estrutra das demonstracoes financeiras

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1 ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS ATUALIZADO PELAS LEIS 11.638/07 E 11.941/09 Prof. Jorge Marcelo Wohlgemuth, Me.

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ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

ATUALIZADO PELAS LEIS 11.638/07 E 11.941/09

Prof. Jorge Marcelo Wohlgemuth, Me.

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CAPÍTULO I

Nesse capítulo são apresentados conceitos da Ciência Contábil e aspetos sobre a

atividade profissional do Contador.

1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A contabilidade é uma ciência social que estuda a riqueza patrimonial das entidades,

sob os aspectos quantitativos e qualitativos, tendo como objetivos a geração de informações e a

explicação dos fenômenos patrimoniais, possibilitando o controle, a análise, a avaliação, o

planejamento e a tomada de decisão. A área de atuação da contabilidade compreende qualquer

pessoa física ou jurídica que tenha seu patrimônio definido e delimitado. O patrimônio também é

objeto de estudo de outras ciências, tais como a Economia, o Direito e a Administração.

Entretanto, estas outras ciências estudam o patrimônio sob aspectos diferentes daquele

estudado pela Contabilidade. O patrimônio é uma grandeza real cuja constituição deve ser

conhecida e que se transforma e evolui sob a atividade humana.

No início da civilização, os grupos sociais procuravam bastar-se a si mesmos,

produzindo os materiais que necessitavam ou se utilizando daquilo que poderiam obter

facilmente da natureza para sua sobrevivência. As transformações que ocorreram, no decurso

dos séculos, fizeram as sociedades se organizar, até chegar ao modelo que se conhece

atualmente. Aqui entra a função da contabilidade de avaliar a riqueza do homem e compreender

os acréscimos ou decréscimos dessa riqueza.

O homem age em função da satisfação de suas necessidades. Neste sentido,

destacam-se dois aspectos: a) o homem é levado a atuar em associação com outros homens,

sendo “forçado”, dessa forma, a viver em sociedade; e b) através do processo de divisão do

trabalho, o homem não mais se dedica diretamente a obter os elementos que se tornam

indispensáveis para atender suas necessidades, mas aplica seus esforços em atividades

particulares, gerando assim sua contribuição à sociedade e recebendo, em contrapartida, uma

retribuição compensatória que lhe permite adquirir os bens ou serviços de que necessita.

Da associação entre indivíduos que conjugam, na vida em sociedade, esforços e

recursos, resultou a formação de organismos especiais, com patrimônio independente do

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patrimônio dos indivíduos que os compõe. Estas entidades têm por objetivo a obtenção, a

transformação, a compra e a venda de bens ou serviços; gerando e movimentando riquezas para

seus proprietários como objetivo meio e objetivo fim. Visto tais entidades privadas terem seu

próprio patrimônio, há necessidade da contabilidade acompanhar e registrar a sua evolução,

dentro de regras definidas pela sociedade onde estão inseridas.

O homem ao praticar atos de natureza econômica, através de ações administrativas

sobre um determinado patrimônio carecerá de informações sobre os aspectos qualitativos e

quantitativos bem como as variações sofridas por ele. Cabe à contabilidade suprir aos

interessados com estas informações, através do estudo do patrimônio econômico e financeiro,

observando seus aspectos específicos e as variações por ele sofridas. Todos aqueles que

tenham interesse na avaliação da situação e da evolução do patrimônio das entidades são

considerados usuários da contabilidade. Permitir que os usuários conheçam e avaliem a situação

econômica, financeira e patrimonial das entidades, num sentido estático, bem como fazer

inferências sobre suas tendências futuras, é o objetivo fundamental da contabilidade.

No mundo contemporâneo, as entidades são fundamentais para o desenvolvimento

econômico e social das nações. Das organizações depende toda a sociedade, bem como o

poder público que busca a arrecadação de tributos e conseqüentemente a manutenção da

soberania, o desenvolvimento e a sobrevivência do estado. A globalização da economia e das

relações de negócios internacionais cria as condições necessárias para o progresso ou o

retrocesso das entidades. Qualquer que seja o objetivo da entidade administrada, social ou

econômico, ela possuirá sempre um patrimônio em movimentação, que requer a contabilidade

para o seu estudo e controle. Quando a entidade tem objetivo econômico, o controle do

patrimônio apresenta características especiais, pois o meio e o fim da entidade é a riqueza,

sendo da maior importância à administração econômica.

Quando a entidade tem fim social, a administração não se resume no aspecto

econômico, nem este é o mais importante. É, porém, indispensável qualquer que seja a natureza

da atividade, pois todas elas têm a riqueza como um meio. A administração econômica nessas

entidades é, entretanto, apenas um meio e não o seu fim, como ocorre com as entidades com

fins lucrativos – empresas.

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As entidades públicas (primeiro setor) são aquelas que constituem a República

Federativa do Brasil. Segundo o artigo 1º da Constituição Federal de 1988, a República

Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel de seus Estados, Municípios e do Distrito

Federal. As entidades privadas (segundo setor) formam o que usualmente se chama de

“mercado”.

As organizações não-governamentais (ong’s), formadas a partir das iniciativas de

pessoas voluntárias, sem fins lucrativos, que se reúnem e atuam coletivamente, no sentido do

desenvolvimento social e do bem comum, formam o terceiro setor. O Instituto Brasileiro do

Terceiro Setor1 esclarece que o termo ONG foi usado pela primeira vez em 1950 pela

Organização das Nações Unidas (ONU), para definir toda organização da sociedade civil que

não esteja vinculada ao governo e exerça atividades de interesse público.

O ambiente competitivo do século XXI, tanto para as empresas, quanto para as

entidades públicas, faz com que os usuários da contabilidade tenham necessidades de

informações diferentes e melhores. Essas mudanças decorrem do surgimento de um espaço

econômico e político universal, que acabou com as economias nacionais e organizações

isoladas, e do impacto da potencialização dos meios de comunicação sobre os indivíduos e os

povos.

A contabilidade, na execução das atividades de registro e acompanhamento da

evolução do patrimônio das entidades privadas inseridas na sociedade, sempre foi muito

influenciada pelos limites e critérios legais e fiscais, particularmente os da legislação do imposto

de renda. Este fato, ao mesmo tempo em que proporcionava à contabilidade contribuições

importantes e de bons efeitos, também era um fator que dificultava a adoção de princípios

contábeis adequados. Este problema teve uma tentativa de solução através da Lei das SA´s (Lei

nº 6.404 de 15 de dezembro de 1976) que determinou que a escrituração contábil seguisse os

princípios de contabilidade geralmente aceitos.

1 Disponível no site: http://www.institutoterceirosetor.org.br/coluna_3s_150403.htm, acessado em 07/05/2003.

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A Lei das SA´s, que possui inspiração na legislação americana, apresenta fatores que

dificultam a clareza e a fidelidade das demonstrações contábeis. Sendo que fidelidade e clareza

são requisitos essenciais para a elaboração de balanços nas empresas.

Buscando consolidar as mudanças sociais ocorridas no Brasil nas últimas nove

décadas, em 11 de janeiro de 2003 passou a viger o novo Código Civil, instituído pela Lei

Federal, de 10 de janeiro de 2002, publicada no Diário Oficial da União, em 11 de janeiro

daquele mesmo ano, cujo projeto tramitava no Congresso desde 1975, revogando, assim, a Lei

nº 3.071, de 1º de janeiro de 1916. A proposta originária da Comissão Elaboradora do projeto do

Novo Código Civil produziu uma formulação apta a captar as mudanças de valores ocorridas no

século passado e menos adequada a dimensionar os desafios do milênio que inicia.

Em 28 de dezembro de 2007, foi promulgada a Lei nº 11.638/07, que altera, revoga e

introduz novos dispositivos à Lei das Sociedades por Ações (Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de

1976), notadamente em relação ao capítulo XV que trata de matéria contábil.

Em 03 de outubro de 2008 o Poder Executivo Federal enviou ao Congresso Nacional

a Medida Provisória 449/08, que define regras sobre tributação e contabilização das alterações

promovidas pela Lei 11.638/07. Na exposição dos motivos da MP449/08 o Governo Federal

entende que no que se refere ao Regime Tributário de Transição - RTT, objetiva-se neutralizar

os impactos dos novos métodos e critérios contábeis introduzidos pela Lei nº 11.638, de 2007,

na apuração das bases de cálculo de tributos federais nos anos de 2008 e 2009, bem como

alterar a Lei nº 6.404, de 1976, no esforço de harmonização das normas contábeis adotadas no

Brasil às normas contábeis internacionais. A Lei nº 11.638/07 entrou em vigor no dia 1º de

janeiro de 2008, sem a adequação concomitante da legislação tributária. A alta complexidade

dos novos métodos e critérios contábeis instituídos pelo referido diploma legal - muitos deles

ainda não regulamentados - têm causado insegurança jurídica aos contribuintes.

O processo de harmonização das normas contábeis nacionais com os padrões

internacionais de contabilidade - objetivo maior da Lei nº 11.638, de 2007 - deve prolongar-se

pelos próximos anos, razão pela qual, há necessidade de que o RTT não seja aplicável apenas

no ano de 2008, mas também no ano de 2009, e, se necessário, nos anos subseqüentes,

quando, então, ao se descortinar o novo padrão da contabilidade empresarial a ser adotado no

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País, possa-se regular definitivamente o modo e a intensidade de integração da legislação

tributária com os novos métodos e critérios internacionais de contabilidade.

Em 27 de maio de 2009 foi promulgada a Lei nº 11.941 que regulamentou a MP

449/08.

1.2. TERMINOLOGIA CONTÁBIL

A) PATRIMÔNIO: O Patrimônio é o conjunto de bens, direitos e obrigações que pertencem a

entidade.

B) BENS: Bens são todos os elementos, materiais ou imateriais, tangíveis ou

intangíveis, que possuem valor econômico, que pertencem a entidade e

dos quais ela necessita para atingir seus objetivos.

C) DIREITOS: Direitos são valores que a entidade tem a receber de terceiros,

provenientes da venda ou empréstimo de mercadorias, produtos, serviços

ou bens.

D) OBRIGAÇÕES: Obrigações são valores que a entidade tem a pagar a terceiros,

provenientes da compra ou empréstimo de mercadorias, produtos,

serviços ou bens.

E) PATRIMÔNIO LÍQUIDO: A equação fundamental do patrimônio de uma entidade é:

PL = (B+D) – (OB)

1.3. REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO PATRIMÔNIO

O Patrimônio de uma entidade assume a seguinte representação gráfica:

aplicações origens

OBRIGAÇÕES

BENS + DIREITOS PATRIMÔNIO LÍQUIDO

O Patrimônio de uma entidade, representado como na figura acima, apresenta dois

lados. O lado esquerdo (bens + direitos) é denominado lado das APLICAÇÕES DE RECURSOS

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e o lado direito (obrigações + PL) é chamado lado das ORIGENS DE RECURSOS. A ciência

contábil preconiza que as aplicações de recursos são iguais às origens de recursos. Esse

preceito científico é conhecido como método das partidas dobradas.

Também se denomina o lado das ORIGENS DE RECURSOS como o lado dos

CAPITAIS. Diferentemente do aspecto financeiro, sob o aspecto contábil, o termo Capital pode

encontrar vários sentidos. Observando o lado dos capitais, se conclui que as entidades possuem

dois tipos de capitais:

a) Capitais de Terceiros

Representam as dívidas (obrigações) que a entidade assumiu junto a terceiros. Os

Capitais de Terceiros têm a obrigação de serem pagos pela entidade. Segundo o

prazo de vencimento dos Capitais de Terceiros, pode-se dividi-los em dois tipos: Curto

Prazo e Longo Prazo.

b) Capitais Próprios

Representam a diferença entre (Bens (+) Direitos) (-) (Obrigações). A primeira fonte de

Capital Próprio de uma entidade denomina-se Capital Social, que é o investimento

inicial feito pelos sócios. Outra fonte de Capital Próprio de uma entidade é o Lucro

(R>D) gerado em cada exercício social.

O Patrimônio de uma entidade pode assumir um dos seguintes estados:

A)

OBRIGAÇÕES

BENS + DIREITOS

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

B + D > OB

PL > 0 ou positivo (saldo credor)

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B)

BENS + DIREITOS

OBRIGAÇÕES

B + D = OB

PL = 0 ou nulo

C)

BENS + DIREITOS

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

OBRIGAÇÕES

B + D < OB

PL < 0 ou negativo (saldo devedor)

D)

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

OBRIGAÇÕES

PL = OB

B + D = 0 (entidade não possui bens ou direitos ??)

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E)

BENS + DIREITOS

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

B + D = PL

OB = 0 (entidade não possui capital de terceiros)

O patrimônio de uma entidade está em constante evolução. As decisões tomadas

pelos gestores das entidades determinam essa evolução. O conjunto de decisões tomadas pelos

gestores da entidade, em determinado período, se traduz na Gestão da entidade. A Gestão de

uma entidade possui três aspectos:

a) aspecto econômico

b) aspecto financeiro

c) aspecto patrimonial

Quando os gestores tomam decisões, visando alcançar os objetivos da entidade, e

essas decisões modificam o seu patrimônio, diz-se que tais decisões são fatos contábeis. Os

fatos contábeis modificam o patrimônio das entidades no seu aspecto quantitativo, qualitativo ou

nos dois.

Os fatos contábeis, além de modificarem os bens, direitos e obrigações das

entidades, modificam, também, as receitas e despesas.

RECEITAS: Representam os ganhos que a entidade aufere e tendem a aumentar

seu Patrimônio Líquido.

DESPESAS: Representam os gastos que a entidade tem e tendem a diminuir seu

Patrimônio Líquido.

LUCRO: Ocorre quando as receitas são maiores que as despesas num

determinado período.

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PREJUÍZO: Ocorre quando as receitas são menores que as despesas num

determinado período.

Exercício social é a parcela da gestão compreendida em cada um dos períodos

administrativos. Está disciplinado no artigo 175, Parágrafo Único, da Lei 6.404/76 e na legislação

fiscal orientada pela Secretaria da Receita Federal.

A denominação corrente do conjunto de Bens e Direitos de uma entidade é ATIVO e

do conjunto de Obrigações é PASSIVO.

1.4. ATIVIDADES EXECUTADAS PELO PROFISSIONAL DA CONTABILIDADE

Independentemente da organização em que trabalhará, o profissional da contabilidade

executará, essencialmente, duas atividades: a) escrituração contábil e b) elaboração e

interpretação de relatórios contábeis.

ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL

A escrituração é uma técnica contábil que consiste no registro de todos os fatos

contábeis que modificaram o patrimônio da entidade, tanto no aspecto quantitativo, quanto no

aspecto qualitativo.

A escrituração contábil deve ser mantida em registros permanentes (Livro Diário e

Livro Razão), em idioma e moeda corrente nacionais, em forma mercantil, devendo ser

observados métodos e critérios contábeis uniformes no tempo, com obediência às disposições

legais pertinentes e aos princípios de contabilidade geralmente aceitos.

A escrituração contábil e a emissão de relatórios, peças, análises e mapas gerenciais

e demonstrações contábeis são de atribuição e responsabilidade exclusiva de Contadores e

Técnicos em Contabilidade legalmente habilitados, ou seja, inscritos no CRC e em situação

regular.

A empresa, independentemente de seu porte ou natureza jurídica, tem de manter

escrituração contábil completa, no Livro Diário, para controlar o seu patrimônio e gerenciar

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adequadamente os seus negócios. Não se trata exclusivamente de uma necessidade gerencial,

o que já seria uma importante justificativa. A escrituração contábil consta como exigência

expressa em diversas legislações.

O Código Civil, que entrou em vigor a partir de janeiro de 2003, menciona a

obrigatoriedade de seguir um sistema de contabilidade.

Para as entidades manterem a escrituração contábil exigida pela legislação, é

necessário o entendimento do conceito de conta contábil. Conta contábil é a denominação que

se dá para cada um dos elementos que formam o Patrimônio das entidades.

O conjunto de contas contábeis necessárias para o acompanhamento da evolução dos

componentes patrimoniais e para a apuração do resultado de uma entidade é chamado de Plano

de Contas. O plano de contas é formado pelas seguintes partes: a) elenco de contas; b) função

das contas e c) funcionamento das contas.

O elenco de contas é a relação ordenada com todas as contas contábeis utilizadas e

necessárias para a realização da escrituração dos fatos contábeis da entidade. A função das

contas é a descrição da finalidade desempenhada na escrituração contábil. O funcionamento das

contas estabelece a relação de cada conta com as demais e evidencia como ela se comportará

diante da escrituração contábil.

Apresenta-se a seguir, um modelo de Elenco de Contas:

código nome da conta

1 ATIVO

1.1 CIRCULANTE

1.1.1 DISPONIBILIDADES

1.1.1.1 caixa

1.1.1.2 bancos

1.1.1.3 aplicações financeiras

1.1.2 CRÉDITOS

1.1.2.1 clientes

1.1.2.2 ( - ) duplicatas descontadas

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1.1.2.3 ( - ) provisão CLD

1.1.2.4 impostos a recuperar

1.1.3 ESTOQUES

1.1.3.1 mercadorias

1.1.3.2 embalagens

1.1.3.3 matéria-prima

1.1.3.4 produtos prontos

1.1.3.5 produtos em elaboração

1.1.4 DESPESAS ANTECIPADAS

1.1.4.1 seguros a vencer

1.1.4.2 assinaturas de periódicos a vencer

1.1.5 OUTROS VALORES E BENS

1.2 NÃO CIRCULANTE

1.2.1 ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO

1.2.1.1 créditos e valores

1.2.1.2 investimentos temporários a LP

1.2.2 INVESTIMENTOS

1.2.2.1 participações societárias

1.2.3 IMOBILIZADO

1.2.3.1 terrenos

1.2.3.2 prédios

1.2.3.3 máquinas

1.2.3.4 veículos

1.2.3.5 ( - ) depreciações acumuladas

1.2.4 INTANGÍVEL

1.2.4.1 marcas e patentes

1.2.4.2 direitos autorais

2 PASSIVO

2.1 CIRCULANTE

2.1.1 FORNECEDORES

2.1.1.1 fornecedores

2.1.2 TÍTULOS A PAGAR

2.1.2.1 títulos a pagar

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2.1.3 ENCARGOS A PAGAR

2.1.3.1 salários a pagar

2.1.3.2 INSS patronal a pagar

2.1.3.3 INSS empregados a recolher

2.1.3.5 IRRF a recolher

2.1.3.5 FGTS a pagar

2.1.3.6 ICMS a pagar

2.1.3.7 IPI a pagar

2.1.3.8 PIS/Cofins a pagar

2.1.3.9 provisão para pagamento de férias

2.1.3.10 provisão para pagamento de 13º salário

2.1.3.11 provisão para pagamento do IRPJ

2.1.3.12 provisão para pagamento da CSLL

2.1.4 FINANCIAMENTOS E EMPRÉSTIMOS

2.1.4.1 bancos conta financiamento

2.2 NÃO CIRCULANTE

2.2.1 FORNECEDORES A LONGO PRAZO

2.2.1.1 Fornecedores a longo prazo

2.2.2 TÍTULOS A PAGAR A LONGO PRAZO

2.2.2.1 títulos a pagar a longo prazo

2.2.3 ENCARGOS A PAGAR A LONGO PRAZO

2.2.4 FINANCIAMENTOS E EMPRÉSTIMOS A LONGO PRAZO

2.2.4.1 bancos conta financiamento a longo prazo

2.2.5 RESULTADO DE EXERCÍCIOS FUTUROS

3 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

3.1 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

3.1.1 CAPITAL SOCIAL

3.1.1.1 capital social

3.1.1.2 ( - ) capital a integralizar

3.2 RESERVAS DE CAPITAL

3.3 AJUSTES DE AVALIAÇÃO PATRIMONIAL

3.4 RESERVAS DE LUCROS

3.4.1 LUCROS ACUMULADOS

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3.4.1.1 lucros acumulados

3.5 ( - ) AÇÕES EM TESOURARIA

3.6 ( - ) PREJUÍZOS ACUMULADOS

4 RECEITAS

4.1 VENDAS

4.1.1 VENDAS DE MERCADORIAS

4.1.1.1 vendas a vista

4.1.1.2 vendas a prazo

4.1.2 VENDAS DE PRODUTOS

4.1.2.1 vendas a vista

4.1.2.2 vendas a prazo

4.1.3 VENDAS DE SERVIÇOS

4.1.3.1 vendas a vista

4.1.3.2 vendas a prazo

4.2 ( - ) DEDUÇÕES SOBRE VENDAS

4.2.1 ( - ) DEVOLUÇÕES

4.2.2 ( - ) DESCONTOS INCONDICIONIAS

4.2.3 ( - ) IMPOSTOS SOBRE VENDAS

4.2.3.1 ( - ) IPI sobre Vendas

4.2.3.2 ( - ) ICMS sobre Vendas

4.2.3.3 ( - ) PIS/Cofins sobre Vendas

4.3 RECEITAS

4.3.1 RECEITAS FINANCEIRAS

4.3.1.1 juros ativos

4.3.1.2 descontos obtidos

4.4 OUTRAS RECEITAS

4.4.1 GANHOS DE CAPITAL

4.4.2 RESULTADO POSITIVO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL

4.4.3 REVERSÃO DA RESERVA DE REAVALIAÇÃO

5 DESPESAS

5.1 CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS

5.1.1 CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS

5.1.1.1 CMV

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5.2 CUSTO DOS PRODUTOS VENDIDOS

5.3 CUSTO DOS SERVIÇOS PRESTADOS

5.4 DESPESAS

5.4.1 DESPESAS COM VENDAS

5.4.1.1 publicidades

5.4.1.2 fretes sobre vendas

5.4.2 DESPESAS ADMINISTRATIVAS

5.4.2.1 salários

5.4.2.2 salários - férias

5.4.2.3 salários – 13º

5.4.2.4 INSS patronal

5.4.2.5 FGTS

5.4.2.6 água, luz e telefone

5.4.2.7 material de expediente

5.4.2.8 serviços técnicos

5.4.2.9 combustíveis

5.4.2.10 honorários

5.4.2.11 despesas com depreciação

5.4.3 DESPESAS FINANCEIRAS

5.4.3.1 despesas bancárias

5.4.3.2 juros passivos

5.4.3.3 descontos concedidos

5.4.4 DESPESAS TRIBUTÁRIAS

5.4.4.1 CPMF

5.4.4.2 IPTU

5.5 OUTRAS DESPESAS

5.5.1 PERDAS DE CAPITAL

5.5.2 RESULTADO NEGATIVO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL

1.5. PRINCÍPIOS DE CONTABILIDADE

Conforme definição do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), os Princípios de

Contabilidade representam a essência das doutrinas e teorias relativas à Ciência da

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Contabilidade, consoante o entendimento predominante nos universos científico e profissional de

nosso País. Concernem, pois, à Contabilidade no seu sentido mais amplo de ciência social, cujo

objeto é o patrimônio das entidades. A observância dos Princípios de Contabilidade é obrigatória

no exercício da profissão e constitui condição de legitimidade das Normas Brasileiras de

Contabilidade (NBC). Na aplicação dos Princípios de Contabilidade há situações concretas e a

essência das transações deve prevalecer sobre seus aspectos formais.

Diversos autores e pesquisadores da Ciência Contábil se dedicam a estudar os

Princípios de Contabilidade (PC). Verifica-se que alguns autores procuram criar uma hierarquia

entre os PC. Contudo, apesar de várias pesquisas realizadas e posições diversas, o CFC

regulamenta como Princípios de Contabilidade os elencados na Resolução nº 750/1993, sem

nenhuma hieraquização entre eles.

Adicionalmente, as novas demandas sociais exigem um novo padrão de informações

geradas pela Contabilidade, o CFC editou em 28/05/2010 a Resolução 1.282/10, buscando

atualizar e consolidar os Princípios de Contabilidade (PC).

Esse trabalho, seguindo a regulamentação do CFC, não tem a intenção de criar uma

ordem de importância entre os PC. Para fins didáticos, entretanto, classifica os PC em três

categorias:

a) Postulados Ambientais: enunciados das condições sociais, econômicas e

institucionais nas quais a Ciência Contábil atua. Os postulados ambientais da

contabilidade são:

1) da entidade

O Patrimônio é o objeto da Contabilidade e a autonomia patrimonial

necessita a diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos

patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa,

um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer

natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por conseqüência,

nesta acepção, o Patrimônio não se confunde com aqueles dos seus

sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição.

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O PATRIMÔNIO pertence à ENTIDADE, mas a recíproca não é

verdadeira. A soma ou agregação contábil de patrimônios autônomos não

resulta em nova ENTIDADE, mas numa unidade de natureza econômico-

contábil.

2) da continuidade

O Princípio da Continuidade pressupõe que a Entidade continuará em

operação no futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação dos

componentes do patrimônio levam em conta esta circunstância.

b) Princípios Contábeis: delimitam, de maneira ampla, como o profissional da

contabilidade irá se posicionar diante da realidade social, econômica e

institucional. Os princípios da contabilidade são:

1) do registro pelo valor original

O Princípio do Registro pelo Valor Original determina que os componentes

do patrimônio devem ser inicialmente registrados pelos valores originais

das transações, expressos em moeda nacional. As seguintes bases de

mensuração devem ser utilizadas em graus distintos e combinadas, ao

longo do tempo, de diferentes formas:

I – Custo histórico. Os ativos são registrados pelos valores pagos ou a

serem pagos em caixa ou equivalentes de caixa ou pelo valor justo dos

recursos que são entregues para adquiri-los na data da aquisição. Os

passivos são registrados pelos valores dos recursos que foram recebidos

em troca da obrigação ou, em algumas circunstâncias, pelos valores em

caixa ou equivalentes de caixa, os quais serão necessários para liquidar o

passivo no curso normal das operações; e

II – Variação do custo histórico. Uma vez integrado ao patrimônio, os

componentes patrimoniais, ativos e passivos, podem sofrer variações

decorrentes dos seguintes fatores:

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a) Custo corrente. Os ativos são reconhecidos pelos valores em caixa ou

equivalentes de caixa, os quais teriam de ser pagos se esses ativos ou

ativos equivalentes fossem adquiridos na data ou no período das

demonstrações contábeis. Os passivos são reconhecidos pelos valores

em caixa ou equivalentes de caixa, não descontados, que seriam

necessários para liquidar a obrigação na data ou no período das

demonstrações contábeis;

b) Valor realizável. Os ativos são mantidos pelos valores em caixa ou

equivalentes de caixa, os quais poderiam ser obtidos pela venda em uma

forma ordenada. Os passivos são mantidos pelos valores em caixa e

equivalentes de caixa, não descontados, que se espera seriam pagos

para liquidar as correspondentes obrigações no curso normal das

operações da Entidade;

c) Valor presente. Os ativos são mantidos pelo valor presente, descontado

do fluxo futuro de entrada líquida de caixa que se espera seja gerado pelo

item no curso normal das operações da Entidade. Os passivos são

mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro de saída líquida

de caixa que se espera seja necessário para liquidar o passivo no curso

normal das operações da Entidade;

d) Valor justo. É o valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um

passivo liquidado, entre partes conhecedoras, dispostas a isso, em uma

transação sem favorecimentos; e

e) Atualização monetária. Os efeitos da alteração do poder aquisitivo da

moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros contábeis

mediante o ajustamento da expressão formal dos valores dos

componentes patrimoniais. A atualização monetária não representa nova

avaliação, mas tão somente o ajustamento dos valores originais para

determinada data, mediante a aplicação de indexadores ou outros

elementos aptos a traduzir a variação do poder aquisitivo da moeda

nacional em um dado período.

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2) da competência

O Princípio da Competência determina que os efeitos das transações e

outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem,

independentemente do recebimento ou pagamento. O Princípio da

Competência pressupõe a simultaneidade da confrontação de receitas e

de despesas correlatas.

3) da oportunidade

O Princípio da Oportunidade refere-se ao processo de mensuração e

apresentação dos componentes patrimoniais para produzir informações

íntegras e tempestivas. A falta de integridade e tempestividade na

produção e na divulgação da informação contábil pode ocasionar a perda

de sua relevância, por isso é necessário ponderar a relação entre a

oportunidade e a confiabilidade da informação.

c) Convenções: representam, dentro dos Princípios Contábeis, certos

condicionamentos de aplicação, numa ou noutra situação prática. A principal

convenção contábil é:

1) da prudência

O Princípio da Prudência pressupõe o emprego de certo grau de

precaução no exercício dos julgamentos necessários às estimativas em

certas condições de incerteza, no sentido de que ativos e receitas não

sejam superestimados e que passivos e despesas não sejam

subestimados, atribuindo maior confiabilidade ao processo de

mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais.

1.6. ENTIDADES NACIONAIS E INTERNACIONAIS RELACIONADAS À ATIVIDADE CONTÁBIL

Dentre as várias organizações nacionais e internacionais que se relacionam com a

atividade contábil, são destacadas:

20

CFC e CRC’s – CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE e CONSELHOS REGIONAIS DE

CONTABILIDADE

Representam a entidade de classes dos contadores e tem como principal finalidade o

registro e a fiscalização do exercício da profissão contábil.

O CFC é responsável pela elaboração das Normas Brasileiras de Contabilidade, que

compreendem o Código de Ética Profissional do Contabilista, Normas de Contabilidade, Normas

de Auditoria Independente e de Asseguração, Normas de Auditoria Interna e Normas de Perícia,

estabelecem regras e procedimentos de conduta que devem ser observados como requisitos

para o exercício da profissão contábil. As NBC estabelecem, também, conceitos doutrinários,

princípios, estrutura técnica e procedimentos a serem aplicados quando da realização dos

trabalhos previstos nas normas aprovadas por resolução emitidas pelo CFC, de forma

convergente com as Normas Internacionais de Contabilidade emitidas pelo IASB - Comitê

Internacional de Normas de Contabilidade e as Normas Internacionais de Auditoria e

Asseguração e as Normas Internacionais de Contabilidade para o Setor Público emitidas pela

IFAC - Federação Internacional de Contadores.

A estrutura das Normas Brasileiras de Contabilidade classifica-se em Profissionais e

Técnicas. As Normas Brasileiras de Contabilidade Profissionais estabelecem preceitos de

conduta para o exercício profissional. As Normas Brasileiras de Contabilidade Técnicas

estabelecem conceitos doutrinários, estrutura técnica e procedimentos a serem aplicados, sendo

classificadas em Contabilidade, Auditoria Independente e de Asseguração, Auditoria Interna e

Perícia.

As Normas Brasileiras de Contabilidade Profissionais se estruturam conforme segue:

a) Geral – NBC PG – são as normas gerais aplicadas aos profissionais da área contábil;

b) do Auditor Independente – NBC PA – são aplicadas especificamente aos contadores que

atuem como auditor independente;

c) do Auditor Interno – NBC PI – são aplicadas especificamente aos contadores que atuem como

auditor interno;

d) do Perito – NBC PP – são aplicadas especificamente aos contadores que atuem como perito

contábil.

21

As Normas Brasileiras de Contabilidade Técnica se estruturam conforme segue:

a) Societária – NBC TS – são as Normas Brasileiras de Contabilidade convergentes com as

Normas Internacionais;

b) do Setor Público – NBC TSP – são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao Setor

Público, convergentes com as Normas Internacionais de Contabilidade para o Setor Público;

c) Específica – NBC TE – são as Normas Brasileiras de Contabilidade que não possuem Norma

Internacional correspondente, observando as NBC TS;

d) de Auditoria Independente de Informação Contábil Histórica – NBC TA – são as Normas

Brasileiras de Auditoria convergentes com as Normas Internacionais de Auditoria Independente

(ISAs) emitidas pela Federação Internacional de Contadores (IFAC);

e) de Revisão de Informação Contábil Histórica – NBC TR – são as Normas Brasileiras de

Revisão convergentes com as Normas Internacionais de Revisão (ISREs), emitidas pela IFAC;

f) de Asseguração de Informação Não Histórica – NBC TO – são as Normas Brasileiras de

Asseguração convergentes com as Normas Internacionais de Asseguração (ISAEs), emitidas

pela IFAC;

g) de Serviço Correlato – NBC TSC – são as Normas Brasileiras para Serviços Correlatos

convergentes com as Normas Internacionais para Serviços Correlatos (ISRSs) emitidas pela

IFAC;

h) de Auditoria Interna – NBC TI – são as Normas Brasileiras aplicadas aos trabalhos de

auditoria interna;

i) de Perícia – NBC TP – são as Normas Brasileiras aplicadas aos trabalhos de perícia.

CPC – COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) foi idealizado a partir da união de

esforços e comunhão de objetivos das entidades: a) ABRASCA (Associação Brasileira das

Companhias Abertas); b) APIMEC NACIONAL (Associação dos Analistas e Profissionais de

Investimento do Mercado de Capitais); c) BM&FBOVESPA (Bolsa de Valores, Mercadorias e

Futuros); d) CFC (Conselho Federal de Contabilidade); e) FIPECAFI (Fundação Instituto de

Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras); f) IBRACON (Instituto dos Auditores

Independentes do Brasil).

A criação do CPC se deu através da Resolução CFC nº 1.055/05 em função das

necessidades de convergência internacional das normas contábeis (redução de custo de

22

elaboração de relatórios contábeis, redução de riscos e custo nas análises e decisões, redução

de custo de capital); centralização na emissão de normas dessa natureza (no Brasil, diversas

entidades o fazem); e representação e processo democráticos na produção dessas informações

(produtores da informação contábil, auditor, usuário, intermediário, academia, governo).

O CPC tem como objetivo o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos

Técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza,

para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização e

uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a convergência da

Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais.

Os Pronunciamentos Técnicos serão obrigatoriamente submetidos a audiências

públicas. As Orientações e Interpretações poderão, também, sofrer esse processo.

CVM – COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS

É uma entidade autárquica vinculada ao Ministério da Fazenda que funciona como

órgão fiscalizador do mercado de capitais no Brasil.

STN – SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL

A Secretaria do Tesouro Nacional foi criada em 10 de março de 1986, conforme

Decreto nº 92.452, unindo a antiga Comissão de Programação Financeira e a Secretaria de

Controle Interno do Ministério da Fazenda. Constitui-se órgão central do Sistema de

Administração Financeira Federal e do Sistema de Contabilidade Federal.

IFAC – (International Federation of Accountants)

A IFAC (Federação Internacional de Contadores) é uma organização mundial que

representa a profissão contábil.

23

IASB – (International Accounting Standards Board)

O IASB (Colegiado de Padrões Contábeis Internacionais) foi criado em 2001 é um

órgão independente do setor privado que se destina ao estudo de padrões contábeis. O Brasil é

representado pelo CFC e IBRACON.

O IASB é o responsável pela revisão e publicação das IFRS (International Financial

Reporting Standard) que são pronunciamentos com normas internacionais de contabilidade.

FASB – (Financial Accounting Standards Board)

O FASB (Colegiado de Padrões de Contabilidade Financeira) é uma entidade privada

cujo objetivo principal é desenvolver os princípios contábeis geralmente aceitos (GAAP) nos

Estados Unidos da América. O FASB é responsável pela publicação dos FAS (Statements of

Financial Accounting Standars) Normas de Contabilidade Financeira.

1.7. HARMONIZAÇÃO DE NORMAS CONTÁBEIS

A estrutura legal de um país é capaz de influenciar a profissão contábil e o financial

reporting que está relacionado com o usuário da informação. Nesse sentido, as informações

requeridas por investidores (acionistas) são diferentes daquelas requeridas por credores e

Governo.

Países com sólido mercado de capitais tendem a ser mais transparentes até por

exigência dos investidores. Por outro lado, países com captação de recursos via bancos e

governo se caracterizam por forte tradição de segredo profissional e como conseqüência, pouca

transparência aos usuários. Essa estrutura legal pode ser classificada como common law (visão

não legalística) ou code-law (visão legalística, ou Direito Romano) e tem destacada influência

nas diferenças internacionais.

Sistema legal classificado com common law é predominante em países como Grã-

Bretanha, EUA, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, onde não é necessário detalhar as regras a

serem aplicadas. Presume-se que o que não é proibido é permitido. Nesses países, há clima

24

propício para inovações e criatividade. Por outro lado, há possibilidade de maior “gerenciamento”

de resultados ou flexibilidade (creative accounting).

Sistema legal classificado como code-law é predominante em países como Alemanha,

França e Japão e é requerido um elevado grau de detalhamento de regras a serem cumpridas.

Isto não propicia maior flexibilidade na preparação e apresentação de demonstrações

financeiras. Ênfase maior é atribuída à proteção de credores.

Harmonização contábil é um processo onde vários países, de comum acordo, realizam

mudanças nos seus sistemas e normas contábeis, tornando-os compatíveis e respeitando as

peculiaridades e características de cada região. Este processo parte da identificação das linhas

gerais no marco conceitual e na teoria geral da contabilidade destes países, que fundamentam

suas normas contábeis. Este processo considera a influência dessas normas na economia,

dentro de um contexto de unicidade de mercados.

Importante ressaltar que a informação representa um dos bens de maior valor dentro

de qualquer organização, tendo em vista ser ela a base para qualquer tomada de decisão e, por

isso, o modelo contábil e de “disclosure”2 exerce um papel importante no fortalecimento dos

mercados de capitais. A livre movimentação de capitais entre os países, os excedentes de

poupança em nível mundial, os processos de privatizações, fusões, incorporações e aquisições,

criação de “joint ventures” envolvendo empresas de diversos países, a busca de recursos via

mercado de capitais ou via mercado de crédito, são fatores que impulsionaram os órgãos

reguladores e os organismos profissionais a buscar uma forma de harmonização das práticas

contábeis, em nível mundial.

A partir da importância da disponibilização de informações contábeis transparentes e

comparáveis, compreensíveis a analistas financeiros, investidores, auditores, contabilistas e

demais usuários, independentemente de sua origem e localização, o CFC emitiu em 10/12/2009

a Resolução nº 1.255/09 que disciplina as Normas de Contabilidade aplicáveis à pequenas e

médias empresas.

2 O termo "disclosure" pode ser utilizado com dois significados: 1) dar a conhecer os riscos, benefícios, desconfortos e implicações econômicas de procedimentos assistenciais ou experimentais, com o objetivo de que as pessoas tomem decisões devidamente esclarecidas, dentro do processo; ou 2) revelação de informações confidenciais.

25

1.8. ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Esse capítulo aborda temas relacionados à estrutura das demonstrações financeiras

de entidades empresariais atualizadas segundo as Leis 11.638/07 e 11.941/09.

As demonstrações contábeis são conseqüentes da escrituração contábil, devendo

nela estar respaldadas. Os relatórios contábeis podem ser classificados em obrigatórios e

gerenciais.

Lei 6.404/76

Desde o ano 2000 tramitava na Câmara dos Deputados um Anteprojeto de Lei de

reforma da Lei 6.404/76 elaborado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O propósito

dessa alteração era a modernização e harmonização da lei societária em vigor com os princípios

fundamentais e melhores práticas contábeis internacionais, visando a inserção do Brasil no atual

contexto da globalização econômica. Segundo a CVM a reformulação foi proposta visando os

seguintes aspectos:

a) corrigir impropriedades e erros da lei 6.404/76;

b) adaptar a lei às mudanças sociais e econômicas decorrentes da evolução do

mercado; e

c) fortalecer o mercado de capitais mediante implementação de normas contábeis e

de auditoria internacionalmente reconhecidos.

Lei 11.638/07

Em 28 de dezembro de 2007 foi sancionada a Lei 11.638/07, trazendo significativas

mudanças para a Lei 6.404/76. As principais alterações à Lei 6.404/76 foram:

a) criação da Demonstração dos Fluxos de Caixa substituindo a Demonstração das

Origens e Aplicações de Recursos (art. 176, IV). Entretanto as companhias fechadas com

patrimônio líquido inferior a R$2.000.000,00 na data do balanço estão dispensadas da

elaboração e publicação da Demonstração do Fluxo de Caixa.

26

b) Criação da Demonstração do Valor Adicionado, obrigatória para as empresas de

capital aberto (art. 176, IV).

c) Criação de subgrupo Intangível no Permanente, desdobrado do subgrupo

Imobilizado (art. 179, IV). Ficado assim separados os bens materiais (tangíveis) dos bens

imateriais (intangíveis).

d) Classificação no Imobilizado, dos bens adquiridos pelas empresas através de

arrendamento mercantil, com contrapartida da dívida no Passivo Exigível (art. 179, IV).

e) Extinção da possibilidade de reavaliação dos bens do Ativo Imobilizado,

eliminando assim a conta “Reservas de Reavaliação” (artigo 6º).

f) O uso do subgrupo Diferido fica restrito ao registro das despesas pré-

operacionais e aos gastos de reestruturação (art. 179 IV).

g) Eliminação da conta “Lucros ou Prejuízos Acumulados” no Patrimônio Líquido,

mantendo somente a conta “Prejuízos Acumulados” (art. 178, §2º, d.)

h) Criação da figura das Sociedades de Grande Porte – sociedades ou conjunto de

sociedades sob o controle comum que tiverem, no exercício anterior, ativo total superior a R$300

milhões ou receita bruta anual superior a R$240 milhões (artigo 3º, § único). Às sociedades de

grande porte ainda que não constituídas sob a forma de sociedades por ações, aplicam-se as

disposições da Lei 6.404/76 que está sendo alterada pela referida lei, no que tange a

escrituração e a elaboração das demonstrações financeiras (art. 3º).

A atualização da Lei das Sociedades por Ações, juntamente com o poder regulatório

da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e dos estudos e normas emanados pelo Comitê de

Pronunciamentos Contábeis (CPC), irão levar o Brasil, aos poucos, aos patamares mais altos de

regulação contábil internacional, quem sabe até colaborando para o aperfeiçoamento das

normas emanadas pelo IASB (International Accounting Standars Board).

Lei 11.941/09

Em 27 de maio de 2009 foi aprovada a Lei Federal 11.941/09, em complemento a Lei

11.638/07 e com novas alterações a Lei 6.404/76 no que diz respeito a estruturação das

demonstrações contábeis. As principais alterações implantadas pela Lei 11.941/09 foram:

a) Nova classificação das contas do Ativo e do Passivo (art. 178 da Lei das S/A)

em ativo circulante, ativo não circulante, passivo circulante e passivo não circulante. Dessa

27

forma, foi extinto o grupo Ativo Permanente e foi criado o grupo Ativo Não Circulante, composto

pelo ativo realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível.

b) Extinção do subgrupo Ativo Diferido, que já tinha sido restringido pela lei

11.638/07 (art. 299-A da Lei das S/A). Os gastos pré-operacionais devem, nas entidades em

fase pré-operacional, ser registrados em contas de resultado, como despesas do período.

c) Extinção do grupo Resultados de Exercícios Futuros (art. 299-B da Lei das S/A).

Com isso, os saldos dessa conta devem ser reclassificados para o grupo do passivo não

circulante, em contas representativas de receitas e despesas diferidas.

d) Fim da segregação das receitas e despesas em operacionais e não

operacionais. As receitas e despesas classificadas anteriormente como não operacionais devem

ser denominadas de Outras Receitas e Outras Despesas.

e) Estabeleceu em número maior de notas explicativas a fim de fornecer maiores

informações aos usuários das Demonstrações Contábeis, fazendo com que as sociedades

tenham que evidenciar as informações utilizadas para elaboração das Demonstrações

Contábeis.

É importante ressaltar que a Lei 11.941/09 trouxe outras várias alterações, inclusive

inovações tributárias necessárias à harmonização das normas internacionais de contabilidade,

mas que não serão aqui comentadas por não ser objeto desse estudo.

As definições da Lei 11.638/07 e da Lei 11.941/09 devem ser observadas pelas

empresas obrigadas a obedecer a Lei das S/A, compreendendo não só as sociedades por

ações, mas também as demais empresas inclusive as constituídas sob forma de limitadas,

conforme Comunicado Técnico – CT 01 do Conselho Federal de Contabilidade.

A Lei das Sociedades por Ações (Lei nº 6.404-76, de 15-12-76), alterada pelas Leis

11.638 de 28 de dezembro de 2007 e 11.941 de 27 de maio de 2009, aplicável extensivamente

às demais sociedades, estabelece que, obrigatoriamente ao final de cada exercício, a Diretoria

fará elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia:

1 – Balanço Patrimonial;

2 – Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados;

3 – Demonstração do Resultado do Exercício;

4 – Demonstração dos Fluxos de Caixa; e

5 – Notas Explicativas.

28

No caso de companhias de capital aberto, a Lei 11.638/07 determina a elaboração da

Demonstração do Valor Adicionado. A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) diz que, além

dessas demonstrações, as empresas de capital aberto devem elaborar a Demonstração das

Mutações do Patrimônio Líquido.

a) Balanço Patrimonial

A Lei 6.404/76, art. 178, § 1º e § 2º, determina que o Balanço Patrimonial – que é um

dos principais relatórios contábeis – tenha a seguinte estrutura:

ATIVO PASSIVO

ATIVO CIRCULANTE

ATIVO NÃO CIRCULANTE

ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO

INVESTIMENTOS

IMOBILIZADO

( - ) DEPRECIAÇÕES ACUMULADAS

INTANGÍVEL

PASSIVO CIRCULANTE

PASSIVO NÃO CIRCULANTE

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

CAPITAL SOCIAL

RESERVAS DE CAPITAL

AJUSTES DE AVALIAÇÃO PATRIMONIAL

RESERVAS DE LUCROS

( - ) AÇÕES EM TESOURARIA

( - ) PREJUÍZOS ACUMULADOS

O balanço patrimonial é a demonstração contábil destinada a evidenciar, quantitativa e

qualitativamente, numa determinada data, o patrimônio e a composição do patrimônio líquido da

entidade. Conforme determina o artigo 178 da Lei nº 6.404-76, “No balanço, as contas serão

classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a

facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia”.

Essa demonstração deve ser estruturada de acordo com os preceitos da Lei nº 6.404-

76 e segundo os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de

Contabilidade.

29

A Lei das SA’s estabelece, em seu artigo 178, §1º, que, no ativo, as contas serão

dispostas em ordem decrescente de liquidez, e, dentro desse conceito, as contas de

disponibilidades são as primeiras a serem apresentadas no balanço, dentro do ativo circulante.

Seguem-se os direitos realizáveis no curso do exercício social subseqüente e aplicações de

recursos em despesa do exercício seguinte.

A seguir, a descrição de cada grupo:

ATIVO CIRCULANTE - São os recursos financeiros que se encontram à disposição

imediata da entidade, compreendendo os meios de pagamento em moeda e em outras

espécies, os depósitos bancários à vista e os títulos de liquidez imediata.

ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO - Serão classificadas contas da mesma

natureza das do ativo circulante, porém realizáveis após o término do exercício

seguinte, assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a

sociedades coligadas ou controladas, diretores, acionistas ou participantes no lucro,

que não constituíram negócios usuais na exploração do objeto da companhia.

INVESTIMENTOS – São as participações permanentes em outras sociedades e os

bens e direitos que não se destinem à manutenção das atividades da companhia ou

empresa.

IMOBILIZADO – São os bens e direitos, tangíveis e intangíveis, utilizados na

consecução das atividades-fim da entidade. Bens tangíveis são aqueles que têm

corpo físico, tais como terrenos, máquinas, veículos, benfeitorias em propriedades

arrendadas, direitos sobre recursos naturais, etc. Bens intangíveis são aqueles cujo

valor reside não em qualquer propriedade física, mas nos direitos de propriedade

legalmente conferidos aos seus possuidores, tais como: patentes, direitos autorais,

marcas, etc.

INTANGÍVEL – São os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à

manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de

comércio adquirido.

30

PASSIVO CIRCULANTE - São as obrigações conhecidas e os encargos estimados da

empresa cuja liquidação se espera que ocorra dentro do exercício social seguinte, ou

de acordo com o ciclo operacional da empresa, se este for superior a esse prazo.

PASSIVO NÃO CIRCULANTE - São as obrigações conhecidas e os encargos

estimados da empresa cuja liquidação deverá ocorrer em prazo superior a seu ciclo

operacional, ou após o exercício social seguinte.

PATRIMÔNIO LÍQUIDO - O patrimônio líquido representa os recursos próprios da

entidade, e seu valor é a diferença entre o valor do Ativo e o valor do Passivo (Ativo -

Passivo). Desta forma, o valor do patrimônio líquido pode ser positivo, negativo ou

nulo. O patrimônio líquido é dividido em:

CAPITAL – São os investimentos efetuados na empresa pelos proprietários e os

decorrentes de incorporação de reservas e lucros.

RESERVAS DE CAPITAL – Contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o

valor nominal e a parte do preço de emissão das ações sem valor nominal que

ultrapassar a importância destinada à formação do capital social, inclusive nos casos

de conversão em ações de debêntures ou partes beneficiárias e o produto da

alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição. Será ainda registrado como

reserva de capital o resultado da correção monetária do capital realizado, enquanto

não-capitalizado.

AJUSTES DE AVALIAÇÃO PATRIMONIAL - Serão classificadas como ajustes de

avaliação patrimonial, enquanto não computadas no resultado do exercício em

obediência ao regime de competência, as contrapartidas de aumentos ou diminuições

de valor atribuído a elementos do ativo (§ 5o do art. 177, inciso I do caput do art. 183 e

§ 3o do art. 226 desta Lei) e do passivo, em decorrência da sua avaliação a preço de

mercado.

RESERVAS DE LUCROS - Serão classificadas como reservas de lucros as contas

constituídas pela apropriação de lucros da companhia.

AÇÕES EM TESOURARIA - As ações em tesouraria deverão ser destacadas no

balanço como dedução da conta do patrimônio líquido que registrar a origem dos

recursos aplicados na sua aquisição.

PREJUÍZOS ACUMULADOS – Representam o saldo remanescente dos prejuízos

líquidos, estes apresentados como parcela redutora do Patrimônio Líquido.

31

No caso de o Patrimônio Líquido ser negativo, será demonstrado após o Ativo, e seu

valor final denominado de Passivo a Descoberto.

b) Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados

A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados discriminará o saldo do início do

período, os ajustes de exercícios anteriores e a correção monetária do saldo inicial, as reversões

de reservas e o lucro líquido do exercício, as transferências para reservas, os dividendos, a

parcela dos lucros incorporada ao capital e o saldo ao fim do período. Como ajustes de

exercícios anteriores serão considerados apenas os decorrentes de efeitos da mudança de

critério contábil, ou da retificação de erro imputável a determinado exercício anterior, e que não

possam ser atribuídos a fatos subseqüentes.

A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados deverá indicar o montante do

dividendo por ação do capital social e poderá ser incluída na demonstração das mutações do

patrimônio líquido, se elaborada e publicada pela companhia. A DLPA apresentará a seguinte

estrutura:

Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados Em 31-12-X0 (Em R$) Saldo Inicial Ajustes de Exercícios Anteriores Efeitos da Mudança de Critério Contábil Retificação de Erro de Exercícios Anteriores Parcela de Lucros Incorporados ao Capital Reversão de Reservas De Contingências De Lucros a Realizar Lucro (Prejuízo) Líquido do Exercício Proposta da Administração de Destinação do Lucro Líquido do Exercício Reserva Legal Reserva Estatutária Dividendos a Distribuir ou Lucros a Destinar ou Proposta de Absorção do Prejuízo Líquido do Exercício Saldo Final de Lucros (Prejuízos) Acumulados Montante do Dividendo por Ação do Capital Social

c) Demonstração do Resultado do Exercício

A demonstração do resultado é a demonstração contábil destinada a evidenciar a

composição do resultado formado num determinado período de operações da entidade. A

demonstração do resultado, observado o princípio da competência, evidenciará a formação dos

32

vários níveis de resultados, mediante confronto entre as receitas e os correspondentes custos e

despesas. A seguir, a descrição de cada elemento:

RECEITA BRUTA DE VENDAS E SERVIÇOS - A Lei nº 6.404-76, em seu art. 187,

determina que a demonstração do resultado do exercício deverá discriminar a receita

bruta de vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos,

bem como a receita líquida das vendas e serviços. As vendas deverão ser

contabilizadas pelo valor bruto, incluindo o valor dos impostos. Estes impostos, bem

como as devoluções e os abatimentos, deverão ser contabilizados em contas

individualizadas, que serão tratadas como contas redutoras das vendas.

DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA - São representadas pelas contas de vendas

canceladas, abatimentos e impostos incidentes sobre vendas.

a) Vendas Canceladas é conta devedora que deve incluir todas as devoluções de

vendas. Correspondem à anulação de valores registrados como receitas brutas de

vendas e serviços.

b) Abatimentos e descontos sobre vendas e serviços são aqueles concedidos

incondicionalmente.

c) Impostos incidentes sobre vendas devem ser deduzidos da receita bruta de vendas.

A receita bruta deve ser registrada pelos valores totais, incluindo os impostos sobre

ela incidentes, com exceção do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).

CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS - A apuração do custo dos produtos

vendidos está diretamente relacionada aos estoques da empresa, pois representa a

baixa efetuada nas contas dos estoques por vendas realizadas no período.

DESPESAS/RECEITAS OPERACIONAIS – São as despesas pagas ou incorridas para

vender produtos e administrar a empresa; e dentro do conceito da Lei nº 6.404-76,

abrangem também as despesas líquidas para financiar suas operações; os resultados

líquidos das atividades acessórias da empresa são também considerados

operacionais. O art. 187 da Lei nº 6.404-76 estabelece que, para se chegar ao lucro

operacional, serão deduzidas as despesas com as vendas, as despesas financeiras,

deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas

operacionais.

33

PARTICIPAÇÕES EM RESULTADO - O artigo 189 da Lei nº 6.404-76 estabelece que

do resultado do exercício serão deduzidos, antes de qualquer participação, os

prejuízos acumulados e a provisão para o Imposto de Renda. O artigo 190 da Lei nº

6.404-76 dispõe que as participações estatutárias de empregados, administradores e

partes beneficiárias serão determinadas, sucessivamente e nessa ordem, com base

nos lucros que remanescerem depois de deduzida a participação anteriormente

calculada.

Dessa forma, O Demonstrativo do Resultado do Exercício apresentará a seguinte

estrutura:

1. Receitas de Venda de Mercadorias

2. ( - ) Deduções da Receita Bruta

Vendas Canceladas

Abatimentos e Descontos

Impostos sobre Vendas

3. ( = ) Receita Líquida

4. ( - ) Custo das Mercadorias Vendidas

5. ( = ) Lucro Bruto

6. ( - ) Despesas Operacionais

Despesas com Vendas

Despesas Administrativas

Despesas Financeiras deduzidas das Receitas Financeiras

7. ( = ) Resultado Operacional

9. ( + / - ) Outras receitas e outras despesas

10 ( = ) Resultado antes das Provisões Tributárias

11. ( - ) Participações e Contribuições

12 ( = ) Lucro/Prejuízo Líquido do Exercício

d) Demonstração dos Fluxos de Caixa

Denomina-se fluxo de caixa de uma organização ao conjunto de ingressos e

desembolsos de numerário ao longo de um período determinado. O fluxo de caixa consiste na

representação dinâmica da situação financeira de uma empresa, considerando todas as fontes

de recursos e todas as aplicações em itens do ativo. Sinteticamente, o fluxo de caixa é o

instrumento de programação financeira, que corresponde às estimativas de entradas e saídas de

caixa em certo período de tempo. Esse instrumento possibilita: planejar, organizar, coordenar,

dirigir e controlar os recursos financeiros da empresa.

34

O objetivo do fluxo de caixa é dar uma visão das atividades desenvolvidas, bem como

as operações financeiras que são realizadas diariamente, no grupo do ativo circulante, dentro

das disponibilidades, e que representam o grau de liquidez da empresa. A otimização dos fluxos

de caixa reduz, automaticamente, a necessidade de capital de giro, sendo, portanto, interesse da

empresa buscar essa otimização.

As operações para produzir e comercializar os produtos/serviços exigem recursos.

Esses recursos exigem contrapartidas financeiras, ou seja, pagamentos em dinheiro. A diferença

entre os valores recebidos pelas vendas dos produtos/serviços e os valores pagos pelos

recursos utilizados forma a geração operacional de caixa de uma empresa. O fluxo financeiro ou

fluxo de caixa de uma empresa é a movimentação da geração operacional de caixa, acrescido

das movimentações financeiras de investimento e financiamento.

A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) é um relatório que complementa as

análises obtidas a partir do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício

(DRE). A DFC pode ser apresentada de duas formas: a) Método Direto e b) Método Indireto.

O método direto é a forma de apresentação da DFC que resgata exatamente os

valores movimentados no controle do caixa. No método indireto, parte-se do lucro líquido o

exercício (apresentado na DRE) e a ele são feitas adições e exclusões. Apresenta-se, a seguir,

modelo de ambos os métodos de acordo com o CPC 03 e Resolução CFC 1.296/10:

35

MÉTODO DIRETO MÉTODO INDIRETO

I - ATIVIDADES OPERACIONAIS

1. ENTRADAS Vendas a vista Recebimento de clientes Outros 2. SAIDAS Compras a vista Pagamentos a fornecedores Pagamento de tributos Pagamentos de salários e encargos Pagamentos de despesas (exceto financeiras) Outros SALDO DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS (1-2) II – ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS 3. ENTRADAS Venda de ativo investimentos Venda de ativo imobilizado Venda de ativo intangível Recebimento de principal de empréstimos Receitas financeiras Outros 4. SAÍDAS Investimentos no Realizável a Longo Prazo Investimentos no ativo investimentos Investimentos no ativo imobilizado Investimentos no ativo intangível Concessão de empréstimos Outros SALDO DAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS (3-4) III – ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO 5. ENTRADAS Emissão de ações Integralização de capital Novos empréstimos 6. SAÍDAS Amortização de empréstimos Despesas financeiras Distribuição de resultados SALDO DAS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO (5-6) IV - SALDO DO PERÍODO (I + II + III) V - SALDO INICIAL DO DISPONÍVEL VI – SALDO FINAL DO DISPONÍVEL (IV + V)

I - ATIVIDADES OPERACIONAIS

Lucro Líquido do Exercício Ajustes ( + ) Depreciações ( + / - ) Equivalência Patrimonial ( + / - ) Ganhos/Perdas de capital ( + / - ) Outros ajustes Variações nos ativos e passivos circulantes ( + ) Aumentos no passivo circulante ( + ) Reduções no ativo circulante ( - ) Aumentos no ativo circulante ( - ) Reduções no passivo circulante FLUXO DE CAIXA LÍQUIDO DAS OPERAÇÕES II – ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS Venda de ativo investimentos Venda de ativo imobilizado Venda de ativo intangível Recebimento de principal de empréstimos Investimentos no Realizável a Longo Prazo Investimentos no ativo investimentos Investimentos no ativo imobilizado Investimentos no ativo intangível Concessão de empréstimos Outros FLUXO DE CAIXA LÍQUIDO DE INVESTIMENTOS III – ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO Emissão de ações Integralização de capital Novos empréstimos Amortização de empréstimos Distribuição de resultados FLUXO DE CAIXA LÍQUIDO DE FINANCIAMENTO IV - SALDO DO PERÍODO (I + II + III) V - SALDO INICIAL DO DISPONÍVEL VI – SALDO FINAL DO DISPONÍVEL (IV + V)

36

e) Notas Explicativas

Complementam as demonstrações financeiras e devem apresentar informações sobre

a base de preparação das demonstrações financeiras e das práticas contábeis específicas

selecionadas e aplicadas para negócios e eventos significativos. Devem, ainda, divulgar as

informações exigidas pelas práticas contábeis adotadas no Brasil que não estejam apresentadas

em nenhuma outra parte das demonstrações financeiras e fornecer informações adicionais não

indicadas nas próprias demonstrações financeiras e consideradas necessárias para uma

apresentação adequada. As notas explicativas devem:

I - apresentar informações sobre a base de preparação das demonstrações financeiras e das

práticas contábeis específicas selecionadas e aplicadas para negócios e eventos significativos;

II - divulgar as informações exigidas pelas práticas contábeis adotadas no Brasil que não estejam

apresentadas em nenhuma outra parte das demonstrações financeiras;

III - fornecer informações adicionais não indicadas nas próprias demonstrações financeiras e

consideradas necessárias para uma apresentação adequada; e

IV - indicar:

a) os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais, especialmente

estoques, dos cálculos de depreciação, amortização e exaustão, de constituição de provisões

para encargos ou riscos, e dos ajustes para atender a perdas prováveis na realização de

elementos do ativo;

b) os investimentos em outras sociedades, quando relevantes

c) o aumento de valor de elementos do ativo resultante de novas avaliações

d) os ônus reais constituídos sobre elementos do ativo, as garantias prestadas a

terceiros e outras responsabilidades eventuais ou contingentes;

e) a taxa de juros, as datas de vencimento e as garantias das obrigações a longo

prazo;

f) o número, espécies e classes das ações do capital social;

g) as opções de compra de ações outorgadas e exercidas no exercício;

h) os ajustes de exercícios anteriores; e

i) os eventos subseqüentes à data de encerramento do exercício que tenham, ou

possam vir a ter, efeito relevante sobre a situação financeira e os resultados futuros da

companhia.

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f) Demonstração do Valor Adicionado

Demonstra o valor da riqueza gerada pela companhia, a sua distribuição entre os

elementos que contribuíram para a geração dessa riqueza, tais como empregados,

financiadores, acionistas, governo e outros, bem como a parcela da riqueza não distribuída.

GERAÇÃO DO VALOR

ADICIONADO

R$ % DISTRIBUIÇÃO DO VALOR

ADICIONADO

R$ %

receita de venda de

mercadorias, produtos e

serviços

( - ) custos para obtenção

de receita de vendas

outras receitas

( - ) outros custos

distribuição para colaboradores

distribuição pela remuneração

do capital de terceiros

distribuição ao governo

distribuição aos acionistas

VALOR ADICIONADO

GERADO

VALOR ADICIONADO

DISTRIBUÍDO

g) Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido

A demonstração das mutações do patrimônio líquido é aquela destinada a evidenciar

as mudanças, em natureza e valor, havidas no patrimônio líquido da entidade, num determinado

período de tempo. A referida demonstração está prevista no art. 186, § 2º, da Lei nº 6.404-76. A

Comissão de Valores Mobiliários (CVM), mediante a Instrução CVM nº 059-86, tornou esta

demonstração e sua publicação de caráter obrigatório, para as companhias abertas, em

substituição à demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados. A DMPL apresentará a

seguinte estrutura:

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Além dos relatórios contábeis obrigatórios, citados anteriormente, existe o Balancete

de Verificação, como relatório gerencial. A elaboração do Balancete de Verificação está

disciplinada na Norma Brasileira de Contabilidade Técnica (NBC T) 2.7. Segundo o Conselho

Federal de Contabilidade, o Balancete de Verificação deverá ser elaborado, no mínimo,

mensalmente.

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1.9. GESTÃO DO CAIXA

O caixa representa o objetivo final dos investidores ao optarem por uma alternativa de

alocação de recursos. No meio empresarial o caixa é o ativo mais líquido disponível na empresa,

encontrado em espécie na mesma, nos bancos e no mercado financeiro de curtíssimo prazo.

O termo caixa se refere aos ativos de liquidez imediata, ou seja, recursos monetários

armazenados pela empresa e saldos em contas correntes bancárias; representa valores que

podem ser usados a qualquer momento para pagamentos de diversas naturezas. A

administração de caixa visa manter uma liquidez imediata necessária para suportar as atividades

da empresa, levando em conta seu fluxo de recebimento e pagamentos.

Diferenciação entre Lucro e Caixa

O caixa de uma empresa gera lucro à medida que sua disponibilidade para aplicação

permite o recebimento de juros. Da mesma forma, a ausência de caixa impacta o resultado à

medida que se pagam os encargos cobrados pelos recursos de terceiros, tornando o resultado

menor. As possíveis diferenças entre o caixa e o lucro são:

a) Capital de giro (prazo de pagamentos e recebimentos).

b) Não pontualidade de recebimento e não recebimento como perda.

c) Valores ativados (reconhecimento de amortização e depreciação).

d) Provisões de qualquer tipo (impostos, contingências).

e) Receitas reconhecidas e não recebidas.

f) Impostos sobre a nota fiscal emitida.

Fluxo de Caixa

O fluxo de caixa é um instrumento que possibilita o planejamento e o controle dos

recursos financeiros de uma empresa. Gerencialmente, é indispensável ainda em todo o

processo de tomada de decisões financeiras. O fluxo de caixa é de fundamental importância

para as empresas, constituindo-se numa indispensável sinalização dos rumos financeiros do

negócio. A insuficiência de caixa pode determinar cortes nos créditos, suspensão de entregas

de materiais e mercadorias, e ser causa de uma séria descontinuidade das suas atividades.

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O fluxo de caixa de uma empresa deve conter detalhamentos que permitem a adequada

análise das informações contidas, pois um fluxo de caixa mal estruturado leva a empresa a não

decidir adequadamente sobre sua liquidez. O fluxo de caixa pode ser identificado em duas

modalidades: Fluxo de Caixa de Tesouraria e Fluxo de Caixa Contábil.

Fluxo de Caixa de Tesouraria

É elaborado pelo tesoureiro da empresa, disponível em termos de informações previstas

e realizadas com base nas entradas de cobranças ou vendas a vista e em compromissos a

cumprir. Tem um nível de detalhamento alto, para que tenha utilidade prática e possibilite

identificar, por exemplo, até o número da fatura a ser paga. Dessa maneira seu nível de precisão

é diário e sua projeção tem por objetivo dispor dos valores de entradas e saídas que possam ser

acompanhado diariamente quando obtido e realizado.

Fluxo de Caixa Contábil

É elaborado a partir das demonstrações contábeis (BP e DRE). Dessa maneira, feitas as

movimentações entre contas, deduzidos e ajustados os valores que não representam efetiva

entrada e saída de caixa, são obtidas informações referentes a geração de liquidez. Seu nível de

precisão está ligado ao horizonte de repetitividade da avaliação dos resultados (mensal,

semestral, anual, etc.) em função dos balanços. Sua preocupação maior reside na sobra ou valor

líquido entre entradas e saídas.

O objetivo da demonstração dos fluxos de caixa é prover informações relevantes sobre

os pagamentos e recebimentos, em dinheiro, de uma empresa durante um determinado período

de tempo. Essas informações, principalmente quando analisadas em conjunto com as demais

demonstrações financeiras, podem permitir que investidores, credores e demais usuários

avaliem:

a) A capacidade da empresa em gerar futuros fluxos líquidos positivos de caixa.

b) A capacidade da empresa em honrar seus compromissos, pagar dividendos e retornar

empréstimos obtidos.

c) A liquidez, solvência e flexibilidade financeira da empresa.

d) A taxa de conversão de lucro em caixa.

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e) A performance operacional de diferentes empresas, por eliminar os distintos

tratamentos contábeis para as mesmas transações e eventos.

f) O grau de precisão das estimativas passadas de futuros de caixa.

g) O efeito sobre a posição financeira da empresa, das transações de investimento e

financiamento, etc.

Movimentações de Caixas por Atividade

O formato adotado nas Demonstrações dos Fluxos de Caixa é o de classificação das

movimentações de caixa por grupo de atividade. As atividades da empresa para fins de

estruturação da demonstração de Fluxos de Caixa classificam-se em:

• Atividades Operacionais;

• Atividades de Investimento;

• Atividades de Financiamento.

Atividades Operacionais

As atividades operacionais geralmente envolvem a produção e a entrega dos bens e da

prestação de serviços. Em outras palavras corresponde às contas da demonstração de

resultado. Para o autor o detalhamento desse grupo se adapta a cada tipo de empresa, para a

correta demonstração dos principais pagamentos e recebimentos operacionais.

Recebimento Operacional:

• clientes por venda à vista;

• clientes por venda à prazo;

• clientes – adiantamento;

• rendimentos de aplicações financeiras;

• juros de empréstimos concedidos;

• dividendos recebidos;

• outros recebimentos (que não de origem de transações definidas como atividades de

investimentos ou financiamento)

Pagamentos Operacionais:

• fornecedores de matéria-prima;

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• fornecedores de mercadorias;

• adiantamento de fornecedores;

• salário e encargos;

• utilidades e serviços;

• tributos;

• encargos financeiros (financiamentos comerciais e bancários obtidos);

• outros.

Atividades de Investimento

As atividades de investimento correspondem normalmente ao aumento e diminuição dos

ativos de longo prazo que a empresa utiliza para produzir bens e serviços.

• aplicações financeiras (com prazo maior que três meses);

• empréstimos concedidos;

• participações em controladas e coligadas;

• participações em outras empresas;

• terrenos;

• obras civis;

• móveis, utensílios e instalações;

• máquinas, ferramentas e equipamentos;

• veículos em uso;

• equipamentos de processamento de dados;

• softwares e aplicativos de informática.

Atividades de Financiamento

Na Demonstração dos Fluxos de Caixa o conceito de financiamento é mais abrangente

do que o mercado está acostumado a utilizar. Este conceito é mais abrangente e não significa

somente uma aquisição de bens financiados, mas também inclui os recursos de terceiros e os

recursos próprios recebidos.

• empréstimos bancários.

• financiamentos (leasing).

• recursos próprios ( - ) dividendos pagos.

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Métodos

A demonstração dos fluxos de caixa pode ser elaborada pelo método direto ou indireto.

Pelo método direto a demonstração é elaborada fazendo os lançamentos de cada transação

financeira diretamente em uma planilha eletrônica própria ou extraindo os dados do sistema

contábil. Já pelo método indireto a demonstração é elaborada utilizando-se os dados do balanço

patrimonial e da demonstração de resultado do exercício.

Método Direto

O método direto explicita as entradas e saídas brutas de dinheiro dos principais

componentes das atividades operacionais, como o recebimento pelas vendas de produtos e

serviços e os pagamentos a fornecedores e empregados. O saldo final expressa o volume

líquido de caixa provido ou consumido pelas operações durante um determinado período. É

bastante simples de ser entendido pelo usuário, pois as movimentações de dinheiro seguem

uma ordem direta, como se faz com a administração do caixa pessoal.

Ao utilizarem o método direto, as empresas devem detalhar os fluxos das operações, no

mínimo nas seguintes classes:

• Recebimento de clientes, incluindo recebimento de arrendatários,

concessionários e similares;

• Recebimento de juros e dividendos;

• Outros recebimentos das operações se houver;

• Pagamentos a empregados e a fornecedores de produtos e serviços, incluindo

segurança, propaganda, publicidade e similares;

• Juros pagos;

• Impostos;

• Outros pagamentos da operação.

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Método Indireto

O método indireto faz conciliação entre o lucro líquido e o caixa gerado pelas operações,

por isso é também chamado de método de reconciliação. A principal utilidade desse método é

mostrar as origens ou aplicações de caixas decorrentes das alterações temporárias de prazos

nas contas relacionadas com o ciclo operacional do negócio (normalmente clientes, estoques e

fornecedores). Outra vantagem é permitir que o usuário avalie quanto de lucro está se

transformando em caixa em cada período.

Classificação dos Fluxos de Caixa

Elenco de Contas – ATIVO

É possível a utilização da planilha a seguir para a associação das contas do Ativo:

ELENCO DE CONTAS CONFORME LEI 11.941/09 ESTRUTRA MODELO

ATIVO 1 ATIVO 1.1 ATIVO CIRCULANTE 1.1.1 Caixa Disponibilidades 1.1.2 Banco C/ Movimento Disponibilidades 1.1.4 Contas a Receber Operacional 1.1.4.01 Clientes Operacional 1.1.4.02 Outras Contas a Receber Operacional 1.1.5 Estoques Operacional 1.1.5.01 Mercadorias Operacional 1.2 ATIVO NÃO CIRCULANTE 1.2.1 REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 1.2.1.01 Empréstimos a Coligadas Investimentos 1.2.1.02 Outras Contas a Receber LP Investimentos 1.2.1.03 Aplicações Financeiras LP Investimentos 1.2.2 INVESTIMENTOS 1.2.2.01 Participações Societárias Investimentos 1.2.3 IMOBILIZADO 1.2.3.01 Terrenos Investimentos 1.2.3.02 Construções e Benfeitorias Investimentos 1.2.3.03 Máquinas e Ferramentas Investimentos 1.2.3.04 Veículos Investimentos 1.2.3.05 Móveis Investimentos 1.2.3.98 (-) Depreciação Acumulada não afeta o caixa 1.2.4 INTANGÍVEL 1.2.4.01 Marcas Investimentos 1.2.4.02 Softwares Investimentos 1.2.4.03 Ágio na Aquisição de Ações Investimentos 1.2.4.99 (-) Amortização Acumulada não afeta o caixa

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Elenco de Contas PASSIVO

No passivo, pode-se utilizar da planilha a seguir para associação das contas:

ELENCO DE CONTAS CONFORME LEI 11.941/09

ESTRUTRA MODELO PASSIVO

2 PASSIVO 2.1 PASSIVO CIRCULANTE 2.1.1 Impostos e Contribuições a Recolher operacional 2.1.2 Contas a Pagar operacional 2.1.3 Fornecedores operacional 2.1.4 Salários e Encargos Sociais operacional 2.1.5 Empréstimos Bancários financiamentos 2.2 PASSIVO NÃO CIRCULANTE 2.2.1 Empréstimos Bancários LP 2.2.2 Resultados de Exercícios Futuros

financiamentos não afeta o caixa

2.3. PATRIMÔNIO LÍQUIDO 2.3.1 Capital Social financiamentos 2.3.2 Reservas não afeta o caixa 2.3.2.01 Reservas de Capital não afeta o caixa 2.3.2.02 Reservas de Lucros não afeta o caixa 2.3.3 Prejuízos cumulados não afeta o caixa

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Exemplo:

Demonstração do Resultado do Exercício Exercício Social 2009 Exercício Social 2008 1. Receita por Serviços Prestados 23.980,00 17.500,00 2. ( - ) Impostos sobre vendas (2.500,00) (2.050,00) 3. ( = ) Receita Operacional 21.480,00 15.450,00 4. ( - ) Custo dos Serviços Prestados (4.200,00) (7.340,00) 5. ( = ) Lucro Bruto 17.280,00 8.110,00 6. ( - ) Despesas Comerciais (4.250,00) (2.930,00) 7. ( - ) Despesas Administrativas (1.800,00) (1.359,00) 8. ( - ) Despesas Financeiras (300,00) (200,00) 9. ( = ) Lucro Líquido do Exercício 10.930,00 3.621,00

Balanço Patrimonial 2009 (em R$) 2008 (em R$) Variação (em R$) ATIVO CIRCULANTE 17.700,00 5.480,00 12.220,00 Caixa 1.460,00 1.250,00 210,00 Bancos 1.790,00 2.000,00 (210,00) Aplicações 11.080,00 - 11.080,00 Clientes 3.080,00 1.780,00 1.300,00 Estoques 290,00 450,00 (160,00) ATIVO NÃO CIRCULANTE 16.927,00 9.067,00 7.860,00 Investimentos a LP 1.500,00 - 1.500,00 Máquinas e Equipamentos 9.070,00 9.070,00 - Móveis e Utensílios 3.077,00 3.077,00 - Veículos 9.000,00 - 9.000,00 ( - ) Depreciação (5.720,00) (3.080,00) (2.640,00) TOTAL DO ATIVO 34.627,00 14.547,00 20.080,00

PASSIVO CIRCULANTE 10.880,00 10.730,00 150,00 Fornecedores 4.930,00 6.000,00 (1.070,00) Obrigações Fiscais 1.850,00 2.000,00 (150,00) Contas a Pagar 3.610,00 2.730,00 880,00 Empréstimos e Financiamentos 490,00 - 490,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 23.747,00 3.817,00 19.930,00 Capital Social 10.000,00 1.000,00 9.000,00 Reserva de Lucros 13.747,00 2.817,00 10.930,00 TOTAL DO PASSIVO 34.627,00 14.547,00 20.080,00

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Demonstração dos Fluxos de Caixa 2009

Método Indireto (em R$) Atividades Operacionais Lucro Líquido do Período 10.930,00 Ajustes por: Depreciação 2.640,00 Resultado Líquido Ajustado 13.570,00 Aumento em Clientes (1.300,00) Redução em Estoques 160,00 Redução em Fornecedores (1.070,00) Redução em Obrigações Fiscais (150,00) Aumento em Contas a Pagar 880,00 Caixa Líquido Gerado nas Atividades Operacionais 12.090,00 Atividades de Investimento Aplicações a LP (1.500,00) Caixa Líquido Consumido nas Atividades de Investimento (1.500,00) Atividades de Financiamento Empréstimos e Financiamentos 490,00 Caixa Líquido Consumido nas Atividades de Financiamento 490,00 Variação de Caixa e Equivalente de Caixa 11.080,00 Variação de Caixa e Equivalente de Caixa 11.080,00 Saldo de Caixa + Equivalente de Caixa em 2008 3.250,00 Saldo de Caixa + Equivalente de Caixa em 2009 14.330,00

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Exercício Resolvido: No exercício social de 2000x1 a MODELO LTDA. apresentava a seguinte situação patrimonial:

CONTAS CONTÁBEIS SALDOS EM 31/12/2000x1 caixa 2.000,00 Banco do Brasil S/A conta corrente 3.000,00 clientes 10.000,00 Banco do Brasil S/A conta CDB - 60 dias 5.000,00 mercadorias estoques 15.000,00 participações societárias temporárias 4.000,00 Banco do Brasil S/A aplicações financeiras LP 10.000,00 participações societárias 20.000,00 terrenos 20.000,00 máquinas e equipamentos 15.000,00 depreciações acumuladas 4.000,00 marcas 10.000,00 fornecedores 15.000,00 impostos a pagar 4.000,00 BRDE conta empréstimo a pagar 10.000,00 BNDES conta financiamento a pagar LP 30.000,00 Capital Social 35.000,00 Reservas de Lucros 6.000,00 vendas a prazo 30.000,00 impostos sobre vendas 5.000,00 CMV 12.500,00 publicidades 1.000,00 material de expediente 1.000,00 despesas com depreciação 2.000,00 juros passivos 1.000,00 juros ativos 2.500,00

No exercício social de 2000x2 ocorreram os seguintes fatos contábeis:

1. Venda de 80% das mercadorias em estoque pelo valor bruto de R$ 80.000,00. 50% da venda foi realizada a vista e recebida em espécie e 50% a prazo para recebimento no exercício social de 2000x3. Sobre o valor da venda incidiram R$ 11.000,00 de impostos. 2. Recebimentos de clientes em espécie no valor de R$ 10.000,00. 3. Venda das participações societárias temporárias pelo valor de R$ 4.800,00 disponibilizados na conta corrente do Banco do Brasil S/A. 4. Compra a vista com pagamento em espécie de material de expediente para uso imediato no valor de R$500,00. 5. Aumento de capital social com a seguinte constituição: integralização pelo quotista A de R$ 5.000,00 em espécie; integralização pelo quotista B de R$ 5.000,00 em veículos; utilização de R$ 15.000,00 do saldo da conta Reserva de Lucros. 6. Contabilização das depreciações no valor de R$ 2.000,00.

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7. Contabilização dos juros pró rata (até 31/12/2000x2) da aplicação financeira em CDB 60 dias junto ao Banco do Brasil S/A no valor de R$ 500,00. 8. Contabilização da participação societária pelo método da equivalência patrimonial. Valor da participação societária: R$ 25.000,00. 9. Pagamento em espécie das dívidas junto a fornecedores no valor de R$ 15.000,00. 10. Contabilização dos juros pró rata (até 31/12/2000x2) do financiamento junto ao BNDES no valor de R$750,00. 11. Pagamento em espécie da dívida junto ao BRDE no valor de R$12.500,00. 12. Pagamento dos impostos a pagar através da conta corrente do Banco do Brasil S/A no valor de R$4.000,00. Após a contabilização dos fatos contábeis de 2000x2, a situação patrimonial da empresa MODELO LTDA. era a seguinte:

CONTAS CONTÁBEIS SALDOS EM 31/12/2000x2 caixa 29.000,00 Banco do Brasil S/A conta corrente 3.800,00 clientes 40.000,00 Banco do Brasil S/A conta CDB - 60 dias 5.500,00 mercadorias estoques 3.000,00 participações societárias temporárias 0,00 Banco do Brasil S/A aplicações financeiras LP 10.000,00 participações societárias 25.000,00 terrenos 20.000,00 máquinas e equipamentos 15.000,00 depreciações acumuladas 6.000,00 marcas 10.000,00 fornecedores 0,00 impostos a pagar 11.000,00 BRDE conta empréstimo a pagar 0,00 BNDES conta financiamento a pagar LP 30.750,00 Capital Social 60.000,00 Reservas de Lucros 1.000,00 vendas a prazo 40.000,00 vendas a vista 40.000,00 impostos sobre vendas 11.000,00 CMV 12.000,00 publicidades 0,00 material de expediente 500,00 despesas com depreciação 2.000,00 juros passivos 3.250,00 juros ativos 1.300,00 veículos 5.000,00 resultado positivo da equivalência patrimonial 5.000,00

50

13. Apuração e contabilização do resultado do exercício social de 2000x2. Do lucro do exercício 50% será destinado à Reserva de Lucros e 50% será distribuído aos quotistas.

QUESTÃO 1. Elaborar Balanço Patrimonial do exercício social de 2000x2 conforme a Lei 6.404/76. QUESTÃO 2. Elaborar DRE do exercício social de 2000x2 conforme a Lei 6.404/76. QUESTÃO 3. Elaborar DMPL do exercício social de 2000x2 conforme a Lei 6.404/76. QUESTÃO 4. Elaborar DLPA do exercício social de 2000x2 conforme a Lei 6.404/76. QUESTÃO 5. Elaborar DFC pelo método direto de 2000x2 conforme Lei 6.4040/76.

Considerações: As Demonstrações Financeiras do exercício social de 2000x2 devem ser comparativas com as do exercício social de 2000x1.