estágio profissional: quando aprender implica ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as...

126
Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONAL Relatório de Estágio Profissional apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto com vista à obtenção do 2º ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de março e o Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de fevereiro). Orientadora: Professora Doutora Paula Maria Fazendeiro Batista Ronald Abel de Abreu Dias Porto, setembro de 2016

Upload: others

Post on 06-Nov-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

Estágio Profissional: Quando Aprender implica

Ensinar

RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONAL

Relatório de Estágio Profissional apresentado

à Faculdade de Desporto da Universidade do

Porto com vista à obtenção do 2º ciclo de

Estudos conducente ao grau de Mestre em

Ensino de Educação Física nos Ensinos

Básico e Secundário (Decreto-lei nº 74/2006

de 24 de março e o Decreto-lei nº 43/2007 de

22 de fevereiro).

Orientadora: Professora Doutora Paula Maria Fazendeiro Batista

Ronald Abel de Abreu Dias

Porto, setembro de 2016

Page 2: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

FICHA DE CATALOGAÇÃO

Dias, R. (2016). Estágio profissional: Quando aprender implica ensinar. Relatório

de Estágio Profissional. Porto: R. Dias. Relatório de Estágio Profissional para a

obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico

e Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

Palavras-chave: ESTÁGIO PROFISSIONAL, EDUCAÇÃO FÍSICA, PRÁTICA

DOCENTE, PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM, MOTIVAÇÃO.

Page 3: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

Dedicatória

Dedico este trabalho à minha mãe, exemplo de garra, coragem e dedicação.

Agradeço por tudo o que fez por mim e por fazer da minha vida, a dela.

Page 4: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

Agradecimentos

À minha mãe, por toda a coragem, apoio e dedicação que demonstrou ao longo

de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas.

À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e apoio incondicional

ao longo desta etapa e por todos os momentos que deixámos de privar em prol

do estágio.

À minha família, por estarem sempre presentes e por todos os valores e crenças

que me passaram ao longo da vida.

À Professora Doutora Paula Batista, orientadora de Estágio Profissional, por

todos os ensinamentos, por toda a preocupação e dedicação e por se ter

demonstrado incansável no desenrolar deste último ano.

À Professora Doutora Teresa Leandro, professora cooperante, por todo o

tempo despendido na supervisão das aulas e de todos os documentos relativos

ao estágio. Mas principalmente por todas as aprendizagens que me

proporcionou ao longo do ano.

Aos alunos da minha turma residente, por todos os momentos que passámos

juntos. Foram os primeiros, serão sempre especiais.

Aos meus colegas estagiários, por todas as partilhas, por todos os momentos

de boa disposição, por toda a ajuda, por toda a cumplicidade, por toda a

cooperação e trabalho de equipa realizado. A nossa união foi a nossa verdadeira

arma. Muito obrigado.

À minha equipa, por todas as alegrias que me deram ao longo do ano. Foi um

orgulho ser vosso treinador e triunfar a vosso lado.

Page 5: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

A todos os meus amigos, que de uma forma ou de outra me ajudaram a seguir

em frente e a completar esta etapa da minha vida.

Ao Senhor Rui à D. Gabriela e à D. Paula, auxiliares da ação educativa, por

terem sido sempre incansáveis. Obrigado por toda a simpatia e ajuda.

Aos restantes auxiliares da ação educativa, por toda a disponibilidade

apresentada ao longo do ano.

A todos que fizeram parte desta etapa da minha vida, sem cada um de vocês

nada teria sido possível.

Page 6: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e
Page 7: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

ÍNDICE

ÍNDICE DE FIGURAS ....................................................................................... XI

ÍNDICE DE QUADROS ................................................................................... XIII

ÍNDICE DE ANEXOS ...................................................................................... XV

RESUMO....................................................................................................... XVII

ABSTRACT .................................................................................................... XIX

ABREVIATURAS ............................................................................................ XXI

1. Introdução ................................................................................................... 3

2. Enquadramento Biográfico .......................................................................... 7

3. Enquadramento da prática Profissional..................................................... 15

3.1. A Escola do Estágio Profissional ......................................................... 16

3.2. As instalações desportivas .................................................................. 17

3.3. O Grupo Educação Física ................................................................... 18

3.4. O Núcleo de Estágio ........................................................................... 19

3.5. A turma residente - o 11º ano.............................................................. 20

4. Realização da prática profissional ............................................................. 25

4.1. Organização e Gestão do Processo de Ensino Aprendizagem ........... 25

4.1.1. Conceção do Ensino da Educação Física .................................... 25

4.2. O Processo de Planeamento do Ensino.............................................. 26

4.2.1. O Planeamento Anual ................................................................... 27

4.2.2. O Plano de Unidade Didática ....................................................... 28

4.2.3. O Plano de Aula ............................................................................ 30

4.3. Realização do Ensino .......................................................................... 32

4.3.1. Reconhecimento da turma – A primeira aula ................................ 32

4.3.2. Disciplina na Aula ......................................................................... 34

4.3.3. Clima de Aula ............................................................................... 35

Page 8: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

4.3.4. Gestão da aula ............................................................................. 37

4.3.4.1 Regras vs Flexibilidade ................................................................. 40

4.3.5. O processo instrucional ................................................................ 41

4.3.5.1. Demonstração ........................................................................... 44

4.3.5.2. Feedback Pedagógico ............................................................... 45

4.4. Avaliação do Ensino ............................................................................ 47

4.4.1. Avaliação Diagnóstica .................................................................. 49

4.4.2. Avaliação formativa ...................................................................... 50

4.4.3. Avaliação Sumativa ...................................................................... 51

4.5. A Motivação dos alunos para as aulas de Educação Física em função

da área de estudo e do sexo ........................................................................ 53

4.5.1. Introdução ..................................................................................... 53

4.5.2. Objetivos ....................................................................................... 55

4.5.3. Metodologia .................................................................................. 55

4.5.4. Instrumento ................................................................................... 56

4.5.5. Procedimentos de recolha ............................................................ 56

4.5.6. Procedimentos estatísticos ........................................................... 56

4.5.7. Resultados .................................................................................... 57

4.5.8. Discussão dos Resultados ........................................................... 61

4.5.9. Conclusões ................................................................................... 62

4.5.10. Implicações para a prática ......................................................... 63

4.5.11. Referências Bibliográficas ......................................................... 64

5. Participação na Escola e Relações com a Comunidade ........................... 69

5.1. Direção de Turma................................................................................ 69

5.2. Desporto Escolar ................................................................................. 70

5.3. A turma do 6º ano ............................................................................... 73

Page 9: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

5.4. A turma do 3º Ano ............................................................................... 74

5.5. Happy day ........................................................................................... 76

5.6. Atividade Mexe-te................................................................................ 78

6. Desenvolvimento Profissional ................................................................... 83

6.1. Ser Reflexivo ....................................................................................... 83

6.2. Observação das Aulas ........................................................................ 85

6.3. O apoio do Núcleo............................................................................... 86

7. Considerações Finais e Perspetivas Futuras ............................................ 91

8. Referências Bibliográficas ......................................................................... 95

9. Anexos .................................................................................................... 101

Page 10: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e
Page 11: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

XI

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Avaliação sumativa de Ginástica Acrobática 52

Figura 2 – Avaliação sumativa de Dança 52

Page 12: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e
Page 13: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

XIII

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 – Modalidades por períodos e aulas lecionadas 28

Quadro 2 – Dimensões da motivação: número, média e desvio padrão 57

Quadro 3 – Dimensões da motivação: sexo, média, desvio padrão e valor de p

. 57

Quadro 4 – Dimensões da motivação: área de estudo, média, desvio padrão e

valor de p 58 Quadro 5 – Dimensões da motivação: área de estudo, sexo, média, desvio

padrão e valor de p 60

Page 14: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e
Page 15: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

XV

ÍNDICE DE ANEXOS

Anexo 1 – Unidade Didática de Voleibol 101

Anexo 2 – Cartaz promoção do Desporto escolar 102

Anexo 3 – Cartaz de promoção do Happy Day 102

Anexo 4 – Ficha de Autoavaliação 3º Período 104

Anexo 5 – Questionário utilizado no estudo 105

Page 16: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e
Page 17: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

XVII

RESUMO

O presente relatório ilustra o caminho percorrido por um professor estagiário (o

autor), no âmbito do Estágio Profissional do 2.º ciclo de estudos conducente ao

grau de Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário,

da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. O Estágio decorreu numa

escola de um agrupamento da cidade de Espinho, num núcleo de estágio

constituído por três estudantes estagiários, pela professora cooperante e pela

professora orientadora. Ao estudante estagiário coube a lecionação de uma

turma do décimo ano da área de Ciências Socioeconómicas tendo tido também

experiências de lecionação nos primeiro e segundo Ciclos do Ensino Básico. No

que se refere à organização e estrutura do relatório, o presente documento

subdivide-se em cinco partes fundamentais: enquadramento pessoal,

enquadramento da prática profissional, realização da prática profissional e o

estudo sobre a motivação dos alunos das diferentes áreas do ensino secundário

para as aulas de Educação Física, tendo-se concluído que os alunos do sexo

masculino apresentavam níveis motivacionais superiores aos do sexo feminino.

Relativamente à comparação da motivação entre os alunos das diferentes áreas

de ensino, não se identificaram diferenças estatisticamente significativas. Por

último surge o capítulo de desenvolvimento profissional, onde são abordadas

algumas temáticas relevantes no processo de aprendizagem do estudante-

estagiário experienciado em contexto real de ensino, na escola.

Palavras-chave: ESTÁGIO PROFISSIONAL, EDUCAÇÃO FÍSICA, PRÁTICA

DOCENTE, PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM, MOTIVAÇÃO.

Page 18: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e
Page 19: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

XIX

ABSTRACT

This report ilustraste the road taken by a preservice teacher (the author) in the

practicum training context, from the the Faculty of Sport, University of Porto of

the 2nd cycle of studies in Physical Education on Basic and Elementary

School. The practicum training took place in a school at Espinho city, in a group

composed by three preservice teachers, a cooperating teacher and a faculty

supervisor. The preservice teacher was the reponsability to teach an Economic

Sciences class from the 10th grade and some lessons in Basic and Elementary

classes. Regarding to the structure and organization of this document, is divided

into five main parts: personal framework, professional practice, professional

practice and the study about students motivation to physical education. The main

conclusions was that that male students had higher motivational levels when

compared to females and the motivation among students from different areas of

education, statistically are similar. Finally comes the professional development

chapter, where are presented some relevant themes from the learning process

experienced in the school context.

Key words: PRACTICUM TRAINING; PHYSICAL EDUCATION; TEACHING

PRACTICE; TEACHING-LEARNING PROCESS; MOTIVATION.

Page 20: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e
Page 21: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

XXI

ABREVIATURAS

CFT – Colónia de Férias da Torreira

DE – Desporto Escolar

DT – Diretor de Turma

EE – Estudante Estagiário

EF – Educação Física

FADEUP – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

ISMAI – Instituto Superior da Maia

MEC – Modelo Estrutura Conhecimento

NE – Núcleo de Estágio

PAA – Plano Anual de Atividades

PC – Professor Cooperante

PEE – Projeto Educativo de Escola

PNEF – Programa Nacional de Educação Física

PO – Professor Orientador

Page 22: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e
Page 23: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

1 – INTRODUÇÃO

Page 24: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e
Page 25: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

3

1. Introdução

O presente relatório foi construído no âmbito do segundo ciclo de estudos

conducente ao grau de mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos

Básico e Secundário, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto e tem

como principal objetivo ilustrar o caminho percorrido por um estudante estagiário

(EE) (o autor) ao longo do seu ano de estágio. Este documento, que assume um

caráter reflexivo, contém aprendizagens, experiências, vivências, decisões e

resultados alcançados pelo estudante ao longo do estágio. O Estágio

operacionalizou-se numa escola de um agrupamento da cidade de Espinho, no

ano letivo 2015/2016, com um núcleo de estágio (NE) constituído por três

estudantes estagiários, a professora cooperante (PC), da escola, e a professora

orientadora (PO), da faculdade.

Segundo Nóvoa (1992), o processo de formação envolve experimentação,

inovação, aplicação de novas formas de trabalho pedagógico e ainda a reflexão

crítica sobre essas ações. A formação percorre processos onde a investigação

articulada com a ação educativa, devem ser fatores integrantes.

No contexto da formação individual, o Estágio Profissional “oferece aos

futuros professores a oportunidade de imergir na cultura escolar nas suas mais

diversas componentes, desde as suas normas e valores, aos seus hábitos,

costumes e práticas, que comprometem o sentir, o pensar e o agir daquela

comunidade específica” (Batista & Queirós, 2013, p. 33). Já Batista, Pereira e

Graça (2012) referem que o Estágio Profissional materializa um espaço de

referência, no qual se dá a aquisição de novos conhecimentos sobre a prática

pedagógica, através da ação, da experimentação e da reflexão, permitindo ao

professor tornar-se autónomo. De facto, as tarefas que vão sendo exigidas ao

EE não se referem somente à lecionação das aulas, sendo também da sua

responsabilidade a planificação, a reflexão e a avaliação de todos estes fatores,

de modo a conseguirem responder às exigências colocadas pela profissão de

docente. É através destas atividades que a evolução ocorrerá com naturalidade

e proporcionará ao estudante estagiário a aquisição de capacidade para o

desempenho das suas funções.

Page 26: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

4

Em termos de estrutura este relatório é composto por cinco partes

fundamentais: enquadramento pessoal, enquadramento da prática profissional,

realização da prática profissional e o estudo sobre a motivação dos alunos das

diferentes áreas do ensino secundário para as aulas de Educação Física (EF), e

por fim, o desenvolvimento profissional.

No que diz respeito ao enquadramento pessoal, são descritas as

vivências pessoais académicas e desportivas mais importantes ao longo da vida

do autor (na primeira pessoa), com especial relevo a paixão pelo desporto. No

que confere ao enquadramento da prática profissional, este comporta o

enquadramento legal, institucional e funcional do Estágio, apresentando o grupo

de EF, o núcleo de estágio e a turma residente. Posteriormente, na realização

da prática profissional são descritas três fases distintas e importantíssimas do

processo ensino aprendizagem: a conceção e planeamento do ensino, a prática

do ensino em contexto real e a avaliação do ensino. Relativamente à conceção

e ao planeamento a ênfase é dada aos diferentes níveis de planeamento: o plano

anual, o plano da unidade didática e o plano de aula. No que diz respeito à prática

do ensino em contexto real são exploradas as quatro dimensões da intervenção

pedagógica, o clima, a disciplina, a gestão e a instrução. Já na avaliação do

ensino é apresentada a configuração da avaliação ao longo do ano (avaliação

diagnóstica, formativa e sumativa). Neste capítulo é ainda apresentado o estudo

sobre a motivação dos alunos das diferentes áreas do ensino secundário nas

aulas de EF. Por último, na área do desenvolvimento profissional, são abordadas

algumas aprendizagens resultantes do que foi sendo experienciado em contexto

real de ensino, na escola.

Este documento, apesar de procurar retratar todo o trabalho realizado ao

longo de um ano letivo, é apenas uma pequena imagem de todas as emoções,

aprendizagens e experiências vividas ao longo desta enorme jornada.

Page 27: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

2 – ENQUADRAMENTO BIOGRÁFICO

Page 28: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e
Page 29: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

7

2. Enquadramento Biográfico

No meu registo civil consta o nome de Ronald Abel de Abreu Dias, com

local de nascimento na América do Sul, numa agitada e perigosa cidade de

Caracas, Venezuela. Com apenas três anos vim para Portugal, terra dos meus

pais. Desde então resido na pacata, mas apaixonante, cidade de Ovar.

Localidade conhecida por terra museu do azulejo, pelo seu pão-de-ló, Carnaval

e pela fantástica Ria de Aveiro, que percorre as suas terras. Ovar foi a cidade

que me acolheu e me viu crescer, e da qual me considero um filho fiel.

Desde sempre que me recordo de viver numa família estável e feliz, que

sempre me apoiou nas decisões. Estes sempre tentaram incutir-me

perseverança na luta pelos meus objetivos, incentivando-me a nunca desistir dos

meus sonhos, porque só assim seria verdadeiramente feliz. Tudo o que sou hoje

e conquistei devo à minha mãe.

A minha ligação ao desporto começou bastante cedo. Quando criança,

lembro-me de ser híper irrequieto, de não parar um segundo, aproveitando

qualquer objeto para o transformar numa bola de futebol. Desde a primária que

o intervalo da escola era para mim o momento mais alto do dia. Quando tocava

lá ia eu, de bola na mão, a correr pelas escadas fora. Era sempre o primeiro a

chegar ao recreio. Jogava, jogava, jogava e, por vezes, esquecia-me de lanchar.

Não importava, pois ter uma bola e ter oportunidade de brincar com ela, bastava-

me. Quando tocava para a entrada, a rapidez com que reagia era

manifestamente distinta. Com efeito, a rapidez de resposta ao toque de saída

desaparecia, por completo, ao toque de entrada. Passados dez minutos lá subia

eu, cansado, transpirado e com um braço esmurrado ou uma calça ou sapatilha

rasgada.

Curiosamente, apesar desta minha paixão pela bola e pelo futebol foi na

natação e no basquetebol que comecei o meu percurso desportivo, embora no

primeiro caso, não federado.

A natação surgiu por sugestão médica. A minha médica de família

recomendou à minha mãe que me devia colocar na natação, isto por ser uma

criança muito enérgica e a natação ser uma modalidade bastante completa e útil

ao meu crescimento. Desta forma, ingressei na natação, que pratiquei durante

Page 30: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

8

cerca de três anos, tendo participado em torneios organizados pela piscina da

Câmara Municipal de Ovar.

Posteriormente, depois de várias participações em férias desportivas

dinamizadas pela Câmara Municipal de Ovar, que tinham como modalidade

central o basquetebol, desporto Rei desta cidade, fui incentivado por alguns dos

monitores a praticar esta modalidade, pelo que decidi ingressar no basquetebol

e começar a defender as cores da minha terra. Foi nessa altura, na Associação

Desportiva Ovarense, que comecei realmente a sentir o que era o desporto e o

gosto pela competição. Para além disso, foi nesse contexto desportivo, que fiz

aquelas que considero serem as minhas grandes amizades, aqueles amigos que

me acompanham em qualquer momento, que estou certo que perdurarão e

estimarei toda a vida. Ao basquetebol devo não só o conhecimento efetivo do

que é competir, mas tal como referi anteriormente, o ter-me ligado a pessoas

com as quais me identifico e que se tornaram pilares bastante importantes no

meu crescimento enquanto pessoa. Esta prática foi ainda importante no

aprender a reconhecer e a valorizar o que é ser amigo e o que é uma boa

amizade.

A vivência de adepto fervoroso de um clube, também foi no Basquetebol

que a conheci e a experienciei. Felizmente, tive a oportunidade de acompanhar

de perto a minha “querida Ovarense” e assistir à conquista não de um, não de

dois, mas de três campeonatos consecutivos. Nessa altura, sempre que podia,

acompanhava a equipa para todo o lado. Era uma emoção enorme entrar no

antigo pavilhão, o velhinho Raimundo Rodrigues, e sentir aquele ambiente

contagiante, aquela paixão e entrega que as pessoas calorosamente

demonstram pela camisola do clube da sua terra. Quando os playoff’s

começavam a cidade parava, todos os caminhos iam dar aquela pequena

caixinha de fósforos, como era apelidado o nosso velhinho pavilhão.

Acompanhar aquela equipa, sentir o ambiente ensurdecedor que os adeptos

apaixonados proporcionavam e ver uma cidade inteira, jogo após jogo, vitória

após vitória, apoiar a sua equipa era algo de abismal. Na altura da conquista, a

cidade vestia-se de preto e branco e chorava de alegria; todos saiam à rua para

festejar o título e Ovar não dormia. A terra respirava Basquetebol noite dentro e

nos dias seguintes. Todos, orgulhosamente, comemoravam e comentavam os

feitos que aquele brilhante grupo proporcionava.

Page 31: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

9

Apesar destas vivências intensas, disputar fases finais de campeonatos e

ver a equipa sénior a ser campeã, o bichinho do futebol permanecia no meu

íntimo. Apesar das amizades conquistadas, do gosto que sentia pelo

basquetebol, do amor pelo clube e de estar a frequentar uma das melhores

formações de basquetebol do país, o futebol acabou por falar mais alto. Assim,

aos 14 anos, finalmente decidi ingressar nesta modalidade que há muito

“chamava” por mim. Era um jovem habilidoso, que se entregou por completo

àquela paixão. Os anos de prática do futebol foram, sem dúvida, os melhores

anos que vivi enquanto desportista. Sentia que aquilo era a minha vida, sonhava

e pedia que o fim de semana rapidamente chegasse para poder aplicar em

campo tudo aquilo que durante a semana ia sendo trabalhado nos treinos, aos

quais, religiosamente, não faltava. Rapidamente me assumi na equipa, tornando-

me um jogador importante no seu seio, isto pela raça e entrega em cada treino

e em cada jogo. Na segunda época no futebol já era o capitão de equipa e um

dos jogadores mais respeitados. Foi no futebol que comecei a desenvolver e a

assumir posições de liderança, que hoje em dia reconheço como essenciais no

palco profissional. Foram, sem dúvida, anos verdadeiramente bons, de enorme

felicidade e de muita aprendizagem.

É com uma enorme nostalgia que recordo esses tempos. O gosto por

calçar uma chuteira, o ambiente e o nervoso miudinho antes dos jogos, a palavra

motivação, o grito, o discurso antes dos jogos enquanto capitão, o balançar da

rede enquanto fervorosamente festejava o golo e a corrida para o treinador ou

para junto dos pais, que incessantemente nos apoiavam, para festejar o golo,

são momentos dos quais sinto falta e que recordo com imenso carinho e

nostalgia.

Paralelamente à componente desportiva, decorria o percurso escolar, no

qual a EF era a disciplina de eleição e onde sempre atingia os melhores

resultados. Felizmente fui um aluno com sorte, pois sempre tive a oportunidade

de ter professores que se preocupavam com a disciplina e tentavam dar o seu

melhor, preocupando-se com o desenvolvimento de todos os alunos. A realidade

do Professor de “calça de ganga”, aquele que coloca os alunos a jogar aquilo

que a eles bem lhes apetece, não foi, felizmente, experienciada por mim.

Paradoxalmente, no Ensino Secundário decidi ingressar na área das

humanidades, área em que ingressei no Ensino Superior.

Page 32: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

10

Passei dois anos e meio no departamento de letras da universidade de

Aveiro, deixando para trás tinha o sonho da EF. No entanto, desde o primeiro

momento que o entusiasmo era pouco. Estudava algo que nada me dizia e que

dificilmente um dia me iria trazer qualquer tipo de concretização pessoal.

Infelizmente, deixei arrastar esta minha situação por dois anos e meio. Durante

este período vivi bastante a vida académica, mas relativamente ao curso o nível

de saturação já era demasiado e acabei por desistir com o intuito de tentar

ingressar no curso de EF. Ainda nesse ano (2011) realizei os pré-requisitos que

me possibilitaram ingressar no curso de Educação Física e Desporto no Instituto

Universitário da Maia (ISMAI). Esta foi uma instituição que acolheu muito bem e

à qual devo muito.

Estava finalmente na situação que sempre tinha desejado e a estudar algo

que me preenchia por completo. Durante os três anos que passei no ISMAI

dediquei-me “de unhas e dentes” ao curso, afinal de contas estava finalmente a

viver o meu sonho.

Recordo a minha passagem pelo ISMAI com bastante nostalgia, para trás

ficaram bastantes horas de estudo, de trabalho, colegas e professores, que, cada

um à sua maneira, marcaram o meu processo de aprendizagem enquanto futuro

profissional da área. Foram muitas as aprendizagens, nomeadamente a nível

científico, resultante de várias unidades curriculares, mas como amante de

desporto que sou, guardo e recordo com especial carinho as unidades

curriculares práticas. O contacto com uma bola logo pela manhã, o calçar da

sapatilha para ir correr; a brincadeira entre colegas no balneário; o dar tudo por

tudo para fazer o meu melhor, acabando a aula com a camisola molhada; o

aprender sempre algo novo fez com que a paixão que já era grande, se tornasse

a cada dia e a cada aula maior. De facto, o contacto mais próximo com os

professores nestas aulas e o desejo de a aula não acabar aportava uma

satisfação imensa. Finalmente sentia-me completo, finalmente conseguia dizer

que era verdadeiramente feliz.

No entanto, nem tudo foi um mar de rosas, para seguir o meu sonho por

dia andava cerca de três horas de transportes públicos. Era o tempo que

demorava a deslocação de Ovar até ao Castêlo da Maia. Inicialmente era algo

que me incomodava, deixava-me cansado e irritado. Mas rapidamente o

comboio e o metro foram remetidos para segundo plano. Assim, as deslocações

Page 33: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

11

acabaram por transformar-se em horas de estudo ou de realização de trabalhos,

algo que inicialmente era aborrecido tornou-se preponderante na gestão do meu

tempo e do meu trabalho.

Paralelamente, surgiu um trabalho que me marcou enquanto pessoa. Nos

períodos de férias escolares comecei a trabalhar como monitor na Colónia de

Férias da Torreira (CFT), que infelizmente já foi encerrada pelo estado. Na CFT

tive a oportunidade de fazer cerca de vinte turnos, trabalhando como monitor;

primeiramente na valência de infantis e posteriormente na de juvenis. Aqui tive

a oportunidade de trabalhar com inúmeras crianças, de vários pontos do país,

fossem elas institucionalizadas, seguidas pela segurança social ou inscritas

pelos pais para terem umas férias diferentes. Inicialmente foi chocante conhecer

a realidade de algumas crianças, perceber a quantidade de sofrimento

acumulado que algumas apesar de tão jovens já tinham. Todavia, o meu papel

era cuidar delas dia e noite e tentar fazer com que naquela semana

esquecessem o mundo lá fora e conseguissem viver intensamente a magia que

aquele espaço, carinhosamente apelidado de Mundo Mágico, lhes

proporcionava. Cresci, cresci imenso enquanto pessoa ao lidar com aqueles

jovens, ao trabalhar na minha querida CFT. Presentemente, considero que tudo

o que faço e vier a fazer enquanto professor de EF ou profissional da área de

Desporto, a CFT estará sempre presente com os valores que lá aprendi.

Finda a licenciatura, surgiu a oportunidade de concorrer ao mestrado de

ensino na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP). Este foi

o meu desafio mais recente, a que me dediquei intensamente.

Reconheço que esta mudança de faculdade foi um choque grande. O

ritmo de trabalho que encontrei foi bastante mais intenso e as responsabilidades

tornaram-se cada vez maiores. Inicialmente reconheço que tive algumas

dificuldades de adaptação e cheguei a ponderar se este mestrado teria sido a

melhor opção para mim. No entanto, rapidamente me apercebi que sim. Acabei

por me adaptar e reconheço que adorei esta experiência. Julgo que cresci

bastante não só como pessoa, mas principalmente como professor de Educação

Física. O que para mim é bastante importante visto gostar e tentar sempre ser

melhorar naquilo em que trabalho, naquilo que faço.

Algures, entre transições deixei de jogar futebol e de praticar desporto. No

entanto, e tal como já acontecia quando era mais novo, o bichinho do futebol

Page 34: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

12

continuava cá e acabei por ingressar no ano passado na A.A.Avanca como

treinador, sendo um cargo que ainda ocupo.

O cargo de treinador tem sido verdadeiramente importante para mim, é

sem qualquer tipo de dúvida o meu refúgio. De facto, mesmo que tenha tido o

pior dia do Mundo, que esteja cheio de trabalho e de problemas, aquelas

crianças, com toda a sua alegria e energia, são capazes de modificar por

completo o meu estado de espírito, o meu dia. A ligação que acabei por criar

com elas é enorme. Hoje sinto que não sou apenas o seu treinador, mas que

também sou um amigo, alguém que eles procuram seguir como exemplo, alguém

que eles ouvem e acarinham, alguém que os ajuda a crescer não apenas

enquanto jogadores, mas essencialmente enquanto pessoas.

Ao analisar as aprendizagens ao longo de todo o percurso académico e

desportivo, considero que para além dos conhecimentos adquiridos na

formação, a componente do treino foi extremamente importante para o exercício

da função de professor, principalmente no que diz respeito à capacidade de gerir

grupos extremamente heterogéneos (os meus alunos), com diferentes

personalidades, com diferentes maneiras de estar, com diferentes maneiras de

pensar, com diferentes maneiras de acatar orientações ou ordens e com

diferentes maneiras de viver o desporto. O transfer das competências adquiridas

no espaço de treino para a escola foi efetivo.

Page 35: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

3 - ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

Page 36: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e
Page 37: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

15

3. Enquadramento da prática Profissional

O estágio profissional é uma unidade curricular situada no segundo ciclo

de estudos conducente à obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação

Física nos Ensinos Básicos e Secundário da FADEUP. O mesmo integra o 3.º e

4.º Semestres do 2º ano e é composto por duas componentes: prática de ensino

supervisionada, realizada numa escola cooperante, de acordo com o protocolo

com a FADEUP e o relatório de estágio, orientado por um Professor da

Faculdade responsável pela supervisão do estudante estagiário, no qual é

relatada a experiência vivida na prática de ensino supervisionada e defendido

perante um júri em provas públicas (Batista & Queirós, 2013).

Encaro o estágio profissional como a oportunidade de colocar, finalmente,

em prática aquilo que ao longo dos três anos de licenciatura e um de mestrado

fui aprendendo e estudando com afinco e dedicação. Vejo o estágio como o

ultimo degrau de um percurso difícil e longo que me permitirá alcançar o objetivo

de ser professor de Educação Física.

Por Estágio Profissional entende-se “a componente curricular da formação

profissional de professores cuja finalidade explícita é iniciar os alunos no mundo

da prática docente e de desenvolver competências práticas inerentes a um

desempenho docente adequado e responsável” (Formosinho, 2001, p.43). Tal

como nos elucida esta frase, esta é a fase mais determinante de qualquer

estudante, porquanto é a altura em que se procura colocar em prática o

aprendido, em que finalmente se vive, em contexto real, o que é ser professor.

Matos (2011)1 refere que “O Estágio Profissional entende-se como um

projeto de formação do estudante com a integração do conhecimento

proposicional e prático necessário ao professor, numa interpretação atual da

relação teórica prática e contextualizando o conhecimento do espaço escolar.”

(p.3)

Nas Didáticas Específicas, a oportunidade de prática pedagógica foi

sempre diminuta e simulada, já que o número de aulas era bastante reduzido e

a sua lecionação ficava ao cargo de grupos de 4 a 6 estudantes sensivelmente.

Neste ano de estágio tudo se alterou, passei a ser o responsável pelo processo

1 Normas orientadoras do Estágio Profissional do Ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da FADEUP. Matos, Z. (2014).

Page 38: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

16

de ensino e aprendizagem da minha turma (embora sempre orientado pela

professora cooperante).

De facto, o Estágio Profissional coloca-nos à prova, tanto ao nível dos

conhecimentos, como ao nível da capacidade em intervir, comunicar e de

estabelecer contacto com a realidade escolar, que está repleta de alunos com

características muito próprias.

3.1. A Escola do Estágio Profissional

A escola que me acolheu para realizar o Estágio fica situada na bela cidade

de Espinho, esta faz parte de um agrupamento constituído por uma Escola

Secundária (o meu espaço formativo), uma EB 2/3 e duas escolas básicas da

zona de Espinho. O agrupamento situa-se no litoral norte do distrito de Aveiro,

num concelho com uma área aproximada de 21,1 km2. O Concelho de Espinho

tem por limites a Norte, a freguesia de São Félix da Marinha do concelho de Vila

Nova de Gaia, a Sul, a freguesia de Esmoriz do concelho de Ovar, a Nascente,

as freguesias de Nogueira da Regedoura e de São Paio de Oleiros do concelho

de Santa Maria da Feira e a poente, o Oceano Atlântico, distando a cidade de

Espinho, cerca de 20 Km da sede do concelho do Porto.

A escola sede é a Escola onde realizei estágio, e, consequentemente, onde

passei a maior parte do tempo. Esta escola foi criada em 1956 pelo Decreto nº40

725 do Ministério da educação (Direção-Geral do Ensino Técnico Profissional)

com a denominação de Escola Industrial e Comercial de Espinho. Inicialmente a

escola estava “vocacionada para o ensino técnico, a Escola acompanhou as

sucessivas reformas do sistema educativo, oferecendo hoje, aos alunos, uma

variada gama de opções que se enquadram nos cursos predominantemente

orientados para o prosseguimento de estudos e para a vida ativa” (p.8).

Posteriormente, a escola sede foi alvo de um processo de

intervenção/modernização que ficou concluído em 2010. Foram remodelados

cerca de 5700 m², havendo ainda 4585 m² de área de construção efetuada de

raiz. Esta intervenção ocorreu essencialmente na requalificação das instalações

já existentes. O edifício central foi ampliado de forma a concentrar os espaços

destinados aos serviços administrativos, às zonas de convívio e de trabalho para

(não) docentes, da biblioteca e da direção. Os três blocos de salas de aula

Page 39: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

17

existentes desde a fundação foram objeto de remodelação, porém o seu traço

arquitetónico foi mantido conforme o original. Foram ainda construídos dois

novos espaços: um maioritariamente destinado às Tecnologias de Informação e

Comunicação, à Educação Tecnológica às Artes Visuais e à

Eletricidade/Eletrónica. O segundo edifício foi construído de modo a dar resposta

aos espaços sociais e de convívio, onde se pode incluir uma sala

polivalente/auditório, o bar e o refeitório.

Segundo o Projeto Educativo da Escola (PEE), a escola, assenta em três

grandes áreas de intervenção fundamentais, sendo elas os resultados, os

valores e a comunidade.

Relativamente ao número de profissionais a exercerem funções neste

agrupamento, cerca de 100 exercem funções não docentes, ao passo que cerca

de 250 pertencem ao grupo de educadores e docentes. Dos 250 docentes, 41

estão inseridos no Departamento de Expressões. Já no que confere ao grupo de

EF, este é composto por 16 professores e por três estudantes estagiários.

3.2. As instalações desportivas

As aulas de EF, são realizadas nos diferentes espaços que fazem parte do

Complexo Desportivo da Escola. Para esse efeito existe no espaço exterior um

campo de futebol, que para além das duas balizas tem quatro tabelas de

basquetebol, e um campo de basquetebol, com duas tabelas. No interior, existem

dois espaços, o ginásio, apetrechado com material, essencialmente, direcionado

para a ginástica. O pavilhão, além das redes de voleibol e badminton tem

também duas balizas, quatro tabelas e bancadas, que podem ser utilizadas para

o treino da condição física, designadamente o treino funcional. No exterior existe

ainda uma caixa de areia e um minicampo de voleibol.

Relativamente ao material desportivo, foi importantíssima a lista que nos

foi facultada pelo professor responsável pelo material, para conseguirmos

perceber que além de termos o material em quantidade necessária para

trabalhar, na sua maioria se encontrava em relativo bom estado de conservação.

O material que se encontrava mais deteriorado eram sem dúvida as bolas de

futebol, isto devido ao desgaste que os campos exteriores lhes proporcionam.

Outro material em mau estado eram os colchões de ginástica, que para além de

Page 40: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

18

serem escassos, a sua maioria já se encontrava um pouco rasgados. As

raquetes e os volantes para a prática de badminton, também já se encontravam

com um desgaste acentuado.

Outro aspeto a destacar é que a escola também possuía uma diversidade

enorme de material para o trabalho de treino funcional, que me permitiu planificar

diversos percursos para as aulas, com material que a maioria dos alunos

desconhecia. Este facto, aumentou, desde logo, a vontade e disponibilidade dos

alunos para esta prática.

3.3. O Grupo Educação Física

O grupo de EF da escola era constituído por onze professores e três

estagiários. A primeira reunião do departamento permitiu-nos estabelecer o

primeiro contacto com os professores do grupo de EF e ao longo do ano

constatamos que este era um grupo bastante dinâmico, onde a interação e a

partilha eram o mote nas atividades organizadas dentro do grupo, como por

exemplo as atividades de corta-mato e o “Mexe-te”. Este primeiro contacto foi

importante, porque fomos acarinhados e percecionámos que estes estavam

disponíveis para connosco. Foi nesse contexto que nos apercebemos que estes

nos encaravam não só como meros estagiários, mas sim como colegas de

profissão. Este foi um aspeto que nos reconfortou bastante. Numa das primeiras

reuniões de grupo ficou decidido que o roulement dos espaços seria realizado à

semelhança do ano transato, e que ser-nos-ia disponibilizado. Nessa altura,

fiquei a saber que teria ao mesmo dispor todos os espaços desportivos ao longo

do ano, passando pela maior parte deles mais do que uma vez. Esta rotação foi

um elemento estruturante na elaboração do planeamento anual, permitindo-me

distribuir convenientemente as modalidades pelos espaços que teria ao meu

dispor.

Estes momentos também foram importantes para ir conhecendo alguns

dos professores e tentar perceber o seu ponto de vista acerca da escola e da

sua perspetiva das turmas da escola. Além disso, também me transmitiram

algumas informações bastante pertinentes ao nível de estratégias que podiam

ser utilizadas, tal como algum material adequado a determinadas situações. A

recomendação da utilização de um cesto de corfebol, fora do campo de

Page 41: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

19

basquetebol, para suprimir a escassez de tabelas, é um bom exemplo. Este

conhecimento acabou por me permitir estar melhor preparado para enfrentar as

dificuldades que iria encontrar.

Outro aspeto que, desde cedo me apercebi, e que acho importante realçar,

foi a disponibilidade por parte dos professores para cederem ou partilharem parte

do seu espaço para nós estagiários podermos lecionar as nossas aulas mesmo

quando as condições meteorológicas eram adversas e nos encontrávamos num

dos espaços exteriores.

Este bom ambiente e camaradagem encontrados dentro do grupo, foi

realmente importantíssimo para uma mais rápida e eficaz adaptação ao contexto

escolar, isto é, no percurso de socialização para a profissão docente.

3.4. O Núcleo de Estágio

No início do estágio, aquando das colocações, os meus colegas de

estágio eram para mim uma incógnita pois pese embora tivéssemos frequentado

o 1º ano do mestrado no ano transato não tínhamos partilhado espaços de

trabalho além do das aulas, pelo que não existiam laços de afinidade entre nós.

Todavia, rapidamente nos aproximámos e acabamos por construir uma enorme

amizade e união, que se revelaram preponderantes ao longo do processo de

estágio. Posso mesmo afirmar que esta cumplicidade foi a nossa principal arma

ao longo deste duro e trabalhoso ano.

Foi com grande curiosidade que aguardei o primeiro contacto com a PC.

Logo nas primeiras reuniões que tivemos me apercebi que a PC era uma pessoa

bastante profissional, trabalhadora e exigente, mas ao mesmo tempo reveladora

de qualidades humanas que considero importantíssimas, isto é, compreensiva,

humana e generosa.

Após sabermos as turmas em que a PC seria professora titular e as

informações acerca de cada uma, coube-nos a nós, estagiários, decidir a sua

distribuição. Por considerarmos mais justo decidimos realizar um sorteio. Em

resultado, fiquei com uma turma do 11º ano, uma turma da área de Economia,

que segundo a professora cooperante era composta por alunos bastante

competitivos e alguns deles desestabilizadores.

Page 42: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

20

Para além da turma residente soubemos também que teríamos um 6º ano

partilhado, bem como um grupo de Desporto Escolar (DE) de natação,

modalidade pela qual a professora cooperante era responsável.

Para conseguir acompanhar todos estes processos, fomos logo alertados

para a necessidade de nos documentarmos de forma a conseguirmos responder

às diferentes exigências, designadamente a de elaborar processos de ensino e

aprendizagem adequados, em que a aprendizagem efetiva dos alunos tivesse

lugar.

3.5. A turma residente - o 11º ano

A turma de 11º ano era uma turma constituída por 26 alunos, sendo 13 do

sexo masculino e 13 do sexo feminino. As idades estavam compreendidas, entre

os 15 e os 17 anos. Os desportos mais praticados a nível federado pelos alunos

da turma eram o futebol (23%) e o voleibol (15%). Metade da turma (13 alunos),

não praticava qualquer tipo de desporto federado. As disciplinas preferidas dos

alunos, eram a Economia e a História, sendo que a disciplina que mostravam

menor recetividade era a Matemática. Nesta turma existiam onze filhos únicos,

não havendo nenhum agregado familiar onde o pai e a mãe se encontrassem

ambos desempregados. Oito mães e quatro pais possuíam habilitações de

ensino superior. Dois alunos apresentavam doenças a ter em consideração, um

sofria de esclerose e o outro de epilepsia.

Estas informações, coadjuvadas com a troca de ideias não só com a PC,

mas também com a diretora de turma, fez-me perceber que teria um enorme

desafio pela frente. Este desafio não passava na sua generalidade pelo gosto ou

não da maior parte dos alunos pela disciplina de educação física, mas sim pelo

facto de ser uma turma com alguns alunos com comportamentos menos

apropriados. Desta forma, o controlo e a disciplina na aula acabaram por

assumir, desde o início, um papel demasiado preponderante nas aulas da minha

turma. Tendo em conta este contexto, considerei importante exigir um ambiente

onde reinasse a organização, onde houvesse não só respeito do aluno pelo

professor, mas sim respeito entre todos.

De unidade didática para unidade didática foram-se alterando regras e

surgindo outras. A maior parte das regras colocadas de unidade didática para

Page 43: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

21

unidade didática relacionavam-se com questões de segurança. Exemplo disso

foi a preocupação e a recomendação constante na ginástica acrobática para que

os alunos realizassem as figuras bem posicionados no colchão, utilizando o

centro do colchão e nunca as suas extremidades. Esta regra permitia que no

caso de alguma queda o aluno pudesse ser amortecido pelo colchão.

“O posicionamento que devem ter nos colchões por questões de

segurança foi novamente reforçado, tal como a sequência e a gestão que

deveriam ter do tempo, no que se refere à elaboração dos esquemas.”

(reflexão da aula de ginástica acrobática, 08-01-2016).

Page 44: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e
Page 45: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

4 - REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

Page 46: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e
Page 47: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

25

4. Realização da prática profissional

4.1. Organização e Gestão do Processo de Ensino Aprendizagem

4.1.1. Conceção do Ensino da Educação Física

A conceção do ensino é a primeira tarefa que o estudante estagiário deve

realizar. A conceção de ensino e o conteúdo dos programas definidos para o

nível devem ser vistos como ponto de partida para a fase de planeamento

(Bento, 2003). Guimarães (1988) considera uma conceção de ensino como uma

base concetual que influencia o modo de atuar e de pensar dos professores, já

que se reporta ao modo como estes veem o mundo e as suas inter-relações.

Partindo deste entendimento, é razoável considerar as conceções na área da EF

como um sistema de valores e crenças sobre o como e o que ensinar.

O professor deve adotar, na sala de aula, uma postura que promova

valores democráticos e resolução de problemas em grupo (Feiman-Nemser,

1989). Tomando como referencia este pressuposto, no modo como concebi a

minha intervenção foi no sentido de procurar desenvolver não só as habilidades

motoras dos alunos, mas também de ajudá-los a desenvolver o seu carácter

através da prática desportiva.

Uma das primeiras etapas do processo de organização do ensino passa

por analisar o Programa Nacional de Educação Física (PNEF), tal como os

documentos enquadradores da escola cooperante, como o PEE, o Projeto

Curricular de Escola, o Regulamento Interno e o Plano Anual de Atividades

(PAA). Após a análise destes documentos o estudante estagiário deve

perspetivar a sua atuação para o ano letivo, visto estes serem os documentos

que devem nortear a atuação dos professores naquela comunidade escolar.

Após analisar os PNEF e apesar de perceber que estes têm como objetivo

uniformizar a disciplina a nível nacional, fui tomando consciência que estes

devem ser adaptados ao contexto, nomeadamente às condições e às

experiências passadas dos alunos na disciplina. Através da análise dos

documentos da escola, constatei que o desenvolvimento de jovens socialmente

ativos é um objetivo central do agrupamento. O trabalho dos professores não se

Page 48: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

26

pode limitar ao papel de transmissão de conhecimentos, este deve também

colaborar assertivamente na formação pessoal dos jovens. Com efeito, este foi

um dos fatores bastante importantes na conceção de ensino pela qual me guiei.

4.2. O Processo de Planeamento do Ensino

Bento (2003, p.8) refere que o planeamento “significa uma reflexão

pormenorizada acerca da direção e controlo do processo de ensino, numa

determinada disciplina”. Desta forma, é possível considerar o planeamento como

uma arma, uma ferramenta fundamental para o processo de ensino. Rink (2014)

acresce referindo que o planeamento é uma parte crítica do processo de ensino.

Sem um planeamento bem delineado e estruturado, o ensino acaba por seguir

um caminho sem norte, um caminho desestruturado, onde raramente a reflexão

faz parte, tornando-se, consequentemente, num ensino mais propício a falhas.

O processo de planear as componentes do processo ensino e aprendizagem

implica apreender, da forma mais concreta possível, as estruturas básicas e

essenciais das tarefas e processos pedagógicos (Bento, 2003). Ainda segundo

Bento (2003, pp. 19-20), “o planeamento consiste no relacionamento entre os

programas, orientadores do ensino de EF a nível nacional e o contexto

pedagógico em que o professor está inserido. Assim, o programa deve ser visto

como um documento norteador da planificação do professor, sendo

posteriormente influenciado e adequado à situação pedagógica”. Assim sendo,

“a programação do ensino (a nível central) e a planificação do ensino (pelo

professor) constituem um processo unitário, racional e complexo de

concretização progressiva de indicações generalizadas – processo que,

considerando as condições locais e uma análise objetiva, desagua na realização

do ensino e desencadeia uma retroação devida a reflexões posteriores e

análises do produto e processo educativo” (Bento, 2003, p. 20).

Na operacionalização da fase de planeamento de ensino, considerei os

três níveis enunciados por Bento (2003): anual, unidade didática e plano de aula.

Para a elaboração dos vários níveis de planeamento optei por utilizar o Modelo

de Estrutura de Conhecimento (MEC), enquanto ferramenta estruturadora do

processo de ensino e aprendizagem. Este modelo abrange oito módulos,

divididos em três fases. A primeira fase, a de análise é constituída pelos módulos

Page 49: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

27

1, 2 e 3, nos quais efetuei um processo de decomposição dos conteúdos

programáticos, um levantamento das infraestruturas disponíveis e

caracterização do nível inicial de desempenho dos meus alunos. A segunda fase

é a fase da decisão, que engloba os módulos 4,5,6 e 7. Nesta componente tentei

colocar de forma sistematizada a extensão e sequenciação da matéria a lecionar,

bem como os objetivos, a configuração da avaliação e também as propostas das

atividades de aprendizagem para o ensino. Finalmente na terceira fase, a fase

de aplicação, podemos encontrar o módulo 8, no qual, procurei fazer uma

sistematização de todos os módulos anteriores. Com o passar do tempo fui

ganhando consciência de que o planeamento é um processo bastante flexível,

até porque na escola estamos constantemente sujeitos a mudanças. Neste

sentido, cabe ao professor responder de forma diligente a essas alterações. Não

considero que o processo de planeamento tenha sido fácil de realizar. A

imprevisibilidade que lhe está inerente criou, por vezes, situações adversas que

têm de ser ultrapassadas com alguma rapidez e, essencialmente, com

competência, para, assim, se conseguir um processo de ensino aprendizagem

de qualidade.

4.2.1. O Planeamento Anual

Segundo Bento (2003, p. 59) “o plano anual é uma perspetiva global, que

procura situar e concretizar o programa de ensino no local e nas pessoas

envolvidas”. Neste sentido, podemos considerar que o plano anual é construído

tendo em conta as indicações do Programa Nacional de Educação Física (PNEF)

em concordância com as condições físicas e materiais do local onde nos

encontramos. Na primeira etapa deste nível de planeamento foi efetuado um

levantamento dos recursos materiais, físicos e temporais que tinha disponíveis,

tentando perceber, ao mesmo tempo, tal como referi anteriormente, o que

indicava o PNEF do ensino secundário, bem como procurar conhecer os

comportamentos e gostos da turma, designadamente em que modalidades se

sentiam mais confortáveis e revelavam maior aptidão. Após a obtenção desta

informação e tendo também em consideração as recomendações da professora

cooperante, ficou definido que as modalidades a serem abordadas seriam as

patentes no Quadro 1.

Page 50: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

28

Quadro 1 - Modalidades por períodos e aulas lecionadas

Modalidades Período Nº de aulas

(previstas/lecionadas)

Basquetebol 1º 10/10

Voleibol 1º e 2º 11/11

Futebol 2º 8/7

Ginástica Acrobática 1º e 2º 11/10

Dança 3º 8/7

Orientação 3º 5/5

Badminton 3º 5/5

A decisão da distribuição das modalidades ao longo do ano procurou

garantir que a sua lecionação se encaixasse no roulement definido pelo grupo

de EF, isto sem colocar em causa as exigências do PNEF, que no 11º ano de

escolaridade faculta aos alunos a possibilidade de optarem por duas

modalidades coletivas, ginástica ou atletismo e outras duas modalidades, que no

caso concreto da turma residente, recaiu no badminton e na orientação.

Este planeamento, à exceção de uma ou outra modalidade, foi transversal

a todos os estagiários, para de alguma forma privilegiar o trabalho em grupo e o

desenvolvimento da cooperação entre nós. Cunha et al. (2014) afirmam que o

trabalho em grupo é um elemento essencial à melhoria e desenvolvimento dos

estudantes estagiários. Os ganhos deste tipo de trabalho cooperativo foram

notórios e bastante importantes, mesmo quando o planeamento das unidades

didáticas e dos planos de aula o trabalho tinha de ser realizado individualmente

por cada um de nós.

4.2.2. O Plano de Unidade Didática

Em termos gerais, pode considerar-se que a unidade didática consiste

numa organização concisa do processo de ensino e aprendizagem de uma

determinada modalidade. Como advoga Bento (2003, p. 60) “O planeamento a

este nível deve procurar garantir, sobretudo, a sequência lógico-específica e

metodológica da matéria, e organizar as atividades do professor e dos alunos

Page 51: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

29

por meio de regulação e orientação da ação pedagógica, endereçando às

diferentes aulas um contributo visível e sensível para o desenvolvimento dos

alunos” Deste modo, é possível atribuir a cada aula objetivos específicos a serem

desenvolvidos, partindo e convergindo-os todos numa direção inequívoca

(Bento, 2003). Neste nível de planeamento é contemplada toda a informação

necessária ao processo de ensino e aprendizagem de uma determinada

modalidade. O MEC desenvolvido por Vickers (1990) foi o modelo utilizado para

planear. No primeiro módulo, a estrutura de conhecimentos incidia sobre quatro

categorias transdisciplinares, a Cultura Desportiva a Fisiologia do Treino e

Condição Física as Habilidades Motoras e os Conceitos Psicossociais, relativos

a cada uma das modalidades lecionadas. No segundo módulo foi importante

analisar os espaços e materiais a utilizar em cada unidade didática, de maneira

a tentar perceber a possibilidade de utilização dos diversos recursos disponíveis.

“Para a abordagem desta modalidade, será utilizado o pavilhão interior do

Complexo desportivo. Um pavilhão com ótimas condições para a prática

e do Voleibol, facilitando assim o seu ensino.” (MEC de Voleibol, módulo

2).

No terceiro módulo foi importante tentar perceber as capacidades nas

habilidades motoras de cada aluno nas respetivas modalidades, tendo para o

efeito realizado uma avaliação diagnóstica de forma a detetar o nível de cada

um deles. No quarto módulo, procedi à extensão e sequência de conteúdos, que

procurei que fosse concisa e precisa tendo sempre em conta o primeiro, segundo

e terceiro módulos. O quinto reportou-se aos objetivos terminais para cada

unidade didática.

¨Os objetivos para a Unidade Didática foram definidos tendo em conta o

nível inicial dos alunos e as orientações impostas pelo grupo disciplinar“

(MEC de Basquetebol, módulo 5).

Já o sexto módulo materializou a configuração da avaliação, que resultou

da articulação com o módulo três, permitindo-me decidir de que forma iria avaliar

a modalidade. O módulo 7 consistiu na tipologia das tarefas de aprendizagem

Page 52: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

30

que defini para tentar alcançar os objetivos que havia estipulado no módulo 5.

Por fim, no oitavo módulo procurei realizar uma síntese de todos os módulos

anteriores na procura de captar a lógica da articulação entre os diferentes

módulos e sistematizar a informação relevante para melhorar a qualidade do

processo de lecionação. Neste último módulo procurei ter uma perspetiva geral

da prática através de um resumo geral e esquematizado de todos os módulos

anteriores.

Como refere Bento (2003), os objetivos da unidade temática só podem ser

alcançados de forma gradual, requerendo assim uma correta planificação inter-

relacionada de todo o processo. Por conseguinte, é importante perceber que o

MEC tem de ser um documento extremamente flexível e dinâmico visto ser

planeado previamente e estar sujeito a mudanças do contexto, isto é, nunca é

um documento inflexível e estático.

4.2.3. O Plano de Aula

O plano de aula é considerado o nível micro do planeamento do ensino e,

consequentemente, o último nível. Nas palavras de Bento (2003, p. 101), o plano

de aula é “o verdadeiro ponto de convergência do pensamento e da ação do

professor”. O plano de aula não deve ser encarado como uma mera unidade de

organização do ensino, mas sim como uma unidade pedagógica do ensino.

Desse modo, o conteúdo e direção do processo de educação devem encontrar

na aula, e por meio dela, a sua concretização (Bento, 2003). Assim, este nível

de planeamento é o mais incerto dos níveis do planeamento. Com efeito, este

está sujeito a vários fatores externos que influenciem o seu normal desenrolar e

aplicação, pelo que é essencial que o professor tenha um conhecimento extremo

da matéria que está a lecionar de forma a conseguir responder às exigências

que a aula lhe vai colocando, de forma competente e assertiva.

“Esta aula foi preparada com o intuito de fazer uma avaliação diagnóstica

(…) No entanto, a situação com que me deparei foi outra devido as

situações climatéricas que se faziam sentir e ao facto de a aula ser num

espaço exterior (…) Tive que procurar reorganizar a minha aula

Page 53: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

31

recorrendo aos corredores que estão cobertos por telhas.” (reflexão da

aula de futebol, 06-01-2016).

O plano de aula revelou ser uma ferramenta essencial que utilizei ao longo

deste ano. Era neste nível de planeamento que trabalhava com o objetivo de

construir pormenorizadamente as minhas aulas. Isto não obstante ter tido

sempre em conta os outros níveis do planeamento. Desta forma, e apesar de

saber que de um momento para o outro o contexto da aula me podia levar a fugir

do planeado, consegui lecionar de uma forma lógica e estruturada as aulas.

A estrutura do plano de aula que adotei foi considerada lógica no cerne

do meu núcleo de estágio e, portanto, transversal aos meus colegas estagiários.

A informação geral presente no plano de aula, reportava-se à turma e ao número

de alunos, ao material necessário para a aula, à hora e data da aula, ao local

onde se desenrolaria a aula e qual a unidade didática e função didática. Ainda

neste cabeçalho do plano da aula, podíamos encontrar os objetivos relativos à

cultura desportiva, à fisiologia do treino e condição física, às habilidades motoras

e aos conceitos psicossociais. Já no que concerne às categorias didáticas

enquadradoras do conteúdo das aulas, estas contemplavam os objetivos

comportamentais, as situações de aprendizagem, as componentes criticas e a

organização dos alunos ao longo dos exercícios. Complementarmente a

informação da parte da aula e duração de cada exercício também estava

presente.

No decurso das aulas, e não obstante a planificação cuidada, nem sempre

foi possível realizar o planeado. Situações como a falta de assiduidade,

dispensas às aulas ou situações meteorológicas adversas, obrigaram-me a

adaptar o planeado, para corresponder à conjuntura em questão.

“No início da aula, deparei-me com um número menor de alunos do que

estava à espera, uns por estarem a faltar, outros por dispensa. Como tal,

tive que rapidamente reorganizar os grupos de trabalho e também alguns

exercícios” (reflexão da aula de voleibol, 17-02-2016).

Page 54: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

32

4.3. Realização do Ensino

Segundo Bento (2003, p. 16), o “ensino real tem naturalmente mais

facetas do que aquelas que podem ser contempladas no seu planeamento e

preparação. No processo real do ensino existe o inesperado, sendo

frequentemente necessário uma rápida reação situativa”. Partindo deste

enquadramento, este capítulo começará com um primeiro ponto relativo á

primeira aula – onde tudo começou – para depois se reportar às minhas opções

em cada uma das dimensões de intervenção pedagógica - a disciplina, o clima,

a gestão e a instrução. Por último, a temática da avaliação, enquanto elemento

central ao processo de qualquer processo formativo, é também abordada. Com

refere Rink (1993), avaliar é uma tarefa de recolha de informação, com o objetivo

de retificar e realizar um balanço da organização e gestão do processo de ensino

e aprendizagem.

Em suma, neste capítulo o propósito central foi apresentar os principais

problemas que surgiram ao longo do ano e o modo como foram tratados e

superados. Os desafios que se foram colocando foram também trazidos ao

discurso.

4.3.1. Reconhecimento da turma – A primeira aula

Para qualquer professor estagiário o primeiro contacto com a sua turma

assume-se como um momento desejado e é encarado com um misto de

nervosismo e de expectativa.

“Reconheço que estava ansioso para finalmente lecionar a minha primeira

aula, no entanto consegui colocar o nervosismo de parte e concentrar-me

no trabalho que tinha pela frente.” (reflexão da 1ª aula, 23-09-2015).

Com efeito, o primeiro contacto com a turma é um momento que,

naturalmente, nos marca enquanto professores estagiários. Foi com alguma

ansiedade e nervosismo que antecipei, de forma cuidada, este momento, visto

estar ciente da sua enorme importância. Nas várias reuniões que fomos fazendo

em NE, antes da minha primeira aula, procurei ouvir atentamente as informações

Page 55: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

33

vindas da PC, pelo que já sabia que a tarefa e a turma que me aguardava não

eram fáceis.

“Deparei-me com uma turma bastante grande e com um ou outro aluno

mais irrequieto. Assim, considero que terei de ter bastante atenção ao

comportamento destes alunos” (reflexão da 1ª aula, 23-09-2015).

Tinha consciência que muitas vezes a primeira impressão é aquela que

fica. Desta forma, estava ciente de que este primeiro contacto seria importante

para a transmissão das regras para o resto do ano, pelo que coloquei o

nervosismo no bolso e procurei mostrar confiança e segurança perante a turma.

Nesta primeira aula, o NE optou por planear uma aula com jogos

essencialmente cooperativos, com o objetivo de tentar conhecer os alunos e

perceber melhor a forma como trabalhavam entre eles, inclusive como

conseguiam lidar e trabalhar quando sujeitos a situações que eram necessárias

ser resolvidas em cooperação, com trabalho de grupo.

Lembro-me claramente que no final da primeira aula senti que esta tinha

durado o triplo do tempo que lhe estava destinado, mas ao mesmo tempo senti-

me satisfeito, inundado de um sentimento enorme de dever cumprido.

Nesta aula aproveitei também para transmitir algumas regras de

segurança, que incluíam a proibição de utilizar anéis, brincos, colares ou relógios

que pudessem colocar em perigo a integridade pessoal ou dos colegas. Os

alunos teriam de vir adequadamente equipados para as aulas, mesmo em

situações que não pudessem participar na prática, isto é, as sapatilhas e a roupa

desportiva eram indispensáveis à aula. O estabelecimento de cinco minutos para

equipar depois da hora da entrada foi também referido como um fator

preponderante a ter em conta.

Nas primeiras aulas tentei não estabelecer demasiada proximidade para

com os alunos, relegando isso para mais tarde, visto saber que assim poderia

ganhar o respeito deles com maior facilidade.

A preparação cuidada deste primeiro contacto com a turma acabou por

decorrer bem e teve a repercussão prevista, isto é, consegui que a turma ficasse

com a primeira impressão de mim que eu desejava -um professor que está

Page 56: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

34

pronto para ouvir, interagir e ajudar os alunos, mas que é o elemento responsável

pela aula e pelo seu controlo.

4.3.2. Disciplina na Aula

O controlo e disciplina na aula foi uma preocupação sempre presente nas

aulas com a minha turma. Apesar de se interligar com a gestão e o clima,

objetiva-se pelo cumprimento das regras da sala de aula, ou seja, enquanto na

gestão são definidas rotinas a serem cumpridas no clima pretende-se que exista

uma boa relação entre todos. Conforme veicula Rink (2014) é na disciplina que

realmente se procura que os alunos assumam uma postura adequada e que

cumpram com as normas estabelecidas.

Estrela (2002) enfatiza a importância da coesão e conservação das regras

da sala de aula, assim como um clima afável entre o professor e os alunos.

Segundo Amado (2000, p.11), a omissão das regras nesta fase inicial terão

repercussões nos alunos, na medida em que promove a manifestação de

comportamentos desviantes. Deste modo, para procurar controlar melhor a

turma, decidi estabelecer algumas regras que considerei essenciais ao bom

funcionamento do espaço de aula. Neste sentido, ao longo do ano procurei ir

ignorando comportamentos menores, de modo a manter as aulas dinâmicas,

sem interrupções desnecessárias. Já os comportamentos menos corretos

exigiram uma atuação mais assertiva, sem deixar de ser pedagógica, da minha

parte.

“ (…) os dois alunos entraram em discussão após a finalização de um

exercício, pelo que. calmamente, chamei os dois para um espaço

afastado dos restantes colegas e tentei fazê-los compreender que apesar

de estarem a competir, o que me interessava, enquanto professor, não

era quem ganhava o jogo, mas sim os seus comportamentos táticos e

técnicos a que recorriam durante o jogo”. (reflexão da aula de voleibol, 06-

11-2015).

Desta forma, optei por adotar uma atitude pedagógica, privilegiando uma

atuação construtiva ao invés de punitiva. Relativamente à assiduidade e à

Page 57: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

35

pontualidade, não foi um aspeto fácil de gerir. Pois, apesar das várias

intervenções que fui tendo junto da turma acerca deste assunto, as melhorias

apresentadas acabaram por ser apenas momentâneas, o que, por vezes,

aportou constrangimentos à dinâmica das aulas.

4.3.3. Clima de Aula

Segundo Rosado e Ferreira (2009, p. 191), o “ambiente relacional é

decisivo na satisfação pessoal dos professores/treinadores e dos praticantes na

manutenção da disciplina. No empenhamento nas tarefas e no crescimento

individual e de grupo no domínio sócio afetivo”. O clima de aula é, então, um

fator que influencia diretamente o processo de ensino e aprendizagem dos

alunos (Rosado & Ferreira, 2009). Considero convictamente que a relação

positiva que criei e mantive com os meus alunos ajudou, em muito, a desenrolar

um processo de ensino e aprendizagem adequado à aprendizagem. Neste

sentido, procurei sempre ouvir os meus alunos, adotando uma postura

preocupada e de compreensão para com eles.

“A aluna no final da aula dirigiu-se até mim, perguntando-me se lhe

poderia indicar alguns exercícios específicos para reforço muscular da

zona lombar. Indiquei-lhe três ou quatro exemplos e disse-lhe que na

próxima aula lhe traria outros“ (reflexão da aula de ginástica, 11-11-2015).

Esta situação fez-me sentir que era capaz de agir conforme as exigências

que se iam colocando, designadamente de responder às necessidades e

individualidade dos alunos. Algo que procurei ter em atenção, mesmo fora do

contexto de aula, foi escutar com atenção os alunos sempre que era abordado

por eles. Deste modo, tornou-se mais fácil ganhar o respeito e consideração de

cada um deles, tal como se tornou mais fácil compreendê-los e começar a

conhecer melhor as suas formas de ser e de estar. Esta atitude acabou por ter

repercussões na minha maneira de atuar com eles. Posteriormente, esta maior

proximidade acabou por ser uma mais-valia em contexto de aula. Os alunos

começaram a ver-me não só no papel de professor, como transmissor de

conhecimento, mas alguém em quem podiam confiar. Foram várias as situações

Page 58: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

36

em que desabafaram comigo e em que os aconselhei acerca do modo como

deveriam lidar com alguns problemas escolares. Acredito que o facto de os

alunos se aperceberem que o professor estava disponível não só para os

repreender e chamar à razão, mas também para os escutar e tentar

compreender, foi um fator impulsionador para que conseguisse promover a

aprendizagem dos mesmos, como se pode constatar no excerto a seguir

apresentado.

“No final da aula os alunos vieram pedir desculpas pelo comportamento

que haviam tido um com o outro, mostrando que a conversa que tinha tido

com eles naquele determinado momento da aula, tinha dado algum

efeito”. (reflexão da aula de voleibol, 06-11-2015).

Apesar de ter plena consciência de que nem todos os alunos podem ser

modificados ou sensibilizados pela nossa intervenção, considero que influenciei

positivamente muitos dos meus alunos, não só a nível motor, mas também ao

nível do saber estar, algo que para mim é e foi verdadeiramente gratificante.

Enquanto professor não posso esperar que os meus alunos tenham uma atitude

preocupada empenhada e responsável durante as aulas, se o exemplo não partir

de mim próprio. Desta forma, procurei, ao longo das aulas, ter uma postura

correta, dando particular atenção aos meus comportamentos, para que não

gerassem atitudes menos apropriadas dos alunos. Neste pressuposto, procurei

privilegiar e manter um clima positivo e motivador para a prática. Para isso, e

fruto das recomendações da professora cooperante, nas aulas procurei dar

reforços positivos, visto estes contribuírem para o bom desenvolvimento dos

alunos. Segundo Siedentop (2008), o entusiasmo que daí advém proporciona

um clima de ensino positivo. Tendo isto em consideração, penso ser essencial

que o professor dê especial ênfase tanto ao esforço prestado pelos alunos, como

ao bom comportamento. Com o desenrolar das aulas, foi bastante notório no

caso específico de uma aluna que a sua performance foi melhorando com os

consequentes reforços positivos que foi recebendo. Esta aluna era uma aluna

bastante insegura e com algumas dificuldades, contudo, a partir do momento em

que estrategicamente fui usando de forma recorrente o reforço positivo, esta

Page 59: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

37

melhorou bastante o seu empenho e entrega na aula e consequentemente o seu

aproveitamento.

Outro fator que foi um forte influenciador do clima de aula foi a tipologias

das tarefas propostas nas diferentes modalidades. Atendendo a que muitas

vezes as tarefas propostas pelo professor são demasiado fáceis ou demasiado

complexas, os alunos tendem a desmotivar - ou porque as tarefas se tornam

demasiado monótonas, ou porque exigem mais do que eles conseguem realizar.

Desta forma, adequar as situações de aprendizagem assume, sem qualquer tipo

de dúvida, um papel bastante decisivo. Assim, por diversas vezes, quando sentia

que o exercício já não estava a ter o efeito desejado e que estava a influenciar

negativamente o clima da aula, alterava-o ou avançava para outro exercício.

“Senti que o tempo estipulado para o exercício de 4x4 em cooperação era

demasiado visto que os alunos começaram a evidenciar alguma

desmotivação. Desta forma, decidi reduzir o tempo previsto para o

exercício e antecipar o exercício de 4x4 em competição”. (reflexão da aula

de voleibol, 17-02-2016).

4.3.4. Gestão da aula

Segundo Rosado e Ferreira (2009, p. 189), o “sistema de gestão de

tarefas corresponde a um plano de ação do professor/treinador que tem, ainda,

por objetivo a gestão do tempo, dos espaços e dos alunos/praticantes, visando

obter elevados índices de envolvimento.” É através da uniformização destes três

elementos que a aula pode, de facto, atingir o propósito para o qual foi planeada.

Relativamente às rotinas, segundo Rosado e Ferreira (2009, p. 189) estas

“permitem aos praticantes conhecer os procedimentos a adotar na diversidade

de situações de ensino e treino, aumentando o dinamismo da sessão e reduzindo

significativamente os episódios e os tempos de gestão”. Siedentop e Tannehill

(2000) consideram também a criação de rotinas como pontos fulcrais na

rentabilização do tempo de aula e, consequentemente, na criação de um clima

adequado de aprendizagem. Neste sentido, desde o início do ano a rotina de

início da aula utilizada foi a de que os alunos ao chegarem se sentavam a ouvir

Page 60: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

38

as indicações que tinha a dar da aula. Desta forma, o tempo despendido era

diminuto conseguindo rentabilizar ao máximo o tempo de aula.

“Dei início à aula com todos os alunos sentados, explicando-lhes o que

era pretendido trabalhar, para de seguida formarmos grupos de trabalho”

(reflexão da aula de basquetebol, 14-10-2016).

Com o desenrolar do ano letivo, e face a alguns atrasos sistemáticos que

foram ocorrendo, optei por modificar o modo de iniciar a aula. Assim, a optação

foi dar início à ativação geral com os alunos que estavam na aula. Desta forma,

consegui rentabilizar mais o tempo de aula e os alunos ao verem que a aula

começava mesmo sem todos estarem presentes, começaram a ter maior

atenção aos horários.

“Como tem vindo a ser hábito de há umas aulas para cá, os alunos quando

chegaram à aula começaram por fazer uma pequena corrida de ativação

geral” (reflexão da aula de futebol, 03-02-2016).

Outra rotina que considerei importante implementar foi relativa aos

momentos que parava a aula, no caso específico dos jogos desportivos coletivos

com bola, quando dava o sinal de paragem todos os alunos prontamente

paravam o que estavam a fazer e colocavam a bola debaixo do braço, para,

assim, poder transmitir tranquilamente a informação necessária. Outra rotina que

implementei foi a das rotações. Assim, quando os alunos tinham de rodar de uma

estação para outra, ou no caso de o badminton por exemplo rodar para jogar

com outro colega, os alunos já sabiam de antemão que a rotação era sempre

feita para o seu lado direito. Esta estratégia permitiu rentabilizar o tempo de aula,

havendo mais tempo de empenhamento motor. Já para a parte final da aula optei

por uma rotina que importei da minha experiência de treinador de futebol, isto é,

todos os alunos tinham que participar na recolha do material, colocando-o

organizadamente no carro/cesto para posteriormente ser mais fácil proceder à

sua arrumação.

Page 61: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

39

“Antes de proceder à parte do treino funcional, todos os alunos recolheram

os volantes e colocaram dentro da caixa correspondente a sua raqueta”

(reflexão da aula de badminton, 15-04-2016).

Na parte final da aula também implementei um sistema de autoavaliação

que é prática usual na escola – em todas as aulas os alunos tinham de se avaliar

tendo em conta o seu comportamento, empenhamento e assiduidade. Estas

rotinas foram essenciais para que conseguisse aumentar o tempo de

empenhamento motor e, ao mesmo tempo, reduzir o tempo destinado às

transições, para além de também ajudar no cumprimento e gestão do tempo de

aula. Por vezes, o tempo destinado para algumas tarefas, quer por fatores

intrínsecos, quer por fatores extrínsecos, pode estar sujeito a adaptação, pelo

que cabe ao professor proceder e decidir neste tipo situações. Apesar de já ter

alguma experiência enquanto treinador, nem sempre foi fácil proceder a este tipo

de alterações. Na verdade, no início senti que me estava a faltar um pouco de

perspicácia para ler as situações e agir prontamente. No entanto, com o passar

do tempo e com a ajuda da professora cooperante este tipo de situações

começaram a ser ultrapassadas com maior facilidade e naturalidade. Olhando

agora para trás considero que um bom profissional tem de estar preparado para

responder a este tipo de situações. Sinto também, que evoluí imenso nesse

aspeto, sentindo-me agora bastante mais capacitado.

Ao longo do ano, os atrasos sucessivos e a alguma falta de assiduidade

fizeram-me desenvolver a capacidade de adaptação. Esta capacidade de

adaptação não se resumiu apenas às situações de aprendizagem, mas também,

e principalmente, à adaptação rápida e equilibrada dos diversos grupos de

trabalho que trazia previamente delineados para as aulas. Considero também

que, por vezes, ter recorrido a alguma literatura para a elaboração de situações

de aprendizagem específicas para cada modalidade, foi um fator preponderante

para resolver estas situações. Segundo Graça e Mesquita (2009, p. 140), é

“importante que o professor, na seleção da forma de jogo apropriada, se

preocupe em apresentar formas de jogo que tenham em conta as conceções que

os alunos trazem para a situação de aprendizagem e que possam ser vistas por

parte dos alunos como formas de jogo credíveis e autênticas”. Tendo isto bem

presente e em consideração consegui obter uma melhor gestão dos alunos visto

Page 62: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

40

que as condições que lhes eram propostas e aquilo que lhes era exigido eram

passíveis de ser alcançado.

“Tentei ao longo de todo este período adequar as situações de

aprendizagem ao nível dos meus alunos. Sempre que senti que o grau de

exigência de uma aula tinha sido desadequado procurei ajustá-lo na aula

seguinte, isto de forma a rentabilizar a prestação dos meus alunos.”

(reflexão do 1º Período, 23-12-2015).

Rink (1993) considera que aprende mais quem obtém uma taxa de

sucesso razoavelmente elevada na realização de tarefas. Neste sentido, nas

propostas que fazia das situações de aprendizagem procurava que fossem

adequadas ao nível da turma, de forma a potencializar a sua aprendizagem. É

certo que existem sempre alguns alunos que estão abaixo do nível médio da

turma e consequentemente das tarefas propostas; todavia considero que o facto

de trabalharem juntamente com a turma é um fator que lhes possibilita evoluir e

conseguir alcançar resultados mais favoráveis. Com efeito, foi bastante

importante para o seu processo evolutivo e para o alcançar de outro patamar.

Em síntese, considero que não existe um sistema de gestão de aula mais

correto que outro, o que é realmente importante é o professor consoante o

contexto, consiga adequar a gestão da aula para que seja o mais rentável

possível, tanto para ele como para os alunos.

4.3.4.1 Regras vs Flexibilidade

Ao longo do ano tentei ser o mais exigente possível, no que diz respeito

ao cumprimento das regras, de modo a ser coerente e credível nas diversas

situações. Todavia, é necessário que haja bom senso, pelo que tentei que ele

estivesse presente na minha atuação enquanto professor. Neste sentido,

procurei desvalorizar um ou outro ato de menor importância para que a dinâmica

da aula não fosse prejudicada. Sempre que fui considerando que um ou outro

comportamento estava a passar os limites, procurei chamar a atenção dos

alunos, fazendo-os compreender que as suas atitudes não eram as mais

Page 63: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

41

indicadas. Não obstante estas intervenções, considerei importante atuar sempre

pedagogicamente perante comportamentos menos bons dos meus alunos.

Embora, tal como referi, tenha surgido um ou outro comportamento mais

desajustado, na sua generalidade a turma foi conseguindo evoluir ao longo do

ano, alcançando um nível bastante aceitável. Todavia a desunião geral que se

foi sentindo nos membros da turma criou ainda algumas dificuldades. Problemas

exteriores à aula de educação física eram por vezes trazidos para dentro da

mesma, tornando difícil contornar a questão. Os alunos não quererem trabalhar

com alguns membros em grupo, era algo bastante comum e que tive de ir

contornando sem prescindir das opções que considerava adequadas. Outro

aspeto relevante a ser considerado é sem dúvida a assiduidade e pontualidade

dos alunos. Inicialmente os alunos eram assíduos e cumpriam bastante bem em

termos de pontualidade, todavia, com o passar do tempo, os alunos foram

descuidando estes dois aspetos. Após várias conversas que fui tendo com eles,

no sentido de os fazer ver que não faltar às aulas e ser assíduos era

importantíssimo não apenas para o bom funcionamento das aulas, mas também

para a sua aprendizagem e desenvolvimento equilibrado e sustentado nas várias

unidades didáticas, os alunos foram alterando a sua postura. Todavia, mais para

o final do ano o reaparecimento destes comportamentos tornou a ser realidade.

Apercebendo-me de que o bom senso e o chamar à razão já não eram

suficientes para ultrapassar estes problemas, decidi marcar algumas faltas de

atraso e agir em conformidade junto da diretora de turma, para que a mesma

tentasse resolver junta da turma este tipo de situações. Penso que este fator em

parte se deveu a algum desinteresse e descrédito que alguns alunos têm pela

disciplina de educação física. Por duas ou três situações, em conversas mais

informais fora do contexto de aula, ouvi alguns alunos dizerem “a educação física

não conta para a média”, “é igual tirar doze ou dezasseis”, “só quero passar”.

Estes comentários foram algo que me deixaram profundamente triste e

revoltado.

4.3.5. O processo instrucional

A instrução consiste nos comportamentos que o professor tem à sua

disposição, para transmitir informação substantiva aos praticantes (Mesquita &

Page 64: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

42

Graça, 2006). A instrução apresenta um papel extremamente essencial no

processo de ensino e aprendizagem, visto ser uma das promotoras da

aprendizagem. De facto, a maneira como instruímos é determinante e influencia

de forma substancial a forma como os alunos interpretam e posteriormente

executam. Deste modo, é crucial que ao longo da “organização do processo de

instrução sejam contempladas as relações que se estabelecem entre a

informação emitida para a realização do exercício, as respostas motoras dos

alunos e a informação transmitida no decorrer da prática” (Mesquita & Graça,

2006, p. 210). De igual forma, Rosado e Mesquita (2009) referem que a

interpretação dos alunos pode não ser realizada corretamente, fruto de perdas

ao nível da atenção, retenção ou compreensão da informação. É importante

então que seja o professor a resolver este problema, tentando ser o mais claro

possível para que o aluno perceba de forma correta a informação transmitida.

Um dos grandes desafios com que me deparei e tive de enfrentar este

ano foi melhorar ao nível da instrução que transmitia aos alunos. Para uma

instrução ser suficientemente clara e completa é importante que o professor

consiga ser capaz de explicar, três fatores fundamentais, o objetivo de cada

tarefa, os seus critérios de sucesso e também qual a organização metodológica

do exercício. Contudo, o professor também deve ter em conta que deve

sistematizar a informação sob pena de estar a despender demasiado tempo e

não maximizar o tempo potencial de aprendizagem. Por outro lado, também é

passível de ser afirmado que apenas a informação mais importante deve ser

transmitida. Esse fator deriva de um fenómeno denominado de “afunilamento

instrucional” (Rosado & Mesquita, 57 2009, p.72). Este afunilamento instrucional

é representado pela diferença entre o que o professor diz ou quer dizer e aquilo

que diz verdadeiramente. Por vezes, acontece que aquilo que o aluno ouve

acaba por não ser aquilo que compreende e de igual forma aquilo que

compreende nem sempre é aquilo que acaba por realizar.

De forma mais marcante, no início deste percurso senti que os meus

tempos de instrução eram demasiados longos e, por consequência, estava a

potencializar o insucesso da minha instrução. Todavia, e com o passar das aulas,

optei por realizar as minhas intervenções, essencialmente, através de palavras-

chave. Desta forma, diminuía e sintetizava a instrução e potencializava o tempo

de empenhamento motor e de aprendizagem. Após a utilização das palavras-

Page 65: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

43

chave verificou-se que os tempos de instrução diminuíram bastante. Desta

forma, foi possível ultrapassar o problema que inicialmente senti, promovendo o

sucesso dos alunos no processo de ensino aprendizagem. Neste momento sinto-

me mais capaz de realizar uma instrução adequada, isto é, revestida de

objetividade e conteúdo, e não ocupando tanto tempo de aula, como se pode

verificar numa aula na fase final do ano letivo:

“Ao fim dos oito tempos, vocês levantam-se e começam a fazer marcha

nos oito tempos seguintes. Não esquecer que têm de começar a marcha

sempre com o pé direito de forma a que todos estajam coordenados.”

(aula gravada de dança, 13-05-2016).

No processo de preparação para iniciar a instrução, por diversas vezes

dava por mim a observar atentamente o comportamento dos alunos. No

balayage à turma, era recorrente encontrar alunos desatentos, mais

preocupados com o que o colega do lado estava a fazer - algo que eu sabia que

estando a acontecer dificultaria o processo de compreensão dos alunos quando

iniciasse a instrução. Consequentemente, antes de iniciar o processo de

instrução, preocupava-me em captar a atenção de todos os alunos. Para tentar

ultrapassar estes problemas optei por utilizar algumas estratégias para conseguir

obter a atenção dos alunos e conseguir, de igual forma, que eles captassem a

maior parte da informação que lhes passava. Essas estratégias foram várias,

desde chamar a atenção aos alunos ao calar-me até que fizessem silêncio ou

diminuir o tom de voz para se apercebessem que sem silêncio não conseguiriam

captar nada. Nesta última estratégia, quando já reinava o silêncio e a

concentração, fazia questão de transmitir novamente a informação mais

importante e pertinente para que os alunos conseguissem interiorizar o que lhes

estava a ser transmitido. Ainda no que se refere a este tema, Rink (2014) indica

que a apresentação de tarefas é inútil sem a atenção dos alunos, e que uma das

formas de obter a atenção dos mesmos é através do estabelecimento de regras

e procedimentos.

Outro elemento que considero extremamente importante o professor ter

um conhecimento alargado acerca das modalidades lecionadas porque isto leva-

o a ser preciso no que diz respeito à informação passada. No meu caso

Page 66: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

44

específico senti-me bastante à vontade e com recursos e conhecimentos

normalmente alargados nas modalidades que tive de lecionar. No entanto,

modalidades como a Ginástica Acrobática e a orientação colocaram-me mais

dificuldades visto o meu conhecimento teórico não ser tão alargado. Todavia, o

planeamento por recurso ao MEC, em que tinha que construir a Estrutura de

Conhecimento em cada uma das modalidades foi uma mais-valia para

enriquecer os meus conhecimentos e para me sentir mais seguro e preparado

para lecionar essas modalidades.

4.3.5.1. Demonstração

A demonstração foi, sem qualquer dúvida, uma estratégia importantíssima

que utilizei com a perspetiva de criar um ambiente promotor de mais e melhor

aprendizagem. Esta estratégia da demonstração foi importante visto permitir

rentabilizar o tempo de instrução inicial, possibilitando que os alunos

compreendessem a instrução com mais facilidade e promovendo também uma

maior atenção por parte destes. Segundo Rosado e Mesquita (2009, p. 96), o

“uso associado de diferentes estratégias instrucionais, nomeadamente na

apresentação das tarefas motoras, em conformidade com a natureza específica

das habilidades de aprendizagem e o nível de desempenho dos praticantes,

revela-se particularmente eficaz”. Para a utilização da demonstração, recorri, tal

como sugere Rink (2014) e sempre que possível, a alunos como agentes de

ensino.

“Nesta aula recorri mais uma vez ao aluno (…) já que pratica a modalidade

e consegue demonstrar quase na perfeição aos seus colegas a técnica

dos batimentos” (reflexão da aula de badminton, 15-04-2016).

Desta forma podia focar-me na execução das tarefas e advertir os alunos

para os aspetos chaves e mais importantes da execução, corrigindo os erros e

realçando os aspetos mais importantes. O facto de os alunos terem oportunidade

de numa primeira fase observar a execução foi permitindo com que o processo

de aprendizagem estivesse facilitado. Outro motivo pelo qual achei oportuno

recorrer à demonstração é que esta pode facilitar uma redução do tempo de

Page 67: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

45

prática necessária para atingir um determinado nível de performance quando

comparado com a prática efetuada na ausência da estratégia de apresentação

prévia (Temprado, 1997). Por uma questão facilitadora, nos momentos da

demonstração, optei, geralmente, por utilizar os alunos que praticavam a

respetiva modalidade, ou no caso de não ter ninguém que a praticasse, chamava

para a demonstração um dos alunos que considerava que tinham maior

qualidade e que conseguiriam demonstrar com maior exatidão o que era

pretendido. Todavia, algumas vezes optei por escolher alunos que cometiam

alguns erros e não desempenhavam as habilidades motoras com facilidade.

Desta forma, conseguia ter o outro lado e reforçar os erros mais comuns

procedendo às suas correções. Neste último caso os alunos eram

cuidadosamente escolhidos. Eram sempre alunos com personalidades fortes e

que uma simples correção perante a turma não os iria desmotivar.

4.3.5.2. Feedback Pedagógico

Na literatura encontram-se referidos dois tipos de feedback – intrínseco e

extrínseco. Segundo Toni et al. (2006), o feedback extrínseco é também

conhecido como feedback aumentado, melhorado, artificial, aprimorado ou

suplementar. O feedback extrínseco apresenta a propriedade de complementar

a informação proveniente do feedback intrínseco e está sob controlo dos

profissionais, que pode fornecê-los em ocasiões oportunas, ou ainda não os

fornecer, dependendo das metas estipuladas, caraterísticas da tarefa e do nível

de experiência e de habilidade dos praticantes. A utilização desta ferramenta

pedagógica foi uma das maiores dificuldades que tive que superar,

nomeadamente no que concerne à qualidade e quantidade de feedbacks que

transmitia aos alunos.

“Algo que me foi apontado no final da aula, por parte do NE, e que terei

de tentar continuar a melhorar, foi a pouca ou nenhuma utilização de

feedbacks” (reflexão da aula de Voleibol, 06-11-2016).

Após algumas críticas por parte da orientadora de estágio, algumas

reflexões em núcleo de estágio e algumas reflexões pessoais, verifiquei que

Page 68: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

46

seria necessário investir mais do meu tempo neste campo específico, para desta

forma conseguir tornar-me um professor mais completo e competente. Face ao

facto de este aspeto ser algo que constantemente me era apontado, procurei

refletir no seio do núcleo de estágio acerca do que seria necessário melhorar e

também acerca do que já tinha conseguido evoluir.

Rosado e Mesquita (2009) referem que após a realização de uma

habilidade motora por parte dos alunos, estes devem receber um conjunto de

informações acerca da realização da tarefa, de modo a que o seu desempenho

seja melhorado. Sarmento et al. (1993) consideram o feedback pedagógico

como uma informação de retorno a um comportamento observado e consideram

que o feedback é uma mais-valia na atuação do professor e é um fator promotor

da aprendizagem. Assim sendo, o professor deve conseguir transmitir feedbacks

que consigam impulsionar a aprendizagem e motivar os alunos. Pois, segundo

Rink (2014), o feedback mantém o aluno concentrado na tarefa de

aprendizagem, funciona como agente motivador e supervisiona a sua resposta.

Hoffman (1983) propõe que se pode dividir o feedback em duas fases

distintas: fase de diagnóstico e fase de prescrição. Já Rosado e Mesquita (2009)

referem que uma das maiores dificuldades na utilização do feedback prende-se

com as lacunas dos professores na fase de diagnóstico. Em relação à frequência

do feedback pedagógico, Rosado e Mesquita (2009) referem que a emissão de

feedback após cada execução pode ser prejudicial ao desenvolvimento do aluno,

já que não lhes permite ser autocritico. De igual forma a informação passada em

demasia pode também criar alguma dependência do professor, levando os

alunos a deixarem de se preocuparem com a análise dos seus próprios

movimentos.

Segundo Rink (2014), quanto mais cedo o feedback for transmitido após

a realização da tarefa, maior será o seu potencial de ajuda para os alunos. Desta

forma, podemos considerar que a altura em que é dado o feedback influencia

claramente a aprendizagem do aluno. Penso que na modalidade lecionada em

último lugar, a dança, foi onde, finalmente, consegui alcançar um resultado

bastante positivo no que diz respeito à qualidade do feedback.

“ (...) ouçam, se nós estivermos a fazer um C é para aqui, não meninos é

para o outro lado. Atenção, vocês leem da esquerda para a direita ou da

Page 69: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

47

direita pra esquerda? Da esquerda para direita, então é assim que tem de

estar o C.” (aula gravada de dança, 13-05-2016).

O facto de os alunos trabalharem parte da aula em quatro grupos, permitiu

melhorar a qualidade dos feedbacks, mais assertivos e bastante mais

direcionados, pelo que os alunos os rentabilizaram mais. Neste sentido, ficou

claro que quanto menor for o grupo a ser observado, mais facilmente pode ser

alcançada qualidade no feedback.

Mais para o final do ano, fui adotando uma posição de maior observação,

emitindo feedbacks mais pertinentes (no momento e com o conteúdo adequado)

acerca do que atentamente ia observando. Gradualmente, os feedbacks foram

tornando-se mais eficazes e assertivos, pois observava mais tempo e acabava

por conseguir realizar um melhor diagnóstico.

“ (…) ouçam! Quando fazem a parte de fletir as pernas é importante que

o façam de forma acentuada para criar o efeito de escadinha” (aula

gravada de dança, 13-05-2016).

4.4. Avaliação do Ensino

De modo a completar o processo de organização e gestão do ensino, para

além da conceção, do planeamento e da realização do ensino, é necessário

concretizar a avaliação do ensino (Bento, 2003). Para o mesmo autor, o processo

de avaliação é, juntamente com a planificação e a realização do ensino, uma

tarefa central do professor. Estes três processos têm uma ligação essencial entre

si, numa viagem que se inicia com a planificação, segue com a realização,

acabando na análise e avaliação do processo de ensino e aprendizagem. A

avaliação é essencial para servir os propósitos de examinar e interpretar a

atuação do professor, bem como o rendimento do aluno. Segundo Rosado et al.

(2002), a avaliação permite ao professor verificar a eficácia da sua atuação e

informa o aluno acerca da sua evolução e nível alcançado. Por sua vez, Arends

(2008) refere que as avaliações, quando realizadas com eficácia, aumentam o

envolvimento e a aprendizagem do aluno. Já Mendes e Nascimento (2012)

referem que o processo avaliativo é um processo difícil, já que cabe ao professor

Page 70: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

48

a tarefa de, através dos dados recolhidos, transformar o desempenho do aluno

em dados mensuráveis. Arends (2008) considera que a avaliação refere-se, por

norma, ao atribuir classificações. Ainda, segundo o mesmo autor, atribuir

classificações é um ato de avaliação, já que o professor está a atribuir um valor

à informação retirada da avaliação. Durante o processo de avaliação o professor

pode recorrer a dois referenciais avaliativos, podendo a avaliação incidir em

referência normativa ou criterial (Rosado et al., 2002). Assim, pode considerar-

se a avaliação com referência à norma uma comparação entre os desempenhos

dos alunos, sendo uma avaliação orientada por um conjunto de regras comuns.

Já a avaliação com referência ao critério é considerada uma avaliação onde se

procura comparar o desempenho do aluno por referência a critérios previamente

estabelecidos e constituídos pelos objetivos de ensino (Rosado et al., 2002). A

avaliação normativa e a avaliação criterial podem ser distinguidas em quatro

pressupostos: a finalidade, a observação e a interpretação dos resultados e

potencial de diagnóstico. Relativamente à finalidade, a avaliação normativa

procura classificar de forma a dividir por categorias, já no que diz respeito à

avaliação criterial esta tem por finalidade observar individualmente os alunos

consoante os objetivos e critérios alcançados. Relativamente à observação e

interpretação dos resultados, na avaliação normativa serve para, de certa forma,

conseguir encontrar uma hierarquização e colocar os alunos em níveis, já na

avaliação criterial os resultados acabam por servir para, reorganizar o processo

de ensino e aprendizagem. Por último, no que diz respeito ao potencial

diagnóstico, apesar de tanto uma como outra conseguirem estabelecer os alunos

que têm sucesso e os que têm insucesso, apenas a nível da avaliação criterial é

possível identificar quais são as medidas necessárias para que os alunos com

maior dificuldade possam ser ajudados de uma forma mais individualizada.

Ao longo de todo o ano letivo a avaliação criterial, ou seja, referente aos

critérios, foi a que esteve mais presente. As avaliações foram realizadas em

momentos distintos, recorrendo-se primeiramente a uma avaliação diagnóstica

e posteriormente a uma avaliação sumativa, que não obstante ser referenciada

a critérios, a questão normativa também esteve presente na fase de transformar

os dados da avaliação em classificação.

Ao longo do ano tendo em atenção a extensão da unidade didática sempre

que considerei necessário realizei avaliações formativas, de forma a conseguir

Page 71: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

49

perceber como estava a progredir a turma e se havia necessidade de realizar

ajustes no meu planeamento. As unidades didáticas foram sempre

acompanhadas de uma avaliação contínua. Durante os diversos processos de

avaliação recorri não só à observação direta, mas também à gravação em vídeo

para conseguir avaliar com maior facilidade e justiça cada um dos alunos. Em

todos os casos procurei ser o mais justo possível. De facto, no processo de

avaliação a observação tem um papel muito importante.

No começo de todo este processo de estágio tive alguma dificuldade em

avaliar os alunos, visto não estar habituado a observar para emitir juízos de valor,

avaliar. Neste sentido, a estratégia de gravar determinadas aulas foi uma mais-

valia, visto que em casa podia avaliar calmamente os alunos, voltando atrás

sempre que necessário. Isto porque nunca tinha tido experiência de avaliar

tantos alunos, num período de tempo tão reduzido. Contudo, considero que com

o passar do tempo e com a experiência adquirida, foi-se tornando mais fácil

desempenhar esta função.

4.4.1. Avaliação Diagnóstica

Segundo Santanna (1995, p. 33), a avaliação diagnóstica permite ao aluno

demonstrar todo o seu reportório motor relativamente a determinada

modalidade, além de proporcionar ao professor informações fundamentais para

que este possa ajustar o processo de ensino-aprendizagem às caraterísticas dos

alunos.

Gonçalves et al. (2010) discorrem que a Avaliação Diagnóstica “facilita,

então, a ação do professor na medida e que fornece a informação adequada,

permitindo tomar as decisões necessárias e ajustadas às capacidades dos

alunos, promovendo, desta forma, o sucesso educativo do aluno” (p.47). De

facto, é através da avaliação diagnóstica que se começa a ter noção acerca dos

conhecimentos e capacidades dos alunos. Um dos objetivos das avaliações com

propósitos diagnósticos consiste em informar o professor acerca do nível de

conhecimento e habilidades dos seus alunos, antes de iniciar o processo ensino

e aprendizagem, para mais tarde verificar qual a sua progressão (Santos &

Varela, 2007).

Page 72: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

50

Para estabelecer os critérios de avaliação procurei verificar o que se

encontrava no programa de educação física para o nível de ensino que iria

lecionar. Recorri também à literatura específica e, desta forma, criei grelhas de

avaliação diagnóstica, com os critérios que achava plausíveis de serem

observados em cada modalidade. A maior dificuldade que senti na conceção de

todo este processo foi o facto de inicialmente não ser minucioso o suficiente,

para escolher apenas os critérios mais importantes. Com o passar do tempo

tentei e comecei a ser bastante mais objetivo nos critérios escolhidos, sendo

mais pragmático no que pretendia avaliar. Ou seja, ao invés de me centrar em

vários critérios para o mesmo conteúdo, passei a selecionar os que considerava

mais preponderantes, avaliando-os.

4.4.2. Avaliação formativa

A avaliação formativa tem como fim informar os professores, o aluno e o

seu encarregado de educação sobre a qualidade do trabalho desenvolvido pelo

aluno até ao momento, tal como sobre o cumprimento ou não dos objetivos

planeados. Este tipo de avaliação possui um caráter sistemático, permite ao

professor adaptar o seu planeamento tendo em conta o comportamento

apresentado pelo aluno. Deste modo, a avaliação formativa não deve assumir

um carácter classificativo, deixando que os alunos realizem a tarefa de forma

descontraída sem clima de intimidação e stress.

Segundo Hadji (2001), a avaliação torna-se um momento formativo,

quando ocorre o ajustamento das tarefas ao aluno, ou seja, não passa pela

atribuição de uma classificação, mas sim por um processo que visa uma maior

aproximação das situações de aprendizagem à zona de desenvolvimento

proximal do aluno.

Assim sendo optei por realizar a avaliação formativa em todas as

modalidades lecionadas. O meio da unidade didática foi preferencialmente o

escolhido para este fim. Ribeiro e Ribeiro (2003) referem que “A avaliação

formativa deve acompanhar sempre todo o processo de ensino-aprendizagem,

uma vez que permite identificar as aprendizagens bem-sucedidas e as que

provocam dificuldades, para que essas possam ser ultrapassadas e os alunos

sejam levados à proficiência e ao sucesso” (p.43).

Page 73: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

51

Esta tipologia de avaliação acabou por ter um valor inequívoco para a

minha formação enquanto estagiário, visto ter-me permitido recolher informação

diversa acerca da evolução dos meus alunos, possibilitando-me reajustar as

situações de aprendizagem nas aulas subsequentes das unidades didáticas.

“Esta aula foi destinada à avaliação formativa de voleibol (…) no final da

aula fiquei com a sensação que o caminho que percorremos até aqui foi

o mais correto e que apesar de sentir que terei de alterar algumas

situações de aprendizagem, os alunos estavam, na sua maioria, a

corresponder ao que era esperado.” (reflexão da aula de voleibol, 6-11-

2015).

4.4.3. Avaliação Sumativa

Segundo Pacheco (1994, p. 76), a “avaliação sumativa é, igualmente

medição e classificação do grau de consecução do aluno no final de um

processo, tendo a finalidade de certificar mediante a determinação de níveis de

rendimento”. Rosado, Dias e Silva (2002, p. 7) referem que a avaliação sumativa

“fornece um resumo da informação disponível, procede a um balanço de

resultados no final de um segmento extenso de ensino”. Neste quadro, percebe-

se que a avaliação sumativa é a que mais facilmente possibilita uma decisão

relativamente à progressão ou à retenção do aluno, visto que além de nos

possibilitar comparar resultados globais, permite-nos também verificar a

progressão de um aluno relativamente a um conjunto de objetivos que

previamente foram definidos.

Para concretizar as avaliações sumativas recorri a grelhas de avaliação,

que construí em conjunto com os meus colegas estagiários, isto tendo em conta

os objetivos estabelecidos no módulo 5 do MEC de cada uma das modalidades.

No que concerne à atribuição da classificação final, e de acordo com o

definido no departamento de Educação Física a atribuição da classificação teria

a seguinte preponderância: 70% para as habilidades motoras 20% para o

domínio sócio afetivo e 10% para o domínio cognitivo. De maneira a conseguir

promover a cultura desportiva dos alunos, a escola previa a realização de testes

teóricos no final de todas as modalidades lecionadas. Na sua maioria, a

Page 74: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

52

avaliação sumativa, foi realizada em situação de jogo formal ou reduzido, no que

respeitante às modalidades coletivas. A modalidade de badminton foi avaliada

em situação de jogo de singulares. No que diz respeito às modalidades de

Ginástica Acrobática (Figura 1 ) e Dança (Figura 2 ) as avaliações efetuadas

foram realizadas por coreografias criadas pelos diversos grupos. Na orientação,

a avaliação incidiu na capacidade de os alunos interpretarem o mapa, de forma

a conseguirem percorrer um percurso predefinido de forma rápida, com

utilização da bússola.

Figura 1 – Avaliação sumativa de Ginástica Acrobática

Figura 2 – Avaliação sumativa de Dança

A avaliação sumativa acabou por ter para mim também um papel

importante, visto me dar a oportunidade de perceber se os alunos atingiram os

objetivos inicialmente propostos. Por outro lado, permitiu-me aferir melhor alguns

comportamentos dos alunos, conseguindo ser mais justo e rigoroso nas suas

avaliações.

Page 75: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

53

4.5. A Motivação dos alunos para as aulas de Educação Física em

função da área de estudo e do sexo

4.5.1. Introdução

Vallerand & Thil (1993) veiculam que a motivação é uma construção

teórica que é usada para explicar o início, a direção, a intensidade e a

persistência de um determinado comportamento. Por outro lado, para Brito

(1994), a motivação é um conjunto de fatores dinâmicos que vão determinar o

comportamento dos indivíduos. Mais recentemente, Brophy (2010) explica a

motivação referindo que esta deriva de motivos que se constituem como

construções hipotéticas usadas para explicar a razão pela qual as pessoas

fazem o que fazem.

Face a estas perspetivas, pode afirmar-se que a motivação é um processo

que leva a uma pessoa a orientar a prática da sua atividade consoante os seus

objetivos.

De acordo com Scalon (2004), a motivação subdivide-se em duas

dimensões: a intrínseca e a extrínseca. Esta caracterização deve-se ao fato de

o individuo poder ter fatores internos ou externos para se encontrar motivado

numa determinada tarefa. Segundo Puente (1982), a motivação intrínseca é

caracterizada por reforços que vêm do próprio indivíduo e a motivação extrínseca

é aquela que é mediada por contribuições vindas de um agente externo. Desta

forma, pode considerar-se que a motivação intrínseca está diretamente ligada

ao interesse de uma pessoa numa determinada tarefa, ao invés, a motivação

extrínseca é gerada por estímulos externos aos indivíduos, estando

normalmente associada, por exemplo, a resultados.

A enorme curiosidade e consideração por este campo da motivação tem

sido uma constante, uma vez que existem diversas áreas que refletem sobre

esta temática, principalmente os ramos vocacionados para a mente do ser

humano, tal como a psicologia desportiva.

No âmbito da prática desportiva, Marzinek (2007) considera que a

motivação intrínseca traduz a vontade do adolescente realizar exercício físico no

contexto escolar e a extrínseca como algo que se refere ao envolvimento, ao

incentivo que o adolescente recebe dos outros agentes para participar nas aulas

Page 76: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

54

de EF. Neste caso, é pertinente depreender-se que quando se realiza uma

atividade com vontade de aprender, de melhorar, de tentar ser melhor, é algo

que está inerente à motivação intrínseca, já quando se realiza uma atividade com

uma meta definida, como por exemplo tirar uma boa classificação, o referencial

é a motivação extrínseca.

No contexto da EF, as questões da motivação podem ter um papel

fundamental nos níveis de desempenho de uma turma ou de um aluno, ou seja,

em última instância o grau de motivação de um aluno pode ser determinante

para que a sua classificação final seja mais ou menos elevada. Este é um dado

que fica bastante explícito com Murray (1983), que considera que as diferenças

presentes na motivação poderão ser um fator explicativo para os diferentes

níveis de desempenho e de envolvimento que os alunos apresentam no decorrer

das aulas de EF. Desta forma, é importante perceber que os alunos em função

da sua concentração, do seu esforço, da sua dedicação, do seu querer fazer

mais e melhor, do seu rendimento, do seu foco e do seu interesse, os seus níveis

de motivação podem variar e influenciar diretamente o desempenho dos alunos

na aula. Tal como referem Deci e Ryan (1985), os alunos que apresentavam

maior motivação intrínseca para a realização de certas tarefas, são aqueles que

tendem a obter melhores resultados nas mesmas.

Atendendo ao referido por Maggil (1984), que a motivação é importante

para a compreensão da aprendizagem e do desempenho de habilidades

motoras, pois tem um papel importante na iniciação, manutenção e intensidade

do comportamento, percebe-se que sem motivação fica muito mais difícil os

alunos executarem as atividades propostas nas aulas e de forma adequada.

Segundo Fairclough (2003), as aulas emergem como um contexto

singular, no qual existe uma conjuntura ótima para a promoção da participação

na prática desportiva das crianças, sendo que experiências positivas nestas

podem ser importantes no sentido de incentivar hábitos de exercício físico ao

longo da vida.

Observando as questões motivacionais para as aulas de Educação Física

em função do sexo, Rangel (1997) reporta divergências motivacionais entre os

sexos, referindo que os alunos do sexo masculino consideram as aulas de EF

mais motivantes, pois valorizam a realização e o status, em contrapartida as

raparigas tendem a valorizar as brincadeiras e as amizades.

Page 77: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

55

4.5.2. Objetivos

Geral

Analisar os níveis motivacionais de alunos do ensino secundário para as

aulas de Educação Física.

Específicos

. Analisar os níveis motivacionais de alunos do ensino secundário para as

aulas de EF em função do sexo;

. Analisar os níveis motivacionais de alunos do ensino secundário para as

aulas de EF em função da sua área de estudo;

. Analisar os níveis motivacionais de alunos do ensino secundário para as

aulas de EF em cada área de estudo em função do sexo.

4.5.3. Metodologia

Participantes

A amostra foi constituída por 191 alunos do ensino secundário de

quatro áreas de estudo diferentes: Ciências Socioeconómicas, Artes Visuais,

Humanidades e Ciências e Tecnologias. Estes alunos pertencem a uma Escola

Secundária de Espinho, sendo 97 do sexo feminino (50,8%) e 94 do sexo

masculino (48,2%). Os participantes foram selecionados aleatoriamente, num

percentual em torno dos 23% de cada área de estudo. Assim sendo, foram

analisados 31 alunos de Ciências Socioeconómicas (16,05%), 31 alunos de

Artes Visuais (16,05%), 51 alunos de Humanidades (26,7%) e 78 alunos de

Ciências e Tecnologias (41,2%).

Page 78: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

56

4.5.4. Instrumento

Para a determinação dos níveis motivacionais dos alunos para as aulas

de Educação Física recorreu-se o continuum de Autodeterminação de Ryan e

Deci (2000). O questionário foi traduzido e adaptado para português por

Fernandes e Vasconcelos-Raposo (2005). O questionário apresenta cinco

subescalas, cada uma constituída por quatro dimensões (MI: motivação

intrínseca; MERID: motivação extrínseca regulação identificada; MERIN:

motivação extrínseca regulação-introjeção; MERE: motivação extrínseca

regulação externa; e AMOT: Amotivação). As respostas são dadas de acordo

com uma escala tipo Likert de 7 pontos, que varia de 1 (discordo plenamente) a

7 (concordo plenamente).

4.5.5. Procedimentos de recolha

Os questionários foram completados em salas de aula, no dia 17 de março, para

que existisse um ambiente tranquilo durante o seu preenchimento. Aquando da

entrega do questionário foi realçado que os alunos não eram obrigados a

responder e que se o fizessem a sua participação seria anónima. Foi também

apresentado o objetivo do estudo e o modo como deveriam responder ao

questionário. Antes da aplicação dos questionários, os alunos tiveram a

oportunidade de esclarecer todas as dúvidas. O preenchimento teve a duração

de cerca de 15 minutos. Durante este processo, os professores titulares das

turmas colaboraram com o estudo, garantindo o rigor necessário durante o

preenchimento, evitando o enviesamento dos resultados.

4.5.6. Procedimentos estatísticos

Os dados após recolhidos foram inseridos no Excel e posteriormente

exportados para o SPSS, versão 23.0. Para a análise dos dados foram utilizados

parâmetros descritivos básicos para descrever as várias dimensões do

questionário. Os testes de significância utilizados para análise dos dados em

função do sexo foi o T-Teste, para a análise em função da área de estudo a

Anova e por fim, para análise os níveis motivacionais em cada área de estudo

Page 79: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

57

em função do sexo a análise univariada. O nível de significância foi mantido a

p≤0,05

4.5.7. Resultados

Análise descritiva – dimensões da motivação

No Quadro 1 podem observar-se os valores da média, com os respetivos

desvios padrões de cada uma das dimensões da motivação. De realçar que o

valor superior reporta-se a uma das dimensões da motivação externa, a

motivação identificada (5,18), sendo a amotivação a que revela um menor valor

(2,28).

Quadro 2 – dimensões da motivação: número, média e desvio padrão

Dimensões N Ẋ sd

MERID 191 5,183 1,326

MERE 191 3,416 1,636

MERIN 191 3,387 1,427

MI 191 4,793 1,511

AMOT 191 2,279 1,321

Motivação para a prática desportiva em função do sexo

A observação do Quadro 2 coloca em relevo que os valores da motivação

introjetada e intrínseca no sexo masculino são significativamente superiores aos

do sexo feminino (p=0,030 e p=0,024, respetivamente). Nas restantes

dimensões da motivação os valores não são significativamente diferentes.

Quadro 3 – dimensões da motivação: sexo, média, desvio padrão e valor de p

Dimensões Sexo Ẋ sd P

MERID Feminino 5,094 1,297 0,297

Masculino 5,294 1,320

Feminino 3,404 1,568 0,865

Page 80: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

58

MERE Masculino 3,445 1,739

MERIN Feminino 3,175 1,362 0,030*

Masculino 3,632 1,484

MI Feminino 4,557 1,521 0,024*

Masculino 5,052 1,459

AMOT Feminino 2,188 1,186 0,270

Masculino 2,404 1,466

* significativo para p≤0,05

Motivação para a prática desportiva em função da área de estudo

No Quadro 3 pode observar-se que a área de estudo não aporta diferenças

com significado estatístico nas várias dimensões da motivação.

Quadro 4 – dimensões da motivação: área de estudo, média, desvio padrão e

valor de p

Área de Estudo

Área de Estudo

sd

P

MERID

Artes Humanidades 5,434 ,301 1,000

Ciências 5,220 ,280 1,000

Economia 4,892 ,336 1,000

Humanidades Artes 5,103 ,301 1,000

Ciências 5,220 ,236 1,000

Economia 4,892 ,301 ,637

Ciências Artes 5,103 ,280 1,000

Humanidades 5,434 ,236 1,000

Economia 4,892 ,280 1,000

Economia Artes 5,103 ,336 1,000

Humanidades 5,434 ,301 ,637

Ciências 5,220 ,280 1,000

MERE

Artes Humanidades 3.301 ,375 1,000

Ciências 3,276 ,350 1,000

Economia 3,992 ,420 ,190

Humanidades Artes 3,104 ,375 1,000

Ciências 3,276 ,295 1,000

Economia 3,992 ,375 ,777

Ciências Artes 3,104 ,350 1,000

Humanidades 3.301 ,295 1,000

Economia 3,992 ,350 ,379

Artes 3,104 ,420 ,190

Page 81: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

59

Economia Humanidades 3.301 ,375 ,777

Ciências 3,276 ,350 ,379

MERIN

Artes Humanidades 3,259 ,328 1,000

Ciências 3,321 ,306 1,000

Economia 3,758 ,367 1,000

Humanidades Artes 3,274 ,328 1,000

Ciências 3,321 ,258 1,000

Economia 3,758 ,328 ,879

Ciências Artes 3,274 ,306 1,000

Humanidades 3,259 ,258 1,000

Economia 3,758 ,306 1,000

Economia Artes 3,274 ,367 1,000

Humanidades 3,259 ,328 ,879

Ciências 3,321 ,306 1,000

MI

Artes Humanidades 4,872 ,338 1,000

Ciências 4,957 ,315 1,000

Economia 4,533 ,378 1,000

Humanidades Artes 4,514 ,338 1,000

Ciências 4,957 ,266 1,000

Economia 4,533 ,338 1,000

Ciências Artes 4,514 ,315 1,000

Humanidades 4,872 ,266 1,000

Economia 4,533 ,315 ,965

Economia Artes 4,514 ,378 1,000

Humanidades 4,872 ,338 1,000

Ciências 4,957 ,315 ,965

AMOT

Artes Humanidades 2,154 ,303 1,000

Ciências 2,179 ,282 1,000

Economia 2,783 ,339 ,202

Humanidades Artes 2,103 ,303 1,000

Ciências 2,179 ,238 1,000

Economia 2,783 ,303 ,387

Ciências Artes 2,103 ,282 1,000

Humanidades 2,154 ,238 1,000

Economia 2,783 ,282 ,335

Economia Artes 2,103 ,339 ,202

Humanidades 2,154 ,303 ,387

Ciências 2,179 ,282 ,335

* significativo para p≤0,05

Page 82: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

60

Motivação para a prática desportiva por área de estudo em função do sexo

Conforme se pode observar no Quadro 4, em todas as dimensões da

motivação existem valores significativamente diferentes. Relativamente à

motivação identificada na área de economia os rapazes apresentam valores

significativamente superiores às raparigas. Já na motivação externa apenas na

área de humanidades os rapazes apresentam valores significativamente

superiores às raparigas. No que diz respeito à motivação introjetada nas áreas

de ciências e economia os rapazes apresentam valores significativamente

superiores às raparigas. A motivação intrínseca, revela mais uma vez que na

área de economia os rapazes apresentam valores significativamente superiores

às raparigas. Por último, na amotivação na área de ciências os rapazes

apresentam valores significativamente superiores às raparigas.

Quadro 5 – dimensões da motivação: área de estudo, sexo, média, desvio

padrão e valor de p

Área De Estudo Sexo Ẋ sd P

MERID

Artes Feminino 5,184 ,299 ,744

Masculino 5,023 ,393

Humanidades Feminino 5,210 ,234 ,239

Masculino 5,658 ,299

Ciências Feminino 5,266 ,234 ,761

Masculino 5,174 ,192

Economia Feminino 4,383 ,336 ,034*

Masculino 5,400 ,336

MERE

Artes Feminino 3,026 0,373 ,801

Masculino 3,182 0,490

Humanidades Feminino 3,798 0,292 ,037*

Masculino 2,803 0,373

Ciências Feminino 2,960 0,292 ,096

Masculino 3,592 0,240

Economia Feminino 3,983 0,420 ,978

Masculino 4,000 0,420

MERIN

Artes Feminino 3,184 0,326 0,739

Masculino 3,364 0,428

Humanidades Feminino 3,347 0,255 0,672

Masculino 3,171 0,326

Page 83: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

61

Ciências Feminino 2,968 0,255 0,034*

Masculino 3,674 0,209

Economia Feminino 3,233 0,367 0,044*

Masculino 4,283 0,367

MI

Artes Feminino 4,618 0,336 0,706

Masculino 4,409 0,442

Humanidades Feminino 4,718 0,263 0,471

Masculino 5,026 0,336

Ciências Feminino 4,855 0,263 0,548

Masculino 5,060 0,216

Economia Feminino 3,533 0,378 0,000*

Masculino 5,533 0,378

AMOT

Artes Feminino 1,934 0,301 0,497

Masculino 2,273 0,395

Humanidades Feminino 2,427 0,236 0,155

Masculino 1,882 0,301

Ciências Feminino 1,863 0,236 0,040*

Masculino 2,495 0,193

Economia Feminino 2,683 0,339 0,677

Masculino 2,883 0,339

* significativo para p≤0,05

4.5.8. Discussão dos Resultados

Os resultados revelaram níveis de motivação significativamente distintos

em função do sexo nas dimensões da motivação introjetada e motivação

intrínseca, em que os valores são significativamente superiores no sexo

masculino. Já na motivação em cada área de estudo em função do sexo, foram

encontrados valores com significado estatístico em todas as dimensões

estudadas, tendo o sexo masculino resultados significativamente superiores ao

sexo feminino. Na motivação identificada ocorre na área de economia, na

motivação externa ocorre na área de humanidades, na motivação introjetada

surge nas áreas de ciências e economia e na motivação intrínseca, ocorre na

área de economia. Estes resultados vão ao encontro de Lee (1999) que refere

que as aulas de EF são mais motivantes para os rapazes do que para as

raparigas devido ao maior número de horas destinadas aos Jogos Desportivos

Coletivos, que são referenciados normalmente como ¨jogos masculinos¨. De

igual forma, Rangel (1997) ao analisar as diferenças motivacionais entre os

Page 84: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

62

sexos, refere que se supõe que os alunos do sexo masculino consideram as

aulas de EF mais motivantes, pois valorizam a realização e o status e, em

contrapartida, as meninas valorizam as brincadeiras e as amizades. Todavia,

estas conclusões vão de encontro aos resultados presentes na análise realizada

à amotivação dos alunos. Na área de ciências os alunos apresentam valores

significativamente superiores de amotivação relativamente às raparigas.

Segundo Gonçalves et al. (2007), os altos valores de amotivação dos alunos

devem-se ao facto de alguns professores utilizarem constantemente a mesma

metodologia, os mesmos conteúdos e à ausência de objetividade das tarefas.

No que concerne à análise em função das áreas de estudo (Ciências

Socioeconómicas, Artes Visuais, Línguas e Humanidades e Ciências e

Tecnologias), os resultados mostram que não existem diferenças com

significado estatístico em nenhuma das dimensões da motivação. Face às

experiências anteriores e que vivenciei neste ano letivo, estes são valores que

não me surpreenderam. Ao longo do ano, apesar de ter trabalhado

maioritariamente com uma turma de Ciências Socioeconómicas, tive também a

oportunidade de acompanhar de perto turmas das outras áreas. Nessa altura a

perspetiva com que fiquei, foi que, apesar de em algumas modalidades sentir

uma turma mais motivada relativamente às outras e vice-versa, no panorama

geral as turmas eram bastante semelhantes ao nível motivacional, relativamente

à disciplina de EF.

4.5.9. Conclusões

Neste estudo pode ser concluído que não existem diferenças significativas

nos níveis de motivação para os alunos das diferentes áreas do ensino

secundário. Tanto nas áreas de Ciências Socioeconómicas, Artes Visuais,

Línguas e Humanidades e Ciências e Tecnologias os alunos acabam por

apresentar níveis similares nas várias dimensões da motivação. Desta forma,

percebe-se que apesar de os alunos frequentarem áreas de ensino diferentes,

evidenciando gostos, motivações e preferências distintas, no que confere à EF,

a sua postura e motivação assemelham-se.

Relativamente à motivação para as aulas de EF em função do sexo

existem diferenças com significado estatístico. Os alunos do sexo masculino

Page 85: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

63

apresentam valores significativamente superiores no que diz respeito à

motivação introjetada e à motivação Intrínseca. Ou seja, é passível de considerar

que ao entrarmos numa aula de EF os alunos do sexo masculino á partida se

venham a apresentar mais entusiasmados predispostos e motivados

relativamente ao sexo oposto.

No que se refere à área de estudo em função do sexo, os alunos de

Ciências Socioeconómicas do sexo masculino revelam valores motivacionais

superiores na motivação identificada, introjetada e intrínseca. Os alunos do sexo

masculino revelam valores motivacionais superiores na motivação externa. Por

fim a nível amotivacional os rapazes revelam valores significativamente

superiores na área de Ciências e Tecnologias.

4.5.10. Implicações para a prática

Nos dias de hoje a população tem adotado, cada vez mais, um estilo de

vida mais sedentário. Deste modo, tem havido um acréscimo considerável na

percentagem de população com níveis de obesidade, consequentemente

desenvolvendo doenças que lhes estão associadas. Assim sendo, é

importantíssimo que os professores de EF consigam encontrar ferramentas para

conseguir motivar os alunos para a prática de exercício físico, de forma

sustentada e continuada. Silva, Barata e Teixeira (2013) consideram que o

profissional de desporto deve ser capaz de utilizar um vasto conjunto de

estratégias, como a autonomia, a tomada de decisão, ou o feedback de

encorajamento para que o individuo realize as tarefas de um modo mais

confortável e confiante, e fique motivado para as mesmas. Segundo Fairclough

(2003), as aulas emergem como um contexto singular, no qual existe uma

conjuntura ótima para a promoção da participação da atividade física das

crianças, sendo que experiências positivas nestas podem ser importantes no

sentido de incentivar hábitos de atividade física ao longo da vida.

Leitão (2010) defende que o professor se deve munir da estratégia de

desenvolver um espírito de cooperação entre os alunos para que seja possível

a construção de uma comunidade onde esteja presente um ambiente de

aceitação, apoio e ajuda mútua. De igual modo, Siedentop (1998) afirma que é

importante que o docente seja capaz de encontrar formas de manter os alunos

Page 86: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

64

empenhados nos objetivos durante um longo período de tempo, sem que seja

necessário recorrer a técnicas negativas ou punitivas. Desta forma, os

professores devem tentar incutir nos seus alunos, estilos de vida mais saudáveis,

ao mesmo tempo que devem tentar incutir o gosto pelo hábito de prática

desportiva, independentemente das suas áreas de estudo.

4.5.11. Referências Bibliográficas

Brophy, J. E. (2010). Motivating students to learn: Routledge.

Deci, E. L., & Ryan, R. M. (1985). The general causality orientations scale: Self-

determination in personality. Journal of research in personality, 19(2), 109-

134.

Fairclough, S. (2003). Physical activity, perceived competence and enjoyment

during high school physical education. European Journal of Physical

Education, 8(1), 5-18.

Fernandes, H. M., & Vasconcelos-Raposo, J. (2005). Continuum de Auto-

Determinação: validade para a sua aplicação no contexto desportivo.

Estudos de Psicologia, 10(3), 385-395.

GONÇALVES, S. (2007). Colectânea de textos: Teorias da aprendizagem,

práticas de ensino: Coimbra: Instituto Politécnico de Coimbra, Escola

Superior de Educação.

Leitão, F. A. R. (2010). Valores educativos: cooperação e inclusão: Luso-

Española de Ediciones.

Maggil, R. A. (1984). Aprendizagem Motora Conceitos e Aplicações São Paulo.

Edgard Blucher.

Marzinek, A., & Neto, A. F. (2007). A motivação de adolescentes nas aulas de

Educação Física. Lecturas: Educación física y deportes 105, 17.

Murray, E. J. (1983). Motivação e Emoção (Zahar Ed. 4ª ed.). Rio de Janeiro

Puente, M. (1982). Tendências contemporâneas em psicologia da motivação.

São Paulo: Autores Associados: Ed. Cortez.

Rangel, I. C. A. (1997). Reflexões a respeito da utilização do Esporte como meio

educativo na Educação Física escolar. Kinesis 15, 37-43.

Page 87: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

65

Ryan, R. M., & Deci, E. L. (2000). Self-determination theory and the facilitation of

intrinsic motivation, social development, and well-being. American

psychologist, 55, 68-78.

Siedentop, D. (1998). Aprender a enseñar la educación física: Inde.

Silva, M. N., Barata, J. L. T., & Teixeira, P. (2013). Exercício físico na diabetes:

missão impossível ou uma questão de motivação. Revista portuguesa de

cardiologia, 32(1), 35-43.

Vallerand, R. J., & Thill, E. (1993). Introduction à la psychologie de la motivation:

[Laval, Québec]: Éditions Études vivantes.

Page 88: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e
Page 89: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

5 - PARTICIPAÇÃO NA ESCOLA E RELAÇÕES COM A COMUNIDADE

Page 90: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e
Page 91: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

69

5. Participação na Escola e Relações com a Comunidade

5.1. Direção de Turma

Segundo Roldão (1995), o diretor de turma (DT) abarca a função de gestor

do conselho de turma que preside. O DT tem, sem qualquer tipo de dúvida, uma

posição importantíssima no cerne da comunidade educativa. Segundo Roldão

(1995, p. 10), o DT “desempenha, junto dos docentes da turma, uma função de

coordenação (…) e de articulação/mediação entre essa ação dos professores e

os restantes atores envolvidos no processo educativo”. Desta forma, podemos

considerar que ao diretor de turma compete a importante tarefa de ser o elo de

ligação entre os atores envolvidos no processo educativo dos alunos. O DT é

aquele que trata dos assuntos da turma e preside o conselho de turma. É com

ele que os professores da turma vão falar quando surge algum problema, é com

eles que os alunos normalmente falam para resolver problemas pessoais dentro

da escola e é também com eles que os pais falam e têm notícias acerca dos

seus educandos.

No que concerne à minha atividade na direção de turma, o contacto de

acompanhamento do trabalho de um DT foi ocorrendo ao longo do ano. Assim,

pedi à diretora de turma da minha turma para me ajudar a perceber melhor o

trabalho a desempenhar nesta função. O DT deve então ser uma pessoa que

desempenhe as suas funções com organização e responsabilidade. Um DT que

assume uma determinada turma, deve procurar conhecê-la de forma cuidada,

analisando as características e percursos dos alunos. Desta forma, deve

procurar sintetizar a informação relevante, e em reunião de conselho de turma

apresentar aos seus colegas as características mais relevantes a ter em conta

em cada aluno. Paralelamente, ao DT cabem também, por exemplo, as funções

de calendarizar as diferentes atividades da turma, controlar e registar as faltas

dos alunos, bem como lançar das notas. É importante o DT estar atento às faltas

dadas pelos alunos, visto que, quando estas começam a ser recorrentes, é

necessário entrar em contacto com os encarregados de educação para os alertar

da situação. De igual forma, quando um aluno leva uma participação disciplinar

o DT deve de imediato entrar em contacto com o encarregado de educação, para

lhe comunicar o sucedido. No caso específico do Agrupamento de Escolas em

Page 92: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

70

que realizei o estágio é utilizado um programa denominado de “Alunos”, no qual

os diretores de turma podem e devem aceder para realizar tarefas como a

marcação de faltas, a ocorrência de participações disciplinares ou até mesmo

lançar as notas. Neste programa ficam introduzidos informaticamente todos os

dados. É importante considerar que o desempenho destas funções deve ser

levado com rigor e não se deve deixar atrasar os assuntos que têm de ser

tratados. Por isso mesmo, existe uma hora dedicada à direção de turma para os

professores conseguirem realizar eficazmente o seu trabalho. Foi extremamente

importante o acompanhamento que fiz à diretora de turma da minha turma, tive

a possibilidade de elaborar algumas fichas de registo, que contemplavam o

número de aulas previstas no início do ano letivo, o número de aulas dadas pelo

professor e o número de aulas assistidas pelo aluno. Outro dos trabalhos que

realizei foi a transcrição de algumas informações presentes no Plano de Trabalho

da Turma do ano transato. Aprendi também como se realizam as fichas de

informação dos alunos, que são formadas por um apanhado geral das

informações fornecidas na avaliação intermédia por parte dos diferentes

professores da turma.

Este acompanhamento do DT, embora não tenha sido constante

possibilitou-me perceber como se realiza todo o seu trabalho ao longo do ano.

5.2. Desporto Escolar

É fulcral que o DE esteja presente nas escolas Portuguesas. O DE

representa uma oportunidade, uma porta aberta para se conseguir introduzir a

população mais jovem no desporto.

Sousa e Magalhães (2006, p. 12) consideram que o DE consiste num

“conjunto de práticas lúdico-desportivas e de formação com o objeto desportivo,

desenvolvidas como complemento curricular e ocupação de tempos livres, num

regime de liberdade de participação e de escolha, integrada no plano de

atividade da escola e coordenadas no âmbito do sistema educativo”. Esta prática

escolar tem como principal missão “proporcionar o acesso à prática desportiva

regular e de qualidade, contribuindo para a promoção do sucesso escolar dos

alunos, dos estilos de vida saudáveis, de valores e princípios associados a uma

cidadania ativa” (Desporto Escolar, 2014/2015).

Page 93: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

71

Para além de o nosso país atravessar uma situação económica menos

favorável, a realidade económica das instituições e centros culturais desportivos

estão cada vez mais precárias, pelo que necessitam de cobrar mensalidades aos

seus praticantes e atletas. Deste modo, face a esta conjuntura atual, muitas

famílias não conseguem proporcionar aos seus jovens oportunidades

desportivas, pois o dinheiro do agregado familiar é necessário e gasto em bens

essenciais. Desta forma, considero importantíssima a integração do DE nas

escolas para os jovens Portugueses. Aqui eles têm a oportunidade de correr,

saltar, trabalhar em equipa, de serem cooperantes, de competir e,

principalmente, de aceder à prática desportiva de forma gratuita.

Analisando agora o DE do ponto de vista profissional, esta é uma área

importante, visto criar bastantes horas de serviço. Desta forma, a necessidade

de haver mais professores numa escola torna-se uma realidade. Para mim, e

tantos como eu que desejam entrar numa escola enquanto professores de

educação física, é importante que o desporto escolar não só esteja nas escolas,

como também que vá crescendo cada vez mais, visto que representa uma

oportunidade para nos aproximar do nosso objetivo. Ao haver um maior número

de modalidades presentes no desporto escolar em cada escola, os jovens

sairiam a ganhar com a maior oferta, a escola sairia a ganhar pela maior

visibilidade, e os professores também sairiam a ganhar com as maiores

oportunidades que lhes surgiriam.

Enquanto participante ativo que fui ao longo deste ano de um

agrupamento escolar, vejo no desporto escolar uma oportunidade única de as

escolas se mostrarem à sua comunidade. Hoje em dia os alunos e encarregados

de educação são livres de escolher a escola onde desejam que os seus filhos

estudem, não estando presos à escola da sua área de residência. Desta forma,

e como referido, considero importantíssimo que uma escola consiga demonstrar

a capacidade dos seus profissionais. No que concerne à nossa área, um trabalho

bem desenvolvido no desporto escolar pode, sem dúvida, dar uma excelente

imagem da escola, podendo assim ser mais um fator influenciador da escolha.

Relativamente à minha experiência no DE, considero que foi bastante

importante e resultou numa grande aprendizagem. Todavia, considero que seria

importante dar mais tempo para a prática tal como está determinado e não

apenas uma tarde por semana como acontece na escola onde realizei estágio.

Page 94: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

72

O facto de a modalidade em que tive inserido ter sido a natação inicialmente foi

um pouco ou tanto desconfortável. Isto porque, apesar de em pequeno ter

praticado e de ter tido excelentes experiências e professores de natação, quer

na licenciatura, quer no mestrado, esta não é uma das minhas modalidades de

eleição. Por conseguinte vi-me então obrigado a aprender mais sobre a

modalidade, recorrendo à consulta de alguma bibliografia, designadamente o

material da didática específica de natação do primeiro ano do mestrado. Este

estudo foi importantíssimo para que pudesse ter uma maior organização e

perceção dos conteúdos a serem lecionados. Fator essencial e determinante

para a minha evolução nesta área foi o facto de um dos meus colegas de estágio

ser nadador e professor de natação. De facto, tive oportunidade de aprender

imenso com ele, desde metodologias de ensino das técnicas, como pequenas

estratégias para levar os alunos a perceberem melhor alguns movimentos

técnicos essenciais a algumas técnicas de nado.

Ao longo deste percurso, dediquei-me mais aos alunos que ainda se

encontravam na adaptação ao meio aquático. As primeiras aulas foram algo

complicadas porque, apesar de estarmos no tanque pequeno, eram demasiados

alunos e tornava-se complicado fazer um acompanhamento sistemático de

todos. Com o passar dos tempos e com o ganho mínimo de autonomia por parte

dos alunos, começou a ser mais fácil e consegui gradualmente ajudá-los a

evoluir. Ir posteriormente às provas com estes alunos, foi uma experiência

bastante boa, o clima de convívio e festividade aliado a boas organizações fazia

com que os alunos se pudessem sentir num ambiente de competição saudável.

O ambiente do treino do DE é consideravelmente diferente daquele que

estamos habituados a ter nas aulas de EF. Penso que este fator está diretamente

ligado à obrigatoriedade das aulas, enquanto o DE tem um carácter facultativo,

é uma atividade extracurricular, onde apenas participa quem quer. É bastante

notório um empenho superior, maior motivação para a prática e a ausência de

comportamentos inapropriados e fora da tarefa.

Foi bastante interessante ver a progressão dos alunos ao longo das aulas,

principalmente aqueles que inicialmente estavam no nível da adaptação ao meio

aquático, que foram de sessão para sessão melhorando acabando por mostrar

bastante evolução. No final do ano todos os alunos conseguiam nadar pelo

menos num nível introdutório das técnicas livre e costas.

Page 95: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

73

5.3. A turma do 6º ano

Para além da turma do 11º acompanhei, de forma partilhada com os meus

colegas de estágio, uma turma do 6º ano de escolaridade, ou seja, do 2º ciclo.

Esta turma era composta por 30 alunos, 16 do sexo feminino e 14 do sexo

masculino. A decisão das matérias ao nível do planeamento anual foi efetuada

pela professora cooperante, pelo que a nós (estagiários) coube-nos a tarefa de

decidir quais seriam as modalidades que cada um iria lecionar. Essa escolha foi

feita no pressuposto que cada um ficasse com o mesmo número de horas da

turma. No meu caso específico, fiquei responsável por lecionar as modalidades

de futebol e de atletismo. A dança e a ginástica foram lecionadas em conjunto

com os meus colegas estagiários.

Esta turma de sexto ano era uma turma de continuidade do ano transato

da PC. Desta forma, foi para mim uma mais valia poder começar a trabalhar com

eles tendo já algumas noções daquilo que a turma conseguia realizar e também

do nível da maior parte dos seus alunos. A turma revelou-se, na sua

generalidade, bastante dinâmica e com grande motivação para a prática. No

entanto, e fruto da sua idade, os alunos eram muito barulhentos e tinham pouca

capacidade de concentração. A grande diferença que percecionei entre esta

turma e a minha turma do 11º ano, foi ao nível da motivação e entrega

permanente que estes demonstravam nas aulas. A título de exemplo, quando

tinha aulas após o intervalo grande da manhã, a maior parte dos alunos já se

encontravam equipados e prontos para a prática, mesmo antes do seu intervalo

ter terminado. Relativamente à modalidade de futebol, modalidade em que tenho

conhecimentos consistentes, não tive dificuldades na sua lecionação.

O grande entrave das aulas de futebol foi o facto de estas serem

lecionadas nos blocos de quarenta e cinco minutos, não tendo sido possível

avançar demasiado nos conteúdos. Nestas aulas acabei por privilegiar o jogo

reduzido. Já na modalidade de atletismo o contexto foi diferente. Apesar de não

me sentir tão seguro comparativamente à modalidade de futebol, com a ajuda

de alguma literatura e pesquisa de algum material e exercícios, considero que

consegui atingir os objetivos a que me propus, tendo conseguido com que os

alunos também atingissem, na sua maioria, os objetivos inicialmente

estabelecidos. Ao nível de rotinas e regras de aulas, estas foram na sua

Page 96: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

74

generalidade ao encontro das da turma do 11º ano. Todavia, uma regra bastante

diferente foi acrescentada, visto os alunos chegarem normalmente antes da hora

prevista à aula e de forma a não os manter parados ou em espera, todos tinham

que dar cinco voltas ao campo mal chegassem ao mesmo. Esta turma

caracterizava-se então pela sua assiduidade e pontualidade. Deste modo, foi

possível transferir para a prática aquilo que planeava para as aulas. Algo que

considero ter sido muito benéfico no meu percurso de aprender a ser professor.

Ter contactado com esta realidade distinta da minha turma do 11º ano, foi

uma mais-valia, visto serem alunos de uma faixa etária inferior, que na sua

maioria apresentavam capacidades motoras menos desenvolvidas, como

também menor conhecimento das modalidades desportivas abordadas. Penso

que o facto de a turma ser partilhada e terem, portanto, experienciado a presença

de vários professores, era, por vezes, um entrave, já que as rotinas apesar de

serem semelhantes irem mudando de professor para professor, o que por vezes

confundia os alunos. No entanto esta foi uma dificuldade que fui conseguindo

ultrapassar, fazendo-os perceber que quando eu estava a dar a aula eles tinham

de seguir as regras por mim estabelecidas.

5.4. A turma do 3º Ano

Ao longo deste estágio também tive oportunidade de trabalhar numa

escola do 1º ciclo, com uma turma do 3º ano. A turma era constituída por 29

alunos, 14 do sexo masculino e 15 do sexo feminino. Todos os alunos

apresentavam idades concentradas entre os 7 e os 8 anos, não existindo alunos

com retenções. As aulas eram lecionadas em regime de coadjuvância. Para além

da professora titular estar presente e participar ativamente nas aulas, estavam

sempre presentes dois estagiários, ficando um alternadamente de fora. A escola

apesar de possuir boas infraestruturas para a prática da educação física, era

bastante parca ao nível do material. A título de exemplo, refira-se que ao nível

de bolas, apenas existiam de basquetebol e mesmo assim na sua maioria

estavam em más condições – pouco cheias. No entanto, mesmo com esta

condicionante considero que estas aulas foram bastante enriquecedoras. Se a

diferença entre o 11º ano e o 6º já era bastante grande, quando comparadas

com o 3º ano ainda eram maiores. A dinâmica e toda a envolvência de uma aula

Page 97: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

75

do ensino primário é claramente diferente das aulas dos restantes ciclos de

ensino. De destacar três características que definem bastante bem os alunos

deste ciclo de ensino: empenho máximo em qualquer circunstância,

espontaneidade e choramingar e fazer queixinhas com bastante frequência.

O plano de intervenção foi elaborado após uma análise do programa

Nacional deste ciclo de ensino, clarificando, assim, os objetivos a alcançar.

Desta forma, os conteúdos que procurámos trabalhar foram: a perícia e

manipulação, os deslocamentos e equilíbrios, bem como alguns conteúdos da

ginástica e dos jogos lúdicos. Aproveitando que estavam sempre presentes três

professores na aula, a professora titular e os dois estagiários, optámos por

organizar maioritariamente as aulas em 3 estações dividindo a turma em 3 partes

para que cada professor ficasse responsável por uma das estações. Esta

estrutura permitiu que conseguíssemos ter os alunos em empenhamento motor

permanente, com poucos tempos de espera e com um supervisionamento mais

efetivo nas várias estações que percorriam ao longo das aulas.

Nas aulas a incerteza está sempre presente, visto o que está planeado

poder nem sempre correr como previsto. Derivado aos alunos serem tão jovens,

as imprevisibilidades das suas ações colocaram, por vezes, a intenção e o

propósito dos exercícios em causa, ou seja, o que resultava hoje talvez já não

resultasse amanhã.

No término desta experiência, considero que a principal dificuldade residiu

no facto de o local destinado às aulas de educação física ter estado quase um

período inteiro em obras, pelo que apenas se ficou com o espaço exterior. O

problema foi ter acontecido em pleno inverno e as aulas serem as 9.00H da

manhã, o que acabou por se revelar uma grande contrariedade para os alunos,

devido ao frio que muitas vezes se fazia sentir. De uma maneira geral, foi

demasiado gratificante trabalhar com estas crianças, visto a sua alegria ser

contagiante e nos alegrarem o dia logo pela manhã, com aquela boa disposição

e sorrisos de orelha a orelha. A nível de aprendizagem, também foi bastante

bom, pois aprendi a lidar com esta faixa etária em contexto de aula e a valorizar

as pequenas conquistas que estas crianças fazem de aula para aula.

Page 98: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

76

5.5. Happy day

O happy day é um evento já com grande tradição na Escola.

Tradicionalmente, a organização deste evento fica a cargo dos professores

estagiários de EF. Este ano não fugiu à regra, como tal, coube-me a mim e aos

meus colegas de estágio operacionalizar do princípio ao fim toda esta atividade.

O happy day, ao nível da organização foi o grande desafio que acabámos por

encontrar este ano. Inicialmente não foi fácil compreender exatamente o que era

pretendido e a tamanha amplitude deste evento. Todavia, após várias reuniões

e discussões no cerne do NE e com a importante colaboração da PC foi possível

dar início a esta tarefa. Tomando como referência os objetivos presentes no

plano de ação do Agrupamento a atividade visou essencialmente promover a

articulação entre as escolas do agrupamento de ensino, potenciando a interação

e integração dos alunos de idades mais baixas na nossa escola, contribuindo

assim para a divulgação do que se faz no Agrupamento junto da comunidade

educativa local. Esta atividade pretendeu consciencializar as crianças e os seus

encarregados de educação para a necessidade de adotar um estilo de vida ativo

e saudável, bem como a prática regular de exercício físico.

O happy day foi dirigido aos terceiros e quartos anos da Escola Básica do

1º ciclo, sendo que poderiam participar não só os seus alunos, mas também os

encarregados de educação e/ou familiares. Para que fosse possível levar o maior

número de pessoas possível à escola, esta atividade realizou-se a um sábado

de manhã. A planificação desta atividade teve de ser pensada ao pormenor e foi

necessária a colaboração de diversos elementos da comunidade escolar, tais

como professores, alunos e auxiliares de ação educativa.

A comunidade da cidade de Espinho foi também uma ajuda crucial para a

elaboração deste evento, como explicarei mais adiante. O evento consistia numa

prova de “Peddy Paper”, cada grupo recebia um mapa, e teriam de se deslocar

sequencialmente aos diferentes postos assinalados no mesmo. A EF era a

atividade mais representada por entre os postos, mas pudemos contar também

com a colaboração de outros departamentos. Desta forma, contámos com

postos do departamento de Espanhol, de Francês, de Alemão, de Informática,

de Ciências, de Psicologia e de Música. Desta forma, e com esta colaboração

conseguimos mostrar muito do que pretendíamos e tornar este evento bastante

Page 99: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

77

mais rico e educativo. Com a intenção de dar a conhecer todos os cantos da

nossa escola, colocámos os postos do peddy papper, quer nos espaços

interiores quer nos espaços exteriores. No entanto, com a proximidade do evento

a chuva começava a tornar-se uma realidade, deste modo, tivemos de criar um

plano B. A opção foi que o trajeto a realizar pelos participantes fosse

essencialmente pelos cobertos e pavilhões da escola. Alguns alunos do ensino

secundário, foram gentilmente voluntários ficando encarregues de auxiliar nas

diversas estações, tirar fotografias, vestir o fato e encarnar a pele da mascote do

evento, bem como ajudar na preparação do lanche e receber e encaminhar os

participantes até ao ponto de início da prova, o pavilhão de EF. Relativamente à

comunidade da cidade de Espinho, sem ela nada teria sido possível. Face ao

facto de no final da atividade termos de organizar um pequeno lanche para os

participantes e não termos qualquer tipo de fundos, foi essencial sair à procura

de patrocínios. Os patrocínios que pretendíamos eram essencialmente ao nível

da comida e da bebida. Assim, deslocamo-nos a vários estabelecimentos locais

e ficámos bastante contentes e admirados com a recetividade dos comerciantes.

Na sua maioria os comerciantes decidiram prontamente ajudar-nos. Desta

forma, conseguimos juntar o suficiente para realizar um grande lanche, com

muita variedade de alimentos.

Para dar visibilidade ao evento tivemos de nos deslocar até à Escola

Básica do 1º ciclo para promover junto dos alunos o evento e entregar-lhes os

convites. Para além disso diversos cartazes foram distribuídos pela escola.

Recebemos cerca de 160 inscrições, facto pelo qual ficámos muito contentes e

entusiasmados. No entanto, no dia a chuva acabou mesmo por aparecer e

consequentemente houve muita gente a faltar ao evento, comparecendo apenas

50% dos participantes. Embora o panorama não fosse o desejável, nunca

baixámos a cabeça e rapidamente reestruturámos os grupos.

O evento acabou mesmo por ser um verdadeiro sucesso, tendo os alunos

e os familiares, na sua maioria, exprimido a sua satisfação, o que para nós

acabou por ser bastante gratificante. No que diz respeito aos postos de educação

física a escolha das atividades para cada um deles, passaram essencialmente

por pensar em jogos em que as equipas tivessem de trabalhar em cooperação e

que ao mesmo tempo fossem estimulantes e motivadores tanto para os

pequenos como para os graúdos. A grande aprendizagem desta atividade foi

Page 100: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

78

termos conseguido desenvolver capacidades de organização e de trabalho em

equipa, que são verdadeiramente importantes na profissão de professor. A

grande dificuldade encontrada, foram as condições meteorológicas adversas do

dia e consequentemente a falta de comparência de cerca de metade dos

participantes que nos obrigou a reestruturar grande parte das atividades.

Todavia, o facto de todos nós, cada um à sua maneira, termos reagido com

bastante empenho e dedicação, acabou por permitir que a atividade fosse

coroada de êxito.

5.6. Atividade Mexe-te

O mexe-te é uma atividade organizada pelo departamento de EF. Este

evento visou, entre outros objetivos, promover a adoção de estilos de vida

saudáveis como forma de prevenir as diversas doenças da sociedade como por

exemplo, a obesidade e as doenças cardiovasculares, isto assente na ideia de

interligar a emergência/urgência de fomentar a prática do exercício físico regular

à emergência/urgência de implementar hábitos de vida saudáveis.

A atividade foi composta por três tipologias de atividades desportivas,

caminhada, corrida e cicloturismo. O início e fim foram na escola sede do

agrupamento, tendo as atividades decorrido nas ruas da cidade, promovendo,

assim, a interação com a Comunidade e oferecendo visibilidade pública à Escola,

dando assim um contributo importante para o cumprimento do PEE.

A atividade, foi de caráter obrigatório para todos os alunos que frequentam

a Escola, tendo decorrido ao longo de toda a manhã do dia 1 de junho.

Anteriormente a estas atividades que se desenrolaram no exterior da escola,

houve uma outra que se desenrolou no seu interior, uma coreografia realizada

por todos os alunos da escola. Foi na coreografia que eu comecei a ter alguma

intervenção neste evento. Nas minhas aulas de EF tive de ensinar aos meus

alunos a coreografia para o grande dia, a coreografia foi criada por uma das

professoras de EF. De modo, a que fosse uma coreografia fácil ensinar a todos

os alunos da escola, esta foi criada com passos bastantes simples, o que acabou

por facilitar a passagem e a aprendizagem da mesma por parte dos meus alunos.

No dia do evento, juntamente com outros dois professores tive a

responsabilidade de acompanhar os alunos que iriam participar no cicloturismo.

Page 101: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

79

Foi uma atividade bastante interessante em que participaram cerca de cinquenta

alunos e onde tive como principal aprendizagem perceber o cuidado que é

necessário ter quando se sai com os alunos fora das escolas. Para além disso

foi bastante gratificante conviver com outros alunos que não os meus e conhecer

um pouco melhor a cidade.

Page 102: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e
Page 103: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

6 - DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL

Page 104: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e
Page 105: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

83

6. Desenvolvimento Profissional

6.1. Ser Reflexivo

Uma das ferramentas que pode ser vista como uma mais-valia para o

desenvolvimento do professor, é a reflexão. Segundo Alarcão (1996, p. 175), a

reflexão “baseia-se na vontade, no pensamento, em atitudes de questionamento

e curiosidade, na busca da verdade e da justiça”. Desta forma, é essencial que

cada professor deseje viver nesta procura de conhecimento e melhoria

permanente, podendo, deste modo, tornar-se um profissional cada vez mais

competente. Se um professor pretende melhorar não se pode restringir a refletir

apenas acerca do que se passa na aula, tem de ir mais além, tem que tentar

refletir acerca dos vários fatores que se relacionam com a sua atuação. De facto,

o objeto da reflexão do professor não se deve centrar apenas no que decorre na

aula, mas em tudo o que se relaciona com a atuação do professor. Isto fica

bastante bem espelhado nas palavras de Alarcão (1996, p. 177) quando refere

que “o conceito de professor reflexivo não se esgota no imediato da sua ação

docente”. É também a partir da reflexão que o professor tem a capacidade de

desenvolver renovadas compreensões e novas conceções sobre o processo de

ensino e aprendizagem. Estes conhecimentos reportam-se ao nível dos objetivos

e matérias de ensino, bem como ao conhecimento específico acerca dos seus

alunos, contribuindo para uma melhor compreensão do modo como o ensino

está a ser aplicado (Shulman, 1987).

Ao longo do estágio procurei adotar uma postura reflexiva que me

permitisse alcançar novos patamares na compreensão do que é ser professor.

De facto, a melhor forma que encontrei ao longo deste ano para conseguir

superar os problemas, dificuldades e adversidades foi procurar ser o mais

reflexivo possível, ponderando acerca de tudo aquilo que ia sendo realizado.

“No final desta aula percebi que reunir todos os alunos em exercitação

dentro do campo de basquetebol é um pouco ou tanto inapropriado. Penso

que terei de reestruturar bastante o meu plano para a próxima aula e uma

boa solução poderá passar por organizá-la por estações, de forma a

conseguir descentralizar a aula do campo, conseguindo, assim,

Page 106: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

84

rentabilizar os espaços circundantes.” (reflexão da aula de basquetebol,

20-11-2015).

A principal dificuldade que encontrei no que concerne à reflexão foi ao

nível de um conhecimento base que me permitisse encontrar uma resposta para

alguns dos problemas com que me deparei. Este tipo de situações é espelhado

por Hatton e Smith (1995), quando referem que um conhecimento adequado é

necessário como ponto de partida para ajudar os professores a aplicar respostas

mais complexas ao seu ensino. O núcleo de estágio foi um grande suporte que

me permitiu colmatar este tipo de situações, já que refletir com os outros,

escutando as suas experiências é uma mais-valia e, por vezes, a solução para

os nossos próprios problemas e consequentemente um crescimento pessoal. De

igual forma, a bibliografia específica para cada situação acabou por ser também

uma mais-valia neste processo.

A presença dos diferentes momentos de reflexão definidos por Schon

(1987) - a reflexão na ação, a reflexão sobre a ação e a reflexão sobre a reflexão

na ação - foram muito importantes. A reflexão na ação, surge no contexto de

atuação, usualmente quando um professor toma uma decisão perante uma

situação imprevista, tentando em simultâneo refletir se aquela terá sido a melhor

atuação perante a situação que ocorreu. A segunda, a reflexão sobre a ação,

obriga a um período de reflexão sobre a atuação do professor na sua ação, ou

seja, é passível que surja no final da aula, tentando desta forma, perceber o

porquê de algumas das suas decisões que foram sendo tomadas ao longo da

aula. Já a reflexão sobre a reflexão na ação é uma postura reflexiva realizada

posteriormente à reflexão sobre a ação, permitindo ao professor tornar-se num

profissional bastante mais competente. É justamente neste momento de reflexão

mais distanciado da ação que se consegue alcançar níveis de compreensão

mais aprofundados acerca do que aconteceu, gerando conhecimento e dotando

os professores das ferramentas essenciais para possíveis situações

semelhantes. Este ciclo reflexivo de Schon (1987), foi fundamental, porquanto

me permitiu aceder a um leque mais vasto de conhecimento, que, por sua vez,

me permitiu agir mais assertivamente nas situações que fui vivenciando. A

reflexão sobre a reflexão na ação foi sem qualquer tipo de dúvida o nível mais

importante para mim, pois foi através desta ferramenta que conseguir adquirir e

Page 107: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

85

reformular conhecimentos, permitindo-me reagir melhor às circunstâncias

adversas das aulas. Se a decisão do professor for refletida, este consegue

tornar-se mais competente nas suas decisões e na sua ação, conseguido

ultrapassar mais facilmente situações imprevistas. Deste modo, considero que o

processo reflexivo me permitiu, de forma gradual, tornar num professor mais

capaz, dotado de maior conhecimento e consequentemente mais competente.

“Ao longo deste período considero que uma das maiores evoluções foi

relativamente à reflexão. Considero que consegui ser mais profundo no

que concerne aos momentos pós aula, em que me sentava e tentava

perceber o que tinha corrido menos bem, para reformular e melhorar já na

aula seguinte.” (reflexão 2º Período, 01-04-2016).

De acordo com Larrivee (2008), uma experiência inquietante é um

estímulo valioso para a reflexão. Segundo a mesma autora, através do conflito e

do desconforto provêm também importantes aprendizagens e compreensões

acerca da prática. Ao longo do ano de estágio vivenciei este desconforto e

incerteza e pude constatar que esses episódios acabaram por tornar a minha

prática pedagógica numa experiência mais enriquecedora.

6.2. Observação das Aulas

Tal como está definido no regulamento do estágio ao estudante estagiário

cabe realizar observações não só aos seus colegas de estágio, mas também a

outros professores que lecionem na escola. Observar “não é apenas olhar o que

se passa à nossa volta. Mais do que isso, é captar significados diferentes através

da visualização. Na verdade, “ver” não se limita a um olhar sobre um facto ou

uma ideia, mas mais do que isso, atribuir-lhe um sentido significativo” (Sarmento,

2004, p. 161). Segundo Serafini e Pacheco (1990), o papel da observação nas

aulas de EF tem como principal objetivo o desenvolvimento profissional do

professor. Para mim foi realmente importante este papel de observador. Neste

papel acabei por me tornar um professor bastante mais atento, mais crítico, mas

principalmente, mais reflexivo. Encarei todas as observações realizadas não só

Page 108: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

86

com uma forma de tentar perceber o que está certo ou errado numa determinada

aula, mas também para evoluir profissionalmente.

“A observação desta aula foi muito enriquecedora para mim. A forma

como o professor tem o domínio da turma, gere o seu tempo de aula e

consegue realizar as transições sem haver qualquer tipo de

desorganização demonstram toda a sua experiência.” (observação de

aula de ginástica a professor da escola, 26-01-2016).

Ferreira (2013) defende que quando estamos a observar uma aula de

outro professor, estamos a olhar para as nossas próprias aulas. Ver a aula dos

outros, permitiu-me, por diversas vezes, analisar os meus próprios erros,

perceber onde eu próprio falhava. Permitiu-me ainda encontrar novas formas de

lecionar, recorrendo a outro tipo de metodologias de ensino. Acredito que

qualquer profissional, independentemente da área, pode estar em constante

evolução e aprendizagem. Para mim uma das melhores formas de aprender é

mesmo esta, aprender observando os outros, aprender com o que de bom ou de

mau os outros fazem, perceber o que podemos retirar dessas aprendizagens e

perceber como a mesma poderá ser motivadora de um enriquecimento pessoal

e profissional. Desta forma, considero que a observação me permitiu não só

desenvolver as minhas capacidades de observador, mas também me ajudou a

tornar-me um profissional mais capaz e mais competente.

Em síntese, a experiência adquirida pelo professor estagiário através da

observação, pode diretamente se traduzir numa mais-valia na aquisição de

novos conhecimentos.

6.3. O apoio do Núcleo

O NE foi extremamente importante para mim no que diz respeito à minha

evolução enquanto professor. Quando surgia alguma dúvida ou quando

necessitava de alguma opinião, recorri bastantes vezes ao meus colegas de

estágio, para tentar melhorar a minha atuação enquanto professor. Esta troca de

opiniões e informações, sustentadas naquilo que havia sido aprendido em anos

Page 109: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

87

transatos, foram essenciais para a minha evolução. Na verdade, considero que

mais do que ouvir, é necessário saber ouvir quem está ao nosso redor.

Ao longo de todo este processo, fui-me apercebendo que quem nos

assiste de fora, consegue ter uma melhor perceção das coisas menos boas que

fazemos quando vestimos a pele de professor. Neste contexto, fui aprendendo

que na observação que os meus colegas estagiários faziam de mim, o que mais

me preocupava não era saber o que tinha corrido bem, mas sim, o que tinha

corrido mal. Entre nós ao longo do ano, fomos diversas vezes debatendo, os

pontos fracos um dos outros e tentando arranjar estratégias para os

conseguirmos ultrapassar. Com efeito, ao longo deste ano letivo, aquilo que fui

discutindo e construindo com os meus colegas revelou-se fundamental para a

minha postura e crescimento enquanto professor. As horas que passámos juntos

a trabalhar também serviram para adquirirmos um conhecimento mais específico

das diferentes modalidades. Freitas (2000), concebe o homem como um ser

histórico e produto de um conjunto de relações sociais. Foram exatamente estas

interações sociais junto do NE, que me foram fazendo desenvolver a capacidade

reflexiva e me ajudaram a melhorar de dia para dia.

Page 110: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e
Page 111: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

CONSIDERAÇÕES FINAIS E PERSPETIVAS FUTURAS

Page 112: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e
Page 113: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

91

7. Considerações Finais e Perspetivas Futuras

O Estágio Profissional marca o fim de um ciclo. Um ciclo que começou há

5 anos atrás. O caminho foi longo, foi de descoberta permanente, com alguns

altos e baixos, mas, obstáculo a obstáculo, de sorriso na cara, tudo fui

ultrapassando com a doce sensação de que o meu sonho se estava a tornar

cada vez mais real. Ficam na memória todas as vivências, todas as pessoas que

conheci, todas as amizades construídas, todos os professores, todos aqueles

que de uma forma ou de outra contribuíram para o meu crescimento.

Ao agrupamento de escolas que me acolheu ao longo deste último ano,

também devo muito, pois nele pude aprender e ensinar, pude ser professor

mesmo antes de deixar de ser aluno. Este último ano, apesar de ter sido o mais

trabalhoso foi também o mais enriquecedor. O assumir de uma turma, o ter a

oportunidade de trabalhar com alunos de diferentes ciclos de ensino e trabalhar

de perto com o desporto escolar, proporcionou-me vivências e aprendizagens

que me permitem encarar o futuro com outra capacidade e tranquilidade.

Ao longo deste percurso fui acompanhado por um inigualável núcleo de

estágio. Cada um de nós foi como se de uma peça de um puzzle se tratasse. A

cooperação, a união, a camaradagem e o trabalho em conjunto tornou tudo mais

fácil e prazeroso. A professora cooperante e a professora orientadora foram

também dois alicerces importantíssimos deste núcleo. Toda a sabedoria e

conhecimento que foram transmitindo foram essenciais para o meu crescimento

sustentado.

Porque não só de planeamentos e lecionação se faz um estágio,

considero que ao longo deste ano foi importantíssima a componente da reflexão.

Tal como afirma Vygotsky (1980), a reflexão é um caminho que oferece

aprendizagens superiores, promovendo a capacidade de o estudante estagiário

controlar e sistematizar os conteúdos. Esta é um entendimento em que me

revejo, visto que a reflexão foi um dos meus principais pilares para a procura de

uma evolução constante ao longo do ano letivo, resultando em aprendizagens

que inicialmente estavam longe do meu horizonte.

Para além de todos os profissionais que intervieram de uma forma ou de

outra neste meu processo formativo, os meus alunos foram, sem dúvida, a fonte

que gerou maior conhecimento. Foi através deles que consegui refletir sobre o

Page 114: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

92

que estava a fazer na prática, na procura de reformular os meus conhecimentos,

para ser mais eficaz e preciso, melhor profissional, levando-os a mais

aprendizagens e sucesso.

Depois desta experiência em contexto real de ensino, entendi que o

professor não é apenas uma pessoa que entra numa sala de aula,

exclusivamente, para transmitir conteúdos. O professor tem de ser capaz de

promover a aprendizagem dos alunos. É ele que deve procurar levar os alunos

à descoberta, estimulando-os em busca de novos saberes.

Sei que entrar na profissão docente não se vislumbra uma tarefa fácil e

que provavelmente terei de aguardar pela minha vez. Porém, sei que quando a

oportunidade chegar, a paixão que sempre me moveu far-me-á agarrar a

oportunidade e dar o máximo de mim em nome da EF.

Page 115: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Page 116: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e
Page 117: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

95

8. Referências Bibliográficas

Alarcão, I. (1996). Formação reflexiva de professores: estratégias de supervisão.

Porto: Porto Editora.

Arends, R. (2008). Aprender a ensinar (7ª ed.). Boston: McGraw-Hill.

Batista, P., & Queirós, P. (2013). O estágio profissional enquanto espaço de

formação profissional. Porto: Editora FADEUP

Bento, J. (2003). Planeamento e Avaliação em Educação Física. Livros

Horizonte (3ª ed.). Lisboa: Portugal.

Cunha, M. Batista, P., & Graça, A. (2014). Um olhar sobre o estágio em educação

física: Representações de estagiários do ensino superior público

português. In P. Batista, A. Graça, & P. Queirós (Eds.), O estágio

profissional na (re)construção da identidade profissional em educação

física (pp. 143-180). Porto: Editora FADEUP.

Estrela, M. T. (2002). Relação pedagógica, disciplina e indisciplina na aula.

Porto: Porto Editora.

Feiman-Nemser, S. (1989). Teacher Preparation: Structural and Conceptual

Alternatives. Michigan: Michigan State University.

Ferreira, C. (2013). O testemunho de uma professora-estagiária para um

professor-estagiário: um olhar sobre o estágio profissional. In P. Batista,

P. Queirós & R. Rolim (Eds.), Olhares sobre o Estágio Profissional em

Educação Física (Vol. 1). Porto: Editora FADEUP.

Formosinho, J. (2001). A formação prática dos professores: da prática docente

na instituição de formação à prática pedagógica nas escolas. Revista

Portuguesa de formação de Professores, 37-54.

Graça, A., & Mesquita, I. (2006). Ensino dos Jogos Desportivos: concepções,

modelos e avaliação. In A. Graça & I. Mesquita. (2009) Pedagogia do

Desporto (131-163). Cruz Quebrada: Edições FMH.

Guimarães, H. (1988). Ensinar matemática: Concepções e práticas. Lisboa: APM

Hadji, C. (2001). Avaliação desmistificada–trad. Patrícia C. Ramos–Porto Alegre:

Artmed, Ed.

Page 118: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

96

Hatton, N., & Smith, D. (1995). Reflection in teacher education: Towards

definition and implementation. Teaching and teacher education, 11(1), 33-

49.

Hoffman, S. (1983). Clinical diagnosis as a pedagogical skill. Teaching in physical

education, 35-45.

Larrivee, B. (2008). Meeting the challenge of preparing reflective practitioners.

The New Educator, 4(2), 87-106.

Normas orientadoras do Estágio Profissional do Ciclo de Estudos conducente ao

grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e

Secundário da FADEUP. (2012) Porto: Faculdade de Desporto da

Universidade do Porto. Matos, Z.

Regulamento da unidade curricular Estágio Profissional do ciclo de estudos

conducente ao grau de mestre em ensino de Educação Física nos ensinos

básico e secundário da FADEUP. (2012) Porto: Faculdade de Desporto

da Universidade do Porto. Matos, Z.

Pacheco, J. (1994). A avaliação dos alunos na perspectiva da reforma. Porto:

Porto Editora.

Ribeiro, C., & Ribeiro, L. C. (2003). Planificação e avaliação do ensino-

aprendizagem. Lisboa: Universidade Aberta.

Rink, J. E. (1993). Teaching physical education for learning (2nd ed.). St. Louis:

MO Mosby.

Roldão, M. (1995). O director de turma e a gestão curricular: Lisboa: Instituto de

Inovação Educacional.

Rosado, A., Dias, L. & Silva, C. (2002). Avaliação das Aprendizagens em

Educação Física e Desporto. In A. Rosado & C. Colaço (Org.), Avaliação

das Aprendizagens: Fundamentos e aplicações no domínio das atividades

físicas. (pp. 11-95). Lisboa: Omniserviços, Representações e Serviços,

Lda

Rosado, A. & Ferreira, V. (2009). Promoção de ambientes positivos de

aprendizagem. In I. Mesquita e A. Rosado (Eds.) Pedagogia do Desporto

(pp. 185 – 207). Lisboa: Edição FMH.

Page 119: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

97

Rosado, A. & Mesquita, I. (2009). Melhorar a aprendizagem optimizando a

instrução. In Rosado, A & Mesquita, I. (Eds.), Pedagogia do Desporto, pp.

69-130. Lisboa: Edições FMH – UTL.

Sant'anna, I. M. (1995). Porque avaliar? Como avaliar. Critérios e Instrumentos.

(5ª ed.). Petrópolis: Vozes.

Sarmento, P. (2004). Pedagogia do desporto e observação. Lisboa: F. Edições

Ed..

Sarmento, P., Leça-Veiga, A., Rosado, A., Rodrigues, J., & Ferreira, V. (1993).

Pedagogia do Desporto: instrumento de observaçãpo sistemática da

Educação Física e Desporto. Lisboa: Edições FMH

Schon, D. A. (1987). Educating the reflective practitioner. San Francisco: Iossey-

Bass.

Serafini, O., & Pacheco, J. (1990). A observação como elemento regulador da

tomada de decisões: a proposta de um instrumento. Revista Portuguesa

de educação, 3 (2), 1-19.

Shulman, L. (1987). Knowledge and teaching: Foundations of the new reform.

Harvard educational review, 57, 1-21.

Siedentop, D. (2000). & Tannehill, D. Developing teaching skills in physical

education (4th ed.). Mountain View, CA: Mayfleld.

Siedentop, D. (2008). Aprender a enseñar la educación física. Barcelona: Inde.

Sousa, J., & Magalhães, J. (2006). Desporto Escolar, um retrato. Lisboa:

Ministério da Educação.

Temprado, J. J. (1997). Apprentissage moteur: quelques données actuelles.

EPS: Revue education physique et sport, 267, 20-23.

Vygotsky, L. S. (1980). Mind in society: The development of higher psychological

processes. London: Harvard university press.

Page 120: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e
Page 121: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

ANEXOS

Page 122: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e
Page 123: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

101

9. Anexos

Anexo 1 – Unidade Didática de Voleibol

Page 124: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

102

Anexo 2 – Cartaz promoção do Desporto escolar

Anexo 3 – Cartaz de promoção do Happy Day

Page 125: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

103

Anexo 4 – Ficha de Autoavaliação 3º Período

Page 126: Estágio Profissional: Quando Aprender implica Ensinar · de toda a minha vida, a ela devo todas as minhas conquistas. À minha namorada, o meu porto de abrigo, pela paciência e

104

Anexo 5 – Questionário utilizado no estudo