções transversais e longitudinais do material emblocado em parafina e em historesina foram feitas em micrótomo rotatório e, posteriormente, afixadas em lâmina com gelatina glicerinada de Bissing. Após desparafinização e desidratação em série alcoólica, o material passou por dupla coloração com azul de astra e safranina, sendo montadas lâminas com resina Entellan (Kraus

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& Arduin, 1997). As lâminas confeccionadas em historesina foram coradas com azul de toluidina.

Para os cortes à mão livre, após diafanização em solução de hipoclorito de sódio a 20% e dupla coloração (azul de astra e safranina), as lâminas foram montadas em glicerina e lutadas com esmalte de unha incolor.

Os testes histoquímicos foram realizados a partir da raiz recém coletada, seguindo as seguintes técnicas:

1. Lactonas sesquiterpênicas: Os cortes foram diretamente montados em ácido sulfúrico e observados imediatamente (Geissmen & Griffin, 1971).

2. Terpenóides com grupos carbonila: Os cortes foram colocados em solução saturada de 2,4 dinitrofenilhidrazina em HCl 2N por 10 minutos. A seguir os cortes foram lavados e montados em água (Ganter & Jollés, 1970).

3. Compostos fenólicos: foi aplicado nas amostras cloreto de ferro III a 10% durante 15 a 30 minutos e, posteriormente, os cortes foram lavados e montados em água. Os compostos fenólicos coram-se de verde intenso, púrpura, azul ou negro. Outra técnica utilizada para o mesmo fim foi a aplicação de dicromato de potássio 10% durante 10 a 30 minutos, sendo os cortes lavados em água (Johansen, 1940).

4. Alcalóides: foi aplicado às amostras o reagente de Wagner (iodeto de potássio, iodo e água) durante cinco a 10 minutos, lavado e, posteriormente, montado em água (Furr & Mahlber, 1981).

5. Taninos: os cortes foram tratados com vanilina a 0,5% em ácido clorídrico a 9% durante 10 minutos (Mace & Howell, 1974).

6. Lignina: foi aplicado às amostras, floroglucinol em ácido clorídrico a 20% durante 1 a 2 minutos ( Johansen, 1940).

7. Suberina: as amostras foram tratadas com Sudam III em etanol 80% durante 25 minutos ( Kraus & Arduin, 1997).

As análises e ilustrações do material foram realizadas em microscópio Leica – DM LB acoplado ao sistema de captura de imagens e fotografia, sendo projetadas as escalas micrometradas correspondentes.

Além dos testes histoquímicos foi realizada também triagem fitoquímica e cromatografia, segundo técnicas descritas por Matos (1988). Para tal, as raízes de N. amazonum foram coletadas e desidratadas à temperatura ambiente. Após a secagem, foram trituradas e moídas em processador Walita. A extração foi feita a partir de 40 gramas do pó, sob refluxo, com etanol, por duas horas e filtrado em papel de filtro. O volume foi acertado para 200 mL. Os compostos pesquisados foram:

a) Esteróides/triterpenóides: o teste foi realizado por reação de Liebermann-Buchard, onde 20 mL do extrato alcoólico foi evaporado sob pressão reduzida. O resíduo foi dissolvido em clorofórmio e filtrado. Foi adicionado 1,0 mL de anidrido acético e 2 a 3 gotas de ácido sulfúrico concentrado à 2,0 mL do extrato clorofórmico. O teste é considerado positivo pelo aparecimento da coloração verde azulada.

b) Alcalóides: os testes foram realizados com os reativos de Mayer, Dragendorff e Bouchardat, onde 2,0 mL do extrato etanólico foi evaporado sob pressão reduzida. O resíduo foi alcalinizado com 15 gotas de solução de hidróxido de sódio a 1% e acrescentado a este, 5,0 mL de água. A solução foi transferida para um tubo de ensaio sendo adicionado 5,0 mL de clorofórmio para extração. A fração aquosa foi desprezada e, na fração clorofórmica restante, adicionadas 15 gotas de ácido clorídrico a 1%. Após a adição de 5,0 mL de água, a fração clorofórmica foi desprezada e foram

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realizados os testes com a fração aquosa ácida, após filtração. Posteriormente foi adicionado 1,0 mL da fração aquosa ácida em três tubos de ensaio acrescentando 3 a 4 gotas do reativo de Mayer, de Dragendorff e de Bouchardat. O teste é considerado positivo quando ocorrer turvação da solução ou formação de precipitado.

c) Taninos: a presença dessa classe de substâncias foi pesquisada por meio de reações com solução de cloreto de ferro III a 2% em água, e com solução de gelatina a 0,5%. Cerca de 100 mL do extrato etanólico foi evaporado em pressão reduzida, o resíduo foi dissolvido em 10 mL de água e filtrado em papel. Foi adicionado a 2,0 mL desta solução 3 gotas da de cloreto de ferro III a 2%. O teste é considerado positivo com desenvolvimento de uma coloração esverdeada. O teste com gelatina a 0,5% foi realizado pela adição de 2,0 mL desta solução à 3,0 mL da solução filtrada. Esse teste é considerado positivo com a formação de precipitado ou turvação branca.

d) Saponinas: a presença dessas substâncias foi pesquisada por meio da observação da formação e persistência de espuma, após agitação. O teste de formação de espuma foi efetuado em forte agitação de 1,0 mL da solução aquosa, por trinta segundos. Esse teste é considerado positivo com o surgimento de espuma persistente por, pelo menos, meia hora.

O extrato bruto foi cromatografado em placa de sílica gel eluída com acetato de etila: n-propanol : H2O (80:18:2 v/v). A revelação foi realizada com solução de metanol contendo 10% de ácido sulfúrico seguido de aquecimento em chapa elétrica. Após o aparecimento das manchas foi aplicado sobre a placa solução sulfúrica de p-anisaldeído e novamente aquecido (Stahl, 1969).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O meristema apical da raiz de N. amazonum tem organização aberta, com as iniciais meristemáticas posicionadas a 500µm da porção mais externa da coifa (Figura 1 A), corroborando o descrito por Seago et al. (2000) para outras espécies do gênero. Em meristemas abertos a protoderme, meristema fundamental e o procâmbio se originam das mesmas iniciais meristemáticas que são difíceis de serem visualizadas (Appezzato-da-Glória & Hayashi, 2006). A maioria dos estudos considera que há uma célula inicial comum para as células da coifa, córtex e estelo, isto é, um promeristema transverso (Clowes, 1981). Este pesquisador afirma que há um pólo no meristema apical, em alguns grupos de plantas, separando as células centrais da coifa que estão ativamente se dividindo daquelas que originarão o estelo e o córtex. Para N. amazonum esta separação não está evidente, e optou-se por chamar de região central do meristema apical, o local onde se localizam as iniciais dos histógenos – protoderme, meristema fundamental e procâmbio -, devido à dificuldade de individualizá-las, característica que corrobora o descrito por diversos autores para os meristemas abertos (Esau, 1976; Fahn, 1990).

Lateralmente à região central do meristema apical, distinguem-se as iniciais dos histógenos. As células do meristema fundamental já apresentam espaços intercelulares evidentes bem próximo desta região e o procâmbio pode ser visualizado na região central da raiz (Figuras 1 e 2). Não há diferenciação nítida do caliptrógeno, característica descrita por Clowes (2000) como comum para espécies com meristemas abertos, havendo dissolução da lamela média entre as células da coifa e as protodérmicas, formando amplo espaço intercelular (Figuras 1 e 2). A protoderme e a camada

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2

Pc

Pd

Pc

Ei1A

1B

Mf

La

Im

Co

Pd

Pc

3

Pd

Ex

4

Ep

ExLa

Ei

Figuras 1-4. Nymphaea amazonum Mart & Zucc. (1A). 100 µm: Secção longitudinal do ápice meristemático indicando a posição das iniciais meristemáticas e histógenos; (1B). 50 µm: Detalhe da coifa evidenciando os amiloplastos (setas); (2). 100 µm: Secção transversal do ápice meristemático nota-se o espaço intercelular entre a caliptra e a protoderme; (3). 30µm: Detalhe da foto anterior indicando a protoderme e a exoderme já diferenciadas; (4). 30µm: Secção transversal de raiz jovem evidenciando a epiderme e a exoderme. (Co= Coifa, Ei= espaço intercelular, Ep = epiderme, Ex= exoderme, Im= iniciais meristemáticas, La = lacuna aerífera, Mf = meristema fundamental, Pc = procâmbio, Pd = protoderme) mais externa do meristema fundamental têm origem das mesmas iniciais meristemáticas em N. amazonum, corroborando o descrito por Clowes (2000) para outros gêneros de Nymphaeaceae. Esse autor discute o fato dessa característica ser bastante comum em Monocotiledôneas, evidenciando a semelhança de alguns caracteres do grupo à família Nymphaeaceae.

A protoderme, visualizada lateralmente ao centro meristemático, pode ser distinta das demais células meristemáticas por possuir células de contorno pentagonal, núcleo grande e citoplasma denso, característica comum deste histógeno (Figura 3). Em secção

transversal observa-se que, à medida que se distancia das iniciais meristemáticas, as células protodérmicas tornam-se mais altas que largas e parede periclinal externa mais espessada que a parede periclinal interna, predominantemente em formato de “V” (Figura 3). Nessa região a formação dos vacúolos já está evidente e o núcleo é proporcionalmente pequeno em relação ao tamanho da célula. As células da epiderme da raiz jovem são mais altas que largas, seguidas de exoderme com suberina (Figura 4).

A camada mais externa da coifa possui células robustas, com paredes periclinais externas espessadas e vacúolos evidentes

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(Figura 1B). A coifa se mantém unida ao ápice radicular somente ao nível das iniciais meristemáticas e no limite basal desta estrutura, formando uma bolsa de ar entre as suas células as da protoderme (Figura 5). Nas células da coifa próximas à região meristemática, observa-se a presença de estatólitos (Figura 1B), os quais Mauseth (1988) descreve como sendo tipos especiais de amiloplastos que estão provavelmente envolvidos com o geotropismo positivo da raiz.

As lacunas aeríferas se formam pela dissolução da lamela mediana entre as células derivadas corticais e, também, pelo rompimento de algumas destas, caracterizando a formação da lacuna pelo processo liso-esquizógeno (Figura 6), descrito por Justin & Armstrong (1987) para outros representantes dessa família. Alguns trabalhos citam que os dois processos podem ocorrer na mesma planta, como observado em N. amazonum, onde o desenvolvimento lisógeno ocorre primeiro seguido pelo esquizógeno, no mesmo órgão (Armstrong & Jackson,1999; Drew & Lewis, 1996).

O desenvolvimento das lacunas aeríferas em raízes de plantas aquáticas ou de áreas úmidas pode ocorrer constitutivamente ou, em resposta à pobre aeração do solo alagado, como é o caso de plantas anfíbias ou terrestres (Armastrong & Jackson, 1999). De acordo com estudos feitos por Waisel et al. (1996), sob condições anaeróbicas, o aerênquima se desenvolve como resultado da morte seletiva de certas células corticais. Aquelas que permanecem ativas formarão faixas estreitas de tecido que separam os grandes canais de ar e promovem o suporte mecânico, ligando a superfície da hipoderme (exoderme mais epiderme) ao cilindro vascular. Esse pesquisador comenta que o mecanismo da seleção e regulação desse processo ainda não é bem conhecido, mas teoricamente, pode ser aleatório, estar relacionado à proximidade das células corticais dos pólos de protoxilema ou à genética .

Nos vértices das lacunas ocorrem células que, em secção transversal, possuem formato hexagonal e, conectadas a estas, células menores retangulares (Figura 7). A ampliação da lacuna é acompanhada pela expansão das paredes das células hexagonais e retangulares. Característica similar à descrita para N. amazonum foi observada por Seago et al. (2000) em Nymphaea odorata onde o aerênquima é formado a partir de uma única série de células com divisões oblíquas das facetas anticlinais das células hexagonais do meristema fundamental, produzindo séries de células laterais que limitam as lacunas. A expansão lateral das células corticais amplia as dimensões da lacuna e da própria raiz. No aerênquima totalmente formado, as lacunas aeríferas são amplas e interrompidas por diafragmas, cujas células possuem pequenos espaços intercelulares, o que confere porosidade ao tecido (Conard, 1905; Scremin-Dias, 2000a; Seago et al., 2000).

O termo diafragma foi primeiramente empregado por Snow (1914) que o definiu como “uma estrutura perfurada, formada por uma ou mais camadas celulares delgadas, que atravessam, em intervalos, os espaços aeríferos da plantas” (Mani, 1962). O surgimento da célula inicial do diafragma em N. amazonum, bem como sua proliferação (Adamowicz & Scremin-Dias, 2006), segue o padrão já descrito para o gênero por Seago et al. (2000), cujas iniciais podem ser reconhecidas na zona de diferenciação celular (Figura 8), pelas divisões anticlinais das células que delimitam as lacunas. Estas células projetam-se para o interior da lacuna (Figura 8), dividindo-se sucessivas vezes, sempre na face conectada às células laterais ou hexagonais, de maneira a formar uma lâmina celular unisseriada, o diafragma (Figuras 8-17). No ângulo das células do diafragma, bem como em suas áreas medianas, há dissolução da lamela média, originando pequenos espaços intercelulares. Ao final da diferenciação do meristema fundamental o córtex é

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Figuras 5-19. Nymphaea amazonum Mart & Zucc. (5). 200 µm: Secção longitudinal da região apical da raiz. Notar o meristema aberto; (6). 50 µm: Secção transversal do ápice da raiz mostrando o início do desenvolvimento do aerênquima. Notar restos celulares formados pelo processo lisógeno (seta); (7). 20 µm: Secção transversal da raiz próximo ás inicias corticais.evidenciando células hexagonais e retangulares (setas); (8 e 9). 55 µm: Estágio inicial da formação do diafragma com célula inicial, projetando-se para dentro da lacuna; (10 a 13). 55 µm: Secção transversal mostrando as lacunas e vários estágios do diafragma em desenvolvimento; (14 a 17). 50 µm: Secção longitudinal do ápice da raiz próximo das iniciais corticais mostrando o desenvolvimento do diafragma a partir da formação de uma célula retangular até o completo fechamento da lacuna; (18). 475 µm: Secção transversal da raiz desenvolvida mostrando o aerênquima com diafragma interrompendo a lacuna (seta); (19). 50 µm: Detalhe da foto anterior evidenciando diafragma já desenvolvido, com formato celular estrelado das células braciformes. (Ch = células hexagonais, Co = coifa, Im = iniciais meristemáticas, La = lacunas aeríferas, Pc = procâmbio)

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20 21 22 23A

23B

La

La

Es

Es

20 21 22 23A

23B

20 21 22 23A

23B

La

La

Es

Es

Figuras 20-23. Secções transversais de raiz jovem de Nymphaea amazonum Mart & Zucc.. (20 a 23). 30 µm: Formação e desenvolvimento das esclereides a partir de células das lacunas aeríferas; (23A). 50 µm: Esclereíde completamente desenvolvida; (23B). 30 µm: Detalhe da foto anterior. (Es= esclereide) basicamente constituído por aerênquima, com lacunas aeríferas estendendo-se desde a camada subjacente à exododerme, até a endoderme, assumindo, na raiz completamente diferenciada, formato de favo de mel conforme descrito por Conard (1905). As lacunas aeríferas próximas à endoderme apresentam diâmetro menor aumentando de tamanho em direção à exoderme (Figura 18). Ao final da ontogênese do córtex, o diafragma apresenta células estreladas tipicamente braciformes (Figuras 18 e 19). As células estreladas são resultantes do crescimento, sob pressão, do tecido parenquimático, desempenhando diversas funções e são constantemente associadas com a passagem de feixes vasculares que atravessam as lacunas em caules e folhas (Mani, 1962). O formato e a distribuição dos diafragmas nos aerênquimas dos órgãos de plantas aquáticas é variável, sendo mais comumente encontrados em caules, raízes, pecíolos e limbos foliares (Sculthorpe, 1967). Eles são especialmente característicos em Nymphaeaceae e Monocotiledôneas aquáticas, mas inexplicavelmente ausentes em folhas flutuantes e submersas de algumas espécies (Sculthorpe, 1967). O exato motivo da formação dos diafragmas ainda não está bem claro, mas importantes propriedades funcionais têm sido relacionadas a eles, tais como proteção mecânica, nutrição, armazenamento, condução e sustentação do lume aerífero (Armstrong,

2000). Eles representam reforço para a integridade do sistema de lacunas de ar quando ocorre algum tipo de dano nas partes submersas da planta, bloqueando a difusão rápida da água pelos espaços de ar devido a sua natureza hidrofóbica (Armstrong, 2000; Scremin-Dias et al., 1999). Registros desse tipo de função já haviam sido citados para Nymphaeaceae em 1870, sendo destacada recentemente a característica de resposta rápida à invasão de água nas lacunas aeríferas de órgãos submersos, quando danificados por insetos (Armstrong, 2000).

Esclereídes na forma de astroesclereídes surgem por diferenciação de células hexagonais (Figura 20 - 22) distribuídas aleatoriamente por todo o córtex. Estas células produzem ramos ou braços que atravessam as lacunas aeríferas e o diafragma. No final da diferenciação apresentam paredes fortemente lignificadas e cristais de oxalato de cálcio (Figura 23A e 23 B).

Segundo Sculthorpe (1967) essas células especializadas dão suporte mecânico e aparecem em estágio ontogênico tardio quando os tecidos aumentam de volume. A diferenciação destas células em N. amazonum inicia-se a cerca de 5 cm do meristema apical, quando as demais células corticais já estão em estágio avançado de diferenciação. A exoderme sofre somente divisões anticlinais resultando em camada unisseriada com células de tamanhos variados, não apresentando estrias de Caspary.

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24

282726

Px

Px

Px

En

Fl

Fl

25

La

Ex

Figuras 24-28. Secções transversais de raiz completamente desenvolvida de Nymphaea amazonum Mart & Zucc. (24). 30 µm: Endoderme com Estrias de Caspary (seta); (25). 50 µm: Detalhe evidenciando a perda da epiderme restando apenas a exoderme; (26). 50 µm: Observar a presença de pêlo absorvente (seta); (27). 50 µm: Detalhe mostrando o cilindro vascular; (28). 50 µm: Detalhe da foto anterior evidenciando a placa crivada do floema. (En = endoderme; Fl = floema)

Barnabas (1996) afirma que nem todas as plantas aquáticas de água doce apresentam exoderme com estrias de Caspary, pois a exclusão de certos solutos como cloreto de sódio dos tecidos das raízes pode não ser necessário em angiospermas de água doce, diferentemente do que ocorre com as angiospermas marinhas. Isso pode justificar exoderme sem estias de Caspary em raízes de algumas plantas de água doce.

Estrias de Caspary foram evidenciadas na endoderme de N. amazonum (Figura 24), que é considerada por vários autores, juntamente com o aerênquima, como importantes barreiras para restringir o movimento de água e de íons entre o córtex e o estelo, por meio simplasto, nas células da raiz de várias angiospermas (Peterson, 1992).

Isso faz com que o oxigênio necessário para atender a demanda do meristema apical seja conservado, inibindo a perda radial desse gás para o solo circundante que apresenta deficiência nessa molécula (Visser et al., 2003; Drew & Lewis, 1996). As células da endoderme podem conter grandes quantidades de substâncias fenólicas que, em conjunto com a presença de suberina na parede celular, detêm a invasão de bactérias, fungos e invertebrados parasitas (Peterson, 1992).

Na raiz completamente desenvolvida o sistema de revestimento é constituído por epiderme unisseriada, com células mais largas que altas, que podem romper em raízes adultas (Figura 25). Nesse caso a exoderme, que pode apresentar até duas camadas em alguns pontos da raiz, torna-se o sistema de revestimento.

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Pêlos absorventes são raros (Figura 26) e observados a 5cm do ápice. Mauseth (1988) e Fahn (1990) já afirmavam que pêlos radicais podem ser escassos ou ausentes em plantas aquáticas.

O desenvolvimento do sistema vascular é caracterizado pela diferenciação acrópta do procâmbio, onde o protofloema é o primeiro se distinto no cilindro vascular.

A camada mais externa do cilindro vascular é representada por periciclo unisseriado, com células de paredes delgadas e tamanhos variados (Figuras 24 e 27), com os elementos do protoxilema interrompendo estas células (Figura 27). Semelhante às Monocotiledôneas, não ocorre a formação de câmbio vascular nesta espécie. O sistema vascular é do tipo poliarco, com 6-8 pólos de protoxilema intercalados por dois amplos elementos do floema e medula parenquimática (Figuras 27 e 28).

O surgimento de raízes laterais ocorre a 300µm do ápice da raiz, sendo que, no sistema radical de N. amazonum, existem raízes extremamente ramificadas e outras com nenhuma ou raras raízes laterais.

Os estudos fitoquímicos direcionados para três principais grupos de compostos do metabolismo secundário revelaram a presença de esteteróis/triterpenos e taninos, indicando baixa concentração dessas substâncias na raiz. Não foi detectada a presença de alcalóides e saponinas nesta espécie.

Na caracterização histoquímica, verificou-se a presença de lignina e suberina nas estrias de Caspary na endoderme e suberina na exoderme. Os testes foram negativos para alcalóides, lactonas sesquiterpênicas, compostos fenólicos gerais, taninos e terpenos, estes detectados em baixa concentração no extrato bruto, fato que provavelmente justifique a não observação desses compostos quando submetidos ao teste histoquímico com vanilina clorídrica e 2,4 dinitrofenilhidazina, respectivamente, nos cortes da raiz a fresco.

Monteiro et al. (2005) cita que diversos estudos sobre taninos têm abordado a

interação ecológica entre vegetais e herbívoros, sugerindo que os teores desses compostos podem diminuir a taxa de predação por tornar a planta impalatável, afastando seus predadores naturais. Pesquisas recentes sobre atividade biológica dos taninos evidenciaram importante ação contra determinados microorganismos, como agentes anticarcinogênicos, antiinflamatórios, cicatrizantes e como inibidores da transcriptase reversa do vírus HIV (Monteiro et al., 2005). Os esteróis e triterpenos fazem parte de uma gama de compostos que formam os óleos essenciais das plantas e desempenham várias funções ecológicas como inibidores da germinação, proteção contra predadores, na atração de polinizadores, na proteção contra perda de água e aumento da temperatura, entre outras. Também são atribuídas atividades biológicas como antiinflamatória, anti-séptica contra várias bactérias e fungos e estimulantes do sistema nervoso central (Durigan & Almeida, 1993; Simões et al.,1999). A presença destes compostos, mesmo em baixa quantidade na raiz, pode explicar a excelente adaptabilidade desta planta ao ambiente aquático. A despeito de numerosas larvas e animais aquáticos, raras foram as raízes analisadas que apresentaram qualquer sinal de injúria. Isto pode refletir a eficiência destes compostos na defesa do sistema radical desta planta.

AGRADECIMENTOS

Agradecimento especial à Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (FUNDECT), pela concessão da bolsa de mestrado à primeira autora e pelo financiamento de projeto. Aos estagiários do Laboratório de Botânica, em especial à Mariana C. Souza, Jane Rodrigues Silva, Silvana C. H. de Medeiros e Tamires Soares Yule, pelo auxilio técnico. Ao Laboratório de Pesquisa do Departamento de Química (UFMS) a pelo apoio nas análises fitoquímicas.

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RESUMO

São descritos estrutura, ontogênese e histoquímica das raízes de Nymphaea amazonum Mart. & Zucc., coletadas no Pantanal Sulmatogrossense, evidenciando adaptações que permitem seu estabelecimento em solo alagado e potencial medicinal. O meristema apical tem organização aberta, a protoderme e a exoderme têm origem das mesmas iniciais meristemáticas, semelhantes às monocotiledôneas. O córtex é constituído por aerênquima em formato de favo de mel, com astroesclereides. Lacunas aeríferas estendem-se da exoderme até a endoderme sendo interrompidas por diafragmas. Na raiz desenvolvida, a epiderme unisseriada possui raros pêlos absorventes e estes foram observados a 5cm do ápice. O sistema vascular é do tipo poliarco, com elementos do proxilema interrompendo o periciclo unisseriado. Semelhante às monocotiledôneas, não ocorre formação de câmbio vascular nesta espécie. Raízes laterais surgem a 300µm do ápice da raiz. Verificou-se a presença de lignina e suberina nas estrias de Caspary na endoderme. Taninos e terpenos foram detectados em baixa concentração.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

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62 Considerações Finais _________________________________________________________

Os resultados apontaram para a importância de aprimorar estudos fitoquímicos em

Nymphaea amazonum Mart & Zucc. devido ao seu potencial antioxidante, haja vista o

crescente interesse da indústria farmacêutica e de alimentos em buscar compostos naturais

visando diminuir os efeitos tóxicos dos antioxidantes sintéticos comumente utilizados.

Os estudos ontogenéticos, tanto do caule quanto da raiz, são inéditos para essa

espécie e merecem maior atenção, por apresentar características peculiares quanto à

estrutura do sistema vascular e de revestimento, sendo importantes para entender a

filogenia dos grupos correlacionados.

A morfo-anatomia evidencia o grau de especialização e adaptação desta espécie ao

ambiente em que vive. O trabalho acrescenta conhecimento científico, em especial ao grupo

de macrófitas aquáticas do Pantanal, cujos estudos ainda são escassos, necessitando ampliar

informações principalmente visando a conservação do bioma.

Neste sentido, o trabalho além de contribuir com a descrição morfo-anatômica da

espécie, relaciona características anteriormente desconhecidas, podendo subsidiar novas

pesquisas e incentivar o desenvolvimento de estudos nessa linha.

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