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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA ESTRATÉGIAS ANALÍTICAS PARA DETERMINAÇÃO DE ARSÊNIO E SELÊNIO EM AMOSTRAS DE ALIMENTOS EMPREGANDO A ESPECTROMETRIA DE FLUORÊSCENCIA ATÔMICA COM GERAÇÃO DE HIDRETOS DANNUZA DIAS CAVALCANTE Salvador ABRIL DE 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE QUÍMICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA

ESTRATÉGIAS ANALÍTICAS PARA DETERMINAÇÃO

DE ARSÊNIO E SELÊNIO EM AMOSTRAS DE

ALIMENTOS EMPREGANDO A ESPECTROMETRIA DE

FLUORÊSCENCIA ATÔMICA COM GERAÇÃO DE

HIDRETOS

DANNUZA DIAS CAVALCANTE

Salvador

ABRIL DE 2014

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DANNUZA DIAS CAVALCANTE

ESTRATÉGIAS ANALÍTICAS PARA DETERMINAÇÃO

DE ARSÊNIO E SELÊNIO EM AMOSTRAS DE

ALIMENTOS UTILIZANDO A ESPECTROMETRIA DE

FLUORÊSCENCIA ATÔMICA COM GERAÇÃO DE

HIDRETOS – HG AFS

Tese submetida ao Colegiado de Pós-Graduação em

Química da Universidade Federal da Bahia como parte

dos requisitos para obtenção do título de Doutor em

Química (Química Analítica).

Orientador: Prof. Dr. Walter Nei Lopes dos Santos

Salvador

Abril de 2014

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Este trabalho é dedicado em primeiro lugar a Deus, que esteve sempre me guiando durante essa jornada,

me dando forças quando eu achava que não tinha mais e me mostrando que posso todas as coisas

nAquele que me fortalece. A Ele toda honra, toda gloria e toda gratidão!!!

Aos meus amados Pais (Jesus e Dionei) pela dedicação, amor, e por jamais medirem esforços, ajudando-

me na concretização dessa etapa da minha vida. Não tenho palavras para agradecer tanto amor e

dedicação.

A meu esposo Thiago pelo amor, apoio e paciência e a minha filha Eloah, razão de minha felicidade.

Te amo muito filha!!!!

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AGRADECIMENTOS

A todos meus familiares, em especial a meus irmãos (Layane e Danilo) pelo incentivo.

Ao professor Dr. Walter Nei Lopes dos Santos pela orientação, confiança, liberdade,

incentivo e amizade. E por ter sido sempre mais que um orientador. Muito obrigada!!!

Ao professor Dr. Sergio Luís Costa Ferreira, pelas boas contribuições no decorrer

desses quatro anos.

A professora Drª Maria das Graças Korn e sua aluna Isa pela ajuda nas digestões no

forno de micro ondas.

A professora e amiga Drª Danielle Muniz pela ajuda em vários momentos desse

trabalho.

A amiga Luciana Bittencourt pelas coletas no arrozal e por tantos outros auxílios.

Ao professor e amigo Dr. Samuel Marques Macêdo, por me passar todo seu

conhecimento e experiência sobre a geração de hidretos.

Aos colegas do Grupo de Pesquisa e Desenvolvimento em Química Analítica

(GPDQA): Gerfersom, Eduardo, Luciana, Celeste, Daniel, Meire, Bruna, Leonardo,

Mauricio e Paula.

Aos alunos de Iniciação científica que me ajudaram nesse trabalho: Jéssica, Paula e

Leonardo.

Ao programa de pós-graduação em química da UFBA, pela oportunidade de realizar

esse trabalho e seus professores e funcionários;

Ao programa de Pós-graduação em Química Aplicada da Universidade do Estado da

Bahia e todos os seus Discentes e funcionários.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela

concessão da bolsa de estudo.

A todos meus amigos, por compartilhar todos os momentos, difíceis e felizes;

A todas as pessoas que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste

trabalho

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RESUMO

Neste trabalho que está no âmbito do PRONEX, foram desenvolvidas estratégias

analíticas para a determinação de arsênio e selênio em amostras de alimentos por HG

AFS. Foram realizados três trabalhos distintos. O primeiro consistiu no emprego da

amostragem em suspenção para determinação de arsênio em amostras de arroz.

Procedimentos de amostragem de suspensão foram avaliados para determinação de

As por geração de hidreto acoplado a AFS, usando HNO3 e sonicação por 30 min. As

amostras foram preparadas com KI em ácido ascórbico e com HCl 6 mol L-1, para

determinação As total. A exatidão foi confirmada por análise do material de referência

certificado NIES SRM 10b de farinha de arroz, a precisão foi confirma com valores de

RSD abaixo de 5,9 % e limites de detecção e quantificação de 0,91 e 3,04 ng L-1,

respectivamente. Este método foi utilizado para determinar o teor de arsênio em 24

amostras de arroz que foram adquiridas em supermercados da cidade de Salvador,

Bahia, Brasil. O conteúdo de arsênio nos três tipos de arroz (branco, parbolizado e

integral) variou de 0,12 a 0,47 µg g-1. O segundo trabalho foi o desenvolvimento de

método analítico para determinação de selênio em ovos. Três tipos de ovos foram

adquiridos (codorna, galinha e pata) em feiras e supermercados de Salvador. A

digestão foi realizada mediante adição de HNO3, H2O2 30% v v-1 e HCl 6 mol L-1,

utilizando o bloco digestor com dedo frio. As condições para a pré-redução e geração

do hidreto de selênio foram otimizadas empregando o planejamento fatorial e a matriz

de Doehlert. As condições ótimas foram: concentração de HCL 5,3 mol L-1,

concentração do borohidreto de sódio 2,6 % (m/v), volume de KBr 10% 1,0 mL e

tempo de pré-redução de 30 min. O método apresentou limites de detecção e

quantificação de 0,22 e 0,77 ng L-1, respectivamente. O RSD ficou abaixo de 4,7 %

demonstrando boa repetibilidade. A exatidão foi comprovada através da análise do

CRM de tecido de ostra e também através de comparação com resultados obtidos em

análise no ICP-MS. O método foi aplicado em quatro diferentes grupos de amostras,

na clara e na gema separadas e na mistura dos dois, sendo que as concentrações

mínimas e máximas foram de 0,35 ± 0,01 a 0,88 ± 0,03 µg g-1. O terceiro trabalho foi o

desenvolvimento de método para determinação de arsênio em atum e sardinha

enlatados. As amostras foram submetidas a 3 procedimentos de preparo de amostra

(bloco digestor, forno de micro-ondas e forno mufla). As condições para a pré-redução

e geração do hidreto de arsênio foram otimizadas empregando o planejamento fatorial

e a matrix de Doehlert e as condições encontradas foram: tempo de pré-redução de 21

min, volume de pré-redutor KI 10 % (m v-1) em ácido ascórbico 2% (m v-1) de 1,0 mL,

concentração de HCl 4,7 mol L-1 e concentração de NaBH4 de 2% (m v-1). O método

mostrou-se preciso, com valores de RSD abaixo de 7,0 %. Um material de referência

certificado de tecido de ostra (NIST SRM 1566b) foi analisado para avaliar a exatidão

do método. O material foi submetido a três procedimentos de digestão. Através da

análise dos resultados pode-se observar que o valor obtido no forno de micro-ondas e

no bloco digestor foi cerca de metade do valor certificado, pois a arsenobetaina só é

convertida a arsênio inorgânico a temperaturas acima de 300 º C. O método foi

aplicado para 20 amostras de atum e sardinha enlatados e os valores de concentração

variaram de: 0,63 ± 0,10 a 3,28 ± 0,20 µg g-1.

Palavras Chave: Arsênio, selênio, arroz, ovos, pescados enlatados, HG AFS.

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ABSTRACT

In this work is under PRONEX, strategies for analytical determination of arsenic and

selenium in food samples by HG AFS were developed. Three diferent studies were

conducted. The first one consisted in the use of sampling in suspension for

determination of arsenic in rice procedures were evaluated to As by hydride generation

coupled to AFS using HNO3 and sonication for 30 min. The samples were prepared

with KI in ascorbic acid and 6 mol L-1 HCl to determine total As. The accuracy was

confirmed by analysis of certified reference material NIES SRM 10b rice flour, precision

was confirmed with% RSD values lower than 5.9% and limits of detection and

quantification of 0.91 and 3.04 ng L -1, respectively. This method was used to

determine the content of arsenic in 24 rice samples purchased at supermarkets in the

city of Salvador, Bahia, Brazil. The content of arsenic in the three types of rice (white,

parboiled and integral) ranged from 0.12 to 0.47 µg g-1. In the second study we

developed a method for determination of selenium in eggs. Three types of eggs were

purchased (quail, chicken and paw) at fairs and supermarkets of Salvador. The

digestion was performed by adding HNO3, 30% H2O2 (v v-1), 6 mol L-1 HCI and, using

the block digester cold finger. The conditions for the pre-reduction and hydride

generation of selenium were optimized using factorial design and Doehlert matrix, the

optimal conditions were: HCl concentration of 5.3 mol L-1, the 2.6% (w v-1) sodium

borohydride concentration, 1.0 mL volume of 10% (w v-1) KBr and pre-reduction time

30 min. The method has limits of detection and quantification of 0.22 and 0.77 ng L -1,

respectively. The% RSD was below 4.7 showing good repeatability. The accuracy was

confirmed by analysis of CRM oyster tissue and also by comparison with results

obtained for analysis by ICP-MS. The method was applied to four different groups of

samples, in clear and separate yolk and mix of the two, the minimum and maximum

concentrations were 0.35 ± 0.01 to 0.88 ± 0.03 mg g-1. The third work was the

development of a method for determination of arsenic in canned tuna and sardines.

The samples were subjected to three procedures for sample preparation (digestion

block, microwave and oven muffle). The conditions for the pre-reduction and hydride

generation of arsenic were optimized using factorial design matrix and Doehlert, the

conditions were: pre-reduction time of 21 min, volume of 1.0 mL of 10% KI (w v-1) (pre-

reducing) in 2% ascorbic acid, HCl concentration of 4.7 mol L-1 and NaBH4- in 2% (v m-

1). The method was precise, with RSD values below 7.0%. A certified reference

material of oyster tissue (NIST SRM 1566b) was analyzed to assess the accuracy of

the method. The material was subjected to the three digestion procedure. From the

analysis of the results it can be seen that the value obtained in the microwave oven

and the digester block was about half the value of the certificate, as the only

arsenobetaine is converted to inorganic arsenic at temperatures above 300 °C. The

method was applied to 20 samples of canned tuna and sardines and concentration

values ranged from 0.63 ± 0.10 to 3.28 ± 0.20 mg g-1.

Key-words: Arsenic, selenium, rice, eggs, canned fish, HG AFS

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LISTA DE TABELAS

Páginas

Tabela 1: Algumas formas orgânicas e inorgânicas de arsênio 21

Tabela 2: Principais formas químicas do selênio 22

Tabela 3: Limites máximos de arsênio em alimentos definidos pela

ANVISA

25

Tabela 4: Ingestão diária recomendada de selênio – ANVISA 26

Tabela 5- Matriz de Doehlert para duas variáveis (A e B) com um ponto central

48

Tabela 6: Parâmetros operacionais do HG AFS empregados na

determinação do arsênio

54

Tabela 7: Seleção do extrator/solvente para preparação das

suspensões das amostras de arroz

58

Tabela 8: Comparação entre amostragem em suspensão e

extração das amostras de arroz para quantificação de arsênio

58

Tabela 9: Comparação entre a amostragem em suspenção e

digestão ácida para determinação de arsênio nas amostras de arroz

60

Tabela 10: Determinação de As total em amostras de arroz

utilizando a amostragem em suspensão

61

Tabela 11: Parâmetros operacionais do HG AFS para determinação

de Selênio

66

Tabela 12: Parâmetros operacionais do ICP-MS para determinação

de Selênio

67

Tabela 13: Planejamento fatorial dois níveis completo - otimização

do processo de geração do hidreto de selênio.

72

Tabela 14: Matrix Doehlert para otimização da geração de hidreto

de selênio.

74

Tabela 15: Análise da variância (ANOVA) para os dados referentes

á Tabela 14.

75

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Tabela 16: Resultados para determinação de Se no CRM de tecido

de ostra empregando o método proposto (mg kg-1, n=3).

77

Tabela 17: Concentração de Se nas amostras de ovos por HG AFS

e ICP-MS

78

Tabela 18. Programa de aquecimento em forno de micro-ondas

com cavidade

86

Tabela 19: Planejamento fatorial dois níveis completo - otimização

do processo de geração do hidreto de arsênio.

89

Tabela 20: Matrix Doehlert para otimização da geração do hidreto

de arsênio

91

Tabela 21: Análise da variância (ANOVA) para os dados referentes

á Tabela 20

92

Tabela 22: Resultados para determinação de As no CRM de tecido

de ostra utilizando os dois métodos de preparo de amostra.

94

Tabela 23: Concentração de arsênio em sardinha e atum enlatados,

após digestão em bloco digestor com dedo frio e em forno de micro-

ondas com cavidade.

96

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LISTA DE FIGURAS

Páginas

Figura 1: Representação esquemática do AFS 37

Figura 2: Diagrama esquemático. a) dedo frio, b) tudo de digestão e

c) dedo frio acoplado ao tubo de digestão.

44

Figura 3: Distribuição dos pontos experimentais da matriz Doehlert representado por um hexágono regular com as coordenadas normalizadas, para otimização de duas variáveis.

47

Figura 4: Porcentagem de extração do arsênio no arroz em função

do tempo de sonicação.

57

Figura 5: Gráfico de pareto da otimização da geração de hidreto de

selênio

73

Figura 6: Superfície de resposta da otimização de hidreto de selênio. 75

Figura 7: Gráfico dos valores preditos X valores observados para

geração do hidreto de selênio

76

Figura 7: Gráfico de pareto da otimização da geração de hidreto de

arsênio

90

Figura 8: Superfície de resposta para otimização da geração de

hidreto do arsênio

92

Figura 9: Gráfico dos valores preditos X valores observados para

otimização da geração de hidreto do arsênio

93

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LISTA DE SIGLAS e ABREVIAÇÕES

ANVISA: Agência Nacional de vigilância sanitária

WHO: World Health Organization

EU:União Europeia ( do ingles: European Union)

US EPA: Agência proteção ambiental dos Estados Unidos ( do inglês: United States

Environmental Protection Agency)

IDR: Ingestão Diária Recomendada

MMAA: ácido monometilarsônico

DMAA: ácido dimetilarsônico

AsB: arsenobetaína

AsC: arsenocolina

SeCys: Selenocisteína

SeMet: Selenometionina

SeCM: Selenometilcisteína

CONAMA: Conselho Nacional do Meio Ambiente

HG AFS: Espectrometria de Fluorescência atômica com geração de hidretos (do

inglês: Hydride generation atomic fluorescence spectrometry)

HG AAS: Espectrometria de absorção atômica com geração de hidretos (do inglês:

Hydride generation atomic absorption spectrometry)

FAAS: Espectrometria de absorção atômica com chama (do inglês: Flame atomic

absorption spectrometry)

AES: Espectrometria de emissão atômica

ICP OES: Espectrometria de emissão atômica com plasma indutivamente acoplado

(do inglês: Inductively coupled plasma optical emission spectrometry.)

CV AFS: Espectrometria de fluorescência atômica com vapor frio (do inglês: atomic

fluorescence spectrometry

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2

HR CS FAAS: Espectrometria de absorção atômica com chama de alta resolução com

fonte contínua

GFAAS: Espectrometria de absorção atômica com forno de grafite (do inglês: Graphite

furnace atomic absorption spectrometry)

ICP-MS: Espectrometria de massas com plasma indutivamente acoplado (do inglês:

Inductively coupled plasma mass spectrometry)

CV AAS: Espectrometria de absorção atômica com vapor frio

ETAAS: Espectrometria de absorção atômica com atomização eletrotérmica (do inglês:

Electrothermal atomic absorption spectrometry)

EVOP: Plano evolucionário de otimização

MSR: Metodologia de superfície de resposta

HPLC: Cromatografia líquida de alta resolução

HCL: Lâmpada de cátodo oco

CRM: Material de referência certificado

IUPAC: União internacional de química pura e aplicada

RSD: Desvio padrão relativo

LD: Limite de detecção

LQ: Limite de quantificação

ANOVA: Análise de variânci

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13

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................ 16

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................ 19

1. O Elemento químico Arsênio ........................................................................ 19

2. O elemento químico Selênio ......................................................................... 21

3. Arsênio e Selênio nos alimentos .................................................................. 24

3.1 Arsênio ............................................................................................................................................................................................ 24

3.2 Selênio ................................................................................................................................................................................... 26

4. Geração de Hidretos ...................................................................................... 27

4.1 Sistema de Redução NaBH4/Ácido ................................................................................................................... 28

4.2 Mecanismos de Geração de Hidreto utilizando o NaBH4 .......................................................... 29

4.3. Transporte dos hidretos voláteis ...................................................................................................................... 30

4.5 Interferências ............................................................................................................................................................................ 33

5. A Espectrometria de Fluorescência Atômica ............................................... 35

6. Métodos de preparo de amostra ................................................................... 37

6.1 Amostragem por suspensão .................................................................................................................................... 38

6.1.1 Preparo das suspensões ........................................................................................................................................ 39

6.2 Decomposição da Matéria orgânica ................................................................................................................. 41

6.2.1. Digestão por via úmida utilizando radiação micro-ondas .................................................. 41

6.2.2. Decomposição por via úmida utilizando bloco digestor com “dedo frio” ........... 42

7. Otimização Multivariada ................................................................................ 44

7.1 Planejamento Fatorial Completo ........................................................................................................... 45

7.2 Metodologia da Superfície de Resposta (MSR) ........................................................................... 46

7.3 Matriz de Doehlert ............................................................................................................................................................ 46

OBJETIVOS ............................................................................... 49

Objetivos Específicos .............................................................................................. 49

CAPITULO I ............................................................................... 50

Amostragem em suspensão e HG AFS para

determinação de arsênio total em amostras de arroz. .. 50

INTRODUÇÃO ............................................................................ 51

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EXPERIMENTAL ......................................................................... 53

1. Instrumentação .............................................................................................. 53

2. Reagentes e soluções .................................................................................... 54

3. Amostras ........................................................................................................ 55

4. Preparação das Suspensões e determinação de As por HG AFS .............. 55

5. Digestão das amostras utilizando bloco digestor com “dedo frio” ........................................ 56

RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................... 57

1. Otimização das condições experimentais .................................................... 57

2. Escolha do extrator/solvente para determinação de arsênio utilizando

amostragem em suspensão. ................................................................................ 57

3. Investigação da necessidade de introdução das partículas da suspensão

no HG AFS ............................................................................................................. 58

4. Comparação entre o método proposto (amostragem em suspensão) e

digestão ácida utilizando o sistema bloco digestor/dedo frio. .......................... 59

5. Estudos de validação ..................................................................................... 60

6. Aplicação ........................................................................................................ 61

CONSIDERAÇOES FINAIS ........................................................ 62

CAPITULO II .............................................................................. 63

Desenvolvimento de método analítico para

determinação de selênio em amostras de ovos (clara e

gema) por HG AFS ................................................................ 63

INTRODUÇÃO ........................................................................... 64

EXPERIMENTAL ........................................................................ 66

1. Instrumental.................................................................................................... 66

2. Reagentes e soluções .................................................................................... 67

3. Amostras ........................................................................................................ 68

3.1 Digestão das amostras .......................................................................................................................................... 68

4. Otimização Multivariada da pré-redução e geração do hidreto de selênio 69

5. Etapa de pré-redução ..................................................................................... 69

RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................... 71

1. Otimização multivariada do sistema proposto para a geração de hidreto ............ 71

1.1. Planejamento Fatorial ............................................................................................................................................. 71

1.2 Planejamento Doehlert ............................................................................................................................................... 73

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15

2. Validação do Método ..................................................................................... 76

3. Aplicação do método desenvolvido ............................................................. 77

CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................ 79

CAPITULO III ............................................................................. 80

Determinação de arsênio total em amostras de atum e

sardinha enlatados por HG AFS ........................................ 80

INTRODUÇÃO ............................................................................ 81

EXPERIMENTAL ......................................................................... 83

1. Instrumentação .............................................................................................. 83

2. Reagentes e soluções .................................................................................... 83

3. Amostras e material de referência certificado ................................................... 84

4. Procedimentos para digestão das amostras ................................................ 85

4.2 Digestão das amostras de sardinha e atum enlatados em bloco

digestor com dedo frio ......................................................................................................................................................... 85

4.2. Digestão das amostras de sardinha e atum enlatados em forno de micro

ondas .......................................................................................................................................................................................................... 86

5. Otimização Multivariada da pré-redução e geração do hidreto de arsênio ... 86

6. Etapa de pré-redução ..................................................................................... 87

RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................. 88

1. Otimização multivariada do sistema proposto para a geração de hidreto ......... 88

1.1. Planejamento Fatorial ............................................................................................................................................. 88

1.2. Planejamento Doehlert....................................................................................................................................... 90

2. Validação do Método ..................................................................................... 93

3. Aplicação ........................................................................................................ 95

CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................ 97

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................ 98

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16

INTRODUÇÃO

A determinação de elementos químicos em amostras complexas sempre

se mostrou com um dos principais problemas da química analítica. Sendo

assim, diversos procedimentos têm sido desenvolvidos com o intuito de

minimizar os efeitos de matriz e ampliar a faixa de aplicação das técnicas mais

comumente empregadas.

Nesse contexto a geração de hidretos apresenta uma grande vantagem,

pois o analito é separado da matriz e convertido a um composto volátil, sendo,

em seguida, transportado ao atomizador, onde ocorre a atomização para a

quantificação. Nos primeiros trabalhos, a atomização era feita utilizando-se a

chama comum, que logo foi substituída por atomizadores de tubo de quartzo.

Atualmente, devido ao desenvolvimento de métodos analíticos e o surgimento

de diversas técnicas instrumentais de análise, vários sistemas de atomização

vêm sendo amplamente utilizados [1].

Considerações importantes sobre o potencial do método de geração de

hidreto acoplada às técnicas de espectrometria de absorção atômica (AAS)

foram descritas detalhadamente por Dedina e Tsalev [2]. Algumas Revisões [3-

45] também fizeram importantes considerações sobre o método de geração de

hidretos em espectrometria atômica. Sem dúvida, a determinação por geração

de hidreto tem sido empregada preferencialmente em AAS, entretanto,

interesse crescente pelo método é reportado empregando-se a espectrometria

de fluorescência atômica (AFS) [6-789]. Geralmente, a introdução de um

analito na forma de hidretos aumenta a sensibilidade e seletividade, e permite

obter limites de detecção com valores muito abaixo das técnicas

convencionais.

Para a determinação de espécies voláteis, empregando-se a geração de

vapor químico, várias considerações devem ser feitas a respeito da reação de

formação de vapor, por cada espécie. A concentração do NaBH4, e o tipo e

concentração do ácido são os fatores mais estudados. Entretanto, cada

espécie formadora de hidreto apresenta particularidades para a reação com o

NaBH4 em meio ácido, podendo depender do seu estado de oxidação, do pH

da solução, do ambiente redutor ou oxidante, dentre outros [10, 11].

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17

A geração de hidreto acoplado às técnicas espectroanalíticas (AAS,

AFS, ICP OES, ICP-MS), exige uma decomposição completa ou dissolução

das amostras antes da análise quantitativa, o que aumenta tanto o tempo de

análise como risco de contaminação da amostra além de perdas de analito por

volatilização [12].

A etapa de pré-tratamento da amostra é reconhecidamente a mais

demorada e trabalhosa do que a análise propriamente dita, sendo os

procedimentos de preparação de amostra para determinação de As e Se

críticos devido à alta volatilidade destes elementos. Esta realidade tem levado

pesquisadores a buscar alternativas mais simples e rápidas de tratamento da

amostra, particularmente para análise de rotina.

Uma alternativa simples para minimização do preparo da amostra é o

emprego da amostragem na forma de suspensão, diminuindo o tempo de

preparo da amostra, reduzindo o risco de contaminação e evitando perdas do

analito por volatilização, além de possibilitar, em muitos casos, utilizar a técnica

de calibração com padrões aquosos [13, 14].

É bem conhecida à toxicidade de arsênio e selênio e outros elementos

que formam hidretos, por isso o interesse no monitoramento desses elementos

em amostras biológicas, ambientais e de alimentos, a fim de controlar suas

concentrações abaixo dos níveis de segurança. Além disso, o selênio também

é considerado essencial, apresentando uma faixa de concentração muito

estreita entre os níveis de essencialidade e toxicidade [15].

O solo, pesticidas, inseticidas e a água utilizada no cultivo agrícola são

as principais fontes de introdução de minerais, tanto essencial quanto tóxico,

em alimentos [16]. Processos antrópicos e eventos naturais como erosão de

solos, erupções vulcânicas, podem causar aumento dos níveis de elementos

tóxicos em águas, alimentos e na atmosfera. Dessa forma, a ingestão de água

e alimentos representam fontes de introdução de elementos no organismo

humano. Dentre as várias técnicas existentes para a determinação desses

elementos em amostras ambientais e de alimentos, as espectroanalíticas se

baseiam na introdução da amostra por nebulização pneumática. Apesar da

simplicidade do processo de introdução da amostra e de sua boa estabilidade,

somente 5% da amostra chega até a chama ou plasma, sendo o restante

descartado no dreno devido à baixa eficiência de nebulização [17]. Assim,

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18

esforços têm sido feitos como alternativa para introdução do analito para

ampliar a faixa de aplicação dessas técnicas.

No presente trabalho, foram desenvolvidos procedimentos para a

determinação de As e Se total, empregando a amostragem de suspensão e

decomposição por via úmida em bloco digestor com sistema de refluxo (dedo

frio) como estratégias analíticas para o preparo de amostra e quantificação

empregando o HG AFS.

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19

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1. O Elemento químico Arsênio

Elemento químico de símbolo As e número atômico 33, é considerado

um semi-metal ou metaloide por possuir características físicas e químicas

pertencentes tanto aos metais quanto aos não metais. Possui massa atômica

75 u e apresenta-se nas condições ambiente como um sólido, pertence ao

grupo 15 A da tabela periódica. Foi descoberto em 1250 por Alberto Magno e

sua aparência varia de acordo com o estado alotrópico em que se encontra:

cinza ou metálico, amarelo e negro. O arsênio cinza metálico é a forma mais

estável nas condições normais [18,19].

Uma de suas principais aplicações é como conservante do couro e da

madeira, uso que representa, cerca de 70 % do consumo mundial. O arsenato

de gálio é um importante semicondutor empregado em circuitos integrados que

são mais rápidos e caros do que os de silício. É utilizado também como aditivo

em ligas metálicas de chumbo e latão. Possui também uma grande aplicação

como herbicidas (arsenito de sódio), inseticida (arsenato de chumbo) e

venenos. Outras aplicações deste elemento são na indústria farmacêutica, do

vidro, cerâmica e metalúrgica. Recentemente voltou-se o interesse

principalmente pelo uso do tri óxido de arsênio para o tratamento de pacientes

com leucemia.

O arsênio e alguns de seus compostos são considerados umas das

substâncias mais tóxicas da história da humanidade. No século V a.C. o

arsênio foi considerado um veneno sendo responsável pelo envenenamento de

várias personalidades como Napoleão Bonaparte e George III da Inglaterra

[20].

O arsênio existe na natureza de diversas formas químicas incluindo

espécies orgânicas e inorgânicas, está presente em mais de 200 minerais,

sendo mais comum nas piritas. Ele é encontrado em 4 estados de oxidação

diferentes: -3, 0, +3 e +5 e está vastamente distribuído na natureza,

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representando uma preocupação para a saúde humana quando se concentra

no meio ambiente tanto por processos naturais como antropogênicos. [21].

Compostos contendo arsênio são utilizados no tratamento de algumas

doenças e na agricultura sendo encontrados nos herbicidas e inseticidas [22]. A

flora e a fauna marinha contêm compostos de arsênio, pois nas vias

metabólicas o nitrogênio e o fósforo podem ser substituídos facilmente por ele

[21]. É o vigésimo elemento mais abundante na crosta terrestre.

Devido a fatores como a dieta humana, a exposição ocupacional e

ambiental, a média de consumo diário de arsênio por um adulto pode variar no

intervalo de 0,025 a 0,033 mg Kg-1dia-1.

A maior fonte de exposição ocupacional do arsênio pelo ser humano é

na produção de pesticidas, herbicidas e outros produtos agrícolas. Já as

maiores fontes de exposição não ocupacional são a ingestão de água e

alimentos contaminados [23].

O arsênio possui altos níveis de toxicidade devida sua facilidade em ser

absorvido tanto oralmente quanto por inalação, sendo a extensão da absorção

dependente da solubilidade do composto [ 24 ]. Uma longa exposição aos

compostos inorgânicos do arsênio pode acarretar diversas doenças tais como:

conjuntivite, hiperpigmentação, hiperqueratose, doenças cardiovasculares,

distúrbios no sistema nervoso central e vascular periférico, câncer de pele e

gangrena nos membros [25, 26]. Quase todo arsênio absorvido localiza-se

inicialmente na fração eritrócito do sangue. O elemento deixa rapidamente a

corrente sanguínea e deposita-se nos tecidos, armazenando-se principalmente

no fígado, rins e pulmões. É depositado nos cabelos, sendo que esta

deposição ocorre cerca de duas semanas após a administração,

permanecendo neste local durante anos. Também é depositado nos ossos

onde ficam longos períodos [27]. Na Tabela 1 são apresentadas as principais

espécies de arsênio. [25].

A urina é a principal via de eliminação dos compostos de arsênio, sendo

cerca de 50% da dose ingerida eliminada por esta via. Além disso, pequenas

porções são eliminadas através da pele, cabelos, fezes, unhas e pulmão [24,

28].

O principal interesse em determinar diferentes espécies de arsênio está

relacionado à diferente toxicidade das espécies. O As (III) é 60 vezes mais

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tóxico do que o As (V) e as espécies inorgânicas são aproximadamente 100

vezes mais tóxicas que as orgânicas. O grau de toxidade das espécies mais

importantes de As segue essa ordem de toxidade: arsenito (III) > arsenato (V) >

monometilarsenato (MMA) > dimetilarsenato (DMA) (V) [25, 29].

A maior fonte não ocupacional de exposição a arsênio é através da

ingestão de água [24] e alimentos, sendo que os alimentos de origem marinha

possuem uma das mais altas taxas de arsênio, mas praticamente todo ele está

na forma orgânica, principalmente como arsenobetaína, que é essencialmente

não tóxica e excretada na urina, sem modificação e com um tempo de

residência curto [30, 31]. O nível de arsênio inorgânico nesses alimentos é

inferior a 1%, sendo que na carne, cereais e outros alimentos ingeridos

diariamente esse nível é superior [30].

Tabela 1: Algumas formas orgânicas e inorgânicas de arsênio [25].

Composto Abreviatura Fórmula

Arsenito As (III) AsO33-

Arsenato As (V) AsO43-

Ácido monometilarsônico MMAA (V) CH3AsO(OH)2

Ácido dimetilarsínico DMAA (V) (CH3)2AsOH

Arsenobetaina AsB (CH3)3As+CH2COO-

Arsenocolina AsC (CH3)3As+CH2CH2OH

2. O elemento químico Selênio

O selênio é um metaloide, que foi identificado em 1817 pelo químico

sueco Jons Jacob Berzelius. Pertence ao grupo 16 da tabela periódica,

possuindo símbolo Se, número atômico 34 e massa atômica 78 u. Está

localizado entre o enxofre e o telúrio, possuindo propriedades químicas e

físicas semelhantes aos mesmos [18].

É encontrados na natureza em 5 estados de oxidação (-2, 0, +2, +4 e

+6), todos eles comumente encontrados na natureza, exceto o +2. Na Tabela 2

são mostrados as principais formas químicas do selênio no ambiente.

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Tabela 2: Principais formas químicas do selênio [32].

Composto Abreviatura Fórmula

Selenito Se (IV) SeO4-2

Selenato Se (VI) SeO3-2

Selenocisteína SeCys HOOCCH(NH2)CH2–Se–H

Selenometionina SeMet HOOCCH(NH2)CH2CH2–Se–CH3

Selenometilcisteína SeCM HOOCCH(NH2)CH2–Se–CH3

Selenocistina HOOCCH(NH2)CH2–Se–Se–

CH2CH(NH2)COOH

O selênio elementar é relativamente pouco tóxico. No entanto, alguns de

seus compostos são extremamente perigosos. Concentrações de seleneto de

hidrogênio, superiores a 0,1 miligramas por metro cúbico de ar, podem ser

bastante prejudiciais ou mesmo letais. A exposição a vapores que contenham

selênio pode provocar irritações dos olhos, nariz e garganta. A inalação desses

vapores pode ser muito perigosa devido à sua elevada toxicidade [33]

É um elemento-traço essencial para os seres humanos e animais,

envolvendo diversas ações fisiológicas. A essencialidade nutricional do selênio

foi relatada pela primeira vez para impedir a necrose hepática em animais de

laboratório, depois disso vários estudos indicaram que o selênio desempenha

um importante papel em muitos aspectos da saúde. Além disso, ele é parte

integrante do sítio catalítico de várias enzimas, inclusive a glutationa

peroxidase [32, 34],

É um micronutriente encontrado no pão, nos cereais, nos pescados, nas

carnes, nas plantas e ovos [35]. Um alimento tipicamente brasileiro e rico em

selênio é a castanha do Pará. Ele é um poderoso antioxidante que ajuda a

neutralizar os radicais livres, estimula o sistema imunológico e intervém no

funcionamento da glândula tireóide [36, 40].

O conteúdo de selênio nas plantas varia de acordo com a sua

concentração no solo, que varia regionalmente. Em todo o mundo há regiões

em que a concentração de selênio no solo é muito baixa, como por exemplo,

regiões do da Austrália, nordeste da China, norte da Correia do Sul, Centro-sul

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da China, Nepal, Tibet e entre outras. Essa deficiência se agrava mais quando

a dieta é derivada inteiramente dos alimentos locais com pouco ou nenhuma

importação de alimentos, essas pessoas que vivem nessas regiões pobres em

selênio tem uma ingestão diária desse elemento muito baixa. Por exemplo, no

Nepal a ingestão é de 23 mg/dia, na China cerca de 26 mg/dia, sendo que o

recomendado é cerca de 55 mg/dia [37]. Existe uma elevada incidência de

doenças relacionadas à deficiência em selênio entre as pessoas que vivem

nessas regiões, inclusive o câncer, devido a isso há uma busca elevada de

agentes naturais como o selênio que possam inibir o desenvolvimento do

câncer, incentivando vários estudos utilizando o selênio para prevenir o câncer

realizado em todo mundo [37, 38].

A deficiência de selênio pode causar: mialgia, degeneração pancreática,

sensibilidade muscular, maior suscetibilidade ao câncer. Por outro lado, o

excesso de selênio pode causar fadiga muscular, colapso vascular periférico,

congestão vascular interna, unhas fracas, queda de cabelo, dermatite,

alteração do esmalte dos dentes e vômito [39].

É muito utilizado em retificadores que convertem corrente alternadas em

contínua. Como sua condutividade aumenta em presença da luz e, porque

pode converter a luz diretamente em eletricidade, é empregado em células

fotoelétricas, em fotômetros e células solares. Quando introduzido em

pequenas quantidades no vidro, o selênio serve como descorante, mas em

grandes quantidades dá ao vidro uma coloração vermelha, útil em sinais

luminosos. É também usado na manufatura de esmaltes para cerâmicas e

derivados do aço, assim como na fabricação da borracha para aumentar a

resistência à abrasão. Os sulfetos de selênio são utilizados em medicina

veterinária e em shampoos anticaspa [35].

O selênio encontrado no meio ambiente é proveniente de fontes naturais

(processos geofísicos e biológicos) e fontes antropogênicas (processos

industriais e agricultura). As primeiras fontes são responsáveis pela presença

do selênio no ambiente, enquanto que as demais, pela redistribuição deste no

ambiente, isto é pela liberação de selênio das fontes geológicas e pela

disponibilização deste para os organismos do ecossistema terrestres e

aquáticos [40].

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No ambiente aquático, o selênio pode existir nas formar inorgânicas

(selenito, selenato, selênio elementar, selenetos metálicos) e orgânicas e seu

estado de oxidação vai depender das condições ambientais [38].

A RESOLUÇÃO do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) Nº

396, de 03 de abril de 2008, que estabelece uma classificação das águas

subterrâneas quanto ao uso e também determina os limites de contaminantes,

estabeleceu o limite máximo de 0,01 mg L-1 para água para consumo humano

[41].

3. Arsênio e Selênio nos alimentos

O monitoramento de contaminantes inorgânicos é de grande relevância

em análises de amostras de alimentos, como também em outras amostras que

necessitam do controle desses contaminantes. Assim sendo, a determinação

de elemento traço de interesse toxicológico é de relevância no contexto

econômico e na saúde pública [36].

Em geral, a concentração de metais e metaloides nos alimentos é

influenciada por fatores ambientais, pois estão presentes na atmosfera, na

água, em solos, sedimentos e pela ação de vulcões, no caso do arsênio. O

processamento desses alimentos com o uso de fertilizantes, pesticidas,

herbicidas, água de irrigação contaminada, contaminação do ar e outros,

podem levar esses metais aos alimentos.

3.1 Arsênio

O arsênio ocorre naturalmente nos alimentos, embora certas quantidades

devam ser somadas como resultado da contaminação devido sua presença no

ambiente. Alimentos de origem animal e vegetal possuem geralmente teores de

arsênio menores que 1mg Kg-1, exceto produtos de origem marinha que podem

possuir teores mais elevados. A ingestão de arsênio total vai depender da

quantidade desses alimentos na dieta humana. Na tabela 3, estão os limites

máximos de arsênio para algumas classes de alimentos definidos pela Agência

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Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) na portaria nº 685, de 27 de agosto

de 1998 [42].

Tabela 3: Limites máximos de arsênio em alimentos definidos pela ANVISA.

Alimentos Limites (mg Kg-1)

Gorduras vegetais 0,1

Gorduras e emulsões refinadas 0,1

Gorduras hidrogenadas 0,1

Açúcares 1,0

Caramelos e balas 1,0

Bebidas alcoólicas fermentadas 0,1

Bebidas alcoólicas fermento-destiladas 0,1

Cereais e produtos a base de cereais 1,0

Gelados Comestíveis 1,0

Ovos e produtos de ovos 1,0

Leite fluído pronto para o consumo 0,1

Mel 1,0

Peixe e produtos de peixe 1,0

Produto de cacau e derivados 1,0

Chá, mate, café e derivados. 1,0

La Guardia e colaboradores desenvolveram um método simples e

sensível para determinação de arsênio total por Espectrometria de

Fluorescência Atômica com Geração de Hidretos (HG AFS) em amostras de

bebidas refrescantes como refrigerantes, chás e suco de frutas, obtendo limites

de detecção que variaram de 0,01 a 0,03 ng mL-1 [43].

Já Capar et al. propôs um método para determinação de arsênio, selênio,

antimônio e telúrio em tecidos de peixe utilizando a Espectrometria de

absorção atômica com geração de hidretos (HG AAS), obtendo limites de

detecção de 10 a 20 ng g-1 [44].

Montorro e colaboradores propuseram um método para determinação de

arsênio total e suas espécies inorgânicas no arroz cru e cozido, visando

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determinar sua biodisponibilidade, para tanto eles simularam uma digestão

gastrointestinal, o As (V) foi à espécie mais encontrada [45].

3.2 Selênio

O selênio está presente na maioria dos alimentos, sendo que podemos

encontrar boas fontes deste elemento nos frutos secos (especialmente na

castanha do Brasil), peixe, marisco, vísceras (rins ou fígado) e nas carnes. Os

cereais, verduras e outros alimentos vegetais também contêm selênio, contudo,

o seu teor varia de acordo com o tipo de solo a partir do qual se desenvolvem

[46].

A quantidade dietética recomendada de selênio para homens e mulheres

é 55 µg dia-1, para mulheres grávidas e em lactação esse valor aumenta para

60 e 70 µg dia-1, respectivamente, ver tabela 4 [47]. A deficiência de selênio

pode causar doenças como a de Keshan que provoca o aumento do coração e

seu mau funcionamento, essa doença tem ocorrido na China onde o consumo

de selênio é inferior a 19 µg dia-1 para os homens e 13 µg dia-1para as

mulheres. A deficiência de selênio também pode afetar a função da tireoide

porque o selênio é essencial para síntese do hormônio ativo [48].

Tabela 4: Ingestão diária de selênio recomendada pela ANVISA

Ingestão diária recomendada (µg dia-1)

Lactente Crianças (anos) Adultos Gestantes Lactantes até 1

ano

0 - 0,5 anos 0,5 - 1 1 - 3 4 - 6 7 - 10

10 15 20 20 30 70 65 75 Fonte: Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA Portaria n.33/1998

Por outro lado, um consumo demasiado de alimentos ricos em selênio

pode levar a uma condição chamada de selenoses, na qual os sintomas são:

queimação no estômago, perda de cabelo, unhas marcadas de brancas, e

alguns danos no nervo, por isso que Instituto de Medicina dos Estados Unidos

estabeleceu o limite máximo de ingestão de selênio de 400 µg/dia para adultos

[47, 49].

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Inúmeras pesquisas mostram que a concentração de selênio nos

alimentos pode apresentar grande variação, dependendo dos teores presentes

no solo. Em função da importância do selênio, é necessário conhecer a

composição nutritiva dos alimentos, de forma a garantir um consumo adequado

desse elemento por parte da população [50].

Jordão e colaboradores determinaram os teores de selênio em alguns

alimentos consumidos no Brasil, dentre eles feijão, arroz, farinha, abacate,

abacaxi e banana da terra. Os teores mais elevados de selênio foram

encontrados nos produtos de origem animal, sobretudo nos pescados, e nos

produtos derivados do trigo [36].

Muller et al. determinaram selênio em água e leite de cocô utilizando a

espectrometria de absorção atômica com atomização eletrotérmica em forno de

grafite, eles concluíram que esses alimentos podem ser úteis como fontes de

selênio facilmente disponíveis à população [51].

4. Geração de Hidretos

A geração de hidretos compreende um processo de derivatização

química no qual são produzidos hidretos voláteis, a partir do tratamento da

amostra com um agente redutor, que pode ser um metal ou um reagente

específico que na maioria das vezes é o tetrahidroborato de sódio (NaBH4), em

meio acidificado [52,53]. Nos primeiros trabalhos, os sistemas de redução

metal/ácido eram os mais comumente utilizados. Embora melhorassem o sinal

analítico, o uso desses sistemas foi associado com algumas limitações como:

elevado tempo requerido para formação do hidreto, o sistema de coleta era

susceptível à interferência e perda, e a sensibilidade era limitada devido ao

amplo fator de diluição do hidreto durante a etapa de introdução na chama de

difusão argônio/hidrogênio [53, 54].

Está técnica vem sendo abordada como uma excelente alternativa de

introdução de amostra em determinações espectrométricas, uma vez que

separa o analito da matriz, aumenta a eficiência de transporte do analito em

relação aos nebulizadores comumente empregados para introdução de

amostra, melhora a sensibilidade e o limite de detecção [55].

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O acoplamento da espectrometria com a geração de hidretos para

determinação de elementos traço se difundiu rapidamente em virtude das

várias vantagens apresentadas e de sua simplicidade. Ela se baseia na

geração de hidretos voláteis à temperatura ambiente após reação do

tetrahidroborato de sódio com um determinado elemento em meio ácido. Em

geral, esta técnica se aplica aos elementos: arsênio [ 56 ], bismuto [ 57 ],

germânio [58], chumbo [58], antimônio [59], selênio [60], telúrio [57] e estanho

[61], os quais nestas condições formam hidretos covalente estáveis [62, 63].

O primeiro trabalho utilizando a geração de hidretos foi o trabalho de

Holak [64], onde o zinco metálico foi utilizado como redutor para produzir a

arsina, pela redução do arsênio presente na amostra acidificada, sendo a

arsina transportada para a atomização por um espectrômetro de absorção

atômica com chama (FAAS).

A técnica baseia-se na conversão da espécie de interesse em um

hidreto covalente gasoso que, por meio de um gás de arraste, é transportado

ao atomizador, onde ocorre sua atomização. O processo de determinação

espectrométrica por geração química de hidreto pode ser dividido em três

partes: a geração do hidreto volátil, o transporte do hidreto volátil para o

atomizador (que inclui também sua liberação da solução) e a

atomização/quantificação dos hidretos.

4.1 Sistema de Redução NaBH4/Ácido

Em 1972 foi proposta uma nova abordagem para geração de hidretos

utilizando soluções redutoras de tetrahidroborato de sódio (NaBH4) (que

precisam ser estabilizadas em meio alcalino) para geração de hidretos de

arsênio e antimônio [65]. Com o emprego do NaBH4, o número de elementos

determináveis por geração de hidretos aumentou, passando a incluir elementos

como bismuto, germânio, chumbo, estanho e telúrio [66].

O sistema que utiliza do NaBH4 em meio alcalino como agente redutor

para formação dos hidretos voláteis se mostra o mais eficiente com maior

reprodutibilidade nas medidas e cinética de reação mais definida do que outros

sistemas, além de possibilitar automação [53, 67]. O NaBH4 ao longo do tempo

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se degrada, por isso deve ser preparado em meio alcalino, pouco antes do uso.

[ 68 ]. Mas, a concentração da base deve ser adequada para não causar

supressão no sinal analítico.

Geralmente, a concentração de NaBH4 depende da espécie analítica a

ser determinada e do sistema proposto para geração de hidretos. Os trabalhos

na literatura recomendam o uso da solução de NaBH4 na faixa de 0,5 – 10 %

(m/v), em solução aquosa estabilizada por 0,1 – 2,0 % (m/v) de KOH ou NaOH.

No sistema NaBH4/ácido, o HCl é o mais utilizado, embora H2SO4 e HNO3

também possam ser usados.

O NaBH4 é o agente redutor mais empregado em geração de hidreto por

mostrar-se mais eficiente e versátil, podendo ser empregado tanto por sistemas

em batelada quanto por sistemas em fluxo, visto sua rápida cinética de reação

e maior reprodutibilidade, qualquer que seja o método de detecção empregado

[53].

4.2 Mecanismos de Geração de Hidreto utilizando o NaBH4

O primeiro mecanismo descrito para a geração de hidreto [69] indica que

o processo ocorre a partir da evolução de hidrogênio atômico, também

chamado de hidrogênio nascente, que é formado pela hidrólise ácida do agente

redutor, a qual pode ser representada pela equação 1, do ponto de vista global

e estequiométrico sem envolver o mecanismo complexo e a cinética de reação

[53].

Equação 1: BH4- + H+ + 3H2O H3BO3 + 8H

Após a formação do hidrogênio nascente, há a derivatização do

elemento para o hidreto equivalente, conforme representado pela equação 2. O

hidrogênio atômico em excesso, que não reagiu, forma hidrogênio molecular,

que é um dos produtos finais da hidrólise ácida do tetraborato de sódio.

Equação 2: Am+ + (m+n)H AHn + mH+

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Onde, ‘A’ é o analito de interesse, ‘m’ o estado de oxidação do analito e

‘n’ o número de coordenação do hidreto.

Outro mecanismo vem sendo proposto por autores que discordam com a

hipótese de formação do hidreto a partir do hidrogênio nascente D’ULIVO [70,

71 ] e seus colaboradores propõem a transferência gradual de átomos de

hidrogênio do borano para o substrato analito após formação de complexos

intermediários analito-borano. Segundo essa hipótese, o mecanismo pode ser

escrito pelas equações 3 e 4 [66, 72]:

Equação 3: NaBH4 + H3O+ + 2H2O → intermediários → H3BO3 + H2

Equação 4: NaBH4/intermediários + A → AHn

O uso de reagentes deuterados em vários trabalhos tem demonstrado

que o hidrogênio ligado diretamente ao boro é o responsável pela formação do

hidreto. Em um destes estudos com reagentes deuterados [73], foi observado

que a reação de As (III) e As (V) com NaBD4 em HCl 3 mol L-1 e H2O foi obtida

como principal produto AsD3 e quando se utilizou NaBH4 em DCl e D2O, foi

obtido como principal produto o AsH3. Assim, os autores puderam afirmar que a

arsina foi produzida a partir da transferência do hidrogênio ligado diretamente

ao boro. Segundo os autores, caso o hidrogênio nascente estivesse envolvido

no processo de geração do hidreto, o principal produto seria AsHnD3-n.

4.3. Transporte dos hidretos voláteis

O transporte do hidreto ao sistema de detecção pode ser feito de duas

maneiras: transferência direta ou coleta.

Na transferência direta o hidreto é transportado para o atomizador com o

auxílio do fluxo de um gás inerte, conhecido como gás carreador, e também

com o auxílio do gás hidrogênio formado durante a geração do hidreto. Os

gases inertes empregados são o nitrogênio e o argônio [74, 53].

Já na coleta, as espécies voláteis formadas são coletadas em

armadilhas localizadas entre o frasco reacional e o atomizador, para

posteriormente serem transportadas.

Procedimentos envolvendo a coleta do hidreto foram muito utilizados

quando os agentes redutores metal/ácido eram empregados. Estas reações

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eram relativamente lentas, podendo levar alguns minutos. Assim, a coleta do

hidreto e sua liberação ao sistema de medida produziam sinais maiores, devido

à pré-concentração, e aumentando a reprodutibilidade [75].

4.4 Atomização e mecanismo de atomização de hidretos

Os atomizadores de hidreto têm como finalidade converter o hidreto do

analito a seu átomo livre com o máximo de eficiência. Muitas técnicas de

espectrometria atômica são acopladas a geração de hidretos, o que gera uma

gama de possibilidades de atomizadores empregados. Dentre as técnicas, a

mais amplamente acoplada à geração de hidretos é a Espectrometria de

Absorção Atômica (AAS), a qual apresenta como possibilidades de

atomizadores: a chama, o tubo de quartzo aquecido externamente, o tubo de

quartzo com chama interna e o forno de grafite.

A atomização em chama foi amplamente empregada quando se

trabalhava com geração de hidretos. O hidreto gerado era diretamente

introduzido em uma chama de ar-hidrogênio-argônio/nitrogênio, mas isso

resultava em uma menor sensibilidade devido à diluição do hidreto nos gases

da chama e em maiores limites de detecção devido à alta absorção de fundo e

ruídos [53].

Desde sua introdução em 1972 por Chu e colaboradores [ 76 ], os

atomizadores de tubo de quartzo tornaram-se os mais utilizados para

determinação de metais por geração de hidreto. Estes tubos são

confeccionados em forma de T, os quais são alinhados ao caminho óptico do

aparelho [53,54]. Os tubos de quartzo podem ter aquecimento externo

realizado por uma chama ou uma manta resistora e interno por uma chama de

oxigênio-hidrogênio ou ar-hidrogênio gerada próxima à junção do braço central

com a parte principal do tubo. Este sistema de atomização apresenta uma série

de vantagens como alta sensibilidade, baixo ruído de fundo e limites de

detecção adequados para determinação de diferentes espécies que geram

hidreto [53, 77].

A atomização do hidreto em forno de grafite pode ser dividida em dois

tipos: atomização direta, na qual o hidreto é transportado do frasco reacional

para o forno de grafite, onde é imediatamente atomizado, e a atomização após

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captura in situ do hidreto no forno. O sistema de atomização direta no forno de

grafite apresenta uma menor sensibilidade quando comparado com a

atomização após coleta in situ e a atomização com tubo de quartzo [54].

Elevadas temperaturas de plasmas e chamas permitem um mecanismo

de atomização via decomposição térmica. Em tubos de quartzo, as

temperaturas são relativamente baixas, menores que 1000 °C, assim, a

atomização não deve ser provocada devido à decomposição térmica [53].

Acredita-se que a atomização dos hidretos gasosos no tubo de quartzo

aquecido ocorre devido aos átomos de hidrogênio livres. Foi observado que o

As não produz sinal de atomização quando a arsina é introduzida em uma

célula de quartzo aquecida, em uma atmosfera contendo apenas o gás inerte

[78]. O fato da influência do hidrogênio, na atomização do hidreto de As ser

menor em temperaturas maiores no forno de grafite sugere que o mecanismo

de atomização por decomposição térmica desempenha a principal função.

Os mecanismos envolvidos na atomização da arsina, em atomizadores

de tubo de quartzo, são dependentes da reação do hidreto com radical

hidrogênio presente no interior do tubo, sendo necessário um suprimento de

oxigênio [79]. Para a formação dos radicais hidrogênio, traços de oxigênio

desempenham um papel fundamental, conforme é apresentado nas reações

abaixo, descritas pelas equações 5 a 7.

Equação 5: H + O2 OH + O

Equação 6: O + H2 OH + H

Equação 7: OH + H2 H2O + H

Assim, a decomposição da arsina pela ação da temperatura e colisão

com radicais hidrogênio, resultando em átomos livres em fase gasosa, pode ser

descrito pela equação 8:

Equação 8: AsH3 H AsH2 + H2 H AsH + H2 As + H2

H

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São diversas as vantagens atribuídas à geração química de vapor. O

fato de, geralmente, apenas o analito formar a espécie volátil, previne possíveis

interferências que poderiam ser causadas pela presença de concomitantes.

Além disso, por ser um sistema de introdução mais eficiente do que aqueles

baseados na nebulização pneumática convencional, sendo que o transporte da

espécie volátil formada, embora dependendo do rendimento da reação, da

eficiência da purga e do transporte ao atomizador, pode alcançar 100%. A

elevada eficiência no transporte do analito proporciona uma maior

sensibilidade, implicando em melhores limites de detecção, a níveis de µg/Kg a

ng/Kg. O confinamento do vapor atômico no volume definido pela célula de

quartzo aumenta a densidade de átomos no caminho óptico, assim como o

tempo de residência, podendo a eficiência de atomização chegar a 100% [54,

80].

4.5 Interferências

Embora a geração de hidretos seja uma técnica na qual, diversas

interferências de análise são eliminadas e/ou minimizadas, em alguns casos,

algumas interferências podem ocorrer, podendo estar relacionadas a diferentes

fases do processo (fase líquida, fase gasosa e interferências espectrais.).

O primeiro grupo ocorre na fase líquida, durante a formação do hidreto

ou durante a transferência do hidreto da solução, devido às mudanças de

velocidade de formação do hidreto e/ou diminuição na eficiência de formação

do hidreto [53].

A interferência na fase líquida pode ser causada pelo efeito da matriz ou

por elementos de diferentes estados de oxidação. Neste último caso, a

interferência acontece porque ocorre uma competição para a redução das

diferentes espécies químicas, resultando numa baixa formação do hidreto.

Neste caso, existe a necessidade de decompor completamente o material

orgânico durante pré-tratamento da amostra que contém a espécie analítica de

interesse. Uma decomposição incompleta da matéria orgânica resulta na

formação de um excesso de espuma que pode reter algum hidreto formado [52,

53, 66].

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A interferência devido ao efeito da matriz ocorre quando a matriz afeta a

eficiência da formação do hidreto. Neste caso, alguns ácidos inorgânicos (ácido

nítrico e sulfúrico), usados em procedimentos de digestão da amostra, afetam

drasticamente a formação do hidreto de interesse. A interferência destes ácidos

é maior em atomizadores de tubos fechados do que em tubos de quartzo

abertos.

Para controle destas interferências na fase líquida, muitas propostas já

foram e ainda estão sendo sugeridas. Dentre elas têm-se: a busca de uma

condição que permita o mínimo de tempo de residência do hidreto formado na

mistura reacional (matriz), o uso de agentes mascarantes, utilização de

procedimentos de separação para remover os interferentes inorgânicos e

otimização das condições críticas da concentração do ácido e do agente

redutor, a fim de obter condições experimentais que permitam maiores razões

interferente/analito nas determinações [53].

As interferências da fase gasosa podem ocorrer no volume morto do

frasco de reação, na linha de transporte ou no atomizador. As interferências

que ocorrem ao longo do transporte do hidreto, já liberado da solução para o

atomizador, pode causar atraso e/ou perdas; as que ocorrem no processo de

atomização estão relacionadas ao excesso de outro elemento formador de

hidreto, o que traz como consequência, a diminuição do sinal analítico. Este

tipo de interferência pode ser interpretado de duas maneiras: o interferente

pode promover o declínio da concentração dos radicais H no interior do

atomizador, ou acelerar o decaimento dos átomos livres do analito no

atomizador, via reação analito-interferente, que podem resultar na formação de

moléculas diatômicas estáveis [54].

As interferências espectrais promovem aumento do sinal analítico. Elas

ocorrem quando o detector interpreta um sinal, que não o do analito, como se

dele fosse. Podem ser causados pela presença de espécies atômicas que

absorvam ou emitam radiação no mesmo comprimento de onda que o analito.

Este tipo de interferência é muito raro na absorção e fluorescência atômica.

Outra possibilidade de interferência é a presença de espécies moleculares ou

partículas no caminho óptico que atenuem a radiação primária. Em se tratando

de geração de hidretos, essas interferências são usualmente insignificantes,

devido à separação do analito da matriz [54].

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Muitos procedimentos são utilizados para eliminar ou minimizar a

interferência dos elementos tanto na fase líquida quanto na fase gasosa. O

procedimento mais simples é aumentar a acidez do meio reacional. Outro

procedimento é alterar a quantidade de NaBH4 [81].

Além disso, vários reagentes são usados para minimizar e eliminar o

efeito dos interferentes. Na maioria dos casos são utilizados bases de Lewis,

que podem funcionar como ligantes, sendo que alguns são agentes redutores

ou complexantes, tais como: EDTA, KI [82], tiuréia [83], ácido ascórbico, KCN,

1,10-fenantrolina e L-cisteína.

Outra maneira bastante eficiente para eliminar ou minimizar o efeito de

interferentes é o uso de métodos de separação e pré-concentração. Gurkan e

colaboradores empregaram a metodologia do ponto nuvem para separar e pré-

concentrar espécies de arsênio em amostras de água, para posterior

quantificação por HG AAS [84]. Já Turker et al., utilizou a pré-concentração em

fase sólida, usando um adsorvente hibrido de nano partículas de dióxido de

zircônio e óxido de boro para especiação e determinação de As (III), As (V) e

As total em amostras de água por HG AAS [85].

5. A Espectrometria de Fluorescência Atômica

A espectrometria de fluorescência atômica é amplamente empregada

com a geração de hidretos. Este acoplamento constitui uma técnica analítica de

relativa simplicidade e baixo custo. É muito sensível, seletiva para alguns

elementos como: mercúrio, arsênio, selênio, bismuto, antimônio, telúrio,

chumbo e cádmio, por isso o seu acoplamento com a geração de hidretos vem

crescendo bastante nos últimos anos [86].

É uma técnica de análise elementar que envolve o uso de uma fonte de

radiação com comprimento de onda característico para excitar átomos livres na

forma de vapor a um nível de energia mais alto que o nível fundamental. A

excitação dos átomos do analito é seguida por um processo de relaxamento,

que envolve a emissão de radiação de fluorescência, de comprimento de onda

igual ao fornecido pela fonte, portanto, a energia emitida como radiação

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fluorescente pela amostra é proporcional à radiação ressonante absorvida por

ela [86].

Na espectrometria de fluorescência atômica com geração de hidretos, o

atomizador utilizado na decomposição do hidreto é uma chama de difusão, rica

em radicais H, que atua facilitando o processo de atomização dos hidretos [86].

A instrumentação básica de um AFS é semelhante aos de AAS e AES,

exceto que a fonte de luz e o detector são localizados em um ângulo reto,

como mostra a figura 1. Consiste de uma fonte de radiação, um atomizador, um

seletor de comprimento de onda e um detector [86]. A radiação emitida pela

lâmpada de cátodo oco não deve alcançar o detector, pois este interpretaria a

radiação emitida pela lâmpada como sinal analítico. O uso de filtros

adequados, associado ao arranjo do equipamento, no qual a fonte emissora se

encontra a 90º do detector, minimizam o espalhamento da radiação na célula

de atomização [86].

O AFS oferece grandes vantagens em termos de linearidade e níveis de

detecção, o que tem melhorado em função da qualidade das lâmpadas

empregadas como fontes de excitação. Suas limitações, como espalhamento,

supressão da fluorescência e emissão de fundo, dependem dos níveis de

impurezas das amostras, mas a separação analito-matriz, inerente à geração

de hidretos, favorece sua associação à detecção por fluorescência atômica [54,

86].

La Guardia e colaboradores (2011) desenvolveram um sistema não

cromatográfico para determinação de Sb (III), Sb (V), Te (IV) e Te (VI) em

amostras de cereais. O procedimento baseia-se na extração assistida por

ultrassom e na determinação por espectrometria de fluorescência atômica

acoplada com geração de hidretos (HG AFS) [87].

Wang and Zhang determinaram arsênio, bismuto, telúrio e selênio em

amostras de solo utilizando um HG MC AFS (Espectrômetro de fluorescência

atômica multi canal com geração de hidretos). Esse equipamento permitiu a

determinação simultânea de todos esses analitos com boa precisão e baixos

limites de detecção [88].

Campos et al. determinou arsênio total em água do mar, utilizando o HG

AFS, eles conseguiram limite de detecção de 36 ng L-1, comprovando assim

mais uma vez a sensibilidade da técnica [89].

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Leal e colaboradores acoplaram um sistema de injeção em fluxo ao HG

AFS para determinação online de dimetilarsênio (DMA) e arsênio inorgânico

total, a utilização de uma lâmpada UV permitiu a foto-oxidação online do DMA

para posterior quantificação no HG AFS, o método proposto foi aplicado em

diversas amostras de águas mostrando-se preciso, sensível e exato [90].

Figura 1: Representação esquemática do AFS (AURORA INSTRUMENTS)

6. Métodos de preparo de amostra

O preparo de amostra é uma das etapas mais importantes de toda a

sequência analítica, pois ela é responsável pelo maior custo e constituem a

maior fonte de erros na sequência analítica [91].

Grande parte das técnicas analíticas requer que a amostra seja

convertida em uma solução, devendo ser submetida a um tratamento

adequado visando a determinação do(s) analito (s). Este tratamento pode

variar desde um simples polimento da superfície de uma amostra, até a

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completa transformação da amostra sólida em uma solução compatível com o

método de determinação. A maneira de se decompor a amostra para a análise

depende da sua natureza, do elemento a ser determinado e sua concentração,

do método de determinação, e da precisão e exatidão desejada [91].

6.1 Amostragem por suspensão

Suspensão é um fluido heterogêneo contendo partículas dispersas com

diâmetro maior que 1 µm. A fase sólida é dispersa no fluido por agitação

mecânica. Nas suspensões, geralmente, ocorre a sedimentação das partículas

quando o meio está em repouso e quando não são usados agentes

estabilizantes [91]

A amostragem por suspensão tem sido proposta como uma boa

alternativa para o preparo de amostra quando comparada aos métodos de

decomposição. Ela apresenta diversas vantagens, dentre as quais pode-se

destacar:

Diminuição do tempo de preparo das amostras;

Menor consumo de ácidos concentrados;

Menor possibilidade de perdas do analito pela formação de

resíduos insolúveis ou por volatilização;

Menor possibilidade de contaminação

É bastante aplicável à determinação de elementos voláteis por

abordagens de geração de vapor químico [91, 92].

Considerando as vantagens citadas, a amostragem de suspensão tem

sido objeto de pesquisa para determinação de vários elementos acoplada à

geração de vapor químico [93, 94, 95]. Entretanto, a precisão dos métodos

analíticos envolvendo a amostragem de suspensão está intimamente

relacionada com a homogeneidade da amostra analisada. Considerações

sobre a homogeneidade da amostra é crucial para emprego desta técnica,

porque a quantidade de amostra suspensa pode não ser representativa da

composição real da amostra global [91,92]

Vários métodos têm sido propostos para a determinação de arsênio

considerando o método de amostragem de suspensão em matrizes sólidas

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após uma etapa de geração de hidreto [92]. Essa abordagem foi aplicada com

sucesso para a determinação de arsênio em diversas amostras sólidas por HG

AAS. Desde então, vários métodos, usando amostragem de suspensão e

geração de vapor químico, têm sido propostos [96], como a determinação de

As, Sb, Se, Te, e Bi em leite por HG AFS [97], determinação de chumbo em

sedimento e lodo de esgoto por HG-ICP OES [98] e determinação de arsênio

em amostras de arroz integral, branco e parboilizado [99].

6.1.1 Preparo das suspensões

Vários fatores devem ser considerados quando se emprega a

amostragem de suspensão, como: método de moagem; granulometria;

solvente; particionamento do analito; massa da amostra e proporção de volume

de diluente; reagentes estabilizantes e sistema de homogeneização da

suspensão [92].

Vários métodos de moagem mecânica têm sido utilizados para o preparo

de suspensões. A escolha do equipamento adequado depende das

características da matriz, principalmente da sua dureza. Geralmente, as

técnicas de moagem podem ser aplicadas a uma grande variedade de

materiais, principalmente se a amostra for previamente submetida a uma etapa

de secagem [91].

Em geral, os procedimentos de moagem convencional são apropriados

para o preparo de suspensões de amostras de alimento que estejam na forma

de pó ou que tenham sido secas antes da moagem, mas não são eficazes para

redução do tamanho de partículas de alimentos com elevador teores de água,

fibras e gorduras. Para essas matrizes o procedimento de moagem mais

indicado é a moagem criogênica [91]. O tamanho das partículas tem papel

decisivo na estabilidade das suspensões durante a aspiração, transporte ou

introdução da amostra, assim como na eficiência da atomização.

Os solventes empregados para o preparo das suspensões são

componentes importantes, pois podem funcionar como diluentes extratores do

elemento de interesse para a fase líquida, de modo que a eficiência da

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transferência influencia para melhorar a exatidão e precisão do método [92,

100].

A quantidade de analito extraído das partículas para o solvente pode ser

influenciado pela matriz da amostra, a natureza do analito, a interação entre o

analito e a matriz, o tamanho das partículas, o tipo e a concentração do

solvente e o tempo de exposição ao solvente. A seleção do solvente é

comumente feita com base na matriz da amostra, características do analito e a

técnica de detecção [92, 100].

A quantidade de amostra sólida e volume de diluente devem ser

selecionados tendo em conta tanto a homogeneidade da amostra como o nível

de concentração final do analito que possa ser quantificado. Com uma

proporção adequada, entre massa e volume de diluente, para um determinado

método analítico, uma relação linear da quantidade de suspensão da amostra

contra o sinal analítico deve ser esperada. Entretanto, é importante afirmar que

as suspensões com proporções diferentes entre massas de amostra e volumes

de diluentes, podem fornecer resultados analíticos completamente diferentes

[101, 102].

A amostragem em suspensão pode ser combinada com a maioria das

técnicas espectroanalíticas, como FAAS, GFAAS, ICP OES, ICP-MS [103], HR

CS FAAS, HG AFS [104] e CV AFS [105]. Lin e Jiang propuseram um método

utilizando a amostragem em suspensão para determinação de As, Cd, Hg e Pb

em ervas por ICP-MS [ 106 ]. Já Souza et al, utilizou a amostragem em

suspensão como preparo para a amostra de adoçantes sólidos e determinaram

Ca, Cd, Cu, Co, Fe, Mg, Mn, Na, Ni, Pb, Se e Zn, por ICP OES [107]. Bezerra e

colaboradores desenvolveram a amostragem em suspenção para

determinação de manganês e zinco em folhas de chá por FAAS [108]. Brandão

et al propuseram um método baseado na amostragem em suspensão para

determinação de ferro em leite em pó fortificado por HR CS FASS [109]. Já

Aranda e colaboradores utilizaram a amostragem em suspensão para

determinação de um elemento volátil (mercúrio) que é facilmente perdido nos

procedimentos de preparo de amostras convencionais, em sangue humano e

quantificação por CV AFS [110].

Um fator muito importante quando se fala de amostragem em suspenção

é a avaliação das estratégias de calibração.

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Em vários trabalhos utilizando amostragem de suspensão e empregando

a geração de hidreto como estratégia para a introdução do analito no sistema

de detecção, a técnica de calibração com padrões aquosos pôde ser

empregada com êxito [111, 112, 113]. Em alguns trabalhos, padrões aquosos

não puderam ser empregados para a calibração devido à interferência da

matriz. Esta interferência é verificada pela diferença entre as inclinações das

curvas com padrões aquosos e a técnica de adição de analito. Neste contexto,

estratégias como calibração com adição de analito [114, 115], adição de analito

e diluição isotópica [95], calibração com adição de padrão interno [116], foram

empregadas para a quantificação de As por amostragem de suspensão e

geração de hidreto, utilizando técnicas espectroanalíticas.

6.2 Decomposição da Matéria orgânica

A maioria das técnicas analíticas empregadas para determinação

elementar utiliza a introdução da amostra na forma de solução, na qual o

analito esteja numa forma disponível para a determinação. Assim, em geral,

devem-se utilizar procedimentos de preparo de amostra que levem a total ou

parcial destruição da matéria orgânica existente em grandes proporções na

maioria das matrizes de alimentos [117]. A decomposição pode ocorrer por via

seca ou úmida, sendo a primeira também chamada de calcinação ou

incineração e a segunda, comumente chamada de digestão.

A digestão por via úmida pode ser realizada em sistemas fechados

(forno de micro-ondas, bombas de digestão) e/ou em sistemas abertos (placa

de aquecimento, bloco digestor) por um ácido ou pelas misturas de ácidos

[118]. A digestão da amostra por via úmida em sistema aberto (à pressão

atmosférica) é uma das técnicas mais antigas e usadas para a decomposição

de matéria orgânica e inorgânica [119].

6.2.1. Digestão por via úmida utilizando radiação micro-ondas

A decomposição de matérias orgânicas por via úmida implica em

aquecimento da amostra na presença de um ácido mineral oxidante

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concentrado, de misturas de ácidos oxidantes, ou mistura de um ácido oxidante

com peróxido de hidrogênio. Torna-se possível oxidar completamente a maioria

das amostras, deixando os elementos a serem determinados na solução ácida

em formas inorgânicas simples e apropriados para análise, se os ácidos forem

suficientemente oxidantes, e se o aquecimento for feito a temperaturas

elevadas durante um período de tempo adequado.

A digestão assistida por micro-ondas em sistema fechado tem sido um

dos métodos de preparo de amostra mais utilizados, principalmente quando se

quer determinar elementos voláteis. Essa técnica apresenta diversas

vantagens como: o tempo de digestão é reduzido, a quantidade de reagente

utilizado é pequena, menor risco de contaminação da amostra. Dentre suas

principais limitações estão: o tempo necessário para se resfriar os fracos, que

podem levar horas, a limitação na quantidade de amostra a ser digerida [91].

6.2.2. Decomposição por via úmida utilizando bloco digestor com “dedo

frio”

O preparo de amostra envolvendo o sistema de refluxo com “dedo frio”

permite digerir amostras em bloco digestor para determinação de elementos

voláteis, pois a perda dos elementos por volatilização é evitada devido a

condensação provocada pelo sistema de refluxo formado pelo “dedo frio”. Essa

técnica combina vantagens como: massas de amostras e volumes dos

reagentes que não são críticos, ou seja, pode utilizar uma quantidade maior de

amostra ou de reagentes sem risco de explosão e pode-se trabalhar com

diversos tipos de amostras, tanto orgânicas como inorgânicas [120].

Os primeiros métodos de preparo de amostra envolvendo sistema de

refluxo para condensação de espécies voláteis foram utilizando condensadores

convencionais, apesar de altamente eficazes, mas não são práticos quando se

tem um grande número de amostras para digerir.

O dedo frio é um tubo de vidro em forma de dedo que é colocado sob o

tubo de digestão (Figura 2). Água fria é colocada dentro do dedo frio para

resfriar a parte superior do tubo digestor, provocando assim o refluxo e

condensação das espécies voláteis evitando a perda por evaporação. Os

ácidos utilizados na digestão, também são condensados, isso pode gerar uma

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vantagem ou uma desvantagem, a vantagem é que poucos reagentes precisam

ser adicionados porque é pouco consumido o que diminui o risco de

contaminação e a desvantagem é que a solução resultante da digestão

normalmente tem uma concentração elevada de ácidos. Esse inconveniente

pode ser resolvido através de uma diluição da amostra quando possível, ou

preparar a curva na mesma concentração das amostras [120].

Vários autores já utilizaram o sistema de refluxo com dedo frio para

determinação de elementos voláteis e comprovando a eficiência do método.

Como Ribeiro e colaboradores que utilizaram o dedo frio para preparar

amostras biológicas e determinar mercúrio por CV AAS, ele atingiram uma

temperatura máxima de 120º C, material de referência certificado foi analisado

comprovando assim a exatidão e precisão do método proposto [121].

Ferreira et al., utilizou do sistema de refluxo com dedo frio para digerir

amostras de vegetais e determinar chumbo por ETAAS, foi utilizado um

material de referencia certificado de folhas de espinafre e o valor encontrado foi

compatível ao do certificado. O método também se mostrou preciso com

valores de RSD % abaixo de 4,27 [122].

Ribeiro et al., utilizou três procedimentos para preparar amostras de

carne e quantificar Cd, Pb e Sn por GFAAS. Os procedimentos foram: digestão

ácida utilizando o dedo frio, solubilização com hidróxido tetrametilamônio e

ácido fórmico. Teste de adição e recuperação foi realizado assim também

como análise de vários materiais de referência certificados de carne, e foi

observado que os melhores resultados foram obtidos com as amostras

submetidas à digestão ácida [123].

Ferreira e colaboradores propuseram um método direto para

determinação de cádmio em vinho por GFAAS. Durante o processo de

validação outro método de preparo de amostra foi utilizado, o sistema bloco

digestor com dedo frio. O método de regressão linear foi utilizado para

comparar os resultados obtidos com os dois métodos, os resultados

demonstraram que não havia diferença significativa [124].

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Figura 2: Diagrama esquemático. a) dedo frio, b) tudo de digestão e c) dedo

frio acoplado ao tubo de digestão [120].

7. Otimização Multivariada

A quimiometria é um ramo da Química que consiste na aplicação de

métodos matemáticos e estatísticos em planejamento e otimização de

procedimentos analíticos e na obtenção de resultados que sejam relevantes a

partir das informações químicas obtidas.

Um bom planejamento consiste em projetar um experimento de forma a

obter-se exatamente o tipo de informação que se procura sobre o sistema

estudado. Um planejamento fatorial completo pode ser utilizado quando se

deseja avaliar (de maneira qualitativa ou quantitativa) a influência de variáveis

sobre o sistema, enquanto que um planejamento fatorial fracionário pode ser

usado apenas para uma triagem de variáveis em sistemas com muitas

variáveis. Por isso é necessário, ao iniciar-se um planejamento, ter

conhecimento preliminar das variáveis ou fatores e as respostas de interesse

para o sistema que se deseja estudar [125].

O experimentado quando não tem noção de qual região experimental

poderá fornecer os valores ótimos para as variáveis estudadas, o mesmo

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poderá recorrer aos desenhos sequenciais que serão úteis para indicar a

direção para futuros experimentos. Dentre os desenhos sequência podem ser

usados o método simplex [126,127], o método da subida mais íngreme e o

plano evolucionário de otimização (EVOP) [127]. Já os desenhos simultâneos

fornecem a relação entre fatores e respostas por meio de combinação do

desenho experimental, construção do modelo matemático e aplicação da

metodologia da superfície de resposta (MSR) [128]. Nesta etapa de otimização,

as técnicas mais utilizadas incluem o planejamento Doehlert [ 129 , 130 ],

desenho composto central [131] e desenho Box-behnken [132].

7.1 Planejamento Fatorial Completo

O objetivo de um planejamento fatorial completo é identificar quais os

fatores tem influência ou não sobre a resposta. Os fatores são as variáveis

independentes a serem controladas no processo, podendo ser quantitativas ou

qualitativas, e a resposta é a variável dependente que, em uma análise

química, corresponde ao valor medido nos experimentos.

Um planejamento fatorial completo realiza experimentos em todas as

possíveis combinações dos níveis dos fatores. O mais simples envolve apenas

dois níveis para cada fator e, nesse caso, são realizados 2k ensaios, onde k

corresponde ao número de fatores [125].

Para a realização dos ensaios utiliza-se uma matriz de planejamento que

descreve todas as combinações a serem estudadas. Nos planejamentos de

dois níveis representam-se os níveis superiores e inferiores por sinais (+) e (-),

respectivamente [125]. Um ponto central pode ser incluído com o valor médio

dos níveis, sendo representado por zero (0). Assim, replicatas dos pontos

centrais podem ser usadas para identificar relações não lineares no intervalo

estudado e fornecer uma estimativa do erro experimental sem a necessidade

de replicata de todo o experimento [133].

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7.2 Metodologia da Superfície de Resposta (MSR)

A metodologia da superfície de resposta (MSR) é um conjunto de

técnicas de otimização de experimentos que foi desenvolvida por G.E.P. Box

na década de 1950 [134]. Esta metodologia consiste em um grupo de técnicas

matemático-estatísticas utilizadas para análise e modelagem de problemas, no

qual uma resposta particular é função de diversas variáveis objetivando

otimizar esta resposta. Pode ser de duas etapas distintas: modelagem e

deslocamento. Estas etapas podem ser repetidas quantas vezes forem

necessárias, com o objetivo de atingir uma região ótima da superfície

investigada [125]. A modelagem pode ser feita por ajuste de modelos simples

(lineares ou quadráticos) às respostas obtidas com planejamentos fatoriais. O

deslocamento segue o caminho da máxima inclinação de um determinado

modelo, onde há um maior pronunciamento da resposta.

7.3 Matriz de Doehlert

O planejamento por matriz de Doehlert foi aplicado em Química Analítica

pela primeira vez para avaliação das melhores condições experimentais numa

técnica de separação que envolvia uso de cromatografia líquida de alta

eficiência (HPLC). Desde então há vários registros de sua aplicação para

otimização envolvendo métodos espectrométricos, cromatográficos,

eletroanalíticos, entre outras [135,136].

O planejamento utilizando matriz de Doehlert é um sistema de

otimização de experimentos de segunda ordem que possui seus pontos

distribuídos uniformemente por todo espaço experimental. Para duas variáveis,

o desenho Doehlert consiste em um ponto central e seis pontos formando um

hexágono regular. Neste tipo de desenho, o número de níveis não é o mesmo

para todas as variáveis. Uma variável é estudada em cinco níveis enquanto a

outra em apenas três níveis, como é mostrada na Figura 3. Vale ressaltar que

nesse planejamento, as variáveis podem vim a ser estudadas em até sete

níveis. Critérios diferentes podem ser usados para a escolha das variáveis,

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como regra geral, escolhe-se a variável de maior efeito como o fator de cinco

níveis para obtenção de maiores informações sobre o sistema [125, 127].

Figura 3: Distribuição dos pontos experimentais da matriz Doehlert representado por um hexágono regular com as coordenadas normalizadas, para otimização de duas variáveis.

O desenho é definido considerando-se o número de variáveis e os

valores codificados (Ci) da matriz experimental. A relação entre o valor

codificado e o valor real é dada pela expressão:

𝐶𝑖 = |𝑋𝑖 − 𝑋𝑖

0

𝐶𝑋𝑖| 𝐾

Ci é o valor codificado para o fator i, Xi é o valor real no experimento, Xi0

é p valor real no ponto central no domínio experimental, ΔXi é o passo de

variação (valor central – valor mínimo), e K é o limite do valor codificado para

cada fator (1 e 0,866 para o primeiro e segundo fator, respectivamente). O

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número de experimentos (N) é determinado por N= k2 + k + Co, onde k é o

número de variáveis e Co é o número de pontos centrais [125]. A Tabela 5

apresenta uma matriz de Doehlert para dois fatores.

Tabela 5: Matriz de Doehlert para duas variáveis (A e B) com um ponto central

Variáveis Experimentais

A B

1 0 0

2 1 0

3 0,5 0,866

4 -1 0

5 -0,5 -0,866

6 0,5 -0,866

7 -0,5 0,866

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OBJETIVOS

____________________________________________________________

Desenvolver estratégias analíticas para a determinação de arsênio e

selênio em amostras de alimentos empregando diferentes procedimentos

de preparo de amostra com posterior determinação por HG AFS.

Objetivos Específicos

Desenvolver e validar procedimento analítico de preparo de amostra,

empregando amostragem em suspensão, visando determinação de

arsênio utilizando HG AFS em diversas amostras de arroz.

Desenvolver e validar procedimento analítico de preparo de amostras de

ovos utilizando bloco digestor com dedo frio visando à determinação de

selênio por HG AFS.

Desenvolver e validar procedimento analítico de preparo de amostra

empregando bloco digestor com dedo frio para determinação de arsênio

em amostras de atum e sardinha enlatados por HG AFS

Avaliar as concentrações de arsênio e selênio em alimentos de consumo

diário visando contribuir para tabela de composição de alimentos e

segurança alimentar.

Mostrar a eficiência e aplicabilidade da otimização multivariada na

otimização das condições de pré-redução e geração dos hidretos de

arsênio e selênio.

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50

CAPITULO I

___________________________

Amostragem em suspensão

e HG AFS para

determinação de arsênio

total em amostras de arroz.

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INTRODUÇÃO

O arroz (Oryza sativa L.) é uma planta da família das gramíneas que

alimenta mais da metade da polução mundial. É a terceira maior cultura

cerealífera do mundo, apenas ultrapassada pelo milho e trigo. É um cereal rico

em hidratos de carbono. Para ser cultivado o arroz necessita de água em

abundância, para manter a temperatura ambiente dentro de intervalos

adequados [137].

O arroz é um importante componente da dieta básica brasileira, sendo o

Brasil o mais importante produtor não asiático, com consumo da população de

32 kg de arroz por ano. Ele pode acumular quantidades consideráveis de

elementos essenciais, mas também de elementos tóxicos, como arsênio (As)

[138]. É mais eficiente na acumulação de metais do que outros cereais [139]

devido às condições anaeróbias nos solos das plantações de arroz e da

captação inadvertida e eficiente de arsênio através da via do ácido silícico do

arroz. Por esta razão, o arroz é uma fonte importante de substâncias

inorgânicas.

O uso de água contaminada com arsênio leva ao acúmulo desse metal

no solo e nos grãos de arroz. Em solos aeróbicos, a mobilidade do o As (V) é

facilitada aumentando a absorção dessa espécie pelos grãos de arroz. O

arroz contem tanto as formas inorgânicas de arsênio (III e o V) como as

orgânicas, principalmente o ácido dimetilarsínico (DMA) [140, 141].

A depender da região de produção o arroz pode ter predominância maior

de uma espécie ou outra de arsênio. Por exemplo, no arroz produzido na

região asiática a predominância é de espécies inorgânicas, enquanto que no

arroz produzido na Europa e nos EUA, as espécies orgânicas são as que

predominam [142].

As formas de arsênio presentes em alimentos de origem terrestre,

geralmente de origem inorgânica, não estão bem caracterizadas devido a sua

ocorrência em concentrações muito baixas, da ordem de µg Kg-1. Na Índia,

desde 1983, vêm sendo relatados casos de contaminação da água por arsênio.

Em Bangladesh, estima-se que 300 000 pessoas de um total de 36 milhões já

morreram de câncer devido à contaminação das águas por arsênio, cuja

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concentração é superior a 2000 µg L-1. As águas contaminadas são usadas

para consumo humano e para irrigar plantações; particularmente os arrozais. A

concentração de arsênio encontrada em amostras de arroz foi de 4 a 8 mg Kg-1

e, nas áreas mais contaminadas, a concentração chegou a 83 mg Kg-1[143] .

Nos Estados Unidos também têm ocorrido problemas de contaminação

da água e de alimentos por arsênio. Como o caso que aconteceu em algumas

regiões de Wisconsin, onde foi constatada a contaminação de plantações de

arroz, sendo que as concentrações encontradas nestas plantações variaram

em torno de 2 a 5 mg Kg-1 [144].

Dados os argumentos aqui apresentados, este trabalho pretendeu

investigar a concentração total de arsênio em amostras de arroz (branco,

integral e parboilizado) de diversas marcas comercializadas na cidade de

Salvador, empregando a amostragem em suspensão como alternativa para

simplificar o preparo de amostra e quantificação empregando o HG AFS.

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EXPERIMENTAL

___________________________________________

1. Instrumentação

A intensidade de fluorescência do arsênio foi medida por um

espectrômetro fluorescência Atômica (Modelo 3300 Lumina Aurora Biomed Inc

- Canadá) com um forno de tubo de quartzo, como atomizador, e ignição

automática. Argônio foi utilizado como gás de transporte. Lâmpadas de cátodo

oco (HCL), de elevada intensidade, foram usadas como uma fonte de luz. As

condições experimentais encontram-se resumidos na Tabela 6.

As amostras foram trituradas em um moinho de facas (A-11 da IKA) e

tamisadas em malha de 300 mesch.

As suspensões foram sonicadas em um banho ultrassônico modelo USC

-1850 (UNIQUE-Indaiatuba, SP - Brasil) com controlador de temperatura em

frequência de 25 kHz e potência de 154 W.

A digestão completa das amostras de arroz foi realizada utilizando-se

um bloco digestor de 40 canais (Tecnal-Brasil), com termostato para controle

da temperatura.

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Tabela 6: Parâmetros operacionais do HG AFS empregados na determinação

do arsênio.

Parâmetros

Corrente da Lâmpada (mA) 80

Comprimento de onda (nm) 193,7

Voltagem (V) 400

Gás argônio

Pressão (psi) 30

Vazão do gás auxiliar (mL min-1) 800

Vazão do gás de arraste (mL min-1) 400

Rotação da bomba (rpm) 50

Fluxo da solução redutora (NaBH4) (mL min-1) 4

Altura do queimador (mm) 8

Tempo de integração do sinal (s) 10

2. Reagentes e soluções

Todas as soluções foram preparadas usando água ultra pura, com

resistência de 18,2 mohms cm-1. A água foi obtida a partir de um sistema de

purificação de água Milli-Q da Millipore (Bedford, MA, EUA). Ácido nítrico e

clorídrico de grau analítico da Merck (Darmstadt, Alemanha). As soluções

padrão de arsênio III (1000 mg mL-1) foram obtidas por dissolução de

quantidades apropriadas de Na3AsO3 (Sigma - St. Loius, MO, EUA) em ácido

nítrico a 0,05 % (m v-1). Soluções de trabalho (0,5 a 10,0 µg L-1 de As (III))

foram preparadas diariamente nas mesmas condições das amostras. Uma

solução de ácido clorídrico (6,0 mol L-1) foi preparada a partir de HCl

concentrado (37%, v/v, Merck).

O agente redutor utilizado foi uma solução de borohidreto de sódio 2 %

(m v-1), que foi estabilizado com 0,5 % (m v-1) de hidróxido de sódio, que era

preparada diariamente utilizando reagentes de grau analítico da Merck.

O pré-redutor utilizado foi o iodeto de potássio, uma solução a 10 % (m

v-1) em ácido ascórbico a 2% (m v-1) foi preparada por diluição do reagente da

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Merck com água ultra pura. O material de referência certificado usado na

avaliação de precisão foi NIES, farinha de arroz 10b SRM, que foi fornecido

pelo Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia, Gaitersburgh, MD, EUA.

Cada recipiente de plástico foi lavado com água da torneira e detergente

extran e embebido numa solução de ácido nítrico a 10 % (v / v) durante 24

horas, e lavada três vezes com água deionizada antes de ser usado.

3. Amostras

As amostras foram adquiridas em supermercados da cidade de salvador

no mês de janeiro de 2011. Três tipos foram analisados: arroz branco,

parboilizado e integral de diversas marcas. Também foram coletadas amostras

de um arrozal na cidade de Propriá-Sergipe, duas de arroz branco (com casca

e sem casca) e uma de arroz integral. As amostras foram trituras utilizando-se

um liquidificador, tamisadas em malha de 300 mech e armazenadas em frascos

de PVC previamente descontaminados e guardadas em dessecador.

4. Preparação das Suspensões e determinação de As por

HG AFS

As suspensões das amostras de arroz foram preparadas pela

combinação de 200 mg de amostra, 5,0 mL de HNO3 2 mol L-1 em balões de

25,0 mL, imergindo em um banho de ultrassom por 30 minutos antes de se

diluir para 25,0 mL com água Milli-Q. As soluções do branco analítico foram

preparadas exatamente da mesma maneira.

Uma alíquota de 5,0 ml da suspensão foi transferida para um balão

volumétrico de 10 ml no qual foi adicionado 3 ml de ácido clorídrico 6 mol L-1 e

1,5 mL da solução de iodeto de potássio 10% (m v-1) em ácido ascórbico a 2%.

A solução ficou em repouso durante 30 minutos e em seguida avolumada com

água ultra pura. Esta suspensão levada para análise no HG AFS utilizando a

solução de borohidreto de sódio NaBH4 2% (m v-1) como redutor.

As curvas de calibração foram preparadas diariamente, com padrões

aquosos (3,0 mL de HCl 6,0 mol L-1 e 1,5 mL da solução de pré-redução).

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5. Digestão das amostras utilizando bloco digestor com “dedo

frio”

Cerca de 200 mg das amostras de arroz foram transferidas para tubos

digestores de vidro, seguido da adição de 2,0 mL de HNO3 concentrado e 1 mL

de peróxido de hidrogênio 30% (v/v). Os tubos foram tampados, usando o dedo

frio contendo água em temperatura ambiente. Os tubos foram aquecidos até o

ponto de ebulição do HNO3 (120 ° C) por 3 h. As soluções finais foram

transferidas para balões volumétricos de 10,0 mL e os volumes completados

com água ultra pura. O procedimento de análise para amostras digeridas foi o

mesmo das suspensões, com a única diferença que foi tomada uma alíquota

de 3 ml do digerido.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

1. Otimização das condições experimentais

A otimização das condições experimentais se deu de forma univariada.

Primeiro, foi estudado o efeito do tempo de sonicação, que foi variado entre 0 a

40 min. Houve a influência deste parâmetro sobre o sinal analítico obtido.

Pode-se observar na Figura 4 que no tempo de 30 min obteve quase 100 % de

extração do arsênio. Foi realizada comparação do extraído com os valores

obtidos com as amostras digeridas.

Figura 4: Porcentagem de extração do arsênio no arroz branco em

função do tempo de sonicação.

2. Escolha do extrator/solvente para determinação de

arsênio utilizando amostragem em suspensão.

O estudo foi realizado com três tipos de extratores: água, ácido nítrico e

ácido clorídrico, os ácidos foram estudados em três diferentes concentrações e

água à temperatura ambiente e aquecida a 70 º C. A resposta foi avaliada pela

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

120,0

0 10 20 30 40 50

% E

XTR

ÃO

TEMPO (min)

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intensidade gerada pelo equipamento. O extrator que se mostrou mais eficiente

foi HNO3 na concentração de 2 mol L-1. Os resultados estão apresentados na

Tabela 7. A porcentagem de extração foi calculada em comparação com os

resultados das amostras digeridas.

Tabela 7: Seleção do extrator/solvente para preparação das suspensões de

amostras de arroz.

Extrator Concentração (mol L-1)

ou temperatura

% Extração

Ácido clorídrico 1 38

2 61

3 62

Ácido nítrico 1 48

2 98

3 96

Água 25º C 51

70º C 49

3. Investigação da necessidade de introdução das

partículas da suspensão no HG AFS

Este estudo foi realizado para investigar a necessidade ou não de

introdução das partículas no HG AFS. Primeiro, foram analisadas as amostras

em suspensão. Em seguida, a mesma amostra após ser submetida ao

procedimento de sonicação foi centrifugada e apenas o sobrenadante foi

analisado. Os valores obtidos para a amostragem de suspensão foram mais

elevados do que o valor obtido quando apenas a fase líquida, depois da

centrifugação, foi introduzida no HG AFS, demonstrando assim que o processo

de extração, nestas condições, não foi completo e por isso foi necessário

utilizar a suspensão para a recuperação completa. Os resultados são

mostrados na Tabela 8.

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Tabela 8: Comparação entre amostragem em suspensão e extração das

amostras de arroz para quantificação de arsênio (n=3)

Amostras Amostragem

suspensão

(µg g-1)

RSD % Extração

(µg g-1)

RSD %

P1 0,20 ± 0,03 5,8 0,16 ± 0,03 8,6

B1 0,22 ± 0,04 4,8 0,20 ± 0,03 6,5

I3 0,34 ± 0,06 5,8 0,32 ± 0,05 5,8

I4 0,22 ± 0,02 4,1 0,17 ± 0,01 2,8

I5 0,20 ± 0,01 4,1 0,16 ± 0,01 1,1

P3 0,20 ± 0,01 2,4 0,21 ± 0,02 4,4

B6 0,27 ± 0,03 4,4 0,23 ± 0,01 4,0

4. Comparação entre o método proposto (amostragem em

suspensão) e digestão ácida utilizando o sistema bloco

digestor/dedo frio.

Três amostras aleatórias foram submetidas aos dois procedimentos, a

amostragem em suspensão e a digestão ácida utilizando o bloco digestor e o

dedo frio. Todo o procedimento foi realizado no mesmo dia nas mesmas

condições descritas na parte experimental.

As amostras selecionadas foram uma de cada tipo de arroz (arroz

branco, integral e parboilizado) e o material de referencia certificado de farinha

de arroz (NIES 10b). Na Tabela 9 estão apresentados os resultados. A

comparação estatística usando teste t pareado [145] (95% de confiança) não

apresentou diferenças significativas entre os resultados obtidos pelos dois

métodos, mostrando a concordância dos métodos de preparo de amostra

utilizados neste trabalho.

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Tabela 9: Comparação entre a amostragem em suspensão e digestão ácida

para determinação de arsênio nas amostras de arroz (n=3).

Amostras Suspenção

(µg g-1)

RSD % Bloco digestor

(µg g-1)

RSD%

Arroz branco 0,26 ± 0,03 5,0 0,26 ± 0,02 3,8

Arroz

Parbolizado

0,28 ± 0,03 4,5 0,23 ± 0,03 5,0

Arroz Integral 0,23 ± 0,01 2,2 0,24 ± 0,01 0,3

CRM 0,11 ± 0,01 2,7 0,12 ± 0,01 4,9

5. Estudos de validação

Para a determinação de arsênio por amostragem em suspensão usando

cerca de 0,200 g de amostras de arroz, os limites de detecção e de

quantificação (calculado de acordo com as recomendações da IUPAC) [165]

foram de 0,0005 e 0,0017 µg g - 1, respectivamente.

A precisão foi avaliada através da determinação do desvio padrão

relativo (RSD %), foram de 0,3 e 5,9% para amostras de arroz que tinham

conteúdos de arsênico de 0,12 e 0,47 µg g -1, respectivamente.

A equação de calibração foi y = 109,71 [As µg L- 1] – 6,687 com um

coeficiente de correlação (R) de 0,9995.

A técnica de adição de analito foi utilizada para avaliar a exatidão do

método e os efeitos da matriz. Esta técnica foi realizada por adição de arsênio

em três amostras: arroz branco, parboilizado e integral, foram adicionados à

concentração de 0,2 μg g-1 de arsênio. Os valores de recuperação variaram de

95 a 105%, mostrando assim que a calibração externa poderia ser utilizada.

Também se confirmou a exatidão da análise empregando-se material de

referência certificada de farinha de arroz (CRM NIES 10b). A concentração de

arsênio no certificado foi de 0,11 µg g-1, e a concentração determinada pelo

método proposto de: 0,12 ± 0,009 µg g -1, comprovando assim a exatidão do

método proposto.

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6. Aplicação

O método proposto foi aplicado para determinar o teor de arsênio em

vinte amostras de três tipos de arroz (branco, parboilizado e integral) de

diversas marcas, adquiridas na cidade de Salvador-Ba. O teor de arsênio

encontrado nas amostras variaram de 0,12 e 0,47 µg g-1. Foram realizado teste

de adição/recuperação para cinco amostras e os valores de recuperação

ficaram na faixa de 95 a 105%. Estes resultados, expressos com intervalos de

95% de confiança, são apresentados na Tabela 11.

Tabela 10: Determinação de As total em amostras de arroz utilizando a amostragem em suspensão. (n = 3).

Amostras Concentração (µg g-1) RSD %

B1 0,19 ± 0,02 4,5 B2 0,21 ± 0,02 3,4 B3 0,28 ± 0,03 3,8 B4 0,47 ± 0,04 0,4 B5 0,31 ± 0,04 4,7 B6 0,29 ± 0,02 3,3 B7 0,13 ± 0,02 5,9 B8 0,26 ± 0,02 3,8 P1 0,12 ± 0,01 3,3 P2 0,25 ± 0,01 2 P3 0,23 ± 0,005 0,8 P4 0,20 ± 0,003 0,7 P5 0,28 ± 0,004 0,5 P6 0,24 ± 0,002 0,3 P7 0,23 ± 0,01 2,3 I1 0,13 ± 0,01 3,7 I2 0,23 ± 0,03 5 I3 0,20 ± 0,02 3,5 I4 0,22 ± 0,02 4,1 I5 0,20 ± 0,01 4,1

BP* 0,16 ± 0,02 3,9 BPC* 0,19 ± 0,03 4,2

IP* 0,27 ± 0,04 4,9

*B: arroz branco; P: arroz parboilizado; I: arroz integral; BP: arroz branco de Propriá; BPC: arroz branco

de Propriá com casca; IP: arroz integral de Propriá.

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CONSIDERAÇOES FINAIS

______________________________________________

Neste trabalho a amostragem por suspensão demonstrou ser um

procedimento de extração útil, especialmente dada à volatilidade das espécies

de arsênio.

Os três tipos de arroz (branco, parboilizado e marrom) analisados não

apresentaram grande diferença nas concentrações de arsênico.

O método proposto é preciso, exato e sensível para a determinação de

arsênio em arroz. É oportuno, considerando a alta toxicidade deste metal e o

grande consumo deste cereal na dieta humana.

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63

CAPITULO II

Desenvolvimento de método

analítico para determinação

de selênio em amostras de

ovos (clara e gema) por HG

AFS

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64

INTRODUÇÃO

A dieta é a principal fonte de selênio para o organismo, logo pode ser

encontrado em alimentos como grãos (trigo integral e arroz integral), vísceras,

peixes, frango, ovos e como principal fonte a castanha do Pará [146, 150]. Em

muitos países, os níveis de selênio nos alimentos não são adequados e a

deficiência deste na nutrição humana é um problema global. Estudos

realizados ao longo dos últimos anos indicaram que o enriquecimento de

alimentos de origem animal (principalmente leite, carne e ovos) com selênio,

via suplementação de rações para animais, pode ser uma forma eficaz de

aumentar a ingestão de selênio em países onde o consumo deste elemento

está abaixo da dose diária recomendada (RDA) [147, 148].

O ovo é conhecido como um dos alimentos mais completos, pois possui

uma rica fonte de nutrientes, ou seja, um excelente balanço de gorduras,

carboidratos, minerais e vitaminas, e principalmente proteínas. Desse modo,

ele é a segunda melhor fonte de proteína disponível para alimentação humana,

perdendo somente para o leite materno. No entanto, é um meio ideal para o

desenvolvimento de microrganismos patogênicos e por se tratar de um produto

de origem animal, assim como a carne e seus derivados, é um alimento

altamente perecível e que pode perder sua qualidade rapidamente [149].

Além de ser um alimento completo e equilibrado em nutrientes é uma

fonte de proteína de baixo valor econômico, logo é um produto de fácil acesso

para população podendo contribuir para melhorar a dieta de famílias de baixa

renda. Além de ser um ingrediente de alta importância na culinária brasileira

[150].

No Brasil, dados do IBGE apontam para um consumo per capita anual

de 4,3 kg de ovos demonstrando que este alimento é amplamente consumido

pela população [151].

Na otimização de um procedimento analítico há necessidade de ajustar

as variáveis para estabelecer as melhores condições para a realização das

análises. Este processo pode ser demorado e trabalhoso quando uma

otimização univariada convencional é executada, outra desvantagem também é

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65

não considerar as interações entre as variáveis, o que torna improvável a

condição ideal [152]. O desenho experimental é uma importante ferramenta

estatística e devido a sua simplicidade esta sendo cada vez mais utilizada

pelos químicos analíticos para as diferentes amostras. Entre as suas

vantagens, está a redução do número de experimentos necessários, o que

resulta em menor consumo de reagentes e significativamente menos trabalho

de laboratório [153,154].

Neste trabalho, o planejamento fatorial completo e a matriz Doehlert

foram aplicadas para otimizar o processo de pré-redução e geração de hidretos

para determinar selênio total em amostras de ovos por HG AFS.

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EXPERIMENTAL

_______________________________________________________

1. Instrumental

Balança analítica

Liofilizador Modulyo D, Thermo Scientific, USA.

Milli-Q System, Millipore, Bedford, MD, USA

Espectrômetro de Fluorescência Atômica acoplado ao gerador de

hidretos, Aurora Instruments, Mod. Lumina 3300, USA;

Bloco digestor, Tecnal, Brasil, mod. TE-007 MP;

Capela de fluxo laminar

Espectrômetro de massas com plasma indutivamente acoplado

(ICP-MS)

Os parâmetros operacionais do espectrômetro de fluorescência atômica

para a determinação de selênio total são apresentados na Tabela 11 e do ICP

MS na Tabela 12.

Tabela 11: Parâmetros operacionais do HG AFS para determinação de Selênio

Parâmetros

Corrente da Lâmpada (mA) 100

Voltagem (V) 420

Comprimento de onda da lâmpada (nm) 196

Gás argônio

Pressão (psi) 30

Vazão do gás auxiliar (mL min-1) 800

Vazão do gás de arraste (mL min-1) 400

Rotação da bomba (rpm) 50

Fluxo da solução redutora (NaBH4) (mL min-1) 4

Altura do queimador (mm) 8

Tempo de integração do sinal (s) 10

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Tabela 12: Parâmetros operacionais do ICP-MS para determinação de Selênio

Parâmetros Valores

Potencia incidente (W) 1310

Fluxo argônio nebulizador (L min-1) 0,87

Fluxo argônio plasma (L min-1) 13,0

Fluxo argônio auxiliar (L min-1) 0,7

Modo de análise Peak jump

Sweeps 100

Dwell Time (ms) 10

Fluxo gás CCT (mL min-1) 6,5

Isótopos 78 e 80

LD 0,036

LQ 0,119

2. Reagentes e soluções

Brometo de potássio

Ácido nítrico 65 % (m/m)

Peróxido de hidrogênio 30 % (v/v)

Ácido clorídrico 12 mol L-1

Borohidreto de sódio

Hidróxido de sódio

Água ultra pura

Solução padrão de Se (IV) 1000 mg L-1

Todos os reagentes utilizados nesse trabalho foram de grau analítico, da

marca Merck, e todas as soluções foram preparadas em água ultra pura, obtido

através de um sistema ultra purificador (Milli-Q System, Millipore, Bedford, MD,

USA).

Todas as vidrarias utilizadas no preparo das amostras foram inicialmente

lavadas com detergente Extran, e, em seguida, mantidos em banho de HNO3

10% (v v-1) por um período mínimo de 24 horas.

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A solução padrão estoque de selênio (IV) 1000 mg L-1, utilizada no

preparo da curva de calibração e dos testes de adição e recuperação, foi

preparada utilizando NaSeO3 e água ultrapura. Soluções de trabalho (0,5 a

10,0 µg L-1 de Se (IV) foram preparadas diariamente nas mesmas condições

das amostras. A solução de HCl 6,0 mol L-1 foi preparada a partir de solução de

HCl 12,0 mol L-1 e água ultra pura. As soluções de KBr 10% (m v-1) e de NaBH4

2% (m v-1) em NaOH 0,5% (m v-1) também foram preparadas após da diluição

em água ultra pura.

3. Amostras

As amostras foram adquiridas em feiras e supermercados da cidade de

Salvador em outubro de 2011. Foram escolhidos quatro tipos de ovos, ovos de

galinha (vermelho e branco), ovos de codorna e ovos de pata.

As amostras foram separadas em três categorias: gema, clara e mistura

(gema e clara). Foram acondicionadas em recipientes plásticos e levadas ao

freezer por dois dias, após esse período foram liofilizadas por 3 dias. A

moagem foi realizada utilizando-se grau e pistilo, não sendo necessária a

utilização de moinho. As amostras foram peneirados em malha de 300 mesh e

acondicionados em dessecador até o momento da análise.

3.1 Digestão das amostras

Após a etapa de pré-tratamento, pesou-se em triplicata cerca de 0,200 g

das amostras em tubos de digestão, sendo em seguida adicionado 2 mL de

ácido nítrico 14 mol L-1. A cada tubo de digestão, foi acoplado um condensador,

denominado “dedo-frio”, acoplado na parte superior do tubo de digestão. Nesse

condensador é adicionado água ultra-pura, e durante o processo de digestão

da amostra, esse sistema de refluxo impede a perda de espécies voláteis de

selênio. A digestão foi realizada em um período de aproximadamente 3 horas,

numa faixa de temperatura compreendida entre 120-140° C, aumentada de

forma gradual. Após o início da ebulição, foram adicionados 0,5 mL de H2O2,

de maneira vagarosa, mais 0,5 mL de H2O2, trinta minutos após, visando,

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dessa maneira, potencializar a degradação da matéria-orgânica. Ao final da

digestão 1 mL de HCl 6 mol L-1 foi adicionado, para obtenção de melhores

resultados na geração de hidretos.

Após a etapa de digestão, os digeridos foram transferidos para balões

volumétricos de 10 mL, sendo posteriormente aferidos com água ultra-pura e

acondicionados em geladeira até o momento da análise.

4. Otimização Multivariada da pré-redução e geração

do hidreto de selênio

Planejamento fatorial e desenho Doehlert foram aplicados para otimizar

a pré-redução e a geração de hidreto para determinação de selênio em ovos. O

planejamento fatorial completo em dois níveis foi utilizado para avaliar os

efeitos de quatro variáveis. O software Statistic 7.0 foi utilizado para processar

os resultados. As variáveis estudadas foram: tempo de pré-redução (10 e 30

min.), volume do pré-redutor KBr 10 % (m v-1) (1,0 e 2,0 mL), concentração do

HCl (3,0 e 6,0 mol L-1) e concentração do NaBH4 (1 e 4 % m/v). O número total

de experimentos exigidos por este método foi dado pela equação: nK=24=16.

Para avaliar o erro experimental, as medições do ponto central foram repetidas

três vezes, aumentando o número total de experimentos para dezenove.

Os resultados obtidos através do planejamento fatorial foram avaliados,

e as variáveis estatisticamente significativas bem como as interações com

maior influência no sistema foram determinadas e otimizadas pela metodologia

de superfície de resposta, aplicando-se a matriz de Doehlert. As variáveis

estudadas foram: concentração de ácido clorídrico em cinco níveis e

concentração de borohidreto de sódio em três níveis.

5. Etapa de pré-redução

Após a digestão das amostras, estas foram submetidas a uma etapa de

pré-redução, tendo em vista que após o processo de digestão toda espécie de

Se contida na amostra é oxidada a Se6+, espécie esta que não gera hidreto,

havendo a necessidade, portanto, da redução do Se6+ a Se4+.

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Para a pré-redução do Se, foi adicionado 1,0 mL do digerido em um

balão volumétrico de 10 mL, adicionando em seguida 3,0 mL de HCl 6,0 mol L-1

e 1,0 mL de KBr a 10% (m v-1). Após a adição dos reagentes, a solução

permaneceu em repouso por um período de 10 minutos, tempo necessário

para a conversão do Se6+ em Se4+, aferindo o balão volumétrico com água

ultra-pura, e submetendo em seguida a amostra à análise.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO _____________________________________________________

1. Otimização multivariada do sistema proposto para a geração

de hidreto

A otimização foi conduzida utilizando-se 10,0 mL de uma solução 5,0 µg L-1

de Se (IV) e os experimentos foram realizados em ordem aleatória.

1.1. Planejamento Fatorial

Um planejamento fatorial completo (24) foi empregado para avaliar o nível

de significância dos fatores. Os domínios experimentais para cada fator foram

definidos com base em dados da literatura. Valores codificados e sinais

analíticos (intensidade) estão apresentados na Tabela 13.

Através do gráfico de pareto observou-se que a interação

entre concentração de ácido clorídrico e concentração de borohidreto de sódio

foram significativa (p <0,05) para o processo de pré-redução e geração de

hidreto do selênio (Figura 5). Esses fatores foram investigados usando a matriz

Doehlert. Os níveis em que foi estudado cada variável foram baseados nos

experimentos realizados para o planejamento fatorial.

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Tabela 13: Planejamento fatorial dois níveis completo - otimização do processo de geração do hidreto de selênio

Experimentos TR* (min) [HCl]*

(mol L-1)

[NaBH4]*

(%)

V. KBr*

(mL)

Int. sinal*

1 - - - - 50,6

2 + - - - 42,5

3 - + - - 35,6

4 + + - - 38, 2

5 - - + - 15,1

6 + - + - 12,6

7 - + + - 55,0

8 + + + - 64,6

9 - - - + 59,7

10 + - - + 36,2

11 _ + - + 25,1

12 + + - + 33,4

13 - - + + 27,1

14 + - + + 34,4

15 - + + + 40,6

16 + + + + 57,1

17 0 0 0 0 67,9

18 0 0 0 0 61,1

19 0 0 0 0 65,6

*TR: tempo de pré-redução; Vol KI: volume de pré-redutos; [HCl]: concentração de HCl e [NaBH4]: concentração de borohidreto de sódio.

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Figura 5: Gráfico de pareto da otimização da geração de hidreto de selênio.

1.2 Planejamento Doehlert

Com base nos resultados do planejamento fatorial a matriz Doehlert foi

realizada a fim de ajustar um modelo quadrático para os dados e identificar as

condições ótimas para o procedimento [155]. A matriz é apresentada na Tabela

14, que inclui as três repetições do ponto central para avaliar o erro

experimental, resultando em nove experimentos no total. A concentração de

ácido clorídrico foi estudada em cinco níveis, enquanto que a concentração de

borohidreto de sódio foi estudada em três níveis.

-0,009

0,11

0,16

- 0,24

0,40

0,84

1,03

1,16

- 1,12

3,01

p = 0,05

Estimativa dos Efeitos

(4) KBr

1 e 4

(1) TR

(3) [NaBH4]

3 e 4

1 e 3

1 e 2

(2) [HCl]

2 e 4

2 e 3

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Tabela 14: Matrix Doehlert para otimização da geração de hidreto de selênio.

Exp. [HCl]* (mol L-1) [NaBH4]* (%) Int. sinal*

1 - 0.5 (4.5)* 0.866 (4.0)* 35,4

2 0.5 (5.5) 0.866 (4.0) 12,8

3 1.0 (6.0) 0 (3.0) 122,6

4 0.5 (5.5) - 0.866 (2.0) 97,6

5 - 0.5 (4.5) - 0.866 (2.0) 90,8

6 -1.0 (4.0) 0 (3.0) 83,8

7 0 (5.0) 0 (3.0) 113,8

8 0 (5.0) 0 (3.0) 132,9

9 0 (5.0) 0 (3.0) 128,1

* Valores reais

Os resultados deste planejamento também foram avaliados e um modelo

quadrático foi obtido (Equação 4) usando os valores codificados para as

variáveis: concentração de ácido clorídrico ([HCl]) e a concentração de

borohidreto de sódio ([NaBH4])

Equação 4:

R= 1128.40 + 271.73[HCl] – 21,73[HCl]2 + 400,55[NaBH4] – 60.35[NaBH4]2 –

14.71[HCl][NaBH4]

Os valores críticos encontrados através da equação 4 foram:

concentração de ácido clorídrico 5,3 mol L-1 e concentração de borohidreto de

sódio 2,6 % (m v-1). Esses valores foram calculados conforme descritos na

literatura [155]. A superfície de resposta está apresentada na Figura 6, onde

pode observar uma região de máximo.

A avaliação do modelo quadrático ajustado aos dados experimentais foi

feito por meio do teste de falta de ajuste. Se o valor de p for maior que 0,05

significa que o modelo matemático de segunda ordem descreve perfeitamente

o domínio experimental estudado. Na Tabela 15 é apresentado a ANOVA para

os dados obtidos pela aplicação da matriz de Doehlert na otimização da

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concentração do ácido clorídrico e do borohidreto de sódio. O valor de p para a

falta de ajuste é igual a 0,347819, o que significa que os dados obtidos estão

sendo satisfatoriamente descritos.

Através da análise do gráfico dos valores preditos versus os valores

observados pode-se verificar que houve concordância dos valores observados

em relação aos valores que o modelo quadrático prevê (Figura 7).

Tabela 15: Análise da variância (ANOVA) para os dados referentes á tabela 14.

Fator SS df MS F P

(1) HCl (L) 318,27 1 318,270 1,37520 0,325564

HCl (Q) 566,81 1 566,805 2,44908 0,215558 (2)NaBH4 (L) 4914,01 1 4914,010 21,23274 0,019223 NaBH4 (Q) 7769,86 1 7769,861 33,57246 0,010228 1L x 2L 216,09 1 216,090 0,93369 0,405182 Falta de ajuste 694,31 3 231,436 0,347819

SQ Total 13952,30 8

Figura 6: Superfície de resposta da otimização da geração de hidreto do

selênio.

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0 20 40 60 80 100 120 140 160

Valores Observados

0

20

40

60

80

100

120

140

Valo

res p

reditos

Figura 7: Gráfico dos valores preditos X valores observados para geração do

hidreto de selênio

2. Validação do Método

Os pontos da curva de calibração foram preparados a partir de uma

solução padrão de Se4+ 1000 mg L-1. A curva de calibração foi construída

utilizando-se 7 pontos, cujas concentrações variaram de 0,5 μg L-1 a 10 μg L-1.

A curva de calibração analítica apresentou boa linearidade com valor de R2 =

0,9994 e inclinação da curva representada pela equação y = 206,09x + 12,494.

Os limites de detecção (3 sd/S) e de quantificação (10 sd/S) calculados

como recomendado pela IUPAC [ 156 ] e foram: 0,03 e 0,1 ng g-1,

respectivamente, para Se total, mostrando-se adequado para a determinação

de selênio em amostras de ovos.

A precisão (RSD) do método proposto foi avaliada em termos de

reprodutibilidade dos resultados analíticos. O RSD variou de 0,9 a 4,7%

demonstrando boa repetibilidade.

Um material de referência padrão do tecido de ostra (NIST SRM 1566b)

foi analisado para avaliar a exatidão do método. As concentrações médias dos

analitos são apresentadas na Tabela 16. O teste estatístico não apresentou

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diferenças significativas ao nível de confiança de 95% entre os valores médios

de selênio. A exatidão do método proposto também foi verificada por meio de

testes de adição e de recuperação em duas concentrações: 10 e 40 µg L-1e os

resultados variaram entre 96 a 107%.

Tabela 16: Resultados para determinação de Se no material de referência certificado de tecido de ostra empregando o método proposto (mg kg-1, n=3).

Amostra Valor Certificado Valor Encontrado RSD (%)

CRM – Tecido de Ostra

NIST® 1566b

2,06 ± 0,15

2,10 ± 0,20

4,0

As amostras também foram analisadas no Espectrômetro de Massa com

Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-MS), mostrando a concordância de

resultados (Tabela 18), confirmado pelo teste t a 95% de confiança, atestando

a confiabilidade do método proposto.

3. Aplicação do método desenvolvido

O método proposto foi utilizado para determinar o Se em amostras de

ovos e os resultados para as quatro amostras, separados em três categorias

(clara, gema e inteiro), são apresentadas na Tabela 17. As concentrações

mínimas e máximas foram de 0,35 ± 0,01 e 0,88 ± 0,03 mg g-1, para clara do

ovo de codorna e gema de ovo vermelho, respectivamente. Na maioria das

amostras se observou que as concentrações mais elevadas de selênio são na

gema.

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Tabela 17: Concentração de Se nas amostras de ovos por HG AFS e ICP-MS.

Amostras HG AFS

([µg g-1] ± IC* )

RSD

(%)

ICP-MS

([µg g-1] ± IC )

RSD

(%)

Ovo branco

Clara 0,42 ± 0,04 4,3 0,43 ± 0,07 3,8

Gema 0,72 ± 0,03 1,5 0,70 ± 0,09 4,2

Inteiro 0,48 ± 0,01 1,1 0,49 ± 0,08 3,2

Ovo

vermelho

Clara 0,47 ± 0,04 3,9 0,45 ± 0,09 4,3

Gema 0,88 ± 0,03 1,1 0,87 ± 0,07 2,1

Inteiro 0,73 ± 0,08 4,7 0,74 ± 0,02 1,3

Ovo de

Pata

Clara 0,43 ± 0,07 3,9 0,40 ± 0,07 1,0

Gema 0,64 ± 0,01 0,9 0,66 ± 0,09 4,5

Inteiro 0,57 ± 0,05 3,7 0,55 ± 0,08 3,7

Ovo de

codorna

Clara 0,35 ± 0,01 1,6 0,34 ± 0,06 2,4

Gema 0,84 ± 0,01 0,3 0,82 ± 0,09 5,0

Inteiro 0,67 ± 0,04 2,2 0,65 ± 0,03 3,8

* Intervalo de confiança (n=3)

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CONSIDERAÇÕES FINAIS _______________________________________________________________________

O método de digestão em bloco, com a utilização do sistema de refluxo

“dedo-frio” apresentou-se eficiente, prevenindo contaminação externa e

impedindo a perda de espécies voláteis de selênio durante o processo de

digestão, o que pôde ser evidenciado com a validação do método.

A otimização multivariada demonstrou ser um instrumento adequado

para a otimização do processo de pré-redução e geração de hidretos de

selênio para determinação em ovos.

A alta sensibilidade, faixa linear, velocidade analítica, facilidade de

manuseio do equipamento e custo relativamente baixo, demonstrou a

viabilidade da determinação de selênio total em amostras de ovos pela

espectrometria de fluorescência atômica com geração de hidretos (HG-AFS).

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CAPITULO III ____________________________________________________________________________

Determinação de arsênio

total em amostras de

atum e sardinha

enlatados por HG AFS

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INTRODUÇÃO _____________________________________________________________________________

Os organismos marinhos tendem a acumular mais arsênio do que

aqueles que vivem em ambientes de água doce ou terrestres, pois absorvem

arsenato da água do mar, devido sua similaridade estrutural ao fosfato

essencial [ 157 ]. No ambiente marinho, as principais formas de arsênio

inorgânico encontradas são arsênito (As3+) e arsenato (As5+). Dentre as formas

orgânicas presentes estão a arsenobetaína, arsenocolina, ácido

monometilarsônico (MMA), ácido dimetilarsênico, dimetil-arsinl-ribosídeo,

dentre outras[158].

Os organismos marinhos apresentam grandes quantidades deste

elemento na forma orgânica, sendo a arsenobetaina a mais abundante em

peixes, carangueijos, lagosta e camarões [159]. Li e colaboradores verificaram

as concentrações de As total e de outras formas químicas desse elemento em

peixes da China e observaram que a arsenobetaína representou a maior fração

do As total extraído. Estudos mostram que esta forma orgânica do arsênio é

relativamente estável, não apresentando toxicidade aos seres humanos, sendo

excretado através da urina [160].

Desconsiderando o eventual consumo de água contaminada com

arsênio, a principal forma de ingestão desse elemento pelos seres humanos é

pelo consumo de produtos de origem marinha, principalmente peixes, que

compõem cerca de 90 % de todo o arsênio consumido [161, 162]. De acordo

com WHO, 2000, a ingestão de arsênio pela população japonesa é maior do

que na Europa e nos Estudos Unidos, por exemplo, devido ao fato da dieta

oriental ser rica em alimentos de origem marinha.

Olmedo e colaboradores determinaram arsênio em diversos alimentos

de origem marinha, como: peixes frescos, enlatados e congelados, e em

mariscos. As amostras foram mineralizadas em forno de micro-ondas e

quantificadas por GF AAS, sendo que a maior concentração de arsênio foi

encontrado em camarões frescos e congelado. Eles concluíram que o consumo

de peixe e crustáceos é seguro, mas que se esse consumo for excessivo, pode

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acarretar contaminação. Foram encontradas concentrações de 0,561 µg g-1 de

arsênio na sardinha [163].

Alguns organoarsênicos (como a arsenobetaina) mostram uma

extraordinária estabilidade química, pois nesses compostos o arsênio está

ligado ao carbono, o que impede a formação de hidretos voláteis. Para

converter todo o arsênio dessas espécies em arsênio livre para a formação de

hidretos voláteis é necessário se fazer a quebra da ligação C-As, e para isso a

eficiência do preparo de amostra é de grande importância para a determinação

precisa de arsênio nas amostras [160,162].

Em função dos argumentos apresentados, este trabalho buscou

estabelecer condições adequadas para determinação de arsênio total em

amostras de atum e sardinha enlatados por HG AFS. Os estudos envolveram

sistemas por geração de hidreto após preparo das amostras empregando

decomposição em bloco digestor e em forno de micro-ondas.

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EXPERIMENTAL _____________________________________________________________________________

1. Instrumentação

As digestões das amostras usando sistemas condutivos abertos foram

efetuadas empregando-se bloco digestor (TECNAL, São Paulo, Brasil), modelo

TE-040/25 com controlador de temperatura analógico e capacidade para 40

tubos micro em borossilicato com dimensões de 25 x 250 mm.

Os procedimentos de digestão em fornos de micro-ondas foram

conduzidos em um forno com cavidade modelo Ethos EZ (Milestone, Sorisole,

Itália), que possui rotor para 10 frascos de 100 mL confeccionados em TFM®

(PTFE modificado) e opera sob altas temperaturas e pressões. Esse sistema

permite o acoplamento de sensores de temperatura e pressão que possibilitam

o acompanhamento do sistema de digestão e promovem maior segurança

operacional.

As soluções obtidas após digestão, para todos os procedimentos de

preparo de amostra utilizados, foram transferidas para frascos de polietileno de

50,0 ou 15,0 mL.

Para a determinação do analito foi empregado Espectrômetro de

fluorescência atômica com geração de hidretos (HG AFS) Aurora modelo AI

3300 (Vancouver, British Columbia, Canadá) com Software (AI 3300 control).

Uma lâmpada de catodo oco foi usada como fonte de radiação. Os parâmetros

operacionais do espectrômetro de fluorescência atômica para a determinação

de arsênio total são apresentados na Tabela 12.

2. Reagentes e soluções

As soluções padrão de arsênio III (1000 mg mL -1) foram obtidas por

diluição de quantidades apropriadas de Na3AsO3 (Sigma - St. Loius, MO, EUA)

em ácido nítrico a 0,05 % (m v-1). Soluções de trabalho (0,5 a 10,0 µg L-1 de As

(III)) foram preparadas diariamente nas mesmas condições das amostras. Uma

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solução de ácido clorídrico (6,0 mol L-1) foi preparada a partir de HCl

concentrado (37%, (v v-1), Merck).

O agente redutor utilizado foi uma solução de borohidreto de sódio 2 %

(m v-1), que foi estabilizado com 0,5 % (m v-1) de hidróxido de sódio, que foi

preparada diariamente utilizando-se reagentes de grau analítico da Merck.

O pré-redutor utilizado foi o iodeto de potássio, uma solução a 10 % (m

v-1) em ácido ascórbico 2% (m v-1) preparada por diluição do reagente da Merck

com água ultra-pura.

Todas as soluções foram preparadas com reagentes de grau analítico e

água ultrapura, com resistividade específica de 18,2 MΩ cm-1, de um sistema

de purificação Milli-Q® (Millipore, Bedford, MA, USA). Foram utilizados os

seguintes reagentes: ácido nítrico 65% (m m-1) (Merck, Alemanha), ácido

sulfúrico 98% (Merck, Alemanha) e peróxido de hidrogênio 30% v v-1 (Merck,

Alemanha).

A descontaminação de vidrarias, frascos plásticos e materiais em geral,

foi realizada em banho ácido contendo HNO3 10% v v-1, por no mínimo 12 h.

Posteriormente, os materiais foram lavados abundantemente com água

deionizada. Quando necessário, os frascos de TFM®, utilizados no forno de

micro-ondas com cavidade, eram submetidos à descontaminação em estufa a

180 º C por 3 h.

3. Amostras e material de referência certificado

As amostras foram adquiridas em supermercados da cidade de Salvador

em abril de 2013. Apesar de comercializadas em Salvador a origem das

amostras é variada, sendo proveniente de outros estados do país. Foram

adquiridas 21 amostras de sardinha e atum enlatados de 10 marcas diferentes

e três tipos de conservas (óleo, molho de tomate e molho de ervas).

O peixe foi separado da conserva utilizando peneiras plásticas

devidamente descontaminadas e armazenado em recipientes plásticos e

congelados por 2 dias para serem submetidos à liofilização por mais 3 dias e

tamisadas em malha de 300 mesh. As amostras foram mantidas em

dessecador até o momento da análise. As conservas foram armazenas em

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recipientes devidamente descontaminados e mantidos no freezer até o

momento da análise.

Foi utilizado um material de referência certificado de tecido de ostra

NIST 1566 b (Gaithersburg, Maryland, USA), para avaliar a exatidão dos

procedimentos analíticos propostos.

4. Procedimentos para digestão das amostras

4.2 Digestão das amostras de sardinha e atum enlatados em bloco

digestor com dedo frio

Após a etapa de pré-tratamento, pesou-se em triplicata 0,2 g das

amostras em tubos de digestão, sendo em seguida adicionado 2 mL de ácido

nítrico 14 mol L-1. A cada tubo de digestão, foi acoplado um condensador,

denominado “dedo-frio”, acoplado na parte superior do tubo de digestão. Nesse

condensador é adicionado água, e durante o processo de digestão da amostra,

esse sistema de refluxo impede a perda de espécies voláteis de arsênio e

potencializa o processo de decomposição da matéria orgânica. A digestão foi

realizada por um período de aproximadamente 3 horas, numa faixa de

temperatura compreendida entre 120-140° C, aumentada de forma gradual.

Após o início da ebulição, foi adicionado 0,5 mL de H2O2, de maneira vagarosa,

sendo adicionado mais 0,5 mL de H2O2, 30 minutos após a primeira adição,

visando, dessa maneira, potencializar a degradação da matéria-orgânica. Ao

final da digestão 1 mL de HCl 6 mol L-1 foi adicionado, para obtenção de

melhores resultados na geração de hidretos.

A digestão das conservas procedeu da mesma forma, sendo utilizado 1

mL da amostra na digestão. Conservas mais oleosas demoravam mais a serem

digeridas, cerca de 4 horas.

Após a etapa de digestão, os digeridos foram transferidos para balões

volumétricos de 10 mL, sendo posteriormente aferidos com água ultra-pura e

acondicionados em geladeira até o momento da análise.

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4.2. Digestão das amostras de sardinha e atum enlatados em forno de

micro ondas

Foram pesadas cerca de 200 mg de amostra diretamente nos frascos de

PTFE do forno de micro-ondas com cavidade. Antes de iniciar o programa de

aquecimento foram adicionados 4,0 mL de HNO3 concentrado, 1 mL de

peróxido de hidrogênio 30% v v-1. e 3,0 mL de água ultra-pura. Os frascos

foram selados e colocados dentro da cavidade e o programa de aquecimento

usado está descrito na Tabela 18. Os digeridos foram aferidos com água ultra-

pura até 20,0 mL.

Tabela 18. Programa de aquecimento em forno de micro-ondas com cavidade

Etapa t (min) P (W) Texterna (°C)

1 4 750 90

2 2 750 90

3 6 1000 180

4 10 1000 180

Ventilação 10 - -

5. Otimização Multivariada da pré-redução e geração do hidreto

de arsênio

Planejamento fatorial e desenho Doehlert foram aplicados para otimizar

a pré-redução e a geração de hidreto para determinação de arsênio nas

amostras de atum e sardinha. O planejamento fatorial foi utilizado para avaliar

os efeitos de quatro variáveis, em dois níveis, o software Statistic 7.0 foi

utilizado para processar os resultados. As variáveis estudadas foram: tempo

de pré-redução (10 e 40 min.), volume do pré-redutor KI (1,0 e 2,0 mL),

concentração do HCl (3,0 e 6,0 mol L-1) e concentração do NaBH4 (1 e 4 % m v-

1). O número total de experimentos exigidos por este método foi dado pela

equação: nK=24=16. Para avaliar o erro experimental, as medições do ponto

central foram repetidas três vezes, aumentando o número total de

experimentos para 19.

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Os resultados obtidos pelo planejamento fatorial foram avaliados, e as

variáveis com maior influencia no sistema foram investigadas através da

metodologia de superfície de resposta, matrix de Doehlert. As variáveis estudas

foram: concentração de ácido clorídrico em cinco níveis e tempo de pré-

redução em três níveis.

Foram estudados os efeitos estatisticamente significativos das variáveis

e interações entre eles foram avaliados através da aplicação de análise de

variância (ANOVA) utilizando o software Statistica 7.0. Todos os experimentos

foram realizados em sequência aleatória.

6. Etapa de pré-redução

Após a digestão das amostras, estas foram submetidas a uma etapa de

pré-redução, tendo em vista que após o processo de digestão toda espécie de

As contida na amostra é oxidada a As5+, espécie esta que só gera hidreto em

pH específico.

Para a pré-redução do As, foi adicionado 2,0 mL do digerido em um

balão volumétrico de 10 mL, adicionando em seguida 3,0 mL de HCl 4,7 mol L-1

e 1,0 mL de KI a 10% (m v-1). Após a adição dos reagentes, a solução

permaneceu em repouso por 21 minutos, aferindo o balão volumétrico com

água ultra-pura, e submetendo em seguida a amostra à análise.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

1. Otimização multivariada do sistema proposto para a

geração de hidreto

A otimização foi conduzida utilizando 10,0 mL de uma solução 5,0 µg L-1 de

As (III) e os experimentos foram realizados em ordem aleatória.

1.1. Planejamento Fatorial

Um planejamento fatorial completo (24) foi empregado para avaliar o

nível de significância dos fatores. Os domínios experimentais para cada fator

foram definidos com base em dados da literatura. Valores codificados e valores

reais, bem como sinais analíticos (intensidade), estão apresentados na Tabela

19.

Através do gráfico de pareto observou-se que a interação

entre concentração de ácido clorídrico e concentração de borohidreto de sódio

foi significativa (p <0,05) para o processo de pré-redução e geração de hidreto

do arsênio (Figura 8). Esses fatores foram investigados utilizando a matriz

Doehlert. Os níveis em que foi estudada cada variável foi baseado nos

experimentos realizados para o planejamento fatorial.

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Tabela 19: Planejamento fatorial dois níveis completo - otimização do processo de HG de arsênio

Experimentos Vol. KI*

(mL)

[HCl]*

(mol L-1)

TR* (min.) NaBH4]*

(%))

Int. sinal*

1 - - - - 489,50

2 + - - - 521,70

3 - + - - 494,10

4 + + - - 518,90

5 - - + - 629,30

6 + - + - 698,90

7 - + + - 527,30

8 + + + - 554,80

9 - - - + 530,30

10 + - - + 555,00

11 _ + - + 589,00

12 + + - + 576,40

13 - - + + 563,10

14 + - + + 582,00

15 - + + + 494,90

16 + + + + 482,00

17 0 0 0 0 597,00

18 0 0 0 0 537,30

19 0 0 0 0 521,00

*TR: tempo de pré-redução; Vol KI: volume de pré-redutos; [HCl]: concentração de HCl e [NaBH4]: concentração de borohidreto de sódio.

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Figura 8: Gráfico de Pareto para otimização das condições experimentais da geração do hidreto de arsênio

0,40

- 0,73

- 1,41

-1,63

1,86

2,05

3,07

-3,96

-5,92

-6,14

p=,05

Efeito Estimado (valor absoluto)

1 e 3

(4)[NaBH4]

1 e 2

1 e 4

2 e 4

(1)[KI]

(3)TR

(2)[HCl]

2 e 3

3 e 4

0,40

- 0,73

- 1,41

-1,63

1,86

2,05

3,07

1.2. Planejamento Doehlert

Com base nos resultados do planejamento fatorial a matriz Doehlert foi

realizada a fim de ajustar um modelo quadrático para os dados e identificar as

condições ótimas para o procedimento [164]. A matriz é apresentada na Tabela

20, que inclui três repetições do ponto central para avaliar o erro experimental,

resultando em nove experimentos no total. A concentração de ácido clorídrico

foi estudada em cinco níveis, enquanto que o tempo de pré-redução foi

estudado em três níveis.

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Tabela 20: Matrix Doehlert para otimização da pré-redução e geração do

hidreto de arsênio

Exp. [HCl]* (mol L-1) TR* (min.) Int. signal*

1 - 0.5 (4.5)* 0.866 (30)* 275,20

2 0.5 (5.5) 0.866 (30) 298,20

3 1.0 (6.0) 0 (20) 291, 70

4 0.5 (5.5) - 0.866 (10) 352, 70

5 - 0.5 (4.5) - 0.866 (10) 360,00

6 -1.0 (4.0) 0 (20) 379,50

7 0 (5.0) 0 (20) 370,70

8 0 (5.0) 0 (20) 416,10

9 0 (5.0) 0 (20) 400,00

* Valores reais

Os resultados deste planejamento também foram avaliados, e um modelo

quadrático foi obtido (Equação 5) usando os valores codificados para as

variáveis: concentração de ácido clorídrico ([HCl]) e o tempo de pré-redução

(TR).

Equação 5:

R= 1464,6 + 660,15[HCl] – 66,5[HCl]2 + 32,76[TR] – 0,54[TR]2 – 2,17[HCl][TR]

Através da equação 5 os valores críticos foram determinados, sendo

concentração de ácido clorídrico 4,7 mol L-1 e tempo de reação para pré-

redução do arsênio foi de 21 minutos. Esses valores foram calculados

conforme descritos na literatura [155]. A superfície de resposta apresentou

região de máximo como pode ser observado na Figura 9. As condições

experimentais otimizadas foram utilizadas na pré-redução e geração de hidreto

de arsênio em todo trabalho experimental, inclusive na validação.

A avaliação do modelo quadrático ajustado aos dados experimentais foi

feito por meio do teste de falta de ajuste. Como o valor de p foi maior que 0,05,

significa que o modelo matemático de segunda ordem descreve perfeitamente

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o domínio experimental estudado. Na Tabela 21 é apresentado a ANOVA para

os dados obtidos pela aplicação da matriz de Doehlert na otimização do tempo

de agitação (TA) e da concentração do ácido (CA).

Tabela 21: Análise da variância (ANOVA) para os dados referentes á Tabela

20.

Fator SS df MS F P

(1) HCl (L) 6955,27 1 6955,267 7,334214 0,073277

HCl (Q) 5306,70 1 5306,700 5,595827 0,098901 (2) TR (L) 26,52 1 26,523 0,027968 0,877822 TR (Q) 6266,97 1 6266,965 6,608411 0,082444 1L por 2L 468,72 1 468,723 0,494260 0,532680 Falta de ajuste 2845,00 3 948,332 0,235606

Total SS 19948,54 8

Figura 9: Superfície de resposta para otimização da pré-redução e

geração do hidreto de arsênio.

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Através da análise do gráfico dos valores preditos versus os valores

observados pode-se verificar que houve concordância dos valores observados

em relação aos valores que o modelo quadrático prevê (Figura 9).

260 280 300 320 340 360 380 400 420 440

Valores Observados

260

280

300

320

340

360

380

400

420

Va

lore

s p

red

ito

s

Figura 9: Gráfico dos valores preditos X valores observados para

otimização da geração de hidreto do arsênio.

2. Validação do Método

Os pontos da curva de calibração foram preparados a partir de uma

solução padrão de As3+ 1000 mg L-1. A curva de calibração foi construída

utilizando-se 7 pontos, cujas concentrações variaram de 1,0 μg L-1 a 10 μg L-1,

apresentando boa linearidade com valor de R2 = 0,999 e inclinação da curva

representada pela equação Y = 54,088[As3+] - 6,187.

Os limites de detecção (3 sd/S) e de quantificação (10 sd/S) calculados

como recomendado pela IUPAC [165] foram: 0,002 e 0,006 µg g-1 para As total,

mostrando-se adequado para a determinação de arsênio nas amostras de

sardinha e atum.

A precisão (RSD) do método proposto foi avaliada em termos de

reprodutibilidade dos resultados analíticos e o RSD variou de 1,3 a 7,0 %.

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Um material de referência certificado de tecido de ostra (NIST SRM

1566b) foi analisado para avaliar a exatidão do método. O material foi

submetido a 2 procedimentos de digestão, em bloco digestor utilizando o dedo

frio e em forno de micro-ondas com cavidade. Os resultados estão

apresentados na Tabela 22.

O valor de arsênio no certificado é de 7,65 ± 0,65 µg g-1. Através da

análise dos resultados pode-se observar que o valor obtido no forno de micro-

ondas e no bloco digestor foi cerca de metade do valor certificado.

De acordo com a literatura a arsenobetaina (Asb), arsenocolina (AsC) e

o íon tetrametilarsônio (TETRA) não produzem hidretos voláteis. Por isso é

necessário que a mineralização das amostras seja completa quando se deseja

determinar o arsênio total. Quando essa digestão é incompleta, esses

compostos orgânicos do arsênio (AsB, AsC, TETRA) não são disponibilizados

na forma de arsinas para que assim possam gerar os hidretos voláteis. A

arsenobetaina necessita de um procedimento de preparo de amostra que

alcance temperaturas próxima a 300 º C, para que assim a ligação As-C seja

quebrada, nos procedimentos de preparo de amostra utilizados nesse trabalho,

chegamos a uma temperatura máxima de 180 º C, devido a limitações do

equipamento, dessa forma a fração do arsênio que não foi quantificado nas

amostras e no material de referência certificado deve ser a arsenobetaina, pois

ela é a espécie dominante em alimentos de origem marinha [166].

Tabela 22: Resultados para determinação de As no CRM de tecido de ostra utilizando os três métodos de preparo de amostra. (µg g-1, n=3).

Amostra Valor Certificado Micro-ondas Bloco

Digestor

Tecido de Ostra - SRM

NIST 1566b

7,65 ± 0,65

3,45 ± 0,53

3,51 ± 0,81

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3. Aplicação

O método proposto foi aplicado para determinar arsênio em vinte

amostras de sardinha e atum enlatados sendo: 12 de sardinha e 8 de atum. As

amostras foram nomeadas da seguinte forma: Tipo de amostra; (A ou S) atum

ou sardinha, respectivamente; a segunda letra a marca (foram 10 marcas

diferentes) e a terceira letra o tipo de conserva óleo, molho de tomate, Light (O,

MT, L, respectivamente). Os resultados estão apresentados na Tabela 23. Em

algumas conservas não foi possível quantificar, pois não conseguimos

resultados reprodutíveis devido a falta de homogeneidade da amostra. Através

da análise dos resultados percebe-se que a concentração do arsênio nas

conservas foi sempre maior do que apenas no peixe, acredita-se então que

esse molho ou óleo realiza uma extração desse arsênio nas amostras.

As concentrações mínimas e máximas no peixe foram: 0,49 ± 0,02 e

3,28 ± 0,2 µg g-1, conservas de 1,32 ± 0,9 e 6,78 ± 0,3 µg L-1 para atum e

sardinha, respectivamente. As concentrações mais elevadas de arsênio foram

nas amostras de sardinha.

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Tabela 23: Concentração de arsênio em sardinha e atum enlatados, após

digestão em bloco digestor com dedo frio e em forno de micro-ondas com

cavidade (n=3), ([As] ± IC).

Amostra Peixe µg g-1

(Bloco digestor)

RSD

%

Conserva µg L-1

(Bloco digestor)

RSD

%

Peixe µg g-1

(Micro ondas)

RSD

%

SGOL 0,96 ± 0,05 2,0 5,98 ± 0,2 3,4 0,96 ± 0,1 4,8

SGO 0,93 ± 0,3 5,7 6,43 ± 0,1 0,7 0,91 ± 0,1 4,6

SGM 0,64 ± 0,1 6,9 ----- 0,63 ± 0,1 4,9

S8O 1,52 ± 0,2 5,1 4,56 ± 0,3 2,3 1,54 ± 0,2 4,0

S8M 1,37 ± 0,3 7,0 5,02 ± 0,2 3,2 1,39 ± 0,1 1,6

SEO 2,76 ± 0,01 0,7 --- 2,78 ± 0,3 3,9

SRO 0,91 ± 0,3 6,0 1,32 ± 0,9 2,2 0,89 ± 0,1 3,8

SCM 0,76 ± 0,1 5,7 ---- 0,78 ± 0,1 3,5

SCO 1,13 ± 0,2 5,2 4,13 ± 0,4 0,4 1,15 ± 0,1 3,6

SBM 2,38 ± 0,4 4,7 5,32 ± 0,7 4,9 2,35 ± 0,1 3,5

SBO 2,22 ± 0,3 4,7 6,78 ± 0,3 1,7 2,20 ± 0,5

SUO 0,67 ± 0,06 3,6 ---- 0,63 ± 0,1 3,5

SPO 3,25 ± 0,3 6,0 4,05 ± 0,1 2,2 3,28 ± 0,2 2,6

AGO 1,05 ± 0,02 0,7 3,42 ± 0,3 3,4 1,07 ± 0,1 3,4

A8O 0,92 ± 0,09 2,0 ---- 0,86 ± 0,1 4,6

AFO 0,50 ± 0,003 0,3 --- 0,49 ± 0,02 1,6

ABO 0,73 ± 0,05 4,3 3,07 ± 0,2 2,5 0,71 ± 0,1 4,8

ASO 0,69 ± 0,01 2,1 ----- 0,73 ± 0,02 1,3

AGM 1,30 ± 0,2 4,5 2,76 ± 0,2 2,9 1,27 ± 0,1 3,5

AGL 1,03 ± 0,4 4,2 2,19 ± 0,2 4,3 0,95 ± 0,1 4,8

AOL 1,50 ± 0,4 4,8 2,30 ± 0,05 1,5 1,55 ± 0,2 4,2

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CONSIDERAÇÕES FINAIS _____________________________________________________________________________

A otimização multivariada demonstrou ser um instrumento adequado

para a otimização do processo de pré-redução e geração de hidretos de

arsênio.

A alta sensibilidade, faixa linear, velocidade de análise, facilidade de

manuseio do equipamento e custo relativamente baixo faz com que a

espectrometria de fluorescência atômica com geração de hidretos seja uma

boa alternativa para determinação de arsênio em amostras de atum e sardinha.

Os resultados apresentados neste trabalho são resultados preliminares

pois não foi possível a quantificação do arsênio total nas amostras de atum e

sardinha devido a alta estabilidade térmica da arsenobetaina.

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