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ESTIMATIVAS E PREVENÇÃO DO CÂNCER EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS Prof.a Carin Weirich Gallon Especialista em Nutrição Clínica Unisinos Mestre em Ciências Médicas UFRGS Doutoranda em Ciências Médicas UFRGS Sócia Fundadora da Sociedade Brasileira de Nutrição Oncológica - SBNO

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ESTIMATIVAS E PREVENÇÃO DO CÂNCER EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS

Prof.a Carin Weirich Gallon

Especialista em Nutrição Clínica – Unisinos

Mestre em Ciências Médicas – UFRGS

Doutoranda em Ciências Médicas – UFRGS

Sócia Fundadora da Sociedade Brasileira de Nutrição Oncológica - SBNO

ESTIMATIVAS

• Com base no documento World cancerreport 2014 da International Agency for Research on Cancer (Iarc), da Organização Mundial da Saúde (OMS), é inquestionável que o câncer é um problema de saúde pública, especialmente entre os países em desenvolvimento, onde é esperado que, nas próximas décadas, o impacto do câncer na população corresponda a 80% dos mais de 20 milhões de casos novos estimados para 2025.

ESTIMATIVAS

• Estima-se, para o Brasil, biênio 2018-2019, a ocorrência de 600 mil casos novos de câncer, para cada ano. Excetuando-se o câncer de pele não melanoma (cerca de 170 mil casos novos).

• Essas estimativas refletem o perfil de um país que possui os cânceres de próstata, pulmão, mama feminina e cólon e reto entre os mais incidentes, entretanto ainda apresenta altas taxas para os cânceres do colo do útero, estômago e esôfago.

• A distribuição da incidência por Região geográfica mostra que as Regiões Sul e Sudeste concentram 70% da ocorrência de casos novos; sendo que, na Região Sudeste, encontra-se quase a metade dessa incidência..

CONCEITOS DA PREVENÇÃO DE CÂNCER

• prevenção primária:

• na mudança de hábitos pessoais, procurando eliminar fatores causais do câncer.

• prevenção secundária :

• se baseia na detecção precoce

PROGRAMA DE PREVENÇÃO E DETECÇÃO PRECOCE DE

CÂNCER• execução criteriosa e rigorosa

• avaliação inicial,

• exame clínico,

• exames complementares

Estudos publicados pelo Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos mostram que o rastreamento de populações de risco aumenta o diagnóstico de tumores em fases sub-clínicas (onde ainda não causam sintomas), e um ganho de sobrevida em relação à população geral.

FUNDAMENTOS E LIMITES DA PREVENÇÃO

1. Permite a detecção de neoplasia (câncer) em fase precoce, já que a cura de qualquer tipo de câncer é tanto maior quanto mais inicial é a fase em que são diagnosticados e tratados.

2. Atua em população assintomática que não procuraria espontaneamente atenção médica.

3. A não detecção de câncer não significa que a pessoa nunca venha a desenvolver câncer.

FUNDAMENTOS E LIMITES DA PREVENÇÃO

• Apesar do progresso, existem os limites da medicina, limites dos exames utilizados, e a própria evolução do organismo humano são limitações da prevenção.

• A negatividade da avaliação inicial não deve ser interpretada como garantia de que essa pessoa nunca virá a ter câncer.

QUEM DEVE FAZER PARTE DE PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE CÂNCER?

• Assintomáticos maiores que 20 anos (mulheres) ou de 40 anos (homens).

• Assintomáticos com história familiar de câncer, maiores que 25 anos.

• Portadores de doença predisponente ao câncer.

• Sintomáticos sem diagnóstico.

FATORES DE RISCO E PREVENÇÃO

TABACO

• Fumantes chegam a ter 20 vezes mais chances de ter

câncer de pulmão que não fumantes, 10 vezes mais

chances de ter câncer de laringe e de duas a cinco

vezes mais chances de desenvolver câncer de

esôfago.

Não há limite seguro para o uso do tabaco.

TABACO

É estimado que o uso do tabaco tabaco provoca 20 % de todasas mortes por câncer.

Fumantes têm risco aumentado de um número de diferentestipos de câncer.

Em todo o mundo, cerca de 80 % dos casos de câncer depulmão em homens e 50 % nas mulheres são causadas pelocigarro.

A fumaça contém pelo menos 80 agentes cancerígenosmutagénicos conhecidos, incluindo arsênio, cádmio, amônia,formaldeído e benzopireno.

Cada um tem um mecanismo separado para causar cancer.

INFECÇÕES

• As infecções por vírus, bactérias, macroparasitas, têm sido identificadas como fortes fatores de risco para cânceres específicos.

• Em em 2008 - cerca de 2 milhões (16%)

do total de 12,7 milhões de novos

casos de câncer foram atribuídos a infecções.

INFECÇÕES

• Helicobacter pylori, hepatite Vírus B e C, e papilomavírus são responsáveis por 1,9 milhões de casos de câncer no mundo, incluindo principalmente gástrico, hepático e câncer cervical, respectivamente.

INFECÇÕES

• A infecção com HIV substancialmente aumenta o risco de virus associado ao câncer, em função da imunossupressão.

• Aplicação de métodos existentes para a prevenção de infecção, tais como vacinação e um comportamento sexual seguro, tratamentos antimicrobianos e antiparasitários podem ter um grande impacto no futuro.

Estas estimativas são substancialmente maiores nos países em desenvolvimento (26%) do que nos países desenvolvidos (8%).

Profissionais de saúde pública devem dar mais

importância às infecções que causam câncer e apoiar a implementação de estratégias de prevenção de atualmente disponíveis.

Infecções

FATORES REPRODUTIVOS E HORMONAIS

• Fatores reprodutivos e menstruais são relevantes para a etiologia de mama, endométrio, e ca do ovário;

• A obesidade é um fator de risco para estes tipos de tumores nas mulheres, bem como para alguns tipos de câncer em homens;

• O uso de contraceptivos orais substancialmente reduz o risco de câncer do endométrio e ovário mas parece aumentar o risco de ca mama e de colo do útero;

• O papel dos fatores hormonais a etiologia de alguns tumores em homens estão sendo estudados, embora as relações de risco continuam não sendo claras..

OCUPACIONAL

• Atualmente, 32 agentes ocupacionais bem como 11 circunstâncias de exposição são relevantes para a exposição ocupacional e provavelmente cancerígenos para seres humanos.

• Exposição no local de trabalho: amianto, hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, metais pesados, as emissões dos motores a diesel...

OCUPACIONALPrevenção

A identificação de um agente cancerígeno é um importante comunicado de saúde pública, bem como científico.

Tal designação geralmente tem implicações para a engenharia e / ou industria para que tomem medidas de higiene para reduzir ou eliminar a exposição ocupacional para o agente.

Existem muitas possíveis maneiras em que a exposição a um agente pode ser evitada ou pelo menos reduzida, dependendo do agente e a natureza da industria ou processo ocupacional no qual o agente é utilizado ou produzido.

OCUPACIONAL

Às vezes, uma ou outra das seguintes classes de medidas pode ser adotado:

substituição de um tipo de matéria-prima por outra,

modificação ou mecanização processo industrial,

e / ou melhorar ventilação

e / ou a utilização equipamento de proteçãopessoal.

Agentes químicos/físicos Tipos de câncer relacionados

Amianto/Asbesto Pulmão, mesotelioma, laringe, ovário

Aminas aromáticas Bexiga

Benzeno Leucemia

Formaldeído Nasofaringe, leucemia

Benzidina Bexiga

Berílio e seus compostos Pulmão

Alumínio e seus compostos Pulmão, bexiga

Arsênico Pulmão, pele e bexiga

Cádmio Pulmão

Compostos de níquel Pulmão e seios paranasais

Fuligem Pulmão, pele

Cromo e seus compostos Pulmão

Borracha Medula óssea e bexiga

Pó de madeira Seios paranasais

Radônio Pulmão

Radiação solar Pele

Tinturas de cabelo Bexiga

Material de pintura Pulmão, bexiga

DIETA, OBESIDADE, EATIVIDADE FÍSICA

PROJETO DE

ATUALIZAÇÃO

CONTÍNUA

Espera-se que uma revisão das Recomendações de

Prevenção do Câncer seja publicada em maio de

2018, uma vez que uma análise de todos os cânceres

sendo avaliados tenha sido conduzida.

Até agora, novos relatórios do CUP (projeto de

atualização contínua) foram publicados sobre

evidências atualizadas de câncer de mama , colorretal

(intestino) , pancreático, endometrial

(útero) , ovariano , próstata , fígado , vesícula

biliar , rim , bexiga , estômago e esôfago ; bem como

para sobreviventes de câncer de mama .

RECOMENDAÇÕES PESSOAIS

• Assegure-se de que o peso corporal durante ocrescimento na infância e na adolescência projetena direção dos limites inferiores de normalidade doIMC aos 21 anos de idade.

• Mantenha o peso corporal dentro dos limitesnormais a partir dos 21 anos de idade.

• Evite o ganho de peso e aumentos nacircunferência da cintura ao longo da fase adulta.

OBESIDADE

• A manutenção de um peso saudável ao longo da vida pode ser uma das formas mais importantes de se proteger contra o câncer, além de também proteger contra diversas outras doenças crônicas comuns.

• Iarc relaciona sobrepeso e obesidade a mais oito tipos de câncer

• Uma nova avaliação realizada pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc) da Organização Mundial da Saúde (OMS) concluiu que o peso corporal adequado contribui para redução do risco de desenvolver 13 tipos de câncer.

• A avaliação anterior da IARC, de 2002, já indicava que o peso adequado diminuía o risco de desenvolver câncer de cólon e reto, esôfago, rim, mama na pós-menopausa e endométrio.

• Na análise atual, a mesma associação também foi encontrada para mais oito tumores: estômago, fígado, vesícula biliar, pâncreas, ovário, tireoide, meningioma e

• Essas conclusões tiveram como base uma revisão sistemática da literatura científica feita por um grupo de trabalho de 21 pesquisadores internacionais independentes que avaliou mais de 1000 estudos sobre os mecanismos que ligam o excesso gordura corporal ao câncer.

• O atual estudo observou efeito dose-resposta entre o excesso de peso e o risco para alguns tipos da doença, ou seja, quanto maior o grau da obesidade maior o risco de desenvolver determinados tipos de câncer.

OBESIDADE

• O excesso de gordura corporal é um fator de risco para o câncer pois provoca um processo inflamatório crônico e altera o metabolismo de hormônios sexuais que podem causar danos às células, provocando ou acelerando o surgimento da doença.

20% dos casos de câncer são causados pelaobesidade

influenciados pela dieta, variação de peso e adistribuição de gordura corporal, juntamente coma falta de atividade física.

existe a evidência mais forte para uma associação da obesidade com câncer endometrial, adenocarcinoma de esôfago, colo-retal, de mama na pós-menopausa, próstata e renal

obesidade está correlacionada com os níveis baixos de 25 - hidroxi-vitamina D, pode ser responsável por 20% do risco de cancro associado ao aumento do IMC

potenciais produtores de câncer

em obesidade

esteróides sexuais

IGF- I

adipocinas

insulina

Novos mecanismos

propostos

a inflamação

crônica

estresse oxidativo

a hipóxiainduzida

pela obesidade

RECOMENDAÇÕES PESSOAIS

Seja moderadamente ativo fisicamente, o equivalente a uma caminhada acelerada, por, no mínimo, 30 minutos todos os dias.

À medida que seu condicionamento físico melhorar, procure exercitar-se moderadamente por 60 minutos ou mais, ou por 30 minutos ou mais, de atividade física vigorosa todos os dias.

Limite hábitos sedentários tais como assistir à televisão.

Mantenha-se fisicamente ativo como parte da rotina diária.

ATIVIDADE FÍSICA

A atividade física é difícil de medir em estudos epidemiológicos, e a compreensão da sua relação com o risco de câncer é complicada porque é geralmente inversamente relacionada à obesidade.

É provável que o impacto mais importante em relação à prevenção do câncer é por meio da sua contribuição para proteger contra o ganho de peso e

obesidade.

Há também evidências que a atividade física reduz o risco de câncer de cólon e de mama e melhora a sobrevida de forma independente dos seus efeitos sobre o IMC, talvez agindo nas mudanças hormonais.

O tipo e a quantidade de atividade física necessária para reduzir o risco de câncer permanece incerta.

Atividade física

RECOMENDAÇÕES PESSOAIS

Consuma alimentos com alta densidade energética raramente.

Evite bebidas açucaradas.

Consuma alimentos do tipo fast-food raramente ou nunca.

A densidade energética média da alimentação deve ser

reduzida para 125 kcal por 100g.

ALTA DENSIDADE ENERGÉTICA/PROCESSADOS

Alimentos com alta densidade energética são aqui definidos como aqueles com um conteúdo de energia de mais de 225-275 kcal por 100g.

Limite os alimentos processados com alta densidade energética .

Não foi demonstrado que alimentos com alta densidade energética pouco processados, tais como nozes e sementes, contribuam para o ganho de peso quando consumidos como parte das dietas típicas.

Alimentos in natura ou

minimamente processados

Alimentos Processados

ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS

EVITE ALIMENTOS

ULTRAPROCESSADOS.

Resgatando a comida de verdade

• Slow Food Fast Food

O objetivo do estudo foi investigar os efeitos de uma dieta com

baixo teor carboidratos e rica em proteínas sobre a taxa de

crescimento de tumores. Os pesquisadores testaram a

hipótese de que células cancerígenas dependem de mais

glicose para o seu crescimento do que as células normais.

O estudo mostrou que a dieta com baixa ingestão

de carboidratos simples e rica em proteínas retarda

o crescimento e reduz a incidência de tumores, bem

como melhora a resposta a terapias existentes, sem

levar à desnutrição ou insuficiência renal

DETARY CARBOHYDRATES, fiBER, AND BREAST CANCER RISK IN CHINESE WOMEN - 2009

WANQING WEN, XIAO OU SHU, HONGLAN LI, GONG YANG, BU-TIAN JI, HUI CAI, YU-TANG GAO

Objetivo: avaliar prospectivamente a associação de

carboidratos na dieta, índice glicêmico, cargaglicêmica e fibra dietética com o risco do câncer de

mama e para determinar se o efeito desses aportes

é modificado por idade e fatores de risco

relacionados a insulina ou estrogênio. N= 74.942

A ingestão de carboidratos da dieta e alta

carga glicêmica foram associadas com

risco elevado de câncer de mama na pré-menopausa, mas não na pós-menopausa.

RECOMENDAÇÕES PESSOAIS

Consuma, pelo menos, cinco porções (no mínimo, 400g)

de hortaliças sem amido e de frutas variadas todos os dias.

Consuma cereais (grãos) pouco processados e/ou

leguminosas em todas as refeições.

Limite alimentos processados (refinados) que contenham

amido.

Pessoas que consomem raízes e tubérculos ricos em amido

como itens básicos da dieta também devem garantir uma

ingestão suficiente de hortaliças sem amido, de frutas e

leguminosas.

FRUTAS, LEGUMES EFITOQUÍMICOS

Um grande papel protetor para o consumo total de frutas e legumes e epecialmente de fitoquímicos específicos ou subgrupos botânicos que podem reduzir riscos de alguns tipos de câncer.

Estudos promissores incluindo:

Carotenóides- prevenção do câncer de mama

Crucíferos - vários locais de câncer incluindo próstata, bexiga e pulmão

Alho – câncer gástrico

Folato - câncer de cólon

Produtos de soja, rico em compostos anti-estrogênicos,

durante a adolescência, mas não durante meia-idade ou mais tarde, tem sido associado com menor risco de cancer de mama.

ANTIOXIDANTES

Hoje, alguns estudos mostram que uma

alimentação rica em alimentos fontes de antioxidantes

pode ajudar a diminuir o risco de câncer de pulmão,

cólon, reto, estômago, boca, faringe e esôfago.

Provavelmente, reduzem também o risco de

câncer de mama, bexiga, laringe e pâncreas; e,

possivelmente, o de ovário, endométrio, colo do útero,

tireoide, fígado, próstata e rim.

INCA, 2010

ANTIOXIDANTES

Agem nas três linhas de defesa orgânicas contra os RL:

• A primeira é a de prevenção, que se caracteriza pela proteção contra a

formação de substâncias agressoras;

• a segunda é a de interceptação dos RL;

•e a última é a de reparo, que ocorre quando a prevenção e a

interceptação não foram completamente efetivas e os produtos da

destruição dos RL estão sendo continuamente formados em baixas

quantidades, podendo se acumular no organismo

COSTA, 2009; SAMPAIO, 2009

ANTIOXIDANTES

• Prevenção:

• Possibilidade de serem agentes anticancerígenos potenciais:

• dano oxidativo reduzido a lipídios e proteínas de DNA;

• redução da proliferação e angiogênese;

• aumento da apoptose e, portanto, possível redução da iniciação, promoção, progressão e metástase de câncer.

• No entanto estes efeitos ainda são controversos.

HARVIE, 2014; INCA, 2007

ANTIOXIDANTES

Entre os antioxidantes não enzimáticos, que

têm recebido maior atenção por sua possível

ação benéfica ao organismo, estão:

•Os carotenoides,

•A vitamina C (ácido ascórbico),

•A vitamina E (tocoferol),

•Os polifenóis

•O Selênio

WAITZBERG, 2005; BARREIROS, 2006

ANTIOXIDANTES

• CAROTENOIDES

• Habilidades em extinguir o radical superóxido e de capturar radicais peroxila, sendo também potentes moduladores do crescimento e da diferenciação celular.

• Ensaios recentemente resumidos, têm resultados principalmente negativos, com alguns efeitos nocivos notáveis. A suplementação com beta-caroteno pode aumentar o risco de câncer de pulmão (RR 1,16 [1,06-1,27]) e câncer do estômago (RR 1,34 [1,06-1,7]), porém, não foram analisadas doses recomendadas segundo as DRIs, mas sim o uso de suplementação.

DOLARA P, 2012; KIM, 2003; SHAMI, 2004; WAITZBERG, 2006; ITO, 2005;SANTOS, 2001; SAMPAIO, 2009.

ANTIOXIDANTES

• VIT C

• Pode evitar a formação de carcinógenos a partir de compostos precursores, podendo inibir a carcinogênese pelos mecanismos de:

• alteração na estrutura do carcinógeno, • inibição competitiva,• prevenção de acesso do carcinógeno ao tecido-alvo por estabilidade

crescente da membrana.

• Apesar disso, a evidência para qualquer efeito da suplementação de vitamina C sobre o câncer em estudos randomizados permanece limitada, já que estudos observaram que depende do tipo de câncer e período de uso do suplemento.

WANG, 2014; NEPOMUNCENO, 2005; WAITZBERG, 2006; SAMPAIO, 2009.

ANTIOXIDANTES

• VIT E

• É capaz de inibir o crescimento de células malignas, impedindo que continuem o ciclo celular, interrompendo-o na fase G1 e conduzindo a apoptose.

SANTOS, 2001; KIM, 2003; NEPOMUNCENO, 2005; WAITZBERG, 2006; LIMPENS, 2006; SAMPAIO, 2009.

ANTIOXIDANTES

POLIFENÓIS:

Os principais grupos são os ácidos fenólicos, tendo como exemplos:

•O ácido clorogênico, presente no café;

•os estilbenos, como o resveratrol presente nas uvas e vinho;

•as cumarinas, como as furanocumarinas do aipo;

•as ligninas, como as lignanas da linhaça;

•e os flavonoides, como as frutas, hortaliças, chás, cacau e soja.

MELO, 2008; FALLER e FIALHO, 2009

ANTIOXIDANTES NA PREVENÇÃO

Existem benefícios no

uso de antioxidantes

na prevenção do

câncer?

Sim. A ingestão de quantidades fisiológicas de antioxidantes

está recomendada para pacientes saudáveis através de uma

alimentação rica em frutas e vegetais (cinco ou mais porções

por dia) e de acordo com a DRI.

Quais os benefícios

do uso de

antioxidantes a partir

de uma alimentação

saudável?

Auxiliar na prevenção da carcinogênese;

Contribuir com melhora da imunidade;

Inativação dos radicais livres;

Redução do processo inflamatório associado a carcinogênese;

Manutenção de peso corporal adequado e da concentração

sérica adequada de AOX.

Quais pacientes se

beneficiariam do uso

de antioxidantes?

Todos os pacientes se beneficiam com o uso de antioxidantes,

sobretudo, vindos de uma alimentação saudável com o

consumo de frutas e vegetais.

Existe

contraindicação do

uso de suplementos

nutricionais com

antioxidantes para

prevenção de

Sim. Doses acima das recomendadas pela DRI, em especial

para indivíduos que apresentem estado nutricional de

antioxidante sérico adequado.

Consenso_Nutricao_vol_II_2_ed_2016

Objetivo: avaliar se o grau de adesão a um padrão

de dieta mediterrânea modifica o risco de câncer de

mama entre as mulheres greco-cipriotas.

N = 3.574 (MASTOS)

Demonstrou que a adesão a um padrão de dieta

rica em vegetais, peixes, legumes e azeite de oliva

pode influenciar favoravelmente para a prevenção

do câncer de mama.

PIRAMIDE ALIMENTAR MEDITERRÂNEA

DIETARY PATTERNS AND BREAST CANCER RISK IN ASIAN AMERICAN WOMEN - 2009

ANNA H WU, MIMI C YU, CHIU-CHEN TSENG, FRANK Z STANCZYK, AND MALCOLM C PIKE

Objetivo: investigar a associação entre hábitos

alimentares e o risco de câncer de mama em

americanas de origem asiática.

N= 2.396

Verduras e legumes foram os componentes individuaisque foram significativamente associados à redução do

risco de câncer de mama, uma vez que carboidratos

refinados e carnes foram significativamente associados

ao aumento do risco.

RECOMENDAÇÃO PESSOAL

• Pessoas que comem carne vermelha regularmente

devem consumir menos de 500g por semana, incluindo pouca ou nenhuma quantidade de carne processada.

De acordo com o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) -2015 , a carne processada é um fator de risco certo para o câncer, classificadas no grupo 1 de carcinogênicos para os quais já há evidência suficiente de ligação com o câncer.

• A carne vermelha - de boi, porco, carneiro, bode

e cavalo - foi classificada pela Iarc como um

carcinógeno "provável" e entrou na lista do grupo 2A.

• Em artigo publicado na revista científica The Lancet, pesquisadores da Iarc, definem a carne processada como "produtos transformados por salgamento, curagem, fermentação, defumação e outros processos para realçar sabor ou melhorar a preservação".

• O Iarc descobriu ligações principalmente com o câncer de intestino, mas também observou associações com tumores no pâncreas e na próstata.

• Estudo de meta-análise (que avaliou diversos outros estudos) estima que cada porção diária de 50 gramas de carne processada aumente o risco de câncer colorretal em 18%.

Carcinogenicity of consumption of red and processed meat

International Agency for Research on Cancer Monograph Working Group

Published: 26 October 2015

NUTRIENT PATTERNS AND RISK OF BREAST CANCERIN URUGUAY - 2010

RONCO A,ET AL

Objetivo: explorar o papel da dieta

no câncer de mama.

N= 884

Dois padrões alimentares: padrão alto consumo de carne e

padrão antioxidante, sendo o padrão alto consumo de

carne altamente relacionado com o risco de câncer de

mama e o padrão antioxidante mostrou um efeito protetor. O

padrão alto consumo de carne foi correlacionado com o

consumo de carne vermelha e carne processada, que são

importantes fontes de gordura e aminas heterocíclicas,

carcinógenos mamários.

PEIXE

• A hipótese dos benefícios causados pelo consumo de peixe em relação à carcinogênese pode ser explicada devido ao papel de ácidos graxos poli-insaturados, o ômega-3, presentes no alimento.

• Entre os benefícios, está o de um possível efeito anti-inflamatório, através da supressão da biossíntese de acido araquidônico (AA; ômega-6 PUFA), derivado de eicosanoides pró-inflamatórios.

Autor, Ano

Local

estudo

Delineament

o

Tipo de

estudo

Objetivos do

estudo

Metodologia / N Principais achados

Ganesh, et

al

2009

India

Caso-

controle,

base

hospitalar

Estudar

associação

entre estilo de

vida e hábitos

alimentares

com o risco de

CRC.

- QFA, dados demográficos,

estilo de vida e hábitos

alimentares pesquisados antes

do diagnostico, no ambulatório.

A partir do diagnostico foram

definidos casos e controles.

Período: 3 anos. / 1.831

- Peixe fresco: ↓ 40%

o risco

- Peixe seco: ↑ risco

entre os homens,

mas não entre

mulheres.

Gonzalez

andRiboli

2010

Europa

Prospectivo,

multicêntrico

Investigar a

relação entre

dieta e câncer.

- QFA, dados médicos, estilo de

vida, entre outros, durante 12

meses.

- Análises bioquímica, genética e

hormonal. / 519.978

- Consumo >80g/dia

de peixe: redução

de 31% de risco.

Sasazuki, et

al

2011

Japão

Coorte,

prospectivo,

base

populacional

Esclarecer o

papel do w-3 e

w-6 na

carcinogênese

colorretal

- QFA, histórico médico, dados

sociodemográficos, tabagismo,

etilismo, durante um período de

5 anos de acompanhamento. /

88.754

- Consumo de peixe

inversamente

associado ao risco

de CRC.

Bravi, et al

2010

Itália

Caso-

controle,

base

hospitalar

Identificar

relação entre

hábitos

alimentares e

CRC.

- QFA, medidas antropométricas,

estilo de vida, histórico medico,

entre outros, durante um período

de 4 anos. / 6.107

- Consumo de peixe

inversamente

associado ao CRC.

(OR = 0.80, 95% IC:

0.66–0.98)

• RECOMENDAÇÃO PESSOAL

• Se bebidas alcoólicas são consumidas, o consumo deve ser limitado a não mais do que dois drinques por dia, para homens e a um drinque por dia, para mulheres.

• Essa recomendação leva em conta que existe um provável efeito protetor para doença cardíaca coronariana.

• Crianças e mulheres grávidas não devem consumir bebidas alcoólicas.

• Um “drinque” contém aproximadamente 10-15g de etanol.

A Organização Mundial de

Saúde (OMS), por exemplo,

estabelece que uma dose

padrão contém

aproximadamente 10 a 12 g de

álcool puro conforme tabela.

Secretaria Nacional de

Política sobre Drogas –

SENAD (Brasil) e o

National Institute on

Alcohol Abuse and

Alcoholism – NIAAA

(EUA) adotam

diferentes

padronizações. Veja

tabela comparativa:

ÁLCOOL

• Normalmente, com uma associação de dose-resposta estabelecida, tem relação especialmente com câncer de boca, faringe, laringe, esôfago, fígado, coloretal e mama feminina.

• As bebidas alcoólicas são complexas misturas, mas o etanol, que age com um efeito genotóxico sobre o

metabolismo do acetaldeído, é reconhecido como o agente predominantemente carcinogênico.

RECOMENDAÇÕES PESSOAIS

• Evite alimentos salgados ou preservados em sal;

preserve os alimentos sem uso de sal.

• Limite o consumo de alimentos processados com

adição de sal para assegurar uma ingestão de menos

de 6g (2,4g de sódio) por dia.

• Não consuma cereais ou grãos mofados. Especificamente,a contaminação de cereais e grãos por aflatoxinas, causaconvincente de câncer do fígado.

SAL

• De acordo com a ANVISA um alimento com quantidade elevada de sódio é aquele que possui em sua composição uma quantidade igual ou superior a 400mg de sódio por 100g ou 100ml na forma como está exposto à venda.

• A RDC 54 estabelece que o sódio, para que possa ser utilizado o atributo “baixo”, deve ter como condição um máximo de 160 mg (para porção de 100g); para ter o atributo “muito baixo” tem que possuir no máximo 80mg de sódio (em porção de 100g).

• Regra prática:

• Divida o sódio em mg pela quantidade da porção. Se o resultado for inferior a 4, o alimento não é considerado rico em sódio.

ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC nº 54, de 12 de novembro de 2012. Dispõe sobre o Regulamento Técnico sobre Informação Nutricional Complementar. Diário Oficial da União, 19 nov. 2012.

• 1757mg/85g = 20,67

RECOMENDAÇÃO PESSOAL

• Suplementos nutricionais não são recomendados para a prevenção do câncer.

• Isso pode nem sempre ser factível. Em algumas situações de doença ou inadequação alimentar, os suplementos podem ser valiosos.

SUPLEMENTAÇÃO VITAMÍNICO E MINERAL

As evidências mostram que suplementos alimentares em altas doses podem ser protetores ou causar câncer.

Uma recomendação geral para consumir suplementos para a prevenção de câncer pode ter efeitos adversos inesperados.

É preferível aumentar o consumo dos nutrientes relevantes por meio da alimentação.

O papel dos suplementos vitamínicos e minerais na prevenção do câncer foram examinados em estudos prospectivos de coorte e ensaios clínicos randomizados.

Ensaios com β-caroteno e outros suplementos individuais, incluindo a vitamina E e selênio, não demonstraram benefícios.

RECOMENDAÇÃO PESSOAL

• Ter como objetivo amamentar as crianças exclusivamente até seis meses e continuar com alimentação complementar, a partir de então.

A amamentação reduz o risco de CM , principalmente através de dois mecanismos: a diferenciação do tecido mamário e redução do número de ciclos ovulatórios.

Quanto maior o tempo de amamentação, menor o risco de câncer de mama.

Além disso, a intensa esfoliação do tecido mamário e a apoptose maciça de células epiteliais, decorrentes da amamentação, podem reduzir o risco de câncer de mama por meio da eliminação de células que tenham sofrido algum dano potencial no DNA.

AMAMENTAÇÃO

• As evidências em câncer, assim como em outras doenças, demonstram que a amamentação sustentada e exclusiva protege tanto a mãe quanto a criança.

• Visando à prevenção de câncer de mama em mães, bem como de sobrepeso e obesidade em crianças.

• Essa recomendação tem um significado especial. Enquanto derivada da evidência da amamentação, ela também indica que políticas e ações formuladas para a prevenção do câncer precisam ser direcionadas ao longo de todo o curso da vida, desde o seu início.

AMAMENTAÇÃO

• Estudo caso-controle

• Amostra de 819 casos e 569 controles

• Redução de 7% no risco de desenvolver este tipo de câncer a cada aumento de 12 meses no tempo de amamentação

• Verificou-se um efeito protetor do tempo de amamentação total para a neoplasia maligna de mama, quando o período de lactação foi superior a 49 meses, comparando-se com mulheres que amamentaram por 24 meses ou menos (p = 0,005).

Huo D, Adebamowo CA, Ogundiran TO, Akang EE, Campbell O, Adenipekun A, et al. Parity andbreastfeeding are protective against breast cancer in Nigerian women. Br J Cancer 2008; 98:992-6.

RECOMENDAÇÕES

• Todos os sobreviventes de câncer devem receber assistência nutricional de um profissional apropriadamente treinado.

• Se for capaz de fazê-lo e, a não ser que aconselhado de outra maneira, tenha como objetivo o cumprimento das recomendações de alimentação, peso saudável e atividade física.

SOBREVIVENTES

Segundo o Fundo Mundial de Pesquisa contra o Câncer (WCRF), o Instituto Americano para Pesquisa do Câncer (AICR) e o INCA, são considerados sobreviventes de câncer todas as pessoas que estão vivendo com um diagnóstico de câncer, incluindo aquelas que se recuperaram da doença.

(INCA, 2007).

SOBREVIVENTES

A partir do diagnóstico, pode-se dividir o curso da doença em quatro fases:

(1) fase de tratamento ativo;

(2) fase de recuperação;

(3) fase de manutenção da saúde, em que o objetivo é a prevenção de recorrência da doença, segundo tumor primário e outras doenças preveníveis; e

(4) Fase de doença avançada, quando há evolução da doença

(BROWN et al., 2001

SOBREVIVENTES

•Fase de manutenção da saúde.

•As recomendações estabelecidas reúnem informações publicadas no relatório Alimentos, Nutrição e Prevenção de Câncer: uma perspectiva global (INCA, 2007); recomendações estabelecidas pela American Cancer Society,publicadas em 2006/2009 (KUSHI, 2006);

OUTRAS RECOMENDAÇÕES• Cálcio

Pessoas com maior ingestão de cálcio apresentaram um risco 22% menor de câncer colorretal ;

O máximo do benefício foi conseguido com cerca de 800 mg / dia.

No entanto, a ingestão de cálcio tem sido associada com um maior risco de câncer de próstata.

World Cancer Research Fund / American Institute for Cancer Research.

Food, Nutrition, Physical Activity, and the Prevention of Cancer: a Global Perspective.

OUTRAS RECOMENDAÇÕES• Vitamina D

Níveis mais altos de vitamina D, têm sido consistentemente associada a um menor risco de câncer colorretal.

Associações inconsistentes foram observados com outros tipos de câncer.

Os efeitos da vitamina D e do cálcio estão fortemente inter-relacionados porque ambos são limitadores do crescimento, ambos induzem diferenciação e apoptose em células intestinais e os efeitos mediados por cálcio são fortemente dependentes dos níveis de vitamina D.

Dados de estudos observacionais são provavelmente prejudicados pelo fato de que os níveis totais da forma biologicamente ativa não são apenas dependentes da dieta, mas também de suplementos e exposição à UV da pele.

OUTRAS RECOMENDAÇÕES

Folato

O folato é importante para a metilação do DNA, reparo e síntese;

Em alguns estudos prospectivos, maiores ingestões têm sido associadascom

menor risco de câncer colorectal e vários outros tipos de câncer;

Estudos sugerem que a suplementação ácido fólico é pouco provávelque seja benéfica para aqueles com neoplasia do cólon existente eingestão adequada de folato, e pode até ser prejudicial;

OUTRAS RECOMENDAÇÕES• Fibra dietética

A fibra tem sido estudada como a hipótese para reduzir o riscode câncer coloretal por diluir carcinógenos e acelerar o trânsitoatravés do cólon, por ligação e inativação de carcinógenos, oualterando a flora e bioquímica do cólon ;

A variação nos resultados de estudos prospectivos precisa sermelhor compreendida;

A fibra dietética é complexo e heterogêneo, e a relação com ocâncer colorretal podem diferir por fonte alimentar;

Existe a hipótese de reduzir o risco de câncer de mama pormeio da interrupção da circulação enteral de estrogênios.

Investigação Prospectiva Europeia em Câncer e

Nutrição (EPIC)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

• A real prevenção começa com a adoção de um estilo de vida com dieta balanceada, manutenção de peso adequado, ter atividade física regular, não fumar, dormir bem, usar álcool com moderação, cultivar amizades e fazer avaliação médica de prevenção regularmente (prevenção primária).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

• Na história natural do câncer existe um longo período entre seu início e manifestação clínica (fase assintomática).

• Entretanto, após o início dos sintomas, a evolução do câncer é mais rápida, diminuindo na mesma velocidade as chances de cura.

• A detecção precoce (prevenção secundária) geralmente é realizada na fase assintomática. Daí, a importância da iniciativa individual em fazer a prevenção, uma vez que não se têm sintomas.