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Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990) Lei de Criação do Conanda (Lei nº 8.242/1991) 2ª Edição Regimento Interno do Conanda (Resolução nº 77/2002)

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  • Estatuto da Criançae do Adolescente

    (Lei nº 8.069/1990)

    Lei de Criação do Conanda(Lei nº 8.242/1991)

    2ª Edição

    Regimento Interno do Conanda

    (Resolução nº 77/2002)

  • Realização:

    Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente –

    CONANDA

    Ministério da Justiça/Secretaria de Estado dos Direitos Humanos/Departamentoda Criança e do Adolescente

    © 2002 – Ministério da Justiça

    Distribuição:

    Secretaria Executiva do ConandaEsplanada dos MinistérioMinistério da Justiça • Anexo II • Sala 508CEP: 70064-901 • Brasília-DFTelefone: (61) 225-2327 • 429-3524 • 429-3535Fax: (61) 224-8735E-mail: [email protected] Page: http://www.mj.gov.br/sedh/conanda/index.htm

  • Sumário

    Apresentação

    Composição do Conanda

    Estatuto da Criança e do Adolescente

    Lei de criação do Conanda

    Regimento Interno do Conanda

    5

    9

    15

    129

    135

    ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

    ○ ○ ○ ○ ○

    ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

    ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

    ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

  • 5

    Apresentação

    O Estatuto da Criança e do Adolescente está completando doze anos neste ano de 2000.

    Como parte das comemorações, o ConselhoNacional dos Direitos da Criança e do Adolescente– Conanda tem o prazer de disponibilizar mais umaedição desta Lei Federal.

    Estes doze anos são marcados por umadeterminação incansável na implementação de seusmecanismos e na superação de ultrapassadas formasde entender as questões que envolvem crianças eadolescentes.

    Uma lei que quer ser universal, a todas as criançase adolescentes; que aplica os princípios constitucionaisda descentralização e municipalização administrativa;que aponta o exercício cidadão de controle social numaconcepção de democracia participativa; que instituiorganismos fiscalizadores da sua implementação nosmunicípios, sendo constituídos pela escolha direta dasociedade local; que envolve toda a sociedade no controlee fiscalização dos recursos públicos, criando inclusiveinstrumentos específicos para os recursos nesta área.

  • 6

    Enfim, uma legislação que aponta para uma novaforma de gestão pública nas ações que busquematender a crianças e adolescentes. Uma legislação queaponta para um novo modelo de Estado em todas assuas instâncias e poderes.

    À família cabe lugar central em toda a suaformulação. Os princípios da absoluta prioridade eda proteção integral serão efetivados a partir dainterligação das ações que envolvam famílias,comunidade, sociedade em geral e poder público.Todos são co-responsáveis.

    Neste sentido a implantação do Estatuto nestesdez anos, foi uma continuidade do movimento socialque o elaborou. Assim como um importante esignificativo movimento social foi fundamental naelaboração do Estatuto, a sua implementação não foide forma diferente.

    Variados atores representativos dos mais diversoscampos de atuação, envolveram-se tanto do ponto devista pessoal quanto do ponto de vista institucionalnesta nobre tarefa de construir para o país políticaspúblicas que venham ao encontro das necessidadesdas crianças e adolescentes.

    Ousamos enfrentar arcaicas estruturas baseadas

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    em modelos de atendimento que primaram pelofracasso. Ousamos apontar caminhos inovadorespara antigas ‘chagas’ que carregam nossa infância eadolescência. Ousamos dizer o que desejamos tantoa governos quanto a organizações da sociedade civilque cumpram sua parte no pacto pela vida de criançase adolescentes, como co-gestores das políticaspúblicas. Ousamos dizer que todas as crianças eadolescentes são sujeitos de direitos em condiçõespeculiares de desenvolvimento e, portanto, pessoasa que se devem dirigir todas as propostas quegarantam sua proteção integral.

    Estamos ainda num processo de transição, onovo convive com o velho. Um teima em resistiramarrado a uma vertente muito viva na sociedade deque nem todos são crianças e adolescentes. A estesuma forma diferenciada de atenção, centrada narepressão. O outro, anuncia e desvela a todos, quetemos enquanto sociedade a responsabilidade degarantir a todas as crianças e adolescentes condiçõesdignas de vida, garantir as políticas públicas necessáriaspara que tenham vida em abundância.

    O Conselho Nacional dos Direitos da Criança edo Adolescente nestes doze anos, agradece a todos osoperadores do Estatuto da Criança e do Adolescente

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    a coragem e a força que tiveram neste período, paralevar adiante este projeto de sociedade que escrevemosem forma de lei.

    Como herdeiros das históricas lutas pela cidadaniaem todo o percurso de nossa história, estamosconseguindo fazer cumprir a nossa missão. Porém,como todos sabemos, este processo de comemoraçãopelos doze anos nos faz alavancar novas propostaspara dar prosseguimento a esta tarefa. Revigoradospela avaliação positiva desta década.

    Como diz o poeta: ‘Valeu a intenção da semente’.

    Cláudio Augusto Vieira da Silva

    Presidente do Conanda

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    Conselheiros e Conselheiras

    CONANDA

    Cláudio Augusto Vieira da SilvaPresidente

    Denise Maria Fonseca PaivaVice-Presidente

    REPRESENTANTES GOVERNAMENTAIS

    Ministério da JustiçaPaulo Sérgio de Morais Sarmento Pinheiro

    Suplente: Denise Maria Fonseca Paiva

    Casa Civil da Presidência da RepúblicaIvanildo Tajra Franzosi

    Suplente: Clóvis Ubirajara Lacorte

    Ministério das Relações ExterioresHidelbrando Tadeu Nascimento Valadares

    Suplente: Ana Maria Mülser Parada

    Ministério da EducaçãoIara Glória Areias Prado

    Suplente: Marilda Almeida Marfan

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    Ministério da SaúdeDenise Doneda

    Suplente: Jane Ramos Pereira

    Ministério da FazendaOsvaldo Marcolino Alves Filho

    Suplente: Maria Teresa Pereira Lima

    Ministério do Trabalho e EmpregoGláuber Maciel Santos

    Suplente: Margarida Manguba CardosoSegunda Suplente: Yvonne Bezerra de Mello

    Previdência e Assistência SocialWânia Ribeiro Tavares

    Suplente: Alexandre Rocha Araújo

    Ministério da CulturaWalter Antônio da Silva

    Suplente: Ministério do Esporte e TurismoAntônio Carlos Pereira

    Ministério do Orçamento e GestãoMax Halley Sudário de Lima e SilvaSuplente: Tânia Mara Eller da Cruz

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    REPRESENTANTES DE ENTIDADESNÃO-GOVERNAMENTAIS

    Fundação Fé e Alegria do BrasilCláudio Augusto Vieira da Silva

    Pontifícia Universidade Católica da São Paulo – PUC/SPMaria Stela Santos Graciani

    Sociedade Brasileira de Pediatria – SBPRachel Niskier Sanchez

    Central Única dos Trabalhadores – CUTMaria Izabel da Silva

    Movimento Nacional dos Direitos Humanos – MNDHManoel Messias Moreira da Silva

    Centro de Referência, Estudos e Ações sobreCrianças e Adolescentes – Cecria

    Vicente de Paula Faleiros

    Conselho Federal do Serviço Social – CFessKênia Augusta Figueiredo

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    Associação Brasileira de OrganizaçõesNão-Governamentais – Abong

    Normando Batista Santos

    Centro de Cultura Luiz FreireJosé Fernando da Silva

    Confederação Nacional dos Bispos do Brasil – CNBBJoacir Della Giustina

    Suplentes – REPRESENTANTES DE ENTIDADESNÃO-GOVERNAMENTAIS

    Associação Brasileira de Magistrados e Promotoresda Justiça, da Infância e da Juventude – ABMP

    Saulo de Castro Bezerra

    Ordem dos Advogados do Brasil – OABMarco Antonio Paiva Colares

    Movimento Nacional deMeninos e Meninas de Rua – MNMMR

    Jussara de Goiás Nascimento Viana

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    Pastoral da CriançaIrmã Beatriz Hobold

    Confederação Nacional das ApaesLaura Rosseti

    Associação Multiprofissional de Proteção àInfância e Adolescência – Abrapia

    Saturnina Pereira da Silva

    Instituto para o Desenvolvimento Integral daCriança e do Adolescente – Indica

    José Claret Leite Cintra

    Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança – AbrinqAna Maria Wilheim

    Inspetoria São João Bosco – SalesianosRaymundo Rabelo de Mesquita

    União Nacional das EscolasFamílias Agrícolas do Brasil – Unefab

    João Batista Pereira de Queiroz

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    ESTATUTO DA CRIANÇA

    E DO ADOLESCENTE

    Lei Federal Nº 8.069/1990

    (Publicado no DOU de 16.07.90, seção I)

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    LIVRO I – PARTE GERALTítulo IDas Disposições Preliminares (arts. 1º a 6º)Título IIDos Direitos FundamentaisCapítulo I – Do Direito à Vida e à Saúde(arts. 7º a 14)Capítulo II – Do Direito à Liberdade, ao Respeitoe à Dignidade (arts. 15 a 18)Capítulo III – Do Direito à Convivência Familiar eComunitáriaSeção I – Disposições Gerais (arts. 19 a 24)Seção II – Da Família Natural (arts. 25 a 27)Seção III – Da Família SubstitutaSubseção I – Disposições Gerais (arts. 28 a 32)Subseção II – Da Guarda (arts. 33 a 35)Subseção III – Da Tutela (arts. 36 a 38)Subseção IV – Da Adoção (arts. 39 a 52)Capítulo IV – Do Direito à Educação, à Cultura,ao Esporte e ao Lazer (arts. 53 a 59)

    Sumário

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    Capítulo V – Do Direito à Profissionalização e àProteção no Trabalho (arts. 60 a 69)Título IIIDa PrevençãoCapítulo I – Disposições Gerais (arts. 70 a 73)Capítulo II – Da Prevenção EspecialSeção I – Da Informação, Cultura, Lazer, Esportes,Diversões e Espetáculos (arts. 74 a 80)Seção II – Dos Produtos e Serviços (arts. 81 e 82)Seção III – Da Autorização para Viajar(arts. 83 a 85)

    LIVRO II – PARTE ESPECIALTítulo IDa Política de AtendimentoCapítulo I – Disposições Gerais (arts. 86 a 89)Capítulo II – Das Entidades de AtendimentoSeção I – Disposições Gerais (arts. 90 a 94)Seção II – Da Fiscalização das Entidades (arts.95 a 97)Título IIDas Medidas de ProteçãoCapítulo I – Disposições Gerais (art. 98)Capítulo II – Das Medidas Específicas de Proteção(arts. 99 a 102)

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    Título IIIDa Prática do Ato InfracionalCapítulo I – Disposições Gerais (arts. 103 a 105)Capítulo II – Dos Direitos Individuais (arts. 106 a 109)Capítulo III – Das Garantias Processuais(arts. 110 e 111)Capítulo IV – Das Medidas SocioeducativasSeção I – Disposições Gerais (arts. 112 a 114)Seção II – Da Advertência (art. 115)Seção III – Da Obrigação de Reparar o Dano(art. 116)Seção IV – Da Prestação de Serviços àComunidade (art. 117)Seção V – Da Liberdade Assistida (arts. 118 e 119)Seção VI – Do Regime de Semiliberdade (art. 120)Seção VII – Da Internação (arts. 121 a 125)Capítulo V – Da Remissão (arts. 126 a 128)Título IVDas Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável(arts. 129 e 130)Título VDo Conselho TutelarCapítulo I – Disposições Gerais (arts. 131 a 135)Capítulo II – Das Atribuições do Conselho(arts. 136 a 137)Capítulo III – Da Competência (art. 138)

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    Capítulo IV – Da Escolha dos Conselheiros (art. 139)Capítulo V – Dos Impedimentos (art. 140)Título VIDo Acesso à JustiçaCapítulo I – Disposições Gerais (arts. 141 a 144)Capítulo II – Da Justiça da Infância e daJuventudeSeção I – Disposições Gerais (art. 145)Seção II – Do Juiz (arts. 146 a 149)Seção III – Dos Serviços Auxiliares (arts. 150 e 151)Capítulo III – Dos ProcedimentosSeção I – Disposições Gerais (arts. 152 a 154)Seção II – Da Perda e da Suspensão da Pátrio Poder(arts. 155 a 163)Seção III – Da Destituição da Tutela (art. 164)Seção IV – Da Colocação em Família Substituta(arts. 165 a 170)Seção V – Da Apuração do Ato InfracionalAtribuído a Adolescente (arts.171 a 190)Seção VI – Da Apuração de Irregularidades emEntidades de Atendimento (arts. 191 a 193)Seção VII – Da Apuração de InfraçãoAdministrativa às Normas de Proteção à Criança eao Adolescente (arts. 194 a 197)Capítulo IV – Dos Recursos (arts. 198 e 199)

  • 21

    Capítulo V – Do Ministério Público (arts. 200 a 205)Capítulo VI – Do Advogado (arts. 206 e 207)Capítulo VII – Da Proteção Judicial dos InteressesIndividuais, Difusos e Coletivos (arts. 208 a 224)Título VIIDos Crimes e das Infrações AdministrativasCapítulo I – Dos CrimesSeção I – Disposições Gerais (arts. 225 a 227)Seção II – Dos Crimes em Espécie (arts. 228 a 244)Capítulo II – Das Infrações Administrativas(arts. 245 a 258)

    DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS(arts. 259 a 267)

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    LEI N° 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990

    Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, e

    dá outras providências.

    LIVRO IParte Geral

    Título IDAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

    Art. 1° Esta Lei dispõe sobre a proteção integral àcriança e ao adolescente.

    Art. 2° Considera-se criança, para os efeitos destaLei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, eadolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.

    Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entredezoito e vinte e um anos de idade.

    Art. 3° A criança e o adolescente gozam de todosos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana,sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei,assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todasas oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar odesenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social,em condições de liberdade e de dignidade.

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    Art. 4° É dever da família, da comunidade, dasociedade em geral e do poder público assegurar, comabsoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentesà vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte,ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade,ao respeito, à liberdade e à convivência familiar ecomunitária.

    Parágrafo único. A garantia de prioridadecompreende:

    a) primazia de receber proteção e socorro emquaisquer circunstâncias;

    b) precedência do atendimento nos serviçospúblicos ou de relevância pública;

    e) preferência na formulação e na execução daspolíticas sociais públicas;

    d) destinação privilegiada de recursos públicos nasáreas relacionadas com a proteção à infância e àjuventude.

    Art. 5° Nenhuma criança ou adolescente seráobjeto de qualquer forma de negligência,discriminação, exploração, violência, crueldade eopressão, punido na forma da lei qualquer atentado,por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.

    Art. 6° Na interpretação desta Lei levar-se-ão emconta os fins sociais e a que ela se dirige, as exigências

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    do bem comum, os direitos e deveres individuais ecoletivos, e a condição peculiar da criança e doadolescente como pessoas em desenvolvimento.

    Título IIDOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

    Capítulo IDO DIREITO À VIDA E À SAÚDE

    Art. 7° A criança e o adolescente têm direito aproteção à vida e à saúde, mediante a efetivação depolíticas sociais públicas que permitam o nascimentoe o desenvolvimento sadio e harmonioso, emcondições dignas de existência.

    Art. 8° É assegurado à gestante, através do SistemaÚnico de Saúde, o atendimento pré e perinatal.

    § 1° A gestante será encaminhada aos diferentesníveis de atendimento, segundo critérios médicosespecíficos, obedecendo-se aos princípios deregionalização e hierarquização do Sistema.

    § 2° A parturiente será atendida preferenci-almente pelo mesmo médico que a acompanhou nafase pré-natal.

    § 3° Incumbe ao poder público propiciar apoioalimentar à gestante e à nutriz que dele necessitem.

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    Art. 9° O poder público, as instituições e osempregadores propiciarão condições adequadas aoaleitamento materno, inclusive aos filhos de mãessubmetidas a medida privativa de liberdade.

    Art. 10 Os hospitais e demais estabelecimentos deatenção à saúde de gestantes, públicos e particulares,são obrigados a:

    I – manter registro das atividades desenvolvidas,através de prontuários individuais, pelo prazo dedezoito anos;

    II – identificar o recém-nascido mediante o registrode sua impressão plantar e digital e da impressão digitalda mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadaspela autoridade administrativa competente;

    III – proceder a exames visando ao diagnóstico eterapêutica de anormalidades no metabolismo dorecém-nascido, bem como prestar orientação aos pais;

    IV – fornecer declaração de nascimento ondeconstem necessariamente as intercorrências do partoe do desenvolvimento do neonato;

    V – manter alojamento conjunto, possibilitando aoneonato a permanência junto à mãe.

    Art. 11 É assegurado atendimento médico àcriança e ao adolescente, através do Sistema Únicode Saúde, garantido o acesso universal e igualitário

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    às ações e serviços para promoção, proteção erecuperação da saúde.

    § 1° A criança e o adolescente portadores dedeficiência receberão atendimento especializado.

    § 2° Incumbe ao poder público fornecergratuitamente àqueles que necessitarem osmedicamentos, próteses e outros recursos relativosao tratamento, habilitação ou reabilitação.

    Art. 12 Os estabelecimentos de atendimento àsaúde deverão proporcionar condições para apermanência em tempo integral de um dos pais ouresponsável, nos casos de internação de criança ouadolescente.

    Art. 13 Os casos de suspeita ou confirmação demaus-tratos contra criança ou adolescente serãoobrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelarda respectiva localidade, sem prejuízo de outrasprovidências legais.

    Art. 14 O Sistema Único de Saúde promoveráprogramas de assistência médica e odontológica paraa prevenção das enfermidades que ordinariamenteafetam a população infantil, e campanhas de educaçãosanitária para pais, educadores e alunos.

    Parágrafo único. É obrigatória a vacinação das criançasnos casos recomendados pelas autoridades sanitárias.

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    Capítulo IIDO DIREITO À LIBERDADE, AO

    RESPEITO E À DIGNIDADE

    Art. 15 A criança e o adolescente têm direito àliberdade, ao respeito e à dignidade como pessoashumanas em processo de desenvolvimento e comosujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidosna Constituição e nas leis.

    Art. 16 O direito à liberdade compreende osseguintes aspectos:

    I – ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaçoscomunitários, ressalvadas as restrições legais;

    II – opinião e expressão;III – crença e culto religioso;IV – brincar, praticar esportes e divertir-se;V – participar da vida familiar e comunitária, sem

    discriminação;VI – participar da vida política, na forma da lei;VII – buscar refúgio, auxílio e orientação.Art. 17 O direito ao respeito consiste na

    inviolabilidade da integridade física, psíquica e moralda criança e do adolescente, abrangendo a preservaçãoda imagem, da identidade, da autonomia, dos valores,idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.

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    Art. 18 E dever de todos velar pela dignidade dacriança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquertratamento desumano, violento, aterrorizante,vexatório ou constrangedor.

    Capítulo IIIDO DIREITO À CONVIVÊNCIA

    FAMILIAR E COMUNITÁRIASeção I

    Disposições Gerais

    Art. 19 Toda criança ou adolescente tem direito aser criado e educado no seio da sua família eexcepcionalmente, em família substituta, asseguradaa convivência familiar e comunitária, em ambientelivre da presença de pessoas dependentes desubstâncias entorpecentes.

    Art. 20 Os filhos, havidos ou não da relação docasamento, ou por adoção, terão os mesmos direitose qualificações, proibidas quaisquer designaçõesdiscriminatórias relativas à filiação.

    Art. 21 O pátrio poder será exercido, em igualdadede condições, pelo pai e pela mãe, na forma do quedispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles odireito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade

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    judiciária competente para a solução da divergência.Art. 22 Aos pais incumbe o dever de sustento,

    guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhesainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir efazer cumprir as determinações judiciais.

    Art. 23 A falta ou a carência de recursos materiaisnão constitui motivo suficiente para a perda ou asuspensão do pátrio poder.

    Parágrafo único. Não existindo outro motivo que porsi só autorize a decretação da medida, a criança ou oadolescente será mantido em sua família de origem, aqual deverá obrigatoriamente ser incluída emprogramas oficiais de auxílio.

    Art. 24 A perda e a suspensão do pátrio poderserão decretadas judicialmente, em procedimentocontraditório, nos casos previstos na legislação civil,bem como na hipótese de descumprimento injustificadodos deveres e obrigações a que alude o art. 22.

    Seção II

    Da Família Natural

    Art. 25 Entende-se por família natural acomunidade formada pelos pais ou qualquer deles eseus descendentes.

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    Art. 26 Os filhos havidos fora do casamentopoderão ser reconhecidos pelos pais, conjunta ouseparadamente, no próprio termo de nascimento. Portestamento, mediante escritura ou outro documentopúblico, qualquer que seja a origem da filiação.

    Parágrafo único. O reconhecimento pode precedero nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento,se deixar descendentes.

    Art. 27 O reconhecimento do estado de filiação édireito personalíssimo, indisponível e imprescritível,podendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros,sem qualquer restrição, observado o segredo de Justiça.

    Seção III

    Da Família Substituta

    Subseção I

    Disposições Gerais

    Art. 28 A colocação em família substituta far-se-ámediante guarda, tutela ou adoção, inde-pendentementeda situação jurídica da criança ou adolescente, nostermos desta Lei.

    § 1° Sempre que possível, a criança ou adolescentedeverá ser previamente ouvido e a sua opiniãodevidamente considerada.

  • Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei Federal 8.069/1990

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    § 2° Na apreciação do pedido levar-se-á em contao grau de parentesco e a relação da afinidade ou deafetividade, a fim de evitar ou minorar as conseqüênciasdecorrentes da medida.

    Art. 29 Não se deferirá colocação em famíliasubstituta a pessoa que revele, por qualquer modo,incompatibilidade com a natureza da medida ou nãoofereça ambiente familiar adequado.

    Art. 30 A colocação em família substituta nãoadmitirá transferência da criança ou adolescente aterceiros ou a entidades governamentais ou não-governamentais, sem autorização judicial.

    Art. 31 A colocação em família substitutaestrangeira constitui medida excepcional, somenteadmissível na modalidade de adoção.

    Art. 32 Ao assumir a guarda ou a tutela, oresponsável prestará compromisso de bem e fielmentedesempenhar o encargo, mediante termo nos autos.

    Subseção II

    Da Guarda

    Art. 33 A guarda obriga a prestação de assistênciamaterial, moral e educacional à criança ou adolescente,conferindo a seu detentor o direito de opor-se aterceiros, inclusive aos pais.

  • Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei Federal 8.069/1990

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    § 1° A guarda destina-se a regularizar a posse defato, podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente,nos procedimentos de tutela e adoção, exceto no deadoção por estrangeiros.

    § 2° Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, forados casos de tutela e adoção, para atender a situaçõespeculiares ou suprir a falta eventual dos pais ouresponsável, podendo ser deferido o direito derepresentação para a prática de atos determinados.

    § 3° A guarda confere à criança ou adolescente acondição de dependente, para todos os fins e efeitosde direito, inclusive previdenciários.

    Art. 34 O poder público estimulará, através deassistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, oacolhimento, sob a forma de guarda, de criança ouadolescente órfão ou abandonado.

    Art. 35 A guarda poderá ser revogada a qualquertempo, mediante ato judicial fundamentado, ouvido oMinistério Público.

    Subseção III

    Da Tutela

    Art. 36 A tutela será deferida, nos temos da leicivil, a pessoa de até vinte e um anos incompletos.

  • Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei Federal 8.069/1990

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    Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõea prévia decretação da perda ou suspensão do pátriopoder e implica necessariamente o dever de guarda.

    Art. 37 A especialização de hipoteca legal serádispensada, sempre que o tutelado não possuir bens ourendimentos ou por qualquer outro motivo relevante.

    Parágrafo único. A especialização de hipoteca legalserá também dispensada se os bens, porventuraexistentes em nome do tutelado, constarem deinstrumento público, devidamente registrado noregistro de imóveis, ou se os rendimentos foremsuficientes apenas para a mantença do tutelado, nãohavendo sobra significativa ou provável.

    Art. 38 Aplica-se à destituição da tutela o dispostono art. 24.

    Subseção IV

    Da Adoção

    Art. 39 A adoção de criança e de adolescentereger-se-á segundo o disposto, nesta Lei.

    Parágrafo único. E vedada a adoção por procuração.Art. 40 O adotando deve contar com, no máximo,

    dezoito anos à data do pedido, salvo se já estiver soba guarda ou tutela dos adotantes.

  • Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei Federal 8.069/1990

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    Art. 41 A adoção atribui a condição de filho aoadotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusivesucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com paise parentes, salvo os impedimentos matrimoniais.

    § 1° Se um dos cônjuges ou concubinos adota ofilho do outro, mantêm-se os vínculos de filiação entreo adotado e o cônjuge ou concubino do adotante e osrespectivos parentes.

    § 2° É recíproco o direito sucessório entre oadotado, seus descendentes, o adotante, seusascendentes, descendentes e colaterais até o 4° grau,observada a ordem de vocação hereditária.

    Art. 42 Podem adotar os maiores de vinte e umanos, independentemente de estado civil.

    § 1° Não podem adotar os ascendentes e os irmãosdo adotando.

    § 2° A adoção por ambos os cônjuges ouconcubinos poderá ser formalizada, desde que umdeles tenha completado vinte e um anos de idade,comprovada a estabilidade da família.

    § 3° O adotante há de ser, pelo menos, dezesseisanos mais velho do que o adotando.

    § 4° Os divorciados e os judicialmente separadospoderão adotar conjuntamente, contanto que acordemsobre a guarda e o regime de visitas, e desde que o

  • Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei Federal 8.069/1990

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    estágio de convivência tenha sido iniciado naconstância da sociedade conjugal.

    § 5° A adoção poderá ser deferida ao adotanteque, após inequívoca manifestação de vontade, vier afalecer no curso do procedimento, antes de prolatadaa sentença.

    Art. 43 A adoção será deferida quando apresentarreais vantagens para o adotando e fundar-se emmotivos legítimos.

    Art. 44 Enquanto não der conta de suaadministração e saldar o seu alcance, não pode o tutorou o curador adotar o pupilo ou o curatelado.

    Art. 45 A adoção depende do consentimento dospais ou do representante legal do adotando.

    § 1° O consentimento será dispensado em relaçãoà criança ou adolescente cujos pais sejamdesconhecidos ou tenham sido destituídos do pátriopoder.

    § 2° Em se tratando de adotando maior de dozeanos de idade, será também necessário o seuconsentimento.

    Art. 46 A adoção será precedida de estágio deconvivência com a criança ou adolescente, pelo prazoque a autoridade judiciária fixar, observadas aspeculiaridades do caso.

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    § 1° O estágio de convivência poderá ser dispensadose o adotando não tiver mais de um ano de idade ouse, qualquer que seja a sua idade, já estiver na companhiado adotante durante tempo suficiente para se poderavaliar a conveniência da constituição do vínculo.

    § 2° Em caso de adoção por estrangeiro residenteou domiciliado fora do País, o estágio de convivência,cumprido no território nacional, será de no mínimoquinze dias para crianças de até dois anos de idade, ede no mínimo trinta dias quando se tratar de adotandoacima de dois anos de idade.

    Art. 47 O vínculo da adoção constitui-se porsentença judicial, que será inscrita no registro civilmediante mandado do qual não se fornecerá certidão.

    § 1° A inscrição consignará o nome dos adotantescomo pais, bem como o nome de seus ascendentes.

    § 2° O mandado judicial, que será arquivado,cancelará o registro original do adotado.

    § 3° Nenhuma observação sobre a origem do atopoderá constar nas certidões do registro.

    § 4° A critério da autoridade judiciária, poderá serfornecida certidão para a salvaguarda de direitos.

    § 5° A sentença conferirá ao adotado o nome doadotante e, a pedido deste, poderá determinar amodificação do prenome.

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    § 6° A adoção produz seus efeitos a partir dotrânsito em julgado da sentença, exceto na hipóteseprevista no art. 42, § 5°, caso em que terá forçaretroativa à data do óbito.

    Art. 48 A adoção é irrevogável.Art. 49 A morte dos adotantes não restabelece o

    pátrio poder dos pais naturais.Art. 50 A autoridade judiciária manterá, em cada

    comarca ou foro regional, um registro de crianças eadolescentes em condições de serem adotados e outrode pessoas interessadas na adoção.

    § 1° O deferimento da inscrição dar-se-á apósprévia consulta aos órgãos técnicos do juizado, ouvidoo Ministério Público.

    § 2° Não será deferida a inscrição se o interessadonão satisfazer os requisitos legais, ou verificadaqualquer das hipóteses previstas no art. 29.

    Art. 51 Cuidando-se de pedido de adoçãoformulado por estrangeiro residente ou domiciliadofora do País, observar-se-á o disposto no art. 31.

    § 1° O candidato deverá comprovar, mediantedocumento expedido pela autoridade competente dorespectivo domicílio, estar devidamente habilitado àadoção, consoante as leis do seu país, bem comoapresentar estudo psicossocial elaborado por agênciaespecializada e credenciada no país de origem.

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    § 2° A autoridade judiciária, de ofício ou arequerimento do Ministério Público, poderádeterminar a apresentação do texto pertinente àlegislação estrangeira, acompanhado de prova darespectiva vigência.

    § 3° Os documentos em língua estrangeira serãojuntados aos autos, devidamente autenticados pelaautoridade consular, observados os tratados econvenções internacionais, e acompanhados darespectiva tradução, por tradutor público juramentado.

    § 4° Antes de consumada a adoção não serápermitida a saída do adotando do território nacional.

    Art. 52 A adoção internacional poderá sercondicionada a estudo prévio e análise de umacomissão estadual judiciária de adoção, que forneceráo respectivo laudo de habilitação para instruir oprocesso competente.

    Parágrafo único. Competirá à comissão manter registrocentralizado de interessados estrangeiros em adoção.

    Capítulo IVDO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA,

    AO ESPORTE E AO LAZER

    Art. 53 A criança e o adolescente têm direito à

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    educação, visando ao pleno desenvolvimento de suapessoa, preparo para o exercício da cidadania equalificação para o trabalho, assegurando-se-lhes:

    I – igualdade de condições para o acesso epermanência na escola;

    II – direito de ser respeitado por seus educadores;III – direito de contestar critérios avaliativos,

    podendo recorrer às instâncias escolares superiores;IV – direito de organização e participação em

    entidades estudantis;V – acesso à escola pública e gratuita próxima de

    sua residência.Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis

    ter ciência do processo pedagógico, bem comoparticipar da definição das propostas educacionais.

    Art. 54 É dever do Estado assegurar à criança eao adolescente:

    I – ensino fundamental, obrigatório e gratuito,inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idadeprópria;

    II – progressiva extensão da obrigatoriedade egratuidade ao ensino médio;

    III – atendimento educacional especializado aosportadores de deficiência, preferencialmente na rederegular de ensino;

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    IV – atendimento em creche e pré-escola àscrianças de zero a seis anos de idade;

    V – acesso aos níveis mais elevados do ensino, dapesquisa e da criação artística, segundo a capacidadede cada um;

    VI – oferta de ensino noturno regular, adequadoàs condições do adolescente trabalhador;

    VII – atendimento no ensino fundamental, atravésde programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.

    § 1° O acesso ao ensino obrigatório e gratuito édireito público subjetivo.

    § 2° O não-oferecimento do ensino obrigatóriopelo poder público ou sua oferta irregular importaresponsabilidade da autoridade competente.

    § 3° Compete ao poder público recensear oseducandos no ensino fundamental, fazer-lhes achamada e zelar, junto aos pais ou responsável, pelafreqüência à escola.

    Art. 55 Os pais ou responsável têm a obrigaçãode matricular seus filhos ou pupilos na rede regularde ensino.

    Art. 56 Os dirigentes de estabelecimentos de ensinofundamental comunicarão ao Conselho Tutelar oscasos de:

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    I – maus-tratos envolvendo seus alunos;II – reiteração de faltas injustificadas e de evasão

    escolar, esgotados os recursos escolares;III – elevados níveis de repetência.Art. 57 O poder público estimulará pesquisas,

    experiências e novas propostas relativas a calendário,seriação, currículo, metodologia, didática e avaliação,com vistas à inserção de crianças e adolescentesexcluídos do ensino fundamental obrigatório.

    Art. 58 No processo educacional respeitar-se-ãoos valores culturais, artísticos e históricos próprios docontexto social da criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade de criação e o acesso às fontesde cultura.

    Art. 59 Os municípios, com apoio dos estados e daUnião, estimularão e facilitarão a destinação de recursose espaços para programações culturais, esportivas e delazer voltadas para a infância e a juventude.

    Capítulo VDO DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO E À

    PROTEÇÃO NO TRABALHO

    Art. 60 É proibido qualquer trabalho a menores dedezesseis anos de idade, salvo na condição de aprendiz.

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    A partir de quatorze anos.*Art. 61 A proteção ao trabalho dos adolescentes é

    regulada por legislação especial, sem prejuízo dodisposto nesta Lei.

    Art. 62 Considera-se aprendizagem a formaçãotécnico-profissional ministrada segundo as diretrizese bases da legislação de educação em vigor.

    Art. 63 A formação técnico-profissional obedeceráaos seguintes princípios:

    I – garantia de acesso e freqüência obrigatória aoensino regular;

    II – atividade compatível com o desenvolvi-mentodo adolescente;

    III – horário especial para o exercício das atividades.Art. 64 Ao adolescente até quatorze anos de idade

    é assegurada bolsa de aprendizagem.Art. 65 Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze

    anos, são assegurados os direitos trabalhistas eprevidenciários.

    Art. 66 Ao adolescente portador de deficiência éassegurado trabalho protegido.

    Art. 67 Ao adolescente empregado, aprendiz, emregime familiar de trabalho, aluno de escola técnica,assistido em entidade governamental ou não-

    * nova redação, conforme Emenda Constitucional nº 20, de 16.12.98

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    governamental, é vedado trabalho:I – noturno, realizado entre as vinte e duas horas

    de um dia e as cinco horas do dia seguinte;II – perigoso, insalubre ou penoso;III – realizado em locais prejudiciais à sua formação

    e ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;IV – realizado em horários e locais que não

    permitam a freqüência à escola.Art. 68 O programa social que tenha por base o

    trabalho educativo, sob responsabilidade de entidadegovernamental ou não-governamental sem finslucrativos, deverá assegurar ao adolescente que deleparticipe condições de capacitação para o exercíciode atividade regular remunerada.

    § 1° Entende-se por trabalho educativo a atividadelaboral em que as exigências pedagógicas relativas aodesenvolvimento pessoal e social do educandoprevalecem sobre o aspecto produtivo.

    § 2° A remuneração que o adolescente recebepelo trabalho efetuado ou a participação na vendados produtos de seu trabalho não desfigura o carátereducativo.

    Art. 69 O adolescente tem direito à profis-sionalização e à proteção no trabalho, observados osseguintes aspectos, entre outros:

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    I – respeito à condição peculiar de pessoa emdesenvolvimento;

    II – capacitação profissional adequada ao mercadode trabalho.

    Título IIIDA PREVENÇÃO

    Capítulo IDISPOSIÇÕES GERAIS

    Art. 70 É dever de todos prevenir a ocorrência deameaça ou violação dos direitos da criança e doadolescente.

    Art. 71 A criança e o adolescente têm direito ainformação, cultura, lazer, esportes, diversões,espetáculos e produtos e serviços que respeitem suacondição peculiar de pessoa em desenvolvimento.

    Art. 72 As obrigações previstas nesta Lei nãoexcluem da prevenção especial outras decorrentes dosprincípios por ela adotados.

    Art. 73 A inobservância das normas de prevençãoimportará em responsabilidade da pessoa física oujurídica, nos termos desta Lei.

  • Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei Federal 8.069/1990

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    Capítulo IIDA PREVENÇÃO ESPECIAL

    Seção I

    Da Informação, Cultura, Lazer,

    Esportes, Diversões e Espetáculos

    Art. 74 O poder público, através do órgãocompetente, regulará as diversões e espetáculospúblicos, informando sobre a natureza deles, as faixasetárias a que não se recomendem, locais e horáriosem que sua apresentação se mostre inadequada.

    Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões eespetáculos públicos deverão afixar, em lugar visívele de fácil acesso, à entrada do local de exibição,informação destacada sobre a natureza do espetáculoe a faixa etária especificada no certificado declassificação.

    Art. 75 Toda criança ou adolescente terá acessoàs diversões e espetáculos públicos classificados comoadequados à sua faixa etária.

    Parágrafo único. As crianças menores de dez anossomente poderão ingressar e permanecer nos locaisde apresentação ou exibição quando acompanhadasdos pais ou responsável.

    Art. 76 As emissoras de rádio e televisão somente

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    exibirão, no horário recomendado para o públicoinfanto-juvenil, programas com finalidades educativas,artísticas, culturais e informativas.

    Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentadoou anunciado sem aviso de sua classificação, antes desua transmissão, apresentação ou exibição.

    Art. 77 Os proprietários, diretores, gerentes efuncionários de empresas que explorem a venda oualuguel de fitas de programações em vídeo cuidarãopara que não haja venda ou locação em desacordocom a classificação atribuída pelo órgão competente.

    Parágrafo único. As fitas a que alude este artigodeverão exibir, no invólucro, informação sobre anatureza da obra e a faixa etária a que se destinam.

    Art. 78 As revistas e publicações contendo materialimpróprio ou inadequado a crianças e adolescentesdeverão ser comercializadas em embalagem lacrada,com a advertência de seu conteúdo.

    Parágrafo único. As editoras cuidarão para que ascapas que contenham mensagens pornográficas ouobscenas sejam protegidas com embalagem opaca.

    Art. 79 As revistas e publicações destinadas aopúblico infanto-juvenil não poderão conterilustrações, fotografias, legendas, crônicas ouanúncios de bebidas alcoólicas, tabaco, armas e

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    munições, e deverão respeitar os valores éticos esociais da pessoa e da família.

    Art. 80 Os responsáveis por estabelecimentos queexplorem comercialmente bilhar, sinuca ou congênereou por casas de jogos, assim entendidas as querealizem apostas, ainda que eventualmente, cuidarãopara que não seja permitida a entrada e a permanênciade crianças e adolescentes no local, afixando avisopara orientação do público.

    Seção II

    Dos Produtos e Serviços

    Art. 81 É proibida a venda à criança ou aoadolescente de:

    I – armas, munições e explosivos;II – bebidas alcoólicas;III – produtos cujos componentes possam causar

    dependência física ou psíquica ainda que por utilizaçãoindevida;

    IV – fogos de estampido e de artifício, excetoaqueles que pelo seu reduzido potencial sejamincapazes de provocar qualquer dano físico em casode utilização indevida;

    V – revistas e publicações a que alude o art. 78;

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    VI – bilhetes lotéricos e equivalentes.Art. 82 É proibida a hospedagem de criança ou

    adolescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimentocongênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelospais ou responsável.

    Seção III

    Da Autorização para Viajar

    Art. 83 Nenhuma criança poderá viajar para forada comarca onde reside, desacompanhada dos paisou responsável, sem expressa autorização judicial.

    § 1° A autorização não será exigida quando:a) tratar-se de comarca contígua à da residência

    da criança, se na mesma unidade da Federação, ouincluída na mesma região metropolitana;

    b) a criança estiver acompanhada:1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro

    grau, comprovado documentalmente o parentesco;2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo

    pai, mãe ou responsável.§ 2° A autoridade judiciária poderá, a pedido dos

    pais ou responsável. conceder autorização válida pordois anos.

    Art. 84 Quando se tratar de viagem ao exterior, a

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    autorização é dispensável, se a criança ou adolescente:I – estiver acompanhado de ambos os pais ou

    responsável;II – viajar na companhia de um dos pais,

    autorizado expressamente pelo outro através dedocumento com firma reconhecida.

    Art. 85 Sem prévia e expressa autorização judicial,nenhuma criança ou adolescente nascido em territórionacional poderá sair do País em companhia deestrangeiro residente ou domiciliado no exterior.

    LIVRO IIPARTE ESPECIAL

    Título IDA POLÍTICA DE ATENDIMENTO

    Capítulo IDISPOSIÇÕES GERAIS

    Art. 86 A política de atendimento dos direitos dacriança e do adolescente far-se-á através de umconjunto articulado de ações governamentais e não-governamentais, da União, dos estados, do DistritoFederal e dos municípios.

    Art. 87 São linhas de ação da política deatendimento:

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    I – políticas sociais básicas;II – políticas e programas de assistência social, em

    caráter supletivo, para aqueles que deles necessitem;III – serviços especiais de prevenção e

    atendimento médico e psicossocial às vítimas denegligência, maus-tratos, exploração, abuso, crueldadee opressão;

    IV – serviço de identificação e localização de pais,responsável, crianças e adolescentes desaparecidos;

    V – proteção jurídico-social por entidades de defesados direitos da criança e do adolescente.

    Art. 88 São diretrizes da política de atendimento:I – municipalização do atendimento;II – criação de conselhos municipais, estaduais e

    nacional dos direitos da criança e do adolescente,órgãos deliberativos e controladores das ações emtodos os níveis, assegurada a participação popularparitária por meio de organizações representativas,segundo leis federal, estaduais e municipais;

    III – criação e manutenção de programasespecíficos, observada a descentralização político-administrativa;

    IV – manutenção de fundos nacional, estaduais emunicipais vinculados aos respectivos conselhos dosdireitos da criança e do adolescente;

  • Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei Federal 8.069/1990

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    V – integração operacional de órgãos doJudiciário, Ministério Público, Defensoria, SegurançaPública e Assistência Social, preferencialmente emum mesmo local, para efeito de agilização doatendimento inicial a adolescente a quem se atribuaautoria de ato infracional;

    VI – mobilização da opinião pública no sentidoda indispensável part ic ipação dos diversossegmentos da sociedade.

    Art. 89 A função de membro do ConselhoNacional e dos conselhos estaduais e municipais dosdireitos da criança e do adolescente é considerada deinteresse público relevante e não será remunerada.

    Capítulo IIDAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO

    Seção I

    Disposições Gerais

    Art. 90 As entidades de atendimento sãoresponsáveis pela manutenção das próprias unidades,assim como pelo planejamento e execução deprogramas de proteção e socioeducativos destinadosa crianças e adolescentes, em regime de:

    I – orientação e apoio sociofamiliar;

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    II – apoio socioeducativo em meio aberto;III – colocação familiar;IV – abrigo;V – liberdade assistida;VI – semiliberdade;VII – internação.Parágrafo único. As entidades governamentais e não-

    governamentais deverão proceder a inscrição de seusprogramas, especificando os regimes de atendimento,na forma definida neste artigo, junto ao ConselhoMunicipal dos Direitos da Criança e do Adolescente,o qual manterá registro das inscrições e de suasalterações, do que fará comunicação ao ConselhoTutelar e à autoridade judiciária.

    Art. 91 As entidades não-governamentais somentepoderão funcionar depois de registradas no ConselhoMunicipal dos Direitos da Criança e do Adolescente,o qual comunicará o registro ao Conselho Tutelar e àautoridade judiciária da respectiva localidade.

    Parágrafo único. Será negado o registro à entidade que:a) não ofereça instalações físicas em condições

    adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade esegurança;

    b) não apresente plano de trabalho compatível comos princípios desta Lei;

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    c) esteja irregularmente constituída;d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas,Art. 92 As entidades que desenvolvam programas

    de abrigo deverão adotar os seguintes princípios:I – preservação dos vínculos familiares;II – integração em família substituta, quando

    esgotados os recursos de manutenção na famíliade origem;

    III – atendimento personalizado e em pequenosgrupos;

    IV – desenvolvimento de atividades em regime deco-educação;

    V – não-desmembramento de grupos de irmãos;VI – evitar, sempre que possível, a transferência

    para outras entidades de crianças e adolescentesabrigados;

    VII – participação na vida da comunidade local;VIII – preparação gradativa para o desligamento;IX – participação de pessoas da comunidade no

    processo educativo,Parágrafo único. O dirigente de entidade de abrigo é

    equiparado ao guardião, para todos os efeitos de direito.Art. 93 As entidades que mantenham programa

    de abrigo poderão, em caráter excepcional e deurgência, abrigar crianças e adolescentes sem prévia

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    determinação da autoridade competente, fazendocomunicação do fato até o 2° dia útil imediato.

    Art. 94 As entidades que desenvolvem programasde internação têm as seguintes obrigações, entre outras:

    I – observar os direitos e garantias de que sãotitulares os adolescentes;

    II – não restringir nenhum direito que não tenhasido objeto de restrição na decisão de internação;

    III – oferecer atendimento personalizado, empequenas unidades e grupos reduzidos;

    IV – preservar a identidade e oferecer ambientede respeito e dignidade ao adolescente;

    V – diligenciar no sentido do restabelecimento eda preservação dos vínculos familiares;

    VI – comunicar à autoridade judiciária,periodicamente, os casos em que se mostre inviávelou impossível o reatamento dos vínculos familiares;

    VII – oferecer instalações físicas em condiçõesadequadas de habitabilidade, higiene, salubridade esegurança e os objetos necessários à higiene pessoal;

    VIII – oferecer vestuário e alimentação suficientese adequados à faixa etária dos adolescentes atendidos;

    IX – oferecer cuidados médicos, psicológicos,odontológicos e farmacêuticos;

    X – propiciar escolarização e profissionalização;

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    XI – propiciar atividades culturais, esportivas e delazer;

    XII – propiciar assistência religiosa àqueles quedesejarem, de acordo com suas crenças;

    XIII – proceder a estudo social e pessoal de cadacaso;

    XIV – reavaliar periodicamente cada caso, comintervalo máximo de seis meses, dando ciência dosresultados à autoridade competente;

    XV – informar, periodicamente, o adolescenteinternado sobre sua situação processual;

    XVI – comunicar às autoridades competentes todosos casos de adolescentes portadores de moléstiasinfecto-contagiosas;

    XVII – fornecer comprovante de depósito dospertences dos adolescentes;

    XVIII – manter programas destinados ao apoio eacompanhamento de egressos;

    XIX – providenciar os documentos necessáriosao exercício da cidadania àqueles que não os tiverem;

    XX – manter arquivo de anotações onde constemdata e circunstâncias do atendimento, nome doadolescente, seus pais ou responsável, parentes,endereços, sexo, idade, acompanhamento da suaformação, relação de seus pertences e demais dados

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    que possibilitem sua identificação e a individualizaçãodo atendimento.

    § 1° Aplicam-se, no que couber, as obrigaçõesconstantes deste artigo às entidades que mantêmprograma de abrigo.

    § 2° No cumprimento das obrigações a que aludeeste artigo as entidades utilizarão preferencialmenteos recursos da comunidade.

    Seção II

    Da Fiscalização das Entidades

    Art. 95 As entidades governamentais e não-governamentais, referidas no art. 90, serão fiscalizadaspelo Judiciário, pelo Ministério Público e pelosConselhos Tutelares.

    Art. 96 Os planos de aplicação e as prestações decontas serão apresentados ao estado ou ao município,conforme a origem das dotações orçamentárias.

    Art. 97 São medidas aplicáveis às entidades deatendimento que descumprirem obrigação constantedo art. 94, sem prejuízo da responsabilidade civil ecriminal de seus dirigentes ou prepostos:

    I – às entidades governamentais:a) advertência;

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    b) afastamento provisório de seus dirigentes;c) afastamento definitivo de seus dirigentes;d) fechamento de unidade ou interdição de

    programa.II – às entidades não-governamentais:a) advertência;b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas

    públicas;c) interdição de unidades ou suspensão de

    programa;d) cassação do registro.Parágrafo único. Em caso de reiteradas infrações

    cometidas por entidades de atendimento, que coloquemem risco os direitos assegurados nesta Lei, deverá sero fato comunicado ao Ministério Público ourepresentado perante autoridade judiciária competentepara as providências cabíveis, inclusive suspensão dasatividades ou dissolução da entidade.

    Título IIDAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO

    Capítulo IDISPOSIÇÕES GERAIS

    Art. 98 As medidas de proteção à criança e ao

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    adolescente são aplicáveis sempre que os direitosreconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:

    I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;II – por falta, omissão ou abuso dos pais ou

    responsável;III – em razão de sua conduta.

    Capítulo IIDAS MEDIDAS ESPECÍFICAS

    DE PROTEÇÃO

    Art. 99 As medidas previstas neste Capítulopoderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente,bem como substituídas a qualquer tempo.

    Art. 100 Na aplicação das medidas levar-se-ão emconta as necessidades pedagógicas, preferindo-seaquelas que visem ao fortalecimento dos vínculosfamiliares e comunitários.

    Art. 101 Verificada qualquer das hipóteses previstasno art. 98, a autoridade competente poderádeterminar, dentre outras, as seguintes medidas:

    I – encaminhamento aos pais ou responsável,mediante termo de responsabilidade;

    II – orientação, apoio e acompanhamentotemporários;

  • Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei Federal 8.069/1990

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    III – matrícula e freqüência obrigatórias emestabelecimento oficial de ensino fundamental;

    IV – inclusão em programa comunitário ou oficial,de auxílio à família, à criança e ao adolescente;

    V – requisição de tratamento médico, psicológicoou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;

    VI – inclusão em programa oficial ou comunitáriode auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras etoxicômanos;

    VII – abrigo em entidade;VIII – colocação em família substituta.Parágrafo único. O abrigo é medida provisória e

    excepcional, utilizável como forma de transição paraa colocação em família substituta, não implicandoprivação de liberdade.

    Art. 102 As medidas de proteção de que trata esteCapítulo serão acompanhadas da regularização doregistro civil.

    § 1° – Verificada a inexistência de registro anterior,o assento de nascimento da criança ou adolescenteserá feito à vista dos elementos disponíveis, medianterequisição da autoridade judiciária.

    § 2° – Os registros e certidões necessárias àregularização de que trata este artigo são isentos de multas,custas e emolumentos, gozando de absoluta prioridade.

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    Título IIIDA PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL

    Capítulo IDISPOSIÇÕES GERAIS

    Art. 103 Considera-se ato infracional a condutadescrita como crime ou contravenção penal.

    Art. 104 São penalmente inimputáveis osmenores de dezoito anos, sujeitos às medidasprevistas nesta Lei.

    Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve serconsiderada a idade do adolescente à data do fato.

    Art. 105 Ao ato infracional praticado por criançacorresponderão as medidas previstas no art. 101.

    Capítulo IIDOS DIREITOS INDIVIDUAIS

    Art. 106 Nenhum adolescente será privado de sualiberdade senão em flagrante de ato infracional oupor ordem escrita e fundamentada da autoridadejudiciária competente.

    Parágrafo único. O adolescente tem direito àidentificação dos responsáveis pela sua apreensão,devendo ser informado acerca de seus direitos.

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    Art. 107 A apreensão de qualquer adolescente e olocal onde se encontra recolhido serão incontinenticomunicados à autoridade judiciária competente e àfamília do apreendido ou à pessoa por ele indicada.

    Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob penade responsabilidade, a possibilidade de liberação imediata.

    Art. 108 A internação, antes da sentença, podeser determinada pelo prazo máximo de quarenta ecinco dias.

    Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamen-tadae basear-se em indícios suficientes de autoria ematerialidade, demonstrada a necessidade imperiosada medida.

    Art. 109 O adolescente civilmente identificado nãoserá submetido a identificação compulsória pelosórgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo paraefeito de confrontação, havendo dúvida fundada.

    Capítulo IIIDAS GARANTIAS PROCESSUAIS

    Art. 110 Nenhum adolescente será privado de sualiberdade sem o devido processo legal.

    Art. 111 São asseguradas ao adolescente, entreoutras, as seguintes garantias:

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    I – pleno e formal conhecimento da atribuição deato infracional, mediante citação ou meio equivalente;

    II – igualdade na relação processual, podendoconf ’rontar-se com vítimas e testemunhas e produzirtodas as provas necessárias à sua defesa;

    III – defesa técnica por advogado;IV – assistência judiciária gratuita e integral aos

    necessitados, na forma da lei;V – direito de ser ouvido pessoalmente pela

    autoridade competente;VI – direito de solicitar a presença de seus pais ou

    responsável em qualquer fase do procedimento.

    Capítulo IVDAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

    Seção I

    Disposições Gerais

    Art. 112 Verificada a prática de ato infracional, aautoridade competente poderá aplicar ao adolescenteas seguintes medidas:

    I – advertência;II – obrigação de reparar o dano;III – pressão de serviços à comunidade;IV – liberdade assistida;V – inserção em regime de semiliberdade;

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    VI – internação em estabelecimento educacional;VII – qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.§ 1° A medida aplicada ao adolescente levará em

    conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstânciase a gravidade da infração.

    § 2° Em hipótese alguma e sob pretexto algum,será admitida a prestação de trabalho forçado.

    § 3° Os adolescentes portadores de doença oudeficiência mental receberão tratamento individual eespecializado, em local adequado às suas condições.

    Art. 113 Aplica-se a este Capítulo o disposto nosarts. 99 e 100.

    Art. 114 A imposição das medidas previstas nosincisos II a VI do art. 112 pressupõe a existência deprovas suficientes da autoria e da materialidade dainfração, ressalvada a hipótese de remissão, nos termosdo art. 127.

    Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicadasempre que houver prova da materialidade e indíciossuficientes da autoria.

    Seção II

    Da Advertência

    Art. 115 A advertência consistirá em admoestaçãoverbal, que será reduzida a termo e assinada.

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    Seção III

    Da Obrigação de Reparar o Dano

    Art. 116 Em se tratando de ato infracional comreflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar,se for o caso, que o adolescente restitua a coisa,promova o ressarcimento do dano, ou, por outraforma, compense o prejuízo da vítima.

    Parágrafo único. Havendo manifesta impos-sibilidade,a medida poderá ser substituída por outra adequada.

    Seção IV

    Da Prestação de Serviços à Comunidade

    Art. 117 A prestação de serviços comunitáriosconsiste na realização de tarefas gratuitas de interessegeral, por período não excedente a seis meses, junto aentidades assistenciais, hospitais, escolas e outrosestabelecimentos congêneres, bem como emprogramas comunitários ou governamentais.

    Parágrafo único. As tarefas serão atribuídasconforme as aptidões do adolescente, devendo sercumpridas durante jornada máxima de oito horassemanais, aos sábados, domingos e feriados ou diasúteis, de modo a não prejudicar a freqüência à escola

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    ou à jornada normal de trabalho.

    Seção V

    Da Liberdade Assistida

    Art. 118 A liberdade assistida será adotada sempreque se afigurar a medida mais adequada para o fimde acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.

    § 1° A autoridade designará pessoa capacitada paraacompanhar o caso, a qual poderá ser recomendadapor entidade ou programa de atendimento.

    § 2° A liberdade assistida será fixada pelo prazomínimo de seis meses, podendo a qualquer tempo serprorrogada, revogada ou substituída por outra medida,ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor.

    Art. 119 Incumbe ao orientador, com o apoio e asupervisão da autoridade competente, a realização dosseguintes encargos, entre outros:

    I – promover socialmente o adolescente e suafamília, fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, senecessário, em programa oficial ou comunitário deauxílio e assistência social;

    II – supervisionar a freqüência e o aproveitamentoescolar do adolescente, promovendo, inclusive, suamatrícula;

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    III – diligenciar no sentido da profissionalizaçãodo adolescente e de sua inserção no mercado trabalho;

    IV – apresentar relatório do caso.

    Seção VI

    Do Regime de Semiliberdade

    Art. 120 O regime de semiliberdade pode. serdeterminado desde o início, ou como forma detransição para o meio aberto, possibilitada a realizaçãode atividades externas, independentemente deautorização judicial.

    § 1° São obrigatórias a escolarização e aprofissionalização, devendo, sempre que possível, serutilizados os recursos existentes na comunidade.

    § 2° A medida não comporta prazo determinado,aplicando-se, no que couber, as disposições relativasà internação.

    Seção VII

    Da Internação

    Art. 121 A internação constitui medida privativada liberdade, sujeita aos princípios de brevidade,excepcionalidade e respeito à condição peculiar depessoa em desenvolvimento.

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    § l° Será permitida a realização de atividadesexternas, a critério da equipe técnica da entidade, salvoexpressa determinação judicial em contrário.

    § 2° A medida não comporta prazo determinado,devendo sua manutenção ser reavaliada, mediantedecisão fundamentada, no máximo a cada seis meses.

    § 3° Em nenhuma hipótese o período máximo deinternação excederá a três anos.

    § 4° Atingido o limite estabelecido no parágrafoanterior, o adolescente deverá ser liberado, colocadoem regime de semiliberdade ou de liberdade assistida.

    § 5° A liberação será compulsória aos vinte e umanos de idade.

    § 6° Em qualquer hipótese a desinternação seráprecedida de autorização judicial , ouvido oMinistério Público.

    Art. 122 A medida de internação só poderá seraplicada quando:

    I – tratar-se de ato infracional cometido mediantegrave ameaça ou violência à pessoa;

    II – por reiteração no cometimento de outrasinfrações graves;

    III – por descumprimento reiterado e injustificávelda medida anteriormente imposta.

    § 1° O prazo de internação na hipótese do inciso

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    III deste artigo não poderá ser superior a três meses.§ 2° Em nenhuma hipótese será aplicada a

    internação, havendo outra medida adequada.Art. 123 A internação deverá ser cumprida em

    entidade exclusiva para adolescentes, em local distintodaquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosaseparação por critérios de idade, compleição física egravidade da infração.

    Parágrafo único. Durante o período de internação,inclusive provisória, serão obrigatórias atividadespedagógicas.

    Art. 124 São direitos do adolescente privado deliberdade, entre outros os seguintes:

    I – entrevistar-se pessoalmente com orepresentante do Ministério Público;

    II – peticionar diretamente a qualquer autoridade;III – avistar-se reservadamente com seu defensor;IV – ser informado de sua situação processual,

    sempre que solicitada;V – ser tratado com respeito e dignidade;VI – permanecer internado na mesma localidade

    ou naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ouresponsável;

    VII – receber visitas, ao menos semanalmente;VIII – corresponder-se com seus familiares e amigos;

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    IX – ter acesso aos objetos necessários à higiene easseio pessoal;

    X – habitar alojamento em condições adequadasde higiene e salubridade;

    XI – receber escolarização e profissionalização;XII – realizar atividades culturais, esportivas e

    de lazer;XIII – ter acesso aos meios de comunicação social;XIV – receber assistência religiosa, segundo a sua

    crença, e desde que assim o deseje;XV – manter a posse de seus objetos pessoais e

    dispor de local seguro para guardá-los, recebendocomprovante daqueles porventura depositados empoder da entidade;

    XVI – receber, quando de sua desinternação, osdocumentos pessoais indispensáveis à vida emsociedade.

    § 1° Em nenhum caso haverá incomunica-bilidade.§ 2° A autoridade judiciária poderá suspender

    temporariamente a visita, inclusive de pais ouresponsável, se existirem motivos sérios e fundadosde sua prejudicialidade aos interesses do adolescente.

    Art. 125 É dever do Estado zelar pela integridadefísica e mental dos internos, cabendo-lhe adotar asmedidas adequadas de contenção e segurança.

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    Capítulo VDA REMISSÃO

    Art. 126 Antes de iniciado o procedimento judicialpara apuração de ato infracional, o representante doMinistério Público poderá conceder a remissão, comoforma de exclusão do processo, atendendo àscircunstâncias e conseqüências do fato, ao contextosocial, bem como à personalidade do adolescente e suamaior ou menor participação no ato infracional.

    Parágrafo único. Iniciado o procedimento, aconcessão da remissão pela autoridade judiciáriaimportará na suspensão ou extinção do processo.

    Art. 127 A remissão não implica necessariamente oreconhecimento ou comprovação da responsabilidade,nem prevalece para efeito de antecedentes, podendoincluir eventualmente a aplicação de qualquer dasmedidas previstas em lei, exceto a colocação em regimede semiliberdade e a internação.

    Art. 128 A medida aplicada por força da remissãopoderá ser revista judicialmente, a qualquer tempo,mediante pedido expresso do adolescente ou de seurepresentante legal, ou do Ministério Público.

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    Título IVDAS MEDIDAS PERTINENTESAOS PAIS OU RESPONSÁVEL

    Art. 129 São medidas aplicáveis aos pais ouresponsável:

    I – encaminhamento a programa oficial oucomunitário de promoção à família;

    II – inclusão em programa oficial ou comunitáriode auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras etoxicômanos;

    III – encaminhamento a tratamento psicológicoou psiquiátrico;

    IV – encaminhamento a cursos ou programas deorientação;

    V – obrigação de matricular o filho ou pupilo eacompanhar sua freqüência e aproveitamento escolar;

    VI – obrigação de encaminhar a criança ouadolescente a tratamento especializado;

    VII – advertência;VIII – perda da guarda;IX – destituição da tutela;X – suspensão ou destituição do pátrio poder.Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas

    nos incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto

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    nos arts. 23 e 24.Art. 130 Verificada a hipótese de maus-tratos,

    opressão ou abuso sexual impostos pelos pais ouresponsável, a autoridade judiciária poderá determinar,como medida cautelar, o afastamento do agressor damoradia comum.

    Título VDO CONSELHO TUTELAR

    Capítulo IDISPOSIÇÕES GERAIS

    Art. 131 O Conselho Tutelar é órgão permanentee autônomo, não jurisdicional, encarregado pelasociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos dacriança e do adolescente, definidos nesta Lei.

    Art. 132 Em cada município haverá, no mínimo,um Conselho Tutelar composto de cinco membros,escolhido pela comunidade local para mandato de trêsanos, permitida uma recondução. (Nova redaçãoconforme Lei Federal 8.242/91, de 12/10/91)

    Art. 133 Para a candidatura a membro do ConselhoTutelar, serão exigidos os seguintes requisitos:

    I – reconhecida idoneidade moral;II – idade superior a vinte e um anos;

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    III – residir no município.Art. 134 Lei municipal disporá sobre local, dia e

    horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusivequanto a eventual remuneração de seus membros.

    Parágrafo único. Constará da lei orçamentáriamunicipal previsão dos recursos necessários aofuncionamento do Conselho Tutelar.

    Art. 135 O exercício efetivo da função deconselheiro constituirá serviço público relevante,estabelecerá presunção de idoneidade moral eassegurará prisão especial, em caso de crime comum,até o julgamento definitivo.

    Capítulo IIDAS ATRIBUIÇÕES DO CONSELHO

    Art. 136 São atribuições do Conselho Tutelar:I – atender as crianças e adolescentes nas hipóteses

    previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidasprevistas no art. 101, I a VII;

    II – atender e aconselhar os pais ou responsável,aplicando as medidas previstas no art. 129, I a VII;

    III – promover a execução de suas decisões,podendo para tanto:

    a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde,

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    educação, serviço social, previdência, trabalho esegurança;

    b) representar junto à autoridade judiciária noscasos de descumprimento injustificado de suasdeliberações.

    IV – encaminhar ao Ministério Público notícia defato que constitua infração administrativa ou penalcontra os direitos da criança ou adolescente;

    V – encaminhar à autoridade judiciária os casosde sua competência;

    VI – providenciar a medida estabelecida pelaautoridade judiciária, dentre as previstas no art. 101,de I a VI, para o adolescente autor de ato infracional;

    VII – expedir notificações;VIII – requisitar certidões de nascimento e de óbito

    de criança ou adolescente quando necessário;IX – assessorar o Poder Executivo local na

    elaboração da proposta orçamentária para planos eprogramas de atendimento dos direitos da criança edo adolescente;

    X – representar, em nome da pessoa e da família,contra a violação dos direitos previstos no art. 220, §39, inciso II da Constituição Federal;

    XI – representar ao Ministério Público, para efeitodas ações de perda ou suspensão do pátrio poder.

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    Art. 137 As decisões do Conselho Tutelar somentepoderão ser revistas pela autoridade judiciária a pedidode quem tenha legítimo interesse.

    Capítulo IIIDA COMPETÊNCIA

    Art. 138 Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra decompetência constante do art. 147.

    Capítulo IVDA ESCOLHA DOS CONSELHEIROS

    Art. 139 O processo para a escolha dos membrosdo Conselho Tutelar será estabelecido em lei municipale realizado sob a responsabilidade do ConselhoMunicipal dos Direitos da Criança e do Adolescentee a fiscalização do Ministério Público. (Nova redaçãoconforme Lei Federal 8.242/91, de 12/10/91)

    Capítulo VDOS IMPEDIMENTOS

    Art. 140 São impedidos de servir no mesmoConselho marido e mulher, ascendentes e

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    descendentes, sogro e genro ou nora, irmãos,cunhados, durante o cunhadio, tio e sobrinho, padrastoou madrasta e enteado.

    Parágrafo único. Estende-se o impedimento doconselheiro, na forma deste artigo, em relação àautoridade judiciária e ao representante do MinistérioPúblico com atuação na Justiça da Infância e daJuventude, em exercício na comarca, foro regionalou distrital.

    Título VIDO ACESSO À JUSTIÇA

    Capítulo IDISPOSIÇÕES GERAIS

    Art. 141 É garantido o acesso de toda criança ouadolescente à Defensoria Pública, ao Ministério Públicoe ao Poder Judiciário, por qualquer de seus órgãos.

    § 1° A assistência judiciária gratuita será prestadaaos que dela necessitarem, através de defensor públicoou advogado encarregado.

    § 2° As ações judiciais da competência da Justiçada Infância e da Juventude são isentas de custas eemolumentos, ressalvada a hipótese de litigância demá-fé.

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    Art. 142 Os menores de dezesseis anos serãorepresentados e os maiores de dezesseis e menoresde vinte e um anos assistidos por seus pais, tutores oucuradores, na forma da legislação civil ou processual.

    Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curadorespecial à criança ou adolescente, sempre que osinteresses destes colidirem com os de seus pais ouresponsável, ou quando carecer de representação ouassistência legal, ainda que eventual.

    Art. 143 É vedada a divulgação de atos judiciais,policiais e administrativos que digam respeito a criançase adolescentes a que se atribua autoria de ato infracional.

    Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fatonão poderá identificar a criança ou adolescente,vedando-se fotografia, referência a nome, apelido,filiação, parentesco e residência.

    Art. 144 A expedição de cópia ou certidão de atosa que se refere o artigo anterior somente será deferidapela autoridade judiciária competente, se demonstradoo interesse e justificada a finalidade.

    Capítulo lIDA JUSTIÇA DA INFÂNCIA

    E DA JUVENTUDESeção I

    Disposições Gerais

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    Art. 145 Os estados e o Distrito Federal poderãocriar varas especializadas e exclusivas da infância e dajuventude, cabendo ao Poder Judiciário estabelecersua proporcionalidade por número de habitantes, dotá-las de infra-estrutura e dispor sobre o atendimento,inclusive em plantões.

    Seção II

    Do Juiz

    Art. 146 A autoridade a que se refere esta Lei éo Juiz da Infância e da Juventude, ou o juiz queexerce essa função, na forma da lei de organizaçãojudiciária local.

    Art. 147 A competência será determinada:I – pelo domicílio dos pais ou responsável;II – pelo lugar onde se encontre a criança ou

    adolescente, à falta dos pais ou responsável.§ 1° Nos casos de ato infracional, será competente

    a autoridade do lugar da ação ou omissão, observadasas regras de conexão, continência e prevenção.

    § 2° A execução das medidas poderá ser delegadaà autoridade competente da residência dos pais ouresponsável, ou do local onde sediar-se a entidade queabrigar a criança ou adolescente.

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    § 3° Em caso de infração cometida através datransmissão simultânea de rádio ou televisão, que atinjamais de uma comarca, será competente, paraaplicação da penalidade, a autoridade judiciária do localda sede estadual da emissora ou rede, tendo a sentençaeficácia para todas transmissoras ou retransmissorasdo respectivo estado.

    Art. 148 A Justiça da Infância e da Juventude écompetente para:

    I – conhecer de representações promovidas peloMinistério Público, para apuração de ato infracionalatribuído a adolescente, aplicando as medidas cabíveis;

    II – conceder a remissão como forma de suspensãoou extinção do processo;

    III – conhecer de pedidos de adoção e seusincidentes;

    IV – conhecer de ações civis fundadas em interessesindividuais, difusos ou coletivos afetos à criança e aoadolescente, observado o disposto no art. 209;

    V – conhecer de ações decorrentes deirregularidades em entidades de atendimento, aplicandoas medidas cabíveis;

    VI – aplicar penalidades administrativas nos casosde infrações contra norma de proteção à criança ouadolescente;

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    VII – conhecer de casos encaminhados peloConselho Tutelar, aplicando as medidas cabíveis.

    Parágrafo único. Quando se tratar de criança ouadolescente nas hipóteses do art. 98 é tambémcompetente a Justiça da Infância e da Juventude parao fim de:

    a) conhecer de pedidos de guarda e tutela;b) conhecer de ações de destituição do pátrio poder,

    perda ou modificação da tutela ou guarda;c) suprir a capacidade ou o consentimento para o

    casamento;d) conhecer de pedidos baseados em discordância

    paterna ou materna, em relação ao exercício do pátriopoder;

    e) conceder a emancipação nos termos da lei civil,quando faltarem os pais;

    f) designar curador especial em casos deapresentação de queixa ou representação, ou de outrosprocedimentos judiciais ou extrajudiciais em que hajainteresses de criança ou adolescente;

    g) conhecer de ações de alimentos;h) determinar o cancelamento, a retificação e o

    suprimento dos registros de nascimento e óbito.Art. 149 Compete à autoridade judiciária disciplinar,

    através de portaria, ou autorizar, mediante alvará:

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    I – a entrada e permanência de criança ouadolescente, desacompanhado dos pais ouresponsável, em:

    a) estádio, ginásio e campo desportivo;b) bailes ou promoções dançantes;c) boate ou congêneres;d) casa que explore comercialmente diversões

    eletrônicas;e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e

    televisão;II – a participação de criança e adolescente em:a) espetáculos públicos e seus ensaios;b) certames de beleza.§ 1° Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade

    judiciária levará em conta, dentre outros fatores:a) os princípios desta Lei;b) as peculiaridades locais;c) a exigência de instalações adequadas;d) o tipo de freqüência habitual ao local;e) a adequação do ambiente a eventual participação

    ou freqüência de crianças e adolescentes;f) a natureza do espetáculo.§ 2° As medidas adotadas na conformidade deste

    artigo deverão ser fundamentadas, caso a caso, vedadasas determinações de caráter geral.

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    Seção III

    Dos Serviços Auxiliares

    Art. 150 Cabe ao Poder Judiciário, na elaboraçãode sua proposta orçamentária, prever recursos paramanutenção de equipe interprofissional, destinada aassessorar a Justiça da Infância e da Juventude.

    Art. 151 Compete à equipe interprofissional, dentreoutras atribuições que lhe forem reservadas pelalegislação local, fornecer subsídios por escrito,mediante laudos, ou verbalmente, na audiência, e bemassim desenvolver trabalhos de aconselhamento,orientação, encaminhamento, prevenção e outros,tudo sob a imediata subordinação à autoridadejudiciária, assegurada a livre manifestação do pontode vista técnico.

    Capítulo IIIDOS PROCEDIMENTOS

    Seção I

    Disposições Gerais

    Art. 152 Aos procedimentos regulados nesta Leiaplicam-se subsidiariamente as normas gerais previstasna legislação processual pertinente.

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    Art. 153 Se a medida judicial a ser adotada nãocorresponder a procedimento previsto nesta ou emoutra lei, a autoridade judiciária poderá investigar osfatos e ordenar de ofício as providências necessárias,ouvido o Ministério Público.

    Art. 154 Aplica-se às multas o disposto no art. 214.

    Seção II

    Da Perda e da Suspensão do Pátrio Poder

    Art. 155 O procedimento para a perda ou asuspensão do pátrio poder terá início por provocaçãodo Ministério Público ou de quem tenha legítimointeresse.

    Art. 156 A petição inicial indicará:I – a autoridade judiciária a que for dirigida;II – o nome, o estado civil, a profissão e a

    residência do requerente e do requerido, dispensada aqualificação em se tratando de pedido formulado porrepresentante do Ministério Público;

    III – a exposição sumária do fato e o pedido;IV – as provas que serão produzidas, oferecendo

    desde logo, o rol de testemunhas e documentos.Art. 157 Havendo motivo grave, poderá a

    autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público,

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    decretar a suspensão do pátrio poder, liminar ouincidentalmente, até o julgamento definitivo da causa,ficando a criança ou adolescente confiado a pessoaidônea, mediante termo de responsabilidade.

    Art. 158 O requerido será citado para, no prazode dez dias, oferecer resposta escrita, indicando asprovas a serem produzidas e oferecendo desde logoo rol de testemunhas e documentos.

    Parágrafo único. Deverão ser esgotados todos osmeios para a citação pessoal.

    Art. 159 Se o requerido não tiver possibilidade deconstituir advogado, sem prejuízo do próprio sustentoe de sua família, poderá requerer, em cartório, quelhe seja nomeado dativo, ao qual incumbirá aapresentação de resposta, contando-se o prazo a partirda intimação do despacho de nomeação.

    Art. 160 Sendo necessário, a autoridade judiciáriarequisitará de qualquer repartição ou órgão público aapresentação de documento que interesse à causa, deofício ou a requerimento das partes ou do MinistérioPúblico.

    Art. 161 Não sendo contestado o pedido, aautoridade judiciária dará vista dos autos ao MinistérioPúblico, por cinco dias, salvo quando este for orequerente, decidindo em igual prazo.

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    § 1° Havendo necessidade, a autoridade judiciáriapoderá determinar a realização de estudo social ouperícia por equipe interprofissional, bem como a oitivade testemunhas.

    § 2° Se o pedido importar em modificação deguarda, será obrigatória, desde que possível e razoável,a oitiva da criança ou adolescente.

    Art. 162 Apresentada a resposta, a autoridadejudiciária dará vista dos autos ao Ministério Público,por cinco dias, salvo quando este for o requerente,designando, desde logo, audiência de instrução ejulgamento.

    § 1° A requerimento de qualquer das partes, doMinistério Público, ou de oficio, a autoridade judiciáriapoderá determinar a realização de estudo social ou,se possível, de perícia por equipe interprofissional.

    § 2° Na audiência, presentes as partes e o MinistérioPúblico, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-seoralmente o parecer técnico, salvo quando apresentadopor escrito, manifestando-se sucessivamente orequerente, o requerido e o Ministério Público, pelotempo de vinte minutos cada um, prorrogável por maisdez. A decisão será proferida na audiência, podendo aautoridade judiciária, excepcionalmente, designar datapara sua leitura no prazo máximo de cinco dias.

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    Art. 163 A sentença que decretar a perda ou asuspensão do pátrio poder será averbada à margemdo registro de nascimento da criança ou adolescente.

    Seção III

    Da Destituição da Tutela

    Art. 164 Na destituição da tutela, observar-se-áo procedimento para a remoção de tutor previstona lei processual civil e, no que couber, o dispostona seção anterior.

    Seção IV

    Da Colocação em Família Substituta

    Art. 165 São requisitos para concessão de pedidosde colocação em família substituta:

    I – qualificação completa do requerente e de seueventual cônjuge, ou companheiro, com expressaanuência deste;

    II – indicação de eventual parentesco dorequerente e de seu cônjuge, ou companheiro, com acriança ou adolescente, especificando se tem ou nãoparente vivo;

    III – qualificação completa da criança ou do

  • Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei Federal 8.069/1990

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    adolescente e de seus pais, se conhecidos;IV – indicação do cartório onde foi inscrito

    nascimento, anexando, se possível, uma cópia darespectiva certidão;

    V – declaração sobre a existência de bens, direitosou rendimentos relativos à criança ou ao adolescente.

    Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar-se-ão também os requisitos específicos.

    Art. 166 Se os pais forem falecidos, tiverem sidodestituídos ou suspensos do pátrio poder, ou houveremaderido expressamente ao pedido de co