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Estratégias de conforto acústico em arquitetura e design de interiores
Dezembro/2018
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 9, Edição nº 16 Vol. 01 Dezembro/2018
Estratégias de conforto acústico em arquitetura e design de
interiores
Nayana Daniela Donato – [email protected]
Design de Interiores
Instituto de Pós-Graduação - IPOG
Goiânia, GO, 05 de fevereiro de 2018
Resumo
Este artigo refere-se ao estudo do conforto acústico de modo geral aplicado a arquitetura e ao
design de inteiores. Devido a qualidade acústica dos espaços construídos apresentarem uma
grande relevancia no bem-estar dos ocupantes, questiona-se como a propagação dos ruídos
indezejaveis pode ser solucionada em uma edificação. Diante disto, tornou objetivo desta
pesquisa introduzir os conceitos e soluções para obter o conforto acústico em edificações. A
metodologia utilizada envolveu a pesquisa bibliográfica baseada em material científico
(livros, revistas, artigos) e pesquisas eletronicas através da coleta de dados extraídos dos
textos. Os resultados encontrados apresentam as estratégias de isolamento ao ruído aéreo e de
impacto através do elemento de separação e também as diversas formas de transmissão do
ruído por vias secundárias e como evita-las. Também foi possível identificar os meios de
condicionamento acústico de um ambiente através da geometria interna e materiais
absorvedores. Conclui-se que esta pesquisa possa servir de apoio para a produção de espaços
com melhor desempenho acústico garantindo maior conforto aos ocupantes e que atendam a
parametros de qualidade de normas em vigor.
Palavras-chave: Conforto acústico. Isolamento sonoro. Condicionamento acústico.
1. Introdução
Esta pesquisa se insere nas áreas de conhecimento de Arquitetura e Design de Interiores,
dentro das disciplinas de conforto ambiental, sendo o conforto acústico objeto de estudo neste
artigo. Estas duas áreas de conhecimento possuem uma forte necessidade de integração no
segmento acústico e devem ser previstas soluções desde o início do planejamento e projeto,
pois intervenções posteriores se tornam muitas vezes dispendiosas.
Optou-se por estudar o conforto acústico por se tratar de uma qualidade construtiva ainda
pouco presente nos espaços construídos no Brasil, porém de fundamental importância para a
satisfação dos ocupantes, conforto, saúde e bem-estar e atendimento as normas vigentes.
Nesta pesquisa, será estudado o conforto acústico abrangendo a disciplina de forma geral para
contextualização do tema, porém mais voltada para edificações comerciais, corporativas e
residenciais, por se tratarem do segmento a qual eu mais atuo no mercado e por serem os
espaços mais frequentemente utilizados na vida do cotidiano das pessoas.
O meu interesse pelo tema, surgiu diante da minha vivencia em diversos tipos de habitações
residenciais e comerciais onde foi percebido um grande incomodo e insatisfação devido as
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péssimas condições de conforto acústico nos espaços, sendo percebido barulho externos a
edificação, gerado por fontes da poluição urbana e também ruídos provenientes de vizinhos
no próprio edifício.
Segundo a OMS “Hoje em dia, o ruído é considerado a terceira maior causa de poluição no
planeta, atrás apenas do ar e da água, tornando-se um problema de saúde pública”.
Os efeitos de elevados níveis de ruído no homem podem causar, além de lesões do
aparelho auditivo, efeitos físicos e psicológicos, como dores de cabeça, fadiga,
distúrbios cardiovasculares, distúrbios hormonais, gastrites, disfunções digestivas,
alergias, bem como perda de concentração e de reflexos, perturbações no sono,
sensação de insegurança, dentre outros (SOUZA et al., 2006).
Com base na relevância deste assunto, torna-se necessário pesquisar quais os tipos de
estratégias e soluções podemos adotar para garantir o conforto acústico em edificações. Para
isso, é necessário identificar os tipos de ruídos presentes nas edificações, como se propagam,
quais os níveis de ruído máximo permitidos em ambientes conforme suas atividades internas e
quais são as normas e legislações vigentes. Ao final, espera-se alcançar a capacidade de
qualificar os espaços construídos dentro das necessidades de conforto acústico de cada
ambiente.
2. Método Adotado
A pesquisa foi elaborada por meio de referências bibliográficas através de livros, artigos,
normas, e pesquisas eletrônicas. Diante da leitura crítico-analítica de diferentes autores, foi
utilizado o método comparativo para que se estabelecesse uma discussão teórica dialogando
com os outros autores acerca do assunto em questão.
O desenvolvimento deste trabalho, é apresentado em duas etapas. A primeira é revisão de
literatura com abordagem nos conceitos, normas existentes e parâmetros presentes na
disciplina de conforto acústico. A segunda parte são as soluções e técnicas encontradas para o
problema discutido.
3. Conceitos
3.1 O Som e o Ruído
Para iniciarmos esta primeira parte da pesquisa, é importante começarmos entendendo os
conceitos de SOM e RUÍDO.
O som é a sensação auditiva produzida por uma variação da pressão atmosférica a
partir de vibração mecânica, que se propaga em forma de ondas, através de meio
elástico e denso. Portanto, para que haja propagação de som, é necessário que haja
um meio, um canal de transmissão. O mais comum dos meios de propagação é o Ar.
No vácuo não existe som. O som também pode se propagar em meios sólidos como
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a estrutura dos edifícios, a terra, etc., e até mesmo em meios líquidos como a água,
por exemplo. (SIMÕES, 2011: 13).
Portanto, o som é toda vibração ou onda mecânica gerada por um corpo vibrante, passível de
ser detectada pelo ouvido humano, e que requer um meio para se propagar. Durante a revisão
da literatura, foi verificado que as ondas sonoras se caracterizam por alguns parâmetros:
período, tempo, amplitude, frequência, comprimento da onda e velocidade de propagação do
som.
Já o ruído pode ser definido, como todo som indesejável à atividade de interesse, interferindo
nos objetivos dos espaços e prejudicando a função do ambiente (SOUZA et al., 2006).
No caso de edificações, os ruídos podem ser classificados em ruídos aéreos e ruídos de
impacto. Os sons gerados por conversas, buzina e música por exemplo, podem ser
considerados ruídos aéreos, já o som de passos, queda de objetos, móveis se arrastando,
vibrações de máquinas e instalações hidráulicas podem ser consideradas ruído de impacto.
Segundo Amorin e Licarião (2005:6) , o ruído pode incomodar ou danificar imediata e
irreversivelmente o ouvido, conforme o tempo e intensidade de exposição.
3.2 Decibel, Potencia Sonora, Pressão Sonora, Intensidade Sonora
O nível do som, intensidade sonora e nível de pressão acústica é medido por um aparelho
chamado decibelímetro, sendo o resultado apresentado em decibéis (dB). O decibel
corresponde a uma escala logarítmica que se aproxima da percepção do ouvido as flutuações
das ondas sonoras.
Potencia sonora e pressão sonora, são conceitos diferentes. Segundo Prata-Shimomura et al
(2015:9) a potência sonora está relacionada a propriedade de uma fonte sonora, independente
do ambiente sonoro. Já a pressão sonora, depende do ambiente acústico ao redor e da fonte
sonora. Quando estamos em um ambiente fechado com um aparelho emitindo um som, a
fonte emissora possui uma potência sonora expressa em Watts (W), já o campo sonoro pode
ser medido a sua pressão sonora expressa em dB.
3.3 Somando e subtraindo decibéis
Por se tratarem de grandezas logarítmicas, não se pode somar decibéis linearmente. A soma
de dois níveis sonoros, emitido por fontes distintas e simultâneas, pode ser obtida através do
gráfico na figura abaixo, elaborado por Bruel & Kjaer, 1984. No caso da soma de mais que
dois níveis em Db, deve ser somado dois a dois por ordem crescente do respectivo valor. Para
diminuir decibéis deve-se seguir o procedimento anterior inversamente.
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Figura 1 – Gráfico elaborado por Bruel & Jjaer
fonte: Carvalho (2010)
3.4 Curvas de ponderação A
Devido ao ouvido humano possuir sensibilidades distintas em diferentes frequencias, é
utilizado o valor do nível de pressão em Db(A), baseado em curvas isofonicas criada por
Fletcher e Munson que leva em consideracao os valores correspondentes de igual sensação do
aparelho auditivo humano para ruídos aéreos e de baixa intensidade. Este valor pode ser
obtido através do decibelímetro, ou na falta dele pode-se utilizar a tabela de correção
exemplificada na figura abaixo.
Figura 2 – Correção da curva de ponderação A
fonte: Carvalho (2010)
3.5 Legislação e Normas Técnicas
Para verificação do limite da quantidade de exposição a certo ruído, em função da atividade
desenvolvida e do local em uso, devemos seguir as normativas que irão nos guiar aos padrões
adequados em nosso país, tanto para ambientes interntos quanto externos. Também devemos
mencionar a grande relevancia da norma de desempenho NBR 15575, que estabelece
parametros de conforto acústico para habitações residenciais desde 2013.
Na figura 3, podemos observar os valores de níveis de ruído permitidos para ambientes
externos, diurno e noturno, indicados na Norma Técnica Brasileira NBR 10151.
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Figura 3 – Nível critério de avaliação do ruído para ambientes externos em dB (A)
Fonte: NBR 10151 (2000)
Para ambientes internos, existe a norma técnica NBR 10152, que regulamenta os níveis de
ruído admissíveis com o conforto acústico conforme o tipo de uso. Segue abaixo a tabela na
figura 4.
Figura 4 – Nível critério de avaliação do ruído para ambientes internos em dB (A)
Fonte: NBR 10152 (2017)
Através desta norma, podemos adotar estes dados para praticas projetuais em diversas
tipologias construtivas. Porém, foi com o surgimento da NBR 15.575 que tem sido exigido
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com mais rigor o atendimento ao desempenho acústico em habitações residenciais. Pierrard
(2015) afirma que “A NBR 15575 veio definir, a partir desses níveis admissíveis previstos na
NBR 10152, os níveis de desempenho que os sistemas construtivos devem ter para atenuar a
transmissão dos ruídos gerados externa e internamente nas edificações habitacionais.
Regulam-se assim os níveis de desempenho acústico das paredes externas, das esquadrias
utilizadas em dormitórios, das paredes internas que separam duas unidades, das paredes
internas que separam as unidades das áreas comuns, do conjunto de paredes e portas que
separam duas unidades, e dos sistemas de pisos com relação ao ruído aéreo e de impacto.”
A NBR 15575, também apresenta orientações de desempenho acústico para instalações
hidráulicas, porém não exige o seu cumprimento. No decorrer desta pesquisa, será
apresentado mais informações a respeito dos valores exigidos pela norma.
3.6. Reflexão
Segundo Prata-Shimomura et al (2015:1), “Considerando apenas o som direto, sem
influências das superfícies e obstáculos, a onda sonora tende a propagar-se esfericamente, em
todas as direções. Nas edificações, o comportamento do som irá variar em função de algumas
características dos obstáculos que ele irá atingir e das superfícies dos acabamentos do
ambiente. Porém a regra válida em todos os casos é de que o ângulo de incidência é igual ao
ângulo de reflexão.
Prata-Shimomura et al (2015:2) também afirma que “A reflexão sonora ocorre quando as
ondas sonoras encontram superfícies duras e lisas. Nestas condições, voltam para trás,
refletindo-se.” O angulo de reflexão é sempre igual ao angulo de incidencia, no entanto a
direção dessa onda pode variar conforme a forma da superficie em que ela incide. Em uma
superfície convexa, o som tende a se distribuir, já em uma superfície concava, as ondas
sonoras tentem a se concetrar em uma direção, conforme a figura abaixo apresenta:
Figura 5 – Reflexão sonora
Fonte: Carvalho (2010)
3.7 Absorção Sonora
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A absorção sonora é a capacidade de um material absorver total ou parcialmente a energia
sonora incidente, podendo se transformar em energia térmica. Essas superfícies absorvedoras
geramente são porosas ou fibrosas.
3.8 Reverberação
Para Simões (2011:29), o tempo de reverberação consiste no tempo em que a energia emitida
por uma fonte sonora permanece audível, a partir do momento em que a fonte para de emitir.
Na visão de Amorin e Licarião (2005:17), “Em ambientes fechados, existem dois campos
sonoros: da fonte e o refletido. Chegando juntos, reforçam o som, chegando separados, em
pequeno intervalo, atrapalham o entendimento, caracterizando a reverberação.” Carvalho
(2010,32) considera que:
Consiste no prolongamento necessário de um som produzido, a título de sua
inteligibilidade em locais mais afastados da fonte produtora. Isso se dá basicamente
em recintos fechados. Esse prolongamento deverá ser maior quanto maior for a
distância entre a fonte e a recepção, ou ainda, quanto maior for o volume interno do
recinto. (CARVALHO, 2010:32)
Ao comparar as três abordagens sobre reverberação, é possível perceber que as ideias dos
autores convergem entre si, e reforçam a ideia e entendimento sobre o conceito do tempo de
reverberação.
3.9 Eco
O Eco deve ser evitado em ambientes em que a acústica é importante, pois é um fenômeno em
que o som refletido alcança o ouvinte um tempo depois do som direto (original). Carvalho
(2010:33) considera que em ambientes fechados, o eco ocorre onde o prolongamento do som
(reverberação) for além do necessário. Para Carvalho et al (2017: 10) “A título de não
gerarmos ecos internos, é importante que a diferença entre o percurso do som direto contra o
refletido (via paredes e/ou teto) seja sempre menor que 17m.”
Para evitar o eco em ambientes fechados, é necessário o condicionamento acústico do
ambiente, através de superfícies de alta absorção sonora e também através da geometria
interna. Simões (2011: 35) demostra alguns casos em que pode haver a correção da altura do
forro para diminuir o percurso das ondas refletidas ou também uma pequena variação na
parede do fundo de um ambiente para redirecionamento das ondas refletidas para pontos
menos prejudiciais aos ocupantes. Na figura abaixo estão indicadas as reflexões de um som na
parede, e qual o procedimento indicado para a eliminação do eco.
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Figura 6 – Evitando o eco
Fonte: Simões (2011)
3.10 Refração
“Recebe o nome de refração a mudança de direção que uma onda sonora sofre quando passa
de um meio de propagação para outro. Essa alteração de direção é causada pela brusca
variação da velocidade de propagação que sofre a onda.” (CARVALHO, 2010:31)
3.11 Difração
Este fenomeno está relacionado com a “Propriedade que uma onda sonora possui de transpor
obstáculos posicionados entre a fonte sonora e a recepção, mudando sua direção e reduzindo
sua intensidade.” Prata-Shimomura et al (2015:11).
3.12 Ressonância do som
Segundo Carvalho (2010:31), o fenômeno consiste na “Vibração de determinado corpo por
influência da vibração de outro, na mesma faixa de frequência.” Este conceito é muito
explorado em teatros para aumentar o tempo de permanência do som no ar por meio de
ressoadores.
3.13 Inteligibilidade
É uma das características essenciais presentes em um ambiente fechado para obtermos uma
boa acústica, pois reflete o grau de entendimento das palavras. Carvalho (2010: 32) afirma
que “Para locais onde a comunicação é primordial (auditórios, cinemas, teatros, igrejas, salas
de aulas e conferências, etc.), a boa inteligibilidade acústica é um fator decisivo.”
4. Comportamento Acústico dos Materiais
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Neste momento, estaremos iniciando a segunda etapa da pesquisa, no qual iremos identificar
as formas de propagação do som e as soluções acústicas para os fenômenos de absorção e
transmissão.
Quando um som incide um obstáculo, segundo Carvalho (2010:55) ocorrem 4 fenômenos
(figura 7): Som refletido; Som absorvido; Som transmitido por via aérea e Som propagado por
via sólida. Quando o material absorve uma maior quantidade de energia, dizemos que ele tem
boa absorção acústica, e quando o material reflete maior energia ele é considerado um bom
isolante acústico.
Figura 7 – Comportamento sonoro em um obstáculo
Fonte: Carvalho (2010)
Estes conceitos de absorção acústica e isolamento acústico são totalmente diferentes, e devem
ser adotadas as devidas soluções necessárias conforme as necessidades de condicionamento
acústico e isolamento acústico (aéreo e de impacto). A figura 8 apresenta as principais
diferenças entre a absorção e a transmissão e algumas soluções indicadas.
Figura 8 – Absorção x Transmissão
Fonte: Simões (2011)
4.1 Condicionamento Acústico
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Segundo Carvalho et al (2017: :8) o condicionamento acústico “Consiste em conferir as
melhores condições possíveis de audibilidade a um recinto.” Esse condicionamento pode ser
garantido via geometria interna e através de materiais e revestimentos que proporcionem a
absorção sonora.
4.1.1 Via geometria interna
Os resultados decorrentes da pesquisa bibliográfica demonstram que volumes impróprios a
destinação dos ambientes dificulta a correção do tempo de reverberação. Sendo assim,
Carvalho (2010) apresenta algumas questões de geometria interna que decorrem de:
Superfícies muito próximas, vibrantes e paralelas podem gerar ecos palpitantes [...]
Distâncias muito grandes entre as paredes podem propiciar a ocorrência de ecos. [...]
Afastamentos muito grandes entre o palco e as últimas fileiras da plateia
comprometem substancialmente a boa audibilidade [...] neste caso são preferíveis,
por exemplo, auditórios em leque, aproximando a plateia do palco e proporcionando
melhor visibilidade. [...] Diferenças de percursos dos sons diretos contra os
refletidos via paredes e tetos, superiores a 17m, comprometem a boa audibilidade. (CARVALHO, 2010:96)
Carvalho (2010,99) também afirma deve-se buscar uma relação coerente entre o volume per
capita em função do destino do recinto, e que seja coerente com a figura abaixo.
Figura 9 – Reverberação x Geometria interna
Fonte: Carvalho (2010)
4.1.2 Via absorção interna
A absorção sonora é utilizada no controle de ruído e reverberação com intuído de garantir
uma boa intangibilidade no ambiente. Os resultados demostram que antes da escolha de
materiais absorventes ou refletivos para condicionar acusticamente um ambiente, deve-se
obter o valor do tempo ótimo de reverberação conforme o uso, indicado pela tabela abaixo.
Carvalho (2010:95) afirma que “Adota-se internacionalmente o gráfico [...] para se conhecer
o tor (tempo ótimo de reverberação) que devemos conferir a um recinto à frequência de
500Hz, para cada atividade específica e segundo o volume interno do referido recinto”,
conforme a figura abaixo:
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Figura 10 – Tempo ótimo de reverberação
Fonte: Carvalho (2010)
Após ser identificado através do gráfico o valor do tempo ótimo de reverberação adequado ao
ambiente, podemos identificar através de cálculo o tempo de reverberação existente e adequar
o ambiente conforme o valor de referência do tor. Para Simões (2011:29), pode-se prever o
tempo de reverberação de um ambiente antes mesmo de se construí-lo, aplicando a fórmula de
Sabine descrita na figura abaixo. Para isso deve-se conhecer o Volume total do ambiente
analisado (V), dado em m³, a superfície (S) de cada material aparente, dada em m², e seus
respectivos coeficientes de absorção (a) para cada banda de frequência, conforme demostrado
pela figura abaixo:
Figura 11 – Fórmula de Sabine
Fonte: Simões (2011)
Simões (2011:29) afirma que os resultados obtidos através do cálculo de Sabine, deverão
corresponder aos parâmetros de tempo ótimo de reverberação definidos pela Norma Técnica
Brasileira NBR 12.179 (1992), que mostra valores para diversos usos.
Durante a escolha de um material de absorção acústica, deverão ser observados os
coeficientes de absorção e da frequência do ruído, custo, características em altas temperaturas
/ resistência ao fogo, peso e volume em relação ao espaço disponível, rigidez mecânica,
fixação e manutenção, aparência e pintura e limpeza.
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Os materiais e revestimentos para o controle de absorção são: Materiais porosos (espumas);
Materiais fibrosos (lã de vidro, lã de rocha, lã de pet); Painéis ou membranas flexíveis;
Ressoadores (ou ressonadores) de Helmholtz; Painéis Perfurados (chapas de drywall
perfuradas); Placas Acústicas; Forro Mineral; Baffles (painéis acústicos suspensos); Nuvens
acústicas. Outras aplicações acústicas em um ambiente através do design de interiores podem
ser atribuídas a utilização de tapetes, cortinas, painel em MDF revestido com tecido,
divisórias que formam barreiras e mobiliário.
Os valores de absorção sonora de um determinado material são apresentados em αw
(Coeficiente de redução sonora ponderado) e NRC (Indice de Redução Sonora). De acordo
com a ISO 11654, para αw, os valos de 0.05-0.10 representão materiais com alta reflexão,
enquanto os valores de 0.90-0.95-1.00 são os materiais de máxima absorção. Já para o NRC,
os valores de mínima reflexão estão abaixo de 0.25, enquanto os valores acima de 0.75 são
referentes a máxima absorção.
4.2 Isolamento Sonoro
O isolamento sonoro é a forma de evitar a transmissão do ruído proveniente de ambientes
externos e internos entre ambientes na edificação, e pode ser classificada em dois tipos: Ruído
aéreo e ruído estrutural (impacto). Segundo Simões (2011:42), a transmissão do ruído aéreo,
geralmente é controlada através de elementos verticais como paredes, esquadrias e
antecâmaras, enquanto que a transmissão do ruído estrutural pode ser controlada através da
laje, pisos e forros.
É importante notar que a transmissão dos ruídos aéreo e estrutural podem ocorrer de forma
direta, através dos elementos de separação e também pode ocorrer a transmissão secundária
ou marginal, que se dá por meio de outros meios, que não sejam o elemento de separação. A
figura 12, demostra um caso em que as transmissões secundárias ocorrem através de frestas,
soleiras das portas sem vedação adequada, através do entre forro, entre outros caminhos em
que não tenha havido uma atenção no projeto ou execução com baixa qualidade.
Figura 11 – Transmissão direta e secundária
Fonte: Prata-Shimomura et al (2015)
4.2.1 Isolamento de ruído aéreo
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Segundo Simões (2011:42), a transmissão do ruído aéreo, geralmente é controlada através de
elementos verticais como paredes, esquadrias e antecâmaras, onde a capacidade de isolamento
acústico de um material é sempre indicada em dB ou dBA. Todavia, a transmissão do ruído
também ocorre através da laje, pequenas frestas, dutos de ar condicionado ou ventilação,
sendo que estes locais merecem um cuidado especial, inclusive os projetos complementares.
Para o projeto de isolamento acústico, atenção especial deve ser dedicada aos
Projetos Complementares, como: hidrossanitário, elétrico e sistema de renovação de
ar ou climatização, analisando o desenho das instalações, dutos, apoios, fixações e
atenuadores de ruído na ventilação. Sempre que possível, o controle do ruído deverá
ser realizado na fonte, através de enclausuramento do equipamento ruidoso (fonte
sonora). Também se faz uso de sistemas que evitam a transmissão das vibrações,
como: apoios elásticos e conexões flexíveis para não propagar as vibrações. Nos
sistemas de ventilação faz-se uso de atenuadores de ruído, permitindo a renovação
de ar com baixa transmissão de ruído. A manutenção adequada de rolamentos, eixos,
mancais e hélices de ventiladores, representam economia de meios e maior
eficiência na redução de poluição sonora. (PROCEL, ANO: 42)
É importante notar, que o som não atravessa a parede e sim faz vibrar, fazendo com que ela
produza uma nova fonte sonora. Sendo assim, quanto mais leve a parede, mais fácil ela vibrar.
“Nesses termos podemos concluir que a densidade superficial (Kg/m²) de uma parede, por
exemplo, está diretamente relacionada com sua capacidade de isolamento acústico. Quanto
maior a densidade superficial, maior será o isolamento.” (CARVALHO ET AL (2017:4).
No entanto, surge aí a primeira lei da física em isolamento acústico, a lei da massa. Segundo
esta lei, quanto maior a densidade do material, menor vibração e maior o isolamento. Porém,
a duplicação da densidade não duplica o isolamento do material, mas somente irá conferir o
acréscimo de 6dB de isolamento.
O acréscimo da massa e densidade nem sempre é viável, devido a elevar simultaneamente o
peso da estrutura, perda de área útil e o custo da obra. Em contrapartida o isolamento sonoro
das paredes é alcançado facilmente através da segunda lei da física, a lei da massa-mola-
massa. Este efeito consiste em sistemas com a incorporação de ar em seu interior, paredes
duplas, e que podem ser preenchidos com material absorvente acústico, conforme demostrado
na figura abaixo.
Figura 12 – Isolamento massa-mola-massa
Fonte: Carvalho (2010)
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Carvalho (2010:63) aponta dois aspectos relevantes: “[...] quanto maior a massa da mola,
maior a capacidade de isolamento acústico do sistema; quanto maior o afastamento entre as
placas externas, melhor o isolamento acústico obtido às baixas frequências.”
Este efeito de massa-mola-massa, também é utilizado em coberturas e forros. No caso dos
forros, somente é indicado onde não foi possível isolar o som na fonte, ou quando se quer
melhorar o desempenho de isolamento, como no caso de laje entre apartamentos.
Simões (2011:52) aponta que “Na execução de forros planos, entre paredes, não se devem
deixar “negativos” (espaços entre o forro e a parede), pois estes prejudicam o isolamento
acústico. O gesso acartonado não trinca como o gesso convencional, podendo-se executar o
forro de parede a parede.” Neste sistema, também devemos ficar atentos a não produzirmos
pontes acústicas entre as conexões rígidas.
Em termos de desempenho habitacional residencial, a Norma de Desempenho 15.575 exige
apresenta os níveis de desempenho para isolamento de ruído aéreo de vedações verticais
internas (figura 13), isolamento ao ruído aéreo de sistemas de pisos (figura 14) e sistemas de
isolamento ao ruído aéreo de vedações externas (figura 15).
O isolamento acústico aéreo de um determinado material é obtido medindo em laboratório e
em campo. Rw, é o isolamento acústico ponderado de determinado elemento construtivo,
medido em laboratório. Sua unidade é o decibel (Db). Dntw, é o isolamento acústico
ponderado de determinado elemento construtivo medido em campo. Sua unidade é o decibel
(Db).
Figura 13 – Isolamento ao ruído aéreo de vedações verticais internas
Fonte: Pierrard (2015)
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Figura 14 – Isolamento ao ruído aéreo de pisos
Fonte: Pierrard (2015)
Figura 15 – Isolamento ao ruído aéreo de vedações externas (fachadas)
Fonte: Pierrard (2015)
4.2.2 Esquadrias Acústicas
As esquadrias são um ponto crítico do isolamento, pois geralmente são sistemas leves e
desprovidos de vedações eficientes. Sendo assim, para um bom isolamento devemos adotar
sistemas de isolamento superior ao das esquadrias convencionais. Este sistema pode ser
através de vidro duplo, triplo, quadruplo com câmara de ar ou filme flexível. Para Simões
(2011:55), as vedações com câmara de ar são mais eficientes com espaçamentos de 10, 20 e
30mm, pois câmara de ar pequena de 4 e 8mm é adequado apenas para isolamento térmico.
Carvalho (2010: 104), afirma que não somente o acréscimo de massa dos vidros e
afastamentos são suficientes, mas também é importante verificar: “[...] as conexões dos vidros
com as esquadrias, utilizando borracha ou equivalente, evitando a transferência de vibrações;
a forma de fechamento das esquadrias; a hipótese de criação de vácuo entre cada duas lâminas
de vidro; e o preenchimento dos vazios no caso de perfis ocos.” Ainda segundo Carvalho
(2010:104), as formas de fechamento das esquadrias mais eficientes para isolamento acústico
são as fixas e de giro, pois as de correr requerem folga para deslizamento, gerando perca no
isolamento.
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Para edificações existentes com a necessidade de melhorar o isolamento acústico, sendo
impossibilitado a substituição da esquadria, é possível encontrar hoje no mercado esquadrias
para sobrepor internamente no ambiente a janela existente, não interferindo na fachada. Neste
sistema, é importante atender a eficiência da vedação (figura 16). Simões (2011:57) diz que
“[...] o vidro deve ser assentado com silicone em todo o perímetro, antes de aplicar os
baguetes de acabamento.
Figura 16 – Isolamento das janelas
Fonte: Simões (2011)
Em relação às portas, Simões (2011:53) afirma que “Ainda em fase de projeto, pode-se prever
a elevação do piso em um lado do ambiente, em 1 cm (um centímetro), aproximadamente,
para este funcionar como batente. Ao fechar a porta faz a vedação da soleira [...].” É
importante adotar uma junta elástica na soleira que forma a saliência do piso, como mostra na
figura X.
Figura 17 – Isolamento de portas
Fonte: Simões (2011)
Simões (2011:53) explica que em locais onde não é possível a construção de uma antecâmara,
muitas vezes convém utilizar duas portas no mesmo marco, abrindo uma para cada lado
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conforme a figura 18 demostra. Também é possível criar uma porta mais isolante do ruído
aéreo através do efeito massa-mola-massa (figura 19).
Figura 18 – Isolamento de portas
Fonte: NBR 10151 (ABNT, 2000)
Para um estúdio de gravação, sugere-se a instalação de portas com duas folhas com
isolamento acústico eficiente, fazendo uso da lei de massa-mola-massa. As portas
abrem uma para cada lado. [...]. Atenção às frestas entre a alvenaria e o marco:
utilizar poliuretano expansivo em todo o perímetro da porta para vedar. (SIMÕES,
2011, 54).
Figura 19 – Isolamento de portas
Fonte: Simões (2011)
Em locais onde é necessário a renovação do ar sem que haja vazamento do som para o
exterior, é recomendado o uso do atenuadores de ruídos (figura 20). Estes equipamentos são
utilizados em locais como casa de máquinas ou até mesmo na ventilação de um banheiro,
evitando a transmissão de ruídos e vozes pelo poço de ventilação, utilizando painel rígido de
lã de vidro nas laterais dos dutos por onde circula o ar. Para Simões (2011:59), também
podem ser instalados nas tubulações de ar acondicionado, nos dutos de insuflamento e
retorno, evitando a transmissão de ruídos das máquinas para o ambiente interno.
O atenuador dissipativo de ruídos é uma caixa com células compostas de material
absorvente, geralmente lã de vidro ou de rocha, separadas por canais por onde
circula o ar. Quanto mais absorventes forem as células, e quanto menor o espaço
para circulação do ar, melhor será a capacidade de redução de ruídos na passagem
do ar, permitindo a ventilação sem a transmissão de sons. (SIMÕES, 2011:60)
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Figura 20 – Atenuadores de ruído
Fonte: Simões (2011)
4.3 Isolamento de ruído de impacto
O isolamento ao ruído de impacto trata-se do isolamento aos ruídos transmitidos através de
impactos em elementos sólidos, gerando ruídos que se propagam pela estrutura predial
decorrente de vibrações destes elementos. Uma forma de conter a transmissão do impacto
para a estrutura seria a utilização de um piso macio, como carpetes e pisos emborrachados ao
invés de um piso rígido. Porém sabemos que não é usual a aplicação de carpetes em todo o
pavimento no Brasil, somente em alguns ambientes conforme o gosto e necessidade do
usuário da unidade habitacional. Em relação ao uso de forros, Carvalho et al (2017: :7) afirma
que:
“A adoção de forros sob as lajes, em muito pouco ou quase nada contribuem para a
atenuação de ruídos de impacto percebidos na recepção. Pior ainda: conforme o
afastamento entre esse forro e a laje, o sistema pode se constituir em um instrumento
de percussão (um tambor), cuja função é a de realçar ruídos de impacto. Nem
mesmo a utilização de quaisquer materiais absorventes acústicos entre a laje e o
forro produz os efeitos de atenuações substanciais de percepção auditiva: estratégias
infundadas e sem consistência técnica.” (CARVALHO ET AL (2017:7)
Já para Simões (2011: 66) A utilização de forros para eliminar os ruídos de impacto apresenta
resultados parciais. Isso se deve ao fato de que o ruído é transmitido pela laje, estrutura e
parede. Com a utilização de forro, estaríamos solucionando pelo menos uma parte do ruído
que é transmitido pelo teto.
Prata-Shimomura et al (2015:54) também afirma que é possível isolar ruídos de impacto
através de forros, mas para isso o forro isolante deve ser completamente fechado e suspenso
da laje com isoladores de vibração que amortecem as vibrações. É preciso tomar cuidado para
que os pontos de contato e suportes dos forros sejam somente através do material resiliente,
ou seja, independentes da estrutura, evitando as chamadas pontes acústicas. Para aumento do
isolamento, o espaçamento entre forro e laje deve ser preenchido com material de absorção
sonora.
Contudo, Carvalho (2010:115) afirma que em não adotarmos pisos macios sobre as lajes, a
solução mais adequada seria a utilização de piso flutuante sobre base elástica, desconectando
inteiramente os contrapisos e pisos de quaisquer elementos estruturais e/ou vedações para que
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não haja as chamadas pontes acústicas. O esquema apresentado na figura abaixo apresenta um
detalhamento técnico da solução indicada.
Figura 21 – Piso flutuante
Fonte: Carvalho (2010)
Os tipos de base elástica (base resiliente) encontrados são as borrachas, lã de rocha, lã de
vidro, aglomerados de cortiça, polietilenos. Já o revestimento final pode ser qualquer material,
como porcelanatos, pisos laminados, carpetes, dentre outros materiais.
Em termos de desempenho habitacional residencial, a Norma de Desempenho 15.575 exige
apresenta os níveis de desempenho para isolamento de ruído de impacto conforme a figura 22.
A medição do ruído é feita através da medição do nível de pressão sonora de impacto
ponderada L’nT,w. Em laboratório, os resultados do nível de pressão sonora ponderado são
apresentados em Ln,w.
Figura 22 – Isolamento ao ruído de impacto em pisos
Fonte: Pierrard (2015)
Além dos ruídos provocados pelas ações humanas, exigem também os ruídos gerados pelos
equipamentos como elevadores, descargas hidráulicas/ tubulações, esgotos, bombas,
exaustores e ventiladores. Nos casos de equipamentos e instalações prediais, é recomendável
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que as vibrações produzidas por estes equipamentos sejam bloqueadas para que não produzam
vibrações nas estruturas. Simões (2011) afirma que:
“Uma das maneiras mais eficientes de evitar a transmissão de vibrações para a
estrutura é através da utilização de amortecedores de vibrações [...] nos apoios
destes equipamentos, tais como geradores, transformadores, bombas d’água, centrais
de ar condicionado e máquinas de elevadores.” (PROCEL, 2011:68)
Já nos casos de sistemas hidrossanitários Simões (2011) recomenda que também que seja
evitado conexões rígidas nas fixações das tubulações hidráulicas, optando por soluções
elásticas, apresentadas na figura abaixo.
Figura 23 – Conexões flexíveis para tubulações
Fonte: Pierrard (2015)
6.0 Conclusão
A pesquisa elaborada revelou que a melhor forma de se obter um bom conforto acústico em
ambientes internos é no momento da concepção inicial do projeto integrando a arquitetura e
interiores, pois soluções para correção dos ruídos indesejáveis posteriores podem não ser tão
eficazes ou viáveis.
Inicialmente foi importante identificar a diferença existente entre isolamento sonoro e
condicionamento sonoro, pois cada um possui estratégias diferenciadas para obter conforto
acústico. Conforme as estratégias apresentadas, foi possível compreender as diversas
maneiras para controle do isolamento sonoro aéreo e de impacto, sendo importante notar que
muitas das vezes os níveis de desempenho de elementos de separação entre ambientes são
reduzidos devido a frestas, pontes acústicas, divisórias que não vão até a laje, esquadrias sem
as vedações recomendadas, entre outros. Já no caso de condicionamento acústico, foi
orientado que a aplicação em menor ou maior quantidade de materiais absorvedores irá variar
orientado pelos níveis de tempo ótimo de reverberação conforme a finalidade de uso do
ambiente, com o intuído de garantir uma boa intangibilidade.
As limitações encontradas no decorrer da pesquisa, foram relativas a soluções e estudos
voltados apenas para a área de design de interiores quanto ao isolamento sonoro em ambientes
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já construídos, pois uma laje ou parede construída de forma ineficaz ao isolamento pouco irá
melhorar seu desempenho com soluções sem quebras e desperdícios. Já para o
condicionamento acústico, uma geometria interna do espaço inadequada poderia gerar um
custo mais alto para correção do tempo de reverberação, mas mesmo assim o design de
interiores possui um papel muito importante na escolha adequada de revestimentos,
mobiliário, forro, entre outros.
Referências
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Níveis de pressão sonora em ambientes internos a edificações. Rio de Janeiro, 2017.
ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6022: Informação e
documentação - Artigo em publicação periódica científica impressa - Apresentação. Rio de
Janeiro, 2003.
AMORIN, Adriana; LICARIÃO, Carolina. Introdução ao Conforto Acústico. Campinas:
FEC / UNICAMP, 2005.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10151: avaliação de
ruído em áreas habitadas visando o conforto da comunidade. Rio de Janeiro, 2000.
CARVALHO, Regio Paniago. Acústica Arquitetônica. Brasília: Thesaurus, 2010.
CARVALHO, R. P.; PANIAGO, B. K.; NARDELLI, M. Conforto Acústico e Conforto
Térmico – Fundamentos para a aplicação na arquitetura e urbanismo. Brasília: Arch-
Tec, 2017.
PIERRARD, J. F.; AKKERMAN, D. Manual ProAcústica sobre a Norma de Desempenho.
São Paulo – SP: RUSH Gráfica e Editora Ltda, 2015.
PRATA-SHIMOMURA, A.; DUARTE, D.; MONTEIRO, L. M.; MICHALSKI, R. L. X. N.
AUT 0278 -Desempenho Acústico, Arquitetura e Urbanismo. São Paulo: FAUUSP, 2015.
REZENDE, J. B.; RODRIGUES, F. C.; VECCI, M. A; SUYAMA, E. Análise objetiva e
subjetiva da influência do ruído de impacto de pisos em edificações. Belo Horizonte: Mostra
PROPEEs UFMG, 2013.
SIMÕES, Flávio Maia. Acústica Arquitetônica. Rio de Janeiro: Procel Edifica, 2011.
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SOUZA, L.; ALMEIDA, M.; BRAGANÇA, L. Bê-á-bá da acústica arquitetônica: ouvindo
a arquitetura. São Carlos, SP: EdUFSCar, 2006.149p.