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Plataforma de Abidjan ESTRATÉGIAS DE APOIO ÀS MUTUALIDADES DE SAÚDE EM ÁFRICA

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Plataforma de Abidjan

ESTRATÉGIAS DE APOIO ÀS MUTUALIDADES DE SAÚDE

EM ÁFRICA

A edição original desta obra foi publicada pelo Bureau Internacional do Trabalho (Genebra) com o título:Health Micro-insurance. The Abidjan Platform. Strategies to support mutual health organizations in Africa

Copyright © Organização Internacional do Trabalho 1999

Edição portuguesa Copyright © Ministério da Segurança Social e do Trabalho de Portugal, 2003Traduzida e reproduzida de acordo com autorização

Primeira edição portuguesa: 2003

ISBN: 972-8766-03-3

As designações utilizadas nas publicações do Bureau Internacional do Trabalho, que estão emconformidade com a prática das Nações Unidas e a apresentação dos dados aí descritos, não implicam da parte do BIT nenhuma tomada de posição no que diz respeito ao estatuto jurídico de determinado

país, zona ou território ou das suas autoridades, nem no que diz respeito ao traçado das suas fronteiras.

Os artigos, estudos e outros textos assinados comprometem, unicamente, os seus autores, não significando a publicação dos mesmos que o BIT subscreva as opiniões neles expressas.

A menção ou omissão de determinada empresa ou de determinado produto ou processo comercial não implica da parte do BIT nenhuma apreciação favorável ou desfavorável.

Tiragem: 650 exemplares

Depósito Legal: 198 741/03

Impressão: Editorial do Ministério da Educação

Plataforma de AbidjanESTRATÉGIAS DE APOIO ÀS MUTUALIDADES DE SAÚDE EM ÁFRICA

Em Junho de 1998, o Bureau internationaldu Travail (BIT), a Agence des Etats-Unispour le Développement international

(USAID), a Deutsche Gesellschaft für technischeZusammenarbeit (GTZ), a Alliance nationale desMutualités chrétiennes de Belgique (ANMC) e aONG Solidarité mondiale (WSM) organizaramconjuntamente um workshop, em Abidjan,sobre as estratégias de apoio às organizaçõesmútuas de saúde na África Ocidental e Central.

Esse workshop reuniu os diferentes tipos deintervenientes implicados: federaçõesmutualistas de África e de outras regiões domundo, organizações internacionais, Estados,agências de cooperação, ONG locais einternacionais, prestadores de cuidados,universidades, centros de pesquisa eorganizações regionais de trabalhadores.Participaram nos trabalhos representantes deseis Estados e de cerca de quarenta estruturas1.

Foi durante este workshop que a plataforma deAbidjan foi definida. Constitui o produto daexperiência da maior parte dos obreirosresponsáveis pelo desenvolvimento dasmutualidade de saúde na África Ocidental eCentral.

1 A lista dos Estados e estruturas que participaram no workshop deAbidjan é fornecida em anexo.

1

Índice

Interesses – o que está em causa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

A plataforma. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

Apoiar as mutualidades de saúde. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

• As mutualidades: organizações criadas por e para os seus membros . . . . . . . . . . . 8

• Preservar, desde o início, a autonomiaa independência e a responsabilidade das mutualidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

• Contribuir com apoio técnico e financeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

• Durante a fase de emergência, privilegiar um apoio estreito. . . . . . . . . . . . . . . . . 12

• Prosseguir o esforço em matéria de investigação-acção. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

• Conferir apoio às mutualidades de uma forma prolongada . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

• Desenvolver sistemas de acompanhamento-avaliação eficazes . . . . . . . . . . . . . . . 15

Actuar sobre o contexto das mutualidades de saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

• Participar na melhoria da oferta de cuidados de saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

• Contribuir para a promoção da saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

• Procurar sinergias com as acções geradoras de rendimentos . . . . . . . . . . . . . . . . 18

• Alargar o apoio a todos os intervenientes implicadose às outras formas de organização das populações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

• Apoiar os Estados na criação de um contexto favorável às mutualidades. . . . . . . . . 20

• Ajudar os prestadores a tornarem-se autênticos parceiros das mutualidades . . . . . . 24

• Trabalhar no sentido do desenvolvimento de competências locais . . . . . . . . . . . . . 27

• Mobilizar a participação de parceiros externos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

• Promover as actividades realizadas num plano internacional . . . . . . . . . . . . . . . . 30

Anexo: Lista dos Estados e estruturas que participaram no workshop . . . . . 32

2

P erto de metade da população mundial nãotem acesso aos cuidados básicos de saúde.Esta exclusão atinge principalmente as

pessoas que vivem nos meios rurais e no sectorinformal urbano que são, portanto, as maisexpostas aos riscos de doença.

A pobreza, a redução dos orçamentos relativosao apoio social e à saúde, a fraca eficiência nautilização dos recursos, a insuficiência, emquantidade e qualidade, da oferta de cuidados,os problemas culturais, são muitas vezes asprincipais causas da falta de acesso aos cuidadosde saúde. Foram despendidos numerososesforços para remediar esta situação. Se foram,por vezes, alcançados resultados importantes,ainda há decerto muito a fazer.

A análise e comparação de experiências por todoo mundo indicam que existem duas dimensõesque têm de ser mais desenvolvidas:

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usa

3

• Promover o seguro: Os pobres são os mais afectados pelosriscos. Em matéria de protecção contra os riscos, o conceito deseguro continua, de longe, a ser o mais eficaz. Ora, o seguro édecerto um dos sectores cujo acesso se encontra menosdemocratizado. O seguro aparece como uma das maisfundamentais necessidades dos pobres e, ao mesmo tempo,como a mais negligenciada até ao momento presente. Promovera equidade no acesso ao seguro deveria constituir umaprioridade em matéria de luta contra a pobreza e, em particular,de acesso aos cuidados de saúde.

• Promover a participação: A participação das populações nodomínio da saúde foi muitas vezes encarada apenas sob oângulo único da contribuição financeira. Essa participaçãodeveria ser alargada à identificação das necessidades e dasprioridades, à definição e à gestão dos sistemas existentes pararesolver os problemas. A participação permite mobilizar maisintensamente as ideias e os esforços, e integrar as formastradicionais de organização e de solidariedade. Aumenta aconsciência dos problemas de saúde, facilita a prevenção e aeducação sanitária. Ao favorecer a expressão dos utilizadores e adefesa dos seus interesses perante as autoridades e osprestadores, contribui-se para a melhoria dos serviços e para agestão democrática do sector.

4

As mutualidades de saúde associam os conceitosde seguro, de solidariedade e de participação.São associações autónomas, sem fins lucrativos,baseadas na solidariedade e na participaçãodemocrática que, essencialmente mediantecotizações dos seus membros, têm comoobjectivo melhorar o acesso destes últimos e dassuas famílias a cuidados de saúde de qualidade,desenvolvendo uma acção de prevenção eentreajuda.

As mutualidades de saúde preenchem váriasfunções:

• prevêem os riscos de doença e contribuempara os colmatar, através do seguro;

• participam na mobilização dos recursos locaise na criação de uma procura solvível eestruturada;

• contribuem para a equidade, permitindo oacesso das pessoas que não beneficiam denenhuma outra forma de segurança social acuidados de saúde;

• estimulam a melhoria da qualidade doscuidados de saúde e da utilização dosrendimentos;

Intere

sses —

o qu

e está

em ca

usa As mutualidades de saúde

5

• permitem a representação dos utilizadores dos serviços de saúde,favorecem o diálogo e a gestão democrática do sector;

• participam nas actividades de promoção e educação para a saúde;

• podem desenvolver os seus próprios serviços de cuidados de saúde;

• podem contribuir para a gestão de fundos públicos desolidariedade.

As mutualidades não são simples instrumentos de financiamento dasaúde. Contribuem para o desenvolvimento cultural, moral, intelectuale físico dos seus membros e participam no desenvolvimento sanitário,social e institucional da sociedade.

Na África Ocidental e Central, as mutualidades de saúde são aindapouco numerosas e de criação recente. Consoante os contextos,propõem serviços ligados aos cuidados de saúde primária e/ou aoscuidados hospitalares. A sua dinâmica de desenvolvimento é forte.Vários estudos confirmaram o seu potencial elevado para melhorar oacesso aos cuidados de saúde. Esse impulso e esse potencial suscitamum interesse crescente por parte da população, dos governos e dosseus parceiros.

Um fenómeno emergente

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Intere

sses —

o qu

e está

em ca

usaContudo, as mutualidades de saúde continuama ser bastante mal conhecidas. Todos osintervenientes ou testemunhas do seu desenvolvimento estão de acordo sobrea necessidade de prosseguir e aumentar o apoioque permitiu o seu surgimento. É uma condiçãopara a sua consolidação mas, sobretudo, para a sua difusão nesta parte do continente.Que estratégias de apoio é necessário adoptar?

As estratégias de apoio às mutualidades desaúde não podem ser únicas. São concebidaspor intervenientes que têm objectivos,mandatos e meios diferentes. Não podem serdefinidas independentemente das realidadeslocais, porque têm de ter em conta o estado dedesenvolvimento do movimento mutualista e ascaracterísticas do seu contexto. Durante umafase de emergência, a diversidade é benéficaporque favorece a inovação, permite a análisecomparada e contribui para a pesquisa desoluções eficazes.

Um apoio necessário

Estratégias múltiplas

7

Se não é nem desejável, nem realista, conceber uma estratégia únicade apoio, é extremamente útil avaliar as estratégias passadas ou emcurso para identificar os factores de sucesso e de insucesso. Aoreunir vários tipos de intervenientes, essa avaliação também permiteconfrontar as diferenças de pontos de vista. É esta forma deavaliação que está na origem da plataforma de Abidjan, a qualconstitui um “conjunto de ideias e de princípios de apoio para aconstrução de estratégias eficazes e coerentes2. A plataforma é umutensílio evolutivo que permitirá a cada um beneficiar da experiênciade todos, no seu conjunto, favorecendo igualmente a concertação,o espírito de colaboração e as sinergias.

A plataforma é o produto de uma reflexão colectiva realizada emAbidjan, em Junho de 1998. O seu conteúdo é determinado peloestádio de desenvolvimento das mutualidades e pela percepção quedelas têm os diferentes intervenientes. Deverá ser actualizadaperiodicamente para tomar em conta a evolução do movimentomutualista, a acumulação de novas experiências, ideias ecompetências.

Porquê uma plataforma?

Actualizar periodicamente a plataforma

2 A plataforma não é um “guia para a implementação e gestão das mutualidades de saúde”.Existem outros documentos que têm essa função. Ver, por exemplo o WSM, o ANMC, o BIT.1996: Mutuelles de santé en Afrique: Guide Pratique à l’usage des promoteurs, administrateurset gérants (Mutualidades de Saúde em África: Guia Prático para utilização por parte dospromotores, administradores e gestores (Dakar, WSM/ANMC/BIT).

8As mutualidades de saúde não devem ser

criadas directamente pelos Estados ou por outros intervenientes para resolver

os problemas com que se deparam. Elas sãoorganizações participativas, criadas por iniciativados seus membros, para satisfação das suasnecessidades. A experiência do sectorcooperativo africano, após os processos deindependência, demonstrou a falha das abordagens que não respeitam esteprincípio. É alcançando os seus própriosobjectivos que as mutualidades têm um impactopositivo no sector da saúde. Contudo, os Estadose outros intervenientes têm um papel muitoimportante a desempenhar no sentido defavorecerem a sua criação e o seudesenvolvimento.A

plataf

orma As mutualidades:

organizações criadaspor e para os seus membros

Para ser eficaz a longo prazo, o apoio às mutualidades de saúdedeve preservar, desde a sua criação, a sua autonomia eindependência. É igualmente necessário que os membros possam

assumir, desde o início, as suas responsabilidades na definição daformação da respectiva organização. A transferência deresponsabilidades de uma estrutura exterior às mutualidades efectua-semal, ao contrário da transferência de competências.

Se for possível favorecer o seu agrupamento, apenas as mutualidadespodem tomar a iniciativa de constituir organizações federativas, as quaisdevem permanecer independentes e ao seu serviço. A estruturação domovimento mutualista deve ser gradual e resultar de uma vontadeexpressa pelas diferentes mutualidades. Essa estruturação deverá realizar-se progressivamente, do nível local para o nacional, da base paraa cúpula, e não ser imposta do exterior, o que constitui uma condiçãopara o surgimento de um movimento eficaz, útil e viável.

Apoia

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aúdePreservar, desde o início, a autonomia,

a independência e a responsabilidadedas mutualidades

10

O apoio a dar às mutualidades deve sertanto técnico como financeiro.

No plano técnico, é necessário reforçar ascompetências dos membros, nomeadamentedos responsáveis, através de actividades deapoio/aconselhamento e de formação. Essasactividades devem incidir, entre outros aspectos,sobre:

• os estudos de exequibilidade e adeterminação dos binómios cotizações--prestações;

• os instrumentos e técnicas para se fazer faceaos problemas ligados ao seguro (riscomoral, selecção adversa, escalada de custos);

• as prestações e as respectivas modalidadesde pagamento;

• a contabilidade, as técnicas e instrumentosde gestão, o controlo interno, o orçamento;

• a organização, os estatutos e regulamentos;

A pla

taform

aContribuir com apoiotécnico e financeiro

11

• a negociação com terceiros e o estabelecimento deconvenções com os prestadores;

• a programação, o acompanhamento e a avaliação.

A pertinência e as modalidades de apoio financeirodirecto às mutualidades de saúde devem ser examinadasmuito cautelosamente. É, por vezes, necessário um apoiofinanceiro, sob a forma de fundos de arranque, para darinício à actividade, o que pode favorecer uma penetraçãorápida do grupo alvo. A existência de fundos de garantiapode proteger as mutualidades, de uma forma útil, deeventuais acontecimentos particulares que possam pôrem causa a sua existência, como por exemplo umaepidemia. Essa protecção pode ser igualmente realizadamediante um resseguro. Contudo, estes apoios têm deser conciliados de uma forma que não altere ocompromisso e a responsabilidade dos membros, assimcomo a viabilidade e a independência das mutualidades.Mais uma vez neste caso, a experiência do sectorcooperativo fornece indicações úteis sobre osmecanismos de financiamento a privilegiar e a rejeitar.

Apoiar as mutualidades de saúde

12Nas mutualidades em processo de

formação, os membros e, emparticular, os responsáveis, têm

necessidade de adquirir as técnicas ecapacidades necessárias para uma gestãoeficaz, transparente e democrática da suaorganização. Têm de aprender a estabelecernovas relações com os prestadores decuidados de saúde e a desenvolver acções emmatéria de prevenção e de educação sanitária.Essa aprendizagem é relativamente complexa.Além disso, dirige-se a populações cujo nívelgeral de educação é muitas vezes débil. Poresta razão, é desejável, durante a fase deemergência, conferir às mutualidades umapoio estreito. Contudo, esse apoio nãodeverá ser um obstáculo à iniciativa nem aoassumir de responsabilidades por parte dosmembros. Posteriormente, é suficiente umapoio pontual e mais especializado (auditoriafinanceira ou organizacional, por exemplo).

A pla

taform

aDurante a fase deemergência, privilegiar um apoio estreito

13

Além disso, como qualquer organização, as mutualidades poderão ternecessidade de recorrer periodicamente a serviços externos,nomeadamente, em matéria de contabilidade e de elaboração derelatórios financeiros.

E ncontram-se já disponíveis conhecimentos metodológicos notáveisem matéria de apoio às mutualidades e do seu funcionamento.Todavia, no continente africano, as mutualidades ainda são pouco

numerosas e de criação recente. O sistema de referências técnicas temde ser completado e alargado para poder ter em conta a diversidade dosseus contextos de implantação. Determinadas soluções técnicas têm deser aprofundadas, por exemplo, no que se refere à integração dasformas tradicionais de organização e de solidariedade, à assimilação aonível local do conceito de seguro, às modalidades de apoio financeiroexterno, aos mecanismos de resseguro, aos instrumentos deacompanhamento e avaliação. Portanto, é importante que as estratégiasde apoio atribuam um lugar significativo à investigação-acção. Paramaximizar o seu impacto, é também indispensável prever actividades decapitalização e de difusão de experiências.

Apoiar as mutualidades de saúde

Prosseguir o esforço em matéria de investigação-acção

14

A pla

taform

a

A implementação e a gestão dasmutualidades de saúde exigem da partedas populações a aquisição de novos

conhecimentos e competências. É-lhessolicitada uma nova atitude perante osproblemas de saúde, uma vez que o seguronesse sector se encontra ainda muito poucodivulgado. As mutualidades induzem umatransformação das relações entre prestadorese utilizadores e, mais globalmente, da ofertade cuidados, participando na descentralizaçãoe democratização da sociedade e sendo porela influenciadas. Estes processos desenrolam-selentamente, necessitando de tempo paraconduzir a um movimento mutualistaautónomo e viável. É por este motivo que oapoio às mutualidades deve decorrer de umaforma prolongada. O compromisso tem de serconsiderado a longo prazo e respeitar o ritmodos parceiros.

Conferir apoio àsmutualidades de umaforma prolongada

15Para se comprometerem de uma forma

prolongada, os diferentes parceiros têmnecessidade de medir periodicamente a

progressão das suas actividades em direcção aosobjectivos. Esta medida requer a implementaçãode sistemas de acompanhamento-avaliaçãoeficazes. Esses sistemas são igualmenteindispensáveis para validar e difundir os métodosdesenvolvidos no quadro das actividades decampo, facilitando a permuta e a negociaçãoentre os diferentes intervenientes.

Apoiar as mutualidades de saúde

Desenvolver sistemasde acompanhamento-avaliaçãoeficazes

16E xiste uma forte inter-relação entre o

desenvolvimento das mutualidades desaúde e a existência de uma oferta de

cuidados de saúde de qualidade. Asmutualidades participam na melhoria daoferta de cuidados de saúde, nomeadamente,pela sua contribuição para a mobilização dosrecursos, para a criação de uma procura decuidados solvível e para a qualidade dosserviços. Contudo, não conseguem singrar sea oferta for inexistente ou de má qualidade.Têm igualmente vantagens em estabelecerrelações contratuais com os prestadores decuidados de saúde, devendo assim dispor,para o efeito, de uma certa autonomia degestão. Por todas as razões apontadas, umapoio às mutualidades de saúde terá tantomais probabilidade de sucesso quanto maiscomportar (ou se situar no quadro de) acçõesque visem melhorar a oferta de cuidados desaúde e descentralizar os respectivos serviços.

A pla

taform

aParticipar na melhoria da oferta de cuidados de saúde

As mutualidades apresentam várias vantagensque lhes permitem contribuir para apromoção da saúde. Ao confiar aos seus

membros a escolha das prioridades, das prestaçõese das cotizações, elas contribuem para umamelhor informação e análise dos problemassanitários. As acções de prevenção e de educação,pelo seu efeito sobre o estado de saúde dos seusmembros e também das despesas, contribuempara a viabilidade das mutualidades, sendo,portanto, mais apoiadas pelas comunidades. Oseguro favorece igualmente uma tomada deconsciência da ligação entre a atitude de cada umperante a sua saúde e o esforço financeirosolicitado à comunidade. Por estes motivos, éimportante ajudar as mutualidades adesenvolverem as suas actividades no queconcerne à promoção da saúde.

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e saú

de

Contribuir para a promoçãoda saúde

18Os serviços oferecidos pelas

mutualidades de saúde são financiadospelas contribuições dos seus membros,

tendo estes, muitas vezes, uma fracacapacidade contributiva. As acções que visammelhorar os rendimentos das populaçõespermitem aumentar essa capacidade, tendouma incidência positiva sobre odesenvolvimento das mutualidades . Portanto,é desejável estabelecer sinergias entre o apoioàs mutualidades e o apoio às acçõesgeradoras de rendimentos. Essa sinergia ébenéfica nos dois sentidos, uma vez que oestado de saúde da população tem umainfluência muito marcante sobre aprodutividade e, mais globalmente, sobre ocrescimento económico.

A pla

taform

aProcurar sinergias com as acções geradoras de rendimentos

19Odesenvolvimento das mutualidades pressupõe a contribuição de

múltiplos intervenientes, destacando-se como mais importantes,além das organizações mutualistas, os Estados, os parceiros sociais,

os prestadores de cuidados de saúde e as estruturas de apoio (ONG,gabinetes de estudos e projectos, etc.). Esses intervenientes terão deestabelecer novas relações de parceria. Estas diferentes categorias deintervenientes têm papéis e necessidades de apoio específicas, queseguidamente se apresentam, de uma forma abreviada.

As mutualidades de saúde partilham com outras organizações de base,nomeadamente, no sector rural e no sector de poupança/crédito, a maiorparte dos seus princípios de funcionamento: gestão democrática,autonomia, finalidade dos serviços prestados aos membros, etc. Essasorganizações podem estar interessadas em desenvolver actividades emmatéria de seguro de saúde. Esse desenvolvimento será grandementefacilitado pela organização, pela capacidade de gestão e pelos meios àdisposição. Dirigir para essas organizações acções de informação sobre oobjectivo e o funcionamento das mutualidades pode, portanto, contribuirlargamente para a criação destas últimas.

Actuar sobre o contexto das mutualidades de saúde

Alargar o apoio a todos os intervenientes implicados e às outrasformas de organização das populações

20As crises económicas e os ajustamentos

estruturais que as acompanharam nãopuserem fundamentalmente em causa

o papel, transferido para os Estados, dedefinição das políticas de saúde e deregulação da oferta de cuidados médicos.Além disso, os Estados continuam a ser, namaior parte dos países, os principaisprestadores de cuidados, através dos centrosde saúde primária e dos hospitais públicos. OsEstados têm também a responsabilidade daadopção de políticas de protecção social emrelação aos parceiros sociais, no quadro dotripartismo.

A pla

taform

aApoiar os Estados na criação de um contextofavorável às mutualidades

21

Cada uma destas funções pode serrealizada num sentido mais ou menosfavorável às mutualidades. As políticas quevisam melhorar a qualidade dos cuidadosde saúde (formação do pessoal, avaliaçãoperiódica, certificação, contribuiçãofinanceira, provisões de medicamentos...) e as que concedem aos estabelecimentosautonomia de gestão (descentralização,aquisição de personalidade moral,implementação de procedimentos degestão eficazes ...) são, por exemplo,favoráveis às mutualidades .

Os Estados podem igualmentedesempenhar um papel no quadrolegislativo e fiscal das mutualidades desaúde. A experiência mostra que aimplementação de um quadro legislativoespecífico não constitui uma condiçãoprévia para a emergência do movimentomutualista. Todavia, o quadro legislativocontinua a ser importante e torna-seindispensável num determinado estádio dedesenvolvimento das mutualidades.

Actuar sobre o contexto das mutualidades de saúde

22

Durante a fase de emergência, os quadroslegislativos têm de permanecer flexíveis,devendo ser formulados em interacção com osmutualistas. Devem proteger a autonomia dasmutualidades, mas permitir os controlosnecessários à protecção dos membros e deterceiros. No plano fiscal, é desejável que asmutualidades de saúde beneficiem devantagens similares às concedidas a outrasorganizações sem fins lucrativos.

Os Estados têm uma função na orientação daajuda ao desenvolvimento. Podem canalizar,por esse meio, recursos em benefício domovimento mutualista.

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23

Para realizar cada uma destas funções e actividades, osEstados podem necessitar de apoio técnico e financeiro porparte dos seus parceiros. Essas necessidades podem ser, pelomenos em parte, levadas em linha de conta na definição dasestratégias de apoio às mutualidades de saúde.

As mutualidades não constituem uma “solução-milagre” paraos problemas de financiamento dos cuidados de saúde.Estando submetidas a um imperativo de equilíbrio financeiro,também não se encontram em condições, na maior parte doscasos, de contribuir com uma solução duradoura para oproblema da tomada a seu cargo dos indigentes. Asmutualidades podem tornar-se parceiras do Estado, nãotendo de ver reduzidos nem as suas responsabilidades, nemos seus esforços.

Actuar sobre o contexto das mutualidades de saúde

24Os prestadores de cuidados de saúde

devem tornar-se autênticos parceirosdas mutualidades de saúde, tendo

interesse em apoiar o seu desenvolvimento,nomeadamente porque permitem a criação deuma procura solvível. As mutualidades podemigualmente colaborar com os prestadores emmatéria de educação sanitária e de prevenção.

Os esforços, já mencionados, que visammelhorar e descentralizar a oferta decuidados, e aos quais os prestadores estãonecessariamente associados, são favoráveis aodesenvolvimento das mutualidades . Acontribuição dos prestadores ultrapassa,contudo, estes aspectos.

A pla

taform

aAjudar os prestadores a tornarem-se autênticosparceiros das mutualidades

25

Os prestadores terão de estabelecer relações contratuais comas mutualidades. Essas relações têm por finalidade definir oscompromissos recíprocos em matéria de prestações e depagamento, trazendo vantagens para os prestadores, quedevem, em troca, oferecer condições particularesrelativamente à qualidade e ao preço dos serviços.

É necessário estudar as possibilidades de adopção de outrosmecanismos de pagamento, além do pagamento por cadaacto médico. Alguns destes mecanismos, como o pagamentopor episódio de doença ou por patologia, são mais favoráveisao controlo dos custos. As vantagens e os inconvenientes dosdiferentes mecanismos de pagamento devem ser analisados amédio prazo.

Os fornecedores têm um papel a desempenhar em matéria deprevenção e educação sanitária, devendo igualmente forneceràs mutualidades algumas informações de que possamnecessitar para realizar os seus estudos de exequibilidade edeterminar os binómios cotizações-prestações.

Actuar sobre o contexto das mutualidades de saúde

26

As principais necessidades de apoio dosprestadores reportam-se:

• ao conhecimento da mutualidade;

• à qualidade dos serviços e à sua avaliação;

• à implementação de uma gestãoautónoma e eficaz;

• à tarifação e análise dos diferentesmecanismos de pagamento;

• à contabilidade analítica (conhecimentodos custos);

• à elaboração de convenções;

• à prevenção e à educação sanitária.

Se o apoio não puder incidir sobre o conjuntodestas necessidades, deverão ser definidasprioridades com os prestadores e pesquisadassinergias com outro tipo de intervenções.

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27

Um movimento mutualista forte não pode nascer sem seapoiar em competências locais. Essas competênciasdevem ser desenvolvidas no seio das mutualidades, mas

também nas estruturas que lhes dão apoio. É uma condiçãopara assegurar que sejam devidamente tidas em linha de contaas formas tradicionais de entreajuda e solidariedade, umestreito apoio a longo prazo e uma autêntica apropriação dasideias e do “projecto mutualista” no seio dos países.

As competências locais no domínio da mutualidade ainda sãoraras, em virtude da novidade que esse sector constitui emÁfrica, devendo as estratégias de apoio dedicar-sesistematicamente à sua valorização e desenvolvimento. Estaquestão requer acções de formação dos intervenientes já emactividade, mas também a integração de aulas e cursos sobre amutualidade nas escolas e nas universidades. A formação éindispensável, mas não é suficiente. Tem de ser acompanhadade uma forma prática, no campo, para permitir a aquisição decompetências operacionais.

Actuar sobre o contexto das mutualidades de saúde

Trabalhar no sentido do desenvolvimento de competências locais

28

Na maior parte dos países, as estruturascapazes de fornecer apoio/aconselhamento ede conduzir acções de formação de qualidadeem benefício das mutualidades ainda são umararidade. O ideal seria que esse apoio fossedado pelas federações de mutualidades.Contudo, a constituição dessas federaçõeslevará o seu tempo. Entretanto, o apoiotécnico deverá ser assegurado pelas ONG, pororganizações de trabalhadores, sociedades deserviços e por vezes centros de pesquisa ouuniversidades. Portanto, é indispensável que oapoio exterior consolide a capacidade dessasestruturas, para que elas possam fornecer osapoios necessários. A disponibilidade e asmodalidades de financiamento desses serviços,a longo prazo, devem ser analisadas etomadas em consideração na formulação dasestratégias de apoio.

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29

As agências de cooperação e as organizações internacionais têmum papel importante a desempenhar no desenvolvimento dasmutualidades.

Podem, nomeadamente:

• apoiar os Estados no conjunto de reformas que efectuam e quemelhoram o contexto das mutualidades;

• fornecer pareceres de peritos e participar no financiamento dasactividades de apoio/aconselhamento e formação;

• contribuir com um apoio financeiro directo às mutualidades, atravésda constituição de fundos de arranque e garantia ou daimplementação de mecanismos de resseguro;

• contribuir para a consolidação da disponibilidade e da qualidade daoferta de cuidados de saúde;

• desempenhar um papel significativo na promoção da mutualidade,na capitalização e troca de experiências e, de uma forma maisgenérica, na difusão de informações sobre a mutualidade.

Actuar sobre o contexto das mutualidades de saúde

Mobilizar a participação de parceiros externos

30

As federações mutualistas de outras regiõesdo mundo podem contribuir de formaidêntica. Oferecem, além disso, a possibilidadede estabelecimento de parcerias directas entremutualistas dos diferentes continentes.

Durante esta fase de emergência dasmutualidades de saúde, éparticularmente útil partilhar

experiências, permutar informações econhecimentos entre intervenientes dosdiferentes países da região. Essa permutapermitirá uma multiplicação do impacto dasacções que forem sendo coroadas de sucesso,o desenvolvimento de colaborações e desinergias...

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Promover as actividadesrealizadas num planointernacional

31

Determinadas actividades, se forem realizadas numplano internacional, permitem uma melhoreficiência na utilização dos recursos de assistênciatécnica e ganham em pertinência. É,nomeadamente, o caso das acções de formação deformadores, de produção de instrumentosmetodológicos e didácticos, de capitalização edifusão.

As acções realizadas num plano internacional nãosubstituem as acções realizadas a nível local enacional, embora contribuam para aumentar a suaeficácia e impacto.

Actuar sobre o contexto das mutualidades de saúde

Lista dos Estados

Burkina Faso

Costa do Marfim

Guiné

Togo

32 Benin

Anex

oLista dos Estados eestruturas que participaramno workshop

Mali

Association Conseil pour l’Action (ACA) (Associação de Aconselhamento para Actuação), Mali

Banque Mondiale (Banco Mundial)

Centre Africain de Recherche pour une Pratique Culturelle du Développement (Centro Africano dePesquisa para uma Prática Cultural do Desenvolvimento), Burkina Faso

Centre d’Enseignement Supérieur d’Administration et de Gestion (CESAG) (Centro de Ensino Superiorde Administração e Gestão), Senegal

Centre International de Formation de l’OIT (Centro Internacional de Formação da OIT) – Turim

Coopération Française (Cooperação Francesa)

Deutsche Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit (GTZ) (Associação Alemã para a Cooperação Técnica)

Groupe National sur le Système de Prépaiement (Grupo Nacional relativo ao Sistema de Pré--Pagamento), Guiné

Alliance Nationale des Mutualités Chrétiennes (ANMC) (Aliança Nacional das Mutualidades Cristãs), Bélgica

Agence Norvégienne de Coopération au Développement (NORAD) (Agência Norueguesa deCooperação para o Desenvolvimento)

33

Lista das estruturasAdministration Générale de la Coopération au Développement (AGCD), (Administração Geral daCooperação para o Desenvolvimento), Bélgica

Alliance Internationale de la Mutualité (AIM) (Aliança Internacional da Mutualidade)

Association Burkinabée de Santé Publique (ABSP) (Associação de Saúde Pública de Burkina Faso),Burkina Faso

Banque Africaine de Développement (BAD) (Banco Africano de Desenvolvimento)

Bureau international du Travail (BIT) (Gabinete internacional do Trabalho)

Centre Afrika Obota (CAO) (Centro África Obota), Benin

Centre International de Développement et de Recherche (CIDR) (Centro Internacional deDesenvolvimento e de Pesquisa), França

Centre Médical – Association de Médecins Internationaux (Centro Médico – Associação de MédicosInternacionais), Costa do Marfim

Coordination des Mutuelles de Thiès (Cooperação das Mutualidades de Thiès), Senegal

Fondation Friedrich Ebert (Fundação Friedrich Ebert)

Organisation Mondiale de la Santé (OMS) (Organização Mundial de Saúde)

Organisation de l’Unité Syndicale Africaine (OUSA) (Organização da Unidade Sindical Africana)

Programme BIT/ACOPAM (Programa BIT/ACOPAM), Dakar

Projet Assurance Maladie de Côte d’Ivoire (Projecto de Seguro de Doença da Costa do Marfim)

Projet GTZ d’Assistance en matière de Santé Publique et de Planning Familial (Projecto de Assistênciaem matéria de Saúde Pública e de Planeamento Familiar), Costa do Marfim

Projet Santé Abidjan, Coopération Française (Projecto de Saúde Abidjan, Cooperação Francesa),Costa do Marfim

Union Européenne (UE) (União Europeia)

Union Technique de la Mutualité Malienne (UTM) (União Técnica da Mutualidade do Mali)

World Solidarity/Solidarité Mondiale (WSM) (Solidariedade Mundial), Bélgica

Mutualité Sociale Agricole (MSA) (Mutualidade Social Agrícola), França

Lista das estruturasGroupe de Recherche et d’Appui aux Initiatives Mutualistes (GRAIM) (Grupo de Pesquisa e de Apoioàs Iniciativas Mutualistas), Senegal

Organisation Démocratique Syndicale des Travailleurs Africains (ODSTA) (Organização DemocráticaSindical dos Trabalhadores Africanos)

Organisation Régionale Africaine de la Confédération Internationale des Syndicats Libres (ORAF-CISL)(Organização Regional Africana da Confederação Internacional dos Sindicatos Livres)

Partnerships for Health Reform (PHR/USAID) (Parcerias para a Reforma da Saúde), Estados Unidos daAmérica

Programme BIT/STEP (Programa BIT/STEP), Genebra

Projet BIT/SSMECA (Projecto BIT/SSMECA), Tanzânia

Projet Mutualité au Mali, Coopération Française (Projecto Mutualidade no Mali, Cooperação Francesa)

Projets GTZ, Ministère de la Santé (Projectos GTZ, Ministério da Saúde), Guiné

Université de Liège, Centre d’Economie Sociale (Universidade de Liège, Centro de Economia Social)Bélgica

United States Agency for International Development (USAID) (Agência dos Estados Unidos para oDesenvolvimento Internacional)

34

Anex

o

STEP

m

WSMSOLIDARITE MONDIALE

WORLD SOLIDARITY

World Solidarity/Solidarité Mondiale (WSM)Rue de la loi, 121 • 1040 BRUXELLES BélgicaTel. (+32 2) 237 3765 • fax (+32 2) 237 3700

Alliance Nationale des Mutualités Chrétiennes de Belgique (ANMC)

Rue de la loi, 121 • 1040 BRUXELLES BélgicaTel. (+32 2) 237 4330 • fax (+32 2) 230 6959

Deutsche Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit (GTZ) GmbH

Projet Assurance MaladieDag-Hammarskjöld-Weg 1-5 • 65726 ESCHBORN AlemanhaTel. (+49 228) 952 7360 • fax (+49 228) 843 322

Partnerships for Health Reform (PHR/USAID)

Abt Associates Inc.4800 Montgomery Lane, Suite 600 • BETHESDA, MD 20814 EUATel. (+301) 718 3138 • fax (+301) 652 3916

United States Agency for International Development (USAID)

1300 Pennsylvania Avenue, N.W. • WASHINGTON DC 20523-5900 EUATel. (+202) 219 0474 • fax (+202) 216 3702

Appui Associatif et Coopératif aux Initiatives de Développement à la Base (BIT/ACOPAM)

B.P. 414 DAKAR Senegal • Tel. (+221) 824 5884 • fax (+221) 825 2940Appui associatif et coopératif auxinitiatives de développement à la base

PROGRAMME

4, route des MorillonsCH-1211 GENEVE 22 SuíçaTel. (+41 22) 799 6685fax (+41 22) 799 6644

Stratégies et Techniques contre l’Exclusion sociale et la Pauvreté (BIT/STEP)

ouB.P. 414 DAKAR SenegalTel. (+221) 637 1501fax (+221) 823 6874

Bureau international du Travail (BIT)

4, route des Morillons • CH-1211 GENEVE 22 SuíçaTel. (+41 22) 799 6544 • fax (+41 22) 799 6644

Deutsche Gesellschaft fürTechnische Zusammenarbeit(GTZ) GmbH

M U T U A L I T ÉCHRETIENNEA L L I A N C EN AT I O N A L E