estatuto do idoso resumo e comentários-2

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ESTATUTO DO IDOSO RESUMO E COMENTÁRIOS ESTATUTO DOS IDOSOS(“CIDADÃOS EXPERIENTES”) TODO DIA PRIMEIRO DE OUTUBRO COMEMORA-SE O DIA INTERNACIONAL DO IDOSO – DE ACORDO COM A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE , UM IDOSO É UMA PESSOA COM MAIS DE 60 ANOS DA IDADE. UM DOS MARCOS FEITOS NESTE DIA FOI A CRIAÇÃO DO ESTATUTO DO IDOSO. NELE DIREITOS COMO ATENDIMENTO PREFERENCIAL E ACESSO LIVRE A TRANSPORTE PÚBLICO SÃO DISCUTIDOS. TAMBÉM SÃO TRATADOS ASSUNTOS REFERENTES Á PLANO DE SAÚDE E AO ACESSO Á CURSOS GRÁTIS QUE O PODER PÚBLICO TEM QUE POSSIBILITAR AOS IDOSOS. CONFIRA UM RESUMO COM OS PRINCIPAIS TÓPICOS DO ESTATUTO DO IDOSO: DISTRIBUIÇÃO GRATUITA DE MEDICAMENTOS E PRÓTESES DENTÁRIAS PELOS PODERES PÚBLICOS; NOS CONTRATOS NOVOS FEITOS PELOS PLANOS DE SAÚDE NÃO PODERÁ HAVER REAJUSTES EM FUNÇÃO DA IDADE APÓS OS 60 ANOS; DESCONTO MÍNIMO DE 50% NO INGRESSO DE ATIVIDADES CULTURAIS E DE LAZER, ALÉM DE PREFERÊNCIA NO ASSENTO AOS LOCAIS ONDE AS MESMAS ESTÃO SENDO REALIZADAS; PROIBIÇÃO E LIMITE DE IDADE PARA VAGAS DE EMPREGOS E CONCURSOS, SALVO OS ACESSOS EM QUE A NATUREZA DO CARGO EXIGIR; O CRITÉRIO PARA DESEMPATE DE CONCURSOS SERÁ A IDADE, FAVORECENDO-SE AOS MAIS VELHOS; IDOSOS COM 65 ANOS OU MAIS QUE NÃO TIVEREM COMO SE SUSTENTAR TERÃO DIREITO AO BENEFÍCIO DE UM SALÁRIO MÍNIMO( EXISTEM DECISÕES QUE PÕE A SALVO AQUELES COM MAIS DE 60 ANOS TAMBÉM ); PROCESSOS JUDICIAIS ENVOLVENDO PESSOAS COM MAIS DE 60 ANOS TERÃO PRIORIDADES, NOS PROGRAMAS HABITACIONAIS PARA AQUISIÇÃO DE IMÓVEIS E TRANSPORTE COLETIVO URBANO E SEMI- URBANO GRATUITO PARA MAIORES DE 60 ANOS. A PROPOSTA DESTE ARTIGO É DISCUTIR E DIRECIONAR BUSCAS NO ESTATUTO DO IDOSO, POIS O IDOSO AINDA SOFRE AS CONSEQÜÊNCIAS DO DESCONHECIMENTO DESTE DOCUMENTO QUE REPRESENTA UMA GRANDE

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ESTATUTO DO IDOSO RESUMO E COMENTRIOS

ESTATUTO DOS IDOSOS(CIDADOS EXPERIENTES)TODO DIA PRIMEIRO DE OUTUBRO COMEMORA-SE ODIA INTERNACIONAL DO IDOSO DE ACORDO COM A ORGANIZAO MUNDIAL DESADE, UM IDOSO UMA PESSOA COM MAIS DE 60 ANOS DA IDADE. UM DOS MARCOS FEITOS NESTE DIA FOI A CRIAO DO ESTATUTO DO IDOSO. NELE DIREITOS COMO ATENDIMENTO PREFERENCIAL E ACESSO LIVRE A TRANSPORTE PBLICO SO DISCUTIDOS. TAMBM SO TRATADOS ASSUNTOS REFERENTES PLANO DE SADE E AO ACESSO CURSOSGRTIS QUE O PODER PBLICO TEM QUE POSSIBILITAR AOS IDOSOS.CONFIRA UM RESUMO COM OS PRINCIPAIS TPICOS DO ESTATUTO DO IDOSO: DISTRIBUIO GRATUITA DE MEDICAMENTOS E PRTESES DENTRIAS PELOS PODERES PBLICOS; NOS CONTRATOS NOVOS FEITOS PELOS PLANOS DE SADE NO PODER HAVER REAJUSTES EM FUNO DA IDADE APS OS 60 ANOS; DESCONTOMNIMO DE 50% NO INGRESSO DE ATIVIDADES CULTURAIS E DE LAZER, ALM DE PREFERNCIA NO ASSENTO AOS LOCAIS ONDE AS MESMAS ESTO SENDO REALIZADAS; PROIBIO E LIMITE DE IDADE PARA VAGAS DE EMPREGOS E CONCURSOS, SALVO OS ACESSOS EM QUE ANATUREZADO CARGO EXIGIR; O CRITRIO PARA DESEMPATE DE CONCURSOS SER A IDADE, FAVORECENDO-SE AOS MAIS VELHOS; IDOSOS COM 65 ANOS OU MAIS QUE NO TIVEREM COMO SE SUSTENTAR TERO DIREITO AO BENEFCIO DE UMSALRIOMNIMO( EXISTEM DECISES QUEPE A SALVO AQUELES COM MAIS DE 60 ANOS TAMBM ); PROCESSOS JUDICIAIS ENVOLVENDO PESSOAS COM MAIS DE 60 ANOS TERO PRIORIDADES, NOS PROGRAMAS HABITACIONAIS PARA AQUISIO DE IMVEIS E TRANSPORTE COLETIVO URBANO E SEMI-URBANO GRATUITO PARA MAIORES DE 60 ANOS.A PROPOSTA DESTE ARTIGO DISCUTIR E DIRECIONAR BUSCAS NO ESTATUTO DO IDOSO, POIS O IDOSO AINDA SOFRE AS CONSEQNCIAS DO DESCONHECIMENTO DESTE DOCUMENTO QUE REPRESENTA UMA GRANDE CONQUISTA DOS IDOSOS BRASILEIROS. VALE A PENA LER O DOCUMENTO NA NTEGRA PARA MELHOR ENTENDIMENTO.1.-O IDOSO DEVE SER ASSISTIDO PRIORITARIAMENTE POR SUA FAMLIA;2.-A ELE ASSEGURADA PRIORIDADE NO DIREITO SADE, ALIMENTAO, EDUCAO, CULTURA, AO ESPORTE, AO LAZER, AO TRABALHO, CIDADANIA, LIBERDADE, DIGNIDADE, AO RESPEITO E CONVIVNCIA FAMILIAR E COMUNITRIA;3.-A PESSOA QUE VIOLENTAR O IDOSO POR NEGLIGNCIA, DISCRIMINAO, VIOLNCIA, CRUELDADE OU OPRESSO SER PUNIDA POR LEI;4.-DENNCIAS DE MAUS TRATOS CONTRA O IDOSO PODEM SER DIRECIONADAS A RGOS COMO OS CONSELHOS NACIONAL, ESTADUAIS, DO DISTRITO FEDERAL E MUNICIPAIS DO IDOSO, AUTORIDADES POLICIAIS E MINISTRIO PBICO;5.-OART. 15. ASSEGURADA A ATENO INTEGRAL SADE DO IDOSO, POR INTERMDIO DO SISTEMA NICO DE SADE SUS, GARANTINDO-LHE O ACESSO UNIVERSAL E IGUALITRIO, EM CONJUNTO ARTICULADO E CONTNUO DAS AES E SERVIOS, PARA A PREVENO, PROMOO, PROTEO E RECUPERAO DA SADE, INCLUINDO A ATENO ESPECIAL S DOENAS QUE AFETAM PREFERENCIALMENTE OS IDOSOS;6.-O IDOSO INTERNADO OU EM OBSERVAO TEM DIREITO A UM ACOMPANHANTE EM TEMPO INTEGRAL E O HOSPITAL DEVE DISPONIBILIZAR INSTALAES ADEQUADAS PARA A PERMANNCIA DESTE ACOMPANHANTE;7.-EM RELAO SADE FICA EXPRESSO O DIREITO DE ATENDIMENTO DOMICILIAR, QUANDO NECESSRIO; AQUISIO GRATUITA DE MEDICAMENTOS, RTESES E PRTESES; PROIBIO DA DISCRIMINAO DE IDOSOS POR PARTE DE PLANOS DE SADE;8.-GARANTIA DE 50% DE DESCONTO EM INGRESSOS DE ATIVIDADES CULTURAIS;9.-O IDOSO TEM DIREITO A EXERCER ATIVIDADE PROFISSIONAL, SENDO PROIBIDA A DISCRIMINAO E A FIXAO DE LIMITE MXIMO DE IDADE, INCLUSIVE PARA CONCURSOS, EXCETO NOS CASOS EM QUE A NATUREZA DO CARGO O EXIGIR;10.-DIREITO A PARTICIPAR DE PROGRAMAS DE PREPARAO PARA A APOSENTADORIA;11.-OART. 34. AOS IDOSOS, A PARTIR DE 65 (SESSENTA E CINCO) ANOS, QUE NO POSSUAM MEIOS PARA PROVER SUA SUBSISTNCIA, NEM DE T-LA PROVIDA POR SUA FAMLIA, ASSEGURADO O BENEFCIO MENSAL DE 1(UM) SALRIO-MNIMO, NOS TERMOS DA LEI ORGNICA DA ASSISTNCIA SOCIAL LOAS;12.-GRATUIDADE DE TRANSPORTE PBLICO MUNICIPAL AOS MAIORES DE 60 ANOS; BENEFCIOS NO TRANSPORTE INTERMUNICIPAL E INTERESTADUAL;13.-ATENDIMENTO PRIORITRIO AOS MAIORES DE 65 ANOS EM CAIXAS, NA TRAMITAO DE PROCESSOS JUDICIAIS, PRIORIDADE NO RECEBIMENTO DE RESTITUIO DE IMPOSTO DE RENDA, ETC;14.-CRIMES CONTRA O IDOSO SERO JULGADOS A PARTIR DESTE ESTATUTO, QUE ESTABELECE AS PENAS POSSVEIS PARA CADA TIPO DE DELITO.

ECAConselho tutelar: funes, caractersticas e estrutura do rgo de efetivao dos direitos da crianaClodomiro Wagner Martins Laureano

Resumo:O presente trabalho trata sobre o Direito da Criana e do Adolescente, especificamente sobre o Conselho Tutelar como um rgo que busca o equilbrio quanto representao de efetividade dos Direitos das Crianas e dos Adolescentes. Tendo como base o aprofundamento no tocante de seu processo de escolha dos seus conselheiros tutelares, objetivando mostrar uma linguagem simplificada do que representa um Conselho Tutelar e suas atribuies de forma que o contedo existente neste trabalho possa trazer um conhecimento fundado nos autores contemporneos que relatam da matria sob diversos pontos de vista. Contudo, levando aos leitores diversas posies de modo que possam verter para corrente que mais acharem conveniente, sendo assim, o trabalho exercido pelo poder delegado da Unio aos Estados e Municpios de cada regio, ser de suma importncia que seja englobado todas as classes sociais, com o intuito de levar ao conhecimento dos interessados pelo assunto, a ferramenta de defesa aos direitos da criana e do adolescente, pois os fatos lesivos aos seus direitos acontecem cotidianamente e precisam ter uma resposta para que possam ser aplicadas as garantias constitucionais que lhe so cabveis. Portanto acredita-se por atingirem diretamente no s a comunidade menos favorecida, os direitos estabelecidos no Estatuto da Criana e do Adolescente e consonncia com as legislaes municipais soma e visa dar o suporte necessrio para aqueles que necessitam de fato dos seus trabalhos e cuidados.*Palavras-Chaves:Conselho Tutelar. Efetividade. Processo de Escolha. Estatuto da Criana e do Adolescente.Abstract:This paper deals with the Right of the Child and Adolescent, specifically on the Child Protection Council as a body that seeks a balance of representation on the effectiveness of the Rights of Children and Adolescents. This work is based on the process of choosing board members and aims to show in a simple language Child Protection Council and its duties. So the content of this work wish to bring a knowledge founded on contemporary authors dealing with the matter from several points of view. It is up to readers choose the most convenient version. The national state transferred powers to states and cities in each consular region. Will be of extremely importance that all social classes be englobed, in order to bring attention of population to the Child Protection Council as tool to defend the rights of children and adolescents. Harmful acts to the rights of children and adolescents occur daily and need to have an answer where can be applied constitutional guarantees. It is believed by reaching directly to disadvantaged communities, the rights established in the Statute of Children and Adolescents and municipal laws are intended to provide the necessary support for those who need care in their work.Keywords:Child Protection Council. Effectiveness. Child Protection Advisor. Process of Choice. Statute of Children and Adolescents.Sumrio:Introduo. 1. Definio do conselho tutelar. 1.1. Disposies gerais. 1.2. Caractersticas do conselho tutelar 1.3. Escolha e impedimentos dos conselheiros 1.4 atribuies e finalidade do conselho tutelar. 1.5. Natureza jurdica 2 estrutura funcional e composio. 2.1. Estrutura funcional. 2.2. Composio do conselho tutelar. 2.3. Requisitos para candidatura. 2.4. Das decises tomadas pelo conselho tutelar. 2.5. Da competncia do conselho tutelar dentro da esfera territorial. Consideraes finais. Referencias.INTRODUOO Conselho Tutelar sendo instrumento para efetivao dos Direitos das Crianas e dos Adolescentes tem como objetivo trabalhar as dificuldades existentes no cotidiano deste rgo. Nesse aspecto ser abordado alguns fatos relevantes principalmente na escolha dos seus representantes. Inicialmente trataremos nesta pesquisa jurdica sobre o processo seletivo para o cargo conselheiro tutelar 8069/90, e como os estados e municpios recepcionaram o que a lei trouxe como modelo basilar de criao deste rgo.Os requisitos para se tornar um conselheiro tutelar ser estabelecida primeiramente pela lei federal 8069/90, artigo 133 requisitos essenciais que sero combinados com a legislao municipal para que o candidato preencha todos os requisitos estabelecidos at chegar ao pleito. Ser obrigatrio que o candidato siga todas as etapas dos editais de seus municpios, visando aquisio do cargo mediante aprovao em todos os itens estabelecidos nos respectivos editais.Todavia, o trabalho ir mostrar as funes exercidas pelos conselheiros, suas atribuies, a competncia aplicada ao Conselho Tutelar e de seus impedimentos. Pois ser de competncia do conselheiro tutelar e de seu colegiado trabalhar e zelar pela defesa dos Direitos das Crianas e dos Adolescentes e demais responsabilidades que advirem de suas responsabilidades exigidas do cargo.Desta feita, a problemtica enfrentada pelos candidatos ao Conselho Tutelar baseado na doutrina, ir mostrar que germina dentro desse rgo um descaso com os direitos das crianas e dos adolescentes, pois o princpio da proteo integral deve estar sempre em primeiro plano e no deixar que se dissemine princpios individualistas que tirem a permanncia, a autonomia e a no jurisdicionalidade, pois a inteno mostrar para os membros das comunidades que o Conselho Tutelar tem e deve ser a ferramenta do municpio para proteger a infncia e a juventude, no deixando-os hipossuficintes perante o poder de manipulao dos partidos polticos.Nessa esteira, o trabalho tem como objetivo geral tratar de determinados aspectos que fazem parte do processo de escolha para o cargo de conselheiro tutelar. Aspectos esses que tem o intuito de analisar o pensamento dos doutrinadores que trabalham diretamente na rea explorada, pois ser atravs de conceitos e concepes que poderemos perceber que as correntes se dividem nos pensamentos, no h um posicionamento pacificado sobre o contedo tratado.Teremos a tarefa especfica de trazer aos leitores que se identifiquem com as abordagens feitas pelas doutrinas aplicadas nesse trabalho, pois de responsabilidade da sociedade zelar pelos direitos das crianas e dos adolescentes.Este trabalho acadmico relevante por contribuir socialmente com a informao e divulgao do rgo Conselho Tutelar, focado diretamente para comunidade. O Conselho Tutelar vem realizando um trabalho de grande abrangncia social, mas conta com algumas deficincias no momento do seu processo seletivo.Um estudo sobre esse rgo autnomo que o Conselho Tutelar tem sua importncia, pois abarca o futuro de uma nao no tocante da proteo das Crianas e dos Adolescentes em situao de risco, tanto domstico quanto social. Sua atividade merece ter uma relevncia mais extensiva em suas atividades sendo pelos veculos de comunicao - no apenas em perodos de candidatura e eleio dos futuros conselheiros - consolidando, dessa forma, sua atuao e imagem junto s famlias brasileiras.1 DEFINIO DO CONSELHO TUTELARCom o intuito de cumprir as diretrizes estabelecidas no artigo 227 da Constituio Brasileira de 1988, foi criado o Conselho Tutelar rgo permanente e autnomo, no jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos das crianas e dos adolescentes em seu artigo 131 da Lei Federal 8069/90. O Conselho Tutelar exerce, sem dvida, uma poltica de atendimento voltada criana e ao adolescente, para fins especficos, em face de sua natureza, de sua funo equiparada a de um servidor pblico, mas no vinculado ao regime estatutrio ou celetista. As leis municipais estabelecero os direitos sociais dos conselheiros a exemplo de frias, licenas - maternidade e paternidade, enfim, direitos assegurados com fulcro na Constituio Federal de 1988.[1]1.1 DISPOSIES GERAISO Conselho Tutelar tornou-se uma das primeiras instituies da democracia representativa, ou seja, um rgo garantista da exigibilidade dos direitos assegurados nas normas internacionais, na Constituio e nas leis voltadas populao infanto-juvenil.[2]Roberto Joo Elias entende que o Conselho Tutelar, por excelncia, o rgo que vai representar a sociedade, uma vez que seus membros so por ela escolhidos para atribuies relevantes perante todos os membros da sociedade, mas principalmente para as crianas e adolescentes.[3]O artigo 131 do Estatuto da Criana e do Adolescente traz na sua essncia que oConselho Tutelar rgo permanente e autnomo, no jurisdicional, encarregado pela sociedade por zelar pelo cumprimento dos direitos da criana e do adolescente, definidos nesta lei.[4]1.2 CARACTERSTICAS DO CONSELHO TUTELARAtravs das caractersticas iremos estudar a posio doutrinria de diversos autores que tratam da matria no critrio especfico de ser autnomo, permanente e no jurisdicional.Neste prisma, encontra-se a lio de Munir Cury:Ser permanente significa ser contnio, duradouro, ininterrupto. No acidental, temporrio, eventual mais essencial e indispensvel ao organismo social. Comparando com o organismo humano, no h de ser como um dente que pode ser extrado e substitudo, e sim como um crebro, sem o qual no se sobrevive.[5]Afirma ainda neste sentido o autor Roberto Joo Elias que entende que esse rgo autnomo, no comprometido com quer que seja e, portanto, apto a cumprir com independncia a sua funo, sempre com vistas aos princpios norteadores do Estatuto da Criana e dos Adolescentes, a comear pela proteo integral.[6]Quanto a ser um rgo no jurisdicional, no cabe ao Conselho Tutelar a funo de aplicar sano punitiva. Ele ir proteger e se encarregar de encaminhar crianas e adolescentes que no estejam sendo atendidos em seus direitos fundamentais a programas comunitrios que supram as falhas de atendimento desses direitos.[7]Manifesta-se Roberto Joo Elias sobre o tema pelo fato de no estar sujeito autoridade judiciria, por no ser jurisdicional, devendo, contudo, atacar suas decises. Na verdade, deve atuar com independncia, mas em harmonia com o Juiz da Infncia e da Juventude e com o Ministrio Pblico, visando sempre manter bom relacionamento entre as partes envolvidas na defesa dos direitos da criana e adolescente.[8]Entretanto, o Conselho Tutelar, mesmo no sendo revestido de poder jurisdicional, ele poder encaminhar ao Ministrio Pblico, notcia de fato que constitua infrao administrativa ou penal contra as crianas ou adolescentes e ter como funo fiscalizar as entidades de atendimento. Caso seja necessrio diante dos fatos analisados nestes locais de atendimentos, o Conselho Tutelar poder iniciar procedimentos judiciais visando apurar irregularidades nestas determinadas entidades, visando dar a devida valorao aos direitos da criana e do adolescente.[9]Ademais, trata-se de um espao legtimo da comunidade, que atravs de seus representantes, visando atender as suas crianas e adolescentes e famlias com o intuito de zelar pelo cumprimento dos seus direitos. O Conselho Tutelar poder e dever utilizar-se de todos os instrumentos jurdicos que se acham disposio em nosso ordenamento jurdico, assumindo assim, as funes anteriormente exercidas pela justia da infncia e da juventude, relacionadas com os aspectos sociais.[10]Aps vinte e um anos da existncia do Conselho Tutelar, no se pode pensar em um retrocesso, pois o pas sendo composto pela Unio, Estados e municpios, abarca diversas problemticas em todos os rgos da administrao pblica. No entanto, por sessenta anos o Brasil tevejuzes de menoresque eram autorizados por lei a exercer arbitrariamente suas funes. Essa lei era o antigo e agora revogadoCdigo de Menoresque no seu artigo quinto dava poderes excessivos ao juiz no qual dizia que o juiz agiria segundoo seu prudente arbtrio, sendo assim,as dificuldades enfrentadas no cotidiano do Conselho Tutelar so de nossa responsabilidade enquanto cidados dotados de direitos contribuirmos para que sejam erradicadas do sistema hoje usado, visando dar uma contribuio significativa na problemtica vivida que de responsabilidade de toda a sociedade, famlia, estado e municpio.[11]Conforme o pensamento do educador Edson Sda, o Conselho Tutelar no uma pessoa jurdica de direito pblico, por isso no tem autonomia de pessoa jurdica, pois exerce uma funo de competncia local que lhe foi delegada atravs de lei municipal. Entretanto, no se confunde com as funes dos demais rgos da administrao, pois o Conselho Tutelar prprio para executar as funes estabelecidas na lei 8069/90 e lei subsidiria municipal que completa sua competncia. Uma vez criado o Conselho Tutelar dentro de determinado municpio respeitando os artigos, 227, 7[12], artigo 204, I[13], e artigo 30, II[14], ambos da CF/88, este no poder ser extinto, pois passa a integrar definitivamente a estrutura municipal. Desta forma, por ser um rgo no jurisdicional, entende-se por no se submeter ao Poder Judicirio to pouco ao Poder Legislativo, mas se vincula ao Poder Executivo da esfera administrativa municipal.[15]Existe uma explicao para que se diga que o Conselho Tutelar no se subordine ao poder Judicirio, pois por muitos anos perdurou em nosso pas o juizado de menores que tratavam da matria e estabeleciam a parte com a denominao de o menor. Nessa esteira, no lhes eram dados os seus devidos direitos e respeito como pessoas, cidados dotados de direitos, assim foram tratados nesse perodo as crianas e os adolescentes. O revogado Cdigo de Menores no seu artigo 8, da lei 6697/79 oportunizar poderes arbitrrios ao juiz (dizia que o juiz agiria segundo o seu prudente arbtrio).[16]Conforme o pensamento e entendimento de Michel Foucualt, o mesmo afirmava que o afrouxamento da severidade penal no decorrer dos ltimos sculos um fenmeno bem conhecido dos historiadores do direito. Entretanto, foi visto, durante muito tempo, de forma geral, como se fosse fenmeno quantitativo: menos sofrimento, mais suavidade, mais respeito e humanidade.[17]Transcorrido sculos,houve a vitria da democracia participativa que elencou na Constituio Federal de 1988 no seu artigo 227, a garantia constitucional da proteo criana e ao adolescente.O artigo 277 ensina que: dever da famlia, da sociedade e do Estado assegurar criana, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito vida, sade profissionalizao, cultura, dignidade, ao respeito, liberdade e convivncia familiar e comunitria, alm de coloc-los a salvo de toda forma de negligncia, discriminao, explorao, violncia, crueldade e presso.[18]Segundo Milano e Milano Filho, o texto constitucional abraou definitivamente a proteo integral perante a criana e ao adolescente, ficando estabelecido que seja primordial zelar pelos direitos estabelecidos neste artigo, sendo ento respeitado o princpio da proteo integral, e conseqentemente ganha efetividade. No entanto, o Conselho Tutelar um espao legtimo da comunidade, assumindo as funes exercidas anteriormente pela justia da Infncia e da Juventude, relacionadas aos aspectos sociais, pois ser a lei municipal que ir dispor sobre os locais onde haver a atuao do Conselho Tutelar, arbitrando dia e horrio de funcionamento e remunerao dos seus membros.[19]O renomado autor Munir Cury enfatiza em sua obra que o Conselho Tutelar no apenas uma experincia, mas sim uma imposio constitucional decorrente da forma de associao poltica adotada, que a Democracia participativa. Todo o seu poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos, nos termos desta Constituio, e no mais a Democracia meramente representativa de Constituies anteriores.[20]Tnia Pereira destaca ainda que o Conselho Tutelar seja reconhecido como rgo colegiado, ou seja, uma entidade de deliberao coletiva no exclui a hiptese do atendimento individual pelo conselheiro tutelar s crianas, aos jovens e suas famlias. Entretanto, para decidir pela aplicao de qualquer medida de sua restrita competncia, ele atuar como rgo colegiado em suas atribuies, no agindo de forma una.[21]1.3 ESCOLHA E IMPEDIMENTOS DOS CONSELHEIROSMilano e Milano Filho, afirmam que o artigo 139 da lei 8069/90, em texto originrio, previa o processo eleitoral para a escolha, estabelecido em lei municipal e realizado sob a presidncia de juiz eleitoral em conjunto da participao efetiva do Ministrio Pblico, mas que to logo houve uma mudana visando melhorar e tornar-lo, compatvel com a leitura do artigo 22, I e artigo 121 da Carta Magna, tanto que em 12 de outubro de 1991, foi promulgada a Lei n 8242, onde foi criado o Conselho Nacional dos direitos da Criana e do Adolescente (CONANDA), modificando a leitura dos artigos 132, 139 e 260 do Estatuto, prevendo desde ento que a escolha dos conselheiros tutelares fosse estabelecida por lei municipal e realizada sob a responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criana e do Adolescentes.[22]Munir Cury ressalta no ser necessrio e, possivelmente, no ser vivel que a lei municipal estabelea a obrigatoriedade do voto, porm a escolha pode ser indireta, desde que realmente representativa da comunidade local, podendo ser exigido s condies para registro prvio dos candidatos.[23]Portanto, a Lei Federal 8069/90, absorve a obrigao de proteger e dar regramentos especficos no que foi estabelecido pela Constituio e pelo Estatuto da Criana e do Adolescente dando legitimidade para todos os atos oriundos de suas atribuies.[24]Os autores Cury, Garrido e Marura, ressaltam que a lei poder ter como critrio o nmero de zonas eleitorais existentes no municpio, podendo a cada zona corresponder a um Conselho Tutelar, ou um Conselho para duas ou mais zonas, consoante s necessidades locais. Assim, o Conselho Tutelar tem como caracterstica principal de zelar pelos direitos da Criana e do Adolescente, atravs da representao dos seus conselheiros escolhidos pela sociedade, sendo este feito pelo pleito que os elegem em seus municpios.[25]Contudo, cada microrregio, ou seja, reas onde foram criados Conselhos Tutelares, zonas eleitorais do Conselho Tutelar sua atuao agindo semelhantemente como o sistema judicirio, pois quando provocado age em conformidade com a lei, no momento que determinada microrregio recebe uma denncia, desencadeia todo um processo administrativo fazendo de modo sistmico e investigativo, com o intuito de avaliar se de fato h uma violao de direitos diante a criana e ao adolescente. As microrregies so locais onde atuam os Conselhos Tutelares, sendo que cada microrregio ser composta por 05 (cinco) conselheiros, determinando o seu local de atuao pelo Conselho Municipal ou Estadual da Criana e do Adolescente, sendo estes escolhidos pela comunidade local, para mandato de 03 (trs) anos, permitida uma reconduo conforme o artigo 132[26], da Lei 8069/90.[27]Assevera neste sentido a jurisprudncia:APELAO CVEL. MANDADO DE SEGURANA. DIREITO ADMINISTRATIVO. MUNICPIO DE IBIRUB. CONSELHEIRO TUTELAR. LEI N 8.069/90. CANDIDATURA. RECONDUO. SUPLENTE. O Estatuto da Criana e do Adolescente estabelece que o Conselho Tutelar compor-se- de cinco membros, para mandato de trs anos, autorizado expressamente apenas uma reconduo, desimportando se a pessoa investida no cargo o tenha assumido por vacncia ou substituio. Exercendo o membro suplente o cargo de Conselheiro Tutelar, e sobrevindo a sua reconduo para o mandato subseqente, encontra impedimento legal a homologao da sua candidatura ao pleito eleitoral seguinte. Aplicao do artigo 132, da Lei Federal n 8.069/1990. Precedentes jurisprudenciais. RECURSO DESPROVIDO. (Apelao Cvel N 70042093005, Terceira Cmara Cvel, Tribunal de Justia do RS, Relator: Rogerio Gesta Leal, Julgado em 04/08/2011).[28]Tnia Pereira, explica que as principais linhas de aes e poltica de atendimento do Conselho Tutelar foram estabelecidas no artigo 87 do Estatuto da Criana e do Adolescente (ECA), as quais vejam:a) Polticas sociais bsicas;b) Polticas e programas de assistncia social, em carter supletivo, para aqueles que deles necessitem;c) Servios especiais de preveno e atendimento mdico e psicossocial s vtimas de negligncia, maus-tratos, explorao, abuso, crueldade e opresso;d) Servio de identificao e localizao dos pais, responsvel, crianas e adolescentes desaparecidos;e) Proteo jurdica social por entidades de defesa aos direitos da criana e do adolescente.[29]Ademais, a psicloga Maria Geci, relata que viveu uma experincia, na qual participou de um grupo de profissionais criado em 1994 no municpio de Porto Alegre/ RS, atravs da Secretaria do Governo Municipal no III Seminrio dos Conselhos Tutelares de Porto Alegre, no qual se reuniram um grupo de profissionais das reas da Medicina, Psicologia, Servio Social, Direito e Sociologia para agregar seus conhecimentos. A partir deste Seminrio, este grupo veio a dar suporte aos trabalhos dos Conselhos Tutelares, com o intuito de auxiliar na forma de capacitao e na maneira de transmitir seus conhecimentos especficos, visando dar um melhor atendimento a quem necessitasse. Com essas caractersticas e atribuies o Conselho Tutelar se torna um rgo permanente, pela especificidade de atuar em uma rea que necessita de pessoas qualificadas e envolvidas diretamente com a causa, buscando dar suporte para aqueles que realmente precisam.[30]No decorrer deste perodo afirma psicloga, que houve uma melhor resposta nas demandas enfrentadas pelos conselheiros, pois conseguiram de fato dar um suporte e respostas de imediato nos atendimentos que participavam, atravs destes mecanismos de auxlio s microrregies houve de fato uma atuao coletiva da sociedade vinculando reas tcnicas, buscando dar prioridade e qualidade nos atendimentos das demandas cotidianas do rgo Conselho Tutelar. A caracterstica de zelar pelos direitos da criana e do adolescente prevaleceu com essa aproximao tcnica, pois so essas atitudes coletivas que buscam qualificar seus servios, fazendo com que o artigo constitucional 227, fosse aplicado de forma efetiva e solidria.[31]De acordo com Elizabeth Masera o Conselho Tutelar tem o seguinte objetivo:O Conselho Tutelar tem o papel de cobrar dos devedores que assumam as suas responsabilidades, agindo ele perante a famlia atravs da aplicao de medidas e dos encaminhamentos e tencionando as estruturas sociais as polticas pblicas para a promoo e a garantia dos direitos das crianas e adolescentes, atravs da criao, do esforo e da melhoria dos servios e programas de atendimento, podendo, para tanto, utilizar-se de aes do Ministrio pblico e das representaes judiciais.[32]1.4 ATRIBUIES E FINALIDADE DO CONSELHO TUTELARA Lei 8069/90 tratou no captulo II, das atribuies do Conselho Tutelar, vinculando sua finalidade como rgo protetor dos direitos das Crianas e dos Adolescentes.O artigo 136 do Estatuto estabeleceu no rol dos seus incisos o carter de escutar, orientar, aconselhar e dar encaminhamento. Os conselheiros e seus assessores, quando procurados iro recepcionar as denncias e reclamaes aplicando no caso em concreto o segmento correto da demanda proposta, pois neste momento sero de suma importncia o estudo, o preparo e o conhecimento nas atitudes que o Conselho Tutelar ir tomar no determinado caso.[33]Andr Kaminski assevera ainda, sobre as atribuies do Conselho Tutelar:O Conselho Tutelar no um pronto-socorro, mas aquele que cobra, pela utilizao de medidas administrativas e promoes judiciais, as responsabilidades de existncia e da disponibilidade dos pronto-socorros necessrios para assegurar com absoluta prioridade o atendimento dos direitos das crianas e dos adolescentes como previsto no Estatuto.[34]Cabe ressaltar que a problemtica enfrentada quando tratamos deste assunto primeiramente de responsabilidade dos pais e responsveis por buscar no seu ncleo essa ajuda, esgotando todas as possibilidades internas para resoluo do problema. Os pais e responsveis pelas crianas e adolescentes possuem como dever garantir os direitos que lhe foram delegados, no ferindo o direito alheio.No entanto, ocorrendo descaso ao zelo da criana e ao adolescente caber ao Conselho Tutelar agir de modo interventivo imputando as responsabilidades de quem h detm. Portanto, no adotar a sua posio irresponsabilidade tendo como resposta as medidas tomadas pelo Conselho Tutelar estabelecidas no artigo 136, III, a, b, IV, V, VI, VII, VIII, IX, X, XI e nico do Estatuto da Criana e do Adolescente, conforme segue abaixo:a. Atender crianas adolescentes quando ameaados e violados em seus direitos e aplicar, quando necessrio, medidas de proteo.b. Atender e aconselhar seus pais ou responsvel, nos casos em que crianas e adolescentes so ameaados ou violados em seus direitos e aplicar, quando necessrio, aos pais medidas pertinentes previstas no Estatuto;c. Promover a execuo de suas decises, podendo requisitar servios pblicos e entrar na justia quando algum, injustificadamente, descumprir suas decises;d. Levar ao conhecimento do Ministrio Pblico fato que o Estatuto tenha como infrao administrativa ou penal;e. Encaminhar justia os casos que a ela so pertinentes;f. Tomar providncias para que sejam cumpridas as medidas de proteo (Excludas as scio-educativas) aplicadas pela justia a adolescentes julgados segundo o devido processo legal, com direito a defesa e ao final sentenciado como infratores;g. Expedir notificaes em caso de sua competncia;h. Requisitar certides de nascimento e de bito de crianas e adolescentes, quando necessrio;i. Assessorar o Poder Executivo local na elaborao de proposta oramentria para planos e programas de atendimento dos direitos da criana e do adolescente;j. Entrar na justia, em nome das pessoas e das famlias, para que estas se defendam de programas de rdio e televiso que contrariem princpios constitucionais, bem como de propaganda de produtos, prticas e servios que possam ser nocivos sade e ao meio ambiente;l. Levar ao Ministrio Pblico casos que demandam aes judiciais de perda ou suspenso do ptrio poder;m. Nos casos que atendem, se necessrio, a seu critrio, fiscalizar as entidades governamentais e no-governamentais que executem programas de proteo e scio-educativo.[35]H de se destacar que, enquanto no forem instalados os Conselhos, nos termos do art. 262, as atribuies que lhe so conferidas sero realizadas pelo Juiz da Infncia e da Juventude.[36]O atendimento de que se trata o inciso I, refere-se a situaes de risco, e tambm, ao ato infracional, praticado pela criana. Assim, Tnia Pereira relata sobre este tema afirmando que a possibilidade do Conselho Tutelar impor as medidas especficas de proteo s crianas e aos jovens elencadas no art. 98[37], ECA e s crianas que praticaram ato infracional, com exceo da colocao em famlia substituta, que da competncia exclusiva da autoridade judicial.[38]Neste sentido, vejamos o entendimento do Tribunal de Justia do Rio Grande do Sul:APELAO CVEL. ECA. MEDIDA DE PROTEO. POSSIBILIDADE DE APLICAO PELOCONSELHOTUTELARE/OU PELO MINISTRIO PBLICO. AsatribuiesdoConselhoTutelarno excluem a apreciao da situao irregular dos menores do Judicirio nem mesmo tira a legitimidade do Ministrio Pblico para interpor a presente ao. APELO PROVIDO. SENTENA DESCONSTITUDA. (Apelao Cvel N 70035051846, Oitava Cmara Cvel, Tribunal de Justia do RS, Relator: Claudir Fidelis Faccenda, Julgado em 08/04/2010).[39]A respeito do ato infracional quando praticado por adolescente, aplicam-se medidas scio-educativas, sendo aplicadas pela autoridade judiciria.[40]Ainda, Munir Cury acrescenta que o Conselho Tutelar recebe o encargo de atender crianas e adolescentes que estejam em situao de risco pessoal e social, em razo dos seus direitos terem sido ameaados ou violados por ao ou omisso da sociedade ou do Estado.[41]No que tange ao inciso II, enfatizamos que muitas vezes os problemas que envolvem as crianas e adolescentes so decorrentes dos atritos e dificuldades com os pais. Assim caber ao Conselho Tutelar ajudar e orient-los.[42]Munir Cury afirma que a atribuio do Conselho Tutela de realizar um trabalho educativo de atendimento, ajuda e aconselhamento aos pais ou responsvel, a fim de superarem as dificuldades materiais, morais e psicolgicas em que eles se encontram, de forma a propiciar um ambiente saudvel para as crianas e adolescentes que devem permanecer com eles.[43]Considerando que a famlia mora no municpio, dele, em princpio, o desenvolvimento de programa oficial ou comunitrio de proteo famlia, visando sempre permanncia dos filhos com os pais.[44]Outrossim, o Conselho Tutelar, poder aplicar, em relao aos pais ou responsvel, as medidas de assistncia, como por exemplo, incluso em programa oficial ou comunitrio de auxlio e orientao a alcolatras e toxicmanos; encaminhamento e tratamento psicolgico ou psiquitrico, bem como encaminhamento a cursos e programas de orientao.[45]Refere-se o inciso III, que para se possa promover a execuo de suas decises permitido ao Conselho Tutelar requisitar servios em vrias reas, tendo como objetivo de fazer valer os direitos concedidos s crianas e aos adolescentes.[46]Munir Cury destaca que o Estatuto utiliza o verbo requisitar, o que detona que a autoridade do Conselho Tutelar est aplicando o seu empenho funcional, cabendo s autoridades pblicas, executar os servios que esto sendo exigidos.[47]Cumpre ressaltar que as medidas de perda de guarda, destituio da tutela e suspenso ou destituio do Ptrio-Poder so da competncia exclusiva do juiz, com fulcro no artigo 148, pargrafo nico, letrasaeb,ECA, bem como afirma Munir Cury que cabe ao Conselho Tutelar promover a execuo das suas decises, podendo para tanto, tomarem diversas providencias, como requisitar servios pblicos nas reas da sade, educao, servio social, previdncia, trabalho e segurana para que as crianas e os adolescentes tenham seus direitos sociais garantidos.[48]Roberto Joo Elias argumenta sobre o inciso IV e V:A atribuio do inc. IV pode ser feita por qualquer um, tem um carter de obrigatoriedade e no pode deixar de ser cumprida, sob pena de responsabilidade do prprio Conselho. Se verdade que este no pode ser impedido de cumprir suas funes, tambm verdade que no pode permanecer numa atitude passiva; obrigado a tomar providncias.[49]Nesta esteira, Munir Cury enfatiza sobre o inciso IV, o qual est consubstanciado o grau de responsabilidade do Conselho Tutelar na defesa dos direitos da criana e do adolescente, sendo assegurados pelo Estatuto, pois o Conselho tendo conhecimento de informaes da existncia de infrao administrativa ou penal contra criana ou adolescente deve informar ao Ministrio Pblico, para providncias cabveis.[50]O inciso V trata dos encaminhamentos pelo Conselho Tutelar de casos, cuja competncia de autoridade judiciria. Portanto, casos que envolvem questes litigiosas, contraditrias e contenciosas, como pedido de guarda, tutela, adoo, dentre outros, devero ser encaminhados autoridade judiciria, a fim de que ela busque a melhor soluo.[51]No inciso VI, refere possibilidade do Conselho Tutelar aplicar as medidas especificas de proteo. No sendo de sua competncia a aplicao de medidas socioeducativas aos maiores de 12 anos.[52]Conforme o que dispe o inciso VI, o Conselho Tutelar dever providenciar o cumprimento da medida ordenada pela autoridade judiciria dentre as previstas no art. 101, I ao VI, para o adolescente praticante de ato infracional, crime ou contraveno.[53]Roberto Joo Elias acrescenta que a providncia deve ser em harmonia com a deciso do Juiz da Infncia e da Juventude.[54]Munir Cury esclarece que a atribuio de expedir notificao tem como objetivo dar cincia aos interessados das suas determinaes ou de qualquer ato de seu oficio, para que sejam cumpridos.[55]Edson Seda acrescenta, ainda, sobre a notificao que o Conselho Tutelar adota por poder se referir a atos ou fatos passados ou futuros, segundo se refiram a situaes ocorridas ou a ocorrer que geram conseqncias jurdicas emanadas do Estatuto da Constituio ou outras legislaes.[56]Neste sentido, esclarece Roberto Joo Elias:A expedio de notificaes, ao que nos parece, deve ser no s com relao aos pais e responsveis, para que apresentem seus filhos ou tutelados, para serem ouvidos, mas, tambm, em certos casos, s entidades que atendem menores, na cobrana de alguma providncia com respeito a menores, por fora de medidas que foram aplicadas. Percebe-se, claramente, que o legislador quis daro Conselho foras para que realmente possa atuar em prol da criana e do adolescente. Cabe aos seus membros, com sabedoria, utilizar aquilo que lhes confere o Estatuto, sempre em proveito nico do menor, sujeito prevalecente de direitos.[57]Quanto ao inciso VIII Munir Cury, enfatiza que o Conselho Tutelar tem a atribuio de requisitar, quando necessrio s certides necessrias, em razo de facilitar o desempenho de atribuies em defesa dos interesses da criana e do adolescente, assim como fazer valer o direito fundamental do indivduo, sendo este um direito no muito respeitado no nosso Pas.[58]Ademais, as requisies de que trata o inciso VIII devem ser feitas diretamente aos Cartrios de Registro Civil da localidade, que devero atend-las de imediato, sob pena de responsabilidade.[59]Outrossim, Milano e Milano Filho, destaca que uma vez requisitadas as certides devero ser encaminhadas autoridade judicial para as medidas necessrias ou providencias e devidos encaminhamentos, no se podendo arquiv-las.[60]Sobre o assessoramento de que se trata o inciso IX, Munir Cury fundamenta que assessorar o Poder Executivo local, refere-se para que o Conselho Tutelar participe da administrao do Municpio, orientando o Poder Executivo local, objetivando destinar um percentual de recursos na proposta oramentria, para que cumpram planos e programas, no nvel Municipal, que venham a atender aos direitos da criana e dos adolescentes.[61]Tnia Pereira destaca a idia do educador Edson Sed, de que o poder Executivo deve se assessorar dos Conselhos Tutelares, os quais, recebendo reclamaes e denncias sobre a no-oferta ou a oferta irregular de servios pblicos obrigatrios, tm condies de informar ao Executivo onde o desvio entre os fatos e a norma vem ocorrendo com freqncia. Para a correo desses desvios, a primeira providncia reservar recursos para que os servios pblicos possam funcionar segundo o princpio da prioridade absoluta.[62]Ainda, Munir Cury relata ser importante, porque ningum melhor que o Conselho Tutelar para assessorar o Poder Executivo local na rea relacionada com a criana e o adolescente, pois, por ser o representante da comunidade, ele que realmente sabe das necessidades e dificuldades das crianas e adolescentes que vivem em seu seio, devendo propor o Poder local a consecuo de recursos necessrios e a definio de programas que devem ser priorizados para resolver os problemas advindos da marginalizao da criana e do adolescente no Municpio.[63]Roberto Joo Elias afirma sobre o preceito constitucional, no caso do inciso X, tem o entendimento de estabelecer meios legais que garantam pessoa e famlia a possibilidade de se defenderem de programas e de programaes de emissoras de rdio e televiso que contrariam o disposto no artigo 221, bem como da propaganda de produtos, prticas e servios que possam ser nocivos sade e ao meio ambiente.[64]Munir Cury explica ainda:Que o inciso X dedica-se funo de peticionar ao Ministrio Pblico, em nome da pessoa e da famlia, para que aquele rgo tome providncias legais contra a violao dos direitos da criana e do adolescente praticada em programas veiculados pelos meios de comunicao.[65]Finalmente no inciso XI, o Conselho tem uma atribuio com conotao de obrigao, qual seja a de representar ao Ministrio Pblico, para efeito de aes de perda ou suspenso do Ptrio Poder.[66]Afirma Munir Cury que est atribuio objetiva-se em representar ao Ministrio Pblico contra os pais que castigarem imoderadamente seu filho, que o deixarem em abandono, que praticarem atos contrrios moral e aos bons costumes e descumprirem injustamente os deveres e as obrigaes de guarda, bem como sustento e educao da criana.[67]Cabe ressaltar que todas as medidas tomadas pelo Conselho Tutelar embasada no artigo 136, no so taxativas, podendo surgir outras solues sempre no melhor interesse da criana e do adolescente.[68]Ademais, sobre as atribuies Munir Cury, enfatiza que as atribuies no se exauriram, cabendo-lhe, ainda, a incumbncia de fiscalizar as entidades governamentais responsveis pelo atendimento criana e ao adolescente, como as entidades de abrigo e internatos, estabelecimentos judiciais, delegacias especializadas e generalizadas, e outras.[69]Tomada deciso coletiva de qualquer medida elencada pelo artigo supra, s podero ser revistas pela autoridade judiciria a pedido de quem tenha legtimo interesse, segundo o artigo 137 da Lei 8069/90.[70]Jud Jess fundamenta sua posio sobre o assunto:Exercendo uma parcela de poder (no jurisdicional), o Conselho Tutelar tem autoridade para promover a execuo de suas prprias decises, requisitando servios pblicos, na rea das polticas sociais bsicas, ou representando ao juiz em caso de injustificada desobedincia; para expandir notificaes e para requisitar certides de nascimento e de bito de criana ou de adolescente, quando necessrio.[71]Outrossim, Munir Cury, explica que se reconhece a necessria independncia que o Conselho Tutelar deve possuir para desempenhar suas atribuies e tomar decises justas e democrticas, sem injunes de qualquer ordem, salvo autoridade judiciria, e mesmo assim para atender a pedido de quem tenha legtimo interesse.[72]A interpretao que feita na leitura dos artigos supra citados, elegem este rgo como o ponto de partida para trazer a harmonia entre todas as pessoas envolvidas, sendo estes os pais e responsveis, crianas e adolescentes visando prioritariamente pela assistncia necessria resoluo da problemtica hora apresentada.Entretanto, existe uma grande dificuldade de prestar esse atendimento, para que o Conselho Tutelar possa atingir sua finalidade, pois esse procedimento administrativo depende de diversos fatores cumulativos que iro trazer eficcia na concluso de cada caso.1.5 NATUREZA JURDICABaseado no pensamento de Liberati, quando houve a extino do Cdigo de Menores (Lei 6.697/79), que abarcava verdadeiras sanes, ou seja, penas disfaradas em medidas de proteo, o qual no trazia nenhuma medida de apoio famlia, pois visava tratar da situao irregular da criana e do jovem, que, na verdade, eram seres privados de seus direitos. Na verdade, em situao irregular est a famlia, que no tem estrutura e que abandona a criana e o adolescente; sendo estes os pais que no agem de acordo com as leis vigentes; o estado que no cumprem suas polticas e necessidades bsicas nunca remetendo a responsabilidade criana ou o jovem.[73]Como j citado anteriormente, o artigo 227 da Constituio Federal de 1988, assegurou os direitos fundamentais das crianas e dos adolescentes no os discriminando por classe social, raa, credo ou crena, exceto a criana indgena que tem legislao especial para tratar da determinada matria. Desta feita, o Conselho Tutelar recebeu originariamente sua forma atravs da lei 8069/90, momento em que houve uma mudana significante perante o Direito Infanto- juvenil, sendo adotada a doutrina da proteo integral, baseada nos direitos prprios e especiais das crianas e dos adolescentes, pois esto em plena fase de desenvolvimento da sua personalidade, necessitando de amparo legal e social para lhe darem subsdios para uma boa formao como pessoa.[74]Todavia, o Conselho Tutelar traz consigo o princpio da descentralizao poltico administrativo estabelecido pelo artigo 204, I, CF/88, elegendo os estados e municpios a tratarem de determinadas matrias que tem sua especificidade local, dando assim, a viabilidade de agir diante dos problemas locais daquela sociedade.[75]Assim o artigo 204, I, dispe:As aes governamentais na rea da assistncia social sero realizadas com recursos do oramento da seguridade social, previstos no artigo 195, alm de outras fontes, e organizadas com base nas seguintes diretrizes.I descentralizao poltico - administrativa, cabendo a coordenao e as normas gerais esfera federal e a coordenao e a execuo dos respectivos programas s esferas estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistncia social.[76]Nesta esfera Wilson Donizeti Liberati entende que a importncia da municipalizao decorre de problemas enfrentados no dia-a-dia, ocorrendo sempre numa rea fsica e geogrfica, onde as pessoas esto concretamente prximas umas das outras e onde a soluo dos problemas locais tem reflexos diretos nos seus membros. Assim buscar respostas e solues dentro de uma mesma comunidade, com participaes de pessoas que vivenciam a realidade diariamente resulta em maior eficincia e eficcia que a antiga verticalizao adotada pelos rgos do Governo Federal, de forma Centralizada.[77]Wilson Liberati ensina que atravs de disposio de lei municipal sero estabelecidas as diretrizes do atendimento infanto-juvenil que devero verificar as necessidades bsicas, levando em conta os aspectos demogrficos, geogrficos, culturais e econmicos da regio. No entanto essa mesma lei definir a poltica de atendimento da criana e do adolescente, que tambm criar o Conselho Municipal dos Direitos da Criana e do Adolescente, o Fundo Municipal dos Direitos da Criana e do Adolescente e o Conselho Tutelar que preteritamente obedecer aos artigos constitucionais e Lei Federal vigente.[78]Segundo o entendimento de Edson Sda, cada municpio suplementar a legislao federal e estadual, organizando um servio pblico local com carter essencial no campo da proteo infncia e juventude, sendo previamente comunicado o Poder Executivo local, por criar despesas ao municpio. O Estatuto apenas um conjunto de normas gerais, que devem ser complementadas localmente, segundo as atribuies agora descentralizadas prprias dos municpios, por regras de condutas locais que organizam servios, regulamentos e resolues, tudo segundo as regras do Direito Administrativo atualizado pelos princpios Constitucionais de 1988.[79]Tendo como contraponto, caso haja a possibilidade de no haver a aceitao da criao do rgo Conselho Tutelar em determinado municpio, mantendo uma metodologia retrgrada de um direito liquido e certo positivado na Constituio Federal e a lei vigente, haver de ter uma segunda opo para dar atendimento s crianas e aos adolescentes. Portanto, pensando nessa negativa de aceitao para criao do Conselho Tutelar, Milano e Milano Filho, assim entendem por outro prisma:Inexistindo Conselho Tutelar no municpio, defendemos a criao, para fins limitados, de um Conselho Comunitrio, formado por membros voluntrios e de reputao ilibada, sob a fiscalizao do Juizado da Infncia e Juventude, cujas funes possam coincidir com as do prprio Conselho Tutelar, mas que essencialmente tenha a prioridade exercer atividade ligada prpria criao do Conselho Tutelar, fazendo sugestes, projetos e participando da vida comunitria ligada infncia e juventude, passando com maior experincia os problemas do dia a dia que envolvem a comunidade local.[80] de grande valia a defesa dos autores citados acima, o que no podemos deixar de esclarecer que se trata to somente de uma segunda posio doutrinria, pois o artigo 262 da Lei 8069/90 traz a seguinte redao:Enquanto no instalados os Conselhos Tutelares, as atribuies a eles conferidas sero exercidas pela autoridade judiciria.[81]Atualmente pblico e notrio que a criao dos Conselhos Tutelares transformou-se em agregados dos partidos polticos, lamentavelmente deixam de priorizar e zelar pelos direitos das crianas e dos adolescentes e buscam dentro deste rgo conquistas pessoais, gerando o descaso que nos recai aos olhos. Essa classe poltica que dominou as microrregies do municpio de Porto Alegre, tem como pressuposto colocar o maior nmero de filiados partidrios no ncleo dos Conselhos Tutelares, como incita o Partido dos Trabalhadores em sua pgina eletrnica:PT quer qualificar processo eleitoral do Conselho TutelarPorto Alegre ter novas eleies neste ano. Desta vez, os porto-alegrenses sero convocados a escolher, no prximo dia 27 de maro, os 50 conselheiros tutelares do municpio. O Partido dos Trabalhadores, de acordo com Airton Alminhana, Secretrio de Assuntos Institucionais do PT no municpio, est engajado na campanha e busca qualificar e ampliar o nmero de conselheiros ligados ao partido.[82]Seguindo por essa linha de pensamento referente ao potencial econmico, administrativos e organizacionais que os partidos polticos tem, deixam o Conselho Tutelar vulnervel no seu desempenho de suas funes.De acordo com Andr Kaminski:A primeira situao que levantamos a que se refere vinculao do conselheiro a interesses estranhos queles especficos e relativos ao papel destinado ao Conselho Tutelar. Comprometido com outros interesses, por exemplo, poltico-partidrios, econmicos ou de simples manuteno da dominao de interesses e de seu poder intervencionista -, temos que o conselheiro tem parte de sua autonomia atingida.[83]Argumenta Edson Sda, que a natureza jurdica para qual foi destinado o Conselho Tutelar perde plenamente sua efetividade como rgo garantidor dos direitos da criana e do adolescente, deixando de cumprir seus objetivos a que se destina. Segundo dispuser a lei municipal, as candidaturas podem ser individualmente apresentadas ou por chapas. Elas no tm e no devem ter nada a ver com partidos polticos. No so candidaturas partidrias. Os candidatos se oferecem para exercer uma funotcnica, no poltica. Tcnica, porque os conselheiros trabalharo oito horas dirias buscando fins especficos para resolver problemas de pessoas, aplicando medidas que devem ser tecnicamente adequadas a cada caso e requisitando servios tambm tecnicamente aptos a resolver problemas concretos.[84]2 ESTRUTURA FUNCIONAL E COMPOSIOCom fulcro no artigo 134 da Lei Federal 8069/90, mostra de forma literal que delegou lei municipal estabelecer critrios e requisitos especficos com a finalidade de que sejam obedecidos os regramentos dados no tocante da organizao locais, dias de funcionamento, horrios de funcionamento e quanto a sua remunerao, ajustando de forma discricionria da esfera federal as necessidades especficas de cada municpio, no qual, constar na lei oramentria municipal a previso anual dos gastos que o rgo ter dentro dos seus Conselhos Tutelares, visando dar o bom andamento na execuo de suas funes.[85]De acordo com o Juiz de Direito Antnio Chaves, de bom alvitre salientar que dentro da estrutura funcional do rgo Conselho Tutelar foi estabelecido no artigo 89 da Lei Federal 8069/90, que a funo exercida pelos membros do Conselho Nacional e dos conselhos estaduais e municipais dos direitos da criana e do adolescente considerada de interesse pblico relevante e no ser remunerada. Conselho esse, que foi criado pela Lei Federal 8242/91 denominado como CONANDA[86].Antnio Chaves argumenta sobre o conceito de atuao do CONANDA:O CONANDA integrado por representantes do Poder Executivo, assegurada a participao dos rgos executores das polticas scias bsicas na rea de ao social, justia, educao, sade, economia, trabalho e previdncia social e, em igual nmero, por representantes de entidades no-governamentais de mbito nacional de atendimento dos direitos da criana e do adolescente.[87]Conforme o Doutor Wilson Donizeti Liberati, essa nova diretriz da poltica de atendimento que atravs de lei federal recebeu a incumbncia de administrar poltica de atendimento criana e ao adolescente, este deixa de ser mero executor de polticas traadas pela Unio e passa ter responsabilidade direta ao atendimento da criana e do adolescente, com a iniciativa de editar qual o melhor mtodo de aplicao e de desenvolvimento das diretrizes por ele traadas.[88]2.1 ESTRUTURA FUNCIONALMilano e Milano Filho ressaltam que para haver uma boa poltica de atendimento para determinada sociedade e prestar um bom atendimento h de se analisar a real necessidade da populao que l habitam, pois o municpio dever atuar de acordo com as necessidades das ocorrncias, sendo que deve se privar o nmero compatvel de Conselhos Tutelares para atender a demanda.[89]Afirma Roberto Joo Elias que, complementa a idia dos demais autores supra citados, que caber a cada municpio disciplinar o funcionamento, sobre todos os aspectos, do seu Conselho Tutelar, sendo ideal o local para acesso da populao principalmente a demais baixa renda, pois esta a que mais necessitar dele. No que tange a remunerao prefervel que ela exista, para que em municpios com maior incidncia o Conselho possa funcionar com horrio dilatado com atendimento diferenciado, visando dar efetividade e eficincia nas demandas que lhe so cabveis.[90]Nessa esteira, Tnia Pereira enfatiza:No cabe qualquer dvida quanto responsabilidade do municpio pelas despesas de funcionamento e pela remunerao dos conselheiros, uma vez se tratar de servio pblico municipal constar da lei oramentria local a previso dos recursos necessrios.[91]2.2 COMPOSIO DO CONSELHO TUTELARCriado os alicerces basilares de organizao funcional, segundo Roberto Joo Elias, ressalva-se que a lei n 8242/90, trouxe uma pequena modificao na redao do artigo 132 da lei 8069/90, pois originalmente o texto referia-se a eleitores por cidados locais ao invs de escolhidos pela comunidade local. Portanto, com intuito de no haver restrio a determinado grupo de eleitores que decidiam pela coletividade, essa modificao teve como requisito principal, dar comunidade o exerccio democrtico de escolha dos seus membros, que iro compor o Conselho Tutelar de forma que a comunidade ir atuar integralmente nas decises daquela regio.[92]No entendimento de Maria Elizabeth de Faria Ramos, a presena da comunidade no encaminhamento das questes pertinentes algo concreto e novo, vez que, por onde os fatos ocorrem, a existir sempre um grupo de pessoas escolhidas pela prpria comunidade, entre aqueles que acumulam um saber cientfico ou emprico, para dar soluo ao problema surgido. O fato dos conselheiros serem escolhidos pela comunidade local, e no indicados atravs de poltica ou administrativamente, os torna mais legtimos no desempenho de suas funes, tendo sua participao como carter decisrio nas demandas propostas.[93]Com a nova redao do artigo 132 da lei 8242/90, estabeleceu a seguinte redao:Em cada Municpio haver, no mnimo, um Conselho Tutelar composto de cinco membros, escolhidos pela comunidade local para mandato de trs anos, permitidos uma reconduo.[94]Outrossim, Tnia Pereira relata, que tal exigncia elencada no artigo 132, traz em seu bojo a exigncia de haver pelo menos um Conselho Tutelar em cada municpio, visa dar atendimento diretriz estabelecida no artigo 88, I do Estatuto[95], onde trata em especfico da poltica de atendimento municipal.[96]2.3 REQUISITOS PARA CANDIDATURADe acordo com a redao do artigo 133 Lei 8069/90, temos a seguinte redao:Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar, sero exigidos os seguintes requisitos:I - reconhecida idoneidade moral;II - idade superior a vinte e um anos;III - residir no municpio.Assevera Wilson Donizeti Liberati que os requisitos estabelecidos nos incisos desse artigo atendem peculiaridades para que se possa ter efetividade na sua atuao, hora evidente que, para exercer o cargo de conselheiro, o profissional dever ter, antes de tudo, condies morais que o credenciaro para o trabalho social. A idade vem a ser colocada como requisito mnimo, para forar que esse tipo de trabalho deva ser desenvolvido, por pessoas experientes no trato dos problemas humanos e familiares, principalmente aqueles em que esto envolvidos crianas e adolescentes, e no tocante questo de residir no municpio evidente a colocao meridiana, podendo apreciar o problema vivido pela comunidade.[97]Enfatiza o doutrinador Jud Jess de Bragana Soares que a Lei Federal 8069/90, estabeleceu to somente os requisitos mnimos para candidatura, pois nada obsta que o Municpio imponha e amplie os requisitos, todavia o artigo 30, II, da Constituio Federal vigente, lhe d competncia para suplementar a legislao federal e a estadual no que couber, sendo assim a idoneidade moral, idade superior a vinte e um anos e residncia no municpio poder ter crescentes requisitos que completam os incisos do artigo 133 do ECA dentro da esfera municipal. Ademais, o autor enfatiza que no se confunde emancipao e casamento para atender o requisito da maior idade, sendo essa feita somente quando chegar a presente data, acrescenta ainda que residncia no se confunde com domicilio onde de fato possui sua morada de fato.[98]Entretanto, a doutrinadora Tnia Pereira trouxe o exemplo que gerou certa ateno no tocante do requisito estabelecido no artigo 133, II, pois o Cdigo Civil de 2002 no artigo 5 esclarece, sendo a maior idade para dezoito anos, uma vez que a redao do artigo 133 do ECA fala em vinte e um anos, mas o CONANDA no artigo 11 da resoluo n 88, de 15/04/2003, reafirmou que para ser candidato ao Conselho Tutelar a idade superior a vinte e um anos.[99]Manifesta-se Milano e Milano Filho que seria conveniente especializao de candidatos, ainda, nas reas da sade, educao, assistncia social ou psicolgica, com reconhecida experincia com crianas e adolescentes, visando prvia seleo dos candidatos no podendo ser o cargo ocupado por poltico e sim por profissional na rea de atendimento.[100]Todavia, no entendimento de Roberto Joo Elias, entende que no seja perfeito o requisito estabelecido no artigo 133, pois deixa vagos critrios que deveriam estar positivados no mesmo, sendo assim, a lei municipal haver de compor essa lacuna que lhe foi outorgada pela lei federal, exigindo dos candidatos a idoneidade, ou seja, a falta de antecedentes criminais, na rea penal, e, na civil, a ausncia de protestos e de execuo judicial. Entretanto, segundo o artigo 139 do Estatuto da Criana e Adolescente[101], caber ao Conselho Municipal dos Direitos da Criana e do Adolescente efetuar a escolha e fazer outras exigncias. Enfatiza o autor que bom seria se muitas pessoas da comunidade sentissem o desejo de ser conselheiro, com esprito de servir, ajudando na redeno da criana e do adolescente brasileiro.[102]Munir Cury, ainda ressalva, que o Conselho Municipal dever investir na capacitao dos candidatos, quanto ao papel e atribuies do Conselho Tutelar, proporcionando a eles estudos sistemticos da nova lei e do novo ordenamento jurdico.[103]Outrossim, o educador Edson Sda, acrescenta que apresentadas s candidaturas ao cargo de conselheiro tutelar, as normas editadas para cada processo eletivo de escolha devem prever como se far a avaliao dos candidatos, se cumprem com os requisitos para escolha estabelecidos pela lei federal e com as condies que a lei municipal estabelecer para que aventureiros no se infiltrem no importante sistema municipal de proteo aos direitos da criana e do adolescente. As normas do processo tambm abriram prazo para eventuais impugnaes, exercendo do direito da ampla defesa e do contraditrio, bem como dos interessados e finalmente o registro formal da candidatura.[104]Ademais, Tnia Pereira, salienta que se o pretendente s funes de Conselheiro Tutelar for funcionrio pblico, o mesmo dever solicitar seu afastamento temporrio no perodo compreendido nos trs meses que antecedem a eleio, atendendo as condies de elegibilidade disciplinadas pela Lei Complementar n 64/90[105], que explica que tal afastamento no implica perda ou suspenso da remunerao, sendo garantido o direito percepo dos vencimentos integrais, fundados no artigo 1, II, alnea I, da Lei Complementar n 64/90, em conjunto destes impedimentos est o artigo 140 do Estatuto, como j tratado anteriormente.[106]2.4 DAS DECISES TOMADAS PELO CONSELHO TUTELARNo que tange a competncia do Conselho Tutelar de acordo o doutrinador Munir Cury a lei positivou no seu artigo 137, a necessidade de independncia para exercer suas atribuies e tomar decises justas e democrticas, sem injunes de qualquer ordem, a no ser quela trazida pela autoridade judiciria, e mesmo assim para atender ao pedido de quem tenha legtimo interesse. Sendo assim, a parte que ficar inconformada com a deciso tomada pelo colegiado do Conselho Tutelar, detentora do legtimo interesse, tem o poder de invocar o poder jurisdicional do Estado, mas somente far-se- jus a esses direitos queles que detm o poder de propor a ao assim como trata da matria o Cdigo de Processo Civil, nos seus artigos 3 e 4.[107]Nesta esteira Tnia Pereira acentua quanto ao legtimo interesse para propor a ao e reviso reportamo-nos aos princpios bsicos de processo civil adaptados s normas do Estatuto; cabe aos pais ou responsveis ou at mesma a prpria criana ou adolescente, representada pelo curador especial. Excepcionalmente, em nome do efetivo respeito aos direitos e garantias legais assegurados pelo Estatuto (Artigo 201, VIII, ECA), caber ao Ministrio Pblico essa atribuio de representatividade. Todavia, a deciso tomada pelo colegiado do Conselho Tutelar s poder sero analisada pelo poder judicirio, com a inteno de verificar vcios de ilegalidade, pois no se confundem a destituio das decises tomadas pelo conselho ao poder judicirio.[108]Roberto Joo Elias argumenta, sendo natural que as decises do Conselho Tutelar possam ser revisadas, entretanto isso no significa que o rgo seja dbil e no tenha qualquer autonomia, e sim, representa respeito a preceito universal, no sentido de que todas as questes podem e devem ser levadas ao poder judicirio, que podem dirimi-las imparcialmente, no sendo revogadas por completo as decises tomadas pelo colegiado do Conselho Tutelar, visando manter a harmonia entre o poder judicirio e a autonomia que foi delegada atravs de Lei Federal ao Conselho Tutelar.[109]Afirma Wilson Donizete Liberati, que as decises do Conselho Tutelar formado pelo colegiado somente podero ser revisadas pela autoridade judiciria a pedido de quem tenha legtimo interesse, no podendo essa reviso ser efetuadaex-offciopelo juiz.[110]Entretanto, seria de bom alvitre, salientar o que fala sobre o tema o educador Edson Seda:Se algum se sentir lesado pela ao administrativa do Conselho Tutelar (conselheiro que no trabalha, que no respeita o usurio de seu servio, que usurpa funes), reclama instncia da Prefeitura Municipal a que ele est vinculado (que pode at mesmo promover processo com direito defesa para a casaco do mandato do conselheiro tutelar no Conselho Municipal dos Direitos da Criana e do Adolescente); se prejudicado pela ao jurdica do Conselho Tutelar, o usurio recorre Justia da Infncia e da Juventude que, quando provocada, competente para rever judicialmente as decises administrativas do Conselho Tutelar.2.5 DA COMPETNCIA DO CONSELHO TUTELAR DENTRO DA ESFERA TERRITORIALO regramento no tocante competncia ficou estabelecido no artigo 138 da lei 8069/90, combinado com o artigo 147 dessa mesma lei. Como os direitos fundamentais, so amplos e tomam realidades diversas, a tarefa do Conselho Tutelar se combina com esses direitos fundamentais, pois no existem modelos de sociedade. Contudo, ser necessrio ter muito cuidado em no atuar de forma antiga quando eram aplicadas as medidas atravs de Juizado de Menores e Poder de Polcia, nessa esteira de suma importncia agir de forma em que haja entrosamento entre a comunidade e o Conselho Tutelar.[111]Artigo 147, lei 8069/90:Caput: A competncia ser determinada:I pelo domiclio dos pais ou responsvel:II pelo lugar onde se encontre a criana ou o adolescente, falta dos pais ou responsvel. 1 Nos casos de ato infracional, ser competente a autoridade do lugar da ao ou omisso, observadas as regras de conexo, continncia e preveno. 2 A execuo das medidas poder ser delegada autoridade competente da residncia dos pais ou responsvel, ou do local onde sediar se a entidade que abrigar a criana ou adolescente. 3 Em caso de infrao cometida atravs de transmisso simultnea de rdio ou televiso, que atinja mais de uma comarca, ser competente, para aplicao da penalidade, a autoridade judiciria do local da sede estadual da emissora ou rede, tendo a sentena eficcia para todas as transmissoras ou retransmissoras do respectivo Estado.[112]No tocante ao inciso I do artigo 147, Wilson Donizete Liberati, relata que o Estatuto gera duas hipteses de fixao de competncia, sendo a primeira pelo domiclio dos pais ou responsvel e a segunda pelo lugar onde se encontra a criana ou adolescente, na falta dos pais ou responsveis. Contudo o doutrinador explica que os incapazes referidos no Cdigo Civil, elencados nos artigos 5 e 6 tm por domiclio os seus representantes conforme artigo 36 do Cdigo Civil. O termo incapaz empregado, aqui no sentido amplo, ou seja, da criana ou adolescente que est sob o ptrio poder dos pais, dos tutores, dos curadores e dos guardies, ser no domiclio de seu representante legal, que o domiclio do incapaz, que sero propostas as aes contra este.[113]Outrossim, o doutrinador Edson Seda enfatiza que existem dois aspectos territoriais de competncia, sendo o primeiro o da jurisdio do Conselho Tutelar administrativamente dentro da sua rea de atuao que compete ao municpio estabelecer estes limites de atuao. O segundo aspecto territorial o local onde provm o tipo de caso levado apreciao do Conselho Tutelar, nesse caso haver trs subdivises ou sub-aspectos: domiclio dos pais e responsveis, o do lugar da prtica do ato infracional e do lugar da emisso de rdio ou televiso.[114]Edson Sda no aspecto da competncia local, explica que se d essa competncia quando ocorre a falta dos pais ou responsveis, ou seja, no havendo pais ou responsveis, ou no sendo possvel identific-los, competente para receber queixa, reclamao ou denncia, o Conselho Tutelar do local onde se encontre a criana ou o adolescente. O Conselho Tutelar dever assumir a proteo do caso onde os lesados se encontrem, evitando toda e qualquer delonga burocratizante, visando no retardar a proteo devida, por questes formais de onde residam ou se encontrem pais ou responsveis, sendo assim, ser o Conselho Tutelar efetivo na proteo tendo como prioridade absoluta o artigo 227 da Constituio Federal e artigos 4 e 6 do Estatuto.[115]Nos casos de prtica de ato infracional como cita o 1 do artigo 147, ser competente a autoridade do lugar da ao ou omisso sendo que no poder deixar de avaliar as regras de conexo e continncia e preveno. Portanto deve ser estudado o tempo do ato infracional, desde o momento da ao ou omisso ainda que outro seja o momento do resultado, com fulcro no artigo 4 do Cdigo Penal combinado com os artigos 76, 77 e 83 do Cdigo de Processo Penal, destarte que mesmo iniciando o procedimento no juzo competente, este continua responsvel pelo julgamento final, mesmo que haja mudana dos interessados ou do adolescente no deslocando a competncia, fundamentos dados pelo artigo 83[116], do Cdigo de Processo Penal.[117]Wilson Donizeti Liberati complementa, definindo dois pontos de relevncia do artigo 147, 1, sendo o primeiro ponto o da conexo que trata da vinculao entre duas ou mais aes, de tais maneiras relacionadas entre si, fazem que sejam apreciadas pelo mesmo juiz. No segundo ponto temos a continncia, abarcando duas ou mais pessoas acusadas pela mesma infrao e por ltimo a preveno, isto , havendo dois juzes com a mesma competncia aquele que tomar conhecimento da causa primeira, fixa sua competncia, ou seja, ficar com a causa.Quando o ato praticado por adolescentes geralmente o juiz aplica medidas scio educativas, estabelecido no artigo 112 do ECA, mas poder requer, medidas de proteo segundo o artigo 101 do Estatuto, sendo vedada a medida de abrigo que privativa do Conselho Tutelar, sendo assim, no h um s lugar em que o Estatuto trace sua competncia dentro da lei. Quando o juiz aplica medidas scio educativas, o juiz encaminha o adolescente para o servio pblico de entidade governamental ou no governamental que desenvolvem programas scio educativo devidamente registrado no Conselho Municipal dos Direitos da Criana e do Adolescente, mas quando aplica medida de proteo, o juiz encaminha o caso ao Conselho Tutelar providenciar abrigo[118].No que tange o 2, Milano e Milano Filho, assim entendem:Com relao execuo das medidas, entretanto poder ser delgada autoridade competente da residncia dos pais ou responsvel, ou do local onde sedia-se a entidade que abrigar a criana e o adolescente, visando medida a possibilitar um cumprimento mais saudvel da medida imposta, com a manuteno do adolescente prximo aos seus familiares.[119]No entendimento de Roberto Joo Elias, o 2 se refere execuo das medidas scias educativas para os adolescentes acima de doze anos ou medidas de proteo para crianas abaixo de doze anos, sendo preferencialmente, caso haja necessidade de internao, a entidade que o abrigar seja prximo de seus pais ou responsveis, mas poder suceder por outro lado, que a entidade que abriga o adolescente seja em outro lugar, pela falta de entidade adequada para receb-lo no local onde a medida foi aplicada, justifica-se portanto a delegao[120].Acrescenta ainda, Edson Sda, que de qualquer maneira, a execuo das medidas a serem aplicadas podero ser delegada (transferidas) ao Conselho Tutelar competente da residncia dos pais ou responsvel, bem como do local onde se encontra a sede da entidade que abrigar a criana ou o adolescente.[121]Outrossim, Munir Cury, relata que as infraes relacionadas ao 3 so administrativas, sendo assim, o juiz competente para o processo o da comarca onde se localiza a sede estadual da emissora ou rede.[122]Wilson Donizete Liberati enfatiza que quando se tratar de infrao cometia atravs de transmisso simultnea de rdio ou televiso, atingindo mais de uma comarca, ser competente para a aplicao da penalidade, a autoridade judiciria do local da sede estadual da emissora da rede, possuindo a sentena eficcia para todas as transmissoras ou retransmissoras do respectivo Estado.[123]Ademais, Edson Sda, explica que recebida a reclamao no municpio onde se situa a emissora, ou na rea municipal sob sua jurisdio, o Conselho Tutelar faz a representao ao Juiz da Comarca da sede estadual da emissora, cumprindo o que determina os artigos 138 e 147, I e II do Estatuto.[124]Por fim, Roberto Joo Elias, ressalta que o 3 refere-se s penalidades do art. 247 e seus pargrafos[125]. Portanto deve-se observar o local onde est estabelecida a sede estadual da rede da emissora. Contudo, a eficcia da sentena se estende a todas as transmissoras ou retransmissoras do Estado. Desta feita, trata-se de um caso especial, em que a eficcia atinge terceiros que no foram envolvidos na ao, tornando-se assim uma exceo ao art. 472[126]do Cdigo de Processo Civil .[127]CONSIDERAES FINAISO presente trabalho teve como objetivo pesquisar, sobre o rgo Conselho Tutelar, criado atravs da lei federal 8069/90, que tem como requisito estabelecer os procedimentos suas disposies gerais, competncia, atribuies, escolha dos seus candidatos e seus impedimentos. Embasado no que a doutrina nos mostrou os partidos polticos traaram metas de ampliarem seus filiados focados em ocupar mais nmeros de cadeiras dentro dos Conselhos Tutelares, nessa esteira, os resultados que formaram esse trabalho trouxe de forma simples e direta o posicionamento de diversos autores que tratam da matria.Atravs da pesquisa sobre o que o Conselho Tutelar, estabeleceu grande conhecimento sobre as opinies que norteiam os pensamentos dos doutrinadores, os quais divergem e concordam ao mesmo tempo. Destaque para Edson Sda e Milano e Milano Filho, autores nas obras das quais consegui traduzir exatamente o contedo no qual o trabalho foi desenvolvido, buscando trazer pontos de divergncia com autores de suma importncia, para o tema hora tratado.Todavia, de bom alvitre, salientar que no decorrer do trabalho Kaminski refora que os conselheiros no podero ter interesses estranhos queles especficos e relativos ao seu papel, visando to somente ser efetivo e garantidor dos direitos das crianas e dos adolescentes. No entanto temos a interveno do Ministrio Pblico que tem sido de suma importncia, interagindo constantemente nas demandas que tratam sobre a infncia e juventude e sanando os problemas que crescem cotidianamente.O trabalho elaborado buscou lograr xito, pois a idia era tratar de um assunto que a raiz da problemtica do nosso presente, pois as crianas e os adolescentes sero os adultos, os pais e os avs do amanh, sendo assim, ns somos responsveis por zelar por esses direitos, no podemos cruzar os braos e fingir que no temos nada com isso, que um problema do municpio ou do Estado. No se faz uma comunidade um municpio ou um estado somente com pessoas adultas todos tm que abarcar parte desta responsabilidade zelando pelos direitos das crianas e dos adolescentes e intervir quando necessrio, usando dos meios para que possamos atingir os fins.NO SO ATRIBUIES DO CONSELHO TUTELAR:

a) Busca e apreenso de Crianas, Adolescentes ou pertences dos mesmos; (quem faz isso o oficial de Justia, por ordem judicial)b) Autorizao para viajar ou para desfilar. (quem faz Comissrio da Infncia e Juventude)c) No d autorizao de guarda (quem faz isso o juiz, atravs de um advogado que entrar com uma petio para a regularizao da guarda ou modificao da mesma).

- As medidas protetivas, espcies e fundamentoA matriz constitucional do direto menorista fundamental na medida em que verificamos que o artigo 227 do texto da Carta Constitucional assegura uma srie de direitos criana e ao adolescente, estabelecendo como obrigados asociedade, ospaise oEstado.A partir desta premissa, o artigo 98 do ECA estabelece que as medidas de proteo sero aplicadas sempre que houver violao dos direitos estabelecidos no prprio ECA por "ao ou omisso da sociedade ou do Estado", ou "por falta, omisso ou abuso dos pais ou responsvel".Quais so estes direitos? Todos os previstos na legislao protetiva, como vida, sade, educao, lazer, convvio familiar etc.Mas no somente omisses deste jaez podem dar ensanchas aplicao de medias de proteo. O inciso III do artigo 98 tambm elenca o prprio comportamento da criana ou adolescente como causa de aplicao de medidas protetivas. Neste caso no se verificam necessariamente omisses ou abusos de terceiros. Tais hipteses correspondem principalmente, mas no exclusivamente, aos casos de cometimento de atos infracionais, adiante vistos.A nomeclatura de "medidas de proteo" emblemtica na determinao da natureza destas medidas. A legislao menorista est embasada na doutrina daproteo integral, que reconhece na criana e no adolescente indivduos portadores de necessidades peculiares, no se olvidando a sua condio de pessoas que se encontram em fase de desenvolvimento psquico e fsico, condio que os coloca em posio de merecedores de especial ateno por parte do Estado, da sociedade e dos pais ou responsveis.E quais so estas medidas? Sua previso consta do artigo 101 do ECA:"I- encaminhamento aos pais ou responsvel, mediante termo de responsabilidade;II - orientao, apoio e acompanhamento temporrios;III - matrcula e freqncia obrigatrias em estabelecimento oficial de ensino fundamental;IV - incluso em programa comunitrio ou oficial de auxlio famlia, criana e ao adolescente;V - requisio de tratamento mdico, psicolgico ou psiquitrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;VI - incluso em programa oficial ou comunitrio de auxlio, orientao e tratamento a alcolatras e toxicmanos;VII - abrigo em entidade;VIII - colocao em famlia substituta."O encaminhamento aos pais ou responsvel uma medida adequada quelas hipteses nas quais no ocorre maior gravidade. Um bom exemplo seria o caso de uma fuga da criana ou do adolescente, ou em casos de omisso de terceiros em relao a deveres inerentes guarda.A orientao apoio e acompanhamento temporrios, que podero ser realizada pelo Conselho Tutelar ou por servio de assistncia social, ou, ainda, por servios especializados do prprio Poder Judicirio, onde existam tem aplicao em casos onde no h uma causa que possa ser includa dentre as hipteses de tratamento mdico-psicolgico, e onde no exista omisso imputvel aos pais ou responsvel a justificar a aplicao das medidas dos incisos VII ou VIII, por exemplo.A matrcula e freqncia obrigatrias esto diretamente ligada evaso e infreqncia escolar, que, no Estado do Rio Grande do Sul, conta com o programa FICAI. A evaso caracteriza-se pela completa marginalizao da criana ou adolescente do sistema de ensino. Normalmente est relacionada ao trabalho infantil e omisso dos pais. A infreqncia escolar diz respeito s faltas injustificadas e reiteradas escola.Comumente a evaso escolar constatada por servios de assistncia social estatais ou pelo Conselho Tutelar, neste ltimo caso por atuao prpria ou por denncia. Estes rgos, dentro de suas competncia e capacidades constituem a linha de frente na resoluo do problema, buscando conscientizar os pais ou responsvel ou mesmo o prprio adolescente ou criana da importncia da educao. Boa parte dos casos assim resolvida.J nos casos de infreqncia, alm da atuao dos rgos acima referidos, tambm h atuao dos prprios agentes de ensino, que costumeiramente tambm buscam a resoluo simplificada e imediata do problema atravs do dilogo e conscientizao. Quando isto impossvel, surge a FICAI (ficha de comunicao de aluno infreqente), que inicialmente remetida ao Conselho Tutelar, e posteriormente, na impossibilidade de resoluo do problema por este rgo, a questo lanada, atravs do referido instrumento, ao conhecimento do Ministrio Pblico. Esta fase ser adiante melhor analisada, quando tratarmos da processualizao das medidas de proteo.A incluso em programas sociais e de auxlio que melhor se coaduna quelas situaes, muito comuns, em que violaes dos direitos das crianas e adolescentes resultam de situao econmico-financeiras de dificuldade. Trata-se de medida de suma importncia, especialmente naqueles casos relacionados desnutrio, notadamente quando atingem crianas de tenra idade e que se contam aos milhares em nossa sociedade.Os incisos V e VI do artigo 101 tratam de hipteses nas quais esto envolvidas direta ou indiretamente questes de sade, ou de dependncia qumica ou psquica drogas e lcool, que no deixam de ser problemas de sade. A grande dificuldade surge do fato de que o aparelho estatal ainda no conta com suficientes recursos para prover tratamentos em quantidades condizentes com a demanda.Neste passo, bom referir que so comuns nos pretrios gachos demandas nas quais Ministrio Pblico ou a Defensoria Pblica ingressam em juzo a fim de garantir tratamento mdico ou fornecimento de medicamentos, tendo por ru o Estado, em suas trs esferas. Mais adiante ser tratado o aspecto da legitimidade para estas demandas especficas.A colocao em abrigo ou entidade medida que se pauta pelo vetor daexcepcionalidade, visto que priva a criana ou adolescente de um dos seus direitos bsicos, qual seja o de convvio famliar. Destarte, uma medida cujas conseqncias podem ser graves e que, portanto, deve ser aplicada com estrema cautela, ficando reservada para situaes estremas, quando a permanncia da criana em um determinado ambiente familiar lhe seja visivelmente mais prejudicial.Por fim, resta a colocao em famlia substituta, que, da mesma forma, medida extrema, condicionada constatao de situaes de especial gravidade, e segundo o artigo 28 do ECA, "far-se- mediante guarda, tutela ou adoo".Como se observa, situaes nas quais existe prvia destituio da guarda ou mesmo do ptrio poder, o que confere especial gravidade medida de colocao em famlia substituta. por isso que na escala das medidas protetivas, esta se encontra como ltima alternativa.

3- Aplicao das medidas protetivasA aplicao das medidas protetivas no necessariamente judicial. As medidas dos incisos I a VII do artigo 101 do ECA podem ser aplicadas tambm pelo Conselho Tutelar,ex vido artigo 136, inc. I, do Estatuto da Criana e do Adolescente. Excetua-se, portanto, somente a colocao em famlia substituta.Da mesma forma, o artigo 93 prev a possibilidade de que as entidades que mantenham programas de abrigo possam, "em carter excepcional e de urgncia, abrigar crianas e adolescentes sem prvia determinao da autoridade competente, fazendo comunicao do fato at o 2 dia til imediato".Nas demais hipteses, a aplicao da medida judicial. A ao movida pelo Ministrio Pblico, cuja legitimidade verte do artigo 201, inc. VIII, do ECAPara a propositura da ao de medida de proteo, poder o rgo valer-se de infraes e elementos de convico encaminhados pelo Conselho Tutelar ou outros rgos, como, ainda, "expedir notificaes para colher depoimentos ou esclarecimentos e, em caso de no-comparecimentoinjustificado, requisitar conduo coercitiva, inclusive pela polcia civil ou militar" (artigo 201, inc. VI, alnea "a", do ECA) ou "requisitar informaes, exames, percias e documentos de autoridades municipais, estaduais e federais, da administrao direta ou indireta, bem como promover inspees e diligncias investigatria" (alnea "b"), e tambm "requisitar informaes e documentos a particulares e instituies privadas"( alnea "c"). Neste ltimo caso, na ausncia de prazo expresso na lei, devemos considerar o prazo do artigo 8 da LACP, ou seja, prazo mnimo de 10 dias, o qual, porm, poder ser reduzido em caso de urgncia.A competncia vem determinada pelo artigo 147, em trs incisos, o ltimo dos quais pertinente apurao de atos infracionais. Consoante o inciso primeiro, competente o juzo da infncia e juventude do local do domiclio dos pais ou responsvel. Na falta destes, ser o do local onde se encontrar a criana ou adolescente (inciso II). Os locais devem ser levados em conta no momento da propositura da demanda, aplicando-se, a partir de ento, o princpio da"perpetuatio jurisdicionis", de modo que fica fixada a competncia no juzo da propositura do processo, sendo irrelevantes alteraes posteriores, exceto as expressamente declinadas em lei.No devemos olvidar que a possibilidade de atuao do Ministrio Pblico no anula e legitimidade concorrente da criana ou adolescente e de seus pais ou responsveis. Neste caso, a interveno do rgo ministerial ser obrigatria, sob pena de nulidade, nos termos do artigo 204 do ECA.Para aferio de qual a medida mais adequada dentre as aplicveis, pode o julgador valer-se de estudo social, cuja realizao pode ser determinada de ofcio ou por requerimento das partes.