este salmo tem de acabar em nós!
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Mensagem ministrada na Estação do Caminho em 12/06/2011, com base no Salmo 42.TRANSCRIPT
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ESTE SALMO TEM DE ACABAR EM NÓS Caio Fábio
Vamos ler o Salmo 42:1-11 que diz assim: ''Como suspira a corça pelas águas...''
Este é um salmo que mostra com extrema
clareza e simplicidade a luta da fé contra o
domínio da emoção depressiva, quando ela
se abate sobre a alma, sobre a Psiquê, sobre
o coração da gente. Porque trata-se de um
indivíduo que tem uma historia com Deus.
Ele se lembra de tempos áureos na
existência, quando ele guiava uma
multidão em festa, em hinos de louvor, em
ações de graças, quando ele se sentia o
guia da alegria no meio daqueles que se
identificavam e se chamavam Povo de
Deus. É um passado rico de euforia, de
entusiasmo, de fé, de intensidade, de
referência de esperança para muitos. E, de
repente, ele olha para si mesmo e não
encontra mais as evidências dessas
expressões acontecendo de maneira
concreta, presentes na vida dele. É passado,
é lembrança, eu me lembro, mas hoje já
não é. Então, o que é para ele é expresso
aqui através de duas analogias geográficas
e uma questão que se repete. Nas duas
analogias geográficas, uma tem a ver com
o sul de Israel, a outra tem a ver com o
extremo norte de Israel.
A primeira tem a ver com o sul,
provavelmente com a região do Mar Morto,
En-Gedi, Neguebe, Qumram, onde se
encontram as cabras montesinhas e as
corças que habitavam e habitam, até o dia
de hoje, em grande abundância aquela
região. Elas são nativas daquela região há
milênios. E o salmista, provavelmente
andando pela região do Neguebe ― ou se
não estivesse andando pela região, por lá já
tivesse andado ―, tinha as imagens
daquela cenografia, daquelas cabras
montesinhas, das corças, e, sobretudo, do
bramido, da angústia sedenta daqueles
animais naquela região. Ele diz “assim
como as corças suspiram pelas correntes
das águas, suspiram por encontrá-las.
Especialmente, porque, na região do
Neguebe, existem rios perenes, fontes
perenes, mas, sobretudo, rios invernais.
Quando existem chuvas no deserto, águas
se canalizam em abundância, em grande
fluxo, e é quando muitos desses animais
têm a sua sede atendida, especialmente
quando estejam muito projetados para
dentro de desertos distantes daquelas
fontes perenes.
Ele olha para estes animais ao sul de Israel e
diz “Deus, a minha alma está assim, com
esta sede horrorosa de Deus, e o tempo no
qual borbulhava de mim aquela fonte de
alegria e de louvor hoje é passado na
minha memória, na minha existência, no
meu pensamento, nas minhas recordações
porque, de fato, hoje, não é assim que eu
estou!”
A segunda analogia, a segunda figura, vem
do norte, conforme ele diz, das nascentes
do Jordão, dos montes de Hermom, outeiro
de Mizar, são todas geografias elevadas lá
do extremo norte de Israel, das nascentes
mais abundantes das águas, onde a
experiência que ele narra já é oposta à
experiência da sede.
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No sul ele lembra que a alma dele está
sedenta como a de uma corça; ao norte, ele
vai a outro polo em que não falta água, mas
ele associa aquela exuberância de água não
à fartura e à satisfação, mas ao afogamento.
É a bipolaridade da entrega da alma ao
processo e à ciclotimia emocional. Se você
está neste estado, a secura fará você se
lembrar de que você é uma corça
insatisfeita, e a abundância também não
lhe satisfará. Pelo contrário, tudo isso fará
você não ligar-se à possibilidade de ser
atendido pelas águas, mas, sim, o perigo de
ser por elas afogado. E aí ele diz que, ao ver
aquela cenografia, o que lhe ocorre é que
lá, naquela região, há muitas cachoeiras,
com muitas quedas d'águas; e ele, que
antes tinha dito “minha alma está sedenta
como uma corça no sul”, no norte , ao invés
de afirmar “aqui eu bebo, aqui eu me
satisfaço”, ele diz “aqui eu também corro
perigo, porque um abismo chama outro
abismo”. Você escorrega e, quando você
vê, você caiu na correnteza com a água, e
vai se afogando, de modo que é impossível
atender a alma nas suas demandas quando
entregue a si mesma.
Na secura ela se queixa e diante das muitas
águas ela se afoga. A questão, que se
repete durante o salmo, se vincula,
algumas vezes, ao que terceiros dizem a
ele: O teu Deus, onde está? Porque está
oprimido, abatido, quebrado, depressivo, e
as pessoas que antes estavam acostumadas
a verem-no com outras atitudes, agora o
veem totalmente quebrado. Podia até ser a
pergunta do amigo, mas fazia mal; quanto
mais a do inimigo, a do adversário, a do
que a ele se opõe, e que, vendo-o naquele
estado, agora brincava, dizendo: Onde está
aquele homem da alegria, do folguedo, das
danças, que andava diante do povo, que
fazia assertivas veementes de fé acerca da
Graça e do Poder de Deus, onde está Deus
na vida dele. Onde está aquele homem e
onde está o seu Deus?
E esta pergunta recorrente volta não
apenas relacionada ao que terceiros dizem,
mas, sobretudo, ela ganha sua recorrência
relacionando-se ao que ele fala de si
mesmo, consigo mesmo, de como ele diz,
independentemente do que outros
estejam perguntando: por que estais
abatida minha alma, e por que tu te afliges
e te perturbas dentro em mim, por quê?
Ele tem a chance, quando pergunta a
primeira vez, e nós temos a impressão de
que ele vai concluir esta questão, mas ele
faz esta pergunta depois de dizer que se
lembra do tempo que ele andava em
folguedos diante do povo. Aí ele diz:
Porque estás abatida minha alma? E nós
pensamos que ele vai estancar o fluxo e dar
uma resposta; mas, não. Então ele viaja lá
para as regiões do norte e se afoga todo
nas águas da agonia e volta outra vez
tomando fôlego sozinho e pergunta:
“porque estás abatida, oh, minha alma,
porque te perturbas dentro em mim?
Espera em Deus pois ainda o louvarei , a
ele, meu auxilio e Deus meu”.
E acaba o salmo. Porque este salmo tem de
acabar, tem de acabar! Este é o salmo que
se nós não pusermos um ponto final nele,
ele vira um Salmo do inferno para nós. Se
nós entrarmos numa de adular a alma,
'minha alminha, porque estás abatida
minha alma, porque te perturbas dentro
em mim, minha alma? Eu me lembro de ti,
minha alma, que saudade de ti, minha alma
à frente do povo, cantando, louvando, em
festas, minha alma, e agora, minha alma,
aquela corça com sede és tu, minha alma,
corça, pobre, corça alma minha...minha
alma, ai, ai, é do Jordão, do Hermom, do
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Jordão, não, tu estás com sede, não, estás
afogada, oh, não, afogada! Num abismo,
noutro abismo, outro abismo, outro
abismo, ao fragor das suas catadupas...
ai,ai,ai, por que estás abatida, oh, minha
alma?
E eu fico torcendo pelo indivíduo. Para,
para, para, pelo amor de Deus, para, irmão,
para! Aí, felizmente, ele parou agora:
“espera em Deus, pois ainda o louvarei, a
ele, meu auxilio e Deus meu”. Eu fico
aliviado. Somente faltava ele dizer:
“lembro-me de ti nos folguedos de
Jerusalém...” Isso não teria fim, “nos
monumentais cetros do Líbano”, ele teria
uma geografia inteira para se refestelar e
metáforas, cenografias de insatisfação...
Para, meu irmão! Você já foi do sul para o
norte, PARA!!! Não viaje para o Leste nem
para o Oeste. PARE aí! Este Salmo tem de
acabar!
Isso é o que a maioria de nos tem de fazer.
A coisa mais fácil é nós transformarmos
este salmo numa piedade adoecida,
contínua, longa, renitente, perseverante-
mente intensa e devocionalmente patolo-
gizada dentro de nós. Eu vi, nestes quase
quarenta anos de ministério, milhares de
pessoas encarnarem a nostalgia piedosa
deste salmo sem parágrafo; sem parágrafo
jamais! E vocês sabem do que eu estou
falando. Vocês sabem que os justos não
vivem de adulações da alma, não vivem de
culto de suas emoções, não vivem do
amparo emocional que possam receber das
manifestações empolgantes, não vivem das
maneiras elevadas que ocorram dos seus
surtos de euforia ou das contribuições que
a existência, em acordos com a nossa vida,
de vez em quando possa nos trazer.
O justo vive integralmente e tão somente
pela FÉ, e a fé não tem nada, absoluta-
mente nada, a ver com nossas emoções,
nada! Pelo menos com as minhas não tem
nada a ver. E está decretado: a fé, na minha
vida, existe com emoção, sem emoção,
apesar de emoção! Se eu estiver eufórico,
ótimo; se eu estiver deprimido, é para ser
atropelada a depressão, porque o justo
viverá tão somente pela FÉ!
E o apóstolo Paulo diz, escrevendo aos
Romanos, que nós vivemos de uma
esperança que não vê o que espera, porque
se alguém vê o que espera, já não é
esperança; mas se não vemos o que
esperamos, com paciência, o aguardamos.
Do contrário, não decorre de Fé e, sim, de
vista. E se for o resultado das visibilizações,
das concreções existenciais e emocionais
de uma satisfação de alguma forma de
adrenalina ou de química orgânica elevada,
ou de injeções hormonais e de químicas
orgânicas de estímulos ao cérebro, não será
pela fé que estarei vivendo. Não que todas
essas medicinas não tenham utilidade, mas
eu apenas as reconheço como úteis a um
determinado momento de fragilidade da
minha vida, tanto quanto reconheço
fragilidade do meu fígado, do meu baço,
rins, nos ossos, mas elas, em momento
algum, podem ser relacionados ao estado
de minha fé, porque o justo viverá pela FÉ!
Quando a gente vê toda a caminhada de
quem quer que tenha andado com Deus
nas Escrituras, e que tenha sido alguém
que perseverou e venceu, vemos que
foram pessoas que dissociaram a emoção
dos tempos, dos momentos e das
circunstâncias da sua fé; e, apesar das
circunstâncias, venceram-nas,
atravessaram-nas, por vezes arrombaram-
nas, encararam-nas, enfrentaram-nas,
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tornaram-se adversários de toda a
contraesperança pela fé. Como é Abraão,
que espera contra a esperança. E alguém
esperar contra toda esperança significa que
está esperando contra toda emoção, está
esperando contra toda e qualquer
possibilidade de euforias, está esperando
contra toda lógica, está esperando contra
toda circunstância. A fartura de exemplos
que vemos, durante as manifestações de
vida de todos esses homens nas Escrituras,
nos garante que assim é, e se assim não for
a gente sucumbe mesmo. Se eu tivesse
tempo era o que eu faria agora, mostrando
para vocês dezenas de exemplos que
corroboram o que eu estou afirmando a
vocês.
Se na alma., eu não fizer parar o salmo do
lamento, que diz : “O teu Deus onde está?
Ai de ti, pobre corça sedenta, ai de ti,
náufrago nas catadupas do norte, ai de ti
ser de emoções inconsoláveis, o teu Deus
onde está? Ai de ti que no passado eras tão
feliz, e hoje estás aqui, esmagado pela
vida”. Se eu não fizer este salmo parar ele
me mata; se eu privilegiar as minhas
emoções, eu sucumbo.
A fé que vence é aquela que trata as
emoções como um bônus, mas que não se
sente defraudada pela ausência da emoção
positiva ou animadora que surja no
coração em razão das conspirações da vida
em nosso favor. Ao contrário, Jesus
mandou a gente ter bom ânimo. E quando
Ele disse que nós deveríamos ter bom
ânimo foi num contexto em que o vento
era contrário, a noite era escura, Pedro
tinha acabado de olhar mais para as
circunstâncias do que fixar o olhar na
Palavra de Jesus que dissera 'vem', e por
cuja Palavra ele andara passos sobre as
águas, até se fixar mais nas
circunstancialidades, na ilogicidades dos
movimentos que o faziam começar a
naufragar. Foi justamente neste momento
que Jesus disse: ' tende bom ânimo'! Jesus
determina assim que eu não devo esperar
que o bom ânimo me alcance. Até o bom
ânimo tem de ser uma decisão de fé em
mim, uma decisão do Espírito sobre a Alma,
uma decisão da consciência sobre as
emoções, uma decisão do mandamento
sobre a afetividade, uma decisão das
certezas mais elevadas apesar do fluxo das
subjetividades afogantes ou das sedes e
carências sufocantes. Mas é um salmo que
eu preciso aprender a fazer parar na minha
vida sem permitir-lhe recorrências,
recorrências e recorrências. É fácil a gente
cultuar a poesia dessa dor, a gente vira
poeta nessa dor, a gente escreve blogs e
blogs nessa dor, a gente escreve músicas
desgraçadamente lindas, a gente vai de
namorado em namorado, namorada em
namorada, casamento em casamento, nas
agonias dessa depressividade, e que nos
deixa dizer “é uma pena”, mas não adianta,
a gente não se levanta nunca.
Chegou uma hora que eu cansei da
'babação das corças no sul', e de ficar ao
lado dessa pessoa de dia e de noite sob
socas e mais socas, sob vagalhões sem fim,
num salmo contínuo que vai virando um
119 existencial do ser de tais pessoas.
Chega, acaba, põe um ponto final neste
salmo!
E aí, para nós não fazermos aquela viagem
genealógica nesta história e também na
corroboração dela, e também para não
irmos a Hebreus 11― onde aquela lista
inteira é de pessoas que enfrentaram
circunstâncias, o tempo, a demora, as
décadas, o silêncio, a falta de resposta, que
esperaram promessas que nem sempre se
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materializaram, ou não se materializaram
logo, e algumas delas não se materi-
alizaram nunca; mas eles creram que elas
teriam a sua materialidade na posteridade
deles e prosseguiram pela fé ―, eu queria,
no entanto, deixar tudo isso para lá,e
apenas que a gente lembrasse de duas
outras imagens, ou três, para ilustrar esse
salmo que precisa parar.
A primeira, está naqueles dois discípulos
que vão caminhando de Jerusalém para
Emaús, no domingo depois que Jesus
ressuscitará de entre os mortos, carregando
exatamente esse salmo. Pensávamos que
seríamos Ele quem haveria de redimir a
Israel, (enterrados lá no passado), e nós
andamos com ele, e Ele fez coisas
extraordinárias, eles dizem. Daí, encontram
com Jesus no Caminho, e não reconhecem
a Jesus porque este estado mental não
reconhece nem quando Deus dá de cara
com a gente na viagem. Não reconhece a
Jesus! E fica fazendo perguntas: Oh meu
Deus, onde estás? É, discípulo foram fazer
salmo 42 para Jesus entre Jerusalém e
Emaús, quando eles iam discutindo acerca
das coisas que tinham sucedido: “meu
Deus onde estás, e agora...? E Jesus diz: “Do
que ides tratando enquanto caminhais?”Aí
eles param chateados: “És tu o único?”
Também esse salmo faz o cara se sentir o
centro absoluto do universo; a minha
questão é absolutamente a Wall Street
existencial do planeta, a ex-Torres Gêmeas
da existencialidade sou eu e a minha dor;
'és tu' o único que tendo estado em
Jerusalém ignoras praticamente o que nos
aconteceu, as ocorrências dos nossos
últimos dias? Eles só não nos disseram o
que lhes aconteceu explicitamente, mas
vejam a sequência: o que aconteceu a
Jesus, Nazareno, o Varão Poderoso em
obras e palavras, diante de todo o povo.
Ora, nós esperávamos! Não foi nem tanto o
que aconteceu com Jesus, mas foi a
decepção que nos abateu que é um
negócio que não tem perdão, pelo amor de
Deus! Morrer na cruz está bom, o que não
podia é ter deixado a gente nessa
decepção tão horrorosa.
Nós esperávamos que fosse Ele quem
haveria de redimir a Israel, mas já é este o
terceiro dia, desde que tais coisas
aconteceram... É bem verdade que umas
das mulheres que conosco estavam, tendo
ido hoje ao sepulcro voltaram dizendo
terem tido uma visão de anjos, os quais
afirmam que Ele vive, mas a gente está aqui
andando para o pôr-do-sol ― Emaús
significa literalmente o lugar onde o sol se
põe―, estavam indo para o ocaso da
existência com esse salmo no coração. E
Jesus vem e pergunta: Quais as notícias? E
eles dão essa explicação irritadamente e
não o reconhecem. Vão reconhecer mais
adiante quando Jesus começa a dizer: Oh,
néscios e tardos de coração para crer em
tudo que os profetas disseram... E enfrenta
a emoção deles com a Profecia, com a
Palavra, com a Verdade, com o que estava
dito e se cumpriria, com o mandamento de
Deus contra a morte; e aí o coração deles
começa a arder pela Palavra, não havia
nenhuma consubstanciação, Jesus não
trouxe nenhum lenço da tumba, nenhuma
evidência, nenhuma relíquia, nenhuma
prova, nenhuma documentação, só
Palavra! Palavra para os doídos que
cultuam a emoção e se fazem o centro
emocional da Criação.
E foi quando eles disseram, constrangeram
Jesus para não seguir adiante, 'fica
conosco, porque é tarde, o dia já declina', e
Jesus entrou para ficar com eles, e
entrando na casa, tomou o pão e o partiu e
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deu Graças. Foi no ato de dar Graças e
partir o pão que eles reconheceram que era
Jesus. Então, Jesus acabou o salmo para
eles, desapareceu na presença deles,
porque o justo vai ter de aprender a viver
pela Fé.
Naquela mesma manhã cedo, Maria
Madalena, lá no sepulcro, ela foi cedo com
outras mulheres e tiveram uma visão de
anjos na forma de relâmpagos que
removeram a pedra e disseram: Porque
buscais entre os mortos os que vivem, Ele
não está aqui, ressuscitou como havia
dito... As outras saíram correndo, mas ela
ficou por razões absolutamente pessoais,
íntimas, de uma emocionalidade que se
retardou nas angústias, que nem palavra de
anjo estava adiantando, se ela não visse a
materialização de Jesus diante dela. E diz o
texto de João 21, que ela fica parada,
olhando para tumba, e chorando. E Jesus
passa diante dela, e ela com aquele véu de
lagrimas. É, a emoção é um negócio
poderoso, minha gente. O anjo vem com
formato de relâmpago, move a pedra de
toneladas, diz 'Ele não está aqui', mas olha
o poder da emoção! Umas saem correndo,
mas ela está ali, afogada nas catadupas das
emoções, ela tinha planejado passar aloés,
e perfumes no defunto, e beijar-lhes os pés,
lavá-lo todo, cuidar dele: está morto, eu
vou cuidar dele. Então passa Jesus diante
dela, e ela pensa ser o jardineiro! Aí, o
jardineiro tem de fazer este filme ― não é
„o jardineiro afinal é fiel'―, 'o Jardineiro
ressurreto'. Passou o jardineiro: mulher,
porque choras, a quem procuras? Aí ela,
supondo ser ele o jardineiro, disse: se tu
levaste o meu Senhor, se tu o levaste, dize-
me, e eu o levarei! Ela ia virar carregadora
de andor. Onde é que está o defunto, o
defunto é meu, onde o senhor colocou o
defunto que eu vou lavar todinho, e depois
eu vou sair por aí carregando e depois levá-
lo, ele é meu, ele é meu, ele é meu...
Aí Jesus diz: Maria! (Chama-a pelo nome,
aquela voz absolutamente rasgante,
pessoal, íntima, de tantas outras vezes...) A
pedra foi removida, o anjo relampejante
falou, até Jesus arrasou com ela: Porque
choras? A quem procuras? A lógica lacrimal
é diabólica, o véu de lágrimas das emoções
é um negócio poderoso, espesso, não há
material mais impenetrável do que esse.
Então, Jesus tem de vir por trás, porque
pela frente não deu. É, pela frente. Jesus
perguntou: a quem procuras? Ela com um
véu de lágrimas não viu nada. O anjo
apareceu, removeu a pedra, ela não viu
nada. Jesus diz: vou atacar pela
retaguarda! O texto é que diz que foi por
trás, diz: 'voltando-se, viu Jesus em pé! Pela
frente não dava! Assim, podia ser que, na
virada, as lágrimas saíssem!
Raboni, Mestre! Então, ela queria já segurar;
não posso levar o defunto, vou levar o
'salmo' para casa... Queria pegar nEle, é
meu Senhorzinho, aleluias1
E Ele disse: 'não me toques, este 'salmo'
tem de acabar, porque não vai ser mais
assim Maria. Vai dizer aos meus irmãos que
eu ressuscitei, mas não será mais assim, não
será mais assim. Eis que subo para Meu Pai,
vosso Pai, Meu Deus e vosso Deus; não será
mais assim!
Agora temos João, lá em Apocalipse 5,
podem imaginar aquela coisa? Como esse
'salmo' é forte quando ele não quer parar,
quando ele quer se 119nizar = cento e
dezenovenizar = em nós. João, lá no
Apocalipse, ouve uma voz que diz: sobe
para aqui. O homem é arrebatado, vê o
trono de Deus e Aquele que está sentado
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ao trono. É uma glória extraordinariamente
indescritível, transoviniana, é uma coisa de
doido, safiras, pedras, brilho, luzes,
indescritibilidade, não há efeito especial
que crie aquilo ali, é totalmente para além
de tudo, e ele está lá vendo, uns querubins
que são umas bolas de olhos, que olham
para dentro e para fora, e que voam, e que
dizem: Santo, Santo, Santo, vinte e quatro
anciãos, seres viventes, anjos. Dentro deste
teatro cósmico, supracósmico, multi-
cósmico é que ele está, com todas as
camadas de criação, se manifestando em
adoração ao Senhor, e o homem diante do
trono! Aí vem a história de quem é digno
de abrir o Livro e de desatar-lhe os selos. O
livro da história humana e da redenção
humana. Era um rolo, semelhante a um rolo
no dia de um jubileu, de resgate de uma
terra, neste caso, da restauração da terra
aos humanos, e não de uma gleba a uma
família, como acontecia no Antigo
Testamento. É o livro do Jubileu dos
Jubileus, quando a terra é tirada da mão do
usurpador, quando em Lucas 4 diz: Todo
este poder me foi dado, e eu dou a quem
eu quiser. Quem é que é digno de pegar e
tirar este Livro, de desatar estes selos, e
colocar isto na mão da humanidade
ressurreta glorificada? E aí foi dito, que não
se achava nem no céu, nem na terra, nem
debaixo da terra, ninguém que fosse digno
de desatar-lhe os selos. Então, João começa
a se ''quarenta e doisnizar'' na alma dele.
Olha, diante do trono, com toda essa
cenografia descrita e se diz: e eu chorava
muito! Já pensou o que é o cara ser
arrebatado para essa glória, para ficar
''chorando muito''? É o poder da alma, que
é um negócio monumental, diante do
trono de Deus, da glória de Deus, daquele
que está assentado, o indivíduo foi atirado
da bagaça de Patmos para a Glória das
glórias. Ele está vendo o passado, o
presente e o futuro. Ouve uma pergunta:
Quem é digno de abrir o livro e desatar-
lhes os selos? A esta altura era para ele
dizer: e daí? Tem Alguém assentado no
trono!
Mas a alma, quando ela se quarenta e
doisniza, ela vai chorar diante do trono, e é
preciso que um dos Vinte e quatro Anciãos
– que um dia vou querer ser apresentado a
esse irmão – chegue para João e diga: Pare
de chorar João, psiu, que isso meu?
Literalmente, Apocalipse diz que foi um
''psiu, pare de chorar''! É uma ordem assim,
quase que de raiva celestial: aqui não, né,
pelo amor de Deus pare de chorar! E João
diz : eu chorava muito, 'oh meu Deus, onde
estás, porque estás abatida, oh, minha
alma? Mas se a gente der mole, a gente vai
para diante de Deus com o salmo 42, e o
119niza, para nossa existencialidade, sem
ponto final para os poderes reclamadores,
adoecidos da alma. Eu sei que a maioria
esmagadora que está aqui, dos que nos
veem ali na Vem&Vê TV são pessoas que
privilegiam a alma à fé, privilegiam as
emoções à fé, que se tudo estiver indo bem
elas até acham que exista alguém sobre a
terra, que seja digno suficiente de abrir o
Livro e desatar-lhe os selos: EU! Mas se
tudo estiver indo mal, ainda que se ele
estiver diante do trono de Deus
explicitamente, ele vai chorar muito. Ou
pode estar como Maria, com a tumba vazia,
com o Anjo falando, com o relâmpago
dando testemunho angelical, com Jesus
rodando à volta dela e dizendo: o que é
isso mulher? Não é nem dizendo “o teu
Deus onde está”, é ''por que tu
choras?”Porque ela vai dizer: ''o meu Deus,
onde está?” Se não tiver alguém dizendo “o
teu Deus onde está?'', a gente diz: “o meu
Deus, onde está?”
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Eu e vocês, meus irmãos, precisamos tomar
hoje uma decisão: é saber que existem dias
bons, e muitos dias maus, e que basta a
cada dia o seu mal! Há dia dos namorados
extremamente floridos, e há dia dos
namorados extremamente espinhosos. Se
você for se entregar, por exemplo, ao dia
dos namorados que tenha porventura
produzido alguns espinhos, você não
terminará esse dia vivendo a experiência
do amor, porque até a decisão de amar tem
de ser uma decisão que a gente tem de
fazer prevalecer em fé; do contrário, a
gente entra naqueles ciclos de catadupas
do norte, ou das carências do sul, do salmo
42.
Em qualquer dimensão da vida do justo, do
amor conjugal ao amor pelo inimigo, em
qualquer que seja o escopo da existência e
do enfrentamento, o justo viverá pela fé. E
eu não estou dizendo que isto nos
desromantiza, pelo contrário, o que estou
dizendo é que quando a alma nega a nós as
esquinas ou as praças, ou os jardins do
romance, a gente olha para própria alma e
diz: este salmo para aqui!
Eu sei quem é o meu marido, eu sei quem é
a minha mulher, ou os meus filhos podem
ter se desfigurado, mas eu não gerei para
calamidade, ou, estas circunstâncias de
saúde podem me ser totalmente adversas,
mas 'a vida é mais do que o corpo, e o
corpo mais do que as vestes' e eu não me
entregarei, e mesmo que a figueira não
floresça, e nem haja fruto na vide, e o
produto das oliveiras mintam, e os campos
não produzam mantimento, todavia, eu me
alegro no Senhor, no Deus da minha
salvação, ponto. E não dê a você mesmo
nem um outro motivo de argumentação
emocional ou psicológica. Pare este salmo
aí, dizendo: espera em Deus, oh, minha
alma! Coma da esperança, alimenta-te da
Verdade, espera em Deus; tu ainda não
estás vendo, mas o justo vive pela fé; se
alguém vê o que espera, já não é pela fé
nem na esperança que vive. Espera em
Deus, pois ainda o louvarei, não a Ele que
foi, mas a Ele que É, meu auxilio e ponto,
acabou, acabou, acabou, acabou, Amém?!!!
Em nome de Jesus acabou, acabou, Chega.
Pronto!
Meus amigos, há tempo em todo propósito
debaixo do sol. Há tempo para começar e
para fazer terminar o salmo 42 na nossa
vida; e há tempo para declarar, pela fé, que
a dor súbita não será perpetuamente
alimentada por nós, nem pelas emoções,
nem a sede e a carência, nem os
afogamentos de alma, por que a nossa
alma vai aprender a confiar, e a não ser
guiada, nem tangida, nem pastoreada por
emoções, por sentimentos nem por
sensações. Nós não somos daqueles que
retrocedem. Tristezas todos têm, desapon-
tamentos, euforias, depressões fazem
parte; “no mundo tereis aflições, mas tende
bom ânimo'' é um mandamento de fé.
Ergam a cabeça com bom ânimo, deem
ordem às emoções,à mente não se
entreguem em nome de Jesus.
Mensagem ministrada em 11/06/2011
Estação do Caminho - DF