estatuto das micro e pequenas empresas comentado

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Manual Comentado da Lei Geral da Microempresa e da Empresa de Pequeno PorteLEI COMPLEMENTAR 123, DE 14/12/2006

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ndiceASPECTOS TRIBUTRIOS DA LEI - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 4 ASPECTOS DO ACESSO AOS MERCADOS - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 17 ASPECTOS TRABALHISTAS - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 21 ASPECTOS AMBIENTAIS - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 23 ASPECTOS DO ESTMULO AO CRDITO E CAPITALIZAO - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 25 ASPECTOS LEGISLATIVOS - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 28 CAPTULO I Disposies Preliminares - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 32 CAPTULO II Da definio de Microempresa e de Empresa de Pequeno Porte - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 35 CAPTULO III Da inscrio e da baixa - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 39 CAPTULO IV Dos Tributos e Contribuies - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 43 CAPTULO V Do Acesso aos Mercados - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 76 CAPTULO VI Da Simplificao das Relaes de Trabalho - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 81 CAPTULO VII Da Fiscalizao Orientadora - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 84 CAPTULO VIII Do Associativismo - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 85 CAPTULO IX Do Estmulo ao Crdito e Capitalizao - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 86 CAPTULO X Do Estmulo Inovao - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 89 CAPTULO XI Das Regras Civis e Empresariais - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 92 CAPTULO XII Dol Acesso Justia - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 95 CAPTULO XIII Do Apoio e da Representao - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 96 CAPTULO XIV Disposies Finais e Transitrias - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 97 2

ApresentaoCom a edio deste Manual Comentado da Lei Geral da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, a Federao das Indstrias do Estado de Minas Gerais cumpre a sua misso de apoiar, incentivar e orientar os empresrios mineiros. O objetivo facilitar a identificao na legislao recm-aprovada pelo Congresso Nacional de instrumentos que assegurem competitividade s suas empresas, de forma que elas possam produzir e contribuir para a gerao de emprego e renda em Minas Gerais e no Pas.

Fruto de criteriosa e exaustiva anlise das gerncias tcnicas da Fiemg, este manual contm um estudo detalhado do contedo da Lei Geral da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, abrangendo as reas tributria, ambiental, trabalhista, fiscal e creditcia um trabalho coordenado de forma competente pelo Conselho de Micro, Pequena e Mdia Indstria da Fiemg, presidido pela companheira Scheilla Nery de Souza Queiroz. De sua leitura, podem, com certeza, resultar benefcios importantes para as empresas contempladas pela nova legislao. Entretanto, a discusso no se encerra aqui. A Lei Geral ainda necessita de regulamentao, a ser conduzida pelo Poder Executivo, na qual grandes questes devero ser enfrentadas. Assim, a ateno que o setor produtivo organizado dispensou ao Projeto de Lei dever ser mantida nessa fase que vir. Para isso, entendemos, o setor produtivo deve se manter unido e coeso, discutindo, identificando e propondo novas medidas. A Federao das Indstrias do Estado de Minas Gerais, fiel sua misso de representar a indstria mineira, seguir adiante, trabalhando para que as micro e pequenas empresas tenham, cada vez mais, apoio e incentivo.

Robson Braga de Andrade Presidente da Federao das Indstrias do Estado de Minas Gerais

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ASPECTOS TRIBUTRIOSINTRODUOO setor produtivo esperava uma manifestao do Governo quanto ao cumprimento efetivo da determinao constitucional de dispensar s microempresas e empresas de pequeno porte tratamento diferenciado que lhes proporcionasse a simplificao de suas obrigaes tributrias, tratamento que superasse a Lei n. 9.317 - Simples Federal datada de 1996 e carente de inovaes e promovesse uma perfeita harmonizao com as inmeras legislaes estaduais. Para tanto, aprovou-se recentemente a Lei Complementar n 123, que instituiu o Simples Nacional e trouxe, no que tange matria tributria, a unificao dos tributos federais, estaduais e municipais, tendo em vista que, ao contrrio do que vigora at ento, a partir de 1 de julho de 2007 a arrecadao dos principais tributos se dar obrigatoriamente de forma unificada, inclusive o recolhimento dos valores referentes ao ICMS e ISS. Assim, as microempresas e empresas de pequeno porte que fizerem a opo pela nova sistemtica de recolhimento de tributos recolhero unificadamente, e com base no valor da sua receita bruta, os valores devidos a ttulo de IRPJ, IPI, CSLL, COFINS, PIS, Contribuio Previdenciria da pessoa jurdica, ICMS e ISS. Apesar de, em tese, a nova Lei atender aos anseios de grande parte dos contribuintes, relativamente simplificao de alguns procedimentos e abrangncia a outros campos que no s o tributrio, frustrou a expectativa de boa parte dos empresrios, na medida em que exclui do recolhimento unificado vrios setores da economia e no reduz a carga tributria e as obrigaes acessrias conforme esperado.

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Destaca-se, dentre outras imperfeies da Lei Complementar n 123, a forma de apurao dos tributos que depende de clculos complexos, a restrio ao uso de incentivos fiscais e o impedimento da transferncia de crditos, ademais algumas situaes, que podero implicar para as ME e EPP um recolhimento de tributo superior quele montante que porventura seria devido se as empresas tivessem optado pelo regime-padro de recolhimento. Diante disso, acreditamos ser essencial que, antes de optarem pela utilizao deste novo tratamento tributrio, as microempresas e empresas de pequeno porte avaliem, segundo cada uma de suas atividades, a viabilidade de se inscreverem no Simples Nacional. 1) O que o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte? Tambm conhecido como Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, trata-se da Lei Complementar n 123/06, fundamentada no artigo 146 da Constituio Federal, que estabelece normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado s microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP) no mbito dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios. (Art. 1) 2) Qual o tratamento tributrio previsto na Lei Geral para as ME e EPP? A Lei Geral prev a apurao e o recolhimento dos impostos e contribuies da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, mediante regime nico de arrecadao, inclusive obrigaes acessrias. (Art. 1, I)

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3) Qual rgo ser responsvel pela gesto e regulamentao das normas tributrias da Lei Geral? A questo tributria ser gerida pelo Comit Gestor de Tributao das ME e EPP vinculado ao Ministrio da Fazenda, composto por dois , representantes da Secretaria da Receita Federal e dois representantes da Secretaria da Receita Previdenciria, como representantes da Unio, dois dos Estados e do Distrito Federal e dois dos Municpios, para tratar dos aspectos tributrios. (Art. 2, I) 4) Quem poder usufruir dos benefcios trazidos pela Lei Geral? As ME e EPP a sociedade empresria, a sociedade simples e o , empresrio, devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurdicas, desde que (Art. 3 e 16): I - no caso das ME, o empresrio, a pessoa jurdica, ou a ela equiparada, aufira, em cada ano-calendrio, receita bruta igual ou inferior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais); II - no caso das EPP o empresrio, a pessoa jurdica, ou a ela equiparada, , aufira, em cada ano-calendrio, receita bruta superior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 (dois milhes e quatrocentos mil reais). 5) Existe previso de correo dos valores constantes da Lei Geral? No, pois o dispositivo que trazia tal previso foi vetado pelo Poder Executivo. 6) Qual o conceito de receita bruta? Considera-se receita bruta o produto da venda de bens e servios nas operaes de conta prpria, o preo dos servios prestados e o resultado nas operaes em conta alheia (operaes realizadas pela empresa em nome de terceiros, ex.: venda em consignao, intermediao de negcios, etc.), no includas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos. (Art. 3, 1)6

7) Quais empresas no podero aderir ao regime da Lei Geral? No se inclui no regime diferenciado e favorecido, para nenhum efeito legal, a pessoa jurdica (Art. 3, 4): I - de cujo capital participe outra pessoa jurdica; II - que seja filial, sucursal, agncia ou representao, no Pas, de pessoa jurdica com sede no exterior; III - de cujo capital participe pessoa fsica que seja inscrita como empresrio ou seja scia de outra empresa que receba tratamento jurdico diferenciado nos termos desta Lei Complementar, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de R$ 2.400.000,00; IV - cujo titular ou scio participe com mais de 10% (dez por cento) do capital de outra empresa no beneficiada por esta Lei Complementar, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de R$ 2.400.000,00; V - cujo scio ou titular seja administrador ou equiparado de outra pessoa jurdica com fins lucrativos, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de R$ 2.400.000,00; VI - constituda sob a forma de cooperativas, salvo as de consumo; VII - que participe do capital de outra pessoa jurdica; VIII - que exera atividade de banco comercial, de investimentos e de desenvolvimento, de caixa econmica, de sociedade de crdito, financiamento e investimento ou de crdito imobilirio, de corretora ou de distribuidora de ttulos, valores mobilirios e cmbio, de empresa de arrendamento mercantil, de seguros privados e de capitalizao ou de previdncia complementar; IX - resultante ou remanescente de ciso ou qualquer outra forma de desmembramento de pessoa jurdica que tenha ocorrido em um dos cinco anos-calendrio anteriores; X - constituda sob a forma de sociedade por aes.7

8) Quais os tributos abrangidos pela nova sistemtica da Lei Complementar n 123/06? O Regime Especial Unificado de Arrecadao de Tributos e Contribuies Devidos pelas ME e EPP implica o recolhimento mensal, mediante documento nico de arrecadao, somente dos seguintes impostos e contribuies: IRPJ; IPI; CSLL; COFINS; PIS; Contribuio para a Seguridade Social, a cargo da pessoa jurdica (20%); ICMS e ISS. (Art. 13) 9) As contribuies para o Sistema S tambm esto includas no recolhimento unificado? As ME e EPP optantes pelo Simples Nacional ficam dispensadas do pagamento das demais contribuies institudas pela Unio, inclusive as contribuies para as entidades privadas de servio social e de formao profissional vinculadas ao sistema sindical, de que trata o artigo 240 da Constituio Federal, e demais entidades de servio social autnomo (Sistema S). (Art. 13, 3) 10) Quais tributos federais no so abrangidos pela nova sistemtica da Lei Complementar n 123/06? A sistemtica no exclui a incidncia dos seguintes impostos ou contribuies: IOF; Imposto de Importao; Imposto sobre a Exportao; ITR; Imposto de Renda Retido na Fonte e o auferido com ganho de capital e rendimentos financeiros; CPMF; FGTS; Contribuio para o INSS relativa ao trabalhador e ao empresrio; PIS, COFINS e IPI sobre a importao. (Art. 13, 1)

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11) Em relao ao ICMS e ao ISS quais operaes no so alcanadas pela tributao simplificada? No caso do ICMS esto excludas: as operaes ou prestaes sujeitas ao regime de substituio tributria; o recolhimento por terceiro, ou responsvel; a entrada de petrleo, inclusive lubrificantes e combustveis lquidos e gasosos dele derivados, bem como energia eltrica, quando no destinados comercializao ou industrializao; o ICMS devido por ocasio do desembarao aduaneiro; operao de aquisio ou manuteno em estoque de mercadoria desacobertada de documento fiscal; a operao ou prestao desacobertada de documento fiscal; as operaes com mercadorias sujeitas ao regime de antecipao do recolhimento do imposto, bem como do valor relativo diferena entre a alquota interna e a interestadual. (Art. 13, 1, XIII) Quanto ao ISS esto excludos: os servios sujeitos substituio tributria ou reteno na fonte e a importao de servios. (Art. 13, 1, XIV) 12) Qual ser o tratamento do Imposto de Renda dispensado distribuio de lucros? Consideram-se isentos do imposto de renda, na fonte e na declarao de ajuste do beneficirio, os valores efetivamente pagos ou distribudos ao titular ou scio da ME e EPP optante pelo Simples Nacional, salvo os que corresponderem a pr-labore, aluguis ou servios prestados. A iseno fica limitada ao valor resultante da aplicao dos percentuais de presuno de lucros do Imposto de Renda, sobre a receita bruta mensal, salvo na hiptese de a pessoa jurdica manter escriturao contbil e evidenciar lucro superior a este limite. (Art. 14) 13) As ME e EPP esto sujeitas reteno de tributos federais na fonte? Sim, as ME e EPP optantes pelo Simples Nacional esto sujeitas reteno na fonte de imposto de renda e das contribuies institudas pela Unio, pois o dispositivo que previa a iseno foi vetado pelo Poder Executivo.

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14) Como ser feita a opo pelo novo sistema? A opo pelo Simples Nacional da pessoa jurdica enquadrada na condio de ME e EPP dar-se- na forma a ser estabelecida em ato do Comit Gestor, sendo irretratvel para todo o ano-calendrio, podendo dar-se at o ltimo dia til do ms de janeiro ou quando do incio da atividade da pessoa jurdica, desde que exercida nos termos, prazo e condies a serem estabelecidos no ato do Comit Gestor. Sero consideradas inscritas no Simples Nacional as pessoas j optantes pelo Simples e o Comit Gestor regulamentar a opo automtica. (Art. 16) 15) Quem no poder recolher os impostos e contribuies na forma do Simples Nacional? No poder recolher os impostos e contribuies na forma do Simples Nacional a ME ou EPP: (Art. 17) I - que explore atividade de prestao cumulativa e contnua de servios de assessoria creditcia, gesto de crdito, seleo e riscos, administrao de contas a pagar e a receber, gerenciamento de ativos (asset management), compras de direitos creditrios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestao de servios (factoring); II - que tenha scio domiciliado no exterior; III - de cujo capital participe entidade da administrao pblica, direta ou indireta, federal, estadual ou municipal; IV - que preste servio de comunicao; V - que possua dbito com o Instituto Nacional do Seguro Social INSS, ou com as Fazendas Pblicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade no esteja suspensa; VI - que preste servio de transporte intermunicipal e interestadual de passageiros;10

VII - que seja geradora, transmissora, distribuidora ou comercializadora de energia eltrica; VIII - que exera atividade de importao ou fabricao de automveis e motocicletas; IX - que exera atividade de importao de combustveis; X - que exera atividade de produo ou venda no atacado de bebidas alcolicas, cigarros, armas, bem como de outros produtos tributados pelo IPI com alquota ad valorem superior a 20% (vinte por cento) ou com alquota especfica; XI - que tenha por finalidade a prestao de servios decorrentes do exerccio de atividade intelectual, de natureza tcnica, cientfica, desportiva, artstica ou cultural, que constitua profisso regulamentada ou no, bem como a que preste servios de instrutor, de corretor, de despachante ou de qualquer tipo de intermediao de negcios; XII - que realize cesso ou locao de mo-de-obra; XIII - que realize atividade de consultoria; XIV - que se dedique ao loteamento e incorporao de imveis. 16) Quais sero as alquotas e sobre qual base de clculo elas sero aplicadas? A alquota a ser aplicada ser definida em razo da atividade da empresa e a receita bruta acumulada nos 12 meses anteriores ao do perodo de apurao, conforme tabelas constantes nos Anexos da Lei Complementar n 123/06. Sobre a receita bruta auferida no ms incidir a alquota determinada na forma acima descrita, podendo tal incidncia se dar, opo do contribuinte e na forma regulamentada pelo Comit Gestor, sobre a receita recebida no ms, sendo essa opo irretratvel para todo o ano-calendrio. (Art. 18)

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17) Como ser feito o recolhimento? Os tributos devidos devero ser pagos por meio de documento nico de arrecadao, institudo pelo Comit Gestor, segundo cdigos especficos, para cada espcie de receita. Na hiptese da ME ou EPP possuir filiais, o recolhimento dos tributos do Simples Nacional dar-se- por intermdio da matriz. (Art. 21) 18) Qual o prazo para recolhimento? Enquanto no regulamentado pelo Comit Gestor, o prazo ser at o ltimo dia til da primeira quinzena do ms subseqente. (Art. 21, III) 19) As empresas inscritas no Simples Nacional podero utilizar e transferir crditos? E quanto aos incentivos fiscais? As ME e EPP no faro jus apropriao nem transferiro crditos relativos a impostos ou contribuies abrangidos pelo Simples Nacional, assim como no podero utilizar ou destinar qualquer valor a ttulo de incentivo fiscal. (Arts. 23 e 24) 20) Quais so as principais obrigaes fiscais acessrias das ME e EPP enquadradas no Simples Nacional? As ME e EPP apresentaro, anualmente, Secretaria da Receita Federal, declarao nica e simplificada de informaes socioeconmicas e fiscais, que devero ser disponibilizadas aos rgos de fiscalizao tributria e previdenciria, observados prazo e modelo aprovados pelo Comit Gestor. (Art. 25) Tambm ficam obrigadas a: I - emitir documento fiscal de venda ou prestao de servio, de acordo com instrues expedidas pelo Comit Gestor;

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II - manter em boa ordem e guarda os documentos que fundamentaram a apurao dos impostos e contribuies devidos e o cumprimento das obrigaes acessrias, enquanto no decorrido o prazo decadencial e no prescritas eventuais aes que lhes sejam pertinentes. (Art. 26) permitida a manuteno de escrita simplificada baseada em livro-caixa. (Art. 27) 21) Como se dar a excluso do Simples Nacional? A excluso do Simples Nacional ser feita de ofcio ou mediante comunicao das empresas optantes. (Art. 28) 22) Quando se dar a excluso de ofcio? A excluso de ofcio das empresas optantes pelo Simples Nacional dar-se- quando: I - verificada a falta de comunicao de excluso obrigatria (no se considera perodo de atividade aquele em que tenha sido solicitada suspenso voluntria perante o Cadastro Nacional da Pessoa Jurdica - CNPJ); II - for oferecido embarao fiscalizao, caracterizado pela negativa no justificada de exibio de livros e documentos a que estiverem obrigadas, bem como pelo no fornecimento de informaes sobre bens, movimentao financeira, negcio ou atividade que estiverem intimadas a apresentar, e nas demais hipteses que autorizam a requisio de auxlio da fora pblica; III - for oferecida resistncia fiscalizao, caracterizada pela negativa de acesso ao estabelecimento, ao domiclio fiscal ou a qualquer outro local onde desenvolvam suas atividades ou se encontrem bens de sua propriedade; IV - a sua constituio ocorrer por interpostas pessoas;

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V - tiver sido constatada prtica reiterada de infrao ao disposto na Lei Complementar; VI - a empresa for declarada inapta; VII - comercializar mercadorias objeto de contrabando ou descaminho; VIII - houver falta de escriturao do livro-caixa ou no permitir a identificao da movimentao financeira, inclusive bancria; IX - for constatado que durante o ano-calendrio o valor das despesas pagas supera em 20% (vinte por cento) o valor de ingressos de recursos no mesmo perodo, excludo o ano de incio de atividade; X - for constatado que durante o ano-calendrio o valor das aquisies de mercadorias para comercializao ou industrializao, ressalvadas hipteses justificadas de aumento de estoque, for superior a 80% (oitenta por cento) dos ingressos de recursos no mesmo perodo, excludo o ano de incio de atividade. Nas hipteses previstas nos incisos II a X acima, a excluso produzir efeitos a partir do prprio ms em que incorridas, impedindo a opo pelo regime diferenciado e favorecido da Lei Complementar pelos prximos trs anos-calendrio seguintes. Este prazo ser elevado para dez anos caso seja constatada a utilizao de artifcio, ardil ou qualquer outro meio fraudulento que induza ou mantenha a fiscalizao em erro, com o fim de suprimir ou reduzir o pagamento de tributo apurvel segundo o regime especial previsto na Lei Complementar. (Art. 29) 23) Como se dar a excluso do Simples Nacional mediante comunicao das ME e EPP? A excluso do Simples Nacional, mediante comunicao das ME e EPP , dar-se-: (Art. 30) I - por opo; II - obrigatoriamente, quando elas incorrerem em qualquer das situaes de vedao previstas na Lei Complementar; ou14

III - obrigatoriamente, quando ultrapassado, no ano-calendrio de incio de atividade, o limite de receita bruta de enquadramento. 24) Quais os efeitos das excluses? As ME e EPP excludas do Simples Nacional sujeitar-se-o, a partir do perodo em que se processarem os efeitos da excluso, s normas de tributao aplicveis s demais pessoas jurdicas. Quando no incio das atividades a ME ou EPP ultrapassar os valores previstos para o sistema, ser desenquadrada e ficar sujeita ao pagamento da totalidade ou da diferena dos respectivos impostos e contribuies, devidos em conformidade com as normas gerais de incidncia, acrescidos, to-somente, de juros de mora, se efetuado esse pagamento antes do incio de procedimento de ofcio. (Art. 31 e 32)

25) No caso de pagamento em atraso, quais sero os acrscimos legais a serem aplicados? Aplicam-se aos impostos e contribuies devidos pelas ME e EPP , inscritas no Simples Nacional, as normas relativas aos juros e multa de mora e de ofcio previstas para o imposto de renda, inclusive, quando for o caso, em relao ao ICMS e ao ISS. (Art. 35) 26) Como as empresas em dbito com os tributos podero se enquadrar no Simples Nacional? Existe previso de parcelamento? Ser concedido, para ingresso no regime diferenciado e favorecido previsto na Lei Complementar, parcelamento, em at 120 (cento e vinte) parcelas mensais e sucessivas, dos dbitos relativos aos tributos e contribuies previstos no Simples Nacional, inclusive dbitos inscritos em dvida ativa, de responsabilidade das ME ou EPP e de seu titular ou scio, relativos a fatos geradores ocorridos at 31 de janeiro de 2006.

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O valor mnimo da parcela mensal ser de R$ 100,00 (cem reais), considerados isoladamente os dbitos para com a Fazenda Nacional, para com a Seguridade Social, para com a Fazenda dos Estados, dos Municpios ou do Distrito Federal. O parcelamento ser requerido respectiva Fazenda para com a qual o sujeito passivo esteja em dbito. (Art. 79) 27) Quando a Lei Complementar entrar em vigor? A Lei Complementar entrou em vigor em 15/12/2006, ressalvado o regime de tributao das ME e EPP que entrar em vigor em 1 de julho , de 2007 (Art. 88) .

Contribuio da Gerncia Tributria da FIEMG.Luciana Mundim de Mattos Paixo Gerente Tributria Telefone: (31) 3263-4378 e-mail: [email protected]

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ASPECTOS DO ACESSO AOS MERCADOSINTRODUOSem dvida alguma, uma das maiores inovaes trazidas pela Lei Complementar n 123/06, que instituiu o Estatuto Nacional das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, foi o tratamento diferenciado e favorecido dado s ME e EPP para acesso ao mercado. Trata-se de prerrogativas dispensadas s microempresas e empresas de pequeno porte no que tange suas participaes em processos pblicos de aquisio de mercadorias e servios, as licitaes, em que tais empresas gozaro de privilgios em face dos demais concorrentes participantes. Outro ponto que merece destaque diz respeito possibilidade das ME e EPP formarem consrcios, situao que lhes permitir mais facilmente celebrar negcios de compra e venda de bens e servios em razo dos ganhos de escala, reduo de custos, gesto estratgica, maior capacitao, acesso a crdito e a inovaes tecnolgicas. Inquestionavelmente esses benefcios proporcionaro s microempresas e empresas de pequeno porte, enquadradas no Estatuto, mais oportunidades de competitividade e suas inseres em novos mercados internos e externos. 1) Quais os benefcios dados s MP e EPP no que tange venda de seus produtos e servios no mercado? As ME e EPP possuem tratamento favorecido e diferenciado nas vendas e fornecimento de produtos e servios para os entes pblicos, gozando de privilgios nos processos de licitaes. 2) Quais os benefcios concedidos s empresas enquadradas no Estatuto que optarem por participar de processos licitatrios de rgos pblicos? Nas licitaes pblicas os benefcios so: I - a comprovao de regularidade fiscal das microempresas e empresas de pequeno porte somente ser exigida para efeito de assinatura do contrato; (Art. 42)17

II - havendo alguma restrio na comprovao da regularidade fiscal, ser assegurado o prazo de dois dias teis, cujo termo inicial corresponder ao momento em que o proponente for declarado o vencedor do certame, prorrogveis por igual perodo, para a regularizao da documentao, pagamento ou parcelamento do dbito, e emisso de eventuais certides negativas ou positivas com efeito de certido negativa. (Art. 43) III - ser assegurada, como critrio de desempate, preferncia de contratao para as ME e EPP (Art. 44) . 3) Para aplicao das prerrogativas de mercado, o que se entende por empate? Entende-se por empate aquelas situaes em que as propostas apresentadas pelas ME e EPP sejam iguais ou at 10% (dez por cento) superiores proposta mais bem classificada e, na modalidade de prego, o intervalo percentual de at 5% (cinco por cento) superior ao melhor preo. (Art. 44) 4) Como ser solucionado o empate entre ME e EPP? Ocorrendo o empate, proceder-se- da forma estabelecida no artigo 45 da Lei Complementar seguindo-se as seguintes regras: I - a ME ou EPP mais bem classificada poder apresentar proposta de preo inferior quela considerada vencedora do certame, situao em que ser adjudicado em seu favor o objeto licitado; II - no ocorrendo a contratao da ME ou EPP inicialmente selecionada, sero convocadas as outras remanescentes, na ordem classificatria, para o exerccio do mesmo direito; III - no caso de equivalncia dos valores apresentados pelas ME e EPP ser realizado sorteio entre elas para que se identifique aquela que primeiro poder apresentar melhor oferta.

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5) Quais outros benefcios podero ser opcionalmente dispensados s ME e EPP no que se refere ao acesso ao mercado? Objetivando a promoo do desenvolvimento econmico e social no mbito municipal e regional, a ampliao da eficincia das polticas pblicas e o incentivo inovao tecnolgica e, desde que previsto e regulamentado na legislao do respectivo ente, nas contrataes pblicas da Unio, dos Estados e dos Municpios poder ser concedido tratamento diferenciado e simplificado para as ME e EPP nos seguintes termos: I - realizao de processo licitatrio destinado exclusivamente participao de microempresas e empresas de pequeno porte nas contrataes cujo valor seja de at R$ 80.000,00 (oitenta mil reais); II - processo licitatrio em que seja exigida dos licitantes a subcontratao de microempresa ou de empresa de pequeno porte, desde que o percentual mximo do objeto a ser subcontratado no exceda a 30% (trinta por cento) do total licitado; III - processo licitatrio em que se estabelea cota de at 25% (vinte e cinco por cento) do objeto para a contratao de microempresas e empresas de pequeno porte, em certames para a aquisio de bens e servios de natureza divisvel. (Arts. 47 e 48) 6) Quando os entes pblicos esto autorizados a no concederem os benefcios opcionais? O tratamento diferenciado opcional no ser aplicado, nos termos do artigo 49 da Lei Complementar, quando: I - os critrios de tratamento diferenciado e simplificado para as microempresas e empresas de pequeno porte no forem expressamente previstos no instrumento convocatrio; II - no houver um mnimo de trs fornecedores competitivos enquadrados como ME e EPP sediados local ou regionalmente e capazes de cumprir as exigncias estabelecidas no instrumento convocatrio;19

III - o tratamento diferenciado e simplificado para as microempresas e empresas de pequeno porte no for vantajoso para a administrao pblica ou representar prejuzo ao conjunto ou complexo do objeto a ser contratado; IV - a licitao for dispensvel ou inexigvel, nos termos da Lei n 8.666/93. 7) Admite-se, sem prejuzo da aplicao dos benefcios do Simples Nacional, o consrcio entre ME e EPP? As ME e EPP podero realizar negcios de compra e venda, de bens e servios, para os mercados nacional e internacional, por meio de consrcio, por prazo indeterminado, nos termos e condies estabelecidos pelo Poder Executivo federal. O consrcio dever ser composto exclusivamente por microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional e destinar-se- ao aumento de competitividade e a sua insero em novos mercados internos e externos, por meio de ganhos de escala, reduo de custos, gesto estratgica, maior capacitao, acesso a crdito e a novas tecnologias. (Art. 56)

Contribuio da Gerncia Tributria da FIEMG.Luciana Mundim de Mattos Paixo Gerente Tributria Telefone: (31) 3263-4378 e-mail: [email protected]

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ASPECTOS TRABALHISTASPoucas foram as alteraes trazidas pela nova lei, no que tange s questes trabalhistas. Foram mudanas em obrigaes burocrticas das empresas e uma pequena flexibilizao na legislao trabalhista, mediante negociao coletiva. Os reflexos devem ser de mnima repercusso.

1) De quais obrigaes trabalhistas as micro e pequenas empresas sero dispensadas? Afixao de quadro de trabalho; Anotao das frias nos livros (mantida a anotao na carteira dos empregados); Empregar menores aprendizes; Posse do livro inspeo do trabalho; Comunicao ao Ministrio do Trabalho de concesso de frias coletivas. (art. 50) 2) E sobre o recolhimento do FGTS? H algum tratamento diferenciado? Para o empresrio com receita bruta anual no ano-calendrio anterior de at R$ 36.000,00 (trinta e seis mil reais), haver tambm a dispensa de pagamento das alquotas adicionais do FGTS, criadas para pagamento dos expurgos inflacionrios (0,5% sobre o recolhimento o mensal passando para 8,5% e 10% no caso da multa rescisria, nas dispensas de empregados por iniciativa da empresa - 40% para 50%). A primeira alterao no ter qualquer impacto, vez que esses recolhimentos terminaram no final do ano de 2006 e o Estatuto da Microempresa s entrar em vigor em meados de 2007 A segunda pode produzir algum . reflexo, mesmo aplicando-se a limitado universo de empresas, por fora da restrio da receita bruta anual. Os benefcios podero ser usufrudos por at trs anos-calendrio. (art. 53)21

3) No que toca Justia do Trabalho houve alguma mudana? Ficou estabelecido que o empresrio de microempresa ou de empresa de pequeno porte poder se fazer representar nas audincias trabalhistas por terceiros que conheam dos fatos, mesmo que no possuam vnculo trabalhista. At ento o preposto deveria ser empregado da empresa. (art.54) 4) Sobre negociao coletiva, houve alguma flexibilizao? Sim. Houve uma pequena flexibilizao na legislao trabalhista no que se refere possibilidade de as empresas negociarem com o sindicato dos trabalhadores a durao e o valor da hora, relacionadas com o tempo despendido pelo empregado at o local de trabalho e retorno. Isso quando se tratar de local de difcil acesso ou no servido por transporte pblico (as chamadas horas "in itineri", que so consideradas pela lei como horas trabalhadas). (art.84)

Contribuio da Gerncia de Relaes Trabalhistas da FIEMG.Vernica Maria Flecha de Lima lvares Gerente de Relaes Trabalhistas Telefone: (31) 3263-4397 e-mail: [email protected]

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ASPECTOS AMBIENTAISA questo ambiental tratada pelo Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte de forma geral e, numa primeira anlise, sem grandes impactos. O texto da Lei contempla matria ambiental no captulo destinado inscrio e baixa das empresas, determinando que os requisitos de segurana sanitria, metrologia, controle ambiental e preveno contra incndios, para os fins de registro e legalizao de empresrios e pessoas jurdicas, devero ser simplificados, racionalizados e uniformizados pelos rgos envolvidos na abertura e fechamento de empresas, no mbito de suas competncias. Em outro ponto do texto, dispe-se que a fiscalizao, no aspecto ambiental, dever ter natureza prioritariamente orientadora, quando a atividade ou situao, por sua natureza, comportar grau de risco compatvel com esse procedimento.

Em vista dos dispositivos, pergunta-se: 1) Como se dar o processo de simplificao, racionalizao e uniformizao dos procedimentos previstas no Estatuto? Para o Estado de Minas Gerais, acredita-se que a simplificao j esteja de certa forma contemplada, na medida em que a legislao ambiental mineira prev a Autorizao Ambiental de Funcionamento para empreendimentos que no produzam impactos significativos. Nos aspectos relacionados racionalizao e uniformizao dos procedimentos, ser necessria melhor definio na regulamentao da lei.

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2) No que implica a fiscalizao de natureza orientadora? A fiscalizao orientadora se d quando o tcnico do rgo ambiental, usando do seu amplo conhecimento e experincia, durante o procedimento de fiscalizao, informa ao empreendedor as no conformidades, apontando, sempre que possvel, as medidas e solues para que sejam regularizadas. Ao realizar tal procedimento, o aspecto positivo dar micro e pequena empresa a possibilidade de correo, antes de qualquer autuao que, acarretando em multa, retira a possibilidade de adequao ambiental do empreendimento. 3) Como se dar a caracterizao do grau de risco compatvel com o procedimento de orientao? Tambm objeto de regulamentao, caber aos rgos ambientais a definio do critrio para constatao do risco compatvel com o procedimento proposto, levando-se em conta o potencial poluidor do empreendimento ou atividade, alm da relevncia dos impactos e sua abrangncia.

Contribuio da Gerncia de Meio Ambiente da FIEMG.Wagner Soares Costa Gerente de Meio Ambiente Telefone: (31) 3263-4501 e-mail: [email protected]

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ASPECTOS DO ESTMULO AO CRDITO E CAPITALIZAOA Lei Geral da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte aponta algumas aes para estmulo ao crdito e capitalizao, podendo-se destacar as seguintes propostas: o Executivo Federal poder propor medidas no sentido de melhorar o acesso aos mercados de crdito e de capitais; os bancos pblicos comerciais e mltiplos mantero linhas de crdito especficas para micro e pequenas empresas e devem articular, com as entidades de apoio e representativas, programas de treinamento, desenvolvimento gerencial e capacitao tecnolgica; o Banco Central poder disponibilizar informaes sobre o relacionamento da empresa com instituies financeiras de forma a promover a portabilidade das operaes financeiras para o agente que oferecer melhores condies de crdito e a possibilidade do CODEFAT disponibilizar recursos financeiros para as cooperativas de crdito das quais participem MEs e EPPs. 1) Quais estmulos ao crdito e capitalizao foram institudos pelo Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte? A Lei Complementar estabelece em suas Disposies Gerais que o Poder Executivo Federal propor, sempre que necessrio, medidas no sentido de melhorar o acesso das microempresas e empresas de pequeno porte aos mercados de crdito e de capitais, objetivando reduzir o custo de transao, melhorar a utilizao dos recursos pelas empresas, incentivar a concorrncia e a qualidade do conjunto informacional, em especial o acesso s informaes relativas ao histrico de relacionamento bancrio e creditcio. Significa que novas regulamentaes e atos normativos podero ser editados para fomentar o acesso das MEs e EPPs ao crdito. Abre-se, assim espao para discusso e proposio de futuras inovaes no tema.

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2) Os bancos pblicos vo oferecer linhas de crdito especficas para as MEs e EPPs? A Lei Geral estabelece que os bancos comerciais pblicos e os bancos mltiplos pblicos (exemplos: Banco do Brasil, Banco do Nordeste, dentre outros) e a Caixa Econmica Federal mantero linhas de crdito especficas para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, devendo o montante disponvel e suas condies de acesso serem expressos nos respectivos oramentos e amplamente divulgadas. 3) O Estatuto estabelece como os bancos pblicos e as entidades representativas das MEs e EPPs devem colaborar para o desenvolvimento do segmento? Sim, a Lei Geral dispe que os bancos comerciais pblicos e os bancos mltiplos pblicos devem articular com as respectivas entidades de apoio e de representao das MEs e EPPs, no sentido de proporcionar e desenvolver programas de treinamento, desenvolvimento gerencial e capacitao tecnolgica, visando facilitar o acesso dessas empresas ao crdito. 4) Atravs da Lei Geral as empresas podero migrar mais facilmente de banco para realizao de suas operaes financeiras? Sim, visando ampliar o acesso ao crdito para microempresas e empresas de pequeno porte e fomentar a competio entre os bancos, o Banco Central do Brasil poder disponibilizar, aos prprios titulares, dados e informaes especficas relativas ao histrico de relacionamento bancrio e creditcio das empresas para serem apresentados a outras instituies financeiras que lhes apresentem melhores condies de crdito.

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5) A Lei Geral instituiu algum mecanismo de garantia de crdito? No, foi vetado na Lei Geral publicada o artigo que propunha a criao do Sistema Nacional de Garantias de Crdito, que tinha o objetivo de facilitar o acesso das MEs e EPPs ao crdito e a demais servios nas instituies financeiras. A justificativa do veto se deve ao fato de outras importantes categorias da economia, que tambm enfrentam dificuldades de acesso ao sistema financeiro tradicional, no contarem com igual tratamento. 6) As Cooperativas de Crdito foram contempladas no Estatuto? Sim, o Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador CODEFAT a partir da Lei Geral, poder disponibilizar recursos financeiros , por meio da criao de programa especfico para as Cooperativas de Crdito de cujos quadros de associados participem microempreendedores, empreendedores de microempresa ou de empresa de pequeno porte, bem como suas empresas.

Contribuio da Gerncia de Capitalizao e Financiamentos da FIEMG.Guilherme Veloso Leo Gerente de Capitalizao e Financiamento Telefone: (31) 3263-4393 e-mail: [email protected]

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ASPECTOS LEGISLATIVOSA Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, nome pelo qual a Lei Complementar 123/2006 ficou conhecida, representa grande avano no que diz respeito sistematizao das regras a serem aplicadas s Microempresas e Empresas de Pequeno Porte. Por ser tema de grande destaque para toda a sociedade brasileira, o projeto da Lei Geral atraiu a ateno de todos os setores, especialmente o produtivo. Devido complexidade dos temas ali abordados, foi necessrio o aprofundamento das discusses sobre o Projeto de Lei com a realizao de audincias pblicas pela Cmara dos Deputados, onde os setores produtivos puderam levar ao conhecimento dos parlamentares o seu sentimento e suas reivindicaes em relao aos temas que seriam abordados pela Lei Geral. Merece destaque a contribuio da Federao das Indstrias do Estado de Minas Gerais no sentido de expressar o posicionamento da comunidade industrial de Minas Gerais. Aps dois anos de tramitao, o projeto da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas foi sancionado, em 15/12/2006, pelo Presidente da Repblica, sendo lanada no mundo jurdico a Lei Complementar 123 de 2006. Entretanto, a discusso no se encerra aqui. A Lei Geral ainda necessita de regulamentao, a ser conduzida pelo Poder Executivo, na qual grandes questes devero ser enfrentadas. Assim, a ateno que o setor produtivo organizado dispensou ao Projeto de Lei dever ser mantida nesta fase que vir. Por fim, o olhar do setor produtivo organizado dever se manter atento sobre o Congresso Nacional, pois, apesar do grande passo dado com a aprovao do Projeto da Lei Geral, ainda restam grandes temas a serem regulamentados para a busca de condies para a sustentabilidade e o desenvolvimento do setor das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte.

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1) Com a aprovao da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas esgota-se a discusso sobre as Micro e Pequenas Empresas no mbito do Congresso Nacional? No tocante ao Projeto da Lei Geral, ainda resta ao Congresso Nacional apreciar os vetos promovidos pelo Presidente da Repblica. So os pontos vetados: 1) 2 do art. 1, que tinha a seguinte redao: 2 A atualizao dos valores deliberada pelo Comit Gestor ser efetivada mediante a edio de lei ordinria. 2) Pargrafo 4 do art. 13, com a seguinte redao: 4 Excetua-se da dispensa a que se refere o 3 deste artigo a contribuio sindical patronal instituda pelo Decreto-Lei n 5.452, de 1 de maio de 1943. 3) Artigo 15, com a seguinte redao: Art. 15. A microempresa ou empresa de pequeno porte optante pelo Simples Nacional no sofrer reteno na fonte de imposto de renda e das contribuies institudas pela Unio. 4) Incisos XXII e XXVIII do 1 e 3 do art. 17 com a , seguinte redao: XXII XXVIII - decorao e paisagismo; - representao de seguros. 3 - O disposto no inciso X do caput deste artigo no se aplica no caso de produo de fogos de artifcio. comercial e corretoras

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5)

Pargrafo nico do art. 52, com a seguinte redao: Pargrafo nico. O Comit Gestor estabelecer, por resoluo, modo simplificado de apresentao das declaraes previstas no inciso IV do caput deste artigo.

6)

Pargrafo 2 do art. 55, com a seguinte redao: 2 Ressalvadas as hipteses previstas no 1 deste artigo, caso seja constatada alguma irregularidade na primeira visita do agente pblico, este formalizar Notificao de Orientao para Cumprimento de Dispositivo Legal, conforme regulamentao, devendo sempre conter a respectiva orientao e plano negociado com o responsvel pela microempresa ou empresa de pequeno porte.

7)

Artigo 60, com a seguinte redao: Art. 60. Fica institudo o Sistema Nacional de Garantias de Crdito com o objetivo de facilitar o acesso das micro e pequenas empresas ao crdito e a demais servios nas instituies financeiras.

8)

Artigo 69, com a seguinte redao: Art. 69. Relativamente ao empresrio enquadrado como microempresa ou empresa de pequeno porte nos termos desta Lei Complementar, aquele somente responder pelas dvidas empresariais com os bens e direitos vinculados atividade empresarial, exceto nos casos de desvio de finalidade, de confuso patrimonial e obrigaes trabalhistas, em que a responsabilidade ser integral.

9)

Pargrafo 3 do art. 77 com a seguinte redao: 3 At o , trmino do prazo previsto no 1 deste artigo, ficam vigentes as atuais leis estaduais e municipais em favor da microempresa e da empresa de pequeno porte.

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10)

Artigo 85, com a seguinte redao: Art. 85 - O art. 5 da Lei n 10.189, de 14 de fevereiro de 2001, passa a vigorar acrescido do seguinte 4: 4 - A verba de sucumbncia de at 1% (um por cento) do valor do dbito consolidado, includo no Refis ou no parcelamento alternativo a que se refere o art. 12 da Lei n 9.964, de 10 de abril de 2000, substitui o encargo legal de 20% (vinte por cento) previsto no Decreto-Lei n 1.025, de 21 de outubro de 1969, e alteraes posteriores. (NR)

Ainda com base neste questionamento, cabe esclarecer que a Lei Geral, apesar de toda sua importncia, no esgotou todos os pontos necessrios regulamentao do setor das micro e pequenas empresas. Atualmente esto em tramitao algo em torno de 180 proposies. Assim, o Congresso Nacional est longe de esgotar a discusso acerca dos temas ligados s microempresas e empresas de pequeno porte. 2) Dessas cerca de 180 proposies em tramitao no Congresso Nacional, quais seriam de relevncia para o setor industrial? Aps um trabalho de mapeamento dessas proposies pelo Conselho de Assuntos Legislativos da Federao das Indstrias do Estado de Minas Gerais, identificou-se que elas esto divididas em vrias espcies de normas jurdicas, em que temos Leis Ordinrias, Leis Complementares e at mesmo Propostas de Emendas Constitucionais. Dentre essas proposies, um total de 55 merecem algum tipo de ateno do setor industrial, sendo que o grau de priorizao ser feito pelo Conselho da Micro, Pequena e Mdia Indstria da Federao das Indstrias do Estado de Minas Gerais.

Contribuio do Conselho de Assuntos Legislativos da Fiemg.Andr Chaves de Andrade Advogado do Conselho de Assuntos Legislativos Telefone: (31) 3263-4494 e-mail: [email protected]