estratigrafia de sequÊncias do grupo … · dissertaÇÃo de mestrado n° 40 estratigrafia de...

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS VINICIUS BEAL ESTRATIGRAFIA DE SEQUÊNCIAS DO GRUPO CUIABÁ, FAIXA PARAGUAI NORTE, MATO GROSSO Orientador Prof. Dr. GERSON SOUZA SAES Co-Orientador Prof. Dr. JACKSON DOUGLAS SILVA DA PAZ CUIABÁ 2013

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS

VINICIUS BEAL

ESTRATIGRAFIA DE SEQUÊNCIAS DO GRUPO CUIABÁ,

FAIXA PARAGUAI NORTE, MATO GROSSO

Orientador

Prof. Dr. GERSON SOUZA SAES

Co-Orientador

Prof. Dr. JACKSON DOUGLAS SILVA DA PAZ

CUIABÁ

2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

REITORIA Reitora

Profª. Drª. Maria Lucia Cavalli Neder

Vice-Reitor

Prof. Dr. João Carlos de Souza Maia

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO Pró-Reitora

Profª. Drª. Leny Caselli Anzai

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA Diretor

Prof. Dr. Edinaldo de Castro e Silva

DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS Chefe

Prof. Dr. Paulo César Corrêa da Costa

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS

Coordenador

Prof. Dr. Amarildo Salina Ruiz Vice-Coordenadora

Profª. Drª. Maria Zélia Aguiar de Sousa

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DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

N° 40

ESTRATIGRAFIA DE SEQUÊNCIAS DO GRUPO CUIABÁ,

FAIXA PARAGUAI NORTE, MATO GROSSO

VINICIUS BEAL

Orientador

PROF. DR. GERSON SOUZA SAES

Co-Orientador

PROF. DR. JACKSON DOUGLAS SILVA DA PAZ

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Geociências do Instituto de

Ciências Exatas e da Terra da Universidade

Federal de Mato Grosso como requisito

parcial para a obtenção do Título de Mestre

em Geociências

CUIABÁ

2013

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ESTRATIGRAFIA DE SEQUÊNCIAS DO GRUPO CUIABÁ, FAIXA

PARAGUAI NORTE, MATO GROSSO.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________

PROF. DR. GERSON SOUZA SAES

Orientador (UFMT)

_______________________________________

PROF. DR. AMARILDO SALINA RUIZ

Examinador Interno (UFMT)

_______________________________________

PROF. DR. MARIO LUIS ASSINE

Examinador Externo (UNESP)

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Dedicatória

Aos meus Avós e Pais

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vii

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que contribuíram para a realização deste trabalho, familiares, amigos,

professores, orientadores, Capes e UFMT.

Sendo seletivo, agradeço primeiramente a minha família pela compreensão durante tempos

difíceis e por compartilhar momentos felizes. Aos meus amigos, estes que sempre estiveram ao meu

lado por todos os lugares que fui e irei, que propiciaram momentos de alegria e tristeza mas que nos

marcam e nos fortalecem. Professores do curso de Geologia da Universidade federal de Mato Grosso

por mostrar como andar pelo caminho das pedras. Aos Orientadores pela compreensão e disposição

durante período deste trabalho. A Capes, UFMT e ao PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

GEOCIÊNCIAS pelo auxílio e apoio durante o período da realização dos trabalhos.

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viii

SUMÁRIO AGRADECIMENTOS .......................................................................................................................... vii

SUMÁRIO ........................................................................................................................................... viii

RESUMO ............................................................................................................................................... xi

ABSTRACT ............................................................................................................................................ xii

I INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 1

I.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 1

I.1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA .................................................................................................. 1

I.1.2 LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO .................................................................................... 1

I.1.3 OBJETIVOS ............................................................................................................................... 1

I.1.4 MATERIAIS E MÉTODOS DE PESQUISA ............................................................................. 3

I.1.4.1 ETAPA PRELIMINAR ....................................................................................................... 3

I.1.4.2 ETAPA DE AQUISIÇÃO DE DADOS .............................................................................. 3

I.1.4.3 ETAPA DE TRATAMENTO ............................................................................................. 3

I.1.4.4 ETAPA DE DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS .......................................................... 4

I.2. REVISÃO DOS CONCEITOS ......................................................................................................... 4

I.2.1. Estratigrafia de sequências ............................................................................................................. 4

I.2.1.1. SEQUÊNCIA DEPOSICIONAL ................................................................................................ 6

I.3. CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL ....................................................................................... 9

I.3.1. FAIXA PARAGUAI NORTE ....................................................................................................... 9

I.3.2. ESTRATIGRAFIA DO GRUPO CUIABÁ ................................................................................. 10

I.4. BIBLIOGRAFIA (CAP. 1) ............................................................................................................. 12

II ARTIGO SUBMETIDO A REVISTA DA USP-SÉRIE CIENTÍFICA ....................................... 17

RESUMO .............................................................................................................................................. 18

ABSTRACT .......................................................................................................................................... 18

II.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 18

II.2. MÉTODOS .................................................................................................................................... 19

II.3. CONTEXTO GEOLÓGICO ......................................................................................................... 21

II.4. Grupo Cuiabá: litoestratigrafia ...................................................................................................... 23

II.4.1. Formação Campina de Pedra .............................................................................................. 25

II.4.2. Formação Acorizal ............................................................................................................. 27

II.4.3. Formação Coxipó ............................................................................................................... 30

II.5. ESTRATIGRAFIA DE SEQUÊNCIAS ........................................................................................ 32

II.5.1. Supersequência Cuiabá ............................................................................................................... 33

II.5.1.1. Sequência 1 ...................................................................................................................... 34

II.5.1.2. Sequência 2 ...................................................................................................................... 34

II.6. CONCLUSÕES ............................................................................................................................. 35

II.7. AGRADECIMENTOS .................................................................................................................. 36

II.8. BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................... 36

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ix

Lista de Figuras

Figura 1- Mapa de localização das principais vias de acesso para reconhecimento e levantamento dos

dados. Extraído e modificado de google.maps.com ................................................................................ 2 Figura 2- Modelo de sequência deposicional e os respectivos tratos de sistemas. Modificado de

Posamentier et al. (1988). ........................................................................................................................ 7 Figura 3- Estratigrafia de Sequências aplicadas a bacias rifte. Extraído de Kuchle et al. 2007. ............. 9 Figura 4 -A) Porção continental da placa Sul-Americana destacando a área estável Fanerozóica, a

Plataforma Sul-Americana e as áreas instáveis dos Andes e do bloco da Patagônia. Extraído de

Schobbenhaus e Brito Neves, (2003); B) Mapa Geológico da Faixa Paraguai. Extraído e modificado de

Alvarenga et al., (2001)......................................................................................................................... 11 Figura 5: Mapa geotectônico de localização regional da área de estudo. Modificado de Alvarenga

(1988). ................................................................................................................................................... 22 Figura 6: Mapa geológico com as principais unidades descritas, sendo as letras em círculo as

principais localidades de estudo: A-Campina de Pedra, B-Poconé/Cangas, C-Acorizal/Jangada, D-

Guia/Cuiabá e E-Planalto da Serra/Nova Brasilândia. Modificado de Luz et al. (1980). ..................... 24 Figura 7: Nomenclatura e os principais termos utilizados do Grupo Cuiabá. ....................................... 25 Figura 8: Posicionamento estratigráfico das unidades do Grupo Cuiabá, dividido em três formações,

com suas principais litologias, ambientes deposicionais e evolução tectônica da bacia. ...................... 26 Figura 9: Seção estratigráfica composta da Formação Campina de Pedra, na região da Vila de Chumbo

à Campina de Pedra. (A) Pelitos amarelados, laminados, fácies Pl. (B) Pelitos laminados, cinza

escuros, carbonosos. (C) calcário calcítico, laminado, carbonoso. (D) Grauvacas amareladas da Serra

da Descida do Buriti com atitude geológica de S0, S1 e S2 (direção da camada e S1 :paralelos,

N30°E/35°NW e S2 :N35°E/25°SE). Letras em circulos do lado direito da seção colunar representam

os locais das fotos. Obs. A escala apresentada é referente a espessura dos membros e não dos ciclos

individualmente. Espessura dos ciclos estão descritas no texto. ........................................................... 27 Figura 10: Mapa geológico da região de Acorizal com as principais litologias e estruturas com os

principais afloramentos próximos a cortes de estrada. .......................................................................... 28 Figura 11: Seção estratigráfica composta da Formação Acorizal. A e B-Membro Pindaival mostrando

a granulometria e composição dos conglomerados. C e D- Camadas de Transição com as principais

fácies com ciclos indo da direita para a esquerda da fotografia. E e F-Membro Engenho, diamictitos,

matriz argilosa com seixos de granito. G e H- Ritmitos e Diamictitos do Membro Cangas. Letras em

circulos ao lado direito da seção colunar represantam os locais das fotos. Obs. A escala apresentada é

referente a espessura dos membros e não dos ciclos individualmente. Espessura dos ciclos estão

descritas no texto ................................................................................................................................... 30 Figura 12: Formação Coxipó, A e B- Membro Pai Joaquim em ciclos granodecrescentes, C e D-

ritmitos areno-pelíticos e diamictito cinza-esverdeado, respectivamente, ambos do Membro Marzagão,

E e F- arenito e calcário calcítico, respectivamente, na região de Planalto da Serra, Membro Guia.

Letras em circulos do lado direito da seção colunar representam os locais das fotos. Obs. A escala

apresentada é referente a espessura dos membros e não dos ciclos individualmente. Espessura dos

ciclos estão descritas no texto ............................................................................................................... 32 Figura 13: Correlação entre a evolução tectono-sedimentar e a estratigrafia de sequências. MI-

movimento Isostático, NB- nível de base, TSCR/TST- Trato de Sistemas Clímax Rifte/Trato Sistemas

Transgressivo, TSPR/TSMA- Tratos Sistemas Preenchimento de Rifte/Tratos Sistemas Mar Alto,

TSMB- Tratos Sistemas Mar Baixo, SD- sequência deposicional, D- discordância, LS- Limite de

Sequências, SIM- superfície de inundação máxima, D/c.c.- discordância/conformidade correlata, ST-

superfície transgressiva. ........................................................................................................................ 35

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x

Lista de Tabelas

Tabela 1: Unidades Litoestratigráficas informais do Grupo Cuiabá segundo Luz et al. (1980). .......... 11 Tabela 2: Formações e as respectivas fácies. ........................................................................................ 20

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xi

RESUMO

O Grupo Cuiabá constitui a pilha sedimentar depositada na bacia marginal passiva instalada na

borda S-SW do Cráton Amazônico, no Criogeniano/Neoproterozóico III, metamorfizada em baixo

grau e intensamente deformada durante o Ciclo Orogênico Brasiliano-Pan-Africano (<630 Ma), na

denominada Zona Tectônica Interna da Faixa Paraguai. Na porção norte da faixa, em Mato Grosso, o

Grupo Cuiabá abriga cerca de 4.000 m de depósitos terrígenos, com pequena contribuição

vulcanoclástica/química/orgânica e sua arquitetura estratigráfica foi fortemente influenciada pela

interrelação de fatores tectônicos e climáticos que imprimiram feições faciológicas marcantes na

natureza de seu empilhamento. Os principais fatores controladores foram: (i) tectônica distensiva

inicial, nos primórdios da implantação da bacia durante a ruptura do Rodínia (<900Ma), propiciando o

surgimento de lagos tectônicos que acumularam grandes espessuras de pelitos, arenitos e lentes de

calcários carbonosos (Fm. Campina de Pedra), recobertos em contato interdigitado por litarenitos,

pelitos e conglomerados polimíticos (Fm. Acorizal Inferior/Membro Pindaival); (ii) avanço glacial,

documentado pela interestratificação de diamictitos, conglomerados polimíticos, arenitos, pelitos e

delgadas camadas de BIFS (Fm. Acorizal/Camadas de Transição). O topo da sucessão marca o

clímax da incursão glacial na bacia, representado por espesso horizonte de diamictito (diamictito),

cinza arroxeado em Acorizal/Jangada (Membro Engenho), transmutando-se distalmente para ritmitos

areno-pelíticos com dropstones, pelitos, conglomerados e diamictitos em Cangas/Poconé a S-SE

(Membro Cangas); (iii) soerguimento glácio-isostático, responsável pela ressedimentação dos

depósitos previamente acumulados na margem da bacia, e progradação de espesso prisma sedimentar

(Fm Coxipó) constituído por leques de outwash subaquosos composto por ciclos granodecrescentes

métricos de quartzo-conglomerados, quartzarenitos e pelitos (Membro Pai Joaquim), recobertos por

diamictitos, pelitos, arenitos, lentes de calcário e quartzitos (membros Marzagão e Guia; Unidade

Mata-Mata). Sob a ótica da estratigrafia de sequencias o Grupo Cuiabá pode ser interpretado como

uma Superseqüência de 1ª ordem, com os Tratos de Sistemas de Clímax de Rifte (TSCR),

Preenchimento de Rifte (TSPR), Mar Baixo (TSMB), Transgressivo (TST) e de Mar Alto (TSMA). A

parte basal e média (Fm.Campina de Pedra e Membro Pindaival) do Grupo Cuiabá, foram depositados

em ambiente continental lacustre, com influência da tectônica e do início da glaciação,

correspondentes aos TSCR e TSPR. O Membro Engenho representa o TSMB e a Formação Coxipó

corresponde aos TST (Membro Pai Joaquim) e TSMA (membros Marzagão, Guia e Unidade Mata-

Mata), relacionados à deglaciação, rebound glacio-isostático e acumulação sedimentar em ambientes

marinhos plataformais.

Palavras chaves: Grupo Cuiabá, Estratigrafia de Sequências, Neoproterozóico, Glaciação

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xii

ABSTRACT

The Cuiabá Group represents a sedimentary deposited in a marginal basin installed in a

passive limit SE of the Amazonian Craton during the Cryogenian/Neoproterozoic III, in low-grade

metamorphosed and intensely deformed during Orogenic Cycle Brasiliano-Pan-African (<630mA),

called in Zona Tectônica Interna da Faixa Paraguai. In the northern portion of Paraguai Belt, in Mato

Grosso State the Cuiabá Group has about 4,000m of terrigenous deposits, with litte

vulcanoclástic/chemical/organic contribuition and stratigraphic architeture was infuenced by the

interplay of tectonic and climatic factors which put facies striking features in nature its stacking: (i)

distensional tectonic during the breack-up of the Rodínia (<900 Ma), enabling the formation of

tectonics lakes which accumulated great thicknesses of carbonaceous pelites, sandstones and lens of

limestone (Campina de Pedra Formation), covered in conformity with sandstones, polymictic

conglomerates and pelites (lower Acorizal Formation/Pindaival Member), (ii) glacial advance,

documented by the interbedded of tilites, polymictic conglomerates, sandstones, pelites and thin layers

of BIFs (Camadas de Transição/Acorizal Formation). The top of the succession marks the climax

of the maximum advanced glacial in a basin, represented by thick horizon of diamictite (tillite)

purplish gray in Acorizal/Jangada (Engenho Member), and sandy-pelitic rhythmites with dropstones,

pelites, conglomerates and diamictites in the District of Cangas/Poconé in S-SW of the área (Cangas

Member). (iii) glacio-isostatic uplift, responsible for reworking deposits previously accumulated in

the margin of the basin and progradation of thick sedimentary prism (Coxipó Formation) consisting

of subaqueous outwash fans forming metric finning-upward cycles of the quartz conglomerates, quartz

sandstones and pelites (Pai Joaquim Member), covered by diamictites, pelites, sandstones, quartzites

and limestone lenses (Marzagão and Guia Members and Mata-Mata Unit). From the stratigraphy

sequences perspective the Cuiabá Group can be interpreted how a 1st order supersequence, with

Climax of Rift (TSCR), Fill Rift (TSPR), Low-Stand (TSMB),Transgressive (TST) and High Stand

(TSMA) Systems Tract. The basal and middle portion of Cuiabá Group (Campina de Pedra and

Pindaival Member), were deposited in continental environment (lakes), with the influence of tectonics

and the beginning of glaciation, corresponding to TSCR and TSPR. The Engenho Member represents

the TSMB and Coxipó Formation corresponds to TST (Pai Joaquim Member) and TSMA (Marzagão,

Guia Formations and Mata-Mata Unit), linked with deglaciation and glacio-isostatic rebound

accumulation in marine sedimentary environments.

Keywords: Cuiabá Group, Sequence Stratigraphy, Neoproterozoic, Glaciation

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Beal, V. 2013. Estratigrafia de Sequências do Grupo Cuiabá, Faixa Paraguai Norte, Mato

Grosso.

1

I INTRODUÇÃO

I.1 INTRODUÇÃO

I.1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA

Na porção sul-sudeste do Cráton Amazônico, particularmente na região da Baixada Cuiabana

se extendendo de Poconé a Planalto da Serra, passando por Cuiabá, Jangada, Acorizal e o Lago do

Manso afloram rochas pertencentes ao Grupo Cuiabá. Estas rochas segundo Tokashiki e Saes (2008),

são constituidas por rochas sedimentares essencialmente siliciclásticas e pouca contribuição

geoquímica.

O Grupo Cuiabá alvo deste trabalho, constitui a Zona Interna da Faixa Paraguai Norte

(Alvarenga, 1984), originado e metamorfizado durante o Ciclo Brasiliano-Pan-Africano (Almeida,

1984) de idade ±900 a 600 Ma. Constituído principalmente por metapelitos, quartzitos, diamictitos e

(orto e para) conglomerados depositados em ambiente essencialmente marinho distal e proximal e

raros depósitos continentais (Alvarenga, 1988, 1990).

I.1.2 LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO

O objeto de estudo situa-se na porção centro-sul do estado de Mato Grosso, está inserida

principalmente na folha SD 21 (Cuiabá) e uma pequena porção á oeste da folha SE-21 (Goiânia). A

área situa-se na Baixada Cuiabana, entre os municípios de Acorizal, Barão de Melgaço, Cuiabá,

Jangada, Nossa Senhora do Livramento, Nova Brasilândia, Poconé, Rosário Oeste, Várzea Grande,

Planalto da Serra e as vilas de Campina de Pedra, Pindaival e Marzagão. O acesso a estas regiões

foram através de rodovias federais, BR-163 (Cuiabá-Rosário) e BR-070 (Cuiabá-Cáceres); rodovias

estaduais, MT-010 (Cuiabá-Rosário); MT-351 (Cuiabá-Planalto da Serra); MT-060 (Poconé- Ns.

Senhora do Livramento); MT-451 (Cangas-BR-070); MT-244 (Pindaival-Planalto); MT-241 (Nobres-

Planalto da Serra) (Fig. 1).

I.1.3 OBJETIVOS

O propósito desta dissertação é contribuir para a compreensão da evolução sedimentar

utilizando as técnicas de Estratigrafia de Sequências. Como base, estabeleceu-se o emprego de

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Beal, V. 2013. Estratigrafia de Sequências do Grupo Cuiabá, Faixa Paraguai Norte, Mato

Grosso.

2

mapeamento geológico, análises de afloramentos e perfis regionais e locais, do Grupo Cuiabá (Figura

1).

Figura 1- Mapa de localização das principais vias de acesso para reconhecimento e levantamento dos dados.

Extraído e modificado de google.maps.com

A partir do mapeamento geológico na escala 1: 50.000 da área total e 1:20.000 em pontos

chave alcançou-se os seguintes objetivos específicos: a. Detalhar litoestratigraficamente o Grupo

Cuiabá dentro das unidades denominadas formações Campina de Pedra, Acorizal e Coxipó por

Tokashiki e Saes (2008) e as unidades informais de Luz et al. (1980); b. Caracterização petrográfica

das rochas do Grupo Cuiabá e o entendimento da inter-relação das unidades do Grupo Cuiabá.; c.

Investigação da petrogênese das rochas sedimentares, com a utilização de dados litológicos; d.

Determinação do ambiente deposicional; e. Aplicar os métodos de análise oriundos da estratigrafia de

sequências (Catuneanu, 2006).

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Beal, V. 2013. Estratigrafia de Sequências do Grupo Cuiabá, Faixa Paraguai Norte, Mato

Grosso.

3

I.1.4 MATERIAIS E MÉTODOS DE PESQUISA

Para execução e desenvolvimento desse trabalho, adotaram-se procedimentos usuais em

mapeamento geológico e coleta de amostras, com a área compreendida entre as cidades de Planalto da

Serra e Poconé afim do reconhecimento e análise de fácies, suas associações e sucessões verticais em

afloramentos chaves, seguindo um cronograma dividido em quatro principais etapas: etapa preliminar,

etapa de aquisição de dados (em campo), etapa de tratamento de dados e divulgação dos resultados.

I.1.4.1 ETAPA PRELIMINAR

Esta etapa constituiu-se, primeiramente, no levantamento bibliográfico disponível referente à

região sul-sudeste do Cráton Amazônico objetivando o entendimento geológico regional e sobre a

Estratigrafia de Sequência, seus conceitos e aplicações.

I.1.4.2 ETAPA DE AQUISIÇÃO DE DADOS

Corresponde às atividades desenvolvidas para a obtenção de dados em campo, através do

mapeamento geológico e levantamento de perfis para o reconhecimento das unidades geológicas e

principais estruturas. A primeira se deu durante os dias 12 a 20 de junho de 2011, na região de

Acorizal/Pindaival. A segunda etapa ocorreu entre os dias 10 a 15 de setembro de 2011, na região de

Planalto da Serra/Nova Brasilândia. A terceira ocorreu entre os dias 17 a 23 de março de 2012, entre

Nossa Senhora do Livramento/Poconé/BR-070 e a última etapa ocorreu em agosto de 2012 para região

do lago do Manso. As amostras coletadas nas etapas de campo foram descritas macroscopicamente

considerando os aspectos texturais, estruturais e composicionais.

I.1.4.3 ETAPA DE TRATAMENTO

Esta etapa teve o intuito de realizar o processamento e interpretações de dados coletados em

campo e em laboratório, bem como integrá-los e compará-los com dados existentes na literatura

temática, para melhor entendimento da área de estudo. Foram utilizados os seguintes softwares para o

desenvolvimento desta etapa:

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Beal, V. 2013. Estratigrafia de Sequências do Grupo Cuiabá, Faixa Paraguai Norte, Mato

Grosso.

4

a. Corel Draw X-4 para compilação, confecção dos mapas de localização e geológico; tratamento de

fotografias e fotomicrografias, confecção de colunas litoestratigráficas e modelos de evolução

geológico;

b. Microsoft Word 2007 - confecção da redação e formatação da presente dissertação de mestrado;

c. Microsoft Excel 2007 - elaboração de planilhas;

d. Microsoft Power Point 2007- elaboração da apresentação pública.

I.1.4.4 ETAPA DE DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS

Consta da elaboração do artigo para submissão e a dissertação de mestrado acompanhada da

apresentação e defesa pública para a banca avaliadora. Os resultados alcançados durante este trabalho

serão publicados na Revista da USP- Série Científica, intitulado “Estratigrafia de Sequências do Grupo

Cuiabá, Faixa Paraguai Norte, Mato Grosso.”.

I.2. REVISÃO DOS CONCEITOS

Este capítulo descreve a base dos conceitos que esta dissertação segue. Será apresentado um

breve histórico sobre a teoria da estratigrafia de sequências, os princípios das sequências deposicionais

(utilizado neste trabalho) e padrões de empilhamento de acordo com a curva de variação eustática.

I.2.1. Estratigrafia de sequências

O conceito definido por Van Wagoner et al. (1988), como sendo o estudo das relações das

rochas dentro de um arcabouço cronoestratigráfico de estratos geneticamente relacionados, limitados

pr superfícies de erosão ou não-deposição, ou suas concordâncias correlatas. A estratigrafia de

sequências teve seu principal desenvolvimento graças a indústria petrolífera, em especial após o

lançamento do livro "Seismic stratigraphy - Applications to hydrocarbon Exploration - AAPG Memoir

26", editado por Payton (1977) e incluindo trabalhos desenvolvidos por Vail, Mitchum, Sangree e

Thompson, estes ligados a escola da Exxon.

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Beal, V. 2013. Estratigrafia de Sequências do Grupo Cuiabá, Faixa Paraguai Norte, Mato

Grosso.

5

Neste livro, o clássico trabalho de Vail et al. (1977) lançou os fundamentos modernos da

estratigrafia de sequências, definindo sequência deposicional como: Unidade estratigráfica composta

de uma sucessão relativamente concordante de estratos geneticamente relacionados e limitada no topo

e base, por discordâncias ou suas conformidades correlatas. Partindo do princípio que as sequência são

condicionadas pelas ascilações eustáticas denotando uma ciclicidade no registro sedimentar, Vail criou

a curva de variações relativas do nível do mar (Curva de Vail), mais tarde reinterpretada como a curva

do deslocamento do onlap costeiro. Três principais tipos sequência são definidas, sequência

deposicional (Jervey, 1988; Posamentier et al, 1988; Van Wagoner et al, 1990; Vail et al,. 1977), a

sequência estratificada genética (Galloway, 1989), e a sequência transgressivo-regressivo (T-R)

(Embry e Johannessen, 1992; Embry, 1993, 1995). Cada um usa uma combinação de superfícies

estratigráficas para delimitar os limites de sequências.

A Estratigrafia de Sequências é aplicada atualmente em todos os tipos de dados, desde seções

sísmicas, poços testemunhados, perfis geofísicos de poços e até sucessões faciológicas e de

afloramentos (Posamentier et al., 1988; Catuneanu, 2006). A predição dos eventos deposicionais foi a

grande contribuição da Estratigrafia de Sequências e isto se deve a ciclicidade dos eventos que

controlam o preenchimento das bacias sedimentares. Dentro destes ciclos sedimentares há três

variáveis com grande importância: eustasia, subsidência e suprimento sedimentar. Devido a

complexidade das relações temporais e espaciais entre variáveis, Posamentier et al. (1988)

desenvolveram um modelo geral sobre a influência do controle eustático na deposição clástica, sendo

elas: 1) a taxa de subsidência aumenta a partir da linha de charneira em direção a bacia; 2) a taxa de

suprimento sedimentar é constante; 3) a variação ou oscilação eustática tem uma tendência curvilínea

e aproximadamente sinusoidal.

Para estes autores, o espaço de acomodação e o aporte sedimentar são responsáveis pelos

padrôes estratais e de distribuição de fácies, sendo:

Espaço de Acomodação: Todo espaço disponível para o preenchimento de sedimentos.

Taxa de acomodação: Espaço que foi criado ou destruído durante um determinado tempo.

Variação relativa do nível do mar: É a alteração da vertical entre a posição da superfície do mar e

um datum situado no fundo do mar ou próximo dele.

Eustasia: Está relacionada com as variações globais do nível do mar, é a posição da superfície do mar

em relação a um datum fixo como o centro da Terra.

Profundidade da lâmina d'água: É o resultado de três fatores: suprimento sedimentar, eustasia e

tectônica.

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Beal, V. 2013. Estratigrafia de Sequências do Grupo Cuiabá, Faixa Paraguai Norte, Mato

Grosso.

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Ciclos: Deve ser considerada a magnitude do ciclo, que está relacionada com o tempo de duração,

sendo assim têm-se ciclos de 1º até 6º ordem.

Ciclos de 1° ordem: Têm duração maior que 108 a

nos. São considerados de origem eustática,

derivados de fenômenos geotectônicos globais, como agrupamento e separação de supercontinentes.

Ciclos de 2° ordem: Têm duração entre 107 e 10

8 anos. Sua origem é controversa. Segundo Sloss

(1972, 1984), estes ciclos são causados por episódios síncronos de soerguimento e subsidência de

áreas cratônicas. Vail et al . (1977), atribuem a causa dos ciclos à natureza geotectônica, embora

também considerem causas glacio-eustáticas. Para Miall (1990) ciclos de 2º ordem são causados por

variações na capacidade volumétrica dos oceanos, induzida pela variação na taxa de expansão do

assoalho oceânico. Posteriormente, o mesmo autor considerou que os processos tectônicos formadores

de bacias em escala regional, também podem ter sido responsáveis por ciclos de 2º ordem.

Ciclos de 3° ordem: Têm duração entre 106 e 10

7 anos, correspondem à seqüência deposicional de

Vail et al . (1977), e à sequência genética de Galloway (1989). As causas destes ciclos têm gerado uma

polêmica nos últimos tempos. A causa primeiramente proposta foi à variação eustática gerada por

flutuações climáticas, porém outras causas como stress intraplaca também são consideradas.

Ciclos de 4° à 6° ordem: Têm duração menor que 106 anos, suas causas são principalmente glácio-

eustáticas e derivadas de movimentos orbitais. Com o surgimento dos conceitos da chamada “nova

Estratigrafia”, criou-se uma nova maneira de pensar e interpretar os depósitos sedimentares ao longo

do registro geológico, baseada essencialmente na definição de sequências, dando um tratamento

dinâmico e temporal aos estratos, por isso tem aplicabilidade praticamente universal, desde os

depósitos em escala centimétrica até as megassequências regionais (Posamentier et al., 1992). Mas

deve ser encarada melhorada e modificada de acordo com as necessidades de cada ambiente

(Posamentier e James, 1993; Allen e Posamentier, 1994)

I.2.1.1. SEQUÊNCIA DEPOSICIONAL

A Sequência Deposicional (Posamentier et al., 1988) é limitada na base pela inconformidade

subaérea e suas conformidades correlativas (c.c.) (Figura 2). Perfis verticais mostram um afinamento

ascendente em sedimentos não marinhos e um afinamento ascendente seguido de engrossamento

ascendente separados por uma Superfície de Inundação Máxima em seções marinhas. A Sequência

deposicional é definida pela curva de nível de base onde as inconformidade subaéreas e as c.c.

dependem das variações do nível de base e não dos trends de migração da linha de costa representado

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pela curva T-R (Embry e Johannessen, 1992; Embry, 1993, 1995). A sequência deposicional é

formada pelos trato de sistemas de mar baixo, transgressivo, mar alto e regressão forçada (Catuneanu e

Eriksson, 1999).

O trato de sistemas é uma associação de sistemas deposicionais contemporâneos (Brown e

Fisher, 1997), estes sistemas por sua vez seriam definidos por Fisher e McGowen (1967) como

depósitos inter-relacionados de um determinado ambiente deposicional. O modelo da Exxon contém

quatro tratos de sistemas básicos. Posamentier et al . (1988) e Posamentier e Vail (1988)

desenvolveram blocos diagramas de margens continentais extencionais. Nesse sentido Vail e seus

seguidores sempre enfatizam que esses modelos têm uma aplicação geral e que devem ser modificados

e ajustados para levar em consideração fatores locais de uma determinada bacia, tais como:

suprimento sedimentar variável, clima e tectônica. Ainda sobre a concepção do mesmo cientista, o

padrão estratal de deposição e a distribuição de litofácies são controlados, ultimamente, pelas

variações eustáticas. Assim, baseando-se nesse conceito, cada trato de sistema vincula-se a um

determinado segmento da curva eustática, ressalvando que o momento exato de cada trato de sistemas

numa determinada bacia depende da subsidência e do suprimento sedimentar locais.

Figura 2- Modelo de sequência deposicional e os respectivos tratos de sistemas. Modificado de Posamentier et

al. (1988).

A fase inicial de queda do nível de base gera o chamado trato de sistemas regressivo. Durante

a fase principal de queda do nível de base a discordância limítrofe da sequência deposicional é gerada.

Depois segue a fase de nível baixo, gerando sedimentos regressivos a fracamente transgressivos,

SEQUENCE STRATIGRAPHY

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agrupados no chamado trato de sistemas de mar baixo. A fase transgressiva do ciclo gera o trato de

sistemas transgressivo, enquanto que a fase regressiva do final do ciclo gera sedimentos do chamado

trato de mar alto.

Para sequências do tipo rifte Prosser (1993), Cupertino e Bueno (2005), Kuchle (2007) e

Martins-Neto e Catuneanu (2010), utilizaram terminologias especificas para este tipo de bacias, onde

os eventos tectônicos atuantes durante a rápida formação da bacia controlam a deposição dos

sedimentos, formando assim depósitos específicos de ambientes de rifte. Neste tipo de ambiente

deposicional a utilização dos termos específicos faz-se necessário, pois a relação entre espaço de

acomodação, aporte sedimentar e nível de base estão intrinsecamente ligados a tectônica, desta forma,

Prosser (1993) utilizou o termo Trato de Sistemas Tectônico, para tratos formados durante o

rifteamento e mostrou que a deposição e a erosão ocorrem durante o mesmo pulso tectônico, mas o

evento deposicional observado ocorre atrasado em relação ao pulso tectônico. Isso ocorre porque o

pulso é instantâneo no tempo geológico mas a área disponível para erosão no hangingwall (modelo

Kuchle, 2007; baseado em Prosser, 1993; Figura 3) leva um período de tempo geológico até ser

erodida, transportada e depositada no footwall, o qual teve uma criação de espaço instantânea ao pulso

(Figura 3).

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Figura 3- Estratigrafia de Sequências aplicadas a bacias rifte. Extraído de Kuchle et al. 2007.

I.3. CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL

I.3.1. FAIXA PARAGUAI NORTE

O Conde Francis de Castelnau, quando de viagem pelo Mato Grosso em 1843, descreveu

rochas ardoseanas às margens do rio Coxipó e na Prainha, mas coube a Evans (1894) cunhar a

designação Cuyabá Slates, para as ardóseas altamente inclinadas, observadas no rio Miranda (MS)

chamando a atenção para a sua grande espessura e repetição de camadas por dobramentos. Almeida

(1948) descreve a Série Cuiabá como sendo constituída de rochas sedimentares de baixo grau

metamórfico, cortadas por veios de quartzo derivados do granito São Vicente.

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Hasui et al.(1980), individualizaram duas faixas móveis que circulam Cráton Amazônico, a

leste, a Faixa de Dobramentos Araguaia e a sudeste, nos estados de MT, MS e no Paraguai, a Faixa de

Dobramentos Paraguai. As principais evidências para a divisão em duas faixas móveis são: padrões

geocronológicos discordantes e, principalmente, fortes diferenças estruturais e litológicas apresentada

nos dois segmentos.

Almeida (1984) dividiu a Faixa Paraguai em duas zonas estruturais adjacentes e uma cobertura

plataformal, denominando-as: (i) Brasílides Metamórficas, composta por rochas do Grupo Cuiabá e

vulcânicas associadas, cortadas por veios e intrusões de granitos/granodioritos (Figura 4); (ii)

Brasílides Não-Metamórficas, compostas por rochas sedimentares somente dobradas e não

metamorfizadas localizadas nas adjacências do Cráton Amazônico, limitadas por grandes falhas de

empurrão que sobrepujaram as Brasílides Metamórficas por sobre as Não-Metamórficas e; (iii)

Coberturas Brasilianas, representando a área cratônica não afetada pela orogênese brasiliana (Figura

4).

I.3.2. ESTRATIGRAFIA DO GRUPO CUIABÁ

Almeida (1948), descreveu no Grupo Cuiabá cinco fácies predominantes, sendo elas: 1)

quartzitos, 2) metagrauvacas, 3) metaconglomerados, 4) filitos, e 5) sericita-clorita-xistos, sendo estas

ultimas as mais características e com as maiores espessuras. Almeida (1965), ao relacionar o

posicionamento estratigráfico do Grupo Cuiabá, afirma que constitui de uma seqüência interrompida

de materiais acumulados num mesmo ortogeossinclíneo. Em relação ao posicionamento estratigráfico

da Série Cuiabá, enfatizou que esta é certamente anterior ao Grupo Jangada que incluía depósitos

glaciais, em contato feito por discordância erosiva. O Grupo Jangada incluiria as formações Acorizal,

constituída por quartzitos líticos e drifts argilosos, com seixos largados por geleiras; Formação

Engenho constituída por diamictitos, aflorantes principalmente nas cercanias do povoado de Jangada,

Formação Bauxi composta por drifts na base e arenitos feldspáticos estratificados e seixos isolados no

topo; Formação Marzagão seria a correspondente da Formação Puga, de Maciel (1959) descrita no

morro do Puga.

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Figura 4 -A) Porção continental da placa Sul-Americana destacando a área estável Fanerozóica, a Plataforma

Sul-Americana e as áreas instáveis dos Andes e do bloco da Patagônia. Extraído de Schobbenhaus e Brito Neves,

(2003); B) Mapa Geológico da Faixa Paraguai. Extraído e modificado de Alvarenga et al., (2001).

Luz et al. (1980), baseado em mapeamento 1:50.000 da Folha SD-21 Cuiabá, subdividiu o

Grupo Cuiabá em oito subunidades informais conforme apresentado na tabela 01.

Tabela 1: Unidades Litoestratigráficas informais do Grupo Cuiabá segundo Luz et al. (1980).

Grupo Cuiabá Litoestratigrafía Observações

Subunidades

Todos os contatos são

gradacionais.

8 Calcários calcíticos, dolomitos, margas e

filitos sericíticos.

Ocorre no núcleo da Sinclinal da

Guia.

7 Diamictitos petromíticos com filitos e

metarenitos subordinados.

Contatos gradacionais e ~600m de

espessura.

6 Filitos com seixos e metarenitos,

quartzitos e mármores subordinadamente.

É descrita como faixa de transição

entre a subunidade 5 e 7.

5 Filitos, metarcóseos,

Metaconglomerados, finos e quartzito.

O contato é preferencialmente

através de falhas de empurrão ou

inversa.

4 Diamictitos com raras intercalações de

filitos e metarenitos, de cor cinza escuro,

arroxeados e avermelhados.

Ocorre na região de Jangada, com

espessura de até 1000m.

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Beal, V. 2013. Estratigrafia de Sequências do Grupo Cuiabá, Faixa Paraguai Norte, Mato

Grosso.

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3 Filitos, filitos com seixos,

metaconglomerados, metarenitos, filitos

calcíferos e níveis de hematita.

É a que mais fornece elemento

lito-estruturais como,

estratificações plano-paralelas,

acamamento gradacional.

2

Metarenitos e filitos verde escuros a

pretos, por vezes grafitosos com lentes de

mármore calcítico.

Aflora no flanco NW da Antiforme

de Bento Gomes.

1 Filitos sericíticos cinza intercalados com

filitos e metarenitos grafitosos.

Aflora no núcleo da Antiforme de

Bento Gomes.

Alvarenga e Saes (1992) propõem duas interpretações, devido as diferentes colunas

estratigráficas propostas para a Faixa Paraguai, que apresentam controvérsias na passagem entre as

zonas estruturais interna e externa da faixa (Alvarenga, 1984). A primeira interpretação reconhece que

as duas grandes unidades estruturais e estratigráficas, onde as rochas da zona interna (Grupo Cuiabá),

mais fortemente metamorfizadas e dobradas, são consideradas como mais antigas que aquelas das

Formações Diamantino, Raizama, Araras, Puga e Bauxi que formam a zona externa da faixa e a

cobertura cratônica (Figueiredo e Olivatti 1974, Ribeiro e Figueiredo 1974, Ribeiro et al. 1975, Luz et

al. 1978, 1980, Schobbenhaus et al 1981,1984, Barros et al. 1982, Del'Arco et al 1982, Almeida

1984).

A segunda interpretação propõe uma passagem lateral entre a parte inferior da Cobertura de

Plataforma, Zona Externa da Faixa (Formações Puga e Bauxi) e os metassedimentos da zona interna

da faixa de dobramentos (Grupo Cuiabá) (Almeida 1964 a e b, 1965, 1974, Alvarenga 1985, 1988,

Alvarenga e Trompette 1988, 1992). Este modelo adotado por Alvarenga (1988), permite a divisão da

Faixa Paraguai Norte em quatro principais domínios estratigráficos, sendo: Unidade Inferior

(subunidades 1 e 2 de Luz et al., 1980), Unidade Média Turbiditíca/Glaciogenética (Grupo Cuiabá,

subunidades 3 a 7, Luz et al., 1980, além das formações Bauxi e Puga), Unidade Carbonatada

(calcários da região da Guia e Formação Araras) e Unidade Superior (Grupo Alto PAraguai).

I.4. BIBLIOGRAFIA (CAP. 1)

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Beal, V. 2013. Estratigrafia de Sequências do Grupo Cuiabá, Faixa Paraguai Norte, Mato

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Beal, V. 2013. Estratigrafia de Sequências do Grupo Cuiabá, Faixa Paraguai Norte, Mato

Grosso.

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II ARTIGO SUBMETIDO A REVISTA DA USP-SÉRIE

CIENTÍFICA

ESTRATIGRAFIA DE SEQUÊNCIAS DO GRUPO CUIABÁ, FAIXA PARAGUAI NORTE,

MATO GROSSO

SEQUENCE STRATIGRAPHY OF THE CUIABÁ GROUP, NORTH PARAGUAI BELT, MATO

GROSSO

VINICIUS BEAL 1

1 Departamento de Recursos Minerais, Programa de Pós-Graduação em Geociências–Universidade

Federal de Mato Grosso - UFMT- Av. Fernando Corrêa da Costa, s/n, CEP: 78060-900, Bairro

Coxipó, Cuiabá-MT, BR ([email protected]). Tel: (65) 3615- 8750.

Palavras- 9143

Figuras- 9

Tabela-1

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Grosso.

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RESUMO

O Grupo Cuiabá, depositado e metamorfizado durante o Ciclo Orogênico Brasiliano-Pan-

Africano corresponde a uma pilha metassedimentar de baixo grau (fácies xisto verde), com

aproximadamente 4.000 m de espessura. Composto em grande parte por sedimentos terrígenos e

pequena contribuição química/bioclástica tem sua arquitetura estratigráfica balizada pela influência

direta da tectônica, durante a ruptura do Supercontinente Rodínia (± 900 Ma) e da glaciação Esturtiana

(± 750 Ma). Dividido nas formações Campina de Pedra, Acorizal (Membros Pindaival e Engenho) e

Coxipó (Membros Pai Joaquim, Marzagão e Guia), o Grupo Cuiabá corresponde, sob o ponto de vista

da Estratigrafia de Sequências, a uma Supersequência de 1° ordem, com os Trato de Sistemas de

Clímax de Rifte (TSTCR), Preenchimento de Rifte (TSTPR), Mar Baixo (TSMB), Transgressivo

(TST) e de Mar Alto (TSMA). A parte basal e média (Formação Campina de Pedra e Membro

Pindaival) do Grupo Cuiabá, foram depositadas em ambientes continentais com influência da tectônica

e glaciação, correspondente ao Trato de Sistemas Tectônico de Clímax de Rifte (TSTCR) (Formação

Campina de Pedra) e de Preenchimento de Rifte (TSTPR) (Membro Pindaival). O Membro Engenho

representa o Trato de Sistemas de Mar Baixo (TSMB) e a Formação Coxipó corresponde aos Tratos

Transgressivo (TST) e de Mar Alto (TSMA), relacionada a glaciação, o degelo e a deposição em

ambientes marinhos plataformais.

Palavras chaves: Grupo Cuiabá; Estratigrafia de sequências; Neoproterozoico; Glaciação

ABSTRACT

The Cuiabá Group deposited and metamorphized during the Brasiliano-Pan-African Orogenic

Cycle corresponds a low-grade (green schist) metassedimentary rocks, with approximately 4,000 m

thick. Composed largely of terrigenous sediments and minor contribution of the bioclastic/chemistry,

was formed with direct influence of tectonics process during the breakup of Rodinia Supercontinent

associated with the Sturtian glaciation. The Cuiabá Group divided in Campina de Pedra, Acorizal

(Pindaival and Engenho Members) and Coxipó (Pai Joaquim, Marzagão and Guia Members)

formations correspond, from the point of view of Stratigraphy Sequence a supersequence of first order,

with the Rift Climax (TSTCR), Fill Rift (TSTPR), low-stand (LST), transgressive (TST) and

highstand (HST) system tracts. The basal and middle parts (Campina de Pedra and Pindaival Member)

of the Cuiabá Group was deposited in a continental environments with tectonics and glaciation

influence, corresponding to Tectonic Climax of the Rift (TSTCR) (Campina de Pedra Formation) and

Fill Rift (TSTPR) (Pindaival Member) Systems Tracts. The Engenho Member represents the

Lowstand System Tract (LST) and the Coxipó Formation corresponds the Transgressive (TST) and

Highstand Systems tracts (HST), linked to glaciation, rebound of the end of glaciation and deposition

on a marine environments.

Keywords: Cuiabá Group; Sequence stratigraphy; Neoproterozoic; Glaciation

II.1. INTRODUÇÃO

A Faixa Paraguai, originada no Ciclo Tectônico Brasiliano (Almeida, 1984) durante a

fragmentação do Supercontinente Rodínia e aglutinação do Gondwana (Rogers, 1996), foi dividida por

Alvarenga (1984) em Zona Tectônica Interna, Externa e Coberturas de Plataforma, sendo que a

primeira compreende ao Grupo Cuiabá (Figura 5), espessa sucessão de sedimentos dobrados, falhados

e metamorfisados em baixo grau, cuja subdivisão em unidades menores (formações e membros) tem-

se revelado fonte de grande controvérsia, dada a alta complexidade estrutural e diversidade faciológica

que estas rochas encerram.

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As primeiras tentativas de classificação estratigráfica devem-se a Almeida (1964), que propôs

a Série Cuiabá basal, recoberta pelo Grupo Jangada, este com diversas evidências da influência de

geleiras durante sua deposição. A este trabalho pioneiro seguiram-se trabalhos de âmbito local como

Guimarães e Almeida (1972) que adotaram a denominação Formação Coxipó para os depósitos mais

jovens do grupo, atribuindo-lhes origem em ambiente periglacial.

Os trabalhos de mapeamento regional sistemático da Baixada Cuiabana na escala 1:50.000

(Projeto Coxipó) conduzidos por Luz et al. (1980), resultaram no estabelecimento de 9 unidades

litoestratigráficas informais e sua ordem temporal, aventando ambiente deposicional glaciomarinho

onde a instabilidade tectônica deu origem às correntes de turbidez e fluxos de lama. As posteriores

interpretações estratigráficas de Alvarenga (1988), Alvarenga e Saes (1992) e Alvarenga e Trompette

(1992) sugeriram a contemporaneidade parcial dos depósitos das zonas interna e externa da Faixa

Paraguai e dividiram sua estratigrafia em Unidade Inferior, Unidades Médias, Turbidítica

Glaciogenética e Carbonatada e Unidade Superior Terrígena, registro da sedimentação em uma borda

cratônica fortemente influenciada pela glaciação, passando lateralmente a uma bacia marinha mais

profunda, com sedimentação por fluxos gravitacionais em leques submarinos alongados de NW para

SE.

Estudos recentes propõem o resgate de denominações e seções tipo clássicas da literatura

geológica sobre a Faixa Paraguai (Tokashiki e Saes, 2008, Beal 2013), apresentando a subdivisão do

grupo nas formações (i) Campina de Pedra, basal, acumulada em ambiente lacustre documentando a

fase rift de evolução da bacia; (ii) Acorizal, representando a pilha sedimentar glaciomarinha

acumulada em uma margem rifte evoluindo a continental do tipo Atlântico; (iii) Coxipó, composta por

sedimentos marinhos pós-glaciais, incluindo depósitos gerados por fluxos gravitacionais, carbonatos e

quartzo-arenitos de plataforma estável.

No presente trabalho foram realizados mapeamento geológico regional e de detalhe em áreas

chave, o empilhamento litofaciológico e estudo das relações de contato entre as principais unidades

estratigráficas do Grupo Cuiabá conforme propostas por Tokashiki e Saes (2008) e Beal et al (2011),

visando a melhor compreensão da importância relativa dos fatores tectônicos e climáticos que

presidiram a história deposicional do Grupo Cuiabá na Faixa Paraguai Norte. A tectônica e a

glaciação influenciaram direta e indiretamente a deposição do Grupo Cuiabá, principalmente durante o

rifteamento e subsidência da crosta (e.g. Boulton, 1990), avanço/retração glacial e ajustamento crustal

devido ao alívio de carga (rebound glácio-isostático). Neste contexto, a análise da sucessão sob a luz

da Estratigrafia de Sequências (Catuneanu, 2002, 2003; Catuneanu e Eriksson, 1999) é empregada

como ferramenta para o entendimento e elucidação dos principais eventos deposicionais e suas

relações com a variação do nível eustático, a glaciação e tectônica. A utilização deste método em

bacias rifte e seqüências pré-cambrianas indeformadas e glaciais ainda é controverso e embrionário,

destacando-se os trabalhos de Martins-Neto e Catuneanu (2010), Kuchle et al. (2007), Cupertino e

Bueno (2005), que criaram modelos de associações de fácies típicas de bacias rift (tectonossequências)

e Canuto (2010), no estudo dos metassedimentos do Grupo Caraça, unidade basal do Supergrupo

Minas (2650-2050 Ma) em Minas Gerais.

II.2. MÉTODOS

Os procedimentos estratigráficos adotados neste trabalho incluíram a execução de perfis e

seções geológicas de superfície, transversais ao trend das grandes dobras regionais (Antiformes do

Bento Gomes, Pindaival, Acorizal e Big Valley em Planalto da Serra). Estas seções foram

selecionadas com base em trabalhos anteriores de mapeamento de detalhe em áreas chave, realizados

pelos autores em vários setores da faixa (Tokashiki e Saes 2008, Beal et al.2011) e trabalhos de

conclusão de graduação da UFMT. Dados adicionais foram obtidos pelo estudo de exposições em

cavas de garimpos e testemunhos de sondagens realizadas por empresas para pesquisa de Au. O

empilhamento das litofácies apresentado nos perfis das diferentes unidades foi obtido em escala de

afloramento a partir da utilização de evidências de topo e base preservados nos metassedimentos, tais

como estruturas de corte e preenchimento, gradações, escape de fluidos, etc. e em escala regional,

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Beal, V. 2013. Estratigrafia de Sequências do Grupo Cuiabá, Faixa Paraguai Norte, Mato

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baseado nas associações de fácies peculiares a cada unidade litoestratigráfica proposta neste trabalho.

As cinco principais áreas de estudo situam-se nas regiões da Vila Campina de Pedra, Poconé/Cangas,

Acorizal/Jangada, Guia/Cuiabá e Planalto da Serra/Nova Brasilândia (Fig. 6). No código de litofácies

empregado, a primeira letra, maiúscula representa a litologia, seguida ou não de uma letra minúscula

representativa da peculiaridade da rocha (tabela 02). As legendas de litofácies adotadas foram criadas

a partir da variabilidade faciológica encontrada na área de estudo. Estas fácies foram agrupadas em

associações de fácies, trato de sistemas e sequências deposicionais. O baixo grau metamórfico

associado ao reconhecimento do protólito sedimentar e os objetivos deste trabalho, quais sejam, a

identificação das litofácies e suas interrelações e a análise da evolução sedimentar da bacia,

permitiram a retirada do termo "meta" na nomenclatura das fácies. Os termos subglacial, periglacial,

pós-glacial referem-se às sucessões de fácies com influência glacial.

Tabela 2: Formações e as respectivas fácies.

Formação Fácies Descrição

Coxipó

Ca Calcário calcítico

R Ritmito

Dml Diamictito maciço/laminado

Pm Pelito maciço/laminado

Aml Arenito maciço/laminado

Cm Conglomerado monomítico

Acorizal

Dl Diamictito laminado

Rd Ritmito com dropstones

Bif Formação ferrífera bandada

T Diamictito

Cp Conglomerado polimítico

Al Litarenito

Pm Pelito maciço/laminado

Campina de pedra

Cc Calcário carbonoso

Ac Arenito carbonoso

Pc Pelito carbonoso

Pm Pelito maciço/laminado

Na aplicação da Estratigrafia de Sequências os termos advindos da escola da Exxon, em

especial os propostos por Vail et al. (1977) e Posamentier e Vail (1988), são de mais fácil utilização

para a análise do grupo Cuiabá, os limites de sequências sendo estabelecidos por discordâncias. O

modelo de Embry (2009), onde os limites da sequência refletem um ciclo Transgressivo-Regressivo e

se baseia nos padrões de empilhamento (progradação e retrogradação) refletindo ciclos de subida e

descida do nível de base, bem como outros modelos, como por exemplo Galloway (1989), que

identifica limites de sequências em superfícies de inundação máxima, denominadas de Sequência

Genética, não serão utilizados neste trabalho.

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II.3. CONTEXTO GEOLÓGICO

Os cinturões orogênicos do Ciclo Brasiliano-Pan-Africano (~600 Ma) marcam uma das mais

importantes feições tectônicas do embasamento pré-cambriano do território brasileiro. A Faixa

Paraguai definida originalmente como Paraguai-Araguaia por Almeida (1965), constitui um cinturão

de dobramentos de destaque na região central do continente sul-americano, bordejando o sudeste do

Cráton Amazônico e o leste do Bloco Rio Apa. A Faixa Paraguai se caracteriza por intensa e complexa

deformação linear polifásica, falhas inversas ou cavalgamentos, escassez de vulcanismo, presença de

plutões graníticos nas suas zonas internas e, em seu conjunto, descrevendo um grande arco convexo

para o Cráton Amazônico (Almeida 1984). Seu contingente sedimentar é constituído por

metassedimentos deformados no interior da faixa compressional, passando progressivamente em

direção ao cráton às coberturas em parte contemporâneas, estruturalmente onduladas e falhadas, mas

não metamorfizadas (Alvarenga 1990; Alvarenga & Trompette 1993). Um ramo da Faixa Paraguai

(Cinturão Tucavaca) se estende desde Corumbá através da Bolívia com direção WNW-ESE,

(Litherland et al. 1986). Na porção setentrional da Faixa Paraguai, Almeida (1984) e Alvarenga (1984)

compartimentaram a Faixa Paraguai Norte em duas zonas estruturais adjacentes e uma cobertura

plataformal, denominando-as: (i) Brasilides Metamórficas/Zona Interna (Grupo Cuiabá), dobrado,

falhado, metamorfizado em baixo grau metamórfico e com intrusões graníticas; (ii) Brasilides Não-

Metamórficas/Zona Externa (formações Bauxi, Puga e Araras e o Grupo Alto Paraguai) somente

dobradas próximas ao limite do Cráton Amazônico com os limites marcados por falhas de empurrão e

(iii) Coberturas Brasilianas representando a área cratônica não afetada pela Orogênese Brasiliana

(Figura 5).

Almeida (1964) aventou a hipótese de que a Série Cuiabá, constituída de rochas

metassedimentares (quartzitos, metagrauvacas, metaconglomerados, filitos, e sericita-clorita-xistos) de

baixo grau metamórfico cortadas por veios de quartzo derivados do granito São Vicente, seriam mais

velhas que o Grupo Jangada e que o contato entre as duas unidades dar-se-ia em discordância. O

Grupo Jangada foi dividido em quatro formações, da base para o topo: Formação Acorizal, (quartzitos

líticos e drifts argilosos, com clastos caídos de icebergs); Formação Engenho (diamictitos); Formação

Bauxi (drifts na base e arenitos feldspáticos estratificados e seixos isolados no topo); e Formação

Marzagão, (correspondente aos diamictitos da Formação Puga (Maciel, 1959).

O Grupo Cuiabá definido por Almeida (1965) seria constituído por depósitos de flysh

formados por correntes de turbidez em geossinclíneo instável. Guimarães e Almeida (1972)

reconheceram cinco conjuntos de rochas separáveis e empilhadas estratigraficamente dentro do Grupo

Cuiabá, da base para o topo: metaconglomerados e quartzitos, filitos e filitos ardosianos, quartzitos,

metagrauvacas e metarcóseos, englobados no Grupo Cuiabá indiferenciado e os metassedimentos

periglaciais, denominados de Formação Coxipó.

Luz et al. (1980) subdividiram o Grupo Cuiabá em nove subunidades informais todas em

contatos gradacionais, sendo as sub-unidades 1, 2, 3, 5, 6, 8 e indivisa, depositadas em ambiente

marinho onde as instabilidades tectônicas deram origem a correntes de turbidez e consequentes fluxos

de lamas. Os turbiditos assim depositados apresentam intercalações de rochas carbonáticas,

características dos períodos de quiescência tectônica. Já as sub-unidades 4 e 7 têm sido consideradas

como diamictitos (Almeida, 1965; Hennies, 1966), ou pebblymudstones (Viera, 1965), sugestivos de

ambiente marinho em clima frio. Por outro lado Luz et al. (1980) sugerem para as mesmas um

ambiente glácio-marinho, possivelmente associado a grandes massas de gelo flutuantes.

Alvarenga (1988, 1990), Alvarenga e Saes (1992) e Alvarenga e Trompette (1993)

examinaram os aspectos sedimentológicos presentes nas zonas externa e interna da faixa, concluindo

pela existência de uma passagem gradual de um ambiente glácio-marinho com correntes de turbidez

para um ambiente essencialmente turbidítico em sua zona mais interna, na região de São Vicente.

Geocronologicamente Almeida (1984) posiciona o Grupo Cuiabá cronocorrelato à Formação

Bauxi, sendo esta mais jovem que 950 Ma, pois cobrem em discordância o Cráton e os sedimentos

depositados anteriormente ao Evento Sunsás (>950 Ma). Por outro lado, o referido autor interpreta a

Formação Puga como sobreposta ao Grupo Cuiabá por discordância e sendo formada em uma bacia de

antefossa que se estendeu da faixa para o interior do cráton, sendo esta formação de idade marinoana

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Beal, V. 2013. Estratigrafia de Sequências do Grupo Cuiabá, Faixa Paraguai Norte, Mato

Grosso.

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(Alvarenga e Trompette 1992, Alvarenga et al. 2000, Alvarenga et al. 2004), com duração de 620 a

600 Ma (Kendall et al. 2004).

Figura 5: Mapa geotectônico de localização regional da área de estudo. Modificado de Alvarenga (1988).

Para a fase final do Ciclo Brasiliano, idades K/Ar (Hasui e Almeida, 1970) indicam idade

Proterozóico Superior que provavelmente reflete os fenômenos metamórficos que afetaram as rochas

sedimentares posteriormente intrudidas por granitos do Cambriano Inferior. Os carbonatos da

Formação Araras e Grupo Alto Paraguai seriam os sedimentos que fechariam este ciclo, aflorantes na

região da Serra das Araras em Mato Grosso.

Lacerda Filho et al. (2004) delimitam a idade do Grupo Cuiabá entre 850 a 600 Ma,

depositado em margem passiva, enquanto as unidades mais jovens representariam típicas bacias de

foreland formadas durante o ciclo Brasiliano. Segundo Ruiz (2005) no Período Toniano (1000 a 850

Ma), nota-se expressiva atividade ígnea de natureza básica, caracterizada pelas soleiras e diques

máficos (Suíte Intrusiva Huanchaca) alojados no Grupo Aguapeí e no Granito Rapakivi Rio Branco.

Segundo este autor, o período Toniano marca a aglutinação de massas continentais e a consolidação do

supercontinente Rodínia. A ruptura do Rodínia, provavelmente durante o período Criogeniano (850 a

650 Ma) conduziu à formação da bacia marginal passiva na face oriental do Cráton Amazônico. No

Domínio Cachoeirinha estratos horizontais das formações Araras e Diamantino, repousam em

discordância erosiva sobre os conjuntos mesoproterozóicos e tonianos.

De Min et al. (2013) baseados em idades 40Ar/39Ar em flogopitas de rochas ultramáficas de

alto-K intrudidos nos metassedimentos da região de Planalto da Serra, indicam que a deformação que

afetou o Grupo Cuiabá é anterior a 600 Ma, já que as ultramáficas não estão deformadas. Alvarenga et

al. (2007) encontraram evidências de rochas siliciclásticas de origem glacial (Formação Serra Azul)

associadas a carbonatos, atribuídas ao registro geológico da glaciação Gaskiers (~580Ma) na Faixa

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Beal, V. 2013. Estratigrafia de Sequências do Grupo Cuiabá, Faixa Paraguai Norte, Mato

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Paraguai. Estas rochas diferem da Formação Puga pois ocorrem entre a Formação Araras na base e o

Grupo Alto Paraguai no topo.

A porção leste da Faixa Paraguai (Nova Xavantina, Barra do Garças/MT e Bom Jardim/GO)

compreende rochas metassedimentares finas (filitos) e quartzitos associados a rochas vulcânicas

máficas, sedimentos químicos (formações ferríferas bandadas, chert) e camadas de filitos carbonosos,

limitadas por uma zona de cisalhamento, aflorantes principalmente nas cercanias de Nova Xavantina,

na área do Garimpo Araés. Esta associação encontra-se sotoposta e foi desmembrada do Grupo Cuiabá

recebendo a denominação de Seqüência Metavulcanossedimentar Nova Xavantina (Pinho, 1990) e

Sequência Metavulcanossedimentar dos Araés (Martinelli e Batista, 2003). Foi considerada como

registro da evolução de um arco magmático intraoceânico (Pinho,1990) ou de uma bacia de retroarco

(Lacerda Filho et al. 2004; Martinelli et al., 1997; Martinelli 1998).

II.4. Grupo Cuiabá: litoestratigrafia

A divisão do Grupo Cuiabá em três formações por Tokashiki e Saes (2008), sendo da base

para o topo: Campina de Pedra, Acorizal e Coxipó, foi adotada neste trabalho, acrescentando

denominações de membros. As denominações adotadas, como membros e camadas, buscam a

simplificação das referências no texto durante as diversas citações para este conjunto de rochas (Figura

6 e 7). Entende-se que a necessidade do uso destes termos possa levar a uma proliferação da

nomenclatura, porém como o Grupo Cuiabá apresenta grande variação faciológica na região estudada,

a sua subdivisão em unidades litoestratigráficas menores adotada neste trabalho faz-se necessário

durante os trabalhos de interpretação paleoambiental e evolução geológica do Grupo Cuiabá.

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Figura 6: Mapa geológico com as principais unidades descritas, sendo as letras em círculo as principais localidades de estudo: A-Campina de Pedra, B-Poconé/Cangas, C-

Acorizal/Jangada, D-Guia/Cuiabá e E-Planalto da Serra/Nova Brasilândia. Modificado de Luz et al. (1980).

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Beal, V. 2013. Estratigrafia de Sequências do Grupo Cuiabá, Faixa Paraguai Norte, Mato

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A Formação Campina de Pedra é considerada indivisa, enquanto que a Formação Acorizal é

subdividida da base para o topo nos membros Pindaival, Engenho, Cangas e uma unidade informal

denominada Camadas de Transição. A Formação Coxipó, topo do Grupo Cuiabá, foi subdividida em

três membros, Pai Joaquim, Marzagão e Guia, além de uma unidade informal, predominantemente

quartzítica, aflorante nas proximidades de São Vicente/Barão de Melgaço (Unidade Mata-Mata)

(Figura 7).

Figura 7: Nomenclatura e os principais termos utilizados do Grupo Cuiabá.

O trabalho de mapeamento, descrição dos afloramentos e perfis do Grupo Cuiabá mostrou que

esta unidade pode ser caracterizada através de um conjunto de 15 fácies sedimentares, agrupadas em

três formações e seus respectivos membros como mostra a figura 8.

II.4.1. Formação Campina de Pedra

Compreende os estratos denominados subunidades 1 e 2 de Luz et al. (1980), Unidade Inferior

de Alvarenga (1988) e a Formação Campina de Pedra de Tokashiki e Saes (2008). Os mais

representativos e melhores afloramentos situam-se a norte da vila Chumbo e na comunidade

quilombola Campina de Pedra. O topo da sucessão é observado na Serra Descida do Buriti.

II.4.1.1. Arquitetura das fácies

É constituída por 2 associações de litofácies que inclui, da base para o topo: (i) pelitos com

laminação plana e ondulada, cinza claro a amarelados (Pl), (ii) pelitos carbonosos, finamente

laminados, pretos (Pc), intercalados a (iii) arenitos grossos a finos, carbonosos, com grãos de quartzo

azul e acamamento gradacional, pretos (Ac), e lentes de (iv) calcários calcíticos carbonosos, cinza

escuros (Cc) (associação 1), interdigitados no topo com: (v) litarenitos médios a grossos, verde-

amarelados com clastos caídos (Al), que gradam a (vi) pelitos maciços (Pm), como mostra a Figura 9.

A fácies Pl, é formada por lentes (0.2 > 5cm) que se espessam para o topo, chegando a 10 cm.

A fácies Ac, que grada a Pc, juntas formam ciclos granodecrescentes que variam de 10 cm a mais de 3

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m de espessura. As fácies Al e Pm atingem até 10 m de espessura para cada ciclo granodecrescente. A

espessura total desta formação atinge aproximadamente 600 m.

Figura 8: Posicionamento estratigráfico das unidades do Grupo Cuiabá, dividido em três formações, com suas

principais litologias, ambientes deposicionais e evolução tectônica da bacia.

II.4.1.2. Interpretação paleoambiental

Esta formação é considerada o registro geológico de um antigo lago estratificado, representado

pelas fácies Pl, Pc, Ac e Cc (associação 1), e as fácies Al e Pm (associação 2), que são interpretadas

como depositadas em ambiente lacustre devido à abundância de pelitos que sugerem uma

correspondência com sucessões lacustres, controladas por tectônica rifte, corroborado com a

interpretação de Tokashiki e Saes (2008).

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Neste lago as fácies Pc, Ac e Cc preservam alto conteúdo de carbono orgânico, de acordo com

a escala de cores dos sedimento (Tucker, 2003). Baseado nesta classificação, os teores > 2% de

matéria orgânica (MO), quando comparados aos encontrados no leste africano (Scholz et al., 2003;

Talbot e Laerdal, 2000), são compatíveis com lagos ricos em MO formados sob tectônica rúptil. A

estratificação deste lago é decorrente das altas taxas de subsidência que favorecem a deposição e

preservação dos folhelhos pretos e representam as partes centrais, anóxicas do lago. As lentes de

calcário carbonoso depositam-se durante fases de ressecamento do lago em períodos de aridez

climática.

Figura 9: Seção estratigráfica composta da Formação Campina de Pedra, na região da Vila de Chumbo à

Campina de Pedra. (A) Pelitos amarelados, laminados, fácies Pl. (B) Pelitos laminados, cinza escuros,

carbonosos. (C) calcário calcítico, laminado, carbonoso. (D) Grauvacas amareladas da Serra da Descida do

Buriti com atitude geológica de S0, S1 e S2 (direção da camada e S1 :paralelos, N30°E/35°NW e S2

:N35°E/25°SE). Letras em circulos do lado direito da seção colunar representam os locais das fotos. Obs. A

escala apresentada é referente a espessura dos membros e não dos ciclos individualmente. Espessura dos ciclos

estão descritas no texto.

Na associação de fácies 2, apesar da semelhança com a associação 1, as fácies não carbonosas

são volumetricamente mais importantes e representam as fácies marginais do lago (e.g. deltas

lacustres) progradando sobre as suas partes centrais, sendo os arenitos e pelitos depositados por

variação no fluxo gravitacional hiperpicnal durante inundações.

II.4.2. Formação Acorizal

Representada pelos estratos das subunidades 3 e 4 de Luz et al. (1980), fácies proximal da

Unidade Média Turbidítica Glaciogenética de Alvarenga (1988) e a parte inferior e média da

Formação Acorizal de Tokashiki e Saes (2008). Assenta sobre a Formação Campina de Pedra com

contato em conformidade e as melhores exposições da base desta sucessão (Membro Pindaival)

ocorrem no flanco NW da Antiforme de Bento Gomes e no núcleo das Antiformes de Acorizal e do

Pindaival, esta última a nordeste de Acorizal. O topo da formação (Membro Engenho) aflora nas

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cercanias de Acorizal, Jangada e Distrito do Engenho, flanqueando as Antiformes de Acorizal e

Pindaival (Figura 10). A SE da Antiforme de Bento Gomes ocorre uma estreita faixa de

aproximadamente 10 km de largura, exposta principalmente em cavas de garimpos, estendendo-se de

Poconé a Nossa Senhora do Livramento, individualizada como Membro Cangas (Fácies Cangas de

Tokashiki e Saes, 2008). Seu contato superior é abrupto com arenitos e conglomerados da Base da

Formação Coxipó (Membro Pai Joaquim).

Figura 10: Mapa geológico da região de Acorizal com as principais litologias e estruturas com os principais

afloramentos próximos a cortes de estrada.

II.4.2.1. Arquitetura das fácies

A base da Formação Acorizal (Membro Pindaival), compreende ciclos métricos de: (i)

litarenitos grossos a finos, maciços e laminados, verde-amarelados com clastos pingados (Al) que

passam em contato gradacional a (ii) pelitos maciços, verde e amarelo-avermelhado (Pm). (iii)

Conglomerados cinza-esverdeados polimíticos, com seixos de granito, gnaisse, feldspato, sílex e

argilito preto e marrom (Cp) interestratificados com litarenitos (Al) completam o pacote inferior da

Formação Acorizal, constituindo no conjunto, típicas cunhas clásticas progradacionais com padrão de

empilhamento de granocrescência ascendente, atingindo espessuras estimadas em 500 m. (Figura 10 e

11).

Sobreposto ao Membro Pindaival, aflora espesso pacote de (iv) diamictitos maciços, cinza

arroxeados (T) (Membro Engenho) com clastos de granito, gnaisse, quartzito e arenito, dentre os

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quais cerca de 60% apresentam estrias de arrasto. O Membro Engenho compreende aproximadamente

400 m de diamictitos e seu contato com o Membro Pindaival se faz como um intervalo onde as fácies

descritas acima se intercalam. Os conglomerados (Cp) passam gradativamente a litarenitos (Al),

pelitos (Pm) e (v) formações ferríferas decimétricas (Bifs), associação esta, interrompida em contato

brusco, erosivo, por camadas decamétricas de diamictitos cinza arroxeados e rosados. Esta

interdigitação se desenvolve por cerca de 500 m de espessura e é aqui, informalmente, denominada

Camadas de Transição. No alinhamento Cangas-Poconé este intervalo estratigráfico corresponde a

uma associação de (vi) ritmitos areno-pelíticos com dropstones (Rd), (vii) diamictito laminados e

maciços cinza arroxeado (Dl), e subordinadamente conglomerados (Cp), litarenitos (Al), pelitos (Pm)

e formações ferríferas (Bifs) (Membro Cangas) (Figura 11).

II.4.2.2. Interpretação paleoambiental

A associação de litarenitos (Al), pelitos (Pm) e conglomerados polimíticos (Cp) do Membro

Pindaival foi interpretada como depósitos de fan-deltas lacustres, em sistemas de rifte com ciclos de

alta frequência idênticos aos descritos por Martins-Neto e Catuneanu (2010) na Bacia do Recôncavo.

Na área de estudo, a sucessão mostra evidências de progradação das fácies proximais (Mb. Pindaival)

sobre as distais (Formação Campina de Pedra) após o clímax da subsidência alcançado com o pulso

tectônico da movimentação das falhas de borda do rifte, como propuseram Blair e Bilodeau (1988)

para este tipo de bacias. Esta sucessão já apresenta evidências de atividade glacial, que é indicada pela

presença de clastos de formato pentagonal dispersos em pelitos laminados. Os diamictitos maciços (T)

do Membro Engenho não apresentam estrutura sedimentar mas, devido aos clastos apresentarem

estrias e formato pentagonal (ferro de engomar) foram interpretados como tilitos de alojamento

(lodgement tillite), formados na base das geleiras envolvendo abrasão dos clastos transportados

subglacialmente, corroborando com a ideia de Almeida (1965) e semelhantes aos descritos por

Dreimanis e Schlüchter (1985) durante as análises para distinção de til e tilito em campo. Os depósitos

subglaciais estão representados na base da sequência 2.

As Camadas de Transição e o Membro Cangas compostos por conglomerados polimíticos mal

selecionados, de aspecto caótico (Cp), associados a ritmitos areno-pelíticos com dropstones (Rd),

litarenitos (Al), pelitos (Pm) e formações ferríferas bandadas (Bif) que intercalam-se com diamictitos

(T), representam sedimentos glaciais remobilizados por água de degelo subglacialmente (eskers) ou

depósitos de boca de túnel (modelos de Powell e Molnia, 1989). Esta interdigitação de fácies é

resultado da deposição durante o avanço e retração glacial (e.g. Lønne, 1995). Visser (1991), em

estudos na seção permo-carbonífera glacial da Bacia de Karoo na África do Sul, concluiu que, nas

partes distais da bacia o principal processo de deposição é a variação no fluxo das correntes de degelo,

formando aventais de detritos associadas a massas de gelo flutuantes, que no caso do Grupo Cuiabá

corresponderiam aos ritmitos (Rd), diamictitos (Dl) associados as fácies Cp, Al e Pm do Membro

Cangas.

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Figura 11: Seção estratigráfica composta da Formação Acorizal. A e B-Membro Pindaival mostrando a

granulometria e composição dos conglomerados. C e D- Camadas de Transição com as principais fácies com

ciclos indo da direita para a esquerda da fotografia. E e F-Membro Engenho, diamictitos, matriz argilosa com

seixos de granito. G e H- Ritmitos e Diamictitos do Membro Cangas. Letras em circulos ao lado direito da seção

colunar represantam os locais das fotos. Obs. A escala apresentada é referente a espessura dos membros e não

dos ciclos individualmente. Espessura dos ciclos estão descritas no texto

II.4.3. Formação Coxipó

A denominação Formação Coxipó é emprestada do trabalho de Guimarães e Almeida (1972),

considerada por estes autores como sobreposta ao Grupo Cuiabá indiviso e acumulada em ambiente

periglacial. Consiste de espessa sucessão sedimentar (~2.200m) assentada em contato abrupto sobre as

diamictitos Engenho e marcada por grande variação faciológica. As melhores exposições se

distribuem nas regiões NE (Manso e Planalto da Serra) e SE (Cuiabá e Barão de Melgaço) da área

estudada (Figura 6). Corresponde às subunidades 5 a 8 e indivisa de Luz et al. (1980), á unidade

Média Turbidítica Glaciogenética e Carbonatada de Alvarenga (1988) e à Formação Coxipó de

Tokashiki e Saes (2008), no presente trabalho, incluindo a unidade de topo da Formação Acorizal

destes últimos autores (Membro Pai Joaquim).

II.4.3.1. Arquitetura das fácies

Constituída por uma associação de litofácies que inclui na base, um espesso pacote (~1.000m)

composto por ciclos granodescrescentes métricos de, (i) conglomerados monomíticos amarelados, com

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clastos de composição silicosa (Cm), (ii) arenitos maciços, branco amarelados (Aml) e (iii) pelitos

maciços, esverdeados (Pm) (Membro Pai Joaquim). Os ciclos granodecrescentes inferiores das fácies

Cm, Aml, atingem até 10 m de espessura e, para o topo, com a adição da fácies Pm, estas espessuras

chegam a 50 m, formando em conjunto, uma típica sucessão granodecrescente. Na base dos ciclos são

frequentes estruturas erosivas de corte e preenchimento, assim como deformações

penecontemporâneas (Figura 12). Esta unidade basal é recoberta por (iv) diamictitos maciços e

laminados, róseos e verdes (Dml) com seixos a matacões (±10 m), facetados e estriados, de arenitos

maciços (Membro Marzagão). O topo da Formação Coxipó consiste de uma associação de (v) ritmitos

areno-pelíticos, róseos e verdes (R), grandes lentes de calcários calcíticos, laminados, cinza escuros a

brancos (Ca), (vii) arenitos maciços e laminados, cinza esverdeados, amarelados (Aml) e, (viii) pelitos

maciços e laminados, cinza esverdeados e róseos (Pm) (Membro Guia) (Figura 12). Somando-se as

espessuras dos membros Marzagão e Guia são estimados valores em torno de 1200m. Na porção mais

interna da Faixa Paraguai Norte, na região de Barão de Melgaço, ocorrem espessas camadas de

quartzo-arenitos brancos, finos, maciços, associados a pelitos, denominados informalmente de unidade

Mata-Mata (Figura 12).

II.4.3.2. Interpretação paleoambiental

A base da Formação Coxipó (Membro Pai Joaquim) é interpretada como produto de

sedimentação em sistemas de leques proglaciais subaquosos de outwash, cuja retração da geleira

desenvolve empilhamento retrogradacional (e.g. Rust e Romanelli, 1975). De acordo com Boulton

(1986) e Martini (1990) estes leques proglaciais são sistemas comuns nas margens de geleiras em

contexto terrestre ou subaquoso e são testemunhas da alta taxa de sedimentação destes ambientes.

Visser, Loock e Colliston (1986) e Visser (1997) estudando sucessões glaciais do neopaleozóico

gondwânico da África do Sul (Grupo Dwyka) também descrevem arenitos e conglomerados

originados em leques de outwash subaquosos. Segundo Lowe (1982) os arenitos e conglomerados

maciços são depositados sob condições subaquosas, através de ressedimentação gravitacional em

lobos ou intercanais, correspondentes na área de estudo pelas fácies Cm e Aml. Parte do fluxo que

penetra no corpo d’água comporta-se como uma pluma (fluxo hipo/homopicnal), mantendo em

suspensão a carga sedimentar mais fina, que se deposita durante períodos de atenuação do fluxo das

correntes de degelo, aqui representado pela fácies Pm,

Na parte média e superior da Formação Coxipó, o fim das correntes de alta energia promove a

decantação de plumas e a eventual queda de clastos de icebergs, num processo denominado chuva de

detritos (rain out), originando diamictitos maciços a estratificados (fácies Dml) e ritmitos (fácies R).

Os conglomerados, arenitos e pelitos formados nos leques de outwash e recobertos por diamictitos e

pelitos indicam a retração dos leques subaquosos concomitantemente com o recuo da geleira e

deposição de sedimentos por fluxo de detritos e correntes de turbidez, sendo comuns processos de

remobilização e ressedimentação, semelhantes aos descritos por Vesely e Assine (2004) no Grupo

Itararé da Bacia do Paraná.

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Figura 12: Formação Coxipó, A e B- Membro Pai Joaquim em ciclos granodecrescentes, C e D- ritmitos areno-

pelíticos e diamictito cinza-esverdeado, respectivamente, ambos do Membro Marzagão, E e F- arenito e calcário

calcítico, respectivamente, na região de Planalto da Serra, Membro Guia. Letras em circulos do lado direito da

seção colunar representam os locais das fotos. Obs. A escala apresentada é referente a espessura dos membros e

não dos ciclos individualmente. Espessura dos ciclos estão descritas no texto

Ritmitos (fácies R), pelitos (fácies Pm) e arenitos (fácies Aml) registram deposição lenta do

material fino em suspensão nas franjas e porções distais dos lobos. Contribuição de material mais

grosso decantado em resultado do ajustamento crustal (rebound glácio-isostático) e do derretimento de

iceberg, são responsáveis pela presença de fácies de granulação fina com clastos caídos (Dml), que se

intercalam aos ritmitos, arenitos e lamitos. Os calcários calcíticos (Ca) depositam-se em momentos de

baixa intensidade do fluxo de correntes, sem influência glacial, em clima semi-árido.

II.5. ESTRATIGRAFIA DE SEQUÊNCIAS

Em bacias marinhas de margem divergente, Posamentier et al. (1988) definem sequência

como uma sucessão relativamente concordante de estratos geneticamente relacionados, limitados nos

seus topos e bases por discordâncias e suas conformidades relativas. A sequência é composta por uma

sucessão de três tratos de sistemas e interpretada parcialmente como uma deposição entre pontos de

inflexão de queda eustática. Os tratos de sistemas são designações de um conjunto de sistemas

deposicionais contíguos e contemporâneos (Brown e Fisher, 1977). Os sistemas deposicionais são

definidos como conjunto tridimensional de litofácies, sendo estas a unidade básica de um sistema

deposicional (Fisher e McGowen, 1967).

O Trato de Sistemas de Mar Baixo (TSMB) (Catuneanu e Eriksson, 1999) é limitado na base

por uma discordância subaérea (DS) e suas conformidades correlatas e no topo, pela Superfície

Transgressiva (ST) (Posamentier e Vail, 1988), também chamada de “conformable transgressive

surface’’ (Embry, 1995; Catuneanu et al., 1998). O Trato de Sistemas Transgressivo (TST)

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(Catuneanu e Eriksson, 1999) é limitado na base, pela Superfície Transgressiva e, no topo, pela

Superfície de Inundação Máxima (SIM), base do Trato de Sistemas de Mar Alto (TSMA)

(Posamentier e Vail, 1988).

Sloss (1963) utilizou pela primeira vez o termo Tectonossequência para as sequências

estratigráficas geradas sob controle tectônico. Nestas sequências os ciclos observados são

dominantemente progradacionais, que descrevem uma granocrescência ascendente, preenchendo os

espaços criados durante cada estágio de subsidência extensional (Martins-Neto e Catuneanu, 2010).

Aplicando estratigrafia de sequências em bacias do tipo rifte, Cupertino e Bueno (2005),

demonstraram que a tectônica influencia diretamente a fisiografia, em forma de rampa, e também

controla as drenagens e o nível de base, por consequência, o suprimento sedimentar e espaço de

acomodação. Como o ingresso de sedimentos é feito a partir de drenagens tectonicamente controladas,

é necessária a utilização de nomenclatura apropriada onde a influência do tectonismo no

empilhamento litoestratigráfico seja relevante.

Neste trabalho, o Trato de Sistema Tectônico de Clímax de Rifte (TSTCR) e de

Preenchimento de Rifte (TSTPR) (Kuchle et al. 2007, Prosser, 1993) correspondem a deposição

durante o rifteamento da bacia. As sequências depositadas em ambiente de rifte tendem a formar

depósitos de águas profundas na base, estes que cobrem superfícies de inundação, produtos da rápida

subsidência e consequente transgressão. Intercalações de fácies turbidíticas associados aos depósitos

de água profunda indicam o início da progradação (Martins-Neto e Catuneanu, 2010). O pacote de

folhelhos/turbidítos caracteriza a fase de preenchimento da bacia, correspondente ao TSTPR. O TST

representa a subida acelerada no nível de base, sempre maior que a taxa de sedimentação. Como

resultado é observado uma mudança na linha de costa, com retrogradação e agradação dos sistemas

marinhos (Catuneanu e Eriksson, 1999) sendo o estágio com a maior taxa de criação de espaço para

acomodação de sedimentos. Com o preenchimento da bacia, depósitos costeiros avançam sobre

depósitos distais (Martins-Neto e Catuneanu, 2010).

O TSMA forma-se durante os estágios finais da subida do nível de mar, onde as taxas de

sedimentação são maiores que o espaço criado pela subida do nível de base (Catuneanu e Eriksson,

1999). O TSMB representa o máximo de avanço das fácies continentais sobre fácies marinhas ou

lacustres. A linha de costa desloca-se em direção ao centro da bacia, caracterizando o fenômeno de

regressão (Assine e Perinotto, 2001).

Ademais, deve-se considerar que em sucessões acumuladas sob influência glacial, surgem

dificuldades de aplicação dos conceitos de Estratigrafia de Sequências, porque se tenta analisar as

sucessões glaciais com conceitos oriundos do estudo de bacias marginais, onde as variações eustáticas

constituem os principais elementos condicionantes da arquitetura estratigráfica. Nas áreas glaciadas

além das variações eustáticas (geradas pela transferência da água dos oceanos para os continentes,

glácio-eustasia) o nível do mar sofre a interferência direta das geleiras que produz a subsidência e

soerguimento da crosta durante seus avanços e recuos (glácio-isostasia) (Assine e Vesely 2008).

II.5.1. Supersequência Cuiabá

Após o reconhecimento das principais unidades, suas interrelações e aplicando os métodos

empregados por Kuchle et al. (2007) e Martins-Neto e Catuneanu (2010) para sequências em bacias

rifte e Posamentier e Vail (1988) para bacias de margem divergente, o Grupo Cuiabá é interpretado

como uma supersequência (Vail et al., 1977), composta por duas sequências deposicionais principais:

1) uma continental e controlada, principalmente pela tectônica e 2) outra continental com influência

direta da glaciação na base a marinha no topo, cujos controles não são tão claros e, provavelmente

mesclam-se entre si, indo desde variações locais do nível do mar induzidos pela retirada da capa de

gelo (soerguimento crustal glácio-isostático), a variações glácio-eustáticas do nível do mar, próprias

das transgressões globais que afetam o Neoproterozoico.

A primeira sequência compreende os TSTCR e TSTPR e é representada pela Formação

Campina de Pedra e Membro Pindaival da Formação Acorizal. A segunda corresponde aos TSMB,

TST e TSMA (Catuneanu, 2006; Catuneanu e Eriksson, 1999; Brookfield e Martini, 1999; El-Ghali,

2005; Martins-Neto e Catuneanu, 2010; Assine e Vesely, 2008), representada pelas Camadas de

Transição, Membro Engenho da Formação Acorizal e pela Formação Coxipó.

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II.5.1.1. Sequência 1

A sequência deposicional 1 corresponde à base do Grupo Cuiabá, entre a Formação Campina

de Pedra e o Membro Pindaival e é composta pelos (i) Trato de Sistemas Tectônicos de Clímax de

Rifte e (ii) Trato de Sistemas Tectônico de Preenchimento de Rifte, com depósitos de fan-deltas em

progradação forçada.

O limite inferior neste caso é marcado pela não-conformidade sobre o embasamento do Cráton

Amazônico e o superior é a superfície erosiva glacial e suas conformidades correlatas (Figura 13). A

sequência deposicional 1 formou-se no período transgressivo do rifteamento, com lagos que atingiram

grandes profundidades, propiciando o acúmulo de sedimentos pelágicos com notável contribuição

orgânica. O pleno desenvolvimento destes lagos se deu durante o período de maior atividade tectônica

(segundo modelos de Blair e Bilodeau, 1988), propiciando a criação muito rápida de espaços para

acomodação e influxo sedimentar baixo, semelhantes aos modelos de Kuchle et al. (2007) e Prosser

(1993). Nestes estágios de rápida subsidência (TSTCR), a bacia atinge o ápice da atividade tectônica

pela intensa movimentação de falhas normais (Figura 13). A diminuição da atividade tectônica

proporciona o avanço das fácies proximais (Membro Pindaival) sobre as distais. O avanço é marcado

pela superfície de inundação máxima na base, limite dos TSTCR e o TSTPR (Figura 13). O TSTPR

corresponde ao nível de base alto com deposição de fan-deltas lacustres progradacionais (Martins-

Neto e Catuneanu, 2010 na Bacia do Recôncavo; Beal, Saes e Paz, 2011).

II.5.1.2. Sequência 2

A sequência deposicional 2 corresponde às Camadas de Transição, Membro Engenho e à

Formação Coxipó e compreende (i) Trato de Sistemas de Mar (lago) Baixo (TSMB), (ii)

Transgressivo (TST) e (iii) Mar Alto (TSMA).

A base desta sequência corresponde a uma discordância e sua conformidade correlata e é

marcada pelo final da atividade tectônica rifte (Beal, Saes e Paz, 2011), onde os sedimentos lacustres

(Membro Pindaival) são cobertos por sedimentos continentais (Membro Engenho), depositados

diretamente na base da geleira, que avança sobre a bacia (Figura 13). Nos trabalhos de Martini e

Brookfield (1995), Brookfield e Martini (1999) e Assine (1996), os estágios de máximo glacial, com

deposição de diamictitos e fácies associadas, são considerados Trato de Sistemas de Mar Baixo, que se

assemelham com as unidades descritas no Grupo Cuiabá (Beal, Saes e Paz, 2011). O limite superior do

TSMB é representado pela superfície transgressiva (ST).

A ST forma-se entre a associação granocrescente regressiva do TSMB e a associação

granodecrescente transgressiva (Catuneanu e Eriksson, 1999), onde fácies proximais são recobertas

por fácies distais (TST- Membro Pai Joaquim) à medida que a geleira recua (Figura 13), (Beal, Saes e

Paz, 2011; Assine e Vesely, 2008 na Bacia do Paraná). Essa transgressão, devida ao recuo da geleira, é

contrabalanceada pelo soerguimento glácio-isostático, proporcionando o retrabalhamento dos

sedimentos anteriormente depositados nas bordas da bacia. O limite superior do TST correspondente

ao Membro Pai Joaquim e é o ponto de máximo avanço da linha de costa continente adentro (SIM). A

partir deste ponto, o nível do mar tende a ser estacionário, com o aumento do influxo sedimentar e a

diminuição do espaço, favorecendo a progradação forçada. Este trato é denominado de TSMA,

formado pelos Membros Marzagão e Guia, na porção NW-N-NE e a Unidade Mata-Mata a SE da

bacia.

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Figura 13: Correlação entre a evolução tectono-sedimentar e a estratigrafia de sequências. MI- movimento

Isostático, NB- nível de base, TSCR/TST- Trato de Sistemas Clímax Rifte/Trato Sistemas Transgressivo,

TSPR/TSMA- Tratos Sistemas Preenchimento de Rifte/Tratos Sistemas Mar Alto, TSMB- Tratos Sistemas Mar

Baixo, SD- sequência deposicional, D- discordância, LS- Limite de Sequências, SIM- superfície de inundação

máxima, D/c.c.- discordância/conformidade correlata, ST- superfície transgressiva.

II.6. CONCLUSÕES

Este estudo mostra a distribuição espacial e temporal dos depósitos Criogenianos na Faixa

Paraguai Norte, sob o ponto de vista da estratigrafia de sequências. As principais conclusões foram:

(1) O preenchimento da bacia na porção inferior foi controlado pela tectônica distensiva

durante a ruptura do supercontinente Rodínia (Brito Neves 1999), a porção média teve influência

direta da glaciação, com avanço e retração da geleira e a porção superior com o fim da glaciação,

representa a incursão marinha na bacia.

(2) Os depósitos glaciogênicos marcam uma superfície discordante formada durante o avanço

glacial, concomitantemente com nível de base mais baixo. Esta superfície discordante representa o

limite entre duas sequências deposicionais. Levando em consideração as idades aceitas, o período da

deposição do Grupo Cuiabá (850-650 Ma) é aventado, já que a hipótese por nós utilizada é que a

Formação Puga (635 Ma, Hoffmann et al., 2004) seja mais jovem que o Grupo Cuiabá, desta forma a

glaciação Marinoana (Alvarenga e Trompette 1992, Alvarenga et al. 2000, Alvarenga et al. 2004) não

tem relação com a deposição de sedimentos glácio-influenciados no referido grupo. Sendo assim, a

hipótese para a idade da deposição dos sedimentos glaciais do Grupo Cuiabá estão ligados com a

Glaciação Esturtiana (750 Ma), cronocorrelatas as formações Jequitaí e Bebedouro do Grupo

Macaúbas no Cráton São Francisco.

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Beal, V. 2013. Estratigrafia de Sequências do Grupo Cuiabá, Faixa Paraguai Norte, Mato

Grosso.

36

(3) A primeira sequência formou-se durante uma transgressão e lago alto, consequência do

rifteamento e quebra continental. Os grandes falhamentos proporcionaram a formação de lagos com

altas taxas de subsidência e baixo influxo sedimentar (TSTCR), o fim da atividade tectônica

possibilitou a avanço com progradação das fácies proximais (TSTPR).

(4) A segunda sequência teve início durante o avanço das fácies subglaciais, continentalizando

parte da bacia (TSMB). Este período é o marco da glaciação no Grupo Cuiabá e representa o estágio

onde o nível de base está em sua posição mais baixa.

(5) A subsequente retração glacial proporciona uma subida rápida do nível de base (TST),

retrogradando depósitos turbidíticos pós glaciais e sedimentos de plataforma originados durante o

ajustamento crustal (rebound glácio-isostático). O topo do Grupo Cuiabá, depositado no TSMA,

representa o nível estacionário do mar, sem a criação de espaços para deposição, e progradação de

fácies de plataforma rasa mista siliciclástica-carbonática.

II.7. AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Capes, Universidade Federal de Mato Grosso, PPGEC e aos professores do

programa pelo apoio durante todo período.

II.8. BIBLIOGRAFIA

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